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De acordo com Marineau (1989), Moreno teria passado por um momento de depressão
no período pós Primeira Guerra, tendo, por um tempo, se dedicado somente à Medicina.
Do círculo social e intelectual de Viena no qual Moreno vivera, incluindo suas
experiências com a Casa do Encontro, não sobraram nada além de lembranças e
sementes que vingariam no futuro. Seu amigo Kellmer
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retirou-se de cena, decidiu
largar toda a cidade grande para entregar-se à simplicidade da vida camponesa e longe
dos livros, como já vimos acima. Os outros integrantes do grupo se espalharam pelo
mundo não se reunindo mais.
Dos poetas e escritores que faziam a revista Daimon, seguiam suas carreiras
independentes. Moreno não se sentia pertencente ao mundo dos poetas e escritores que
demoravam muito em discussões fazendo-o, muitas vezes, perder a paciência
(MARINEAU, 1989).
Foi morar em Bad Vöslau, cidade próxima a Viena e por lá trabalhou como médico de
famílias. Conheceu sua primeira “musa” Marianne Lörnitzo
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. Moreno não era bem
visto na pequena cidade, pois mantinha anonimato de sua identidade, isso causava
desconforto nas pessoas, além de não ter assumido, dentro dos padrões conservadores
vigentes na cidade, seu compromisso com Marianne.
2.2.1 O nascimento do Psicodrama
Moreno afastava-se dos poetas escritores, mas aproximava-se do teatro, só que agora,
com adultos. Reuniam-se num Café vários atores e atrizes, até que certa vez, Moreno
aparece com uma proposta que marcaria o nascimento do Psicodrama.
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Foi viver conforme sua crença seinista (MORENO, 1959b).
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As mulheres tiveram importantes papéis na vida de Moreno. Ele teve 3 mulheres oficiais em sua vida,
além de um casamento “combinado” para conseguir visto permanente nos Estados Unidos. A primeira
delas foi Marianne, quando vivia em Bad Vöslau, tendo ela colaborado muito com Moreno tanto na época
em que escrevia “Palavras do Pai” e de seu isolamento social, quanto nos envios de documentos que
validaram seu diploma para exercer a Medicina nos Estados Unidos. Sua segunda esposa, a “combinada”,
foi sua amiga Beatrice Beecher. Ao que parece sua relação era estritamente de amizade. A terceira esposa
de Moreno foi Florence Bridge, com quem escreveu alguns textos relacionados ao desenvolvimento
infantil que foram acoplados ao seu livro Psicodrama (1959a). Sua quarta e última esposa, foi Zerka
Toeman Moreno, e segundo Moreno, ela era sua “alter-ego”, ou “ego-auxiliar” de modo único e original,
lhe conferindo o título, não com esse nome, mas com esse sentido, de a primeira dama do psicodrama.
Para aqueles a quem interessar em se aprofundar mais no papel que as mulheres de Moreno exerceram
em sua vida, recomenda-se assistir ao filme “Jacob Levy Moreno – sua vida e suas musas”, de Maida
(2006).