Download PDF
ads:
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS
PRÓ-REITORIA DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA - POSGRAP
Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em Recursos Naturais – NEREN
Mestrado em Agroecossistemas
NEREN – UFS
Resposta de mudas de mangabeira a fontes e doses de fósforo em solo
de baixada litorânea
RAUL DANTAS VIEIRA NETO
Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em Recursos Naturais – NEREN
Programa de Pós-graduação em Agroecossistemas
Mestrado Acadêmico em Agroecossistemas
i
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E ESTUDOS EM RECURSOS NATURAIS
RAUL DANTAS VIEIRA NETO
Resposta de mudas de mangabeira a fontes e doses de fósforo em solo
de baixada litorânea
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Sergipe,
como parte das exigências do Curso
de Mestrado em Agroecossistemas,
para obtenção do título de “Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. Pedro Roberto Almeida Viégas
SÃO CRISTÓVÃO
SERGIPE - BRASIL
2010
ii
ads:
UFS – POSGRAP – NEREN
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM AGROECOSSISTEMAS
DISSERTAÇÃO
Resposta de mudas de mangabeira a fontes e doses de fósforo
em solo de baixada litorânea
Raul Dantas Vieira Neto
2010
iii
UFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
POSGRAP – Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
NEREN – Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em Recursos Naturais
Curso de Mestrado em Agroecossistemas
Resposta de mudas de mangabeira a fontes e doses de fósforo em solo
de baixada litorânea
Raul Dantas Vieira Neto
Sob a orientação do Professor Doutor
Pedro Roberto Almeida Viégas
São Cristóvão – SE
2010
iv
Dissertação apresentada
como requisito para obtenção
do título de Mestre em
Agroecossistemas
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
V657r
Vieira Neto, Raul Dantas
Resposta de mudas de mangabeira a fontes e doses de
fósforo em solo de baixada litorânea / Raul Dantas Vieira
Neto – São Cristóvão, 2010.
x, 27 f.
Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) Núcleo de
Pós-Graduação e Estudos em Recursos Naturais, Pró-Reitoria
de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Federal de
Sergipe, 2010.
Orientador: Prof. Dr. Pedro Roberto Almeida Viégas.
1. Agroecossistemas. 2. Hancornia speciosa. 3. Fertilidade
do solo – Superfosfato. I. Título.
CDU 582.937:631.855
v
OFEREÇO
Aos meus pais, Jorge Cabral Vieira e
Gilka Maria de Carvalho Vieira.
Com o seu amor, me presentearam o mundo e
proporcionaram as condições de lutar pelos
meus objetivos.
DEDICO
Aos meus filhos Rafael, André e Maria Clara
e à minha esposa, Rozilene, minhas fontes de alegria.
vi
AGRADECIMENTOS
A DEUS, fonte de tudo, energia maior.
À Universidade Federal de Sergipe (UFS), pela oportunidade que me foi dada no
Curso de Mestrado.
À EMDAGRO, instituição à qual estou vinculado, por permitir o meu engajamento ao
Curso de Mestrado, permitindo a minha evolução como profissional.
À EMBRAPA, instituição na qual desenvolvo meus trabalhos de pesquisa, pelo apoio
decisivo no desenvolvimento dos estudos.
Ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais – NEREN.
Ao professor Dr. Pedro Roberto Almeida Viégas, meu orientador e antes de tudo um
grande amigo e incentivador.
Ao professor visitante da UFS, Dr. Laerte Marques da Silva, pela grande colaboração
prestada através de sugestões na elaboração da minha dissertação.
Ao pesquisador Dr. Lafayette Franco Sobral, da EMBRAPA, pelos preciosos
ensinamentos que transmitiu, fundamentais na elaboração desta dissertação.
Ao professor Dr. Carlos Dias da Silva Júnior, da Universidade Federal de Sergipe,
pela colaboração na condução do experimento;
Ao Sr. Jackson, auxiliar de campo da EMBRAPA, pela prestatividade no auxílio nos
trabalhos de campo.
A todos os professores do Curso de Mestrado em Agroecossistemas pelos
ensinamentos transmitidos.
Ao colega Elder Prudente, pela amizade e coleguismo, que foram de grande
importância neste trajeto.
Aos demais colegas do curso. São amizades que tiveram início e que deverão durar para
sempre.
Aos colegas da EMBRAPA, Marcelo Fernandes, Joézio Luiz dos Anjos, Samuel da
Mata, Hélio Wilson, Daniel, Robinson e Roberto Alves, que colaboraram de forma
decisiva neste trabalho.
A todos aqueles que colaboraram nesta empreitada.
vii
SUMÁRIO
Página
1. Resumo..........................................................................................................................1
2. Abstract..........................................................................................................................2
3. Introdução......................................................................................................................3
4. Referencial teórico.......................................................................................................04
4.1. O fósforo e a adubação da mangabeira.....................................................................04
5. Material e métodos......................................................................................................09
5.1. Localização do experimento.....................................................................................09
5.2. Delineamento experimental e tratamentos...............................................................09
5.3. Produção das mudas de mangabeira utilizadas no experimento...............................09
5.4. Instalação e condução do experimento.....................................................................10
5.5. Parâmetros avaliados................................................................................................11
5.5.1. Produção de massa seca radicular ........................................................................11
5.5.2. Produção de massa seca da parte aérea.................................................................12
5.5.3. Teor de P no sistema radicular e da parte aérea ...................................................12
5.5.4. Quantidade acumulada de fósforo na raiz e na parte aérea ..................................12
5.5.5. Parâmetros fisiológicos..........................................................................................12
5.5.6. Análise estatística..................................................................................................12
6. Resultados e discussão.................................................................................................13
6.1. Produção da massa seca radicular, da parte aérea e total de mangabeiras...............13
6.2. Teores e quantidades acumuladas de fósforo nas raízes e na parte aérea de
mangabeiras.....................................................................................................................18
6.3. Parâmetros fisiológicos.............................................................................................22
7. Conclusões...................................................................................................................23
8. Referências bibliográficas...........................................................................................24
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. Resultados das análises química do solo, 30 dias após a incubação..........11
TABELA 2. Valores médios de massa seca radicular, massa seca da parte aérea e massa
seca total de mangabeiras em função de fontes e doses de fósforo................................13
TABELA 3. Teores e quantidades acumuladas de fósforo no sistema radicular e na
parte aérea da mangabeira em função de doses de
fósforo.............................................................................................................................31
TABELA 4. Valores médios de evapotranspiração (Evap), Condutância Estomática
(GS), Fotossíntese (PN) e CO
2
no mesófilo.
ix
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 1. Efeito de fontes de P
2
O
5
(fosfato natural de Gafsa e superfosfato triplo) e
dose de fósforo na produção de massa seca radicular de
mangabeiras.....................................................................................................................14
FIGURA 2. Efeito de fontes de P
2
O
5
(fosfato natural de Gafsa e superfosfato triplo) e
dose de fósforo na produção de massa seca da seca parte aérea de
mangabeiras.....................................................................................................................14
FIGURA 3. Efeito de fontes de P
2
O
5
(fosfato natural de Gafsa e superfosfato triplo) e
dose de fósforo na produção de massa seca total de
mangabeiras.....................................................................................................................15
FIGURA 4 – pH e teor de Alumínio dos substratos após período de incubação, em razão
do fosfato natural de Gafsa e superfosfato triplo e níveis de fósforo..............................17
FIGURA 5. Efeito de fontes de P
2
O
5
(fosfato natural de Gafsa e superfosfato triplo) e
dose de fósforo no teor de P no sistema radicular da mangabeira...................................19
FIGURA 6. Efeito de fontes de P
2
O
5
(fosfato natural de Gafsa e duperfosfato triplo) e
dose de fósforo no teor de P na parte aérea da mangabeira. ...........................................20
FIGURA 7. Efeito de fontes de P
2
O
5
(fosfato natural de Gafsa e superfosfato triplo) e
dose de fósforo na quantidade acumulada P no sistema radicular da mangabeira. ........21
FIGURA 8. Efeito de fontes de P
2
O
5
(fosfato natural de Gafsa e superfosfato triplo) e
dose de fósforo na quantidade acumulada P na parte aérea da mangabeira....................21
FIGURA 9. Acúmulo de CO
2
, fotossíntese, transpiração e condutância estomática na
mangabeira em razão do fosfato natural de Gafsa (▲) e Superfosfato triplo (□) e níveis
de fósforo.
x
Resposta de mudas de mangabeira a fontes e doses de fósforo em solo de baixada
litorânea
1. Resumo
VIEIRA NETO, R.D. Resposta de mudas de mangabeira a fontes e doses de fósforo
em solo de baixada litorânea. 2010. Dissertação de Mestrado em Agroecossistemas -
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
A mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) é frutífera nativa do Brasil, e seu fruto -
mangaba - é muito utilizado na agroindústria de sucos e sorvetes. Tendo em vista a
crescente demanda por seus frutos torna-se imperativa a necessidade de cultivo desta
espécie. Para tanto, faz-se necessário o desenvolvimento de tecnologias de cultivo, o
que inclui estudos relativos à adubação. O trabalho teve como objetivo estudar a
resposta da mangabeira à adubação de plantio com diferentes fontes e doses de fósforo
em solos do tipo Neossolo Quartzarênico. O experimento foi desenvolvido em casa-de-
vegetação da EMBRAPA, em Aracaju, Sergipe. Estudou-se duas fontes de fósforo
(super fosfato triplo e fosfato natural de Gafsa) e cinco doses (0; 0,56; 1,12; 2,24 e
4,48g de P
2
O
5
dm
3
). Observou-se fotossíntese, condutância estomática, transpiração e
CO
2
interno, além da produção de massa seca e teor e acúmulo de fósforo no sistema
radicular e na parte aérea. Concluiu-se que a disponibilização de doses excessivas de
fósforo e a elevação da acidez e dos teores de alumínio do substrato, proporcionados
pela fonte superfosfato triplo trouxeram prejuízos ao desenvolvimento das plantas. O
fosfato natural de Gafsa foi mais eficiente doque o superfosfato triplo, como fonte de
fósforo para a mangabeira.
Palavras-chave: Hancornia specios; fertilidade do solo; superfosfato triplo; fosfato
natural de Gafsa.
xi
1.Summary
VIEIRA NETO, R.D. Response of seedlings mangabeira sources and levels of
phosphorus in the soil of the coastal lowlands. 2010. Dissertation in Agroecosystems -
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
Mangabeira (Hancornia speciosa) fruit is native to Brazil, and its fruit - mangaba - is
widely used in agribusiness juices and ice creams. Given the growing demand for its
fruit becomes imperative to cultivation of this species. Thus, it is necessary to develop
farming technologies, which includes studies on fertilization. The work aimed to study
the response to fertilization mangabeira planting with different sources and levels of
phosphorus in soil type PSAMENT. The experiment was carried out in green-
EMBRAPA, Aracaju, Sergipe. We studied two phosphorus sources (triple super
phosphate and Gafsa rock phosphate) and five doses (0, 0.56, 1.12, 2.24 and 4.48 g
P2O5 dm3). Observed photosynthesis, stomatal conductance, transpiration and internal
CO 2, besides the production of dry matter and phosphorus content and accumulation in
roots and shoots. It was concluded that the provision of high doses of phosphorus and
high in acidity and concentration of aluminum substrate provided by the source
superphosphate brought damage to plant development. The Gafsa rock phosphate was
more efficient doque triple superphosphate as source of phosphorus for speciosa.
Keywords: Hancornia speciosa, soil fertility, triple superphosphate, Gafsa rock
phosphate.
xii
3. Introdução
A mangabeira (Hancornia speciosa Gomes), frutífera da Família Apoyinacea é
planta arbórea de porte médio, que atinge de 5 a 10 metros de altura. Nativa do Brasil, é
encontrada vegetando espontaneamente em várias regiões do país, desde os Tabuleiros
Costeiros e Baixadas Litorâneas do Nordeste, onde é mais frequente, até as áreas de
vegetação de Cerrado da Região Centro-Oeste. No Nordeste, a mangabeira faz parte da
vegetação de Cerrado ou de Tabuleiro; é encontrada desde a faixa litorânea até o
Agreste, vegetando predominantemente em solos profundos, pobres e arenosos
(VIEIRA NETO et al., 2002). A mangabeira pertence à ordem Gentianales, família
Apocynaceae, gênero Hancornia e à espécie Hancornia speciosa Gomes. São aceitas as
seis variedades botânicas, citadas a seguir: H. speciosa var. Speciosa Gomes, H.
speciosa var. maximiliani A. DC., H. speciosa var. cuyabensis Malme, H. speciosa var.
lundii A. DC., H. speciosa var. Gardneri (A.DC.) Muell. Arg.., H. speciosa var.
pubescens (Nees. Et. Martius) Muell. Arg. É uma das primeiras frutíferas cuja
ocorrência foi relatada pelos exploradores da costa do Brasil no século XVI (SILVA
JUNIOR e LEDO, 2006).
Embora também seja produtora de látex, o fruto - denominado mangaba - é o seu
principal produto; este nome tem origem na língua tupi-guarani e significa “coisa boa de
comer”. A mangaba possui aroma e sabor muito apreciados. Sua utilização
agroindustrial está sendo rapidamente difundida sendo utilizada na produção de doces,
xarope, compotas, vinho, vinagre e principalmente suco e sorvete (VIEIRA NETO et al,
2002).
Dados do IBGE (2010), referentes à Produção Extrativa Vegetal do ano de 2008
informam que, da produção nacional de mangaba, 99,43% foi colhida na Região
Nordeste, sendo que do total produzido nesta região, 56,15%, foram produzidas em
Sergipe, o maior estado produtor.
No entanto, nas regiões de ocorrência natural, a especulação imobiliária e a
implantação de grandes culturas, a exemplo dos coqueirais, canaviais e pastagens têm
sido as principais causas da redução da vegetação nativa, provocando uma grave perda
de patrimônio genético (VIEIRA NETO et al., 2009). Uma das alternativas para
compensar estas perdas e, ao mesmo tempo manter a oferta da mangaba e seus produtos
para um mercado cada vez maior e mais exigente, é desenvolver o cultivo comercial
esta espécie, buscando obter alta produtividade e qualidade do produto dentro das
características exigidas pelos consumidores.
1
No Nordeste do Brasil, a mangabeira é planta típica de solos extremamente
pobres, sendo, portanto, pouco exigente em fertilidade, possuindo mecanismos que
permitem a sua sobrevivência e desenvolvimento em condições adversas a outras
espécies. Plantas adaptadas às condições de baixa fertilidade do solo apresentam certas
peculiaridades, entre as quais uma alta eficiência nutritiva. Em alguns casos, esta
eficiência é vista não como alta capacidade das raízes para extrair nutrientes do solo,
mas como maior capacidade de crescimento do sistema radicular, o que permite às
mesmas buscar água e nutrientes nas camadas mais profundas, promovendo uma maior
eficiência de acumulação e redistribuição dos nutrientes na planta. Acredita-se também
que estas plantas possuam a capacidade de modular o seu crescimento no sentido de
manter altas concentrações internas de nutrientes, mesmo em solos de baixa fertilidade
(ESPÍNDOLA e FERREIRA, 2006; VIEIRA NETO, 1994).
Sabe-se que o satisfatório estabelecimento de um cultivo agrícola está na
dependência da interação de diversos aspectos, incluindo a qualidade da muda ou
semente, época de plantio e diversos outros fatores de produção, como as características
de clima e solo, além dos aspectos ligados à nutrição e adubação; portanto, é de
fundamental importância o estudo dos aspectos que possam contribuir para o
estabelecimento da mangabeira como cultura agrícola, a começar por aqueles
relacionados ao desenvolvimento inicial das plantas, o que envolve a definição de
métodos de adubação de fundação.
4. Referencial teórico
4.1. O fósforo e a adubação da mangabeira
A fotossíntese, a transpiração, a condutância estomática, a assimilação de CO
2
, e
demais indicadores fisiológicos são influenciados por diversos fatores, como a
disponibilidade de água, de luminosidade e de nutrientes. Sabe-se que o fósforo é
crucial no metabolismo das plantas, desempenhando papel importante na produção de
energia na fotossíntese e a sua transferência para a célula por meio da respiração. Este
nutriente é, também, componente estrutural dos ácidos nucléicos de genes e
cromossomos, assim como de muitas coenzimas, fosfoproteínas e fosfolipídeos
(GRANT et al., 2001).
2
Grande número de estudos, em muitas espécies de plantas, têm mostrado que o
suprimento de P na fase inicial da vida da planta é fundamental para o ótimo rendimento
da cultura, especialmente nos solos brasileiros que se caracterizam por apresentar baixos
teores deste nutriente. Este pode ser o nutriente mais limitante à produção de alimentos
no mundo, mais que outras deficiências, toxidades e doenças (LOPES, 2001). As
limitações na disponibilidade de P no início do ciclo vegetativo podem resultar em
restrições no desenvolvimento, das quais a planta não se recupera posteriormente,
mesmo aumentando o suprimento de P a níveis adequados. Os sintomas de deficiência
de P incluem diminuição na altura da planta, atraso na emergência das folhas e redução
na brotação e desenvolvimento de raízes secundárias. Consequentemente, ocorre a
exploração insuficiente do solo, resultando em acesso restrito e baixa eficiência de uso,
tanto de água quanto de nutrientes e redução na produção de matéria seca e de sementes
(GRANT et al., 2001; STAUFFER e SULEWSKI, 2004 ).
Diversas fontes de fósforo são utilizadas nos cultivos agrícolas, desde aquelas
hidrossolúveis, representadas pelos superfosfatos, fosfato diamônico (DAP) e fosfato
monoamônico (MAP), até os fosfatos pouco solúveis em água, como escórias básicas,
fosforitas, termofosfatos e os fosfatos naturais. Os superfosfatos simples e triplo (ambos
fosfatos monocálcicos), os fosfatos monoamônico (MAP) e diamônico (DAP) e alguns
fertilizantes complexos (N, P e K no mesmo grânulo) têm mais de 90% do P total
solúvel em CNA, dissolvem-se rapidamente no solo e são praticamente equivalentes
quanto à capacidade de fornecimento de P para as plantas. São produtos de reconhecida
e elevada eficiência agronômica, para quaisquer condições de solo e de cultura do
Cerrado, correspondendo a mais de 90% do P
2
O
5
utilizado na agricultura brasileira. O
termo fosfato natural engloba uma diversidade de minerais fosfatados de diferentes
origens e composição química. São concentrados apatíticos obtidos diretamente de
jazidas, com ou sem sofrer processo físico de concentração. Os fosfatos de cálcio de
origem ígnea são pobres em sílica, possuem textura simples e predomina a fluorapatita.
São representantes desta classe os fosfatos de Jacupiranga, Catalão, Patos de Minas e
Araxá, comuns no Sudeste Brasileiro. São fosfatos naturais duros, por causa do baixo
conteúdo de elementos substituintes, deixando sua rede cristalina bastante perfeita e a
energia de ligação extremamente alta. os fosfatos de origem sedimentar podem ser
detríticos, precipitados químicos ou conter quantidades significativas de apatita
orgânica. Predominam apatitas com alto grau de substituições isomórficas de fosfatos
por carbonatos, resultando numa rede cristalina frágil. Isso deixa o cristal poroso e com
3
baixa energia entrópica, podendo ser facilmente hidrolisado. São encontrados em áreas
desérticas ou de clima seco. São conhecidos por fosfatos naturais reativos ou moles e
englobam os fosfatos de Arad-Israel, Gafsa-Tunísia, Carolina do Norte-USA, Sechura-
Peru e Marrocos (RHENHEIMER et al., 2001).
Os teores de cálcio e pH são os principais fatores responsáveis pela dissolução
do fosfato natural de Gafsa.. Em sistemas com alto teor de cálcio, a dissolução do
fosfato natural fica limitada a valores menores que 10% do seu teor total; já em sistemas
com baixo teor de cálcio, esse valor sobe para 30%, podendo atingir 60% quando aliada
a baixos valores de pH. Adicionalmente, quando se m baixos pH e baixos teores de
cálcio e de fósforo, a dissolução do fosfato de Gafsa fica muito próximo dos 100%. Os
fosfatos naturais de Gafsa e Arad são eficientes no fornecimento de fósforo às
plantas no solo sem a aplicação de calcário. À medida em que se aumenta a dose de
calcário, a eficiência dos fosfatos naturais diminui, chegando a eficiência zero quando o
pH é elevado a 6,5 e os teores de cálcio a 6,0 cmol
c
kg
-1
. Testes com algumas culturas
anuais, utilizando o Fosfato de Gafsa em várias regiões mostraram que sua eficiência,
quando aplicado a lanço e incorporado em solos com pH em água inferior a 6,0, é
similar à dos fosfatos solúveis em água no ano da aplicação (ROBINSON e SYERS,
1990). Ou seja, a solubilização do Fosfato de Gafsa é maior em solos com as
características em que a mangabeira ocorre naturalmente.
A indisponibilização do fósforo ocorre de forma mais intensa no caso das fontes
de alta solubilidade em comparação aos fosfatos naturais que, ao liberarem o nutriente
de forma mais lenta, minimizam o processo de fixação. Segundo estes autores, a escolha
da fonte e do modo de aplicação ainda representam alguns dos principais
questionamentos quando se trata de estratégias de fornecimento de P. A influência do
modo de aplicação na resposta da planta, levando em conta as diferenças de solubilidade
dos fosfatos, ainda é motivo de controvérsias entre pesquisadores, principalmente em
relação aos fosfatos naturais nacionais e importados (LOPES, 2001; NOVAIS, 1999;
NOVAIS e SMITH, 1999).
Informações a respeito de exigências nutricionais e adubação para mangabeiras,
incluindo as relativas ao uso do fósforo em adubação de fundação, são escassas. Sabe-se
que, em raízes, ramos e folhas de mangabeiras, os macrontrientes encontrados em maior
proporção são o nitrogênio e o potássio e, entre os micronutrientes, o ferro. Estes
nutrientes são os mais exportados pelos frutos por ocasião da colheita, possuindo, dessa
forma, a mangaba, alto teor de ferro. Esses dados dão uma indicação a respeito das
4
exigências nutricionais da mangabeira, podendo ser utilizados como indicadores em
estudos de adubação (LEDERMAN et al. 2000).
Em cultivo experimental com cinco anos de idade, instalado em Latossolo
Vermelho-Amarelo, textura argilosa, aplicou 2,4 t/ha de calcário dolomítico e adubação
com sulfato de amônio (60g de N/planta), superfosfato simples (40g de P
2
O
5
/planta) e
cloreto de potássio (80 g de K
2
O /planta) durante dois anos utilizando plantas jovens
com um ano de idade cultivadas em Argissolo, textura argilo-arenosa. Em outro estudo,
utilizou-se fosfato monoamônico (30kg/ha de N), superfosfato simples (45kg/ha de
P
2
O
5
) e cloreto de potássio (70kg/ha de K
2
O). Em ambos observou-se maior
desenvolvimento vegetativo das mangabeiras e aumento da produção de frutos, bem
como dos nutrientes essenciais nas folhas, quando comparadas com plantas de áreas
nativas. (ESPÍNDOLA , 1999; ALMEIDA, 2000).
Em área de cerrado do Estado de São Paulo, encontrou-se efeito significativo da
adubação mineral em relação ao desenvolvimento da mangabeira, em plantas com três
anos de idade. Por outro lado, a resposta da mangabeira à calagem e a diferentes níveis
de adubação mineral em pomar em Latossolo Vermelho-Amarelo de textura argilosa
foi observada aos 72 meses; já a aplicação de 4,0 t/ha de calcário no solo provocou
inibição do crescimento das plantas (NASCIMENTO et al., 1994 e ARAUJO e
FRANCO, 2000).
Em experimento em solo de textura arenosa (Neossolos Quartzarênicos), foi
verificado que a adição de esterco bovino às covas de plantio de mangabeira apresentou
efeito prejudicial à sobrevivência e ao crescimento inicial das plantas. Porém, a
mangabeira pode apresentar boa resposta à utilização de matéria orgânica, em adubação
de fundação, em solo areno-argiloso, desde que sejam utilizadas as fontes adequadas,
uma vez que, embora tenha apresentado resposta negativa à utilização do esterco
bovino, verificou-se que o mesmo não ocorreu em relação ao composto orgânico e
ainda pode-se recomendar a utilização de esterco bovino em cobertura e torta de
mamona, torta de filtro de usina e compostos orgânicos em adubação de fundação
(VIEIRA NETO e FERNANDES, 2000; VIEIRA NETO e VIÉGAS, 2002; VIEIRA
NETO et al. 2002).
Mesmo na ausência de resultados conclusivos, um esquema de adubação para a
mangabeira em solo Argissolo Vermelho-Amarelo de textura média, recomenda a
aplicação de 200 g de superfosfato simples ou 100 g de superfosfato triplo por cova no
plantio e sulfato de amônio ou uréia, superfosfato simples ou triplo e cloreto de potássio
5
a partir do primeiro ano, com doses crescentes até o ano. Outro autor recomenda a
utilização de 80g a 120g/planta de P
2
O
5
e 10g a 40g de K
2
O no plantio e doses
crescentes de 40g a 80g de N, 20g a 80g de P
2
O
5
e 10g a 80g de K
2
O com doses anuais
crescentes do primeiro ao ano, a depender do teor desses elementos no solo
(AGUIAR FILHO et al., 1998 e FERREIRA, 2006).
Verifica-se, porém, que a maior parte das informações e resultados de pesquisas
disponíveis sobre adubação para mangabeira são relacionados a solos de textura média a
argilosa, enquanto que, no Nordeste, a mangabeira vegeta principalmente em solos de
textura arenosa; portanto, a adubação da mangabeira em condições de solos arenosos
baseada em resultados de pesquisa realizados em solos com maior teor de argila poderá
proporcionar diferentes respostas, com possibilidade de prejuízos às plantas.
Sabe-se que o sucesso na adubação de plantas depende de diversos fatores,
dentre eles a época de aplicação, a idade das plantas, os tipos e quantidades de adubos
aplicados e o tipo de solo
Os solos de textura arenosa são caracterizados por possuírem teor de argila
menor que 15%. Em relação aos solos argilosos, os de textura arenosa possuem ainda
maior taxa de infiltração, menor capacidade de retenção de umidade e menor poder
tampão, o que possibilita menor adsorção e, consequentemente, liberação rápida dos
nutrientes presentes nos adubos para a solução do solo e menor teor de matéria
orgânica, o que proporciona diferentes dinâmicas dos adubos no perfil do solo, com
diferentes respostas das plantas à adubação. Os solos arenosos apresentam limitações
para o cultivo de plantas, pois, em geral, possuem baixa fertilidade natural, presença de
Al em forma tóxica e baixo teor de matéria orgânica, responsável pela maior parte da
capacidade de troca de cátions nesses solos (SANTOS e ALBUQUERQUE FILHO,
2010).
Embora as mangabeiras, em condições naturais se desenvolvam bem em solos
de baixa fertilidade, não significa que não cresçam e produzam melhor em condições de
maior oferta de nutrientes, uma vez que plantadas em solos mais férteis apresentam
crescimento mais rápido e precocidade na produção. Não existem, porém, estudos
conclusivos acerca da utilização de adubos nesta cultura. Embora tenha-se verificado,
na prática, alguns efeitos positivos, prejuízos ocorrem devido à utilização de adubos de
forma inadequada, havendo a necessidade de aprofundamento dos estudos científicos no
que se refere à adubação, para que possam ser difundidas informações com maior grau
de segurança e eficiência (VIEIRA NETO, 2002).
6
Diante da escassez de conhecimentos científicos acerca da adubação de
mangabeiras, o passo inicial em um programa de pesquisas para esta cultura deverá ser
o estudo da adubação de fundação, especialmente no tocante à utilização do fósforo,
uma vez que esta é de fundamental importância no estabelecimento dos cultivos
comerciais. O presente trabalho teve como objetivo estudar a resposta desta espécie a
diferentes fontes e doses de fósforo em adubação de plantio.
5. Material e métodos
5.1. Localização do experimento
O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação com teto de vidro
pretencente à EMBRAPA Tabuleiros Costeiros, em Aracaju, Sergipe, no período de
25 de março a 06 de agosto de 2009, totalizando 134 dias de avaliação.
5.2. Delineamento experimental e tratamentos
Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, disposto em
esquema fatorial 2x5, sendo duas fontes de fósforo (super fosfato triplo e fosfato natural
de Gafsa) e cinco doses (0; 0,56; 1,12; 2,24 e 4,48g de P
2
O
5
dm
3
), com cinco repetições,
sendo 3 plantas úteis por parcela. Os fertilizantes fosfatados apresentaram as seguintes
características químicas: superfosfato triplo, 42,1% de P
2
O
5
total e fosfato natural de
Gafsa, 29,1% de P
2
O
5
total, sendo 9,0 % de P
2
O
5
solúvel em ácido cítrico. Estabeleceu-
se as dosagens tomando como referência as recomendações de Ferreira (2006) e Aguiar
Filho et al. (1998) que recomendam a aplicação, em covas com as dimensões de 40 x 40
x40 cm, de 45g a 120g de P
2
O
5,
correspondendo de 0,7 a 1,87g de P
2
O
5
dm³.
5.3. Produção das mudas de mangabeira utilizadas no experimento
As mudas utilizadas no experimento foram produzidas a partir de sementes de
mangabeiras comuns coletadas na vegetação nativa. Após a retirada dos frutos, as
sementes foram lavadas em água corrente e semeadas após 24 horas. Foram utilizados
saquinhos de polietileno nas dimensões de 12cm x 18cm. Como substrato, utilizou-se
solo de textura média, proveniente de um Latossolo Vermelho-amarelo. Em cada
saquinho foram semeadas 3 sementes. Trinta dias após o semeio, foi feito o desbaste,
deixando-se apenas uma planta por saquinho. As mudas estavam prontas para o plantio
7
6 meses após o semeio, quando foram utilizadas na implantação do presente
experimento.
5.4. Instalação e condução do experimento
O solo utilizado no experimento foi proveniente da camada arável de um
Neossolo Quartzarênico (EMBRAPA, 1999), constituído de 97,29% de areia, 1,65 %
de silte e 1,06 % de argila, obtido no Campo Experimental da Embrapa, do município
de Itaporanga D`Ajuda, Sergipe, retirado em local com ocorrência espontânea de
mangabeiras.
O solo coletado no campo foi seco ao ar e em seguida foi realizada a aplicação
dos diversos tratamentos através da mistura do solo com as diferentes fontes e dosagens
de adubos fosfatados e posterior preenchimento dos sacos com os substratos. Os sacos
plásticos, no total de 135 unidades, possuíam capacidade para 20 dm³. Em seguida os
substratos foram postos em incubação, com umidade de aproximadamente 80% da
capacidade de retenção de água do solo, por 30 dias. O preparo e a incubação dos
substratos foi realizado no mês de fevereiro e o plantio, no mês de março de 2009.
Após o período de incubação e antes do transplantio das mudas, foi coletada
uma amostra composta do substrato de cada tratamento (solo + fonte de P + doses de
P
2
O
5
), para análise química, segundo metodologia proposta por Raij e Quaggio (1983),
cujos resultados estão contidos na Tabela 1. O fornecimento de água para as plantas foi
feito diariamente, através do sistema de microaspersão, proporcionando a todos os
recipientes, igual quantidade de água a cada irrigação.
Após o período de incubação, as mudas de mangabeira foram selecionadas quanto
à uniformidade de forma e tamanho. Foram transplantadas duas mudas por saco e após
quinze dias do transplante, foi realizado o desbaste, deixando uma planta por saco.
8
TABELA 1. Resultados das análises química do solo, 30 dias após a incubação.
Análises
------ Fosfato Natural de
Gafsa-----
-------- Superfosfato Triplo --------
------------------------------ P
2
O
5
g dm
3
solo ---------------------------
0,00 0,56 1,12 2,24 4,48 0,00 0,56 1,12 2,24 4,48
MO (g kg
-1
) 10,70 8,31 6,59 8,54 10,30 10,50 11,10 9,46 14,7 11,6
pH (H
2
O) 6,10 5,74 6,04 6,00 6,51 6,17 5,90 5,53 5,10 4,83
P
resina
(mg dm
-3
) 5,00 17,00 26,00 37,00 52,00 5,48 58,00 106,00270,00539,00
K (cmol
c
dm
-3
) 0,03 0,04 0,04 0,03 0,04 0,03 0,03 0,04 0,05 0,04
Na cmolc/dm³
0,06 0,05 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,07 0,04
Ca (cmol
c
dm
-3
) 1,43 1,77 1,62 2,80 2,44 1,41 1,14 1,18 1,37 2,10
Mg (cmol
c
dm
-3
) 0,23 0,32 0,59 0,50 0,53 0,22 0,21 0,21 0,25 0,28
H+Al (cmol
c
dm
-
3
)
1,05 1,43 1,24 1,04 0,67 1,04 1,24 1,24 2,44 3,76
SB (cmol
c
dm
-3
) 1,75 1,69 1,69 1,64 1,64 1,74 1,681 1,51 1,53 1,43
CTC (mmol
c
dm
-
3
)
3,98 3,9 3,92 3,89 3,99 4,00 3,80 3,50 3,50 3,26
V (%) 43,97 43,33 43,11 42,16 41,10 43,50 44,23 43,14 43,71 43,87
Al (cmol
c
dm
-3
)
0,06 0,08 0 0 0 0,05 0,15 0,41 0,81 1,23
Aos 134 dias após o transplantio das mudas de mangabeira, foram feitas as
amostragens para avaliação. As plantas foram seccionadas no colo, separando-se a parte
aérea do sistema radicular.
5.5. Parâmetros avaliados
5.5.1. Produção de massa seca radicular (g planta
-1
)
Na colheita do experimento, as raízes foram separadas do solo por lavagem em
água corrente sobre peneira com malha de 0,5 cm. Após lavagem, os sistemas
radiculares foram postos para secagem em estufa com circulação forçada de ar, por três
dias a 65ºC, até peso constante. Posteriormente, determinou-se a massa seca radicular
em g planta
-1
.
9
5.5.2. Produção de massa seca da parte aérea (g planta
-1
)
Após a colheita do experimento, a parte aérea, seccionada na altura do colo, foi
lavada com água destilada para a retirada de partículas de solo aderidas. Após a
lavagem, este material foi posto para secagem em estufa com circulação forçada de ar,
por três dias a 65ºC, até peso constante. Posteriormente, determinou-se a massa seca da
parte aérea em g planta
-1
.
5.5.3. Teor de P no sistema radicular e da parte aérea da mangabeira (g kg)
Após a determinação da massa seca, as amostras de raízes e da parte aérea foram
moídas e analisadas quimicamente para determinação do teor P, segundo metodologia
descrita por Bataglia et al. (1983).
5.5.4. Quantidade acumulada de fósforo na raiz e na parte aérea de mangabeira
(mg planta
-1
)
Através dos dados de produção de massa seca e do teor de P da raiz e da parte
aérea, determinou-se a quantidade acumulada no sistema radicular e na parte aérea pela
multiplicação do valor do teor pelo valor de massa seca.
5.5.5. Parâmetros fisiológicos
Noventa e oito dias após o plantio, foram feitas as avaliações das trocas gasosas,
fotossíntese em µmol.m
-2
.s
-1
(A), condutância estomática em mmol.m
-2
.s
-1
(gs),
transpiração em mmol.m
-2
.s
-1
(E), CO2 interno no mesofilo foliar em ppm (Ci) foram
feitas na quarta folha a partir do ápice, em 3 plantas por repetição de tratamento, sempre
no mesmo horário, entre 10 e 11 horas da manhã. A densidade de fótons
fotossinteticamente ativos (PPFD) fornecido foi de 2000 µ,mol.m
-2
.s
-1
e 375 ppm de
CO
2 .
Na determinação dos valores das trocas gasosas ao nível da folha foi utilizado um
sistema portátil modelo CIRAS-2 (PPSystems Hitchin, UK).
5.5.6. Análise estatística
Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias de fontes de
fósforo, comparadas pelo teste Tukey a 5%. Para doses de fósforo e para o
desdobramento da interação fósforo dentro de fontes, adotou-se análise de regressão,
definindo-se a equação que mais se ajustou aos resultados, primeiro pelo modelo com
efeito significativo e segundo pelo ajuste através do maior valor do coeficiente de
determinação (R
2
).
10
6. Resultados e discussão
6.1. Produção da massa seca radicular, da parte aérea e total de mangabeiras
Na tabela 2 estão os resultados da análise de variância da massa seca
radicular, massa seca da parte aérea e massa seca total (raiz + parte aérea).
TABELA 2. Valores médios de massa seca radicular, massa seca da parte aérea e massa
total de mangabeiras em função de fontes e doses de fósforo. Aracaju (SE) - 2009.
Massa seca
Fonte Radicular Parte aérea Total
----------------------- (g planta
-1
) ----------------------
Superfosfato Tiplo 4,44 b 1,07 b 5,42 b
Fosfato Natural Gafsa 6,56 a 2,42 a 8,98 a
--------------------------- Valor de F --------------------------
Fonte (F) 486,93** 989,60** 1133,79**
Dose de fósforo (P) 43,81** 60,06** 89,13**
F x P 50,14** 61,66** 96,92**
----- Valor de F para análise de regressão do fator dose de
P-----
R.L. 163,99** 226,33** 331,58**
R.Q. 0,77
ns
8,95** 4,20**
Superfosfato Triplo
R.L. 24.13** 26,32** 45,15**
R.Q. 66,67** 49,61** 111.37**
Fosfato Natural de Gafsa
R.L. 174.18** 260, 68** 362,20**
R.Q. 88,54** 127,13** 181,48**
C.V. (%) 6,18
8,63 5,02
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste Tukey a 5%. **, * e ns, significativo a
1%, 5% e não significativo, respectivamente.
Verificou-se que houve efeito significativo para fontes, doses de fósforo e
para a interação entre os fatores para todas as variáveis. Pelo teste de comparação de
médias, constatou-se que o fosfato natural de Gafsa induziu as maiores produções de
massas secas radicular, da parte aérea e total das mudas de mangabeira, diferindo
estatisticamente da fonte superfosfato triplo.
Nas Figuras 1, 2 e 3 estão os desdobramentos das interações entre doses de
fósforo dentro de fontes, para massa seca radicular, massa seca da parte aérea e massa
seca total.
11
Figura 1. Efeito de fontes de P
2
O
5
(fosfato natural de Gafsa “▲” e superfosfato triplo
“□”) e dose de fósforo na produção de massa seca radicular de mangabeiras. **
significativos a 5%.
Figura 2. Efeito de fontes de P
2
O
5
(fosfato natural de Gafsa “▲” e superfosfato triplo
“□”) e dose de fósforo na produção de massa seca da seca parte aérea de mangabeiras.
** significativos a 5%.
12
y (▲) = -0,106x
2
+ 0,3944x + 2,3267 R
2
= 0,96**
y (□) = 0,1696x
2
- 1,0934x + 2,01 R
2
= 0,94**
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
2,4
2,8
3,2
0,00 0,75 1,50 2,25 3,00 3,75 4,50
Doses de P (g dm
3
)
Massa seca parte aérea (g/planta ) ) m
y (□) = 0,2746x
2
- 1,8653x + 6,2302 R
2
= 0,98**
y (▲) = -0,2769x
2
+ 1,0749x + 6,2424 R
2
= 0,99**
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
0,00 0,75 1,50 2,25 3,00 3,75 4,50
Doses de P (g dm
3
)
Massa seca radicular (g/planta
)
Figura 3. Efeito de fontes de P
2
O
5
(fosfato natural de Gafsa “▲” e superfosfato triplo
“□”) e dose de fósforo na produção de massa seca total de mangabeiras. **
significativos a 5%.
Nota-se que as fontes proporcionaram resposta quadrática, negativa para
o superfosfato triplo e positiva para o fosfato natural de Gafsa.
A acidez do solo contribui para o aumento da solubilidade dos fosfatos
naturais de rochas incorporados e, consequentemente, induzem o acréscimo na produção
de massa seca (CHIEN e HOMMOND, 1978). Tendo em vista que no presente trabalho,
não foi efetuada a correção da acidez do solo, é de se esperar que esta acidez tenha
favorecido a solubilidade destes materiais. com relação à fonte superfosfato triplo,
vários autores constataram efeitos negativos da acidez do solo na sua eficiência
agronômica (ROSSI et al., 1999; SOARES et al., 2000; FRANCO, 2003).
A redução de massa seca radicular e da parte aérea das plantas adubadas com a
fonte superfosfato triplo está diretamente relacionada a altas doses disponibilizadas e ao
efeito desta fonte na redução do pH e elevação dos teores de alumínio do substrato. A
alta solubilidade em água e em citrato neutro de amônio desta fonte, provocou a rápida
disponibilização na solução do solo de elevadas doses de fósforo (Tabela 3). A redução
no desenvolvimento de plantas sob altas doses de fósforo é bem conhecido na literatura;
a interação P vs Zn, constitui um exemplo clássico da interferência de um elemento
sobre o outro. Uma elevada disponibilidade de P pode induzir a deficiência do Zn,
13
y (□) = 0,4888x
2
- 3,1387x + 8,1841 R
2
= 0,93**
y (▲) = -0,3829x
2
+ 1,4693x + 8,5691 R
2
= 0,99**
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
0,00 0,75 1,50 2,25 3,00 3,75 4,50
Doses de P (g dm
3
)
Massa seca total (g/planta ) vvvyy
através da insolubilização daquele elemento pelo fosfato na superfície das raízes,
reduzindo a capacidade de absorção, ou pela inibição não competitiva da absorção de
zinco pelo fósforo (MALAVOLTA et al, 1997). Dias et al. (2009) estudaram o
desenvolvimento e qualidade nutricional de mudas de mangabeiras cultivadas em
substratos contendo terra vegetal, fibra de coco, esterco bovino e adubação fosfatada e
concluíram que doses elevadas de superfosfato triplo prejudicaram o crescimento das
mudas.
Por outro lado, os resultados das análises químicas de amostras dos
substratos (Tabela 1), demonstram que a presença do super-fosfato triplo como fonte de
fósforo em suas crescentes dosagens contribuiu para promover o aumento da acidez e
dos teores de alumínio (Figura 4), o que pode ter contribuído para potencializar os
prejuízos às plantas, através de efeitos fitotóxicos.
Valores de pH do solo abaixo de 5,5 podem condicionar graves problemas de
toxicidade de alumínio. O superfosfato triplo provoca a diminuição do pH ao redor do
grânulo e esta reação provoca o aumento da solubilidade dos compostos de Fe e Al
presentes no solo (ERNANI et al., 2007; MACHADO, 1997).
Moreira et al. (2002), testando fontes e doses de P na adubação de alfafa e
centrosema, verificaram que os fosfatos naturais não alteraram significativamente o pH
do solo, enquanto o super fosfato triplo alterou significativamente o pH, diminuindo o
mesmo com o aumento das doses de fósforo. Segundo os autores, apesar do
superfosfato triplo ser considerado um fertilizante de reação neutra, um fator que pode
ter influenciado a diminuição do pH é a presença de resíduos de ácido fosfórico ou
sulfúrico, resultantes do processo de fabricação.
Um dos primeiros sintomas visuais da fitotoxicidade do Al é a redução do
crescimento radicular, resultando na exploração de menor volume de solo.
Consequentemente, a capacidade de absorção de água e de nutrientes é reduzida
(PINTRO, 2002).
14
4
4,5
5
5,5
6
6,5
7
0 0,9 1,8 2,7 3,6 4,5
Doses de P (g/dm³)
pH
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
0 0,9 1,8 2,7 3,6 4,5
Doses de P (g/dm³)
Alumínio (cmolc/dm³)
Figura 4 – pH e teor de Alumínio dos substratos após período de incubação, em razão
do fosfato natural (▲) e super fosfato triplo (□) e níveis de fósforo.
Ao contrário do que ocorreu com a fonte superfosfato triplo, na fonte fosfato
natural de Gafsa (Figuras 1, 2 e 3), verificou-se aumento na produção de massas secas
radicular, da parte aérea e total da mangabeira, atingindo os valores máximos na dose de
1,94, 1,86 e 1,92 g dm
-3
de fósforo, respectivamente. Estes resultados corroboram com
os obtidos por Pacheco et al. (1987), Daniel et al. (1997), Hillard et al. (1992) e Franco
(2003). O incremento da produção da massa seca está diretamente relacionado a uma
melhor nutrição fosfatada, que por sua vez beneficia toda a planta, melhorando o
desenvolvimento radicular e da parte aérea.
15
6.2. Teores e quantidades acumuladas de fósforo nas raízes e na parte aérea de
mangabeiras
Na Tabela 3 estão contidos os resultados das análises de variância para teores,
quantidades acumuladas de fósforo no sistema radicular e na parte aérea e eficiência de
utilização de fósforo pelas mudas de mangabeira. Verificou-se que houve efeito
significativo de fontes de fósforo para todas as variáveis, exceto para a quantidade
acumulada de fósforo no sistema radicular. Nota-se, ainda, efeito significativo para
doses de fósforo e da interação entre os fatores para todas as variáveis estudadas.
Tabela 3. Teores e quantidades acumuladas de fósforo no sistema radicular e na parte
aérea da mangabeira em função de fontes de fósforo. Aracaju (SE) - 2009.
Fonte
-- Raiz -- Parte aérea --- Raíz --- --Parte aérea--
------ teor (g kg
-1
)
-----------
-- Acumulo P (mg kg
-1
)
Superfosfato Triplo
4,54a 2,54a 17,88a 2,44b
4.33a
Fosfato Natural de Gafsa
2,75b 1,78b 18,17a
------------------------ Valor de F ----------------------------
Fonte (F)
962,40**
492,58**
0,81** 1249,52**
158,02**
61,89**
Dose de fósforo (P)
456,47**
0,71** 143,73**
F x P
242,49**
65,17** 63,84**
Valor de F para análise de regressão do fator dose de fósforo
R.L. 1480,43** 54,90** 292,08** 557,30**
2,60**
R.Q. 321,01** 68,80** 281,48**
Superfosfato Triplo
R.L. 2327,79** 241,71** 458,65** 367,56**
86,26**
R.Q. 284,48** 107,08** 42,70**
Fosfato Natural de Gafsa
R.L. 38,02** 25.68** 7,58** 202,02**
133,83**
R.Q. 71,77** 1,81
ns
295,57**
C.V. (%) 5,61 5,63 6,25 5,58
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste Tukey a 5%. **, * e ns, significativo a 1% e 5%, e
não significativo, respectivamente.
Na fonte superfosfato triplo, verificou-se os maiores teores de fósforo no sistema
radicular e na parte aérea, diferindo significativamente do fosfato natural de Gafsa
(Tabela 3).
Para quantidade cumulada de fósforo no sistema radicular, não houve diferença
estatística entre as fontes de fósforo. Na parte aérea, porém, verificou-se maior acúmulo
de fósforo nas plantas adubadas com a fonte fosfato natural de Gafsa. A resposta do
maior acúmulo de fósforo na parte aérea está diretamente relacionada com a produção
de massa seca da parte aérea constatada na fonte fosfato natural de Gafsa (Tabela 2).
16
No sistema radicular (Figura 5) e na parte aérea (Figura 6) os teores de fósforo
aumentaram em ambas as partes da planta com o incremento das doses de fósforo,
exceto para o fosfato natural de Gafsa, que apresentou redução do teor na raiz. O teor de
fósforo no sistema radicular apresentou resposta positiva e quadrática para o
superfosfato triplo e fosfato natural de Gafsa, com o incremento das doses até
aproximadamente de 4,12 e 2,77 g dm
3
fósforo, respectivamente. Comparando,
simultaneamente, os teores de fósforo na ausência da adubação fosfatada e o efeito de
fontes e doses de fósforo, verificou-se que os teores nas raízes variaram de 1,9 a 7,4 g
kg de massa seca para o superfosfato triplo e de 1,9 a 3,1 g kg de massa seca no fosfato
natural de Gafsa. Os altos teores de fósforo nas raízes na adubação com superfosfato
triplo podem ser explicados em razão de sua maior solubilidade em água e, por
conseguinte, pelo seu alto teor na solução do solo, potencializado pelo baixo poder
tampão do solo utilizado, resultando em maior e mais rápida absorção pela mangabeira
(Tabela 3). Para o fosfato natural de Gafsa, os teores mínimos e máximos de fósforo
absorvidos pelas raízes apresentaram melhor equilíbrio; isto se deu em razão da
disponibilização lenta de fósforo na solução do solo e, por conseguinte, sua mais lenta
absorção pela planta (figura 4).
Figura 5. Efeito de fontes de P (fosfato natural de Gafsa “▲” e superfosfato triplo “□”)
e dose de fósforo no teor de P
2
O
5
no sistema radicular da mangabeira. ** significativos
a 5%.
17
y () = -0,173x
2
+ 0,9614x + 2,0598 R
2
= 0,91**
y (□) = -0,3444x
2
+ 2,84x + 1,6117 R
2
= 0,97**
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
0,00 0,75 1,50 2,25 3,00 3,75 4,50
Doses de P (g dm
3
)
P (g/kg) 3)
Os teores de fósforo na parte aérea (Figura 6) apresentaram resposta
positiva e quadrática para o superfosfato triplo e negativa linear, para o fosfato natural
de Gafsa. Com o incremento das doses de superfosfato triplo, o teor de P na mangabeira
aumentou até a dose de 3,26 g dm
3
de fósforo. Os maiores teores de fósforo verificados,
podem ser explicados em razão dos altos teores encontrados no sistema radicular
(Figura 4).
Figura 6. Efeito de fontes de P (fosfato natural de Gafsa “▲” e superfosfato triplo “□”)
e dose de fósforo no teor de P
2
O
5
na parte aérea da mangabeira. ** significativos a 5%.
Através do desdobramento da interação entre doses de fósforo dentro de
fontes, podem-se observar respostas positiva e quadrática ao acúmulo de fósforo nas
raízes de mudas de mangabeira (Figura 7). A fonte fosfato natural de Gafsa induziu os
maiores acúmulos de fósforo no sistema radicular. Os melhores resultados foram
obtidos com o aumento das doses de fósforo atingindo a máximo acumulo até as doses
de 2,42 e 3,15 g dm
3
de fósforo, para superfosfato triplo e fosfato natural de Gafsa,
respectivamente. O comportamento das fontes com relação à quantidade acumulada de
P no sistema radicular está diretamente relacionado ao acumulo de massa seca das
raízes (Figuras 1 e 4).
18
y (□) = -0,0776x + 1,9143 R
2
= 0,59**
y (▲) = -0,1261x
2
+ 0,8229x + 1,8385 R
2
= 0,85**
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
0,00 0,75 1,50 2,25 3,00 3,75 4,50
Doses de P (g dm
3
)
P (g/kg) 3)
Figura 7. Efeito de fontes de P (fosfato natural de Gafsa “▲” e superfosfato triplo “□”)
e dose de fósforo na quantidade acumulada de P
2
O
5
no sistema radicular da mangabeira.
** significativos a 5%.
Com relação às quantidades acumuladas de fósforo na parte aérea
(Figura 8) a resposta às doses crescentes de P
2
O
5
foram quadrática e positiva para o
fosfato natural de Gafsa e negativa para o superfosfato triplo. Nota-se ainda que o
fosfato natural de Gafsa induziu maiores acúmulos de fósforo na parte aérea das
mangabeiras com o aumento das doses até 1,54 g P
2
O
5
dm
3
.
19
y (▲) = -0,2182x
2
+ 0,6744x + 4,3735 R
2
= 0,84**
y (□) = 0,1752x
2
- 1,2688x + 3,6425 R
2
= 0,94**
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
0 0,75 1,5 2,25 3 3,75 4,5
Dose de P (g dm
3
)
P (mg/planta) ).........................
y (▲) = -1,93x
2
+ 9,3448x + 12,796 R
2
= 0,96**
y (□) = -1,31x
2
+ 7,2879x + 10,843 R
2
= 0,92**
8,0
11,0
14,0
17,0
20,0
23,0
26,0
29,0
0,00 0,75 1,50 2,25 3,00 3,75 4,50
Doses de P (g dm
3
)
P (mg/planta ) xxxx
Figura 8. Efeito de fontes de P (fosfato natural de Gafsa “▲” e superfosfato triplo “□”)
e dose de fósforo na quantidade acumulada de P
2
O
5
na parte aérea da mangabeira. **
significativos a 5%.
6.3. Parâmetros fisiológicos
Verifica-se na Tabela 4 que houve efeito significativo das fontes
aplicadas e suas respectivas doses sobre o comportamento fisiológico da mangabeira,
notadamente para o Fosfato natural de Gafsa que induziu à maior condutância estomática,
acúmulo de CO
2,
taxa fotossintética e manutenção da transpiração, em comparação com a
fonte superfosfato triplo (Figura 9).
A utilização do fósforo na condução de mudas é indicada por
desempenhar função-chave na fotossíntese, além de promover a formação inicial e o
desenvolvimento das raízes, aumentando a eficiência da utilização de água pelas plantas,
bem como a absorção e a utilização de todos os demais nutrientes (MALAVOLTA et al.,
1997; EPSTEIN e BLOMM, 2006).
Tabela 4. Valores médios de Evapotranspiração (Evap), Condutância Estomática (GS),
Fotossíntese (PN), CO
2
no mesófilo (CI). São Cristóvão (SE) - 2009.
Fonte
Evap GS PN CI
mmol.m-
2
.s
-1
µmol.m
-2
.s
-1
ppm
Superfosfato triplo
3,29 b
171,0b 8,94 b 261,0b
Fosfato natural de Gafsa
4,04 a 247,7a 12,36 a
266,1 a
-------------------------------------- Valor de F --------------------------------
Fonte (F)
663,21**
1154.57**
597,85** 13,12**
Dose de fósforo (P)
37,80**
52.96** 83,52** 5,39**
F x P
24,36**
67.09** 21,98** 3,66*
----------Valor de F para análise de regressão do fator dose de P----------
R.L. 130,92** 202.57** 287,63** 7,94**
R.Q. 15,18** 1.47** 43,00** 8,45**
Superfosfato triplo
R.L. 181,12** 233,44** 237,73** 237,73**
R.Q. 39,15** 89,46** 63,60** 63,60**
Fosfato natural de Gafsa
R.L. 7,43** 23.51** 73,37** 15,29**
R.Q. 0,55ns 59,91** 1,68ns 0,22ns
C.V. (%) 2,81 3,81 4,64 1,87
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste Tukey a 5%. **, * e ns, significativo a 1% e 5%,
e não significativo, respectivamente.
20
Todavia, verificou-se decréscimo da taxa fotossintética, para ambas as fontes,
quando foram aumentadas as doses de fósforo (Figura 9). Resultados semelhantes foram
encontrados por Silva et. al (2009), que, estudando os efeitos da disponibilidade de
fósforo na fotossíntese e crescimento de mudas de cafeeiro, verificaram, nos
tratamentos com deficiência ou com excesso de fósforo, que houve redução na
condutância estomática (gs) e transpiração (E), diminuindo o acúmulo de CO
2
no
mesófilo foliar. Quantidades excessivas de fósforo induziram diminuição da assimilação
de CO
2
, redução no número de folhas, diâmetro do caule, altura das plantas, área foliar
total e massas secas de folha, caule e raiz e reduziu a eficiência do uso da água.
y(▲) = -1,454x
2
+ 5,6461x + 262,45 R
2
= 0,4045
y(□) = -1,7406x
2
+ 7,4954x + 259 R
2
= 0,6241
254
256
258
260
262
264
266
268
270
272
274
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
Doses de P (g/dm³ de substrato)
CO2 Interno (ppm)
y(▲) = -0,5327x + 13,26 R
2
= 0,6994
y(□) = 0,3931x
2
- 2,7808x + 11,519 R
2
= 0,951
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0,00 0,90 1,80 2,70 3,60 4,50
Doses de P (g/dm ³ de substra to)
Fotossíntese mol.m-2.s-1)
y(▲) = -0,036x + 4,1007 R
2
= 0,7599
y(□) = 0,0646x
2
- 0,4727x + 3,7399 R
2
= 0,9214
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
0,00 0,90 1,80 2,70 3,60 4,50
Doses de P (g/dm³ de substrato)
Transpiração (mmol.m-2.s-1)
y(▲) = -6,1554x
2
+ 23,696x + 240,84 R
2
= 0,7092
y(□) = 7,5225x
2
- 50,225x + 215,24 R
2
= 0,8905
0
50
100
150
200
250
300
0,00 0,90 1,80 2,70 3,60 4,50
Doses de P (g/dm³ de substrato)
Cond utância estom ática (mmol.m-2.s-1)
Figura 9: Acúmulo de CO
2
, fotossíntese, transpiração e condutância estomática na
mangabeira em razão do fosfato natural de Gafsa (▲) e Superfosfato triplo (□) e níveis
de fósforo. **, * significativos a 5% e 1%, respectivamente.
7. Conclusões
A disponibilização de doses excessivas de fósforo e a elevação da acidez e dos
teores de alumínio do substrato, proporcionados pela fonte superfosfato triplo trouxeram
prejuízos ao desenvolvimento das mangabeiras.
21
Nas condições em que foi desenvolvido o experimento, o fosfato natural de
Gafsa foi mais eficiente doque o superfosfato triplo, como fonte de fósforo para a
mangabeira.
8. Referências bibliográficas
AGUIAR FILHO, S. P.; BOSCO, J.; ARAÚJO, I. A. A mangabeira (Hancornia
speciosa): domesticação e técnicas de cultivo. João Pessoa: Emepa-PB, 1998 26p.
(Emepa-PB. Documentos, 24).
ALMEIDA, C. C.S. Adubação com NPK em plantas jovens de mangabeira. 2000,
42p. Monografia (Graduação em Agronomia)- Universidade Federal de Alagoas, Rio
Largo, 2000.
ARAÚJO, I. A.; FRANCO. C. F. O. Resposta da mangabeira (Hancornia speciosa) à
calagem e níveis de adubação mineral. In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA, 16. 2000. Fortaleza. Resumos... SBF. 2000. p. 446.
BATAGLIA, O. C., FURLANI, A. M. C., TEIXEIRA, J. P. F., FURLANI. P. R.,
GALLO, J. R. Métodos de análise química de plantas. Instituto Agronômico, n.78,
p.1-48, 1983.
CHIEN, S. H., HOMMOND, L. L. A. A comparison of various laboratory methos for
presdicting the agronomic potential of phosphate rochs for direct application. Soil
Science Society of Americam Jourmal, v. 42, p.935-939, 1978.
DANIEL, O., VITORINO, A. C. T., ALOVISI, A. A., MAZZOCHIN, L, TOKURA, A.
M. PINHEIRO, E. R. SOUSA, E. F. Crescimento de mudas de Acácia mangium willd
em resposta a aplicação de diferentes fontes de fósforo. Revista Árvore, v.21, p.323-
327, 1997.
DIAS, T.J.; PEREIRA, W.E.; CAVALCANTE, L.F.; RAPOSO, R.W.C.Roberto
Wagner Cavalcanti Raposo; FREIRE, J.L.O. Desenvolvimento e qualidade nutricional
de mudas de mangabeiras cultivadas em substratos contendo fibra de coco e adubação
fosfatada. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal/SP, v. 31, n. 2, p. 512-523, 2009.
EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA.
Centro nacional de pesquisa de solos. Sistema brasileiro de classificação de solos.
Brasília: 1999, 421p.
EPSTEIN, E.; BLOOM, A.J. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas.
Londrina: PLANTA, 2006. 403p.
ERNANI, P. R.; STECKLING, C.; BAYER, C. Alterações na composição química do
solo e no desenvolvimento inicial de plântulas de milho ocasionadas pela aplicação
superficial de calcário e fertilizantes fosfatados. Revista de Ciências Agroveterinárias,
Lages, v. 5, n. 2, p. 131-139, 2006.
22
ESPINDOLA, A. C. M. Aspectos de Nutrição da Mangabeira (Hancornia Speciosa
Gomez). 1999. 88f. Tese (Doutorado em Botânica) – Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Recife, 1999.
ESPINDOLA, A. C. M; FERREIRA, E. G. Nutrição Mineral e Adubação. In: A cultura
da Mangaba. Editores técnicos Josué Francisco da Silva Junior, Ana da Silva Ledo
Aracaju, SE: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2006. p-159-168.
FERREIRA, E. G. Mangabeira (Hancornia speciosa): Sistema de produção. João
Pessoa: Emepa/CNPq. 2006. 40p.: Il. (Emepa. Documentos, 53).
FRANCO, H. C. J. Avaliação agronômica de fontes e doses de fósforo para o capim-
Tifton 85. “Jaboticabal, 2003, 96p, Dissertação (Mestrado em Agronomia), Faculdade
de Ciência Agrária e veterinárias/Unesp.
GRANT, C.A.; PLATEN, D.N.; TOMAZIEWICZ, D.J.; SHEPPARD, S.C. A
importância do fósforo no desenvolvimento inicial da planta. Informações
Agronômicas, Piracicaba, n.95, 2001.
HILLARD, J. B., HABY, V. A., HONS, F. M., Effects of limestore and phosphorus on
nutrient availability and coastal bermudagras yield on an ultisol. Commur Soil Science
and Plant, v.23, p.175-188, 1992.
IBGE. Produção extrativa vegetal. Disponível em http://www.sidra.ibge.gov.br/
bda/tabela/protab1l.asp?c. Acesso em: 04/05/2010.
LEDERMAN, I. E.; SILVA JUNIOR, J. F. da; BEZERRA, J. E. F.; ESPÍNDOLA, A.
C. de M. Mangaba (Hancornia speciosa Gomes). Jaboticabal, SP; Funep, 2000. 35p.
(Série Frutas Nativas, 2).
LOPES, A.S. Manual internacional de fertilidade do solo. São Paulo: POTAFÓS, 155p.
2001.
MACHADO, P. L. O. de A. Considerações gerais sobre a toxicidade do alumínio
nas plantas. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS, 22p. (EMBRAPA-CNPS.
Documentos; 2). 1997.
MALAVOLTA, E, VITTI, G. C., OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional
de plantas: principio e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Patafós, 1997. 315p.
MOREIRA, A.; MALAVOLTA, E.; CARDOSO, L. A.; Eficiência de fontes e doses
de fósforo na alfafa e centrosema cultivadas em latossolo amarelo. Pesquisa
Agropecuária Brasileira. Vol. 37, n. 10. Brasília. 2002.
NASCIMENTO, V. M.; CORRÊA, L. S.; CHID. N.; ANDREOTI, M.; PAULIO, H.B.;
VALÉRIO FILHO, W. V. Resposta da mangabeira (Hancornia speciosa) à adubação
NPK. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 13., 1994, Salvador,
BA. Resumos... Salvador, BA: Sociedade Brasileira de Fruticultura, 1994, p. 781-782.
NOVAIS, R.F.; SMYTH, T.J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais. Viçosa:
23
DPS/UFV, 1999. 399p.
NOVAIS, R. F. Utilização de fosfatos naturais de baixa reatividade. In: COMISSÃO
DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Recomendações
para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª aproximação. Viçosa,
1999. p. 62–64.
PACHECO, O., MENDOZA, L., JUAN, R., AVILA. A. Influencia de la fertilizacion
NPK sobre el rendimiento y contenido mineral del posto estrella jamaicano (Cynodon
nlemfuensis), Agrotécnica de cuba, v. 19, p.109-113, 1987.
PINTRO, J. C. Efeito da toxicidade de duas espécies químicas de alumínio (Al) sobre o
crescimento de plantas de milho cultivadas em solução nutritiva. Maringá (SP), 2002.
Acta Scientiarum Maringá, v. 24, n. 5, p. 1219-1222, 2002.
RAIJ, B., QUAGGIO, J. A. Métodos de análise de solo para fins de fertilidade.
Campinas: Instituto Agronômico, 1983. 31 p. (Boletim técnico, 81).
RHEINHEIMER, D. dos S.; GATIBONI, L. C.; KAMINSKI, J. Mitos e verdades sobre
o uso de fosfatos naturais na agroecologia. Lavras, 2001.Universidade Federal de Santa
Maria. Cento de Ciências Rurais. Departamento de Solos (Nota técnica nº 1).
ROBINSON, J. S.; SYERS, J. K. A critical evaluation of the factors influencing the
dissolution of Gafsa phosphate rock. Journal of Soil Science, Oxford, v. 41, n. 4,
p. 597-605, 1990.
ROSSI, C., ANJOS, A, R. M., CAMARGO, M, S., WEBBER, O. L. S., IMHOFF, S.,
MALAVOLTA, E. Efeito residual de fertilizantes fosfatados para o arroz: avaliação do
fósforo na planta e no solo por diferentes extratores. Scientia Agrícola, v56, p.39-46,
1999.
SANTOS & ALBUQUERQUE FILHO, In: Importância da matéria orgânica e cobertura
vegetal para os solos arenosos do Cerrado. Artigos técnicos. Grupo cultivar.
http://www.grupocultivar.com.br/artigos/artigo.asp?id=338. 2010-03-31
SILVA JUNIOR, J. F.; LÉDO, A. da S. Botânica. In. A cultura da mangaba. Editores
técnicos Josué Francisco da Silva Junior, Ana da Silva Ledo – Aracaju, SE: Embrapa
Tabuleiros Costeiros, 2006. p. 25-33.
SILVA, L. da; MARCHIORI, P. E. R.; RIBEIRO, R. V.; DUARTE, T. F. Efeitos da
disponibilidade de fósforo na fotossíntese e crescimento de mudas de cafeeiro. XII
Congresso Brasileiro de Fisiologia Vegetal. SBFV. Fortaleza (CE). Resumos. 2009.
SOARES, W. V., LOBATO, E., SOUZA, D. M. G., REIN, T. A. Avaliação do fósfoto
natural de gafsa na recuperação de pastagem degradada em Latossolo Vermelho-Escuro.
Pesquisa Agropecuária Brasileira,v.35, p.819-825, 2000.
STAUFFER, M. D.; SULEWSKI, G. Fósforo – essencial para a vida. In. Fósforo na
Agricultura Brasileira; Simpósio sobre Fósforo na Agricultura Brasileira (2003: São
24
Paulo, SP) Anais do Simpósio sobre Fósforo na Agricultura Brasileira/ editado por
Tsuioshi Yamada e Silvia Regina Stipp Abdalla – Piracicaba: POTAFOS, 2004.
VELOSO, C. A. C.; MALAVOLTA, E.; MURAOKA, T.; CARVALHO, E. J. M.
Alumínio e a absorção de cálcio por mudas de pimenta do reino. Scientia Agrícola,
Piracicaba, v. 57, n. 1, jan./mar. 2000.
VIEIRA NETO, R. D. Cultura da Mangabeira. Aracaju: EMBRAPA-CPATC. 1994.
16p. (EMBRAPA-CPATC. Circular Técnica, 2).
VIEIRA NETO, R. D. Mangaba. In: VIEIRA NETO, R. D. (Ed.) Frutíferas Potenciais
para os tabuleiros costeiros e baixadas litorâneas. Aracaju: Embrapa Tabuleiros
Costeiros/Emdagro. 2002. p. 116-127.
VIEIRA NETO, R.D.; CINTRA, F.L.D.; SILVA, A.L. da; SILVA JÚNIOR,
J.F.,COSTA, J.L. da S.; SILVA, A.A.G. da; CUENCA, M.A.G. Sistema de produção de
mangaba para os tabuleiros costeiros e baixada litorânea. Aracaju: Embrapa Tabuleiros
Costeiros, 2002. 22p. (Embrapa Tabuleiros Costeiros. Sistemas de Produção, 02).
Disponível em http//www.cpatc.embrapa.br.
VIEIRA NETO, R. D.; E SILVA MELO, V.; DANTAS, J. O. Caracterização do
sistema produtivo da mangabeira no município de Itaporanga D`Ajuda, Sergipe.
Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2009. 10p. (Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento/Embrapa Tabuleiros Costeiros). Disponível em:
http://www.cpatc.embrapa.br/index.php?idpagina=fixas&pagina=publicacoesonline
VIEIRA NETO, R. D.; FERNANDES, M. F. Crescimento inicial e sobrevivência de
mangabeiras (Hancornia speciosa Gomes) a nível de campo, em diferentes substratos.
Agrotrópica, Ilhéus, v. 12, n. 3, p. 173-180. 2000.
VIEIRA NETO, R. D.; VIÉGAS, P. R. de A. Comportamento da mangabeira sob
direrentes substratos, em adubação de fundação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA, 17., 2002, Belém. Resumos... Belém: Embrapa Amazônia
Oriental/Sociedade Brasileira de Fruticultura, 2002. CD-ROM.
25
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo