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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CÂMPUS DE BOTUCATU
FREQUÊNCIA ALIMENTAR E TAXA DE
ALIMENTAÇÃO PARA KINGUIO CRIADO EM HAPA:
DESEMPENHO PRODUTIVO E AVALIAÇÃO
ECONÔMICA
EDUARDO MIYAMOTO FUKANOKI KUNII
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia como parte
das exigências para a obtenção do título
de Mestre em Zootecnia
BOTUCATU – SP
Julho de 2010
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ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CÂMPUS DE BOTUCATU
FREQUÊNCIA ALIMENTAR E TAXA DE
ALIMENTAÇÃO PARA KINGUIO CRIADO EM HAPA:
DESEMPENHO PRODUTIVO E AVALIAÇÃO
ECONÔMICA
EDUARDO MIYAMOTO FUKANOKI KUNII
Zootecnista
Orientador: Claudio Angelo Agostinho
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia como parte
das exigências para a obtenção do título
de Mestre em Zootecnia
BOTUCATU – SP
Julho de 2010
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Kunii, Eduardo Miyamoto Fukanoki, 1983-
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO UNESP -FCA -
FCA - LAGEADO - BOTUCATU (SP)
K96f Frequência alimentar e taxa de alimentação para Kinguio
criado em hapa : desempenho produtivo e avaliação econômi-
ca / Eduardo Miyamoto Fukanoki Kunii. - Botucatu : [s.n.],
2010.
viii, 48 f.: il., color., grafs., tabs.
Dissertação (Mestrado)-Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu,
2010
Orientador: Claudio Angelo Agostinho
Inclui bibliografia.
1. Manejo Alimentar. 2. Ornamental. 3. Níveis de arra-
çoamento. 4. Carassius auratus. 5. Análise econômica. I.
Agostinho, Claudio Angelo. II. Universidade Estadual Pau-
lista “Júlio de Mesquita Filho” (Campus de Botucatu). Fa-
culdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. III. Título.
iii
“O futuro pertence àqueles que
acreditam na beleza de seus sonhos”
Elleanor Roosevelt
Dedico
Aos meus queridos pais, Gerson e
Marina exemplos de garra e
determinação
Aos meus irmãos, Erika e Edson
sempre ao meu lado me protegendo
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof.° Dr. Claudio Angelo Agostinho, pela confiança,
dedicação, paciência desde os tempos da graduação, conselhos e amizade;
À equipe do Setor de Aquicultura: Balão, Cecília, Felisbino, Juliana, Luciano,
Raphaela e Setembrinho pela ajuda e amizade e a todos os estagiários que passaram
e contribuíram de alguma forma com a realização deste trabalho;
Aos Funcionários do Setor de Aquicultura João e Obedias pela ajuda dentro e
fora da Faculdade, pela amizade, ensinamentos e churrascos;
À minha família por sempre realizar minhas “vontades gastronômicas” quando
voltava para São Paulo nos finais de semana;
Ao meu amigo Baitaku pela ajuda durante toda a Faculdade, amizade, festas e
enrascadas que o Professor não sabe até hoje;
À Xiquinha pela amizade, inúmeros happy hours e por toda a força nos
momentos difíceis;
Aos membros do Clube do Kani e da Xiquinha: Pintin, Caião Pato, Siri, Jaca,
Bolor, Lótus, Goró, Moeda, Merreka e Minhoka por todos os churrascos, trucos, festas,
formaturas e companheirismo;
À saudosa e gloriosa turma XXVII de Zootecnia da UNESP de Botucatu,
aprendi muita coisa com vocês;
À Sueli pelos conselhos, preocupação e carinho;
Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da FMVZ, por possibilitar o
crescimento acadêmico e intelectual e aos funcionários Seila, Carlos e Danilo;
Aos Professores do Programa de Pós-Graduação por contribuir com minha
formação;
Ao Grupo de Estudos em Aquicultura “Piracema” pelo aprendizado
extracurricular;
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES
pela bolsa concedida;
À todos que de alguma forma contribuíram com a realização deste trabalho;
Muito Obrigado!
v
SUMÁRIO
Página
ÍNDICE DE TABELAS............................................................................................. vii
ÍNDICE DE FIGURAS.............................................................................................. viii
CAPÍTULO I............................................................................................................. 01
CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................................................ 02
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 09
CAPÍTULO II ........................................................................................................... 14
Frequência alimentar e taxa de alimentação no desempenho produtivo do
kinguio criado em hapa ........................................................................................... 15
Resumo........................................................................................................................ 15
Abstract....................................................................................................................... 16
Introdução .................................................................................................................. 17
Material e Métodos .................................................................................................... 18
Resultados .................................................................................................................. 21
Discussão ................................................................................................................... 23
Conclusão ................................................................................................................... 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 27
CAPÍTULO III.......................................................................................................... 29
Custos e rentabilidade da produção de kinguio em hapa utilizando-se
diferentes frequências e taxas de alimentação........................................................ 30
Resumo........................................................................................................................ 30
Abstract....................................................................................................................... 31
Introdução .................................................................................................................. 32
Material e Métodos .................................................................................................... 33
Resultados .................................................................................................................. 36
Discussão ................................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 46
vi
CAPÍTULO IV.......................................................................................................... 47
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 48
vii
ÍNDICE DE TABELAS
Página
CAPÍTULO II
01 – Níveis de garantia da ração e níveis reais encontrados com base em 100% de..
matéria seca ................................................................................................................ 20
02 – Valores médios de peso final, ganho de peso diário, ganho de peso total,
conversão alimentar aparente e sobrevivência de kinguios alimentados pelo período
de 75 dias em diferentes frequências alimentares e taxa de alimentação
..................................................................................................................................... 22
CAPÍTULO III
01- Classes e preços para comercialização................................................................. 37
02 - Investimento em capital fixo ............................................................................... 38
03 - Consumo mensal de ração por setor.................................................................... 41
04 - Investimento em capital circulante...................................................................... 41
05 - Investimento total ................................................................................................ 41
06 - Custo operacional anual....................................................................................... 43
07 – Peso médio final obtido na produção do kinguio cultivado em hapa por 75 dias 44
08 – Custos, preços, receitas e lucros obtidos nos tratamentos utilizados na produção
do kinguio cultivado em hapa por 75 dias, em reais (R$)........................................... 45
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
Página
CAPÍTULO II
01 – Hapa no interior do tanque-rede com dispensador automático de ração ............ 19
02 – Kinguios no interior da hapa .............................................................................. 19
CAPÍTULO III
01 – Hapa no interior do tanque-rede com dispensador automático de ração ............ 34
02 – Kinguios no interior da hapa .............................................................................. 34
CAPÍTULO I
2
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O aquarismo se popularizou a partir do século XX, com a chegada de
tecnologias facilitadoras, como o desenvolvimento de aquecedores elétricos e filtros
biológicos e mecânicos que possibilitaram maior intervalo entre as trocas de água,
tornando assim, a criação de peixes em casa acessível e prazerosa. Técnicas de coleta e
transporte e logística de comercialização possibilitam ao aquarista, em qualquer lugar
do mundo, ter acesso a grande diversidade de espécies de peixes (Watson & Shireman,
1996).
No início, o comércio de peixe ornamental era basicamente abastecido pelo
extrativismo. Com o aumento da demanda pelos países desenvolvidos como EUA,
Japão e Reino Unido originou-se a piscicultura ornamental. Segundo dados da FAO
(2006), essa modalidade de aquicultura teve grande crescimento na década de 90,
movimentando valores acima de US$ 300 milhões em exportações de peixes e
invertebrados sendo que mais de 60% dessa quantia, teve como destino a economia de
países em desenvolvimento. No Brasil, mesmo com o aumento de adeptos dessa
atividade, não tem representatividade no mercado como país comprador e, quanto a
exportações, a maior parte dos indivíduos provem do extrativismo no estado do
Amazonas (Lima, 2004).
Ressalta-se ainda que, a produção de peixes ornamentais é bastante recente, uma
vez que surgiu com a implantação de projetos de piscicultura na década de 70, sendo o
estado de Minas Gerais o que mais se destaca com o maior centro de produção do
Brasil, com 118 criadores que cultivam 50 variedades e/ou espécies (Pezzato & Scorvo
Filho, 2000).
Desde o ano de 2000 a piscicultura ornamental brasileira cresceu em média 20%.
No mercado mundial, o maior importador é a União Européia, com importações em
torno de 71 milhões de dólares anuais, seguido por Japão e Estados Unidos. O comércio
de peixes ornamentais é considerado um dos setores mais lucrativos da piscicultura
brasileira e vem se expandindo rapidamente com o aumento na demanda mundial (Lima
et al., 2001).
Mesmo com o fim da melhor fase do aquarismo, que resultou na diminuição do
comércio de peixes, alimentos e equipamentos entre 1996 e 1999, as exportações
3
mundiais de peixes ornamentais, marinhos e de água doce, têm aumentado em média
3,9% ao ano, nos últimos 10 anos. Considerando o período entre 2002 a 2006, o
crescimento das exportações mundiais foi de US$ 23,1 milhões ou, 11,6% ao ano
(Ribeiro, 2008). Embora a maioria das exportações seja de peixes de origem selvagem,
a piscicultura ornamental torna-se a cada ano lucrativa, tendo alto valor unitário.
Diversos estudos vêm sendo desenvolvidos objetivando melhorar a conversão alimentar
e reduzir a taxa de mortalidade na fase inicial de desenvolvimento, tendo como meta
final maior lucratividade
Os países do sudeste asiático são os maiores produtores e exportadores de peixes
ornamentais. Cingapura, apesar de ter diminuído cerca de 20% as exportações no final
dos anos 90, ainda lidera como maior exportador, com cerca de US$68,0 milhões em
2006 (AVA, 2007). Além de produzir grande quantidade de peixes, devido à ótima
logística, conexões aéreas e políticas governamentais, 44% do que o país exporta é
produzido ou capturado em países vizinhos, como a Malásia, que é o maior produtor
mundial. Exporta 95% de sua produção, sendo 85% via Cingapura (Ribeiro, 2008).
A produção de peixes ornamentais é praticada em diversos países, onde dezenas
de espécies são cultivadas. Algumas espécies se destacam dependendo do país onde é
cultivada, sendo o kinguio o alicerce de cultivo de ornamentais no Japão e na China.
O kinguio, Carrasius auratus é o peixe ornamental mais comercializado e mais
indicado para principiantes no aquarismo por possuir características rústicas e facilidade
na criação. Apresenta grande diversidade de cores e formatos. A espécie é originária da
China, peixe onívoro de água doce e fria, mas que se adapta bem às características do
clima tropical. É uma espécie de águas lênticas e apresenta grande facilidade na
reprodução.
O kinguio tem o corpo em formato oval e longo, as caudas variam conforme as
mutações. Sua cor pode ser marrom-dourado, branco, preto, vermelho, laranja, amarelo,
cinza e algumas combinações dessas cores (bicolor) e com pintas (cálico). (El Goldfish,
2007). É um dos peixes mais criados no mundo pelos aquariofilistas. Devido seu grande
polimorfismo, por seleção, pode-se obter alterações no formato e posição dos olhos,
nadadeiras e outras partes do corpo, assim como variada coloração. Algumas das
variedades como os “red cap” e “cabeça de leão” apresentam alto valor comercial
(Soares et al., 2000).
4
A expectativa de vida do kinguio em aquário é de 10 anos e em lagos de até 30
anos. A água ideal para a espécie deve apresentar pH neutro ou ligeiramente alcalino,
dureza moderada e o intervalo de temperatura pode variar de 15 até 24ºC (Schumer,
2002).
A expansão do setor produtivo de peixes ornamentais e o consequente
suprimento dos mercados interno e externo dependem da intensificação dos sistemas de
produção. Por isso, é necessário o conhecimento das exigências nutricionais de cada
espécie para a formulação de rações balanceadas, além do manejo alimentar correto. Em
revisão apresentada por Sales & Janssens (2003) sobre exigências nutricionais de peixes
ornamentais, constata-se que são escassas as informações até mesmo sobre exigências
de proteína e energia para a maioria das espécies.
A alimentação manual é a forma mais utilizada nas pisciculturas, entretanto,
quanto maior é a unidade de produção, mais complexo e oneroso se torna o manejo
alimentar devido à necessidade de maior número de tratadores capacitados. Nas grandes
criações comerciais a alimentação pode corresponder a 60% do custo total de produção
em cultivo intensivo ou semi-intensivo de organismos aquáticos (Padua et al., 1997).
A automação da alimentação na piscicultura é frequente em países onde a
produção se encontra em nível industrial. Além de facilitar o manejo, proporciona à
atividade caráter sustentável, diminuindo os impactos ambientais comumente visíveis
em produções de larga escala. A alimentação automática, além de possibilitar o aumento
da frequência alimentar, torna possível a alimentação no período noturno, prática
inviável em pisciculturas comerciais onde a alimentação é feita de forma manual,
devido ao custo da mão-de-obra.
Os alimentadores automáticos podem ser acionados por temporizadores,
movidos por ação mecânica ou elétrica, podendo esta última estar ligada à rede de
energia ou a baterias carregadas por placas solares. Estes alimentadores podem ser
regulados para distribuir diferentes quantidades de ração em cada refeição ou uma
quantidade fixa de ração, assim como fornecer determinado número de refeições por
dia. São regulados de acordo com a exigência de cada espécie e da capacidade do meio
de cultivo e podem ser ajustados para oferecerem pequenas quantidades de ração
durante todo dia, auxiliando assim o melhor aproveitamento da ração.
5
O alimentador automático utilizado no Setor de Aquicultura da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, Câmpus de Botucatu, consiste em um
reservatório cônico que possui mecanismo eletro-mecânico que libera ração em
intervalos pré-estabelecidos por temporizador. O alimento é despejado no interior de
cada hapa. Confeccionado com material impermeável (fibra de vidro) o reservatório
possui uma saída em forma de funil. O movimento de rotação para a liberação dos
“peletes” é promovido por um motor com um eixo acoplado a um disco.
Segundo Li et al. (2005) o consumo de ração depende de fatores como idade,
sexo, densidade, espécie, qualidade e temperatura da água e experiência do tratador, que
quando não observados podem levar a piscicultura ao fracasso na produção. A
qualidade do alimento e outras fontes possíveis de alimento também afetam o consumo.
As interações sociais e a dominância hierárquica em peixes podem levar a
supressão alimentar e menor crescimento em indivíduos subordinados (McCarthy et al.,
1992; Jobling, 1994). Wang et al. (1998) sugeriu que o incremento da frequência
alimentar pode aumentar a oportunidade dos peixes subordinados a se alimentarem, pois
as primeiras refeições os peixes dominantes consomem, tornam-se saciados e menos
agressivos, resultando assim, em maior oportunidade para os peixes dominados se
alimentarem nas refeições seguintes. Como consequência, tem-se a redução na variação
do tamanho dos peixes.
Uma frequência de arraçoamento adequada pode levar também a menor variação
no tamanho dos peixes, diminuindo perdas com a classificação (Tucker & Robinson,
1991; Sousa et al., 2008), que representa estresse para o animal, podendo resultar em
mortalidade, além de ser trabalhosa em piscicultura de tanque-rede. No comércio de
peixes ornamentais, para evitar a classificação e seleção dos peixes, o que demanda
tempo e mão de obra, os atacadistas e distribuidores preferem comprar lotes de peixes
de tamanho uniforme.
O efeito da frequência alimentar sobre o crescimento e utilização do alimento
em juvenis de carpa gibel (Carassius auratus gibelio) foi avaliada por Zhou et al.
(2003). Alimentando os peixes até a saciedade, o autor trabalhou com 2, 3, 4, 12 e 24
refeições por dia e verificou que a medida que aumentava a frequência alimentar, os
peixes apresentavam melhor desempenho produtivo, aumentando significativamente o
crescimento. Tucker et al. (2006), trabalhando com larvas de Australian snapper, testou
6
fotoperíodo e frequência alimentar. Obtiveram o melhor desempenho com a maior
frequência alimentar. Foram testadas frequências de duas, quatro e oito alimentações ao
dia, somente nos períodos de luz, com taxa alimentar de 10% do peso vivo.
Entretanto, Hayashi et al. (2004) trabalharam com quatro frequências
alimentares e taxa de alimentação de 10% do peso vivo com alevinos de Lambari do
Rabo-Amarelo (Astyanax bimaculatus) em aquários, obtendo melhor resultado em
frequências mais baixas. Outros autores avaliaram o desempenho produtivo de alevinos
de diferentes espécies e observaram que o aumento da frequência não afeta de forma
significativa o crescimento dos animais, Carneiro & Mikos (2005) trabalharam com
alevinos de jundiá Rhamdia quelen e alimentação ad libitum e Hossain et al. (2001) com
alevinos de bagre africano Clarias gariepinus com taxa de arraçoamento inicial de 12%
do peso vivo.
Priestley et al. (2006) avaliaram o efeito da frequência de alimentação no
desempenho de kinguios criados em aquário e alimentados com 2% do peso vivo com
ração floculada. Os autores testaram uma, duas, três, quatro e seis refeições diárias: os
peixes pesando em média 32g foram criados pelo período de oito semanas. Os peixes
alimentados com quatro refeições apresentaram o melhor resultado, ganhando 24g em
média com conversão de 2,49.
O arraçoamento realizado em pequenas porções e alta frequência pode reduzir o
impacto ambiental causado pela piscicultura em tanque-rede, uma vez que melhora a
conversão alimentar (Sousa, 2007), diminuindo a liberação de efluentes ricos em
nutrientes (principalmente N e P) que causam eutrofização em corpos d’água naturais,
evitando-se a deterioração do meio de cultivo (Valenti, 2002).
Diversos estudos comprovaram que quando o manejo alimentar é adequado a
taxa de arraçoamento pode ser aumentada, resultando em melhor desempenho produtivo
dos peixes, com menor tempo para chegar ao peso comercial (Oliveira, 2007;
Alexandre, 2009). Porém, sob regime de baixa frequência alimentar necessariamente
são adotadas menores taxas de alimentação (Marques et al., 2003; Barbosa et al., 2005;
Chagas et al., 2005; Meurer et al., 2005). Os estudos relacionados à nutrição devem
considerar conhecimentos básicos de biologia e manejo dos peixes. Um dos fatores
importantes a ser considerado é o nível de arraçoamento mais adequado para a espécie
de interesse. Estudos realizados têm mostrado que o crescimento é diretamente
7
proporcional à taxa de arraçoamento empregada. A taxa, a frequência alimentar e o
horário de alimentação, são fatores determinantes para o ótimo desempenho produtivo.
A taxa de alimentação depende diretamente da densidade, do oxigênio dissolvido na
água, da qualidade e temperatura da água, da espécie, do sexo, da fase de
desenvolvimento e principalmente do manejo alimentar adotado no cultivo dos peixes
(Ng et al., 2000; Mihelakakis et al., 2002; Zuanon et al., 2004; Chagas et al., 2005).
A variação dos níveis de arraçoamento pode influenciar o crescimento,
metabolismo, digestibilidade, composição da carcaça e excreção de amônia (Johansson
et al., 2000; Verbeeten et al., 1999; Shimeno et al., 1997). O fornecimento de alimentos
nutricionalmente balanceados que atendam às exigências da espécie cultivada, é de
fundamental importância para o crescimento dos peixes. Em cultivos com tanques-rede
em águas represadas, onde os animais são dependentes exclusivamente do fornecimento
de ração, há necessidade de estabelecer a taxa de alimentação adequada para o
desenvolvimento dos peixes, uma vez que nessas condições as oscilações nos níveis de
oxigênio dissolvido são diárias (Junk et al., 1983; Saint-Paul & Soares, 1987) e afetam o
metabolismo e o consumo de ração pelos peixes (Saint-Paul, 1983). Em pisciculturas
comerciais a taxa de alimentação é corrigida periodicamente de acordo com o
crescimento dos peixes, cujo peso é monitorado por meio de biometrias quinzenais ou
mensais, conforme a fase da criação.
Na produção de peixes ornamentais, o uso de gaiolas também tem sido
empregado. Da mesma forma como é empregado para peixes de consumo, a gaiola para
produção de ornamentais pode ser colocada dentro de viveiros de terra. Além disso,
pode ser confeccionada com materiais de baixo custo. A possibilidade de usar somente
um viveiro para alojar diversas espécies ou peixes de tamanho diferente maximiza o uso
da área e diversifica a produção. Esse sistema também facilita muito a despesca,
(Ribeiro, 2007).
O tanque-rede é um sistema intensivo de produção de peixes, que se bem
manejado possibilita a obtenção de três ciclos por ano e em condições ambientais
favoráveis. Além disso, é um sistema de produção com baixo custo de implantação, já
que pode ser utilizado em áreas já alagadas, como açudes, represas e principalmente em
reservatórios destinados a geração de energia, muito comuns em nosso país,
8
dispensando assim gastos maiores com a construção de sistemas de viveiros e tanques
(Kubitza, 2000; Zimmermann & Hasper, 2003; Barbosa et al., 2005).
Nesse sistema de produção, a densidade é fator determinante para o bom
desempenho dos peixes. Deve-se respeitar as características da espécie, a temperatura
média da região, entre outros fatores. Observando esses pontos, o sistema suporta
densidades de 100 até 1000 peixes/m³ (Bozano et al., 1999; Vieira et al., 2000; Vaz et
al., 2003; Brandão et al., 2005; Carneiro & Mikos, 2005; Sampaio & Braga, 2005).
A utilização de hapas tem o mesmo princípio dos tanques-rede, os peixes são
cultivados em regime de confinamento, de modo que permaneçam em seu interior sem
se dispersarem no meio aquático. Porém, seu custo é menor comparado ao tanque-rede.
As hapas são confeccionadas de diversos materiais e diferentes tamanhos de malha, de
acordo com o tamanho de peixe que se quer trabalhar. São instaladas no tanque de
maneira que não atinja muita profundidade, geralmente trabalham-se as fases jovens ou
peixes de menor tamanho. Sua desvantagem é a menor resistência a predadores e ao
desgaste do manejo e do tempo e quando apresentam menor diâmetro, (1 a 3 mm), pode
ocorrer a colmatação, necessitando assim, ser limpa em intervalos menores para não
comprometer a troca de água.
Este estudo tem como objetivo avaliar o efeito de diferentes frequências
alimentares e taxas de alimentação no desempenho produtivo do kinguio e avaliar a
viabilidade econômica da atividade. Os Capítulos serão apresentados da seguinte forma:
Capítulo II – “Frequência alimentar e taxa de alimentação no desempenho
produtivo do kinguio criado em hapa”. A redação deste capítulo foi realizada de acordo
com as normas de publicação da Revista Brasileira de Zootecnia.
Capítulo III – “Avaliação econômica da produção de kinguio cultivado em hapa
com diferentes frequências e taxas de alimentação”. A redação deste capítulo foi
realizada de acordo com as normas de publicação da Revista Brasileira de Zootecnia.
9
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1645, (Supl. 1) 2004.
14
CAPÍTULO II
15
Frequência alimentar e taxa de alimentação no desempenho produtivo do kinguio
criado em hapa
Resumo: Com o trabalho, objetivou-se avaliar o desempenho do kinguio (Carassius
auratus) em hapas providas com dispensadores automáticos de ração utilizando
frequências alimentares de seis, 12 e 24 vezes ao dia e duas taxas de alimentação, 5% e
10% do peso vivo da biomassa, durante 75 dias. As hapas foram instaladas em tanques-
rede submersos a um metro de profundidade em um viveiro escavado de 2.000m
2
. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial com três
frequências alimentares e duas taxas de alimentação. Cada tratamento teve três
repetições e os peixes foram alimentados com ração comercial. Foram utilizadas 18
hapas de 0,42m³ onde foram distribuídos 75 peixes com peso médio inicial de 5,26±
1,52 gramas em cada unidade experimental. As frequências alimentares de seis, 12 e 24
vezes ao dia foram semelhantes com a taxa alimentar de 10% (P>0.05). Já com a taxa
de 5% o desempenho produtivo foi superior naqueles alimentados de hora em hora em
relação aos demais – P<0.05. Como esperado, observou-se maior ganho de peso nos
kinguios submetidos à maior taxa de alimentação, apresentando o valor médio de 40,01
gramas, enquanto que na menor taxa o valor foi 32,07g. Em relação à frequência
alimentar, os melhores resultados foram obtidos com maior parcelamento da ração.
Com o fornecimento de ração de hora em hora o peso médio foi de 38,59g, quando os
animais foram alimentados a cada duas horas apresentaram peso médio de 36,89g e
quando receberam ração a cada quatro horas o peso médio de 33,75g. A conversão
alimentar dos peixes que receberam 5% de seu peso em ração foi de 1,66, sendo que
para os peixes que receberam 10% foi de 2,85. As conversões para os animais que
foram alimentados a cada quatro horas, a cada duas horas e a cada hora foram 2,01; 2,32
e 2,44, respectivamente. O aumento da frequência alimentar, associada à menor taxa de
alimentação, melhorou o aproveitamento da ração, resultando em melhor desempenho
produtivo.
Palavras chave: juvenis, manejo alimentar, níveis de arraçoamento, ornamental
16
Feeding frequency and feeding level on growth performance of kinguio in hapa
Abstract: In the present work the performance of kinguio (Carassius auratus) in hapas
with automatic feeder, fed with 5% and 10% level of body weight in frequencies of six,
12 and 24 times a day was studied during 75 days. The hapas of 0.42 m³ was distributed
in 18 cages submerged one meter depth in a water reservoir of 2.000m². There were
used kinguio with 5.26 ± 1.52g in each experimental unit in a density of 75 fishes/m³.
The experimental design used was a completely randomized whit three replicates in
outline factorial three frequencies and two level, a commercial ration used. In 10% level
the times frequency of six, 12 and 24 times a day were similar (P> 0.05). However the
performance was higher with 5% level in those fed hourly over the other - P <0.05. As
expected, the higher level of body weight provided greater weight gain in kinguios with
the average value of 40.01g, whereas the lowest level the value was 32.07g. The best
results were obtained with greater fragmentation of the ration in relation of food
frequency. The supply of food in each hour, the average weight was 38.59g, when the
animals were fed every two hours the mean weight 36.89g and when fed every four
hours the average weight of 33.75g. Fishes that received 5% level of body weight the
feed conversion were 1.66, while for the fishes receiving 10% were 2.85. For animals
that were fed every four hours every two hours and each hour the feed conversions were
2.01, 2.32 and 2.44, respectively. The increase of frequency of food associated a lower
level of body weight improved utilization of the ration resulting in better performance.
Key Words: feed m
anagement, feeding levels, juvenile, ornamental
INTRODUÇÃO
17
O nível e a frequência de alimentação para espécies ornamentais ainda não
foram claramente definidos. Tanto o excesso como a falta podem ser prejudiciais para a
saúde dos peixes e podem ainda provocar deterioração da qualidade da água, redução de
peso, má utilização dos alimentos e aumentar da susceptibilidade à doenças.
A taxa na qual a ração é consumida e a eficiência com que é utilizada são os
primeiros fatores para a determinação do crescimento. Existe correlação positiva entre
crescimento e frequência alimentar. Além disso, a frequência de alimentação é
fortemente correlacionada com o tempo de evacuação gástrica quando os peixes são
arraçoados com taxas elevadas ou alimentação a vontade. Neste caso, a alimentação em
intervalos mais curtos do que o tempo necessário para o regresso do apetite pode levar a
sobrecarga gástrica, resultando em baixa eficiência de absorção (Riche et al., 2004).
Segundo Li et al. (2005) o consumo de ração depende de fatores como idade,
sexo, d
eito da frequência alimentar sobre o crescimento e utilização do alimento
em juv
ensidade, espécie, qualidade do alimento, qualidade e temperatura da água e da
experiência do tratador, fatores que, quando observados, refletem no sucesso da
piscicultura. As interações sociais e a dominância hierárquica em peixes podem levar a
supressão alimentar e menor crescimento em indivíduos subordinados (McCarthy et al.,
1992; Jobling, 1994). Wang et al. (1998) sugeriram que a maior frequência alimentar
pode aumentar a oportunidade dos peixes subordinados a se alimentarem pois nas
primeiras refeições os peixes dominantes consomem e tornam-se saciados e menos
agressivos, resultando assim, em maior oportunidade para os peixes dominados se
alimentarem nas refeições seguintes e, como consequência, menor variação do tamanho
dos peixes.
O ef
enis de carpa gibel (Carassius auratus gibelio) foi avaliado por Zhou et al.
(2003). Alimentando os peixes até a saciação, os autores trabalharam com 2, 3, 4, 12 e
24 refeições por dia e verificou que à medida que aumentava a frequência alimentar, os
peixes apresentavam melhor desempenho produtivo, aumentando significativamente o
crescimento, a retenção de proteína e energia da ração. Priestley et al. (2006) avaliaram
o efeito da frequência no desempenho de kinguios criados em aquário e alimentados
com 2% do peso vivo com ração floculada. Foram avaliadas 1, 2, 3, 4 e 6 refeições
diárias para peixes com peso médio de 32g, que foram criados pelo período de oito
18
m quatro frequências
alimen
os estudos sobre peixes ornamentais em condições tropicais,
inclusi
tivo de juvenis de kinguio
criados
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado de 23 dezembro de 2007 a 9 de março de 2008 na
Faculd
a variedade conhecida
comerc
semanas. Os kinguios alimentados com quatro refeições apresentaram o melhor
desempenho, ganhando 24g em média com conversão de 2,49.
Entretanto, Hayashi et al. (2004) trabalharam co
tares e taxa de alimentação de 10% do peso vivo com alevinos de Lambari do
Rabo-Amarelo (Astyanax bimaculatus) em aquários, obtendo melhor resultado em
frequências mais baixas. Autores avaliaram o desempenho produtivo de alevinos de
diferentes espécies não ornamentais e observaram que o aumento da frequência não
afeta de forma significativa o crescimento dos animais, Carneiro & Mikos (2005)
trabalharam com jundiá Rhamdia quelen e alimentação ad libitum e Hossain et al.
(2001) com bagre africano Clarias gariepinus a uma taxa de arraçoamento inicial de
12% do peso vivo.
São poucos
ve no que se refere aos aspectos de manejo na criação das diferentes espécies em
suas fases de desenvolvimento, necessitando, assim, de pesquisas a fim de proporcionar
subsídios para o desenvolvimento da piscicultura ornamental.
O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho produ
em hapas submetidos a duas taxas de arraçoamento e a três frequências
alimentares.
ade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Universidade Estadual
Paulista, Câmpus de Botucatu, Departamento de Produção Animal, Setor de
Aquicultura, situado a 22º 55’ 28’’ de latitude Sul e 48º 25’ 38’’ de longitude Oeste, a
760 m de altitude, na região sudeste do Estado de São Paulo.
Os kinguios utilizados no experimento são d
ialmente como kinguio cometa. Foram obtidos a partir de desovas induzidas de
reprodutores provenientes do próprio Setor de Aquicultura. Após a eclosão, as larvas
foram distribuídas em três tanques de placa de 72 m
2
de área, com profundidade
máxima de um metro e previamente adubados. A ração em pó foi fornecida por meio de
alimentadores automáticos fixados no centro de cada viveiro. Os alimentadores foram
19
e
revesti
programados para distribuir a ração a cada 30 minutos, tanto no período diurno como no
período noturno, até que os juvenis alcançassem o peso para o início do experimento.
Dezoito tanques-rede de 1m
3
cada, confeccionados com arame galvanizado
do em PVC, foram dispostos linearmente em um viveiro de 2.000 m
2
com
profundidade máxima de três metros. Cada tanque-rede foi revestido com hapa de 7 mm
de diâmetro (Figura 01) para evitar a fuga dos peixes e a entrada indesejada de peixes
oriundos do viveiro. Os kinguios foram alojados com a densidade de 75 peixes por hapa
(Figura - 02), com volume útil de 0,42m³. Comedouros feitos de tela de polietileno, no
formato circular, foram presos no interior das hapas para conter a ração dispensada. Os
comedouros foram retirados e lavados quinzenalmente com água em alta pressão para
evitar a colmatação da tela.
Figur 1 – Hapa no interior do t
ão
a 0 anque- Figura 02 – Kinguios no interior do
tanque-rede
rede com dispensador automático de raç
O peso dos peixes utilizados no experim
ento variou de 3,0 a 9,0g. A
uniformização entre as unidades experimentais foi obtida pela pesagem individual e
classificação em grupos de acordo com o peso: grupo 1 (3,0 a 4,0g); grupo 2 (4,1 a
5,0g), grupo 3 (5,1g a 6,0g), grupo 4 (6,1 a 7,0g), grupo 5 (7,1 a 8,0g) e grupo 6 (8,1 a
9,0g), desta forma, cada hapa foi povoada com o mesmo numero de peixes de cada
classe de tamanho. Com essa prática, o peso médio inicial dos peixes foi de 5,26± 1,52
gramas. Durante 75 dias, o fornecimento de ração foi realizado por meio de
dispensadores automáticos de ração, desenvolvido por Agostinho et al. (2004). O
dispensador de ração utilizado no Setor de Aquicultura do Departamento de Produção
Animal da FMVZ – UNESP, Câmpus de Botucatu, consiste em um reservatório cônico
que possui mecanismo eletro-mecânico que libera ração em intervalos pré-estabelecidos
20
por temporizador. O alimento é despejado dentro das hapas, e cada uma é equipada com
seu próprio dispensador. Confeccionado com material impermeável (fibra de vidro) o
reservatório com capacidade para sete quilos, possui uma saída em forma de funil. O
movimento de rotação para a liberação dos “peletes” é promovido por um motor de
baixa rotação. Foi utilizada ração extrusada comercial de 1,7 a 2,0 mm, seus níveis de
garantia encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1- Níveis de garantia da ração e níveis reais encontrados com base em 100% de
Matéria seca
Nutrientes (%) Níveis de garantia (%) Níveis encontrados (%)
Umidade (máx) 12,00 8,21
Proteína bruta (min)
áx)
40,00 41,09
Extrato estéreo (min) 10,00 10,87
Fibra bruta (máx) 6,00 3,04
Matéria mineral (m 13,00 8,44
Cálcio (máx) 3,50
-
Fósforo (min) 0,80 -
Cada hapa foi equipada com um alimentador automático. Os alimentadores
foram
a cada 15 dias
a quan
ram pesados no início e no final do
programados para distribuir a ração em três frequências: seis vezes ao dia (a cada
quatro horas); 12 vezes ao dia (a cada duas horas) e 24 vezes ao dia (de hora em hora),
além das diferentes frequências, taxa de 5% e de 10% do peso vivo (PV).
O ajuste da quantidade diária de ração foi realizado, dobrando-se
tidade de ração. Esse manejo foi adotado com a intenção de evitar o estresse com
biometrias. Durante todo o período experimental, a cada três dias foram medidos os
níveis de oxigênio dissolvido pela manhã e pela tarde, o mesmo se fez com a
temperatura e o pH. Os parâmetros físico-químicos da água variaram pouco ao decorrer
do experimento. A média dos níveis de oxigênio dissolvido foram 4,10mg/l pela manhã
e 8,88 mg/l pela tarde. O pH (7,6) permaneceu levemente alcalino e a temperatura
média da manhã de 24,6°C e da tarde de 27,5°C.
Para avaliar o desempenho, os peixes fo
experimento. O ganho de peso dos peixes foi calculado pela diferença entre os
resultados de peso médio final e inicial dos peixes de cada tratamento. A conversão
alimentar aparente foi calculada dividindo-se o consumo da ração pelo ganho de peso
21
dos peixes durante o período experimental. A sobrevivência foi obtida dividindo-se o
número de peixes encontrados ao final dos 75 dias pelo número de peixes alojados
inicialmente em cada hapa e multiplicando por 100. A uniformidade dos tratamentos foi
encontrada através da adaptação de uma equação proposta por Furuya et al. (1998):
100(%))(
%20
N
UdeUniformida
Nt
m
que, N±20% = número de animais com peso total ±20% em torno da média
da unid
RESULTADOS
Os índices zootécnicos são apresentados na Tabela 2. O consumo de ração
abela 2 – Valores médios de peso final, ganho de peso diário, ganho de peso total,
conversão alimentar aparente e sobrevivência de kinguios alimentados pelo período de
75 dias em diferentes frequências alimentares e taxa de alimentação
E
ade experim
ental e Nt = número total de peixes em cada unidade experimental.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em arranjo
fatorial 3x2. A análise estatística foi processada utilizando-se o Sistema para Análises
Estatísticas e Genéticas – SAEG (Euclydes, 2005), por meio de um modelo que
considera o efeito da frequência alimentar, a taxa de alimentação e a interação entre a
frequência alimentar e a taxa de alimentação. Para comparar as médias foi utilizado o
teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade.
observado no experim
ento não configura o consumo real, pois não foi possível coletar
as sobras, por se tratar de ambiente aberto, sendo calculada a conversão alimentar
aparente.
T
22
Peso final (g)
Frequência Taxa de alimentação (%PV)
alimentar 5 10
24 36,64 bA 40,54 aA
12 33,43 bB
28,18 bC V (%) 27,76
40,39 aA
6 39,33 aA
Ganho de peso diário (g)
C
Frequência Taxa de a (%PV) limentação
alim ar Médias ent 5 10
24 0,42 0,47 0, 5 4
1 0,42
0,30 0,38 V (%) 34,03
0
2 0,38 0,47
6 0,45
0,46
C
Médias ,36
Ganho de peso total (g)
Frequência Taxa de alim ão (%PV) entaç
alim tar en 5 10
24 31,46 bA 35,33 aA
12 2
22,85 bC
8 B
V (%) 34,03
,17 b 35,06 aA
6 34,00 aA
Conversão al tar aparente
C
imen
Frequência Taxa de a (%PV) limentação
alim ar ent 5 10
24 1,68 bA 3,20 aA
12
V (%) 7,56
Sobrevivência
1
1,75 bA
,57 bA 3,08 aA
6 2,28 aB
(%)
C
Frequência Taxa de al (%PV) imentação
alim ar Médias ent 5 10
24 95,00 99,00 97,00
12 96,00 97,50
98,00 98,50 V (%) 2,48
96
99,00
6 99,00
99,00
C
Médias ,30
Unifo e (%)
rmidad
Frequência Taxa de alim o (%PV) entaçã
alim tar Men 5 10 édias
24 53,44 53,58 53,51
12 50,45 49,11 49,78
49,77 54,25 V (%) 13,72
51
6 58,74
53,81
C
Médias ,22
Letras minúsculas diferentes a linha indicam difere icativa (p<0,05) pelo an
Letras ma as diferentes a coluna indicam diferença significativa (p<0,05) pel Duncan
CV= Coefi e de variação
ento
entar
4 refeições por dia). Em relação à taxa de alimentação, o melhor crescimento foi
na mesm
na mesm
nça signif uteste de D
o teste de
nc
iúscul
cient (%)
rentes cias e taxas de tação influenc am no crescimAs dife frequên alimen iar
dos kinguios. O melhor crescimento foi observado com a maior frequência alim
(2
23
observado com 10% PV. Os peixes alimentados seis, 12 e 24 vezes ao dia apresentaram
desempenho semelhante quando a taxa de alimentação foi 10% do peso vivo – P<0.05.
Já com a taxa de 5% o desempenho produtivo foi superior naqueles alimentados a cada
hora em relação aos demais – P<0.05. Como esperado, observou-se maior ganho de
peso nos kinguios submetidos à maior taxa de alimentação. O valor médio dos
tratamentos com a maior taxa foi de 40,08 gramas, enquanto que na menor taxa o valor
médio foi 32,75 g. Em relação à frequência alimentar, os melhores resultados foram
obtidos com maior parcelamento da oferta de ração, aliado a taxa de 5% PV. O ganho
de peso diário e total apresentaram aumento em relação ao aumento da taxa de
alimentação, independente do intervalo. Para os valores de conversão alimentar aparente
houve diferença em função da taxa de alimentação, no qual a taxa de 5% apresentou
melhor resultado. Quanto à sobrevivência e uniformidade dos peixes, os valores não
foram influenciados pelos diferentes níveis de arraçoamento (P>0,05) e nem pelas
frequências alimentares (P>0,05) (Tabela 2).
DISCUSSÃO
As médias de temperatura observadas durante o experimento encontram-se
acima da faixa de temperatura recom hümer (2002), que fica entre 15° e
24°C. Segundo Baldisserotto (2002) o kinguio é um peixe euritérmico, portanto, é capaz
ão, consequentemente, melhor desempenho produtivo (Wang et al.,
oferecida em
endada por Sc
de apresentar taxas positivas de crescimento em uma faixa de temperatura ampla, sendo
assim, a diferença na temperatura de conforto da espécie pouco prejudicou seu
desenvolvimento.
Resultados encontrados na literatura evidenciam os benefícios do aumento da
frequência como, maior uniformidade do lote, melhor absorção de nutrientes e menores
perdas por lixiviaç
1998; Carvalho & Nunes, 2006; Oliveira et al., 2007; Sousa et al., 2007).
No presente trabalho, o melhor desempenho produtivo foi alcançado pelos
peixes alimentados com a maior frequência (24 refeições) e taxa de alimentação de 5%
do peso vivo, demonstrando melhor aproveitamento da ração quando
pequenas quantidades, desde que a taxa de alimentação seja adequada à necessidade do
peixe, contribuindo assim, com menor desperdício e contaminação ambiental. O
24
asos pode
cia nas hapas dos tratamentos independente da
tivamente na conversão alimentar. Comparando o
resultado obtido foi semelhante aos resultados obtidos por Tucker et al. (2006) com
Australian snapper e por Zhou et al. (2003) com carpa gibel. Entretanto, Hayashi et al.
(2004) obtiveram melhor desempenho para lambari criados em aquário, alimentados
quatro vezes ao dia, comparado aos demais: um, dois e seis tratos. Neste caso a maior
frequência não refletiu no melhor desempenho, provavelmente pelo excesso de ração
(10% PV). Lee et al. (2000) também encontraram resultado diferente trabalhando com
a espécie marinha korean rockfish (Sebastes schlegeli). É importante observar que em
seus estudos, além da espécie ser marinha, em todos os tratamentos os peixes foram
alimentados até a saciedade. Os autores obtiveram o melhor resultado alimentando-os
uma vez ao dia. Quando a alimentação foi realizada duas vezes ao dia resultou em
acréscimo na taxa de lipídio corporal sem aumentar o crescimento do peixe.
Vale lembrar que diversos estudos foram realizados com frequência alimentar,
porém, não foram testadas diferentes taxas de alimentação e em alguns trabalhos o
alimento foi fornecido “ad libitum”. A alimentação “ad libitum”, em alguns c
causar a falsa impressão de saciedade dependendo da espécie estudada. O kinguio não
possui estômago, o alimento ingerido segue diretamente para o intestino, sendo assim,
sua capacidade em armazenar é baixa, portanto, está em constante procura por alimento.
Segundo Rotta (2003), o tamanho do estômago pode ser usualmente relacionado com o
intervalo entre as refeições e o tamanho das partículas do alimento ingerido. Os peixes
que consomem grandes presas em intervalos esparsos possuem estômago com grande
capacidade e aqueles que se alimentam de pequenas partículas possuem frequentemente
pequeno estômago ou não o possui. Peixes onívoros e herbívoros realizam muitas
refeições diárias, porém, consomem pouco alimento por refeição e, por isso, geralmente
apresentam estômago de menor volume.
Os resultados de desempenho semelhantes nas frequências seis, 12 e 24
refeições diárias com 10% do peso vivo podem ser explicados pelo excesso de ração
fornecido em cada refeição, que permane
frequência de oferta do alimento, assim, ao oferecer novamente a ração, a anterior ainda
estava disponível aos peixes.
Segundo Barbosa et al. (2005), altas taxas de alimentação aumentam a
velocidade de passagem do alimento no trato digestivo, reduzindo sua digestão e
assimilação, influindo nega
25
semp
que peixes magros, podendo assim, terem maior
de enho dos peixes arraçoados diariamente com 5% do peso vivo e os peixes
alimentados com 10%, observou-se melhor eficiência alimentar com a taxa de 5%.
Esperava-se que a quantidade maior de alimento promovesse melhor desempenho,
entretanto, o maior número de refeições refletiu no aumento da taxa de passagem do
alimento pelo trato digestório diminuindo a digestão e absorção do alimento,
corroborando com os dados encontrados por Riche et al. (2004). Trabalhando com
tilápia, Oliveira (2007) testou as taxas de alimentação de 2%, 3% e 4% do peso vivo
com alta frequência alimentar (48 vezes ao dia) e observou maior ganho de peso e
menor tempo de cultivo nos animais alimentados com a maior taxa de alimentação.
Segundo os autores, a alta frequência alimentar possibilita o aumento da taxa de
alimentação sem que haja desperdícios. Wang et al. (1998) também observaram melhor
desempenho quando os animais foram alimentados em maiores frequências. De acordo
com os autores, os resultados sugerem que a aparente saciedade quando a alimentação
não é frequente não corresponde à realidade, e que a alimentação mais frequente pode
aumentar a oportunidade de todos os peixes se alimentarem, diminuindo as relações de
dominância entre os indivíduos.
Os peixes ornamentais, em sua maioria são classificados e comercializados por
tamanho e não pelo peso, porém, peixes bem nutridos e com boa aparência são
comercializados mais rápido do
valorização. O peso médio final de 36 g e a conversão de 1,68 dos kinguios alimentados
com a taxa 5% e na frequência de 24 vezes, no presente trabalho, contrastam com os
resultados obtidos por Priestley et al. (2006) com kinguio. O autor obteve melhor
conversão com quatro refeições diárias, obtendo o valor de 2,49. Entretanto, deve-se
ressaltar a diferença de idade dos peixes, do sistema de cultivo, da temperatura da água
e sua baixa qualidade devido os altos níveis de amônia variando entre 2,64 e 4,84 mg/l.
A conversão alimentar encontrada pelos autores foi alta, indicativo que não estavam
aproveitando bem o alimento, apesar da taxa de alimentação ter sido 2%. Para os
valores de conversão alimentar aparente houve diferença em função da taxa de
alimentação, no qual a taxa de 5% apresentou melhor resultado.
É importante lembrar que a ração utilizada neste estudo foi ração para peixes de
produção comumente utilizada na aquicultura e não para peixes ornamentais. A ração
26
isponibilidade de alim
ento torna-se maior para todos os peixes, desde os
aiore
ntos (P>0,05). A espécie estudada demonstra pouco
ompor
Os resultados encontrados ne ram que kinguio criado em hapa,
alimentado 24 vezes ao dia com nível de arraçoamento de 5% PV apresenta melhor
REFERÊNCIAS B BLIOGRÁFICAS
para peixes ornamentais geralmente tem menor energia e valores mais baixos de
proteína.
Quando o alimento é parcelado em diversas refeições, no caso particular em 24
vezes, a d
m s aos menores. Além de proporcionar mais oportunidades de alimentação, o
fracionamento reduz a perda de nutrientes para o ambiente, pois o tempo que a ração
fica na água é menor, sendo rapidamente consumida pelos peixes. O baixo desempenho
obtido na menor frequência alimentar (seis refeições por dia) pode ser atribuído ao
desperdício de ração, pois a quantidade oferecida a cada refeição era maior do que a
capacidade que os peixes tinham em capturar o alimento. Outro fator é o tempo maior
que a ração permanecia na água, perdendo nutrientes por lixiviação, diminuindo assim,
a qualidade do alimento.
Os valores de sobrevivência e uniformidade dos peixes não foram influenciados
pelos diferentes tratame
c tamento hierárquico, não havendo competição e lutas pelo alimento. O gasto de
energia com brigas por alimento e território, além do estresse ocasionado por estas
disputas, são os principais causadores de mortalidade e desuniformidade dos lotes.
CONCLUSÃO
ste estudo indica
desempenho produtivo.
I
27
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and size variation of juvenile gibel car
29
CAPÍTULO III
Avaliação econômica da produção de kinguio cultivado em hapa com diferentes
frequências e taxas de alimentação
30
Resumo: No presente es cicultura ornamental do
kinguio (Carassius auratus) criado em hapa provida com alimentador automático de
atus, ornam
ental, manejo alimentar
tudo foi avaliada a rentabilidade da pis
ração. Durante o período de 75 dias, os peixes foram submetidos a seis tratamentos,
utilizando frequências alimentares de seis, 12 e 24 vezes ao dia e duas taxas de
alimentação, 5% e 10% do peso vivo da biomassa. A partir dos dados zootécnicos
coletados durante o experimento foram estimadas as receitas anuais e realizado o
levantamento dos custos, que compreendem os gastos com investimentos e as despesas
operacionais. Estimadas as receitas e custos anuais, calculou-se os indicadores de
rentabilidade. Os índices zootécnicos utilizados nesta análise foram os valores mínimos,
encontrados no tratamento de menor desempenho produtivo. Desse modo, os resultados
obtidos representam a menor rentabilidade da atividade. Os preços empregados nos
cálculos referem-se aos praticados em janeiro de 2010. Os valores encontrados no
tratamento de menor desempenho produtivo já comprovam a lucratividade da atividade.
Nos demais tratamentos os custos de produção variaram pouco, o preço de venda foi
maior para os peixes mais pesados obtidos com a taxa de arraçoamento de 10%
resultando em maior lucro. Na taxa de 5%, verificou-se melhor desempenho com o
aumento da frequência alimentar, com isso, maior receita. Os melhores pontos de
nivelamento foram encontrados nas maiores frequências alimentares com a taxa de
10%. Apesar da maior taxa de alimentação ter demonstrado maior lucratividade, é
importante lembrar que o excesso de alimento prejudica a qualidade da água, aumenta a
quantidade de matéria orgânica e propicia a ação de patógenos. Os peixes ornamentais,
em sua maioria são classificados e comercializados por tamanho e não pelo peso,
porém, peixes bem nutridos e com boa aparência são comercializados com maior
facilidade, podendo assim, ter maior valorização. Conclui-se que altas frequências de
alimentação com a utilização de taxas de arraçoamento adequadas, proporcionam maior
lucratividade com menores impactos ambientais.
Palavras chave: análise econômica, Carassius aur
Economic performance of kinguio production in hapa with different frequncies
and feeding levels
31
Abstract: In this work, cost an ted to kinguio production were d gross income rela
evaluated. This evaluation of the performance of kinguio (Carassius auratus) in hapas
with automatic feeder, fed with 5% and 10% level of body weight in frequencies of six,
12 and 24 times a day was studied during 75 days. From the data collected during the
experiment husbandry was estimated the annual revenue and presented a survey of
costs, which include spending on investment and operational costs. Estimated revenues
and annual costs were calculated indicators of profitability. The indexes used in this
analysis were the minimum values found in the treatment of lower performance. So, the
results represent the lowest profitability. The prices used refer to those in January 2010.
The profitability of the activity already demonstrated with values found in the treatment
of lower performance, in other treatments production costs varied little, and the sale
price was greater for the heaviest fish obtained from the 10% level, resulting in higher
profit. At 5% level, showed better performance with increased food frequency thereby
greater profitability. The best points from leveling were found at higher frequencies
food with 10% level of body weight. Despite the higher level of body weight have
demonstrated greater profitability, it is important remember that excess of food affect
water quality, increases the amount of organic matter and promotes the action of
pathogens. In ornamental fish, most of them are sorted and marketed by size and not by
weight, but fish fed well and good looks are more easily traded than lean fish, and may
thus have greater value. The results showed that high frequencies with appropriate
feeding level, provide greater profitability with lower environmental impacts.
Key Words: Carassius auratus, economic analysis, food management, ornamental
INTRODUÇÃO
32
A aquicultura ornamental s nificativam
ente nos últimos anos
devido aos altos valores comerciais e a exportação em crescimento.
Os benefícios do
cultivo
ornamentais
produz
odução ornamental. Entretanto,
estudos
para obter altas
produti
O sistema semi-intensivo em
viveiro
e desenvolveu sig
de peixes ornamentais são diversos. Além da redução dos impactos causados
pela pesca, a aquicultura ornamental possibilita o desenvolvimento de variedades com
maior valor comercial. Atualmente, essas variedades, que chegam a ter preços dez vezes
superiores ao de um exemplar selvagem capturado, são desenvolvidas por criadores de
países da Europa, Ásia e dos Estados Unidos da América (Ribeiro, 2005).
Segundo dados da FAO (2007), o valor de peixes ornamentais marinhos e de
água doce foi estimado em US$ 900 milhões. São diversas as espécies
idas, sendo que muitas podem ser produzidas por pequenos produtores rurais, e
outras, a produção pode ser próxima aos grandes centros comerciais. Existem diversas
formas de produção, sendo a maioria as mesmas praticadas para peixes de consumo.
Existem também, práticas desenvolvidas pelos criadores depois de inúmeras
experiências, e por isso, são guardadas como segredo.
Poucos trabalhos analisaram a viabilidade econômica de empreendimentos
piscícolas, menores ainda são os que tratam de pr
ressaltam a importância de avaliações periódicas, visando identificar os pontos
críticos e apontar mecanismos para o aprimoramento do sistema de produção com o
objetivo de minimizar custos e otimizar resultados (Furlaneto, 2008).
Além dos fatores econômicos deve-se ressaltar a qualidade da água e dos
alimentos ofertados, bem como adequar a estratégia de manejo
vidades por unidade de área e, consequentemente, de receita líquida com
melhores taxas de conversão alimentar e menor potencial poluente (Kubitza, 1997).
Scorvo Filho (1999) afirma que o adequado manejo na produção de peixes permitirá
maior produtividade e redução nos custos médios, proporcionando ao piscicultor maior
lucratividade, objetivo principal de um empreendimento.
Ribeiro (2007) comparou o desempenho do acará bandeira em sistema intensivo
em aquários e semi-intensivo em viveiros escavados.
apresentou mais que o dobro de ganho de peso, melhor conversão alimentar,
maior comprimento padrão e uniformidade do lote em relação aos peixes mantidos em
aquários, concluindo que a produção em viveiros escavados é mais eficiente e mais
rentável que a produção em aquários.
33
o cultivo em tanques-rede, onde os peixes são
criados
za e por seu com
portamento pacífico. É comumente encontrado em lagos
artifici
mica da piscicultura ornamental do kinguio em hapas providas com
alimen
S
O trabalho foi realizado de março de 2008 na
Faculdade de Medicina Veterinária e Z otecnia, UNESP, Universidade Estadual
Paulist
Os ornamentais em sua maioria são criados em
tanques escavados onde a
produtividade é menor comparada a
em regime de confinamento com altas densidades. O sistema intensivo de
criação de peixes em hapas e tanques-rede produz maior quantidade por maximizar a
utilização do espaço. Além disso, a despesca é menos estressante para os peixes, que
perdem menor quantidade de escamas e assim, tornam-se mais fortes e saudáveis. As
escamas estão associadas à coloração dos peixes, que no caso do comércio ornamental é
de extrema importância. Vale lembrar que o transporte debilita a saúde dos peixes,
portanto, práticas que minimizem estresse e susceptibilidade a agentes patogênicos são
essenciais.
O kinguio, espécie ornamental muito difundida entre os aquaristas, se destaca
por sua bele
ais por ser resistente e proveniente de águas frias. Cores fortes e diferentes
aspectos morfológicos acrescentam e agregam valor a uma das espécies ornamentais
mais comercializadas no Brasil e no mundo. Seu cultivo é em tanques ou viveiros,
sempre protegido de predadores. A produção de peixes ornamentais em tanque-rede não
é tão difundida quanto a produção de pescado para consumo. Geralmente, a produção de
ornamentais possui tecnologias menos desenvolvidas e seus sistemas de produção são
mais extensivos.
Este trabalho tem o objetivo de estudar os custos de produção e verificar a
viabilidade econô
tador automático de ração, propondo alternativas que minimizem os custos de
produção, por meio da frequência e da taxa de alimentação.
MATERIAL E MÉTODO
de 23 dezembro de 2007 a 9
o
a, Câmpus de Botucatu, Departamento de Produção Animal, Setor de
Aquicultura, situado a 22º 55’ 28’’ de latitude Sul e 48º 25’ 38’’ de longitude Oeste, a
760 m de altitude, na região sudeste do Estado de São Paulo.
34
ir de desovas induzidas de
reprodu
m
profun
Os kinguios utilizados no experimento são da variedade conhecida
com
ercialmente como kinguio cometa. Foram obtidos a part
tores provenientes do próprio Setor de Aquicultura. Após a eclosão, as larvas
foram distribuídas em três tanques de placa de 72 m
2
de área, com profundidade
máxima de um metro e previamente adubados. A ração em pó foi fornecida por meio de
alimentadores automáticos fixados no centro de cada viveiro. Os alimentadores foram
programados para distribuir a ração a cada 30 minutos, tanto no período diurno como no
período noturno, até que os juvenis alcançassem o peso para o início do experimento.
Dezoito tanques-rede de 1m
3
cada, confeccionados com arame galvanizado e
revestido em PVC, foram dispostos linearmente em um viveiro de 2.000 m
2
co
didade máxima de três metros. Cada tanque-rede foi revestido com hapa de 7 mm
de diâmetro (Figura 01) para evitar a fuga dos peixes do experimento e a entrada
indesejada de peixes oriundos do viveiro. Os kinguios foram alojados com a densidade
de 75 peixes por hapa (Figura - 02), com volume útil de 0,42m³. Comedouros feitos de
tela de polietileno, no formato circular, foram presos no interior das hapas para conter a
ração dispensada. Os comedouros foram retirados e lavados quinzenalmente com água
em alta pressão para evitar a colmatação da tela.
no . A
uniform unidades experimentais foi obtida pela pesagem individual e
classifi
Figura 01 – Hapa no interior do tanque-
rede com dispensador automático
Figura 02 – Kinguios no interior do
tanque-rede
de ração
O peso inicial dos peixes utilizados experim
ento variou de 3,0 a 9,0g
ização entre as
cação em grupos de acordo com o peso: grupo 1 (3,0 a 4,0g); grupo 2 (4,1 a
5,0g), grupo 3 (5,1g a 6,0g), grupo 4 (6,1 a 7,0g), grupo 5 (7,1 a 8,0g) e grupo 6 (8,1 a
9,0g), desta forma, cada hapa foi povoada com o mesmo numero de peixes de cada
35
ho e valor de mercado do kinguio. Foram comparados os resultados de seis
tipos d
ia alimentar de 12 vezes ao dia e taxa de 5%
elo peso
pa idos e
com ap
classe de tamanho. Com essa prática, o peso m
édio inicial dos peixes foi de 5,26± 1,52
gramas. Durante 75 dias, o fornecimento de ração foi realizado por meio de
dispensadores automáticos de ração, desenvolvido por Agostinho et al. (2004). O
dispensador de ração utilizado no Setor de Aquicultura do Departamento de Produção
Animal da FMVZ – UNESP, Campus de Botucatu, consiste em um reservatório cônico
que possui um mecanismo eletro-mecânico que libera ração em intervalos pré-
estabelecidos por temporizador. O alimento é despejado dentro das hapas, e cada uma é
equipada com seu próprio dispensador. Confeccionado com material impermeável (fibra
de vidro) o reservatório, com capacidade para sete quilos, possui uma saída em forma de
funil. O movimento de rotação para a liberação dos “peletes” é promovido por um
motor de baixa rotação. Foi utilizada ração extrusada comercial de 1,7 a 2,0 mm, para
peixes onívoros que, de acordo com a análise química-bromatológica, contém 8,21% de
Umidade. 41,09% de Proteína Bruta, 10,82% de Extrato Etéreo, 3,04% de Matéria
Fibrosa, 8,44% de Matéria Mineral, e segundo o fabricante: 3,5% de Cálcio e 0,6% de
Fósforo.
Foi realizado um estudo econômico, comparando-se os resultados de
desempen
e tratamentos, diferindo na frequência alimentar e na taxa de alimentação.
6FA5T - frequência alimentar de 6 vezes ao dia e taxa de 5% da
biomassa da hapa
6FA10T - frequência alimentar de 6 vezes ao dia e taxa de 10%
12FA5T - frequênc
12FA10T - frequência alimentar de 12 vezes ao dia e taxa de 10%
24FA5T - frequência alimentar de 24 vezes ao dia e taxa de 5%
24FA10T - frequência alimentar de 24 vezes ao dia e taxa de 10%
Ao final do período experimental, todos os peixes foram classificados p
ra determinar as receitas em cada tratamento, uma vez que peixes melhor nutr
arência saudável são mais valorizados. Os peixes ornamentais, em sua maioria,
são classificados e comercializados por tamanho e não pelo peso, porém, peixes bem
nutridos e com boa aparência são comercializados com maior facilidade do que peixes
magros, podendo assim, terem maior valorização.
36
os gastos com investimentos e
as desp
tratamento de menor desempenho produtivo. Desse modo, os resultados
obtidos
eterinária e Zootecnia, Setor de
Aquicu
Estimativa das receitas
As receitas foram estimadas baseando-se nos preços obtidos pelo produtor ao
s da região de Botucatu e de São Paulo.
por meio de pesquisa
de mer
Tabela 1- Classes e preços para comercialização
A partir dos dados zootécnicos coletados foram
estimadas as receitas anuais e
realizado o levantamento dos custos, que compreendem
esas operacionais. Foi calculada a estimativa das receitas, estimativa dos custos
de investimento, estimativa dos custos operacionais, e por fim, a análise de
rentabilidade.
Os índices zootécnicos utilizados nesta análise foram os valores mínimos,
encontrados no
representam a menor rentabilidade da atividade. Os preços empregados nos
cálculos referem-se aos praticados em janeiro de 2010.
Apesar de o experimento ter sido executado na Universidade Estadual Paulista –
UNESP, Câmpus de Botucatu, Faculdade de Medicina V
ltura, para que a simulação fosse próxima da realidade, o preço do terreno e das
instalações foram estimados de acordo com os preços de mercado da região de
Botucatu. Não foram consideradas variações sazonais na produtividade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
entreg
ar os peixes em loja
Os kinguios do experimento foram classificados em nove classes apresentadas
na Tabela 1. Os valores atribuídos para cada classe foram obtidos
cado.
37
Estimativa dos custos de investimento
s gastos com o capital fixo e com o circulante.
Capital fixo
l fixo é o relativo às instalações, compreendendo basicamente a terra e as
obras c
Tabela 2 - I
nvestimento em capital fixo
comercialização (R$)
Peso do peixe (g) Valor para
10-20 1,00
21-30 1,50
31-40 2,00
41-50 2,50
51-60 3,00
61-70 3,50
71-80 4,00
81-90 4,50
91-100 5,00
Os investimentos compreendem o
Capita
ivis. Para o seu cálculo, considerou-se o preço da terra em R$20.000,00 por
hectare, R$300,00 reais o metro quadrado de construção e 150 reais a hora de trator, por
três dias (8 horas/dia) para construção dos tanques, totalizando 2210 m
2
. Assim, os
recursos requeridos para investimento fixo, totalizaram R$ 24.784,00, conforme
especificados na Tabela 2.
38
TAL FIXO CAPI
ITENS Valor em Reais Unidade
VALOR DA TERRA 1 (m²) 2,00
1 5 10 0
ES
210 (m²) 360,00
3.600,00
Depósito
Ha
Outros itens*
14.784,00
- TERRENO 000 (m²) .000,0
2- INSTALAÇÕ
Fase 1
Fase 2 2000 (m²)
10 (m²) 3.000,00
pas de 7 mm 18 1.440,00
Alimentador 18 5.400,00
Caixa 500 l 2 280,00
704,00
SUB-TOTAL
TOTAL 24.784,00
* Utensílios e implementos
Capital circulante
capital circulante corresponde a recursos disponíveis em
caixa p
Caixa
O caixa foi estimado em 5% do valor dos custos operacionais variáveis. Seu
calculo
Estoque de Animais
animais é constituído por reprodutores, alevinos até 5,2 g e peixes
até o ta
O investimento em
ara pagar as operações rotineiras da piscicultura: gastos aplicados em estoques de
animais, de ração e de materiais de consumo. A seguir, detalha-se o cálculo do valor de
cada um desses itens.
encontra-se a seguir.
O estoque de
manho comercial. Os valores desses animais foram computados a partir dos seus
preços médios. O preço inicial considerado é o preço final da fase anterior do processo
produtivo. Em cada fase, o preço final do animal foi calculado adicionando-se ao seu
preço inicial os custos de mão-de-obra e da ração consumida, acrescidos de 5%
correspondentes a outros itens de despesas diretas com a alimentação dos animais. Os
39
considerando-se a necessidade de
um
fun
ão, totalizando R$ 103,95 mensais;
stos com ração
na fase
Estoque de Reprodutores
dutores formado por 12 matrizes teve seu valor estimado em
R$ 600
Estoque de alevinos (primeira fase)
a desova por mês, obtém-se 1350 larvas, ao custo
de R$
-obra R$ 103,95
rod 5
4,25/1,35 =
R$ 84,
preços médios dos animais em cada fase da produção multiplicados pelo número de
animais fornecerão o valor dos respectivos estoques.
O custo da mão de obra direta foi calculado
cionário fixo, trabalhando meio período (quatro horas diariamente) e recebendo
meio salário acrescido dos encargos sociais, resultando em R$ 315,00 mensais. Esse
custo foi dividido entre as fases do processo produtivo, de acordo com o tempo gasto
pelo tratador em cada setor na seguinte proporção:
1 hora e 20 min/dia para o setor de reproduç
1 hora e 20 min/dia para a fase 1, totalizando R$ 103,95 mensais;
1 hora e 20 min/dia para a fase 2, totalizando R$ 103,95 mensais
A taxa de conversão de 1,5:1 foi utilizada para o cálculo dos ga
1 de criação dos alevinos e na fase 2 variou conforme o tratamento. No setor de
reprodução, considerando que cada animal com o peso médio de 300g consome, por dia,
o equivalente a 3% de seu peso corporal, estimou-se o gasto de 3,24kg/mês de ração,
que, ao preço de R$ 1,50 o quilo, resulta num gasto mensal de R$ 4,86 com
alimentação.
O estoque de repro
,00 computados a partir do preço de mercado que é de R$ 100,00 por casal.
Admitiu-se que a partir de um
84,63 por milheiro. Este valor foi estimado com base nos custos do setor de
reprodução, assim calculados:
custo mensal da mão-de
custo mensal da ração R$ 4,86
outras despesas (5% dos itens anteriores) R$ 5,44
Total das despesas mensais do setor de rep ução R$ 114,2
Como são produzidos 1.350 kinguios, o custo do milheiro será R$ 11
63.
40
Considerando-se que na fase de criação, até atingirem o peso de 5,2g os kinguios
apresentam a conversão alimentar de 1,5:1. Desta forma, o consumo de ração por
milheiro será, portanto, de 7,8kg, o que corresponde a um custo de 7,8 x 1,5 = R$ 11,70
(cada mil). O custo da mão de obra na fase de criação de alevinos de kinguio, estimado
em R$ 103,95 mensais, totaliza 103,95 x 2 meses = R$ 207,90, que dividido por 1,35
(total de milheiros de alevinos de kinguio no setor), resultam R$ 154,00 por milheiro.
Adicionando-se a esses custos (mão de obra + ração), os 5% correspondentes aos outros
custos, obtém-se o custo total de R$ 173,99 durante a fase de alevino. Desse modo, o
preço final do milheiro de alevino será: R$ 173,99 + 84,63 = R$ 258,62 e o preço médio
do milheiro de alevino será:
(84,63 + 258,62) / 2 = 171,62
Portanto, o valor do estoque de alevino será de:
1,35 x 2 x 171,62 = R$ 463,38
Estoque kinguio (segunda fase)
Nas hapas do tratamento 6FA5T, os peixes que entraram com peso médio de
5,2g atingiram o peso médio de 28,17g e apresentaram a conversão de 1,75:1,0. Sendo
assim, os animais ganham em média 22,97 gramas em 75 dias, portanto, consumiram
em média 40,19 gramas de ração no período. Com isso, cada milheiro consumiu 40,19
kg de ração ao custo de R$ 60,30, que adicionados aos custos de mão de obra no
montante de R$ 154,00 e a R$ 10,71, correspondentes aos outros custos diretos,
totalizam R$ 225,01 por milheiro de kinguio com dois meses na hapa. Como o preço
inicial dessa fase foi de R$ 173,99 o seu preço final será R$ 399,00 e o preço médio
será R$ 286,49. Desse modo, o valor do estoque de kinguio na segunda fase será de R$
1,35 x 2 x 286,49 = R$ 773,52
Estoque de Ração e Material de Consumo
O estoque médio de ração corresponderá ao consumo de ração por um mês.
Admite-se que as compras de ração serão efetuadas a cada 25 dias e que se manterá o
estoque mínimo equivalente ao consumo por 2 meses. O consumo mensal de ração por
setor está apresentado na Tabela 3.
41
Tabela 3 - Consumo mensal de ração por setor
Setor Quantidade (kg) Valor (Reais)
Reprodução 3,24 4,86
Fase 1 10,53 15,80
Fase 2 17,72 26,58
Subtotal 31,49 47,24
Perdas (5%) 1,57 2,36
Total 33,06 49,60
O montante dos investimentos em capital circulante é de R$ 1.949,98 conforme
especificado na Tabela 4. O estoque de material de consumo (materiais para limpeza e
etc) foi estimado em cerca de 5% do valor do estoque de ração, ou seja, R$ 2,48.
Tabela 4 - Investimento em capital circulante
Itens
Quantidade Preço inicial
Preço
Final
Preço
médio
Valor
(R$)
1- Caixa 61,00
2- Estoque de animais
. Reprodutores (casal) 6 100,00 600,00
. Alevinos 5,2g 2700 84,63 258,62 258,62 463,38
. Kinguio comercial 2700 258,62 399,00 286,49 773,52
3- Estoque de ração 33,06 1,50 49,60
4- Estoque de mat. consumo 2,48
TOTAL 1.949,98
A Tabela 5 resume o total de investimentos requeridos para a implantação do
sistema de cultivo do kinguio em hapas, que se integralizam em um ano.
Tabela 5 - Investimento total
Itens Valor
Capital fixo 24.784,00
Capital circulante 1.949,98
TOTAL 26.733,98
42
Estimativa dos Custos Operacionais
Os custos operacionais são os relativos às despesas feitas com o funcionamento
do empreendimento e compreendem os custos fixos que não variam com a produção e
os custos variáveis que mantém a proporcionalidade com o nível de produção.
Os itens que integram os
custos fixos são :
. Mão de obra direta: um tratador cujo custo mensal corresponde a meio
salário mínimo (R$ 255,00) mais encargos, totalizando R$ 310,00, o que representa R$
3.720,00 por ano.
. Depreciação: totaliza R$ 563,20 anuais, calculados à base de 4% sobre o
valor das instalações
. Juros sobre o capital: no valor de R$ 1.604,04 ao ano, calculados à taxa de
6% sobre o total dos investimentos.
Os itens que integram os
custos variáveis são:
. Consumo de ração: 33,06 kg/mês ao preço de R$ 1,50/kg, totalizando R$
96,82 mensais, portanto, R$ 1.161,90 anuais.
. Outras despesas variáveis: referentes a gastos com material de consumo
calculado a 5% dos gastos com a ração, totalizando R$ 4,84, mensais, ou R$ 58,10
anuais.
A Tabela 6 resume os custos operacionais anuais para a piscicultura. Nela os
custos fixos correspondem a mais de 82% do custo total de produção. Observa-se ainda,
que a mão-de-obra é o item de maior peso nos custos de produção, alcançando 52,35%.
Uma das características da piscicultura ornamental é que o custo com a ração não é o
item de maior peso, diferentemente da piscicultura convencional, no qual os custos com
a alimentação chegam a representar 70% do custo total de produção.
43
Tabela 6 - Custo operacional anual
Item VALOR %
Custo fixo 5.887,24 82,84
Mão de obra direta 3.720,00 52,35
Depreciação 563,20 7,92
Juros sobre capital 1.604,04 22,57
Custo variável 1.220,00 17,16
Consumo de ração 1.161,90 16,35
Outros custos variáveis 58,10 0,81
TOTAL 7.107,24 100,00
Com base nesses resultados, pode-se calcular o custo unitário dividindo o custo
pelo número de animais produzidos anualmente. Assim, são produzidos 70 kinguios em
cada hapa, portanto, 1.260 nas 18 hapas, resultando em 7.560 kinguios por ano ao custo
de R$ 7.107,24. O custo é de R$ 0,94 por animal. O cálculo de caixa foi estimado em
5% do valor dos custos operacionais variáveis, portanto seu valor é de: 1.220,00 x 0,05
= R$ 61,00
Análise da Rentabilidade
O produtor venderá cada animal ao preço de R$ 1,66 desse modo as margens de
lucro da piscicultura serão de 75%. Com isso, a piscicultura terá a receita anual de R$
12.549,60 e um custo de R$ 7.106,40, resultando lucro de R$ 5.443,20 o que representa
um rendimento líquido médio mensal de R$ 453,60.
Como o investimento requerido é da ordem de R$ 26.733,98, a rentabilidade dos
empreendimentos será de 20,36% para a piscicultura. Esse valor foi obtido dividindo o
lucro anual pelo montante dos investimentos.
Esses resultados demonstram a viabilidade econômica dos empreendimentos a
partir do tratamento com o menor ganho de peso (6FA5T), que se tornam mais
relevantes quando o melhor tratamento encontrado no trabalho for aplicado,
aumentando assim, a lucratividade.
Com o cálculo do ponto de nivelamento, é possível determinar o nível de
produção no qual os custos se igualam à receita. Abaixo dele, a atividade obtém
44
prejuízo e acima, obtém lucros. Esse nível de produção é calculado pela expressão:
Q
Cf
P
Cvu
Sendo:
Q = ponto de nivelamento do investimento
Cf = custo fixo
P = preço de venda do kinguio
Cvu= custo variável unitário obtido por meio da divisão do custo variável
pela produção
Para a piscicultura com alimentadores fornecendo a ração seis vezes ao dia com
taxa de arraçoamento de 5% e capacidade de produção anual de 7.560 animais por ano,
o ponto de nivelamento será:
Q = 5887,24 Q = 3.925
1,66 – 0,16
Isto significa que a partir de um
a produção anual de 3.925 kinguios, essas
instalações passam a gerar lucro.
A análise do ponto de nivelamento permite concluir que a atividade só
apresentará prejuízo quando sua produção for inferior a 51,9% de sua capacidade de
produção. Para esta análise econômica, foram utilizados os dados de desempenho
obtidos no tratamento 6FA5T. O peso médio final dos peixes deste tratamento é o
menor comparado aos demais tratamentos, resultando em menor receita na venda dos
animais. O peso médio final dos tratamentos está disposto na Tabela 7.
Tabela 7 – Peso médio final obtido na produção do kinguio cultivado em hapa por 75
dias
Tratamento
Peso 6FA5T 6FA10T 12FA5T 12FA10T 24FA5T 24FA10T
médio (g) 28,18 39,33 33,43 40,36 36,64 40,54
45
A rentabilidade de todos os tratamentos encontra-se na Tabela 8, sendo que, o
ponto de nivelamento é menor nos tratamentos cujos peixes atingiram maiores pesos
para comercialização e consequentemente maior receita na venda dos kinguios.
Tabela 8 – Custos, preços, receitas, lucros e pontos de nivelamento obtidos nos
tratamentos utilizados na produção do kinguio cultivado em hapa por 75 dias, em reais
(R$)
Tratamento
Custo
unitário
Preço de
venda
Receita
Anual
Lucro
anual
Lucro
mensal
Q
6FA5T 0,94 1,66 12.549,60 5.443,20 453,60
3.925
6FA10T 0,97 2,21 16.696,41 9.393,19 782,77 2.817
12FA5T 0,99 1,90 14.391,74 6.891,76 574,31 3.298
12FA10T 0,94 2,26 17.060,63 9.972,87 831,07 2.739
24FA5T 1,00 2,04 15.457,18 7.924,78 660,40 3.072
24FA10T 0,93 2,25 17.043,55 9.975,21 831,27 2.740
Os dados do 12FA5T e do 24FA5T apresentados na Tabela 8 comprovam que
com o fracionamento do alimento em 12 e 24 vezes, respectivamente, é possível tornar a
atividade mais lucrativa apenas com maior parcelamento da alimentação, demonstrando
que os peixes aproveitam melhor o alimento nas frequências mais altas. Os melhores
pontos de nivelamento foram encontrados no 12FA10T e no 24FA10T, em ambos a
produção acima de 2.740 exemplares já representa lucro, ressalta-se que nesses
tratamentos a taxa de alimentação foi de 10% do peso vivo, entretanto, gastos com a
alimentação não são representativos na piscicultura ornamental. Apesar da maior taxa
de arraçoamento ter demonstrado maior lucratividade, é importante lembrar que o
excesso de alimento prejudica a qualidade da água, aumenta a quantidade de matéria
orgânica e propicia a ação de patógenos.
Assim, ficou comprovada a viabilidade econômica da produção do kinguio em
sistema intensivo, resultando em maiores lucros e proporcionando melhores resultados
de produção com o fracionamento da ração, respeitando a taxa ideal de alimentação é
possível obter lucros com sustentabilidade.
46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ, T. A. Aspectos Econômicos. In: LIMA, S. L. (Org.). A Tecnologia de
Criação de Rãs. Viçosa, UFV, Imprensa Universitária, 168p. 1992.
FAO. Fisheries and Aquaculture Department. The State of world fisheries and
aquaculture (SOFIA) 2006. Food and Agriculture Organization of the United Nations.
Rome, 2007, 180 p.
FURLANETO, F. P. B.
Eficiência econômica e energética do bicultivo de peixes
na região do Médio Paranapanema. 2008. 73p. Dissertação (Mestrado em Ciências
Agronômicas). Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2008.
KUBITZA, F. Qualidade do alimento, qualidade da água e manejo alimentar na
produção de peixes. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO E NUTIÇÃO DE PEIXES,
1997, Piracicaba, Anais... Campinas: CBNA, p. 63-101, 1997.
RIBEIRO, F. A. S. Desempenho de juvenis de acará bandeira Pterophyllum scalare
com diferentes níveis de proteína bruta na dieta.
Boletim Instituto de Pesca 33(2)
p.195-203, 2007.
RIBEIRO, F. A. S.
Sistemas de criação para o acará-bandeira Pterophyllum scalare.
Acta Scientiarum, v.30, n.4, p.459-466, 2008.
SCORVO FILHO J.D.
Avaliação técnica e econômica das piscigranjas de 3
regiões do estado de São Paulo. 1999. Tese (Doutorado em Aquicultura). Centro de
Aquicultura da UNESP. Jaboticabal, 1999.
47
CAPÍTULO IV
48
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A piscicultura ornamental é uma das atividades da aquicultura que mais tem se
desenvolvido nos últimos anos. Ainda hoje, é vista como atividade para pequenos
produtores. Sistemas intensivos de produção, técnicas inovadoras e estudos econômicos
que demonstram a viabilidade da atividade são essenciais para o fortalecimento da
cadeia produtiva. O manejo alimentar adequado tem importância fundamental no
desenvolvimento desta atividade, podendo contribuir significativamente para aumentar
a produção e diminuir os custos.
O kinguio é uma das espécies ornamentais mais comercializadas por sua beleza
e por estar adaptado ao homem e ao manejo. Possui bom preço de mercado e sua
produção não tem grandes complicações. Estudos que avaliam a viabilidade econômica
são importantes para referenciar a forma de produção dos peixes ornamentais.
Com a prática do manejo alimentar em altas frequências é possível melhorar o
desempenho dos peixes, principalmente com a taxa de alimentação adequada. O uso de
alimentador automático possibilitou alimentação durante todo o dia, característica
importante para peixes sem estômago, que não têm como armazenar o alimento. Com
essa prática o alimento esteve disponível a todo o momento.
Idéias que melhoram a forma de produzir sem sobrecarregar ainda mais o meio
ambiente contribuem com o desenvolvimento sustentável.
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