77
(...) é tarefa de escola ensinar a ler e escrever, espaço social em que se
pode intervir na busca da equidade para promover a igualdade de direitos
de cidadania. É saber ler e escrever é um direito fundamental do cidadão.
(...) Ler e escrever não se resume a juntar letras, nem decifrar códigos: a
língua não é um código – é um complexo sistema que se representa uma
identidade cultural.
(Programa Ler e escrever, 2008, p.16).
Representar, comunicar e expressar são atividades de construção de
significado relacionadas a vivências que se incorporam ao repertório de
saberes de cada indivíduo. Os sentidos são construídos na relação entre a
linguagem e o universo natural e cultural em que nos situamos. (...). A
ampliação das capacidades de representação, comunicação e expressão
está articulada ao domínio não penas da língua mas de todas s outras
linguagens e, principalmente, ao repertório cultural de cada indivíduo e de
seu grupo social, que a elas dá sentido. A escola é o espaço em que ocorre
a transmissão, entre as gerações, do ativo cultural da humanidade, seja
artístico e literário, histórico e social, seja cientifico e tecnológico. Em cada
uma dessas áreas, as linguagens são essenciais. (Proposta Curricular do
Estado de São Paulo, 2008, p. 16).
Outras importantes considerações feitas nesses documentos referem-se
à maneira pela qual a escola deve ensinar, refletindo sua preocupação com os
usos da língua nacional:
A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar,
considerando as características do contexto de comunicação, ou seja, saber
adequar o registro às diferentes situações comunicativas. É saber
coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando quem
e por que se diz determinada coisa. É saber, portanto, quais variedades e
registros da língua oral são pertinentes em função da intenção
comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige. A
questão não é de correção da forma, mas de sua adequação às
circunstâncias de uso, ou seja, de utilização eficaz da linguagem: falar bem
é falar adequadamente, é produzir o efeito pretendido. (PCN, 1997, p.26).
(...) nas inúmeras situações sociais do exercício da cidadania que se
colocam fora dos muros da escola. A busca de serviços, as tarefas
profissionais, os encontros institucionalizados, a defesa de seus direitos e
opiniões. Os alunos serão avaliados (em outros termos, aceitos ou
discriminados) à medida que forem capazes de responder a diferentes
exigências de fala e de adequação às características próprias de diferentes
gêneros do oral. Reduzir o tratamento da modalidade oral da linguagem a
uma abordagem instrumental é insuficiente, pois, para capacitar os alunos a
dominarem a fala pública demandada por tais situações. (PCN, 1998, p. 25).
Na esteira dos novos paradigmas da atual política educacional brasileira –
que busca democratizar mais e mais o acesso à escola tornando-a parte
ativa do corpo social – o ensino da língua materna deve considerar a
necessária aquisição e o desenvolvimento de três competências: interativa,