local de andança, com olhar sensível e perceptivo. Um olhar que une o etnográfico
ao psicológico, um olhar etnopsicológico alicerçado no compromisso social, um
olhar amigo que busca compreender a comunidade do ponto de vista científico,
vivencial e solidário.
É possível experienciar o cotidiano dos seus moradores, os lugares a que gostam de ir,
o horário em que as crianças saem para brincar, os idosos na calçada, os casais namorando,
constituindo-se assim a convivência comunitária.
A caminhada comunitária é um andar realizado em grupo, no qual se juntam para
caminhar pelas ruas da comunidade profissionais de saúde e moradores, com o fim
de conhecer os locais, as pessoas, as situações, ouvir estórias, saber da história do
lugar, dar-se a conhecer e estabelecer laços de convivência, estar mais dentro e por
dentro do cotidiano do lugar. A caminhada comunitária quer dizer um andar
coletivo, visando olhar junto, compreender junto e atuar junto (Góis, 2008, p. 197).
Quando caminham juntos, fica mais fácil a interação entre os jovens ou outros
participantes, que se surpreendem com o lugar, com as pessoas que estão presentes neste,
podem perguntar, conversar com os outros moradores e trocar impressões. É na comunidade
que ocorre a formação de grupos, o estabelecimento de vínculos, a expressão de sentimentos e
a convivência. Assim, de acordo com Castro (2009, p. 38),
Falar em convivência significa um compromisso e envolvimento ético e amoroso do
psicólogo comunitário com a comunidade com a qual trabalha. Não se pode falar em
atuação comunitária sem que esta seja precedida de inserção, ou seja, de um
mergulho profundo no modo de vida da comunidade, suas histórias, angústias,
cultura, significados, equipamentos sociais, relações, lideranças, entre muitos outros
aspectos que a realização do mapeamento psicossocial participativo permite
compreender e vivenciar.
Portanto, enfatiza-se neste âmbito a participação efetiva dos jovens na caminhada
comunitária, bem como na tomada de decisões e a responsabilidade pelo processo.
A tomada de atitude que me refiro representa a participação na construção e
melhoria do seu lugar de vida. Entendo que esta só acontece, de fato, quando
existem sentimentos de implicação entre os indivíduos e destes com seu lugar. A
participação comunitária fornece a base para o fenômeno do aprofundamento da
consciência (RODRIGUES, 2007, p. 62-63).
Além disto, notamos as pessoas que frequentam o lugar, a identificação com as casas,
a diferença social entre um lugar do bairro e de outro, o movimento e o silêncio nas ruas, ou
então a opção por não observar sendo consciente ou não. Sentiram diferença das ruas perto da
escola, em comparação ao lugar onde vivem e habitam. Não queriam ir para a praça que mais
frequentavam, gostariam de ir à outra, próxima à escola, em que pouco passeavam.
Outro ponto relevante é que quando realizam caminhadas no ProJovem Urbano com
os professores, estes não caminham, pegam seus carros e chegam no ponto marcado com os
jovens anteriormente, como aponta a fala do estudante:
Foi boa a caminhada, vocês foram com a gente, é diferente das que acontecem no
ProJovem, que vamos caminhando e os professores vão de carro, eles não