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como o padre, o pai de santo, o monge, seja lá o grau hierárquico que você dê para a pessoa, esse
efeito está mexendo com as questões do ego, também. Eu não consigo ver hoje as informações que
são transmitidas, não pela maioria, mas por alguns religiosos, que entendam as pessoas da forma
como deveriam. Esse é o principal motivo que eu vejo para as pessoas que falam que são católicas e
não seguem os princípios da religião católica. Todo mundo é batizado, todo mundo é crismado, mas
muita gente não sabe nem porque direito.
Acho que, quando você busca a espiritualidade, você está em busca do seu significado, enquanto
pessoa, enquanto participante desse mundo, acho que você tem que ter um significado que está fora
do mundo material. Como eu falei, teve um passo na sociedade capitalista e na sociedade
tecnológica, mas as religiões ou os religiosos ficaram muito parados, não teve uma evolução. Não
nos seus princípios ou na sua doutrina, mas talvez na forma como têm passado o conhecimento. Eu
sempre convivi com movimento organizado e vi as pessoas criticando umas as outras, ou criticando
uma ou outra religião. E cada uma defende os seus dogmas. Então, você olha para o seu umbigo.
Acho que Deus é uma coisa só. Dentro da física quântica, você tem uma coisa fazendo parte de um
todo. Então, as religiões são só um meio de acesso. Acho que os meios de acesso têm que ser
melhorados. Tem muito charlatanismo, muito misticismo dentro das religiões. E o que eu quero
mostrar para as pessoas é que elas pode ter a sua auto espiritualidade, cultivando coisas que são
religiosas, como um altar, uma vela, uma flor, um copo com água. Como se fosse um elo de ligação
dela com ela mesma. Buscando esse tempo primordial. Ou você vai a uma missa, o padre fala, dá o
sermão, mas as pessoas estão em outra, não querem ficar ali. Vão a um casamento e querem que
acabe logo, hoje os casamentos são uma festa, com uma produção enorme, quatro ou cinco pessoas
filmando com grua, fotografando. Existe uma indústria por trás do casamento. As coisas se
banalizaram muito. Muitos sacramentos se banalizaram. Daí a perda das coisas entre o ser e o fazer,
entre o sagrado e o profano. Então, você vive coisas que são do mundo profano, mas você faz
buscas para coisas sagradas. Eu rezo para que eu tenha sucesso, para que eu tenha emprego, que
eu tenha uma boa família, um bom carro, para que eu não perca minhas condições. Mas dificilmente
você tem essa promoção, porque não tem um atrativo, não vejo as religiões no sentido de
globalização, de avanço tecnológico, se predispondo a ouvir mais as pessoas, de uma forma que a
ciência possa estar envolvida para dar explicação.
E as ideias do Amit são ideias religiosas?
Eu acredito que sim, ele tem uma ideia bastante parecida com a que eu tenho que é o ecumenismo.
Ele baseia muita coisa no Livro dos Mortos, coisas do hinduísmo. Mesmo para uma ciência, você tem
que ter as premissas para trabalhar. Então, a própria mensagem do Amit fala que as questões do ser
estão na Yoga, na meditação, e eu concordo. Mas é um método que parece uma coisa oriental, que a
gente está querendo ocidentalizar. Eu não promovo, nos meus cursos, o tipo de meditação tibetana,
por exemplo. Acho que meditação é o simples fato de você fazer essa brincadeira interna de uma
linguagem pessoal, vendo os tipos de pensamento. Você se colocar como um observador. Isso eu
aprendi na Gnose. A primeira dinâmica que você ensina é a prática da auto observação, você vigiar