Sabidamente, as condições de higiene, abastecimento, resíduos e saneamento básico no meio
rural são muito mais precárias em relação às sedes municipais e logicamente este cenário seria
retratado no cálculo do índice. No entanto, percebe-se que esta pontuação excessivamente
baixa também tem relação com alguns indicadores e subindicadores que não apresentam
nenhuma aplicação efetiva nas localidades rurais, como exemplo podemos citar o Indicador
de Drenagem Urbana. Aliado a isso, o meio rural apresenta um conjunto de particularidades
que não foram abordadas em nenhum trabalho de ISA e que merecem destaque para o estudo
de uma metodologia alternativa que descreva melhor as condições de salubridade ambiental na
zona rural.
A realidade do meio agropecuário brasileiro concentra características que não são detectáveis
nos trabalhos propostos, tais como a ausência de indicadores e subindicadores que descrevem
situações que só ocorrem na zona rural.
Dentre estas peculiaridades percebe-se uma imensa heterogeneidade nas construções,
distâncias grandes entre as residências, hábitos cotidianos e condições de saneamento
ambiental mais precárias. Um cenário bem diferenciado daquele descrito nas cidades, onde as
casas e os padrões de saneamento são extremamente homogêneos. Assim sendo, a aplicação e
cálculo do ISA em zonas urbanas exige uma metodologia que pode ser padronizada mais
facilmente, ao passo que nas comunidades rurais o parâmetro desejável seria necessária uma
análise mais pormenorizada em decorrência das vários tipos de arranjo domiciliar, situações
de abastecimento de água e esgotamento sanitário, proximidade com cursos d’água e contato
direto ou mais distante com animais domésticos que foram verificadas nas localidades rurais.
Dentre as características as mais relevantes observadas na zona rural e que não estão
contempladas nos modelos de ISA estudados temos:
1) Questões relativas à qualidade, contaminação e perenidade dos mananciais de água, que
tem influência direta sobre a qualidade de vida das populações rurais, dentre estas podemos
citar a possibilidade de presença de resíduos de agrotóxicos, principalmente organoclorados e
fosforados, visto que algumas comunidades apresentam intensa aplicação de agrotóxicos.
Outro fator de suma importância constatado nas visitas relaciona-se com a perenidade dos
recursos hídricos, No meio rural a captação é feita diretamente nas nascentes ou no leito dos
córregos e é utilizada pela população, em sua maioria, sem um tratamento prévio. Em algumas
localidades pode estar havendo conflitos de uso do recurso, visto que alguns moradores se
queixam da falta d’água e em regiões à montante o recurso é utilizado para irrigação.
2) Na maioria das comunidades rurais do país existe uma grande densidade populacional de
animais domésticos (cães, gatos, bovinos, suínos, eqüinos, galinhas), bem como a presença de
vetores (barbeiros, caramujos, baratas, ratos, pulgas, piolhos, carrapatos) e ainda outros
indícios que facilitam a propagação de inúmeras doenças (água parada, lixo, fezes), esta
conjunção de fatores contribui para uma maior freqüência de enfermidades nas localidades
rurais. Aliado a este contexto, sabe-se de acordo com o relatório anual da Embrapa (2006) o
meio rural apresenta um percentual muito baixo de vacinação contra zoonoses, principalmente
Brucelose e Raiva, dado que foi confirmado pela gerência municipal da Emater-MG.
Inúmeros trabalhos demonstram a correlação existente entre a presença destes agentes e a
ocorrência de doenças no meio rural, dentre os quais temos um estudo de leishmaniose em
áreas rurais, doença que tem como vetores de transmissão cães e gatos. Outro trabalho,