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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
CIBELE BIEHL BOSSLE
“PERSONAL TRAINER & CIA”: NOÇÕES DE MARKETING NA
LITERATURA SOBRE TREINAMENTO PERSONALIZADO
PORTO ALEGRE
2009
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2
CIBELE BIEHL BOSSLE
“PERSONAL TRAINER & CIA”: NOÇÕES DE MARKETING NA
LITERATURA SOBRE TREINAMENTO PERSONALIZADO
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Ciências
do Movimento Humano da Escola de
Educação Física da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul.
Orientador: Prof. Dr. Alex Branco Fraga
PORTO ALEGRE
2009
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3
FICHA CATALOGRÁFICA
4
Cibele Biehl Bossle
Personal trainer & Cia: noções de marketing na literatura sobre treinamento
personalizado
Conceito final:
Aprovado em ........ de ..........................de..........
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Profª. Drª. Carmen Lúcia Soares – Educação Física/UNICAMP
___________________________________
Profª. Drª. Dagmar Elisabeth Estermann Meyer – Educação/UFRGS
___________________________________
Prof. Dr. Vicente Molina Neto – EsEF/UFRGS
___________________________________
Orientador – Prof. Dr. Alex Branco Fraga – EsEF/UFRGS
5
Dedico este estudo ao Fabiano,
amor de toda minha vida.
6
AGRADECIMENTOS
Ao Fabiano, pelo suporte emocional, carinho e dedicação, enfim, por fazer parte da
minha vida.
Ao meu orientador Alex, pela oportunidade de crescimento pessoal e por acreditar
no meu potencial como pesquisadora.
Aos meus pais Nilda e Milton, por me ensinarem o valor do estudo.
Aos meus sogros Lena e Roberto, por toda vibração, envolvimento e carinho.
Aos meus queridos Helen e Guto, pelo companheirismo incondicional.
Aos meus colegas do grupo de estudos: Ivana, Rute, Felipe, Mateus, Abib, Ana
Paula e Thiago, pelo apoio e excelentes contribuições.
À Nara, pela amizade, estímulo e entusiasmo em todas as etapas da minha vida.
À Ana pelas longas e instigantes conversas e pelo interesse constante no meu
estudo.
À Nadia e à Liliana, pelos exemplos de seriedade e comprometimento com a
pesquisa.
À madrinha Silvane, por ter me fornecido os primeiros materiais que me motivaram a
pesquisar.
Às minhas alunas Ane, Daniele, Marília, Nadyr, Rafaela, Regina, Rosane e ao meu
aluno Ítalo, pela amizade, carinho e paciência.
À Ivone, pelos ensinamentos sobre pesquisa em base de dados eletrônicos, que
muito contribuíram com este estudo.
Muito Obrigada!
7
“Existem momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar
diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é
indispensável para continuar a olhar ou a refletir” (FOUCAULT, 1984, p. 13).
8
RESUMO
Essa dissertação de mestrado trata de analisar a “marketização” do personal trainer,
mais especificamente os elementos que permitiram a inserção de noções de
marketing na literatura sobre treinamento personalizado disponível nas bibliotecas
dos cursos de formação inicial em educação física. É uma pesquisa de cunho
qualitativo que se sustenta em autores como Michel Foucault, Jeremy Rifkin e
Zygmunt Bauman e que se vale da análise de discurso de inspiração foucaultiana
como ferramenta metodológica. O texto está estruturado em cinco capítulos. O
primeiro compreende a emergência do personal trainer e a realidade do trabalho
como treinador personalizado, que lhe confere características de uma “academia
ambulante”. O segundo trata da “marketização” dos processos da vida e conecta o
treinador personalizado a uma idéia de “super microempresa”. O terceiro abrange os
caminhos traçados para a construção deste estudo, que envolvem a garimpagem
textual em bases de dados e a descrição metodológica sobre análise do discurso. O
quarto abarca a análise propriamente dita e o quinto apresenta as considerações
finais. A análise das bibliografias deu visibilidade a elementos heterogêneos que se
entrecruzam e se articulam no interior dos materiais: a “marketização”, a
“individualização em excesso”, o modelo de autoformação norte-americano e a
precarização das condições de trabalho do treinador personalizado. Essa análise
também permitiu visualizar que o marketing dirigido ao personal trainer tem como
tarefa reinventar, ressignificar e "repaginar" esta ocupação profissional em nome da
sobrevivência no disputado mercado da vida ativa.
Palavras chave: Personal Trainer. Marketing. Formação Profissional. Análise do
Discurso. Educação Física.
9
ABSTRACT
This master’s dissertation presents an analysis of the personal trainer “marketing”,
more specifically the elements that enable the insertion of marketing notions in
literature about the personalized training available in libraries of initial formation
courses in physical education. This is a qualitative research which is founded in
authors such as Michael Foucault, Jeremy Rifkin and Zygmunt Bauman, and which is
based on the discourse analysis of foucaultian inspiration as a methodological tool.
The text is structured in 5 chapters. The first one encompasses the emergence of the
personal trainer and the reality of the work as a personalized coach, which gives
him/her features of an ambulant gym. The second chapter presents the paths
followed for the development of this study, which involves the textual mining in data
bases and the methodological description of the discourse analysis. The fourth
encompasses the analysis itself and the fifth presents final considerations. The
analysis of the bibliography gave visibility to heterogenous elements that cross each
other and that articulate in the interior of the materials: the marketing, the “excess in
individualization”, the American auto-formation model, and the degenerating work
conditions of the personalized coach. This analysis also enabled the visualization
that the marketing targeted to the personal trainer has the task to reinvent, to give a
new meaning and to repaginate this professional occupation in the name of survival
in the disputed active life market.
Keywords: Personal Trainer. Marketing. Professional Education. Discourse Analysis.
Physical Education.
10
RESUMEN
Esta disertación de mestrado analiza la “marketización” del personal trainer, más
específicamente los elementos que habían permitido la inserción de las nociones del
marketing en la literatura del personal Trainer disponible en las bibliotecas de los
cursos de la formación inicial en educación física. Es una investigación de la matriz
cualitativa que si apoya en autores como Michel Foucault, Jeremy Rifkin y Zygmunt
Bauman y que si valoriza del análisis del discurso de la inspiración foucaultiana
como herramienta metodológica. El texto es estructurado en cinco capítulos. El
primer, comprende la emergencia del personal trainer y la realidad del trabajo como
personal trainer, que confiere a él las características de un “gimnasio ambulante”. El
según, trata de la “marketización” de los procesos de la vida y conecta el personal
trainer con una idea de “microempresa estupendo”. El tercer incluye los trazos de las
maneras para la construcción de este estudio, ése implica en el garimpo textual en
bases de datos y la descripción de la metodología en el análisis del discurso. El
cuarto comprende el análisis y el quinto presenta las consideraciones finales. El
análisis de bibliografías dio a la visibilidad los elementos heterogéneos que si
entrecruzan y si articulan dentro de los materiales: la “marketización”, la
“individualización excesiva”, el modelo de la autoformación norteamericana y la
precarización de las condiciones del trabajo del personal trainer. Este análisis
también permitió visualizar que el marketing dirigido al personal trainer tiene como
tarea re-inventar, re-significar y "re-paginar" esta ocupación profesional en nombre
de la sobrevivencia en el disputado mercado de la vida activa.
Palabras Clave: Personal Trainer. Marketing. Formación Profesional. Análisis del
Discurso. Educación Física.
11
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1.
Bases de dados eletrônicos..................................................................51
QUADRO 2. Obras analisadas..................................................................................53
12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................13
1. CAMINHOS METODOLÓGICOS...........................................................................17
1.1. Garimpagem Textual...........................................................................................17
1.2. Inspiração Metodológica......................................................................................24
2. EMERGÊNCIA DO PERSONAL TRAINER...........................................................31
2.1. Academia Ambulante..........................................................................................38
3. “MARKETIZAÇÃO”...............................................................................................50
3.1. “Super Microempresa”.........................................................................................53
4. “COMO ME VENDER COM SUCESSO”..............................................................61
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................73
REFERÊNCIAS.........................................................................................................77
13
INTRODUÇÃO
Ao observar a sala de musculação de uma grande academia de ginástica,
obtive uma visão geral do espaço e das pessoas que a compõem. A movimentação
era constante nesta ampla sala repleta de pessoas indo e vindo, em uma dinâmica
ininterrupta. A maioria destas pessoas não estava sozinha e se movimentava em
duplas. Duas a duas, as pessoas se deslocavam de aparelho em aparelho de
musculação e nunca se separavam. Mais atentamente, percebi que somente um
integrante da dupla realizava os exercícios enquanto o outro integrante o observava
e o acompanhava. Cada executor de exercícios possuía o seu respectivo
acompanhante, nunca estava só neste constante ir e vir.
Este acompanhante é reconhecido nas academias de ginástica e musculação
como
personal trainer ou treinador personalizado
1
, que trabalha com treinamento
personalizado ou personal training. A bibliografia especializada sobre essa temática
apresenta várias definições para personal trainer e personal training. Domingues
Filho (2006) define personal training como:
Atividade física desenvolvida com base em um programa particular,
especial, que respeita a individualidade biológica, preparada e
acompanhada por profissional de Educação Física, realizada em
horários preestabelecidos para, com segurança, proporcionar um
condicionamento adequado, com finalidade estética, de reabilitação,
de treinamento ou de manutenção da saúde (p. 19).
Para Deliberador (1998) personal training compreende uma programação de
treinamento que respeita a individualidade e busca alcançar os objetivos em um
período curto de tempo com uma margem de segurança calcada em princípios
científicos.
1
A tradução mais apropriada de personal trainer para a Língua Portuguesa é treinador pessoal. No
entanto, a bibliografia especializada consagrou a expressão “treinador personalizado” para a tradução
de
personal trainer e “treinamento personalizado” para a de personal training (BARBOSA, 2008;
BROOKS, 2004, 2008; DOMINGUES FILHO, 2006; GUEDES JÚNIOR, 1997; GUISELINI, 2007;
MONTEIRO, 1998; MONTEIRO, 2000; NOVAES; VIANNA, 1998).
14
Novaes e Vianna (1998) entendem o treinamento personalizado como
[...] um processo de aplicação e execução de testes e tarefas
realizados de maneira sistemática e individualizada, sendo a sua
utilização baseada em parâmetros morfológicos, biológicos e
psicológicos, bem como no grau de condicionamento físico inicial e
no objetivo do aluno ou atleta (p. 5).
O personal trainer é definido por Sanches (2006, p. 51) como um “profissional
formado/graduado em educação física que ministra aulas personalizadas,
formulando e executando programas de treinamento específicos para cada aluno”.
para Domingues Filho (2006, p.19), o personal trainer é “o profissional de
Educação Física que atua como professor particular de atividade física”.
O treinamento personalizado é uma temática com a qual tenho grande
intimidade, pois desde o ano de 1995 atuo como
personal trainer. A idéia de
ingressar nesta modalidade surgiu com o convite de uma aluna de uma academia de
ginástica, onde eu atuava como professora de musculação. A partir daí procurei me
instrumentalizar através de bibliografias sobre fisiologia, fisioterapia e psicologia.
Durante minha trajetória como personal trainer realizei diversos movimentos
em busca de formação continuada, como a especialização em Psicologia do Esporte
e do Exercício na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC) e a
participação no Seminário Avançado Educação, Saúde e Movimento Humano, no
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da
Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande Sul
(EsEF/UFRGS), ministrado pelo professor Alex Branco Fraga, em 2006.
As leituras realizadas no referido seminário me instigaram a pesquisar a
temática personal trainer e a construir o anteprojeto de pesquisa “O personal trainer
e o cuidado de si: uma perspectiva na sociedade de controle”, apresentado como
requisito parcial para o processo de seleção de mestrado no PPGCMH da
15
EsEF/UFRGS, em julho de 2007. Este anteprojeto tratava de uma noção de cuidado
de si ligada às terias de Michel Foucault, porém com o meu ingresso no mestrado a
investigação tomou outro rumo e uma nova configuração.
Durante a elaboração do anteprojeto de pesquisa realizei uma revisão de
literatura nas bases de dados de bibliotecas de cursos de formação inicial em
educação física para investigar o que estava sendo produzido sobre o tema personal
trainer
, já que é a graduação nesta área de conhecimento que habilita para a
atuação como treinador personalizado no Brasil
2
.
A revisão muito me surpreendeu, pois esperava encontrar nos conteúdos dos
livros sobre treinamento personalizado algumas informações mais recentes sobre
fisiologia e treinamento físico. Porém, a grande maioria dos livros disponíveis estava
dividida em dois grandes temas: treinamento físico e marketing
3
. O volume de
informações sobre noções de marketing nesta literatura despertou minha atenção.
Não esperava encontrar o marketing entre os “conteúdos”, nem uma linguagem
marcadamente empresarial sustentando essa literatura, pois palavras como: cliente,
concorrência, negociação, venda, credibilidade, serviço, propaganda, consumidor,
produto e mercado são recorrentes.
O modo como o marketing apareceu nesta bibliografia dirigida ao treinador
personalizado me levou a mudar o foco da pesquisa e a fazer a seguinte indagação:
2
De acordo com a lei 9.696 de de setembro de 1998, Art. 3°, compete exclusivamente ao
Profissional de Educação Física, coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir,
organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como, prestar serviços de
auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados
, participar de equipes
multidisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de
atividades físicas e do desporto. Disponível em: <http://www.confef.org.br/imagens/DO_G.jpg
>.
Acesso em: 02 jul. 2009.
3
A idéia de marketing da literatura sobre treinamento personalizado está expressa no pensamento de
Guedes (1997, p. 7), “tudo o que se faz para atrair e manter clientes (alunos), satisfazendo suas
necessidades pode chamar-se de ‘
marketing’”.
16
por que noções de marketing apareceram com tanta força na bibliografia voltada ao
personal trainer?
A partir daí passei a me interessar em investigar algo que apenas
vislumbrava naquele momento: a “marketização” do personal trainer. E como tal
interesse surgiu do levantamento preliminar, tomei-o como ponto de partida para
investigação deste conjunto de documentos reunidos sobre treinamento
personalizado, visando analisar os elementos que permitiram a inserção de noções
de marketing neste tipo de literatura.
Para contemplar essa problematização, apoiei esse estudo em autores como
Michel Foucault, Jeremy Rifkin, Zygmunt Bauman e o estruturei em cinco capítulos.
O primeiro compreende os caminhos traçados para a construção deste estudo, que
envolvem a garimpagem textual em bases de dados e a descrição metodológica
sobre análise do discurso. O segundo trata da emergência do personal trainer e a
realidade do trabalho como treinador personalizado, que lhe confere características
de uma “academia ambulante”. O terceiro abrange a “marketização” dos processos
da vida e conecta o treinador personalizado a uma idéia de “super microempresa”. O
quarto abarca a análise propriamente dita e o quinto apresenta as considerações
finais relacionadas à presente pesquisa
4
.
4
O título Personal Trainer & Ciafoi escolhido em função do jogo de significados que a abreviação
da palavra companhia, agregada ao termo
Personal Trainer, permite fazer. Refere-se tanto a alguém
que faz companhia a quem quer trilhar os caminhos da vida ativa, quanto a uma empresa prestadora
de serviços de treinamento individualizado. Apesar de existir uma empresa em São Paulo com este
mesmo nome, não há aqui nenhum tipo de relação com a referida marca.
17
1.CAMINHOS METODOLÓGICOS
1.1. Garimpagem Textual
Na tentativa de analisar o que estava disponível a respeito da temática
personal trainer em cursos de formação inicial na área de educação física, realizei
uma revisão da produção literária primeiramente nas bases de dados eletrônicos das
bibliotecas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade do Vale do
Taquari (UNIVATES), da Faculdade Cenecista de Osório (FACOS), da Universidade
Luterana do Brasil (ULBRA) e da Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS).
O critério de escolha das instituições foi estabelecido mediante a busca de um
relativo equilíbrio entre perfis de representatividade tipológica (MOLINA NETO,
2004). Assim, selecionei instituições que atendem aos seguintes perfis:
- Instituições localizadas no estado do Rio Grande do Sul, portanto de mais
fácil acesso.
- Duas instituições da cidade de Porto Alegre, uma pública (UFRGS) e uma
privada (PUCRS).
- Duas instituições da região da Grande Porto Alegre (ULBRA e UNISINOS).
- Uma instituição do interior do estado (UNIVATES).
- Uma instituição do litoral do estado (FACOS).
As bases de dados eletrônicas dessas instituições foram acessadas a partir
dos seguintes descritores: personal trainer, personal training, treinador
personalizado e treinamento personalizado.
Além das páginas das bibliotecas destas instituições, também analisei o
Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino
Superior (CAPES), a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do Instituto Brasileiro
18
de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e a Biblioteca Virtual em Saúde
(BIREME). Através do Portal da CAPES acessei as revistas brasileiras de produção
científica da Área de Educação Física, disponíveis on-line, com melhor classificação
no Qualis (triênio 2004/2006). São elas: Revista Movimento, Revista Brasileira de
Educação Física e Esporte (RBEFE), Revista Brasileira de Medicina do Esporte
(RBME), Revista Brasileira de Biomecânica (RBB) e Revista Brasileira de
Cineantropometria e Desempenho Humano (RBCDH).
Em relação à Revista Movimento analisei trinta e quatro números que
compõem quatorze volumes no período compreendido entre o ano de 1994 até
jan./abr. de 2008. Na RBEFE examinei dezessete números de quatro volumes do
período de jan/mar de 2004 a out./dez. de 2007. Encontrei a RBEFE através de sua
designação anterior no portal de periódicos da CAPES: Revista Paulista de
Educação Física (RPEF). Por este motivo, incluí a análise dos dezenove números de
oito volumes da RPEF no período de 1996 a agosto de 2004.
Na RBME examinei o período de jul./ago. de 2001 a set./out. de 2007, em
sete volumes compostos por trinta e sete números. Na RBB realizei a análise de
dezesseis números de nove volumes, que correspondem ao período de 2000 até
2008. Também examinei para este estudo os vinte e um números de dez volumes
da RBCDH, de 1999 até 2008.
O segundo movimento foi consultar materiais relacionados à temática
personal trainer em outra revista científica brasileira da área de educação física bem
classificada no Qualis: Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE), pois suas
edições não estavam disponíveis eletronicamente. Analisei as edições de setembro
de 2000 até maio de 2008 da RBCE, que compõem oito volumes e vinte e quatro
números.
19
Deste levantamento, encontrei cinco dissertações
5
de mestrado, sendo que
somente a de Garcia (2005) está relacionada à formação profissional, porém não
possui o treinador personalizado como foco. Além das dissertações, encontrei dez
artigos
6
, mas somente dois estão relacionados com o tema em questão: Malek et al
(2002) e Bossle (2008). O artigo de Malek et al (2002) trata da importância da
formação em ciências da saúde para os treinadores personalizados. O artigo “O
personal trainer e o cuidado de si: uma perspectiva de mediação profissional”
(BOSSLE, 2008) é fruto do anteprojeto que antecede a presente dissertação.
Os demais artigos, em sua maioria, visam comprovar a eficácia do
treinamento personalizado. Um exemplo é o artigo de Dacca e Furlan (2000):
“Abordagem fisioterápica associada ao sistema de
personal trainer no tratamento da
hérnia de disco lombar: relato de caso”.
Nas bibliotecas das instituições de ensino superior, também encontrei um total
de dezoito livros
7
que passou a compor o presente estudo, pois apresenta relação
direta com a temática em questão. A grande maioria dos livros é concebida em
formato de manual, pois prescreve detalhadamente cada passo a ser dado em
busca do sucesso como personal trainer. Eles parecem funcionar como livros do
tipo “auto-ajuda”, a maior parte deles endereçados a estudantes e professores de
educação física que pretendem trabalhar como treinadores personalizados. Contêm
orientações sobre estratégias de marketing pessoal
8
, captação de clientes, aspectos
5
(ALMEIDA, 2005), (GARCIA, 2005), (MAROTTO, 1999), (PINHEIRO, 2000), (WIDHAGEM, 2005).
6
(MATIELLO JUNIOR, 2001), (FISCHER; BRYANT, 2008), (MALEK et al., 2002), (DACCA; FURLAN,
2000), (SMELTZER; FEWSTER, 2002), (RATAMESS et al., 2008), (NANSEL et al., 2007), (NICHOLS
et al., 2000), (MAZZETTI et al., 2000), (BOSSLE, 2008).
7
(BARBOSA, 2008), (BRASS, 1995), (BROOKS, 2000, 2004, 2008), (DELIBERADOR, 1998),
(DOMINGUES FILHO, 2006), (GUEDES JÚNIOR, 1997), (GUISELINI, 2007), (MONTEIRO, 1998),
(MONTEIRO, 2000), (NOVAES; VIANNA, 1998), (O’BRIEN, 1999), (OLIVEIRA, 1999), (RODRIGUES,
1996), (RODRIGUES; CARVALHO, 1997), (RODRIGUES; CONTURSI, 1998), (SANCHES, 2006).
8
Segundo Magalhães (2006) o marketing pessoal tem por objetivo “promover o desenvolvimento
pessoal através da preparação e difusão da imagem, de modo a otimizar as oportunidades de
visibilidade profissional, empresarial ou social de um indivíduo” (p. 18).
20
contratuais, montagem de programas de treinamento e a preocupação com a
crescente concorrência no mercado da atividade física. São exemplos de capítulos
que compõem essa bibliografia: “Como me vender com sucesso” (BARBOSA, 2008,
p. 51), “Negócios e assuntos legais” (O’BRIEN, 1999, p. 15), “Atrair e manter uma
clientela” (BROOKS, 2008, p.109) e
Marketing aplicado ao personal training
(RODRIGUES, 1996, p. 8).
A análise do material encontrado (cinco dissertações, dez artigos e dezoito
livros) revelou baixa produção científica brasileira sobre a temática
personal trainer.
Mostrou, também, que a formação do treinador personalizado está pautada por
noções de marketing, que visam instrumentalizá-lo para concorrer no competitivo
mercado da atividade física.
Para entender, também, como a temática personal trainer/marketing estava
sendo tratada fora do Brasil, busquei a base de dados Sportdiscus através do portal
de periódicos do CAPES. Essa base apresenta artigos científicos de vários países,
como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Inglaterra. Passei, então, a empregar
como descritores as palavras personal trainer e marketing e os utilizei nessa base,
resultando na descoberta de 94 artigos. Desse total, 73 artigos
9
estão focados
diretamente nas temáticas: formação profissional, personal trainer e marketing.
9
(ANDERSON, 2003, 2007), (ATKINSON, 2002, 2006), (AS SEEN…, 2005), (BROOKS, 2005),
(BROWN, 2004), (CHEAP…, 2004), (CIPRIANI, 2006), (COLACINO, 2002), (CROSS, 2004), (DAVIS;
DAVIS, 2002), (DAVIS, 2007), (DEBLING, 2006, 2007a, 2007b), (DURRET, 1999, 2003), (FIELDS,
2002), (FLOREZ, 2001), (FORTMANN, 1994), (GAGNON; FORRESTER, 1992, 1997), (GEE, 2006),
(GOLDMAN, 2008), (GORMLEY, 2006), (HALVORSON, 2007), (HARTMAN; JACKSON, 2007),
(HEALTH…, 1988), (HOW…, 2001), (IDEA…, 2007), (KAPLAN, 2005), (KOLOVOU, 2000),
(LABADIE, 2006a, 2006b, 2006c, 2006d, 2007), (LEE, 2003), (LEE; PERSAD, 2003), (LOW-COST…,
2000), (MARKETPLACE…, 2004), (MAY, 2007), (MCMILLAN, 2002, 2003a, 2003b), (MCMILLAN;
MCMILLAN, 2004), (MILNER, 2004), (O’BRIEN, 1997), (PERKINS, 2006), (PICKERING, 2000),
(POPOWYCH, 2006), (PRICE, 2003), (PRODUCTS..., 2002), (RANSOM, 2000), (RICE, 2007),
(ROCKER, 2006), (ROTWEIN, 2003), (RULLO, 2004), (RUSSO, 2004), (RX...,2000), (SALLUSTIO,
2000), (SELLING…, 2002), (SMITH MAGUIRE, 2001), (SMITH, 2007), (STALEY, 2000), (TULLY,
WALLACE, 2005), (VALENZUELA, 2002), (VOGEL, 2003), (VOGEL, 2007, 2008), (WHAT…, 2001),
(WELLER, 2002).
21
No quadro abaixo relacionei as bases eletrônicas pesquisadas e os dados
10
obtidos nessa garimpagem textual.
QUADRO 1: Bases de dados eletrônicos:
Base
Endereço eletrônico
Resultados
PUC http://www.pucrs.br 22/06/08 3 livros
UFRGS http://sabix.ufrgs.br 07/04/08 10 livros
1 artigo
UNIVATES http://www.univates.br/handler.php?module
=univates&action=view&section=2
07/04/08 5 livros
FACOS http://www.facos.edu.br 11/07/08 10 livros
ULBRA http://www.ulbra.br/bibliotecas/index.htm 07/04/08 10 livros
UNISINOS http://www.unisinos.br/biblioteca 16/04/08 9 livros
CAPES http://www.capes.gov.br 07/04/08 5 dissertações
IBICT http://bdtd.ibict.br 07/04/08 0
BIREME
11
http://bases.bireme.br/cgi-
bin/wxislind.exe/iah/online/
06/04/08 8 artigos
Movimento http://www.seer.ufrgs.br/index.php./Movimento 12/07/08 1 artigo
RPEF http://www.usp.br/eef/rpef/ 19/04/08 0
RBEFE http://www.usp.br/eef/rbefe_biblioteca.php 12/07/08 0
RBME http://www.rbme.org.br 12/07/08 0
RBB http://www.143.107.39.184./ojs/index.php/rbb 12/07/08 0
RBCDH http://www.rbcdh.ufsc.br/pagina.htm 12/07/08 0
Sportdiscus http://web.ebscohost.com/ehost/ 17, 18 e
20/06/08
73 artigos
São títulos de alguns dos artigos da base de dados Sportdiscus: “Estratégias
de negócios para o treinamento personalizado
12
(LEE; PERSAD, 2003), “As sete
questões essenciais de negócios” (COLACINO, 2002), “Como fechar a venda do
treinamento personalizado” (LABADIE, 2006a), O manual de negócios do treinador
personalizado: um guia passo a passo para o sucesso(GAGNON; FORRESTER,
1992).
10
Alguns dados aparecem repetidos em mais de uma base.
11
As bases de dados da BIREME pesquisadas foram: MEDLINE, LILACS e SCIELO.
12
A autora assume a responsabilidade pela tradução dos títulos desses artigos da língua inglesa para
a língua portuguesa.
22
Os artigos encontrados na base Sportdiscus estão conectados à idéia de
vencer a concorrência, que emerge também na bibliografia sobre treinamento
personalizado localizada anteriormente. Esses artigos também parecem visar à
instrumentalização do treinador personalizado sobre as noções de marketing
necessárias à negociação e à venda do seu trabalho. A análise do material
levantado nesta garimpagem textual permitiu visualizar a força do marketing tanto
em publicações brasileiras quanto em estrangeiras.
Para contemplar o objetivo proposto por esta pesquisa analisar os
elementos que permitiram a inserção de noções de marketing na literatura sobre
treinamento personalizado - realizei um recorte no material encontrado. O corpo de
análise passou a compreender somente os dezoito livros sobre treinamento
personalizado, encontrados na revisão da produção literária das bases de dados
eletrônicos de bibliotecas de cursos de formação inicial em educação física.
Após realizar esta delimitação, o movimento seguinte foi visitar as bibliotecas
em busca dos dezoito livros a fim de iniciar uma leitura mais refinada de cada obra.
Encontrei e retirei a maioria dos livros (onze) nas bibliotecas das instituições que
tenho mais fácil acesso: UFRGS, FACOS e UNIVATES. Adquiri outros seis livros em
livrarias. Porém, uma das bibliografias não foi localizada na única biblioteca onde
estava citada, não havia sido retirada e não se encontrava no acervo. Depois de
várias visitas infrutíferas a essa biblioteca, tentei entrar em contato por e-mail com a
editora do livro, mas não obtive resposta. Iniciei, então, uma longa procura em vários
sites de livrarias virtuais do Brasil e de países vizinhos, passando também por sites
especializados em busca de artigos gerais e sites de venda de livros usados. Foi em
um desses “sebos” virtuais que encontrei o livro que faltava.
23
Dos dezoito livros que localizei na revisão de literatura, cinco foram escritos
por autores norte-americanos e treze por autores brasileiros. Desses treze autores
brasileiros, doze são professores de educação física e um é juiz da área do Direito.
Realizei a leitura dos dezoito livros na íntegra e os dividi com base no objetivo
da pesquisa. Essa divisão visou proporcionar um panorama das obras estudadas,
bem como, demonstrar a preocupação em não generalizar as informações.
O panorama das obras estudadas está demonstrado no quadro que segue
abaixo:
QUADRO 2: Obras analisadas:
Obras que não utilizam linguagem de cunho
empresarial
13
e não fazem qualquer referência ao
marketing:
Brass (1995)
Rodrigues e Carvalho (1997)
Brooks (2000)
Obras que utilizam linguagem de cunho
empresarial e/ou fazem referência ao
marketing:
Monteiro (1998)
Novaes e Vianna (1998)
Oliveira (1999)
Monteiro (2000)
Brooks (2004)
Sanches (2006)
Guiselini (2007)
Obras que, além de utilizar linguagem de cunho
empresarial, dedicam um ou mais capítulos ao
marketing/divulgação/propaganda:
Rodrigues (1996)
Guedes Jr. (1997)
Rodrigues e Contursi (1998)
Deliberador (1998)
O’Brien (1999)
Domingues Filho (2006)
Barbosa (2008)
Brooks (2008)
Em seguida, realizei mais uma apreciação dos livros e destaquei diversas
passagens encontradas na bibliografia. “Localizei” cada passagem no corpo da
13
Cliente, concorrência, negociação, venda, serviço, propaganda, divulgação, consumidor, consumo,
produto, empresa, mercado etc.
24
bibliografia para o entendimento do contexto da obra de onde foi retirada. Assim,
busquei especificar a disposição das passagens nos capítulos dos quais faziam
parte, os assuntos abordados e a sua posição quanto aos outros capítulos.
O próximo passo foi discutir brevemente as passagens destacadas e
aproximá-las à teoria que inspira este estudo - a análise do discurso na perspectiva
foucaultiana.
1.2. Inspiração Metodológica
No livro Arqueologia do Saber (1997) Michel Foucault trata da análise do
discurso “como um caminho metodológico de investigação” (ARAGÃO, 2005, p. 22).
Pautada pelas idéias de Foucault, Gregolin (2007) define a análise do discurso como
“um campo de pesquisa cujo objetivo é compreender a produção de sentidos,
realizada por sujeitos históricos, por meio de materialidade das linguagens” (p. 11).
A análise do discurso pode ser entendida como um estudo de cunho
qualitativo, pois de acordo com Molina Neto (2004, p.112) “o termo qualitativo é
empregado para sustentar um leque de técnicas de investigação centradas em
procedimentos hermenêuticos”. Essa técnica de investigação tem sido usada em
vários trabalhos ligados às Ciências Sociais e pauta as análises que envolvem a
presente dissertação.
A expressão “análise do discurso” originalmente designava uma área da
lingüística, porém recebeu uma diversidade de contribuições de outras disciplinas
acadêmicas como a psicologia, a sociologia e a filosofia (IÑIGUEZ, 2004). Essa
diversidade gerou filiações disciplinares distintas, práticas variadas e concepções
diferentes.
25
Iñiguez (2004) aponta duas tradições diversas de trabalho sobre análise do
discurso: a tradição anglo-saxã, que agrupa o giro lingüístico, a teoria dos atos da
fala, a pragmática e a etnografia da comunicação, e a tradição francesa. A tradição
francesa apresenta maior orientação política e sociológica do que a anglo-saxã
(IÑIGUEZ, 2004), e é geralmente vinculada às obras de Michel Pêcheux e Michel
Foucault, apesar das diferenças teóricas
14
entre esses autores.
A análise do discurso vem se desenvolvendo no Brasil desde o início dos
anos 1980 e tem produzido inúmeros trabalhos (GREGOLIN, 2005). Muitos desses
estudos podem ser apreciados em teses e dissertações produzidas em Programas
de Pós-Graduação de áreas de conhecimento diversas.
Em um levantamento
15
realizado no endereço eletrônico do Repositório Digital
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (LUME
16
), com a intenção de
encontrar teses e dissertações que operaram com a metodologia da análise do
discurso, localizei 113 estudos. Acessei essa base de dados a partir do descritor
“análise do discurso”, que usei diretamente no campo “palavras-chave”.
Esse levantamento apontou um volume maior de produção com ênfase na
análise do discurso em áreas de conhecimento como: Educação (FISCHER, 1996;
SANTOS, 2002; OYARZABAL, 2006; CASTILHO, 2002; LUNARDI, 2003 entre
outros), Letras (XAVIER, 2002; GRIGOLETTO, 2005; SILVA, 2007; SILVEIRA, 2004;
MACHADO, 2006 entre outros) e Biblioteconomia e Comunicação (SILVA, 2007;
SILVA, 2008; MELLO, 2007; AUGUSTI, 2005; NEGRINI, 2005 entre outros). Alguns
desses estudos fazem referência à escola de tradição francesa de análise do
14
Essas diferenças estão detalhadamente descritas no livro “Foucault e Pêcheux na Análise do
Discurso: Diálogos e Duelos” (GREGOLIN, 2005).
15
Utilizei como recorte para este levantamento os Programas de Pós-Graduação vinculados à
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
16
Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br> Acesso em: 07 mai. 2009.
26
discurso de um modo geral, outros especificamente às teorias de Foucault ou às
teorias de Pêcheux.
A fim de apreciar a produção da área de conhecimento na qual está vinculada
esta dissertação, refinei o levantamento acima descrito para buscar as teses e
dissertações produzidas no Programa de Pós-Graduação em Ciência do Movimento
Humano
17
da Escola de Educação Física da UFRGS. Também acessei essa base
de dados a partir do descritor “análise do discurso”, que usei diretamente no campo
“palavras-chave”, porém nada foi localizado. Redirecionei o descritor, então, para o
campo “pesquisa geral”, onde localizei 62 estudos. Esses estudos parecem utilizar
uma interpretação mais “livre” da análise do discurso, pois alguns a empregam como
metodologia auxiliar de análise, outros apenas utilizam os seus conceitos na
composição do texto.
Assim, os estudos produzidos em Programas de Pós-Graduação das áreas
de conhecimento aqui apontadas apresentam várias e diferentes maneiras de operar
com a análise do discurso. Essas diferenças parecem estar ligadas à densidade dos
conhecimentos necessários para a abordagem deste diversificado campo de
pesquisa que abarca perspectivas teóricas distintas.
Em função dessa diversidade de perspectivas, um trabalho de investigação
baseado em análise do discurso precisa apontar suas “fontes de inspiração”. Nesta
dissertação, a minha opção não foi realizar uma dissecação do conceito de análise
de discurso, tampouco alçar vôos tão “livres” quanto nos estudos da educação física,
e sim trilhar o caminho metodológico da análise do discurso inspirada na perspectiva
foucaultiana.
17
Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/27> Acesso em: 07 mai. 2009.
27
Destaco que a escolha por esta perspectiva não ocorreu de forma aleatória ou
casual. Pelo contrário, pois durante a revisão de literatura realizada para a
construção do anteprojeto dessa pesquisa, as noções de marketing apareceram com
tanta força na literatura existente sobre treinamento personalizado que passaram a
ser o foco dos investimentos desta dissertação, e a análise do discurso na
perspectiva foucaultiana a possibilidade de análise mais indicada.
Após essa delimitação, passei a buscar estudos que demonstrassem
maneiras de operar na perspectiva foucaultiana de análise do discurso. Dentre os
estudos analisados, foram relevantes os artigos apresentados no I Colóquio
Nacional Michel Foucault: Educação, Filosofia, História Transversais. Esse evento
foi uma iniciativa conjunta dos Programas de Pós-Graduação em Educação (PPGE),
Filosofia (PPGF) e História (PPGHIS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
vinculados à Faculdade de Educação (FACED), à Faculdade de Artes, Filosofia e
Ciências Sociais (FAFICS) e ao Instituto de História (INHIS), com objetivo de
estabelecer uma discussão de diferentes transversalidades a partir do pensamento
de Foucault. Destaco os trabalhos de Perucchi (2008) e Santos (2008), pois me
auxiliaram na compreensão das formas de operar com a perspectiva foucaultiana de
análise do discurso. Perucchi (2008) analisa o discurso jurídico e seus múltiplos
enunciados acerca da paternidade e Santos (2008) trata das correlações de força no
discurso midiático.
Na medida em que esta dissertação opera com o entendimento de discurso
na perspectiva foucaultiana, é necessário apontar o modo como o discurso é
conceitualizado na obra deste autor. Parece importante destacar que análise do
discurso e discurso não são termos unívocos, ambos têm inúmeros sentidos
28
diferentes em cada uma de suas variedades, tradições e práticas (IÑIGUEZ, 2004;
GREGOLIN, 2007; FISCHER, 2001).
O discurso nesta perspectiva é o espaço onde se articulam o saber e o poder
e a sua produção é controlada, selecionada, organizada e redistribuída por
procedimentos que têm o objetivo de determinar o que pode ser dito em um
determinado momento histórico (GREGOLIN, 2007).
Foucault (1987) comenta essa implicação entre poder e saber:
[...] não é a atividade do sujeito de conhecimento que produziria um
saber, útil ou arredio ao poder, mas o poder-saber, os processos e as
lutas que o atravessam e que o constituem, que determinam as
formas e os campos possíveis de conhecimento (p. 27).
Os saberes se organizam, portanto, para “atender a vontade de um poder”
(VEIGA-NETO, 2007, p. 117) e funcionam como transmissores desse poder.
O que é dito e o que é silenciado depende de quem o diz, de onde diz e de
seu direito institucional de dizer. Nesse entendimento, através do discurso é que se
constituem os saberes de um momento histórico. Portanto, “o discurso é tomado
como uma prática social, historicamente determinada, que constitui os sujeitos e os
objetos” (GREGOLIN, 2007, p. 13).
A teoria de Foucault sobre o discurso compreende uma série de conceitos.
Fischer (2001) destaca o enunciado, a prática discursiva, o sujeito do discurso e a
heterogeneidade discursiva como os principais conceitos relacionados a essa teoria.
O enunciado parece ser muito mais do que simplesmente uma coisa que se
diz, mas também não pode ser pensado como algo que está oculto nas entrelinhas
ou escondido no emaranhado de palavras obscuras. Para Foucault (1997) é preciso
determinar as condições de sua existência, estabelecer suas correlações com outros
enunciados, mostrar que outras formas de enunciação são excluídas por ele e como
ocupa um lugar que não poderia ser ocupado por nenhum outro.
29
Fischer (2001, p. 219) sublinha que “os enunciados, depois de ditos, depois
de instaurados numa determinada formação, sofrem sempre novos usos, tornam-se
outros, exatamente porque eles constituem e modificam as próprias relações
sociais”.
A necessidade de compreender o aparecimento de alguns enunciados e o
silenciamento de outros é o que motiva a análise das práticas discursivas. Para
Fischer (2001, p. 204) “exercer uma prática discursiva significa falar segundo
determinadas regras, e expor as relações que se dão dentro de um discurso”, pois o
que é dito está ligado às dinâmicas de poder e saber de um momento histórico.
Assim, as verdades de um momento histórico parecem ser produzidas a partir
de uma prática discursiva, pois “não saber sem uma prática discursiva definida, e
toda prática discursiva pode ser definida pelo saber que ela forma” (FOUCAULT,
1997, p. 207).
A teoria do discurso está intimamente ligada à constituição do sujeito social,
sendo que os sujeitos sociais não são as causas do discurso, nem a sua origem,
mas são efeitos discursivos (PINTO, 1989). Porém “o discurso exerce poder pela
identificação, pela adesão espontânea” (PINTO, 1989, p.36). Neste sentido, um
mesmo indivíduo é interpelado por uma variedade de discursos e pode aderir a uma
diversidade deles.
O discurso é o lugar da dispersão e da descontinuidade do sujeito, pois o
sujeito é ao mesmo tempo falante e falado (FISCHER, 2001). As diversas posições
que o sujeito ocupa parecem ser aquelas que lhe são possíveis ocupar.
Na análise de um discurso também se faz necessário apontar a sua
heterogeneidade discursiva, como determinados enunciados aparecem, como se
dispersam e como se distribuem. Para Fischer (2001, p. 206) “pluridiscursividade,
30
heterogeneidade discursiva, interdiscurso são algumas palavras ou expressões que
se referem, basicamente, à dispersão dos enunciados e, portanto, dos discursos”.
Nesse sentido, parece ser necessário mostrar como diferentes textos
remetem uns aos outros, organizando-se em uma única figura, convergindo com
instituições e práticas e carregando significações comuns a uma época
(FOUCAULT, 1997).
A apreciação dos diferentes textos que compõem o corpo de análise deste
estudo e o aporte teórico de autores como Michel Foucault, Jeremy Rifkin e Zygmunt
Bauman permitiram as discussões dos capítulos que seguem.
31
2.EMERGÊNCIA DO PERSONAL TRAINER
O personal trainer é usualmente encontrado atuando em academias de
ginástica e atendendo individualmente uma pessoa de cada vez, através de um
treinamento personalizado e voltado exclusivamente às necessidades dessa pessoa.
Rodrigues (1996, p. 9) se refere ao treinamento personalizado como “(...) a nova
força do
Fitness no seguimento das academias”. Essa definição, além de ligar o
treinamento personalizado realizado pelo
personal trainer a um trabalho de
desenvolvimento de aptidão física (
fitness), conecta-o a um local determinado: a
academia de ginástica. Além disso, o personal trainer também parece funcionar
como uma espécie de extensão da academia, transportando-a até o aluno e
sintetizando todas as modalidades de aulas de ginástica em um atendimento
personalizado. Desse modo, a figura do personal trainer parece estar relacionada a
um conjunto de práticas corporais entendidas como ginástica. Essa relação me
levou a iniciar o presente capítulo tratando dos métodos ginásticos europeus
sistematizados no começo do século XIX.
Os investimentos no corpo nesse período pretendiam a produção de corpos
disciplinados, dóceis e úteis para o trabalho. O Movimento Ginástico Europeu,
representado principalmente pelas escolas de ginástica alemã, sueca, inglesa e
francesa, tinha como objetivo a regeneração da raça, a promoção da saúde, o
desenvolvimento da moral e da vontade, da coragem, da força e da energia de viver
para servir a pátria nas guerras e na indústria (SOARES, 2001). Essa autora
comenta que a finalidade maior desse movimento foi “moralizar os indivíduos e a
sociedade, intervindo radicalmente em modos de ser e de viver” (SOARES, 1998, p.
20). A ginástica tinha caráter militarizante, de manutenção da ordem e de
disciplinarização da população “disforme”.
32
Práticas corporais populares realizadas para o entretenimento, como o circo,
passaram a ser desestimuladas, pois representavam consumo desnecessário de
energia e ausência de utilidade. Baseada na Anatomia e na Fisiologia, a ginástica
passou a ser apresentada como sendo comprovadamente científica, tornando-se
obrigatória em toda sociedade e, inclusive, nos currículos escolares (SOARES,
1998). A escola passou a ser o lugar da realização da ginástica justamente porque
se pretendia a disciplinarização em massa.
Porém o cenário da ginástica parece ter sofrido rupturas e modificações ao
longo do tempo, ganhando novas configurações. Inúmeras terminologias foram
criadas para diferentes tipos de ginástica de acordo com suas principais
características e objetivos (AYOUB, 2003). A primeira ruptura discutida neste estudo
parece ocorrer com a mudança do investimento de uma ginástica dirigida ao
disciplinamento geral e uniforme das grandes massas para a ginástica voltada ao
indivíduo. Paulatinamente, a ginástica vai se deslocando da escola para um novo
“modismo no campo das práticas corporais” (AYOUB, 2003, p. 39), a academia de
ginástica, ou seja, vai da massificação da educação dos corpos a um processo de
individualização da educação dos corpos.
O ideal de utilidade do corpo massificado foi cedendo lugar ao ideal
individualizado de aptidão física. O discurso da aptidão, ou do fitness, ganhou
evidência no livro do médico norte-americano Kenneth Cooper (1968) intitulado
“Aptidão física em qualquer idade”. Neste livro Cooper lançou sua teoria sobre a
atividade aeróbica, de amplo impacto na cultura norte-americana e sul-americana
dos anos 1970. O seu programa de exercícios aeróbicos era baseado em corridas
de baixa intensidade e média e longa duração. Esse programa prometia o aumento
da eficácia dos pulmões e do coração, o aumento do volume total de sangue, o
33
aumento do número e tamanho dos vasos sanguíneos, a melhoria da tonicidade
muscular, a transformação do peso de gordura em peso muscular e o aumento do
consumo máximo de oxigênio.
A década de 1970 marcou o auge da teoria de Cooper, cujo programa obteve
adesão em massa em diferentes extratos sociais no Brasil, popularizando seu nome
e o associando à atividade aeróbica. Guiselini (2007, p. 21-22) comenta que “no
Brasil, o nome Cooper tornou-se sinônimo de corrida: fazer Cooper era como as
pessoas expressavam-se para dizer que iam praticar corrida ou jogging”. Para Fraga
(2006), Cooper foi um dos precursores da promoção de exercícios físicos baseado
em um esquema de marketing, sua popularidade estava associada à ampla
divulgação do seu método em livros, palestras, entrevistas e demais recursos
midiáticos.
Nos anos 1980, críticas severas assolaram a teoria de Cooper sobre a
invulnerabilidade às cardiopatias ligada aos exercícios aeróbicos (SOLOMON,
1991). Críticos, chamados pelo próprio Cooper (1987, p. 16) de “pensadores
negativos e cientistas sedentários”, apontaram fragilidades no seu programa. O
método de Cooper perdeu força, mas parece ter influenciado novas configurações
de atividades ditas aeróbicas, como a aerobic dance e a ginástica aeróbica.
De acordo com Monteiro (2000), a aerobic dance foi idealizada por Jacki
Sorensen, nos Estados Unidos. Esse método utilizava a música de forma mais
dinâmica e combinava os passos de dança com exercícios calistênicos com objetivo
de aumentar a resistência cardiovascular. A aerobic danceprecedeu a ginástica
aeróbica, um método que utilizava exercícios predominantemente aeróbicos com
auxílio de música para a melhoria e manutenção da aptidão física (GUISELINI,
2007). A ginástica aeróbica passou a ter a conotação de aula-show, difundindo-se
34
rapidamente pelo mundo. “A aula de aeróbica é um grande espetáculo do qual
participamos pessoalmente” (PAVLOVIC, 1987, p. 32). A sua chegada ao Brasil é
datada de 1980 por Monteiro (2000).
As academias de ginástica de todo país adotaram e popularizaram a aula
aeróbica e passaram a oferecer uma ampla variedade de escolhas. De acordo com
Guiselini (2007) a ginástica aeróbica serviu de inspiração para novas modalidades
que utilizam a coreografia como principal estratégia de ensino, como:
body jam,
step
, aeroboxe, runner fight, jump fit, samba aeróbico e ritmos.
Cada aluno poderia optar por freqüentar a aula de ginástica aeróbica que
melhor lhe conviesse, que mais apreciasse ou que julgasse mais voltada as suas
necessidades individuais. Na “aula-show” o professor possuía autonomia para criar o
seu estilo, modificando e adaptando seqüências de exercícios de acordo com o seu
público. Quanto maior fosse o número de alunos freqüentadores das suas aulas,
maior seria a sua popularidade e, conseqüentemente, maior seria o seu
reconhecimento profissional. As seqüências de exercícios eram organizadas para
um grupo de alunos muitas vezes heterogêneo, porém a busca da homogeneidade
era a marca dessa modalidade de aula de ginástica. Cada aluno precisava se
adaptar e acompanhar a sessão aeróbica, buscando uma sincronia com os
exercícios executados pelo professor.
Em 1981, Jane Fonda lançou o livro Jane Fonda´s workout book”, onde
apresentou seu método de exercícios físicos destinados a aumentar a força física,
desenvolver a flexibilidade e intensificar a resistência, além de queimar calorias,
melhorar a circulação, eliminar toxinas e fortificar o coração e os pulmões.
Constituía-se basicamente de exercícios ginásticos dirigidos ao público feminino. Um
livro que, apesar de tentar demonstrar preocupação pelo aumento da auto-estima de
35
suas leitoras, transformou-se na bíblia da responsabilidade feminina pela busca da
beleza de um corpo perfeito.
O culto ao corpo converteu-se em mania, desencadeando a proliferação de
academias de ginástica na década de 1980. Courtine (1999) proporciona um
panorama desses anos:
Os anos 80 conheceram um desenvolvimento considerável do
mercado do músculo e do consumo de bens e serviços destinados à
manutenção do corpo. Impérios industriais, com atividades
diversificadas, ocuparam esta fatia do mercado relativa ao ferro, às
vitaminas e ao suor, produzindo tanto aparelhos de musculação
quanto suplementos nutricionais, ou ainda publicando revistas
especializadas sobre a boa forma, a saúde, os regimes alimentares e
o desenvolvimento corporal (p. 84).
“Malhar”, “esculpir” seu próprio corpo e colocá-lo em “exibição” parece ter
passado a ser regra coletiva, mas de responsabilidade individual. As atenções, que
antes estavam focadas nas aulas de ginástica aeróbica, foram sendo transferidas
para a sala de musculação das academias. Cada sala dispunha de somente um
professor
18
de musculação para atender a todos os alunos ao mesmo tempo. Cabia
a ele organizar programas de exercícios físicos voltados às necessidades individuais
de cada aluno, sem se descuidar dos demais, o que gerava dificuldades no
atendimento do grupo
19
.
De acordo com Monteiro (2000), o mercado da atividade física passou, então,
a requisitar profissionais da área da avaliação e prescrição de treinamento, que
fossem capacitados a elaborar programas de exercícios individualizados, com um
maior grau de profundidade e controle no acompanhamento das atividades
18
Em algumas academias, onde o público freqüentador era muito numeroso, poderia haver mais de
um professor disponível.
19
Em muitas academias de ginástica, mesmo aquelas em que atuam treinadores personalizados,
ainda existe a figura do professor que atende de forma coletiva.
36
desenvolvidas. O atendimento/treinamento realizado por esses profissionais possuía
um enfoque individualizado/particular/personalizado. Deliberador (1998) comenta
que o treinamento personalizado é voltado “à individualidade de um ser uno, com
objetivos únicos” (p. 9).
Parece acontecer, então, outra ruptura: do atendimento de um grupo para o
atendimento exclusivo de uma pessoa. Os anos 1980 parecem ter sido
significativos para esta “viragem cultural” (CROMPTON, 2003). Brooks (2008)
comenta que nos Estados Unidos da América (EUA) a cobertura dada pela mídia ao
treinamento personalizado parece ter atingido seu ápice no início da década de 1980
e que os centros de exercícios físicos em Los Angeles e New York eram apontados
em muitos artigos como os locais de proveniência dessa modalidade.
A aderência de atores norte-americanos ao personal training, e a
conseqüente exposição na mídia, contribuiu com a expansão dessa modalidade.
Para Domingues Filho (2006) o treinamento personalizado ganhou espaço na mídia
mundial quando estrelas de Hollywood e do showbiz adotaram o serviço de
instrutores particulares de ginástica por falta de tempo para irem a academias e para
evitar o assédio dos fãs. Deliberador (1998) afirma que os resultados obtidos com
atrizes como Madonna, Demi Moore e outros, fizeram com que o personal training se
tornasse conhecido aos olhos do mundo. Na esteira do glamour hollywoodiano, os
termos da língua inglesa “personal training” e personal trainer” foram difundidos
para outros países, como o Brasil.
Barbosa (2008) relata a chegada do treinamento personalizado no Brasil em
meados dos anos 1980 e que o seu “boom”, grifo do autor, ocorreu na década de
1990, em razão dos progressos científicos sobre os benefícios do exercício
sistematizado e a divulgação da mídia sobre a importância da atividade física
37
orientada por profissionais. O personal training emergiu como um “novo modismo”
(RODRIGUES; CONTURSI, 1998).
A procura por profissionais competentes e habilitados da área de educação
física, a busca de resultados significativos em curto prazo, a exigência de
privacidade, a falta de tempo, a busca por melhor atendimento, recomendações
médicas e treinamentos específicos são alguns dos motivos apontados por Oliveira
(1999) para a procura de um
personal trainer no Brasil. Diferentemente das aulas de
ginástica aeróbica, onde o aluno devia se adaptar aos exercícios pré-estabelecidos
pelo professor visando o grupo todo, as sessões de
personal training objetivam
atender à necessidade individual de treinamento de cada aluno.
“Adquirir” um treinador personalizado parece ter passado a ser símbolo de
status social, indispensável signo de sucesso. A modalidade se popularizou na
década seguinte e passou a atingir diversas camadas sociais, deixando de “ser para
poucos” (DOMINGUES FILHO, 2006) e propiciando ao personal trainer um mercado
de atuação profissional maior e mais abrangente.
A popularização do treinamento personalizado também parece ter acarretado
no aumento do número de profissionais atuando no mercado de trabalho e em um
incremento da disputa entre eles. Ser personal trainer passou a significar o sonho de
maior rentabilidade na área da educação física, mais especificamente no
seguimento das academias, pois muitos professores de ginástica e de musculação
migraram para o treinamento personalizado. De acordo com Oliveira (1999) o
mercado de trabalho, cada vez mais competitivo e restrito, no qual um número
crescente de profissionais formados em educação física e um baixo nível salarial,
tornou esta atividade a opção mais rentável da área.
38
A população de personal trainers cresceu vertiginosamente (BROOKS, 2008)
e seu campo de atuação se diversificou. De acordo com Barbosa (2008) o perfil do
público alvo do treinador personalizado envolve: pessoas que buscam estética,
atletas, idosos, obesos, crianças e jovens, grávidas, cardiopatas, diabéticos, doentes
respiratórios, doentes neurológicos, entre outros. Deliberador (1998) indica a
atuação desse profissional inclusive em hospitais. Vencer a “guerra entre os
concorrentes” (RODRIGUES, 1996), passou a ser uma condição essencial no
trabalho como treinador personalizado.
A emergência do personal trainer parece estar ligada, de um modo mais
geral, ao processo de individualização da vida, a um espírito contemporâneo cada
vez menos gregário, e, ao mesmo tempo, à precarização das condições de trabalho.
Esses tópicos foram desenvolvidos mais detalhadamente nas seções e capítulos
que seguem.
2.1. Academia Ambulante
No livro “A condição humana”, Hannah Arendt (2009) define três atividades
humanas fundamentais: labor, ação e trabalho. Essa autora entende que o labor
corresponde ao processo biológico do corpo humano e está ligado à satisfação das
suas necessidades vitais. A ação seria a única atividade exercida diretamente entre
os homens sem a mediação das coisas ou da matéria. E o trabalho seria a atividade
correspondente ao artificialismo da existência humana, pois produz coisas diferentes
das encontradas no ambiente natural.
Essa seção buscou a ênfase no trabalho como atividade fundamental, mais
especificamente o trabalho na realidade profissional do personal trainer. O título
39
dessa seção “Academia Ambulante” foi inspirado no artigo “Levar um Ginásio
20
às
Costas” (ALVES, 2008), publicado na revista portuguesa
Sport Life”. Essa idéia de
que o
personal trainer leva a academia nas costas está relacionada a uma das
muitas características do trabalho como treinador personalizado discutidas a seguir.
O
personal trainer usualmente atende individualmente uma pessoa de cada
vez. Mas mesmo se tratando de um treinador personalizado, ele pode atender a
mais de um aluno, em grupos pequenos formados por afinidade, objetivos, gênero,
idade ou disponibilidade de horário. Existem, também, empresas
21
compostas por
equipes de treinadores contratados. Nesse caso, o aluno contrata a empresa e esta
empresa é que vai indicar um treinador que compõe a sua equipe para o trabalho
com este aluno.
Não limite de faixa etária para esta modalidade: crianças, adolescentes,
adultos e idosos fazem parte do público atendido pelo personal trainer. As aulas ou
treinamentos precisam ser flexibilizados e diversificados pelo personal trainer para
que estejam adequados às características de cada faixa etária, seus objetivos e
preferências.
A jornada de trabalho do treinador personalizado não é pré-determinada, seus
horários se modificam e se adaptam de acordo com as datas e os horários que o
aluno dispõe. Portanto, a jornada não tem horário fixo para iniciar ou terminar,
podendo se estender de segunda-feira até domingo e incluir férias e feriados
(RODRIGUES; CONTURSI, 1998). Domingues Filho (2006) comenta que os horários
mais procurados para o treinamento personalizado são pela manhã, das 06h às 10h,
e pela noite, das 18h às 22h.
20
Ginásio é a expressão usada para designar academia de ginástica em português de Portugal.
21
Disponível em: <www.equipecarlalubisco.com.br> Acesso em: 31 mai. 2009.
40
O personal trainer também não possui local fixo de trabalho, pois o que
determina a atividade a ser realizada não é o lugar onde acontecem as aulas, mas
as necessidades individuais de treinamento que cada aluno apresenta. Assim, ele
se desloca para atender o seu aluno na academia de ginástica e de musculação, no
ambiente de trabalho, na residência, no clube, no parque, na pista de corrida, ao ar
livre, em condomínios (NOVAES; VIANNA, 1998).
Alguns alunos possuem em suas residências o material necessário para o seu
treinamento, mas quando isso não acontece o personal trainer fica responsável pela
adequação do local e, para tanto, precisa dispor de uma série de equipamentos. A
bibliografia estudada aconselha a aquisição de equipamentos como: colchonetes,
halteres, caneleiras, extensores de borracha, step, bolas de diversos tamanhos,
bastões, arcos, apitos, cronômetros, monitor de freqüência cardíaca, aparelho de
pressão, palm top, adipômetro, balança, entre outros (BROOKS, 2008; BARBOSA,
2008; NOVAES; VIANNA, 1998).
Além do investimento que demanda a aquisição desse material, a
necessidade de transportá-lo até a residência do aluno. Porém, esse transporte
pode causar transtornos, como o desgaste físico do profissional. O’Brien (1999)
chama a atenção para o quanto é cansativo carregar uma bolsa pesada cheia de
equipamentos de casa em casa.
É comum, também, a improvisação do equipamento de acordo com a
criatividade do treinador personalizado, o local e os materiais encontrados no
ambiente do aluno. O personal trainer precisa planejar o treinamento de forma a
adequar o uso de materiais como: sofá, cama, cadeira, degrau, toalha, cabo de
vassoura, piscina ou banheira (DOMINGUES FILHO, 2006).
41
Assim, o treinador personalizado poderia ser pensado como uma “academia
ambulante”, pois oferece o transporte do material necessário para o treinamento
específico de cada aluno, a montagem desse material no local disponível, a
adequação desse material ao treinamento e a supervisão durante a execução dos
exercícios.
Quando o treinamento do aluno é realizado em academias de ginástica, a
necessidade de transportar equipamento extra é reduzida. Em contrapartida a essa
facilidade, as academias costumam cobrar taxas para o uso do local e dos
equipamentos. Essas taxas variam conforme o tamanho da academia, status e
localização, marca e qualidade do equipamento que oferece e número de alunos de
cada treinador personalizado. Brooks (2008) observa que não é difícil encontrar
academias que exigem o repasse de até 60% do valor que o personal trainer cobra
do aluno. Essa cobrança reduz os ganhos do personal trainer, que passa a precisar
captar um número maior de alunos, aumentando a sua carga de trabalho.
Nas academias também existe a necessidade de adaptar e modificar os
equipamentos disponíveis, moldando-os de acordo com as características do aluno,
altura, peso e particularidades do treinamento. Domingues Filho (2006) sugere que o
personal trainer use a criatividade e mescle as aulas com as novidades do mercado,
tais como: funk/street dance, bodypump, ciclismo indoor, aeroboxe, fitball,
circuito/interval training, gap, triathlon indoor, hidroginástica, hidrostep, hidrotraining,
cama elástica, remo estacionário, treinamento de força funcional entre outras.
Além de ser criativo, o planejamento das aulas precisa também ser maleável
de acordo com a vontade, disposição e humor do aluno, o que exige do personal
trainer constante modificação e remodelagem. Brooks (2008) pontua que o treinador
personalizado tem de conseguir se adaptar a diferentes personalidades e “precisa
42
ser um ‘camaleão’
22
para se comportar de acordo com o humor do cliente” (p. 206).
Esse autor também frisa que o treinamento personalizado é emocional e fisicamente
estressante para o personal trainer e dedica um capítulo do seu livro à discussão
sobre o esgotamento desse profissional.
As principais causas desse esgotamento estariam relacionadas às longas
horas de trabalho, à satisfação das necessidades dos clientes, à qualificação
deficiente para o atendimento de clientes específicos e ao excesso de trabalho
(BROOKS, 2008). O’Brien (1999, p. 10) frisa que “estressar-se é um risco real para o
personal trainere sugere o descanso em períodos regulares. Para Brooks (2008) a
estratégia para evitar sintomas de esgotamento, como exaustão física, falta de auto-
satisfação, desligamento e descontentamento com o trabalho, seria tentar manter
um equilíbrio entre a vida privada e a vida profissional.
Equilíbrio, adaptação, maleabilidade, modificação, remodelagem são
exigências de uma profissão que emerge em um momento histórico de mudanças
profundas na configuração do trabalho. No livro “O fim dos empregos”, Rifkin (2004)
proporciona uma idéia dessas mudanças radicais no cenário do mundo do trabalho:
Na Era Industrial, o trabalho humano massificado coexistia com as
máquinas para produzir bens e serviços. Na Era do Acesso,
máquinas inteligentes, na forma de programas de computador, da
robótica, da nanotecnologia e da biotecnologia, substituíram
rapidamente a mão-de-obra humana na agricultura, nas manufaturas
e nos setores de serviços (RIFKIN, 2004, p. XXV).
Essas mudanças estão afetando a absorção da mão-de-obra de massa, e
também da especializada, pelo mercado tradicional de trabalho. Novos moldes de
trabalho, diferentes dos modelos formais, passam a compor o mercado.
22
A palavra camaleão é usada para designar um réptil que tem capacidade de mudar de cor para se
adaptar ao ambiente ou um indivíduo que adapta sua opinião ou caráter conforme é conveniente aos
seus interesses ou ao momento. Disponível em: <http://pt.wiktionary.org/wiki/camale%C3%A3o
>.
Acesso em: 02 set. 2009.
43
O trabalho parece estar adquirindo novos significados e “não pode mais
oferecer o eixo seguro em torno do qual envolver e fixar autodefinições, identidades
e projetos de vida” (BAUMAN, 2001, p. 160). Assim, o trabalho deixa de ter
significado ético (ou nobre) tanto social quanto individual, para adquirir significação
estética e buscar a satisfação em si mesmo. O trabalho nos moldes da era industrial
está cedendo lugar à “força de trabalho flexível” (BAUMAN, 2005).
A flexibilidade parece ser um traço marcante do trabalho como treinador
personalizado. Para Bauman (2007, p. 124), “o lema do nosso tempo é ‘flexibilidade’:
todas as formas devem ser maleáveis, todas as condições, temporárias, todos os
formatos, passíveis de remodelagem”. A atividade profissional desenvolvida pelo
treinador personalizado não está localizada entre aquelas que seguem o molde de
trabalho formal, mas parece integrar um montante de “novos hábitos laborais com
ênfase nos contratos a curto prazo, na execução de projetos e na flexibilidade”
(SIBILIA, 2002, p. 37).
Assim, na atuação com o treinamento personalizado, ao contrário dos
modelos tradicionais de trabalho, não o estabelecimento de direitos trabalhistas
como: férias, décimo terceiro salário, fundo de garantia por tempo de serviço, aviso
prévio, licença gestante, aposentadoria, seguro desemprego, entre outros. O
personal trainer não possui vínculos empregatícios com seus empregadores/alunos.
A grande maioria das contratações é realizada de maneira informal, somente através
de uma combinação verbal entre aluno e treinador. Deste modo, as regras de
trabalho também são estipuladas de modo informal podendo ser modificadas a
qualquer momento e flexibilizadas de acordo com as necessidades do aluno, o que
confere a essa atividade um caráter de total instabilidade.
44
Bauman (2001) comenta que essa instabilidade está diretamente ligada à
flexibilidade:
“Flexibilidade” é o slogan do dia, e quando aplicado ao mercado de
trabalho augura um fim do “emprego como o conhecemos”,
anunciando em seu lugar o advento do trabalho por contratos de
curto prazo, ou sem contratos, posições sem cobertura
previdenciária, mas com cláusulas “até nova ordem”. A vida de
trabalho está saturada de incertezas (p. 169).
Flexibilidade, incerteza, instabilidade, informalidade são palavras atreladas a
uma atuação profissional que se apresenta como uma opção de melhor
remuneração na área da educação física. Barbosa (2008) considera o mercado de
trabalho para o personal trainer como positivo, promissor, bem remunerado, de boa
visibilidade e de status profissional, mas também menciona a instabilidade
profissional e a ausência de direitos trabalhistas como pontos negativos. Brooks
(2008) demonstra preocupação com a aposentadoria do treinador personalizado e
dedica o capítulo “Controlando suas finanças e seu futuro” do seu livro, para
apresentar alternativas de investimentos e planejamento financeiro para este
período.
Barbosa (2008) entende que o personal trainer é um profissional liberal e
exerce uma atividade com remuneração variável, por isso ressalta a importância de
uma administração financeira para equilibrar o orçamento nas épocas mais propícias
ao abandono dos clientes (períodos de instabilidade), como os meses das férias,
recessos escolares e festas de final de ano.
Assim, podemos pensar o treinador personalizado como um trabalhador
inserido no mercado de trabalho informal que, para Soares (2008, p. 140), não
compreende somente as “atividades de sobrevivência, como também os
trabalhadores autônomos, os empregados informais, os trabalhadores terceirizados,
os cooperados, aqueles que trabalham por conta própria, dentre outros”.
45
A bibliografia levantada no presente estudo demonstra preocupação com a
normalização deste “profissional por conta própria” e prescreve alguns modelos de
contratos, termos de compromisso e acordos de prestação de serviço para serem
utilizados no momento da contratação do personal trainer (BROOKS, 2008;
DOMINGUES FILHO, 2006; O’BRIEN, 1999; NOVAES; VIANNA, 1998; OLIVEIRA,
1999; RODRIGUES, 1996). Esses modelos prevêem cláusulas sobre: a duração do
contrato, a eventual desistência ou rescisão do contrato, os valores relativos ao
serviço oferecido, a forma de pagamento, os horários e dias da semana que serão
utilizados para as atividades e no que consiste o treinamento físico que está sendo
contratado.
Com o intuito de passar uma idéia de estabilidade, algumas bibliografias
indicam o registro em cartório destes contratos, com a assinatura reconhecida de
testemunhas idôneas (DOMINGUES FILHO, 2006; RODRIGUES, 1996; OLIVEIRA,
1999). Essa estabilidade, porém, parece continuar sendo ilusória na medida em que
são contratos realizados por determinado período de tempo, precisam ser
periodicamente reafirmados e são passíveis de desistência ou rescisão a qualquer
momento por parte do aluno.
Brooks (2008) também chama a atenção para o fato de que muitas pessoas
não se sentem à vontade para assinar contratos e que a maioria dos treinadores não
tem tempo nem dinheiro para levar adiante um processo jurídico por quebra de
acordo, portanto acredita que um forte relacionamento profissional representa ser
mais importante do que um contrato. Além disso, ao insistir no contrato, também
correria o risco de perder o cliente para outro treinador personalizado que não
exigisse assinar nenhum documento.
46
Barbosa (2008) sugere um “acordo de treinamento” realizado pelo treinador
personalizado em conjunto com o cliente, que estabeleceria as regras, os direitos e
deveres de ambos, as formas de atuação, os valores e os horários que mais
agradem ambas as partes.
Sanches (2006) aconselha ao treinador personalizado que sempre elabore
contrato por escrito com o aluno e sublinha que
[...] na hipótese do personal trainer celebrar contrato de prestação de
serviço escrito com o aluno/consumidor deverá respeitar os
princípios e as regras estabelecidas na Lei n. 8.078/1990 Código
de Defesa do Consumidor quando da relação das cláusulas
contratais (p. 18).
Essas preocupações parecem estar fundamentadas na falta de organização
dessa ocupação profissional
23
. Brooks (2008) refere que nos Estados Unidos o
personal training é uma profissão auto-regida, pois “qualquer pessoa pode afirmar
ser um personal trainer” (p. 34). Não existem regras quanto à qualificação, nem a
exigência de graduação. Para atuar como treinador personalizado basta adquirir
uma certificação através de diversos programas oferecidos por instituições como a
National Federation of Professional Trainers (NFPT
24
). Porém, é importante ressaltar
que a certificação não é legalmente obrigatória naquele país.
De acordo com O’Brien (1999) existem mais de 271 programas de certificação
no campo do condicionamento físico nos Estados Unidos, que apresentam
discrepâncias de acordo com suas exigências. Programas como o do American
College of Sports Medicine (ACSM) requerem passar num exame escrito e prático,
enquanto outros exigem “o pagamento de uma taxa (normalmente cara) e a
participação em um seminário de fim de semana” (O’BRIEN,1999, p. 12).
23
Na Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego, o personal trainer
está posicionado entre os “profissionais da Educação Física” como preparador físico. Disponível em:
<http://www.mtecbo.gov.br/busca/descricao.asp?codigo=2241
> Acesso em: 30 abr. 2009.
24
Disponível em: <http://www.nfpt.com> Acesso em: 30 abr. 2009.
47
O ACSM é uma organização mundial de medicina do esporte e ciência do
exercício que reúne membros de especialidades médicas, profissões relacionadas à
saúde e disciplinas científicas (ACSM, 2006). Essa organização foi fundada em 1954
e estabelece padrões sobre assuntos relacionados à saúde e ao condicionamento
físico, com base em pesquisas científicas (BROOKS, 2008), além de oferecer
certificação como personal trainer. O ACSM possui, inclusive, uma publicação
dirigida especificamente ao treinador personalizado: “Recursos do ACSM para o
Personal Trainer (ACSM, 2006), um manual de revisão dos conteúdos que são
exigidos para o exame de certificação oferecido por este órgão.
O’Brien (1999) pontua a importância de adquirir um certificado e ressalta
como razões principais o aumento da credibilidade profissional, a aprendizagem, a
obtenção de seguro de responsabilidade por intermédio da organização certificadora
e a possibilidade de receber indicações de médicos e outros profissionais da saúde.
Estar certificado por um programa como o ACSM distingue o personal trainer dos
seus concorrentes, pois para O’Brien (1999, p. 12) “nos Estados Unidos a
certificação do ACSM é o padrão de ouro nessa área”.
No Brasil é necessário obter a graduação em educação física, mais
especificamente o bacharelado
25
, para estar habilitado para atuar como treinador
personalizado. A graduação em educação física no Brasil recebe a tutela do Estado,
25
A Resolução de nº. 7 de 31 de março de 2004, publicada pelo Conselho Nacional de Educação
instituiu a divisão da formação do profissional em educação física no Brasil em licenciatura e
bacharelado. Disponível em:
<http://www.cmconsultoria.com.br/legislacao/resolucoes/2004/res_2004_0007_CNE_CES.pdf
>.
Acesso em: 04 jul. 2008. De acordo com o Guia Acadêmico da UFRGS de Licenciatura em Educação
Física (BRASIL, 2007a), a licenciatura objetiva a formação de professores de educação física para
atuarem na rede escolar formal, que compreende ao ensino infantil, fundamental e médio. O
bacharelado objetiva a formação de profissionais para atuação “nos campos de prevenção,
promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e reeducação
motora, do rendimento físico-desportivo, do lazer, recreativo e esportivo, além de outros campos que
oportunizem ou venham a oportunizar a prática destas atividades, em ambientes diferenciados da
rede escolar formal” (BRASIL, 2007b, p. 124). Por esta definição, sendo a atuação do treinador
personalizado desenvolvida “fora da escola”, a sua formação estaria localizada no bacharelado.
48
pois é certificada pelo Ministério da Educação (MEC) e é fiscalizada (pelo menos
assim prevê a legislação) pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e
seus representantes regionais, os CREFs
26
. Apenas os profissionais inscritos nos
Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs) podem trabalhar na área da
educação física
27
. Para a atuação como personal trainer esse credenciamento
também é exigido (SANCHES, 2006). Porém, a atuação desse órgão parece ser
muito mais corporativa, de reserva de mercado, do que pautada nas competências e
conhecimentos necessários para o exercício da profissão.
Domingues Filho (2006) descreve esses conhecimentos, citando em primeiro
lugar a formação em educação física, passando por especializações e estágios em
áreas como treinamento e
marketing desportivo, primeiros socorros, atividades
aquáticas, esportes coletivos e individuais, avaliação física, fisiologia do exercício,
além de cursos de línguas estrangeiras e informática e atualizações constantes em
palestras e congressos. Além do que foi citado, Oliveira (1999) inclui anatomia e
biomecânica do movimento, o que uma idéia de como o conhecimento do
treinador personalizado precisa ser abrangente.
A exigência de conhecimentos abrangentes e atualizados, criatividade,
flexibilidade, adaptação e equilíbrio pessoal/profissional aliados à instabilidade,
26
De acordo com a resolução CONFEF n° 156/2008, artigo 11: “O exercício da Profissão de
Educação Física, em todo território nacional, tanto na área privada, quanto na pública, e a
denominação de Profissional da Educação Física são privativos dos inscritos no CONFEF e
registrados no CREF, detentores de cédula de identidade profissional expedida pelo CREF
competente, que habilitará ao exercício profissional”. O CONFEF também confere habilitação àquelas
pessoas que não tem graduação, mas que até dia 1° de setembro de 1998 tenham exercido
comprovadamente atividades próprias dos profissionais de educação física. Disponível em:
<http://www.confef.org.br/extra/resolucoes/conteudo.asp?cd_resol=213
>. Acesso em: 01 jul. 2009.
27
Este tema desperta muita polêmica no âmbito da educação física e é objeto de ações judiciais e
denúncias contra o sistema CONFEF/CREF. Disponível em:
<http://www.app.com.br:80/portalapp/index_conteudo_destaque.php?id=%20984
>. Acesso em: 04 jul.
2009.
49
estresse, esgotamento e ausência de direitos trabalhistas, denotam a precarização
do trabalho como
personal trainer.
50
3. “MARKETIZAÇÃO”
No livro “A era do acesso” Rifkin (2001) aborda a mudança da era industrial,
centrada na produção, na troca e no acúmulo de bens, para a era do acesso, voltada
à economia da experiência, onde toda a atividade humana passa pela esfera
comercial. Esta nova economia caracteriza-se pelo controle de trocas de idéias, de
conceitos, de imagens e de experiências e traz novas implicações:
A mudança dos mercados para as redes e da propriedade para o
acesso, a marginalização da propriedade física e a ascendência da
propriedade intelectual, e a crescente transformação das relações
humanas em commodities lentamente estão nos fazendo sair de uma
era em que a troca de propriedade é a função crítica da economia e
entrar em um novo mundo em que a compra de experiências vividas
se torna a commodity
28
consumada (RIFKIN, 2001, p. 9).
O mercado de trabalho também parece sofrer transformações nessa nova
economia. Rifkin (2001) chama a atenção para o fato de que está ocorrendo uma
transformação da perspectiva de produção, que regia a era industrial, para uma
perspectiva de marketing que passa a imperar na era do acesso. Para Rifkin (2001,
p. 140) “o marketing é a maneira de o sistema capitalista traduzir normas culturais,
práticas e atividades em forma de commodity”. Nessa nova era a produção passa a
ser vista somente como uma função auxiliar de
marketing.
A era industrial fazia uso da força de trabalho braçal, da mão-de-obra operária
nas fábricas. Na era do acesso, o emprego é um privilégio das “subjetividades
equipadas com as qualidades voláteis mais cotadas no mercado de trabalho
contemporâneo, tais como criatividade, a inteligência e as habilidades
comunicativas” (SIBILIA, 2002, p. 169). Essas qualidades são estabelecidas por um
mercado de trabalho instável e volúvel, que exige a habilidade e a preocupação de
28
O dicionário eletrônico Houaiss (2001) incorporou a expressão commodity na língua portuguesa
significando qualquer bem em estado bruto destinado ao comércio externo, ou ainda, cada um dos
produtos primários (café, soja, petróleo etc.) produzidos em escala mundial e baseados em padrões
internacionais de produção e consumo.
51
estar sempre visando à atualização através da busca de novas informações.
Bauman (2001) comenta que, neste momento contemporâneo marcado por um
capitalismo leve e flutuante, o acesso à informação se tornou o direito humano mais
zelosamente defendido.
Novas tecnologias de informação e de comunicação parecem ter
incrementado o desenvolvimento do marketing a ponto de estar abrangendo toda a
experiência humana e de tornar todo indivíduo integrante de um mercado comercial.
Para Bauman (2005, p. 98) “todos estamos dentro e no mercado, ao mesmo tempo
clientes e mercadorias”. Porém, estar no mercado não parece ser uma posição pela
qual possamos ou não optar.
Neste sentido, Rifkin (2001, p. 92) comenta que “quando praticamente todo o
aspecto de nosso ser se torna uma atividade paga, a vida humana em si se torna o
melhor produto comercial, e a esfera comercial se torna o árbitro final de nossa
existência pessoal e coletiva”.
Bauman (2007, p. 116) vai ao encontro das idéias de Rifkin ao apontar que a
“difusão de padrões de consumo tão amplos a ponto de abraçar todos os aspectos e
atividades da vida pode ser um efeito colateral inesperado e não planejado da
ubíqua e inoportuna ‘marketização’ dos processos da vida”. Essa “marketização”
parece invadir até mesmo áreas da existência humana como as relações
interpessoais, oferecendo soluções para os problemas da vida sempre pautadas
pelo consumo de mercadorias.
Assim, tudo parece estar enquadrado como mercadoria a ser consumida.
Sibilia (2002, p. 172) destaca que “no mundo contemporâneo, a vida passou a ser
definida como um produto, como uma mercadoria, uma invenção humana”.
Mercadorias, produtos e serviços são imbuídos de valores condizentes com as
52
idéias as quais estão atrelados. Rifkin (2001) pontua que a capacidade de controlar
e vender idéias passou a ser entendida como a “expressão mais importante da nova
proeza comercial” (p. 45).
As empresas estão deixando de vender produtos para comercializar idéias, os
clientes passaram a comprar o acesso a essas idéias e às experiências relacionadas
a elas. As empresas do ramo automobilístico vendem a idéia de liberdade atrelada
aos seus carros, as construtoras do ramo imobiliário vendem a idéia de segurança
vinculada aos seus imóveis, as empresas do ramo da moda comercializam a idéia
de sucesso conectada aos seus produtos de vestuário e acessórios.
Neste sentido, o treinamento personalizado parece ser uma via de acesso à
idéia de qualidade de vida, de saúde, de perfeição corporal, de cuidado consigo
mesmo, de agilidade e leveza, de exclusividade, de diferenciação e de
individualização.
Rifkin (2001, p. 117) sublinha que “na Era do Acesso, compra-se acesso à
experiência vivida em si”. O personal trainer parece representar um canal de
conexão à experiência de ser cuidado individualmente por outro ser humano, de
receber atenção exclusiva e atendimento individualizado. A necessidade de um
atendimento exclusivo e individual, diferenciado do atendimento coletivo, parece
estar ligada ao processo contemporâneo de crescente individualização.
Para Bauman (2001, p. 40) a individualização consiste em “transformar a
‘identidade’ humana de um ‘dado’ em uma ‘tarefa’ e encarregar os atores da
responsabilidade de realizar essa tarefa e das conseqüências (assim como dos
efeitos colaterais) de sua realização”. O personal trainer parece ser um profissional
que emerge desse processo de individualização, ao menos a ponta mais visível do
processo de individualização do trabalho docente em educação física. Esse
53
profissional atende de forma personalizada o seu aluno, desenvolvendo programas
voltados as suas necessidades individuais e dedicando atenção exclusiva a ele.
O atendimento de um treinador personalizado se ajusta ao mesmo tempo em
que fortalece essa era de “individualização em excesso” (BAUMAN, 2005, p. 38),
onde a atenção e o cuidado humanos parecem ser cada vez mais raros e, em
conseqüência, muito cobiçados e valorizados comercialmente. Nessa era do acesso
“compramos cada vez mais o tempo dos outros, sua consideração e afeto, sua
simpatia e atenção” (RIFKIN, 2001, p. 8).
Este momento histórico, pautado pela perspectiva de marketing abarcando
todos os processos da vida humana, por uma crescente individualização, onde
“nossa vida comum está sendo inexoravelmente sugada pela vida comercial”
(RIFKIN, 2001, p. 197), parece ser o palco da emergência do personal trainer.
3.1. “Super Microempresa”
O personal trainer funciona, no entendimento de Rodrigues (1996), como uma
“super microempresa” que vende serviços de aptidão física e visa conquistar e
satisfazer o desejo do cliente, a fim de mantê-lo fiel à empresa. Essa super
microempresa
29
é constituída por uma pessoa, que precisa dar conta de sua
demanda profissional e se preocupar em demarcar seu território no mercado da
atividade física. Barbosa (2008) parece concordar com a idéia de Rodrigues (1996)
quando coloca:
29
O Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Lei 9.841, de 05 de outubro de
1999, Artigo 2°) considera microempresa a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver
receita bruta anual igual ou inferior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais).
Disponível em:
<http://www.camara.gov.br/internet/infdoc/Publicacoes/html/pdf/microempresa1.pdf>.
Acesso em: 08 jun. 2009.
54
Como uma empresa que comercializa um determinado produto, nós
comercializamos nossos serviços. que temos o produto e o preço,
precisamos determinar qual é o mercado que queremos atingir, além
da promoção, que é a estratégia para se chegar a esse consumidor
(p. 57).
De acordo com Sibilia (2002, p. 36), “enquanto os cidadãos do mundo
globalizado vão incorporando o papel de consumidores, a lógica da empresa passa
a permear a totalidade do corpo social, impondo o seu modelo a todas as
instituições”. Esse modelo empresarial parece ser absorvido pelo treinador
personalizado, que passa a concentrar todos os setores de uma empresa e a ser ele
próprio a empresa
30
, uma empresa móvel, leve, sem a solidez de paredes. Rifkin
(2001, p. 42) menciona que “o novo mercado do século XXI favorece as empresas
“mais leves”, onde o valor é medido em idéias em vez dos pesados ativos tangíveis”.
A bibliografia especializada sobre a temática personal trainer responsabiliza
este profissional pelo funcionamento integral da sua empresa. Neste sentido,
O’Brien (1999, p. 10) comenta que “quando você trabalha por conta própria, você
tem de ser uma série de profissionais ao mesmo tempo: gerente, contador e
secretário, assim como provedor de serviço”. Porém, Brooks (2008) chama a
atenção para o estresse que demanda exercer papéis demais.
Gerenciar a empresa personal trainer parece envolver diversas habilidades: a
identificação do público alvo, a captação de clientes, a venda do seu serviço, a
execução da prestação do serviço dirigida ao cliente que foi captado, a retenção e
fidelização desse cliente e a fixação da imagem da empresa personal trainer para se
manter no mercado competitivo da atividade física.
30
Sanches (2006) entende que, para fins jurídicos “o personal trainer não deve ser enquadrado como
empresário, mas sim como profissional liberal” (p. 52).
55
A bibliografia ressalta que o marketing é fundamental para a atuação do
treinador personalizado frente ao mercado. Para Guedes (1997, p. 7), “tudo o que se
faz para atrair e manter clientes (alunos), satisfazendo suas necessidades pode
chamar-se de ‘marketing’”.
Várias estratégias de
marketing são prescritas pela bibliografia com vistas ao
êxito nesta fabricação de clientes para a empresa
personal trainer, como estabelecer
parcerias ou consultores como: médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, massagistas,
academias, quiropratas, spas (RODRIGUES; CONTURSI, 1998; BROOKS, 2004),
mandar mensagens de felicitação em datas especiais para os clientes
(RODRIGUES; CONTURSI, 1998), fazer propaganda em todos os meios de
comunicação, criar o seu próprio slogan e o seu cartão de visitas, entre outras.
Sites
31
promocionais, malas diretas, cartazes, folders, slogans, propagandas
em vias públicas, em rádios e televisão, matérias em jornais e revistas de tiragem
diversa constituem-se em instrumentos de marketing indicados pela bibliografia para
a promoção do personal trainer (DOMINGUES FILHO, 2006).
A preocupação com o desenvolvimento de um relacionamento duradouro com
os clientes é também é marcante na bibliografia. Rifkin (2001) comenta que a nova
idéia em marketing é concentrar-se na participação do cliente e sublinha que “os
serviços estão sendo reinventados como relações multifacetadas de longo prazo
entre servidores e clientes” (p. 70). Esse autor explica ainda que, no lugar de vender
um produto de cada vez ao máximo de clientes possível, a idéia dos especialistas
em marketing é estabelecer um relacionamento de longo prazo com cada cliente.
31
Além da construção de um site exclusivo, o personal trainer pode optar pelo serviço especializado
de
sites que oferecem o agenciamento da imagem dos treinadores personalizados, como o site
“Sociedade Brasileira de Personal Trainers”. Disponível em: <www.sbpt.com.br> Acesso em: 06 mai.
2009.
56
A manutenção de relações de longo prazo, contínuas e permanentes, com o
cliente pode ser entendida como um objetivo do treinamento personalizado e se
concretiza na idéia de controle ou gerenciamento da vida desse cliente. Para Rifkin
(2001, p. 83) “o marketing torna-se a estrutura central da nova economia de rede, e
controlar o cliente passa a ser a meta da atividade comercial”. Portanto, a atuação
do personal trainer não parece se restringir somente ao treinamento físico do cliente
e seu exato momento de execução, mas à totalidade de seu cotidiano. Parece
incluir, também, a gerência da sua rotina diária, dos seus hábitos alimentares, dos
seus horários de sono, do seu vestuário.
Assim, o gerenciamento de clientes, a escolha de estratégias de marketing, a
captação e retenção de clientes e a competição com a concorrência parecem ser
atribuições desse profissional que emerge sob a ótica de um capitalismo voltado
para o consumo.
Nesse mercado, onde as opções de escolha dos consumidores aumentam à
medida que crescem as ofertas, a marca de uma empresa passa a ter maior
relevância do que seus próprios produtos. Uma marca forte parece agregar maior
valor aos produtos ou serviços oferecidos pelas empresas que os produzem. Rifkin
(2001) comenta que os ativos intangíveis das empresas os conceitos e os nomes
de marca têm mais valor que os ativos tangíveis, como a fábrica, as instalações, a
maquinaria e matérias primas.
Uma marca bem construída no mercado parece reunir a idéia de qualidade e
desempenho do produto, que é consumida em conjunto com esse produto ou até
mesmo antes dele. Bauman (2007) aponta que, para a lógica desse momento
contemporâneo, a marca e o logotipo afixados “são o valor, o valor de mercado, e
portanto o único valor que conta, valor em si” (p.82).
57
Assim, a empresa personal trainer também parece possuir sua marca, seu
ativo intangível, que é construída a partir do nome próprio do treinador
personalizado. Seu nome parece ser a sua marca identitária no mercado da vida
ativa (FRAGA, 2006) e está diretamente ligada à qualidade oferecida pelo seu
serviço. Para Kotler (2003, p. 120), “a marca precisa ter personalidade”. A
marca/nome parece diferenciar e personificar este profissional que negocia serviços
e se encontra envolvido em constantes oscilações de um mercado flutuante e
competitivo. Brooks (2000) orienta o treinador personalizado a se divulgar e comenta
que “desde o início você é o seu negócio e seu nome geralmente é o que você
vende” (p. 110).
Nesse sentido, o nome próprio do personal trainer poderia ser pensado como
o nome de marca da empresa personal trainer, pois, de acordo com Pinho (1996), a
American Marketing Association
32
estabeleceu em 1960 que nome de marca “é
aquela parte da marca que pode ser pronunciada, ou pronunciável” (p. 14). O nome
de marca difere do símbolo da marca ou logotipo que é definido, também segundo
Pinho (1996), pela American Marketing Association, como a “parte da marca que é
reconhecível, mas não é pronunciável” (p. 15). Logotipos com diversos desenhos e
formas que fazem referência à atividade física, à boa forma e à musculatura
hipertrofiada são utilizados por personal trainers que têm a preocupação de
distinguir-se visualmente de outros profissionais e fixar a sua marca (O’BRIEN, 1999;
BROOKS, 2008).
A marca poderia ser pensada, então, como um elemento de diferenciação
imprescindível devido ao aumento da oferta da concorrência e ao excesso de
escolhas, que transforma o mercado do personal trainer em uma disputa “palmo a
32
Disponível em: <http://www.marketingpower.com/Pages/default.aspx>. Acesso em: 03 jul. 2009.
58
palmo” (RODRIGUES, 1996). Para Rifkin (2001, p. 81) na era do acesso “a chave é
encontrar o mecanismo apropriado para manter o cliente para a vida toda”. A
fidelidade do cliente à marca do personal trainer pode garantir sua manutenção no
mercado e, para que isto ocorra, parece ser necessário que a promessa da marca
corresponda à experiência oferecida pelo serviço. Cada marca, cada
personal
trainer
, parece oferecer o acesso à experiência de um atendimento especializado,
individualizado, exclusivo e voltado ao perfil do seu cliente.
A bibliografia sobre treinamento personalizado oferece diversas noções de
marketing para promover o destaque e a visibilidade da marca. O corpo do treinador
personalizado pode ser pensado como um local de grande exposição e de
visibilidade para a marca da empresa personal trainer, portanto um local fértil para o
marketing. É um “corpo outdoor
33
” que está presente em todos os espaços de
trabalho do personal trainer, nas academias de ginástica, nos condomínios, nos
clubes, na rua, nas pistas de corrida e caminhada, tornando-se um veículo de
marketing de grande penetração. Mellucci (2004) aponta a força econômica que o
corpo representa ao enfatizar que “somos sufocados pelo corpo, porque hoje
servimo-nos dele para vender quase tudo” (p. 93).
O logotipo é estampado nesse corpo outdoor através de materiais de
promoção de marketing pessoal como camisetas e bonés. Esses e outros tantos
adereços parecem visar à identificação e à diferenciação dos profissionais que
concorrem no mercado do treinamento personalizado, na medida em que os
serviços oferecidos apresentam similaridades quanto ao preço, capacidade de
prestação de serviço e qualidade. No complexo enredo que envolve o treinador
personalizado, um corpo sem marca parece ser sinônimo de um profissional sem
33
Magalhães (2006) define outdoor como um “tipo de cartaz publicitário de grandes proporções, de
tamanho padronizado; meio de comunicação padronizado” (p. 380).
59
identidade ou de uma empresa sem visibilidade no mercado. Rodrigues e Contursi
(1998) comentam que o maior risco que um profissional pode correr é o de cair na
vala comum da “não-identidade”.
O corpo do personal trainer também poderia ser pensado como a sede da sua
empresa, que está em constante movimento e que personifica a imagem direta da
empresa, bem como a sua imagem de marca
34
. A preocupação com a promoção da
imagem do
personal trainer, portanto com a sua imagem de marca, é enfatizada pela
bibliografia analisada: “O importante é que o trabalho de imagem seja permanente e
incansável e que seu serviço, sua imagem sejam fixados na mente do consumidor”
(RODRIGUES; CONTURSI, 1998, p. 21). Rodrigues (1996) vai mais longe,
enfatizando que uma boa apresentação é um sinônimo de bom serviço na área do
fitness e acrescentando que “primeiro as pessoas compram a sua imagem, ou seja,
compram você, depois compram os seus serviços” (p. 14).
O aspecto corporal do treinador personalizado parece se tornar, então, um
espelho da competência desse profissional e uma exigência para a negociação
satisfatória dos serviços oferecidos pela empresa personal trainer. Deliberador
(1998) explica que elegância faz parte do marketing pessoal e ressalta: “nós, que
trabalhamos com o corpo, precisamos estar dentro dos padrões sociais e estéticos
vigentes” (p. 15). De acordo com essa idéia, um corpo fora” dos padrões, disforme
ou obeso, parece gerar uma imagem negativa do trabalho do personal trainer,
mesmo que ele seja um excelente profissional. Para Damico e Meyer (2006, p. 115)
“o corpo torna-se uma forma de distinção, um modo de classificar, de agrupar, de
entender, de incluir ou de excluir.
34
Imagem de marca, segundo Pinho (1996, p. 50) pode ser definida “como o conjunto de atributos e
associações que os consumidores reconhecem e conectam com o nome de marca”.
60
Para estar “dentro” o treinador personalizado precisa de um corpo
permanentemente jovem, magro, com musculatura definida, em boa forma. De
acordo com Bauman (2007), boa forma “é um certificado de ‘estar dentro’, de
pertencer, de inclusão, de direito de residência” (p. 123) ao mundo contemporâneo.
A manutenção da estética de um “corpo
outdoor” demanda preocupação, tempo e
energia na atribulada carga horária de trabalho desse profissional. É mais um ponto
de tensão e mais uma das tantas exigências para a atuação como treinador
personalizado.
Após o diálogo entre os autores que apóiam esse estudo e a bibliografia
sobre treinamento personalizado sobre as exigências e as características da
atuação como
personal trainer, o seu funcionamento como uma super microempresa
e o momento histórico no qual emerge, passo para o capítulo Como me vender com
sucesso. Esse capítulo compreende a análise de passagens retiradas da bibliografia
sobre treinamento personalizado, inspirada na perspectiva foucaultiana da análise
do discurso.
61
4. “COMO ME VENDER COM SUCESSO
35
O título acima foi inspirado em um capítulo de um livro sobre treinamento
personalizado, que se dedica ao desenvolvimento do
marketing pessoal e da
inteligência emocional do personal trainer, à criação de um diferencial no mercado
de trabalho, à conquista de clientes, às estratégias de divulgação, à vinculação com
centros de saúde e à ética relacionada com a concorrência. Este capítulo está
localizado entre tópicos sobre mercado de trabalho, evidências científicas
relacionadas ao treinamento personalizado, fidelização e aderência, entre outros,
que estão dispostos em posição anterior aos dedicados à prescrição e montagem de
sessões de treinamento físico. Realizei este movimento de localização da passagem
na bibliografia para o entendimento do conjunto de onde foi retirada, do que a
precede e o que a segue.
A frase “Como me vender com sucesso” bem poderia estar contida em
bibliografias de cursos de graduação em administração e marketing
36
, porém integra
a literatura especializada sobre personal trainer disponível em cursos de graduação
em educação física. Essa frase parece sintetizar a autopromoção do personal trainer
através do marketing pessoal e a relação de consumo entre cliente e profissional. Os
treinadores personalizados são colocados nas posições de vendedores e
mercadorias. “São, simultaneamente, o produto e seus agentes de marketing
(BAUMAN, 2008, p.13).
O fato de o treinador personalizado precisar “vender a si mesmo” denota que
conseguir clientes não é algo fácil. De acordo com a literatura analisada, parecem
existir muitas formas de se vender, mas a necessidade da venda está posta, é
indiscutível. Pôr-se à venda, simplesmente, não parece agregar sucesso, o sucesso
35
(BARBOSA, 2008).
36
(KOTLER, 2003, 2005), (MAGALHÂES, 2006), (MADRUGA, 2006), (PINHO, 1996).
62
depende da efetivação da compra. O vendedor de sucesso é aquele que fecha o
negócio com o comprador.
Consumo, comercialização e autopromoção através do marketing reaparecem
muitas vezes na bibliografia encontrada na revisão de literatura de formas distintas,
através de autores diferentes e de obras diversas sobre treinamento personalizado.
Repetidas vezes é reproduzida e, ao mesmo tempo, sofre transformações. São
“formas de aparição” do mesmo enunciado, pois para Foucault (1997, p. 32) o
enunciado “é único como todo acontecimento, mas está aberto à repetição, à
transformação, à reativação”. Uma dessas “formas de aparição” surge em uma das
passagens do livro de Brooks (2008):
A capacidade de atrair novos clientes é tão importante quanto manter
os antigos, porque as duas situações refletem quão bem você tem
divulgado a si mesmo e se seus negócios estão em progresso ou
estagnados (p. 109).
Essa passagem integra o capítulo “Atrair - e manter uma clientela” que está
localizado na parte 1 de um livro sobre treinamento personalizado, intitulada: “Como
começar, manter e desenvolver um negócio bem-sucedido de treinamento
personalizado”. Além do capítulo supracitado, a parte 1 está composta por:
“Começando e definindo seu negócio”, “Expandindo seus negócios”,
“Responsabilidades legais e profissionais”, entre outros. Esses capítulos são
anteriores aos capítulos sobre programas de treinamento.
Em “Atrair e manter uma clientela” o autor desenvolve a idéia da auto-
divulgação através de um plano de marketing. Para tal, sugere a criação de um
nome para a empresa do treinador personalizado, de um logotipo, de um website, de
pesquisa de marketing, de estratégias simples de marketing, de materiais
promocionais, entre outros. Divulgar a si mesmo através de estratégias de marketing
63
parece ser o ponto nevrálgico para progredir ou estagnar no mercado. A
responsabilidade pelo sucesso ou pelo fracasso profissional recai unicamente sobre
os ombros do personal trainer. Para Bauman (2001), a individualização
contemporânea “traz para um número sempre crescente de pessoas uma liberdade
sem precedentes de experimentar mas (...) traz junto a tarefa também sem
precedentes de enfrentar as conseqüências” (p. 47).
O sucesso na comercialização parece depender do emprego correto de
estratégias de marketing recomendadas pela literatura. O’Brien (1999) aconselha:
“você deve encarar a comercialização de seu negócio da mesma forma que encara
qualquer projeto importante, estabelecendo objetivos e traçando os passos para
atingi-los” (p. 23). Essa frase está situada no capítulo intitulado “O marketing de seu
negócio” que integra a parte I: “Estabelecendo-se no mundo do personal training”,
juntamente com: “Posicionamento inicial” e “Negócios e assuntos legais”. Esses
capítulos se localizam antes daqueles que tratam da elaboração de programas
individualizados, da condução do treinamento, do atendimento e da motivação do
cliente, de guias de treinamento, de formulários e testes, entre outros.
Em “O marketing de seu negócio” o autor prescreve formas de identificação
do mercado de atuação no qual vai se inserir o futuro treinador personalizado, do
perfil do seu cliente, estratégias de marketing, material de marketing e dicas sobre o
primeiro contato com o cliente.
A comercialização e a autopromoção ligada à imagem aparecem em
Domingues Filho (2006):
A longo prazo, o preço alto aliado com boa qualidade do serviço
personalizado favorece e reforça a imagem do
personal trainer bem
sucedido e competente, o que é fator positivo para a comercialização
do produto (
personal training) e da classe profissional (p. 39).
64
Essa passagem integra o terceiro capítulo de um manual sobre personal
trainer.
Ela aparece em uma subdivisão intitulada “Como e quanto cobrar”, onde o
autor comenta como estipular o valor da sessão de
personal training e como abordar
o cliente sobre esse assunto. Essa subdivisão está situada entre os seguintes
assuntos: “Deveres do cliente”, “Deveres do
personal trainer”, “Contratar um
personal trainer é um ótimo investimento pessoal?”, entre outros.
O preço alto cobrado pela sessão de treinamento personalizado parece estar
intimamente ligado à idéia de competência e de uma melhor comercialização do
produto personal training. Competência é entendida nessa dissertação como um
conceito “atrelado a uma visão de formação de capital humano eficiente para o
mercado” (GONZÁLEZ, 2005, p. 83).
O termo competência é também traduzido por David (2002, p. 124), “num
horizonte instrumental que se adequa à nova lógica do desenvolvimento capitalista
dentro de uma conformada educação técnica de resultados”. A idéia de competência
para comercializar o produto personal training parece estar ligada às qualidades
exigidas pelo mercado competitivo capitalista. Competência e eficiência para
encontrar soluções técnicas e rápidas para problemas que possam surgir, parecem
ser essas qualidades.
O preço alto cobrado pelo treinamento personalizado também parece estar
conectado à imagem de profissional bem sucedido. Um produto caro também tem
que ser melhor. que o produto oferecido é similar aos demais, o personal trainer
precisa apresentar diferenciais que agreguem qualidade. Conhecimentos ligados à
medicina, como fisiologia e informações sobre as últimas novidades do mercado da
atividade física são consumidos por este profissional para poder competir com a
concorrência.
65
Rodrigues (1996) pontua o quanto é forte essa concorrência: “o mercado de
personal training, hoje, está sendo disputado palmo a palmo” (RODRIGUES, 1996,
p. 13). Essa passagem compõe a subdivisão “Concorrência mais acirrada” do
capítulo “Profissional de
personal training do ano 2000”. Esse capítulo está
localizado entre os seguintes tópicos:
Marketing aplicado ao personal training” e “10
Mandamentos para o profissional de
personal training”, e está disposto
anteriormente aos tópicos sobre metodologia e prescrição de programas de
treinamento.
Em “Profissional de personal training do ano 2000”, o autor também faz
referência ao profissional de personal training no papel de empresa, à exigência dos
clientes, à reciclagem de conhecimentos, à negociação com o cliente, ao
atendimento, à imagem do profissional, entre outros aspectos. A ênfase na disputa
“palmo a palmo” com a concorrência parece demonstrar a dificuldade de se manter
em um mercado que se apresenta cada vez mais competitivo.
Esta é uma das bibliografias mais antigas sobre treinamento personalizado
encontrada na revisão de literatura realizada neste estudo. Em 1996, ano da
publicação desse livro, a linguagem empregada pelo autor estava impregnada
pela lógica empresarial e considerava o marketing como a grande alavanca desta
modalidade. Em 1996 o mercado do treinamento personalizado no Brasil contava
com poucos personal trainers, mas a concorrência aumentou na medida em que foi
sendo “popularizado”. O incremento da competição em um mercado desorganizado
pode gerar muitos problemas. No ímpeto de conseguir clientes, o personal trainer
corre o risco de aceitar um aluno sem ter formação específica
37
para atendê-lo.
37
Cito como exemplo os cuidados necessários para o treinamento específico de pessoas diabéticas.
Disponível em:
<http://www.efdeportes.com/efd114/treinamento-fisico-como-metodo-terapeutico-e-
controle-clinico-do-diabetes.htm>. Acesso em: 01 de julho de 2009.
66
O treinador personalizado pode ser legalmente culpabilizado por problemas
causados aos alunos. Sanches (2006) comenta as responsabilidades legais da
atuação como personal trainer e deixa claro o consumo estabelecido no treinamento
personalizado ao indicar “a aplicação do Código de Defesa do Consumidor na
relação jurídica estabelecida entre os alunos e o
personal trainer” (p. 59). Essa
passagem é uma subdivisão do capítulo “Da relação de consumo estabelecida com
o aluno”, que está localizado entre os seguintes assuntos: “Aplicação da constituição
na defesa do consumidor”, “Noções de responsabilidade civil aplicada ao
personal
trainer”, “Produção da prova no processo de indenização contra o personal trainer”,
entre outros.
O autor desta passagem não é profissional de educação física nem trabalha
com treinamento personalizado, sua área de atuação é o Direito. Ele dirige essa
bibliografia a personal trainers, estudantes de educação física, proprietários de
academias de ginástica, juízes, advogados e estudantes de direito.
Sanches (2006) salienta que o aluno que contrata os serviços do personal
trainer é um consumidor, pois entende que relação de consumo entre eles. Ele
ainda indica a utilização dos dispositivos do Código de Defesa do Consumidor para
o pedido de indenização por danos materiais, morais e estéticos sofridos pelo
aluno/consumidor em razão da conduta praticada pelo personal trainer. O mesmo
profissional que não tem direitos trabalhistas, possui obrigações e pode ser punido
judicialmente por seus erros.
Um cliente mal atendido também pode se transformar em uma fonte de
propaganda negativa. O bom atendimento, contudo, pode reforçar de forma positiva
a divulgação do treinador personalizado. Novaes e Vianna (1998) comentam
“lembre-se: a maior propaganda do seu trabalho é você mesmo, e a melhor forma de
67
divulgação são seus clientes” (p. 8). Essa frase está destacada em negrito e encerra
a subdivisão “Público alvo” do primeiro capítulo, intitulado
Personal training”, que
antecede aos temas: condicionamento físico, administração de aminoácidos,
termorregulação e psicofisiologia das emoções. No referido capítulo, o autor oferece
informações sobre tipos de cliente, perfil dos trainers (onde cita o marketing como
um dos conhecimentos necessários ao treinador personalizado), fatores
influenciadores ao atendimento do cliente, objetivos dos clientes, contrato de
prestação de serviços, avaliação física e anamnese, entre outros.
Estas são algumas das muitas “formas de aparição” da autopromoção e do
consumo na profissão
personal trainer, evidenciados na literatura analisada, e dos
novos usos que está sofrendo, pois os textos remetem uns aos outros, apesar de
serem de autores diferentes e de nacionalidades diversas.
O marketing não está preso somente aos textos das obras analisadas,
também aparece em outros lugares, de muitas formas. O que está nos materiais
está por que está circulando em toda parte. Os materiais, portanto, funcionam
como mais um ponto de emissão dessa rede discursiva. Estamos cercados pelo
marketing em constante multiplicação e em relação ao personal trainer não poderia
ser diferente.
Matérias em jornais e revistas especializadas em esporte
38
, saúde
39
,
estética
40
ou assuntos diversos
41
, artigos científicos
42
, cursos
43
, sites
44
promocionais,
38
Disponível em: <http://www.sulsports.com.br/>. Acesso em: 19 jun. 2009.
39
Disponível em: <http://saude.abril.com.br/edicoes/0269/corpo/conteudo_113858.shtml>. Acesso
em: 19 jun. 2009.
40
Disponível em: <http://boaforma.abril.com.br/edicoes/215/fechado/Fitness/conteudo_12.shtml>.
Acesso em: 19 jun. 2009.
41
Disponível em: <http://colunistas.ig.com.br/fitness/tag/revista-veja/>. Acesso em: 19 jun. 2009.
Disponível em:
<http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG78146-8055-479,00.html>.
Acesso em: 19 jun. 2009.
42
Além dos artigos localizados na garimpagem textual, cito Müller (2008) e Furlan, Rodrigues, Pires
(2009). Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd126/personal-trainer-e-seu-marketing-
pessoal.htm>. Acesso em: 19 jun. 2009.
68
outdoors diversos, academias de ginástica
45
, clínicas médicas, clubes, novelas,
filmes, telejornais, põem em funcionamento o
marketing ligado ao personal trainer.
Pensar no
marketing abarcando todos os processos da vida humana parece
ser uma pista para compreender a emergência de noções de marketing na
bibliografia dirigida à formação de treinadores personalizados.
Como me Vender com Sucesso parece carregar significações comuns a um
momento histórico marcado por uma “marketização” (BAUMAN, 2007), no qual cada
instituição e indivíduo se encontram encarcerados em uma “comercialidade
disseminada” (RIFKIN, 2001).
Neste mundo de veloz rotatividade, somente parece ser valorizado o produto
ao qual o marketing agrega características de novidade. O personal training emergiu
como um modismo impulsionado pela mídia e o marketing seria o modo de enraizar
o treinamento personalizado e remover seu caráter transitório. Nesse sentido, as
bibliografias poderiam ser pensadas como “manuais de sobrevivência” para esta
modalidade de fitness que utiliza o marketing para ganhar fôlego e continuar
existindo.
Podemos pensar que essa modalidade somente sobrevive através da
promoção do marketing, pois resistir em um mercado onde “a ‘síndrome consumista’
destronou a duração, promoveu a transitoriedade e colocou o valor da novidade
acima do valor da permanência” (BAUMAN, 2007, p. 83) transformou-se em uma
tarefa árdua, que exige constante mudança. Esta mudança não parece ocorrer
Disponível em: <http://www.ppg.uem.br/Docs/pes/eaic/XI_EAIC/trabalhos/arquivos/11-0956-0.pdf>.
Acesso em: 19 jun. 2009.
43
Disponível em: <http://www.ebah.com.br/curso-dinamico-de-marketing-em-personal-trainer-
e104.html>. Acesso em: 19 jun. 2009.
44
Disponível em: <http://personaltrainermarketing.316413.free-press-release.com/>. Acesso em: 19
jun. 2009.
45
O personal trainer é anunciado pelas academias de ginástica como um produto, junto a outros
como: musculação, ginástica localizada e dança, ou ainda como um serviço, ao lado de outros como:
avaliação física, acompanhamento nutricional, massagem terapêutica, etc. Disponível em:
<http://www.indicevirtual.com.br/Academias/itaimbibi/>. Acesso em: 01 de julho de 2009.
69
somente para conquistar novos espaços, mas principalmente para não perder o
espaço já adquirido para uma nova modalidade.
Porém, ao marketing não cabe somente preservar o caráter de novidade da
modalidade personal training, mas também conservar a parcela de mercado que
cada
personal trainer possui individualmente. O marketing entra como uma forma de
sobrevivência em um mercado de trabalho informal, pautado por instabilidade, falta
de direitos trabalhistas, inexistência de locais e horários fixos, estresse,
esgotamento, luta por espaço e necessidade de autopromoção. Através do
marketing, o treinador personalizado é continuamente reinventado, ressignificado,
repaginado e renovado para não cair em desuso, numa fuga ininterrupta da temida
obsolescência. Poderíamos pensar em personal trainers como
[...] corpos permanentemente ameaçados pela sombra da
obsolescência tanto a do seu
software mental como a do seu
hardware corporal e lançados, por isso, no turbilhão do upgrade
constante, intimados a maximizarem a sua flexibilidade e a sua
capacidade de reciclagem (SIBILIA, 2002, p. 207).
Flexibilidade necessária para modificar-se e adaptar-se às oscilações do
mercado de consumo e reciclagem incessante e imprescindível a cada nova
adequação. Vender-se com sucesso, promover a si mesmo, parece ser a única
forma de sobrevivência em um “mercado hipercompetitivo” (RIFKIN, 2001), onde o
marketing é a grande arma para derrotar a concorrência na disputa pelo cliente.
Poderíamos pensar, também, que essa idéia de autopromoção se deve ao
fato de a bibliografia estar inspirada no tipo de formação que ocorre nos EUA. Os
livros parecem seguir a linha da autoformação, utilizada pelos autores norte-
americanos, pois nos EUA o personal training é uma indústria auto-regulada”
(O’BRIEN, 1999, p. 11). Auto-regulada, sem contornos definidos, uma espécie de
“vale-tudo”.
70
A auto-regulação confere um caráter de desordem e de maior precariedade a
esta ocupação profissional. Apesar de não existir uma regulação formal do
personal
training
nos EUA, o mercado parece exercer essa função, ditando as regras e
estabelecendo quem se mantém e quem é descartado e substituído imediatamente.
Para Bauman (2007, p. 80) “um mercado de consumo propaga a circulação rápida, a
menor distância do uso ao detrito e ao depósito de lixo”. O personal trainer norte-
americano parece, então, utilizar a autoformação em
marketing para se manter
frente ao instável mercado do treinamento personalizado.
Apesar da formação em educação física ser necessária para atuar como
treinador personalizado no Brasil, parece que os princípios formadores estão mais
próximos dos preconizados pelos norte-americanos. As realidades são diferentes,
porém os encaminhamentos são similares. Tanto nas obras norte-americanas
quanto nas brasileiras, a ciência e seus princípios são evidenciados de forma
significativa. A obra de Brooks (2004) dedica duas grandes seções à ciência: “A
ciência por trás dos programas de exercícios” e “Unindo a ciência ao plano de
programa”, que juntas somam catorze capítulos. Esse mesmo autor frisa a
“necessidade de construir uma ponte entre a ciência e o indivíduo” (BROOKS, 2004,
p. 13). Rodrigues e Contursi (1998) comentam que ser um estudioso da ciência do
esporte é um dos pré-requisitos para se tornar um
personal trainer de sucesso.
Barbosa (2008) dedica um capítulo de sua obra às evidências científicas sobre o
treinamento personalizado. Deliberador (1998) destaca que o personal training
possui uma margem de segurança calcada em princípios científicos. Guiselini (2007)
ressalta que seu livro foi escrito fundamentado nos modernos conceitos de fisiologia,
biomecânica e treinamento esportivo. Novaes e Vianna (1998, p. 5) comentam que
“a organização, a avaliação, a prescrição e a orientação devem ser estruturadas
71
com base em princípios do treinamento desportivo, da biomecânica e da fisiologia do
exercício”.
O conhecimento científico prescrito pela bibliografia tem nas recomendações
do American College of Sports Medicine (ACSM) seu principal ponto de apoio. O
ACSM é exaustivamente citado na grande maioria das obras estudadas como uma
sólida referência científica, até mesmo por autores brasileiros (BARBOSA, 2008;
BRASS, 1995; BROOKS, 2000, 2004, 2008; DOMINGUES FILHO, 2006; GUEDES
JÚNIOR, 1997; GUISELINI, 2007; MONTEIRO, 1998; MONTEIRO, 2000; NOVAES;
VIANNA, 1998; O’BRIEN, 1999; OLIVEIRA, 1999; RODRIGUES, 1996).
O ACSM é o mesmo órgão que certifica o personal trainer norte-americano e
estabelece as recomendações científicas que pautam a literatura analisada. Para
obter a certificação, além dos conhecimentos científicos, esse profissional deve
compreender várias formas de organização e gerenciamento de um negócio, a
incidência de impostos, os riscos e responsabilidades financeiras (ACSM, 2006). A
bibliografia analisada neste estudo também parece seguir o modelo do ACSM no
que se refere ao entendimento do treinamento personalizado como um negócio.
Estar certificado pelo ACSM agrega status ao personal trainer norte-
americano, que usa a certificação como uma forma de autopromoção. Essa
certificação o diferencia dos demais e proporciona a possibilidade de ser indicado
por outros profissionais da área da saúde, o que põe em funcionamento a
“propaganda boca a boca” (O’BRIEN, 1999).
O ACSM permite que o treinador personalizado destaque a certificação no
texto do seu cartão de visitas comercial (ACSM, 2006), o que parece agregar muito
mais valor na promoção desse profissional. O’Brien (1999) considera que o cartão
de visitas é a peça de marketing mais importante na divulgação do personal trainer.
72
O status científico conferido pelo ACSM parece permitir que o treinador
personalizado possa se vender com sucesso.
73
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A discussão realizada no capítulo anterior mostrou ser possível pensar que o
enunciado
Como me Vender com Sucesso condensa quatro eixos de análise
heterogêneos que se entrecruzam: a “marketização” dos processos da vida, a
“individualização em excesso”, o modelo de autoformação norte-americano e a
precarização das condições de trabalho. Esses eixos aparecem na literatura sobre
treinamento personalizado diversas vezes, de formas distintas e se interconectam
em uma rede discursiva. Os diferentes textos que compõem essa literatura
convergem e compartilham idéias próprias desse momento contemporâneo pautado
pelo consumo acelerado e pela “marketização” de todos os processos da vida
humana.
O eixo “marketização” está expresso na idéia de comercialização que
perpassa o enunciado Como me vender com sucesso. As noções de marketing
preconizadas pela bibliografia analisada têm a finalidade de ampliar a capacidade de
comercialização tanto do produto personal training, quanto do profissional personal
trainer. Bauman (2008) aponta um momento contemporâneo no qual as posições de
produto e de promotor estão ocupadas simultaneamente, onde as pessoas “são ao
mesmo tempo, os promotores das mercadorias e as mercadorias que promovem” (p.
13). Essa comercialização perpassa inclusive as relações interpessoais e, no caso
específico desse estudo, nas relações estabelecidas entre personal trainer e
aluno/cliente.
Rifkin (2001) e Bauman (2007) proporcionam o entendimento crítico desse
momento histórico onde o marketing está abrangendo toda a experiência humana e
tornando todo e qualquer indivíduo integrante de um mercado comercial. As
verdades desse momento histórico parecem ser produzidas a partir de uma prática
74
discursiva que coloca o marketing em circulação e o multiplica em veloz rotatividade.
A literatura analisada e suas noções de
marketing parecem funcionar como pontos
de emissão dessa prática discursiva.
O eixo “marketização” se interconecta com o eixo individualização, na medida
em que o enunciado propõe a comercialização de si mesmo. O eixo individualização
está expresso, então, pela idéia de haver necessidade de autopromoção (de vender
a si mesmo), que a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso é inteiramente do
treinador personalizado. A bibliografia analisada sobre treinamento personalizado
parece deixar claro que cabe apenas a esse profissional a opção pelas formas mais
eficientes de se manter no mercado, o que envolve conhecer noções de
marketing e
colocá-las em prática. Em um primeiro momento isso pode parecer autonomia,
porém é uma espécie de solidão disfarçada. Somente o personal trainer pode ser
responsabilizado por suas más escolhas e compete unicamente a ele enfrentar as
conseqüências individualmente, pois um momento de vacilo ou hesitação pode
significar a perda de espaço no mercado de trabalho para a concorrência.
O processo contemporâneo de crescente individualização perpassa também
o trabalho realizado pelo personal trainer, que envolve um atendimento exclusivo e
individual voltado unicamente às necessidades do seu aluno/cliente. O personal
trainer parece ser o representante mais visível da “individualização em excesso” no
trabalho docente em educação física.
Os eixos individualização e “marketização” estão conectados ao eixo
autoformação pela idéia de haver uma necessidade de aprender por si mesmo a se
promover. O modelo de autoformação das obras norte-americanas é seguido pelas
bibliografias brasileiras. Essa autoformação é preconizada pelas obras norte-
americanas porque nos EUA nenhuma formação é exigida para atuar como personal
75
trainer. No Brasil a formação em educação física é necessária para essa atuação,
mas a literatura brasileira segue os princípios formadores do modelo norte-
americano, oferecendo noções de marketing e referenciando o ACSM como órgão
detentor dos conhecimentos científicos. O ACSM exerce poder de certificação e
influencia a bibliografia especializada em treinamento personalizado, que o
referencia incansavelmente.
A necessidade de referenciar excessivamente o ACSM e estar vinculado aos
conhecimentos produzidos pela medicina parece decorrer da falta de identidade da
educação física no Brasil. De acordo com Nunes e Fraga (2006, p. 300) a disputa
pela identidade da área gira em torno, basicamente, da grande área saúde, geralmente vista
numa perspectiva mais biomédica, e da grande área educação, vista numa perspectiva mais
sócio-cultural”. A tensão entre essas duas grandes áreas que envolvem a educação física
brasileira deixa lacunas na formação do treinador personalizado e promove a busca por
legitimidade através da aderência aos conhecimentos preconizados por órgãos
mundialmente reconhecidos, como o norte-americano ACSM.
Neste sentido, o selo do
ACSM também parece conferir legitimidade à literatura disponível sobre treinamento
personalizado.
A “marketização”, a individualização e a autoformação estão intimamente
ligadas ao eixo precarização, que está expresso pela idéia de que precisa ocorrer
sucesso na venda do treinamento personalizado, para compensar a falta condições
estáveis de trabalho. A instabilidade, a falta de direitos trabalhistas, a inexistência de
locais e horários fixos de trabalho, o estresse, o esgotamento, a luta por espaço no
mercado de trabalho e a necessidade de autopromoção pontuam a atuação deste
“profissional por conta própria” que funciona como uma “academia ambulante”. O
marketing entra como uma forma de sobrevivência em um mercado informal, instável
e volúvel, que exige a habilidade e a preocupação em buscar incessantemente a
76
atualização e manter o caráter de novidade. Um incansável upgrade torna-se
indispensável para evitar o descarte, pois “o espectro da pilha de lixo nunca está
distante” (BAUMAN, 2005, p. 99).
Parece ser possível pensar na “marketização” dos processos da vida, na
individualização, no modelo de autoformação norte-americano e na precarização das
condições de trabalho, como os elementos que permitiram a inserção do marketing
na literatura sobre personal training encontrada nas bibliotecas de cursos de
formação inicial em educação física.
Esses achados são um primeiro passo para maiores investimentos e
discussões sobre a formação do professor de educação física que atua como
treinador personalizado. Essa é uma temática que vem sendo pouco tratada dentro
da perspectiva teórica tratada neste estudo e ainda se apresenta insuficientemente
explorada em artigos científicos.
Personal trainer é uma ocupação profissional que
existe no Brasil quase duas décadas, no entanto ainda permanece pouco
problematizada, o que parece favorecer uma formação construída no modelo “faça
você mesmo”, apoiada em noções de marketing e pautada pelas exigências do
mercado de consumo em crescente expansão.
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