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P1= Dependendo da necessidade do aluno, né?! Depende da necessidade dele e da deficiência
que ele tem. Por exemplo, se ele é cego: a gente trabalha normalmente com a
dele, como se fosse em tinta. Só que para isso, ele tem de desenvolver alguns pré-
como motricidade, a lateralidade, o tato principalmente do aluno cego, né?! É tudo igual, como
se fosse uma criança normal, ele é uma criança normal
. Tanto que a gente sempre diz pros pais:
tem que deixar a criança trabalhar normalmente, brincar normalmente, como uma criança que
enxerga. Não pode dizer que só porque a criança é cega, tu vais deixar ela num quadradinho ou
num cercadinho para ela não ca
ir e não se machucar, não! As crianças que a gente diz normais,
elas caem, se machucam, quebram dente, enfim, cortam, se esfolam. Com as crianças cegas vai
acontecer a mesma coisa. Tu não podes discriminar a criança só porque ela é cega.
P2= Os recursos s
ão esses, assim... se for de baixa visão, a gente utiliza folhas ampliadas,
canetinhas mais fortes, aquelas de hidrocor, tem um lápis também que é forte... o 6B. A
borrachinha especial que eles usam também. Os cadernos mais fortes... Pra criança deficiente
visual não, já são umas folhas com uma textura mais grossinha, né?! Mais grossa, se bate em
braille, ela escreve na reglete, a gente… na verdade é isso. Na matemática temos o soroban.
Ah, nós temos os programas né?! Temos o dosvox, que é um bom programa q
joguinhos, que podem ler, podem
fazer leitura de textos. Pode escrever e escutar o que ele está
escrevendo.
P3= Olha, eu… atendo os DVs, mais cegos especificamente, né?! A gente faz o material, a
gente passa pro braille e tal e a gente faz o atendi
mento direto, né, auxiliando na questão da
organização deles. Em relação aos cadernos, assim... na questão de conteúdo, se ele teve
alguma dificuldade, quando a professora explicou na sala de aula... ensinando o braille, o
soroban. E também auxiliando o pr
ofessor na sala de aula, vendo com ele as dificuldades dele,
com o aluno... Nesse trabalho assim.
A partir dos recursos descritos, os professores comentaram sobre tais recursos e
se adaptam algum deles para trabalhar com seus alunos. O processo de adaptação é
permanente em uma sala de aula com alunos com necessidades educativas especiais,
porém essa atividade de adaptação deveria ocorrer em sala de aula também, feita pelo
professor. A sala de recursos seria como um suporte e não como a “fábrica” de materiais
adaptados ou materiais educacionais para DVs ou alunos com paralisia etc. A formação
do professor em sala de aula inclusiva deveria ser completa, sendo essa uma discussão
para outro momento.
P1= Depende da necessidade do aluno. Eu posso usar o soro
ban, eu posso usar a regléte. Eu
posso usar o material ampliado, se ele é baixa visão né?! Então tudo vai depender do que ele
precisa e do que o professor me passa, quando ele vem da sala. Ele vem da sala de aula, né?
P1= Ah sim, sempre que necessário eu
adapto. Agora mesmo, nós temos uma aluna aqui, a A.
Que ela tinha que fazer uns trabalhos de matemática e esses trabalhos envolviam figuras
geométricas. Então tinha que fazer pentágono, hexágono, octógono, aquelas... todas aquelas
figuras para que ela cons
eguisse visualizar no tato, né, porque ela não consegue ver. Pelo
menos pelo tato, ela não é cega total, ela consegue ver vultos, só. Ela não enxerga nada mais,
nada menos, a não ser vultos assim. Então ela se locomove pela escola normalmente, sem
bengala,
sem nada, mas ela não... não enxerga. Se tu deres um texto para ela, ela não lê. Ela