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causando, aos clientes, menos transtornos
22
.
Portanto o contexto social, econômico e cultural está proporcionando meios para que
nos tornemos indivíduos conectados. Isso muda não só práticas cotidianas, mas toda uma
geração, porque estão modificados o espaço
23
, o tempo
24
, a forma de se relacionar, pensar,
agir e estar no mundo. Segundo Martín-Barbero (2004, p. 261), “a singularidade do mundo
que habitamos passa pelos espaços virtuais que, em outros tempos, teciam os sonhos e as
representações, e agora tecem também as redes de comunicação. Redes que não são só
técnicas mas sociais”.
Assim, por serem sociais, as redes envolvem questões de poder e saber.
O que as redes põem, então, em circulação são, ao mesmo tempo, fluxos, de
informação e movimentos de integração à globalidade tecnoeconômica, a produção
de um tipo de espaço reticulado que debilita as fronteiras do nacional e do local ao
mesmo tempo em que converte esses territórios em pontos de acesso e transmissão,
de ativação e transformação do sentido de comunicar e de poder: tanto daquele que,
segundo Foucault, se exerce já não desde a verticalidade do trono, mas desde a
retícula cotidiana que ajusta os desejos, as expectativas e demandas dos cidadãos aos
regulados desfrutes do consumidor, como daquele outro que ao intensificar a
divisão/especialização/descentralização do trabalho intensifica a velocidade de
circulação do capital, do financeiro como do produtivo, das informações, das
mercadorias e dos valores. (idem, ibidem, p. 260).
Resumidamente, ao nos situarmos em uma sociedade política, neocapitalista,
constituída por indivíduos com diferentes interesses e posições, entende-se que “a
universalidade do ciberespaço não é neutra ou sem consequências, visto que o próprio fato do
processo de interconexão já tem, e terá ainda mais no futuro, imensas repercussões na
atividade econômica, política e cultural” (LÉVY, 1999, p. 111).
22 Um dos maiores problemas das empresas de telefonia e comunicação são os serviços de atendimentos ao
público por telefone. A demora no atendimento e a ineficiência do serviço são as grandes reclamações.
23
Para Castells (1999), o espaço da sociedade em rede é um espaço de fluxos, o qual configurou-se a partir do
paradigma informacional, superando o entendimento de espaço como lugar. Os fluxos de informação se
libertam da experiência incorporada em qualquer lugar. Qualquer pessoa, a qualquer tempo e de qualquer
lugar pode acessar o conteúdo disponível na rede. Ainda, para Martín-Barbero (2004, p. 260) “[...] um espaço
reticulado que debilita as fronteiras do nacional e do local [...]”.
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Assim como o espaço, o tempo atual, para Castells (1999) também é outro, é um tempo da simultaneidade e
da intemporalidade, que supera a lógica do tempo cronológico. Segundo o autor (ibdem, p. 556), “o tempo
intemporal, como chamo a temporalidade dominante de nossa sociedade, ocorre quando as características
de um dado contexto, ou seja, o paradigma informacional e a sociedade em rede, causam confusão sistêmica
na ordem sequencial dos fenômenos sucedidos naquele contexto”. Acrescento também o conceito de Martín-
Barbero (2004, p. 270): “Primeiro foi o tempo cíclico das origens, depois o linear da história cronológica,
agora entramos em um esférico que, ao desrealizar o espaço, liquida a memória, sua espessura geológica e
sua carga histórica”.