As análises do cariótipo possuem importantes aplicações e contribuem
para o entendimento da evolução e filogenia cromossômica, possibilitando a
realização de estudos citotaxonômicos, principalmente nos casos de espécies
crípticas e de complexos de espécies. Estas análises, se estendida a vários
exemplares coletados em diferentes localidades, e com o emprego de
diferentes técnicas de marcação cromossômica, podem caracterizar espécies
de forma mais completa, possibilitando entender a ocorrência de casos de
polimorfismos cromossômicos e diferentes citótipos restritos a uma dada
localidade (KASAHARA, 2009).
Hoje, as informações citogenéticas estão avaliadas para 475 espécies
de Characiformes, 318 de Siluriformes, 48 de Gymnotiformes, 199 de água
doce que não pertencem a super Ordem Ostariophysi, e 109 de peixes
marinhos (OLIVEIRA et al., 2009).
A evolução do cariótipo na família Characidae é caracterizada pela
redução no número cromossômico relativamente pouco frequente e inversões
que alteram a morfologia estrutural dos cariótipos (OLIVEIRA et al., 1988). Uma
diversidade significativa da composição morfológica dos cariótipos em função
dos valores diplóides relativamente estáveis confirmaria que a evolução
cromossômica em Characidae está ligada às inversões pericêntricas (FALCÃO;
BERTOLLO, 1985).
Dentro do gênero Astyanax, estudos citogenéticos comprovaram a
ocorrência de diferentes números diplóides em condições de alopatria
(MORELLI et al., 1983; PAGANELLI; MOREIRA-FILHO, 1986; BERTOLLO et
al., 1986; KANTEK et al., 2007).
Neste gênero, a espécie Astyanax scabripinnis, a mais estudada,
apresenta um alto grau de variação citogenética, mostrando uma grande
diversidade cromossômica. Esta espécie apresenta um número diplóide de
2n=46, 48 e 50, onde podem ser encontradas diversas formas de
cromossomos supranumerários, casos de triploidia natural, além de variações
no número e na morfologia cromossômicas (MOREIRA-FILHO et al., 1978;
MOREIRA-FILHO; BERTOLLO, 1991; SALVADOR; MOREIRA-FILHO, 1992;
SOUZA; MOREIRA-Filho, 1995; VICENTE et al., 1996; MIZOGUCHI;
MARTINS-SANTOS, 1997; MAISTRO et al., 1998; MIZOGUCHI; MARTINS-
SANTOS, 1998; MESTRINER et al., 2000; NÉO et al., 2000a; NÉO et al.,