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„tecnologias leves‟, que se pode transformar o modelo assistencial.
Nesse campo, incluem-se a valorização das necessidades de saúde, das
tensões, das ansiedades, perspectivas, cultura e modos de cuidar de si e
do outro.
Por essas questões, dentre outras, que o debate acerca dos limites
do modelo assistencial em saúde
tem crescido significativamente,
contribuindo para ampliar a compreensão da dinâmica do viver e sua
relação com o processo saúde-doença. As diversas discussões indicam
que as mudanças que acontecem no cenário econômico, social e político,
no mundo, são aspectos que influenciam a demanda por serviços de
saúde e devem ser considerados na atenção à saúde.
No Brasil, nos últimos vinte anos, a discussão sobre modelo
assistencial vem sendo destaque em diversas instâncias, como nas
Conferências Nacionais de Saúde, na formulação de Políticas Públicas
de Saúde, nas pesquisas e publicações sobre práticas assistenciais bem
como, na organização dos serviços de saúde (BRASIL, 1997, 2000,
2006a; 2006b; PAIM, 1999, 2003, MERHY, 1997, 2002; CAMPOS,
1994a).
Há um consenso, de que, apesar das contribuições de diversos
autores e atores acerca da temática e dos avanços legais com relação ao
sistema de saúde, a busca pela compreensão sobre um modelo
assistencial que atenda na prática, os princípios propostos pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), em 1990, permanece um desafio.
O modelo assistencial predominante nos serviços de saúde pauta-
se nas características da biomedicina. Em relação a este modelo, podem-
se apontar dois ângulos de debate que, ora se complementam, ora se
opõem. Por um lado, o debate está relacionado aos benefícios do modelo
em detrimento à utilização dos avanços da tecnologia em saúde, com
conseqüente melhora do diagnóstico, do tratamento e da cura de doenças
complexas, bem como do alívio do sofrimento da dor e do aumento da
expectativa de vida, entre outros. Por outro lado, existem diversas
críticas em relação aos limites deste modelo, no entendimento da
complexidade da vida humana, no modo de produzir as ações em saúde,
bem como nas formas de organização e gestão do trabalho e na
formação profissional (HELMAN, 2003; CAMPOS, 1994a, 1994b,
Há uma diversidade de denominações encontradas na literatura sobre a temática modelo
assistencial, tais como modelo de atenção à saúde, prestação da atenção à saúde, modos de
intervenção em saúde, modo de produzir saúde, modelos de cuidado, modelagem assistencial,
modelo tecno-assistencial ou técnico assistencial (MERHY, 1997, 2002; PAIM, 2003;
CAMPOS, 1994a, MALTA et al, 2005).