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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
AMANDA MOSER COELHO DA FONSECA AFONSO
COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE EQUINOS EM TREINAMENTO
SUBMETIDOS A TRÊS MANEJOS
CURITIBA
2010
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2
AMANDA MOSER COELHO DA FONSECA AFONSO
CURITIBA
2010
Dissertação apresentada, ao Curso de
Pós-
Graduação em Ciências Veterinárias,
Área de Produção Animal e Meio
Ambiente, Departamento de Zootecnia,
Setor de Ciências Agrárias, Universidade
Federal do Paraná, como parte das
exigências para obtenção do título de
Mestre em Ciências Veterinárias.
Orientador: Prof. Dr. João Ricardo Dittrich
Comi de Orientação: Prof. Dr. Paulo
Rossi, Prof. Dr
Rosângela Locatelli
Dittrich,
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4
DEDICATÓRIA
A minha família, em especial minha mãe e avó.
Aos meus amigos que de uma forma ou de outra
participaram da construção de deste sonho.
E aos equinos, pois sem eles nada disso seria
possível ou teria sentido.
“A compaixão para com os animais é uma das
mais nobres virtudes da natureza humana."
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e por conseguir realizar mais um grande desafio em
minha vida. Obrigada pela força e proteção. Obrigada meu anjo da guarda por
tudo, por me olhar nessas estradas, durante o experimento, sempre soube que
estava ao meu lado.
Agradeço a minha família que me apóia em todas as minhas decisões e
me ama incondicionalmente. Obrigada Mãe, Pai, Lina, Lauro (in
memorium) Tio César, Tio Lauro, Tia Nicky, Tia Rosa, Leandrinho e Glorinha,
primas e primos!
Aos animais, em especial os equinos, agradeço o simples fato de
existirem e a possibilidade pelo exercício da Medicina Veterinária de cuidar e
proteger esses seres divinos. Ao estudar as características e a índole dos
animais, encontrei um resultado humilhante para mim” (Mark Twain).
Agradeço a UFPR por ter me aceito no seu programa de pós-graduação e
assim viabilizado o meu trabalho, ao meu orientador Prof. Dr. João Ricardo
Dittrich pelo apoio, confiança e credibilidade depositados em mim. A CAPES por
ter fornecido uma bolsa de estudos essencial para a minha manutenção durante o
mestrado.
Agradeço a todos que participaram diretamente do meu mestrado como:
estagiários, mestrandos, professores, peões, técnicos e ao senhor Artur Fouquet
por disponibilizar o Haras Belchior para execução do experimento de mestrado.
Em especial gostaria de agradecer ao laboratório de Nutrição animal da UFPR e a
todos que trabalham nele (Prof. Alex, Marcelo, Cleuza, Aldo, Hair), a Maria Emilia
técnica do laboratório de Fitotecnia e a Maria José secretária do Programa de Pós
Graduação em Ciências Veterinárias.
Agradeço a todos meus amigos pela força e apoio na realização desse
sonho. Aqui em Curitiba meu anjos sem asas foram: Gabi, Dani, Leticia, Dé,
Sérgio, Fafá, Pati e família, muito obrigada por tudo! E os amigos de toda vida:
Gui, Dé, Spiga e Ká obrigada por existirem em minha vida!
6
RESUMO
Comumente equinos em treinamento são mantidos em confinamento e com
manejos que por vezes o respeitam a sua condição fisiológica de herbívoro e
nem de animal gregário. O objetivo deste trabalho foi contribuir com o
conhecimento sobre o comportamento alimentar de equinos sob diferentes
condições de alimentação volumosa em treinamento. O experimento foi composto
por três ensaios com duração de sete dias cada. O delineamento utilizado foi o
inteiramente casualizado, com três tratamentos, quatro repetições para as
avaliações de comportamento e a unidade experimental foi o animal. Nas
avaliações de consumo o mesmo delineamento foi realizado, porém com sete
repetições, cuja unidade experimental foi número de dias referente a cada ensaio.
Os manejos testados foram: P- estabulados individualmente com alimentação
volumosa picada; PI- estabulados individualmente com oferta de alimentação
volumosa picada e inteira; PPI- soltos em grupo com acesso a pastagem
enriquecida com a oferta de alimento volumoso picado e inteiro. Nos tratamentos
foi utilizado Pennisetum purpureum como alimento volumoso e tamm foi
disponibilizado concentrado apropriado. A amostragem focal foi a metodologia
usada para as variáveis comportamentais e mensurou-se o consumo diário de
capim elefante. A análise bromatológica da oferta e sobras de capim elefante foi
realizada para verificar a seletividade sob esta forragem exercida pelos equinos
nos diferentes tratamentos. A massa de forragem dispovel da pastagem foi
calculada pelo todo de rendimento comparativo e respectiva análise
bromatológica. O teste de Bartlett foi usado para verificar a homogeneidade das
variâncias, em seguida foi realizada análise de variância (ANOVA) e as médias
comparadas pelo Teste de Tukey com significância de 5%. Os animais com
acesso a pastagem apresentaram maior tempo gasto com comportamento
alimentar, e diferiram (P<0,05) dos estabulados para esta variável nos dois
primeiros ensaios experimentais. Toda vez que o ato de pastejo era possível essa
foi à atividade de alimentação mais executada, o que evidenciou a preferência
pelo consumo de pastagem. O capim ofertado na forma inteira proporcionou mais
desafios para os equinos, devido a sua estrutura, o que gerou maior variação nas
atividades alimentares, pom o resultou em ganhos no consumo (P>0,05). O
enriquecimento ambiental com a oferta da mesma forragem de diferentes formas
não foi o fator predisponente para maior motivação alimentar. Logo, conclui-se
que o ambiente de piquete, o convívio social e a possibilidade de pastejo é que
influenciam positivamente no comportamento ingestivo dos equinos.
Palavras-chave: Alimentação volumosa. Cavalo estabulado. Comportamento
alimentar. Enriquecimento ambiental. Treinamento.
7
FEEDING BEHAVIOR OF EQUINES IN TRAINING SUBMITTED TO THREE
MANAGEMENTS
ABSTRACT
Usually horses in training are kept in confinement and with managements that
sometimes do not respect their physiological condition of herbivore and not a
gregarious animal. The objective of this work was to contribute to the knowledge
about feeding behavior of horses under different feeding conditions of roughage in
training. The experiment was composed by three trials with duration of seven days
each. The design used was a completely randomized design, with three
treatments, four replications for behavior evaluation and the experimental unit was
the animal. In the evaluations of consumption the same desing was performed, but
with seven replications, whose experimental unit was the number of days of each
essay. The tested managements were: P individually stabled with supply of
chopped roughage; PI-individually stable with supply of chopped and whole
roughage supply; PPI- loose in group with access to pasture enriched with supply
of chopped and whole roughage. In the treatments were used Pennisetum
purpureum as roughage and was also provided appropriate concentrate. The focal
sampling methodology was used for the behavioral variables and it was measured
the daily intake of elephantgrass. The chemical analysis of supply and remains of
elephantgrass was performed to verify the selectivity under this forage by horses
in the different treatments. Herbage mass of pasture available was calculated by
the method of comparative yield and its chemical analysis. Bartlett test was used
to verify homogeneity of variances, was then performed analysis of variance
(ANOVA) and means compared by Tukey test at 5% of significance. Animals with
access to pasture showed had higher time spent on feeding behavior, and differed
(P <0.05) of the stabled in the first two experimental trials. Whenever the act of
grazing was possible this was the feeding activity most performed, which showed
the preference for pasture. The grass offered in the entire form provided more
challenges for horses, due to its structure, which led to greater variation in feeding
activities, but did not result in gains in consumption (P> 0.05). Environmental
enrichment by offering the same forage in different ways was not a predisposing
factor for increased food motivation. Therefore, it is conclude that the environment
of paddocks, social life and the possibility of grazing is positively influencing the
feeding behavior of horses.
Keywords: Enrichment environment. Feeding behavior. Forage. Stabled horse.
Training.
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Características de manejo alimentar e de enriquecimento
ambiental para os cavalos em treinamento.....................................
38
Tabela 2 -
Classificação de atividades comportamentais adaptada de HOUPT
(2005) e HELESKI et al (2002) utilizada na avaliação de equinos
em diferentes manejos alimentares, Gaspar-SC, no ano de
2009........................................................................................... 39
Tabela 3-
Tempo gasto em minutos durante o período de avaliação, nos três
ensaios experimentais, com comportamento de alimentão (CA).
41
Tabela 4 -
Percentual de cada atividade observada pertencente à categoria
comportamento de alimentação durante 24 horas, nos três ensaios
experimentais.....................................................................................
44
Tabela 5 -
Tempo gasto em minutos durante o período de avaliação, nos três
ensaios experimentais, com comportamentos eliminativos ou de
manutenção (EM)..............................................................................
45
Tabela 6 -
Percentual de cada atividade observada, pertencente à categoria
comportamento eliminativo ou de manutenção durante um período
de 24 horas, nos três ensaios experimentais......................
46
Tabela 7 -
Tempo gasto em minutos durante o período de avaliação, nos três
ensaios experimentais, com outras atividades de interação social
ou com o ambiente (OA)..................................................................
47
Tabela 8 -
Percentual de cada atividade observada, pertencente à categoria
outras atividades de interação social ou com ambiente, durante um
período de 24 horas, nos três ensaios experimentais................
48
Tabela 9 -
Médias e erro padrão da média (EPM) para a oferta em matéria
seca (MS) em kg/animal/dia de capim elefante (Pennisetum
purpureum) por animal.....................................................................
56
Tabela 10
-
Médias e erro padrão da média (EPM) para o consumo total diário
(kg de MS/dia) de capim elefante (Pennisetum purpureum) por
animal...............................................................................................
59
9
Tabela 11
-
Tempo gasto em horas durante o período de avaliação, nos três
ensaios experimentais, com comportamento de alimentão (CA).
60
4
Tabela 12
-
Tempo gasto em horas diárias de cada atividade observada
pertencente ao comportamento de alimentação dos equinos, nos
três ensaios experimentais...............................................................
60
Tabela 13
-
Médias e erro padrão da média (EPM) para o consumo diário (kg
de MS/dia) de capim elefante (Pennisetum purpureum) inteiro e
picado por animal nos tratamentos PI e PPI....................................
62
Tabela 14
-
Valores de energia metabolizável e proteína bruta estimados da
forragem (Pennisetum purpureum) ingerida e da dieta
total....................................................................................................
63
Tabela 15
-
Teor de matéria seca (%) e composição nutricional (% MS) das
amostras compostas da pastagem disponibilizada no tratamento
PPI, antes do início e após o término dos ensaios experimentais. 64
Tabela 16
-
Teor de matéria seca (%) e composição nutricional (% MS) da
oferta e das sobras de capim elefante (Pennisetum purpureum),
disponibilizado picado ou inteiro nos tratamentos no primeiro
ensaio experimental..........................................................................
66
Tabela 17
-
Teor de matéria seca (%) e composição nutricional (% MS) da
oferta e das sobras de capim elefante (Pennisetum purpureum),
disponibilizado picado ou inteiro nos tratamentos no segundo
ensaio experimental..........................................................................
67
Tabela 18
-
Teor de matéria seca (%) e composição nutricional (% MS) da
oferta e das sobras de capim elefante (Pennisetum purpureum),
disponibilizado picado ou inteiro nos tratamentos no terceiro
ensaio experimental.........................................................................
67
10
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ....................................................................................... 11
2. COMPORTAMENTO ALIMENTAR E O BEM-ESTAR DE EQUINOS
ESTABULADOS DESTINADOS A ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE LAZER ..... 13
2.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13
2.2. COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE EQUINOS SELVAGENS OU LIVRES
EM PASTAGENS .................................................................................................. 14
2.3. A DOMESTICAÇÃO E AS MUDAAS NA VIDA DOS EQUINOS ............ 17
2.4. COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE EQUINOS CONFINADOS ............. 18
2.5. COMPORTAMENTOS APICOS E ESTEREOTIPIAS EM EQUINOS ...... 21
2.6. BEM-ESTAR DE EQUINOS ESTABULADOS DESTINADOS A ATIVIDADES
ESPORTIVAS E DE LAZER ................................................................................. 23
2.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 26
2.8. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 27
3. COMPORTAMENTO NICTEMERAL DE EQUINOS EM TREINAMENTO E
SUBMETIDOS A DIFERENTES MANEJOS ALIMENTARES ............................... 33
3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 35
3.2. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 37
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 41
3.4. CONCLUSÃO ................................................................................................ 49
3.5. REFERÊNCIAS ............................................................................................. 50
4. ALIMENTÃO E COMPORTAMENTO INGESTIVO DE EQUINOS EM
TREINAMENTO SUBMETIDOS A TRÊS MANEJOS DE DIETA VOLUMOSA ..... 53
4.1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 55
4.2. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 56
4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 59
4.4. CONCLUSÃO ................................................................................................ 69
4.5. REFERÊNCIAS ............................................................................................. 70
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 73
APÊNDICES ......................................................................................................... 75
11
1. APRESENTAÇÃO
O confinamento de equinos é uma realidade cada vez mais presente na
vida de cavalos destinados ao esporte e lazer. E dificilmente este cenário
retornará a manejos com animais livres em pastagens, pois estes vivem em
jockeys, centros hípicos e ranchos, os quais geralmente não possuem espaços
para piquetes e pastos.
A alimentão destes animais submetidos a treinamento e em estábulos
sofreu uma série de alterações em relação à encontrada no ambiente natural dos
equinos. Isso levou a muitos criadores de cavalos de esporte e profissionais
atuantes na área manejarem esses animais como onívoros, esquecendo tratar-se
de herbívoros, particularmente monogástricos de ceco e cólon funcional. Tal
concepção promoveu na criação desta categoria de equinos inúmeros
transtornos, desde a incidência de distúrbios digestivos a a presença de
comportamentos anormais, que afetam diretamente a qualidade de vida desses
animais.
O alimento concentrado é, muitas vezes, fornecido de maneira
inadequada, sem respeitar a relação volumoso/concentrado necessária para o
bom funcionamento do organismo equino. Provavelmente, as razões para este
tipo de manejo utilizado sejam a falta de conhecimento de outros modelos
alimentares que possam suprir as necessidades nutricionais, comportamentais e
psicológicas destes animais.
O reconhecimento do comportamento natural dos equinos, e a
comparação destes padrões comportamentais com a realidade expressa por
cavalos em treinamento podem colaborar na construção de decisões mais
apropriadas na escolha do melhor manejo.
O objetivo desta dissertação foi avaliar o comportamento alimentar de
equinos em treinamento sob diferentes manejos e verificar as possíveis
influências destes manejos na alimentação volumosa e qualidade de vida destes
animais.
O capitulo I consiste nesta apresentação, o capitulo II inclui a Revisão de
Literatura sobre comportamento e bem-estar de cavalos estabulados de esporte e
lazer, com o intuito de mostrar os impactos que essa imposição de manejo exerce
12
na qualidade de vida desses animais.
O Capítulo III é intitulado “Comportamento nictemeral de equinos em
treinamento submetidos a três tipos de manejo” e objetivou avaliar o
comportamento e a influência no bem-estar animal de equinos em treinamento
submetidos a manejos com diferentes características de enriquecimento
ambiental.
O capitulo IV, intitulado: Alimentação e comportamento ingestivo de equinos
em treinamento sob três manejos, teve como objetivo verificar a influência de três
manejos no comportamento alimentar de equinos em treinamento, e os seus
reflexos nas características da alimentão volumosa.
Finalizando a dissertação, no Capítulo V são apresentadas as
“Considerações Finais”, em que os resultados obtidos são discutidos de forma
resumida, apresentando-se sugestões para pesquisas futuras.
13
2. COMPORTAMENTO ALIMENTAR E O BEM-ESTAR DE EQUINOS
ESTABULADOS DESTINADOS A ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE LAZER
2.1. INTRODUÇÃO
Os equinos convivem com o homem a cerca de 5.000 anos (LEVINE, 2005)
e com o advento da domesticação foi utilizado para diversas finalidades desde
alimento, meio de transporte, armas poderosas de guerra a instrumento
fundamental para o progresso da agricultura. Após a revolução industrial, com a
mecanização agrícola e o surgimento dos veículos automotores, as funções
destinadas aos cavalos foram perdendo a importância (KAGEYAMA et al. 1990),
mas a sua relação com seres humanos não.
Atualmente, ainda a maior parte da população equina brasileira tem suas
funções ligadas ao campo com o contingente de 5,9 milhões de equinos, dos
quais cinco milhões são utilizados para lida nas propriedades rurais,
principalmente do gado bovino. Os outros 900 mil cavalos, com maior valor
agregado, são representados por 23 associações de criadores das mais
diferentes raças. (CEPEA, 2006). Outra função econômica e social do cavalo
atual são suas atividades relacionadas ao esporte e lazer, nas quais sua relação
com o ser humano continua a ser um importantembolo de força, status, poder e
beleza. Os animais servem para evidenciar e regular atributos humanos, ou seja,
por intermédio dos animais, os homens conseguem mobilizar seu ”status” através
da hierarquia de prestígio social (BANDUCCI Jr., 1995)
A partir destas transformações, o espaço reservado para esse animal se
tornou cada vez menor e restrito, passando a viver confinado em pequenas baias,
o que levou a modificações no seu comportamento, diante da necessidade de
adaptação a essa nova situação. Consequentemente algumas características da
vida do cavalo selvagem estão ausentes na vida do cavalo estabulado, entre elas
a convivência com outros animais, o pastejo e muitas das atividades que estão
ligadas a vida livre (REZENDE et al., 2006 b).
Muitos criadores e profissionais atuantes na área manejam os cavalos
como onívoros, esquecendo tratar-se de herbívoros, particularmente
14
monogástricos de cólon e ceco funcional. Esta concepção promoveu na criação
desta espécie inúmeros transtornos, nos quais vão de sérios problemas digestivos
até disturbios de comportamento, afetando diretamente a qualidade de vida
desses animais nos mais diversos ambientes em que vivem, tais como: fazendas,
criatórios, centros de treinamento e outros tipos de instalações destinadas a
equinos de esporte e lazer (DITTRICH e CARVALHO, 2007). O alimento
concentrado é, na maioria dos casos, a principal fonte de ingestão de nutrientes
adotada. Provavelmente, as razões para este tipo de manejo utilizado sejam a
falta de conhecimento de outros modelos alimentares que possam suprir as
necessidades nutricionais, comportamentais e psicológicas destes animais. Com
o reconhecimento do comportamento natural dos equinos, decisões mais
apropriadas de manejo, em especial para cavalos estabulados e em treinamento,
podem minimizar importantes distúrbios clínicos e contribuir para o seu bem-estar.
Nesta revisão o enfoque principal es relacionado ao comportamento
alimentar dos equinos destinados a atividades esportivas e em confinamento
períodos prolongados e os possíveis impactos deste tipo de manejo no bem-estar
destes animais.
2.2. COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE EQUINOS SELVAGENS OU
LIVRES EM PASTAGENS
O conhecimento dos padrões de comportamento natural das populações
de cavalos selvagens ou domésticos livres em pastagens traz valorosos proveitos
para avalião do bem-estar de seus relativos que estão confinados (BOYD e
KEIPER, 2005). Muitas características comportamentais destes grupos de
equinos devem ser levadas em consideração na sua criação, tais como: a
organizão social e as interações de dominância, o território habitado pelo bando
e os hábitos e preferências alimentares.
Cavalos são herbívoros de ceco e cólon funcional e necessitam suprir
suas necessidades de fibra oriunda das forragens para o funcionamento
adequado de seu organismo, minimizando assim desordens clínicas como cólicas
e laminites (DAVIDSON e HARRIS, 2002; NRC, 2007). Como a digestão
fermentativa dos equinos é pós-ileal, diferentemente dos ruminantes, a estratégia
15
nutricional destes animais consistem em consumir suas necessidades de
forragem durante grande parte do dia, pois somente uma pequena fração, menos
de 30%, da energia disponível será aproveitada (HOUPT, 2005).
Em decorrência de características anatômicas e fisiológicas próprias dos
cavalos, estes apreendem menor quantidade de forragem por bocado, e a uma
menor velocidade. A formão de um bocado inclui o tempo destinado à procura,
localização, seleção e apreensão da forragem (NEWMAN et al.,1994). O bocado
pode ser definido como o ato de selecionar a forragem com auxílio dos lábios,
principalmente o superior, cortá-la com os dentes incisivos, mastigá-la e promover
a deglutição (ARNOLD e DUDZINSKI, 1978). Por conseguinte, a ingestão de
forragem é mais lenta que a de outros herbívoros, obrigando-os a dedicarem mais
tempo ao pastejo (ARNOLD e DUDZINSKI, 1978). Portanto, a taxa de
desaparecimento de forragem é maior quando consumida por equinos do que por
ruminantes, pois com o aumento tempo de pastejo consequentemente maior é o
pisoteio sob a pastagem.
Equinos em ambientes naturais gastam aproximadamente 60 a 70% do
tempo com pastejo e o restante com socialização e descanso ou ainda
movimentando-se a procura de novas áreas de pasto (DUNCAN, 1983). Tamm
o considerados pastejadores altamente seletivos, podem pastejar até chegar ao
vel do solo (NRC, 2007), causando uma considerável pressão de pastejo em
espécies de forrageiras com alta palatabilidade. Se sustentada uma situação de
forte preso de pastejo pode até levar ao desaparecimento das espécies
preferidas (ARCHER, 1973).
Estudos a respeito dos padrões de comportamento de equinos livres em
pastagens mostram que o tempo de pastejo encontrado foi de 10-18 horas por
dia, com duração de 2 a 3 horas por refeição, interrompidos por períodos de
descanso, locomoção e atividades sociais ou descanso (DUNCAN, 1980;
GALHAGER e MCMENNIMAN, 1989; MEYER, 1995; DITTRICH, 2001; GOMES,
2004; SANTOS et al., 2006; ZANINE et al., 2006). Diversos autores relatam que a
grande variabilidade encontrada no tempo de pastejo se deve principalmente às
condições ambientais, estrutura e qualidade da pastagem (GOMES, 2004;
DITTRICH et al., 2005, ZANINE et al., 2006). Em equinos selvagens foram
observados que durante o pastejo os animais realizavam de 30 a 50 bocados/
minuto (MAYES e DUNCAN, 1986). Porém, em animais de distintas raças, em
16
sistema de criação comercial em pastagens cultivadas tropicais e temperadas, a
variação foi de 18 a 26 bocados/ minuto. Esta variação esrelacionada com a
altura do pasto, onde menores alturas determinam mais bocados para uma
mesma ingestão, e à espécie forrageira, pois leguminosas e gramíneas
temperadas são mais facilmente colhidas proporcionando maior velocidade de
ingestão. Assim sendo, o tempo de pastejo e a velocidade de ingestão podem ser
considerados mecanismos compensatórios para ingestão de matéria seca e
totalmente dependentes das condições do ambiente e pastagem em questão
(HUGHES E GALLAGHER,1993;. GOMES, 2004; DITTRICH et al., 2005, ZANINE
et al., 2006).
MAYES & DUNCAN (1986) verificaram em equinos da raça Camargue
que maior frequência de pastejo durante o dia, cerca de 75% no período
diurno, e de 25% no período noturno. Entretanto, outros autores encontraram em
animais domésticos livres e selvagens, ativa ingestão de forragem nos períodos
noturnos. Os valores encontrados no tempo destinado ao comportamento
ingestivo, diurno e noturno, mostram pequenas flutuações referentes aos
indivíduos e às mudanças nas condições ambientais, sendo distinto somente
tempo de cada refeição que foi maior durante o dia (DITTRICH, 2001; GOMES,
2004; SANTOS et al., 2006).
O tempo de permanência dos equinos nas pastagens interfere no tempo
médio diário de pastejo. Éguas com acesso a pastagens durante 24 horas
pastejam por mais tempo, proporcionalmente, que éguas com acesso a pastagens
durante apenas 12 horas, sendo que este comportamento foi observado tanto
durante o dia quanto durante a noite (POND et al. 1993). Nota-se tamm que
cavalos adultos têm aversão por pastagens contaminadas por fezes, deixando a
pastagem em forma de mosaico (DITTRICH et al., 2007a). Nesse processo, as
áreas menos atraentes são menos exploradas e uma condição de mosaico
heterogêneo, formado por regiões com forragem alta e forragem baixa, se
estabelece. Fato este, normalmente relacionado a maiores perdas de forragem no
pastejo (HODGSON, 1990).
Cavalos acostumam-se com os sabores e texturas dos alimentos que lhe
o oferecidos durante o crescimento, portanto é um comportamento associativo
de aprendizado materno-filial (CYMBALUK, 1983) a aversão a sabores também
se enquadra nesse perfil.
17
Outros fatores como sexo, idade e manejo tamm influem no tempo de
pastejo. Deste modo, garanhões pastam por períodos menores que éguas, como
potros pastam menos que cavalos adultos (CROWELL-DAVIS et al., 1985,
ZANINE et al, 2006). Além disso, cavalos sozinhos pastaram por menores
períodos quando comparados com animais em grupo (KUSONOSE, et al., 1986).
Considerando que as atividades dos animais são excludentes, alterações
no tempo de pastejo levam a alterações nas demais variáveis componentes do
comportamento natural do equinos, como o descanso, atividades sociais, entre
outros (CARVALHO et al. 2001). A avaliação e observação do comportamento de
maneira geral trazem informações relevantes sobre as condições de vida dos
animais, sendo esta uma das maneiras de se avaliar o bem-estar de um animal.
Isto quando os padrões de comportamento e o tempo destinado a eles são
comparados entre as condições dos animais domésticos e os membros selvagens
da mesma escie (HOUPT, 2005).
Deste modo, animais com acesso livre a pastagens desempenham melhor
os seus comportamentos naturais, porém exige extensões de terra consideveis,
o que torna muitas vezes este sistema de criação invvel para muitos
proprietários (THORNE et al, 2005).
Logo, o comportamento alimentar dos equinos demonstra ser um
importante indicativo da expressão do comportamento natural. Isto porque, as
atividades relacionadas à alimentação ocupam grande parte do tempo diário do
cavalo devido às particularidades de sua fisiologia digestiva.
2.3. A DOMESTICAÇÃO E AS MUDANÇAS NA VIDA DOS EQUINOS
A evolução dos equinos iniciou-se 65 milhões de anos, e a sua
sobrevivência dependeu dos padrões de comportamento adaptativo que
permitiram a exploração de diversos habitats, garantindo o sucesso de sua prole e
a fuga de predadores (GOODWIN, 2002). A domesticação é um evento
relativamente recente na história evolutiva dos equinos, sendo que os achados
arqueológicos sugerem que processo iniciou-se cerca de 5000 anos (LEVINE,
2005). Mesmo assim, observaram-se pequenas mudanças no comportamento
natural de equinos desde a domesticação, pois se nota que muitas populações de
18
cavalos ferais m se desenvolvido com sucesso pelo mundo (GOODWIN, 2002),
portanto, essas populações podem ser usadas como referencias sobre os mais
diversos tipos de comportamento dos equinos domésticos.
A domesticão dos cavalos criou uma série de situações nas quais o
bem-estar dos animais foi reduzido e os transtornos comportamentais, as injúrias
físicas e o aparecimento de estereótipos ficaram cada vez mais frequentes
(JULIANO et al., 2009). No entanto, muitos benefícios vieram junto com a
domesticação, incluindo o fornecimento de alimento, abrigo e proteção do ataque
de predadores. Entretanto, os custos desses benefícios foram altos, dentre eles
as restrições de movimento e interação social muito comum em sistemas de
criação intensiva de equinos. Muitos aspectos da domesticação afetam
diretamente a expressão do comportamento natural dos equinos,
consequentemente o grau de bem-estar se torna mais baixo devido à frustração
pela impossibilidade e alta motivação para expressar os seus padrões
comportamentais.
No processo de domesticação, o ser humano interferiu no hábito alimentar
dos equinos limitando as fontes disponíveis de alimento (DAVIDSON e HARRIS,
2002; ZANINE et. al, 2006). Cuidados com a nutrição, sanidade, instalações,
equipamentos, trabalho e transporte, são fundamentais para um manejo
adequado dos animais, minimizando os fatores que interferem no seu bem-estar.
As pessoas envolvidas diretamente com os animais devem estar tecnicamente
preparadas para identificar e sanar as condições desfavoráveis (HAUSBERGE et
al.,2008).
2.4. COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE EQUINOS CONFINADOS
O manejo alimentar de cavalos estabulados, que em geral recebe grandes
quantidades de alimento concentrado, tem uma importante influência sobre o seu
comportamento geral e mais especificamente sobre o alimentar. JOHNSON et al.
(1998) observaram que uma proporção alta de concentrado na dieta de equinos
confinados aumentou a incidência de distúrbios orais de comportamento, tais
como morder grade/muro, lamber cocho/grade e comer cama. Ao comparar
equinos alimentados com concentrado a equinos alimentados com feno,
19
WILLARD et al., (1977) constatou que estes passaram mais tempo comendo,
acarretando menos tempo ocioso para adquirir distúrbios no comportamento.
Portanto, se a quantidade oferecida de fibras aos animais é insuficiente, os
indicadores de saciedade podem não ser ativados, deixando os cavalos com uma
alta motivação alimentar (McGREEVY et al., 1995). Na nutrição de equinos é
comum encontrar citações de que os cavalos se alimentam para encontrar seus
requerimentos de energia. Entretanto, esta máxima não está correta em sua
totalidade, pois se deve levar em consideração a composição nutricional da dieta
e a sua palatabilidade (GOODWIN et al., 2005; NRC, 2007). Segundo LAUT et al.
(1985), em um experimento com pôneis com dietas peletizadas e com a energia
contida diluída pela adição de material fibroso de baixa ou nenhuma
digestibilidade, tiveram um incremento na ingestão diária e por meio disso
mantiveram a ingestão de energia até que toda a capacidade intestinal estivesse
preenchida, limitando assim a ingestão. Sugerindo assim que os equinos
realmente buscam os seus requerimentos de energia. Contudo, a capacidade de
ingestão pode ser enormemente distorcida pela palatabilidade e composição da
dieta. O abuso de alimentos altamente palatáveis pode causar transtornos à
saúde animal comolicas e laminites (NRC, 2007).
Padrões de ingestão e ganho de peso sazonais contrastantes
(FITZGERALD e MCMANUS, 2000), tamm demonstraram que o requerimento
de energia não é o único fator determinante para ingestão. DULPHY et al.,
(1997ª; 1997
b
) fez um sumario baseado em 42 artigos publicados no INRA e
encontrou uma considerável variação na ingestão voluntária de fenos pelos
equinos. Portanto, dietas pobres em fibras estão relacionadas com
comportamentos estereotípicos e problemas de saúde incluindo ulcerações
gástricas, cólicas por impactação e laminites (DAVIDSON E HARRIS, 2002;
MILLS, 2005; NRC, 2007). Estas consequências sobre a saúde mental e física
dos animais, associadas à forma de fornecimento da forragem, são de grande
importância no estudo do comportamento de equinos.
Equinos estabulados passam maior parte do tempo parados e
desenvolvendo distúrbios de comportamento, com pequena parte do tempo se
alimentando ou se distraindo. GOLOUBEFF (1993) relatou que equinos
estabulados 24 horas por dia com exceção dos momentos em que está ligado a
atividades de treinamento, com oferta restrita de fibra, onde o único contato visual
20
é através das portas das baias, passam 15% de seu tempo comendo, 65% em pé,
15% deitados e 5% realizando outras atividades. Segundo REZENDE et al (2006
a), em estudos com as raças Bretã e Percheron em regime de confinamento,estes
passaram cerca 89% de seu tempo em pé dentro da baia, de 1,3% a 4,0%
deitados, e gastaram apenas de 6,8% a 9,1% com comportamento alimentar ,
sendo maior o tempo despendido (12,8% a 16,9%) com distúrbios de
comportamento. Em outro estudo sobre comportamento realizado com os animais
do exército brasileiro, sediado em Brasília, foram avaliadas quatro raças (PSI, BH,
Lusitano e Mestiço), todos em treinamento, foram encontrados os seguintes
dados: os equinos passaram a maior parte do tempo diário (65% a 73%) em pé
dentro da baia, em atividades relacionadas à alimentão gastaram apenas de
8% a 14% das horas do dia e deitado de 1% a 9%. Novamente o tempo diário
despendido com de distúrbios de comportamento (6% a 18%) foi similar ou
superior ao tempo de alimentação (REZENDE et al. 2006 b), assim como no
estudo anteriormente citado. Portanto, é evidente a brusca mudança de
comportamento imposta pelo confinamento, quando comparada com cavalos
selvagens que despendem aproximadamente 60% de seu tempo comendo, 20%
em, 10% deitados e 10% realizando outras atividades (DUNCAN, 1980).
Algumas variáveis que interferem na composição de condições que
possibilitem a melhor qualidade de vida do animal estabulado podem ser citadas.
Dentre elas, a área total da cocheira, área específica de cada baia, sistema de
ventilação, tipo de piso, direção adotada na construção da cocheira como um todo
em relação à órbita solar, exposição maior ou menor ao sol, devido à proximidade
ou o de arborização, iluminação, tipo de material utilizado para a construção
(ROBINSON, 1992). Todas essas medidas relacionadas à ambiência em conjunto
com um manejo alimentar adequado podem favorecer a qualidade de vida de
equinos em ambientes confinados. Entretanto, a utilizão das pastagens, como
alimento e fonte de nutrientes para os equinos, traz benefícios para os animais,
em razão das características anatômicas, fisiológicas e comportamentais desta
espécie (DITTRICH et al., 2007b).
21
2.5. COMPORTAMENTOS ATÍPICOS E ESTEREOTIPIAS EM EQUINOS
Alguns comportamentos atípicos são encontrados entre os equinos, assim
como, a coprofagia, a geofagia e comer pedaços de cascas de árvore, cercas,
cama da baia e etc. A coprofagia pode ser considerada normal em potros,
principalmente na fase de colonização da flora bacteriana que habita naturalmente
o seu trato gastrointestinal (NRC, 2007). Entretanto, quando esse comportamento
se apresenta em animais adultos sugere-se a investigação de possíveis
deficiências nutricionais , como, por exemplo, a deficiência de fibra na dieta. A
geofagia é comum tanto em cavalos selvagens como em domesticados,
entretanto as causas que levam a esse comportamento não foram muito
pesquisadas (NRC, 2007). O ato de comer casca de arvores, madeira de cercas,
portas e madeira em geral não é comum em cavalos selvagens, porém em
animais Puro Sangue Ings, cerca de um terço chega apresentar esse tipo de
comportamento, sendo que a incidência em potros é alta (em média 30%) e em
adultos estabulados ou a campo é baixa (5-8%) (WATERS et al., 2002). As
possíveis causas desse comportamento são: clima severo, limitão de alimento,
baixa quantidade de fibra na dieta, confinamento e estresse pós-desmame
(BOYD, 1991; JOHNSON et al., 1998; WATERS et al., 2002).
As estereotipias são definidas como comportamentos repetitivos que o
apresentam função. Assim, morder baia, engolir ar, movimento de cavar o solo,
chutar a porta da baia e outros são considerados comportamentos estereotípicos.
Evidências recentes sugerem que esses comportamentos em equinos são
respostas ao ambiente de cocheiras, associado ao manejo e predisposição
individual (MILLS, 2005).
Segundo CARVALHO (2005) a frustração ocorre quando o animal deseja
interagir com o seu ambiente e enfrentar as dificuldades, mas por algum motivo
es impedido. O comportamento anômalo é o redirecionamento de um
comportamento que o animal tem alta motivação para realizar, mas cujo
desencadeamento esimpedido pelo ambiente (MACHADO FILHO e HOTZEL,
2009). Portanto, as estereotipias estão diretamente relacionadas com o estado
emocional de tédio e frustração, podendo variar o seu aparecimento e intensidade
conforme o individuo (MILLS, 2005). Quando a motivação é alta e o estímulo
desencadeador não está presente pode ocorrer a "atividade vácuo", ou seja, o
22
comportamento é realizado na ausência do estímulo (MACHADO FILHO e
HOTZEL, 2009).
A hipótese de que as estereotipias são indicadores de deficiências
ambientais e de baixo grau de bem-estar têm sido amplamente discutida. Fortes
evidências apontam a relação entre fatores de manejo, baixa quantidade de fibra
na dieta, facilidade de consumo de alimentos concentrados e isolamento social
com o comportamento estereotípico em cavalos estabulados (McGREEVY et al,
1995; COOPER et al, 2000; GOODWIN et al., 2007). Segundo BROOM e
JOHNSON (1993) afirmam que a presença de estereotipias é sinal de baixo grau
de bem-estar, e quanto mais tempo da vida do animal for gasto expressando
comportamentos anormais pior é o seu grau de bem-estar.
McGREEVY e NICOL (1998) encontraram uma direta relação entre
comportamento estereotípico e estresse fisiológico em cavalos estabulados. Ao
remover superfícies que os animais poderiam mordiscar compulsivamente, as
mensurações relacionadas ao distresse se elevaram. Esse tipo de achado sugere
que as estereotipias são comportamentos de desvio aos desafios restritivos que o
ambiente de confinamento impõe, e que não podem ser contidos simplesmente
retirando ou impedindo a causa de maneira física (COOPER e ALBENTOSA,
2005). No entanto, alternativas o impactantes a qualidade de vida dos equinos
estabulados podem ser adotadas, como o enriquecimento através do estimulo de
forrageamento, manejos que preconizem a interação social com outros cavalos e
tratamentos mais amiveis entre humanos e os equinos (WINSKILL et al ,1996;
COOPER et al, 2000, GOODWIN, 2002; THORNE et al., 2005; GOODWIN, 2007).
Estudos de comportamento, compilados em revisão de literatura pelo
NRC (2007), apresentaram uma interessante relação entre a presença de
estereotipias e distúrbios no comportamento alimentar de equinos levando a crer
que quando um comportamento alimentar apresenta-se normal provavelmente a
qualidade de vida deste cavalo deve estar num nível elevado.
23
2.6. BEM-ESTAR DE EQUINOS ESTABULADOS DESTINADOS A
ATIVIDADES ESPORTIVAS E DE LAZER
No Reino Unido, em 1822 havia uma legislação, denominada Martin’s Act,
que impedia a crueldade aos animais de produção (PAIXÃO, 2007). As primeiras
denúncias dos maus tratos aos animais de produção de maneira pública estão no
livro Animal Machines de Ruth Harrison (1964), que levou o Parlamento da Grã-
Bretanha a criar o Comitê Brambell, o qual apresentou as cinco liberdades
mínimas. Em 1997, a União Européia reconheceu que os animais m
sentimentos (SOUZA, 2007) e mudou conceito e a visão do mundo reconhecendo
a senciência dos animais vertebrados.
O conceito mais aceito atualmente é o de BROOM (1986), que se refere
ao bem-estar de um indivíduo como o seu estado em relação às suas tentativas
de se adaptar ao ambiente. Esta definição refere-se a uma característica do
indivíduo naquele determinado momento de sua vida. Uma forma de colocar em
prática este conceito é enfocar o grau de dificuldade que um animal demonstra na
sua interação com o ambiente. As ferramentas das quais o animal dispõe para
contornar inadequações presentes em seu meio ambiente são utilizadas mais
intensamente à medida que aumenta o grau de dificuldade encontrado
(MOLENTO, 2005). Os principais indicadores físicos e comportamentais de baixo
grau de bem-estar descrito por BROOM e JOHNSON (1993) são: redução da
expectativa de vida; restrição da capacidade de crescimento e desenvolvimento;
injurias, doenças e imunossupressão; desigualdades no atendimento das
necessidades fisiológicas e comportamentais agonistas; comportamentos
patológicos e autonarcotizão; períodos extensos de supressão dos
comportamentos naturais e a permanência excessiva de comportamentos
aversivos.
Quando um animal se encontra em desajuste homeostático real ou
potencial, ou quando tem de executar uma ação devido a alguma situação
ambiental, diz-se que este animal tem uma necessidade (BROOM e MOLENTO,
2004). Assim, uma necessidade pode ser definida como um requerimento, que é
fundamental na biologia do animal para a obtenção de um recurso em particular
ou para responder a um dado estímulo corporal ou ambiental (BROOM e
24
JOHNSON, 1993). O grau de bem-estar está intimamente ligado às necessidades
dos animais e quando não são satisfeitas o grau de bem-estar é pior. Os
comportamentos estereotípicos estão profundamente ligados a situações de
frustração, portanto, ao baixo grau de bem-estar.
FRASER et al.(1997) sintetizaram as três principais questões éticas em
relação à qualidade de vida. Os animais devem sentir-se bem, ou seja, estar livres
de medo, dor e vivenciar experiências prazerosas, e as necessidades sanitárias,
nutricionais, fisiológicas e comportamentais também devem ser respeitadas.
Portanto, certas alterações da fisiologia e do comportamento dos animais podem
ser indicativas de comprometimento de seu bem-estar. veis séricos de cortisol e
percentual de tempo gasto em comportamentos estereotípicos são exemplos de
parâmetros medidos (BROOM e JOHNSON, 2000) e que podem ser utilizados
com grande sucesso para avaliação do grau de bem estar em equinos, em
especial submetidos a condições muito diferentes de seu habito de vida natural.
De acordo com o FAWC (1993) considera-se que um conjunto de
princípios essenciais para o bem-estar animal as “cinco liberdades”. As cinco
liberdades são a nutricional, sanitária, ambiental, psicológica e comportamental e
o definidas segundo a FAWC (1993), como: os animais devem estar livres de
fome e sede; de dor, doenças e injurias; de desconforto; de medo e distresse;
para expressar o comportamento natural da sua espécie. As “Cinco Liberdades”
permitem uma avaliação qualitativa do estado de bem-estar dos animais,
utilizando parâmetros que vão de “muito bom” a “muito pobre(SOUZA, 2007). As
consequências de um estado pobre de bem-estar podem ser: reduzida
expectativa de vida; reduzida habilidade para crescer, produzir ou se reproduzir;
lesões corporais e doença; imunossupressão; patologias comportamentais e
supressão do comportamento normal; alteração do processo fisiológico normal e
do desenvolvimento anatômico (SOUZA, 2007).
Pesquisas sobre melhores condições de alojamento e manejo de animais
podem ser amplamente beneficiadas por estudos de preferências, as quais
fornecem informações sobre as experiências subjetivas dos animais. Ambos, os
estudos de preferência e o monitoramento direto do bem-estar exercem função
central na pesquisa sobre bem-estar animal (BROOM e MOLENTO, 2004).
Portanto, avaliações de preferências podem servir como estratégias interessantes
25
de mensuração do grau de bem-estar, em equinos estudos com preferências
alimentares fornecem preciosas informões sobre o seu comportamento
alimentar. Consequentemente, sobre adequação de manejo e ambiente e a
formas possíveis de incrementar ou melhorar a sua qualidade de vida.
Cavalos selvagens ou domésticos livres em pastagens escolhem seu
terririo não somente pelas áreas pastejo e acesso a água disponíveis, mas
também pela proteção ao vento, insetos e depósitos de sal mineral (BOYD e
KEIPER, 2005). Equinos estabulados tem vantagens como a proteção do
ambiente de confinamento individual a ectoparasitos, mudanças climáticas
intensas, ventos, muitas vezes recebem cuidados relacionados à sanidade e
alimentação, assim como os riscos de acidentes e injúrias cometidas por outros
animais são baixos. Entretanto, situações em que os cavalos de esporte e
lazer são submetidos a treinamentos desgastantes em ambientes com severas
restrições físicas e comportamentais, que provocam o detrimento de sua
qualidade de vida.
Ao estudar cavalos estabulados em hípicas LEME e FIGUEIREDO (2007)
sugeriram simples mudanças de manejo como abertura lateral das baias, com ou
sem proteção de tela permitiriam que pelo menos dois cavalos tivessem contato
entre si, minimizando o sofrimento da individualização das baias. O uso de
piquetes nesses centros hípicos ou no caso de impossibilidade deste uso devido à
falta espaço físico, otimizar o uso das pistas de treinamento no período noturno
para um espaço coletivo aos animais , onde eles possam movimentar-se de
acordo com seus padrões naturais, interagir com o ambiente e se socializar.
Nem sempre existe viabilidade na manutenção de equinos destinados a
atividades esportivas e de lazer soltos em pastagens a maior parte do dia, para
isso soluções alternativas têm sido estudadas, como o enriquecimento do
ambiente com objetivo de incrementar as restritas condições dos animais
confinados e facilitar o desempenho de comportamentos adaptativos. Numa
recente revisão de literatura sobre esse tema, apresentaram-se diversas formas
de se trabalhar o enriquecimento de ambientes com estímulos sensoriais para
animais confinados, dentre eles: a estimulão auditiva tem como exemplo a
música cssica para vacas leiteiras; visual com presença de espelhos em baias
para equinos com intuito de simular condições de rebanho; olfatória utilizada em
leões cativos, quando fornecidos odores similares de suas presas pode ser
26
considerado outra forma de enriquecimento ambiental. As metas em geral com
esse tipo de enriquecimento foram atingidas devido aos resultados encontrado no
perfil de parâmetros fisiológicos, entretanto, a grande dificuldade é saber que
método utilizar em na situação desafio (WELLS, 2009). Outro estudo usou
espelhos, método este de estimulação visual, com intuito de diminuir atividades
repetitivas como movimentação constante e cavar a cama simulando a
convivência com outros equinos. Os resultados foram uma grande diminuição nas
estereotipias descritas, mas não alterou o tempo despendido com alimentão,
descanso e parado em estação alerta (COOPERS et al, 2002).
O que leva a reflexão de que a utilidade do enriquecimento não deve ser
a diminuição de comportamentos estereotípicos, e sim um incremento de
qualidade de vida ao animal que se observa através de comportamentos mais
próximos aos naturais. Portanto o enriquecimento ambiental com forragens
demonstra ter grande potencial, pois promove o comportamento alimentar mais
próximo ao natural (WINSKILL et al ,1996; GOODWIN, 2001; THORNE et al,
2005, GOODWIN et al 2007). A fim de compreender melhor a influência das
modernas praticas de alimentação e manejo, deve-se considerar o
comportamento alimentar e a dieta natural dos equinos como importante
ferramenta de ajuda (DAVIDSON e HARRIS, 2002).
2.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O comportamento alimentar dos equinos demonstra ser um importante
indicativo para observação da expressão do comportamento natural. Portanto,
estímulos a atividades de alimentação como o forrageamento em ambientes
restritos tem mostrado ser uma eficiente estratégia para o incremento na
qualidade de vida de cavalos estabulados. Contudo, sem dúvida sempre que
houver a possibilidade de manutenção desses animais em pastagens com
qualidade e oferta de alimento adequada à taxa de lotação do piquete,
possivelmente as cinco liberdades estarão sendo respeitadas.
Comportamentos estereotípicos e anormais são indicativos de queda no
bem-estar animal e frustração gerada de determinada restrição imposta por uma
situação ou ambiente. Equinos estabulados muitas horas por dia vivem em
27
ambientes com grandes restrições comportamentais e por isso apresentam muitos
comportamentos estereotípicos, com grande variação conforme o manejo,
alimentação e predisposição individual. Muitos estudos têm sido realizados a fim
de compreender melhor as causas deste problema e importantes estratégias
pesquisadas. Resultados positivos têm sido observados quando ferramentas de
enriquecimento ambiental são utilizadas com recursos naturais e altamente
estimulantes para os equinos, como é o caso das forragens.
Portanto, estudos com enriquecimento ambiental por meio de múltiplas
forragens e diversificação na forma de oferta têm muito a contribuir e melhorar a
qualidade de vida de equinos de esporte e lazer estabulados, como possibilidades
de incrementar o grau de bem-estar desses animais.
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33
3. COMPORTAMENTO NICTEMERAL DE EQUINOS EM TREINAMENTO E
SUBMETIDOS A DIFERENTES MANEJOS ALIMENTARES
RESUMO
O comportamento fornece informações sobre as interações dos animais com o
ambiente. Objetivou-se avaliar o comportamento de equinos em treinamento
submetidos a três manejos com diferentes características de enriquecimento
ambiental. O experimento foi composto por três ensaios com durão de sete
dias e utilizou-se 12 animais experimentais. Os manejos testados foram: P-
estabulados individualmente com alimentação volumosa picada; PI- estabulados
individualmente com oferta de alimentação volumosa picada e inteira; PPI- soltos
em grupo com acesso a pastagem enriquecida com a oferta de alimento volumoso
picado e inteiro. Nos tratamentos foi utilizado Pennisetum purpureum como
alimento volumoso e também se disponibilizou concentrado apropriado. O
delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições e a
unidade experimental foi o animal. Nos dois primeiros ensaios houve diferença
entre os tratamentos com animais soltos e confinados (P<0,05) para
comportamento alimentar e eliminativo. Equinos soltos destinaram 13,3 ± 0,8 e
11,9 ± 0,7 horas diárias com comportamento alimentar, resultados similares aos
encontrados na natureza. Nos três ensaios, os equinos estabulados que
receberam alimento volumoso picado não diferiram no comportamento alimentar
(P>0,05), quando comparado com os equinos estabulados com enriquecimento
pelo capim inteiro. Portanto, equinos em treinamento, manejados em grupo e com
diversificação na oferta de alimentos demonstram comportamentos próximos aos
naturais. Tal fato sugere elevação no grau de bem-estar. O enriquecimento
ambiental com oferta da mesma forragem em diferentes formas não é fator
predisponente para motivação alimentar e sim a possibilidade de pastejo e o
convívio social influenciam positivamente o comportamento ingestivo dos equinos.
Palavras-chave: Bem-estar animal. Cavalo estabulado. Comportamento
Alimentar. Enriquecimento ambiental. Etograma.
34
ABSTRACT
The study of behavior provides information about the interactions of animals with
the environment. The objective was to evaluate the behavior of horses in training,
submitted to three feeding strategies. The experiment was composed by three
trials with duration of seven days and it was used 12 experimental animals. The
tested managements were: P individually stabled with supply of chopped
roughage; PI-individually stable with supply of chopped and whole roughage
supply; PPI- loose in group with access to pasture enriched with supply of
chopped and whole roughage. In the treatments were used Pennisetum
purpureum as roughage and was also provided appropriate concentrate. The
design used was a completely randomized design, with four replications, and the
experimental unit was the animal. In the first two trials there were differences
between treatments with loose animals and confined (P <0.05) for food and
eliminative behavior. Loosed horses destined 13.3 ± 0.8 and 11.9 ± 0.7 hours daily
with feeding behavior, results similar to those found in nature. In all three trials,
stabled horses receiving chopped roughage did not differ in feeding behavior (P>
0.05), when compared with stabled horses with enrichment in the grass long.
Therefore, horses in training, managed in groups and with diversification in the
food supply shows close to natural behaviors. These results suggest that elevation
in the level of welfare. Environmental enrichment to with the offer of the same
forage in different ways is not a predisposing factor for food motivation. So, the
possibility of grazing and social interaction is positively influencing the feeding
behavior of horses.
Keywords: Animal welfare. Environmental enrichment. Feeding Behavior.
Ethogram. Horse stabled.
35
3.1 INTRODUÇÃO
O estudo do comportamento animal fornece importantes informações
sobre a interação dos animais com o ambiente, e suas relações inter e intra-
espécies (MARTIN & BATESON, 1993). Portanto, o comportamento é uma das
principais formas de estimar o processo de adaptação do animal em relação ao
meio ambiente em que vive. Ao comparar o comportamento dos animais
domésticos com seus ancestrais selvagens, obtém-se a oportunidade de
investigar os efeitos da evolução no comportamento (GOODWIN et al.,1997).
Métodos etológicos podem ser usados para observar animais domésticos e
estimar os efeitos no comportamento nas mudanças de dieta, alojamento e
manejos (GOODWIN, 1999).
Cavalos são herbívoros e expressam naturalmente, no seu habitat,
comportamentos de “forrageamento que incluem locomão, seleção,
manipulação e ingestão do alimento volumoso (GOODWIN et al., 2002). Em
contraste, com equinos estabulados em baias de 12 m
2
com uma única forragem
com alimento volumoso e concentrado (GOODWIN et al., 2005). Muitas vezes,
disrbios emocionais ou psicológicos produzidos pelo confinamento prolongado,
em oposição à ocorrência de fenômenos fisiológicos ou orgânicos são frequentes
(RIBEIRO et al., 2007). Os problemas de comportamento mais comumente
encontrados nos equinos podem ser divididos em três categorias: estereotipias,
agressividade e distúrbios sexuais, no qual os dois primeiros ocorrem
principalmente em animais estabulados e o terceiro presentes em animais na sua
maioria, independentes no sistema de criação (LEWIS, 2000; McCALL, 1993).
Comumente equinos em treinamento são mantidos em confinamento e
com manejos que por vezes não respeitam a sua condição fisiológica de
herbívoro. Este fato pode acarretar em importantes variações no seu
comportamento geral e mais especificamente alimentar. Realidade esta,
contrastante com a dieta variada e rica em fibras encontrada na natureza pelos
equinos (THORNE et al.,2005). Dietas pobres em fibras estão relacionadas com
comportamentos estereotípicos e problemas de saúde incluindo ulcerações
gástricas, cólicas por impactação e laminites (NRC, 2007). Estas consequências
sobre a saúde mental e física dos animais, associadas à forma de fornecimento
36
da forragem, são de grande importância no estudo do comportamento de equinos.
Isto acontece devido às implicações para o bem-estar animal, em detrimento do
desempenho atlético, causando assim prejuízos financeiros consideráveis aos
criatórios de equinos (THORNE et al., 2005).
Segundo JOHNSON et al. (1998), uma proporção alta de concentrado na
dieta de equinos estabulados aumentou a incidência de distúrbios orais de
comportamento, tais como morder grade ou muro, lamber cocho ou grade e
comer a cama. Outro estudo, ao comparar equinos alimentados com concentrado,
com equinos alimentados com feno, constatou que estes passaram mais tempo
comendo, acarretando menos tempo ocioso para adquirir distúrbios de
comportamento, que os animais que ingeriram alimento concentrado (WILLARD
et al., 1977). Portanto, se a quantidade de matéria seca de forragem oferecida
aos animais é insuficiente, os indicadores de saciedade podem não ser ativados,
deixando os cavalos com uma alta motivação alimentar (MCGREEVY et al.,
1995). O mínimo de ingestão de fibras, provenientes de forragem, preconizado
para os equinos é de 1% do peso vivo em ingestão de matéria seca (NRC, 1989;
NRC, 2007), para que se mantenha a higidez do trato digestório e a homeostase.
Na alimentação de equinos em treinamento faz-se necessário o maior
conhecimento a respeito das características do comportamento ingestivo, pois
existem fatores como: condição corporal, aptidão, peso corporal, nível de
treinamento, protocolo de treinamento, peso e a habilidade do ginete, nível de
precisão do treinamento, fadiga, condições ambientais de temperatura e umidade,
composição da dieta, duração do exercício, condições do terreno, idade e a
composição das fibras musculares, os quais influenciam na demanda energética
(BRANDI, 2007) e, portanto, alteram o manejo, a ingestão e o comportamento
desses animais.
Os equinos, como a maior parte dos herbívoros pastejadores, selecionam
seu alimento pela visão, odor, tato, textura, disponibilidade e variedade de
alimentos (GOODWIN, 2005). A escolha do volumoso e a maneira a ser ofertada
é fundamental para que se consiga uma dieta balanceada, com aproveitamento
eficiente do alimento disponível. Assim, sobrecargas protéicas e o baixo
aproveitamento do concentrado podem ser evitados. Com isso, ocorre também o
favorecimento da retenção adequada de água e eletrólitos, essencial para a
saúde e o bem-estar de equinos em treinamento de intensidades moderada a alta.
37
Tal decisão está diretamente relacionada à diminuição de problemas clínicos
como cólicas e laminites (BRANDI, 2007). Portanto, acredita-se que a adoção do
enriquecimento ambiental, com o uso de forragens em especial, disponibilizadas
de diferentes formas desencadeará num comportamento alimentar mais próximo
ao natural, oportunizando decisões mais apropriadas para o manejo,
principalmente para equinos estabulados e em treinamento. Assim sendo,
importantes distúrbios clínicos são minimizados, elevando o grau de bem-estar
desses animais, e consequentemente favorecendo o desempenho atlético.
O presente estudo avaliou comportamento e as possíveis variações, por
meio da avaliação comportamental, no grau de bem-estar animal de equinos em
treinamento submetidos a três manejos com diferentes características de
enriquecimento ambiental.
3.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em propriedade rural localizada no
município de Gaspar (Lat° 26,82 e Long°49,03) no Estado de Santa Catarina,
Brasil. O período experimental se estendeu de 02/01/2009 a 21/02/2009, e foi
composto pela adaptação de 30 dias a dieta e ao exercício, seguidos de três
ensaios experimentais com duração de sete dias cada.
Para a realização dos ensaios foram utilizados 12 equinos da raça
Mangalarga Marchador, cinco machos castrados e sete fêmeas, com idade que
variou de três anos e três meses a nove anos e seis meses, e peso vivo (PV)
médio de 407 ± 3,5 kg. Os animais foram vermifugados, vacinados e passaram
por exame clínico geral (auscultão cardíaca e respiratória, mensuração de
temperatura retal, e tempo de preenchimento capilar na mucosa oral), laboratorial
(hemograma) e exames espeficos para sistema locomotor, pois os animais
precisavam estar aptos ao treinamento. Estes exames foram realizados 15 dias
antes do período de adaptação.
Os manejos testados compuseram três tratamentos: P- estabulados
individualmente e com alimentação volumosa picada; PI- estabulados
individualmente com alimentação volumosa picada e inteira; PPI- soltos em grupo
no piquete e com acesso a pastagem incrementada com alimento volumoso
38
picado e inteiro (Tabela 1). Para os tratamentos utilizou-se o capim elefante
(Pennisetum purpureum) ofertado: inteiro, picado ou de ambas as formas e
concentrado comercial para equinos em treinamento moderado.
O ambiente confinado proporcionava aos animais: baias de 12 m
2
individualmente ou em grupo de quatro num piquete de 0,4 ha. As baias
continham um cocho grande medindo 1,30 m x 0,60 m x 0,60 m (comprimento x
profundidade x altura) divido em duas partes, a menor de 0,40 m x 0,60 m x 0,60
m, tinha finalidade de receber o concentrado, e na maior, de 0,80 m x 0,60 m x
0,60 m, destinava-se o alimento volumoso picado.
O ambiente pastoril dos ensaios experimentais possuía predominância de
Brachiaria decumbens e Paspalum notatum e totalizava 0,4 ha. A massa de
forragem disponível foi calculada pelo método de estimativa visual (GARDNER,
1986) e foi em média, no período experimental, de 1.437 kg.MS/ha. No piquete
havia dois cochos descobertos com seis metros de distância entre si e tamanho
de 3,0 m x 1,00 m x 0,80 m os quais serviam para o fornecimento de Pennisetum
purpureum picado. Outro cocho de 4,0 m x 0, 50 m x 0,40 m localizado no fundo
piquete e coberto tinha como função o fornecimento do alimento concentrado.
Ainda neste ambiente a área de sombreamento localizava-se abaixo de uma
grande árvore posicionada próximo ao centro do potreiro num dos pontos mais
altos.
Nos tratamentos em que os equinos encontravam-se estabulados, o
contato social com outros animais era mínimo, das cocheiras era possível apenas
a observação cavalo em frente e através de grades. Havia uma pequena janela
acima dos cochos que não permitia visualizão por parte dos animais, apenas a
entrada de um pouco de luminosidade. No entanto, havia moderada interação
com seres humanos devido à presença do tratador e treinadores com grande
frequência no recinto. No piquete os animais estavam agrupados, portanto existia
interação social, mas a presença de pessoas neste ambiente era menos usual.
39
Tabela 1. Características de manejo alimentar e de enriquecimento ambiental
para os cavalos em treinamento
Recurso ambiental
Tratamento
P PI PPI
Sal mineral à vontade Presente Presente Presente
Alimento concentrado Presente Presente Presente
Capim picado no cocho Presente Presente Presente
Capim inteiro no chão Ausente Presente Presente
Acesso a pastagem Ausente Ausente Presente
Baias individuais Presente Presente Ausente
Piquete coletivo Ausente Ausente Presente
P- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada
PI- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada e inteira
PPI
-
Equinos soltos em grupo com acesso a pastagem enriquecida com alimentação volumosa picada e inteira
A alimentação seguiu as exincias da categoria de cavalos em
treinamento moderado, conforme descrito no NRC (2007). Tanto o capim picado
como o provido inteiro foram pesados antes (oferta) e depois (sobras) do
fornecimento. A disponibilidade de forragem foi ad libitum em todos os
tratamentos, inclusive no piquete devido à baixa quantidade de pastagem
ofertada, pois também foi provida forragem das capineiras. Isto para que o
houvesse nenhum fator limitante na ingestão da dieta volumosa entre os
tratamentos. Para todos os animais foram fornecidos 4 kg de ração comercial por
dia, divididos em duas refeições. A alimentação volumosa também era ofertada
duas vezes ao dia em momentos diferentes do concentrado. No primeiro ensaio
os animais receberam diariamente em dia 30,689 kg de forragem verde com
teor médio de 22,0% de matéria seca (MS) o que representou 6,753 Kg diários de
MS provenientes da forrageira ofertada. No segundo e terceiro ensaio a oferta de
matéria verde foi de 31,835 Kg e 32,404 Kg em média, com aproximadamente
18,2% e 19,4% MS o que disponibilizou, respectivamente, 5,807 Kg e 6,370 Kg de
MS.
Os equinos foram submetidos a um treinamento com intensidade
progressiva. No primeiro ensaio os animais faziam 15 minutos de marcha leve, no
segundo 20 minutos de marcha leve para moderada, e no terceiro 25 minutos de
marcha moderada.
No quinto dia de cada ensaio experimental, as variáveis comportamentais
40
foram avaliadas por observação dos animais em um período de 24 horas
ininterruptas. A cada 10 minutos, por registro instantâneo, foi anotado em folha
própria de avaliação o comportamento ocorrido, segundo a metodologia de
amostragem focal sugerida por MARTIN & BATESON (1993). As categorias de
comportamentos adotadas foram comportamento alimentar (CA), comportamentos
relacionados às necessidades fisiológicas de manutenção ou eliminativos (EM), e
outras atividades de interação com o ambiente ou social (OA) (Tabela 2). Dentre
o período de avaliação de 24 horas, 60 minutos diários corresponderam ao tempo
padronizado para atividades de treinamento, e tempo fora de baia ou no piquete
dos animais (Tabela 2).
Tabela 2. Classificação de atividades comportamentais adaptada de HOUPT
(2005) e HELESKI et al (2002) utilizada na avaliação de equinos em
diferentes manejos alimentares, Gaspar-SC, no ano de 2009.
COMPO
RTAMENTOS
DESCRIÇÃO
1.
Comportamento de Alimentação (CA)
1.1 Pastejo Ato de pastejar colhendo o seu próprio alimento do solo
1.2 Comer capim picado Alimentar-se de do capim picado e fornecido no cocho
1.3
Comer capim inteiro
Alimentar
-
se de do capim in
teiro e fornecido no chão
1.4 Comer concentrado
Alimentar-se de ração comercial peletizada para cavalos em
treinamento, fornecida no cocho
1.5 Lamber sal mineral
Consumo de sal mineral disponível à vontade em cocho
específico
1.6 Beber água
Ingerir água disponível à vontade em cocho individual nas
baias e coletivo no piquete
2.
Eliminativos ou de manutenção (EM)
2.1 Urinar Momento em que o animal foi flagrado urinando
2.2 Defecar Momento em que o animal foi flagrado em defecação
2.3 Reprodutivos
Comportamentos sexuais expressos devido a situações como o
cio de fêmeas e libido dos machos
2.4
Parado de em
repouso
Animal com o pescoço e/ou cabeça mais baixos, olhos
parcialmente ou totalmente fechados e orelhas relaxadas
2.5
Parado em estação
alerta
Animal com o pescoço e/ou cabeça levantados, olhos abertos e
orelhas firmes ouveis
2.6 Deitado em repouso
Animal em profundo relaxamento, olhos parcialmente ou
totalmente fechados e orelhas relaxadas. O decúbito pode ser
external ou lateral
2.7 Deitado Alerta
Animal deitado em decúbito external, olhos abertos e orelhas
firmes ou móveis
2.8 Movimentação Ato de caminhar, marchar e galopar em conjunto ou não com
41
saltos e coices sem socialização negativa
3.
Outras atividades com inte
rações ambientais ou
sociais (OA
)
3.1 Atividades lúdicas
Brincar, divertir-se sozinho ou com alguma ferramenta
fornecida pelo ambiente
3.2 Investigativo
Ato de fuçar, cheirar e mover os lábios pelo ambiente sem
consumir ou deslocar nenhum objeto e observar eventos
estranhos a sua rotina (tratador, base de observação)
3.3 Socialização
Interação com outro individuo de maneira fraterna, como:
lamber, coçar, mordiscar, fungar um ao outro
3.4 Agonista
Interação com outro individuo de forma agressiva ou
ameaçadora, como: orelhas murchas, coices, mordidas ferozes
3.5 Estereotipias
Movimento repetitivo e sem função, tais como: cavar , andar
em circulos dentro da baia, mastigar sem alimento, aerofagia,
morder grade ou muro, lamber o cocho de alimentão vazio
3.6 Não usuais
Comportamentos que não são comuns e que não se
enquadram na categoria de estereotipias
4.
T
empo Fora de Baia
Encilha, treinamento, desencilha e ducha
O delineamento inteiramente casualizado foi o escolhido e realizado no
inicio do período experimental e mantiveram-se os mesmo grupos para os ensaios
subsequentes, com quatro repetições, onde a unidade experimental foi o animal.
O teste de Bartlett foi usado para verificar a homogeneidade das variâncias, em
seguida foi realizada análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo
Teste de Tukey com significância de 5% pelo pacote estatístico SAEG versão 9.1
(2007). A análise estatística dos comportamentos inseridos nas categorias CA, EM
e OA (Tabela 2) foi descritiva.
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos dois primeiros ensaios houve diferença (P<0,05) para as seguintes
variáveis:comportamento alimentar e eliminativos ou de manutenção (Tabelas 5 e
7). Esta diferença ocorreu no tratamento PPI, onde os animais eram mantidos em
grupo no piquete, com acesso ao pasto, capim picado e inteiro, quando
comparados com os demais tratamentos (P e PI) com cavalos estabulados. Isto
porque, o ambiente do piquete fornecia mais alternativas para os animais
42
desenvolverem de maneira natural o seu comportamento alimentar,
principalmente por propiciar condições de pastejo. O resultado encontrado nos
animais mantidos soltos nos ensaios I e II foi o dispêndio de 13,3 ± 0,8 e 11,9 ±
0,7 horas diárias com comportamento de alimentação (CA), respectivamente.
Diversos trabalhos relataram que animais soltos a pasto despenderam de 10-18
horas diárias com atividades relacionadas alimentão, mais especificamente
com o tempo de pastejo (DUNCAN, 1980, GALHAGER e MCMENNIMAN, 1989,
DITTRICH, 2001, SANTOS et al., 2006, ZANINE et al., 2006). Portanto, os
equinos soltos (PPI), dos ensaios I e II, tiveram o comportamento alimentar similar
a outros cavalos a pasto, porém estes sem exercerem atividades de treinamento.
Nos três ensaios deste experimento, para os equinos estabulados e sem
nenhum tipo de enriquecimento ambiental (P), notou-se valores de CA 7,9 ± 0,6
horas. Resultados semelhantes foram encontrados no tratamento PI, onde havia
o enriquecimento ambiental caracterizado pela oferta de capim inteiro no chão da
baia, apesar ter mais tempo despendido com CA, em torno de 9,1 ± 0,8 horas,
não houve diferença significativa (P>0,05). Segundo DUNCAN (1980), ao estudar
cavalos selvagens determinou que aproximadamente 12 horas diárias ou mais
o gastas com alimentação e o restante em outras atividades. Os resultados dos
animais estabulados, deste estudo, demonstraram brusca mudança de
comportamento, em especial no comportamento alimentar, possivelmente
decorrente das restrições ambientais.
THORNE et al. (2005) e GOODWIN et al. (2001) trabalharam com oferta
de múltiplas forragens, como forma de enriquecimento ambiental, para equinos
estabulados e encontraram maior motivão no comportamento alimentar.
Provavelmente, essa motivação o foi encontrada neste trabalho, pois apenas
variou-se a forma de ofertar o capim elefante, ao invés de disponibilizar
forrageiras diferentes no ambiente de confinamento.
Tabela 3. Tempo gasto em minutos durante o período de avaliação, nos três
ensaios experimentais, com comportamento de alimentação (CA).
Ensaios
Tempo diário gasto em minutos
EPM
P PI PPI
I 512,5 b 505,0 b 797,5 a 48,4 0,72
II 447,5 b 537,5 b 715,0 a 39,2 0,73
III 467,5 597,5 532, 5 28,9 0,31
Letras a, b na mesma linha diferem pelo teste de Tukey (P<0,05)
P- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada
PI- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada e inteira
PPI- Equinos soltos em grupo com acesso a pastagem enriquecida com alimentação volumosa picada e inteira
43
No terceiro ensaio experimental, nenhum dos tratamentos diferiu entre si
(P<0,05) para comportamento de alimentação (Tabela 3). Provavelmente, devido
ao alto grau de degradação da pastagem que limitou o pastejo, pois o percentual
diário desta atividade mostrou um decréscimo próximo de 8% a cada ensaio
realizado, ou seja, a cada sete dias (Tabela 4). Segundo ZANINE et al. (2006) a
grande variabilidade encontrada no tempo de pastejo se deve principalmente às
condições ambientais, estrutura e qualidade da pastagem. Assim sendo, o tempo
de pastejo pode ser considerado um mecanismo compensatório para ingestão de
matéria seca. O que não ocorreu, possivelmente, pelo severo estado de
degradão do piquete, que ao final do período experimental continha apenas
594,1 kg MS/ha, correspondente a uma oferta de 0,69% do PV. Muito aquém da
necessidade de ingestão 1% do PV de forragem preconizada pelo NRC (2007).
O potencial de ingestão de MS para a categoria de equinos utilizada
corresponde, em média, a 2,5% do PV/dia (NRC, 2007), nível de ingestão que
provavelmente não deve ter sido alcançado por meio da atividade de pastejo,
apesar deste consumo não ter sido mensurado. A massa de forragem média
disponível no piquete durante a execução dos três experimentos foi de 1.437 kg
de MS/ha, e variou de 2.599 kg de MS/ha no início a 594 kg de MS/ha no final do
período experimental. A carga animal média no piquete durante o experimento
correspondeu a 4.188 kg. A forragem disponível no piquete o era suficiente
para atender as necessidades de consumo diário de forragem, mas o pastejo foi
uma atividade de intensa procura.
A oferta de forragem considerada ideal para que o animal possa atingir o
potencial de consumo de forragem em pastejo, seria de três a quatro vezes o
potencial de ingestão dos animais (HODGSON, 1990). Mesmo assim, a atividade
de pastejo demonstrou ser muito importante para os equinos devido ao que foi
tempo destinado a esse comportamento (Tabela 4). Por conseguinte, o que
influenciou a diminuição das atividades de comportamento alimentar (CA), no
terceiro ensaio no tratamento de piquete (PPI), foi a limitação da atividade de
pastejo devido a degradação da pastagem.
O pastejo nos três ensaios destacou-se como atividade de maior
preferência alimentar, pois toda vez que foi disponibilizado aos animais este
recurso, o tempo despendido foi o maior dentre todas as atividades de CA. Isto
porque cavalos em seu ambiente natural possuem grande diversidade de
44
forragens disponíveis tornando-os extremamente seletivos (DAVIDSON e
HARRIS, 2002; ZANINE et al., 2006) e com o processo de domesticação, o
homem interferiu no bito alimentar dos equino limitando as fontes disponíveis
de alimento. Portanto, sempre que o ambiente fornece novas alternativas, em
especial relacionadas ao pastejo, o estímulo à alimentação se torna mais
evidente. Porém, em sistemas com restrições sociais e baixa variabilidade de
recursos alimentares como nos manejos com equinos confinados muitas horas
por dia (P e PI), ocorreram mudanças comportamentais como: aumento excessivo
de atividades relacionadas à manutenção (EM) e consequente diminuição de
comportamento alimentar (Tabela 3).
No entanto, quando houve enriquecimento ambiental notou-se que os
cavalos diversificaram seu comportamento (Tabela 4), mesmo quando a diferença
era apenas na estrutura da planta e forma de fornecimento, como no manejo PI
onde o capim elefante foi fornecido picado no cocho e inteiro no chão. Alguns
parâmetros do comportamento alimentar apresentaram variação, entre ensaios e
tratamentos, como a ingestão de concentrado apesar de todo consumo. Este fato
juntamente com a ausência de observação de comportamentos como ingestão de
água ocorreu devido ao método de amostragem focal escolhido. De acordo com
MARTIN e BATESON (1993), alguns comportamentos podem ficar subestimados
quando avaliados por essa metodologia. O mesmo provavelmente ocorreu nas
demais categorias comportamentais avaliadas.
No manejo PPI havia mais recursos disponíveis, o que refletiu
diretamente em aumento das atividades alimentares e numa melhor distribuição
destas durante o dia nos dois primeiros ensaios. A socialização e interação entre
os animais é outro fator que motiva o ato de se alimentar. Segundo KUNOKOSE,
et al. (1986), cavalos sozinhos pastejam por curtos períodos quando comparados
com animais em grupo, de acordo com os dados de distribuição do
comportamento de alimentação.
O conceito de BROOM, (1986) sobre o bem-estar de um indivíduo é: seu
estado em relação às suas tentativas de se adaptar ao seu ambiente. Neste
estudo, os animais soltos e em grupo demonstraram maior adaptação ao seu
ambiente, pois preservaram comportamentos similares ao natural. Portanto,
sugere-se que o grau de bem-estar dos animais deste tratamento (PPI) seja mais
elevado que o do equinos em regime confinado (P e PI).
45
Tabela 4. Percentual de cada atividade observada pertencente à categoria
comportamento de alimentação durante 24 horas, nos três ensaios
experimentais.
COMPORTAMENTO DE
ALIMENTAÇÃO
ENSAIO I
Tratamentos
ENSAIO II
Tratamentos
ENSAIO III
Tratamentos
P PI PPI
P PI PPI
P PI PPI
Pastejo --- --- 37,0
--- --- 29,2
--- --- 21,4
Comer capim picado 32,6 12,8 7,6
24,0 13,2 10,6
28,3 19,3 6,3
Comer capim inteiro --- 13,4 5,0
--- 20,7 5,4
--- 18,2 4,9
Comer concentrado 2,1 6,4 5,0
4,9 3,0 3,1
3,6 3,3 3,8
Lamber sal mineral 0,5 1,9 0,0
1,4 0,5 0,2
0,3 0,2 0,2
Beber água 0,7 0,5 0,7
0,9 0,0 1,2
0,2 0,5 0,5
Total 35,6 35,1 55,4
31,1 37,3 49,7
32,5 41,5 37,0
P- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada
PI- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada e inteira
PPI- Equinos soltos em grupo com acesso a pastagem enriquecida com alimentação volumosa picada e inteira
Da mesma forma que o comportamento alimentar nos ensaios
experimentais I e II, as atividades fisiológicas e de manutenção diferiram (P<0,05)
em PPI em comparação com os demais tratamentos onde o sistema de criação
era o confinamento (Tabela 5). Equinos destinados a esporte e lazer em geral são
submetidos a viverem em espaços cada vez menores e por períodos mais
prolongados de reclusão, acarretando em modificações em seu comportamento,
diante da necessidade de adaptação a essa nova situação. Consequentemente,
algumas características da vida do cavalo selvagem estão ausentes na vida do
cavalo estabulado, entre elas a convivência com outros animais, o pastejo e todas
as atividades que estão ligadas a estas condições (REZENDE et al., 2006a).
Os equinos dos tratamentos P e PI despenderam de 14,3 ± 0,2 e 13,3 ±
0,1 horas diárias, respectivamente, com atividades de manutenção (EM), sendo
que mais de 50% das horas de EM foram gastas com os cavalos parados em e
alertas (Tabela 6). Ao estudar o comportamento de cavalos selvagens, DUNCAN
(1980) determinou que esses animais passam 60% de seu tempo comendo, 20%
em pé, 10% deitado e 10% realizando outras atividades. Portanto, animais
estabulados nesta pesquisa passaram mais tempo parados em pé do que os
equinos em seu habitat natural. O mesmo resultado visto para os manejos
confinados, no terceiro ensaio, ocorreu no manejo em piquete (PPI), sugerindo
que apenas o convívio social não seja suficiente para que os equinos consigam
expressar seus comportamentos mais naturalmente. A ausência de pastagem foi
um limitante da liberdade comportamental desses animais, apesar de haver outras
46
formas de forragem disponibilizadas neste recinto. Portanto, a oferta restrita de
fibra oriunda de forragem não pode ser a única causa dessas alterações
comportamentais. Porém, GOLOUBEFF (1993) relatou em cavalos estabulados
com restrição de forragem em seu manejo alimentar passaram 15% de seu tempo
comendo, 65% em pé, 15% deitados e 5% realizando outras atividades.
Cavalos selvagens ou domésticos livres em pastagens escolhem seu
terririo não somente pelas áreas de pastejo e acesso a água disponível, mas
também pela proteção ao vento, insetos e depósitos de sal mineral (BOYD e
KEIPER, 2005). O que reforçou o fato da grande deficiência de massa de
forragem na pastagem ter sido o fator desencadeante para as alterações
comportamentais em PPI no terceiro ensaio, pois o ambiente de piquete fornecia
os demais requisitos para uma área de permanência de equinos, com exceção da
proteção contra insetos igual nos três ensaios.
Tabela 5. Tempo gasto em minutos durante o período de avaliação, nos três
ensaios experimentais, com comportamentos eliminativos ou de
manutenção (EM).
Nos tratamentos P e PI outro valor que se mostrou elevado, em torno de
20% em P e 18% em PI (Tabela 6), quando comparado com equinos livres foi o
tempo de permanência deitado, onde na natureza o normal observado é cerca de
10% (DUNCAN, 1980). A provável causa dessa alteração comportamental deve-
se ao ambiente restrito, característico dos sistemas de criação intensivos.
Entretanto, os resultados deste experimento diferiram dos encontrados por
REZENDE et al.(2006b), no qual cavalos estabulados e em treinamento deitaram
apenas 2,6 % em média . Possivelmente, as condições ambientais das baias
entre os estudos foram a causa dessa diferença comportamental, entre os
equinos, no quesito tempo de permanência deitado. No estudo supracitado, as
baias mediam 8,60 m
2
e não havia cama para os equinos, entretanto, os cavalos
Ensaios
Tempo diário gasto em minutos
EPM
P PI PPI
I 810,0 a 810,0 a 475,5 b 56,1 0,80
II 895,0 a 802,5 a 602,5 b 42,6 0,75
III 872,5 772,5 747,5 28,9 0,32
Letras a, b diferentes na mesma linha diferem pelo teste de Tukey (P<0,05)
P- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada
PI- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada e inteira
PPI- Equinos soltos em grupo com acesso a pastagem enriquecida com alimentação volumosa picada e inteira
47
deste experimento foram acomodados em baias amplas de 12 m
2
e com cama de
palha de arroz com limpeza periódica.
Tabela 6. Percentual de cada atividade observada, pertencente à categoria
comportamento eliminativo ou de manuteão durante um período de
24 horas, nos três ensaios experimentais.
ELIMINATIVOS OU DE
MANUTENÇÃO
ENSAIO I
Tratamentos
ENSAIO II
Tratamentos
ENSAIO III
Tratamentos
P PI PPI
P PI PPI P PI PPI
Urinar 0,3 0,0 0,0
0,5 0,7 0,0 0,2 0,2 0,2
Defecar 0,0 0,3 0,0
0,0 0,3 0,0 0,2 0,3 0,3
Reprodutivos 0,0 0,0 0,0
0,7 0,3 2,8 0,0 0,0 0,0
Parado de pé em repouso 2,3 0,3 6,1
4,9 5,6 1,4 0,5 1,9 2,3
Parado em estação alerta 32,8 28,1 14,9
35,8 30,2
26,4
36,5 34,4
32,8
Deitado em repouso 11,1 14,1 5,2
15,1 13,5
4,0 11,1 5,7 9,7
Deitado Alerta 9,5 13,4 2,3
5,0 5,0 6,4 12,0 11,1
4,7
Movimentação 0,2 0,0 3,3
0,2 0,0 0,9 0,0 0,0 1,9
Total 56,3 56,3 31,8
62,2 55,7
1,8 60,6 53,6
51,9
P- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada
PI- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada e inteira
PPI- Equinos soltos em grupo com acesso a pastagem enriquecida com alimentação volumosa picada e inteira
No primeiro e terceiro ensaios houve diferença significativa (P<0,05) de
PPI em relação aos tratamentos de cavalos estabulados. A justificativa para esse
resultado se pela socialização e interação entre os animais no primeiro ensaio
e no terceiro devido ao comportamento agonista observado (Tabelas 7 e 8). Ainda,
no três ensaios experimentais, a categoria de outras atividades de interação
social ou com ambiente mostrou-se mais frequente utilizando de 4,3 a 8,7 % do
tempo diário (Tabelas 7 e 8) no grupo de animais mantidos em piquete . Isto
porque, as atividades de socialização e agonista estão presentes.
Provavelmente potencializados pela deficiência de pastagem e exercício
físico mais intenso. Entretanto, no segundo ensaio não se repetiu essa diferença
(P>0,05), apesar da socializão e interação terem ocorrido normalmente (Tabela
7).
48
Tabela 7. Tempo gasto em minutos durante o período de avaliação, nos três
ensaios experimentais, com outras atividades de interação social ou
com o ambiente (OA).
Outro ponto de destaque nas avaliações das atividades de interação
social são as estereotipias e comportamentos não usuais que apresentaram baixa
incidência em todos os tratamentos em todo o experimento (Tabela 6). Entretanto,
vale ressaltar que como o período em que os equinos foram submetidos ao
manejo foi relativamente curto, possivelmente, os comportamentos estereotípicos
sejam intrínsecos aos animais e carreados durante o experimento.
A estereotipia que mais ocorreu foi lamber cocho e esenvolvida com a
ansiedade que o alimento concentrado traz aos cavalos. Isto ocorreu
principalmente devido alta motivação alimentar gerada pelas características
organolépticas do alimento concentrado. Segundo GOODWIN et al. (2005) o
sabor e o aroma do alimento concentrado tem efeito direto na aceitabilidade,
seleção e tempo de consumo pelos equinos.
Em adição, o tempo gasto em 24 horas, em todo o experimento com
atividades de socialização e interação (OA) (Tabela 6) foi semelhante ao
encontrado por DUNCAN (1980), num estudo com cavalos selvagens cujo tempo
para outras atividades variou de 10 a 2 % do total de horas diárias. Deste modo,
esta categoria de comportamentos não foi tão influenciada pelos manejos e talvez
não seja o melhor indicativo, neste caso, para avaliação do grau de bem-estar
desses animais.
Ensaios
Tempo diário gasto em minutos
EPM
P PI PPI
I 57,5 b 65,0 b 125,0 a 11,6 0,62
II 37,5 40,0 62,5 9,9 0,12
III 40,0 b 10,0 b 100,0 a 12,4 0,83
Letras a, b
diferentes na mesma linha diferem pelo teste de Tukey (P<0,05)
P- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada
PI- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada e inteira
PPI- Equinos soltos em grupo com acesso a pastagem enriquecida com alimentação volumosa picada e inteira
49
Tabela 8. Percentual de cada atividade observada, pertencente à categoria outras
atividades de interação social ou com ambiente, durante um período
de 24 horas, nos três ensaios experimentais.
OUTRAS
ATIVIDADES
ENSAIO I
Tratamentos
ENSAIO II
Tratamentos
ENSAIO III
Tratamentos
P PI PPI
P PI PPI
P PI PPI
Socialização 0,0 0,3 4,3
0,0 0,5 3,3
0,0 0,0 2,1
Agonista 0,5 0,0 1,6
0,0 0,0 0,0
0,0 0,0 2,1
Estereotipias 1,9 1,7 0,7
0,9 0,5 0,5
0,7 0,3 1,7
não usuais 0,3 1,4 0,3
0,7 0,2 0,0
1,4 0,2 0,7
Investigativo 0,5 0,3 0,9
0,9 1,0 0,3
0,3 0,0 0,3
Total 4,0 4,5 8,7
2,6 2,8 4,3
2,8 0,7 6,9
P- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada
PI- Equinos estabulados com alimentação volumosa picada e inteira
PPI- Equinos soltos em grupo com acesso a pastagem enriquecida com alimentação volumosa picada e inteira
Segundo DITTRICH et al. (2007), estudos a respeito dos padrões de
comportamento ingestivo de equinos, mantidos exclusivamente em pastagens,
quando analisados de maneira genérica, mostram características similares em
relação ao tempo destinado à colheita das forragens, à locomão, ao descanso e
às outras atividades sociais. Nos ensaios I e II, os equinos manejados soltos
mantiveram estes padrões de comportamento, nos quais 52,55 % de atividades
alimentares e 47,50% distribuídos em outras atividades e relativos à manutenção
(Tabelas 4, 6 e 8). Desta forma, sugere-se que a maior disponibilidade de
recursos no espaço sico e nas formas de alimentação proporcionam, aos
animais, maior exteriorização das atividades alimentação e de interação social.
Logo, a maior execução dessas categorias de comportamento pode ser indicativa
de maior grau de bem-estar.
3.4. CONCLUSÃO
Os equinos em treinamento, manejados em grupo e com diversificação na
oferta de alimentos demonstram em geral comportamentos mais próximos aos
naturais. Este é um indicativo de elevação no do grau de bem-estar destes
animais.
O enriquecimento ambiental com a oferta da mesma forragem de
diferentes formas não é o fator predisponente para maior motivação alimentar,
mas sim o ambiente de piquete, o convívio social e a possibilidade de pastejo.
50
Sugere-se que estudos com melhoramento da dieta para enriquecimento
ambiental não diversifique apenas a forma de disponibilizar a forragem, mas
também as espécies forrageiras para maior incremento na motivação do
comportamento alimentar.
3.5. REFERÊNCIAS
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53
4. ALIMENTAÇÃO E COMPORTAMENTO INGESTIVO DE EQUINOS EM
TREINAMENTO SUBMETIDOS A TRÊS MANEJOS DE DIETA VOLUMOSA
RESUMO
Cada vez mais os equinos passam a ser criados em sistemas intensivos de
produção. Essa espécie, quando envolvida em programas de treinamento, é
muitas vezes tratada como onívora, pois permanece grande parte do dia
confinada em baias, com manejo alimentar inadequado para sua condição
herbívora. O consumo e o manejo alimentar são diretamente afetados pelo
comportamento ingestivo, em função disso o objetivo deste trabalho foi avaliar a
influência de três manejos alimentares (dietas volumosas) no comportamento
ingestivo de equinos em treinamento. Três manejos foram testados, em três
ensaios experimentais, com quatro equinos em cada tratamento: P animais
estabulados individualmente e com acesso a capim picado (Pennisetum
purpureum) no cocho, PI animais estabulados individualmente e com acesso a
capim picado (Pennisetum purpureum) no cocho e inteiro no chão, e PPI - animais
soltos em grupo no piquete com fornecimento de capim (Pennisetum purpureum)
(picado) no cocho e no co (inteiro) e acesso a pastagem. Durante 24 horas as
atividades de comportamento foram avaliadas por amostragem focal, e o
consumo mediante a pesagem da oferta e sobras de capim (Pennisetum
purpureum). O delineamento foi inteiramente casualizado e realizou-se análise de
variância e comparação de médias pelo teste de Tukey. Os animais com acesso a
pastagem apresentaram maior tempo gasto com comportamento alimentar
(P<0,05), nos dois primeiros ensaios. Toda vez que os cavalos tinham acesso ao
piquete, executavam preferencialmente o pastejo, independente da oferta e forma
do capim elefante (Pennisetum purpureum). Para os animais estabulados, o
consumo de capim elefante foi maior (P<0,05) e consequentemente a seleção do
capim foi mais efetiva pelos equinos desse tratamento. O capim ofertado na forma
inteira facilitou o comportamento seletivo de ingestão, entretanto não incrementou
o consumo da forragem e nem aumentou o tempo despendido com
comportamento de alimentação. O manejo composto por piquete coletivo com
acesso a pastagem e incrementado com oferta diversificada de alimentos motiva
o comportamento alimentar dos equinos. A avaliação conjunta da composição
bromatológica das dietas volumosas, do consumo e do comportamento alimentar
trazem importantes informações sobre as necessidades de adequação do manejo
alimentar em especial de animais estabulados.
Palavras-chave: Cavalo. Comportamento alimentar. Enriquecimento ambiental.
Estabulado. Pennisetum purpureum.
54
ABSTRACT
Each time more equines have been bred into intense systems of
production, this specie, when involved in training programs, it’s treated as
omnivorous, because it remains much part of the day confined in pens receiving
inadequate feeding management for its herbivorous condition. Consumption and
feeding management are directly affected by feeding behavior; due to this the
objective of this study was to evaluate the influence of three feeding managements
(roughage diets) in feeding behavior of horses in training. Three managements
were testes, in three trials, with four horses in each treatment: P individually
stabled with access of chopped grass (Pennisetum purpureum) in the trough; PI-
individually stable with access of chopped and whole grass on the floor; and PPI-
loose in group on the paddock with supply of grass in the trough (chopped) and on
the floor (whole) and with access to pasture. During 24 hours behavior activities
were evaluated by focal sampling and consumption by weighing the offer and
remains of grass (Pennisetum purpureum). The design was completely
randomized and it was performed analysis using variance and comparison of
means by Tukey test. Animals with access to pasture had higher spent time with
feeding behavior (P<0.05), at the first two tests. Every time that horses had access
to the paddock, grazing preferentially was executed, regardless of supply and the
shape of elephant grass (Pennisetum purpureum). For stabled animals, the
consumption of elephant grass was higher (P<0.05) and consequently grass’
selection was more effective by horses in this treatment. The grass offered in the
entire form facilitated the selective behavior of ingestion, however did not increase
forage intake and not increased the time spent on feeding behavior. The
management consists of collective paddock with access to pasture and increased
with broad range of foods encourages the eating of horses. The joint assessment
of the chemical composition of roughage diets, consumption and dietary behavior
offer important information about the needs of adequacy of dietary management,
especially for stable animals.
Key-words: Horse. Feeding behavior. Environmental enrichment. Stabled.
55
4.1. INTRODUÇÃO
As modernas práticas de manejo e alimentação para equinos de
esporte e lazer, na maior parte constituem-se de sistemas de criação intensivo,
o 22 horas contínuas de confinamento em baias recebendo dietas ricas em
alimentos concentrados e muitas vezes deficientes na ingestão de forragens.
Alimentos processados geralmente ofertados em cochos são de fácil e
rápido consumo deixando os equinos expostos a extensos períodos de
desocupação (GOODWIN, 2007). Dietas pobres em fibras estão relacionadas com
comportamentos estereotípicos e problemas de saúde incluindo ulcerações
gástricas, cólicas por impactação e laminites (DAVIDSON E HARRIS, 2002;
MILLS, 2005; NRC, 2007). Estas consequências sobre a saúde mental e física
dos animais, associadas à forma de fornecimento da forragem, são de grande
importância no estudo do comportamento de equinos.
Para o maior entendimento da influência destes tipos de manejos
impostos aos equinos, em especial os estabulados, é de fundamental importância
o conhecimento do comportamento alimentar e a dieta natural desses animais. A
ingestão e o manejo alimentar são diretamente afetados pelo comportamento
ingestivo, cavalos são herbívoros e necessitam suprir suas necessidades de
forragem, minimizando assim desordens clínicas como as cólicas (ARCHER e
PROUDMAN, 2005). Segundo o NRC (2007) um manejo alimentar adequado
consiste em atender as exigências nutricionais dos equinos, respeitando as
características e particularidades do comportamento de alimentação dos equinos.
Como a maior parte dos herbívoros pastejadores, equinos selecionam seu
alimento pela visão, odor, tato, textura, disponibilidade e variedade de alimentos
(GOODWIN, 2005). Portanto, acredita-se que o enriquecimento ambiental de
baias, bem como a oferta diversificada de alimentos volumosos poderá motivar a
expressão de padrões comportamentais de alimentação mais próximos aos dos
animais criador soltos no pasto. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência
de três manejos no comportamento alimentar de equinos em treinamento, e os
seus reflexos nas características da alimentação volumosa.
56
4.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em propriedade rural localizada no município
de Gaspar-SC (La 26,82 e Long°49,03) entre 02/01/2009 e 29/02/2009. O
período experimental foi composto pela adaptação de 30 dias a dieta e ao
exercício, seguidos de três ensaios experimentais com duração de sete dias cada.
Para a realização dos ensaios foram utilizados 12 equinos da raça
Mangalarga Marchador, cinco machos castrados e sete fêmeas, com idade que
variou de três anos e três meses a nove anos e seis meses, e peso vivo (PV)
médio para os ensaios I, II e III de 412,4 ± 7,5; 399,4 ± 6,4 e 410,4 ± 8,2 kg
respectivamente, a pesagem foi realizada por fita medidora de perímetro torácico
própria para equinos. Os animais eram vacinados e vermifugados e passaram por
exame clínico geral e exames específicos para sistema locomotor, pois
precisavam estar aptos ao treinamento. Estes exames foram realizados 15 dias
antes do período da adaptação. Os animais passaram a receber apenas o capim
elefante (Pennisetum purpureum) e o concentrado durante a adequação da dieta
e iniciaram o seu programa de exercícios, totalizando 30 dias de período de
adaptação.
Os manejos testados compuseram três tratamentos: P animais
estabulados individualmente e com acesso a capim picado (Pennisetum
purpureum) no cocho; PI animais estabulados individualmente e com acesso a
capim picado (Pennisetum purpureum) no cocho e inteiro no chão e PPI - animais
soltos em grupo no piquete com fornecimento de capim (Pennisetum purpureum)
picado no cocho, inteiro no chão e acesso a pastagem.
Os animais foram alojados em baias de 12 m
2
individualmente ou em
grupo de quatro num piquete de 0,4 ha, de acordo com o tratamento. As baias
continham um cocho dividido em duas partes, a menor para receber o
concentrado e a maior destinava-se ao alimento volumoso picado.
O piquete dos ensaios experimentais possuía predominância de
Brachiaria decumbens e Paspalum notatum. A massa de forragem disponível no
inicio do experimento e ao final foram calculadas pelo método de rendimento
comparativo. As amostras cortadas rente ao solo serviram para determinar a
equação regressão entre as notas atribuídas e a amostras colhidas, e depois
encaminhadas para análise bromatológica da pastagem. As equações que
57
apresentaram igual ou maior que 0,7 foram validadas para estimar a massa de
forragem disponível na pastagem (GARDNER, 1986).
Havia dois cochos descobertos com seis metros de distância entre si e
tamanho de 3,0 m x 1,00 m x 0,80 m os quais serviam para o fornecimento de
Pennisetum purpureum picado. Outro cocho de 4,0 m x 0, 50 m x 0,40 m
localizado no fundo piquete e coberto tinha como função o fornecimento do
alimento concentrado.
A alimentação seguiu as exincias da categoria de cavalos em
treinamento moderado, conforme descrito no NRC (2007). Tanto o capim picado
como o provido inteiro eram cortados rente ao solo nas capineiras, portanto,
praticamente toda a estrutura da planta (folhas, bainhas, pseudocolmo e colmos)
foi fornecida aos equinos e as folhas tinham em média 50 cm de comprimento e o
tamanho de partícula do picado 3 cm. As ofertas de volumoso foram pesadas
antes de serem fornecidas e as sobras no momento em que eram recolhidas.
Para todos os tratamentos foram fornecidos 4 kg de concentrado comercial por
dia, divididos em duas refeições. A alimentação volumosa também era ofertada
duas vezes ao dia em momentos diferentes do concentrado. Objetivou-se para
uma oferta não limitante fornecer 8 kg de matéria seca por equino diariamente,
pois o NRC (2007) preconiza que cavalos devem consumir no mínimo 1% do PV
de matéria seca proveniente da ingeso de forragens. As ofertas obtidas de
capim elefante nos ensaios experimentais apresentam-se na Tabela 9.
Tabela 9. Médias e erro padrão da média (EPM) para a oferta em matéria seca
(MS) em kg/animal/dia de capim elefante (Pennisetum purpureum)
por animal.
OFERTA
Tratamentos
Média EPM
P PI PPI
Ensaio I 7,901 7,024 6,142 6,753 0,131
Ensaio II 5,396 6,603 5,420 5,807 0,144
Ensaio III 6,144 7,201 5, 494 6370 0,202
Tratamentos: P = estabulados individualmente e com acesso a capim picado no cocho; PI=
estabulados individualmente com capim picado no cocho e inteiro no chão; PPI= soltos em
piquete em grupo com formas de fornecimento de forragem diversificada.
Os equinos foram submetidos a um treinamento com intensidade
58
progressiva. No primeiro ensaio os animais faziam 15 minutos de marcha leve, no
segundo 20 minutos de marcha leve para moderada, e no terceiro 25 minutos de
marcha moderada. Em virtude do programa de treinamento optou-se por realizar
três ensaios experimentais, com duração de sete dias cada.
A análise bromatológica da pastagem no inicio e final do período
experimental, assim como, das ofertas e sobras do capim elefante picado e
inteiro, de cada ensaio foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da
UFPR, onde foram avaliados os teores de proteína bruta (%PB), fibra em
detergente neutro (% FDN), fibras em detergente ácido (%FDA), e Matéria Mineral
(MM). O cálculo de energia em Mcal/kg MS da forragem foi feito segundo a
equação de energia digestível (ED) recomendada pelo NRC (2007) e
posteriormente convertida em energia metabolizável (EM).
A avaliação do comportamento alimentar ocorreu no quinto dia de cada
ensaio experimental por observação dos animais no período de 24 horas
ininterruptas. A cada 10 minutos, por registro instantâneo, foi anotado em folha
própria de avaliação o comportamento ocorrido, segundo a metodologia de
amostragem focal sugerida por MARTIN e BATESON (1993). As varveis
comportamentais observadas foram o pastejo, alimentação com capim picado,
inteiro e outros (concentrado, água e sal mineral), o restante das atividades
diárias foram incluídas em outras atividades.
O delineamento inteiramente casualizado foi o escolhido e realizado no
inicio do período experimental e mantiveram-se os mesmo grupos para os ensaios
subsequentes, com quatro repetições, onde a unidade experimental foi o animal.
Entretanto, para avaliação do consumo médio diário a unidade experimental
considerada foi o dia de cada ensaio e, portanto, com sete repetições. Os testes
de Cochran e Bartlett foram usados para verificar a homogeneidade das
variâncias, em seguida foram testadas por análise de variância (ANOVA) e as
médias comparadas pelo Teste de Tukey com significância de 5% pelo programa
estatístico SAEG versão 9.1 (2007).
59
4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A oferta de capim elefante não atingiu os oito kg de MS objetivados na
metodologia, pois a forragem apresentou teores de MS menores que os esperados.
Os valores das sobras encontrados no ensaio I foram de aproximadamente 44%,
53% e 63%, no ensaio II foram de 58%, 64,5% e 56,1% e no ensaio III 53%, 54%
46%, respectivamente para P, PI e PPI. Esses resultados demonstram que a oferta
não foi limitante para o consumo, pois no ensaio II todos os tratamentos tiveram as
menores ofertas de capim elefante (Tabela 9) e as maiores sobras, quando
comparados com o restante do período experimental. De acordo com VAN SOEST
(1994), em animais estabulados admite-se o consumo volunrio quando
administrada uma quantidade tal de alimento que produzam sobras (mínimo de 15
a 20%). As sobras de forragem encontradas em todo o experimento foram
superiores a esses valores.
Os animais mantidos no piquete e com acesso a pastagem ingeriram
menos da forragem oriunda das capineiras (P<0,05) do que os cavalos estabulados
(Tabela 10). O efeito no consumo encontrado neste manejo, em conjunto com os
resultados obtidos para o tempo de comportamento alimentar destacam a
importância do pastejo na vida desses animais. Isto porque, as atividades de
alimentação foram superiores neste tratamento (P<0,05), nos dois primeiros
ensaios, em relação aos equinos confinados (P e PI) e o pastejo foi a atividade
preferida dentre as formas de alimentação oferecidas, sendo o parâmetro utilizado
para avaliar a preferência o tempo em horas diárias destinado a essa atividade
(Tabelas 11 e 12).
60
Tabela 10. Médias e erro padrão da média (EPM) para o consumo total diário (kg
de MS/dia) de capim elefante (Pennisetum purpureum) por animal.
CONSUMO
Tratamentos
EPM
P PI PPI
Ensaio I
3,986 a 3,262 a 2,115 b 0,213 0,65
Ensaio II
2,600 a 2,922 a 1,436 b 0,160 0,80
Ensaio III
3,461 a 3,603 a 2,115 b 0,189 0,63
Letras a e b diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Tratamentos: P = estabulados individualmente e com acesso a capim picado no cocho; PI=
estabulados individualmente com capim picado no cocho e inteiro no chão; PPI= soltos em piquete
em grupo com formas de fornecimento de forragem diversificada.
De acordo com diversos autores (DUNCAN, 1980; GALHAGER e
MCMENNIMAN, 1989; MEYER, 1995; DITTRICH, 2001; GOMES, 2004; SANTOS
et al., 2006; ZANINE et al., 2006), os equinos ingerem a forragem em pequenas e
frequentes porções, durante o dia e noite, ocupando diariamente de 10 a 18 horas
em pastejo. Ainda, MEYER (1995) e DITTRICH (2001) salientaram que os
períodos de pastejo duram de 2 a 3 horas, interrompidos por períodos de
descanso, locomão e atividades sociais.
A massa de forragem disponível total do piquete no ensaio I foi de 1224
kg de MS e correspondeu a uma oferta de 3,01% do peso vivo animal. No
entanto, na fase final do experimento ao fim do III ensaio, a massa de forragem foi
de apenas 238 kg de MS, e correspondeu a uma oferta de apenas 0,69% do PV
em MS/dia. Portanto, a disponibilidade individual inicial de pasto foi
aproximadamente 12 kg de MS e no final de foi de apenas 2,8 kg MS de forragem
por equino.
Os animais com acesso ao piquete coletivo apresentaram padrões de
comportamento similares aos observados em equinos selvagens ou livres em
pastagens (Tabela 11), com exceção do terceiro ensaio experimental, em função
da menor oferta de MS da forragem e seu estado de degradação. Apesar do
comportamento alimentar apresentado pelos equinos do tratamento PPI, no
terceiro ensaio, não ter diferido (P>0,05) em relação ao comportamento de
alimentação (CA) dos cavalos estabulados de P e PI (Tabela 11), o tempo
destinado ao pastejo tamm foi o maior dentre todas as atividades de
alimentação diárias (Tabela 14). Deste modo, mesmo com a degradação do
61
piquete e a oferta do capim elefante (Pennisetum purpureum) á vontade, os
cavalos deste experimento deram preferência à atividade de pastejo, sendo esta a
principal atividade de alimentação expressa nas 24 horas de avaliação (Tabela
12). Este fato reforça as características de comportamento gregário e de
pastejador contínuo da espécie equina.
Tabela 11. Tempo gasto em horas durante o período de avaliação, nos três
ensaios experimentais, com comportamento de alimentação (CA).
Apesar do consumo de forragem satisfatório dos equinos estabulados em
todo o período experimental, o tempo gasto com comportamento alimentar
(Tabela 12) foi menor do que o observado em equinos selvagens ou livres em
pastagens. DUNCAN (1980) reportou que 14,40 horas diárias são gastas com
comportamento alimentar por equinos selvagens, correspondente a 60% de 24
horas. Considerando que as atividades dos animais são excludentes, o aumento
ou a redução no tempo de alimentação implica em alterações nas demais
variáveis componentes do comportamento, como o tempo de pastejo, o descanso,
Tabela 12. Tempo gasto em horas diárias de cada atividade observada
pertencente ao comportamento de alimentão dos equinos, nos
três ensaios experimentais.
COMPORTAMENTO DE
ALIMENTAÇÃO
ENSAIO I
Tratamentos
ENSAIO II
Tratamentos
ENSAIO III
Tratamentos
P
PI
PPI
P
PI
PPI
P
PI
PPI
Pastejo --- --- 8,9 --- --- 7,0 --- --- 5,1
Comer capim picado 7,8 3,1 1,8 5,8 3,2 2,5 6,8 4,6 1,5
Comer capim inteiro --- 3,2 1,2 --- 5,0 1,3 --- 4,4 1,3
Outros 0,8 2,1 1,4 1,5 0,8 1,1 1,1 1,0 1,1
Total 8,5 8,4 13,3 7,5 9,0 11,9 7,8 10,0 8,9
Tratamentos: P = estabulados individualmente e com acesso a capim picado no cocho; PI=
estabulados individualmente com capim picado no cocho e inteiro no chão; PPI= soltos em piquete
em grupo com formas de fornecimento de forragem diversificada.
Ensaios
Tempo diário gasto em horas
EPM
P
PI
PPI
I
8,54 b
8,41 b
13,2
9 a
0,81
0,72
II 7,46 b 8,96 b 11,92 a 0,65 0,73
III 7,79 9,92 8,88 0,48 0,29
Letras a e b diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Tratamentos: P = estabulados individualmente e com acesso a capim picado no cocho; PI=
estabulados individualmente com capim picado no cocho e inteiro no chão; PPI= soltos em piquete
em grupo com formas de fornecimento de forragem diversificada.
62
atividades sociais, entre outros (CARVALHO et al. 2001). Portanto, os equinos
estabulados passaram mais tempo parados em pé e em descanso que os cavalos
do tratamento PPI nos dois primeiros ensaios experimentais, sendo esta alteração
comportamental causada pelas restrições do ambiente confinado.
Neste trabalho, dois tratamentos (PI e PPI) oportunizaram aos animais a
possibilidade de escolha entre diferentes formas de ofertas de forragem, em PI
capim elefante foi a única fonte de forragem, mas foi oferecido com duas estruturas
diferentes (picado e inteiro) e PPI além da oferta diversificada de capim elefante os
animais tinham acesso a pastagem.
As médias de consumo do capim inteiro foram inferiores nos três ensaios
experimentais em relação ao consumo de capim picado (Tabela 12),
independentemente do tratamento, com exceção do manejo PI (cocheira) que no
ultimo ensaio apresentou consumo de capim inteiro 8% maior do que picado no
cocho. Resultado este, influenciado pelo fato de ser ofertado no chão das baias,
promovendo contato do capim inteiro com a cama e as fezes e consequente
avero dos animais pelo alimento. Segundo DITTRICH et al. (2007a) e
HODGSON (1990) cavalos adultos têm aversão por pastagens contaminadas por
fezes, deixando a pastagem em forma de mosaico. Fato este, normalmente
relacionado a maiores perdas de forragem no pastejo.
Num estudo com enriquecimento do ambiente de cocheiras com múltiplas
forragens, observou-se a preferência por forragens, com menor tamanho de
partícula e disponibilizadas no cocho, pela facilidade de acesso e consumo e ser
mais próxima ao pastejo do que as redes de feno (THORNE et al., 2005). Em
concorncia, portanto, com os resultados obtidos em PI e PPI se considerado o
maior consumo médio de capim picado do que inteiro, nos três ensaios
experimentais (Tabela 13). Isto porque houve maior facilidade de consumo devido
ao menor tamanho de partícula do capim picado, em adição ao menor tempo de
execução da ingestão deste, em relação ao disponibilizado inteiro (Tabela 12).
Entretanto, mesmo com o menor consumo de capim inteiro no manejo com
cavalos estabulados (PI), observou-se que o tempo gasto com a ingestão, desta
forma de forragem, foi próximo ou superior ao picado. Possivelmente, a maior
motivação alimentar foi a causa desse dispêndio com a ingestão forragem inteira,
em consequência da maior similaridade deste comportamento a atividade de
pastejo, como mencionado por THORNE et al. (2005).
63
Especificamente na condição do capim inteiro, a estrutura da planta pode
ter dificultado a maior ingestão desafiando o animal e simultaneamente
estimulando o seu comportamento alimentar e a capacidade de seleção. No
entanto, esta motivação não foi suficiente para aumentar o tempo total
despendido com comportamento de alimentação (P>0,05) dos cavalos que
receberam esse enriquecimento (PI) ao que permaneceram no manejo com oferta
apenas de capim picado no cocho(P) (Tabela 11). Possivelmente, o tempo de
ingestão e o consumo não foram maiores devido à influência do pisoteio desta
forma de capim nas baias e aversão alimentar gerada pela contaminação de fezes
e cama.
Tabela 13. Médias e erro padrão da média (EPM) para o consumo diário (kg de
MS/dia) de capim elefante (Pennisetum purpureum) inteiro e picado por
animal nos tratamentos PI e PPI.
CONSUMO P PI PPI MÉDIA EPM
INTEIRO
Ensaio I ---- 1,285 0,719 1,002
0,122
Ensaio II ---- 1,384 0,507 0,946
0,133
Ensaio III ---- 1,818 0,787 1,303
0,167
PICADO
Ensaio I 3,986 2,030 1,281 1,656
0,264
Ensaio II 2,600 1,617 0,928 1,273
0,163
Ensaio III 3,461 1,679 1,264 1,472
0,237
PI= estabulados individualmente com capim picado no cocho e inteiro no chão; PPI= soltos em
piquete em grupo com formas de fornecimento de forragem diversificada.
Provavelmente, o capim inteiro num ambiente com possibilidades de
pastejo não foi tão atrativo e nem estimulante no que se refere ao comportamento
ingestivo, portanto, o consumo foi minimizado e o tempo gasto na execução
dessa atividade reduzido (Tabelas 12 e 13).
Na categoria de equinos em treinamento moderado o NRC (2007) sugere
que a ingestão de energia metabolizável (EM) seja de 18,20 Mcal/dia e 614 g/dia
de proteína bruta (PB) para atingir as exigências nutricionais. O concentrado
64
fornecido possuía 13% de PB e 2,6 Mcal/kg.MS, o que correspondeu a um total de
512 gramas de PB e 10,4 Mcal/dia na alimentação de cada cavalo do experimento.
Em conjunto com o consumo do capim elefante os cavalos estabulados, com
exceção dos equinos do manejo P para EM no segundo ensaio, conseguiram suprir
as exigências nutricionais de sua categoria (Tabela 14), porém os animais mantidos
coletivamente em piquete o atingiram os veis mínimos de EM com a dieta
fornecida artificialmente naquele ambiente.
Tabela 14. Valores de energia metabolizável e proteína bruta estimados da
forragem (
Pennisetum purpureum
) ingerida e da dieta total*.
CONSUMO
EM (Mcal/dia)
forragem
PB (g)
forragem
EM (Mcal/dia)
dieta total
PB (g)
dieta total
P
PI
PPI
P
PI
PPI
P
PI
PPI
P
PI
PPI
Ensaio I 10,6 8,8 5,7 363,5
297,5
192,9
21,0
19,2 16,1 883,5
817,5
712,9
Ensaio II 6,9 7,9 3,7 237,1
266,5
130,0
17,3
18,4 14,2 757,1
786,5
650,0
Ensaio III 9,1 9,7 5,7 315,6
328,6
192,9
19,6
20,1 16,1 835,6
848,6
712,9
*Capim elefante mais concentrado.
Tratamentos: P = estabulados individualmente e com acesso a capim picado no cocho; PI=
estabulados individualmente com capim picado no cocho e inteiro no chão; PPI= soltos em piquete
em grupo com formas de fornecimento de forragem diversificada
Provavelmente, a intensa atividade de pastejo observada em PPI, em
especial nos dois ensaios iniciais, contribuiu na complementação nutricional da
dieta. Como a oferta individual no inicio do experimento era de 12 kg de MS por
animal, presume-se que os cavalos buscaram atingir seus requerimentos
nutricionais e de ingestão de forragem pelo pastejo.
ZANINE (2009) sugere que animais com maiores exigências nutricionais
com intuito de supri-las despenderam mais tempo em pastejo como mecanismo
compensatório. No entanto, no ultimo ensaio experimental, no tratamento com
acesso a pastagem não houve um incremento no tempo gasto com alimentação
(P>0,05) com relação aos cavalos estabulados (Tabela 12). Mesmo assim, o
comportamento de alimentação mais frequente foi o pastejo qualificando a
preferência dos animais pela pastagem, em relação ao capim elefante ofertado à
vontade. A possível justificativa para o ter ocorrido diferença entre os tempos de
comportamento alimentar dos equinos com acesso ao pasto e os estabulados foi o
alto nível de degradação do piquete que de uma oferta com cerca de 3 % do PV
em 21 dias passou para 0,69% do PV ou 2,8 kg de MS por animal, o que
caracteriza uma alta taxa de desaparecimento de forragem. De acordo SANTOS
(2007) e PINTO et al. (2007) áreas com baixa oferta de forragem manm uniforme
65
o perfil da pastagem e a forragem disponível é sempre nova, pois apresenta um
rebrote ativo e intenso, mas a alta intensidade de pastejo o permite uma massa
de forragem que beneficie o bocado realizado pelo animal. Situação essa
semelhante à encontrada no piquete durante o período experimental e que pode
ser constatada pela composição bromatológica praticamente inalterada do pasto
antes e depois da entrada dos animais experimentais (Tabela 15).
A alta pressão de pastejo exercida pelos equinos nos ensaios I e II,
também es relacionada a características de preferência alimentar. Segundo
HOUPT (2005) equinos escolhem e selecionam forragens jovens, em crescimento,
com alta digestibilidade e alto teor de PB. A qualidade da pastagem encontrada em
PPI do inicio ao fim do período experimental se manteve alta e próxima do valor
nutricional do capim ofertado artificialmente, além disso, estava em rebrota,
exercendo maior influencia no critério de escolha de ingestão de forragem nos
equinos (Tabela 15). Assim, como o consumo de pastagem não foi mensurado
neste trabalho o há como afirmar que as exigências nutricionais da categoria
foram atendidas neste manejo (PPI), em especial no ultimo ensaio experimental.
Deste modo, existe uma grande probabilidade de não ter sido atingido tamm o
valor mínimo recomendado pelo NRC (2007) de 1% do PV em MS de ingestão de
forragem no manejo em piquete coletivo, pois nos animais estabulados apenas, os
cavalos do primeiro ensaio, com alimentação volumosa picada e sem
enriquecimento chegaram próximos ao preconizado (Tabela 10).
Tabela 15. Teor de matéria seca (%) e composição nutricional (% MS) das
amostras compostas da pastagem disponibilizada no tratamento PPI,
antes do início e após o término dos ensaios experimentais.
Pastagem
Composição Nutricional
MS (%)
PB
(% MS)
FDN
(% MS)
FDA
(% MS)
EE
(% MS)
MM
(% MS)
EM
(Mcal/kg MS)
Antes
15,75
12,58
63,10
31,50
0,92
12,93
2,75
Depois
17,75 11,72 64,96 32,41 0,90 11,86
2,62
MS = matéria seca; PB = proteína bruta; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em
detergente ácido; EE = extrato etéreo; MM = matéria mineral; EM= energia metabolizável.
Outro fator que pode ter afetado a preferência alimentar foi o fornecimento
extra de forragem proveniente de capineiras, pelo fato de não integrarem a
pastagem. Portanto, o consumo do capim independente da forma ofertada aos
animais (PPI) foi preterido a pastagem, pois o pastejo é a maneira mais acessível
66
ao consumo de forragem e faz parte do comportamento exploratório natural dos
equinos. Segundo JÖERGENSEN & BÖE (2007) que trabalharam com equinos em
treinamento mantidos em piquetes, quanto maior o acesso a pastagem mais é
observada a atividade de pastejo, apesar das necessidades nutricionais estarem
supridas. Com isso, os autores supracitados puderam concluir que o ato de pastejo
é um estimulo interessante por si para os equinos.
A escolha da dieta é identificada pela aceitação ou rejeição de certos
componentes das plantas ou partes das plantas, sendo de grande importância
para a nutrição e produtividade dos equinos (DITTRICH et al., 2007a). As
características estruturais das plantas, como altura, densidade e componentes
como folha, colmo e inflorescência, interferem nesta seleção (HUGHES e
GALLAGHER, 1993). Segundo QUEIROZ FILHO et al. (2000) a relação
folha:colmo do capim elefante (roxo) ao atingir 80 dias de idade foi em torno de
1,0 e considerando esse valor como limite crítico para uso na alimentão de
herbívoros, relacionando qualidade versus quantidade da forragem produzida. As
capineiras deste experimento apesar de possrem diversos cultivares (mista), a
idade de corte foi menor que 80 dias e mesmo assim ocorreu forte seleção pelos
equinos.
A capacidade de seleção exercida pelos equinos é amplamente
reconhecida pela literatura (DAVIDSON E HARRIS, 2002; HOUPT, 2005; NRC,
2007). A seleção alimentar praticada pelo animal é demonstrada na medida em
que a composição bromatológica das sobras diferencia-se da dieta total (VAN
SOEST, 1994). No três ensaios deste experimento pode-se observar uma grande
seletividade de cocho por meio da avaliação bromatológica da oferta e sobras de
capim elefante (Tabelas 16, 17 e 18), que mostrou diferenças na composição
nutricional em todos parâmetros avaliados (PB, FDN, FDA, EE, MM e EM). O
percentual de sobras de capim picado para os ensaios I, II e III, respectivamente,
foram de (P,PI e PPI): 44%, 49% e 60%; 58, 52% e 67% ; 53%, 59% e 57%.
Dados estes que reforçam o fato de que o baixo consumo de capim elefante dos
equinos com acesso ao pasto, se deu pela preferência em colher a sua forragem
por meio do pastejo e exercendo, assim, menor seletividade sobre o capim picado
no cocho em comparação com os equinos estabulados, nos ensaios I e II.
Provavelmente as sobras diminuíram no ensaio III devido a pouca oferta de
forragem proveniente da pastagem.
67
O capim inteiro apresentou mais sobras nos três ensaios experimentais
do que o picado (I-60% e 73%; II-57% e 80%; III- 46% e 67%), a média de
consumo foi inferior e o tempo de gasto desde a manipulação a ingestão foi
semelhante à forma picada ou até mesmo chegou a ser superior. Esses
resultados provavelmente são consequências de uma motivão alimentar gerada
pela estrutura da planta e a possibilidade de seleção de folhas mais efetiva. Isto
porque, apesar do menor consumo e maior quantidade de sobras os valores
nutricionais das da parte preterida da planta ficou muito próxima das encontradas
no capim picado. Houve efetiva diminuição do extrato etéreo (ceras), proteína
bruta e matéria mineral que está disponível, principalmente nas folhas. Ainda, o
incremento nos teores de matéria seca, fibra detergente neutro e ácido que estão
ligados as partes de colmos e pseudocolmos das plantas (Tabelas 16,17 e 18).
Isto ocorreu, pois a seleção é intrínseca a preferência alimentar e determina a
qualidade da dieta (DITTRICH et al., 2007b). Reforçando a possibilidade da
característica estrutural do capim inteiro ter facilitado a maior efetividade na
apreensão de folhas de Pennisetum purureum.
Tabela 16. Teor de matéria seca (%) e composição nutricional (% MS) da oferta e
das sobras de capim elefante (Pennisetum purpureum),
disponibilizado picado ou inteiro nos tratamentos no primeiro ensaio
experimental.
Tratamentos
Composição Nutricional
MS (%)
PB
(% MS)
FDN
(% MS)
FDA
(% MS)
EE
(% MS)
MM
(% MS)
EM
(Mcal/kg
MS)
Ofertas
Picado
23,00 9,28 61,18 34,26 1,74 8,71 2,67
Inteiro
20,50 10,81 62,92 35,21 1,97 10,39 2,70
Sobras
Picado P
24,00
3,54
70,75
44,51
1,19
6,15
2,00
Picado PI
25,00
3,34
69,79
44,00
1,21
6,93
2,09
Picado PPI
22,00
4,09
67,17
43,82
1,03
6,28
2,12
Inteiro PI
27,00 4,15 70,26 43,26 1,06 6,37 2,06
Inteiro PPI
24,00 4,47 67,79 42,53 1,05 7,41 2,10
MS = matéria seca; PB = proteína bruta; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em
detergente ácido; EE = extrato etéreo; MM = matéria mineral; EM= energia metabolizável.
68
Tabela 17. Teor de matéria seca (%) e composição nutricional (% MS) da oferta e
das sobras de capim elefante (Pennisetum purpureum), disponibilizado
picado ou inteiro nos tratamentos no segundo ensaio experimental.
Tratamentos
Composição Nutricional
MS (%)
PB
(% MS)
FDN
(% MS)
FDA
(% MS)
EE
(% MS)
MM
(% MS)
EM
(Mcal/kg
MS)
Ofertas
Picado
18,67 9,57 64,40 36,23 1,54 8,84 2,61
Inteiro
17,50 11,49 63,37 35,20 1,51 10,35 2,74
Sobras
Picado P
21,00 4,05 72,47 45,21 0,74 7,04 1,96
Picado PI
21,00 3,73 71,49 45,59 0,97 6,31 1,99
Picado PPI
21,00 3,87 70,62 44,94 1,09 6,29 2,02
Inteiro PI
23,00 3,95 66,67 43,30 0,88 5,06 2,17
Inteiro PPI
23,00 4,51 66,04 42,19 0,73 8,50 2,09
MS = matéria seca; PB = proteína bruta; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em
detergente ácido; EE = extrato etéreo; MM = matéria mineral; EM= energia metabolivel.
Tabela 18. Teor de matéria seca (%) e composição nutricional (% MS) da oferta e
das sobras de capim elefante (Pennisetum purpureum), disponibilizado
picado ou inteiro nos tratamentos no terceiro ensaio experimental.
Tratamentos
Composição Nutricional
MS (%)
PB
(% MS)
FDN
(% MS)
FDA
(% MS)
EE
(% MS)
MM
(% MS)
EM
(Mcal/kg
MS)
Ofertas
Picado
20,33 9,78 63,54 36,11 1,51 9,14 2,63
Inteiro
18,00 11,29 63,44 35,23 1,11 9,66 2,74
Sobras
Picado P
22,00 4,16 68,72 42,63 0,67 6,68 2,07
Picado PI
22,00 4,32 70,69 45,36 1,01 6,50 2,05
Picado PPI
22,00 3,48 71,00 43,90 0,73 6,33 1,98
Inteiro PI
21,00 3,98 68,13 42,89 0,92 5,49 2,12
Inteiro PPI
21,00 4,59 67,35 40,52 0,73 8,63 2,07
MS = matéria seca; PB = proteína bruta; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em
detergente ácido; EE = extrato etéreo; MM = matéria mineral; EM= energia metabolizável.
A seletividade dos equinos também foi bastante alta para o capim picado,
com maior ênfase desse efeito nos manejos onde o capim elefante era a única
69
fonte de forragem, independentemente se tamm estava presente a forma inteira
na dieta volumosa. No terceiro ensaio, a composição das sobras de capim no
manejo de piquete foi similar as sobras recolhidas cocheiras, possivelmente o
menor tempo de pastejo deste ultimo grupo de equinos e a disponibilidade de
pastagem reduzida, levou a uma maior seletividade no consumo de capim
elefante. Durante todo o período experimental, o acesso dos animais à pastagem
influenciou no consumo e seletividade do capim elefante independente da forma
ofertada, demonstrando a grande preferência dos equinos pelo ato de pastejo,
preterindo as outras formas de alimentação volumosa disponíveis pelo manejo.
4.4. CONCLUSÃO
O manejo composto por piquete coletivo com acesso a pastagem e
incrementado com oferta diversificada de alimentos volumosos motiva o
comportamento alimentar dos equinos.
A diversificação de oferta do capim elefante no ambiente confinado o
apresenta nenhum incremento no consumo efetivo desta forragem, porém, pode
favorecer o comportamento alimentar pela variação das atividades alimentares
diárias num ambiente restrito.
O capim elefante como fonte exclusiva de forragem para equinos pode ser
interessante quando fornecido na forma picada e inteira, entretanto com ofertas
elevadas, pois os equinos realizam intensa seletividade devido a sua estrutura.
A composição nutricional da forragem mostra ser uma importante forma
de avaliar a seletividade dos equinos e suas preferências alimentares, indicando
as possíveis estruturas da planta preferidas ao consumo.
A avaliação conjunta da composição bromatológica, consumo e
mensurações de comportamento alimentar trazem informações sobre a
adequação ou não do manejo escolhido, em especial para cavalos estabulados.
70
4.5. REFERÊNCIAS
ARCHER, D.C. e PROUDMAN, C.J. Epidemiological clues to preventing colic.
Veterinary Journal, v. 172 p. 29-39, 2005.
CARVALHO, P. C. et al., Importância da estrutura da pastagem na ingestão e
seleção de dietas pelo animal em pastejo. In: A produção Animal na Visão dos
Brasileiros. REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,
Anais... Piracicaba-SP. 2001. p.853-871, 2001.
DAVIDSON, N. e HARRIS, P. Nutrition and Welfare In: The Welfare of Horse
v.1Dordrecht:Kluwer Academic Publishers; Cap. 3 45-76, 2002.
DITTRICH, J.R. Relações entre a estrutura das pastagens e a seletividade de
eqüinos em pastejo. 77f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Curso de Pós-
graduação em Agronomia. UFPR. Curitiba, 2001.
DITTRICH, J.R. et al.
A
Comportamento ingestivo de equinos em pastejo sobre
diferentes dosis. Ciência Animal Brasileira, v. 8, n. 1, p. 87-94, 2007.
DITTRICH, J.R. et al.
B
Comportamento ingestivo de equinos em pastagens.
Archives of Veterinary Science. v.12, n.3 p. 1-8, 2007.
DUNCAN, P. Time-budgets of Camargue horses.II. Time-budgets of adult horses
and weaned subadults.Behaviour. v.72, p.26-49, 1980.
GALLAGHER, R. e McMENIMANN, N.P.; Grazing behavior of horses on SE
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New South Wales: University of New England, p.11-12. 1989.
GARDNER, A.L. 1986. Técnicas de pesquisa em pastagem e aplicabilidade de
resultados em sistema de produção. Brasília: IICA/EMBRAPA ¾ CNPGL. 197p.
GOMES, C. S. Azevém e aveia branca como fator de influência no
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Pós-graduação em Agronomia. UFPR. Curitiba. 2004.
GOODWIN, D.; DAVIDSON, H.P.B.; HARRIS,P. Sensory varieties in concentrated
diets for stabled horses. Applied Animal Behaviour Science, v. 95, p. 223-232,
2005.
GOODWIN,D.; DAVIDSON,H.P.B.; HARRIS,P., A note on behaviour of stabled
horses with foraging devices in mangers and buckets, Applied Animal Behaviour
Science, v.105, p.238-243, 2007.
71
HODGSON, J. Grazing Management: Science into practice. Longman Group,
200 p., 1990.
HOUPT, K.A. Manteince behaviours.In: The domestic horse In: The evolution,
development and management of it´s behaviour. 1 ed. Cambridge: Cambridge
University Press; Cap.6, p. 94-109, 2005.
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Science, v.107, p.166-173, 2007.
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MEYER, H. Alimentação de cavalos. São Paulo: Varela, 303p., 1995.
MILLS, D.S. Repetitive movement problems in the horse. In: The domestic horse
: The evolution, development and management of it´s behaviour. 1 ed. Cambridge:
Cambridge University Press; Cap. 15 p. 212-227, 2005.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL NRC. Nutrient requirements of horses. 6
ed. Washington: National Academy Press, 2007.
PINTO, C. E.; CARVALHO, P. C. F.; FRIZZO, A. et al Comportamento Ingestivo de
Novilhos em uma Pastagem Nativa do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de
Zootecnia, Viçosa, v.36, n.2, p. 319-327, 2007.
QUEIROZ FILHO, J. L., SILVA, D. S.; NASCIMENTO, I. S. Produção de matéria
seca e qualidade do capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cultivar roxo
em diferentes idades de corte, Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n. 1, p. 69-
74, 2000.
SAEG - Sistema para Alises Estatísticas, Versão 9.1: Fundação Arthur
Bernardes - UFV - Viçosa, 2007.
SANTOS, E. M et al. Comportamento ingestivo de eqüinos em pastagens de
grama batatais (Paspalum notatum) e braquiarinha (Brachiaria decumbens) na
região centro-oeste do Brasil. Ciência Rural, v.36, n.5, p.1565–1569, set-out,
2006.
SANTOS, D. T. Manipulação da oferta de forragem em pastagem natural:
efeito sobre o ambiente de pastejo e o desenvolvimento de novilhas de
72
corte. 2007. 259f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-graduação em Zootecnia,
Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2007.
THORNE, J.B. et al. Foraging enrichment for individually housed horses:
Practicatility and effects on behavior. Applied Animal Behaviour Science, v. 94,
p. 149-164, 2005.
VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca: Cornell
University Press, 1994. 476 p.
ZANINE, A.M. et al. Diferenças entre sexos para as atividades de pastejo em
equinos no nordeste do Brasil. Archivos de Zootecnia, 55: 1-10, 2006.
ZANINE, A.M. et al. Comparão do hábito alimentar de eqüídeos sob pastejo.
Archivos de Zootecnia, v. 58 (223) p.459-462, 2009.
73
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho visou colaborar com o maior conhecimento das áreas de
comportamento e alimentação de equinos em treinamento e muitas vezes
submetidos a manejos com confinamentos por períodos extensos. Novas
estratégias de manejo foram investigadas e avaliadas, neste trabalho de
mestrado, com intuito de incrementar a qualidade de vida de cavalos destinados a
atividades de esporte e lazer.
A revisão de literatura dessa dissertação reuniu informões sobre o
comportamento alimentar de equinos, estabulados destinados a atividades de
esporte e lazer, e a influência das alterações desta variável comportamental na
qualidade de vida destes animais. Logo, mostrou-se evidente que o maior
conhecimento a respeito dos padrões comportamentais, em especial o alimentar,
fomenta e auxilia na escolha de estratégias de manejo mais adequadas para
equinos em treinamento.
O terceiro capítulo trata de um estudo, onde foram avaliados
padrões comportamentais de equinos em treinamento sob diferentes manejo
alimentares. Três manejos foram testados, sendo dois destes e ambiente
confinado com diferentes enriquecimentos ambientais pela oferta de forragens e o
ultimo realizado em piquete com acesso a pastagem. Portanto, a variação na
alimentação foi relacionada a alimentão volumosa. Conclui-se que equinos
manejados em grupo e com diversificação na oferta de alimentos demonstram em
geral comportamentos mais próximos aos naturais.
Sugere-se que estudos com melhoramento da dieta para enriquecimento
ambiental não diversifique apenas a forma de disponibilizar a forragem, mas
também as espécies forrageiras para maior incremento na motivação do
comportamento de alimentação. Entretanto, sempre que possível deve se manejar
cavalos em piquetes e em grupo, mesmo que por algumas horas.
Alimentação de equinos em treinamento sob diferentes manejo foi o tema
abordado no quarto capitulo, juntamente com avaliações de comportamento
ingestivo. Através dos resultados encontrados demonstrou-se que o ambiente
74
interfere nos hábitos alimentares dos equinos, inclusive com alterações no
consumo e na seletividade dos alimentos volumosos. O acesso a pastagem com
a consequente possibilidade de pastejo foi o fator principal das alterações
comportamentais, consumo e seletividade de forragens. Logo, em novos estudos
sugere-se que seja mensurado o consumo e a avaliação da estrutura da
pastagem maior entendimento do comportamento alimentar de equinos nas mais
diversas condições.
75
APÊNDICES
Apêndice I........................................................................................................75
Apêndice II.......................................................................................................76
76
APÊNDICE I
77
APÊNDICE II
COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE EQUINOS EM TREINAMENTO
SUBMETIDOS A DIFERENTES MANEJOS
Afonso, A.M.C.F*; Machado, L.F¹; Cassanelli, F.²; Lobo, A.H.²; Neto, M.V.T.²; Meisen, M.J.³;
Dittrich, J.R.
4
¹ Aluno do Programa de s Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rua dos Funcionários
1540, Juvevê, 80035-050. Email: amandamosersc@yahoo.com.br
² Aluno de Graduação do Curso de Zootecnia da UFPR
³ Aluna de Graduação do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Santa Catarina
4
Prof
.
essor Doutor do Departamento de Zootecnia da UFPR
A mensuração do comportamento alimentar informa sobre a adequação do manejo
conforme o contexto de vida do animal. Comumente equinos em treinamento o mantidos
em confinamento. Este fato determina importante influência sobre o comportamento geral
e alimentar. O presente estudo avaliou alterações no comportamento ingestivo de equinos
em treinamento em distintas condições ambientais e alimentares. Avaliaram-se 12 equinos
da raça Mangalarga Marchador, cinco machos castrados e sete fêmeas com idade e peso
variados. A alimentação seguiu as exigências para cavalos em treinamento moderado,
como concentrado utilizou-se ração comercial e volumoso Pennisetum purpureum. O
exercício foi de intensidade progressiva no tempo, devido a esta variação, realizaram-se
três experimentos. Tratamentos: P animais confinados individualmente com acesso a
capim picado no cocho; PI- animais confinados individualmente com acesso a capim
picado no cocho e inteiro no chão; PPI- animais agrupados no piquete com acesso ao pasto,
capim picado nos cochos e inteiro no chão. O comportamento foi avaliado por amostragem
focal (CA- comportamento alimentar, OA - outras atividades). O delineamento foi o
inteiramente casualizado com quatro repetições e análise pelo Teste de Tukey. Nos dois
primeiros experimentos, os equinos do tratamento PPI apresentaram maior tempo de CA
(P<0,05) que nos tratamentos em que os cavalos estavam estabulados. Isto porque o
piquete forneceu mais alternativas para os animais desenvolverem de maneira natural o seu
comportamento alimentar. O terceiro experimento diferiu dos demais provavelmente
devido à maior intensidade de exercício, maior degradação do piquete e confrontos de
dominância entre os membros do grupo. Conclui-se que os equinos em treinamento,
manejados em grupo e com diversificação na oferta de alimentos demonstram
comportamento alimentar mais próximo ao natural. A diversificação da dieta em
confinamento não é suficiente para influenciar positivamente o comportamento alimentar
quando comparado com a mudança de ambiente e o convívio social em grupo.
Palavras-Chaves: Comportamento ingestivo, cavalos, exercício, confinamento
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