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Lambda - Na minha terceira aula, pensei num círculo... procurei levar um material de apoio,
eu tentei fazer assim de cartolina pra mostrar a área do círculo, botar um polígono dentro do
círculo, mas não deu muito certo o jeito que eu construí, o material não ficou tão do jeito que
eu gostaria que ficasse, mas ainda assim deu pra apresentar a idéia, fui contando com eles,
ficou bem legal. Não teve um aproveitamento cem por centro como era a expectativa, em
compensação eu gostei que eles ficaram bem felizes da gente trazer uma coisa diferente
pra eles, que não era só anotar no quadro a fórmula e mostrar, a gente trouxe uma coisa
mais concreta, mostrar mesmo com o material de apoio. Noutra aula, como eu tinha comigo
bastante sólidos, seria uma oportunidade de mostrar. Eu levei eles comigo, eu ia aproveitar
pra mostrar pra eles as pirâmides, eu não tinha intenção de trabalhar as fórmulas, de chegar
à conclusão nenhuma mas, depois, o professor, o método dele qual é, dar a fórmula e coisa
e tal, eu pensei que eles fossem visualizar a fórmula com maior dificuldade, se eu puder
pelo menos mostrar pra eles, quando eles forem ver, aquilo desde o início, ter manuseado e
aí é só associar as fórmulas vou poder pelo menos ajudar mais um pouco eles, aí foi essa a
minha idéia. Depois o professor ficou espantado, disseram pra ele ..., eu só apresentei pra
eles.
Profa. Lucia - Afinal, o que é dar aula? O que é ser um bom professor?
Zeta - Atingir as expectativas de uma pessoa que conseguiu ter um esclarecimento, aquilo
que a gente julga como ideal pra sociedade, por exemplo: se tu é um bom professor, alguém
te rotula dessa forma, tu é um bom professor, se tu ganhou esse rótulo no teu serviço, é
porque o teu serviço foi convincente e o bom serviço é quando você consegue superar as
expectativas.
Prof. Miguel - O mundo na sala de aula, a explicação do tédio, boa parte se deve ao fato de
trancafiar uma criança, com energia quase atômica, dentro de uma sala de aula. Então, com
todo esse mundo dinâmico que tem a nossa volta, um mundo cheio de informações, e aí se
coloca os alunos no ambiente de escola, um ambiente parado, artificial, monótono. É claro
que eles vão ficar com tédio. Então, uma saída possível é trazer esse mundo que está lá
fora pra dentro da sala de aula, então fazer as conexões, é a música, é fazer pesquisa na
internet, mas no intuito de pesquisar e não de só trazer informação. Tem o sujeito
informação que sabe de tudo, mas não tem opinião, é aquele cara que se liga em dez
canais ao mesmo tempo, são nossos alunos, eles têm muita informação.
Omega - Eu acho que a matemática tinha tudo pra ter essa relação com as outras
disciplinas, a gente olha pra todos os lugares, a gente enxerga os números, só que, por
outro lado, isso não acontece, isso é mais difícil de acontecer, se tu olhar as relações entre
as matérias, a matemática é a que está mais isolada, é a que está mais atrás nessa corrida
em direção a interdisciplinaridade. Eu acho que é um pouco complicado fazer isso, mas é
necessário. Tu chega na sala de aula com uma ideia desse tipo e te depara com um aluno
que já tem há vários anos uma outra idéia de matemática, daí tu chega naquele momento e
quer mostrar uma coisa um pouco diferente, daí dá aquele choque e ele já não entende
mais nada. Então, isso acaba frustrando, então é difícil, por isso que o professor chega com
uma ideia, vou revolucionar agora e, quando vê, não acontece nada, porque tu tens que
pegar o aluno desde o início, não adianta você chegar do nada, numa turma do segundo
ano, agora vamos lá, é assim, pêra aí, só um pouquinho, cadê a fórmula, cadê, isso
professor é complicado. Mas é necessário, eu acho.
Após essa longa exposição de fragmentos de discursos seria preciso
estabelecer alguns pontos gerais de análise. Não, não creio ser esse o caminho