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segundo Leila Perrone-Moisés: ―A simples denúncia, pela linguagem, do
que vai mal no mundo, não tem a eficácia conseguida pelo trabalho da
forma na literatura. Os artifícios do escritor revelam, ao mesmo tempo, o
que falta no mundo e aquilo que nele deveria estar‖ (PERRONE-
MOISÉS, 1990, p. 107). Isso significa dizer que, embora engajada, a
narrativa de Lygia Bojunga não é panfletária nem explícita, mas constrói-
se através de metáforas poéticas que conferem ao texto rico potencial
semântico. Suas publicações, portanto, revelam um discurso de luta e
oposição às situações adversas encontradas no país.
No segundo capítulo, examinamos algumas leituras realizadas por
Lygia Bojunga, que lhe foram relevantes e modificaram sua forma
mentis. Confirmamos fontes já anunciadas pela própria escritora, como:
Monteiro Lobato, Dostoievski, Edgar Allan Poe, Rainer Maria Rilke,
Fernando Pessoa; e outras que identificamos, como os autores
românticos alemães. Nesse sentido, estabelecemos aproximações e
diferenças entre os textos bojunguianos e seus precursores, e foi-nos
possível conhecer um pouco mais da Lygia Bojunga- leitora, as obras
que a influenciaram, e como essa leitora ativa conseguiu,
posteriormente, converter a noção de ―endividamento‖, em relação aos
seus precursores, em superação e consolidação de um estilo próprio.
No último capítulo, procuramos analisar a escritura bojunguiana
sob vários aspectos, dentre eles o da linguagem, como instrumento de
subversão e contestação que se realizam também no momento em que
a linguagem se desvia da norma culta; ou, segundo Sandra Nitrini, em
Literatura comparada, ―ao quebrar as leis da linguagem censurada pela
gramática e pela semântica, realiza como que uma contestação social e
política‖ (NITRINI, 1997, p. 159). Com isso, Lygia Bojunga subverte o
estabelecido, ao utilizar recursos expressivos que aproximam sua obra
do leitor. Daí, a presença da língua falada como recurso estilístico.