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[...] hoje vivemos na chamada “civilização da imagem”. É a era da
visualidade, da cultura visual. Há imagens por toda parte. E com a entrada
da tecnologia das imagens, modificaram-se as bases do conhecimento
humano. As crianças, desde cedo, aprendem a interagir com elas através
de comandos nos vídeo games e computadores, e aprendem a produzir e
consumir imagens de toda ordem. Na publicidade contemporânea, a
imagem é presença obrigatória. È nesse tipo de imagem que são
investidos mais dinheiro, mais talento e mais energia do que em qualquer
outro. Na publicidade, as imagens sugerem o que devemos fazer, que
devemos necessitar, o que devemos valorizar ou desejar [...] A leitura
dessas imagens é um meio para a conscientização de que somos
destinatários de mensagens que pretendem impor valores, idéias e
comportamentos que não escolhemos (ROSSI, 2006a, p.9).
Considerando que ler é atribuir significado, o problema central é como praticar a
leitura de uma imagem, mais especificamente, de uma obra de arte. Não se pode
esquecer que sua característica mais importante é falar do intraduzível – não é um
discurso verbal, mas uma relação de outra natureza, estreitamente relacionado com o
sensível. Ela utiliza-se da própria linguagem que não é a verbal. Ao abordar uma obra
no sentido de fazer uma leitura, esta sempre será uma tentativa de adaptar uma
narrativa entre duas linguagens diferentes por natureza. Neste sentido, não podemos
adotar de maneira rígida um dos vários métodos de leitura da obra e aplicá-lo como um
manual, sob pena de sufocarmos a poesia e a curiosidade do aluno. O papel do
professor é de um facilitador e mediador entre a obra e o educando. Nessa mesma
linha de pensamento Rossi alerta sobre os malefícios de introduzir receitas prontas,
previamente acabadas, para a leitura de imagens, e, para tornar a experiência mais
dolorosa e ineficiente, desconhecer ou desprezar a vivência e o conhecimento do aluno:
Freqüentemente, a leitura estética tem se reduzido a um roteiro
preestabelecido de perguntas que não respeitam a construção dos alunos
nesse domínio, nem tampouco a natureza e especificidade da imagem
que está sendo analisada. Presume-se que as informações históricas e os
conteúdos formais podem dar conta do pensamento estético no domínio
da leitura. [...] O papel do professor é provocar questões e esclarecer
idéias, sem dogmatismos ou imposições. Ao desconhecer o pensamento
estético do aluno, o professor corre o risco de enfatizar as suas idéias
favoritas. Ao contrário, o professor atento às idéias dos alunos saberá
quando e como enriquecer as suas leituras e contribuir para que a leitura
estética possa cumprir a função de enriquecimento da vida e não apenas
de fornecedora de informações. A leitura estética deve ser um elemento
fundamental, essencial, no processo educacional, e que tenha significado