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GISELA ROCHA DE SIQUEIRA
ALTERAÇÕES POSTURAIS, INSTABILIDADE DA COLUNA
E ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR VERTEBRAL EM
ADOLESCENTES E ADULTOS JOVENS OBESOS
Recife
2010
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GISELA ROCHA DE SIQUEIRA
ALTERAÇÕES POSTURAIS, INSTABILIDADE DA COLUNA
E ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR VERTEBRAL EM
ADOLESCENTES E ADULTOS JOVENS OBESOS
Recife
2010
Tese apresentada ao Curso de Doutorado
em Saúde da Criança e do Adolescente
do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco,
como requisito para a obtenção do grau
de doutor.
Orientadora: Prof. Giselia Alves Pontes
da Silva
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Siqueira, Gisela Rocha de
Alterações posturais, instabilidade
da coluna e
estabilização segmentar vertebral em adolescentes e
adultos jovens obesos
/ Gisela Rocha de Siqueira.
Recife : O Autor, 20
10.
123 folhas: fig., tab., quadros.
Tese (doutorado)
Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Saúde da criança e do adolescente
,
2010.
Inclui bibliografia, anexos e apêndices.
1.
Estabilização segmentar
vertebral
.
2. Obesidade.
3. Gordura abdominal. 4. Coluna vertebral -
Estabilização. 5. Postura. I. Título.
616.711
CDU (2.ed.) UFPE
616.7
CDD (2
.ed.)
CCS
20
10
-
137
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins
VICE-REITOR
Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
PRÓ-REITOR DA S-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR
Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro
COORDENADOR DA COMISSÃO DE S-GRADUAÇÃO DO CCS
Profa. Dra. Heloísa Ramos Lacerda de Melo
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
COLEGIADO
Profa. Dra. Giselia Alves Pontes da Silva (Coordenadora)
Profa. Dra. Luciane Soares de Lima (Vice-Coordenadora)
Prof. Dr. Alcides da Silva Diniz
Profa. Dra. Ana Cláudia Vasconcelos Martins de Souza Lima
Profa Bianca Arruda Manchester de Queiroga
Profa. Cleide Maria Pontes
Prof. Dr. Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho
Profa. Dra. Maria Eugênia Farias Almeida Motta
Profa Dra. Maria Gorete Lucena de Vasconcelos
Profa. Dra. Marília de Carvalho Lima
Profa. Dra. Mônica Maria Osório de Cerqueira
Prof. Dr. Pedro Israel Cabral de Lira
Profa. Rosemary de Jesus Machado Amorim
Profa. Dra. Sílvia Regina Jamelli
Profa. Dra.lvia Wanick Sarinho
Profa. Dra. Sônia Bechara Coutinho
Profa. Dra. Sophie Helena Eickmann
Maria Cecília Marinho Tenório (Representante discente - Doutorado)
Joana Lidyanne de Oliveira Bezerra (Representante discente -Mestrado)
SECRETARIA
Paulo Sergio Oliveira do Nascimento
Juliene Gomes Brasileiro
Janaína Lima da Paz
Dedicatória
Ao meu marido, Ricardo Alexandre Guerra
Vieira, cujo amor, companheirismo, dedicação e
apoio incondicional foram indispensáveis durante
todo o desenvolvimento desta tese.
AGRADECIMENTOS
A Deus, aos meus pais, Leônidas de Siqueira Moura e Edilene Rocha de Siqueira,
minha irmã Juliane Rocha de Siqueira e meu marido Ricardo Alexandre Guerra Vieira, por
todo o carinho e dedicação que sempre tiveram por mim.
À minha orientadora, professora Giselia Alves Pontes da Silva, que me apoiou de
forma o decisiva no decorrer do Curso, manifesto todo meu respeito e admiração.
Aos professores da s-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, em
especial as professoras Maria Eugênia Farias de Almeida Motta e Marília de Carvalho Lima.
Aos meus alunos do Curso de Fisioterapia da Faculdade Integrada do Recife e da
Faculdade da Associação Caruaruense de Ensino Superior.
Aos voluntários que se dispuseram a participar deste estudo e ao Dr. Eduardo Just da
Costa Silva, do Setor de Imagem do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando
Figueira (IMIP), minha profunda gratidão.
Aos colegas de Curso e da equipe administrativa do Doutorado, dos quais destaco de
forma especial o Secretário Paulo Sérgio Oliveira do Nascimento e a funcionária Juliene
Gomes Brasileiro; e aos amigos Daniella Araújo e João Sabino, que muito me apoiaram neste
projeto.
“Quando os problemas se tornam absurdos,
os desafios se tornam apaixonantes.
(Dom Helder Câmara)
RESUMO
Os agravos à saúde provocados pelo excesso de peso se apresentam cada vez mais
precoces, observando-se o aumento da prevalência de obesidade, em adolescentes e adultos
jovens. O acúmulo de gordura no abdome pode desencadear alterações posturais, associadas a
um risco de disfunção na musculatura que dá sustentação à coluna espinhal, concorrendo para
o surgimento da instabilidade neste segmento. Apesar de existirem pesquisas associando a
Área de Secção Transversa (AST) dos multífidos e transverso do abdome à instabilidade, não
há estudos avaliando a influência da deposição da gordura no abdome sobre o tamanho desta
AST. Os objetivos da tese foram: verificar a associação entre a instabilidade lombar e a AST
dos músculos multífidos e transverso do abdome e avaliar a eficácia de um programa de
Estabilizão Segmentar Vertebral (ESV), em adolescentes e adultos jovens obesos, do sexo
masculino. Inicialmente, foi realizado um estudo descritivo, no período de agosto a dezembro
de 2009, incluindo 131 adolescentes e adultos jovens, do sexo masculino (70 eutróficos e 61
obesos), entre 18 e 25 anos, que foram submetidos a uma avaliação antropométrica (peso,
altura e circunferência abdominal), ultrassonográfica (AST dos multífidos, do transverso do
abdome e da gordura abdominal), postural (vista lateral) e da instabilidade lombar (através de
uma Unidade Pressórica de Biofeedback). Os sujeitos foram questionados quanto à presença
de lombalgia. Observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre a instabilidade
da coluna (p=0,00), a presença de dor lombar (p=0,01), e a hiperlordose lombar (p=0,00), nos
obesos, em relação aos eutróficos. Quanto à AST dos estabilizadores, houve uma correlação
negativa entre a circunferência abdominal e a AST dos multífidos e transverso do abdome dos
obesos. No período de dezembro de 2009 a maio de 2010 foi realizado um estudo de
intervenção em uma amostra de 54 indivíduos obesos, portadores de instabilidade lombar,
divididos aleatoriamente em dois grupos: 27 no grupo que realizou ESV e 27 que foram
submetidos à técnica tradicional de fortalecimento de abdominais e paravertebrais lombares
(FAPL). As o período de 20 sessões, os indivíduos foram reavaliados quanto à presença de
dor, hiperlordose e instabilidade da coluna lombar e AST dos sculos estabilizadores. O
grupo ESV apresentou menor percentual de instabilidade, quando comparado ao grupo FAPL
(p=0,00). Foi vivel o aumento da AST do transverso do abdome e dos multífidos, nos dois
grupos, com melhores resultados para o grupo ESV (p=0,00). A dor lombar apresentou
declínio, nos dois grupos, porém no grupo ESV houve menor percentual de sintomas
dolorosos (p=0,02). Quanto às alterões posturais, constatou-se uma redução da
hiperlordose, porém não houve diferea entre os grupos (p=0,22). Conclui-se que há uma
relação negativa entre a quantidade de gordura abdominal e a AST dos sculos
estabilizadores, associada a um maior percentual de instabilidade lombar, nos indivíduos
obesos. Verifica-se, assim, a importância de investir em programas de treinamento muscular,
principalmente com a utilização da ESV como forma de tratamento da instabilidade lombar,
em obesos, face aos melhores resultados obtidos pelos indivíduos submetidos a esta técnica.
Palavras-chave: Estudos de intervenção, obesidade, gordura abdominal, estabilização, coluna
vertebral, postura.
ABSTRACT
Damages to health provoked by overweight have presented more and more precocious,
due to prevalence increase of obesity in teenagers and young adults. Abdominal fat
storage may break out postural alterations associated to dysfunction risk on the
musculature which gives support to the spinal column, being a component to the
appearing of instability on this segment. However, in spite of existing studies associating
the Transversal Section Area (TSA) of the multifidi and abdominal transverse muscles to
instability, there are not any studies evaluating the influence of fat deposit in the abdomen
on this TSA size. The objectives of this thesis have been to verify the association among
lumbar instability, TSA of the multifidus and abdominal transverse muscles and evaluate
the efficaciousness of a program on Vertebral Segmental Stabilization (VSS) in obese
teenagers and young adults of the male sex. Initially it was accomplished a descriptive
study in the period from August 2009 to December 2009, with a sample of 131 teenagers
and young adults of the male sex, (70 eutrophic and 61 obese), from 18 to 25 years old,
that were submitted to an anthropometric evaluation (weight, height and abdominal
circumference), ultrasonographic (TSA of multifidus and abdominal transverse muscles
and of the abdominal fat), postural (lateral view) and of the lumbar instability (through a
Biofeedback Pressure Unit). Besides, the individuals were questioned about the presence
of low back pain. It was observed a statiscally significant difference between obese and
eutrophic individuals on vertebral column segmental instability (p=0.00) lumbar pain
presence (p=0.01), and lumbar hyperlordosis (p=0.00). As for the TSA of the stabilizer
muscles, results found have showed a negative relation between abdominal circumference
and TSA of the multifidus and abdominal transverse muscles on the obese. In the period
from December 2009 to May 2010, it was accomplished an intervention study on 54 obese
individuals suffering from lumbar instability, who were randomly divided into 2 groups,
where 27 (half of them) in the group who accomplished (VSS) and 27 (the other half) who
submitted to the traditional technique of strengthening of abdominal and lumbar
paravertebral muscles (SALP). After a period of 20 sessions the individuals were re-
evaluated as for the presence of pain, hyperlordosis and lumbar column instability and
TSA of the stabilizer muscles. It was identified that the (VSS) group presented a smaller
percentage of instability, when compared to the SALP group (p=0.00). It was visible the
enlargement of the TSA of the abdominal transverse and of the multifidus, in the two
groups, but better results were verified on the (VSS) group (p=0.00). Lumbar pain
presented decline in the two groups, but the (VSS) group presented a smaller percentage
of painful symptoms (p=0.22). As for the presence of postural alterations, it was verified a
hyperlordosis reduction, but there was no statiscally significant difference between the
groups (p= 0.22). It has been concluded that there is a negative relation between the
quantity of abdominal fat and the transversal section area (TSA) of the stabilizer muscles
of the column, associated to a larger percentage of lumbar instability in obese individuals.
It can also be verified the importance of investing in muscular training programs,
especially with the use of (VSS) as a form of treatment of the lumbar instability in obese
individuals, since this technique has presented better results.
Keywords: Intervention studies, obesity, abdominal fat, stabilization, vertebral column,
posture.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Balança antropométrica eletrônica da marca Filizola (PL-150, Brasil).....
41
Figura 2: Fita métrica utilizada para avaliação da circunferência abdominal........... 41
Figura 3: Pontos de referência utilizados para avaliação da circunferência
abdominal...................................................................................................................
41
Figura 4: Pontos anatômicos e linhas de referência da forografia em vista lateral
inseridas no Posturograma (Fisiometer Softwares em Fisioterapia)..........................
42
Figura 5: Lordose fisiológica da coluna lombar avaliada pelo alinhamento da
pelve............................................................................................................................
43
Figura 6: Hiperlordose lombar avaliada pelo alinhamento da pelve......................... 44
Figura 7: Lordose fisiológica da coluna cervical avaliada pelo alinhamento do
lóbulo da orelha em relação ao fio de prumo..............................................................
44
Figura 8: Hiperlordose cervical avaliada pela anteriorização do lóbulo da orelha
em relação ao fio de prumo........................................................................................
44
Figura 9: Cifose fisiológica da coluna torácica avaliada pelo alinhamento do
acrômio em relação ao fio de prumo..........................................................................
45
Figura 10: Hipercifose torácica avaliada pela anteriorização do acrômio em
relação ao fio de prumo..............................................................................................
45
Figura 11: Unidade Pressórica de Biofeedback (Stabilizer)...................................... 46
Figura 12: Manômetro de pressão do Aparelho Stabilizer........................................ 46
Figura 13: Ultrassom HD7, da Phillips, transdutores lineares e convexos................
47
Figura 14: Alongamentos musculares realizado no tatame pelos dois grupos.......... 52
Figura 15: Alongamentos musculares realizado na posição de pelos dois
grupos.........................................................................................................................
53
Figura 16: Relaxamento associado a respiração e aos movimentos dos membros
inferiores na posição deitada......................................................................................
53
Figura 17: Exercícios com o auxílio do Stabilizer no grupo que realizou a técnica
da Estabilização Segmentar Vertebral........................................................................
54
Figura 18: Contato manual, tosse e uso de bolo de sopro como estímulos
proprioceptivos para contração dos multífidos e transverso do abdome na fase
cognitiva da ESV........................................................................................................
54
Figura 19: Posicionamento dos exercícios do segundo estágio da ESV................... 55
Figura 20: Posicionamento dos exercícios do terceiro estágio da ESV.....................
57
Figura 21: Posicionamento dos exercícios do grupo que realizou a FAPL............... 58
LISTA DE QUADROS
REVISÃO DA LITERATURA
Quadro 1: Alterações Posturais nos obesos........................................................................ 26
Quadro 2. Métodos de diagnóstico da instabilidade lombar............................................... 29
Quadro 3. Utilização da Estabilização Segmentar Vertebral no tratamento da
instabilidade.........................................................................................................................
32
LISTA DE TABELAS
ARTIGO 1
Tabela 1: Comparação da presença de instabilidade lombar, Área de Secção Transversa
dos multífidos e transverso do abdome e alterações posturais, entre os eutróficos e
obesos...................................................................................................................................
69
Tabela 2: Comparação entre a Área de Secção Transversa dos multífidos e transverso
do abdome e variáveis relacionados à gordura e protruo abdominal, entre obesos e
eutróficos..............................................................................................................................
70
ARTIGO 2
Tabela 1: Análise comparativa das características básicas entre os grupos antes da
intervenção...........................................................................................................................
89
Tabela 2: Análise comparativa da instabilidade lombar, área de secção transversa e
disfunções da coluna lombar entre os grupos após a
intervenção...........................................................................................................................
90
LISTA DE SIGLAS
ASCES - Associação Caruaruense de Ensino Superior
AST - Área de Secção Transversa
EIAS - Espinha Ilíaca Ântero-Superior
EIPS - Espinha Ilíaca Póstero-Superior
EMG - Eletromiografia
ESV - Estabilização Segmentar Vertebral
FAPL - Fortalecimento de Abdominais e Paravertebrais Lombares
FIR - Faculdade Integrada do Recife
IMC - Índice de Massa Corporal
IMIP - Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
RM - Ressonância Magnética
TC - Tomografia Computadorizada
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
UPB - Unidade Presrica de Biofeedback
USG - Ultrassonografia
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 16
2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 22
3. MÉTODO .................................................................................................................... 39
3.1 Primeira Etapa da Pesquisa .................................................................................... 39
3.1.1 Sujeitos ........................................................................................................... 39
3.1.2 Procedimentos de Avaliação ........................................................................... 40
3.1.2.1 Avaliação Antropométrica ....................................................................... 40
3.1.2.2 Avaliação Postural ................................................................................... 42
3.1.2.3 Avaliação da Instabilidade da Coluna Lombar ......................................... 45
3.1.2.4 Avaliação Ultrassonogfica .................................................................... 47
3.1.3 Análise Estastica ........................................................................................... 49
3.2 Segunda Etapa da Pesquisa .................................................................................... 49
3.2.1 Sujeitos da Pesquisa............................................................................................. 50
3.2.2 Estimativa do Tamanho Amostral ........................................................................ 50
3.2.3 Randomização ..................................................................................................... 50
3.2.4 Variáveis de Análise ............................................................................................ 51
3.2.5 Procedimentos de Coleta dos Dados .................................................................... 51
3.2.6 Procedimentos de Intervenção ............................................................................. 52
3.2.6.1 Procedimentos Específicos do Grupo de Estabilização Segmentar Vertebral . 54
3.2.6.2 Procedimentos Específicos do Grupo de Fortalecimento de Abdominais e
Paravertebrais Lombares .......................................................................................... 57
3.2.7 Controle de Qualidade ......................................................................................... 58
3.2.8 Análise estatística ................................................................................................ 59
3.3 Problemas Metodológicos ...................................................................................... 59
4. RESULTADOS ............................................................................................................ 63
4.1 Artigo 1: INSTABILIDADE LOMBAR E ÁREA DE SECÇÃO TRANSVERSA
DOS ESTABILIZADORES DA COLUNA VERTEBRAL EM OBESOS ....................... 63
4.2 Artigo 2: ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR LOMBAR EM ADOLESCENTES E
ADULTOS JOVENS OBESOS: UM ESTUDO DE INTERVENÇÃO ............................. 80
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 98
APÊNDICES ....................................................................................................................... 99
ANEXOS ........................................................................................................................... 105
16
1. APRESENTAÇÃO
A obesidade é um distúrbio nutricional caracterizado pelo acúmulo de gordura
corporal em decorrência de um desequilíbrio entre o aporte calórico e a demanda metabólica.
Os agravos à saúde provocados pelo excesso de peso se apresentam cada vez mais
precocemente, observando-se o aumento da prevalência de obesidade em adolescentes e
adultos jovens, o que tem despertado a preocupação de pesquisadores e profissionais da área
de saúde não em relação à distribuição geral da gordura, mas quanto à sua localização
específica
1
.
O acúmulo de gordura no abdome pode desencadear alterações posturais associadas a
um risco aumentado de dor e de disfunção na musculatura que dá sustentação à coluna
espinhal, particularmente os mulfidos e o transverso do abdome, concorrendo, assim, para o
surgimento da instabilidade neste segmento
2,3
.
A instabilidade vertebral pode ser associada à diminuição do tamanho da Área de
Secção Transversa (AST) dos multífidos e transverso do abdome e estabelece uma relação
direta com o Índice de Massa Corporal (IMC), porém não estudos avaliando a influência
da deposição da gordura no abdome no tamanho desta AST
4,5
.
Para o diagnóstico de instabilidade, são utilizadas algumas técnicas de investigação,
tais como a avaliação clínica, que envolve exame físico, e os exames complementares, como a
tomografia computadorizada, a ressonância magnética, a ultrassonografia e a eletromiografia.
A avaliação clínica é considerada uma técnica pouco precisa no diagnóstico da instabilidade,
por ser muito subjetiva e pelo fato do excesso de gordura abdominal subcutânea e a
localização dos estabilizadores dificultarem o processo de palpação destes sculos. as
técnicas de avaliação por imagem envolvem alto custo operacional e manuseio técnico
especializado, o que dificulta sua utilização por parte dos fisioterapeutas
6
.
Desta forma, a unidade presrica de biofeedback (UPB), por ser um aparelho simples,
desenvolvido por fisioterapeutas, para registrar as alterações de pressão e detectar o
movimento do corpo, quando utilizado na avaliação do movimento da coluna pode ajudar a
identificar a presença ou ausência de disfunção do transverso do abdome e dos multífidos,
podendo ser empregado também no monitoramento dos exercícios de estabilização
segmentar
7
.
17
O tratamento das disfunções lombares tradicionalmente é realizado atras de
técnicas que ajudam a promover a redução do quadro álgico e da inflamação, como o repouso,
o uso de cintas, os medicamentos, os recursos fisioterapêuticos manuais e
eletrotermofototerapêuticos, mas pela sua natureza passiva, não promovem a reabilitação da
musculatura e nem a restauração da biomecânica normal da coluna lombar
8
.
Ao contrário das terapias passivas, o uso de exercício contra resistência apresenta
resultados eficientes em relação à reabilitação da musculatura e à restauração da biomecânica
normal da coluna; no entanto, existe pouco acordo em relão ao tipo de treinamento resistido
mais efetivo
9
.
Dentre os exercícios mais tradicionais, pode ser destacado o fortalecimento global dos
músculos do abdome e dos paravertebrais, através da realização de movimentos contra
resistência
10
. No entanto, Costa e Palma (2007)
11
descrevem que estes exercícios promovem
um excesso de atividade dos músculos globais e mais superficiais, e pouco atuam no
recrutamento dos músculos locais e mais profundos, que garantem a estabilidade segmentar.
Assim, uma alternativa na intervenção fisioterapêutica para o controle da estabilidade da
coluna e para o tratamento e prevenção da lombalgia é a Estabilização Segmentar Vertebral
(ESV), um método de conscientização da contração e fortalecimento muscular, utilizado para
reabilitar a coluna que se encontra instável
12,13
.
A ESV teve seu conceito desenvolvido na década de 80, baseando-se no
recondicionamento dos sculos estabilizadores da coluna vertebral (transverso do abdome e
multífidos), em busca do controle e da coordenação do movimento e tem demonstrado
resultados bastante satisfatórios no tratamento das alterações posturais e disfuões no
segmento vertebral
14
. Contudo, ainda não existem estudos que utilizam esta técnica em
indivíduos obesos.
Desta forma, entre os anos de 2005 e 2007, como supervisora de estágio no
Ambulatório de Fisioterapia do Hospital da Restauração e nas Clínicas Escolas de Fisioterapia
da Faculdade Integrada do Recife (FIR) e da Faculdade ASCES (Associação Caruaruense de
Ensino Superior), observei muitos casos de adolescentes e adultos jovens, obesos, com
alterações posturais e sintomatologia de dor no segmento vertebral, o que estimulou a
pesquisa sobre a relação entre estas disfunções e a instabilidade segmentar, nestes indivíduos.
Em 2008, ao iniciar o Curso de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Saúde
da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), apresentou-se
a oportunidade de desenvolver esta pesquisa, sob orientação da Professora Giselia Alves
Pontes da Silva, sendo então elaborado o projeto intitulado: “Estabilização segmentar lombar
18
em adolescentes e adultos jovens, obesos, com instabilidade: um estudo de intervenção”, que
se insere na linha de pesquisaEpidemiologia dos distúrbios da nutrição materna, da criança e
do adolescente”, com a seguinte hipótese: o Programa de Estabilização Segmentar Vertebral é
mais eficaz na promoção da estabilidade da coluna vertebral e na hipertrofia dos músculos
estabilizadores lombares entre adolescentes e adultos jovens, obesos, quando comparado a
uma técnica tradicional de fortalecimento de abdominais e paraverterbrais.
No mês de maio do ano de 2009 a realização desta pesquisa foi aprovada pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da UFPE, segundo o parecer 137/2009 (Anexo A). Em junho do
mesmo ano foi realizado o exame de qualificação, em que foi obtida a aprovação do projeto e
a pesquisa foi iniciada em agosto de 2009.
Após o exame de qualificação, pensou-se na elaboração de um material didático sobre
a estabilização da coluna, baseado no capítulo de revisão do projeto, que pudesse servir como
base para estudos acadêmicos do Curso de Fisioterapia, já que a falta de livros e de artigos na
língua portuguesa, relacionados ao tema, dificultava o acesso a essas informações, pelos
alunos. No mês de dezembro de 2009, foi publicado o livro intitulado: “Anatomia,
Biomecânica e Estabilização da Coluna”, pela Editora Universitária da UFPE (ISBN: 978-85-
7315-664-5), que foi bem aceito pelos alunos e contribuiu para a divulgação da pesquisa.
Na fase de recrutamento dos sujeitos, realizada de agosto a dezembro de 2009, além
de um grupo de obesos foi inserido no estudo um grupo de eutróficos, no sentido de verificar
se, entre os grupos, existiam diferenças significativas em relação às alterações posturais na
coluna vertebral, à presença de instabilidade lombar, e à área de secção transversa dos
músculos multífidos e transverso do abdome. O estudo de intervenção foi desenvolvido de
dezembro de 2009 a maio de 2010, com dois grupos de obesos, portadores de instabilidade
vertebral lombar, recrutados na primeira fase da pesquisa, e que foram submetidos a um
programa de ESV ou a uma técnica tradicional de Fortalecimento de Abdominais e
Paravertebrais Lombares (FAPL).
Após cinco meses do início das intervenções já foi identificada diferença significativa
entre os grupos, decidindo-se pela interrupção da pesquisa, em maio de 2010.
A tese, que se intitula “Alterações posturais, instabilidade da coluna e estabilização
segmentar vertebral em adolescentes e adultos jovens obesos”, é composta por um artigo
de revisão da literatura, no qual foi abordado o tema e o problema em estudo; um capítulo de
método, que descreve as etapas do planejamento e realização da pesquisa, além de dois
artigos originais, que apresentam os resultados da pesquisa.
19
A revisão da literatura, que tem como título: “Alterações posturais da coluna e
instabilidade lombar no indivíduo obeso: uma revisão da literatura foi adaptada de
acordo com as normas da revista Fisioterapia em Movimento (Anexo B) e submetida para
publicão em junho de 2010, sob registro nº 449, de acordo com a carta de recebimento do
manuscrito (Anexo C).
O primeiro artigo original apresentado nesta tese, intitulado Instabilidade lombar e
área de secção transversa dos estabilizadores da coluna vertebral em obesos”, teve como
objetivo verificar a associação entre a instabilidade lombar, área de secção transversa dos
músculos multífidos e transverso do abdome e a obesidade. Para isto, foram comparadas as
posturas da coluna e a ocorrência de instabilidade lombar e a AST dos multífidos e transverso
do abdome entre obesos e eutróficos. Além disso, foi verificada a influência das medidas
antropométricas (IMC e circunferência abdominal) e ultrassonográficas (gordura pré-
mesentérica, mesentérica e subcutânea) na AST dos estabilizadores da coluna. Uma versão
resumida de 3.000 palavras foi submetida para publicação no periódico Gait & Posture
(Anexo D), em junho de 2010, de acordo com o e-mail de recebimento do manuscrito enviado
pelo sistema editorial da revista (Anexo E).
O segundo artigo original constitui um ensaio clínico randomizado, cujo objetivo foi
avaliar a eficácia de um programa de ESV comparado a uma técnica tradicional de FAPL em
adolescentes e adultos jovens, obesos, do sexo masculino, e teve como título Estabilização
segmentar lombar em adolescentes e adultos jovens obesos: um estudo de intervenção”.
Neste artigo, discute-se o efeito da ESV em relão à presença de instabilidade da coluna, de
dor e de hiperlordose lombar, e da AST dos multífidos e transverso do abdome. Este artigo
será submetido para publicação no periódico Archives of Physical Medicine and
Rehabilitation (Anexo F).
A tese se encerra com um capítulo de considerações finais, no qual se destaca a
importância de investir em programas de prevenção e reabilitação das disfuões da coluna
lombar, relacionadas ao excesso de peso, como a instabilidade lombar, incluindo técnicas de
exercícios contra resistência, particularmente a ESV, uma vez que esta técnica apresentou
melhores resultados.
20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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KATZMARZYK, P. T. Prevalence of risk factors for metabolic syndrome in
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2006. Archives Pediatrics & Adolescent Medicine, v. 163, n. 4, p.371-377, 2009.
2. ARRUDA, M. F. Análise postural computadorizada de alterações musculoesqueléticas
decorrentes do sobrepeso em escolares. Motriz, v.15 n.1 p.143-150, 2009.
3. BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências
regionais e temporais. Cadernos de Saúde Pública, v. 19, n. 1, p.181-191, 2008.
4. STOKES, M.; RANKINA, G.; NEWHAMB, D.J. Ultrasound imaging of lumbar
multifidus muscle: normal reference ranges for measurements and practical guidance on
the technique. Manual Therapy, v. 10, n. 2, p.116–126, 2005.
5. HIDES, J. A.; COOPER, D. H.; STOKES, M. J. Diagnostic ultrasound imaging for
measurement of the lumbar multifidus muscle in normal young adults. Physiotherapy
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6. COSTA, L. O. P.; COSTA, L. C. M.; CANÇADO, R. L.; OLIVEIRA, W. M.;
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pressórico na ativação do sculo transverso abdominal em indivíduos normais. Acta
Fisiatrica, v. 11, n. 3, p.101-105, 2005.
7. HERBERT, W. J.; HEISS, D. G.; BASSO, D. M. Influence of feedback schedule in
motor performance and learning of a lumbar multifidus muscle task using rehabilitative
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269, 2008.
8. AMUNDSEN, T.; WEBER, H.; NORDAL, H. J.; MAGNAES, B.; ABDELNOOR, M.;
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11. COSTA, D.; PALMA, A. O efeito do treinamento contra resistência na ndrome da dor
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12. O’SULLIVAN, P. B. Lumbar segmental instability: clinical presentation and specific
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21
13. HIDES, J. A.; STOKES, M. J.; SAIDE, M.; JULL, G. A.; COOPER, D. H. Evidence of
lumbar multifidus muscle wasting ipsilateral to symptoms in patients with acute/
subacute low back pain. Spine, v. 19, n. 2, p. 165–172, 1994.
14. HEBERT, J. J.; KOPPENHAVER, S. L.; MAGEL, J. S.; FRITZ, J. M. The relationship
of transversus abdominis and lumbar multifidus activation and prognostic factors for
clinical success with a stabilization exercise program: a cross-sectional study. Archives
of Physical Medicine and Rehabilitation, v. 91, n. 1, p. 78-85, 2010.
22
2. REVISÃO DA LITERATURA
ALTERAÇÕES POSTURAIS DA COLUNA E INSTABILIDADE LOMBAR NO
INDIVÍDUO OBESO: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Resumo: Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico sobre
alterações posturais da coluna e o diagnóstico e tratamento da instabilidade segmentar
vertebral no indivíduo obeso, utilizando como fonte de pesquisa as bases de dados Medline,
PubMed, Lilacs, Cochrane e Scielo e os seguintes descritores: obesidade, gordura abdominal,
estabilização, coluna vertebral e postura. Foram incluídos artigos publicados entre os anos de
2000 e 2010 e indexados nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola. A partir da análise da
produção foi possível constatar que os obesos têm uma predisposição para o aparecimento de
alterações posturais, principalmente a hiperlordose lombar, e para o desenvolvimento de
instabilidade na coluna, decorrente da deposição do tecido adiposo no abdome. Além disso,
também foi possível perceber que a unidade pressórica de biofeedback é um dispositivo
barato, prático e útil, que pode ser utilizado tanto na avaliação quanto no tratamento da
instabilidade do indivíduo obeso e que a técnica de Estabilização Segmentar Vertebral (ESV)
favorece o treinamento específico dos músculos multífidos e transverso do abdome,
permitindo a restauração da estabilidade lombar, melhora da postura e alívio da
sintomatologia dolorosa que acomete a coluna destes indivíduos.
Palavras-chave: Obesidade, gordura abdominal, estabilização, coluna vertebral, postura.
23
POSTURAL ALTERATIONS ON THE SPINAL COLUMN AND LUMBAR
INSTABILITY IN OBESE INDIVIDUAL: A LITERATURE REVIEW
ABSTRACT: This study has had as its main objective to accomplish a bibliographic survey
about alteration on the spinal column and the diagnosis and treatment of the vertebral
segmental instability and postural in an obese individual, using as a source of research the
data bases Medline, PubMed, Lilacs, Cochrane and Scielo and the following descriptors:
obesity, abdominal fat, stabilization, vertebral spinal column and posture. Articles edited
between 2000 and 2010 in English, Spanish and Portuguese were included. From the analyses
of such productions it was possible to find out that obese individuals have a predisposition to
postural alterations, principally lumbar hyperlordosis and to the developing of spinal column
instability as a result of the deposition of adipose tissue in the abdomen. Besides, it was
possible to realize that the pressure biofeedback unit is a cheap, practical and useful device
which can be used both in evaluation and the treatment of instability in an obese individual
and that the technique of vertebral segmental stabilization (VSS) promotes the specific
training of the multifidus and abdominal transverse muscles, permitting the restoration of the
lumbar stability, better posture and relief from the painful symptomatology which attacks the
spinal column of obese individuals.
Key Words: Obesity, abdominal fat, stabilization, vertebral spinal column, posture.
24
INTRODUÇÃO
A obesidade é um distúrbio nutricional que pode desencadear inúmeras alterações no
aparelho locomotor, associadas a um risco aumentado de dor e lesões envolvendo todos os
segmentos corporais, particularmente a coluna vertebral
1
.
A distribuição da gordura corporal, central ou periférica, interfere diretamente no
alinhamento corporal do paciente obeso, promovendo uma sobrecarga e predispondo ao
aparecimento de desvios posturais
2
. Sob a influência deste desequilíbrio biomecânico causado
pelo acúmulo de tecido adiposo no abdome (gordura central) ainda pode ocorrer uma
hipotrofia muscular, associada ao atraso da ativação dos músculos estabilizadores da coluna,
contribuindo, assim, para o aparecimento da instabilidade lombar, no indivíduo obeso
3
.
A perda da estabilidade segmentar da coluna pode levar à sobrecarga ou estiramento
excessivo das estruturas articulares internas durante os movimentos globais do corpo e
predispor ao aparecimento de disfunções osteomioarticulares e de sintomas dolorosos
envolvendo a coluna vertebral
4
.
Dentre as várias técnicas fisioterapêuticas que podem ser utilizadas para melhorar a
força e o trofismo dos músculos do tronco, a Estabilização Segmentar Vertebral (ESV),
constitui uma alternativa coadjuvante ao tratamento e prevenção da instabilidade lombar, em
obesos
5
. A ESV é um método de fortalecimento baseado na conscientização da contrão
muscular, no treinamento resistido dos estabilizadores lombares e na estimulação
proprioceptiva. Uma técnica que, de acordo com vários autores
4-6
, permite a restauração do
automatismo e da força dos estabilizadores e com isso promove a reabilitação ou a prevenção
de distúrbios que atingem a coluna vertebral, nos obesos.
Assim, o presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico
sobre alterações posturais da coluna, diagnóstico e tratamento da instabilidade segmentar
vertebral, no indivíduo obeso.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão de literatura baseada na consulta às seguintes bases de dados:
Medline, PubMed, Lilacs, Cochrane e Scielo. Os descritores utilizados (na língua
25
portuguesa/inglesa/espanhola) foram: obesidade/obesity/obesidad, gordura
abdominal/abdominal fat/grasa abdominal, estabilização/stabilization/estabilización, coluna
vertebral/spine/columna vertebral e postura/posture/postura. Os indexadores foram
selecionados segundo os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS/MeSH). Incluídos artigos
publicados entre os anos de 2000 e 2010 e indexados nas línguas portuguesa, inglesa e
espanhola.
DISCUSSÃO
Alterações Posturais do Obeso
A postura pode ser definida como a posição do corpo no espaço e a disposição relativa
de todos os segmentos corporais, formando um arranjo global que estabelece uma relação
direta com a força da gravidade na função exercida de forma estática ou dinâmica
7
.
De acordo com o posicionamento corporal em relação à linha de gravidade, a postura
pode ser classificada como adequada ou inadequada. Uma postura é considerada adequada
quando exige a nima sobrecarga das estruturas ósseas, musculares e articulares, com um
menor gasto energético. Enquanto que a postura inadequada ou preria é percebida como
uma relação defeituosa das várias partes do corpo, que produz uma maior sobrecarga nas
estruturas de sustentação e um equilíbrio menos eficiente do corpo sobre suas bases de
apoio
8
. A manutenção de uma postura ideal da coluna vertebral envolve a presença de quatro
curvaturas equilibradas identificadas na vista lateral, duas convexas (torácica e sacral),
chamadas de cifoses, e duas côncavas (cervical e lombar), chamadas de lordoses.
No sujeito obeso, é mais difícil a manutenção do equilíbrio e da estabilidade da coluna,
durante a postura estática, a marcha e a locomoção, em virtude do excesso de peso, da
distribuão da massa corporal e das relações antropométricas diferenciadas entre as estruturas
anatômicas do tronco e membros
9
. As alterações posturais associadas à obesidade podem
surgir em virtude da ação mecânica desempenhada pelo excesso de peso corporal e o aumento
das necessidades mecânicas regionais
10
. Dentre as alterações posturais relacionadas à
obesidade podem ser destacadas a hiperlordose lombar, hipercifose dorsal e hiperlordose
cervical, que foram detectadas em vários estudos, visualizados no quadro 1.
26
Quadro 1. Alterações posturais nos obesos
Autor (ano) Amostra Resultados
Campos,
Sabbagh e
Fisberg (2002)
14
46 crianças e
adolescentes obesos,
de ambos os sexos,
entre 9 e 18 anos
Hiperlordose lombar em 72% das crianças, relacionada à
ação mecânica desempenhada pelo excesso de peso corporal
e o aumento das necessidades mecânicas regionais.
Bankoff et al.
(2003)
9
19 crianças e
adolescentes e
adultos de ambos os
sexos, todos obesos,
divididos em três
grupos
Graus acentuados de hiperlordose cervical, hipercifose
torácica e hiperlordose lombar e aumento excessivo da
região do abdome nos sujeitos dos três grupos: G1
(adolescentes do sexo masculino), G2 (adolescentes do sexo
feminino) e G3 (adultos do sexo feminino).
Mangueira
(2004)
12
Estudantes obesos,
eutróficos e com
baixo peso, de 11 a
16 anos
Risco 1,2 vezes maior de hiperlordose em crianças e
adolescentes com pré-obesidade quando comparadas com as
de peso normal ou baixo peso.
Penha et al.
(2005)
11
133 meninas de 7 a
10 anos
Frequência de 45% de hipercifose nas crianças e
adolescentes obesas.
Kussuki, João e
Cunha (2007)
10
77 crianças obesas,
eutróficas e com
sobrepeso, entre 7 e
10 anos
Maior incidência de hiperlordose lombar (62%) e protração
da cabeça (51%) no Grupo Obeso, sendo 53,85% e 41,67%
no Grupo com Sobrepeso e 35% e 12% no grupo eutrófico.
Maior tendência, no Grupo Obeso, de aumento nas
curvaturas sagitais da coluna, principalmente na lordose e na
cervical.
Detsch et al.
(2007)
13
50 adultos jovens,
sendo 40 obesos e
10 eutróficos
Protrão de cabeça observada em 54,17% dos obesos e em
apenas 12,5% dos eutrficos. Os autores sugerem que o
abdome protuso desloca o centro de gravidade corporal,
aumentando a lordose lombar e a cifose torácica.
Arruda (2009)
1
100 criaas obesas
e com sobrepeso,
entre 8 e 10 anos
Correlação positiva entre índice de massa corporal
e
assimetria postural nos obesos, hiperlordose em 18,2% dos
sujeitos com sobrepeso e 51,5% nos obesos, hipercifose
torácica, 12,5% para os com sobrepeso e 50,0% para os
obesos. Indica associação entre a protusão abdominal e
hiperlordose lombar.
A hiperlordose lombar corresponde ao aumento da concavidade da região inferior da
coluna, normalmente associada a músculos abdominais fracos, e à inclinação anterior da
pelve, característica encontrada em obesos que apresentam excesso de adiposidade no
abdome
2,7,15
. Este acúmulo de gordura central promove a protusão do abdome, o que leva à
distensão e fraqueza da musculatura abdominal. Com isso, a função de compressão sobre a
coluna lombar é perdida, de forma que há um aumento da lordose lombar
1
.
A hiperlordose lombar observada no obeso pode também desencadear um aumento da
concavidade da região torácica, ou seja, uma hipercifose dorsal, para compensar a alteração
27
do equilíbrio corporal
1,2
. A hipercifose dorsal corresponde a um aumento na curvatura
posterior da coluna torácica, e pode também estar relacionada, de acordo com Kussuki, João e
Cunha (2007)
10
, ao tamanho e peso das mamas e à gordura do tórax. Outro fator que contribui
para o aumento da cifose consiste na anteriorização dos ombros, que é devido ao aumento da
gordura periescapular, fazendo com que a escápula permaneça numa postura de abdução
(afastamento da linha média) e em rotação externa (deslocamento lateral do ângulo inferior)
11
.
Embora os sujeitos obesos, independentemente do sexo, tenham muita dificuldade na
estabilidade e na manutenção do equilíbrio postural corporal, para as mulheres a estabilidade
e o equilíbrio são ainda mais difíceis, devido às diferenças anatômicas, como o aumento do
tamanho das mamas e as diferenças significativas na região pélvica, que contribuem para o
aparecimento da hiperlordose lombar
1
.
Desta forma, toda a alteração postural provocada pela distribuição da gordura no
abdome pode levar a uma biomecânica deficiente da coluna lombar do obeso, promovendo
distensão e fraqueza muscular e tensionamento das estruturas articulares durante os
movimentos, principalmente durante o suporte de carga que, associado às alterações posturais,
levam ao aparecimento da lombalgia, resultando principalmente na hipotrofia do grupo
muscular responsável por garantir a estabilidade desta região
5
.
Estabilidade da Coluna Lombar
Uma determinada região da coluna é considerada biomecanicamente normal ou estável
quando a mobilidade intervertebral, que ocorre durante os movimentos globais do tronco, se
realiza numa amplitude média, longe da amplitude final extrema
5,16
. Essa amplitude média é
conhecida como zona neutra, na qual ocorre uma pequena tensão interna das estruturas
articulares durante a mobilidade, garantindo um movimento do tronco estável e livre de
lesões.
A manutenção desta mobilidade é garantida por elementos estáticos, dinâmicos e pelo
controle neuromuscular
16
. Os elementos estáticos, também conhecidos como passivos,
compreendem os corpos vertebrais, o disco intervertebral, as articulações facetárias e suas
cápsulas articulares, bem como os ligamentos espinhais. A sua função estabilizadora ocorre
principalmente dentro da zona neutra, impedindo a mobilidade excessiva dos segmentos
vertebrais durante a flexão, extensão ou rotação do tronco. Os elementos dinâmicos
correspondem ao aparato músculo-tendinoso espinhal e à fáscia toracolombar, havendo a
28
presença de dois sistemas musculares que atuam na manutenção da estabilidade da coluna, o
sistema muscular global e o sistema local
5
.
O sistema global é formado por sculos mais superficiais e de maiores dimensões,
envolvidos na produção dos movimentos do tronco e da coluna e na transferência de carga
entre a caixa torácica e a pelve. Estes sculos incluem o reto abdominal, oblíquo interno e
externo e a fáscia toracolombar, que promovem uma estabilização geral do tronco, mas não
são capazes de ter uma influência segmentar direta na coluna
16
.
O sistema local é constituído pelos músculos que atuam diretamente sobre a vértebra e
são responsáveis por promover a estabilidade e controle segmentar direto na coluna. O
sistema local é formado pelos multífidos lombares, psoas maior, quadrado lombar, a porção
lombar do iliocostal e do longuíssimo, transverso do abdome, diafragma e fibras posteriores
do oblíquo interno. A ação estabilizadora destes músculos tem se tornado cada vez mais
conhecida e vários estudiosos demonstraram que os músculos de maior função estabilizadora
e importância na prevenção da instabilidade lombar são os multífidos e o transverso
abdominal
3,17
.
Os multífidos são músculos profundos e monoarticulares que se localizam na região
posterior e medial da coluna, entre os processos espinhosos e transversos das vértebras,
bilateralmente, e que se estendem desde a cervical até a lombar. Produzem movimentos
rápidos e forçados e, ao mesmo tempo, apresentam grande resistência à fadiga, contribuindo,
assim, para a manutenção da postura por longos períodos
17
.
Sua função é realizar a extensão, quando ativados ambos os lados, e a rotação, quando
ativado unilateralmente. Além de promover a extensão do tronco, esses sculos
desempenham um importante papel na estabilidade da coluna, devido às suas características
de ação, morfologia e inervação peculiares, oferecendo suporte e controle segmentar
5
.
O transverso do abdome é o sculo mais profundo e mais importante do grupamento
abdominal na prevenção da instabilidade lombar. É circunferencial e tem sua origem na face
interna das seis últimas costelas, se interligando com as fibras costais do diafragma, fáscia
toracolombar, crista ilíaca, ligamento inguinal e na bainha do reto do abdome. Devido à
orientação horizontal de suas fibras, funciona como uma cinta, sustentando e fornecendo a
estabilização dinâmica da coluna lombar, durante a postura estática e a marcha
18
.
29
Diagnóstico da Instabilidade
Atualmente, ainda não critérios claros para o diagnóstico da instabilidade. No
entanto, a literatura tem sugerido algumas técnicas de investigação, tais como a avaliação
clínica (palpação dos multífidos e transverso do abdome), os exames complementares
(radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultrassonografia e
eletromiografia), e a avaliação com a unidade pressórica de biofeedback, que podem ser
observadas no quadro 2.
Quadro 2. Métodos de diagnóstico da instabilidade lombar.
Autor Diagnóstico da Instabilidade Vantagens ou Limitações da Técnica
Costa et al.
(2005)
19
Palpação do transverso do abdome
através da parede abdominal
O excesso de gordura abdominal dificulta a
palpação precisa deste músculo.
Hides et al.
(2000)
20
Exame da
contração dos
multífidos através da palpação
A palpação isolada dos multífidos é difícil.
Pitkänen et al.
(2002)
21
Radiografia plana da coluna e
radiografias funcionais em flexão
e extensão
A instabilidade esteve associada aos
achados da radiografia plana, pom a
técnica é um pouco imprecisa.
Soderberg e
Knutson
(2000)
22
Ocarino et al.,
(2005)
23
Eletromiografia (EMG)
Avalia a função muscular, determina a
fadiga e registra atividades elétricas
associadas às contrações musculares.
Stokes et al.
(2007)
24
Tomografia Computadorizada
Permite a visualização e a quantificação do
tamanho do músculo multífido e transverso
Hides et al.
(2006)
25
Ressonância Magnética
Permite a visualização e a quantificação do
tamanho do músculo multífido e do
transverso do abdome.
Van
, Hides e
Richardson,
(2006)
26
Koppenhaver et
al. (2009)
27
Ultrassonografia
Am do tamanho, permite a visualização
da contração em tempo real dos multífidos
e do transverso do abdome.
Herbert, He
iss e
Basso (2008)
6
Costa et al.
(2005)
19
Unidade Pressórica de
Biofeedback
(UPB)
Permite a detecção da contração dos
multífidos e transverso do abdome através
de alteração de pressões na bolsa
pneumática.
Além do exame de palpação, a avaliação clínica inclui o teste ativo da amplitude de
movimento da coluna e a história clínica da lombalgia para o diagnóstico da instabilidade,
porém a literatura considera estas técnicas como pouco precisas, muito subjetivas e com baixa
30
reprodutividade. Além disso, não se tem evidências científicas sobre a validade dessas
técnicas e o excesso de gordura abdominal subcutânea e a localização dos estabilizadores
dificultam o processo de palpação precisa destes músculos.
A Eletromiografia (EMG) é uma das principais ferramentas utilizadas para o
diagnóstico da instabilidade e constitui uma cnica que permite a avaliação da função
muscular em uma dada atividade, determinando a fadiga muscular
22
e registrando as
atividades elétricas associadas às contrações musculares, captadas através de eletrodos de
superfície ou de agulhas colocadas no sculo
23
. Apesar da efetividade da EMG de agulhas
na mensuração da atividade dos músculos profundos do tronco, no obeso, o excesso de
gordura afeta o sinal elétrico muscular e dificulta a exploração do músculo. Este método é
considerado muito invasivo e doloroso
24
.
Dessa forma, métodos menos invasivos, como os de imagem, têm sido utilizados para
garantir a segurança e o conforto dos pacientes ou participantes de pesquisas. Utilizando as
técnicas de imagem, tais como Tomografia Computadorizada (TC), Ressonância Magnética
(RM) e Ultrassonografia (USG), dois importantes aspectos da função muscular podem ser
avaliados: o tamanho do sculo, através da contração muscular, permitindo a detecção de
mudanças no tamanho e o controle motor dos mulfidos e transverso do abdome, ao longo do
tempo
28
.
A TC é uma técnica planar de imagem segmentar, que pode ser utilizada na avaliação
dos multífidos e transverso do abdome
24
, porém é mais eficaz para a definição dos contornos
ósseos. a RM é um método multiplanar, que não utiliza radiação ionizante e apresenta
amplo campo de visão que permite uma boa visualização dos estabilizadores lombares,
identificando aspectos morfológicos da musculatura paraespinhal em relação aos problemas
de dor na coluna. Porém, alguns autores descrevem que, através da RM, não se tem
demonstrado associação clara com a composição da musculatura espinhal
25
.
Assim, Wallwork et al. (2009)
28
sugerem que, para a avaliação da função muscular,
dentre as técnicas de imagem, a USG deve ser o método de escolha, pois permite a avaliação
não apenas do tamanho do músculo, mas também da contração muscular. A USG permite
avaliar, de forma não invasiva e rápida, a contração muscular, fornecendo feedback em tempo
real sobre o início da contração, além de permitir a mensuração da AST dos músculos. A AST
tem sido associada à capacidade do músculo de gerar força, sendo utilizada em vários estudos
que analisam as disfunções na coluna lombar e a lombalgia
26-28
.
No entanto, a avaliação ultrassonográfica não faz parte da prática clínica do
fisioterapeuta, profissional responsável pela avaliação e tratamento de indivíduos com
31
instabilidade lombar, principalmente por ser um instrumento de alto custo operacional e de
manuseio não muito prático. Desta forma, a UPB por ser um aparelho simples, desenvolvido
por fisioterapeutas para registrar as alterações de pressão e detectar o movimento do corpo,
em particular o movimento da coluna, pode ser usada na identificação da presença ou
ausência de disfunção do transverso do abdome e dos mulfidos
6
.
A UPB pode ser utilizada como um feedback extrínseco tátil, tal como a palpação,
através do contato da bolsa de pressão com a pele; visual, através da observação do
manômetro de pressão do aparelho; e verbal, através do comando do fisioterapeuta
6,19
. Este
dispositivo pode ser utilizado tanto na avaliação quanto no tratamento da instabilidade lombar
e facilitar o recrutamento correto dos multífidos e transverso do abdome, favorecendo uma
reabilitação adequada destes músculos
19
.
Tratamento da Instabilidade Lombar
rias técnicas têm sido descritas, na literatura, para o tratamento das disfunções
lombares, tais como o repouso, o uso de cintas, os medicamentos e o tratamento cirúrgico
29
.
Mas, apesar de todas elas promoverem redução do quadro álgico e da inflamação,
relaxamento muscular e até mesmo a correção da disfunção, pelas sua natureza passiva não
promovem a reabilitação da musculatura e nem a restauração da biomecânica normal da
coluna lombar.
Ao contrário das terapias passivas, a abordagem do exercício contra resistência
encontra-se muito bem evidenciada. Existe um consenso, na literatura, sobre a necessidade de
recondicionamento muscular para a restauração da biomecânica lombar no tratamento das
disfunções lombares e na prevenção de lesões. No entanto, existe pouco acordo em relação ao
tipo de treinamento resistido mais efetivo
30
.
Dentre os exercícios mais tradicionais, pode ser destacado o fortalecimento global do
abdome e dos paravertebrais
18
. No entanto, Costa e Palma (2005)
31
esclarecem que este tipo
de treinamento muscular acarreta um excesso de atividade dos músculos globais, como eretor
da espinha e abdominais superficiais, e pouco atua no recrutamento dos músculos locais que
garantem a estabilidade lombar. Fritz, Whitman e Childs (2005)
32
descrevem que pacientes
com dor lombar, embora tivessem sido tratados por várias terapias, não evoluíram
satisfatoriamente porque possuíam algo em comum: os multífidos e o transverso do abdome
permaneciam fracos.
32
Uma recente alternativa na intervenção fisioterapêutica para o controle da estabilidade
vertebral, assim como para o tratamento e prevenção da lombalgia é a ESV, cnica que tem
demonstrado resultados bastante satisfatórios, conforme se observa nos estudos apresentados
no quadro 3.
Quadro 3. Utilização da Estabilização Segmentar Vertebral no tratamento da instabilidade.
Autor Estudo Resultados
Hides, Jull e
Richardson
(2001)
33
Compararam a ESV
(*)
com exercícios
globais do tronco
Menor recorrência de dor lombar no
grupo que realizou a ESV
(*)
(de 30 a
35%), em relação ao grupo que realizou
exercícios mais globais (de 75 a 84%).
Shaughnessy
e Caulfield
(2004)
34
Utilizaram a ESV
(*)
em pacientes com
lombalgia
Melhora da qualidade de
vida dos
participantes quando comparados com
um grupo que não recebeu tratamento.
Fritz,
Whitman e
Childs
(2005)
32
Compararam a ESV
(*)
com técnicas de
manipulação em pacientes com
lombalgia
Diminuição dos sintomas de
instabilidade lombar no grupo ESV
(*)
.
Melhora da dor no grupo da
manipulação.
Hicks et al.
(2005)
35
Aplicaram a ESV
(*)
em 54 pacientes
com dor lombar, num programa de 8
semanas.
83% referiram melhora da qualidade de
vida através do questionário de
Oswestry
Stevens et al
(2007)
18
Analisaram
a influência da ESV
(*)
no
recrutamento dos músculos do tronco,
em pacientes saudáveis,
através da
análise ultrassonográfica
Os indivíduos aprenderam a realizar
uma contração isolada dos músculos
multífidos e transverso do abdome
Meziat
Filho,
Santos e
Rocha
(2009)
36
Avaliaram o benefício, a longo prazo,
da ESV
(*)
em pacientes com dor lo
mbar
crônica
Diminuição da dor e disfunção, após
longo período, além da manutenção do
trofismo muscular e restauração da
lordose lombar fisiogica.
Hebert et al.
(2010)
4
Estudaram a relação entre a ativação do
transverso do abdome e multífidos,
como fatores clínicos de sucesso da
ESV
(*)
A ativação dos mulfidos apresentou
relação com o sucesso do tratamento.
(*)
Estabilização Segmentar Vertebral
A ESV teve seu conceito desenvolvido na Universidade de Queensland, na Austrália,
em 1986, baseando-se no recondicionamento dos sculos estabilizadores da coluna vertebral
(transverso do abdome e multífidos), em busca do controle e da coordenação do movimento
33
.
Nesta técnica, a contração muscular é treinada, permitindo a restauração do automatismo e da
força dos estabilizadores e a reabilitação da coluna que se encontra insvel
5
.
33
O’Sullivan (2000)
5
esclarece que um programa de ESV deve ser composto de três fases:
cognitiva, associativa e do automatismo. A fase cognitiva corresponde ao início do
treinamento e visa à conscientização da contração específica dos multífidos e transverso do
abdome, sem que haja a contração dos sculos globais. A segunda fase (associativa) tem
como objetivo o treinamento de determinados padrões de movimentos que foram
identificados na avaliação inicial como deficientes. E o terceiro estágio corresponde à fase
automática, em que os indivíduos conseguem estabilizar dinamicamente a coluna de forma
apropriada, em um controle automático, durante as atividades funcionais da vida diária.
Outros autores, baseados no mesmo princípio de treinamento descrevem a técnica
através de outras fases ou estágios
32
. Mas, independente da forma de divisão dos estágios e
dos instrumentos utilizados, se aplica o mesmo princípio de realização da técnica. Vários
estudos têm mostrado resultados bastante satisfatórios, em curto e longo prazo
4,36
, destacando
a importância do controle das respostas motoras através da integração entre os estímulos
externos e a propriocepção em busca da aprendizagem do movimento, o que envolve uma
concepção de educação para reabilitação na terapia
37
.
Assim, estes exercícios terapêuticos podem representar um importante papel na
prevenção da instabilidade lombar em obesos, promovendo um recondicionamento e a
recuperação da força e da resistência da musculatura estabilizadora da coluna lombar e
prevenindo o aparecimento de distúrbios posturais nesta região.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise da produção científica possibilitou constatar uma predisposição para o
desenvolvimento da instabilidade na coluna vertebral e o aparecimento de alterações posturais
nos obesos, principalmente a hiperlordose lombar, decorrente da deposição do tecido adiposo
no abdome, sendo importante ressaltar a carência de estudos, nos últimos dez anos,
envolvendo a participação de adultos jovens, que a maioria das pesquisas encontradas foi
realizada com crianças e adolescentes.
Quanto a métodos de avaliação e tratamento da instabilidade segmentar, foi possível
identificar que a unidade pressórica de biofeedback é um dispositivo barato, prático e útil, que
pode ser utilizado com eficiência em indivíduos obesos, para avaliação e reeducação da
contração muscular, e a técnica de ESV favorece o treinamento específico dos sculos
34
multífidos e transverso do abdome, permitindo a restauração da estabilidade lombar, melhora
da postura e alívio da sintomatologia dolorosa que acomete a coluna destes indivíduos.
35
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38
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37. DA FONSECA, V. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre:
Artmed, 2008
39
3. MÉTODO
Esta pesquisa foi desenvolvida no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando
Figueira (IMIP), na Faculdade Integrada do Recife (FIR) e na Faculdade da Associação
Caruaruense de Ensino Superior (ASCES), no período de agosto de 2009 a maio de 2010,
com adolescentes e adultos jovens do sexo masculino.
Todos os indivíduos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
conforme a resolução 196/96 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da
Saúde, e o estudo obteve aprovação prévia do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), no dia 25 de maio de 2009, segundo o parecer número
137/09 (Anexo A).
Os procedimentos da pesquisa foram divididos em duas etapas, que serão apresentados
em sequência.
3.1 Primeira Etapa da Pesquisa
A primeira etapa, realizada de agosto a dezembro de 2009, compreendeu o
recrutamento e avaliação inicial dos indivíduos. Além de sujeitos obesos, foi inserido na
pesquisa um grupo de comparação, composto por participantes eutróficos, o que permitiu o
desenvolvimento do artigo intitulado Instabilidade lombar e área de secção transversa
dos estabilizadores da coluna vertebral em obesos”, que teve como objetivo verificar a
associação entre a instabilidade lombar, área de secção transversa dos sculos multífidos e
transverso do abdome e a obesidade.
3.1.1 Sujeitos da Pesquisa
Nesta primeira etapa participaram 131 adolescentes e adultos jovens, obesos e
eutróficos, do sexo masculino, com idade variando entre 18 e 25 anos (22,68±2,71 anos)
divididos em dois grupos: o grupo de casos, composto por 61 obesos, com Índice de Massa
Corporal (IMC) maior ou igual a 30Kg/m
2
; e grupo de comparação, formado por 70 eutróficos
e com sobrepeso, com IMC maior que 18,5Kg/m
2
e menor que 30Kg/m
2
, segundo pontos de
corte da OMS (2007)
1
.
40
Foram incluídos universitários que estivessem matriculados em cursos de graduação
ou pós-graduação na Faculdade ASCES ou na FIR e excluídos mulheres, indivíduos que
fizessem uso de medicamentos controlados, portadores de distúrbios neurológicos,
musculoesqueléticos (fraturas, anormalidades, história de trauma ou cirurgia na coluna
vertebral), cicatriz hipertrófica extensa no tronco ou déficit cognitivo grave, que pudesse
dificultar o entendimento dos procedimentos da pesquisa.
3.1.2 Procedimentos de Avaliação
A coleta de dados foi realizada através de um formulário de registro de informações
pessoais (Apêndice B), com perguntas relacionadas à identificação do voluntário (nome, data
de nascimento, endereço residencial e telefone) e à presença de lombalgia.
Em seguida, os participantes foram submetidos a uma avaliação antropométrica (que
incluía medida do peso, altura, circunferência abdominal), uma análise postural das curvaturas
da coluna (na vista lateral direita) e identificação da instabilidade lombar através de uma
Unidade Pressórica de Biofeedback. Todos esses procedimentos foram realizados pelo mesmo
pesquisador nas Clínicas Escola da FIR e da Faculdade ASCES. no setor de imagem do
IMIP foi realizado um exame ultrassonográfico, para determinação da área de secção
transversa dos multífidos e transverso do abdome e da gordura abdominal de todos os
participantes da pequisa.
3.1.2.1 Avaliação Antropométrica
Para a determinação do peso (em quilogramas) foi utilizada uma balança
antropométrica eletrônica da marca Filizola (PL-150, Brasil), com precisão de 0,05 kg, que
possuía um estadiômetro acoplado, para avaliação da altura, em metros (Figura 1).
A medida da circunferência abdominal (em centímetros) foi obtida através de uma fita
métrica (Figura 2) na posição de pé, no final da expiração suave e a partir de dois pontos de
referência (Figura 3): um lateral (ponto dio, entre a margem inferior da última costela e a
margem superior da crista ilíaca), e outro anterior (ponto médio entre o processo xifoide do
esterno e a cicatriz umbilical)
2
.
41
Figura 1: Balança antropométrica eletrônica da marca Filizola (PL-150, Brasil).
Figura 2: Fita métrica utilizada para avaliação da circunferência abdominal.
Figura 3: Pontos de referência utilizados para avaliação da circunferência abdominal.
42
3.1.2.2 Avaliação Postural
Para avaliação das curvaturas da coluna vertebral, os indivíduos foram posicionados
de pé, sem camisa e sem calçado, de sunga ou cueca, com os calcanhares a uma distância de
7,5 cm e os pés num ângulo de 20 graus e fotografados com uma quina digital Cyber Shot
6.0 Mega Pixels, na vista lateral direita. Foram usadas etiquetas adesivas de 42,3 mm para
marcação dos pontos anatômicos bilateralmente: acrômio, lóbulo da orelha, espinha ilíaca
ântero-superior (EIAS), espinha ilíaca póstero-superior (EIPS) e maléolo lateral (Figura 4).
As fotografias foram inseridas no software Posturograma, da Fisiometer Softwares em
Fisioterapia (Figura 4), um método de avaliação fisioterapêutica, validado por Venturelli
(2006)
3
, que se propõe investigar desvios posturais e alterações no sistema osteomuscular, a
partir de registros de imagens e gráficos.
Figura 4: Pontos anatômicos e linhas de referência da forografia em vista lateral
inseridas no Posturograma (Fisiometer Softwares em Fisioterapia).
43
O software Posturograma não exige a utilização de um tripé e nem de uma distância
padrão para a obtenção das fotos, orienta-se apenas para enquadrar o corpo inteiro, centralizar
o foco no umbigo do indivíduo e não inclinar a máquina fotográfica. Para padronizar as
medidas é necessário colar uma régua de 10cm em qualquer parte do corpo. Neste estudo as
fotografias foram obtidas pelo mesmo pesquisador, numa sala bem iluminada, com o sujeito
próximo a uma parede lisa e padronizou-se a colocação da régua de 10 cm na região lateral da
coxa direita (Figura 4).
Para servir como referência, na imagem digitalizada em perfil direito, no software
Posturograma, foi traçada uma linha horizontal demarcando o chão e duas retas verticais
tangentes a linha horizontal: uma posterior, que correspondeu à linha de base; e outra próxima
ao eixo longitudinal do corpo, que foi considerada como o fio de prumo. A linha de base foi
obtida a partir do ápice posterior do tronco do indivíduo (ponto mais proeminente dentre toda
estrutura posterior) e fio de prumo a partir do maléolo externo ao topo da cabeça (Figura 4)
A curvatura da coluna lombar foi avaliada a partir do alinhamento da pelve,
particularmente das EIAS e EIPS. Foi considerada uma lordose fisiológica da lombar, quando
a EIAS estava no mesmo plano transverso com a EIPS e que a linha traçada entre as espinhas
ilíacas formasse um ângulo de 90 graus com o fio de prumo (Figura 5).
Figura 5: Lordose fisiogica da coluna lombar avaliada pelo alinhamento da pelve.
O desalinhamento entre as espinhas ilíacas, associado a um deslocamento inferior da
EIAS e superior da EIPS, foi identificado como hiperlordose lombar
4
(Figura 6).
44
Figura 6: Hiperlordose lombar avaliada pelo alinhamento da pelve.
Para a avaliação da hiperlordose cervical utilizou-se como ponto de referência o lóbulo
da orelha. Foi considerada uma lordose fisiológica da coluna cervical quando o fio de prumo
passasse sobre o lóbulo da orelha e fosse observada uma concavidade na coluna cervical,
caracterizada por um espaço entre o ápice da curvatura cervical e a linha de base (Figura 7).
Figura 7: Lordose fisiológica da coluna cervical avaliada pelo alinhamento do lóbulo
da orelha em relação ao fio de prumo.
A anteriorização do lóbulo da orelha em relão ao fio de prumo, associado ao
aumento da distância entre ápice da curvatura cervical e a linha de base caracterizou uma
hiperlordose cervical (Figura 8).
Figura 8: Hiperlordose cervical avaliada pela anteriorização do lóbulo da orelha em
relação ao fio de prumo.
45
A curvatura da coluna torácica foi avaliada utilizando-se como ponto de refencia o
acrômio. A cifose torácica foi definida como fisiológica quando houvesse um alinhamento
entre o acrômio e o fio de prumo (Figura 9).
Figura 9: Cifose fisiológica da coluna tocica avaliada pelo alinhamento do acrômio
em relação ao fio de prumo.
Caso houvesse uma anteriorização do acrômio em relação ao fio de prumo e um
considerou-se hipercifose torácica
5
(Figura 10).
Figura 10: Hipercifose torácica avaliada pela anteriorização do acrômio em relação ao
fio de prumo.
3.1.2.3 Avaliação da Instabilidade da Coluna Lombar
Foi utilizada uma unidade presrica de biofeedback, o Stabilizer®, um instrumento
que permite registrar as alterações pressóricas numa bolsa pneumática (Figura 11).
46
Figura 11: Unidade Pressórica de Biofeedback (Stabilizer)
Nesta avaliação, a coluna vertebral do voluntário foi classificada como estabilizada,
caso fosse detectada a contração correta destes músculos, ou instável, caso existisse um déficit
na ativação desses músculos.
Para tal procedimento considerou-se dois testes
9
, um, em decúbito dorsal, e outro, em
decúbito ventral. No teste em decúbito ventral a bolsa do Stabilizer foi posicionada debaixo
do abdômen e inflada de ar até a linha de base de 70 mmHg, que corresponde a faixa castanha
no manômetro de pressão do aparelho (Figura 12). O voluntário foi orientado para puxar a
parede abdominal para cima e para dentro, sem mover a coluna ou a pelve, e manter esta
posição por 10 segundos. Para a classificação da coluna lombar como estabilizada a pressão
deveria diminuir entre 6 a 10 mmHg e, caso este valor diminuísse ou aumentasse, a coluna
seria classificada como instável.
Figura 12: Manômetro de pressão do Aparelho Stabilizer.
47
No teste em decúbito dorsal, a bolsa de pressão foi posicionada debaixo da coluna
lombar e inflada de ar até a linha de base de 40 mmHg (faixa cor-de-laranja) (Figura 12). O
indivíduo foi orientado para puxar a parede abdominal para dentro, sem mover a coluna ou a
pelve, e manter esta posição por 10 segundos. Para a classificação da coluna lombar como
estabilizada a pressão deveria permanecer a 40 mmHg (ou seja, sem nenhum movimento da
coluna) e, caso este valor diminuísse ou aumentasse, a coluna seria classificada como instável.
3.1.2.4 Avaliação Ultrassonográfica
A avaliação ultrassonográfica dos multífidos, transverso do abdome e da gordura
abdominal foi realizada no setor de Imagem do IMIP através do aparelho HD7, da marca
Phillips (Figura 13), com transdutores lineares (L12-3) e convexos (C5-2), por um único
médico especialista devidamente treinado.
Figura 13: Ultrassom HD7, da Phillips, transdutores lineares e convexos.
Para a avaliação dos multífidos, os participantes foram colocados sem camisa, em
prono, com a cabeça posicionada na linha média e encaixada no orifício de respiração da
mesa de exame, com os bros estendidos ao longo do corpo. Um ou dois travesseiros foram
colocados abaixo dos quadris, para eliminar a lordose lombar. O avaliador palpou o processo
espinhoso de L5 e fez uma marcação na pele, com um lápis dermográfico. Cranialmente à L5
foi identificado o processo espinhoso de L4, que também foi marcado com o lápis
6
.
48
O transdutor do aparelho foi posicionado longitudinalmente, na linha média da coluna,
ao nível de L4 e L5, para orientação e confirmação das marcas na pele. Girou-se o transdutor
numa angulação de 90°, posicionando-se transversalmente na linha média, produzindo assim
a imagem dos processos transversos e das lâminas lombares. Em seguida, ele foi movido
lateralmente, para se obter a imagem do multífido direito de L5, que foi mensurado em
repouso.
As imagens foram armazenadas e as medidas tomadas por meio de calipers no próprio
sistema. Obteve-se a AST (cm²) dos multífidos traçando-se, com o cursor, uma linha ao redor
do interior da borda do músculo.
Para a avaliação do transverso do abdome o voluntário foi colocado em decúbito
dorsal e o transdutor posicionado à aproximadamente uma polegada, superiormente, à crista
ilíaca, ao longo da linha média axilar no plano transverso. Para garantir que as mensurões
fossem obtidas em pontos similares ao longo do músculo, o transdutor foi ajustado até a
porção mais medial do transverso, podendo ser visualizado na porção mais à esquerda da tela.
Para padronizar a influência da respiração na espessura do transverso do abdome, as imagens
foram coletadas no final da expiração
7
.
A mensuração do depósito de gordura abdominal correspondeu às medidas da gordura
mesentérica, pré-peritoneal e subcutânea e foi realizada na posição supina, estando o
participante com os braços estendidos acima da cabeça. Posicionou-se o transdutor em região
imediatamente superior à cicatriz umbilical, na linha xifoumbilical conforme proposta de Liu
et al. (2003)
8
.
Foi avaliada a área para-umbilical, com atenção especial para a identificação dos
folhetos mesentéricos, que se mostram como estruturas alongadas, divididas umas das outras
por um sinal espelhado que corresponde às superfícies peritoneais. Quando foram
visualizados diferentes folhetos mesentéricos, efetuou-se as medidas de cada um e a máxima
espessura foi mensurada. A média (cm) das três medidas mais espessas foi usada para a
análise.
A espessura da gordura pré-peritoneal e subcutânea foi mensurada através do
posicionamento do transdutor perpendicularmente à superfície da pele e o exame realizado na
linha média do abdome, na fase expiratória da respiração basal. Considerou-se a espessura
pré-peritoneal a medida entre a face interna do músculo reto abdominal e a parede posterior
da aorta; e a espessura subcutânea como a medida entre a pele e a face externa do músculo
reto abdominal. A espessura máxima (cm) do tecido adiposo foi mensurada três vezes e o
valor dio utilizado na análise.
49
3.1.3 Análise Estatística
Os dados foram pré-codificados e processados em microcomputador, pelo Programa
Epi-info 6, no modo DOS. As variáveis categóricas foram expressas em valores absolutos e
percentuais (n; %) e as quantitativas em valores médios e desvio-padrão (média ± dp).
A comparação entre as variáveis e a presença de alterações posturais (hiperlordose
cervical, hipercifose torácica e hiperlordose lombar), presença de instabilidade e dedor
lombar”, entre obesos e eutróficos, foi realizada através do teste de Qui-quadrado com
correção de Yates, ou do teste exato de Fisher, quando necessário. Foi utilizado o teste t
Student para a comparação entre as dias de idade, circunfencia abdominal e AST dos
multífidos e transverso do abdome, entre o grupo de casos e o grupo de comparação, já que
essas variáveis apresentaram variâncias populacionais homogêneas no teste de Bartlett.
Para a medida do grau de associação ou dependência entre a AST (dos multífidos e
transverso do abdome) e as medidas antropométricas (IMC e circunfencia abdominal) e
ultrassonográficas (gordura subcutânea, pré-mesentérica e mesentérica) foi calculado o
coeficiente de correlação de Pearson. O coeficiente de correlação varia entre –1 (correlação
perfeita negativa) e +1 (correlação perfeita positiva). A hipótese de nulidade indica que as
variáveis pesquisadas x e y não estão correlacionadas. Para todos os testes foi considerado um
nível de significância estatística de 5%.
3.2 Segunda Etapa da Pesquisa
Na segunda etapa foi realizado um estudo de intervenção, no peodo dezembro de
2009 a maio de 2010, com os sujeitos obesos portadores de instabilidade que foram
recrutados na primeira etapa.
Os indivíduos foram divididos, aleatoriamente, em dois grupos: o grupo experimental
que realizou a cnica de Estabilização Segmentar Vertebral (grupo ESV), e controle, que foi
submetido a uma técnica tradicional de Fortalecimento do Abdome e Paravertebrais Lombares
(grupo FAPL). Nesta fase se buscou identificar o efeito da ESV em relação à presença de dor,
hiperlordose lombar e instabilidade da coluna lombar e a AST dos multífidos e transverso do
abdome dos obesos.
50
Ao final dos procedimentos de intervenção foi elaborado o artigo intitulado
Estabilização segmentar lombar em adolescentes e adultos jovens obesos: um estudo de
intervenção”.
Os indivíduos eutróficos ou com sobrepeso, portadores de instabilidade, apesar de não
terem sido inseridos nesta fase do estudo e de não estarem incluídos nas análises, também
foram submetidos à realização do tratamento através da técnica ESV.
3.2.1 Sujeitos da Pesquisa
Foram incluídos nesta fase da pesquisa os adolescentes e adultos jovens, obesos, do
sexo masculino com IMC maior ou igual a 30Kg/m
2
e portadores de instabilidade lombar,
segundo os testes com uma Unidade Presrica de Biofeedback
9
.
3.2.2 Estimativa do Tamanho Amostral
A amostra foi calculada através do Programa Epi-Info 6.04, considerando uma
proporção de resposta ao tratamento, no grupo ESV, de 90%, e no grupo FAPL, de 40%,
conforme estudo desenvolvido por Hides, Richardson e Jull (1996)
10
, com um nível de
significância de 5% e poder do teste de 80%, obtendo-se 38 indivíduos para cada grupo.
3.2.3 Randomização
Utilizou-se a técnica de randomização em blocos de dez indivíduos, para garantir que
os dois grupos apresentassem o mesmo número de participantes
11
. Inicialmente, foi gerada
uma tabela de números aleatórios, através do Programa Epi-Info 6.0, por um estatístico não
envolvido no trabalho. Para se determinar o ponto de início na tabela de números aleatórios, o
estatístico utilizou os números obtidos no lançamento de dois dados, de forma que o número
do primeiro dado lançado definiu a linha, e o segundo, a coluna. Após a identificação do
ponto de início, na tabela, foram considerados os números de um dígito que aparecem na
sequência horizontal, da esquerda para a direita, para a determinação dos grupos, de forma
que os números pares e o zero correspondessem ao grupo ESV e os ímpares ao grupo FAPL.
51
O estatístico numerou blocos de envelopes de um a dez e colocou no interior de cada
envelope um papel escrito ESV ou FAPL, a partir da sequência de números que surgiam na
tabela de números aleatórios. A randomização procedeu dentro de cada bloco até que a quinta
pessoa fosse randomizada para um dos grupos, ou seja, que tenha cinco envelopes contendo
papéis referentes a um grupo. Depois disso o restante dos envelopes foram preenchidos com
papéis com a sigla do outro grupo aque o bloco de dez envelopes fosse completado. Isso
permitiu que em dez envelopes, cinco corresponderiam a o grupo ESV e cinco ao grupo
FAPL.
O bloco de dez envelopes numerados foi entregue ao pesquisador e selecionados na
sequência em que apareciam os indivíduos na pesquisa. Imediatamente antes do início da
intervenção, o envelope da sequência era aberto e se conhecia de que grupo aquele sujeito
faria parte. Uma vez que fossem incluídos na pesquisa 10 sujeitos e com isso já tivessem sido
abertos os 10 envelopes do bloco, o pesquisador solicitou ao estatístico para confeccionar
mais um bloco de 10. Novos blocos foram solicitados pelo pesquisador, à medida que mais
sujeitos fossem incluídos na pesquisa, até ser completado o número total de indivíduos da
amostra.
3.2.4 Variáveis de Análise
Foram consideradas, como variáveis independentes, os procedimentos de intervenção
realizados em cada grupo: os exercícios de ESV e os exercícios tradicionais de FAPL. As
variáveis dependentes primárias foram: a presença de instabilidade lombar (avaliada pela
Unidade Pressórica de Biofeedback, através dos testes em decúbito dorsal e ventral) e a AST
dos mulfidos e transverso do abdome (avaliada por meio da ultrassonografia). Como
desfechos secundários foram analisadas variáveis relacionadas à disfunção lombar: presença
de hiperlordose lombar e lombalgia.
3.2.5 Procedimentos de Coleta dos Dados
As informações iniciais, relacionadas à identificação do voluntário (nome, idade,
endereço residencial e telefone), à avaliação antropométrica (medida do peso, altura,
circunferência abdominal), à presença da instabilidade lombar, ao exame ultrassonográfico
antes da intervenção (área de secção transversa dos multífidos e transverso do abdome e da
52
gordura abdominal), à presença de lombalgia e à análise postural das curvaturas da coluna
antes da intervenção (na vista lateral direita), foram obtidas através dos registros da primeira
etapa da pesquisa.
Após os procedimentos de intervenção, os indivíduos dos dois grupos foram
reavaliados quanto à presença da instabilidade lombar, à AST dos multífidos e transverso do
abdome, à presença de lombalgia e à postura da coluna lombar, através dos mesmos
procedimentos e parâmetros de avaliação utilizados na primeira etapa da pesquisa. Todos
esses dados foram inseridos no formulário de registro de informações pessoais, após a
intervenção (Apêndice C).
3.2.6 Procedimentos de Intervenção
As condutas de ESV e de FAPL foram realizadas sob orientação e supervisão contínua
do pesquisador, em sessões de 40 minutos, duas vezes por semana, em um período de
aproximadamente três meses, de forma que todos os voluntários completassem um total
mínimo de 20 seses. Nos primeiros 10 minutos eram realizados alongamentos musculares
ativos dos músculos da coluna lombar e membros inferiores, com auxílio de faixas.
Inicialmente foram feitos os alongamentos no tatame, conforme posturas ilustradas na
figura 14, dos músculos paravertebrais lombares, glúteos, adutores do quadril, sartório,
isquiotibiais e tensor da scia lata.
Figura 14: Alongamentos musculares realizado no tatame pelos dois grupos.
53
Em seguida os sculos retofemural e iliopsoas foram alongados na postura de pé
conforme pode ser visualizado na figura 15.
Figura 15: Alongamentos musculares realizado na posição de pé pelos dois grupos.
Cada sculo foi alongado 30 segundos em cada posição descrita nas imagens, duas
vezes e com um tempo de repouso entre cada alongamento de 15 segundos.
Após o alongamento, eram desenvolvidas as condutas específicas da ESV e da FAPL,
por um período de 25 minutos, e, nos cinco minutos restantes, era realizado um trabalho de
relaxamento que incluía a orientação à inspiração e expiração até a normalização da
freqüência respiratória na postura deitada associado ao movimento dos membros inferiores
em dirão ao peito e lateralmente ao tronco, conforme mostra a figura 16.
Figura 16: Relaxamento associado à respiração e aos movimentos dos membros inferiores na
posição deitada.
54
3.2.6.1 Procedimentos Específicos do Grupo de Estabilização Segmentar Vertebral
Foram realizados exercícios específicos de estabilização segmentar através do uso do
Stabilizer, que forneceu o feedback presrico, através da visualização do mostrador acoplado
ao aparelho (Figura 17).
Figura 17: Exercícios com o auxílio do Stabilizer no grupo que realizou a técnica da
Estabilização Segmentar Vertebral.
A técnica de ESV foi executada em três estágios: cognitivo, refinamento do padrão de
movimento e funcional
2
. O primeiro estágio objetivou treinar a contração voluntária isolada,
promovendo a conscientização dos movimentos executados pelo transverso do abdome e
multífidos. Para a conscientização da contração dos estabilizadores, o sujeito foi posicionado
em decúbito dorsal, com os pés apoiados na maca. Como estímulo à contração, além do
Stabilizer, foi utilizado o contato manual do pesquisador ou do próprio participante da
pesquisa, orientou-se o sujeito a tossir e a “encolher a barriga” e realizar uma expiração
forçada, enchendo uma bola de sopro, em três séries de 10 respirações, conforme pode ser
visualizado na figura 18.
Figura 18: Contato manual, tosse e uso de bolo de sopro como estímulos proprioceptivos
para contração dos multífidos e transverso do abdome na fase cognitiva da ESV.
55
Em seguida à conscientização da contração, o participante foi orientado a recrutar
voluntariamente os multífidos e transverso do abdome, durante a expiração e inspiração. O
sujeito realizou três séries de 10 repetições com contrações mantidas inicialmente por cinco
segundos, com um intervalo de 10 segundos entre as contrações e de um minuto entre as
séries. Se o sujeito apresentasse fadiga ou dispnéia, mesmo após o período de repouso de um
minuto entre as séries, era orientado a parar a realização dos exercícios e já iniciar o
relaxamento muscular para o término da sessão.
Nas sessões seguintes o participante foi estimulado a completar as três séries e caso
conseguisse sem fadiga, era orientado na sessão subseqüente a realizar três séries com um
tempo de sustentação de 10 segundos, com um repouso de 20 segundos entre as contrações e
de um minuto e meio entre as séries. As sessões seguintes continuaram seguindo o mesmo
princípio de progressão até o voluntário passar a realizar três séries com um tempo de
sustentação de 15 segundos, com um repouso de 25 segundos entre as contrações e de dois
minutos entre as séries. O sujeito passava para a próxima fase da ESV caso conseguisse
manter completar as três séries de 15 segundos, sem apneia ou sinais de fadiga.
O segundo estágio compreendeu a cocontração dos estabilizadores lombares em
diferentes posições e em situações dinâmicas (decúbito dorsal, ventral, lateral, quatro apoios e
sentado), associadas aos movimentos dos membros inferiores e superiores (Figura 19).
Figura 19: Posicionamento dos exercícios do segundo estágio da ESV.
56
Inicialmente o indivíduo foi orientado a manter a contração dos multífidos e transverso
do abdome em decúbito dorsal e depois dava-se o comando para que ele realizasse
movimentos de elevação da pelve em três séries de 10 repetições com um repouso de dois
minutos entre as séries (Figura 19) .
Em seguida, eram realizados movimentos de flexão e extensão alternados dos quadris
e dos ombros associados à elevação da pelve em três séries de 10 repetições com um repouso
de dois minutos entre as séries.
A partir do momento que o participante conseguia completar as três séries numa
posição, sem fadiga, na próxima sessão era tentada uma nova posição, seguindo o mesmo
princípio de progressão. Além do decúbito dorsal foram utilizadas, em sequência, as seguintes
posições: posição de gatas (associada aos movimentos dos membros superiores e inferiores),
decúbito lateral (com apoio sobre a borda lateral do pé e antebraço), decúbito ventral (com
apoio sobre a os dedos do e antebraço) e sentado (com o tronco inclinado posteriormente
associado ao movimento de flexão e extensão do tronco), conforme se verifica na figura 19.
Ao conseguir realizar todas as posições, as sessões subseqüentes foram compostas
pelo treinamento dinâmico de todas as posições associadas a uma contração durante 60
segundos, sem apneia, dos multífidos e transverso do abdome.
O voluntário passou para a próxima fase em caso de conseguir manter essa a
contração, sem fadiga e sem dispnéia.
O terceiro e último estágio da ESV consistiu na ativação desses sculos em
atividades rápidas e explosivas de mudança de direção e posicionamento, tais como: rolar o
tronco, sair de deitado para sentado, sentado para de pé, correr com obstáculos, saltar e
equilíbrio em cima de uma bola (Figura 20).
Cada posicionamento foi inserido à medida que o sujeito conseguisse realizar o
anterior em três séries de sustentações de 60 segundos com repouso de dois minutos entre as
séries. Esta fase objetivou uma ativação automática e involuntária do músculo estabilizador
antes da contração do músculo agonista do movimento e a manutenção desta contração
durante a realização das atividades.
No final deste estágio o indivíduo era orientado a realizar as atividades combinadas,
associadas à criação de 3 circuitos diferentes realizados durante o tempo de 5 minutos cada
com um tempo de intervalo de 5 minutos entre eles. Na formulação dos circuitos eram
utilizados uma combinação de atividades e deveriam ser realizadas numa sala ampla para
permitir o deslocamento do sujeito.
57
Caso o participante apresentasse fadiga era orientado a parar o circuito e iniciar o
período de repouso. As sessões da ESV continuaram até que cada indivíduos completasse os
três estágios e realizasse no mínimo 20 sessões durante o período total de 3 meses de
intervenção.
Figura 20: Posicionamento dos exercícios do terceiro estágio da ESV.
3.2.6.2 Procedimentos Específicos do Grupo de Fortalecimento de Abdominais e
Paravertebrais Lombares
O procedimento realizado neste grupo foi a técnica tradicional de fortalecimento de
abdominais e paravertebrais lombares
12
. As sessões iniciais foram compostas por exercícios
de flexão anterior, rotação, fleo lateral de tronco, exercícios de flexão e extensão do quadril
exercícios de tronco associado à elevação do quadril e extensão da coluna, conforme se
verifica na figura 21. Os exercícios foram realizados em três séries de 10 repetições com
período de repouso de um minuto entre as séries.
58
Figura 21: Posicionamento dos exercícios do grupo que realizou a FAPL.
Se o sujeito apresentasse fadiga ou dispnéia, mesmo após o período de repouso de um
minuto entre as séries, era orientado a parar a realização dos exercícios e já iniciar o
relaxamento muscular para o término da sessão. Com a progressão dos exercícios, caso os
sujeitos completassem toda a série, os indivíduos foram orientados a realizar os mesmos
movimentos, em três séries de 15 repetições com período de repouso de um minuto e meio
entre as séries e, em seguida, em três séries de 20 repetições com período de repouso de dois
minutos entre as séries.
Os indivíduos foram instruídos que durante a realização dos exercícios, cada contração
muscular abdominal deveria ser associada á inspiração e o relaxamento à expiração.
3.2.7 Controle de Qualidade
Para garantir o controle da qualidade das intervenções, todos os procedimentos de
intervenção foram realizados com acompanhamento do pesquisador durante a realização de
todas as sessões de tratamento, orientando, posicionando e corrigindo os exercícios
executados pelos voluntários.
A diminuição da fadiga, o aumento do tempo de contração, e o mero de repetições
foram observados concomitantemente à realização dos exercícios e constituíram os
parâmetros avaliados durante a realização das sessões, nos dois grupos, para verificar se a
intervenção estava sendo feita de maneira adequada.
59
3.2.8 Análise estatística
Os dados foram pré-codificados e processados em microcomputador, pelo Programa
Epi-info 6, no modo DOS. As variáveis categóricas foram expressas em valores absolutos e
percentuais (n; %) e as quantitativas em valores médios e desvio-padrão (média ± dp).
Inicialmente, foi realizada uma análise comparativa das características básicas entre os
grupos, antes da intervenção, relacionadas à idade, às medidas antropométricas (altura, peso,
IMC e circunferência abdominal), à área de secção transversa (dos multífidos e transverso do
abdome) e às disfuões na coluna lombar (dor e hiperlordose).
Uma análise da eficácia da intervenção foi realizada, através da comparação entre as
variáveis: instabilidade lombar (nos testes em decúbito dorsal e ventral), área de secção
transversa (dos multífidos e transverso do abdome) e disfunções na coluna lombar (dor e
hiperlordose). Para a comparação entre as variáveis contínuas (médias) foi utilizado o teste t
Student, já que essas apresentaram uma distribuição normal.
Para a comparação da distribuição por percentuais das variáveis categóricas utilizou-se
o teste de qui-quadrado de Pearson, o teste de qui-quadrado com correção de Yates ou o teste
exato de Fisher, quando necessário. Para todos os testes, foi considerado um nível de
significância estatística de 5%.
3.3 Problemas Metodológicos
As mulheres foram excluídas deste estudo em virtude de serem mais acometidas por
disfunções posturais
13
e lombalgia
14
, em decorrência do tamanho da pelve, localização do
centro de gravidade e pelas alterões do ciclo menstrual. Assim, para minimizar a ocorrência
de um viés de seleção optou-se por uma amostra composta apenas de indivíduos do sexo
masculino.
Além disso, não foram incluídos na pesquisa os indivíduos que fizessem uso de
medicamentos controlados uma vez que os efeitos adversos dos mesmos como sonolência,
tontura, sensação de formigamento, fadiga muscular, entre outros, poderiam dificultar a
realizão dos procedimentos de intervenção ou provocar algum risco de lesão no decorrer da
sessão de tratamento.
Durante a realização da pesquisa, após cinco meses do início dos procedimentos de
intervenção, não houve perda amostral, mas foi obtida uma diferença estatisticamente
60
significativa em relação ao desfecho principal (instabilidade lombar), entre os grupos, com
uma amostra menor (54 indivíduos) do que a estimada (76 indivíduos), através do cálculo
baseado no estudo de Hides, Richardson e Jull (1996)
10
. Diante deste fato, optou-se por
interromper o recrutamento de indivíduos, uma vez que a ESV havia apresentado um
impacto importante na redução da instabilidade lombar, quando comparada à técnica FAPL.
61
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
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school-aged children and adolescents. Bulletin of the World Health Organization, v.
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crianças respiradoras bucais. [Dissertação]. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2006.
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sua influência sobre o sistema músculo esquelético de escolares em Araraquara-SP.
Movimento & Percepção, v. 8, n. 11, p. 323-344, 2007.
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Janeiro: Guanabara Koogan; 2007.
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10. HIDES, J. A.; RICHARDSON, C. A.; JULL, G. A. Multifidus muscle recovery is not
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12. PETERSEN, T.; KRYGER, P.; EKDAHL, C.; OSLEN, S.; JACOBSEN, S. The effect
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treatment of patients with subacute or chronic low back pain: A randomized controlled
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62
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back pain and physical fitness in adolescents. Spine, v. 31, n.15, p. 1740 – 1744, 2006.
63
4. RESULTADOS
4.1 Artigo 1: INSTABILIDADE LOMBAR E ÁREA DE SECÇÃO TRANSVERSA
DOS ESTABILIZADORES DA COLUNA VERTEBRAL EM OBESOS
Resumo: O objetivo deste estudo foi verificar a associação entre a instabilidade lombar e a
área de secção transversa dos sculos multífidos e do transverso do abdome em relação à
obesidade. O estudo foi do tipo descritivo, realizado no Estado de Pernambuco, Nordeste do
Brasil, no período de agosto a dezembro de 2009. A amostra foi constituída por 131
adolescentes e adultos jovens, do sexo masculino, sendo 70 eutróficos e com sobrepeso
(grupo de comparação) e 61 obesos (grupo de casos), na faixa etária de 18 a 25 anos, que
foram submetidos a uma avaliação antropométrica (peso, altura e circunferência abdominal),
ultrassonográfica (Área de Secção Transversa, ou AST, dos multífidos e transverso do
abdome e da gordura abdominal), postural (vista lateral) e da instabilidade lombar (através de
uma Unidade Pressórica de Biofeedback). Os sujeitos foram questionados quanto à presença
de lombalgia. Observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre a instabilidade
segmentar na coluna vertebral (p=0,00), AST dos multífidos (p=0,01) e transverso do abdome
(p=0,04), a presea de dor lombar (p=0,01) e a hiperlordose lombar (p=0,00), nos obesos, em
relação ao grupo de comparação. Os resultados demonstraram que quanto maiores os
parâmetros relacionados à circunferência abdominal, gordura mesentérica e pré-mesentérica,
menor é a AST, tanto nos multífidos quanto no transverso do abdome (p<0,05). A correlação
entre o Índice de Massa Corporal e a AST dos mulfidos e transverso do abdome não se
mostrou estatisticamente significativa, em ambos os grupos (p>0,05). Conclui-se que uma
relação negativa entre a quantidade de gordura abdominal e a área de secção transversa dos
músculos estabilizadores da coluna, nos obesos, associada a um maior percentual de
instabilidade lombar nestes indivíduos.
Palavras-chave: Obesidade, gordura abdominal, estabilidade, coluna vertebral, postura.
64
LUMBAR INSTABILITY AND THE TRANSVERSE SECTION AREA OF SPINAL
COLUMN STABILIZER MUSCLES IN OBESE SUBJECTS
Abstract: The aim of this study was to verify the association between lumbar instability and
the transverse section area of the multifidus and abdominal transverse muscles in relation to
obesity. A descriptive study was carried out in the State of Pernambuco, in the Northeast
region of Brazil, from August 2009 to December 2009 with one hundred and thirty-one
teenagers and young adults of the male sex (aged between 18 and 25 years) being 70
eutrophic and overweight subjects (comparison group) and 61 obese individuals (case group)
that were submitted to an anthropometric evaluation (weight, height and abdominal
circumference), ultrasonographic (transverse section area (TSA) of multifidus and abdominal
transverse muscles and of the abdominal fat), postural (lateral view) and of the lumbar
instability (through a Biofeedback Pressure Unit). Besides, the individuals were questioned
about the presence of low back pain. A statistically significant difference was observed
between the presence of segmental instability of the spine (p=0.00), TSA of multifidus
(p=0.01) and abdominal transverse muscles (p=0.04), pain in the lumbar region (p=0.01) and
lumbar hyperlordosis (p=0.00) in the obese subjects compared to comparison group. The
results showed that the larger the parameters relating to abdominal circumference and
mesenteric and pre-mesenteric fat, the smaller the TSA both in the multifidus and in the
abdominal transversal muscles, indicating a statistically significant difference in obese
individuals (p<0.05). However, the relation of the BMI (Body Mass Index) with the TSA of
the multifidus and abdominal transverse muscles has not presented a statistically significant
difference in both groups (p>0.05). It is concluded that there is a negative relation between
the quantity of abdominal fat and the transverse section area of the stabilizer muscles of the
spine, associated with a higher percentage of lumbar instability in the obese individuals.
Key words: Obesity, abdominal fat, stability, spinal column, posture.
65
INTRODUÇÃO
A obesidade é um distúrbio metalico e nutricional caracterizado por acúmulo
anormal de tecido adiposo em relação à massa corporal magra
1,2
. Quando concentrado no
abdome, este excesso de gordura determina o aparecimento de alterações posturais e
disfunções na musculatura estabilizadora da coluna
3,4
. Dentre as principais alterões de
postura na obesidade encontra-se a hiperlordose lombar, desencadeada pela protrusão e
distensão abdominal, inclinão anterior da pelve e deslocamento anterior do centro de
gravidade
5,6
.
A gordura central, associada à hiperlordose lombar, provoca inibição reflexa e
respostas neuromotoras anormais dos músculos estabilizadores da coluna, especialmente o
transverso do abdome e os multífidos
7
. A falta de ativação desses sculos resulta na
instalação de instabilidade segmentar lombar, que representa um prejuízo na capacidade do
sistema estabilizador da coluna em manter a mobilidade dos segmentos vertebrais dentro dos
limites fisiológicos, contribuindo para uma sobrecarga das estruturas osteomioarticulares e
predispondo ao aparecimento de sintomas dolorosos na região lombar do obeso
8
.
A instabilidade vertebral e a lombalgia estão relacionadas à diminuição da Área de
Secção Transversa (AST) dos multífidos e transverso do abdome
9
. Além disso, existe uma
relação direta entre a idade, a altura e o Índice de Massa Corporal (IMC) com a AST desses
músculos
10,11
. Porém, a influência da deposição da gordura abdominal na AST dos
estabilizadores vertebrais ainda não foi estudada.
Dessa forma, o objetivo deste estudo foi verificar a associação entre a instabilidade
lombar e a área de secção transversa dos músculos multífidos e do transverso do abdome em
relação à obesidade.
MATERIAL E MÉTODOS
Sujeitos
Participaram do estudo 131 adolescentes e adultos jovens, obesos e eutróficos, do sexo
masculino, com idades variando entre 18 e 25 anos (22,68±2,71 anos), divididos em dois
66
grupos: o grupo de casos, composto por 61 obesos, com IMC maior ou igual a 30Kg/m
2
; e o
grupo de comparação, formado por 70 eutróficos e com sobrepeso, com IMC maior que
18,5Kg/m
2
e menor ou igual 30Kg/m
2
, segundo os pontos de corte da OMS (2007)
12
.
Foram excluídos do estudo: mulheres, indivíduos que fizessem uso de medicamentos
controlados, portadores de distúrbios neurológicos, musculoesqueléticos (fraturas,
anormalidades, história de trauma ou cirurgia na coluna vertebral), cicatriz hipertrófica
extensa no tronco ou déficit cognitivo grave que pudesse dificultar o entendimento dos
procedimentos da pesquisa.
Todos os indivíduos incluídos na pesquisa assinaram um Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, conforme a resolução 196/96, da Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa do Ministério da Saúde. Este estudo obteve aprovação prévia do Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no dia 25 de maio de 2009, de
acordo com o parecer número 137/09.
Procedimentos de Avaliação
A coleta de dados foi realizada por meio de um formulário de registro de informações
pessoais, com perguntas relacionadas à identificação do voluntário (nome, data de
nascimento, endereço residencial e telefone) e à presença de lombalgia.
Em seguida, os participantes foram submetidos a uma avaliação antropométrica
(medida do peso, altura, circunferência abdominal), um exame ultrassonográfico (para
determinação da AST dos multífidos e transverso do abdome e da gordura abdominal), uma
análise postural das curvaturas da coluna (na vista lateral direita) e identificação da
instabilidade lombar, através de uma Unidade Pressórica de Biofeedback.
Avaliação Antropométrica
Para a determinação do peso (em quilogramas), foi utilizada uma balança
antropométrica eletrônica da marca Filizola (PL-150, Brasil), com precisão de 0,05 kg, com
um estadiômetro acoplado, para avaliação da altura, em metros.
A medida da circunfencia abdominal (em cenmetros) foi obtida na posição de pé,
no final da expiração suave, e a partir de dois pontos de referência: um lateral (ponto médio,
entre a margem inferior da última costela e a margem superior da crista ilíaca) e outro anterior
(ponto médio entre o processo xifoide do esterno e a cicatriz umbilical)
13
.
67
Avaliação Postural
Para a avaliação das curvaturas da coluna vertebral, os indivíduos foram posicionados
de pé, com os calcanhares a uma distância de 7,5 cm e os pés num ângulo de 20 graus e
fotografados com uma máquina digital Cyber Shot 6.0 Mega Pixels, na vista lateral direita. As
fotografias foram inseridas no software Posturograma, da Fisiometer Softwares em
Fisioterapia, que consiste em um método de avaliação fisioterapêutica validado por Venturelli
(2006)
14
, que se propõe investigar desvios posturais e alterações no sistema osteomuscular, a
partir de registros de imagens e gráficos.
Avaliação Ultrassonográfica
A avaliação ultrassonográfica dos multífidos, transverso do abdome e da gordura
abdominal foi realizada através do aparelho HD7, da marca Phillips, com transdutores
lineares (L12-3) e convexos (C5-2), por um dico especialista, devidamente treinado.
A AST dos multífidos (em decúbito ventral) e do transverso do abdome (em decúbito
dorsal), ambas em cm
2
, foram obtidas traçando uma linha ao redor do interior da borda do
músculo com o cursor
11
. A mensuração do desito de gordura abdominal (em cm
2
) abrangeu
as medidas da gordura mesentérica, pré-peritoneal e subcutânea e foi realizada na posição
supina, com o participante com os braços estendidos acima da cabeça, conforme proposta de
Liu et al. (2003)
15
.
Avaliação da Instabilidade da Coluna Lombar
Foi utilizada uma unidade presrica de biofeedback, o Stabilizer®, um instrumento
que permite registrar as alterações pressóricas numa bolsa pneumática. Nesta avaliação, a
coluna vertebral do voluntário foi classificada como estabilizada, caso fosse detectada a
contração correta destes músculos, ou instável, caso existisse um ficit na ativação desses
músculos.
Para tal procedimento foram considerados dois testes: um, em decúbito dorsal, e outro,
em decúbito ventral. No teste em decúbito ventral a bolsa do Stabilizer foi posicionada
debaixo do abdômen e inflada de ar a a linha de base de 70 mmHg (faixa castanha). O
voluntário foi orientado para puxar a parede abdominal para cima e para dentro, sem mover a
coluna ou a pelve, e manter esta posição por 10 segundos. Para a classificação da coluna
68
lombar como estabilizada, a pressão deveria diminuir entre 6 e 10 mmHg; caso este valor
diminuísse ou aumentasse, a coluna seria classificada como instável.
No teste em decúbito dorsal, a bolsa de pressão foi posicionada debaixo da coluna
lombar e inflada de ar até a linha de base de 40 mmHg (faixa cor-de-laranja). O indivíduo foi
orientado para puxar a parede abdominal para dentro, sem mover a coluna ou a pelve, e
manter esta posição por 10 segundos. Para a classificação da coluna lombar como
estabilizada, a pressão deveria permanecer a 40 mmHg (ou seja, sem nenhum movimento da
coluna). Caso este valor diminuísse ou aumentasse, a coluna seria classificada como instável.
Análise Estatística
Os dados foram pré-codificados e processados em microcomputador, pelo Programa
Epi-info 6, no modo DOS. As variáveis categóricas foram expressas em valores absolutos e
percentuais (n; %) e as quantitativas em valores médios e desvio-padrão (média ± dp).
A comparação entre as variáveis e a presença de alterações posturais (hiperlordose
cervical, hipercifose torácica e hiperlordose lombar), presença de instabilidade e dedor
lombar”, entre o grupo de casos e o grupo de comparação, foi realizada através do teste de
Qui-quadrado com correção de Yates ou do teste exato de Fisher, quando necessário. Foi
utilizado o teste t Student para comparão entre as médias de idade, circunferência
abdominal e AST dos multífidos e transverso do abdome, entre obesos e eutróficos, que
essas variáveis apresentaram variâncias populacionais homogêneas no teste de Bartlett.
Para a medida do grau de associação ou dependência entre a AST (dos multífidos e
transverso do abdome) e as medidas antropométricas (IMC e circunfencia abdominal) e
ultrassonográficas (gordura subcutânea, pré-mesentérica e mesentérica) foi calculado o
coeficiente de correlação de Pearson. O coeficiente de correlação varia entre –1 (correlação
perfeita negativa) e +1 (correlação perfeita positiva). A hipótese de nulidade indica que as
variáveis pesquisadas x e y não estão correlacionadas. Para todos os testes foi considerado um
nível de significância estatística de 5%.
RESULTADOS
Foram estudados 131 adolescentes e adultos jovens, sendo 61 obesos (grupo de casos:
22,06+2,79 anos) e 70 eutróficos e sujeitos com sobrepeso (grupo de comparação: 22,12+2,68
69
anos), que não apresentaram diferenças significativas em relação à idade (p=0,98). No que se
refere à média da circunferência abdominal, os obesos (121,68+15,59cm
2
) apresentaram
valores superiores aos encontrados nas medidas dos eutróficos (82,78+ 6,76 cm
2
), com valor
de p<0,01.
Na tabela 1 estão expressos os percentuais de instabilidade lombar nos testes em
decúbito dorsal e ventral, os valores das áreas de secção transversa dos mulfidos e transverso
abdome e os percentuais de alterações posturais, nos dois grupos. Verifica-se que os obesos
apresentaram uma maior percentual de instabilidade nos dois testes, além de médias inferiores
das áreas de secção transversa dos dois músculos, quando comparados ao grupo de sujeitos
eutróficos e com sobrepeso. Quanto às alterações posturais, constatou-se uma maior
freqüência de hiperlordose cervical, hipercifose torácica e hiperlordose lombar, em obesos,
porém foi encontrada diferença significativa entre os grupos em relação à hiperlordose
lombar.
Tabela 1: Comparação da presença de instabilidade lombar, Área de Secção Transversa dos
multífidos e transverso do abdome e alterações posturais, entre os grupos.
Variável
Grupo de casos
(Obesos)
Grupo de Comparação
(Eutróficos e Sobrepeso)
Presença de Instabilidade Lombar
n (
%
)
n (
%
)
P
Teste em Decúbito dorsal 55 (90,2) 30 (42,3) 0,00*
Teste em Decúbito Ventral 56 (91,8) 38 (54,3) 0,00*
Área de seão Transversa (cm
2
) Média ± dp Médi dp
P
Transverso do Abdome 0,52+0,11 0,76+0,09 0,04**
Multífido 5,71+1,55 7,84+1,68 0,01**
Presença de alterações posturais n (%) n (%)
P
Hiperlordose Cervical 23 (37,7) 21 (30) 0,46*
Hipercifose Torácica 32 (52,5) 25 (37,7) 0,07*
Hiperlordose Lombar 48 (78,7) 20 (28,6) 0,00*
* Teste de Qui-quadrado com correção de Yates ** Teste t Student
A tabela 2 apresenta a correlação entre a AST (dos multífidos e transverso do abdome)
e as medidas antropométricas (IMC e circunferência abdominal) e ultrassonográficas (gordura
abdominal mesentérica, pré-mesentérica e subcutânea), entre os grupos. Verifica-se que
apenas no grupo de obesos houve uma relação inversa estatisticamente significativa entre a
70
circunferência abdominal e os depósitos de gordura (mesentérica, pré-mesentérica), com a
área de secção transversa dos multífidos e transverso do abdome. As correlações entre a AST
(dos multífidos e transverso do abdome) e o IMC, tanto nos grupo de casos quanto no grupo
de comparão, não foram significativas.
Tabela 2: Comparação entre a Área de Secção Transversa dos mulfidos e transverso do
abdome e variáveis relacionados à gordura e protrusão abdominal, entre os grupos.
Variável Independente Variável Dependente
Grupo de
casos
(Obesos)
Grupo de
Comparação
(Eutróficos e
Sobrepeso)
R*
R*
Área de Secção Transversa (cm
2
)
Medidas Antropométricas
Multífidos
Índice de Massa Corporal 0,12 0,12
0,14 0,67
Circunferência Abdominal -0,63
0,00
-0,21
0,12
Transverso do Abdome
Índice de Massa Corporal 0,11 0,56
0,19 0,66
Circunferência Abdominal -0,77
0,03
-0,39
0,08
Área de Secção Transversa (cm
2
) Medidas Ultrassonográficas
Multífidos
Gordura Abdominal Mesentérica -0,71
0,01
-0,23
0,98
Gordura Abdominal Pré-Mesentérica
-0,66
0,00
-0,41
0,04
Gordura Abdominal Subcutânea -0,22
0,12
-0,13
0,83
Transverso do Abdome
Gordura Abdominal Mesentérica -0,81
0,01
-0,42
0,09
Gordura Abdominal Pré-Mesentérica
-0,60
0,04
-0,26
0,17
Gordura Abdominal Subcutânea -0,35
0,07
-0,29
0,08
* Coeficiente de correlação de Pearson
Quanto à presença de dor lombar, foi identificado que os obesos (40; 65,57%)
apresentaram maior frequência de dor lombar que os eutróficos (21; 41,43); a diferea entre
os percentuais foi significativa (p=0,01).
71
DISCUSSÃO
De acordo com os resultados encontrados no estudo foi possível observar que os
obesos apresentaram maior frequência de alterações posturais na coluna cervical, torácica e
lombar, quando comparados ao grupo de indivíduos eutróficos e com sobrepeso, havendo
uma diferença estatisticamente significativa apenas no que se refere à presença de
hiperlordose lombar. Em relão à estabilidade da coluna e AST dos multífidos e transverso
do abdome, foi identificado um percentual estatisticamente significativo de instabilidade, nos
obesos, bem como uma menor área de secção transversa dos músculos estabilizadores
lombares, quando comparados ao outro grupo. No que se refere às medidas antropométricas e
ultrassonográficas, constatou-se uma correlão inversa, estatisticamente significativa, no
grupo dos obesos, entre a AST e as seguintes variáveis: circunferência abdominal, gordura
pré-mesentérica e gordura mesentérica. Em relação à presença de dor, verificou-se diferença
estatisticamente significativa entre os resultados apresentados pelos obesos, em relação ao
grupo de comparação.
Sobre características posturais, a literatura tem apontado associação entre curvatura
lombar e excesso de peso, especialmente referenciando a presença de hiperlordose lombar,
nos obesos
16,17
. Os achados da pesquisa confirmam os estudos de Sibella et al. (2003)
18
,
Campos (1995)
19
e Fisberg (1995)
20
, indicando que o abdome protruso da pessoa obesa
desloca o centro de gravidade corporal, aumentando a lordose lombar. Em correspondência a
estas pesquisas, Neto Júnior, Pastre e Monteiro (2004)
21
, Pinto et al. (2001)
6
e Viunisk
(2005)
22
descreveram que a hiperlordose lombar é mais frequente em obesos do que em
eutróficos.
Em relação à postura da coluna torácica, não foram encontradas diferenças
significativas entre os grupos avaliados, o que diverge do estudo de Arruda (2009)
4
, que
descreve um aumento da cifose torácica em obesos. Kussuki, João e Cunha (2007)
17
,
comparando indivíduos eutróficos com sobrepeso e obesos, verificaram presença de
hipercifose torácica nos obesos e a associaram à deposição de gordura que estes indivíduos
apresentam na região anterior do tórax. No entanto, semelhante ao presente estudo, o foi
observada diferença estatisticamente significativa entre os grupos avaliados.
No que se refere à postura da coluna cervical, também não houve diferença
estatisticamente significativa entre os grupos avaliados neste trabalho, porém Kussuki, João e
Cunha (2007)
17
, em estudo sobre avaliação postural, verificaram a presença de hiperlordose
72
cervical, associada à anteriorização da cabeça, em 54,17% dos obesos, 41,67% no grupo com
sobrepeso e apenas 12,5% nos eutróficos, sendo a diferença entre o grupo de obesos e
eutróficos estatisticamente significativa.
De acordo com a fisiologia do movimento, a presença dessas alterações posturais na
coluna do obeso pode interferir no equilíbrio biomecânico do esqueleto axial e gerar um
prejuízo na estabilidade da coluna lombar.
A estabilidade pode ser avaliada através da unidade pressórica de biofeedback (UPB),
um aparelho de baixo custo, com a vantagem de ser uma técnica não invasiva, de fácil
manuseio e que tem sido utilizado em larga escala por fisioterapeutas, com resultados
satisfatórios
23
. Nesta pesquisa, foi constatada a presença de um maior percentual de
instabilidade lombar nos obesos do que no grupo de comparação, corroborando os estudos de
Cholewicke e McGill (1996)
24
.
Panjabi et al. (1994)
25
esclarecem que a manutenção da estabilidade da coluna
vertebral é garantida por elementos estáticos e dinâmicos e pelo controle neuromuscular. Os
elementos estáticos, também conhecidos como passivos, compreendem os corpos vertebrais, o
disco intervertebral, as articulações facetárias e suas cápsulas articulares, bem como os
ligamentos espinhais. Os elementos dinâmicos correspondem ao aparato músculo-tendinoso
espinhal e à fáscia raco-lombar. E, para que haja o recrutamento dos sculos em relação
ao momento correto de contração, força e velocidade adequada, é necessário a ativação do
sistema de controle neural, que compreende os nervos e o sistema nervoso central.
Portanto, em condições normais, livre de sobrecarga e lesões, os três sistemas
trabalham em harmonia e garantem a estabilidade da coluna
26
.
Hides, Richardson e Jull (1996)
27
afirmam que a musculatura profunda do tronco,
especialmente os multífidos e o transverso abdominal, são os principais responsáveis pela
estabilidade lombar. Os multífidos o músculos profundos e monoarticulares que se
localizam na região posterior e medial da coluna e são os principais responsáveis pela
estabilidade deste segmento
28
. E o transverso do abdome é o sculo mais profundo e mais
importante do grupamento abdominal na prevenção da instabilidade lombar, em função da
manutenção da pressão intra-abdominal
29-31
.
Kavcic, Grenier e Mcgill (2004)
32
sugerem que qualquer disfunção lombar leva a uma
dificuldade no recrutamento destes músculos específicos para a conservão da estabilidade
da coluna. Assim, a associação entre o excesso de peso e a fraqueza dos multífidos e
transverso do abdome pode ser um dos fatores responsáveis pela instabilidade lombar, nos
indivíduos obesos
33.
73
Em indivíduos saudáveis, eutróficos e sem doenças no segmento vertebral, os
músculos estabilizadores da coluna são regularmente ativados para a conservação do
equilíbrio postural
34
. Contudo, apesar do percentual de instabilidade lombar ter sido maior nos
obesos avaliados neste estudo, os eutróficos e com sobrepeso apresentaram elevada
ocorrência de instabilidade, acima de 40%, nos dois testes aplicados. Gill e Callaghan
(1998)
35
identificaram um déficit significativo de propriocepção na coluna vertebral, com
desequilíbrio fisiológico nos sculos estabilizadores do movimento e instabilidade
segmentar na coluna vertebral não apenas em obesos.
É por isso que, mesmo sendo a instabilidade lombar frequentemente mencionada como
causa subjacente dos diferentes processos patológicos na região lombar, é preciso investigar
se ela também é uma consequência destes processos
6
.
Para Teyhen et al. (2005)
36
e Ferreira, Ferreira e Hodges (2004)
37
, a instabilidade
também pode ser verificada pela diminuição do tamanho da AST e essa situação leva a um
controle motor inadequado dos músculos mulfidos. A hipotrofia localizada nos multífidos e
transverso do abdome tem sido demonstrada com o uso da ultrassonografia de imagem em
tempo real, o que também foi observado neste estudo.
Em pesquisa com homens e mulheres, Stokes, Rankina e Newhamb (2005)
10
identificaram uma média de tamanho da AST dos multífidos (7,87), em indivíduos do sexo
masculino, semelhante aos valores encontrados nos eutróficos avaliados no atual estudo
(7,84), enquanto Hides, Cooper e Stokes (1992)
11
observaram valores médios inferiores (6,2).
Os valores diversos podem ser devidos às diferenças na média de peso, que neste estudo e no
de Stokes, Rankina e Newhamb (2005)
10
foi superior à da amostra utilizada por Hides,
Cooper e Stokes (1992)
11
.
Entretanto, neste estudo foi constatado que a AST dos multífidos e transverso do
abdome dos obesos foi inferior à do grupo dos indivíduos eutróficos e com sobrepeso. Estes
resultados nos obesos foram semelhantes aos valores de AST encontrados nos multífidos dos
indivíduos com doenças na coluna, avaliados por Hides et al. (1994)
38
.
Quanto à AST do transverso do abdome dos obesos a pesquisa constatou uma média
semelhante à encontrada por Whittaker (2008)
39
, em indivíduos portadores de lombalgia. Isso
sugere que a alteração biomecânica desencadeada pela obesidade pode acarretar a mesma
repercussão na estabilidade segmentar vertebral que as doenças da coluna.
Vários estudos sugerem a possibilidade de relação entre o que acontece com
indivíduos que apresentam lombalgia ou quadros álgicos na coluna, com o que ocorre com os
indivíduos obesos, o que justifica os achados deste estudo. Hodges et al. (2003)
40
observaram
74
que indivíduos com lombalgia apresentam respostas neuromotoras anormais dos
estabilizadores lombares durante o movimento dos membros e o atraso no início da contração
do transverso abdominal indica um déficit do controle motor, resultando em uma estabilização
muscular ineficiente da coluna
27
. Enquanto O´Sullivan et al. (1997)
41
verificaram que, em
indivíduos lombálgicos, há uma contração falha antes dos movimentos, o que demonstra uma
alteração na coordenação dos músculos estabilizadores da coluna.
Por outro lado, Stokes, Rankina e Newhamb (2005)
10
relacionaram o IMC com a AST
dos sculos estabilizadores da coluna, em indivíduos do sexo masculino, mas não
encontraram uma correlação significativa. Esses resultados são análogos aos encontrados
neste estudo.
No entanto, uma forte correlação inversa e estatisticamente significativa foi observada
neste estudo, entre a circunferência abdominal, a gordura mesentérica e pré-mesentérica dos
obesos com a AST dos multífidos e transverso do abdome. Desta forma, percebe-se que a
gordura visceral teve um impacto maior na redução da AST que a subcutânea (mais externa).
Em estudos desenvolvidos por Leinonen et al. (2003)
42
, Hides, Cooper e Stokes (1992)
11
e
Hides et al. (1994)
38
esta diminuição da AST foi relacionada à dor lombar.
No que se refere às informações sobre a maior presença de dor nos obesos, em relação
ao grupo de comparação na atual pesquisa, autores como Daniels (2006)
43
, Wearing et al.
(2006)
44
, Kaur, Hyder e poston (2003)
45
afirmam que a obesidade é um problema multifatorial
e plurissistêmico que também interfere na coluna vertebral e no aparelho locomotor,
predispondo, assim, ao aparecimento de distúrbios posturais e patologias lombares, com a
presença de dor.
Arruda (2009)
4
aponta resultados semelhantes aos encontrados neste estudo e atesta
que o aumento da carga mecânica decorrente do próprio excesso de peso corporal leva à
sobrecarga, principalmente da coluna. No entanto, Bruschini e Nery (1995)
46
chamam a
atenção para o fato de que a maioria das alterações posturais observadas em obesos não são
exclusivas, mas confirmam que estas alterações surgem com maior frequência nestes
indivíduos, em virtude da ação mecânica por causa do exagero da massa corporal e do
aumento das exigências mecânicas regionais.
Nos casos de lombalgia, uma alteração da funcionalidade da coluna lombar, que
resulta principalmente na hipotrofia do grupo muscular responsável por garantir a estabilidade
desta região. Este é considerado mais um aspecto preocupante no que se refere à saúde do
obeso, ainda mais quando existem evidências de que este grupo é mais suscetível a alterações
75
patológicas na coluna lombar, em função da pouca ou nenhuma ativação da musculatura
estabilizadora do tronco
47
.
Assim, nos obesos avaliados, a instabilidade na coluna lombar esteve relacionada ao
aumento da quantidade de gordura abdominal e a diminuição da área de secção transversa dos
músculos estabilizadores, encontrando-se a hiperlordose lombar e a inibição reflexa dentre os
possíveis mecanismos para a diminuição desta AST.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados encontrados, foi possível observar, uma diferença
estatisticamente significativa entre a instabilidade segmentar na coluna vertebral, a AST dos
multífidos e transverso do abdome, a presença de dor lombar e a hiperlordose lombar nos
obesos, em relação ao grupo de indivíduos eutróficos e com sobrepeso. Quanto à área de
secção transversa dos sculos, quanto maiores os parâmetros relacionados à circunferência
abdominal, gordura mesentérica e pré-mesentérica, menor é a AST, tanto nos multífidos
quanto no transverso do abdome. A correlação entre o IMC e a AST dos multífidos e
transverso do abdome não se mostrou significativa, em ambos os grupos.
É possível então inferir que uma relação negativa entre a quantidade de gordura
abdominal e a área de secção transversa dos músculos estabilizadores da coluna lombar dos
obesos, associada a um maior percentual de instabilidade deste segmento.
76
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80
4.2 Artigo 2: ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR LOMBAR EM ADOLESCENTES
E ADULTOS JOVENS OBESOS: UM ESTUDO DE INTERVENÇÃO
Resumo: O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia de um Programa de Estabilização
Segmentar Vertebral (ESV) em adolescentes e adultos jovens, obesos, do sexo masculino.
Trata-se de um estudo de intervenção, realizado no período de dezembro de 2009 a maio de
2010, com uma amostra composta por 54 indivíduos portadores de instabilidade lombar, com
idade média de 21,3±2,66 anos, divididos aleatoriamente em dois grupos, sendo 27 no grupo
que realizou a técnica de ESV e 27 que foi submetido àcnica tradicional de Fortalecimento
de Abdominais e Paravertebrais lombares (FAPL). Os indivíduos foram submetidos a uma
avaliação antropométrica (peso, altura e circunferência abdominal), ultrassonográfica rea
de Secção Transversa, ou AST, dos multífidos e transverso do abdome e da gordura
abdominal), postural (vista lateral) e da instabilidade lombar (através de uma Unidade
Pressórica de Biofeedback), e questionados quanto à presença de lombalgia. Após o período
de 20 sessões, o grupo ESV apresentou um menor percentual de instabilidade na coluna
lombar, com diferença estatisticamente significativa, quando comparado ao grupo que
realizou FAPL (p=0,00). A AST do músculo transverso do abdome e dos multífidos, após a
intervenção, aumentou nos dois grupos, sendo melhores os resultados no grupo ESV (p=0,00).
A dor lombar apresentou declínio, nos dois grupos, porém no grupo submetido à ESV foi
menor o percentual de sintomas dolorosos (p=0,02). Quanto à presença de hiperlordose,
houve uma redução nos percentuais destas alterações posturais, porém sem diferença
estatisticamente significativa, entre os grupos (p=0,22). Assim, verifica-se a imporncia de
investir em programas de treinamento muscular, principalmente com a utilização da ESV,
como forma de tratamento da instabilidade lombar e prevenção para o risco de aparecimento
de alterações posturais, disfunções e sintomatologia dolorosa, em obesos, uma vez que esta
técnica apresentou melhores resultados.
Palavras-chave: Estudos de intervenção, obesidade, gordura abdominal, estabilização, coluna
vertebral, postura.
81
LUMBAR SEGMENTAL STABILIZATION IN OBESE TEENAGERS AND YOUNG
ADULTS: AN INTERVENTION STUDY
Abstract: This study had as its main objective to evaluate the efficacy of a program on
Vertebral Segmental Stabilization in obese teenagers and young adults of the male sex. It is an
intervention study accomplished in the period between december 2009 and May 2010 with a
sample composed by 54 individuals on an average age of 21.3±2.66 years old, suffering
lumbar instability, who were randomly divided into two groups, being 27 in the group which
accomplished the techniques of Vertebral Segmental Stabilization (VSS) and 27 who
underwent the traditional techniques of Strengthening of Abdominal and Lumbar
Paravertebral muscles (SALP). The subjects were submitted to an anthropometric evaluation
(weight, height and abdominal circumference), ultrasonographic (TSA of multifidus and
abdominal transverse muscles and of the abdominal fat), postural (lateral view) and of the
lumbar instability (through a Biofeedback Pressure Unit). Besides, the individuals were
questioned about the presence of low back pain. After a period of twenty sessions it was
identified that the VSS group presented a smaller percentage of lumbar spinal column
instability, with a difference statistically significant when compared to the group which
accomplished SALP (p=0.00). In relation to the transverse section area of the abdominal
transverse and multifidus muscles, it was visible the enlargement of this area in the two
groups, but still better results in the VSS accomplishment (p=0.00). Lumbar pain presented
decline in the two groups, but still better results in VSS one, which had a smaller percentage
of painful symptoms (p=0.02). As for the presence of hyperlordosis it was evidenced that
there was reduction on these postural alterations percentage, but there was not any difference
statistically significant between the groups (p=0.22). Thus, one can see the importance of
investing in programs of muscular training, principally by using VSS as a form of treatment
of lumbar instability and prevention for the risk of postural alterations, dysfunctions and
painful symptomatology in obese, since this technique has presented better results.
Keywords: Intervention studies, obesity, abdominal fat, stabilization, vertebral column,
posture.
82
INTRODUÇÃO
A obesidade é um distúrbio nutricional multifatorial, frequente em adolescentes e
adultos jovens, que aumenta o risco de desenvolvimento de disrbios musculoesqueléticos e
alterações na coluna lombar
1
. Sob a influência de um desequilíbrio biomecânico causado pelo
acúmulo de tecido adiposo, podem ocorrer a hipotrofia e o atraso da ativação dos multífidos e
transverso do abdome, músculos estabilizadores da coluna segmentar vertebral, contribuindo
para o aparecimento da instabilidade lombar
2,3
.
Uma vez identificada a instabilidade lombar, várias são as cnicas fisioterapêuticas
que podem ser utilizadas para melhorar a foa e o trofismo dos músculos do tronco
4
.
Tradicionalmente, os programas de exercícios de fortalecimento global dos abdominais e
paravertebrais são caracterizados por recrutamento de grandes grupamentos musculares,
através da realização de exercícios que envolvem o movimento isolado ou combinado de
flexão, extensão, inclinação e rotação da coluna
5
.
Porém, alguns autores afirmam que esses programas tradicionais, apesar de
promoverem uma estabilização geral do tronco, não são capazes de ter uma influência
segmentar direta na coluna, pois não recrutam de maneira satisfatória os multífidos e o
transverso do abdome
5-7
.
Uma alternativa para o tratamento e prevenção da instabilidade é a aplicação da
Estabilizão Segmentar Vertebral (ESV), um método de fortalecimento baseado na
conscientização da contração muscular, através do treinamento resistido dos estabilizadores
lombares e da estimulação proprioceptiva
7
. Alguns estudos
8-10
têm mostrado resultados
bastante satisfatórios, em curto e longo prazo, com a utilização da ESV na melhora da
estabilidade lombar. No entanto, no que se refere à aplicabilidade em indivíduos portadores de
obesidade, não se tem observado publicações voltadas para a utilização desta técnica na
prevenção e no tratamento da instabilidade lombar.
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia de um Programa de
Estabilizão Segmentar Vertebral comparado à aplicação de uma técnica tradicional de
fortalecimento dos músculos abdominais e paravertebrais, em adolescentes e adultos jovens,
obesos, do sexo masculino.
83
MÉTODO
Tipo de Estudo e Sujeitos
Trata-se de um estudo de intervenção randomizado, realizado no peodo de dezembro
de 2009 a maio de 2010, com adolescentes e adultos jovens, obesos, do sexo masculino, e
idade variando entre 18 e 25 anos (21,36±2,66 anos).
Foram incluídos, no estudo, indivíduos com Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou
igual a 30Kg/cm2
11
, portadores de instabilidade lombar segundo o teste com uma Unidade
Pressórica de Biofeedback
12
. Foram excluídos: mulheres, indivíduos que fizessem uso de
medicamentos controlados, portadores de distúrbios neurológicos, musculoesqueléticos
(fraturas, anormalidades, história de trauma ou cirurgia na coluna vertebral), cicatriz
hipertrófica extensa no tronco ou déficit cognitivo grave, que pudesse dificultar o
entendimento dos procedimentos da pesquisa.
Os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
conforme a resolução 196/96 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da
Saúde. Esta pesquisa obteve aprovação prévia do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no dia 25 de maio de 2009, segundo o parecer
número 137/09.
Os indivíduos obesos foram divididos, aleatoriamente, em dois grupos: no grupo
experimental que realizou a cnica de Estabilização Segmentar Vertebral (grupo ESV) e no
controle, que foi submetido a uma técnica tradicional de fortalecimento do abdome e
paravertebrais lombares (grupo FAPL).
Estimativa do Tamanho Amostral
A amostra foi calculada através do Programa Epi-Info 6.04, considerando uma
proporção de resposta ao tratamento, no grupo ESV, de 90%, e no grupo FAPL, de 40%,
conforme estudo desenvolvido por Hides, Richardson e Jull (1996)
13
, com um nível de
significância de 5% e poder do teste de 80%, obtendo-se 38 indivíduos para cada grupo.
84
Randomização
Utilizou-se a técnica de randomização em blocos de 10 indivíduos, para garantir que
os dois grupos apresentassem o mesmo número de participantes
14
. Inicialmente, foi gerada
uma tabela de números aleatórios utilizando o programa Epi-Info 6.0, por um estatístico não
envolvido no trabalho. Para se determinar o ponto de início, na tabela de números aleatórios,
o estatístico utilizou os números obtidos no lançamento de dois dados, de forma que o número
do primeiro dado lançado definiu a linha, e o do segundo, a coluna. Após a identificação do
ponto de início, na tabela, foram considerados os números de um dígito que aparecem na
sequência horizontal da tabela, da esquerda para a direita, para a determinação dos grupos, de
forma que os números pares e o zero corresponderão ao grupo ESV e os ímpares ao grupo
FAPL.
O estatístico numerou blocos de envelopes de 1 a 10 e colocou, no interior de cada
envelope, um papel onde estava escrito ESV e FAPL, a partir da sequência de números que
surgiam na tabela de números aleatórios. Os envelopes foram abertos imediatamente antes do
início da intervenção, à medida que os participantes eram incluídos na pesquisa.
Variáveis de Análise
Foram considerados como variáveis independentes os procedimentos de intervenção
realizados em cada grupo: os exercícios de Estabilizão Segmentar Lombar e os exercícios
tradicionais de Fortalecimento do Abdome e Paravertebrais Lombares. As variáveis
dependentes primárias foram: presença de instabilidade lombar (avaliada pela Unidade
Pressórica de Biofeedback através dos testes em decúbito dorsal e ventral) e a área de secção
transversa (AST) dos multífidos e transverso do abdome (avaliada por meio da
ultrassonografia). Como desfechos secundários, foram analisadas variáveis relacionadas à
disfunção lombar: a presença de hiperlordose lombar e lombalgia.
Procedimento de Coleta dos Dados
A coleta de dados foi realizada através de um formulário de registro de informações
pessoais, com perguntas relacionadas à identificação do voluntário (nome, idade, endereço
residencial e telefone) e à presença de lombalgia. Em seguida, os participantes foram
submetidos a uma avaliação antropométrica (que incluía a medida do peso, altura,
85
circunferência abdominal), um exame ultrassonográfico (para determinação da AST dos
multífidos e transverso do abdome e da gordura abdominal), uma análise postural das
curvaturas da coluna (na vista lateral direita) e identificação da instabilidade lombar através,
de uma Unidade Pressórica de Biofeedback.
Avaliação Antropométrica
A medida da circunfencia abdominal (em centímetros) foi obtida na posição de ,
no final da expiração suave, e a partir de dois pontos de referência: um lateral (ponto médio,
entre a margem inferior da última costela e a margem superior da crista ilíaca), e outro
anterior (pontodio entre o processo xifoide do esterno e a cicatriz umbilical)
15
.
Avaliação Postural
Para avaliação das curvaturas da coluna lombar, os indivíduos foram posicionados de
pé, com os calcanhares a uma distância de 7,5 cm e os pés num ângulo de 20 graus, e
fotografados com uma máquina digital Cyber Shot 6.0 Mega Pixels, na vista lateral direita. As
fotografias foram inseridas no software Posturograma da Fisiometer Softwares em
Fisioterapia, um método de avaliação fisioterapêutica validado por Venturelli (2006)
16
, que se
propõe investigar os desvios posturais e alterações no sistema osteomuscular, a partir de
registros de imagens e gráficos. A coluna foi considerada normal quando havia alinhamento
horizontal da espinha ilíaca anterior com a espinha ilíaca posterior, que corresponde a uma
angulação de 35 a 40 graus na coluna lombar. O desalinhamento entre as espinhas ilíacas,
associado a uma angulação da coluna lombar maior que 40 graus foi identificado como
hiperlordose lombar
17
.
Avaliação Ultrassonográfica
A avaliação ultrassonográfica dos multífidos, transverso do abdome e da gordura
abdominal foi realizada através do aparelho HD7, da marca Phillips, com transdutores
lineares (L12-3) e convexos (C5-2), por um dico especialista, devidamente treinado.
As áreas de secção transversa (AST) dos multífidos (em decúbito ventral) e do
transverso do abdome (em decúbito dorsal), ambas em cm
2
, foram obtidas traçando-se uma
linha ao redor do interior da borda do músculo, com o cursor
18
. A mensuração do desito de
86
gordura abdominal (em cm
2
) abrangeu as medidas da gordura mesentérica, pré-peritoneal e
subcutânea e foi realizada na posição supina, o participante com os braços estendidos acima
da cabeça conforme orientação de Liu et al. (2003)
19
.
Avaliação da Instabilidade da Coluna Lombar
Foi utilizada uma unidade pressórica de biofeedback, o Stabilizer®, um instrumento
que permite registrar as alterações pressóricas numa bolsa pneumática. Nesta avaliação, a
coluna vertebral do voluntário foi classificada como estabilizada, caso fosse detectada a
contração correta destes músculos, ou instável, caso existisse um déficit na ativação desses
músculos.
Para tal procedimento foram considerados dois testes
20
: um, em decúbito dorsal, e
outro, em decúbito ventral. No teste em decúbito ventral a bolsa do Stabilizer foi posicionada
debaixo do abdômen e inflada de ar a a linha de base de 70 mmHg (faixa castanha). O
voluntário foi orientado para puxar a parede abdominal para cima e para dentro, sem mover a
coluna ou a pelve, e manter esta posição por 10 segundos. Para a classificão da coluna
lombar como estabilizada, a pressão deveria diminuir entre 6 e 10 mmHg e, caso este valor
diminuísse ou aumentasse, a coluna seria classificada como instável.
No teste em decúbito dorsal a bolsa de pressão foi posicionada debaixo da coluna
lombar e inflada de ar até a linha de base de 40 mmHg (faixa cor-de-laranja). O indivíduo foi
orientado para puxar a parede abdominal para dentro, sem mover a coluna ou a pelve, e
manter esta posição por 10 segundos. Para a classificação da coluna lombar como estabilizada
a pressão deveria permanecer a 40 mmHg. (ou seja, sem nenhum movimento da coluna) e
caso este valor diminuísse ou aumentasse, a coluna seria classificada como instável.
Procedimentos de Intervenção
As condutas de ESV e de FAPL foram realizadas sob orientação e supervisão contínua
do pesquisador, em sessões de 40 minutos, duas vezes por semana, em um período de
aproximadamente três meses, de forma que todos os voluntários completassem um total
mínimo de 20 seses. Nos primeiros 10 minutos eram realizadas duas séries de 30 segundos
de alongamentos musculares ativos dos sculos paravertebrais lombares, glúteos, adutores
do quadril, sartório, isquiotibiais, tensor da fáscia lata, reto femural e iliopsoas.
87
Após o alongamento, eram desenvolvidas as condutas específicas da ESV e da FAPL,
por um período de 25 minutos, e, nos cinco minutos restantes, era realizado um trabalho de
relaxamento que incluía a orientação à inspiração e expiração até a normalização da
freqüência respiratória na postura deitada associado ao movimento dos membros inferiores
em dirão ao peito e lateralmente ao tronco.
Procedimentos Específicos do Grupo da Estabilização Segmentar Vertebral
Foram realizados exercícios específicos de estabilização segmentar vertebral através
do uso do Stabilizer, que forneceu o feedback pressórico, através da visualização do
mostrador acoplado ao aparelho. A técnica de ESV foi executada em três estágios: cognitivo,
refinamento do padrão de movimento e funcional
2
. O primeiro estágio objetivou treinar a
contração voluntária isolada, promovendo a conscientização dos movimentos executados pelo
transverso do abdome e multífidos. Para a conscientização da contração dos estabilizadores, o
sujeito foi posicionado em decúbito dorsal, com os pés apoiados na maca e orientado a tossir e
a “encolher a barriga” e realizar uma expiração forçada, enchendo uma bola de sopro, em três
séries de 10 respirações.
Em seguida à conscientização da contração, o participante foi orientado a recrutar
voluntariamente os multífidos e transverso do abdome em três séries de 10 repetições com
contrações mantidas por cinco, dez e quinze segundos à medida que apresentasse redução da
fadiga.
O segundo estágio compreendeu a cocontração dos estabilizadores lombares em
diferentes posições e em situações dinâmicas (decúbito dorsal, ventral, lateral, quatro apoios e
sentado), associadas aos movimentos dos membros inferiores e superiores em três séries de 10
repetições.
O terceiro e último esgio da ESV consistiu na ativação desses sculos, em três
séries de sustentações de 60 segundos, em atividades pidas e explosivas de mudança de
direção e posicionamento, tais como: rolar o tronco, sair de deitado para sentado, sentado para
de pé, correr com obstáculos, saltar e equilíbrio em cima de uma bola.
As sessões da ESV continuaram até que cada indivíduos completasse os três estágios e
realizasse no mínimo 20 sessões durante o período total de 3 meses de intervenção.
88
Procedimentos Específicos do Grupo de Fortalecimento de Abdominais e Paravertebrais
Lombares
As sessões iniciais foram compostas por exercícios de flexão anterior, rotação, flexão
lateral de tronco, exercícios de flexão e extensão do quadril exercícios de tronco associado à
elevão do quadril e extensão da coluna. Os exercícios foram realizados em três séries de 10
repetições com período de repouso de um minuto entre as séries.
Se o sujeito apresentasse fadiga ou dispneia, mesmo após o período de repouso de um
minuto entre as séries, era orientado a parar a realização dos exercícios e já iniciar o
relaxamento muscular para o término da sessão. Com a progressão dos exercícios, caso os
sujeitos completassem toda a série, os indivíduos foram orientados a realizar os mesmos
movimentos, em três séries de 15 repetições com período de repouso de um minuto e meio
entre as séries e, em seguida, em três séries de 20 repetições com período de repouso de dois
minutos entre as séries. Os indivíduos foram instruídos que durante a realização dos
exercícios, cada contração muscular abdominal deveria ser associada á inspiração e o
relaxamento à expiração.
Análise estatística
Os dados foram pré-codificados e processados em microcomputador, pelo Programa
Epi-info 6, no modo DOS. As variáveis categóricas foram expressas em valores absolutos e
percentuais (n; %) e as quantitativas em valores médios e desvio-padrão (média ± dp).
Inicialmente, foi realizada uma análise comparativa das características básicas dos grupos,,
antes da intervenção relacionadas a; idade, medidas antropométricas (altura, peso, IMC e
circunferência abdominal), área de secção transversa (dos multífidos e transverso do abdome)
e disfunções na coluna lombar (dor e hiperlordose).
Uma análise da eficácia da intervenção foi realizada através da comparação entre as
variáveis: instabilidade lombar (nos testes em decúbito dorsal e ventral), área de secção
transversa (dos multífidos e transverso do abdome) e disfunções na coluna lombar (dor e
hiperlordose). Para a comparação entre as variáveis contínuas (médias) foi utilizado o teste t
Student, que essas apresentaram uma distribuição normal. Para a comparação da
distribuão, por percentuais, das variáveis categóricas, utilizou-se o teste de qui-quadrado de
Pearson, o teste de qui-quadrado com correção de Yates ou o teste exato de Fisher, quando
necessário. Para todos os testes foi considerado um nível de significância estatística de 5%.
89
RESULTADOS
Participaram desta pesquisa 54 adolescentes e adultos, jovens, obesos, do sexo
masculino, portadores de instabilidade lombar, que foram divididos, aleatoriamente, em 2
grupos, sendo 27 no grupo ESV (21,24±2,51 anos) e 27 no grupo FAPL (21,79±2,88), sem
diferenças estatísticas em relação a idade (p=0,74).
A tabela 1 mostra a comparação entre as características básicas dos dois grupos, antes
da intervenção. Verifica-se, nesta tabela, que os grupos o homogêneos em relação a todas as
medidas antropométricas, ultrassonográficas e naquelas relativas às disfunções na coluna
lombar.
Tabela 1: Análise comparativa das características básicas entre os grupos antes da
intervenção.
Variável Grupo ESV
(×)
Grupo FAPL
(
º
)
Medidas Antropométricas Média±dp Média±dp P
Média de Altura 1,78±0,08 1,77±0,09 0,83*
Média de Peso 111,22±28,43 121,75±15,53 0,67*
Média do Índice da Massa corporal 36,88±5,54 36,79±5,63 0,71*
Circunferência Abdominal 121,73±15,99 121,69±15,84 0,88*
Área de secção transversa (cm
2
) Média±dp Média±dp P
Transverso do abdome 0,53±0,12 0,52±0,14 0,67*
Multífidos 5,70±1,58 5,71±1,53 0,84*
Disfunções da coluna lombar n (%) n (%) P
Presença de dor lombar 18 (64,3) 20 (74,1) 0,62**
Presença de Hiperlordose Lombar 22 (78,6) 24 (88,9) 0,45***
(×)
Estabilização Segmentar Vertebral;
(
º
)
Fortalecimento de Abdominais e Paravertebrais Lombares
*Teste T Student ; **Teste de qui-quadrado com correção de Yates; ***Teste Exato de Fisher
A tabela 2 mostra a comparação da instabilidade lombar, da AST dos multífidos e
transverso do abdome e das disfuões da coluna lombar, após a intervenção. O grupo que
realizou a ESV apresentou melhores médias de AST dos multífidos e transverso do abdome,
além de menores percentuais de instabilidade e dores lombares após a intervenção, quando
comparads, ao grupo que realizou a técnica tradicional de FAPL. No entanto, não foram
90
observadas diferenças significativas em relação à presença de hiperlordose lombar, entre os
grupos.
Tabela 2: Análise comparativa da instabilidade lombar, área de secção transversa e
disfunções da coluna lombar entre os grupos após a intervenção.
Variável Grupo ESV
(×)
Grupo FAPL
(
º
)
P
Presença de Instabilidade Lombar n (%) n (%) P
Teste em decúbito dorsal 1(3,6) 16 (66,7) 0,00*
Teste em decúbito ventral 3 (10,7) 19 (70,4) 0,00*
Área de secção transversa (cm
2
) Média±dp Média±dp P
Multífidos 0,81±0,08 0,69±0,07 0,00*
Transverso do abdome 8,73±1,43 6,87±1,13 0,00*
Disfunções da coluna lombar n (%) n (%) P
Presença de dor lombar 3 (10,7) 10 (37,0) 0,02***
Presença de Hiperlordose Lombar 7 (25,0) 12 (44,4) 0,22**
(×)
Estabilização Segmentar Vertebral;
(
º
)
Fortalecimento de Abdominais e Paravertebrais Lombares
*Teste de qui-quadrado com correção de Yates; **Teste T Student ; ***Teste Exato de Fisher
DISCUSSÃO
Participaram do estudo 54 indivíduos obesos, do sexo masculino, com instabilidade
lombar, que foram divididos em dois grupos (ESV e FAPL). Durante a realização da
pesquisa, após cinco meses de recrutamento dos sujeitos e feita a intervenção, foi obtida uma
diferença estatisticamente significativa em relação ao desfecho principal (instabilidade
lombar), entre os grupos, com uma amostra menor (54 indivíduos) do que a estimada (76
indivíduos), através do cálculo baseado no estudo de Hides, Richardson e Jull (1996)
13
.
Diante deste fato, optou-se por interromper o recrutamento de indivíduos, uma vez que a ESV
havia apresentado um impacto importante na redução da instabilidade lombar, quando
comparada à técnica FAPL.
Diante dos resultados encontrados, após a randomização e antes da intervenção, foi
possível perceber uma homogeneidade em relação às características básicas dos pesquisados,
quanto à idade, altura, peso, IMC, circunfencia abdominal, AST dos músculos transverso do
91
abdome e multífidos, presença de dor e de hiperlordose lombar. Após a intervenção, o Grupo
ESV apresentou melhores resultados em relação à instabilidade lombar, quando comparada
com a técnica FAPL, além de ter apresentado uma maior média de AST e menor frequência
de lombalgia, com diferença estatisticamente significativa em todas essas variáveis, exceto na
redução da hiperlordose.
No que se refere à instabilidade lombar, foi possível observar a diminuição na
frequência desta disfunção, nos dois grupos, tanto no teste em decúbito dorsal quanto em
decúbito ventral; no entanto, o grupo que utilizou a ESV teve melhores resultados. Dados
semelhantes foram encontrados por Rohini, Gaurav e Singh (2007)
22
, comparando a técnica
ESV com uma técnica tradicional de fortalecimento do tronco, em atletas com hérnia de
disco.
Para Cohen e Rainville (2002)
23
, as técnicas tradicionais que utilizam exercícios
resistidos para o treinamento dos músculos do tronco, apesar de promoverem uma melhora da
força e resistência global, não são capazes de restaurar a estabilidade segmentar da coluna.
Outros autores chamam a atenção para o fato de que estes exercícios promovem um
excesso de atividade nos músculos mais superficiais, como os eretores da coluna e os
abdominais superficiais, mas pouco atuam no recrutamento dos músculos específicos que
garantem a estabilidade lombar
4, 24
.
É por isso que, de acordo com Costa e Palma (2005)
6
, uma porção significativa de
pacientes que participam de programas com utilização de exercícios globais de
fortalecimento, como o FAPL, evolui sem que ocorra redução significativa da instabilidade,
levando alguns clínicos a questionarem a utilização dessa modalidade terapêutica. Assim,
França et al. (2008)
25
destacam que, em um programa de reabilitação para disfunções
lombares, é necessário que haja o treinamento específico dos multífidos e transverso do
abdome, para que possa haver a restauração do equilíbrio biomecânico da coluna.
O´Sullivan (2000)
7
e Hides, Richardson e Jull (1996)
13
apontam a ESV como a
técnica mais rápida e mais eficaz no tratamento da instabilidade lombar, quando comparada a
outras técnicas de fortalecimento do tronco. Segundo Worth et al. (2007)
26
, a associação da
ESV com a utilizão de algum tipo de feedback visual como, por exemplo, a ultrassonografia
em tempo real ou a unidade pressórica (como o Stabilizer), durante a realização dos exercícios
promove uma melhor resposta na ativação dos músculos profundos, uma vez que o uso da
informação visual permite uma melhor conscientização da contração muscular e habilidade
motora. Herrington e Davies (2005)
27
evidenciaram que a utilização de uma UPB garante a
92
confirmação do recrutamento do transverso do abdome e multífidos, durante todo o
treinamento muscular.
Dessa forma, os melhores resultados obtidos no Grupo ESV, nesse estudo, podem ser
devidos à especificidade desta técnica no recrutamento dos músculos estabilizadores do
tronco, associada à utilização da unidade presrica de biofeedback, que facilitou a
reeducação e o recrutamento isolado desses músculos.
Em relação à AST dos músculos estabilizadores lombares, foi visível o aumento, nos
dois grupos, contudo, foram verificados melhores resultados no Grupo ESV, o que corrobora
os achados de Hides, Richardson e Jull (1996)
13
, que compararam o efeito da ESV em relação
às técnicas globais na AST dos músculos estabilizadores da coluna, em curto e longo prazo,
em pacientes com lombalgia.
Este resultado se relaciona ao fato de que a cocontração da musculatura profunda do
tronco, exigida durante todos os exercícios da ESV, promove o aumento do tamanho da AST
do transverso do abdome e dos mulfidos, o que contribui diretamente para a restauração da
estabilidade lombar
28
. Enquanto que a FAPL promove uma sobrecarga mais direcionada aos
músculos superficiais, responsáveis pelo movimento, e não favorece o recrutamento dos
músculos mais profundos, responsáveis pela estabilidade
29
.
Assim, torna-se evidente que a ESV é uma técnica eficaz, que pode ser utilizada na
melhora do trofismo dos músculos estabilizadores lombares de indivíduos obesos, uma vez
que o excesso de peso pode ser um fator que predispõe ao aparecimento da hipotrofia dos
multífidos e transverso do abdome, associado à instabilidade lombar.
Danneels et al. (2001)
30
realizaram uma pesquisa com o objetivo de determinar o
efeito de três tipos de treinamento na AST dos multífidos, em pacientes com dor lombar. O
grupo 1 realizou o treinamento de estabilização isolado, o grupo 2 executou a estabilização
combinada com o treinamento de resistência dinâmica, e o grupo 3 desenvolveu a
estabilização combinada com o treinamento de resistência estática e dinâmica. Os autores
observaram que a AST estava significantemente maior em todos os níveis do grupo 3.
Dessa forma, a associação da ESV com técnicas de resistência dinâmica e estática
favorece um maior recrutamento muscular e isto concorre para uma restauração completa da
estabilidade do tronco e, consequentemente, um alívio da sobrecarga na coluna e melhora na
sintomatologia dolorosa.
Quanto à presença de dor lombar, nos indivíduos avaliados neste estudo, foi
constatado que, após a intervenção, a dor lombar apresentou declínio, nos dois grupos, porém
o grupo que fez a ESV apresentou um menor percentual final de presença de dor, sendo
93
observada uma diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo que realizou a
técnica tradicional de FAPL.
Rohini, Gaurav e Singh (2007)
22
sugerem que apenas o fortalecimento geral da
musculatura do tronco não é suficiente para eliminar a lombalgia, pois promove uma pequena
estimulação dos músculos estabilizadores, que se manm hipertrofiados ao final do
tratamento. De forma que o recrutamento desses músculos se torna essencial para promover a
estabilidade da coluna e proteger as estruturas articulares e musculares de lesões.
Diversos estudos foram realizados, nos últimos anos, demonstrando que o exercício
específico para os multífidos e transverso do abdômen auxilia no tratamento da dor lombar,
em curto ou longo prazo
4,8,24,31-33
.
Richardson e Jull (1995)
34
constataram que os pacientes que realizaram a ESV
obtiveram um resultado significativo de avio de dor, em quatro semanas de tratamento, com
recidiva em apenas 20% dos pacientes ao final de meses. Hides, Richardson e Jull (1996)
13
,
comparando a ESV com outros tratamentos e exercícios gerais supervisionados, observaram
que os pacientes do grupo da ESV apresentaram menor recorrência de dor e obtiveram
melhora na estabilidade da coluna, a longo prazo. De modo semelhante, O'Sullivan et al.
(1997)
35
, em um ensaio clinico randomizado comparando a ESV com a utilização de
exercícios globais, tais como natação, deambulação e ginástica, em 10 semanas, em pacientes
com lombalgia e instabilidade lombar, identificaram menor presença de dor e menor
instabilidade lombar no grupo que realizou o treinamento de estabilização, e essa diferença de
resposta foi mantida após 30 meses de acompanhamento dos pacientes.
Hides, Jull e Richardson (2001)
10
observaram uma menor recorrência de dor lombar
no grupo que realizou a ESV (de 30 a 35%), em relação ao grupo que realizou exercícios mais
globais (de 75 a 84%), demonstrando a eficácia dos exercícios específicos para essa
enfermidade. Stevens et al. (2007)
4
e Fritz, Whitman e Childs (2005)
31
chamam a atenção
para o fato de que os exercícios específicos, como os utilizados na ESV, parecem ter um
importante papel na prevenção de futuros episódios de dor lombar e podem auxiliar o
indivíduo a modificar a percepção de dor, concorrendo para a promoção de um
recondicionamento muscular, recuperação da força e da resistência.
Sobre a presença de hiperlordose nos sujeitos pesquisados, percebe-se que houve uma
redução nos percentuais destas alterações posturais, nos dois grupos, mas não foi possível
observar diferença estatisticamente significativa entre os grupos, após a intervenção. Isto
indica a importância da utilização, tanto da ESV, quanto da FAPL, para o equilíbrio do ângulo
lombar em indivíduos com excesso de peso, já que o abdome protruso da pessoa obesa
94
desloca o centro de gravidade corporal, aumentando assim a lordose lombar, principalmente
no obeso que apresenta excesso de adiposidade central
33
.
Dessa forma, a dor lombar e hiperlordose lombar decorrentes da obesidade podem ser
tratadas satisfatoriamente através da ESV e FAPL, porém a ESV apresenta resultados mais
eficazes, pois a reeducação muscular específica dos multífidos e transverso do abdome
promove um melhor controle estático e dinâmico da coluna impedindo a sobrecarga das
estruturas e evitando a dor em curto e longo prazo. Além de promover a recuperação do
equilíbrio da coluna lombar, o que contribui para a restauração e manutenção da lordose
fisiológica.
CONCLUSÃO
Diante dos resultados da pesquisa, foi possível observar que, após a intervenção, o
grupo que realizou a ESV apresentou um menor percentual de instabilidade na coluna lombar,
com diferea estatisticamente significativa, quando comparado ao grupo que realizou a
técnica tradicional de FAPL. Em relação à Área de Secção Transversa dos músculos
transverso do abdome e multífidos, foi visível um aumento, nos dois grupos, mas foram
verificados melhores resultados, com diferença estatisticamente significativa, no grupo da
ESV. A dor lombar apresentou declínio nos dois grupos, porém, no grupo que fez a ESV foi
menor o percentual de sintomas dolorosos; e estes resultados apresentaram uma diferença
estatisticamente significativa. Quanto à presença de hiperlordose, houve uma redução nos
percentuais destas alterões posturais, mas não foi possível observar diferença
estatisticamente significativa entre os grupos.
Desta forma, conclui-se destacando a importância de investir em programas de
treinamento muscular, principalmente com a utilização da ESV, técnica que apresentou
melhores resultados em todas as variáveis pesquisadas, como forma de tratamento da
instabilidade lombar, em obesos.
95
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98
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados obtidos nesta pesquisa, conclui-se que, quanto maiores os
parâmetros relacionados à gordura e protrusão abdominal, menor foi a AST dos multífidos e
transverso do abdome e a estabilidade lombar, nos obesos avaliados. É assim evidente que
existe uma relação negativa entre a quantidade de gordura abdominal e a AST dos músculos
estabilizadores da coluna e que estas variáveis estão associadas à maior instabilidade lombar
constatada nos indivíduos obesos.
Após a intervenção, o grupo que realizou ESV apresentou um menor percentual de
instabilidade na coluna lombar, quando comparado ao grupo que realizou FAPL. Foi vivel o
aumento da AST dos multífidos e transverso do abdome, nos dois grupos, com resultados
mais satisfatórios para os indivíduos do grupo da ESV. Quanto à dor e às alterações
posturais, constatou-se declínio nos índices destas variáveis, nos dois grupos, com melhores
resultados para o grupo submetido à ESV.
Desta forma, o recrutamento específico dos músculos estabilizadores, no grupo que
realizou a cnica de ESV, representou um maior impacto na melhora dos sinais e sintomas
clínicos de instabilidade observados nos obesos e isto se apresentou associado ao maior
trofismo encontrado nestes músculos, após a intervenção.
Assim, verifica-se a importância de investir em programas de exercícios contra
resistência no tratamento da instabilidade lombar, particularmente a ESV, para melhora da
estabilidade da coluna, restauração da lordose fisiológica e alívio da sintomatologia dolorosa
no sentido de aumentar a qualidade de vida dos indivíduos obesos.
99
APÊNDICES
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Registro Nacional no SISNEP: CAAE 0341.0.172.000-08 (FR – 226628)
Aprovação/ano no Comitê de Ética em Pesquisa Nº 137 /2009
Título da pesquisa: Estabilização segmentar vertebral em adolescentes e adultos jovens
obesos: um estudo de intervenção.
1)INTRODUÇÃO Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa sobre:
estabilização segmentar vertebral em adolescentes e adultos jovens obesos: um estudo de
intervenção.
O Pesquisador responsável é a professora Gisela Rocha de Siqueira; o pesquisador auxiliar é
Giselia Alves Pontes da Silva.
Se decidir participar da mesma, é importante que leia as informações a seguir, sobre a
pesquisa e o seu papel enquanto participante dela.
A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua
recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a Instituição. No
caso de você decidir retirar-se do estudo, deverá notificar ao profissional e/ou pesquisador que
o esteja atendendo. Caso queira participar da pesquisa, é preciso entender a natureza e os
riscos da sua participação e dar o seu consentimento livre e esclarecido, assinando este
Termo.
2)OBJETIVO O objetivo da pesquisa é comparar a estabilidade lombar entre adolescentes
e adultos jovens e avaliar a eficácia do Programa de Estabilização Segmentar Vertebral entre
adolescentes e adultos jovens, com obesidade.
3)PROCEDIMENTOS DO ESTUDO - Se concordar em participar deste estudo você irá
responder a um Formulário de Registro de Informações Pessoais. Em seguida, será
submetido(a) a uma avaliação antropométrica (peso, altura e circunferência abdominal),
ultrassonográfica (área de secção transversa dos multífidos, do transverso do abdome e da
gordura abdominal), postural (vista lateral) e da instabilidade lombar (através de uma Unidade
Pressórica de Biofeedback). Além disso, serão questionados quanto à presença de lombalgia.
Após o preenchimento do formulário e realização das avaliações, será realizado um
sorteio com todos os sujeitos da pesquisa, que serão distribuídos, ao acaso, em dois grupos:
um grupo que irá realizar exercícios de Estabilização Segmentar Vertebral (ESV) e outro
grupo que irá ser submetido a uma técnica tradicional de Fortalecimento de Abdominais e
Paravertebrais Lombares (FAPL).
No grupo ESV serão realizados exercícios abdominais específicos, associados à
respiração, duas vezes por semana, num período de dois meses e meio, num total de 20
sessões. O grupo de FAPL será submetido a exercícios tradicionais de fortalecimento
muscular que serão realizados em três séries de dez repetições, duas vezes por semana, num
período de dois meses e meio.
100
Após a realização das sessões de intervenção, os indivíduos de cada grupo serão
reavaliados, e relação à presença de dor lombar, postura da coluna, instabilidade vertebral e
área de secção transversa dos músculos estabilizadores.
4) RISCOS, DESCONFORTOS, INCONVENIÊNCIA E INCÔMODOSA aplicação de
formulário implica risco para o voluntário da pesquisa, especialmente aquele de vazamento
de conteúdo de seus relatos” para pessoas da instituição em que ele é atendido ou estuda; a
fim de evitar que isso aconteça, serão tomadas providências antecipadas de cautela e previsão,
para que tudo fique em absoluto sigilo.
Para o preenchimento do formulário, o pesquisador se compromete a assegurar ambiente
de coleta reservado, seguro e impermeável à observação ou escuta por terceiros; o material
preenchido ficará sob a guarda pessoal do pesquisador, inacessível a todos, de modo a evitar
qualquer vazamento de informações.
No preenchimento do formulário certamente haverá o incômodo ou inconveniente de
investimento do tempo do voluntário da pesquisa, ao participar da coleta; tende a ocorrer
também o desconforto e talvez algum constrangimento, para alguns, por ter que falar de
coisas muito pessoais, para estranhos, de forma quase repentina. Para minimizar tais
ocorrências o pesquisador e sua equipe alertarão o voluntário, desde o começo, sobre a sua
liberdade para se esquivar de perguntas e se negar a respondê-las, a qualquer momento.
Durante a realização da intervenção, também poderão ocorrer riscos relativos à fadiga
ou a lesões músculo-esquelético. Porém, isso será evitado, através do posicionamento
adequado, orientação e supervisão constante para a realização segura dos exercícios e aferição
constante dos sinais vitais e dos sintomas de esforço físico.
5) BENEFÍCIOS DIRETOS AO PESQUISADO E DEVOLUÇÃO DOS RESULTADOS
Será oferecido ao pesquisado a oportunidade de realizar uma livre expressão dos seus
sintomas osteomusculares, de realizar um programa de estabilização segmentar ou fisioterapia
convencional para a prevenção das doenças ocupacionais e amesmo ser encaminhado a
realizar um tratamento fisioterapêutico para os referidos sintomas.
A devolução dos resultados será feita de duas formas distintas:
a) Mediante a entrega a cada pesquisado de um Resumo impresso sobre os resultados
e conclusões obtidas.
b) Por meio de uma apresentação verbal, com data e horário marcados, com a presença
de todos os participantes da pesquisa.
Se você, voluntário da pesquisa, precisar de mais informações a respeito desse evento,
entre em contato com o pesquisador, pelo telefone ou no endereço disponibilizados no item 9
deste Termo.
6) RELEVÂNCIA DA PESQUISA A imporncia da pesquisa reside no fato de que ela
permitirá a produção de informações sobre a estabilização segmentar e obesidade, que visa
contribuir para elucidar questões a respeito de seus benefícios na saúde do adolescente,
visando a minimização dos desconfortos musculoesqueléticos.
7) CARÁTER CONFIDENCIAL DOS REGISTROS E USO DOS DADOS Todas as
informações obtidas mediante sua participação neste estudo não poderão ser mantidas em
estrita confidencialidade, pois, algumas delas podem vir a ser solicitadas pelo Comitê de Ética
em Pesquisa, que aprovou o projeto deste trabalho. Mas este Comitê, por norma, deve manter
sigilo sobre os dados. Todos os formulários ficao sob a guarda pessoal do pesquisador, sob
sigilo, e será destruído até 30/12/2012. Você o seidentificado quando o conteúdo de suas
informações for utilizado, para propósitos de estudo e publicação científica ou educativa;
101
estas o as finalidades exclusivas para o uso desse material. Os dados a serem publicados
serão impessoais e integrados ao conjunto daqueles dos demais voluntários da pesquisa. Sua
identidade e seus dados de caráter pessoal específico, em tudo que depender do pesquisador,
dentro do respeito à lei e à ética, serão mantidos em absoluto sigilo.
8) DECIO DE PARTICIPAR, NÃO PARTICIPAR OU DESISTIR – Você, como
pessoa convidada a participar desta pesquisa, tem plena liberdade para aceitar participar ou
recusar-se a participar da mesma. Tem o direito de continuar até o final da coleta dos dados
ou desistir de sua participação a qualquer momento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em
sua relação com o pesquisador ou com a Instituição. No caso de você decidir retirar-se do
estudo, solicitamos a gentileza de notificar o quanto antes o profissional e/ou pesquisador que
o esteja atendendo.
9) PARA OBTER INFORMAÇÕES ADICIONAIS – Você receberá uma cópia deste
Termo, no qual consta o telefone e o endero do pesquisador principal, para poder tirar suas
vidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Caso você venha a
ter algum problema diretamente ligado a esta pesquisa, ou tenha mais perguntas sobre a
mesma, pode entrar em contato com a professora Gisela Rocha de Siqueira, que é a
pesquisadora responvel por esta pesquisa, pelo telefone (81) 9675-7500,endereço eletrônico
<giselasiqueir[email protected]>; endereço profissional: Av. Eng. Abdias de Carvalho, 1678,
Madalena, Recife-PE. Pode também procurar o Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal de Pernambuco.
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO Li, ou alguém leu para mim, as informações
contidas neste documento, antes de assiná-lo. Declaro que fui informado(a) sobre o objetivo,
os métodos e procedimentos da pesquisa aqui informada, as inconveniências, riscos,
benefícios da mesma. Por isso, coloco minha assinatura ao final deste documento. Declaro
também que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste estudo foi satisfatoriamente
explicada e que recebi respostas para todas as minhas vidas. Confirmo também que recebi
uma cópia desse formurio de consentimento. Compreendo que sou livre para me retirar do
estudo em qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra penalidade na
relação com os pesquisadores. Dou o meu consentimento de livre e espontânea vontade e sem
reservas, para participar, como voluntário(a), dessa pesquisa.
------------------------------------------------------- --------------------------------------
Assinatura do(a) Voluntário(a) da Pesquisa Local e data
------------------------------------------------------
NOME EM LETRA DE FORMA
CONFIRMAÇÃO QUALIFICANDO COMO SATISFATÓRIAS AS INFORMAÇÕES
Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza, o objetivo e os procedimentos deste
estudo e os possíveis riscos e benefícios da participação no mesmo, para o(a) voluntário(a) da
pesquisa e/ou seu(sua) responsável legal. Tenho bastante clareza que o participante e/ou o
responsável legal ouviu(ouviram) e/ou leu(leram) todas as informações contidas neste TCLE,
102
fornecidas em uma linguagem adequada e compreensível e demonstrou(demonstraram) e
declarou(declaram) ter compreendido integralmente essa explicação.
------------------------------------------ --------------------------------------
Assinatura do pesquisador Local e Data
Assinatura da Testemunha 1
Assinatura da Testemunha 2
NOME EM LETRA DE FORMA
NOME EM LETRA DE FORMA
103
APÊNDICE B – FORMULÁRIO DE REGISTRO DE INFORMAÇÕES PESSOAIS
Identificação do Participante da Pesquisa
Nome:_____________________________________________________ Nº ________
Data de Nascimento _______/________/_______ Idade: ____________ anos
Telefones:_____________________________________________________________
Endereço Residencial:___________________________________________________
Avaliação Antropométrica
Peso:___________ Altura:____________ IMC:_________ ( ) Obeso ( ) Eutrófico
Circunferência abdominal: __________
Presença de Lombalgia: ( ) Sim ( ) Não
Avaliação da Instabilidade Lombar
Decúbito dorsal: 1º _______________ 2º_______________ 3º_________________
( ) >40 mmHg ( )< 40mmHg ( )40mmHg (Estável)
Decúbito dorsal: 1º _______________ 2º_______________ 3º_________________
( ) >70 mmHg ( )<70mmHg (até 65mmHg) ( )<70mmHg (64 a 60mmHg) ( )<60mmHg
Avaliação Ultrassonográfica
Área de Secção Transversa dos Multífidos (cm
2
):__________________
Área de Secção Transversa do Transverso do Abdome (cm
2
):__________________
Área de Secção Transversa da Gordura Subcutânea (cm
2
):__________________
Área de Secção Transversa da Gordura Pré-mesentérica (cm
2
):__________________
Área de Secção Transversa da Gordura Mesentérica (cm
2
):__________________
Avaliação Postural (Foto Nº__________________)
Coluna Cervical ( ) Normal ( ) Hiperlordose Obs.______________________
Coluna Torácica: ( ) Normal ( ) Hipercifose Obs.______________________
Coluna Lombar ( ) Normal ( ) Hiperlordose Obs.______________________
104
APÊNDICE C FORMULÁRIO DE REGISTRO DE INFORMAÇÕES PESSOAIS,
APÓS A INTERVENÇÃO
Identificação do Participante da Pesquisa
Nome:_____________________________________________________ Nº ________
Presença de Lombalgia: ( ) Sim ( ) Não
Avaliação da Instabilidade Lombar
Decúbito dorsal: 1º _______________ 2º_______________ 3º_________________
( ) >40 mmHg ( )< 40mmHg ( )40mmHg (Estável)
Decúbito dorsal: 1º _______________ 2º_______________ 3º_________________
( ) >70 mmHg ( )<70mmHg (até 65mmHg) ( )<70mmHg (64 a 60mmHg) ( )<60mmHg
Avaliação Ultrassonográfica
Área de Secção Transversa dos Multífidos (cm
2
):__________________
Área de Secção Transversa do Transverso do Abdome (cm
2
):__________________
Avaliação Postural (Foto Nº__________________)
Coluna Lombar ( ) Normal ( ) Hiperlordose Obs.______________________
105
ANEXOS
ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
106
ANEXO B – NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DA REVISTA FISIOTERAPIA EM
MOVIMENTO
107
108
109
110
111
ANEXO C- CONFIRMAÇÃO DE RECEBIMENTO DA REVISTA FISIOTERAPIA
EM MOVIMENTO
112
113
ANEXO D – NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DA REVISTA GAIT & POSTURE
114
115
116
117
118
119
ANEXO E – CONFIRMAÇÃO DE RECEBIMENTO DA REVISTA GAIT & POSTURE
120
121
ANEXO F NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DA REVISTA ARCHIVES OF
PHYSICAL MEDICINE AND REHABILITATION
122
123
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