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UNIVERSIDADEFEDERALDOPIAUÍ
CENTRODECIÊNCIASAGRÁRIAS
COMPORTAMENTODEPOPULÕESDECARNAUBEIRAEM
DIFERENTESESTÁDIOSDEDESENVOLVIMENTONO
MUNICÍPIODEUNO–PIAUÍ
CLEMILTONDASILVAFERREIRA
TERESINA
EstadodoPiauíBrasil
Abrilde2009
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COMPORTAMENTODEPOPULAÇÕESDECARNAUBEIRAEM
DIFERENTESESTÁDIOSDEDESENVOLVIMENTONOMUNICÍPIODE
UNIÃO–PIAUÍ
CLEMILTONDASILVAFERREIRA
EngenheiroAgrônomo
Orientador:Prof.Dr.JoséAirtonRodriguesNunes
Coorientadora:Profª.Drª.ReginaLuciaFerreiraGomes
Dissertação apresentada ao Centro de
Ciências Agrárias da Universidade
Federaldo Piauí,paraobtençãodotítulo
de Mestre em Agronomia, área de
concentração:ProduçãoVegetal.
TERESINA
EstadodoPiauíBrasil
Abrilde2009
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COMPORTAMENTODEPOPULAÇÕESDECARNAUBEIRAEMDIFERENTES
ESTÁDIOSDEDESENVOLVIMENTONOMUNICÍPIODEUNIÃO–PIAUÍ
CLEMILTONDASILVAFERREIRA
Dissertação apresentada ao Centro de
Ciências Agrárias da UniversidadeFederal do
Piauí, para obtenção do título de Mestre em
Agronomia, área de concentração: Produção
Vegetal.
Aprovadaem17deAbrilde2009
Comissãojulgadora:
Ph.D.ValdomiroAurélioBarbosadeSouza(EmbrapaMeioNorte)
Prof.Dr.MarcosDavidFigueiredodeCarvalho(DZO/CCA/UFPI)
Profª.Drª.ReginaLuciaFerreiraGomes(DFITO/CCA/UFPI)
Prof.Dr.JoséAirtonRodriguesNunes(DPPA/CCA/UFPI)
F383cFerreira,ClemiltondaSilva
Comportamentodepopulaçõesdecarnaubeira
emdiferentesestádiosdedesenvolvimentono
municípiodeUnião./ClemiltondaSilvaFerreira
60f.
Dissertação(MestradoemAgronomia)–Uni
versidadeFederaldoPiauí.2009.
Orientador:Prof.Dr.JoséAirtonRodrigues
Nunes
1.Carnaúba2.
Coperniciaprunifera
3.Cerade
carnaúba.4.Fenologia5.DivergênciafenotípicaI.Título
CDD584.5
Aos meus pais, Maria de Lourdes e Luiz Julio,
exemplos de luta e dedicação e aos meus irmãos
Felismina, Antonia, Cleto, Conceição e José, que
indiscutivelmente me apoiaram e estão sempre ao
meulado.
DEDICO
A minha namorada Eriane, pelo amor,
compreensão, companheirismo e
incentivo.
OFEREÇO
AGRADECIMENTOS
ADeuspelodomdaVidaesaúdeduranteodesenvolvimentodotrabalho.
 À Universidade Federal do Piauí, pela oportunidade concedida na obtenção de
novosconhecimentos.
AoCentrodeCiênciasAgráriasdaUniversidadeFederaldoPiauí,pelaofertado
cursoeaceitenotreinamentoeaosprofessoresdoprogramadePósGraduaçãoem
Agronomia,pelosensinamentos.
 Ao Centro de Aperfeiçoamento de Formação de Pessoas de Nível Superior 
CAPES,peloapoiofinanceiro.
 Ao Prof. Dr. José Airton Rodrigues Nunes, pelo incentivo, paciência e
disponibilidade na orientação, o qual foi de grande importância como pessoa e
orientadornomeucrescimentoprofissional.
 À Prof
a
. Dr
a
. Regina Lucia Ferreira Gomes, pela coorientação e empenho na
execuçãodotrabalho.
AoProf.Dr.MarcosDavidFigueiredodeCarvalho,porterconcedidoosdadosdo
primeirocapítulo.
 Ao Ph. D. Valdomiro Aurélio Barbosa de Souza da Embrapa Meio Norte, pela
colaboraçãoeparticipaçãonabancadedefesa.
AoProf.Dr.JoséRibeirodoDepartamentode Químicada UFPI, peladedicação
comasanálisesdeceradecarnaúba.
AoFigueiredo,pelaasanálisesdeceradecarnaúba.
 Ao Vicentede Paula, Secretário daPósGraduaçãoemAgronomia, peloserviço
prestadonasecretaria.
AoSr.Batista,motorista,pelasajudasedisposiçãonasviagens.
AoseuRaimundodaFazendaCajazeira,noapoioacoletadomaterialdecampo.
AoscolegasdemestradoemespecialaoFernandoSilva,SebastiãoNascimentoe
RenatoRocha,pelosmomentosdeestudoetrocasdeconhecimento.
Atodaminhafamília,avó,tiosetias,sobrinhos eprimos,queacompanharam e
torceramporaconquistadessaetapanaminhaformação.
 Ao Mauricio, Edivaldo e Mailson, pelo convívio e companheirismo.
AogerentedoBancodoNordestedacidadedeCampoMaior, Sr.José Gilberto
Alves de Souza, pelo material de carnaúba cedido para corrobora na pesquisa
realizada.
 Aos colegas, Antonio Lima, Cláudio, Neto, Gilberto, Cristiano, José Rodrigues,
Antonio Filho, Carlos Alberto, Gustavo Vinícius de Campo Maior que sempre
apoiaramessaconquista.
AosalunosdocursodeAgronomiadaUniversidadeEstadualdoPiauí–Campus
deUnião,pelacolaboraçãonaexperiênciaprofissional.
viii
SUMÁRIO
RESUMOGERAL ............................................................................................... ix
GENERALABSTRACT ....................................................................................... x
1. INTRODUÇÃOGERAL................................................................................. 12
2. REVISÃODELITERATURA......................................................................... 14
2.1. Centrodeorigemdadiversidadeedomesticaçãodacarnaubeira.............. 14
2.2. Classificaçãobotânicadacarnaubeira........................................................ 16
2.3. Aspectosmorfológicos,fenológicosebiologiafloraldacarnaubeira .......... 16
2.4.Aspectosagroeconômicosesociaisdacarnaubeira................................... 20
2.5. Aspectossobreomelhoramentodacarnaubeira........................................ 25
2.5.1.Variabilidadegenéticaebancosdegermoplasma .................................... 25
2.5.2.Caractereseobjetivosdomelhoramento.................................................. 26
2.5.3.Métodosdemelhoramentoaplicáveisapalmeiras.................................... 27
3. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 29
4. CAPÍTULOI.Emissãofoliarempopulaçõesdecarnaubeiranomunicípio
deUniãoPIemdiferentesestádiosdedesenvolvimento............................. 35
4.1. Resumo....................................................................................................... 35
4.2. Abstract ....................................................................................................... 36
4.3. Introdução ................................................................................................... 37
4.4. MaterialeMétodos...................................................................................... 38
4.5. ResultadoseDiscussão.............................................................................. 40
4.6. Conclusões.................................................................................................. 46
4.7. ReferênciasBibliográficas........................................................................... 46
5. CAPÍTULOII.Atributosfenológicosdacarnaubeiraefísicoquímicosda
cerasobdiferentesestratégiasdemanejodecortedasfolhas................... 48
5.1. Resumo....................................................................................................... 48
5.2.Abstract........................................................................................................ 49
5.3. Introdução ................................................................................................... 49
5.4. MaterialeMétodos...................................................................................... 50
5.5. ResultadoseDiscussão.............................................................................. 52
5.6. Conclusões.................................................................................................. 59
5.7. ReferênciasBibliográficas........................................................................... 59
ix
COMPORTAMENTODEPOPULAÇÕESDECARNAUBEIRAEMDIFERENTES
ESTÁDIOSDEDESENVOLVIMENTONOMUNICÍPIODEUNIÃO–PIAUÍ
Autor:ClemiltondaSilvaFerreira
Orientador:Prof.Dr.JoséAirtonRodriguesNunes
Coorientadora:Profª.Drª.ReginaLuciaFerreiraGomes
RESUMOGERAL
Acarnaubeira(
Coperniciaprunifera
(Miller)H. E.Moore)éumaespécienativa do
Brasil de grande importância agroeconômica para o Nordeste brasileiro. Neste
trabalho, objetivouse estudar o comportamento de carnaubeiras de duas
populaçõesconsiderandotrêsestádiosdedesenvolvimentoquantoàemissãofoliar
eavaliaroefeitodediferentesestratégiasdemanejodecortedefolhas,doestádio
dedesenvolvimentoedotipodefolhasobreascaracterísticasfenológicasefísico
químicas da cera. Os estudos foram realizados em populações naturais de
carnaubeira localizadas no município de União–Piauí. O trabalho constituiuse de
duasetapas.Naprimeiraetapa,avaliouseaemissãodefolhaspeloperíododeum
ano (dezembro de 2003 a dezembro de 2004) em carnaubeiras amostradas nas
populações naturais (Fazenda Cajazeira e Fazenda Santo Antônio) em três
diferentesestádiosdedesenvolvimento(capoteiro,palmeiranovaepalmeiravelha).
Na segunda, avaliaramse o efeito do tipo de folha (nova, velha), do estádio de
desenvolvimento(capoteiroepalmeirajovem)edediferentesestratégiasdemanejo
decortedasfolhasdecarnaubeirasdapopulaçãodaFazendaCajazeira(Manejo1
corterealizadonoiníciodeagostode2008;Manejo2cortesemagostoenoinicio
dedezembrode2008,realizadosnomesmogrupodeplantas;eManejo3corte
realizadonasplantasapenasnoiniciodedezembrode2008).Nessasegundaetapa
do estudo, foram mensuradas as seguintes características: número de folhas;
produçãodepócerifero,emgramas;razãoproduçãodepó/númerodefolhas;teor
de umidade; teor de impurezas; e rendimento em cera. As análises estatísticas
foram realizadas por meio da análise devariância. As populações de carnaubeira
apresentaram divergência fenotípica quanto à emissão de folhas. Nos diferentes
x
estádios de desenvolvimento estudados, o comportamento do caráter número de
folhas emitidasfoisemelhante.Houveemissãofoliarmaispronunciadanosmeses
quecoincidemcomoperíodochuvosodaregião.Verificousequeotipodefolhase
constitui no atributo da planta de maior relevância na exploração comercial da
carnaubeira,sobretudo peloefeito queexercesobre os caracteresde importância
econômica. Observouse que postergar a realização do corte anual das
carnaubeiras para o final do período seco se constitui numa prática favorável, à
produçãodecera.
Palavraschave: Carnaúba,
Copernicia prunifera,
cera de carnaúba, fenologia,
divergênciafenotípica,pócerifero.
BEHAVIOROFCARNAUBEIRAPOPULATIONSINDIFFERENTDEVELOPMENT
STAGESATUNODISTRICT,PIAUÍSTATEBRAZIL
Author:ClemiltondaSilvaFerreira
Adviser:Prof.Dr.JoséAirtonRodriguesNunes
CoAdviser:Profª.Drª.ReginaLuciaFerreiraGomes
ABSTRACT
The carnauba (
Copernicia prunifera
(Miller) H. E. Moore)is a palm species native
fromBrazilofgreatagroeconomicimportancetotheBrazilianNortheast.Thisstudy
aimedto evaluatethe behaviorof two natural populations indifferent development
stages in relation to leaves emission, and also to evaluate theeffects of different
strategies of leaves cutting, development stages and leaf type on the plant
phenological characters and physicochemical properties of the wax. The studies
xi
wereperformedinnaturalcarnaubapopulationslocatedatthedistrictofUnião,Piauí
StateBrazil.Thisworkwasdoneintwophases.Inthefirstphaseitwasevaluated
leaves emission fora periodfromDecember2003to December 2004incarnauba
sampled in two natural populations (Farm Cajazeira and Farm Santo Antonio) at
threedevelopmentstages (Capoteiro,newpalmandoldpalm).Inthesecondphase,
the study assessed the effect of leaf type (new and old), development stage
(capoteiroandyoungpalm)anddifferentmanagementstrategiesforleavescuttingin
acarnaubapopulationoffarmCajazeira(Management1cutinearlyAugust2008;
Management2cutsinAugustandinthebeginningofDecember2008,heldinthe
samegroupofplants;andManagement3cutinthebeginningofDecember,2008).
In this second phase of the study, the measured characteristics were: leaves
number,waxpowderproduction,relationwaxproduction/leavesnumber,moisture
percentage, impurities percentage, and waxyield. The data weresubmitted to the
analysis of variance. The carnauba populationsshowed phenotypic divergence for
leavesemission. For the differentdevelopmentstages studied thebehavior of the
character number of leaves emitted was similar.There wasmorepronounced leaf
emission for the months that coincide with the rainy season at the region. It was
found that the leaftype is the plant attribute of greater relevance inthe carnauba
commercialexploitation.Itwasobservedthatdelayingtheannualleavescuttingof
carnauba to the end of the dry period is a good practice to improve the wax
production.
KeyWords: carnauba,
Coperniciaprunifera,
carnaubawax,phenology,phenotypic
divergence,waxpowder.
1. INTRODUÇÃOGERAL
ONordestebrasileiroapresentadiversasespéciesdeocorrênciaenmica,
que apresentam uma grande importância sócioeconômica. A carnaubeira
(
Coperniciaprunifera
(Miller)H.E.Moore)figuracomoumaespéciededestaqueem
virtudedamultiplicidadedeprodutosquedelapodemseraproveitadosparavariados
fins.Apartirdessaobservaçãoestapalmeiralogorecebeuinúmerasdenominações,
aexemplode“árvoredavida”,“árvoredaprovidência”,“boivegetal”,“ouroverde”.
A carnaubeiraencontrase dispersana região Nordeste, principalmente nos
EstadosdoPiauí,CearáeRioGrandedoNorte.Umaspectointeressanteéqueos
carnaubais, em geral, concentramse naturalmente em áreas de baixa aptidão
agrícolaparaoutrasculturasexploradasnaregião,aexemplodofeijãocaupi,milho,
caju, dentre outras, distribuindose principalmente nas margens de rios e áreas
alagadiças dos Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte (GOMES, 1945;
SANTOS,1979;d’ALVA,2004).
Aexploraçãodacarnaubeirabaseiaseprimordialmenteemtornodaextração
dopóceríferodasfolhas oupalhas, oqualposteriormenteéprocessadoemcera,
produto bastante apreciado por variados setores da indústria. As palhas da
caranaubeira são muito utilizadas na atividade artesanal, tendo esta grande
expressãoeconômica(GOMESeNASCIMENTO,2006).
Nos últimos anos as exportações de cera da carnaúba tem se mostrado
crescentes. Em2008, o Estadodo Piauífoio maior exportadordesse produto no
Brasil,comumvolumeequivalentea6.661toneladaseumfaturamentosuperiora
37 milhões de dólares. Os Estados Unidos, Japão e Alemanha o os principais
paísesimportadoresdaceradecarnaúbapiauiense(SEFAZPI,2009).
Não obstante seu potencial econômicosocial, a cadeia produtiva da
carnaubeiraébaseadacompletamentenoextrativismo.Alémdisso,poucosestudos
emrelaçãoaomelhoramentogenéticoe/outecnológicotêmsidorealizados.
Os objetivos deste trabalho foramavaliar a emissão foliarem populações
naturais de carnaubeira em diferentes estádios de desenvolvimento e estudar os
13
efeitos de diferentes estratégias de manejo de corte das folhas e de atributos
inerentes à planta (tipode folha e estádio de desenvolvimento) sobre número de
folhas,produçãodepóceríferoecaracterísticasfísicoquímicosdacera.
Paraisso,apresentedissertaçãofoiestruturadaemdoiscapítulos:Capítulo
1  Emissão foliar em populações de carnaubeira no município de UniãoPI em
diferentes esdios de desenvolvimento; e Capítulo 2  Atributos fenológicos da
carnaubeiraefísicoquímicosdacerasobdiferentesestratégiasdemanejodecorte
dasfolhas.
14
2. REVISÃODELITERATURA
2.1. Centrodeorigemdadiversidadeededomesticaçãodacarnaubeira
Acarnaubeira(
Coperniciaprunifera
(Miller)H.E.Moore)éumaespéciede
palmeira do tipo xerófita, nativa do Brasil, sendo endêmico na região Nordeste.
Pertenceàfamília
Palmae,
daqualfazempartepalmeirasdeexpressãoeconômica,
como o coco (
Cocos nucifera
), açaí (
Euterpe oleracea
) e o babaçu (
Orbignya
phalerata
)(GOMES,1945;SANTOS,1979).
Johnson(1970),citadopord`Alva(2007),relataqueamaisantigareferência
sobre a carnaubeira encontrase no livro “História Naturalis Brasiliae”, dos
naturalistasMarcgraveePiso,publicadonoanode1648.
SegundoCarvalho(1982),existemaisde28espéciesdogêneroC
opernicia
,
todas localizadas noContinente Americano. Na América do Sul, alémda escie
Coperniciaprunifera
érelatadaaocorrênciadeoutrasduasespéciesdessegênero:
C. tectorum,
na Venezuela, mais precisamente nas savanas do centronorte, se
estendendoaolongodacostacentraldaColômbia;e
C.alba,
naBolívia,Paraguai,
nortedaArgentinaePantanalMatoGrossense.
NoBrasil,acarnaubeiraéencontradaeexploradaprincipalmentenaRegião
Nordeste.Deacordocomd`Alva(2004),elapodeserencontradanosvalesderios
dos Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. Carnaubais podem ser
encontradosaindanoMarano,Bahia(novaledoSãoFrancisco),Pernambucoe
Paraíba.
De acordo com Reis Filho (2005), dos 223 municípios piauienses, a
carnaubeiraestápresenteem138municípios.OmuniciodeCampoMaiorapresenta
amaioráreadecarnaubais,com409,36km²,seguidodeLuzilândia,com231km
2
e
Joaquim Pires, com 204,25 km². É interessante destacar que as maiores
concentrações de carnaubais se encontram na região Centro Norte do Estado do
Piauí e que as populações decarnaubeirasestão distribuídas, principalmente, em
15
regiões próximas de rios, riachos, alagadiços ou de solos hidromórficos, estes
últimossujeitosainundaçõesduranteoperíodochuvoso.
NaFigura1sãoapresentadasasregiõesdeocorrênciadacarnaubeirana
RegiãoNordeste,indicando,comocomentado,amaioráreadeconcentraçãono
EstadoPiauíénaregiãoCentroNorte.
FIGURA1ÁreadeocorrênciadacarnaubeiranaRegiãoNordestedoBrasil.
Fonte:IBGE(2006),citadoporAlveseCoêlho(2008).
A carnaubeira é uma espécie que se encontra ainda em fase de
domesticação,sendoqueaformadeexploraçãovigentecontinuaéoextrativismo.
SegundoValois(2008),adomesticaçãodeumaespéciedeveserconsideradacomo
um processo contínuo e de exploração dos recursos genéticos existentes em
benefíciodohomem.Dessaforma,emseobservandoaexploraçãodacarnaubeira,
percebese que em relação ao melhoramento tecnológico, no qual se insere a
adoção de um manejo adequado de cultivo, com a definição de espaçamentos,
regras para a colheita, práticas de adubação e de controle fitossanitário, poucos
ganhosforamobtidos.
16
2.2.Classificãobotânicadacarnaubeira
A carnaubeira é classificada botanicamente como pertencente ao Reino
Plantae
,ClasseMonocotyledoneae
,
OrdemPalmales,FamíliaPalmae(Arecaceae),
Gênero
Copernicia
eEspécie
Coperniciaprunifera
(Miller)H.E.Moore(LORENTZet
al.
,
1996).
Segundo relatos históricos, a primeira classificação da carnaubeira foi
realizada pelo botânico brasileiro Manoel Arruda Câmara, atribuindo
Corypha
cerifera
aonomecientíficodaespécie.Em1838,obotânicoVonMartiusarebatizou
comonome
Coperniciacerifera,
emhomenagemaofamosoastrônomoCopernicus.
Poralgumtempo,acarnaubeirafoichamadade
Arrudariacerifera”
emhomenagem
ao seu primeiro classificador Manoel Arruda Câmara, denominação proposta por
ManueldeAntônioMacedo,pioneironasinvestigaçõessobreacera decarnaúba.
Em 1963,H. E. Moore restaurou o nome
prunifera
, anteriormente dadopor Miller,
classificandoa como
 Copernicia prunifera,
 permanecendo finalmente com a
classificação
Coperniciaprunifera
(Miller)H.E.Moore(SANTOS,1979;JOHNSON,
1970,citadopord`ALVA,2007).
Aespécie
Coperniciaprunifera
recebeudiferentesdenominações,muitoem
funçãodesuadistribuiçãogeográfica,dasquaisdestacamos:carnaubeira,carnaíba,
carnaíva, carnaúva, carandaúba e carnaúba (LIMA, 2006), sendo a primeira e a
última denominação mais utilizada para se referir à palmeira e ao fruto,
respectivamente.
Segundo Santos (1979), o nome carnaúba tem sua origem na palavra
carnaíba,induzidapelonaturalistaJorgeMarcgrave,sendooriginadadajunçãode
Caranâ, que significa cheio de escamas, áspera, arranhento; e Iba que significa
madeira.
2.3. Aspectosmorfológicos,fenológicosebiologiafloraldacarnaubeira
SegundoSantos(1979),acarnaubeiracaracterizasecomoumapalmeirade
sistema radicularfasciculado, fibroso, abundantee profundo. O tronco é ereto, de
forma cilíndrica e o seguimentado, se apresentando mais espesso na parte
17
inferior.Gomes(1945)adescrevecom estipevariandode30a50centímetros de
diâmetro, com restos de pecíolo em espiral. Bayama (1958) afirma que a
carnaubeira,comseuestipeereto,apresentaumaalturamédiade15a20metros,
podendoatingir40metrosdealtura,noseuesdioadulto.
Bayama(1958),citandoadescriçãobotânicapropostaporPioCorreia(sd.),
em seu “Dicionário de Plantas Úteis”, descreve as folhas ou palmas, mais
conhecidas por palhas, como tendo pecíolo de comprimento médio de 1m,
orbicularesousuborbicularesemultífidas,apresentandode35a55lancínias,com
limbo também de 1m, com coloração verdeesbranquiçada, dispostas em fronte
terminalearmadasdeespinhosdurosecurvoseàsvezescomápiceavermelhado.
d’Alva (2007) menciona que os sertanejos m diferentes denominações
paraasfolhasdacarnaubeira,conformesecitam:“olhos”,àsfolhasqueaindanão
abriram;medianas”oubandeiras”,referindoseàsfolhasintermediáriasou“olhos”
recém abertos; “palhas”, às folhas verdes maduras; e “palhas bravas”, às folhas
secasaderidasàplantaequeaindanãocaíram.
As informações constantes na literatura a cerca do número de folhas
produzidas por planta de carnaubeira ao ano são bastante variáveis. Johnson
(1970),citadopord’Alva(2007),relataqueacarnaubeiraemitede45a60palhas
porano.Santos(1979)evidenciaque,emmédia,umapalmeiraadultaemitede15a
20 folhas por ano. Carvalho (1982), após reunir várias informões, relata uma
produção média de 15 palhas por planta ano. d’Alva (2007) considera que uma
plantaadultapossaapresentarde4até12palhasolhosporpalmeira.
Nafolhadacarnaubeiraéondeseencontraoprincipalprodutodeinteresse
econômicodaplanta,opócerífero,oqualétransformadoecomercializadonaforma
decera. Alencaretal.(2007)emestudoscomparativos daformaeespessurada
camada de deposição de pó nas folhas de espécies do gênero
Copernicia
,
cultivadas na Fazenda Raposo, município de MaracanaúCea, concluíram que
existeumavariaçãoentreas espécies.Dessaforma,essescaracteres podemser
úteisnaseleçãodeespéciesougenótiposmaisprodutivos.
O pó cerifero que se forma sobre a superfície das folhas consiste numa
camada de proteção, com a finalidade de evitar a perda excessiva de água pela
transpiração, sobretudo, no período de estiagem. O referido pó acumulase,
principalmente, nas folhas mais novas.Os atributosrelacionadoscomaqualidade
daceraprovenientedopóceríferotambémvariamdeacordocomotipodefolha,de
18
talsortequeaceraelaboradaapartir dopóextraídodasfolhasoupalhas novas,
especialmente,apalhaolhoapresentaummaiorvalorcomercial.
Ocaráteremissãodefolhaéimportantenaseleçãodegenótipossuperiores
de carnaubeira, havendo a necessidade de relacionála com outros atributos da
planta, como rendimento de pó cerifero e o porte da planta. Não existem até o
momentotrabalhoscorrelacionandoessascaracterísticasnacarnaubeira.
A quantidade de folhas está relacionadacomaépocadoanoe o estádio
fenológicoemqueaplantaseencontra.Estudosfenológicossãoconsideradospor
Fischetal.(2000)comoessenciaisparacompreendertantooseuprocesso,quanto
o seu sucesso reprodutivo, principalmente, os padrões de florescimento e
frutificaçãoquedarãosubsídiosaprogramasdemelhoramento.
Lieth(1979),citadoporAntuneseRibeiro(1999),descrevequefenologiaéo
processoqueestudaaocorrênciadeeventosbiológicosperiódicoseascausasde
sua ocorrência, em relação a fatores bióticos e abióticos, e a interrelação entre
fases caracterizadas por esses eventos numa mesma e em diferentes espécies,
podendoser:foliação,floraçãoefrutificação.
Afenologiapermiteoconhecimentodetalhadodecadafasedaplantaedá
subsídiosparaummelhor manejoagronômicodecadaespécie.Valeressaltarque
cada espécie tem uma fenofase ou fase fonológica de maior interesse para
exploração comercial. No caso da carnaubeira, a fenofase mais importante é a
emissão de folha a qual está diretamente correlacionada com a época de maior
formaçãodepónasuperfíciedafolha.
De acordocomGomes (1945), acarnaubeiraé umaespécie monóica, ou
seja,comfloresmasculinasefemininasnamesmainflorescência.Estaporsuavez
seapresentaemformadecacho,campanulada,amarelada,dispostaemespádices
demaisdedoismetrosdecomprimentoeprotegidaporespatatabulosa.Apresenta
ovárioligeiramentepiloso,estilorelativamenteespessoeestigma3lobado,estames
formandoanelcarnoso6dentado,sendoosdentescorrespondentesaosfilamentos
etubodecorolacomseiscristaseretas.Acarnaubeiraéconsideradaumaescie
alógama, ou seja, se reproduz predominantemente por meio de cruzamento
(BORÉMeMIRANDA,2005).
Em relação a informações citogenéticas, Môro et al. (1999) a partir de
estudosdecariotipagemrealizadosemváriasespéciesdepalmeirasdentreelasa
carnaubeira,relatam queédiplóidecomnúmerocromossômico2n=36.
19
Ofrutodacarnaubeira,comumentechamadodecarnaúba(SANTOS,1979),
édescritoporBayama(1958)comoumabagaovóideglobosa,comcercadedois
centímetros de comprimento, com as seguintes estruturas de fora para dentro:
epicarpo,decoloraçãoverdeamareladaquandoemdesenvolvimentoeroxoescura
na maturação; mesocarpo, carnoso e fibroso; e endocarpo, ligeiramente fino,
lignificado,formatoovóide,impermeáveledecormarrom,queenvolveoalbúmen
brancodesaboradocicadoeadstringente.
Gomes(1945)relataqueoepicarponãoémuitosaborosoporserpalhoso,
ou seja, fibroso, porém, no Nordeste encontra muitos apreciadores. Menciona
também queos frutos o adstringentes,porém têm potencial naalimentação do
gado, visto sua boa aceitação pelos animais. Das sementes extraise o óleo e
quandotorradas, podem até servir de substituto do tradicional café (CARVALHO,
1982).
Kitz (1958), citado por Pinheiro (1986), relata que assim como na maioria
daspalmeiras,asementedecarnaúbaapresentadormênciadotipomecânica,onde
énecessáriosubmeterna maioria dasvezesa embebiçãoem água ouremovero
pericarpoparaaceleraroprocessodegerminação.
Souzaetal.(2004)utilizaramseistratamentos:T1–sementesintactas;T2–
sementessemendocarpo;T3–sementessemendocarposeimersasemáguapor
24horas;T4–sementesintactasimersasemáguapor24horas;T5sementessem
endocarposeimersasemáguapor48horas; eT6sementesintactasimersasem
águapor48horas,nosentidodeaceleraragerminaçãoeobservaramqueomelhor
resultadofoiodotratamentoemquehouvearemoçãodoendocarpo,noqualaos
52dias,90%dassementeshaviamgerminadoequeapartirdos65diasnãohouve
diferençaentreostratamentosT2,T5eT3.
Apropagaçãodacarnaubeiraéfeita,principalmente,emseuhabitatnatural
porviasexuada,ouseja,atravésdesementes(GOMES,1945;PINHEIRO,1986).
Noentanto,paraseuusonopaisagismo,temsidomuitoutilizadootransplantiode
plantasadultas,principalmente,noNordesteBrasileiro.
20
2.4.Aspectosagroeconômicosesociaisdacarnaubeira
Acarnaubeirarecebeuvariadasdenominaçõesemfunçãodeseusatributos,
quelheconfereminúmerasutilidadescomo"árvoredavida”,designaçãodadapelo
naturalistaHumboldt,no finaldoséculoXVIII, “árvore da providência"(BEZERRA,
2007),“ouroverde”(TAVARES,2003)eboivegetal”,comparandoacomobovino,
onde tudo se aproveita (RIBEIRO, 2007). Apresenta notável importância para o
equilíbrioda biodiversidadenasuaregiãode ocorrência (d`ALVA,2004), além de
seu forte apelo econômicosocial, contribuindo para o sustento de milhares de
famílias residentes naregião do semiárido nordestino, emvirtude de se tratarde
plantademúltiplasutilidades.
A utilização da carnaubeira tem sido bastante ampla. As raízes têm tido
aplicações para fins medicinais. O tronco ou estipe é comumente empregado na
construçãocivil,confecçãodecercaseemoutrasestruturasrudimentares.Osfrutos
servemdealimentonacriaçãodeanimais.Aspalhassãocomumenteutilizadasna
confeãode artesanatos,como aduboorgânico naagricultura,e naprodução de
papel,pois,apresentacelulosedeexcelentequalidade(GOMESeNASCIMENTO,
2006). Além disso, é a partir das palhas que se extrai o principal produto da
carnaubeira,opócerifero,doqual,pormeiodeprocessosquímicos,étransformado
emcera.
No campo da nutrição, Melo e Carneiro (2006) afirmam que é possível
utilizarosfrutosverdesdacarnbanaalimentaçãohumanaemsubstituiçãoparcial
à farinha de trigo, isso quando desidratados e transformados em farinha integral.
PereiraeCarneiro(2006)tammutilizaramafarinhadofrutoverdedecarnaúbana
fabricaçãodebiscoito,mostrandosebastantepromissora.
Em estudos realizados por Ayres et al. (2008), foi investigada a atividade
antibacterianadeextratosetanólicosde
Coperniciaprunifera,
obtendoseresultados
promissores no controle de bactérias Grampositivas e Gramnegativas, incluindo
espéciesmultidrogasresistentes.
As atividades econômicas realizadas com as palhas de carnaúba m
notável importância econômica e social para comunidades localizadas em certas
regiõesdosEstadosdoPiauí,CearáeRioGrandedoNorte.Apalhaprovenienteda
extração do pó cerífero, por meio manual, é normalmente aproveitada para fins
artesanais,ouseja,naconfecçãodeinúmerosobjetostaiscomo:tarrafas,escovas,
21
cordas,chapéus,bolsas,vassouras,redeseesteiras.Jáquandoaretiradadopóse
dápeloprocessomecânico,abaganatriturada,comoéchamadoorestodapalha,é
adicionadoaosoloservindocomoaduboorgânicoe/ouutilizadonacomposiçãode
substratosparaproduçãodemudas,melhorandoaestruturaeafertilidadedosolo
(ALVESeCOÊLHO,2006).
Não obstantesuas possibilidades deaproveitamento, o principal focopara
exploraçãodacarnaubeiratemsidoaexploraçãodopócerifero.
Porsetratardeumaespéciexerófita,amaiorproduçãodepónasfolhasda
carnaubeiraseexpressaemlimitesdetemperaturaquevariamde26a35°C.Além
disso,acarnaubeirasemostra comumarazoáveltolerânciaasolossalinos, ricos
em potássio, magnésio e sódio, e solos alcalinos, o que favorece a elevação da
concentração do suco celular da folha, servindo de estímulo à produção de pó
cerifero(SANTOS,1979;CARVALHO,1989).
O rendimento médio de pó cerifero e de cera além de sofrerem efeito
pronunciadodefatoresambientais,variamfortementetambémcomotipodefolhae
formadesecagemnoprocessodeextraçãodopó,conformemostradonaTabela1.
Tabela1.Produçãoerendimentodopóceríferoedecerasegundootipodefolhae
processodesecagem.
Tipode
folha
Tipode
secagem
Quantidadede
pó
(kg/1000fls.)
Produçãode
cera
(kg/1000fls.)
Rendimento
emcera(%)
Olho Lastro 6,0 4,8 80,00
Olho Varal 6,9 5,7 82,61
Olho Secadorsolar 8,5 8,0 94,12
Palha Lastro 5,5 3,5 63,64
Palha Varal 6,3 4,4 69,84
Palha Secadorsolar 7,8 7,2 92,31
Fonte:AdaptadodeJacob(2008).
Autilizaçãodaceradecarnaúbafoiprimordialmentefeitaparaaconfecção
develas,masseuusofoilogoseexpandiuparaoutrossetores,especialmentecomo
componentedevariadosprodutos:graxasparasapatos;ceraparaassoalho;discos;
cera polidora para móveis, pisos e carros;vernizes; filmes fotográficos; adesivos;
embalagensplásticas;psulasdemedicamentos,porserorgânicoenãoalterara
22
qualidade do produto; papel carbono; giz de cera; cola; tintas; esmalte; batons;
chipes para uso na informática; goma de mascar; doces; e refrigerantes, dentre
outros(RIBEIRO,2007).
Além das aplicações supracitadas,acerade carnaúba tem sidoobjetode
pesquisa visando seu uso em outras utilidades. Como exemplo, Jacomino et al.
(2003)utilizaramdiferentesprodutosàbasedeceradacarnaúbanapóscolheitade
frutos de goiabeira, e constataram que esses foram eficientes em retardar o
amadurecimento, conferiram um maior brilho ao produto, e reduziram a perda de
massaeaincidênciadepodridõesnosfrutos.Blumetal.(2008)utilizaramcerade
carnaúbanaconservaçãopóscolheitadecaquieobservaramdiminuiçãodaperda
demassadosfrutosem7,8%,emarmazenagempor60diasemmarafria,mais
quatrodiasemtemperaturaambiente.Aimersãodosfrutosemsoluçãocom12,5%
deceradecarnaúbafoieficientenamanuteãodoácidoascórbicoefirmezaea
conservaçãodosfrutosforamprolongadas,permitindooarmazenamentoporaté49
dias.
Aceradecarnaúba,emvirtudedesuasboaspropriedadesemultiplicidade
deaplicaçãonaindústria,logopassouaservalorizadacomoprodutocomercialde
exportação. No inicio do século XX, ocorreram às primeiras vendas de cera de
carnaúba parao exterior,sendo a Alemanhao primeiro mercado. Contudo,foino
período da primeira guerra mundial, entre 1914 e1918, que seu preço subiu
vertiginosamente, ficando conhecido nessa época como ouro verde (TAVARES,
2003), chegandoaocupar,durante a década de 50,o timo lugar na pautadas
exportações brasileiras (FREIRE e BARGUIL, 2006). A cera de carnaúba é
destinada,quaseem suatotalidade,paraomercado externo(COÊLHOeALVES,
2007).
NaFigura2,observaseumcrescenteaumentodasexportaçõesdecerano
Brasilduranteoperíodode1960a2006.Contudo,evidenciaseumafortedistorção
entre os números referentes à exportação e à produção de cera, mostrando a
imprecisão dos dados levantados pelos órgãos pesquisados (COELHO e ALVES,
2008).Segundoestesautores,nãoéplausíveladmitirasuperioridadedaexportação
frenteàprodução,especialmente,noperíodode1990a2006,poisparaqueesse
comportamento fosse possível, seriam necessários grandes estoques
compensatórios.
23
Figura2–ProduçãoeexportaçãodeceradecarnaúbanoBrasilnoperíodode1960
a2006.
Fonte:CoêlhoeAlves(2008).
Uma provável explicação para a inconsistência nos dados de produção
(Figura 2), já que os dados de exportação são mais confiáveis em virtude da
fiscalização exercidapelosórgãosestaduais e/oufederais, pode estarrelacionada
aofatodepequenosprodutoresrealizarem acomercializaçãoe/oubeneficiamento
do pó cerífero e, posteriormente, venderem diretamente seus produtos para
indústriasmaiores,queporsuavezrealizamaexportação.
Não obstante o aumento das exportações de cera, temse sempre uma
incerteza associada à oferta do produto, em virtude do setor produtivo, como já
comentado, ser inteiramente baseado no extrativismo, além da constante
devastaçãodecamposdecarnaubaisparaimplantaçãodeprojetosagropecuários.
Comisso,outrosprodutostêmsidoutilizadoscomosubstitutosdaceradecarnaúba,
como éocasodacerade Candelila(
Cleistocactuscandelila
), principalceravegetal
exportadapeloMéxico(OLIVEIRAeGOMES,2006).
Em se tratando de unidades federativas brasileiras produtoras de cera,
destacamse os Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. Sendo que
somente o Piauí respondeu por aproximadamente 53% da produção brasileira no
ano de 2006. Em relação às exportações, o estado do Ceará sempre ocupou o
primeirolugar,porém,em2008,oPiauífoiconsideradoomaiorexportadordecera
decarnaúba,sendoexportadasmaisde6miltoneladasdoproduto,fatoesseque
garantiu um faturamento de mais de 37 milhões de dólares às empresas
exportadoras(SEFAZPI,2009).
24
Os principais países importadores da cera de carnaúba do Piauí são
EstadosUnidos,JaoeAlemanha,quejuntosconcentrammaisde60%dovolume
evalorexportado.Emrelaçãoaomercadolocal,praticamentetodososestadosda
federaçãosãocompradoresdacerapiauiense,merecendodestaqueosestadosdo
RioGrandedoSuleSãoPaulo(OLIVEIRAeGOMES,2006).
Até a década de 90 a cera de carnaúba constituía o principal produto de
exportação do Estado do Piauí. Contudo, com a expansão do cultivo da soja no
cerradopiauiense,acerapassouaconfigurarcomoosegundoprodutodapautade
exportaçãoatualmentenoEstado(OLIVEIRA,2006).
Evidenciando a importância sócioeconômica da exploração da cera de
carnaúba noque concerne a geração de emprego e renda, Bezerra (2005)afirma
que o extrativismo dacarnaúba chega a ocuparem todoo Nordestemãodeobra
que ultrapassa 200 mil pessoas no período de exploração. No Piauí, a cadeia
produtivadacarnaúbageraocupaçãoparamaisde50milfamíliasdebaixarenda
(LIRA,2004).
Emrelaçãoasexportõesdeceradecarnaúba,aconformidadedoproduto
emrelaçãoàcor,percentualdeimpurezaseumidade,edeinteiraresponsabilidade
das indústrias exportadoras, que possuem seus próprios laboratórios onde são
realizadas inspeções físicoquímicas, tomandose por base especificações de
domínio blico (OLIVEIRA, 2006).Atéo ano de 2000,todasasespecificaçõese
fiscalizaçõesdaceradecarnaúbaparaexportaçõeseramrealizadaspeloMinistério
daAgricultura.
Segundo especificações do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento,pormeiodainstruçãonormativaSARCnº10,de11dedezembrode
2002,quetratadascaracterísticasmínimasdeidentidadeedequalidadedacerade
carnaúba, esta é classificada emcinco tipos de acordo com a sua coloração e a
qualidade:Tipo1,constituídodeceradecorbrancae/ouamareloclara,vulgarmente
denominadaflorou olho,contendonomáximo1%(um porcento)de impurezas e
até 2% (dois por cento) de umidade; Tipo 2, constituído de cera decor amarela,
maisoumenosacinzentadaeouesverdeada,vulgarmentedenominadamedianaou
medianaclara,contendonomáximo1%(umporcento)deimpurezaseaté2%(dois
porcento)deumidade;Tipo3,constituídodeceradecorcastanhoclara,castanha,
amarelae/ouesverdeada,vulgarmentedenominadacauipeougordaclara,contendo
nomáximo2%(doisporcento)deimpurezaseaté2%(doisporcento)deumidade;
25
Tipo 4, constituído de cera de cor castanho escura, verde escura e/ou escura
tendendoanegro,vulgarmentedenominadagordaescuraougordabatida,contendo
nomáximo2%(doisporcento)deimpurezaseaté2%(doisporcento)deumidade;
Tipo 5, constituído de cera de cor esbranquiçada, acinzentada e/ou esverdeada,
vulgarmente denominada arenosa, contendo no máximo 2% (dois por cento) de
impurezaseaté6%(seisporcento)deumidade.
Acarnaúbaeseusderivadostêmumaparticipaçãoimportantenaeconomia
da região Nordeste,principalmente nos Estadosdo Piauí, Cearáe RioGrande do
Norte.Contudo, apesardoBrasilseroúnicopaísprodutordaceradecarnaúbae
existir uma demanda da cera por outros países, o setor ainda não conseguiu se
organizardeformaeficaz.Mesmocomdesorganização,oagronegóciodacera de
carnaúba mostrase bastante rentável, com bons índices de rentabilidade e
lucratividademesmoconsiderandoasvariaçõescambiais(SANTOSetal.
,
2006)
2.5.Aspectossobreomelhoramentodacarnaubeira
2.5.1.Variabilidadegenéticaebancosdegermoplasma
OBrasilsedestacanocenáriomundialcomoumdospsesmaisricosem
diversidade de palmeiras nativas, possuindo algo em torno de 37 gêneros e 387
espécies,sendoquepresentementemuitasdelassãoconsideradasdeimportância
econômica,socialeambiental,comoéocasodacarnaúba,ococo(
Cocosnucifera
),
o dendê africano (
Elaeis guineensis
), o babaçu (
Orbignya phalerata
) e o buriti
(
Mauritia flexuosa
) dentre outras espécies. Algumas palmeiras já passaram pelo
vel apropriado de domesticação, principalmente pela importância que exercem
comoéocasodococoeo dendêafricano(VALOIS,2008).
Dentro do gênero
Copernicia
as populações apresentam variabilidade
genética,principalmente, quanto à produçãode pó;porte, que pode atingir até 40
metros;quantidadedefolhasemitidasaoano;tamanhoeproduçãodefrutos;longo
período juvenil, podendo demorar até 10 anosparase iniciara exploração do pó
cerífero(DUQUE,1973citadopord`Alva,2004).Noentanto,segundoValois(2008),
acarnaubeiraéaúnicaespéciedevaloreconômiconogênero,alcançandogrande
importânciasocialeindustrialpelaextraçãoeusodaceraproduzidaemsuasfolhas.
26
Umacaracterísticapeculiardasdiferentesespéciesdepalmeiraséaestreita
relaçãocomascomunidadeshumanas.Comisso,setornadifícilcaracterizaroque
sejaaocorrência naturaldaespéciee oefeitodesuadistribuiçãocomoresultado
dasmovimentaçõeshumanas,queforamespalhandoasespéciesdepalmeirasde
maior importância para as suas vidas, aumentando assim, a sua grande
variabilidadegenética(MÔRO,1999).
Aconservaçãodavariabilidadegenéticadeumaespéciepodeserfeitade
maneira
insitu
”,nolocaldeocorrênciaou“
exsitu
”,foradoseuhabitatnatural.Uma
estratégia bastante utilizada é a formão de um banco ativo de germoplasma
(BAG), que pode ser considerado como coleção representativa do patrimônio
genético de uma escie, realizado com propósitos de pesquisa, caracterização,
avaliação e utilização de materiais em programas de melhoramento genético.
(VALOIS,1996).
A UniversidadeFederal doCearámantémna FazendaRaposa,localizada
nomunicípiodeMaracanaúCE,umacoleçãodeacessosdevariadas espéciesdo
gênero
Copernicia
nativas e introduzidas, doada pelas indústrias Johnson. Essa
coleção tem sido objeto de estudos com a finalidade de se selecionar genótipos
superioresdecarnaubeiraquantoaproduçãode cera epalha, além de genótipos
com potencialdeexploraçãocomoplantasornamentais(ALVESeCÔELHO,2008).
2.5.2.Caractereseobjetivosdomelhoramento
Alves e elho (2008) destacam que uma enorme carência de
informaçõescientíficasarespeitodacarnaubeira,principalmente,noquesereferea
pesquisasquevisemomelhoramentogenéticodacultura,porserconsideradauma
culturadesubsistênciaepossuirumlongoperíodojuvenil.
Ramalho et al. (2005) afirmam que o melhoramento de plantas visa
principalmente identificar combinações de genótiposcom performancessuperiores
paraumdeterminadocaráter,afimdequepossamserexploradoscomercialmente.
SouzaJr.(2003)consideraqueocaráterprodutividadesejaomaisimportantenum
programa de melhoramento de plantas, embora em algumas espécies se busque
aumentonaqualidade,resistênciaapragasedoenças.
27
Paraacarnaubeiraoscaracteresdemaiorimportânciadopontodevistado
melhoramentogenético,comoocorrememoutrasculturas,sãoaquelesdeinteresse
agroeconômicos e que por sua vez apresentam variação contínua em sua
expressão fenotípica, ou seja, são ditos caracteres quantitativos, no caso,
produtividade de cera por área, período juvenil, alturada planta, adaptabilidade e
estabilidadedaprodução.
O caráter produtividade de cera por área, atributo de maior interesse no
melhoramentogenéticodacarnaubeira,consistenumavariávelcomplexaresultante
do fenótipo deumasériede outros caracteresoucomponentescomo:númerode
folhas,produçãodepóceriferoeestádiodedesenvolvimentodaplanta.Assim,para
ocaráterproduçãodeceraéesperadoque ocontrolegenéticosejarealizadopor
um grande número de genes, além da forte influência dos fatores ambientais na
expressãofenotípica.
Entretanto,emsetratandodepopulaçõespoucomelhoradas,comoéocaso
daspopulaçõesdecarnaubeira,éesperadoquealelosfavoráveisseencontremem
baixafreqüência,deformaqueapossibilidadedeganhocomaseleçãofenotípica
setornaelevado.
2.5.3.Métodosdemelhoramentoaplicáveisapalmeiras
O melhoramento de espécies perenes tem sido um dos grandes desafios
paraosmelhoristas,principalmenteparaaquelesquetrabalhamcomplantasainda
não domesticadas ou em fase de domesticação e que apresentam escassez de
estudosacercadapropagaçãoporviaassexuada,comoéocasodacarnaubeira,
exigindo um maior tempo para ter resultados e ganhos genéticos para um
determinadocaráter.
Poucosestudossão encontrados naárea de genética e melhoramento de
palmeiras,devidoaosreduzidosavançostecnológicosdedicadosaessasespécies,
bem como às dificuldades logísticas existentes porse tratar de planta perene, de
ciclo longo,elevadoporteedevido àmaioria dessasespéciesseencontraremem
processodedomesticação(UZZOetal.
,
2002).
Uma das estratégias de melhoramento que poderia ser adotada em
carnaubeira é aseleçãofenotípica individualpraticada naspopulações naturais,a
28
qual consiste em se avaliar individualmente as plantas no intuito de identificar
genótipos superiores para uma determinada característica baseada em sua
expressão fenotípica avaliada em vários anos. Uma vez identificados esses
genótipos superiores poderseia obter progênies, para posterior avaliação em
experimentos, mediante cruzamentos controlados ou intercruzamento entre os
melhores indivíduos, este último conseguido mediante descarte dos indivíduos
inferiores.
Estudosdecorrelaçõesentrecaracteresdeinteressetêmsidousadoscomo
subsídios para seleção de materiais genéticos desejáveis, conforme mostra os
trabalhosdeBovietal.(1990);Oliveiraetal.(2000)emaçaizeiro(
Euterpeoleracea
Mart.); Uzzo et al. (2002, 2004) em palmeira real australiana (
Archontophoenix
alexandrae
).
A biotecnologia tem sido bastante usada na seleção e identificação de
genótipos superiores de várias espécies. O uso de marcadores moleculares tem
demonstradoserpromissor,emalgumasocasiões,naquantificaçãodadiversidade
e identificaçãode acessos desejáveis paraprogramasde melhoramento genético,
principalmente, em espécies perenes. No entanto, no Brasil estudos utilizando
marcadoresempalmeirastêmsidopoucoutilizados.
No que se refere à carnaúba, no memento não existe nenhum trabalho
registradona literaturacom ousodemarcadores moleculares.Porém,com outras
palmeiras que m uma maior importância no cenário nacional existem alguns
trabalhos, como de Sawazaki et al. (1998) com uso de isoenzimas e RAPD em
diversidade de palmeiras dos gêneros
Euterpe
,
Bactris
,
Elaeis
e
Syagrus
e os de
Oliveira et al. (2007) que utilizaram marcadores RAPD para caracterizar a
diversidadeentrepopulaçõesdeaçaizeiro.
29
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35
4CAPÍTULOI
EmissãofoliarempopulaçõesdecarnaubeiranomunicípiodeUniãoPIem
diferentesestádiosdedesenvolvimento
RESUMO
Acarnaubeira(
Coperniciaprunifera
(Miller)H.E.Moore)éumaespéciedepalmeira
nativadoBrasilquecontribuiparaosustentodemilharesdefamíliasresidentesna
região dosemiáridonordestino devido, principalmente,à comercializaçãodacera
dacarnaúba,beneficiadaapartirdopóceríferoformadonasuperfíciedasfolhas,e
pela exploração artesanaldas folhas. Nãoobstante seupotencialhá uma enorme
escassez de estudos a cerca da fenologia ou, mais especificamente, sobre a
foliação nesta espécie. Objetivouse neste trabalho avaliar a emissão foliar de
carnaubeirasdeduaspopulações(FazendaCajazeiraeFazendaSantoAntônio)em
três estádiosdedesenvolvimento (Capoteiro,Palmeira NovaePalmeiraVelha). O
estudofoirealizadoempopulaçõesnaturaisdecarnaubeiralocalizadasnomunicípio
de UniãoPI.A área útil de cada carnaubal foi de 200 m
2
com 100 palmeiras em
cada. Posteriormente, as plantas selecionadas foram classificadas segundo o
estádio de desenvolvimento e então coletouse os dados do número de folhas
emitidas por planta mensalmente durante o período de dezembro de 2003 a
dezembrode2004.Asanálisesestatísticasforamrealizadasutilizandoummodelo
estatístico onde os tratamentos foram dispostos em esquema de parcelas
subdivididasnotempocomarranjofatorial2x3naparcela,sendoduaspopulações
etrêsestádiosdedesenvolvimento.Asduaspopulaçõesapresentaramdivergência
fenotípicaparaonúmerodefolhasemitidas,contudoocomportamentodestecaráter
foisemelhantenosdiferentesnosdiferentesestádiosdedesenvolvimentoavaliados.
36
Amaioremissãodefolhasocorreunosmesescorrespondentesaoperíodochuvoso
daregião.
Palavraschave:Carnaúba,
Coperniciaprunifera,
fenologia,divergênciafenotípica.
LeafemissioninpopulationsofcarnaubeiraatdistrictofUnião,PiauiState,
Brazilunderdifferentdevelopmentstages
Abstract The carnauba(
Copernicia prunifera
(Miller) H. E. Moore)is a Brazilian
native palm species that contributes for the sustenance of thousand of resident
families in the region of the northeastern semiarid principally due to the
commercialization of the carnaubawax,benefitedfrom theformedcerífero dust in
thesurfaceofleaves,andforcraftexplorationoftheleaves.Despiteitspotentialhas
an enormous scarcity of studies about the phenologyor, more specifically,on the
foliationinthisspecies.Thisworkaimedtoevaluatetheleafemissionofcarnaubas
of two populations (Farm Cajazeira and Farm Santo Antonio) in three stage of
development (Capoteiro, New Palm and Old Palm). It was carried out in natural
populations of carnaubeira located in the districtof União  PI. The useful area of
carnaubawasof200m
2
with100palmsineach.Theselectedplantswereclassified
accordingtodevelopmentstagebeforeevaluations.Theleafemissionwasevaluated
monthlyfromDecember of 2003toDecember of 2004.Theanalyses werecarried
outaccordingtostatisticalmodelwherethetreatmentswereassignedinsplitplotin
timewitha2x3factorialarrangementintheplot,beingtwospopulationsandthree
developmentstagesintheplots.Thetwopopulationsshowedphenotypicdivergence
for the number of emitted leaves. However,the behavior of this character did not
differwiththedevelopmentstages.Thehighestleafemissionratecoincidedwiththe
rainyperiodoftheregion.
KeyWords:Carnauba,
Coperniciaprunifera,
phenology,phenotypicdivergence.
37
INTRODUÇÃO
Acarnaubeira(
Coperniciaprunifera
(Miller)H.E.Moore)éumaespéciede
palmeiranativadoBrasil,sendoendêmicadaregiãosemiáridadoNordeste,onde
apresentamaiordispersão.Caracterizasecomoumaesciexerófitapertencenteà
família
Palmae,
daqualfazempartepalmeirasdeexpressãocomercial,comoococo
(
Cocosnucifera
),açaí(
Euterpeoleracea
)eobabaçu(
Orbignyaphalerata
)(GOMES,
1945;SANTOS,1979).
NoNordesteBrasileiro,osestadosqueapresentammaioresconcentrações
de áreas de carnaubais são Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. No Estado do
Piauí, de acordo com Reis Filho (2005), cerca de 140 municípios piauienses
apresentam carnaubais, com destaque para o município de Campo Maior que
apresentaumaáreade409,36km²comelevadasconcentraçõesdecarnaubais.É
interessante destacar que as maiores concentrações de carnaubais estão
distribuídas,principalmente,emregiõespróximasderios,riachos,alagadiçosoude
soloshidromórficos,estesúltimossujeitosainundaçõesduranteoperíodochuvoso.
A planta de carnaúba apresenta notável importância para o equilíbrio da
biodiversidadenasuaregiãodeocorrência(d`ALVA,2004),alémdeseuforteapelo
econômicosocial,contribuindoparaosustentodemilharesdefamíliasresidentesdo
semiárido nordestino, em virtude de se tratar de planta de múltiplas utilidades.
Dentre as possibilidades de uso da carnaubeira, destacase a extração do pó
cerífero, a partir das folhas, com subseqüente processamento na forma de cera,
principal produto e de elevado valor comercial, sendo bastante apreciado nos
mercados interno e externo, por suas propriedades específicas e desejáveis para
variados setores da indústria. Outra forma de uso é a exploração artesanal
diversificadadasfolhasoupalhas.
A produtividade de cera consiste numa característica composta por uma
série decaracteres: número defolhas por planta,comprimento e largura da folha,
tipo de folha, quantidade de pó cerífero e estágio de desenvolvimento da planta,
alémdesofrerforteinfluênciadefatoresambientais,comoclimáticoseedáficos,em
sua expressão fenotípica, denotando a natureza complexa da sua herança. A
camada depó ceríferoqueseformana superfícieda folha e tem a finalidadede
evitaraperdaexcessivadeáguapelaevapotranspiração,sobretudonoperíodode
38
estiagem, resulta da síntese de clorofila oriunda das células das folhas, como
consequência da combinação de ácidos e alcoóis (SANTOS, 1979; CARVALHO,
1982).
Nãoobstanteapotencialidadedacultura,aexploraçãodacarnaubeiraem
sua quase totalidade é praticada de forma extrativista, ou seja, a atividade é
exercida nas populações naturais. Somase a isto, a enorme carência de
informações científicas a respeito da espécie, principalmente no que se refere à
fenologiaeaomelhoramentogenético(ALVESeCÔELHO,2008).
Segundo Fisch et al. (2000), estudos fenológicos são essenciais para
compreender tanto o processo, quanto o sucesso reprodutivo de uma espécie,
principalmente no que concerne aos padrões de florescimento e frutificação. O
conhecimento desses processos é fundamental para subsidiar programas de
melhoramento. Cada cultura apresenta uma fenofase ou fase fenológica de maior
interesseagroeconômico.Nocasodacarnaubeira,afenofasemaisimportanteestá
relacionada à foliaçãoou emissão das folhas, por guardarestreita relação com o
produtofinaldemaiorimportância,acera.
Estetrabalhotevecomoobjetivoavaliarocaráternúmerodefolhasemitidas
em plantas de carnaubeira de duas populações situadas no município de União,
Piauí,Brasil,emdiferentesestágios dedesenvolvimento,no períododedezembro
de2003adezembrode2004.
MATERIALEMÉTODOS
Oestudofoirealizadoempopulaçõesnaturaisdecarnaubeiralocalizadasno
município de União, a 64 km da cidade de Teresina, Estado do Piauí. O clima
predominante no município é o Subúmido úmido (C2), com precipitação média
anualde1.300mm.(THORNTHWAITEeMATHER,1955;ANDRADEJÚNIORetal.,
2004).
Foram avaliadas duas populações de carnaubeira: a primeira, situada na
Fazenda Santo Antônio, onde as palmeiras encontravamse mais adensadas e a
segunda,naFazendaCajazeira,cujoadensamentoeramenor.Emrelaçãoaotipo
desolo,asduasáreasondeaspopulaçõesesosituadaspraticamentepossuemas
mesmas características, ou seja, apresentam solos eutróficos, moderadamente
39
ácidose de baixasaturação por alumínio,bemcomo umelevadoteor de matéria
orgânica,diferindoapenasnacapacidadedetrocacatiônica(CTC),ondeosoloda
Fazenda Santo Antônio possui uma baixa CTC e o solo da Fazenda Cajazeira é
classificadocomoumaCTCmuitobaixa(Tabela1).Alémdisso,aconcentraçãode
potássio,magnésioesódioforammaioresnaFazendaSantoAntônio.
Tabela 1 Resultados da análise de fertilidade de amostras de solo coletadas em
2004nasáreasdasFazendasSantoAntônioeCajazeira,UniãoPi.
Populão MO pH P K Ca Mg Na Al H+Al S CTC V M
g/kg H
2
O mg/dm
3
Cmol
c
/dm
3
 %
Fazenda
S.Antônio
(09cm)
34,36 5,74 9,29 0,26 5,18 4,19 0,73 0,06 2,36 10,36 12,72 81,45 0,58
Fazenda
Cajazeira
(09cm)
20,78 5,45 3,96 0,15 1,43 0,96 0,25 0,05 0,94 2,79 3,73 74,80 1,76
Fonte:LaboratóriodeÁguaeSolosdaEmbrapaMeioNorte,Parnaíba,Pi.
Demarcouse, em cada carnaubal (população), uma área útil de
aproximadamente200m
2
.Emcadaáreaforammarcadas100plantas,identificadas
com numeração de 1 a 100. Em seguida, as plantas de cada população foram
classificadas segundo o tipo de palmeira ou estádio de desenvolvimento em:
capoteiro,comestipemedindo de1,00ma 2,50mdealtura; palmeira nova, com
estipemedindode2,50ma4,00mdealtura;epalmeiravelha,comalturadeestipe
acimade4,10m.
Ascarnaubeirasmarcadasnasduaspopulaçõesforamavaliadasquantoao
caráter número de folhas emitidas. As observações fenológicas da emissão de
folhas foram feitas mensalmente, por planta, durante o período de dezembro de
2003adezembrode2004.
Para fins de análise foram desconsiderados os dados coletados de
palmeiras caídas, sendo três na Fazenda Cajazeira e uma na Fazenda Santo
Antônio. A população da Fazenda Cajazeira foi composta por 17 palmeiras no
estádio de desenvolvimento capoteiro; 75 palmeiras tipo nova e 5 palmeiras tipo
velha, enquanto na população da Fazenda Santo Antônio foram amostradas 19
palmeirascapoteiro;31palmeirasnovase49palmeirasvelhas.
40
A análise estatística dos dados foi realizada de acordo com o modelo
estatísticonodelineamentointeiramentecasualizado(STEEL,TORRIEeDICKEY,
1997)comtratamentosdispostosemesquemadeparcelassubdivididasnotempo,
comarranjofatorial2x3naparcela.Ostratamentosseconstituíramdepopulações
(Fazenda Cajazeira e Fazenda Santo Antônio) e estádios de desenvolvimento da
palmeira (Capoteiro, Palmeira Nova e Palmeira Velha). A unidade experimental
constituisedeumaplanta.Adotouseoseguintemodeloestatístico:
ijkl i j ij ijk l il jl ijl ijkl
y =μ+ p + t + pt + e + m + pm + tm + ptm + ε
emque:
y
ijkl
: observação na planta
k,
no estádio de desenvolvimento
j,
na população
i,
no
mês
l
(
i
=1,2;
j
=1,2,3;
k
=1,...,100;
l
=1,...,13);
µ
:constanteassociadaatodasasobservações;
p
i
:efeitofixodapopulação
i
;
t
j
:efeitofixodoestádiodedesenvolvimento
j
;
pt
ij
:efeitofixodainteraçãopopulaçãoxestádiodedesenvolvimento;
e
ijk
:erroexperimentalemníveldeparcela,admitindo
e
ijk~N(0,
s
2
e)
;
m
l
:efeitofixodomêsdecoleta
l
;
pm
il
:efeitofixodainteraçãopopulaçãoxmês;
tm
jl
:efeitofixodainteraçãoestádiodedesenvolvimentoxmês;
ptm
ijl
:efeitofixodainteraçãopopulaçãoxestádiodedesenvolvimentoxmês;
e
ijkl
=erroexperimentalemníveldesubparcela,admitindo
e
ijk~N(0,
s
2
e
)
;
Realizouseaanálisedevariânciadonúmerodefolhasemitidasetestouse
asignificânciadosefeitospresentesnomodeloa5%deprobabilidadepelotesteF.
A comparação das médias dos tratamentos foi feita, aplicandose o teste de
agrupamentodeScottKnotta5%.
RESULTADOSEDISCUSSÃO
Houvediferença significativa (P<0,01) entreaspopulações decarnaubeira
emreaçãoaocaráternúmerodefolhasemitidas(NFE)(Tabela2).Observouseque
amédiadeNFEporplantanapopulaçãodaFazendaCajazeirafoiestatisticamente
41
superior à alcançada na população da Fazenda Santo Antônio, conforme
apresentadonaFigura1.
Tabela 2 Resumo da análisede variânciado número de folhas emitidas de duas
populações de carnaubeira, segundo o estádio de desenvolvimento, avaliado no
períododedezembrode2003adezembrode2004.
FontesdeVariação GL QuadradosMédios
População(
P) 1 20,449**
Estádiodedesenvolvimento(ED) 2 144,065**
PxED 2 1,755
n.s
.
Erro(a) 190 2,086
Mês(M) 12 115,896**
PxM 12 13,040**
EDxM 24 1,632**
PxEDxM 24 1,313**
Erro(b) 2280 0,533
MédiaGeral 3,097
C.V.(a)(%) 46,63
C.V.(b)(%) 23,58
n.s.,*,**Nãosignificativo,significativoa5e1%deprobabilidade,respectivamente,pelotesteF.
Éimportantesalientarqueoefeitodepopulaçõesnopresentetrabalhoestá
confundidocomoefeitodeambiente,oumaispropriamentecomoefeitodefatores
ambientais de natureza permanente como, por exemplo, aqueles relacionados ao
tipodesolo,geografiadaárea,drenagem,etc.Conformejámencionadoemmaterial
emétodosapopulaçãodaFazendaSantoAntônioestásituadaemáreabemmais
adensada, o que contribuiria para o menor desempenho observado das plantas
quantoaocaráterNFE.
Outro aspecto a ser considerado é que a carnaubeira por se tratar de
espécietidacomoalógama,éesperadoqueamaiorfraçãodadivergênciagenética
se encontre dentro das populações, como observado ou estimado em outras
espécies que apresentam predominância da fecundação cruzada (HAMRICK e
GOLDT, 1990). Dessa forma, a divergência fenotípica observada entre as
populações de carnaubeira estudadas quanto ao caráter NFE pode estar mais
relacionada às variações acentuadas nas condões de ambiente das áreas, haja
vistaaproximidadeentreoscarnaubais.
Verificouse alta significância (P<0,01) para efeito de estádio de
desenvolvimento(Tabela2).Observouseumcomportamentocaractesticoemque
42
as plantas mais adultas (palmeiras novas e velhas) exibem maior NFE que às
plantasmaisnovas(capoteiro)(Figura1).
Ocomportamentomédiodasplantasdecarnaubeiranosdiferentesestádios
de desenvolvimento foi semelhante nas duas populações (Tabela 3 e Figura 2).
Detectouse diferença significativa (P<0,05) entre as populações para os tipos de
desenvolvimento capoteiroe palmeira nova, ondeconsistentemente as plantas da
populaçãodaFazendaCajazeiraforam,emmédia,superioresàsdapopulaçãoda
Fazenda Santo Antônio. Para o estádio de desenvolvimento palmeira velha não
houvediferençasignificativaentreaspopulações.
Figura 1 Número médio de folhas emitidas (NFE) por planta de carnaubeira, no
períododedezembrode2003adezembrode2004,deduaspopulações(Fazenda
Cajazeira e Fazenda Santo Antônio), segundo o estádio de desenvolvimento
(capoteiro,palmeiranovaepalmeiravelha).
O mês de coleta apresentou efeito significativo (P<0,01), bem como, as
demais interações com este fator, no caso, mês x população e mês x tipo de
palmeira (Tabela 2). O efeito pronunciado de mês de coleta deveuse à
diferenciaçãomarcantequeexisteemfunçãodosperíodosdeocorrênciadechuvas
na região (janeiro a inicio de junho) e da ausência praticamente total de chuvas
(agostoanovembro).Observousequenoperíododedezembroajulhohouveuma
maior emissão de folhas, enquanto que no período subseqüente ocorreu uma
43
queda, em ambas as populações e diferentes estádios de desenvolvimento da
carnaubeira(Tabela3,Figura2).
Asplantasdecarnaúbasemostramcomrazoáveltolerânciaasolossalinos,
ricosempotássio,magnésioesódio,alémdesolosalcalinoscompHacimade7,0,
oquefavoreceaelevaçãodaconcentraçãodosucocelulardafolharesultandoem
uma maior deposição de pó cerífero (SANTOS, 1979; CARVALHO, 1982). No
entanto,nopresentetrabalhonãoficouevidenteoefeitodosatributosquímicosdo
solo sobre o caráter emissão de folha, já que as maiores concentrações desses
elementosquímicosestavampresentesnosolodaFazendaSantoAntônio(Tabela
1),aqualemmédiaapresentouumamenoremissãofoliar(Figura1).
Amenoremissãodefolhasnostsestádiosdedesenvolvimentocapoteiro,
palmeiranovaepalmeiravelhaocorreunosmesesdeoutubroenovembro(Tabela
3,Figura2),quealémdeconfiguraroperíodomaiscríticodedéficithídrico,coincide
comoiníciodafloraçãodacarnaubeira,noqualasplantasdeslocamsuasreservas
paraasatividadesdereprodução(TAIZeZEIGER
,
2004).
Alémdereduzironúmerodefolhasemitidas,acarnaubeiraminimizaaperda
deáguapelofechamentoestomáticoeformaçãodeumafinacamadadepócerífero
nasuperfícieadaxialdasfolhas,aqualsetornamaisconcentradanoperíodoseco
(CARVALHOeGOMES,2006).Porestemotivo,aatividadedecolheitadasfolhas
dacarnaubeiraéintensificadaexatamentenestaépocadoano,emgeralnofimdo
mêsdeoutubroatéofinaldenovembro.
44
Tabela3.Valoresmédiosdenúmerodefolhasemitidasdecarnaubeiraduranteopeododedezembrode2003adezembrode
2004.
População
Estádio
de
desenvol
vimento
Meses
Dez
2003
Jan
2004
Fev
2004
Mar
2004
Abr
2004
Mai
2004
Jun
2004
Jul
2004
Ago
2004
Set
2004
Out
2004
Nov
2004
Dez
2004
Fazenda
Cajazeira
Capoteiro 4,29a 2,47c 3,06b 2,65c 3,11b 3,12b 3,88a 3,76a 1,88d 1,94d 0,35e 0,29e 2,23d
Palmeira
Nova
5,65a 3,40d 3,83c 3,84c 3,81c 3,77c 4,07b 4,07b 2,15f 2,55e 1,12g 1,23g 2,58e
Palmeira
Velha
6,60a 4,20b 4,60b 3,20c 4,20b 3,80b 4,40b 4,50b 2,66c 3,20c 1,60d 0,80d 2,80c
Fazenda
Santo
Antônio
Capoteiro 1,95d 2,79b 3,21a 2,16c 3,37ª 3,10a 2,89b 3,37a 1,21e 1,31e 0,36f 0,47f 1,68d
Palmeira
Nova
3,22c 3,35c 3,90b 3,16c 4,19ª 3,77b 3,61c 4,26a 2,55d 1,90e 1,74e 0,87f 2,48d
Palmeira
Velha
3,86b 4,08b 4,59a 3,96b 3,55c 4,49a 4,06b 4,65a 3,14d 2,63e 2,20f 1,28g 2,47e
Médiasseguidasdamesmaletranalinhapertencemaomesmogrupoa5%deprobabilidadepelotestedeScotteKnott.
45
Figura 2 Númerode folhasemitidas porplanta decarnaubeiradaspopulações da
Fazenda Cajazeira (A) e Fazenda Santo Antônio (B) nos estágios de
desenvolvimentocapoteiro,novaevelhaduranteoperíododedezembrode2003a
dezembrode2004.
46
CONCLUSÕES
1. As duas populações de carnaubeira (Fazenda Cajazeira e Fazenda Santo
Antônio)apresentaramdivergênciafenotípicaparaacaractesticanúmerodefolhas
emitidas;
2. O comportamento das plantas de carnaubeira nos diferentes esdios de
desenvolvimentoavaliadosparaocaráternúmerodefolhasemitidasfoisemelhante
nasduaspopulações;e
3. A emissão de folhas da carnaubeira é acentuada no período das chuvas e
fortementereduzidanoperíododassecas,ouseja,nosmesesdesetembro,outubro
enovembro,nostrêsestádiosdedesenvolvimentoestudados.
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48
5CAPÍTULOII
Atributosfenológicosdacarnaubeiraefísicoquímicosdacerasobdiferentes
estratégiasdemanejodecortedasfolhas
RESUMO
Objetivouse nesse trabalho avaliar o efeito de diferentes estratégias de
manejodecortedefolhas,doestádiodedesenvolvimentoedotipodefolhasobre
númerodefolhas,produçãodepócerífero,razãoentreproduçãodepóceriferoe
número de folhas, teor de impurezas, teor de umidade e rendimento de cera em
carnaubeiras. O estudo foi realizado em uma população natural localizada na
FazendaCajazeira,municípiodeUnião,Piauí,Brasil.Asplantasamostradasforam
identificadas e, em seguida, classificadas em dois estádios de desenvolvimento:
capoteiro e palmeira adulta. As estratégias de manejo de corte avaliadas foram:
Manejo 1, umcorte apenas no início de agosto de 2008; Manejo 2,considerando
dois cortes, o 1º corte emagosto de2008 e o 2º corte em dezembro de 2008; e
Manejo3,umcorteapenasnoiníciodedezembrode2008.Porocasiãodoscortes,
asfolhas foram separadassegundo o tipode folhaemfolhanova ou folhavelha.
Foramrealizadas as análises de variância dos dados de cada manejo, além das
análises conjuntas envolvendo os dados dos manejos 1 e 3, e considerando os
dadosdosmanejos2e3.Otipodefolhadestacousecomoatributodaplantade
maior relevância na exploração comercial da carnaubeira, enquanto o estádio de
desenvolvimento não exerceu influência considerável. A melhor estratégia de
manejodecortedasfolhasdacarnaubeira,nascondiçõesestudadas,constituiuse
na realizão de umúnicocorteanual dasplantas no final doperíodoseco, mais
especificamente,docomeçodeoutubroatéoiníciodedezembro.
Palavraschave:Estádiodedesenvolvimento,épocadecorte,ceradecarnba,pó
cerífero
49
Phenologicalattributesofplantandphysicochemicalonesofthecarnauba
waxunderdifferentmanagementstrategiesforleavescutting
Abstract The objective of this work was to evaluate the effect of different
managementstrategiesofleavescutting,developmentstagesandleaftypesonthe
followingcharacteristics:leafnumber,waxpowderproduction,ratiobetweencerifero
dustproductionandleafnumber,moisturecontent,impuritiescontentandwaxyield
inanaturalpopulationofcarnaubalocatedattheCajazeiraFarm,districtofUnião,
Piauí, Brazil. The selected plants were identified and after that classified in two
developmentstages:capoteiroandadultpalm.Themanagementstrategiesofleaves
cutting were: management 1, one cut only at the beginning of august of 2008;
management2,consideringtwocuts,thefirstcutinaugustof2008andthesecond
cut in december of 2008; and management 3, one cut only at the beginning of
decemberof 2008.Duringthecutting,theleaveswereseparatedaccordingtoleaf
typeonthenewleaforoldleaf.Itwasperformedtheindividualanalysisofvariance
ofevaluatedcharacteristicsforeachmanagementandthejoinanalysisconsidering
themanagements1and3,andonesconsideringthemanagements2and3.Theleaf
type stood out as the plant attributes of greater relevance in the commercial
exploitation of carnauba, while the development stage not exercised considerable
influence. The best management strategy for cutting the leaves of carnauba
consistedinasingleannualcutat theendof the dryperiod,morespecifically,the
beginningofOctoberuntiltheearly December.
KeyWords:DevelopmentStage,cuttingtime,carnaubawax,waxpowder.
INTRODUÇÃO
A exploração da carnaubeira (
Copernicia prunifera
(Miller) H. E. Moore)
destacase como uma importante atividade geradora de emprego e renda para
comunidadesqueresidemnosemiáridonordestino,regiãonaqualestaespécieé
50
endêmica. Estimase que esta atividade chegue a ocupar em todo o Nordeste
Brasileiroumtotaldemãodeobraqueultrapassaas200milpessoasnopeodode
exploração(BEZERRA,2005).NoEstadodoPiauí,ondeseconcentramasmaiores
áreasdecarnaubais,acadeiaprodutivadacarnaúbageraocupaçãoparamaisde
50milfamíliasdebaixarenda,quersejapelaexploraçãodapalhaparaartesanato,
querpelaextraçãodopóceríferoeconfecçãodeceraparaindústria(LIRA,2004).
Aceradecarnaúbaconstituisenoprincipalprodutodevaloreconômicoda
carnaubeira. É obtida mediante processamento do pó cerifero, que se forma na
superfíciedasfolhas,comoumacamadaprotetora,paraevitaraperdaexcessivade
águaporevatotranspiração,noperíodosecoedeelevadastemperaturas.Napauta
de exportação do Estado do Piauí, a cera de carnaúba ocupa o segundo lugar,
ficandoatrásapenasdoagronegóciodasoja(SEFAZPI,2009).
Apesardaimportânciadestaespécie,aformadeexploraçãodacarnaubeiraé
essencialmenteextrativista,comforteescassezdeinformaçõesacercadaspráticas
demanejotecnológico.Relativoàextraçãodopóceríferodestacase,dentreoutras
atividades,omanejodecortedasfolhascomoimportante atividadenaexploração
dacarnaubeira.Contudo,aeficáciadestaatividadeébastantedependentedaépoca
derealizaçãodocorteedointervaloentrecortes.NoEstadodoPiauíencontramse
algumasvariaçõesemrelaçãoaomanejodecortedasfolhasadotado.Emalguns
casosérealizadoumcorteúnicoanualcomépocavariandodesdequeseestende
dejulhoatédezembro,oudeoutromodorealizamsedoiscortesporano,oprimeiro
noperíododejulhoaagostoeosegundonosmesesdenovembroadezembro.A
definiçãodessaatividadedemanejoédefundamentalimportânciaparaobtençãode
melhoresrendimentose,possivelmente,demelhoriastambémnaqualidadedacera.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes estratégias de
manejodecortedefolhas,dosestádiosdedesenvolvimentodaplantaedotipode
folhasobreascaracterísticas:número de folhas,produçãode pócerífero,relação
produção de pó e mero de folhas, teor de umidade, teor de impurezas e
rendimentodeceraemcarnaubeirasdeumapopulaçãonatural.
MATERIALEMÉTODOS
Oestudofoirealizadoemumapopulaçãonaturaldecarnaubeiralocalizada
naFazendaCajazeira,municípiodeUnião,EstadodoPiauí,Brasil,comlatitudede
51
4°28'20.30"S e longitude de 42°47'47.10"W. O clima predominante é Subúmido
úmido (C2), com precipitação média anual de 1300 mm (THORNTHWAITE e
MATHER,1955;ANDRADEJÚNIORetal.,2004).
Foramamostradas96carnaubeirassadiasehomogêneas,sendo48plantas
noestádio dedesenvolvimentocapoteiro (estipemedindo de1,00a2,50m) e48
plantasnoestádiodepalmeiraadulta(estipemedindoacima,de2,5m).Asplantas
selecionadasforam identificadase,em seguida,divididasemdoisgrupos de igual
tamanho,deformaquecadagrupofoicompostopor24plantasnoestádiocapoteiro
epor24plantasnoestádiodepalmeiraadulta.
Num primeirogrupode 48carnaubeiras realizouse ocorte das folhas em
duasépocas:primeirocortenoiníciodeagostode2008esegundocortenoicio
de dezembro de 2008. Enquanto que no segundo grupo de plantas, o corte das
folhasfoirealizadoapenasnoiníciodedezembrode2008.Aparcelafoiconstituída
porquatroplantas.
Emfunçãodasestratégiasdecorte,definiramsediferentesmanejos,quais
sejam:Manejo1,corterealizadonoiníciodeagostode2008;Manejo2,cortesem
agostoenoiniciodedezembrode2008realizadosnomesmogrupodeplantas;e
Manejo 3, corte no segundo grupo de plantas apenas no inicio de dezembro de
2008.
Em cada parcela, o corte das plantas e a subseqüente extração do pó
ceríferoforamefetuadosseguindoométodotradicionalusadopelosextrativistasda
região(d’ALVA,2007).Primeiramente,foramcortadasaspalhasoufolhascomuso
defoiceacopladaaumavara,conduzidaporumcortadordepalhasou“vareiro”.Em
seguida,osaparadoresretiraramcomauxíliodefacãoospecíolosdasfolhasrecém
cortadas,separandoasconcomitantementesegundootipodefolhaem folhasnovas
efolhasvelhas,organizandoasemfeixesde50folhasparatransporteatéolocalde
secagemeextraçãodopó.Posteriormente,asfolhasforamriscadas,comauxíliode
umafaca,individualmentenosentidolongitudinalecolocadasparasecagemaosol.
Os feixesdecadaparcelaforampostosem umasalafechadacompiso revestido
porlonaplásticaependuradosporumacordapararealizaçãodabateduramanual,
com um instrumento de madeira ou “porrete”,coma finalidade remover o pó das
folhas. Posteriormente as amostras de pó cerífero colhidas, por parcela, foram
52
pesadas ebeneficiadas para obtençãodacera, segundo metodologia descritapor
protocolosdasindústriasdeceradaregião
1
.
As características avaliadas nesse estudo foram: mero de folhas (NF),
produçãodepócerífero,emgramas(PP),relaçãoPP/NF,teordeumidade(U,%),
teordeimpurezas(Imp,%)erendimentoemceraapartirdopóbeneficiado(Rend,
%).
Foramrealizadasasanálisesdevariânciadosdadosparacadaestratégia
demanejoanteriormentedefinidadeacordocomummodeloestatísticonoesquema
de parcelas subdivididas 2 x 2, sendo os dois estádios de desenvolvimento
(capoteiroepalmeiraadulta)nasparcelaseosdoistiposdefolha(folhanovaefolha
velha)nassubparcelas.Realizaramse,ainda,asseguintesanálisesconjuntas:uma
primeiraconsiderandoosmanejos1e3,ouseja,diferentesépocasderealizaçãodo
1ºcorte;eumasegundaconsiderandoosdadosdomanejo2(somadosdadosdo
1ºcortee2ºcorte)emanejo3.Nesteúltimocaso,permitindoconfrontarosmanejos
dediferentesnúmerosdecorterealizados.
RESULTADOSEDISCUSSÃO
A precisão experimental é um aspecto de grande relevância na pesquisa
científica,poisdeladependetodaaqualidadedeinformaçãoquepossaserextraída
a partir da análise dos dados coletados (STELL, TORRIE e DICKEY, 1997).
Tomando como base o coeficiente de variação (C.V.), parâmetro comumente
empregadocomoumindicadordaprecisãoexperimental,observouse,apartirdas
análises de variâncias por estratégia de manejo, maiores valores de C.V.,
destacadamente,paraascaracterísticasNF,PP,PP/NFeImp,enquantoqueparao
Rend,osvaloresdeC.V.foramconsistentementemenores(Tabela1).
Na exploração agroeconômica da carnaubeira, vários aspectos inerentes à
plantaprecisamserconsiderados,comoexemplo,oestádiodedesenvolvimentoeo
tipo de folha. Em relação ao estádio de desenvolvimento, observouse que, em
geral,houvesignificância(P<0,05)paraNF,PP,PP/NFeUnosdiferentesmanejos
de corte das folhas (Tabela 1). Para o caráter NF, as plantas no estádio adulto
apresentaram em média 20 folhas por planta.ano
1
, enquanto que no estádio
1
Metodologiadepropriedadeparticular
53
capoteiro estevalor foi de 10folhas por planta.ano
1
(Tabela 2). Este resultado é
concordantecomorelatadonaliteraturanoqueconcerneàcarnaubeiranoestádio
adulto.Santos(1979)evidenciaque,emmédia,umapalmeiraadultaemitede15a
20folhasaoano.ParaCarvalho(1982)estenúmeroé,emmédia,de15folhaspor
planta.ano
1
, enquanto d’Alva (2007) considera que uma planta adulta pode
apresentar de20 até 100 folhas ao ano, sendo que o mero de folha olhos por
palmeirapodevariarde4a12folhas.
Tabela 1. Resumo da análise de variância das características mero de folhas
(NF), produção de pó cerifero (PP), relação PP/NF, teor de umidade (U),teor de
impurezas (Imp) e rendimento em cera (Rend) em carnaubeiras submetidas a
diferentes estratégias de manejo de corte das folhas em função do estádio de
desenvolvimento(ED)etipodefolha(TF).
Fontede
Variação
G.L.
Quadradosmédios
NF PP(g) PP/NF U(%) Imp(%) Rend(%)
Manejo1–CorteemAgostode2008
ED 1 8664,0** 19402,34** 1,98* 1,22
n.s.
197,85
n.s.
244,16
n.s.
Erro(a) 10 175,5 1344,62 0,20 0,41 111,71 117,35
TF 1 32560,7** 5582,43** 1,17** 1,82** 2295,37** 2379,04**
EDxTF 1 1568,2* 1691,93
n.s.
0,16* 0,03
n.s.
226,01
n.s.
236,19
n.s.
Erro(b) 10 190,6 447,72 0,03 0,07 91,8 91,55
Médiageral 63,6 44,47 0,74 1,89 33,17 65,03
C.V.(%)(a) 20,83 82,45 61,27 34,02 31,86 16,66
C.V.(%)(b) 21,71 47,58 23,83 13,58 28,88 14,71
Manejo2–CortesemAgostoeDezembrode2008
ED 1 16537,5** 36100,30** 1,58* 2,09* 139,64
n.s.
183,25
n.s.
Erro(a) 10 220,5 1642,24 0,18 0,27 59,98 64,46
TF 1 46816,7** 9227,29** 1,29** 1,90** 1447,71** 1531,36**
EDxTF 1 3037,5** 3521,83* 0,03
n.s.
0,06
n.s.
145,05
n.s.
147,44
n.s.
Erro(b) 10 238,3 396,43 0,03 0,08 30,98 31,05
Médiageral 81,7 62,51 0,81 1,80 29,52 68,74
C.V.(%)(a) 18,18 64,82 52,34 28,98 26,24 11,68
C.V.(%)(b) 18,90 31,85 20,23 15,81 18,85 8,11
Manejo3–CorteemDezembrode2008
ED 1 7740,0** 43476,74** 4,30* 0,65** 0,38
n.s.
12,82
n.s.
Erro(a) 10 456,0 1667,08 0,83 0,04 100,24 96,37
TF 1 28085,0** 7559,02* 11,46** 3,71** 4089,35* 4044,57*
EDxTF 1 2795,0* 3582,66
n.s.
0,67
n.s.
0,03
n.s.
24,64
n.s.
50,17
n.s.
Erro(b) 10 500,1 1289,52 0,70 0,07 75,62 75,48
Médiageral
59,2
84,50 1,74 1,07 22,46 76,02
C.V.(%)(a)
36,07
48,34 52,34 19,79 44,57 12,91
C,V,(%)(b)
37,77
42,51 47,98 25,22 38,71 11,43
n.s.
,*,**nãosignificativo,significativoa5%ea1%deprobabilidade,respectivamente,pelotesteF
EmrelaçãoaoscaracteresPPePP/NF,observousequeocomportamento
médiodasplantasnoestádioadultofoisuperioraodasplantasnoestádiocapoteiro
54
(Tabela2).ParaoscaracteresImpeRendnãofoiverificadadiferençasignificativa
(P>0,05)entreosestádiosdedesenvolvimentonosmanejosavaliados(Tabelas1).
Os valores médios do Rend segundo o estádio de desenvolvimento variaram de
61,84%a76,75%,enquantoqueparaaImpestesvaloresficaramentre22,33%a
31,93% (Tabela 2). Costa Filho (2003) avaliando essas mesmas características
encontrou valores que variaram de 85,14%a 94,87% para o Rend e de 4,14% a
12,38%paraaImp.Essadiscordâncianosvaloresdeveuseaofatodequeemseu
trabalhoCostaFilho(2003)empregousecadorsolaremáquinaparabateduradas
palhas,aumentandoaeficiênciadoprocessodeextraçãodopó.
Tabela2.Valoresmédiosdascaracterísticasnúmerodefolhas(NF),produçãodepó
cerifero (PP), relação PP/NF, teor de umidade (U), teor de impurezas (Imp) e
rendimentoemcera(Rend)decarnaubeirassubmetidasadiferentesestratégiasde
manejoemfunçãodoestádiodedesenvolvimentoetipodefolha.
ATRIBUTODA
PLANTA
NF
1/
PP(g) PP/NF U(%) Imp(%) Rend(%)
Manejo1–CorteemAgostode2008
Estádiode
desenvolvimento
Capoteiro 44,58b 16,04b 0,45b 2,11a 36,04a 61,84a
Palmeira
Adulta
82,58a 72,90a 1,02a 1,66a 30,30a 68,22a
TipodeFolha
Folha
Nova
26,75b 29,22b 0,96a 1,61b 23,39b 74,99a
Folha
Velha
100,42a 59,72a 0,52b 2,17a 42,95a 55,08b
Manejo2–CortesemAgostoeDezembrode2008
Estádiode
desenvolvimento
Capoteiro 55,41b 23,73b 0,55b 2,10a 31,93a 65,98a
Palmeira
Adulta
107,92a 101,30a 1,07a 1,51b 27,10a 71,50a
TipodeFolha Folha
Nova
37,50b 42,91b 1,04a 1,52b 21,75b 76,73a
Folha
Velha
125,83a 82,12a 0,58b 2,09a 37,29a 60,75b
Manejo3–CorteemDezembrode2008
Estádiode
desenvolvimento
Capoteiro
41,25b 41,90b 1,32b 1,24a 22,33a 75,29a
Palmeira
Adulta
77,17a 127,03a 2,17a 0,91b 22,59a 76,75a
TipodeFolha Folha
Nova
25,00b 66,72b 2,43a 0,68b 9,41b 89,00a
Folha
Velha
93,41a 102,21a 1,05b 1,46a 35,52a 63,04b
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem significativamente a 5% de
probabilidadepelotesteF.
1/
Médiaemníveldeparcelaconstituídaporquatroplantas.
Concernenteaotipodefolhaverificousequeesteatributodacarnaubeirafoi
o que mais contribuiu para a variação observada nos caracteres avaliados nos
diferentes manejos de corte considerados (Tabela 1). Evidenciouse que para os
55
caracteres NF, PP, U e Imp, a folha velha apresentou valores médios
significativamente superiores aos da folha nova (Tabela 2). No entanto para os
caracteres PP/NF e rendimento em cera, o tipo de folha nova apresentou
estatisticamente maiores médias (Tabela 2). Concernente à variável Rend as
diferençasobservadasnosmanejos1,2e 3foramde19,91%, 15,98%e25,96%,
respectivamente (Tabela 2). Portanto, relativo às características observadas pela
indústria,asquaisesodiretamente ligadascoma qualidadedacera,aatividade
deseparaçãodasfolhasporocasiãodacolheitaé altamenterecomenvel.Além
disso, temse o aspecto diferenciado da agregação de valor econômico à cera
provenientedetiposdiferentesdefolha.
Emgeral,ofoiverificadainteraçãosignificativa(P>0,05)paraoefeitoda
interação estádio de desenvolvimento x tipo de folha (Tabela 1). Obtevese
significância para este efeito de interação consistentemente nas diferentes
estratégias de manejo avaliadas apenas para o caráter NF (Tabela 1). Contudo,
verificousequeessainteraçãofoiemgeraldotiposimples,ouseja,semprovocar
alteraçõesmarcantesnoordenamentodasmédias.
Umaquestãodegrandeinteressenotocanteaomanejodecortedasfolhas
é a definição da melhor época para sua realização, sobretudo quando o manejo
adotadoseconstituiemapenasumcorteanual.Comparandoseocomportamento
das plantas submetidas ao Manejo 1 versus àquelas submetidas ao Manejo 3,
notouse que para os caracteres estudados, em geral, não houve interações
significativas (P>0,05) entre o manejo com os atributos da planta estádio de
desenvolvimentoetipodefolha,destacandose,nestecaso,asignificância(P<0,05)
paraadiferençaentremanejosdecorteparaamaioriadoscaracteres(Tabela3).
Constatousequepostergararealizaçãodocorteprovocoualterõessignificativas
emquasetodososcaracteres,excetoNF,resultandonumamaiorproduçãodepó
cerífero, maior rendimento em cera e queda significativa no teor de impurezas
(Tabela4).Aexplicaçãoparaesteresultadoestáatreladaprovavelmenteàausência
praticamentetotaldechuvaseàelevaçãodatemperaturanoperíododeagostoa
dezembro. Nessacondiçãoclimática, a plantaativa mecanismos responsáveis por
minimizaraperdaexcessivadeáguaporevapotranspiração,como,porexemplo,o
fechamentodosestômatos(TAIZeZEIGER,2004)e,maisespecificamentenocaso
da carnaubeira, tamm ocorre a formação de uma camada de pó cerífero na
56
superfíciedasfolhas,resultantedasínteseclorofilianaedacombinaçãodeácidose
alcoóis(SANTOS,1979;CARVALHO,1982).
Tabela3. Resumodaanálisedevariânciaconjuntadascaractesticasnúmerode
folhas(NF),produçãodepócerifero(PP),relaçãoPP/NF,teordeumidade(U),teor
de impurezas (Imp) e rendimento emcera (Rend) decarnaubeiras submetidas ao
manejo1oumanejo3.
Fontede
Variação
G.L.
Quadradosmédios
NF
PP
(g)
PP/NF
U
(%)
Imp
(%)
Rend
(%)
Manejo(M) 1 229,7
n.s.
19192,00** 12,15** 8,06** 1376,34** 1448,59**
Estádiode
desenvolvimento
(ED)
1 16391,0** 60483,00** 6,05** 1,83* 107,79
n.s.
184,44
n.s.
MxED 1 13,0
n.s.
2395,60
n.s.
0,22
n.s.
0,04
n.s.
90,45
n.s.
72,54
n.s.
Erro(a) 20 315,8 1505,85 0,52 0,23 105,97 106,86
Tipodefolha(TF) 1 60563,0** 13067,00** 9,98** 5,35** 6256,10** 6313,78**
EDxTF 1 4275,2** 5099,33* 0,74
n.s.
0,00
n.s.
50,70
n.s.
34,32
n.s.
MxTF 1 82,7
n.s.
74,75
n.s.
2,65* 0,17
n.s.
128,61
n.s.
109,84
n.s.
MxEDxTF 1 88,0
n.s.
175,26
n.s.
0,09
n.s.
0,06
n.s.
199,96
n.s.
252,04
n.s.
Erro(b) 20 345,4 868,60 0,36 0,07 83,71 83,52
Médiageral 61,4 64,5 1,2 1,5 27,8 70,5
CV(a) 28,9 60,16 60,09 31,97 37,02 14,66
CV(b) 30,26 45,69 50,00 17,63 32,91 12,96
n.s.
,*,**nãosignificativo,significativoa5%ea1%deprobabilidade,respectivamente,pelotesteF
Tabela4.Valoresmédiosdonúmerodefolhas(NF),produçãodepócerifero(PP),
relaçãoPP/NF,teordeUmidade(U),teordeimpurezas(Imp)ederendimentoem
cera(Rend)emcarnaubeirassubmetidasaomanejo1oumanejo3.
Características
Manejo
Manejo1 Manejo3
NF 63,6a 59,2a
PP(g) 44,47b 84,50a
PP/NF 0,74b 1,74a
U(%) 1,89a 1,07b
Imp.(%) 33,17a 22,46b
Rend.(%) 65,03b 76,02a
Médias seguidas de mesma letra, na linha, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidadepelotesteF.
Naexploraçãodacarnaubeiraumapráticacomuméarealizãodeapenas
um corte anual das folhas. Contudo, devido a resiliência da planta, ou seja, a
capacidade de recuperação da planta em termos de emissão de folhas, alguns
extrativistas praticam o manejo com dois cortes anuais. A fim de verificar a
viabilidadedoempregodeummanejocomdoiscortesanuais(Manejo2)versuso
57
manejo de apenas umcorte anual(Manejo 3) realizouse a análiseconjunta,cujo
resultadoéapresentadonaTabela5.
Tabela 5. Resumo da análise de variância conjunta para mero de folhas (NF),
produção de pó cerifero (PP), relação PP/NF, teor de umidade (U), teor de
impurezas (Imp) e de rendimento em cera (Rend) em carnaubeira submetidas ao
manejo2oumanejo3.
Fontede
Variação
G.L.
Quadradosmédios
NF
PP
(g)
PP/NF
U
(%)
Imp
(%)
Rend
(%)
Manejo(M) 1 6052,5** 5781,63
n.s.
10,42** 6,42** 597,17* 635,83*
Estádiode
desenvolvimento
(ED)
1 23453,0** 79406,00** 5,54** 2,54** 77,29
n.s.
146,50
n.s.
MxED 1 825,0
n.s.
171,31
n.s.
0,33
n.s.
0,21
n.s.
62,72
n.s.
49,57
n.s.
Erro(a) 20 338,3 1654,66 0,51 0,16 80,11 80,42
Tipodefolha(TF) 1 73712,0** 16745,00** 10,22** 5,46** 5201,67** 5276,67**
EDxTF 1 5830,0** 7104,36** 0,48
n.s.
0,00
n.s.
25,06
n.s.
12,80
n.s.
MxTF 1 1190,0
n.s.
41,55
n.s.
2,53* 0,15
n.s.
335,38* 299,25*
MxEDxTF 1 2,5
n.s.
0,13
n.s.
0,22
n.s.
0,08
n.s.
144,64
n.s.
184,81
n.s.
Erro(b) 20 369,2 842,98 0,36 0,08 53,30 53,27
Médiageral 70,43 73,48 1,27 1,43 25,98 72,37
CV(a) 26,11 55,35 56,23 27,97 34,45 12,39
CV(b) 27,28 39,51 47,24 19,78 20,08 10,08
**,*Significativoa1e5%deprobabilidade,respectivamente,pelotesteF.
Verificouse que houve efeito significativo (P<0,05) do manejo para as
características avaliadas, exceto PP (Tabela5). Enquantoque, em geral, para os
demais efeitos de interação do modelo em que o fator manejo participa não foi
observada significância (P<0,05), conforme Tabela 5. Mostrando que o efeito do
estádio de desenvolvimento e do tipo de folha não foi influenciado pelo manejo
empregado.
DeacordocomaTabela6,constatasequenoManejo3,apesardomenor
NF,amédiadaPPfoisuperioraalcançadanoManejo2.OvalormédiodoPP/NF
observadonoManejo3foide1,74g,enquantoqueCostaFilho(2003)comusode
secador solar e extração por meio de máquina, obteve produção média de pó
ceriferoporfolhade7,35g.AindanaTabela6,observasequeoRenddasplantas
submetidas ao manejo 3 foi de 76,01% superior ao alcançado com o manejo 2
(68,73%). Portanto, a realização de dois cortes anuais não trouxe vantagens do
pontodevistadaexploraçãoracionalparacarnaubeira,podendoaindatrazermais
efeitos negativos em longoprazo, como a diminuição da viabilidade comercial do
carnaubalemvirtudedaformaintensivadeexploração.
58
Tabela6.Valoresmédiosdenúmerodefolhas(NF),Produçãodepócerifero(PP),
relaçãoPP/NF,teordeumidade(U),teordeimpurezas(Imp)erendimentoemcera
(Rend)emcarnaubeirassubmetidasaomanejo2oumanejo3.
Característica Tipodemanejo
TipodeFolha
Média
Nova Velha
NF
Manejo2 37,5a 125,8a 81,7a
Manejo3 25,0b 93,4b 59,2b
PP(g)
Manejo2 42,91b 82,12b 62,51b
Manejo3 66,71a 102,21a 84,46a
PP/NF
Manejo2 1,04b 0,58b 0,81b
Manejo3 2,43a 1,05a 1,74a
U(%)
Manejo2 1,52a 2,08a 1,80a
Manejo3 0,67b 1,46b 1,06b
Imp(%)
Manejo2 21,75a 37,28a 29,51a
Manejo3 9,41b 35,51b 22,46b
Rend(%)
Manejo2 76,72b 60,75b 68,73b
Manejo3 89,00a 63,03a 76,01a
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidadepelotestedeF.
A partir dos resultados obtidos, observouse que algumasvariáveis parecem
sermaisfortementeinfluenciadaspeloambiente,comoéocasodocaráterPP.Este
caráteréaltamentedependentedavariaçãodosfatoresclimáticose/ouedáficos.A
partirdisso,induzsequeasuaherdabilidadesejabaixa,detalsortequepodevir
dificultar a possibilidade de ganho com a seleção. A quantificação do PP, assim
como de outros caracteres, como o teor de impurezas, este último diretamente
relacionado com a qualidade da cera, é grandemente afetada pelas atividades
operacionaisrealizadasparasuaextração,especialmentenasetapasdesecageme
batedura. Neste contexto,Kempton e Fox (1997) relatam sobre a necessidade do
empregodeferramentasdemensuraçãodasvariáveisdeapropriadaacurácia,sob
penadaimpossibilidadededetecçãodesignificânciaparaefeitosemestudo.
Finalmente, em relação ao melhoramento genético da carnaubeira, o
interessemaior do melhoristaseria obtergenótipos superiores, que associemalta
produtividade de cera e um período juvenil mais curto. No entanto, o caráter
produtividade de cera está diretamente relacionado comvários outros caracteres,
como número de folhas, produção de pó cerífero e rendimento de cera. Dessa
forma,aherdabilidadeesperadaparaprodutividadedeceraébaixa,oquepoderia
dificultaraobtençãodeganhospormeiodeseleção.Nessecaso,indubitavelmente,
aalternativaparafinsdemelhoramentoseriaaumentarocontroleambiental,como
59
intuito de atenuar efeitos que venham a acentuar o erro experimental e, assim,
aumentaraherdabilidade.
CONCLUSÕES
1Otipodefolhadestacousecomoatributodaplantademaiorrelevância
na exploração comercial da carnaubeira, enquanto que o estádio de
desenvolvimentonãoexerceuinfluênciaconsiderável.
2Amelhorestratégiademanejodecortedasfolhasdacarnaubeira,nas
condições estudadas, constituiuse na realização de um único corte anual das
plantasnofinaldoperíodoseco,maisespecificamente,docomodeoutubroatéo
iníciodedezembro.
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