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Os demais revivalismos citados podem ser entendidos como códigos estilísticos a serem
utilizados conforme o sentimento que se deseja despertar:
O Neogrego exprime severidade, majestosa simplicidade, pureza, severidade,
moderação, moralidade e atemporalidade. Era o estilo preferido para instituições
financeiras, monumentos comemorativos, memoriais e Academias. Seu uso em outros
programas, sobretudo religiosos, como a Igreja de Madeleine, em Paris, não está ligado à
tipologia estilística, mas ao pensamento revivalista neoclássico. Os edifícios típicos
desta tendência são o templo retangular períptero, ou apenas o seu pórtico principal, o
templo circular períptero, o propileu, etc.
O Neo-Romano inspira-se na descoberta arqueológica das ruínas de Herculano, em
1719, da Vila Adriano, em 1737, e de Pompéia, em 1748. O edifício romano usa os
elementos típicos gregos, mas lhes acrescenta o uso de arcos. Muitas vezes, o uso das
ordens –colunas, arquitraves etc. – aparece em forma de pilastras e modinatura. O
espírito prático e objetivo dos romanos, e a herança etrusca de grandes construtores, vão
oferecer uma alternativa à severidade viril grega, acrescentando-lhe a retórica
magnificente, a maior articulação e a monumentalidade espacial. Os edifícios típicos
romanos são o 'arco do triunfo', a basílica, as termas, o panteon e a casa de pátio, entre
outros, utilizados no século XIX para temas institucionais como capitólios, foros,
Academias, e qualquer tipo de edifício civil monumental, além da tradicional basílica,
para templos religiosos católicos e protestantes.
O Neo-Renascimento vai acrescentar, à galeria de tipos estilísticos, o palazzo e a
composição astilar, utilizados de forma insistente para todos os programas oitocentistas,
inclusive na aplicação de fachadas para as construções politécnicas – estações,
mercados, galerias. Na teoria associacionista, o Renascimento significa o mercantilismo,
a visão prática, a construção econômica.
O Neobarroco, tem como inspiração a arquitetura setecentista, que está ligada
socialmente à aristocracia em seu melhor momento, religiosamente, à contra-reforma e
às ordens seculares. Ressalta o desenho individual, o capricho, o artifício, o drama, o
dialogismo. É a arquitetura dos grandes efeitos de perspectiva, da espacialidade, tanto
internamente quanto com relação à cidade. Grandes edifícios barrocos, igrejas, palácios,
vão emprestar seus elementos – volutas, frontões sinuosos, colunatas de colunas duplas –
, principalmente, para grandes equipamentos urbanos de lazer e cultura – óperas, grandes
teatros, museus, Academias –, palácios para fins governamentais e residenciais, e mesmo
para catedrais.
[...] Embora sem a abrangência do Neogótico, a arquitetura Neo-Românica vai dividir
com este a preferência dos arquitetos ecléticos, neste caso restringindo-se quase sempre
a motivos religiosos e, raramente, a programas militares. Na teoria associacionista,
enquanto o gótico representa a exuberância, a luz e a verticalidade, o românico
representa o fechamento e a interiorização. Os edifícios românicos são muitas vezes
"fortalezas de Deus". O uso do arco de meia volta, em lugar da ogiva, e a predominância
de cheios são as principais diferenças. Outras características derivam das práticas
construtivas românicas e de seu figurativismo próprio. No primeiro caso, temos o uso do
arco triunfal, também chamado arco do cruzeiro, os contrafortes, ao invés dos arcos
botantes, e a abóbada de berço, substituindo, às vezes, as abóbadas de arestas. No
segundo caso, temos os capitéis cúbicos, de flautas, historiados, as galerias, as
arquivoltas, os intra-dorsos escalonados em meia volta, e uma grande coleção de frisos.