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INTRODUÇÃO
[...] Ano novo, após as férias, os primeiros momentos de seu
retorno à escola são de comentários sobre o descanso e os passeios,
todos se cumprimentam e contam as novidades. É, mas as férias findaram
e é hora de pôr a mão na massa. Descansado, ele tem muitas idéias que
deseja pôr em prática, precisa de um tempo para conversar com os
colegas e juntos planejarem o início do trabalho, como será o primeiro
contato com os novos alunos, como diagnosticar o novo grupo de trabalho
para saber de onde partir antes de determinar aonde poderá chegar.
A primeira semana é toda de reuniões, o que ele acha inviável.
Melhor seria se deixassem pelo menos um dia de planejamento para
depois de algum tempo de contato com a classe, mas isso não é ele quem
decide.
Primeiro dia: informes administrativos, quem fica, quem sai, quem
muda de função, horários etc. Também é o momento em que ele fica
sabendo que três classes foram fechadas, três de seus colegas ficarão
sem trabalho e ele terá um número maior de alunos, e, se já não era fácil
com trinta e cinco, agora com quarenta, cinqüenta é melhor nem pensar,
mas ele se preocupa e procura um meio de atendê-los, sabe que deve
haver alguma solução, talvez formando grupos... Ele está apreensivo e
temeroso com a nova situação, mas é início de ano, ele está bastante
disposto e animado, o desafio o estimula a refletir.
Segundo dia: aprovar o calendário escolar que já está pronto e que
de certa forma acaba sendo imposto. Para cumprir duzentos dias letivos
apela-se para as festas aos sábados. Quatro, seis, oito sábados em que
deverá trabalhar. Ele não se nega a trabalhar nas festas, pois sabe que
elas têm um valor social de integração da comunidade, mas contesta que
esses eventos contem no calendário como dia letivo; afinal, a folga aos
sábados é um direito adquirido a duras penas e montar o calendário dessa
forma é dar brecha à perda desse direito.
Terceiro dia: o serviço de secretaria está atrasado, ainda não
verificaram se a documentação dos alunos está completa nas pastas.
Também não foi definido o espaço físico, que classe ocupará cada sala
etc. Mas... professor está sempre disposto a colaborar, e hoje é dia de
solicitarem a ele que execute essas tarefas para que se comece o trabalho
com a parte burocrática em dia. Realmente ele atende ao pedido, porém
pergunta-se: esta semana não seria reservada para o planejamento?
Quando teremos tempo para elaborar o que vínhamos pensando a respeito
da continuidade dos projetos iniciados no ano anterior? Estávamos tão
animados ao final do ano, nas férias as idéias amadureceram em nossas
cabeças. Quando poderemos conversar a respeito? Ele está ansioso.
Quarto dia: retomada das avaliações finais do ano anterior. Ele se
anima, agora vamos traçar juntos os objetivos gerais da escola. Doce
ilusão... eles já estão prontos, ele discute, concorda com algumas coisas,
discorda de outras, é polêmico o assunto e, ao final, ele descobre que até
o plano está pronto e que o tema central a ser trabalhado já está definido.
Não adianta chiar, ele não tem escolha. Ele se decepciona, as coisas não
vão acontecer como havia planejado...
Quinto dia: finalmente chegou a hora de planejar, mas não é só o
diagnóstico como ele desejava. Ele terá de planejar em um único dia, para
o ano todo, por ciclo e por área dentro de um tema que ele não escolheu,
que não pesquisou, do qual não tem idéia nenhuma formada em sua