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No SAEB 2001, na área de Língua Portuguesa, optou-se por avaliar somente
habilidades de leitura. Um bom leitor, além de mobilizar conhecimentos
cognitivos básicos, de ativar conhecimentos prévios partilhados e relevantes ao
contexto, recorre aos seus conhecimentos lingüísticos para ser capaz de perceber
os sentidos, as intenções - implícitas e explicitas- do texto e os recursos que o
autor utilizou para significar e atuar verbalmente. (SAEB, 2001. Novas
perspectivas. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS
EDUCACIONAIS. SAEB, 2001: novas perspectivas. Brasília INEP, 2002)
Podemos observar, portanto, o que Gadotti (2007, p.7) nos lembra: “cada vez mais os
sistemas de ensino preocupam-se com a formação do leitor jovem”. Dessa forma, os
professores de Língua Portuguesa, em especial, preocupam-se com a formação de um leitor
crítico, mas cabe aí uma tarefa não muito fácil, visto que a gama de informação e
conhecimentos deve ser muito vasta para a construção dessa prática leitora. Muitas vezes, o
próprio professor desconhece teorias e estratégias que possam contribuir para o trabalho de
leitura em sala de aula, como por exemplo, a teoria sociocognitiva de leitura, o conceito de
gêneros discursivos, a possibilidade de ensinar aos alunos algumas estratégias de leitura e
estudos específicos sobre os gêneros discursivos com que trabalha em sala de aula por
sugestão dos materiais didáticos disponíveis.
Isso acontece porque muitos professores tiveram uma formação essencialmente
tradicional, a qual, como explica Bezerra (2007), era voltada para a exploração da gramática
normativa privilegiando um estudo prescritivo e analítico da língua. Em outras palavras, o
ensino de Língua Portuguesa privilegiava exclusivamente o estudo dos elementos fonéticos,
morfológicos e sintáticos. Somente mais tarde, com o avanço dos estudos lingüísticos e
subáreas, entre elas a Lingüística Aplicada, que muitas teorias foram propostas para explicar a
língua e descrever o processo de ensino aprendizagem.
Os próprios cursos de Letras, até alguns anos atrás, não formavam professores com a
abordagem sócio-discursiva da linguagem. Exige-se atualmente, portanto, uma prática de
ensino da língua materna que não foi ensinada aos professores há um certo tempo. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1998), adotando uma perspectiva sócio-
discursiva para o ensino da linguagem, propõem novos caminhos e desafios para os
professores. Embora a proposta do documento, teoricamente, seja interessante, a forma como
é exposta dificulta a compreensão por parte do público não familiarizado com as novas teorias
sobre a linguagem. Compreender as propostas dos PCN, portanto, é mais um desafio a ser
enfrentado pelos professores.
Segundo Silva (2006), é possível encontrar nos PCN muitos conceitos-chave que são
utilizados de forma equivocada, com uma duplicidade de significação ou com o conceito