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UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP
CAMILA ROCHA CARRENHO
ANÁLISE DE ATORES SOCIAIS QUANTO AO USO DE TECNOLOGIAS
ALTERNATIVAS E MITIGADORAS DE IMPACTO AMBIENTAL POR
EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS EM BONITO, MATO GROSSO DO SUL
CAMPO GRANDE – MS
2009
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2
CAMILA ROCHA CARRENHO
PERCEPÇÃO POR ALGUNS ATORES SOCIAIS QUANTO AO USO DE
TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS E MITIGADORAS DE IMPACTO AMBIENTAL
POR EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS EM BONITO, MATO GROSSO DO SUL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em nível de Mestrado Acadêmico em
Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da
Universidade Anhanguera - UNIDERP, como parte
dos requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento
Regional.
Orientação:
Profa. Dra. Regina Sueiro de Figueiredo
Prof. Dr. José Sabino
CAMPO GRANDE – MS
2009
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4
5
Dedico este projeto aos meus pais, que me
incentivaram e amparam aesta fase de minha
vida.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar aos meus pais que me incentivaram a vir buscar meu
ideal, e me proporcionaram tamanho sonho.
Ao meu irmão que de sua própria maneira me demonstrou o valor das coisas que
possuo, e a ver como todas eram merecidas.
A Prof
a
Dra. Regina Sueiro Figueiredo que além de todo apoio e coordenação de
meu projeto, foi muito compreensível e maleável e teve muita paciência e
compreensão com minhas ausências e demoras.
Ao Professor José Sabino que quando solicitado me atendeu de prontidão e
contribuiu com riqueza de detalhes para este trabalho.
A todos os professores que fizeram e ainda fazem parte desta minha jornada,
alguns por me instigarem a mostrar que sou capaz, e outros por me incentivarem até
quando eu não mais persistia.
E por último aos meus amigos, que sempre estiveram ao meu lado.
7
“É na experiência da vida que o homem
evolui”
Chico Xavier
8
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................
viii
LISTA DE QUADROS.....................................................................................
ix
RESUMO ........................................................................................................
x
ABSTRACT ....................................................................................................
xi
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................
12
2 CAPÍTULO 1 - REVISÃO DE LITERATURA .............................................
15
2.1 TURISMO .................................................................................................
15
2.2 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO ............................................................
17
2.3 TURISMO ECOLÓGICO ..........................................................................
19
2.4 CARACTERIZAÇÃO DE BONITO/MS E EVOLUÇÃO TURISTICA..........
20
2.5 TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS E MITIGADORAS DE IMPACTOS
AMBIENTAIS .............................................................................
.....................
25
3 MATERIAL E MÉTODOS ...........................................................................
32
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................
35
CAPÍTULO 2 - PERCEPÇÃO DE ATORES SOCIAIS QUANTO AO USO
DE TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS E MITIGADORAS DE IMPACTO
AMBIENTAL POR EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS EM BONITO,
MATO GROSSO DO SUL ..............................................................................
39
A PREOCUPAÇÃO COM O AMBIENTE ........................................................
40
ORIGEM DO TURISMO E SUA SEGMENTAÇÃO.........................................
42
TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS E MITIGADORAS DE IMPACTOS
AMBIENTAIS...................................................................................................
47
MATERIAL E MÉTODO .................................................................................
53
ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................
53
RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................
55
DEPOIMENTO DOS EMPREENDEDORES HOTELEIROS ..........................
60
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................
62
RECOMENDAÇÕES.......................................................................................
63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................
64
APÊNDICE A..................................................................................................
67
APÊNDICE B..................................................................................................
69
ANEXO A........................................................................................................
71
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- Mapa do município de Bonito em Mato Grosso do Sul.................... 20
FIGURA 2 – Hotel Pirá Miúna ........................................................................... 32
FIGURA 3 – Águas de Bonito Hotel Pousada..................................................... 32
FIGURA 4 – Hotel Fazenda Cachoeira............................................................... 33
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Dimensão da importância do uso das ecotécnicas na visão dos
atores envolvidos na pesquisa...............................................................................
35
TABELA 2 - Dimensão do conhecimento das ecotécnicas na visão dos atores
envolvidos..............................................................................................................
36
TABELA 3 - Dimensão da responsabilidade dos danos causados ao ambiente
na visão dos atores envolvidos..............................................................................
37
TABELA 4 – Propostas para solucionar os danos causados ao ambiente na
visão dos atores envolvidos...................................................................................
38
TABELA 5 – Responsáveis pelos danos casados ao ambiente na visão dos
atores envolvidos...................................................................................................
39
TABELA 6 - Dimensão quanto à obrigatoriedade do uso de ecotécnicas na
visão dos atores envolvidos...................................................................................
40
viii
11
RESUMO
Este trabalho trata da utilização correta das inovações tecnológicas que tem
como finalidade mitigar os impactos ao ambiente causados pela atividade turística.
Demonstra assim a necessidade de projetar produtos e serviços sustentáveis que
atendam às necessidades humanas e estejam de acordo com a proposta de
sustentabilidade. O estudo é composto de pesquisa bibliográfica, com abordagens
conceituais de ecoturismo, ecoeficiência e legislação pertinente ao estudo e de
pesquisa de campo ao ouvir representantes da comunidade local, turistas, guias,
agentes e a administradores envolvidos com o empreendimento hoteleiro no
município de Bonito, Mato Grosso do Sul. O município tem grande destaque no
cenário turístico nacional, devido suas belezas naturais. Os maiores atrativos deste
patrimônio natural são as suas formações geológicas de rochas calcárias e as águas
cristalinas de seus rios. O instrumento de pesquisa aplicado foi o questionário com o
intuito de identificar o conhecimento dos envolvidos sobre ecotécnicas e suas
aplicações. Foi notado o comprometimento da comunidade local com o tema e com
a preocupação com a sustentabilidade, a preservação deste patrimônio natural para
as gerações futuras. Os turistas e representantes dos hotéis demonstraram também
preocupação com a sustentabilidade, mas, enfatizando o meio construído. Os
resultados examinados podem contribuir para a implantação de “hotéis verdes”,
ambientalmente amistosos, em Bonito e também para subsidiar a criação de leis de
conformidade e ações mitigadoras de impactos ambientais, focadas na
ecoeficiência.
Palavras-chave: ecotécnicas, bionegócios, meio-ambiente, turismo, hotelaria,
sustentabilidade.
ix
12
ABSTRACT
This work deals with the proper use of technological innovations that aims to
mitigate the impacts to the environment caused by tourism. Demonstrating the need
to design sustainable products and services that meet human needs and are
consistent with the proposal of sustainability. The study is composed of the research
literature with both conceptual approaches to ecotourism, eco-efficiency and
legislation relevant to the study in the field to hear representatives of the local
community, tourists, guides, staff and administrators involved with the venture hotel
in the municipality of Bonito, Mato Grosso do Sul State. The city has great
prominence in the national tourist scene, had its natural beauties. The attractive
greaters of this natural patrimony are its geologic formations of limy rocks and the
crystalline waters of its rivers. The research instrument used was a questionnaire in
order to identify those involved on the ecotechniques knowledge and its applications.
It was noted the commitment of the local community with the theme and with a view
to sustainability, the preservation of natural heritage for future generations. Tourists
and representatives of the hotels also showed concern about sustainability, but
emphasizing the built environment. Examined the results may contribute to the
establishment of “green hotels”, environmentally friendly, in Bonito and also to
support to create laws for the conformity and actions of mitigating environmental
impacts, focused on eco-efficiency.
Keywords: ecotechniques, biobusiness, environment, tourism, hotels, sustainability.
x
13
1. INTRODUÇÃO
O ser humano é considerado agente de mudanças dinâmicas em diferentes
espaços existentes na sociedade, dentre eles, o ambiente onde está inserido e que
convive sem ter consciência do impacto de suas ações a esse espaço construído,
chamado por muitos de ambiente. A despeito das ões impactantes oriundas das
ações antrópicas, a preocupação com a conservação e uso sustentável dos recursos
naturais vem se ampliando, notadamente desde a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, ou Eco-
92 (GARAY e DIAS, 2001). Dentre os vários documentos derivados daquela
conferência, de amplitude mundial, fudamentaram-se agendas e políticas de longo
prazo, a serem consolidadas pelos países signatários, com destaque para aquela
denominada Agenda 21 (GARAY e DIAS, 2001).
Posteriormente, em 2002, ocorreu a Conferência de Johannesburg, na África
do Sul, conhecida como Rio+10, cuja finalidade foi o reordenamento das ações
inseridas na referida Agenda 21. Este evento alem de atrair empresários para a
causa ambiental, teve o intuito de estruturar acordos estabelecidos na Eco-92,
dentre eles o de conclamar a humanidade à proteção e gestão da base de recursos
naturais, como ação indispensável para o desenvolvimento econômico e social
sustentável.
Desde então, e cada vez mais intensamente, seja por interesses genuínos ou
para adequar-se a demandas do mercado, empresários de diferentes segmentos de
negócios têm se preocupado com seus empreendimentos, dentre eles os voltados à
rede hoteleira e pousadas. Evidência disto são eventos lotados de participantes na
busca de conhecimento centrado em alternativas viáveis para mitigar impactos
ambientais ocasionados pelos seus empreendimentos (WTTC, 2007).
Dentre os empreendimentos que tem trazido o desenvolvimento no âmbito local
e regional, destaca-se o turismo, conhecido atualmente como uns dos fenômenos
econômicos mais representativos do mundo moderno. Essa atividade, que para
muitos é fonte de renda e para outros de lazer, é, ao mesmo tempo, uma forma de
expressão que transmite conhecimentos e realização pessoal. O indivíduo se
desloca e se relaciona com uma outra realidade muito diferente da habitual, adquire
xi
14
novas informações, novas amizades e vive outras experiências nunca antes
experimentadas. O contato com costumes diferentes daqueles praticados
diariamente pode gerar um processo de autoconhecimento, como se tem constatado
na prática do turismo atual (FROMER e VIEIRA, 2003).
Atualmente, percebe-se que os turistas são mais exigentes quanto à qualidade
dos serviços prestados. Os turistas estão dispostos a pagar mais para ter serviços
diferenciados e que possam de alguma forma diminuir ou até evitar impacto no meio
ambiente. Dessa forma, o ecoturismo ganhou espaço nos últimos anos devido ao
seu objetivo principal, o da preservação do ambiente (LINDEBERG e HAWKINS,
2001).
Ao analisar a importância do turismo sustentável para empreendimentos
hoteleiros, este estudo tem como objetivo geral: conhecer a importância na visão do
atores sociais representados por turistas, comunidade local e setor privado –
quanto ao uso de medidas mitigadoras de impactos ambientais, denominado
“ecotécnicas”.
Os objetivos específicos desta dissertação são:
identificar o nível de importância do uso de ecotécnicas na percepção dos
atores sociais;
verificar o nível de conhecimento dos turistas e da comunidade local sobre a
instalação de ecotécnicas por alguns empreendedores da rede hoteleira de
Bonito, Mato Grosso do Sul,
examinar dispositivos legais como Leis, o Estatuto da Cidade e o Plano
Diretor da Cidade, que tratam da orientação e da obrigatoriedade quanto ao
uso e ocupação do solo, em empreendimentos no ramo da hotelaria, em
ambiente construído para lazer e entretenimento.
Percebe-se que a insurgência da temática "preocupação com o ambiente" a
ser evidenciada pelos seres humanos como meio de se ter o patrimônio natural
para gerações futuras, aliada as inovações tecnológicas como alguns tipos de
adoção de ecotécnicas que possibilitam reduzir impactos ambientais.
Diante dessa relevância, em se ter cuidados com os recursos naturais
existentes em nosso meio, é que emergiu este estudo com o objetivo de mostrar a
percepção dos atores sociais representados por comunidade e associados de
15
classe, empreendedores hoteleiros e turistas quanto às dimensões, conhecimento,
uso, importância e responsabilidade voltada às inovações tecnológicas denominadas
de ecotécnicas, existentes em empreendimentos hoteleiros na cidade de Bonito, em
Mato Grosso do Sul o qual gerou um artigo científico que foi submetido as normas
de publicação em um periódico classificado como B1 pela Capes (ANEXO A).
16
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. TURISMO
Desde os tempos primitivos, o homem sente a necessidade de se deslocar
buscando satisfazer seus desejos. Na Antigüidade, as pessoas já viajavam em
busca de lazer, como era o caso dos que faziam viagens organizadas para
participação em jogos olímpicos. No Império Romano, as viagens eram estimuladas
por um grandioso sistema de estradas pavimentadas, administradas pelo Estado e
protegidas pelo exército (IGNARRA, 1999).
Deve-se observar, também, que estas não eram as únicas causas do turismo.
Existiam viagens mais esporádicas, feitas por motivações distintas: religião, saúde,
cultura e curiosidade. "É o caso, por exemplo, dos viajantes que, bem antes da
nossa era, iam visitar as pirâmides do Egito, ou também aqueles que se deslocavam
para visitar os vulcões Vesúvio e Etna” (CASTELLI, 2003).
Este mesmo autor ressalta que a enorme expansão do comércio fez com que
se descobrissem vários pontos turísticos: o Egito foi um deles, que três mil anos
antes de Cristo, era uma “Meca” para os viajantes, atraídos pela magnificência
das suas enormes pirâmides e outros monumentos. É de que se tem registro do
primeiro hotel do mundo. Mais tarde, com a queda do Império Romano, as pessoas
foram se fixando em feudos, concentrando ali sua produção alimentícia, xtil e
outras necessárias à sobrevivência. As viagens se tornaram desnecessárias e
inseguras, as rodovias não eram mais vigiadas e sofriam com os assaltos de
bandidos (CASTELLI, 2003).
Naquela época, as poucas viagens registradas limitavam-se às Cruzadas,
grandes expedições religiosas que iam em direção à Jerusalém. O aumento na
produção gerou o incremento no comércio, e, assim, as viagens fizeram com que o
turismo ganhasse força novamente (CASTELLI, 2003).
Em torno de 1830 1840 na Europa, as ferrovias ganharam impulso e
organizaram viagens de excursão: o setor não esperava ter o movimento que teve. É
aí, então, em 1841, que o inglês Thomas Cook lançou o primeiro pacote turístico,
17
uma viagem de trem para 570 passageiros, entre Leicester e Lougloroug, na
Inglaterra, para o Congresso Antialcoólico de Leicester, ao preço de um shilling a
passagem. Devido ao grande sucesso dessa viagem, Thomas Cook passou a viver
de fretamentos de trens que levavam e traziam passageiros a congressos, eventos e
férias (LICKORIS e JENKINS, 2000).
Thomas Cook foi o responsável por mudar os objetivos das viagens. Antes as
pessoas se deslocavam por trabalho, para tratamentos de doenças ou estudos, mas
Cook organizou pacotes completos que abrangiam o traslado, a hospedagem e os
passeios no destino esperado. Assim, ele tornou-se o primeiro homem a explorar a
atividade turística focando no lazer dos viajantes.
O que começou com o oportunismo de Cook, tornou-se, hoje, alvo de estudos
e discussões, movimentando toda a sociedade. Mexe com todas as relações
comerciais, e dita tendências futuras (CAMPOS, 1998).
Observa-se, então, que durante toda a história do desenvolvimento do turismo
houve a formação de grupos que se deslocavam para destinos desejados. Até 1841,
estas viagens eram realizadas sem o auxílio de outro. Thomas Cook inovou e,
assim, criou um novo mercado: o mercado turístico.
O conceito de turismo surge no século XVII na Inglaterra, referindo-se a um
tipo especial de viagem. A palavra tour é de origem francesa, como muitas palavras
do inglês moderno que definem conceitos ligados à riqueza e à classe privilegiada. A
palavra tour quer dizer volta, giro ou ciclo. O primeiro surgimento da palavra turismo
deu-se em 1811, quando apareceu no dicionário inglês The Shorter Oxford English
Dictionary com a definição “a teoria e a prática de viajar, viajando por prazer”
(ANDRADE, 2002).
No Brasil, o empreendimento turístico é considerado um setor estratégico,
porque como atividade econômica tem a capacidade de gerar trabalho e, de certa
forma, com sua gestão, resgata a valorização e proteção do patrimônio. Assim, em
conformidade como Plano Nacional de Turismo (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2007),
o governo o setor como meio para reduzir o nível de pobreza e fome, visto que
tende a fomentar a sustentabilidade ambiental em parceria com o desenvolvimento
mundial.
O fenômeno do turismo recebe várias definições, por ser uma atividade na
qual não se pode delimitar tempo nem espaço. Atualmente, a Organização Mundial
18
do Turismo OMT descreve o turismo como uma viagem onde o as pessoas ficam
por tempo inferior a um ano e possam desenvolver atividades ligadas a lazer ou
negócios, não sendo uma atividade remunerada (MINISTÉRIO DO TURISMO,
2007).
Pode-se, desse modo, entender o turismo como estratégia para amenizar o
desequilíbrio socioeconômico, em especial nos países em desenvolvimento como o
Brasil.
Em virtude deste desenvolvimento da atividade, outras formas de turismo
estão sendo propostas nos países desenvolvidos. Um planejamento, para que se
ordenem as ações do homem sobre o território, é imprescindível para o
desenvolvimento da atividade turística. Desse planejamento, emergiram outras
necessidades que levou à segmentação de mercado, para melhor atender os gostos
e preferências do turista.
2.2. SEGMENTAÇÃO DE MERCADO
O ecoturismo é um exemplo de segmentação da atividade turística que utiliza,
de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e
busca formar consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente,
promovendo o bem-estar das pessoas envolvidas (MICT/MMA, 1995).
Com o crescimento do turismo, muitos produtos turísticos começaram a surgir,
para suprir as necessidades e desejos dos clientes. A exploração de recursos
naturais tornou-se cada vez mais constante, obrigando os profissionais a se atualizar
e inovar seus serviços e ofertas. Pensando em todos os públicos e nessa evolução,
os hotéis estão fomentando seu campo de atuação e fazendo uma segmentação no
mercado. Segmentar o mercado é identificar clientes, com comportamentos
homogêneos quanto a seus gostos e preferências (ANSARAH, 1999).
As pessoas mudam suas posturas de vida e não desejam mais viajar com a
programação generalizada oferecida pelo turismo de massa. Passam a querer algo
personalizado e direcionado. Assim, começam a surgir empresas que detectam
novos segmentos de mercado, com a finalidade de satisfazer as necessidades de
seus clientes. Alguns dos segmentos que estão se tornando comuns no Brasil são: o
19
Turismo GLBTS, ou seja, de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros e
Simpatizantes, o Turismo de Negócios, o Turismo Religioso, o Turismo de Eventos e
o Turismo Ecológico, entre outros. Outro fator determinante, para que ocorra a
segmentação, é a concorrência cada vez maior nos diversos los turísticos, o que
leva à procura de diferenciais que garantam uma clientela identificada com o seu
produto (GIL, 1999).
O autor ressalta, ainda, que ao encontrar o segmento certo, a empresa poderá
oferecer maior proximidade com o consumidor, preços competitivos, encurtar os
canais de distribuição, além de estabelecer pontos-de-venda mais adequados e
utilizar veículos de publicidade selecionados exclusivamente para o segmento
visado. Logo, segmentar focaliza mais o mercado e não o setor de atividade, os
canais de distribuição ou os produtos. Segmentar o mercado é uma técnica ou
estratégia que permite atender de forma personalizada e diferenciada o cliente. Ao
segmentar o mercado é possível atender o público em agrupamentos homogêneos,
com uma ou mais referências mercadologicamente relevantes, com abordagens e
requisitos técnicos, concretizando promessas, fazendo mais do que se espera e
colocando-se no lugar do cliente (FISK, 2008).
A opção de segmentar acontece pelo aumento da oferta de produtos, pela
expansão dos mercados e pela vontade do cliente de ter seus desejos satisfeitos,
pois em muitas ocasiões são específicos. A segmentação de mercado pode se
considerar uma técnica ou estratégia (ANSARAH, 1999).
Atualmente, para que um hotel consiga sobreviver no meio turístico, ele precisa
usar de diversos segmentos de mercado. Devido à grande diferença que há entre a
alta e a baixa temporada, é necessário distribuir durante o ano quais segmentos de
mercado oferecem ao estabelecimento maior rentabilidade. Geralmente, durante a
baixa temporada, utiliza-se o segmento do turismo da melhor idade (voltado a
pessoas com idade superior a 50 anos) e, principalmente, o turismo de eventos.
Durante a alta temporada, o segmento que gera maior rentabilidade é o turismo de
lazer. Existem, também, os diferenciais nas prestações de serviços que esses meios
de hospedagem podem oferecer (GIL, 1999).
A partir da década de 1990 houve a necessidade da criação de novos nichos
para o não esgotamento dos recursos turísticos. Dessa forma, a atividade toma uma
nova dimensão e surge o turismo ecológico.
20
2.3. TURISMO ECOLÓGICO
Como empreendimento o Turismo é considerado uma atividade nova e que
ainda requer muitos estudos, porém originou novas áreas de conhecimento que
estão se estruturando como teoria e conectou-se com outras áreas por meio das
quais recebe e transmite influências cada vez mais significativas (ANSARAH, 1999).
Até pouco tempo, os turistas praticantes dessa atividade eram em sua maioria
integrante da elite que dispunham de tempo e dinheiro para realizá-la. Hoje, pessoas
comuns de países desenvolvidos e também de países em desenvolvimento, têm
realizado um maior número de viagens ao ano. Assim, o turismo deixa de ser uma
realidade dos cidadãos mais privilegiados e passa a abranger uma maior parcela
de pessoas “comuns” (RUSCHMANN, 1997).
Estudos científicos passaram a ser feitos para se analisar os impactos sobre a
cultura e sobre as paisagens dos locais freqüentados por estes novos visitantes.
Também esta atividade passou a despertar e sensibilizar a opinião pública quanto à
necessidade de consideração dos aspectos ambientais nos destinos turísticas.
Foram criadas normas para regular o uso dos produtos turísticos como a
capacidade de cargas para ambientes naturais, mensurando o número de visitantes
viáveis à exploração diária, para que o local não sofra impacto e, obrigações para
minimizar o choque com os diferentes valores culturais entre a comunidade local e o
visitante.
Esses estudos alertaram a sociedade sobre os impactos negativos que as
atividades de lazer e o turismo acarretariam ao ambiente. Assim, surgiu o termo de
turismo sustentável que tem como objetivo entender os impactos que a atividade
causa ao meio ambiente, a economia e a sociedade, e tentar minimizá-las e assim
preservar o ambiente. Turismo tem amplos desdobramentos no âmbito econômico,
gera emprego e renda, mas pode impactar negativamente os recursos dos quais o
próprio turismo dependerá no futuro, principalmente o meio ambiente físico e
biológico e o contexto social da comunidade local (SABINO e ANDRADE, 2003).
No Sistema de Gestão Ambiental é previsto o Plano de Manejo Turístico que
requer a elaboração de planejamentos turísticos. Atualmente os planejamentos
21
turísticos visam um desenvolvimento que conserve a natureza, ofereça serviços que
causem mínimo impacto ao local inserido. Detecta-se hoje um novo comportamento
vindo dos praticantes desta atividade, onde eles demonstram uma maior procura por
roteiros em que possam conhecer a cultura, os hábitos da população, a natureza e a
historia dos locais visitados (RUSCHMANN, 1997).
Hoje existe grande número de agências especializadas em turismo ecológico
que fazem o papel de regulador da atividade. Um exemplo é a interação que ocorre
no trabalho das agências, dos guias e dos destinos turísticos na cidade de Bonito,
Mato Grosso do Sul. Após o pacote ser vendido pela agência o sistema interligado
ao passeio faz o bloqueio de mais um ocupante, para controlar a capacidade de
visitantes diária. Os destinos turísticos da cidade podem ser visitados se
acompanhados dos guias locais, que também contratados, por meio das agências.
Portanto, os três níveis envolvidos contribuem de forma real para a manutenção e
preservação do ambiente.
A revista Viagem e Turismo aliada ao Guia Quatro Rodas elegeu a cidade de
Bonito, como o melhor destino ecoturístico do Brasil. O turismo desenvolvido na
localidade é exemplo mundial de turismo sustentável, a despeito de ainda ter muito
que avançar especialmente na implantação de medidas de monitoramento e
métricas baseadas na ciência (SABINO e ANDRADE, 2002, 2003). Isso ocorre pelo
grande envolvimento da comunidade local e do trade turístico.
2.4. CARACTERIZAÇÃO DE BONITO MATO GROSSO DO SUL E EVOLUÇÃO
TURISTICA
Bonito é um município distante 290 km de Campo Grande, capital do
Estado. Está localizada no Planalto da Bodoquena abrangendo grande parte dela,
por cujo espigão corre a linha divisória com o município de Porto Murtinho. É um dos
municípios que serve de apoio às regiões do Pantanal do Nabileque, servindo como
portal de acesso às fronteiras com o Paraguai e a Bolívia. A cidade de Bonito possui
uma área de aproximadamente, 4.934 km
2
com uma altitude de 350 m. A localização
da sede no município é: Latitude: 20º 55' 30 “e Longitude: 56º 30' 00" (Plano Diretor,
2004).
22
A Figura 1 mostra a posição geográfica do Município.
.
Figura 1: Localização do Município de Bonito em Mato Grosso do Sul.
Fonte:
www.portalbonito.com.br
O clima em Bonito conserva características das savanas tropicais, com
verão úmido e inverno seco. Mais de 80% da precipitação anual oscila entre 1.000 e
2.000 mm, e se concentra entre outubro e abril. Por estes dados, defini-se o clima
como tropical úmido. A temperatura média anual é de 2 C. No inverno, a mínima é
de C e máxima de 20º C e no verão, a mínima é de 25º C e máxima de 40º C
(COMTUR, 2007). O clima define as temporadas de turismo no município. De
novembro à fevereiro alta temporada devido ao verão, e no mês de julho alta
temporada pela realização do evento “Festival de Inverno”.
A população predominante de Bonito é em sua maioria composta por jovens
entre 10 e 19 anos, e adultos entre 20 e 29 anos. Tal população também apresenta
uma taxa de analfabetismo entre 7 e 9 anos de 30,06%; entre 10 e 14 anos de
16,12%; de 15 a 17 anos de 14,52%; entre 18 e 24 anos de 21,95% e 25 ou mais de
47,78% (PLANO DIRETOR, 2004).
A Taxa de Urbanização é de 60,9%, com uma densidade demográfica
(Hab/km²) de 94,5%; e sua taxa anual de crescimento (1991/2000) 0,8% (COMTUR,
2007).
Ao observar os dados obtidos pelo censo demográfico de 2000-IBGE tem-
se que mais de 50 % da população recebe até um salário mínimo, e quase 20 % da
23
população não possui renda (inclusive os domicílios cuja pessoa responsável
recebia somente em benefícios). A receita total per capita é de R$ 457,33, incluindo
uma parcela repassada do ICMS per capita de R$ 50,67 e cota parte do FPM per
capita de R$ 174,37 (INVENTÁRIO, 2002).
As principais atividades econômicas são: Pecuária, Turismo, Agricultura e
Mineração. De seus 17 mil habitantes, quase 40% trabalham no setor turístico, 2,5
mil diretamente (um aumento de 1.000% em relação aos 180 existentes em 1993) e
4 mil, em ocupações indiretas. Essas oportunidades de trabalho começaram a se
abrir na cada de 1990, de maneira muito organizada, com união de esforços e
competências, constituindo-se em um Arranjo Produtivo Local (APL) (PLANO
DIRETOR, 2004). APL segundo o SEBRAE são conjuntos de atores econômicos,
políticos e sociais, localizados em um mesmo território, desenvolvendo atividades
econômicas correlatas e que apresentam vínculos de produção, interação,
cooperação e aprendizagem.
Apesar do sugestivo nome "Bonito", até o final da década de 1980, a região
não tinha o menor interesse em desenvolver atividades turísticas, mesmo porque na
época, isso ainda era uma realidade muito distante para o brasileiro em geral, e mais
ainda para o sul mato-grossense de uma pequena cidade do interior. Até a década
de 1970, os atrativos mais frequentados de Bonito eram a Gruta do Lago Azul e a
Ilha do Padre, visitados principalmente pelos moradores do município, além de seus
amigos e parentes que moravam em outras regiões do Estado (PORTAL DE
BONITO, 2007).
No final da década de 1980, houve aumento de visitantes, que procuravam
o Aquário Natural, as Cachoeiras do Mimoso, o Rio Sucuri e o passeio de Bote: foi
nessa época que os proprietários despertaram para a exploração econômica de
seus atrativos. O Decreto 076/85 municipal aprovado em 14/04/86, autorizando a
desapropriação da área onde foi transformada no Balneário Municipal, visando
atender a comunidade local. A infra-estrutura e a organização dos passeios eram
precárias, tendo apenas duas agências e alguns hotéis com acomodações simples
na cidade (COMTUR, 2007).
A vocação turística foi assumida em meados da década de 1990, quando a
comunidade local desperta para o interesse que as belezas naturais da cidade
exerciam sobre os poucos visitantes que recebia. O fato não pôde mais passar
despercebido quando a cidade foi exibida em rede nacional e "surpreendentemente"
24
centenas de pessoas passaram a procurar a cidade como um "Destino Turístico”
Nacional (PORTAL DE BONITO, 2007).
Os estudos sobre capacidade de carga (limite de visitantes permitido
diariamente nos passeios) no município de Bonito, foram feitos inicialmente de forma
empírica, onde era analisado o ponto de vista das pessoas envolvidas nessa
atividade e foi atestada a preocupação com os problemas futuros que os atrativos,
principalmente, os naturais passariam a apresentar, como a depredação. Não
existia controle da quantidade diária de turistas que visitavam os atrativos, ficando a
critério do proprietário da área delimitar. Com o tempo perceberam que quanto mais
pessoas, mais depredação da área, e, consequentemente, menor seria a
durabilidade do meio. Desta forma perceberam a necessidade de controlar o fluxo de
carga diário e, com a ajuda da associação dos guias locais, foi feito o estudo de
impactos que o fluxo turístico causa aos recursos naturais (COMTUR, 2007).
Nesse cenário, chegou-se a certas recomendações referentes à capacidade
de carga que, inclusive, a Associação dos Proprietários dos Atrativos Turísticos de
Bonito e Região - ATRATUR (pela Lei Municipal 695/95)
cita em suas reuniões e
recomenda constantemente aos seus associados. Por exemplo: nos passeios de
cachoeiras é recomendado que o número de visitantes por guia varie entre 12 a 15
pessoas, com intervalo de 30 minutos para saída de cada grupo. Nos passeios de
flutuação este número diminui, variando entre 8 a 10 pessoas por guia, também com
intervalo de 30 minutos entre cada grupo. O proprietário do atrativo pode trabalhar
com um número inferior de visitantes se achar que o grupo temelhor atendimento
e atenção, porém, não pode ultrapassar o limite estabelecido. No caso de cavidades
secas e alagadas, o procedimento iniciou-se da mesma forma, mas devido à
fragilidade dos ambientes, a atividade turística terminou por sofrer limites que vão
além do simples bom senso, incluindo estudos biológicos, geológicos e de
segurança, na condução de visitantes (INVENTÁRIO, 2002). Porém a realidade
constatada nos atrativos é bem diferente as recomendadas. Muitos locais como por
exemplo a Gruta do Lago azul, não respeita esse limite de visitação chegando a
receber até 5 grupos de 15 visitantes ao mesmo tempo.
Conforme o Inventário Turístico de Bonito (2002) existe um Termo de
Cooperação entre IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis), IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)
e Secretaria Estadual de Meio Ambiente, foi firmado com a presença do presidente
25
da república Luiz Inácio Lula da Silva. Com o Termo, foi instituído um Comitê Gestor
para as grutas do Lago Azul e Nossa Senhora Aparecida, garantindo o uso e a
visitação sustentável das cavernas e encaminhando a elaboração de um Plano de
Manejo Espeleológico (visitação a cavernas).
Um primeiro Plano de Manejo foi implantado nas grutas do Lago Azul e
Nossa Senhora Aparecida, em 1984. Com o objetivo instalar infraestrutura e ordenar
a visitação às grutas, o plano foi executado pelo Centro Nacional de Estudo,
Proteção e Manejo de Cavernas (CECAV), em parceria com a Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), Secretaria de Meio Ambiente e Turismo do Estado e Prefeitura de Bonito
(INVENTÁRIO, 2002).
Existe no município o Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) instituído
pela Lei Municipal 695/95 e tem como principal objetivo fomentar o turismo de
maneira organizada e sustentável, apoiando ações que visem divulgar o município
de Bonito em outras regiões, dando apoio ao trade e à comunidade, seja na
implantação de alguma atividade ou na parceria de projetos de cunho social
(COMTUR, 2007).
Os Conselheiros representam as seguintes associações de classe:
Associação Comercial, Associação dos Transportes, Associação Bonitense de
Hotelaria, Associação de Agências de Turismo, Associação de Guias de Turismo,
Associação dos Atrativos Turísticos, Associação de Operadores de Bote, Sindicato
Rural e IBAMA. Os representantes do Executivo Municipal o Vice-prefeito,
Assessor Jurídico, Secretário de Turismo, Indústria e Comércio, além de um
representante do Poder Legislativo (Câmara de Vereadores).
A infraestrutura turística para instalação de empreendimentos da rede
hoteleira e de pousadas no município amplia-se a partir de 1993, quando o turismo
toma maior impulso, e destaca que, em 2004, Bonito é contemplado com 30
atrativos turísticos e 27 agências de turismo, que operam com o mesmo preço, tendo
como diferencial entre elas a qualidade no atendimento (CAMARGO 2004). O
mesmo autor salienta que o município tem meios de hospedagem para atender o
turista com aproximadamente 80 hotéis e pousadas, dos mais diferentes níveis.
Quanto à gastronomia, conta com restaurantes que oferecem desde refeições
rápidas até pratos à base de peixe e carne, inseridos na culinária regional.
26
O município oferece cerca de seis categorias de passeios ecoturísticos,
somando aproximadamente 40 atrativos. São passeios de bote, flutuação,
cachoeiras, mergulho autônomo, caminhadas, circuito rural e, ainda, aqueles
classificados como de aventura como rappel, arborismo e quadriciclo (COMTUR,
2007).
A Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio de Bonito registra que a cidade
é visitada por aproximadamente 70.000 pessoas por ano, sendo o turismo
responsável por aproximadamente 56% dos empregos locais (INVENTÁRIO, 2002).
A nova visão sobre o turismo gera uma preocupação ambiental sobre os
praticantes e responsáveis da atividade turística, como tem sido mostrado em
Bonito. Dessa forma, algumas atitudes estão sendo tomadas pelos empreendedores,
como a utilização das ecotécnicas em empreendimentos hoteleiros.
2.5. TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS E MITIGADORAS DE IMPACTOS
AMBIENTAIS DECORRENTES DA REDE HOTELEIRA
Com a preocupação voltada ao meio ambiente, as construções muitas vezes
são projetadas com a preocupação da redução do impacto que elas possam causar
ao ambiente. Em locais chamados ecológicos, essa percepção é acentuada assim
como em destinos turísticos ecológicos, como no caso de Bonito. Como diferencial a
outros empreendimentos turísticos, muitos meios de hospedagem investem na
arquitetura sustentável ou ecotécnicas.
Para Seiffert (2007), as empresas adotam essa filosofia por motivos tais
como:
Melhoria da reputação e possível obtenção de concessões para sua
participação no mercado e melhor habilidade para fixação de preços;
Exigências dos clientes;
Reforço na sua imagem com a adoção da ISO 14001 que auxilia nas
negociações com organismos de fiscalização ambiental, clientes com
sensibilidade ambiental, empregados e ONGs;
Inovação de processos, permitindo um programa de prevenção da
poluição, que auxilia na redução de custos e no aumento da eficiência do
processo produtivo.
27
As ecopousadas ou “hotéis verdes” seguem a filosofia do ecoturismo,
respeitando a comunidade local e mantendo o ambiente local preservado, pensando
nas gerações futuras.
Os planejamentos não detalham, a médio e longo prazo, os impactos
econômicos e ecológicos das ações modificadoras que o turismo possa vir a causar
no ambiente. Os empreendimentos hoteleiros focam quase sempre o emprego de
tecnologias complexas, além dos materiais caros e sofisticados. Dessa maneira,
ocorrem agressões ecológicas pontuais que em pouco tempo esgotam recursos
naturais e impactam negativamente o meio ambiente da região. Tais procedimentos
acabam por interromper o que deveria ser o turismo sustentável, perpetuado pelo
uso racional dos seus meios, tendo, geralmente, como causa a visão imediatista e
descontextualizada do planejador (GIANNETTI et al., 2003).
São denominados greenbuilding ou construção verde as arquiteturas de
prédios que utilizam materiais ecológicos ou com selos de procedência, como por
exemplo, a madeira que vem com o selo de procedência ambiental. Essas
construções são denominadas sustentáveis e visam reduzir gastos com materiais,
energia e resíduos gerados, consequentemente, melhorando a qualidade do
ambiente (CARMO e JESUS, 2009).
A aplicação de conceitos, como ecotécnicas (tipo de tecnologia alternativa),
implica na diminuição de resíduos/rejeitos gerados no desenvolvimento de um
produto que cause menor impacto ambiental no final de seu ciclo de vida. Nesse
caso, o prestador de serviço acata meios e métodos dentro de seu estabelecimento
que visam minimizar os impactos ao ambiente, antes, durante e após esta prestação
de serviço (ECOTÉCNICAS, 2007).
Segundo Trigueiro (2005), a construção civil desperdiça em média 56% do
cimento, 44% da areia, 30% do gesso, 27% dos condutores e 15% dos tubos de
PVC e eletrodutos.
A redução de impactos ambientais aliada a economia de gastos que gera as
construções verdes são os principais argumentos para a adoção destas técnicas.
É evidente que a viabilidade econômica de uma edificação que é
planejada para a redução de consumo dos recursos naturais é bem maior
que a adaptação de novas tecnologias em construções desenvolvidas
sem a responsabilidade socioambiental. Este benefício é visto a curto,
médio e longo prazo já que na execução da obra existe a economia de
recursos, a geração de novos empregos além da capacitação e
28
treinamento da mão-de-obra para a eco-construção e manutenção da
edificação e redução de gastos futuros com recursos indispensáveis,
mas escassos, como o uso da água da chuva e o reuso da água, o
aquecimento e a iluminação solar, a refrigeração da edificação com
técnicas naturais de ventilação e climatização ou conservação térmica
através da construção de terra e de telhados verdes”, além da geração de
biocombustível com o próprio lixo, dejetos e rejeito gerados. As
construções sustentáveis, além de serem ecologicamente corretas, são
economicamente viáveis (CARMO E JESUS, 2009)
.
O sucesso no uso de práticas de tecnologias alternativas dependerá de um
novo tipo de colaboração, entre instituições públicas e empresas locais, e de uma
nova visão dos profissionais envolvidos. Inicialmente, o processo de boas práticas
ambientais trará custos adicionais como, por exemplo, com o treinamento de pessoal
e instalação de equipamentos. Cabe aos órgãos públicos, aos sindicatos patronais e
às universidades dar suporte a essas empresas no sentido de facilitar tais processos
(GIANNETTI et al., 2003).
A adoção dessas tecnologias gera alguns impactos econômicos, sociais e
ambientais. Porém, a principal consequência é a conservação do meio ambiente,
mediante a utilização racional e sustentável dos seus recursos. Utilizar ecotécnicas é
tratar bem os recursos naturais renováveis e compreender os seres vivos como
integrantes da biodiversidade, sem sacrificar o equilíbrio da cadeia produtiva,
lembrando-se que a sobrevivência e a sustentabilidade dos empreendimentos
dependem diretamente da maneira como os recursos naturais, renováveis (solo,
flora, fauna e recursos hídricos) e não renováveis (como os minerais), são tratados
(GIANNETTI et al., 2003). Isso é especialmente verdadeiro em uma região como a
de Bonito, em que sistemas naturais únicos e delicados, nos quais se praticam
visitação crescente e que demandam também crescente monitoramento (SABINO e
ANDRADE, 2003).
Essa regra serve também para o setor de hotelaria. Uma das principais metas
dos hotéis, pousadas e resorts ecologicamente corretos, é economizar energia e,
assim, causar menor impacto ambiental. Para conseguir esse resultado, eles
investem em métodos alternativos de geração de eletricidade, entre eles os sistemas
de captação de energia solar. Alguns hotéis que adotaram as ecotécnicas
conseguem produzir 35% da energia consumida. Esta produção se dá por meio, por
exemplo, da utilização de turbinas movidas por quedas d'água, aproveitando o
recurso natural de maneira limpa e eficiente (WHITE, 2007).
29
A tarefa que os hotéis enfrentam é delicada: descobrir como operar de
maneira ecológica sem reduzir em muito a sensação de luxo, conforto e satisfação
do hóspede. O programa LEED - Leadership in Energy and Environment Design
(Liderança em Energia e Design Ambiental), utiliza materiais de reconstrução,
uso de energia, práticas de reciclagem na construção e operação de um edifício. Um
selo LEED no saguão significa que o estabelecimento é ecologicamente
comprometido com o ambiente (ROMERO, 2007).
Existe uma certificação ecológica implantada pela Associação Brasileira da
Indústria Hoteleira (ABIH), que tem como objetivo colocar o Brasil na rota
internacional do setor. Para os hotéis que pretendem obter o “selo verde” existe o
ISO 14000, uma espécie de ISO 9000 ambiental, porém, eles terão que se adequar
a uma cartilha de práticas ambientais.
O projeto foi intitulado como Hóspedes da Natureza. Segundo Valdejão
(2005), esse método poderá proporcionar uma economia de até 30% na energia
elétrica e de 20% no consumo de água dos hotéis que aderirem ao programa. As
principais mudanças ocorrem no consumo de energia e de água, disposição de
resíduos sólidos, emissão de efluentes e relação com prestadoras de serviço e
fornecedores.
Essa providência melhora a imagem dos empreendimentos, notadamente
com relação ao turista estrangeiro, mais exigente em relação aos compromissos
ambientais.
São muitos os benefícios para as organizações e empresas que adotam as
tecnologias alternativas. Em curto prazo, ocorre melhoria na produtividade da
empresa, que acontece quando seus colaboradores associam os esforços em prol
da natureza, com uma melhoria na qualidade de vida. Em longo prazo, os
investimentos e esforços iniciais logo se transformam em economia para a empresa
comprometida com o meio ambiente. Painéis para captação da energia solar,
reutilização da água e reciclagem de papéis, plásticos e metais geram aumento da
produtividade e redução de custos operacionais (ZEUCH, 2007).
Este autor apresenta vantagens da hospedagem sustentável:
a) Valoriza cultura e artesanato locais, além da culinária da região;
b) Investe parte do lucro na capacitação dos funcionários, contribuindo para a
melhoria da vida local;
30
c) Faz trabalho de conscientização ambiental junto aos hóspedes, funcionários e
fornecedores;
d) Preocupa-se com o uso racional dos recursos naturais, da água e da energia
(sistemas de purificação de água, tratamento de esgoto, reaproveitamento de
água de chuveiros, torneiras e da chuva, energia solar e uso de
equipamentos que consomem menos);
e) Contempla no projeto arquitetônico e na decoração as características culturais
da região;
f) Usa materiais renováveis na construção, como madeira certificada e materiais
de demolição;
g) Promove ações para prevenir e recompor inevitáveis impactos da visitação,
como reciclagem de lixo e neutralização de resíduos.
Ecotécnicas são, portanto, a utilização prioritária, racional e sustentável dos
materiais e mão-de-obra disponíveis na região. Trata-se de alternativas ao modo
convencional de se realizar as coisas, para viabilizar a elevação da qualidade de
vida das comunidades, com o mínimo de custos financeiros e ambientais
(ECOTÉCNICAS, 2007).
O uso racional e prioritário dos materiais existentes na região de implantação
dos empreendimentos, além de gerar emprego, limita a utilização de materiais de
outras regiões, provocando redução substancial nos custos de implantação dos
projetos, sejam sociais e/ou econômicos, contribuindo, também, para a manutenção
das populações em suas regiões de origem, preservando o meio ambiente, com
conseqüente elevação da qualidade de vidas de suas comunidades. Um fator
importante a ser considerado é a utilização mais eficiente das matérias primas não
renováveis e renováveis pelos prestadores de serviço da atividade turística.
(GIANNETTI et al., 2003).
As ecotécnicas têm como objetivo oferecer alternativas para realização de um
planejamento racional que viabilize a perpetuação de um maior mero de
empreendimentos, mediante o uso racional dos recursos disponíveis na região,
forçando a elevação das taxas de retorno dos negócios com o mínimo de custos
financeiros e ambientais, mediante o emprego das ecotécnicas. Em um
empreendimento hoteleiro, algumas ecotécnicas que podem ser adotadas, como
tecnologias alternativas e mitigadoras de impacto. Segundo Ecotécnicas (2007) são:
31
Energias alternativas: captação e uso de energia solar
As fontes alternativas de energia vêm através dos tempos ganhando mais
adeptos e força no seu desenvolvimento e aplicação, tornando-se uma alternativa
viável. A utilização das energias comuns, como hidrelétricas e as que utilizam
combustível fóssil, gera grande degradação ambiental, o qual é incontestável do
ponto de vista social, econômico e humano. Construir hidroelétricas e perfurar poços
de petróleo causa grande impacto ao ambiente, tornando-se situações inviáveis e
muito menos sustentáveis do ponto de vista ambiental. Desta forma, o movimento
em busca de novas fontes alternativas de energia limpa, pura, não poluente, a
princípio inesgotável e que pode ser encontrada com facilidade e em sua maioria na
natureza, tem sido fortalecido. Alguns exemplos deste tipo de energia são as
energias solar e eólica.
Mini-estação de tratamento de água e esgoto
Mini-estações são sistemas modulares e leves de saneamento para
tratamento de água e esgoto domiciliares. Tais sistemas são indicados, também,
para quem pretende reusar a água tratada no próprio ambiente construído, para
funções como: descarga de vasos sanitários, lavagem de piso e automóveis, regas
de horta e jardins. Essa ação permite o reaproveitamento da água para funções
secundárias. Estima-se que é possível economizar em torno de 40% na conta de
água com o reaproveitamento.
Sistema de captação de água da chuva
O sistema prevê a utilização do telhado e calhas para captação da água de
chuva, a qual é dirigida para um filtro autolimpante e levada para uma cisterna ou
tanque subterrâneo.
Para tornar a habitação ainda mais sustentável e econômica,
basta aliar os benefícios do sistema de captação de água de chuva com o das mini-
estações de tratamento de águas residuais (servidas). Trata-se de reunir as duas
águas e bombeá-las (recalcá-las) para a caixa ou reservatório, de onde serão
reaproveitadas para serviços gerais.
Utilização de materiais ecológicos
Utilização de materiais recicláveis e que causem mínimo impacto no
ambiente. Entre os materiais que levam essa classificação estão madeiras com selo
32
ecológico de origem, concreto usinado, forros ecológicos, ecosolvente, piso
ecocerâmico entre outros.
Coleta seletiva de lixo
A coleta seletiva de lixo inclui a separação dos materiais recicláveis do
restante do lixo. Isso quer dizer que uma parte do lixo pode ser reaproveitada,
deixando de se tornar uma fonte de degradação para o ambiente e tornando-se uma
solução econômica e social, que passa a gerar empregos e lucro. Os principais
materiais recicláveis são os papéis, vidros, plásticos e metais.
Utilização de bambu
O bambu, por ser altamente resistente, pode ser utilizado na construção civil e
movelaria. Ele tem um rápido ciclo de renovação e grande colaboração no resgate
de carbono. Se receber técnicas apropriadas de tratamento o bambu pode substituir
o aço, concreto e madeira, contribuindo com o baixo custo e alto valor estético.
Telhados verdes
O “teto verde”, além de incorporar a construção ao ambiente natural, traz
benefícios construtivos devido ao conforto térmico, à comunidade do entorno por
colaborar com a diminuição de enchentes e reduzir distorções na paisagem, além de
agregar o bem-estar aos usuários.
Biodigestor
O Biodigestor pode ser comparado a uma cisterna fechada, onde, na
ausência de oxigênio, as próprias bactérias presentes no esgoto doméstico digerem
a matéria orgânica. Para cada quilo de matéria orgânica que entra no biodigestor,
sobram apenas 50 gramas. É um modelo de tratamento de esgoto que dispensa
produtos químicos: ocorre o processo fermentativo em condições de anaerobiose,
produzindo ácidos variados e gases, como o que nos interessa, que é o gás
metano (TRIGUEIRO, 2005).
Com a utilização do Biodigestor o lixo orgânico da cozinha pode ser usado
para a produção de gás metano que pode ser utilizado no fogão.
33
3. MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O objeto de estudo foca em parte na comunidade e nos turistas, para avaliar o
grau de comprometimento na visão desses atores, dos empreendimentos hoteleiros,
quanto ao uso de ecotécnicas como ações mitigadoras de impactos ambientais,
sediados em espaços urbanos e rural, no município de Bonito, Estado de Mato
Grosso do Sul.
A investigação é caracterizada como exploratória descritiva, com base em
aspectos qualitativos, dividida em três momentos.
O primeiro focou a pesquisa bibliográfica, na qual se descreve a evolução dos
conceitos de turismo e conceitos de ecotécnicas que atendam aos quesitos da
sustentabilidade, aplicados à rede hoteleira, seguido de diferentes segmentos de
turismo com a vocação turística existente no município, assim como dos meios
atuais existentes de hospedagem.
Como segundo momento, foi feita a pesquisa documental em que foram
examinados os dispositivos oficiais pertinentes ao foco do estudo, expressos por leis
publicadas em Diário Oficial do Estado, estatutos, planos e programas, bem como a
descrição das características do município de Bonito, Estado de Mato Grosso do Sul,
nos últimos 20 anos.
No terceiro momento, procedeu-se a pesquisa de campo, com a aplicação de
entrevistas junto aos 3 grupos de atores sociais selecionados pelo critério de vínculo
com empreendimentos da rede hoteleira e atividades turísticas. O inicio da
investigação tomou por base o conceito e tipos de tecnologias alternativas e
mitigadoras de impactos que foi parte integrante do questionário a fim de explicar
melhor aos entrevistados o conteúdo da pesquisa e constatação dos níveis de
responsabilidade dos empreendedores e órgãos públicos.
a) questionário aplicado a 80 turistas composto de 8 questões semiabertas,
podendo apontar mais de uma categoria de opção, para saber do uso de
34
ecotécnicas quanto, a dimensão de conhecimentos sobre a utilidade, impactos
ambientais, obrigatoriedade, importância e preferência por empreendimentos que
adotam o uso de ecotécnicas conforme APÊNDICE A. As questões que compõem
esse questionário são abertas e fechadas.
b) questionário aplicado a 30 componentes da comunidade local e associados
de classe contendo 6 questões semiabertas para conhecer o grau de importância,
impactos e ações decorrentes, obrigatoriedade e as demais para identificação de
alguma ecotécnica conforme APÊNDICE B. Ressalta-se que as questões desse
questionário são abertas e fechadas.
c) Após a pesquisa feita com os atores sociais, percebeu-se a necessidade de
investigar a visão dos empreendedores hoteleiros sobre as ecotécnicas. Foram
entrevistados responsáveis de 3 hotéis para saber da aplicabilidade e relevância do
uso de ecotécnicas e se o empreendimento realiza projetos mitigadores de impacto.
A este estudo, foi considerado o período de novembro de 2008 à janeiro de
2009, porque é o período se alta temporada, o que possibilita para a pesquisa
multiplicidade de turistas.
Foram selecionados 3 hotéis para servir com base da pesquisa de campo.
Para isso utilizou-se critérios relacionados à infra-estrutura, com características de
serviços diferentes, assim com clientela, entre outros.
O primeiro hotel favorável à
execução da pesquisa foi o Hotel Pirá
Miúna, que conta com 39 apartamentos de
luxo superior. Suas unidades habitacionais
estão equipadas com ar-condicionado, TV,
telefone e frigobar. São amplos e arejados,
com capacidade para até quatro pessoas,
com
áre
a externa para lazer, sacada com rede e
localização central (Figura 2).
O segundo hotel participante da
pesquisa foi o Águas de Bonito Hotel
Fonte:
http://www.feriasbrasil.com.br/ms/bonito/ondeficar/ho
telpiramiuna/ Acesso em: 20/05/09
Figura 2: Hotel Pirá Miúna
Fonte: Disponível em:
http://www.feriasbrasil.com.br/ms/bonito/ondeficar/ho
telpousadaaguasdebonito/ Acesso em: 15/05/09
Figura 3: Hotel “Águas de Bonito Hotel Pousada”
35
Pousada, que tem 30 apartamentos. As unidades habitacionais o amplas, com
capacidade para a quatro spedes e equipadas com ar-condicionado, TV,
telefone e frigobar. As acomodações Luxo Superior têm, ainda, sacada com rede.
Este hotel foi escolhida pelo “Guia 4 Rodas Pousadas e Resorts” pelo destaque na
localização, donos presentes e serviço eficiente e atencioso (Figura 3).
Hotel Fazenda Cachoeira, foi o terceiro
empreendimento participante: conta com 14
apartamentos e um chalé. Oferece aos seus
clientes um local privilegiado, de rara beleza.
Localizado em ambiente rural às margens do
rio Formoso, o hotel fica a 10 km do centro
de Bonito. A gastronomia conta com comida
caseira, feita no fogão à lenha (Figura 4).
Os dados foram organizados e sistematizados de modo a permitirem uma
análise para discuso do uso das tecnologias alternativas e da viabilidade das
mesmas. Também foi realizada a comparação entre a realidade encontrada nos
hotéis pesquisados e o uso recomendado dessas técnicas.
Fonte: Disponível em:
http://www.feriasbrasil.com.br/ms/bonito/ondeficar/hot
elfazendacachoeira/ Acesso em: 15/05/09
Figura 3: Hotel “Fazenda Cachoeira”
36
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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40
PERCEPÇÃO DE ATORES SOCIAIS QUANTO AO USO DE TECNOLOGIAS
ALTERNATIVAS E MITIGADORAS DE IMPACTO AMBIENTAL POR
EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS EM BONITO, MATO GROSSO DO SUL
Camila Rocha Carrenho
1
Regina Sueiro de Figueiredo
2
José Sabino
3
Resumo
O estudo de caráter exploratório e descritivo mostra alguns aspectos das inovações
tecnológicas, na percepção de representantes da comunidade e associados de
classe envolvidos com o empreendimento hoteleiro e de turistas que visitaram
Bonito, cidade de Mato Grosso do Sul, no período de novembro de 2008 a janeiro de
2009. Destaca essas inovações chamadas de ecotécnicas quanto às dimensões:
conhecimento, uso, importância e responsabilidade atribuída para mitigar impactos
ambientais causados pela atividade turística. Identificou-se que a comunidade e
associados de classe têm conhecimento de algumas ecotécnicas, sabem da
importância e apresentam propostas para a busca da sustentabilidade e da
preservação do local. Também, turistas e administradores dos hotéis trazem a
preocupação da sustentabilidade, mas, para o meio construído. Logo, o estudo
contribui para a implantação de “hotéis verdes” e subsidia a criação de leis e ações
mitigadoras de impactos ambientais para o Município.
Palavras-chave: Ecotécnicas; Bionegócios; Turismo; Hotelaria; Sustentabilidade.
PERCEPTION OF SOCIAL ACTORS ON THE USE OF ALTERNATIVE
TECHNOLOGIES AND MITIGATED ENVIRONMENTAL IMPACT BY HOTEL
ENTERPRISE IN BONITO, MATO GROSSO DO SUL
1
Mestranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional na Universidade Anhanguera – UNIDERP.
Endereço para contato E-mail: camilacarrenho@yahoo.com.br
2
Doutora em Educação pela PUC/SP – docente no Programa de Mestrado em Meio Ambiente e
Desenvolvimento Regional na Universidade Anhanguera – UNIDERP.
3 Doutor em Ecologia pela UNICAMP/SP – docente no Programa de Mestrado em Meio Ambiente e
Desenvolvimento Regional na Universidade Anhanguera – UNIDERP.
41
Abstract
The study of exploratório character and descriptive shows some aspects of
technological innovation, as perceived by community representatives and associates
involved in the class hotelier and tourists who visited Bonito, Mato Grosso do Sul
State, from November 2008 to 2009. It detaches these innovations called
ecotechniques how much to the dimensions: knowledge, use, importance and
attributed responsibility to mitigate ambient impacts caused by the tourist activity.
One notices that the community and associates of classroom have knowledge of
some ecotécnicas, they know of the importance and they present proposals for the
search of the sustentabilidade and the preservation of the place. Also, tourists and
administrators of the hotels bring the concern of the sustentabilidade, but, for the
constructed way. Soon, the study it contributes for the implantation of “green hotels”
and subsidizes the creation of laws and mitigadoras actions of ambient impacts for
the City.
Keywords: Ecotechniques; Biobusiness; Tourism; Hotels; Sustainability.
A preocupação com o ambiente
O ser humano é considerado agente de mudanças dinâmicas em diferentes
espaços existentes na sociedade, dentre eles, o ambiente onde está inserido e que
convive sem ter consciência do impacto de suas ações a esse espaço construído,
chamado por muitos de ambiente. A despeito das ações impactantes oriundas das
ações antrópicas, a preocupação com a conservação e uso sustentável dos recursos
naturais vem se ampliando, notadamente desde a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, ou Eco-
92 (GARAY e DIAS, 2001). Dentre os vários documentos derivados daquela
conferência, de amplitude mundial, fudamentaram-se agendas e políticas de longo
prazo, a serem consolidadas pelos países signatários, com destaque para aquela
denominada Agenda 21 (GARAY e DIAS, 2001).
Posteriormente, em 2002, ocorreu a Conferência de Johannesburg, na África
do Sul, conhecida como Rio+10, cuja finalidade foi o reordenamento das ações
inseridas na referida Agenda 21. Este evento alem de atrair empresários para a
causa ambiental, teve o intuito de estruturar acordos estabelecidos na Eco-92,
42
dentre eles o de conclamar a humanidade à proteção e gestão da base de recursos
naturais, como ação indispensável para o desenvolvimento econômico e social
sustentável.
Desde então, e cada vez mais intensamente, seja por interesses genuínos ou
para adequar-se a demandas do mercado, empresários de diferentes segmentos de
negócios têm se preocupado com seus empreendimentos, dentre eles os voltados à
rede hoteleira e pousadas. Evidência disto são eventos lotados de participantes na
busca de conhecimento centrado em alternativas viáveis para mitigar impactos
ambientais ocasionados pelos seus empreendimentos (WTTC, 2007).
Dentre os empreendimentos que tem trazido o desenvolvimento no âmbito local
e regional, destaca-se o turismo, conhecido atualmente como uns dos fenômenos
econômicos mais representativos do mundo moderno. Essa atividade, que para
muitos é fonte de renda e para outros de lazer, é, ao mesmo tempo, uma forma de
expressão que transmite conhecimentos e realização pessoal. O indivíduo se
desloca e se relaciona com uma outra realidade muito diferente da habitual, adquire
novas informações, novas amizades e vive outras experiências nunca antes
experimentadas. O contato com costumes diferentes daqueles praticados
diariamente pode gerar um processo de autoconhecimento, como se tem constatado
na prática do turismo atual (FROMER e VIEIRA, 2003).
Atualmente, percebe-se que os turistas são mais exigentes quanto à qualidade
dos serviços prestados. Os turistas estão dispostos a pagar mais para ter serviços
diferenciados e que possam de alguma forma diminuir ou até evitar impacto no meio
ambiente. Dessa forma, o ecoturismo ganhou espaço nos últimos anos devido ao
seu objetivo principal, o da preservação do ambiente (LINDEBERG e HAWKINS,
2001).
Assim, neste contexto de preocupação com o ambiente é que se justifica o
estudo tendo como objetivo mostrar a percepção dos atores sociais representados
por comunidade e associados de classe, empreendedores hoteleiros e turistas
quanto às dimensões: conhecimento, uso, importância e responsabilidade voltada às
inovações tecnológicas denominadas de ecotécnicas, existentes em
empreendimentos hoteleiros na cidade de Bonito, em Mato Grosso do Sul que gerou
um artigo científico.
43
Origem do turismo e sua segmentação
Desde os tempos primitivos, o homem sente a necessidade de se deslocar
buscando satisfazer seus desejos. Na Antigüidade, as pessoas já viajavam em
busca de lazer, como era o caso dos que faziam viagens organizadas para
participação em jogos olímpicos. No Império Romano, as viagens eram estimuladas
por um grandioso sistema de estradas pavimentadas, administradas pelo Estado e
protegidas pelo exército (IGNARRA, 1999).
Para Castelli (2003), a enorme expansão do comércio fez com que se
descobrissem vários pontos turísticos: o Egito foi um deles, que três mil anos antes
de Cristo, já era uma “Meca” para os viajantes, atraídos pela magnificência das suas
enormes pirâmides e outros monumentos. É de que se tem registro do primeiro
hotel do mundo. Mais tarde, com a queda do Império Romano, as pessoas foram se
fixando em feudos, concentrando ali sua produção alimentícia, têxtil e outras
necessárias à sobrevivência. As viagens se tornaram desnecessárias e inseguras,
as rodovias já não eram mais vigiadas e sofriam com os assaltos de bandidos.
Naquela época, as poucas viagens registradas limitavam-se às Cruzadas,
grandes expedições religiosas que iam em direção a Jerusalém. O aumento na
produção gerou o incremento no comércio, e, assim, as viagens fizeram com que o
turismo ganhasse força novamente (CASTELLI, 2003).
Em torno de 1830 1840 na Europa, as ferrovias ganharam impulso e
organizaram viagens de excursão: o setor não esperava ter o movimento que teve. É
aí, então, em 1841, que o inglês Thomas Cook lançou o primeiro pacote turístico,
uma viagem de trem para 570 passageiros, entre Leicester e Lougloroug, na
Inglaterra, para o Congresso Antialcoólico de Leicester, ao preço de um shilling a
passagem. Devido ao grande sucesso dessa viagem, Thomas Cook passou a viver
de fretamentos de trens que levavam e traziam passageiros a congressos, eventos e
férias (LICKORIS e JENKINS, 2000).
Thomas Cook foi o responsável por mudar os objetivos das viagens. Antes as
pessoas se deslocavam por trabalho, para tratamentos de doenças ou estudos, mas
Cook organizou pacotes completos que abrangiam o traslado, a hospedagem e os
passeios no destino esperado. Assim, ele tornou-se o primeiro homem a explorar a
atividade turística focando no lazer dos viajantes.
44
O que começou com o oportunismo de Cook, tornou-se, hoje, alvo de estudos
e discussões, movimentando toda a sociedade. Mexe com todas as relações
comerciais, e dita tendências futuras (CAMPOS, 1998).
Observa-se, então, que durante toda a história do desenvolvimento do turismo
houve a formação de grupos que se deslocavam para destinos desejados. Até 1841,
estas viagens eram realizadas sem o auxílio de outro. Thomas Cook inovou e,
assim, criou um novo mercado: o mercado turístico.
O conceito de turismo surge no século XVII na Inglaterra, referindo-se a um
tipo especial de viagem. A palavra tour é de origem francesa, como muitas palavras
do inglês moderno que definem conceitos ligados à riqueza e à classe privilegiada. A
palavra tour quer dizer volta, giro ou ciclo. O primeiro surgimento da palavra turismo
deu-se em 1811, quando apareceu no dicionário inglês The Shorter Oxford English
Dictionary com a definição “a teoria e a prática de viajar, viajando por prazer”
(ANDRADE, 2002).
No Brasil, o empreendimento turístico é considerado um setor estratégico,
porque como atividade econômica tem a capacidade de gerar trabalho e, de certa
forma, com sua gestão, resgata a valorização e proteção do patrimônio. Assim, em
conformidade como Plano Nacional de Turismo (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2007),
o governo o setor como meio para reduzir o nível de pobreza e fome, visto que
tende a fomentar a sustentabilidade ambiental em parceria com o desenvolvimento
mundial.
O fenômeno do turismo recebe várias definições, por ser uma atividade na
qual não se pode delimitar tempo nem espaço. Atualmente, a Organização Mundial
do Turismo OMT descreve o turismo como uma viagem onde o as pessoas ficam
por tempo inferior a um ano e possam desenvolver atividades ligadas a lazer ou
negócios, não sendo uma atividade remunerada (MINISTÉRIO DO TURISMO,
2007). Pode-se, desse modo, entender o turismo como estratégia para amenizar o
desequilíbrio socioeconômico, em especial nos países em desenvolvimento como o
Brasil.
Em virtude deste desenvolvimento da atividade, outras formas de turismo
estão sendo propostas nos países desenvolvidos. Um planejamento, para que se
ordenem as ações do homem sobre o território, é imprescindível para o
desenvolvimento da atividade turística. Desse planejamento, emergiram outras
45
necessidades que levou à segmentação de mercado, para melhor atender os gostos
e preferências do turista.
O ecoturismo é um exemplo de segmentação da atividade turística que utiliza,
de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e
busca formar consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente,
promovendo o bem-estar das pessoas envolvidas (MICT/MMA, 1995).
Com o crescimento do turismo, muitos produtos turísticos começaram a surgir,
para suprir as necessidades e desejos dos clientes. A exploração de recursos
naturais tornou-se cada vez mais constante, obrigando os profissionais a se atualizar
e inovar seus serviços e ofertas. Pensando em todos os públicos e nessa evolução,
os hotéis estão fomentando seu campo de atuação e fazendo uma segmentação no
mercado. Segmentar o mercado é identificar clientes, com comportamentos
homogêneos quanto a seus gostos e preferências (ANSARAH, 1999).
Este mesmo autor ressalta a necessidade da realização de pesquisas para que
se torne possível conhecer o número de turistas que visitam o local em uma
determinada época, o perfil da demanda, suas necessidades e desejos, e detectar a
demanda potencial. Dessa forma, sepossível uma análise completa e segura dos
elementos que conduzirão os planos de desenvolvimento turístico. Quando ocorre a
segmentação do mercado, identificam-se compradores com comportamentos de
compras relativamente iguais quanto aos gostos e preferências.
As pessoas mudam suas posturas de vida e não desejam mais viajar com a
programação generalizada oferecida pelo turismo de massa. Passam a querer algo
personalizado e direcionado. Assim, começam a surgir empresas que detectam
novos segmentos de mercado, com a finalidade de satisfazer as necessidades de
seus clientes. Alguns dos segmentos que estão se tornando comuns no Brasil são: o
Turismo GLBTS, ou seja, de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros e
Simpatizantes, o Turismo de Negócios, o Turismo Religioso, o Turismo de Eventos e
o Turismo Ecológico, entre outros. Outro fator determinante, para que ocorra a
segmentação, é a concorrência cada vez maior nos diversos los turísticos, o que
leva à procura de diferenciais que garantam uma clientela identificada com o seu
produto (GIL, 1999).
O autor ressalta, ainda, que ao encontrar o segmento certo, a empresa poderá
oferecer maior proximidade com o consumidor, preços competitivos, encurtar os
46
canais de distribuição, além de estabelecer pontos-de-venda mais adequados e
utilizar veículos de publicidade selecionados exclusivamente para o segmento
visado. Logo, segmentar focaliza mais o mercado e não o setor de atividade, os
canais de distribuição ou os produtos. Segmentar o mercado é uma técnica ou
estratégia que permite atender de forma personalizada e diferenciada o cliente. Ao
segmentar o mercado é possível atender o público em agrupamentos homogêneos,
com uma ou mais referências mercadologicamente relevantes, com abordagens e
requisitos técnicos, concretizando promessas, fazendo mais do que se espera e
colocando-se no lugar do cliente (FISK, 2008).
A opção de segmentar acontece pelo aumento da oferta de produtos, pela
expansão dos mercados e pela vontade do cliente de ter seus desejos satisfeitos,
pois em muitas ocasiões são específicos. A segmentação de mercado pode se
considerar uma técnica ou estratégia (ANSARAH, 1999).
Atualmente, para que um hotel consiga sobreviver no meio turístico, ele precisa
usar de diversos segmentos de mercado. Devido à grande diferença que há entre a
alta e a baixa temporada, torna-se necessário distribuir durante o ano os segmentos
de mercado oferecem ao estabelecimento maior rentabilidade. Geralmente, durante
a baixa temporada, utiliza-se o segmento do turismo da melhor idade (voltado a
pessoas com idade superior a 50 anos) e, principalmente, o turismo de eventos.
Durante a alta temporada, o segmento que gera maior rentabilidade é o turismo de
lazer. Existem, também, os diferenciais nas prestações de serviços que esses meios
de hospedagem podem oferecer (GIL, 1999).
A partir da década de 1990 houve a necessidade da criação de novos nichos
para o não esgotamento dos recursos turísticos. Dessa forma, a atividade toma uma
nova dimensão e surge o turismo ecológico.
Como empreendimento o Turismo é considerado uma atividade nova e que
ainda requer muitos estudos, porém originou novas áreas de conhecimento que
estão se estruturando como teoria e conectou-se com outras áreas por meio das
quais recebe e transmite influências cada vez mais significativas (ANSARAH, 1999).
Até pouco tempo, os turistas praticantes dessa atividade eram em sua maioria
integrante da elite que dispunham de tempo e dinheiro para realizá-la. Hoje, pessoas
comuns de países desenvolvidos e também de países em desenvolvimento, têm
realizado um maior número de viagens ao ano. Assim, o turismo deixa de ser uma
47
realidade dos cidadãos mais privilegiados e passa a abranger uma maior parcela
de pessoas “comuns” (RUSCHMANN, 1997).
Estudos científicos passaram a ser feitos para se analisar os impactos sobre a
cultura e sobre as paisagens dos locais freqüentados por estes novos visitantes.
Também esta atividade passou a despertar e sensibilizar a opinião pública quanto à
necessidade de consideração dos aspectos ambientais nos destinos turísticas.
Foram criadas normas para regular o uso dos produtos turísticos como a
capacidade de cargas para ambientes naturais, mensurando o número de visitantes
viáveis à exploração diária, para que o local não sofra impacto e, obrigações para
minimizar o choque com os diferentes valores culturais entre a comunidade local e o
visitante.
Esses estudos alertaram a sociedade sobre os impactos negativos que as
atividades de lazer e o turismo acarretariam ao ambiente. Assim, surgiu o termo de
turismo sustentável que tem como objetivo entender os impactos que a atividade
causa ao meio ambiente, a economia e a sociedade, e tentar minimizá-las e assim
preservar o ambiente. Turismo tem amplos desdobramentos no âmbito econômico,
gera emprego e renda, mas pode impactar negativamente os recursos dos quais o
próprio turismo dependerá no futuro, principalmente o meio ambiente físico e
biológico e o contexto social da comunidade local (SABINO e ANDRADE, 2003).
No Sistema de Gestão Ambiental é previsto o Plano de Manejo Turístico que
requer a elaboração de planejamentos turísticos. Atualmente os planejamentos
turísticos visam um desenvolvimento que conserve a natureza, ofereça serviços que
causem mínimo impacto ao local inserido. Detecta-se hoje um novo comportamento
vindo dos praticantes desta atividade, onde eles demonstram uma maior procura por
roteiros em que possam conhecer a cultura, os hábitos da população, a natureza e a
historia dos locais visitados (RUSCHMANN, 1997).
A cidade de Bonito foi considerada como o melhor destino ecoturístico do
Brasil pelos meios de divulgação denominados de revista Viagem e Turismo aliada
ao Guia Quatro Rodas. O turismo desenvolvido na localidade é exemplo mundial de
turismo sustentável, a despeito de ainda ter muito que avançar especialmente na
implantação de medidas de monitoramento e métricas baseadas na ciência
(SABINO e ANDRADE, 2002, 2003). Isso ocorre pelo grande envolvimento da
comunidade local e do trade turístico.
48
Pode-se notar que, hoje, existe grande número de agências especializadas
em turismo ecológico que fazem o papel de regulador da atividade. Um exemplo é a
interação que ocorre no trabalho das agências, dos guias e dos destinos turísticos
na cidade de Bonito, Mato Grosso do Sul. Após o pacote ser vendido pela agência o
sistema interligado ao passeio já faz o bloqueio de mais um ocupante, para controlar
a capacidade de visitantes diária. Os destinos turísticos da cidade podem ser
visitados se acompanhados dos guias locais, que também contratados, por meio das
agências. Esse fato levou a pesquisa que envolveu três níveis de atores sociais para
mostrar em que dimensões eles contribuem de forma real para a manutenção e
preservação do ambiente.
TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS E MITIGADORAS DE IMPACTOS AMBIENTAIS
Com a preocupação voltada ao meio ambiente, as construções muitas vezes
são projetadas com a preocupação da redução do impacto que elas possam causar
ao ambiente. Em locais chamados ecológicos, essa percepção é acentuada assim
como em destinos turísticos ecológicos, como no caso de Bonito. Como diferencial,
em relação a outros empreendimentos turísticos, muitos meios de hospedagem
investem na arquitetura sustentável ou ecotécnicas.
Para Seiffert (2007), as empresas adotam essa filosofia por motivos tais
como:
Melhoria da reputação e possível obtenção de concessões para sua
participação no mercado e melhor habilidade para fixação de preços;
Exigências dos clientes;
Reforço na sua imagem com a adoção da ISO 14001 que auxilia nas
negociações com organismos de fiscalização ambiental, clientes com
sensibilidade ambiental, empregados e ONGs;
Inovação de processos, permitindo um programa de prevenção da
poluição, que auxilia na redução de custos e no aumento da eficiência do
processo produtivo.
As ecopousadas ou “hotéis verdes” seguem a filosofia do ecoturismo,
respeitando a comunidade local e mantendo o ambiente local preservado, pensando
nas gerações futuras.
49
Os planejamentos não detalham, a médio e longo prazo, os impactos
econômicos e ecológicos das ações modificadoras que o turismo possa vir a causar
no ambiente. Os empreendimentos hoteleiros focam quase sempre o emprego de
tecnologias complexas, além dos materiais caros e sofisticados. Dessa maneira,
ocorrem agressões ecológicas pontuais que em pouco tempo esgotam recursos
naturais e impactam negativamente o meio ambiente da região. Tais procedimentos
acabam por interromper o que deveria ser o turismo sustentável, perpetuado pelo
uso racional dos seus meios, tendo, geralmente, como causa a visão imediatista e
descontextualizada do planejador (GIANNETTI et al., 2003).
São denominados greenbuilding ou construção verde as arquiteturas de
prédios que utilizam materiais ecológicos ou com selos de procedência, como por
exemplo, a madeira que vem com o selo de procedência ambiental. Essas
construções são denominadas sustentáveis e visam reduzir gastos com materiais,
energia e resíduos gerados, consequentemente, melhorando a qualidade do
ambiente (CARMO e JESUS, 2009).
A aplicação de conceitos, como ecotécnicas (tipo de tecnologia alternativa),
implica na diminuição de resíduos/rejeitos gerados no desenvolvimento de um
produto que cause menor impacto ambiental no final de seu ciclo de vida. Nesse
caso, o prestador de serviço acata meios e métodos dentro de seu estabelecimento
que visam minimizar os impactos ao ambiente, antes, durante e após esta prestação
de serviço (ECOTÉCNICAS, 2007).
Segundo Trigueiro (2005), a construção civil desperdiça em média 56% do
cimento, 44% da areia, 30% do gesso, 27% dos condutores e 15% dos tubos de
PVC e eletrodutos.
A redução de impactos ambientais, aliada a economia de gastos que gera as
construções verdes são os principais argumentos para a adoção destas técnicas.
É evidente que a viabilidade econômica de uma edificação que já é
planejada para a redução de consumo dos recursos naturais é bem maior
que a adaptação de novas tecnologias em construções desenvolvidas
sem a responsabilidade socioambiental. Este benefício é visto a curto,
médio e longo prazo já que na execução da obra existe a economia de
recursos, a geração de novos empregos além da capacitação e
treinamento da mão-de-obra para a eco-construção e manutenção da
edificação e redução de gastos futuros com recursos indispensáveis,
mas escassos, como o uso da água da chuva e o reuso da água, o
aquecimento e a iluminação solar, a refrigeração da edificação com
50
técnicas naturais de ventilação e climatização ou conservação térmica
através da construção de terra e de telhados verdes”, além da geração de
biocombustível com o próprio lixo, dejetos e rejeito gerados. As
construções sustentáveis, além de serem ecologicamente corretas, são
economicamente viáveis (CARMO E JESUS, 2009)
.
O sucesso no uso de práticas de tecnologias alternativas dependerá de um
novo tipo de colaboração, entre instituições públicas e empresas locais, e de uma
nova visão dos profissionais envolvidos. Inicialmente, o processo de boas práticas
ambientais trará custos adicionais como, por exemplo, com o treinamento de pessoal
e instalação de equipamentos. Cabe aos órgãos públicos, aos sindicatos patronais e
às universidades dar suporte a essas empresas no sentido de facilitar tais processos
(GIANNTTI et al., 2003).
A adoção dessas tecnologias gera alguns impactos econômicos, sociais e
ambientais. Porém, a principal consequência é a conservação do meio ambiente,
mediante a utilização racional e sustentável dos seus recursos. Utilizar ecotécnicas é
tratar bem os recursos naturais renováveis e compreender os seres vivos como
integrantes da biodiversidade, sem sacrificar o equilíbrio da cadeia produtiva,
lembrando-se que a sobrevivência e a sustentabilidade dos empreendimentos
dependem diretamente da maneira como os recursos naturais, renováveis (solo,
flora, fauna e recursos hídricos) e não renováveis (como os minerais), são tratados
(GIANNETTI et al., 2003). Isso é especialmente verdadeiro em uma região como a
de Bonito, em que sistemas naturais únicos e delicados, nos quais se praticam
visitação crescente e que demandam também crescente monitoramento (SABINO e
ANDRADE, 2003).
Essa regra serve também para o setor de hotelaria. Uma das principais metas
dos hotéis, pousadas e resorts ecologicamente corretos, é economizar energia e,
assim, causar menor impacto ambiental. Para conseguir esse resultado, eles
investem em métodos alternativos de geração de eletricidade, entre eles os sistemas
de captação de energia solar. Alguns hotéis que adotaram as ecotécnicas
conseguem produzir 35% da energia consumida. Esta produção se dá por meio, por
exemplo, da utilização de turbinas movidas por quedas d'água, aproveitando o
recurso natural de maneira limpa e eficiente (WHITE, 2007).
A tarefa que os hotéis enfrentam é delicada: descobrir como operar de
maneira ecológica sem reduzir em muito a sensação de luxo, conforto e satisfação
do hóspede. O programa LEED - Leadership in Energy and Environment Design
51
(Liderança em Energia e Design Ambiental), utiliza materiais de reconstrução, uso
de energia, práticas de reciclagem na construção e operação de um edifício. Um
selo LEED no saguão significa que o estabelecimento é ecologicamente
comprometido com o ambiente (ROMERO, 2007).
Existe uma certificação ecológica implantada pela Associação Brasileira da
Indústria Hoteleira (ABIH), que tem como objetivo colocar o Brasil na rota
internacional do setor. Para os hotéis que pretendem obter o “selo verde” existe o
ISO 14000, uma espécie de ISO 9000 ambiental, porém, eles terão que se adequar
a uma cartilha de práticas ambientais.
O projeto foi intitulado como Hóspedes da Natureza. Eesse método poderá
proporcionar uma economia de a30% na energia elétrica e de 20% no consumo
de água dos hotéis que aderirem ao programa. As principais mudanças ocorrem no
consumo de energia e de água, disposição de resíduos sólidos, emissão de
efluentes e relação com prestadoras de serviço e fornecedores. Essa providência
melhora a imagem dos empreendimentos, notadamente com relação ao turista
estrangeiro, mais exigente em relação aos compromissos ambientais (VALDEJÃO,
2005).
São muitos os benefícios para as organizações e empresas que adotam as
tecnologias alternativas. Em curto prazo, ocorre melhoria na produtividade da
empresa, que acontece quando seus colaboradores associam os esforços em prol
da natureza, com uma melhoria na qualidade de vida. Em longo prazo, os
investimentos e esforços iniciais logo se transformam em economia para a empresa
comprometida com o meio ambiente. Painéis para captação da energia solar,
reutilização da água e reciclagem de papéis, plásticos e metais geram aumento da
produtividade e redução de custos operacionais (ZEUCH, 2007).
Ecotécnicas são, portanto, a utilização prioritária, racional e sustentável dos
materiais e mão-de-obra disponíveis na região. Trata-se de alternativas ao modo
convencional de se realizar as coisas, para viabilizar a elevação da qualidade de
vida das comunidades, com o mínimo de custos financeiros e ambientais
(ECOTÉCNICAS, 2007).
O uso racional e prioritário dos materiais existentes na região de implantação
dos empreendimentos, além de gerar emprego, limita a utilização de materiais de
outras regiões, provocando redução substancial nos custos de implantação dos
projetos, sejam sociais e/ou econômicos, contribuindo, também, para a manutenção
52
das populações em suas regiões de origem, preservando o meio ambiente, com
conseqüente elevação da qualidade de vidas de suas comunidades. Um fator
importante a ser considerado é a utilização mais eficiente das matérias primas
renováveis e não renováveis pelos prestadores de serviço da atividade turística.
(GIANNETTI et al., 2003).
As ecotécnicas têm como objetivo oferecer alternativas para realização de um
planejamento racional que viabilize a perpetuação de um maior mero de
empreendimentos, mediante o uso racional dos recursos disponíveis na região,
forçando a elevação das taxas de retorno dos negócios com o mínimo de custos
financeiros e ambientais, mediante o emprego das ecotécnicas. Em um
empreendimento hoteleiro, algumas ecotécnicas que podem ser adotadas, como
tecnologias alternativas e mitigadoras de impacto. Segundo Ecotécnicas (2007) são:
Energias alternativas: captação e uso de energia solar
As fontes alternativas de energia vêm através dos tempos ganhando mais
adeptos e força no seu desenvolvimento e aplicação, tornando-se uma alternativa
viável. A utilização das energias comuns, como hidrelétricas e as que utilizam
combustível fóssil, gera grande degradação ambiental, o qual é incontestável do
ponto de vista social, econômico e humano. Construir hidroelétricas e perfurar poços
de petróleo causa grande impacto ao ambiente, tornando-se situações inviáveis e
muito menos sustentáveis do ponto de vista ambiental. Desta forma, o movimento
em busca de novas fontes alternativas de energia limpa, pura, não poluente, a
princípio inesgotável e que pode ser encontrada com facilidade e em sua maioria na
natureza, tem sido fortalecido. Alguns exemplos deste tipo de energia são as
energias solar e eólica.
Mini-estação de tratamento de água e esgoto
Mini-estações são sistemas modulares e leves de saneamento para
tratamento de água e esgoto domiciliares. Tais sistemas são indicados, também,
para quem pretende reusar a água tratada no próprio ambiente construído, para
funções como: descarga para vasos sanitários, lavagem de piso e automóveis, regas
de horta e jardins. Essa ação permite o reaproveitamento da água para funções
secundárias. Estima-se que é possível economizar em torno de 40% na conta de
água com o reaproveitamento.
53
Sistema de captação de água da chuva
O sistema prevê a utilização do telhado e calhas para captação da água de
chuva, a qual é dirigida para um filtro autolimpante e levada para uma cisterna ou
tanque subterrâneo.
Para tornar a habitação ainda mais sustentável e econômica,
basta aliar os benefícios do sistema de captação de água de chuva com o das mini-
estações de tratamento de águas residuais (servidas). Trata-se de reunir as duas
águas e bombeá-las (recalcá-las) para a caixa ou reservatório, de onde serão
reaproveitadas para serviços gerais.
Utilização de materiais ecológicos
Utilização de materiais recicláveis e que causem mínimo impacto no
ambiente. Entre os materiais que levam essa classificação estão madeiras com selo
ecológico de origem, concreto usinado, forros ecológicos, ecosolvente, piso
ecocerâmico entre outros.
Coleta seletiva de lixo
A coleta seletiva de lixo inclui a separação dos materiais recicláveis do
restante do lixo. Isso quer dizer que uma parte do lixo pode ser reaproveitada,
deixando de se tornar uma fonte de degradação para o ambiente e tornando-se uma
solução econômica e social, que passa a gerar empregos e lucro. Os principais
materiais recicláveis são os papéis, vidros, plásticos e metais.
Utilização de bambu
O bambu, por ser altamente resistente, pode ser utilizado na construção civil e
movelaria. Ele tem um rápido ciclo de renovação e grande colaboração no resgate
de carbono. Se receber técnicas apropriadas de tratamento o bambu pode substituir
o aço, concreto e madeira, contribuindo com o baixo custo e alto valor estético.
Telhados verdes
O “teto verde”, além de incorporar a construção ao ambiente natural, traz
benefícios construtivos devido ao conforto térmico, à comunidade do entorno por
colaborar com a diminuição de enchentes e reduzir distorções na paisagem, além de
agregar o bem-estar aos usuários.
54
Biodigestor
O Biodigestor pode ser comparado a uma cisterna fechada, onde, na
ausência de oxigênio, as próprias bactérias presentes no esgoto doméstico digerem
a matéria orgânica. Para cada quilo de matéria orgânica que entra no biodigestor,
sobram apenas 50 gramas. É um modelo de tratamento de esgoto que dispensa
produtos químicos: ocorre o processo fermentativo em condições de anaerobiose,
produzindo ácidos variados e gases, como o que nos interessa, que é o gás
metano (TRIGUEIRO, 2005). Com a utilização do Biodigestor o lixo orgânico da
cozinha pode ser usado para a produção de gás metano que pode ser utilizado no
fogão.
Material e Método
Área de estudo
O objeto de estudo foca em parte na comunidade e nos turistas, para avaliar o
grau de comprometimento na visão desses atores, dos empreendimentos hoteleiros,
quanto ao uso de ecotécnicas como ações mitigadoras de impactos ambientais,
sediados em espaços urbano e rural, no município de Bonito, Estado de Mato
Grosso do Sul.
A investigação é caracterizada como exploratória descritiva, com base em
aspectos qualitativos, dividida em três momentos.
O primeiro focou a pesquisa bibliográfica, na qual se descreve a evolução dos
conceitos de turismo e conceitos de ecotécnicas que atendam aos quesitos da
sustentabilidade, aplicados à rede hoteleira, seguido de diferentes segmentos de
turismo com a vocação turística existente no município, assim como dos meios
atuais existentes de hospedagem.
Como segundo momento, ocorreu a pesquisa documental em que foram
examinados os dispositivos oficiais pertinentes ao foco do estudo, expressos por leis
publicadas em Diário Oficial do Estado, estatutos, planos e programas, bem como a
descrição das características do município de Bonito, Estado de Mato Grosso do Sul,
nos últimos 20 anos.
No terceiro momento, procedeu-se a pesquisa de campo, com a aplicação de
entrevistas junto aos 3 grupos de atores sociais selecionados pelo critério de vínculo
com empreendimentos da rede hoteleira e atividades turísticas. O inicio da
55
investigação tomou por base o conceito e tipos de tecnologias alternativas e
mitigadoras de impactos que foi parte integrante do questionário a fim de explicar
melhor aos entrevistados o conteúdo da pesquisa e constatação dos níveis de
responsabilidade dos empreendedores e órgãos públicos.
a) questionário aplicado a 80 turistas composto de 8 questões semiabertas,
podendo apontar mais de uma categoria de opção, para saber do uso de
ecotécnicas quanto, a dimensão de conhecimentos sobre a utilidade, impactos
ambientais, obrigatoriedade, importância e preferência por empreendimentos que
adotam o uso de ecotécnicas conforme APÊNDICE A. As questões que compõem
esse questionário são abertas e fechadas.
b) questionário aplicado a 30 componentes da comunidade local e associados
de classe contendo 6 questões semiabertas para conhecer o grau de importância,
impactos e ações decorrentes, obrigatoriedade e as demais para identificação de
alguma ecotécnica conforme APÊNDICE B. Ressalta-se que as questões desse
questionário são abertas e fechadas.
c) Após a pesquisa feita com os atores sociais, percebeu-se a necessidade de
investigar a visão dos empreendedores hoteleiros sobre as ecotécnicas. Foram
entrevistados responsáveis de 3 hotéis para saber da aplicabilidade e relevância do
uso de ecotécnicas e se o empreendimento realiza projetos mitigadores de impacto.
Os 3 hotéis foram selecionados pelos critérios relacionados à infra-estrutura, com
características de serviços diferentes, assim como tipo de clientela, entre outros.
O período de estudo considerado foi de novembro de 2008 a janeiro de 2009,
porque refere-se a alta temporada, o que possibilita a pesquisa junto um maior
número de turistas pré-dispostos a responder as questões investigadas..
O primeiro hotel favorável à execução da pesquisa foi o Hotel Pirá Miúna, que
conta com 39 apartamentos de luxo superior. Suas unidades habitacionais estão
equipadas com ar-condicionado, TV, telefone e frigobar. São amplos e arejados,
com capacidade para até quatro pessoas, com área externa para lazer, sacada com
rede e localização central.
O segundo hotel participante da pesquisa foi o Águas de Bonito Hotel
Pousada, que tem 30 apartamentos. As unidades habitacionais o amplas, com
capacidade para a quatro spedes e equipadas com ar-condicionado, TV,
telefone e frigobar. As acomodações Luxo Superior têm, ainda, sacada com rede.
56
Este hotel foi escolhida pelo “Guia 4 Rodas Pousadas e Resorts” pelo destaque na
localização, donos presentes e serviço eficiente e atencioso.
Hotel Fazenda Cachoeira, foi o terceiro empreendimento participante: conta
com 14 apartamentos e um chalé. Oferece aos seus clientes um local privilegiado,
de rara beleza. Localizado em ambiente rural às margens do rio Formoso, o hotel
fica a 10 km do centro de Bonito. A gastronomia conta com comida caseira, feita no
fogão à lenha.
Os dados foram organizados e sistematizados de modo a permitirem uma
análise para discuso do uso das tecnologias alternativas e da viabilidade das
mesmas. Também foi realizada a comparação entre a realidade encontrada nos
hotéis pesquisados e o uso recomendado dessas técnicas.
Resultados e Discussões
A organização dos resultados para efeito de discussão foram sistematizados
em quatro dimensões sendo a primeira denominada de importância do uso de
ecotécnicas, a segunda de conhecimento, a terceira de responsabilidade dos danos
e a quarta investiga a obrigatoriedade do uso de ecotécnicas junto aos sujeitos
envolvidos na pesquisa.
TABELA 1 Dimensão da importância do uso das ecotécnicas na visão dos atores
envolvidos na pesquisa realizada em Bonito/MS, no período de novembro de 2008 à
janeiro de 2009.
Atores Sociais
Comunidade e
associados de classe
Turistas
Grau de
importância
Valor
absoluto
Valor
percentual
Valor
absoluto
Valor
percentual
Sub
total
Alta 12 11% 46 42%
Média 10 9% 0 0%
Baixa 6 5% 0 0%
Insignificante 2 2% 34 31%
Total Geral 30 27% 80 73% 100%
Sobre a importância do uso de tecnologias alternativas e mitigadoras de
impactos pelos empreendimentos hoteleiros, a maioria dos entrevistados entre os
57
turistas e a comunidade local e associados de classe (53%) acredita que seja de alta
importância. Entre as tecnologias alternativas e mitigadoras de impacto, a mais
utilizada é a captação de energia solar por meio de placas de metal. Esse resultado
reforça que a adoção dessa técnica, além de reduzir consideravelmente os impactos
ao meio ambiente, também gera economia nos valores aportados para a conta de
energia elétrica.
TABELA 2 – Dimensão do conhecimento das ecotécnicas na visão dos atores
envolvidos.
Atores Sociais
Comunidade e
associados de classe
Turistas
Tipo de ecotécnicas
apontadas
Valor
absoluto
Valor
percentual
Valor
absoluto
Valor
percentual
Sub
total
Captação de energia
solar 10 8% 24 20%
Coleta seletiva de lixo 8 7% 20 17%
Captação de água da
chuva 7 6% 17 14%
Capacidade de suporte
de carga 5 4% 0 0%
Educação ambiental 3 3% 0 0%
Utilização de materiais
recicláveis 0 0% 14 12%
Construção com
materiais ecológicos 0 0% 7 6%
Redução de lavagem de
roupas 0 0% 4 3%
Total Geral
33 28% 86 72% 100%
Esta questão demonstra que a comunidade e associados de classe, assim
como os turistas, têm conhecimento sobre tecnologias alternativas e mitigadoras de
impacto ambiental e que acreditam que o aproveitamento das fontes naturais como
energia solar e água ainda são as melhores soluções para os problemas ambientais
atuais.
58
TABELA 3 - Dimensão da responsabilidade dos danos causados ao ambiente na
visão dos atores envolvidos.
Atores Sociais
Comunidade e
associados de
classe
Turistas
Os empreendimentos
afetam o ambiente
Valor
absoluto
Valor
percentual
Valor
absoluto
Valor
percentual
Sub
total
Sim 17
15%
54
49%
Não 13
12%
26
24%
Total Geral
30
27%
80
73%
100%
Os dois grupos de entrevistados também concordam que os
empreendimentos hoteleiros afetam o meio ambiente e apresentaram algumas
sugestões para a minimização destes danos, tais como educação ambiental e a
aplicação de ecotécnicas.
TABELA 4 - Propostas para solucionar os danos causados ao ambiente na visão dos
atores envolvidos.
Atores Sociais
Comunidade e
associados de
classe
Turistas
Propostas para
solucionar os danos
Valor
absoluto
Valor
percentual
Valor
absoluto
Valor
percentual
Sub
total
Adoção de
ecotécnicas 9 8% 13 12%
Fiscalização do poder
público 9 8% 0 0%
Uso de coletor de
energia solar 9 8% 0 0%
Limite de ocupação
hoteleira 3 3% 0 0%
Educação ambiental 0 0% 35 32%
Estudo de impacto
ambiental 0 0% 32 29%
Total Geral 30 27% 80 73% 100%
59
Isso demonstra a percepção por parte da comunidade local quanto aos
impactos de desmatamento, poluição e impacto cultural que a atividade turística
causa em Bonito. Eles apontam, ainda, a construção de novos prédios em áreas
naturais como o principal causador desses impactos.
No Plano Diretor de Bonito, há ações para reduzir tais danos, uma vez que no
documento há normatização e zoneamento da cidade em áreas que são autorizadas
a explorar a atividade turística: são as Áreas Adensáveis de Uso Misto, Áreas de
Ocupação Restrita, Áreas de Expansão Urbana e Áreas de Interesse Econômico.
Essas áreas obedecem às leis de uso e ocupação do solo restritas e distintas. Nas
três primeiras áreas são permitidas edificações com até dois pavimentos, e na de
interesse econômico, até quatro. As Áreas de Proteção Ambiental são as que
correspondem aos rios Bonito, Restinga, Marambaia e Formoso e suas margens,
destinadas exclusivamente às atividades de lazer e turismo, cujos parâmetros de
ocupação do solo ainda não estão determinados no Plano Específico do Parque
Linear, a ser estabelecido ao longo de seus cursos.
Também é reforçada a recomendação pela Lei Complementar 047, de 17 de
dezembro de 2002, do Código de Obras, que determina a instalação de qualquer
atividade, salvo a residencial, dependerá da expedição da Licença de
Funcionamento, quando solicitada pelo interessado, instruído com cópia do carnê do
Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU, do exercício ou certidão de dados
cadastrais emitidas pelo órgão municipal competente.
TABELA 5 - Responsáveis pelos danos casados ao ambiente na visão dos atores
envolvidos.
Atores Sociais
Comunidade e
associados de
classe
Turistas
Responsáveis pelos
danos
Valor
absoluto
Valor
percentual
Valor
absoluto
Valor
percentual
Sub
total
Poder público 13 12% 35 32%
Empreendimentos
hoteleiros 9 8% 14 13%
Turistas 8 7% 7 6%
Falta de fiscalização 0 0% 24 22%
Total Geral
30 27% 80 73% 100%
60
Nota-se que, tanto a comunidade local e associados de classe (12%), quanto
os turistas (32%), ao serem pesquisados sobre os responsáveis pelos danos,
causados ao ambiente, por meio da atividade turística, apontaram a ausência de
ações concretas do poder público. Os entrevistados afirmam que, não é realizada a
fiscalização, no sentido de fazer o acompanhamento da aplicação dos dispositivos
legais, que orientam os empreendedores ao investirem no local.
TABELA 6 - Dimensão quanto à obrigatoriedade do uso de ecotécnicas na visão dos
atores envolvidos.
Atores Sociais
Comunidade e
associados de
classe
Turistas
Obrigatoriedade do
uso de coletores de
energia solar
Valor
absoluto
Valor
percentual
Valor
absoluto
Valor
percentual
Sub
total
A favor
27 25% 65 59%
Sem valor
1 1% 9 8%
Excesso, abuso de poder
2 2% 6 5%
Total Geral
30 28% 80 72% 100%
Ao serem arguidos sobre tal obrigatoriedade, 25% dos entrevistados da
comunidade e associados de classe e 59% dos turistas apontaram como ótima a
déia de tornar essa lei municipal. Ressalta-se que algumas cidades brasileiras, como
Belo Horizonte e São Paulo, criaram leis que obrigam a adoção dessa técnica em
novas edificações de uso não residencial, públicas e privadas, utilizadas para
atividades que consumam água quente. Por analogia, recomenda-se que Bonito
implante lei similar de redução de custos e impactos. Um Modelo de Projeto de Lei
Solar (com caráter mandatório) acha-se disponibilizado no portal com o site Cidades
Solares (http://cidadessolares.org.br/conteudo_view.php?sec_id=10).
Como complemento, foram feitas mais 2 perguntas aos turistas sobre
empreendimentos hoteleiros e o uso de ecotécnicas. Entre os turistas entrevistados,
29% afirmam ter se hospedado em empreendimento hoteleiro que faça uso de
ecotécnicas, e 71% que não se hospedaram. Também responderam se dariam
preferência ao meio de hospedagem ambientalmente correto, chamado “hotel
verde”.
61
Todos os 30 respondentes afirmaram que sim, que optariam por esse tipo de
hotel ao invés de um que não trabalhe com essa visão de boas práticas ambientais.
Em uma aparente contradição, essa realidade é posta de lado quando se questiona
quais quesitos são determinantes na hora da escolha do meio de hospedagem. Em
ordem decrescente, os turistas que responderam ao questionário da presente
investigação, escolhem o meio de hospedagem, balizados pela categoria do
empreendimento (34%), pelos serviços oferecidos (28%), pela localização (20%) e
pela preocupação que o hotel teria com o meio ambiente (18%).
Essa amostra demonstra que, a despeito de os turistas terem consciência da
importância de se adotar medidas mitigadoras de impactos, não torna essencial na
escolha por um meio de hospedagem com boas práticas ambientais.
Depoimentos dos empreendedores hoteleiros.
Entre os três empreendimentos hoteleiros avaliados, apenas um acredita que
o hotel não causa e não causou impacto ao ambiente. Este mesmo hotel apenas
pratica a redução de lavagem de roupas tendo em vista que, segundo o depoimento
do administrador, não existe a procura pelos turistas por hotéis ecológicos.
O administrador de outro hotel, afirma que seu empreendimento realiza
algumas iniciativas denominadas de ações socioambientais, tais como:
a) coleta seletiva de lixo, nas quais os materiais coletados são enviados a
programas e ONGs, que fazem o aproveitamento na confecção de artesanato,
revertido em venda; as latas são comercializadas todos os meses e, com os valores
acumulados, adquirem eletroeletrônicos para sorteio entre os colaboradores;
b) implantaram a produção de adubo orgânico, por meio da compostagem de
todo resíduo proveniente da cozinha, deixando de enviar ao aterro da cidade quase
duas toneladas/mês de lixo, produzindo, assim, adubo para os jardins do hotel;
c) apoio ao Centro de Educação Infantil Vera L. Figueiredo, por meio de
doações;
d) apoio ao Projeto de Serra que apóia mulheres das comunidades de
assentamentos rurais, que produzem geléias, doces e conservas fabricadas de
forma artesanal que sãos servidos no café da manhã do hotel e vendidas na loja de
souvenires.
Assim, essas iniciativas possibilitam um trabalho de capacitação que visa
contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e para a conservação
62
da natureza na região. Isso demonstra que o empreendimento faz o marketing de
relacionamento com o ambiente externo.
Igualmente, o administrador do terceiro empreendimento hoteleiro participa
de iniciativas como o Programa Bem Receber - Qualificação Profissional e Gestão
Sustentável que busca contribuir para o aumento da qualidade dos serviços no setor
de turismo e da competitividade dos destinos brasileiros. Suas ações são focadas na
qualificação e na certificação de pessoas e de empreendimentos aplicados em 30
destinos turísticos diferentes com o objetivo de aumentar sua competitividade por
meio da prática do turismo sustentável e da oferta diversificada de serviços de
qualidade. Portanto, desenvolvendo o marketing de relacionamento interno, com
visibilidade de controle e, externo, para acompanhamento das atualizações de
conhecimento de concorrente.
Os objetivos do Programa são alcançados por meio da prática de ações de
qualificação e de certificação voltadas à pessoas e sistemas de gestão da
sustentabilidade em micro e pequenos meios de hospedagem, ou seja, pequenos
hotéis, pousadas e albergues. Dos cinco objetivos do projeto, quatro tem ligação
com as tecnologias alternativas e mitigadoras de impacto:
Conscientizar os trabalhadores quanto ao seu papel como disseminadores da
cultura local e sua responsabilidade por atender com qualidade ao turista;
Engajar o empresariado no esforço pela qualificação do destino;
Utilizar racionalmente os atrativos turísticos, visando preservá-los para as
próximas gerações;
Trabalhar com as comunidades locais, desenvolvendo uma consciência
turística, preparando os anfitriões para bem receber, acolher com satisfação e
servir com excelência o turista, ativando as cadeias de produção associadas e
os efeitos positivos do turismo, com consequente prática do turismo
sustentável.
De abrangência nacional, o Programa faz parte de uma estratégia de longo
prazo para o desenvolvimento sustentável do setor de turismo. Os parceiros
realizadores são: o Instituto de Hospitalidade, Ministério do Turismo, Sebrae, Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Agência de Promoção de Exportações e
Investimentos (APEX-Brasil).
63
Ao serem avaliados quanto à relevância do uso de ecotécnicas por parte dos
empreendimentos hoteleiros, os administradores das três empresas responderam
acreditar ser de alta importância a adoção dessas técnicas.
Quando indagados da possibilidade de se tornar obrigatória para os hotéis de
Bonito, alguma tecnologia alternativa e mitigadora de impactos, como a captação de
energia solar, dois deles se demonstraram a favor de tal medida e o outro disse ser
contra uma Lei que os obrigassem a adotar tais procedimentos.
Mesmo que na região de Bonito, um programa de certificação em turismo
sustentável encontre um universo empresarial de pequeno porte, certa
informalidade, com pouca ou nenhuma capacidade de investimento, alta carga
tributária e pouco conhecimento na área, são de fundamental importância, para a
longevidade dos empreendimentos e conquista de novos mercados exigentes e
qualificados– que se estimule processos de certificação e boas práticas ambientais
no âmbito dos negócios de hotelaria. Pelo fato de a certificação ser um tema recente
e, de certo modo, desconhecido por muitos empresários, e pelo fato de seu processo
demandar investimentos em consultorias e adaptações gerenciais e estruturais, é
recomendável que o programa seja implantado observando tais restrições, tendo
apoio de órgãos de classe e poder público, visando à viabilidade de tais certificações
(SALVATI 2001).
Considerações Finais
A revisão de literatura e a pesquisa de campo permitem concluir que:
o Uma edificação construída com bases e princípios ambientais corretos gera
numerosos benefícios, sobretudo no âmbito da sustentabilidade econômica e
ambiental. O prédio fica mais arejado, reduz o uso de ar-condicionado, permanece
mais iluminado, utiliza menos energia e, ainda, fica mais integrado ao ambiente
natural, causando menos impacto visual. Outro ponto favorável é que esse tipo de
construção utiliza madeiras de reflorestamento, com certificação de origem. A
utilização de materiais reciclados também agrega valor aos olhos do turista, além de
ser politicamente correto, visto que, ao ser reciclado, o material deixa de poluir o
ambiente e tem o destino adequado.
o A adoção dessas técnicas reduz drasticamente o impacto que o
empreendimento causa ao ambiente. A captação de energia solar diminui a
demanda de energia elétrica, reduzindo custos operacionais em médio e longo
64
prazo. A despeito de investimentos iniciais mais elevados, tais ações são
amortizadas ao longo da operação. Com a coleta seletiva de lixo, muitos materiais
podem ser reaproveitados deixando de poluir posteriormente o ambiente. Após a
coleta da água de chuva e das chamadas águas cinzentas, pode-se reaproveitá-las
para aguar jardins, lavar calçadas e até mesmo para utilização em descargas,
diminuindo a utilização deste bem escasso e com seus respectivos.
o Constatou-se que os turistas entrevistados têm conhecimento sobre
determinados tipos de ecotécnicas, como captação de energia solar e reuso e
reaproveitamento da água da chuva. Eles são, ainda, conscientes quanto à
importância da adoção dessas medidas no âmbito do turismo sustentável. Essa
consciência demonstra a legítima preocupação para com o ambiente e com a
sustentabilidade, para que gerações futuras possam usufruir da riqueza e
diversidade dos ambientes naturais de Bonito, da mesma forma e com a mesma
qualidade com que são usufruídos hoje.
o Apesar de grande parte de a comunidade local ter sua renda oriunda
diretamente do turismo, eles acreditam que tal atividade, como a instalação de
hotéis, prejudica o ambiente. Essa percepção de que a atividade turística agride de
certa forma o ambiente é detectado também nas sugestões citadas pelos
entrevistados como a utilização das ecotécnicas, a uma determinação limite de
hospedes por hotéis. Nesse cenário, sugerem a construção exclusiva de hotéis em
áreas urbanas, poupando áreas naturais intocadas e que essas construções estejam
amparadas por “selos verdes”, como o ISO 14000 da ecologia, que passará a ser
implantado por hotéis. Da mesma forma, os entrevistados acreditam que a
obrigatoriedade de certos padrões a serem adotados pelos hotéis seja um meio de
se preservar o ambiente e reduzir impacto.
Recomendações
Mesmo com os custos da certificação, os empreendedores hoteleiros devem
da mesma forma, ser sensibilizados e mobilizados pela ABIHN para a importância
dos selos verdes e/ou ecológicos para a redução dos impactos que o
empreendimento causa ao ambiente, a diminuição de custos na produção de
serviços e a melhora da imagem e convivência junto a comunidade local.
Para que este processo não atinja exclusivamente os turistas, os funcionários
dos empreendimentos devem ser treinados e capacitados a utilizarem os novos
65
equipamentos e tomar conhecimento da importância da adoção das novas cnicas.
Igualmente deve ser feito a divulgação destas medidas aos hóspedes através da
confecção de materiais institucionais quanto à educação ambiental como folders e
placas demonstrativas das técnicas adotadas pelo meio hoteleiro.
Dessa forma, o empreendimento hoteleiro, além de reduzir custos e impactos,
atrairá um público mais exigente que se preocupa com o ambiente local e dará
preferência a esse meio de hospedagem. Consequentemente, a comunidade sentirá
mais confiança nos empreendedores e acolherá com maior receptividade aos
turistas, e esse ciclo virtuoso se completa e funcionade forma harmoniosa, tendo
como resultado a redução das pressões sobre o meio ambiente.
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68
APÊNDICE A
69
Ecotécnicas são, a utilização prioritária, racional e sustentável dos materiais e mão-
de-obra disponíveis na região. Trata-se de alternativas ao modo convencional de se realizar
as coisas, para viabilizar a elevação da qualidade de vida das comunidades, com o mínimo
de custos financeiros e ambientais (ECOTÉCNICAS, 2007).
TURISTAS
1- Na sua opinião qual a importância do uso de ecotécnicas por parte dos empreendimentos
hoteleiros?
Alta
Média
Baixa
Insignificante
2- Você saberia apontar alguma ecotécnica?
3- Você acredita que os hotéis de Bonito afetam o ambiente?
4- De que forma você acredita estes danos poderiam ser reduzidos?
5- Quem são os responsáveis por esses danos?
6- O que acha da obrigatoriedade por parte dos hotéis de Bonito, a utilizarem algum tipo
de ecotécnica, como a captação de energia solar?
Media
Baixa
Insignificante
7- Já se hospedou em algum empreendimento hoteleiro que utiliza algum tipo de ecotécnica?
8- Você escolheria o meio de hospedagem pelo fato dele ser ecologicamente correto?
(hotel verde)
70
APÊNDICE B
71
Ecotécnicas são, a utilização prioritária, racional e sustentável dos materiais e mão-
de-obra disponíveis na região. Trata-se de alternativas ao modo convencional de se realizar
as coisas, para viabilizar a elevação da qualidade de vida das comunidades, com o mínimo
de custos financeiros e ambientais (ECOTÉCNICAS, 2007).
COMUNIDADES E ASSOCIADOS DE CLASSE
1- Na sua opinião qual a importância do uso de ecotécnicas por parte dos
empreendimentos hoteleiros?
Alta
Média
Baixa
Insignificante
2-
Você saberia apontar alguma ecotécnica?
3-
Você acredita que os hotéis de Bonito afetam o ambiente?
4-
De que forma você acredita estes danos poderiam ser reduzidos?
5- Quem são os responsáveis por esses danos?
6- O que acha da obrigatoriedade por parte dos hotéis de Bonito, a utilizarem algum tipo
de ecotécnica, como a captação de energia solar?
A favor
Sem valor
Contra
72
ANEXO A
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