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b) Usamos a expressão
gênero textual
como uma noção propositalmente
vaga para referir os
textos materializados
que encontramos em nossa vida
diária e que apresentam
características sócio-comunicativas
definidas por
conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica.
Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros.
Alguns exemplos de gêneros textuais seriam:
telefonema, sermão, carta
comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula
expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita
culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instru-
ções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada,
conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por compu-
tador, aulas virtuais
e assim por diante. (MARCUSCHI, 2005b, p. 22-
23, grifo do autor)
Desse modo, enquanto os tipos textuais são definidos por propriedades linguísticas
intrínsecas, os gêneros são definidos por propriedades sócio-comunicativas. Se estes são,
como afirma o autor, ―textos empiricamente realizados cumprindo funções comunicativas‖,
aqueles são sequências linguísticas que se apresentam no interior dos gêneros. Os tipos
textuais comportam um número limitado de nomeações enquanto para os gêneros, como já
observamos, há um conjunto aberto e ilimitado de nomeações.
Outra noção que Marcuschi procura esclarecer é a expressão ―domínio discursivo‖.
Usamos a expressão
domínio discursivo
para designar uma esfera ou instância
de produção discursiva ou de atividade humana. Esses
domínios
não são
textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discursos bastante
específicos. Do ponto de vista dos domínios, falamos em
discurso
jurídico,
discurso jornalístico, discurso religioso
etc., já que as atividades jurídica,
jornalística ou religiosa não abrangem um gênero em particular, mas dão
origem a vários deles. Constituem práticas discursivas dentro das quais
podemos identificar um conjunto de gêneros textuais que, às vezes, lhe são
próprios (em certos casos exclusivos) como práticas ou rotinas
comunicativas institucionalizadas. (op. cit., p.23-24)
Em suma, nos tipos textuais há o predomínio de sequências linguísticas típicas de cada
tipo, definidos por seus traços linguísticos marcantes; já para os gêneros textuais predomina a
ação prática de uso da língua em contexto sócio-histórico, ao passo que os domínios
discursivos referem-se às grandes esferas de atividade humana em que os textos circulam para
cumprir um determinado propósito comunicativo.
O autor enfatiza que um gênero não pode ser definido mediante certas propriedades
que são tidas como próprias daquele gênero. Tal definição está mais relacionada com a função
social que o gênero desempenha no contexto comunicacional. Assim, uma carta será
classificada dessa forma mesmo que não tenha todos os seus elementos constitutivos, uma