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política paternalista sobre a classe trabalhadora. O conceito de autonomia esteve
presente desde as origens do partido, a autonomia das classes subalternas em luta por
um movimento de negação da própria dominação. Nascido no seio dos sindicatos
combativos, o PT definiu-se como partido classista, de caráter amplo e massivo, de
organização autônoma e independente, não pretendendo, no entanto, ser o único
representante da classe trabalhadora.
Muitos autores
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escreveram sobre o PT. Para Moacir Gadotti e Otaviano Pereira,
a idéia da criação de um Partido dos Trabalhadores, que, além de pretender educar
politicamente os trabalhadores, tem como proposta fazer a classe trabalhadora participar
da vida política brasileira, é radical porque faz com que os trabalhadores assumam sua
permanência no cenário político brasileiro. (GADOTTI E PEREIRA, 1989, p. 22).
Leôncio Martins Rodrigues (1990, p. 10) indica que “o PT surgiu dos
movimentos sociais, mas dos movimentos sociais ligados a Igreja Católica. Por outro
lado, o partido de fato foi lançado e apoiado por dirigentes sindicais, por lideranças
operárias”. O autor afirma que esta idéia relacionada à natureza do partido se dá pelo
fato de que a sua formação é constituída basicamente por trabalhadores, como é o caso
de Lula, considerado a maior liderança operária naquele momento histórico. No entanto,
o partido deveria ser entendido do ponto de vista sociológico como um partido de
classes médias, ou mais exatamente, de um setor das classes médias, de acordo com a
análise das profissões dos membros do Diretório Nacional.
Para Keck (1991), o PT foi criado em consequência de um conjunto de fatores
combinados em São Paulo (incluindo-se aí a região do ABC) em um momento histórico
cujas alternativas pareciam em aberto e o futuro ainda não determinado. Em 1979 e
início de 1980, apesar de dois anos de discussões, a concretização da idéia de um
Partido dos Trabalhadores autônomo e independente estava longe de constituir um fato
evidente. Em primeiro lugar, encontrava-se em São Paulo o núcleo central das
lideranças trabalhistas conhecidas em nível nacional. Em segundo lugar, uma base de
massa já se manifestava em São Paulo no final dos anos 70, por ocasião das greves e de
um sem-número de lutas sociais. Esses dois elementos envolvidos na formação do PT
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Os trabalhos escritos sobre o PT, na atualidade, ganharam uma dimensão significativa, pois, o partido
elegeu Lula por duas vezes a presidente da República. Logo surgiram teses, dissertações, livros e artigos
discutindo algum aspecto referente ao PT. Para pesquisadores interessados no tema, alguns trabalhos
referenciais: (DELGADO, 2007); (FILOMENA, 2006); (SOUZA, 2004); (NUNES, 2003); (FRANÇA,
2006); (SAMUELS, 2004); (COUTINHO;MIGUEL, 2007); (CERVI; SOUZA;VEIGA, 2007);
(DEMIER, 2003); (BALBACHEVSKY; HOLSHACKER, 2004); (OTTMANN, 2006); (ALMEIDA,
2003); (CARVALHO, 2006); (GENRO, 2000); (DEMIER, 2003).