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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS - PB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA SISTEMAS
AGROSSILVIPASTORIS NO SEMI-ÁRIDO
RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E COMPORTAMENTAIS DE
CAPRINOS EM PASTAGEM NATIVA NO SEMI-ARIDO
PARAIBANO
ANDERSON LUIZ NASCIMENTO DA SILVA
PATOS, PB
2009
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS - PB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA SISTEMAS
AGROSSILVIPASTORIS NO SEMI-ÁRIDO
RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E COMPORTAMENTAIS DE
CAPRINOS EM PASTAGEM NATIVA NO SEMI-ÁRIDO
PARAIBANO
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Campina Grande, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia, área de concentração Sistemas
Agrossilvipastoris no Semi-árido, para
obtenção do título de Mestre.
Anderson Luiz Nascimento da Silva
Orientador: Prof. Dr. Bonifácio Benicio de Sousa
Co-Orientador: Prof. Dr. José Moraes Pereira Filho
PATOS PB
2009
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iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
TÍTULO: RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E
COMPORTAMENTAIS DE CAPRINOS EM PASTAGEM
NATIVA NO SEMI-ARIDO PARAIBANO
AUTOR: Anderson Luiz Nascimento da Silva
ORIENTADOR: Prof. Dr. Bonifácio Benicio de Souza
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. José Morais Pereira Filho
APROVADA em: 27/01/2009
Prof. Dr. Bonifácio Benicio de Souza
UFCG - Orientador
Prof. Dr. Dermeval Araújo Furtado
UFPB 1º Examinador
Prof. Dr. Marcílio Fontes Cezar
UFCG 2º Examinador
Patos/PB
2009
iv
FICHA CATALOGADA NA BIBLIOTECA DA UFCG CAMPUS DE PATOS
S586r
2009
Silva, Anderson Luiz Nascimento da.
Respostas fisiológicas e comportamentais de caprinos em
pastagem nativa no semi-árido paraibano / Anderson Luiz
Nascimento da Silva. Patos - PB, CSTR / UFCG, 2009.
62 p.
Dissertação Pós Graduação em Zootecnia Sistemas
Agrossilvipastoris no Semi-árido). Centro de Saúde e
Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande.
l Bioclimatologia caprino. 2 - Etologia I Título.
CDU: 551.586:636.3
v
A meus pais João Luiz da Silva e Maria de Lourdes Nascimento da Silva exemplo de tudo na
minha vida
A meus irmãos João Luiz da Silva Júnior, Allisson Luiz Nascimento da Silva e Alan Luiz
Nascimento da Silva, pela força.
OFEREÇO!!!
A minha esposa Jane Glaide Vilela Alves e meus filhos Anna Clara Vilela Nascimento da
Silva e Anderson Luiz Nascimento da Silva Júnior
DEDICO!!!
vi
AGRADECIMENTOS
A meu Deus, por ter iluminado meus caminhos e me dado forças para continuar.
A toda minha família pais, irmãos, filhos e esposa, por acreditarem na concretização de mais
esse sonho.
Ao professor Dr. Bonifácio Benício de Souza, pela orientação paciência e pelos conselhos.
Ao professor Dr. José Morais Pereira Filho, pela orientação, amizade, força e paciência.
Ao professor Dr. Marcílio Fontes Cezar, pela amizade apoio e orientação.
Ao professor Dr. Demerval Araújo Furtado, pela importante contribuição na avaliação deste
trabalho.
A todos os professores que tive a oportunidade de conviver durante o curso pelos
ensinamentos transmitidos.
Ao professor Jacob Silva Souto pela confiança e pelos incentivo, por me dar a oportunidade
de publicar meu primeiro trabalho dentro da instituição.
Ao programa de pós-graduação em Zootecnia (PPGZ) pela oportunidade.
Ao grande conterrâneo de Ipioca AL, Aloísio Monteiro de Carvalho Júnior pela ajuda e
apoio desde á época de seleção do curso.
A meus colegas de turma Albimar, Carpejane, Dário, Giovanna, Lourenço, Maésia, Rayana,
Rênio, Rômulo e Tomaz, pela colaboração e amizade.
Aos funcionários do Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Damião, seu Pedro seu Biu, Seu
Duda, Manoel (Bagaceira), Marcone, Mª José, pela cooperação durante o desenvolvimento
deste trabalho.
A todos os funcionários da biblioteca.
A todos os que contribuíram direta e indiretamente e que aqui não foram citados.
A todos muito obrigado!!!
vii
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS............................................................................................................
ix
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................
x
RESUMO................................................................................................................................
xii
ABSTRACT............................................................................................................................
xiii
CAPÍTULO 1 - Respostas fisiológicas e comportamentais de caprinos em pastagem
nativa no semi-árido paraibano...........................................................................................
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................
14
2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................
15
2.1 Boer x SRD.......................................................................................................................
15
2.2 Termorregulação...............................................................................................................
15
2.3 Índice de temperatura globo negro e umidade (ITGU)................................................
16
2.4 Parâmetros fisiológicos.....................................................................................................
16
2.5 Parâmetros hematológicos................................................................................................
18
2.6 Comportamento alimentar................................................................................................
18
2.7 Procura por água e sombra................................................................................................
19
4 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................
20
CAPÍTULO 2 - Respostas fisiológicas e comportamentais de caprinos terminados em
pastagem nativa com diferentes níveis de suplementação no semi-árido
paraibano...............................................................................................................................
23
RESUMO................................................................................................................................
24
ABSTRACT............................................................................................................................
25
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................
26
2 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................................
28
2.1 Área experimental.............................................................................................................
30
2.2 Parâmetros ambientais......................................................................................................
30
2.3 Parâmetros fisiológicos.....................................................................................................
31
2.4. Parâmetros hematológicos...............................................................................................
32
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................
33
4 CONCLUSÕES...................................................................................................................
40
5 REFERÊNCIAS...................................................................................................................
41
viii
CAPÍTULO III Procura de água e de sombra por caprinos F1 Boer x SRD
terminados em pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação...................
RESUMO...............................................................................................................................
46
ABSTRACT...........................................................................................................................
47
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................
48
2 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................
49
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................
52
4 CONCLUSÕES..................................................................................................................
61
5 REFERÊNCIAS.................................................................................................................
62
ix
LISTA DE TABELAS
Capítulo 2
Tabela 1 Composição química dos ingredientes utilizados no suplemento oferecido aos
animais................................................................................................................
29
Tabela 2 Composição percentual dos minerais componentes do núcleo mineral ofertado
aos animais..........................................................................................................
29
Tabela 3 Médias das variáveis ambientais, temperatura de bulbo seco (TBS), umidade
relativa (UR), índice de temperatura globo negro e umidade na sombra
(ITGUSB), índice de temperatura globo negro e umidade no sol (ITGUSL),
carga térmica radiante na sombra (CTRSB) e carga térmica radiante no sol
(CTRSL)..............................................................................................................
33
Tabela 4 Médias da temperatura retal (TR), freqüência respiratória (FR), temperatura
superficial (TS) e coeficiente tolerância ao calor (CTC)....................................
35
Tabela 5 Médias dos parâmetros hematológicos: hemácias (HE), hemoglobina (HB),
hematócrito (HT), volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina
corpuscular média (HCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média
(CHCM)..............................................................................................................
38
Capítulo 3
Tabela 1 Composição química dos ingredientes utilizados e do suplemento oferecido
aos animais..........................................................................................................
50
Tabela 2 Disponibilidade e composição florística da vegetação herbácea no inicio
(Junho) meio (Julho) e fim (Agosto) do período experimental.........................
50
Tabela 3 Composição química da forragem nativa do inicio meio e fim do período
experimental........................................................................................................
51
Tabela 4 Digestibilidade da matéria seca (DMS) das gramíneas e dicotiledôneas
herbáceas no início, meio e fim do período experimental..................................
51
x
LISTA DE FIGURAS
Capitulo 2
Figura 1 Médias da frequência respiratória (FR) e gradiente térmico (TRTS) em turnos
diferentes............................................................................................................
36
Figura 2 Gradiente térmico entre a temperatura superficial e a ambiental (TSTA) e a
frequência respiratória (FR) nos turnos da manhã e tarde.................................
37
xi
Capítulo 3
Figura 1 Freqüência de procura de água pelos caprinos F1 Boer x SRD terminados em
pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação.................................
52
Figura 2 Freqüência de procura de água pelos caprinos F1 Boer x SRD terminados em
pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação em três épocas de
avaliação. Médias com letras diferentes indicam diferença (P<0,05), pelo teste
Qui-quadrado.......................................................................................................
53
Figura 3 Freqüência de procura de sombra pelos caprinos F1 Boer x SRD terminados
em pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação..........................
54
Figura 4 Freqüência de procura por sombra pelos caprinos F1 Boer x SRD terminados
em pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação em três épocas
de avaliação..........................................................................................................
55
Figura 5 Porcentagem de procura por água de caprinos F1 Boer x SRD terminados em
pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação em função dos
parâmetros ambientais (temperatura e umidade).................................................
56
Figura 6 Procura por água em função dos níveis de suplementação e do horário, por
caprinos F1 Boer x SRD terminados em pastejo e submetidos a diferentes
níveis de suplementação......................................................................................
57
Figura 7 Procura por água em função do período experimental e do horário, por
caprinos F1 Boer x SRD terminados em pastejo e submetidos a diferentes
níveis de suplementação.....................................................................................
58
Figura 8 Porcentagem de procura por sombra de caprinos F1 Boer x SRD terminados
em pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação em função dos
parâmetros ambientais (temperatura e umidade)................................................
59
Figura 9 Procura por sombra de caprinos F1 Boer x SRD terminados em pastejo e
submetidos a diferentes níveis de suplementação em relação ao horário e ao
período................................................................................................................
60
xii
SILVA, Anderson Luiz Nascimento da. Respostas fisiológicas e comportamentais de
caprinos em pastagem nativa no semi-árido paraibano. Patos, PB: UFCG, 2009,
(Dissertação Mestrado em Zootecnia Sistemas Agrossilvipastoris no Semi-árido).
RESUMO
O experimento foi conduzido nas instalações do Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR)
da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus de Patos, Paraíba, Brasil. O
objetivo foi avaliar a influência do ambiente sobre os parâmetros fisiológicos, hematológicos
e comportamental de caprinos F1 Boer x SRD terminados em pastagem nativa e submetidos a
diferentes níveis de suplementação. Foram utilizados 24 caprinos F1 Boer x SRD para
avaliação dos parâmetros fisiológicos e hematológicos e para avaliação da procura por água e
sombra foram utilizados 28 caprinos F1 Boer x SRD, não castrados com 120 dias de idade e
peso inicial de 15,52kg. Os animais foram identificados com coleiras, vermifugados e
distribuídos de forma aleatória em 4 níveis de suplementação (0,0, 0,5, 1,0, 1,5% do peso vivo
em MS). Foram avaliados os parâmetros ambientais, fisiológicos, hematológicos e a procura
por água e sombra. Em relação aos parâmetros ambientais e fisiológicos observou-se um
efeito significativo, com maior temperatura no turno da tarde. Não houve efeito de
tratamentos em relação aos parâmetros hematológicos. Em relação à procura por água houve
efeito em função da época e não dos tratamentos. Já na procura por sombra não verificou-se
efeito, nem para tratamentos nem para época. Os diferentes níveis de suplementação não
exercem efeito significativo sobre os parâmetros hematológicos e fisiológicos de caprinos F1
Boer x SRD, na região do semi-árido paraibano. A suplementação não altera a freqüência de
procura de água por caprinos F1 Boer x SRD terminados em pastagem nativa, mas estes
animais buscaram mais a água no mês de junho. Independentemente da suplementação e da
época a maior procura por água ocorreu pela manhã.
Palavras chave: caatinga, parâmetros ambientais, parâmetros fisiológicos, procura por
sombra, procura por água
xiii
SILVA, Anderson Luiz Nascimento da. Physiological and behavior responses of goats in
native pasture on Semi-arid. Patos, PB: UFCG, 2009, (Dissertação Mestrado em
Zootecnia Sistemas Agrossilvipastoris no Semi-árido).
ABSTRACT
The experiment was carried out at experimental farm of Federal University of Campina
Grande (UFCG), Patos, Paraiba, Brazil. The objective of this study was to evaluate the
influence of environment on the physiological, blood and behavior responses of Boer goats
crossbreeds finished in native pasture under different supplementation levels. Twenty-four
Boer goats crossbreeds , non emasculated with 120 days old and an initial live body weight of
15.52 Kg, were used for evaluation of physiologic and blood responses and for evaluation and
to evaluate of the look for water and shade. The animals were properly identified. The
treatments were randomly assigned to the animals according to a completely random design
with 4 treatments (0.0, 0.5, 1.0 and 1.5% of live body weight on Dry matter) and six
replications (goats). The environmental parameters were determined. In relation to the
environmental and physiologic parameters a significant effect was observed, with larger
temperature on the afternoon period. There wasn’t effect of treatments to blood parameters.
Considering the look for water, there was effect in function of the time. Already in the search
for shade effect wasn’t verified, nor for treatments nor for time. The different supplementation
levels don't presented significant effect on the blood and physiological parameters of Boer
goats crossbreed in the Brazilian semi-arid. The supplementation doesn't alter the frequency
of search of water for Boer goats crossbreed finished in native pasture, but these animals
looked for more the water in the month of June. Independently of the feeding supplementation
level and of the time, the largest search for water happened in the morning.
Palavras chave: caatinga, environmental parameters, physiological responses, shade, water
14
1 INTRODUÇÃO
A criação de caprinos vem sendo uma das alternativas mais promissoras para a região
do semi-árido, por conta de sua resistência as intempéries climáticas, e por sua capacidade de
aproveitamento de forragens de baixa qualidade na época de seca. A vegetação de caatinga
torna-se uma das principais fontes de alimento para os animais, mesmo apresentando uma
baixa capacidade de suporte (SILVA et al. 2007).
A população caprina no Brasil é de aproximadamente 10.050.888 de animais, com
94% concentrada na Região Nordeste e o município de Patos PB possui um rebanho de
3.420 cabeças (IBGE, 2006).
Fisiologicamente os animais reagem diferentemente a exposições freqüentes a radiação
solar e a mudanças drásticas de temperatura, dentre outros fatores ambientais, alterando o
comportamento e a produtividade dos mesmos.
A escolha de raças apropriadas para uma determinada região depende do
conhecimento, não somente da área e do clima à que o animal será submetido, mais das
características e do grau de rusticidade dos animais, para o melhor aproveitamento do seu
potencial produtivo. O estudo das variáveis ambientais e fisiológicas tem o papel de
diagnosticar a melhor espécie ou mais adaptada a uma determinada região.
O comportamento de caprinos vem sendo uma das ferramentas utilizada na avaliação
de sistema de pastagem, principalmente se levado em consideração à alta seletividade dos
ruminantes, particularmente, dos caprinos. A relação entre a época, quantidade e qualidade da
pastagem pode influenciar o comportamento do animal durante o pastejo (PEDROSO et al.
2004).
A freqüência com que os animais procuram o pasto, água e sombra pode ser uma boa
forma de avaliação do comportamento dos mesmos em função de um determinado ambiente,
já que o ambiente, com todas suas variáveis, podem influenciar no comportamento em relação
à procura por alimento e água (BARROS et al. 2007).
O objetivo deste estudo foi avaliar a influência do ambiente sobre os parâmetros
fisiológicos, hematológicos e comportamental de caprinos F1 Boer x SRD terminados em
pastagem nativa e submetidos a diferentes níveis de suplementação.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Boer x SRD
A raça Boer, originária da África do Sul, a partir do cruzamento entre caprinos
indígenas e europeus é considerada muito adaptada e prospera em todas as regiões climáticas
da África do Sul, incluindo as regiões de climas mediterrâneo, tropical e subtropical, bem
como as regiões semidesérticas do Kalahari (SOUSA et al. 1998). A raça se caracteriza por
apresentar adequado tamanho, máximo rendimento de carcaça, boa conformação e estatura
ajustada às condições de ambiente e aos requerimentos de produção. Os caprinos desta raça
podem apresentar ganho em peso diário a uma taxa de mais de 200g/dia.
O rebanho brasileiro de caprinos é constituído principalmente por animais Sem Raça
Definida (comumente denominados de SRD), os quais são resultado do cruzamento da raça
nativa conhecida como Crioulo com raças importadas (SANTANA & SIMPLÍCIO, 1992).
Os rebanhos SRD são caracterizados pelo baixo peso e reduzida capacidade de
produzir carne e leite, porém apresentam alta resistência ás doenças e ao clima, mesmo
quando submetidos a uma alimentação reduzida. Apenas recentemente vem melhorando este
rebanho, introduzindo-se raças com aptidão para a produção de carne, a exemplo da raça
Boer, especializada em carne (MADRUGA et al. 2005)
2.2 Termorregulação
Os ruminantes são animais homeotermos, isto é, capazes de manterem a temperatura
interna do corpo, aproximadamente constante, embora ocorra variação da temperatura
ambiental (MARTELLO, 2002).
A homeostase é a manutenção do equilíbrio orgânico, embora as condições ambientais
variem. O sistema nervoso é o responsável pela integração dos diferentes sistemas e aparelhos
orgânicos, regulando o contato que é mantido tanto com o meio externo quanto com o interno.
Os mecanismos bioquímicos e fisiológicos são dependentes da temperatura corporal, podendo
ser citado como exemplo o metabolismo celular, a freqüência cardíaca, a freqüência
respiratória, os processos digestivos, etc. (RODRIGUES, 2008)
A zona de termoneutralidade é a faixa de temperatura efetiva ótima, onde os animais
homeotermos não gastam energia com a utilização dos seus mecanismos de termorregulação
16
para manutenção da temperatura corporal, podendo assim exteriorizar todo o seu potencial
produtivo.
2.3 Índice de temperatura globo negro e umidade (ITGU)
Buffington et al. (1981) desenvolveram o índice de temperatura de globo negro e
umidade e afirmaram que é o mais preciso para se medir o conforto térmico dos ruminantes
por englobar em um único valor os efeitos da temperatura de bulbo seco, velocidade do ar,
umidade e da radiação solar direta e indireta.
Santos et al. (2005), relataram que sob condições de clima tropical, o animal pode estar
exposto a uma carga térmica radiante maior que sua produção de calor metabólico, resultando,
portanto, em um alto nível de desconforto. Neste caso somente o índice de temperatura e
umidade (ITU), não reflete o ambiente térmico e, portanto não seria o mais adequado para
avaliação do desconforto e subseqüentes perdas na produção sob essas condições.
O ITGU é calculado substituindo-se em uma das fórmulas do ITU, o termo referente à
temperatura do ar pela temperatura do globo negro.
ITGU = TG + 0,36 Tpo + 41,5
Onde:
TG= temperatura de globo negro
Tpo = temperatura do ponto de orvalho.
Silva et al. (2008) trabalhando com caprinos na região do semi-árido paraibano
encontraram valores correspondentes ao ITGU na sombra de 80,11 e no sol de 92,17 e os
animais demonstram bem adaptados aos ambientes.
2.4 Parâmetros fisiológicos
A temperatura corporal de animais homeotérmicos é mantida dentro de limites
estreitos, por uma série de mecanismos de regulação rmica, os quais incluem respostas
fisiológicas e comportamentais a. Entre o animal e o meio existe uma constante transferência
de calor, denominada de troca de calor sensível e calor insensível. A perda de calor sensível
envolve trocas diretas de calor com o ambiente por condução, convecção e radiação e
17
dependem da existência de um gradiente térmico entre o corpo do animal e o ambiente
(HABEEB et al. 1992). A perda de calor insensível consiste na evaporação da água na
superfície da pele ou através do trato respiratório, usando o calor para mudar a entalpia da
água em evaporação (INGRAM & MOUNT, 1975).
De acordo McDowell (1989) a adaptação fisiológica é determinada principalmente por
alterações do equilíbrio térmico e da adaptabilidade, que descrevem determinadas
modificações no desempenho quando o animal é submetido a variações de temperatura para
mais ou para menos.
De acordo com Martello (2002), o primeiro sinal visível de um animal em estresse
térmico é o aumento ou a diminuição da freqüência respiratória, embora este seja o terceiro na
seqüência do mecanismo de termorregulação. O primeiro, fisiologicamente citado, é a
vasodilatação, seguido da sudação. O aumento ou a diminuição da freqüência respiratória
depende da intensidade e da duração do estresse a que os animais estão submetidos.
Embora seja uma espécie menos susceptível ao estresse ambiental, os caprinos em
temperaturas críticas reduzem a sua eficiência bioenergética, prejudicando o resultado de sua
produtividade (LU, 1989). Por isso, o conhecimento prévio do desempenho de raças exóticas
introduzidas em ambientes diferentes ao de sua origem torna-se indispensável, a fim de se
obter cruzamentos, com raças de caprinos existentes no Brasil, uma diversidade genética que
possa fornecer combinações apropriadas para uma variedade de situações de produção,
manejo, mercado e adaptabilidade.
Santos et al. (2005) observaram que independente da raça (exótica ou nativa) o turno
influenciou sobre alguns parâmetros fisiológicos. Com relação à temperatura retal não houve
diferença significativa entre as raças Moxotó e Boer. Para a freqüência respiratória a raça
Boer apresentou maior valor quando comparada com as raças Anglo-Nubiana, Moxotó e
Pardo-Sertaneja. Com base nos dados fisiológicos os autores concluíram que os animais da
raça Boer e Anglo-Nubiana demonstraram um alto grau de adaptabilidade às condições semi-
áridas quando confinados, assemelhando-se as raças naturalizadas (Moxotó e Pardo-
Sertaneja).
18
2.5 Parâmetros hematológicos
Os parâmetros hematológicos têm sido utilizados mundialmente para avaliar o estado
de saúde dos animais e também como indicadores de estresse calórico (PAES, 2000). Dukes
& Swenson (1996) relataram que com o aumento da temperatura ambiente o animal perde
líquido através do aparelho respiratório o que contribui para a redução do volume plasmático
sanguíneo levando a um aumento na concentração do hematócrito.
Segundo Paes (2000), o hemograma é um exame complementar que fornece ao
profissional da área de produção animal, várias informações sobre o estado de saúde dos
animais e também serve como um indicador de estresse térmico.
Souza et al. (2004) ao estudarem o efeito da época do ano sobre os parâmetros
hematológicos de caprinos no semi-árido, observaram elevação do hematócrito e do volume
globular médio na época mais quente do ano, em decorrência do estresse térmico.
De acordo com Silva et al. (2008), apesar da variedade de fatores que podem interferir
nos valores hematológicos dos animais, muito pouco se tem disponível na literatura sobre os
efeitos deles nas raças criadas na região Nordeste, sendo necessários maiores estudos nesta
área.
2.6 Comportamento alimentar
O comportamento ingestivo envolve o consumo de alimento ou de substâncias
nutritivas, incluindo sólidos e líquidos, e as diferentes espécies apresentam características
particulares quando se refere a comer e beber (PETRYNA, 2002). De acordo com Abijaoude
et al. (2000), de forma geral, caprinos, ovinos e bovinos criados em confinamento consomem
em dois períodos longos por dia, um chamado de principal e outro, separado por várias
alimentações, secundário. Segundo Baumont et al. (2000) para animais mantidos em
confinamento, normalmente, são ofertadas duas refeições por dia e, cerca de 60 a 80% do
consumo diário ocorre durante essas duas principais refeições.
É importante destacar que o comportamento em pastejo pode apresentar resultados
diferentes quando comparado com o confinamento. Neste particular, Ribeiro et al. (2006)
relataram que o tempo gasto na alimentação e a velocidade com que ela é efetuada estão
relacionados com a morfologia da forragem, o tempo despendido na ingestão e redução do
19
bolo alimentar e no caso de suplementação, com as características do concentrado. No
entanto, a freqüência de consumo e ruminação está relacionada com o comportamento
alimentar de cada espécie.
2.7 Procura por água e sombra
Água é o componente mais abundante dos líquidos corpóreos, abrange cerca de 60%
de seu peso total (ANDRIGUETTO et al. 1986).
Segundo Barros et al. (2007), a freqüência de beber depende da condição da forragem,
da localização da água na área e da temperatura ambiente.
Nos caprinos, a necessidade de água é aumentada com a quantidade de matéria seca
ingerida e está relacionada com o volume do seu corpo, temperatura e grau de umidade do
ambiente, tipo de alimentação, estado de saúde, raça, idade e sexo (RIBEIRO, 1997).
Ribeiro et al. (2006) trabalhando com caprinos da raça Moxotó, verificaram que os
mesmos defecaram e urinaram mais no período das 18:00 às 06:00 horas, enquanto a procura
por água ocorreu com maior freqüência no período das 06:00 às 12:00 horas, o que pode ser
justificado por ser este o período mais quente do dia e pelo hábito desses animais em
desenvolverem suas atividades de alimentação durante o dia das 06:00 as 18:00 horas,
estimulando a procura por água. Durante a noite, em decorrência dos processos digestivos,
ocorre maior eliminação do alimento que não foi absorvido e dos metabólitos.
Animais com restrição alimentar tendem a consumir mais água para tentar saciar a
falta de alimento, quanto menor a qualidade do alimento ofertado aos animais, maior será a
ingestão de água (TEIXEIRA et al. 2005).
Os caprinos possuem maior atividade alimentar nas primeiras horas do dia e no final
da tarde, tambémser influenciado pelas condições ambientais (RIBEIRO, 1997).
Barros et al. (2007), relataram que os animais procuram sombra nas horas de maior
calor e para as atividades de ócio e de ruminação principalmente das 12 as 18horas.
Quanto menor a quantidade de forragem na área experimental mais os animais se
movimentam na área experimental e conseqüentemente procuram mais sombra, que os
animais possuem mais acesso a forragem de qualidade (SILVA et al. 2007)
20
3 REFERÊNCIAS
ABIJAOUDE, J.A. et al. Diet effect on the daily feeding behaviour, frequency and
characteristics of meals in dairy goats. Livestock Producion Science, v. 64, p. 29-37, 2000.
ANDRIGUETTO, J.M.; PERLY, L.; MINARDI, I. Nutrição animal. 3ª Ed. São Paulo: Nobel,
1986.
BARROS, C.S., DITTRICH, J.R., ROCHA, C., SILVA, C.J.A., ROCHA, F.M.P.,
MONTEIRO, A.L.G., BRATTI, L.F.S., SILVA, A.L.P. Comportamento de caprinos em
pastos de Brachiaria hibrida cv. Mulato. Revista da Faculdade de Zootecnia, Veterinária e
Agronomia, v.14, n.2, p. 187-206. 2007.
BAUMONT, R. et al. How forage characteristics influence behaviour and intake in small
ruminants: A Review. Livestock Producion Science, Canadá, v. 64, p. 15-18, 2000.
BUFFINGTON, D.E.; COLLAZO-AROCHO, A.; CANTON, G.H.; PITT, D. Black Globe-
Humidity index (BGHI) as Comfort Equation for Dairy Cows. Transactions of the Asae,
p.711-713, 1981.
DUKES, H.H.; SWENSON, H.J. Fisiologia dos Animais Domésticos. 11 ed.Guanabara
Koogan, Rio de Janeiro, 1996, 856p.
HABEEB, A.L.M.; MARAY, I.F.M.; KAMAL, T.H. Farm animals and the environment.
Cambridge: CAB, 1992. 428p.
INGRAM, D.L.; MOUNT, L.E. Man and Animals in Hot Environments. Springer-Verlag,
185 p. 1975.
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restrictions. Small Ruminant Research. v. 63 p. 20 27. 2006.
23
CAPITULO 2
RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE CAPRINOS
TERMINADOS EM PASTAGEM NATIVA COM DIFERENTES
NÍVEIS DE SUPLEMENTAÇÃO NO SEMI-ÁRIDO
PARAIBANO
24
SILVA, Anderson Luiz Nascimento da. Respostas fisiológicas de caprinos terminados em
pastagem nativa com diferentes níveis de suplementação no semi-árido paraibano. Patos,
PB: UFCG, 2009, (Dissertação Mestrado em Zootecnia Sistemas Agrossilvipastoris no
Semi-árido).
RESUMO
O experimento foi conduzido no Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR) da
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Patos, Paraíba, Brasil. O objetivo foi
avaliar o comportamento fisiológico de caprinos F1 (Boer x SRD), terminados em pastagem
nativa e submetidos à suplementação, no semi-árido paraibano. Foram utilizados 24 animais
F1 Boer x SRD, com idade de 120 dias, num esquema fatorial 4 X 2, quatro níveis de
suplementação (0,0, 0,5, 1,0, 1,5% do PV em MS) e dois turnos (manhã e tarde), com seis
repetições. Os parâmetros ambientais foram registrados com o auxilio de equipamentos
instalados na área experimental. Os parâmetros fisiológicos foram avaliados segundo a
metodologia descrita por Santos et. al. (2006) com aferições da temperatura retal (TR),
freqüência respiratória (FR) e temperatura superficial (TS) em sete pontos. A coleta de
sangue, para avaliação dos parâmetros hematológicos, foi realizada segundo a metodologia
descrita por Souza et al. (2008). Houve efeito significativo de turno dos parâmetros
ambientais com ITGU no sol de 93,10 e CTR no sol de 819,07 W.m
-2
. Houve efeito de turno,
nos paramentos fisiológicos TR, FR e TS com valores de 39,38, 56,85 e 34,30°C
respectivamente. Não houve efeito de tratamentos em relação aos parâmetros hematológicos.
O turno exerce efeito significativo sobre os parâmetros fisiológicos de caprinos F1 Boer x
SRD. Os diferentes níveis de suplementação não exercem efeito significativo sobre os
parâmetros hematológicos e fisiológicos de caprinos F1 Boer x SRD, na região do semi-árido
paraibano.
Palavras chave: adaptabilidade, hemograma, parâmetros ambientais, parâmetros fisiológicos
25
SILVA, Anderson Luiz Nascimento da. Physiological responses of boer goats crossbreeds
finished in native pasture under different feeding supplementation levels in the semi-
arid. Patos, PB: UFCG, 2009, (Dissertação Mestrado em Zootecnia Sistemas
Agrossilvipastoris no Semi-árido).
ABSTRACT
The experiment was carried out at experimental farm of Federal University of Campina
Grande (UFCG), Patos, Paraiba, Brazil. The objective of this study was to evaluate the
physiological responses of Boer goats crossbreeds finished in native pasture under different
supplementation levels. Twenty-four Boer goats crossbreeds, non emasculated, with 120 days
old, were used. The treatments were randomly assigned to the animals according to a
completely random design, in a factorial scheme 4x2, four feeding supplementations levels
(0.0, 0.5, 1.0 and 1.5% of live body weight on Dry matter) and two shifts (morning and
afternoon) with six replications (goats). The environmental parameters were registered
through of equipments installed in the experimental area. The physiologic parameters were
evaluated according to the methodology described by Santos et. al. (2006) with measurements
of rectal temperature (RT), respiratory rate (RR) and skin temperature (ST). The collection of
blood, for evaluation of the blood parameters, it was accomplished according to the
methodology described by Souza et al. (2008). There was significant effect of shift of the
environmental parameters with Humidity and black globe temperature index (HGTI) in the
sun of 93.10 and CTR in the sun of 819.07 W.m
-2
. There was shift effect in the physiological
responses RT, RR and ST with averages values of 39.38, 56.85 and 34.30°C, respectively.
There wasn’t effect of treatments in relation to the blood parameters. The shift present
significant effect on the physiologic parameters of Boer goats crossbreeds. The different
feeding supplementation levels don't exercise significant effect on the blood and physiologic
parameters of Boer goats crossbreed in the Brazilian semi-arid.
Key words: adaptability, hemogram, environmental parameters, physiological parameters
26
1 INTRODUÇÃO
A caprinocultura está inserida no nordeste brasileiro como uma das principais fontes
de renda do pequeno produtor, principalmente na região semi-árida onde a produção é difícil
tanto pelas intempéries climáticas (temperatura ambiente, radiação solar, velocidade do vento,
umidade relativa do ar e a pluviosidade), como pela escassez de alimentos na época seca.
Segundo Silva et al. (2005) apesar da capacidade de adaptação de caprinos à região do
semi-árido paraibano, os animais não tem condições de exteriorizar todo o seu potencial
produtivo por conta serem criados no sistema extensivo, devido as más práticas de manejo,
baixa disponibilidade de alimentos e de água.
O conhecimento das variáveis climáticas, suas interações com os animais e as
respostas comportamentais, fisiológicas e produtivas são preponderadas na adequação do
sistema de produção aos objetivos da atividade. Dessa forma a interação animal-ambiente
deve ser considerada, quando se busca maior eficiência na exploração pecuária (SOUZA, et
al. 2008).
A radiação solar aumenta a sensação de calor nos animais em situação de pastejo
diário, principalmente nos horários de maior temperatura (ACHARYA, et al. 1995).
O caprino boer é uma raça criada especificamente para carne, originária na África do
Sul, e adapta-se as diversas variações climáticas (Carvalho Júnior, 2008).
Os animais Sem Raça Definida (SRD) são caracterizados pelo baixo peso e reduzida
capacidade de produzir carne e leite, porém apresentam alta resistência às doenças e ao clima,
mesmo quando submetidos a uma alimentação reduzida. Portanto, o conhecimento prévio do
desempenho de raças caprinas exóticas introduzidas em ambientes diferentes ao de sua
origem, torna-se indispensável. O melhoramento desse rebanho com a introdução de raças
com aptidão para produção de carne e leite vem sendo feito recentemente, com o objetivo de
tentar melhorar a produtividade dos animais (MADRUGA et al. 2005).
Santos et al. (2005), observaram que independente da raça (exótica ou nativa) o turno
influencia os parâmetros fisiológicos. Por tanto uma necessidade de minimizar os-* efeitos
causados pelo ambiente aos animais, levando-se em consideração a administração de cnicas
de sombreamento, principalmente o natural por conta da qualidade, facilidade e dos menores
custos.
Os parâmetros sangüíneos são utilizados mundialmente para avaliar o estado de saúde
dos animais além da condição de estresse calórico. As variáveis ambientais exercem
27
influência direta na condição de conforto térmico podendo alterar os parâmetros
hematológicos (PAES, 2000).
Swenson & Reece (1996) relataram que com o aumento da temperatura ambiente o
animal perde líquido através do aparelho respiratório o que contribui para a redução do
volume plasmático, levando a um aumento na concentração do hematócrito. Esse mesmo
comportamento também foi observado por Nunes et al. (2002), porém os autores se referem a
perda dos quidos através da respiração por conta do aumento do esforço físico ocasionando
também o aumento da concentração do hematócrito.
O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento fisiológico de caprinos F1 Boer x
SRD, terminados em pastagem nativa e submetidos a suplementação, no semi-árido
paraibano.
28
2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada na fazenda experimental NUPEARIDO (Núcleo de Pesquisa
do Semi-árido), pertencente ao Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR) da Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG) Campus de Patos, no período de junho a agosto de 2007.
Geograficamente, o município de Patos está localizado na mesorregião do Sertão
araibano, a  ’ latitude ul e  ’ lonitude este de reenwich com altitude de  m
acima do nível do mar.
A região caracteriza-se por apresentar um clima BSH (Köppen) classificado como
quente e seco, com temperatura máxima de 32,9 °C e mínima de 20,8 °C e umidade relativa
de 61% (BRASIL, 1992).
Foram utilizados 24 caprinos machos inteiros F1 Boer x SRD, com idade aproximada
de 120 dias, num esquema fatorial 4 X 2, quatro níveis de suplementação (0,0, 0,5, 1,0, 1,5%
do peso vivo em matéria seca) e dois turnos (manhã e tarde), com seis repetições, duração de
75 dias. O sistema de criação utilizado foi o semi-intensivo e a suplementação foi formulada
segundo as indicações da AFRC (1995) e da ARC (1980) e composta por milho moído
(53,21%), farelo de soja (3,76%), torta de algodão (13,61%), farelo de trigo (24,43%),
calcário (1,5%), cleo mineral (1,74%) e óleo de soja (1,75%), para um ganho de peso
médio diário de 200 g, o arraçoamento foi realizado às 16 horas.
Os animais tinham acesso livre à água no período de pastejo diurno, direto no açude da
área experimental e no período de suplementação onde os animais permaneciam num cercado
com gaiolas equipadas com cocho e baldes para água para seus respectivos níveis. Os animais
com 0,0% de suplementação permaneciam no cercado das 16 as 7horas, onde eram soltos no
pasto, os animais que recebiam a suplementação eram liberados no cercado a partir das
18horas para dormirem até as 7 horas.
A composição química da suplementação e do núcleo mineral encontra-se nas Tabelas
1 e 2, respectivamente.
29
Tabela 1 Composição química dos ingredientes utilizados no suplemento oferecido aos
animais
ITEM
MS (%)
EB (Mcal/Kg)
PB (%)*
CINZAS (%)*
Farelo de soja
91,44
4,52
32,39
5,95
Torta de algodão
94,22
5,21
26,40
6,23
Farelo de trigo
90,81
4,29
19,67
2,34
Milho moído
45,46
4,32
8,83
1,13
Óleo de soja
99,30
8,31
_
_
Calcário
99,00
_
_
99,00
Núcleo mineral caprino
(1)
99,00
_
_
99,00
Ração total
91,94
4,65
14,55
5,12
(1)
Composição em um quilograma: 140 g Ca; 70 g P; 4 g de S; 9 g de Mg; 125 g de Na; 3 g de Fe; 0,85 g de Cu; 2,7 g de Zn;
1,75 g de Mn; 0,0065 g de Cr; 0,045 g de I; 0,015 g de Se; 0,045 g de Co; 0,7 g de F
*com base na matéria seca
Tabela 2 Composição percentual dos minerais componentes do núcleo mineral ofertado aos
animais
Ingredientes
Quantidades/kg
Cálcio (Ca)
130 g
Fósforo (P)
75 g
Magnésio (Mg)
5 g
Ferro (Fe)
1.500 mg
Cobalto (Co)
100 mg
Cobre (Cu)
275 mg
Manganês (Mn)
1.000 mg
Zinco (Zn)
2.000 mg
Iodo (I)
61 mg
Selênio (Se)
11 mg
Enxofre (S)
14 g
Sódio (Na)
151 g
Cloro (Cl)
245 g
Flúor (F)
Máx. 0,75 g
30
2.1 Área experimental
A vegetação da área experimental caracterizava-se pela presença de espécies lenhosas
nativas, como: jurema-preta (Mimosa tenuiflora (Will Poir.)), marmeleiro (Cróton soderanus
Muell. Arg.), catingueira (Caesalpinia bracteosa Tul.), cajarana (Spondias sp), juazeiro
(Zizyphus joazeiro Mart.) e craibeira (Tabebuia caraíba Bur); e exóticas como algaroba
(Prosopis julisflora (Sw)), cajueiro (Anacardium occidentale), que juntas representavam cerca
de 10 a 15% de cobertura do solo. Na composição botânica do estrato herbáceo destacam-se
gramíneas como as milhãs (Brachiaria plantaginea e Panicum sp), capim buffel (Cenchrus
ciliares L), capim rabo de raposa (Setária sp) e capim panasco (Aristida setfolia H.B.K.);
dicotiledôneas como a malva branca (Cássia uniflora), alfazema brava (Hyptis suaveolens
Point), mata pasto (Senna obtusifolia (L.) HS irwin & Barneby) e erva de ovelha
(Stylozanthes sp).
Os animais tinham acesso livre às áreas de sombreamento natural, compostas pelas
espécies arbóreas acima citadas, durante o período de pastejo sem nenhum tipo de restrição.
2.2 Parâmetros ambientais
Os parâmetros ambientais foram registrados diariamente as 8 e as 14horas, com o
auxilio de equipamentos instalados na área do experimento (termômetro de máxima e mínima,
termômetro de bulbo seco e úmido e termômetro de globo negro), para avaliação da
velocidade do vento foi utilizado um anemômetro digital. Os equipamentos foram instalados
no tronco de um juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.) protegido dos raios solares, com exceção
do termômetro de globo negro no sol que ficou numa área livre protegido por um cercado, que
tinha o objetivo de minimizar o contato dos animais com o aparelho, o equipamento foi
instalado na altura do dorso dos animais.
O objetivo foi de determinar os índices de temperatura globo negro e umidade na
sombra e no sol (ITGUSB e ITGUSL) e a carga térmica radiante na sombra e no sol (CTRSB
e CTRSL), respectivamente.
A umidade relativa do ar (UR%) foi obtida através de cálculos matemáticos.
Para calcular os índices e a carga térmica radiante foram utilizadas as seguintes
fórmulas:
ITGU = 0,72.(TGN + TBU) + 40,6 descrita por Buffington et al. (1981)
31
T   T
4
proposta por Esmay (1982)
  constante de tefan-Boltzman 5,67 x 10
-8
(w.m
-
².k
-4
)
*TRM = 100{[2,51 x (Vv)
0,5
x (TGN TA) + (TGN)
4
]
1/4
}
100
Onde:
TBU = Temperatura de bulbo úmido
TGN = Temperatura de globo negro (Celsius)
TRM = Temperatura média radiante (Kelvin)
Vv = Velocidade do vento (m/s)
TA = Temperatura ambiente (Kelvin)
2.3 Parâmetros fisiológicos
Para mensuração dos parâmetros fisiológicos os animais eram retirados da área de
pastejo e alocados em uma área cercada para contenção e avaliação.Os parâmetros
fisiológicos foram avaliados de acordo com a metodologia descrita por Santos et. al., (2006)
com aferições da temperatura retal (TR), freqüência respiratória (FR) e temperatura
superficial (TS) em sete pontos (fronte, pescoço, dorso, perna, costado, lombo e ventre),
mensurados às 8 e 14 horas.
Para a aferição da temperatura retal foi introduzido um termômetro clínico veterinário
com escala até 44°C, diretamente no reto do animal, encostando-se o bulbo na mucosa, por
um período de 2 minutos retirado e limpo. Os dados referentes à temperatura superficial
foram verificados com o auxilio de um termômetro infravermelho sem contato (ST3 Raytec)
e a freqüência respiratória foi determinada com o auxilio de um estetoscópio flexível, através
da auscultação indireta das bulhas na região laringo-traqueal por 15 segundos e
multiplicando-se por quatro, obtendo-se assim a freqüência por minuto.
Os gradientes térmicos foram avaliados através da diferença entre a temperatura retal
e a temperatura superficial (TRTS) e a diferença entre temperatura superficial e a temperatura
ambiente (TSTA).
O teste de adaptabilidade de Benezra foi aplicado aos animais com o objetivo de
avaliar o grau de adaptabilidade dos animais ao meio. A fórmula foi adaptada de Muller
(1982), para caprinos, comparando-se o resultado como o padrão 2, que é observado quando
os parâmetros fisiológicos não se alteram. Quanto mais próximo de 2 mais adaptado é o
animal. O coeficiente de tolerância ao calor (CTC) foi obtido com a aplicação da fórmula:
32
CTC = TR/39,1 + FR/25, onde TR = temperatura retal em °C, FR = freqüência respiratória,
observada em movimentos por minutos, 39,1 = TR média e 25 = FR para caprinos (KOLB,
1984).
2.4 Parâmetros hematológicos
A coleta do sangue foi realizada através da venipunção da jugular, coletando-se 4 ml
de sangue em tubos de ensaio, com duas gotas por tubo de anticoagulante
etilenodiaminotetracético, sal dissódico (EDTA) a 10%, para realização do hemograma.
Foram avaliados os valores médios de hemáceas (HE), hemoglobina (HB), hematócrito (HT),
volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração de
hemoglobina corpuscular média (CHCM). Para determinação do hematócrito foi utilizado o
método de microhematócrito, por 15 minutos, o teor de hemoglobina foi obtido pelo método
de cinometahemoglobina, com leitura por espectofotometria (Espectofotômetro Baush-Lomb
Spectronic 20) a 525nm (BIRGEL, 1982).
Os resultados foram submetidos ao programa Sistemas de Análises Estatísticas e
Genéticas (SAEG, 1993) e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
33
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias das temperaturas máximas e mínimas foram de 31,24 e 24,86°C
respectivamente durante o período experimental. As variáveis ambientais referentes à
temperatura de bulbo seco (TBS), temperatura de bulbo úmido (TBU), umidade relativa (UR),
índice de temperatura globo negro e umidade na sombra e no sol (ITGUSB e ITGUSL) e a
carga térmica radiante na sombra e no sol (CTRSB e CTRSL), em função dos turnos, constam
na Tabela 3.
Tabela 3 Médias das variáveis ambientais, temperatura de bulbo seco (TBS), umidade
relativa (UR), índice de temperatura globo negro e umidade na sombra
(ITGUSB), índice de temperatura globo negro e umidade no sol (ITGUSL), carga
térmica radiante na sombra (CTRSB) e carga térmica radiante no sol (CTRSL)
TURNO
TBS
(°C)
UR (%)
ITGU
CTR
ITGUSB
ITGUSL
CTRSB (W.m
-2
)
CTRSL (W.m
-2
)
MANHÃ
26,07B
66,94A
75,12Bb
87,12Ba
459,15Bb
776,84Aa
TARDE
32,25A
48,42B
87,99Ab
93,10Aa
683,52Ab
819,07Aa
MÉDIA
29,19
57,68
81,55
90,11
571,33
797,95
CV(%)
6,95
16,32
2,56
4,50
10,88
17,44
Médias seguidas por letras diferentes, maiúsculas nas linhas e letras minúsculas nas colunas para ITGU
(ITGUSB e ITGUSL) e CTR (CTRSB e CTRSL), diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (5%).
A análise de variância revelou efeito significativo (P<0,05) de turno sobre os
parâmetros avaliados, exceto para CTRSL. A TBS no turno da manhã indica uma situação de
conforto térmico com média de 26,07°C, porém no turno da tarde a temperatura ultrapassou a
zona de conforto térmico com um valor de 32,25°C, que segundo Baeta & Souza (1997) e
Kinne (2002) é de até 30°C.
Os valores em relação à UR apresentaram diferença significativa (P<0,05), em função
do turno, com média superior (P<0,05) no turno da manhã de 66,94% em relação ao turno da
tarde com média de 48,42%. Souza (2005), em trabalhos com caprinos na região semi-árida
nordestina que encontrou valores de 61 e 41% para o período da manhã e da tarde,
respectivamente. Demonstrando que os valores encontrados neste estudo estão dentro da
normalidade para caprinos.
O ITGUSB e ITGUSL apresentaram diferenças significativas (P<0,05), com médias
que variaram de 75,12 a 93,10, indicando uma condição de desconforto térmico aos animais.
34
Para CTRSB, verifica-se que houve efeito significativo (P<0,05), em relação ao turno
e em função do ambiente com uma maior elevação da carga térmica radiante no turno da
tarde, de 683,52 W.m
-2
. Porém as médias da CTRSL não sofreram efeito significativo
(P>0,05), com suas médias variando de 776,84 a 819,07 W.m
-2
nos turnos da manhã e da tarde
respectivamente. Mas em relação ao ambiente houve efeito significativo com uma maior
elevação da CTR no ambiente sem sombra.
Os altos valores do ITGU tanto para sombra quanto para o sol segundo o National
Weather Service (2004) citado por Andrade (2006), indicam uma variação da temperatura
definida como uma situação de alerta no turno da manhã com um valor de 75,12 na sombra
até uma situação de emergência no período da tarde com valor de 93,10. Os valores do ITGU
concordam com os valores encontrados por Silva et al. (2006), que trabalhando com caprinos
de raças exóticas na região do semi-árido, citam valores de 77,97 no turno da manhã e na
sombra e de 93,58 no período da tarde e no sol. Porém Al-Tamimi (2007), em estudos
caprinos em sistema intensivo no sul de Jordan obtiveram valores do índice de temperatura
globo negro e umidade na sombra e no sol (ITGUSB e ITGUSL) que variaram de 66,5 a 85,3
respectivamente.
A carga térmica radiante é a radiação total recebida por um corpo de todo o espaço
circundante a ele. Segundo Kawabata, Castro & Savastano Júnior, (2005), essa definição não
engloba troca quida de radiação entre o corpo de todo o espaço circundante, mas inclui a
radiação incidente no corpo.
Com relação às médias referentes à carga térmica radiante (CTR), verifica-se variação
entre os turnos manhã e tarde, com valores de 459,15 a 819,07W.m
-2
respectivamente. Esse
aumento é reflexo do aumento de temperatura ambiente no turno da tarde. Esses valores são
superiores aos verificados por Gomes (2006), que encontrou valores que variaram de 540,2 a
632,7 W.m
-2
em sistema de confinamento. Morais et al. (2008), trabalhando na região do
semi-árido cearense verificou que a CTR de 666,99 a 801,47W.m
-2
no sol, corroborando com
os resultados encontrados nesta pesquisa.
Os dados referentes à temperatura retal (TR), freqüência respiratória (FR), temperatura
superficial (TS) e o coeficiente de tolerância ao calor (CTC), constam na Tabela 4.
Os parâmetros fisiológicos (TR, FR e TS) e o coeficiente de tolerância ao calor
sofreram efeito de turno (P<0,05), com médias superiores no turno da tarde para os
parâmetros fisiológicos e coeficiente de adaptabilidade.
35
Tabela 4 Médias da temperatura retal (TR), freqüência respiratória (FR), temperatura
superficial (TS) e coeficiente tolerância ao calor (CTC)
TURNO
T R (°C)
F R (mov/min)
TS (°C)
CTC
MANHÃ
38,49 B
37,18 B
29,47 B
2,47 B
TARDE
39,38 A
56,85 A
34,30 A
3,28 A
MÉDIA
38,93
47,02
31,88
2,87
CV (%)
0,54
14,25
3,89
10,05
Médias seguidas de letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (5%)
Com relação à temperatura retal pode-se verificar um aumento da temperatura no turno
da tarde, com valor absoluto de 39,38°C, reflexo dos elevados valores das variáveis
ambientais, porém, a temperatura encontra-se dentro da normalidade para caprinos F1 (Boer x
SRD), concordando com os valores encontrados por Darcan & Güney (2008), que trabalhando
com caprinos, no leste do Mediterrâneo, região de Turkey, obtiveram valores que variaram de
38,81 a 39,88 °C nos turnos da manhã e tarde, respectivamente. Shinde et al. (2002), também
trabalhando com caprinos em diferentes épocas encontraram valores da temperatura retal no
turno da manhã 38,2°C e no turno da tarde 39,1°C.
Para a freqüência respiratória (FR), verificou-se um aumento significativo no turno da
tarde em relação ao turno da manhã, com valor de 56,85 mov/min, indicando uma situação de
estresse rmico, mobilizando contanto os mecanismos de perda de calor insensível, que
consiste na utilização da evaporação da água da superfície da pele e/ou através do trato
respiratório, usando o calor para mudar a entalpia da água promovendo a evaporação
(INGRAM & MOUNT, 1975). Os valores corroboram com os encontrados por Santos et al.
(2006) que variou de 47,36 a 56 mov/min e são inferiores aos relatados por Gomes et al.
(2008), que trabalhando com caprinos Moxotó encontraram resultados superiores aos deste
estudo com valores que variaram de 52,6 mov/min no período da manhã e de 70,4 mov/min
no período da tarde.
Para a temperatura superficial (TS), registrou-se um aumento expressivo no turno da
tarde em relação ao da manhã, variando de 29,47 a 34,30ºC, o aumento da temperatura
superficial é reflexo da vasodilatação periférica aumentando o fluxo de calor para o exterior,
no turno da tarde. Os valores da TS concordam com os valores encontrados por Silva (2006),
que variaram de 29,50 a 33,30°C nos turnos da manhã e tarde. Porém discordam dos valores
encontrados por Silva et. al (2007), que trabalhando com caprinos na região do semi-árido
paraibano, citam TS variando em animais da raça Boer de 28,02 a 30,37ºC, nos turnos da
manhã e tarde respectivamente.
36
Com relação ao coeficiente de tolerância ao calor (CTC) verifica-se que houve efeito
de turno (P<0,05) com médias superiores no período da tarde. As médias do coeficiente de
adaptabilidade para caprinos indicam que os animais estão bem adaptados ao meio onde
foram terminados; esses resultados corroboram com os observados por Martins Junior et. al.
(2007), que registraram CTC variando de 2,49 a 3,04, para caprinos e consideram um bom
grau de adaptabilidade.
O gradiente térmico em relação à temperatura do núcleo central (Figura 1)
representado pela temperatura retal menos a temperatura superficial (TR TS). Os resultados
indicam que houve uma maior capacidade de dissipação de calor pelos animais pelos
mecanismos sensíveis no turno da manhã em relação ao turno da tarde, com valores absolutos
de 9,02 e 5,07 respectivamente, concordando com os resultados obtidos por Souza et al.
(2005).
Houve efeito significativa (P<0,05) de turnos para o gradiente rmico temperatura do
núcleo central e a superficial (TRTS).
Na Figura 1 verifica-se que houve uma maior capacidade de dissipação de calor pelos
animais através dos mecanismos sensíveis no turno da manhã em relação ao turno da tarde
concordando com os resultados obtidos por Santos et al. (2006) Souza et al. (2005).
Verificou-se também correlação negativa FR com o TRTS, isto ocorre por conta da mudança
dos mecanismos de perda de calor do sensível para o insensível.
9,02
5,07
37,18
56,84
0
10
20
30
40
50
60
Manhã Tarde
TRTS FR
Figura 1 Médias da frequência respiratória (FR) e gradiente térmico (TRTS) em turnos
diferentes
37
O gradiente térmico entre a temperatura superficial mais ambiental (TSTA), e a
correlação com FR encontram-se na Figura 2. O que pode ser observado entre os valores da
tarde e manhã, com TSTA maior pela manhã e a FR maior a tarde.
Figura 2 Gradiente térmico entre a temperatura superficial e a ambiental (TSTA) e a
frequência respiratória (FR) nos turnos da manhã e tarde
Verificou-se nas Figuras 1 e 2 que houve uma aumento A freqüência respiratória tanto
no turno da manhã quanto no turno da tarde. Porém essa elevação dos movimentos
respiratórios pode estar relacionada à troca de calor insensível entre o animal e o meio.
Segundo Kolb (1987) a freqüência respiratória considerada normal para caprinos é de
15 movimentos respiratórios por minuto, podendo esses valores, variar entre 12 e 25
movimentos por minutos e serem também influenciados pelo trabalho muscular, temperatura
ambiente, ingestão de alimentados, gestação, idade e tamanho do animal. Porém Brown-
Brandl et al. (2006), relataram que o normal para caprinos é de até 60 movimentos
respiratórios por minuto.
Não se verificou efeito significativo (P>0,05) dos tratamentos, níveis de concentrado
sobre os parâmetros hematológicos (Tabela 5), encontrando-se os mesmos dentro dos padrões
de normalidade da espécie (SILVA, 2006).
Com relação às hemácias (HE) não se verificou diferença entre os tratamentos, porém
os valores das médias variaram de 11,86 x 10
6
/mm
3
no tratamento de 1,5% a 12,05 x 10
6
/mm
3
no tratamento 1,0% e estão bem abaixo dos valores encontrados por Iriadam (2007), que
trabalhando com cabras registraram valores de 16,50 a 21,50 x 10
6
/mm
3
.
38
Tabela 5 Médias dos parâmetros hematológicos: hemácias (HE), hemoglobina (HB),
hematócrito (HT), volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular
média (HCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM)
TRATAMENTOS
(%)
HE
(x 10
6
/mm
3
)
HB
(g/dl)
HT
(%)
VCM

3
)
HCM
(pg)
CHCM
(%)
0,0
11,93
10,45
29,83
25,00
8,85
35,23
0,5
12,02
10,60
29,50
24,62
8,85
35,93
1,0
12,05
9,70
28,83
24,17
8,12
33,55
1,5
11,86
10,55
29,66
25,00
8,97
35,55
CV (%)
11,61
12,25
9,19
4,56
7,56
8,36
Não houve diferença significativa (P>0,05) entre os tratamentos e os parâmetros hematológicos.
Swenson & Reece (1996) relataram que quanto maior o número de eritrócitos, maior a
capacidade de oxigenação dos tecidos através da oxiemoglobina, que durante a passagem
dos eritrócitos pelos capilares pulmonares a hemoglobina combina-se com o oxigênio
formando a oxiemoglobina, que ao atravessar os capilares sistêmicos, perde seu oxigênio para
os tecidos.
Observa-se para hematócrito uma semelhança com os resultados encontrados por Silva
et al. (2008) que variaram de 23,20 a 30,20% e discordam com os resultados encontrados por
Souza et al. (2008), que trabalhando com caprinos de diferentes grupos genéticos observaram
uma variação de 21,17 a 28,17% em relação aos encontrados neste estudo que variaram de
28,83 a 29,83%. Segundo Bianca (1965), a variação do hematócrito depende da severidade da
carga calórica imposta sobre o animal. Animais que sofrem com estresse prolongado tendem a
apresentar redução do hematócrito (HERZ & STEINHAUT, 1978). Medway et al. (1969)
indicam como valores de referencia de HT para caprinos de 19 a 38% dando como ideal 28%.
Com isso pode-se verificar que os animais desse estudo estão bem próximos dos valores
ideais.
Para o volume corpuscular médio (VCM) observa-se uma variação de 24,17 a 25,00
3
. Blood & Studdert (1999), indicam como valores ideais para caprinos é o de VCM
variando de 16 a 25
3
.
Os valores da hemoglobina corpuscular média (HCM), observados foram de 8,12pg no
tratamento 1,0% e um valor de 1,5% no tratamento 8,95pg. Os valores de referencias para
caprinos citados por Saundrs (1999) é de 5 a 18pg.
A concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) observada foi de 35,23%
no tratamento 0,0% de MS por peso vivo e de 35,93% no tratamento 0,5% de MS por peso
vivo. Esses dados corroboram com os encontrados por Gama et al. (2007) variou de 31,54 a
37,37%.
39
Iriadam (2007), trabalhando com caprinos obteve valores inferiores aos encontrados
neste estudo, tendo como médias de CHCM de 27,63 a 29,93%. Jain (1986) e Lopes et al.
(1996) relataram que, os valores considerados normais para caprinos são de 16 a 25m³ para o
VCM e de 30 a 36% para CHCM de caprinos.
40
4 CONCLUSÕES
O turno exerce efeito significativo sobre os parâmetros fisiológicos de caprinos F1
Boer x SRD terminados em pastagem nativa e submetidos a diferentes níveis de
suplementação.
Os diferentes níveis de suplementação não exercem efeito significativo sobre os
parâmetros hematológicos e fisiológicos de caprinos F1 Boer x SRD, na região do semi-árido
paraibano.
41
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45
CAPITULO 3
PROCURA DE ÁGUA E DE SOMBRA POR CAPRINOS F1
BOER X SRD TERMINADOS EM PASTEJO E
SUBMETIDOS A DIFERENTES NÍVEIS DE
SUPLEMENTAÇÃO
46
SILVA, Anderson Luiz Nascimento da. Procura de água e de sombra por caprinos F1
Boer x SRD terminados em pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação.
Patos, PB: UFCG, 2009, (Dissertação Mestrado em Zootecnia Sistemas Agrossilvipastoris
no Semi-árido).
RESUMO
O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Patos,
Paraíba, Brasil e teve como objetivo avaliar a procura de água e sombra por caprinos F1 Boer
x SRD terminados em pastagem nativa e submetidos à suplementação. Utilizou-se 28
caprinos, não castrados com 120 dias de idade e peso vivo (PV) inicial de 15,52kg, que foram
distribuídos em 4 níveis de suplementação (0,0, 0,5, 1,0, 1,5% do PV em MS), com 7
repetições. Os avaliadores passaram por treinamento para aprimorar a metodologia e
adaptação dos animais às suas presenças. Os dados foram obtidos através da observação da
freqüência de procura de água e sombra pelos animais durante o pastejo diário em três épocas
junho, julho e agosto. Não houve diferença entre tratamentos para procura por água e a
freqüência observada foi de 71,43, 80,95, 88,89 e 77,78% para os tratamentos 0,0, 0,5, 1,0 e
1,5% de suplementação, respectivamente. Houve efeito de época, com maior freqüência de
procura por água no s de junho (96,15%), superando o observado em julho (70,29%) e
agosto (65,38%). Não houve efeito dos tratamentos na procura por sombra e a freqüência
observada foi de 71,43, 85,71, 94,44 e 94,44% nos tratamentos 0,0, 0,5, 1,0 e 1,5% de
suplementação respectivamente. A suplementação não altera a freqüência de procura de água
por caprinos F1 Boer x SRD terminados em pastagem nativa, mas estes animais buscaram
mais a água no mês de junho. Independentemente da suplementação e da época a maior
procura por água ocorreu pela manhã.
Palavras-chave: caatinga; caprinocultura; comportamento animal; temperatura ambiente;
época
47
SILVA, Anderson Luiz Nascimento da. Look for water and shade by Boer goats
crossbreeds finished in pasture under different feeding supplementation levels. Patos,
PB: UFCG, 2009, (Dissertação Mestrado em Zootecnia Sistemas Agrossilvipastoris no
Semi-árido).
ABSTRACT
The experiment was carried out at Federal University of Campina Grande (UFCG), Patos,
Paraiba, Brazil. The objective of this study was to evaluate the look for water and shade by
Boer goats crossbreeds finished in native pasture under different supplementation levels.
Twenty-eight Boer goats crossbreeds, non emasculated, with 120 days old and an initial live
body weight of 15.52 Kg, were used. The treatments were randomly assigned to the animals
according to a completely random design, com 4 feeding supplementations levels (0.0, 0.5,
1.0 and 1.5% of live body weight on Dry matter) and six replications (goats). The appraisers
went by training to perfect the methodology and adaptation of the animals to your presences.
The data were obtained through the observation of the frequency of look for water and shade
by the animals during the dailrain in three times une, ul and uust. There wasn’t
difference among treatments for search for water and the frequency observed was of 71.43,
80.95, 88.89 and 77.78% for the treatments 0.0, 0.5, 1.0 and 1.5% of feeding
supplementation, respectively. There was time effect, more frequently of search for water in
the month of June (96.15%), overcoming it observed in July (70.29%) and August (65.38%).
There wasn’t effect of the treatments in the search for shade and the freuenc observed was
of 71.43, 85.71, 94.44 and 94.44% in the treatments 0.0, 0.5, 1.0 and 1.5% of feeding
supplementation, respectively. The feeding supplementation level doesn't alter the frequency
of search of water for Boer goat crossbreed finished in native pasture, but these animals
looked for more the water in the month of June. Independently of the feeding supplementation
level and of the time, the largest search for water happened in the morning.
Key words: caatinga; caprinocultura; animal behaviour; environmental temperature; time
48
1 INTRODUÇÃO
O estudo do comportamento de caprinos vem sendo utilizado cada vez mais com o
intuito de avaliar os hábitos alimentares dos animais, principalmente em situação de pastejo.
Na avaliação do comportamento dos animais estão inclusos vários aspectos, dentre os quais a
procura por água, que tem relação direta com a qualidade e quantidade de pastagem. Nestes
casos a utilização de suplementos para caprinos mantidos em pastagem nativa parece
importante, principalmente nas regiões semi-áridas, em que as condições ambientais como
pluviosidade, radiação solar e temperatura podem ser limitantes.
A freqüência de beber água depende da temperatura, condição da forragem, utilização
de suplementos, época/período do ano e distribuição de água na área. Barros et al. (2007)
trabalhando com caprinos em pastagem de Brachiaria hibrida observou que em forragem
novas foi menor a procura por água e quanto mais distante o bebedouro do pasto menor a
ingestão de forragem, ressaltando assim a influência da qualidade da forragem.
Em geral, os trabalhos que avaliam o comportamento animal destacam a necessidade
de avaliação do consumo de água, bem como a freqüência com que os animais bebem.
Segundo Silva et al. (2005), esses aspectos associados aos demais componentes do
comportamento alimentar têm ligação direta com a produtividade dos animais.
A procura por sombra é um parâmetro bastante avaliado pelos estudiosos do
comportamento animal, e um termômetro da produção indicando um aumento da temperatura
ambiente, o que pode resultar em diminuição da procura por forragem pelos animais,
principalmente nos horários de maior elevação da temperatura ambiente. Silanikove (2000),
trabalhando com o estresse térmico em animais criados em sistemas extensivos relata que os
fatores que influenciam o estresse térmico dos animais são as altas temperaturas, radiação
solar direta e indireta e a umidade relativa do ar.
Dentro deste contexto, parece pertinente que caprinos mantidos em áreas de pastagem
nativa com presença de sombra natural apresentem alterações comportamentais durante o
pastejo, sobretudo quando submetidos a diferentes níveis de suplementação. Assim sendo, o
objetivo deste estudo foi avaliar a procura de sombra e água por caprinos F1 Boer x SRD
terminados em pastagem nativa e submetidos a quatro níveis de suplementação.
49
2 MATERIAL E MÉTODOS
eperimento foi conduido na faenda uperido, rea fsica do entro de ade
e Tecnologia Rural (CSTR) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), situado no
município de Patos-PB, no período de 05 de junho a 14 de agosto de 2007. Durante o período
experimental a pluviosidade foi de 10 mm, com médias de temperatura e umidade do ar de
29,03ºC e 50,08%, respectivamente.
A vegetação da área foi submetida ao raleamento seletivo através da remoção parcial
das espécies indesejáveis, para permitir de 10 a 15% de cobertura do solo por plantas lenhosas
e proporcionar sombreamento natural para os animais. Durante o período de coleta os valores
máximos e mínimos de temperatura e umidade foram de: 33 e 24 °C e 38 e 77% no início, 33
e 24°C e 62 e 38% no meio e de 29 a 35°C e 54 e 37% no final do experimento.
Na área experimental a vegetação se caracterizava pela presença de espécies lenhosas
nativas, como: jurema-preta (Mimosa tenuiflora (Will Poir.)), marmeleiro (Cróton soderanus
Muell. Arg.), catingueira (Caesalpinia bracteosa Tul.), cajarana (Spondias sp), juazeiro
(Zizyphus joazeiro Mart.) e craibeira (Tabebuia caraíba Bur); e exóticas como cajueiro
(Anacardium occidentale) e algaroba (Prosopis julisflora (Sw)), que juntas representavam
12,8 % de cobertura do solo.
Na composição botânica do estrato herbáceo destacam-se gramíneas como as milhãs
(Brachiaria plantaginea e Panicum sp), capim rabo de raposa (Setária sp) e capim panasco
(Aristida setfolia H.B.K.); dicotiledôneas como a malva branca (Cássia uniflora), alfazema
brava (Hyptis suaveolens Point), mata pasto (Senna obtusifolia (L.) HS irwin & Barneby) e
erva de ovelha (Stylozanthes sp).
Foram utilizados 28 cabritos F1 Boer x SRD, machos inteiros, os quais foram
submetido ao pastejo livre das 8 às 16:00 horas, quando eram recolhidos para suplementação
num cercado com gaiolas individuais equipadas com cochos e bebedouros. Após o período de
suplementação das 18 as 08:00 os animais ficavam num cercado para dormirem, apenas com
acesso a água ofertada em baldes. No período de pastejo o acesso a água era direto no açude
na área experimental.
O suplemento foi constituído por milho moído (53,21%), farelo de trigo (24,43%),
farelo de soja (3,76%), torta de algodão (13,61%), óleo de soja (1,75%), calcário (1,5%) e
núcleo mineral caprino (1,74%), que foi ajustada para que a dieta com maior proporção de
concentrado atendesse as recomendações do AFRC (1993), para um ganho de peso médio
50
diário de 200g. As composições químicas da ração experimental e dos componentes florística
da vegetação estão descritas nas Tabelas 1 e 3. O núcleo mineral apresenta a seguinte
composição cálcio por kg do produto: (Ca) 130g, fósforo (P) 75g, magnésio (Mg) 5g, ferro
(Fe) 1.500mg, cobalto (Co) 100mg, cobre (Cu) 275mg, maganês (Mn) 1.000, zinco (Zn)
2.000mg, iodo (I) 61mg, selênio (Se) 11mg, enxofre (Se) 14mg, sódio (Na) 151g, cloro (Cl)
245g e flúor (F) máx. 0,75g.
Nas tabelas 2 e 4 são descritos os valores de disponibilidade da vegetação herbácea e
digestibilidade em três períodos inicio (Junho), meio (Julho) e (Agosto).
Tabela 1 Composição química dos ingredientes utilizados e do suplemento oferecido aos
animais
ITEM
MS (%)
EB (Mcal/Kg de MS)
PB (%)*
CINZAS (%)*
Farelo de soja
91,44
4,52
32,39
5,95
Torta de algodão
94,22
5,21
26,40
6,23
Farelo de trigo
90,81
4,29
19,67
2,34
Milho moído
45,46
4,32
8,83
1,13
Óleo de soja
99,30
8,31
_
_
Calcário
99,00
_
_
99,00
Núcleo mineral
caprino
(1)
99
_
_
99
Ração total
91,94
4,65
14,55
5,12
(1)
Composição em um quilograma: 140 g Ca; 70 g P; 4 g de S; 9 g de Mg; 125 g de Na; 3 g de Fe; 0,85 g de Cu; 2,7 g de Zn;
1,75 g de Mn; 0,0065 g de Cr; 0,045 g de I; 0,015 g de Se; 0,045 g de Co; 0,7 g de F.
* com base na matéria seca
Tabela 2 Disponibilidade de Matéria Seca (Kg/ha) e Composição Florística (%) da vegetação
herbácea no inicio (Junho) meio (Julho) e fim (Agosto) do período experimental
Espécies
Inicio
Meio
Fim
DMS
(Kg/ha)
CF (%)
DMS
(Kg/ha)
CF (%)
DMS
(Kg/ha)
CF (%)
Gramineas
1102,89
38,53
1417,95
42,35
1494,81
88,60
Dicotiledôneas
1759,46
61,47
1929,96
57,65
236,76
11,40
Total
2862,36
100,00
3347,91
100,00
1731,57
100,00
Fonte: CARVALHO JÚNIOR et al. (2008)
51
Tabela 3 Composição química da forragem nativa do inicio meio e fim do período
experimental
ITENS
Inicio
Meio
Fim
G
D
G
D
G
D
MS
30,67
28,91
51,75
71,48
70,51
44,72
MM
9,14
7,36
6,15
5,98
6,85
6,35
PB
9,8
12,42
4,35
8,29
5,71
13,43
EB
4,21
4,21
4,14
4,27
4,16
4,57
FDN
77,51
60,60
79,64
66,35
80,31
67,12
FDA
65,33
48,23
64,71
56,73
64,53
52,28
G= Gramíneas; D= Dicotiledôneas
Tabela 4 Digestibilidade da matéria seca das gramíneas e dicotiledôneas herbáceas no início,
meio e fim do período experimental
Espécies
Digestibilidade da matéria seca
Início
Meio
Fim
Gramíneas
66,78
67,27
70,78
Dicotiledôneas
65,98
57,64
60,62
Para coleta dos dados os avaliadores tiveram um prévio treinamento com o objetivo de
adaptar os animais com suas presenças na área de pastejo e de aprimorar a metodologia.
A obtenção dos dados foi realizada através da observação da freqüência (%) com que
os animais buscaram água e sombra durante as 8 horas de pastejo diário, com os sete animais
de cada tratamento sendo observados em três épocas, junho (início), julho (meio) e agosto
(final do experimento).
Foi observada a freqüência com que os animais procuraram água e sombra
independentemente da quantidade de vezes que o mesmo animal procurou. Resultados que
foram relacionados com temperatura ambiente e a umidade relativa do ar, em todas as coletaa.
Na procura por água e sombra em função da época e dos níveis de tratamentos nos
foram observados os 7 de cada tratamento (100% dos animais de cada tratamento ) e
verificado qual a freqüência de procura por água e sombra pelos animais.
Verificou-se também a procura de água e sombra nas diferentes épocas e níveis de
suplementação em função do horário das 8 as 10, das 10 as 12, das 12 as 14 e das 14 as
16horas, com os resultados apresentados na forma de estatística descritiva.
O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro tratamentos (níveis
de suplementação) sete repetições (animais) repetidas no tempo (épocas). Os dados foram
avaliados através de análise de Qui-Quadrado, utilizando o programa SAS (1999) ao nível de
5% de significância.
52
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 são apresentados os resultados referentes à procura de água pelos caprinos
nos diferentes tratamentos. Observa-se que o houve diferença (P>0,05) entre os
tratamentos; em termos absolutos a freqüência de procura de água pelos animais foi de 71,43,
80,95, 88,89 e 77,78% observados para os tratamentos 0,0, 0,5, 1,0 e 1,5% de suplementação,
respectivamente. Esse comportamento, segundo Cunha et al (1997) pode ser reflexo da
disponibilidade e qualidade da forragem, que neste trabalho variou de 1.731,57 a 3.347,9 kg
de MS/ha com digestibilidade variando de 57,64 a 65,08%.
Figura 1 Freqüência de procura de água pelos caprinos F1 Boer x SRD terminados em
pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação
Segundo Carvalho Júnior (2008), em relação ao consumo de matéria seca, há um efeito
substitutivo do volumoso por concentrado, com uma maior caracterização nos tratamentos
com 0,5 e 1,0% do peso vivo em MS, mesmo assim não teve reflexo na procura por água.
Teixeira et al. (2006), trabalhando com ingestão de água em relação restrição alimentar de
caprinos, verificaram que quanto maior a restrição alimentar maior foi a ingestão de água
pelos animais, o que demonstra claramente o efeito do consumo de matéria seca,
diferentemente do que ocorreu nos F1 Boer x SRD deste experimento.
Na Figura 2 são descritas as freqüências de procura por água dos caprinos nas três
épocas de avaliação. Verifica-se que houve efeito de época (P<0,05), com maior freqüência
53
de procura de água no mês de junho (96,15%), superando o observado nos meses de julho
(70,29%) e agosto (65,38%). Esse resultado pode estar refletindo um maior tempo de pastejo,
que de acordo com Lira et al (2007), foi de 408 min em junho e superou o obtido nas demais
épocas 393,5 e 363,0 em julho e agosto respectivamente. RIBEIRO et al. 2006, relataram que
quanto maior a atividade de alimentação e de perdas de líquidos pelos mecanismos
fisiológicos, maior será o estímulo pela procura por água pelos animais.
Figura 2 Freqüência de procura de água pelos caprinos F1 Boer x SRD terminados em
pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação em três épocas de
avaliação. Médias com letras diferentes indicam diferença (P<0,05), pelo teste
Qui-quadrado
Na Figura 3 constam os valores referentes à procura de sombra por caprinos dos
diferentes tratamentos. Observar-se que não houve diferença significativa entre os
tratamentos, mais em termos absolutos a freqüência de procura por sombra pelos animais foi
de 71,43, 85,71, 94,44 e 94,44% observados nos tratamentos 0,0, 0,5, 1,0 e 1,5 de
suplementação respectivamente. Esse comportamento, em parte, pode ser associado com
tendência de redução com o aumento da suplementação, segundo Parente et al. (2005), ocorre
devido os animais com menor nível de suplementação, para atenderem sua exigência
nutricional, aumentam o tempo de pastejo, diminuindo contanto a procura por sombra em
relação aos tratamentos que tem um maior nível de suplementação.
54
Figura 3 Freqüência de procura de sombra pelos caprinos F1 Boer x SRD terminados em
pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação
Na Figura 4 são apresentadas as freqüências de procura pela sombra por caprinos em
três épocas de avaliação. Observa-se que não houve efeito (P>0,05) da época em relação à
freqüência de procura por sombra nos meses de junho, julho e agosto com os valores
absolutos de 84,62, 96,15 e 76,92% respectivamente. Os valores de temperatura ambiente
relativo aos meses de junho, julho e agosto foram de 28,25, 28,77, 29,66°C e umidade relativa
do ar 66,71, 60,04 e 48,50%, respectivamente, indicando a tendência de que quanto maior a
umidade e a temperatura ambiente maior a procura por sombra, pois interferem nos
mecanismos de perda de calor (MULLER, 1989). Outro aspecto a ser levado em consideração
é que a matéria seca da pastagem nos meses de junho, julho e agosto foi de 30,67, 51,75 e
70,51% para gramíneas e de 28,91, 71,48 e 44,72% para dicotiledôneas, indicando que à
medida que a pastagem se tornava mais seca animais tenderam a procurar mais a sombra,
talvez pelo efeito substitutivo reportado por Carvalho Júnior (2008), que observou aumento
da substituição de volumoso por concentrado até o nível de 0,74 % do peso vivo em
suplementação, o que permitiu o autor recomendar suplementação entre 0,8 a 1,5% do peso
vivo.
55
Figura 4 Freqüência de procura por sombra pelos caprinos F1 Boer x SRD terminados em
pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação em três épocas de
avaliação
Observa-se na Figura 5 que de acordo com o aumento da umidade relativa do ar
(UR%) houve uma diminuição no percentual de procura por água pelos animais, com valores
que variaram de 25% na procura por água com temperatura ambiente de 28,50°C e UR de
44,50%, no dia 29 de julho a 91,67% na procura por água com temperatura ambiente de
27,50°C e umidade 41,50% no dia 16 de junho.
Observa-se também que a temperatura ambiente teve pouca influência no
comportamento dos animais em relação a procura por água, apenas nos dia 28 e 29 de julho
onde a elevação tanto da temperatura ambiente como da umidade, foram suficiente para
atingir valores que proporcionaram aos animais um ambiente agradável, da diminuição no
percentual de animais que procuraram água (ALI et al. 1994).
Para Darcan et al. (2008), quanto maior a condição de estresse térmico do animal
menor será a ingestão de forragem. Isto explica a diminuição no percentual de procura por
água pelos animais em dias de alta umidade. que a umidade interfere diretamente nos
mecanismos de termorregulação dos animais interfere na troca de calor do animal com o
ambiente (INGRAM & MOUNT, 1975).
56
Figura 5 Porcentagem de procura por água de caprinos F1 Boer x SRD terminados em
pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação em função dos
parâmetros ambientais (temperatura e umidade)
A freqüência de animais que procuraram água em função dos horários e dos níveis de
suplementação consta na Figura 6. Verifica-se em todos os tratamentos uma elevada procura
por água no período da manhã, principalmente das 8 às 10 horas, pelas condições favoráveis
do ambiente nesse período. Mas ao avançar da hora, pode-se verificar um decréscimo
acentuado nesta procura por água em todos os tratamentos. Essa diminuição pode ser
associada ao aumento da temperatura ambiente (BARROS et al. 2007), podendo ainda estar
refletido a elevada ingestão de matéria seca pelos animais, o que demandaria a necessidade de
ruminação (VAN SOEST, 1994). Esse comportamento em relação à procura de água no
período da tarde também é relatado por Ribeiro et al. (2006), onde o número de animais que
procuravam água caiu de 2,26 no período das 6 às 12 horas para 1,60 das 12 às 18 horas.
Os níveis de procura por água em relação aos tratamentos seguiram o seguinte
comportamento: com o maior nível de procura por água pelos animais do tratamento de 0,5%
seguido dos animais dos níveis de 1,5, 1,0 e 0,0% do PV de suplementação com valores de
procura por água de 20, 17, 17 e 15 vezes respectivamente. De acordo com Carvalho Júnior
(2008) os caprinos suplementados com 0,0, 0,5, 1,0 e 1,5% do peso vivo em MS,
apresentaram consumo de volumoso de 539,43, 508,84, 510,07 e 530,86g/dia,
respectivamente. O mesmo autor reporta consumo de concentrado de 123,75 217,50 e
402,25g de matéria seca para os animais suplementados com 0,5 1,0 e 1,5 % do PV;
resultados que reforçam a substituição de alimento mais úmido (volumoso) por alimento mais
57
seco (concentrado), explicando em parte a maior procura por água dos animais suplementados
com 0,5 % do PV.
0
5
10
15
20
25
08 as 10 10 as 12 12 as 14 14 as 16
Horário
Número de vezes
0,0 0,5 1,0 1,5
Figura 6 Procura por água em função dos níveis de suplementação e do horário, por caprinos
F1 Boer x SRD terminados em pastejo e submetidos a diferentes níveis de
suplementação
A Figura 7 refere-se à quantidade de vezes que os animais procuraram água nos
diferentes períodos experimentais. Verifica-se uma elevação da procura pela água nos meses
de junho, julho respectivamente, esse comportamento pode ser reflexo do maior consumo de
volumoso nesse período pelos animais. Os animais tiveram um maior tempo de pastejo no
mês de junho seguido de julho e agosto com valores de 408,0, 393,5 e 363,0 minutos
respectivamente (LIRA, 2008).
Observa-se que das 10 às 12hs houve uma elevação da procura por água nos meses de
junho e julho esse comportamento segundo Barros et al. (2007), é o período onde uma
maior ingestão de água pelos animais, pois segundo os autores os animais bebem após o
pastejo. Esse comportamento é confirmado por Lira (2008), que observou que os animais
tiveram uma elevação na procura por pasto no período das 10 às 14hs com um decréscimo
nessa procura a partir das 14hs.
A procura por água em relação aos três períodos de avaliação seguiu o mesmo
comportamento observado quando da avaliação por nível de suplementação, ou seja, os
animais procuraram mais água no período das 8 às 10hs da manhã, reduzindo a procura das 10
58
às 12 horas e com menor procura sendo verificada das 14 às 16 horas. Apenas no mês de
junho pode-se verificar uma pequena elevação na procura por água no horário das 14 às 16hs.
Pode-se observar que houve uma menor procura por água no mês de agosto onde a
temperatura ambiente se encontrava bastante elevada, variando de 32°C associado a 42%
de umidade relativa e corroboram com as afirmações de Portugal et al. (2000), de que uma
relação positiva entre temperatura e procura por água.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
08 as 10 10 as 12 12 as 14 14 as 16
Horário
Número de vezes
junho julho agosto
Figura 7 Procura por água em função do período experimental e do horário, por caprinos F1
Boer x SRD terminados em pastejo e submetidos a diferentes níveis de
suplementação
Na Figura 8 observa-se um comportamento em relação à procura por sombra. Destaca-
se nestes resultados a semelhança com os resultados encontrados para procura por água,
exceto quando houve uma elevação da temperatura ambiente como, verifica-se no dia 04 de
agosto de 2007, onde a média da temperatura foi de 32°C e a umidade estava em torno de
44,5%, nesse dia a procura por sombra foi bastante reduzida tendo-se em vista que com a
baixa umidade há uma facilitação de troca de calor insensível entre o animal e o ambiente.
As médias de procura por sombra variaram de 29,17% no dia 04 de agosto a 83,33%
nos dias 03 e 10 de junho, resultados devem-se tanto a variação dos parâmetros ambientais
quando a disponibilidade e qualidade de forragem. Com uma maior disponibilidade de
forragem os animais necessitariam de um menor deslocamento para pastejarem o que pode
influenciar na procura por sombra e no consumo de água (SILVA, et al. 2007).
59
Figura 8 Porcentagem de procura por sombra de caprinos F1 Boer x SRD terminados em
pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação em função dos
parâmetros ambientais (temperatura e umidade)
Em relação ao período do experimento pode-se observar na Figura 9, que os animais
buscaram a sombra por mais tempo nos meses de agosto e julho respectivamente. Por conta
do aumento da temperatura ambiente neste período como foi demonstrado nas Figuras 5 e 8,
tendo uma menor procura no mês de junho onde a temperatura ambiente era mais amena.
Na Figura 9 observa-se que no período de julho e agosto houve uma crescente procura
por sombra pelos animais do início do pastejo até as 10 horas, mantendo-se estável até às
16:00 horas. Em todos os horários, os animais procuraram mais a sombra no mês de agosto
seguidos de julho e junho. Em todos os meses a maior procura ocorreu sempre no período das
10 as 16 horas, demonstrando uma maior atividade de pastejo nas horas onde uma menor
incidência dos raios solares.
60
0
10
20
30
40
50
60
08 as 10 10 as 12 12 as 14 14 as 16
Horário
Número de vezes
junho julho agosto
Figura 9 Procura por sombra de caprinos F1 Boer x SRD terminados em pastejo e
submetidos a diferentes níveis de suplementação em relação ao horário e ao
período
61
4 CONCLUSÕES
Caprinos F1 Boer x SRD terminados em pastagem nativa podem ser suplementados
com qualquer um dos níveis utilizados que não altera a freqüência de procura de água, mas
em termos de época os animais buscaram mais a água no mês de junho. Independentemente
do nível de suplementação e da época o turno da manhã é o período onde os animais têm
maior atividade de procura por água.
Os níveis de suplementação e as épocas não influenciaram a procura de sombra por
caprinos F1 Boer x SRD terminados em pastagem nativa.
62
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