32
TABELA 1: Relação entre a Antropologia Criminal e a Sociologia Criminal
ANTROPOLOGIA CRIMINAL
SOCIOLOGIA CRIMINAL
RELAÇÃO TEÓRICA ENTRE
AMBAS
Procurava reunificar o poder
político e civil
O governo republicano
procurava civilizar, com
políticas públicas.
Identificar as massas para melhor
controlá-las.
A Criminologia francesa de
1880 procurava identificar e
eliminar a “selvageria” que
promovia a instabilidade
político-social.
Os estigmas físicos e psíquicos
degenerativos esclareceriam as
deformidades em loucos,
criminosos e doentes mentais
(como epilépticos e pessoas
com déficits de inteligência).
Criminologista Cesare Lombroso e
sua teoria sobre o criminoso-nato,
caracterizado pelos estigmas
físicos.
Ligada a discussão jurídica e
aplicação das técnicas de
identificação.
O termo degeneração foi utilizado
por ambas para referir-se aos
indivíduos estigmatizados (como os
epilépticos).
_____________________________
O estudo da metodologia científica
da medicina legal deveria ser
obrigatório nos cursos de Direito e
Medicina, para formar peritos
criminais competentes. Após essa
luta, a graduação desses cursos
adotaram tal disciplina em suas
grades curriculares.
Gradativamente os lombrosianos
adotaram alguns posicionamentos
político-sociais da sociologia
francesa, admitindo que o meio
pode interferir para que o atavismo
seja desencadeado. Vendo nas
políticas públicas uma arma de
contenção do Estado.
Defendia a teoria de que a
fisionomia revelava o provável
delinqüente, como: assimetria
facial, dentes irregulares, maxilares
grandes, pêlos do rosto escuros,
insensibilidade à dor, epilepsia e
impulsos instintivos ao incivilizado.
Discutiu a aplicação das
políticas públicas de
modernização, as quais
contribuíam para diminuir a
ocorrência de degeneração.
Acreditava que o social
interferia no indivíduo,
revelando sua degeneração. A
sociologia Criminal criou
metodologias utilizando a
estatística (que deveria estudar
os fatores sociais como
pobreza, baixa instrução ou
profissão, assim revelaria o
perfil do individuo).
Alexandre Lacassagne: influenciou
Lombroso com a idéia que o “meio
social é a cultura do crime”. Utilizou
estudos sobre delinqüência juvenil e
comportamento anti-social,
delimitando os estigmas físicos dos
degenerados.
FONTE: Tabela elaborada pelo autor (a), a partir de informações colhidas nas obras de HARRIS
(1993) e GOULD (1991).
Essa rivalidade discursiva entre Sociologia Criminal e Antropologia Criminal
estava alicerçada na visão de que cada Escola dava as causas do delito. A primeira
apresentava o delinqüente como vítima do sistema sócio-econômico, com poucas
oportunidades de ascensão social; enquanto que, para Antropologia Criminal
italiana, o caráter biológico em conjunto e o meio em que o indivíduo vive seria
responsável pelo seu “desvio” sócio-comportamental. (HARRIS, 1993; GOULD,
1991).
A escola francesa de Criminologia teria surgido oficialmente em 1880 e
também possuía a inquietação acadêmica em criar métodos para identificar as
pessoas portadoras dos supostos estigmas da degeneração moral. Entre as
primeiras idéias da escola criminológica francesa estava a diferença entre “classes
operárias” e “classes perigosas”. Diferente da Escola Italiana, que estudava os