RESUMO
SILVA, J. de L. e. Desempenho do Reator Anaeróbio Horizontal com Chicanas
no tratamento da manipueira em fases separadas e estabilização do pH com
conchas de sururu. 2009. 99f. Dissertação (Mestrado) – Centro de Tecnologia,
Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2009.
O processamento industrial da mandioca gera diversos resíduos sólidos e líquidos
cujo impacto no meio ambiente pode ser bastante significativo se não houver um
tratamento adequado. A manipueira é um resíduo líquido gerado durante a
prensagem da mandioca triturada para produção de farinha ou na lavagem da
mandioca ralada para extração e purificação de fécula. Possui elevada concentração
de matéria orgânica, em torno de 70g.L
-1
, e efeito tóxico devido à presença de
cianeto que pode chegar a 400mg.L
-1
. É, por isso, o resíduo de maior impacto ao
meio biótico. Uma alternativa eficiente para o tratamento deste resíduo é a
biodigestão anaeróbia. O tratamento anaeróbio, embora necessite de mecanismos
para estabilização do pH em razão da rápida acidificação da manipueira, vem
ocupando espaço nas plantas industriais respaldado por pesquisas que confirmam
sua potencialidade para a redução de cargas orgânicas e cianeto e para a
otimização da conversão de matéria orgânica a biogás (gás carbônico, CO
2
, e
metano, CH
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). Este predomínio tem sido possível devido ao desenvolvimento de
novas configurações de sistemas onde as unidades centrais são reatores
anaeróbios. Os reatores têm menor custo, são mais compactos, mais eficientes e
favorecem a produção e o aproveitamento de biogás, o qual pode ser introduzido no
processo de produção para suprir parte da demanda energética da planta industrial.
Este trabalho investiga o uso do Reator Anaeróbio Horizontal com Chicanas (RAHC)
em escala de bancada para o tratamento da manipueira com pH estabilizado através
de conchas de sururu. O RAHC foi concebido a partir de modificações no Reator
Anaeróbio Horizontal de Leito Fixo (RAHLF), um reator tubular de alta taxa que
permite a permanência de uma grande massa de microrganismos imobilizada
aderida a uma matriz suporte fixa. O sistema utilizado foi constituído por dois
reatores em série para promoção da separação de fases. O substrato utilizado foi
produzido a partir de amostras coletadas em casa de farinha instalada na
Microrregião Produtora de Arapiraca, agreste do Estado de Alagoas, Brasil. Foram
desenvolvidas atividades de caracterização dos efluentes e monitoramento do
sistema durante 288 dias através de análises físico-químicas laboratoriais. A
avaliação do desempenho foi feita através de análises periódicas de DQO, ácidos
voláteis, alcalinidade total, pH, sólidos suspensos, nitrogênio e fósforo total para
manipueira diluída a 5%, 10% e 20%. A estabilização do pH foi realizada pela
formação de um leito fixo com conchas de sururu no reator acidogênico. Os
resultados confirmaram a adequação do RAHC ao tratamento da manipueira. O
sistema com 5% e 10% de manipueira obteve reduções de DQO máximas de 95%.
As conchas de sururu se mostraram adequadas para o controle do pH. Com o
sistema operando a 20% de manipueira, houve sobrecarga indicada por queda
significativa da eficiência e desestabilização do pH. Os resultados induzem a uma
alternativa promissora para o tratamento anaeróbio da manipueira com controle de
pH pelo aproveitamento das conchas de sururu.
Palavras-chave: Reatores anaeróbios, manipueira, conchas de sururu.