Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Área de Concentração: Dinâmica e Avaliação Ambiental
Programa Regional de Desenvolvimento e Meio Ambiente
AS AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS NAS PRAIAS DE ARACAJU:
AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA ANTRÓPICA E CONTRIBUIÇÃO PARA
AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO COSTEIRO
Autor: Bruno Jackson Melo de Almeida
Orientador: Prof. Dr. Stephen Francis Ferrari
Fevereiro de 2010
São Cristóvão – Sergipe
Brasil
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Área de Concentração: Dinâmica e Avaliação Ambiental
Programa Regional de Desenvolvimento e Meio Ambiente
AS AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS NAS PRAIAS DE ARACAJU: AVALIAÇÃO
DA INFLUÊNCIA ANTRÓPICA E CONTRIBUIÇÃO PARA AÇÕES DE
DESENVOLVIMENTO COSTEIRO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em
Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe,
como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre
em Desenvolvimento Meio Ambiente.
Autor: Bruno Jackson Melo de Almeida
Orientador: Prof. Dr. Stephen Francis Ferrari
Fevereiro de 2010
São Cristóvão – Sergipe
Brasil
ads:
iii
iv
Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento
e Meio Ambiente.
_________________________________________________
Prof. Dr. Stephen Francis Ferrari – Orientador
Universidade Federal de Sergipe
v
É concedida ao Núcleo responsável pelo Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
da Universidade Federal de Sergipe permissão para disponibilizar, reproduzir cópias desta
dissertação e emprestar ou vender tais cópias.
_________________________________________________
Bruno Jackson Melo de Almeida – Autor
Universidade Federal de Sergipe
_________________________________________________
Prof. Dr. Stephen Francis Ferrari – Orientador
Universidade Federal de Sergipe
vi
Este trabalho é dedicado com especial carinho
aos meus amados pais.
vii
Agradecimentos
As noites mal dormidas, os esforços nos estudos e nas atividades, as frustrações dos
campos não realizados, os riscos enfrentados para conseguir obter os resultados, podem ter
afetado, mas não diminuíram a minha determinação. A superação e força encontradas nos
momentos mais difíceis vieram da fé em Deus e do apoio e ensinamentos de minha mãe.
Tenho muito à agradecer ao meu pai, Jose Jarinelson (Seu Zé), que mesmo não
sendo detentor do conhecimento acadêmico, sempre será meu herói e meu ídolo. Pai que
nunca negou apoio e sempre esteve ao meu lado!
Minha mãezinha querida, Ana Luiza, exemplo inigualável de dedicação e amor aos
filhos. Com seu amor e sabedoria me deu conselhos e ensinamentos que foram de essencial
importância para a construção não somente dessa dissertação, mas também da minha
formação como pessoa.
Aos meus irmãos. Em especial à minha irmã Jacqueline que tem cada vez mais se
tornado uma grande amiga, estando ao meu lado nos momentos mais difíceis, mostrando o
amor e carinho que se deve ter em família.
Ao meu orientador, o prof. Stephen, por acreditar no meu trabalho, pelas conversas
sempre produtivas. Por ter me aturado e suportado as minhas indecisões, mostrando os
caminhos mais fáceis e mais objetivos.
Ao programa Deutscher Akademischer Austausch Dienst (DAAD) pela concessão
da bolsa de estudo.
À prof ª. e amiga Carmem por ter disponibilizado a estrutura do Laboratório de
Ecossistemas Costeiros para a realização dos trabalhos e análises necessárias.
À Tatiana, pelos momentos de felicidades.
Aos estagiários Anderson, Marcelino e Marcelo pela ajuda nos trabalhos de campo
e pelos momentos de descontração.
Aos amigos de laboratório e de serenatas, Adauto, Daniela, Eduardo, Juan, Patrício,
Raone, Sidney. Aos amigos Rafael (torinho), Thiaguinho e Juliana(s), pela amizade,
momentos de descontração e apoio.
Gostaria de agradecer aos professores Marcio Efe e Severino Mendes pela ajuda em
algumas dúvidas e na disponibilização de material bibliográfico. Gostaria também de
agradecer os ensinamentos proporcionados pelos companheiros do CEMAVE.
viii
RESUMO
O contínuo crescimento das populações humanas, e o aumento das atividades recreativas
ao longo do litoral alteram as condições naturais dos diversos ecossistemas costeiros, e
consequentemente afetam a ocorrência, distribuição e comportamento de diversos
organismos. Embora inserida no contexto urbano da cidade de Aracaju, a praia da Atalaia,
apresenta-se como uma importante área no ciclo migratório de aves limícolas neárticas. O
presente trabalho tem por principal objetivo trazer informações sobre a avifauna da praia
da Atalaia, fazendo uma breve avaliação da influência antrópica sobre a distribuição
espacial e uso de habitat das aves limícolas migratórias. Para isso, foram realizadas um
total de 81 amostragens ao longo de 5 km de extensão de praia no período entre os meses
de outubro de 2008 a novembro de 2009. Foram coletados dados sobre a homogeneidade
espacial da macrofauna bêntica a partir da mensuração da matéria orgânica, bem como o
número de pessoas foi contabilizado ao longo dessa faixa de praia. Foi identificado um
total 70 espécies de aves, dentre estas as aves limícolas migratórias foram as mais
abundantes, com registros de mais 2500 indivíduos entre os meses de outubro e março. As
espécies mais comuns foram Arenaria interpres, Calidris alba, Calidris pusilla, e
Charadrius semipalmatus que em conjunto totalizaram 79,09% do número total de
indivíduos registrados. Essas espécies não apresentaram distribuição homogênea ao longo
da faixa de praia amostrada (H = 31,98; g.l. = 9; p = 0,002), tampouco a abundância
apresentou correlação os potenciais setores de disponibilidades de invertebrados (r
s
= 0,14;
p = 0,71; n = 10). Inesperadamente, os setores de praia com maiores concentrações de
pessoas também registraram as maiores abundâncias de aves (r
s
= 0,61; p = 0,059; n = 10).
Tal fato parece estar associado com a oferta de restos de comidas e de lixo existentes
nessas áreas, o que pode constituir um recurso alimentar alternativo para as aves
migratórias, e consequentemente, influenciando os padrões de ocorrência e
comportamentais dessas espécies. Faz-se necessário ampliar os estudos e pesquisas para
um melhor entendimento dessa situação, e principalmente avaliar quais as potenciais
consequências dessas substâncias para as aves e o ciclo migratório.
Palavras chave: aves migratórias, aves limícolas, matéria orgânica, desenvolvimento
costeiro, praias, Sergipe.
ix
ABSTRACT
The incessant growth of human populations, and the increase in recreational activities on
seashores have altered the natural conditions of most coastal ecosystems, with a series of
consequences for the distribution, abundance, and behavior of a range of organisms. While
Atalaia beach in the city of Aracaju is highly urbanized, it is an important point in the
migratory cycle of some species of migratory Nearctic shorebirds. The principal objective
of the present study was to characterize the avian fauna of Atalaia beach, and to evaluate
the influence of anthropogenic impacts on the spatial distribution and habitat use of
migratory shorebirds. For this, a total of 81 surveys of a 5 km stretch of the beach were
conducted on a monthly basis between October, 2008, and November, 2009. Data were
also collected on the homogeneous availability organic matter of benthic macrofauna and
the presence of beachgoers along the same stretch of shore. A total of 70 bird species were
identified, of which the most abundant were the migratory shorebirds, with over 2500
individuals being recorded between October and March. The most common species were
Arenaria interpres, Calidris alba, Calidris pusilla, and Charadrius semipalmatus, which
together accounted for 79,09% of all birds recorded. These species were not distributed
homogeneously across the survey area (H = 31.98; g.l. = 9; p = 0.002), nor did their
abundance correlate with the availability of invertebrates (r
s
= 0.14; p = 0.71; n = 10).
Unexpectedly, the sectors of the area with the highest concentrations of beachgoers also
harbored the greatest abundance of birds (r
s
= 0.61; p = 0.059; n = 10). This appears to
have been at least partly explained by the availability of leftover food within these areas,
which represent an alternative dietary resource for the migratory shorebirds, and interferes
in their behavior patterns. There is a clear need to better understand this phenomenon, and
its potential consequences for the birds.
Keywords: shorebirds, bird migration, organic matter, coastal development, sandy
beaches, Sergipe;
x
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................16
1.1. ABORDAGEM GERAL: A IMPORTÂNCIA DA ZONA COSTEIRA PARA AVIFAUNA...................16
1.2. AS AVES LIMÍCOLAS.........................................................................................................19
1.3. IMPACTOS ANTRÓPICOS SOBRE AS AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS .................................22
1.4. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA..........................................................................................25
2. OBJETIVOS........................................................................................................................................29
2.1. OBJETIVO GERAL.............................................................................................................29
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................29
2.3. HIPÓTESES OPERACIONAIS ..............................................................................................29
3. A AVIFAUNA DA PRAIA DE ATALAIA .......................................................................................30
3.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................30
3.2. MATERIAL E MÉTODO......................................................................................................31
3.2.1. Área de Estudo ...........................................................................................................31
3.2.2. Observação de Aves e Contagens Numéricas ............................................................32
3.2.3. Frequência de ocorrência ..........................................................................................33
3.2.4. Abundância relativa ...................................................................................................33
3.3. RESULTADOS ...................................................................................................................34
3.3.1. Padrões gerais............................................................................................................34
3.3.2. Frequência de Ocorrência .........................................................................................36
3.3.3. Abundância relativa ...................................................................................................37
3.4. DISCUSSÃO ......................................................................................................................42
4. A MATÉRIA ORGÂNICA NOS SEDIMENTOS DO MESOLITORAL DA PRAIA DE
ATALAIA ..................................................................................................................................................47
4.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................47
4.2. MATERIAL E MÉTODO......................................................................................................48
4.2.1. Área de Estudo ...........................................................................................................48
4.2.2. Coleta de Material .....................................................................................................48
4.2.3. Teor de Matéria Orgânica .........................................................................................51
4.2.4. Análise dos Dados......................................................................................................52
4.3. RESULTADOS ...................................................................................................................52
4.3.1. Padrão geral ..............................................................................................................52
4.3.2. Padrão espacial..........................................................................................................54
xi
4.3.3. Padrão sazonal...........................................................................................................55
4.4. DISCUSSÃO ......................................................................................................................56
5. USO DE HABITAT E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS AVES LIMÍCOLAS
MIGRATÓRIAS E AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA ANTRÓPICA .....................................................58
5.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................58
5.2. MATERIAL E MÉTODO......................................................................................................59
5.2.1. Observação de Aves e Uso de Habitat .......................................................................59
5.2.2. Caracterização dos setores ........................................................................................62
5.2.3. Análise de dados.........................................................................................................62
5.3. RESULTADOS ...................................................................................................................63
5.3.1. Distribuição espacial e uso de habitat .......................................................................63
5.3.2. Avaliação da influência antrópica .............................................................................69
5.4. DISCUSSÃO ......................................................................................................................71
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................74
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................................77
xii
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1.1. PRINCIPAIS ROTAS MIGRATÓRIAS DESCRITAS PARA AS AVES COSTEIRAS (SHOREBIRDS) AO LONGO
DO GLOBO TERRESTRE. FONTE: UNEP/CMS (2006). ........................................................................................19
FIGURA 1.2. ILHA DE COROA DO AVIÃO, PERNAMBUCO. FONTE: HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/. .......................24
FIGURA 1.3. FOTOGRAFIAS DE ALGUMAS ATIVIDADES ANTRÓPICAS REALIZADAS NA PRAIA DA ATALAIA, COMO
BARES (A), PALCO PARA EVENTOS (B), POLUIÇÃO (C) E COMO CONSEQUÊNCIA A AGLOMERAÇÃO DE AVES
USUFRUINDO DOS RESTOS (D). FOTOS: BRUNO J. M. ALMEIDA. ........................................................................26
FIGURA 1.4. ARENARIA INTERPRES (VIRA-PEDRAS) E CALIDRIS ALBA (MAÇARICO-BRANCO) FORRAGEANDO EM
ÁREA COM RESTOS DE FARINHA E PASTEL (A); CARACARA PLANCUS (CARACARÁ) E CORAGYPS ATRATUS (URUBU)
APROVEITANDO-SE DAS OFERENDAS RELIGIOSAS (B); ARENARIA INTERPRES COM VAGEM DE AMENDOIM NO BICO
(C); BANDO DE APROXIMADAMENTE 80 INDIVÍDUOS FORMADO POR A. INTERPRES E CHARADRIUS SEMIPALMATUS
(BATUÍRA-DE-BANDO) NO MEIO DE PESSOAS JOGANDO BOLA, ANDANDO E CORRENDO (D). FOTOS: BRUNO J. M.
ALMEIDA...........................................................................................................................................................28
FIGURA 3.1. FOTOGRAFIA AÉREA DA CIDADE DE ARACAJU DELIMITANDO AS ÁREAS DE MONITORAMENTO DA
AVIFAUNA. A ÁREA DE MANGUEZAL É DESTACADA EM AMARELO E A PRAIA DE ATALAIA EM VERMELHO.
FONTE: SEPLAN/ PREFEITURA MUNICIPAL DE ARACAJU. ...............................................................................31
FIGURA 3.2. DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NA PRAIA DA ATALAIA, SERGIPE, UM TRECHO DE CINCO
QUILÔMETROS ENTRE PONTO A (FAROL) E B (PRAIA DOS NÁUFRAGOS). ..........................................................32
FIGURA 3.3. PRECIPITAÇÃO MENSAL NA CIDADE DE ARACAJU NO PERÍODO DE OUTUBRO DE 2008 A OUTUBRO
DE 2009. FONTE DOS DADOS: CEPES/CODISE................................................................................................34
FIGURA 3.4. ESPÉCIES MIGRATÓRIAS COMUNS NA PRAIA DA ATALAIA, CALIDRIS ALBA (A); ARENARIA INTERPRES
(B); CALIDRIS PUSILLA E CALIDRIS MINUTILLA (C); CHARADRIUS SEMIPALMATUS (D). FOTOS: BRUNO J. M.
ALMEIDA...........................................................................................................................................................35
FIGURA 3.5. PRINCIPAIS ESPÉCIES RESIDENTES NA PRAIA DA ATALAIA, CHARADRIUS COLLARIS (A); VANELLUS
CHILENSIS (B); COLUMBA LIVIA (C); E CARACARA PLANCUS (D). FOTOS: BRUNO J. M. ALMEIDA .........................36
FIGURA 3.6. BANDO DE AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS, FORMADO PRINCIPALMENTE POR CHARADRIUS
SEMIPALMATUS, MAS COM ALGUNS INDIVÍDUOS DE CALIDRIS PUSILLA, CALIDRIS ALBA E ARENARIA INTERPRES.
FOTO: BRUNO J. M. ALMEIDA...........................................................................................................................38
FIGURA 3.7. DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DOS MAIORES VALORES DE ABUNDÂNCIA DE INDIVÍDUOS REGISTRADOS
MENSALMENTE PARA AS PRINCIPAIS ESPÉCIES MIGRATÓRIAS NA PRAIA DA ATALAIA AO LONGO DO PERÍODO DE
ESTUDO (2008-9)...............................................................................................................................................39
FIGURA 3.8. DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DOS MAIORES VALORES DE ABUNDÂNCIA DE INDIVÍDUOS REGISTRADOS
MENSALMENTE PARA AS PRINCIPAIS ESPÉCIES RESIDENTES NA PRAIA DA ATALAIA AO LONGO DO PERÍODO DE
ESTUDO (2008-9)...............................................................................................................................................41
FIGURA 3.9. ABUNDÂNCIA RELATIVA DAS AVES OBSERVADAS NA PRAIA DA ATALAIA, EM CADA INTERVALO
PRINCIPAL DO PERÍODO DE ESTUDO. ..................................................................................................................42
FIGURA 3.10. CARACARA PLANCUS NA PRAIA DA ATALAIA. TENTATIVA DE CAPTURA COM ARMADILHAS
TOMAHAWK (A). CARACARA PLANCUS E CORAGYPS ATRATUS FORRAGEANDO RESTOS DE OFERENDAS RELIGIOSAS
DEIXADAS PRAIA DA ATALAIA (B). FOTOS: BRUNO J. M. ALMEIDA. .................................................................45
xiii
FIGURA 3.11. VISÃO PARCIAL DO SETOR 4 COM O REGISTRO DE UM CARACARA PLANCUS NO CENTRO DE UM
BANDO DE AVES LIMÍCOLAS. FOTO: BRUNO J. M. ALMEIDA..............................................................................46
FIGURA 4.1. DELIMITAÇÃO DOS SETORES DE AMOSTRAGEM NA PRAIA DA ATALAIA, SERGIPE. CADA ÁREA
POSSUI UMA EXTENSÃO DE CERCA DE 500 METROS. FOTOGRAFIA AÉREA ESCALA 1:25000. .............................49
FIGURA 4.2. LOCALIZAÇÃO DA FAIXA SUPRALITORAL (SETA PRETA) E DO MESOLITORAL (FAIXA AMARELA) DA
PRAIA DE ATALAIA. OS CÍRCULOS CORRESPONDEM AOS LOCAIS DE COLETA NA FAIXA MESOLITORAL: AMARELO
= MESOLITORAL INFERIOR; PRETO = MESOLITORAL MÉDIO, E VERMELHO = MESOLITORAL SUPERIOR...............50
FIGURA 4.3. COLETOR DE SEDIMENTO UTILIZADO PARA OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS DO MESOLITORAL............50
FIGURA 4.4. PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS EM ESTUFA (A) E PESAGEM EM BALANÇA ELETRÔNICA (B).......51
FIGURA 4.5. PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS EM FORNO MUFLA (A) AMOSTRAS ARMAZENADAS NOS
COLETORES E DISSECADORES (B).......................................................................................................................52
FIGURA 4.6. DISTRIBUIÇÃO DOS VALORES MÉDIOS DO TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA AO LONGO DAS
DIFERENTES FAIXAS DO MESOLITORAL EM CADA SETOR DE AMOSTRAGEM DA PRAIA DE ATALAIA. ..................54
FIGURA 4.7. TEOR MÉDIO±DESVIO PADRÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA REGISTRADO MENSALMENTE NO
MESOLITORAL INFERIOR (A), MESOLITORAL MÉDIO (B) E MESOLITORAL SUPERIOR (C) DA PRAIA DE ATALAIA
DURANTE O PERÍODO DE ESTUDO.......................................................................................................................55
FIGURA 5.1. AVES EM ATIVIDADE DE FORRAGEIO NA REGO DO MÉDIO LITORAL, CALIDRIS ALBA (A) E
ARENARIA INTERPRES (B). FOTOS: BRUNO J. M. ALMEIDA. ................................................................................60
FIGURA 5.2. AVES EM ATIVIDADE DE FORRAGEIO NA REGO DO SUPRA LITORAL, ARENARIA INTERPRES,
COLUMBA LIVIA E CARACARA PLANCUS (A), CALIDRIS ALBA E CHARADRIUS SEMIPALMATUS (B). AVES EM
ATIVIDADE DE FORRAGEIO NAS LAGOAS DE CHUVA, CALIDRIS ALBA E CHARADRIUS SEMIPALMATUS (C), ARENARIA
INTERPRES, CHARADRIUS SEMIPALMATUS E CALIDRIS PUSILLA NAS LAGOAS DE CHUVA (D). FOTOS: BRUNO J. M.
ALMEIDA...........................................................................................................................................................60
FIGURA 5.3. BANDO DE AVES EM DESCANSO FORMADO POR CHARADRIUS SEMIPALMATUS E CALIDRIS ALBA (A),
CHARADRIUS SEMIPALMATUS, ARENARIA INTERPRES E CALIDRIS PUSILLA (B). FOTOS: BRUNO J. M. ALMEIDA.....61
FIGURA 5.4. POSTURA DE ALERTA, CALIDRIS ALBA (A), CHARADRIUS SEMIPALMATUS E CALIDRIS PUSILLA (B).
FOTOS: BRUNO J. M. ALMEIDA .........................................................................................................................61
FIGURA 5.5. AVES EM VÔO. FOTOS: BRUNO J. M. ALMEIDA. ............................................................................61
FIGURA 5.6. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA ABUNDÂNCIA TOTAL DE INDIVÍDUOS DAS ESPÉCIES CALIDRIS PUSILLA,
CHARADRIUS SEMIPALMATUS, ARENARIA INTERPRES E CALIDRIS ALBA REGISTRADO NA PRAIA DE ATALAIA NO
PERÍODO DE ESTUDO..........................................................................................................................................64
FIGURA 5.8. VARIAÇÃO NO COMPORTAMENTO DE CALIDRIS PUSILLA NOS DIFERENTES SETORES DA PRAIA DE
ATALAIA NO PERÍODO DE ESTUDO.....................................................................................................................65
FIGURA 5.9. VARIAÇÃO NO COMPORTAMENTO DE CHARADRIUS SEMIPALMATUS NOS DIFERENTES SETORES DA
PRAIA DE ATALAIA NO PERÍODO DE ESTUDO. ....................................................................................................66
FIGURA 5.10. VARIAÇÃO NO COMPORTAMENTO DE ARENARIA INTERPRES NOS DIFERENTES SETORES DA PRAIA
DE ATALAIA NO PERÍODO DE ESTUDO................................................................................................................67
FIGURA 5.11. VARIAÇÃO NO COMPORTAMENTO DE CALIDRIS ALBA NOS DIFERENTES SETORES DA PRAIA DE
ATALAIA NO PERÍODO DE ESTUDO.....................................................................................................................68
xiv
FIGURA 5.12. DISTRIBUIÇÃO MENSAL DA MÉDIA ± DESVIO PADRÃO DO NÚMERO DE PESSOAS (A) E DO NÚMERO
DE AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS (B) NA PRAIA DA ATALAIA AO LONGO DO PERÍODO DE ESTUDO (2008-9). ..69
FIGURA 5.13. NÚMERO TOTAL DE PESSOAS (BARRAS) E DAS QUATRO ESPÉCIES-ALVO DE AVES LIMÍCOLAS
(LINHA) REGISTRADO EM CADA SETOR DA PRAIA DE ATALAIA NO PERÍODO DE ESTUDO....................................70
FIGURA 5.14 REGISTROS DE ALIMENTAÇÃO DE RESTOS DE COMIDA PELAS AVES MIGRATÓRIAS. CHARADRIUS
SEMIPALMATUS FORRAGEANDO A NATA DO COCO (A), E CALIDRIS ALBA COMENDO PEDAÇO DE CARNE (B). FOTOS:
BRUNO J. M. ALMEIDA. ....................................................................................................................................71
FIGURA 5.15. REGISTROS DE ALIMENTAÇÃO DE RESTOS DE COMIDA, ARENARIA INTERPRES FORRAGEANDO
ACARAJÉ (A) E RESTOS DE AMENDOIM E FAROFA PRÓXIMA ÀS CADEIRAS E BARES (B). FOTOS: BRUNO J. M.
ALMEIDA...........................................................................................................................................................71
FIGURA 5.16. AVES EM ATIVIDADE DE FORRAGEIO NAS LAGOAS DE CHUVAS FORMADAS AO LONGO
SUPRALITORAL, SETOR 9. ..................................................................................................................................73
xv
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 3.1. FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA (%FO) DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE AVES OBSERVADAS NA PRAIA
DE ATALAIA AO LONGO DO PERÍODO DE ESTUDO...............................................................................................37
TABELA 3.2. ABUNDÂNCIA RELATIVA (AR) DAS PRINCIPAIS AVES OBSERVADAS NA PRAIA DE ATALAIA AO
LONGO DO PERÍODO DE ESTUDO. .......................................................................................................................38
TABELA 3.3. ABUNDÂNCIA MENSAL DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES MIGRATÓRIAS OBSERVADAS NA PRAIA DE
ATALAIA, NOS TRÊS INTERVALOS PRINCIPAIS....................................................................................................40
TABELA 3.4. ABUNDÂNCIA MENSAL DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES RESIDENTES OBSERVADAS NA PRAIA DE
ATALAIA, NAS TRÊS INTERVALOS PRINCIPAIS....................................................................................................41
TABELA 4.1. TEOR MÉDIO GERAL DE MATÉRIA ORGÂNICA AO LONGO DAS DIFERENTES FAIXAS DO
MESOLITORAL EM CADA SETOR DE AMOSTRAGEM DA PRAIA DE ATALAIA.........................................................53
TABELA 5.1. CATEGORIAS DE COMPORTAMENTO UTILIZADAS NO PRESENTE ESTUDO (ALMEIDA, 2006)...........59
TABELA 5.2. DESCRIÇÃO DOS SETORES A PARTIR DAS ESTIMATIVAS DA ÁREA TOTAL (EM HECTARES HA) E A
OCORRÊNCIA DE BARES.....................................................................................................................................62
Capítulo 1: Introdução 16
1. INTRODUÇÃO
1.1. ABORDAGEM GERAL: A IMPORTÂNCIA DA ZONA COSTEIRA PARA AVIFAUNA
A zona costeira ou litoral, denominação dada à interface entre o continente e os
processos marinhos sob influência atmosférica, sempre exerceu interesse e fascínio sobre o
ser humano, muito em função da facilidade de acesso, meio de locomoção e produtividade
de recursos (Lundin & Lindén, 1993; McLachlan & Brown, 2006). Por ser uma região de
transição e sobreposição territorial com outros ambientes, a zona costeira o se
caracteriza como uma unidade específica, mas se apresenta como sendo uma região
formada por inúmeros e complexos ecossistemas de alta relevância ambiental, tais como
praias, dunas, restingas, costões rochosos, estuários, manguezais e recifes de corais (Ray,
1991; Cicin-Sain & Knecht, 1998; McLachlan & Dorvlo, 2005).
Essas características favoreceram o estabelecimento de diversas civilizações
humanas ao longo dos milênios. Estimativas recentes consideram que cerca de metade dos
maiores centros urbanos e dois terços da população mundial estejam situadas a menos de
60 km do litoral (Small & Nicholls, 2003; Millennium Ecosystem Assessment, 2005).
Neste processo, a ocupação humana usufruiu dos recursos marinhos para obtenção de
produtos e mercadorias, aproveitando-se de depósitos minerais, alterando as condições e
fluxos dos rios e estuários para estabelecimento imobiliários, afetando, consequentemente,
os sistemas naturais costeiros e oceânicos (Ray, 1997; Defoe et al. 2009).
A diminuição da integridade ecológica da zona costeira é tema de discussões e
planejamentos de várias entidades internacionais, tal como refletido nas disposições da
Convenção de Ramsar (1971), na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
(1982), e na Agenda 21 (1992). Esses instrumentos estabeleceram os direitos e as
obrigações dos Estados Nações, oferecendo a base internacional sobre a qual devem
apoiar-se as atividades voltadas para a proteção e o desenvolvimento sustentável do meio
ambiente marinho e costeiro, bem como dos seus recursos (Freitas, 2009).
O gerenciamento costeiro consiste não no monitoramento e controle das ações
humanas. É um processo integrado, de reconhecimento das potencialidades naturais,
buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável das zonas costeiras e marinhas,
sem ameaçar a estabilidade e integridade dos ecossistemas e espécies biológicas (Moraes,
2007). O estabelecimento humano deve considerar que os diversos ambientes associados à
Capítulo 1: Introdução 17
zona costeira são cruciais para a dinâmica biológica de inúmeros organismos,
principalmente, para os que sazonalmente buscam as condições de refúgio e alimentação
durante parte do ciclo de vida, seja para os eventos reprodutivos e /ou durante as longas
migrações.
O contínuo crescimento das populações humanas ao longo da zona costeira, bem
como a intensificação da extração dos recursos e das atividades recreativas, tem provocado
um aumento das pressões sobre vários ecossistemas aquáticos, resultando em alterações
das condições ambientais. Tal fato ocasiona um processo de degradação ambiental e
diminuição dos recursos naturais que faz com que as áreas costeiras sejam consideradas
como uma das regiões mais ameaçadas do planeta. (Millennium Ecosystem Assessment,
2005; UNEP/CMS, 2009).
O litoral e os oceanos são áreas chave da Biosfera. Estima-se que a diversidade de
espécies presentes nos oceanos e zonas costeiras seja o dobro da encontrada nas áreas
terrestres (Ray, 1997). Diversos organismos o dependentes da estabilidade dos processos
e dinâmicas ambientais existentes ao longo dos ecossistemas costeiros e oceânicos. Dentre
esses organismos, as aves aquáticas se destacam por apresentarem uma elevada
dependência de áreas específicas para reprodução, alimentação, principalmente para
realização dos deslocamentos migratórios (Scott & Carbonell, 1986; Warnock et al., 2002;
López-Lanús & Blanco, 2004)
A migração e o ciclo de vida de aves aquáticas, em especial as costeiras e pelágicas,
é um dos mais extraordinários fenômenos do planeta. A impressionante capacidade de vôo
de muitas espécies permite que esses animais possam ocupar uma variedade de diferentes
habitats ao longo de sua ampla distribuição geográfica (Furness et al., 1994; Sick, 1997;
Berthold 1999; Newton, 2008). São animais que por milênios evoluíram características
fisiológicas, comportamentais, adaptadas a fatores ecológicos relacionados com a
sazonalidade das condições climáticas e disponibilidade de recursos, e consequente
execução de deslocamentos de longas distâncias (Recher, 1966; Dingle, 1996; Dodd &
Colwell, 1998).
O sucesso migratório está relacionado com a superação de múltiplas adversidades,
desde mudanças morfofisiológicas do próprio indivíduo, como acúmulo de gordura e muda
de penas (Azevedo-Júnior et al., 2001, 2002; Leu & Thompson, 2002; Thomas et al.,
2002), ao enfrentamento de condições ambientais, como tempestades, furacões e outras
intempéries ecológicas (Myers et al., 1987; Rappole et al., 1993). Tais fatores podem ter
Capítulo 1: Introdução 18
influências decisivas na fenologia, comportamento e sobrevivência das aves durante a
realização do percurso.
As espécies em migração, portanto, apresentam uma elevada dependência dos
diversos ecossistemas inseridos ao longo das respectivas áreas de distribuição. Ou seja, são
organismos que não obedecem às fronteiras geopolíticas. Essas aves constituem, assim, um
recurso natural de comprometimento e conservação internacional (Antas, 1984; Scott &
Carbonell, 1986). A Convenção Sobre as Espécies Migratórias, realizada na cidade de
Bonn em 1979, ressaltou a importância e o valor ecológico, mesológico, genético,
científico, recreativo, cultural, educativo e econômico da fauna selvagem, em especial as
espécies de animais que, pelas suas migrações, o levados a ultrapassar os limites de
jurisdição nacional, ou cujos deslocamentos abrangem áreas exteriores a esses limites
(UNEP/CMS, 2006).
A constatação do declínio populacional de várias espécies de aves aquáticas
migratórias, já no início do século XX, propiciou o estabelecimento de discussões entre
diversas entidades de pesquisas em diferentes países (Kuijken, 2006), resultando na
elaboração da Convenção sobre Áreas Úmidas de Importância Internacional especialmente
as Aves Aquáticas, atualmente conhecida como Convenção de Ramsar (Millennium
Ecosystem Assessment, 2005; Boere et al., 2006).
O entendimento dos padrões de migração e a relevância ecológica das diferentes
áreas de ocorrência são informações importantes para o desenvolvimento efetivo de
estratégias de monitoramento e, consequentemente, ampliação das ações de conservação
(Meyers et al., 2000; Burger et al., 2004; Durell et al., 2005). Medidas e discussões têm
sido feitas ao longo dos anos, visando contribuir com a conservação, não das aves
aquáticas, mas também dos ecossistemas aos quais elas estão associadas e dependentes.
O número de indivíduos presentes numa população e a riqueza de espécies de uma
determinada localidade não somente fornece informações de interesse biológico. No caso
de aves aquáticas, estas informações podem servir como uma ferramenta valiosa para a
conservação da biodiversidade (Morrison et al., 2001). Um exemplo é a identificação de
áreas importantes para as aves aquáticas a partir de Censos Internacionais de Aves
Aquáticas (Scott & Carbonell, 1986; López-Lánus & Blanco, 2005; De Luca et al., 2006;
UNEP/CMS, 2009).
Capítulo 1: Introdução 19
1.2. AS AVES LIMÍCOLAS
As aves limícolas são definidas como espécies aquáticas características das zonas
intertidais, marginais a corpos d’águas ou de alagados, cuja profundidade não ultrapassa o
comprimento dos respectivos membros inferiores (Straube, 1999; Nascimento &
Larrazábal, 2000). Dentre estas espécies destacam-se os maçaricos e batuíras
(Scolopacidae e Charadriidae, respectivamente), os quais abrangem 152 das quase 217
espécies reconhecidas para a ordem Charadriiformes (Warnock et al., 2002; Piersma,
2007). Estas aves realizam uma das mais espetaculares migrações de longa distância
(Figura 1.1), sendo esse grupo um dos principais alvos no desenvolvimento de pesquisas e
estudos sobre migração e ações de conservação e monitoramento (Kuijken, 2006;
UNEP/CMS, 2009).
Figura 1.1. Principais rotas migratórias descritas para as aves costeiras (shorebirds) ao longo do
globo terrestre. Fonte: UNEP/CMS (2006).
São animais em constante movimentação. No continente Americano, essas espécies
executam um deslocamento inter-hemisférico, atravessando a linha Equatorial, com
algumas espécies deslocando-se mais de 30,000 km entre as áreas reprodutivas e não-
reprodutivas (Valencia, 2005). Por se deslocarem sazonalmente entre regiões hemisféricas,
Capítulo 1: Introdução 20
as aves limícolas migratórias aproveitam as melhores condições ambientais de cada área, já
que estariam presentes em cada localidade durante a primavera e verão (Welty, 1977,
Piersma, 2007).
Os principais sítios reprodutivos, das espécies ocorrentes nas Américas, estão
inseridos nas altas latitudes hiperbóreas da região Neártica (Estados Unidos e Canadá). A
reprodução é relativamente rápida, ocorrendo normalmente entre os meses de junho e
agosto (verão no hemisfério norte), e os filhotes são nidífugos, entrando em migração já no
primeiro ano de vida. Os dias longos do verão boreal permitem que os indivíduos
mantenham um ritmo de forrageamento acelerado, com isso preparam-se para a migração,
efetuando mudas, e acumulando energias, em formas de gorduras e proteínas (Morrison,
1977; Meyers et al., 1990; Leu & Thompson, 2002). Com o início do outono, diminuição
da temperatura, e dos recursos disponíveis, milhares de indivíduos iniciam deslocamento
para as regiões mais quentes e produtivas ao longo da América Central e do Sul (Sick,
1997; Blanco, 1999; Gudmundsson & Sandberge, 2000; Newton, 2008).
Essas aves, então, passam as estações de outono-inverno (boreal) em áreas
Neotropicais, sendo a sazonalidade de ocorrência durante a fase não-reprodutiva (setembro
a março) denominada como período de invernada. Algumas localidades são utilizadas
durante um período muito curto de tempo e funcionam como áreas intermediárias,
enquanto que em outras, as aves podem permanecer por um tempo mais longo, podendo
ficar durante todo o período de inverno boreal.
A migração anual dessas espécies envolve, consequentemente, uma interligação de
diversos ecossistemas. O litoral Atlântico constitui numa das principais rotas migratórias
trans-equatorial de aves limícolas neárticas (Antas 1984; 1986). Das 57 espécies de aves
limícolas (Charadriidae e Scolopacidae) que se reproduzem nos Estados Unidos e Canadá
(Bioreino Neártis), 25 espécies chegam ao território brasileiro, constituindo, regionalmente
e sazonalmente, a maiores quantidades de indivíduos presentes nos diversos ecossistemas
costeiros do Brasil (Sick, 1997; Vooren & Brusque, 1999).
Para se alcançar os locais de invernada as aves percorrem rotas de distribuição que
podem ser ininterruptas (non-stop flight), ou incluindo sítios de parada (stopover), para
descanso e forrageio (Meyers et. al., 1990). O alimento obtido nas áreas de descanso
fornece energia essencial para a continuidade do deslocamento em vôo e para o sucesso
reprodutivo quando essas aves chegam até as áreas de procriação
(Davison & Evans, 1988;
Azevedo-Júnior et al., 2001; Azevedo-Júnior et al., 2002; Rodrigues et al., 2009).
Capítulo 1: Introdução 21
Durante o período não-reprodutivo as aves limícolas apresentam um
comportamento gregário, formando grandes concentrações de indivíduos, forrageando nas
zonas intertidais de praias, estuários e lagoas (Warnock et al., 2002). A atividade de
forrageamento pode variar intra e interespecificamente, bem como de acordo com o tipo de
presa (Wilson, 1990; Cullen, 1996; Backwell et al., 1998). Algumas localizam as presas
pela visualização (Thomas et al., 2006), e consequentemente executam movimentações de
“bicadas” (pecking), enquanto que outras, principalmente os escolopacídeos utilizam o
bico como sonda, enfiado no sedimento (probing), localizando a presa a partir de
receptores táteis existentes no bico (Warnock op. cit).
A avaliação sobre a importância dos ecossistemas costeiros, incluindo praias,
alagados e manguezais, tem sido feita no intuito de ampliar o conhecimento sobre a
ecologia das aves limícolas migratórias (Skagen et al., 1994; Burger et al.,1997; Hubbard
& Dugan, 2003). É possível encontrar registros de aves limícolas migratórias ao longo de
toda a costa brasileira (Sick, 1997; Vooren & Brusque, 1999; De Luca et al., 2006),
forrageando inclusive em ambientes antropizados, como áreas de cultivo de camarão
(Nascimento & Larrázabal, 2000).
Censos aéreos realizados no período de 1982-1986 por Morrison et al. (1989),
possibilitaram reconhecer as principais áreas de concentração de aves limícolas migratórias
no Brasil, onde as áreas úmidas do Rio Grande do Sul, e principalmente a região
compreendida entre a Baía de Marajó (Pará) e a Baía de São Marcos (Maranhão),
corresponderam às áreas de maior importância. Os registros quali-quantitativos das
espécies encontradas nestas localidades foram decisivos e justificaram a criação de
unidades de conservação federais, como o Parque Nacional Lençóis Maranhenses, no
Maranhão (Wilson et al., 1997; Rodrigues, 2000), e o Parque Nacional Lagoa do Peixe, no
Rio Grande do Sul (Vooren & Chiaradia, 1990; Accordi & Hartz, 2006), sendo
considerados também como Sítios Ramsar de Conservação e da Rede Hemisférica de
Reservas para Aves de Praia.
Embora esse grupo de aves se destaque pela grande abundância e elevadas
concentrações de indivíduos, recentes estudos, principalmente realizados nas áreas de
reprodução (Baker et al., 2004; Evans et al., 1994; Morrison et al., 2004; Morrison et al.,
2008) indicam uma tendência de declínio populacional de algumas espécies. A
intensificação das alterações ambientais nos diversos ecossistemas costeiros,
principalmente na faixa de praias, pode afetar a ocorrência e distribuição de várias
Capítulo 1: Introdução 22
espécies, bem como comprometer ainda mais a vulnerabilidade desses animais
(International Wader Study Group, 2003; Piersma, 2006; Stroud et al., 2006).
O entendimento dos padrões de migração, e a importância relativa das diferentes
áreas de ocorrência, são informações de extrema importância para o desenvolvimento
efetivo de estratégias e ampliação das ações de conservação (Meyers et al., 2000; Burger et
al., 2004; Durell et al., 2005). Em particular, o status populacional das aves migratórias
pode ser influenciado tanto pelas condições das áreas reprodutivas e não reprodutivas, bem
como pelas áreas e condições submetidas ao longo da migração. Já que essas espécies
passam mais da metade do ciclo de vida em migração, ou nos sítios não reprodutivos,
fatores como a disponibilidade de recurso alimentar, áreas de descanso, e níveis de
distúrbio causados por predadores ou por pessoas, podem influenciar a dinâmica
populacional.
1.3. IMPACTOS ANTRÓPICOS SOBRE AS AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS
Os impactos antrópicos sobre as aves migratórias constituem uma temática de
conservação com importância mundial, que os distúrbios ocasionados em qualquer parte
da extensão do ciclo migratório podem comprometer a migração, com efeitos e
conseqüências no sucesso reprodutivo e status de populações (Sutherland, 1998; BirdLife,
2000; Burger et al., 2004; Goss-Custard et al., 1995). Fatores como a disponibilidade de
recurso alimentar, perdas de habitats, níveis de perturbação causada por predadores ou por
pessoas, podem influenciar a dinâmica biológica das aves (Recher, 1966; Rappole et al.,
1996).
Quase todos os organismos apresentam alguma tolerância a distúrbios em seu
ambiente, mas para cada espécie, existe um patamar crítico, a partir do qual, surgem efeitos
negativos, como a redução na densidade populacional, que podem ser importantes do ponto
de vista da conservação (Gill et al., 1996; 2007). Sutherland (2007) cita fatores como o
desenvolvimento de infra-estrutura e atividades recreativas como pressões antrópicas
expressivas para a biodiversidade.
A identificação de impactos e a quantificação de seus efeitos são fundamentais para
a elaboração de planos de monitoramento e manejo. No caso das aves migratórias, soma-se
ainda a necessidade de integração entre os planos de conservação de diversos países. Um
Capítulo 1: Introdução 23
aspecto crítico aqui é que muitas sítios de descanso ou de alimentação são também
utilizados por pessoas em diversas atividades, principalmente durante as férias e os meses
de verão. No caso específico das aves limícolas, a utilização da praia para atividades de
lazer pode ser mais impactante do que a urbanização de áreas vizinhas (Burton, 2007).
O caráter impactante da atividade de veraneio é, em termos ambientais, diretamente
relacionados à capacidade dos poderes públicos de ordenarem e gerenciarem o uso e
ocupação do território. As atividades turísticas no Brasil estão cada vez mais intensas,
sendo o litoral do Nordeste um dos principais fluxos. De acordo com pesquisa do
Ministério do Turismo do Brasil, 64,9% dos brasileiros escolhem as praias como principal
roteiro para viagens e férias (MTur, 2009). Consequentemente, com o aumento do fluxo de
indivíduos sem um controle mediante a um planejamento, aumentam-se a potencialidade
de impactos e distúrbios ao ambiente, em especial as aves (Burger, 2000; Stolen, 2003;
Moraes, 2007).
Azevedo-Júnior & Lazarrábal (1999) apresentaram uma proposta de legislação para
controle das atividades humanas na Coroa do Avião, uma ilha no litoral pernambucano.
Neste trabalho os autores relatam que após a identificação e diagnóstico da área como
importante ponto para as aves migratórias, o local começou a ser visitado por turistas, e
consequentemente, o estabelecimento de bares, aumento do fluxo de embarcações e aviões
(Figura 1.2). Os censos obtidos por Cardoso & Nascimento (2007) nesta localidade
apresentaram certo declínio no número de indivíduos de algumas espécies. Embora tenha
se comprovado perturbações nas atividades das aves em função do turismo, ainda não se
pode informar se esta condição representa um verdadeiro decréscimo no número de aves,
ou se apenas uma queda pontual na flutuação das populações.
Capítulo 1: Introdução 24
Figura 1.2. Ilha de Coroa do Avião, Pernambuco. Fonte: http://4.bp.blogspot.com/.
O único estudo sobre a avaliação de áreas de concentração de aves limícolas e de
pessoas realizados no Brasil até o momento foi o realizado por Cestari (2008), na costa Sul
do estado de São Paulo. Neste trabalho, o autor coletou informações sobre o número de
aves e a formação de bandos para avaliar a possível influência da presença de pessoas e
cachorros, em dois trechos de praia com diferente grau de urbanização. Não foi constatada
diferença significativa na ocorrência e abundância de aves nos dois trechos de praia,
apenas Calidris canutus apresentou sensibilidade às áreas de concentração humana. Porém
o próprio autor enfatiza a necessidade de ampliar os estudos para avaliar os limites de
perturbação humana.
A resposta comportamental das aves à presença humana em áreas costeiras é de
certa forma óbvia, grandes bandos de aves podem ser observados voando em fuga das
pessoas, e geralmente áreas onde pessoas existem poucas aves. Entretanto, essas
respostas comportamentais não necessariamente resultam na morte das aves, que elas
podem compensar o tempo e energia gastos em outras localidades (Gill et al., 2001;
Stillman et al., 2007). Mas, é claro que os distúrbios podem diminuir a eficiência alimentar
das aves ou aumentar sua taxa metabólica.
A existência de lacunas no conhecimento da distribuição, o uso de habitat, bem
como de estudos ecológicos específicos sobre as aves limícolas migratórias ao longo das
Capítulo 1: Introdução 25
áreas intermediárias de parada e descanso, durante o período não-reprodutivo, constituem
fatores que justificam a importância desses estudos, e principalmente do estabelecimento
de programas de monitoramento. Essas informações necessitam ser aprofundadas, e
desenvolvidas de maneira a propiciar subsídios para monitoramento e conservação das
espécies e consequentemente dos habitats e localidades associadas. Estudos desse caráter
estão sendo estimulados e fazem parte do estudo da arte de programas de conservação de
Organizações como BirdLife e British Trust for Ornithology (BTO).
1.4. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
A cidade de Aracaju está completamente inserida na zona costeira. A urbanização e
o desenvolvimento desta cidade foram alcançados muito em função das perdas de vários
ambientes aquáticos, como mangues, restingas, cordões de dunas (Araújo et al., 2006). Os
estuários e manguezais são utilizados como escoadouros de esgotos domésticos e
industriais. O cordão de dunas e as restingas, fortemente antropizados, sofrem ainda com
os processos de ocupação territorial e especulação imobiliária. As praias, divulgadas como
atrativo turístico perdem suas características originais com o estabelecimento de bares,
tendas, e espaços artificialmente construídos.
Atividades recreativas, esportivas e culturais são comuns ao longo das praias de
Aracaju (Figura 1.3). Usuários locais e turistas desfrutam deste ambiente para relaxar e/ ou
praticar exercícios físicos, e muitas das vezes, levam comida ou lanches, que infelizmente
acabam sendo jogados na areia, acumulando restos e lixo, provocando um contraste de
ações e na falta de consciência do uso público.
Mesmo com tantas adversidades, é possível ainda encontrar áreas de relevância
ambiental, seja pela própria estrutura, seja pela ocorrência de espécies biológicas
importantes. As praias de Aracaju, apesar da forte antropização, parece ser uma área de
descanso e de invernada potencialmente importante para espécies de aves limícolas
migratórias, que permanecem na área em números consideráveis ao longo de todo o
período do inverno boreal (Almeida, 2006; Almeida & Ferrari, no prelo).
As aves limícolas no Estado de Sergipe, principalmente nos manguezais de Aracaju
e na praia de Atalaia, tem sido objeto de pesquisa do presente autor, desde julho de 2003
(Almeida, 2004, 2006; Barbieri, 2007; Almeida & Barbieri, 2008). Até o momento foi
Capítulo 1: Introdução 26
identificado um número total de 21 espécies, sendo cinco residentes (Vanellus chilensis,
Charadrius collaris, Charadrius wilsonia, Himantopus mexicanus e Haematopus
palliatus), e as demais sendo consideradas migratórias neárticas, destacando-se as espécies
Arenaria interpres, Calidris alba, Calidris pusilla e Charadrius semipalmatus, em termos
de sua abundância.
Figura 1.3. Fotografias de algumas atividades antrópicas realizadas na praia da Atalaia, como
bares (a), palco para eventos (b), poluição (c) e como consequência a aglomeração de aves
usufruindo dos restos (d). Fotos: Bruno J. M. Almeida.
Esses estudos foram categóricos em afirmar a importância da continuidade dos
monitoramentos e ampliação das informações sobre a distribuição e abundância das
espécies no litoral sergipano. Principalmente quando se verifica que os registros de
abundância obtidos para a batuíra-de-bando (Charadrius semipalmatus) chegam a valores
próximos a 1% da população mundial desta espécie, o que destaca os manguezais, e as
d) c)
b) a)
Capítulo 1: Introdução 27
praias sergipanas como um sítio de potencial importância regional, de acordo com os
pressupostos das convenções Ramsar e Wetlands International (Morrison et al., 2001).
O monitoramento das aves no litoral urbano de Aracaju vem gerando informações e
questionamentos sobre o fluxo das aves migratórias, e principalmente sobre as atividades e
uso de habitats, em função da presença humana e dos restos de alimento deixados pelos
usuários ao longo da faixa de praia. Um dos principais fatores motivacionais para a
elaboração e execução deste estudo está relacionado com o fato de ter sido constatado uma
maior concentração de aves justamente nos locais de maior concentração de pessoas
(Almeida, 2006).
Esse fato, embora seja contrário a alguns estudos (Barbieri et al., 2000; Barbieri,
2001; Burger et al., 1990; Burger et al., 2004; Thomas et al., 2002), não significa que essas
aves o sejam afetadas por distúrbios humanos. Variáveis, como a disponibilidade
alimentar, podem ter maior influência no comportamento das aves, como proposto por Gill
et al. (2000). Em função dessas informações, questiona-se a influência das pessoas sobre a
as aves limícolas migratórias, será que os restos de comida podem exercer alguma
influência na distribuição espacial e o comportamento das aves? (Figura 1.4). Essas
informações são de extrema importância para o conhecimento ecológico dessas espécies
em áreas não-reprodutivas.
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo levantar informações sobre a
avifauna na praia da Atalaia, bem como avaliar a distribuição espacial e comportamento
das principais aves limícolas migratórias. A partir da quantificação de matéria orgânica
disponível e do número de pessoas em cada trecho de praia, pretende-se verificar quais são
os padrões de abundância e uso de habitat apresentado por essas aves. Contribui-se assim,
para que as ações de desenvolvimento urbano ao longo da faixa de praia, e bem como as
atividades de recreação e turismo, possam ter um dado adicional no gerenciamento e
aplicação de medidas públicas, o que, consequentemente resulta em ações de conservação
e gestão das atividades humanas ao longo da zona costeira.
Capítulo 1: Introdução 28
Figura 1.4. Arenaria interpres (vira-pedras) e Calidris alba (maçarico-branco) forrageando em
área com restos de farinha e pastel (a); Caracara plancus (caracará) e Coragyps atratus (urubu)
aproveitando-se das oferendas religiosas (b); Arenaria interpres com vagem de amendoim no bico
(c); Bando de aproximadamente 80 indivíduos formado por A. interpres e Charadrius
semipalmatus (batuíra-de-bando) no meio de pessoas jogando bola, andando e correndo (d). Fotos:
Bruno J. M. Almeida.
a)
b)
c)
d)
Capítulo 2: Objetivos 29
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Identificar os padrões ecológicos e relações existentes entre as aves limícolas e a
influência antrópica no litoral urbano de Aracaju, Sergipe, fornecendo subsídios para
conservação e de estratégias para o gerenciamento costeiro.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterizar a avifauna da área de estudo;
Verificar possíveis padrões na distribuição temporal e espacial das espécies de aves
limícolas e identificar seus fatores determinantes;
Diagnosticar a disponibilidade de recursos alimentares na faixa de influência da maré
da praia de Atalaia;
Verificar e comparar as áreas de concentração de aves e de pessoas;
Fornecer subsídios para o desenvolvimento de planos de conservação e manejo da
avifauna das praias de Aracaju.
2.3. HIPÓTESES OPERACIONAIS
1. O mesolitoral apresenta uma distribuição uniforme de matéria orgânica ao longo da
área de estudo;
2. A distribuição de aves limícolas é homogênea ao longo da praia de Atalaia;
3. A presença de aves limícolas é inversamente relacionada àquela de pessoas.
Capítulo 3: A avifauna da praia 30
3. A AVIFAUNA DA PRAIA DE ATALAIA
3.1. INTRODUÇÃO
As praias arenosas, quando comparadas com os demais tipos de ambientes
costeiros, não apresentam grande diversidade ecológica, mas são ecossistemas importantes
e têm papel fundamental como área de forrageio, descanso e reprodução, principalmente
para as aves limícolas migratórias (Burger et al., 1997; Warnock et al., 2002; McLachlan
& Brown, 2006). No ecossistema de praia, as aves se destacam por serem os componentes
mais facilmente observáveis, tanto por sua diversidade como por sua abundância (Bildstein
et al., 1991; Vooren & Brusque, 1999).
Os estudos sobre as aves encontradas nas praias arenosas no Brasil, como esperado,
descrevem os maçaricos e batuíras (Ordem: Charadriiformes) como os principais
componentes, sendo também registrada a ocorrência de outras aves aquáticas como garças,
martim-pescador, fragata, e algumas aves de rapina como Caracara plancus, Milvago
chimango, Milvago chimachima e os urubus, Coragyps atratus e Cathartes aura (Vooren
& Chiaradia, 1990; Schiefler & Soares, 1994; Barbieri et al., 2003; Costa & Sander, 2008).
A composição da comunidade de aves de uma determinada localidade varia ao
longo do ano, não somente em termos de riqueza de espécies, mas principalmente em
número de indivíduos, resultante da sazonalidade de ocorrência e diferentes usos de habitat
entre as espécies residentes e as migratórias. Portanto, conhecer a avifauna de uma área é
fundamental para entender processos ecológicos locais, principalmente em se tratando de
áreas antropizadas, onde a influência humana pode resultar o somente na perturbação
direta (alteração das condições ambientais), mas também, com a introdução de espécies
exóticas, ou favorecendo o estabelecimento de espécies invasoras.
São poucas as informações sobre a avifauna de Sergipe. Num trabalho de revisão
bibliográfica, Cordeiro (2008) estimou a provável ocorrência de 452 espécies de aves para
o estado. Sousa (2009) apresenta um registro total de 340 espécies de aves, identificadas
através de observações em oito localidades do estado. Alguns estudos sobre a distribuição
sazonal e ocorrência de aves limícolas migratórias no Estado de Sergipe têm sido
realizados desde 2003 (Almeida, 2004; Barbieri, 2007; Almeida & Barbieri, 2008;
Barbieri, 2008). Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre as aves de Sergipe, em
Capítulo 3: A avifauna da praia 31
especial as aves associadas às praias arenosas, apresenta-se neste capítulo informações
sobre a composição das espécies de aves identificadas nas praias da cidade de Aracaju.
3.2. MATERIAL E MÉTODO
3.2.1. Área de Estudo
Sergipe, o menor estado da federação, apresenta um litoral com cerca de 168 km de
extensão, caracterizado pela presença de um costão arenoso de baixa declividade, com
ausência de formações rochosas, constituída por terrenos de sedimentos quaternários de
origem fluvio-marinha, fluvial e eólica, e engloba formações como restingas, dunas,
manguezais e lagoas costeiras originárias de processos interativos (Nascimento, 2001;
Oliveira & Souza, 2005). Aracaju, capital do estado (Figura 3.1), está inserida na
mesorregião do Leste Sergipano, se situa na faixa climática comumente denominada de
litoral sub-úmido ou de Zona de Mata. Por estar inserida na larga faixa litorânea que
abrange a porção Sul do estado, apresenta de um a três meses secos, entre outubro e
fevereiro, tendo o principal período de chuva concentrado nos meses de abril-agosto
(Araújo, 2006).
Figura 3.1. Fotografia aérea da cidade de Aracaju delimitando as áreas de monitoramento da
avifauna. A área de manguezal é destacada em amarelo e a praia de Atalaia em vermelho. Fonte:
SEPLAN/ Prefeitura Municipal de Aracaju.
Capítulo 3: A avifauna da praia 32
A área de monitoramento consiste num trecho de praia de 5 km localizado no litoral
urbano de Aracaju, a partir daqui denominado Praia de Atalaia (Figura 3.2). Os estudos
com aves nessa localidade vêm sendo realizados desde 2003 (Almeida & Ferrari, no
prelo). Essa faixa litorânea abrange desde a Praia do Farol (S 10º58’08.5”/ WO
37º02’08.6”) até a praia dos Náufragos (S 11º00’09.8”/ WO 37º03’29.5”).
Figura 3.2. Delimitação da área de estudo na praia da Atalaia, Sergipe, um trecho de cinco
quilômetros entre ponto A (Farol) e B (Praia dos Náufragos).
3.2.2. Observação de Aves e Contagens Numéricas
As observações das aves foram feitas semanalmente, tendo como base o
procedimento de transecção em áreas abertas proposto por Bibby et al. (1998). Este
procedimento consiste em percorrer o trecho pré-estabelecido a uma velocidade constante
para identificar as espécies de aves presentes e contabilizar o número de indivíduos para
cada espécie. Este método tem sido utilizado no Brasil por Vooren & Chiaradia, (1990),
A
B
Capítulo 3: A avifauna da praia 33
para a praia do Cassino no Rio Grande do Sul, e por Barbieri et al., (2003) na Ilha
Comprida, São Paulo.
A praia foi percorrida em toda a sua extensão, tanto no sentido AB, quanto de
BA, sendo as observações realizadas no período da manhã entre as 06:00 e às 09:00 h, e
pela tarde, entre os horários das 15:00-18:00 h. As observações na praia de Atalaia
contaram com o auxílio de binóculos 7x50 e 10x30x60 e de guias de identificação de
campo (Hayman et al. 1986; Souza, 2004). Após a identificação, as aves eram
contabilizadas. A contagem do número de indivíduos feita por contagem direta, para
grupos com menos de 100 indivíduos. Para agrupamentos maiores, foi feito estimativa,
onde se identificava todas as espécies presentes, fazia-se uma contagem total do bando, e a
partir do número de indivíduos da espécie predominante, era estimado o número de
indivíduos para as demais espécies. No procedimento de contagem, foi utilizado um
contador manual. Para complementar as informações, foram feitas fotografias dos bandos
de aves, de forma a facilitar na recontagem, caso necessário, e bem como para banco de
dados digital.
3.2.3. Frequência de ocorrência
Consideramos como frequência de ocorrência o registro de determinada espécie em
determinada visita, independente do número de avistamentos ou indivíduos. A Frequência
de Ocorrência (FO) de cada espécie foi obtida dividindo o número de registros da espécie
pelo número de visitas realizadas no período em questão. As frequências obtidas foram
classificadas de acordo com Fedrizzi (2003), como: Muito Comum (MC) FO = 75-100%;
Comum (C), FO = 50-74%; Escasso (E), FO = 25-49%; Raro (R), FO < 25%, e Ocasional
(O), um único registro.
3.2.4. Abundância relativa
A abundância relativa de cada espécie foi obtida através da divisão do número de
indivíduos desta espécie observado no período em questão pelo número total de aves de
todas as espécies no mesmo período. As proporções foram classificadas (Telino-Júnior,
2003) como: Dominante (D): abundância relativa maior que 50%; Abundante (A):
Capítulo 3: A avifauna da praia 34
abundância relativa 50-25%; Pouco Abundante (PA): abundância relativa 25-10%; Rara
(R): abundância relativa < 10%.
3.3. RESULTADOS
3.3.1. Padrões gerais
A pluviosidade registrada durante o período de estudo esteve de acordo com o
histórico de chuvas para a cidade de Aracaju. Os meses de outubro a janeiro foram os que
apresentaram menores índices pluviométricos, enquanto que os meses de abril a agosto
foram os mais chuvosos, com destaque para o mês de maio, apresentando um valor de 622
mm (Figura 3.3).
0
70
140
210
280
350
420
490
560
630
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
mm
Figura 3.3. Precipitação mensal na cidade de Aracaju no período de outubro de 2008 a outubro de
2009. Fonte dos Dados: CEPES/CODISE.
Nos 14 meses de estudo (de outubro de 2008 a novembro de 2009) foram realizadas
81 amostragens. Foi padronizado ao menos uma observação por semana, mas sempre que
possível foram feitas amostragens adicionais. As observações tiveram uma duração média
de 82 minutos de atividade de campo (mínimo de 50’ e máximo de 140’).
Todas as aves observadas na área de estudo foram identificadas e contabilizadas,
resultando numa lista contendo um total de 70 espécies distribuídas em 32 famílias (Anexo
Capítulo 3: A avifauna da praia 35
1). As aves limícolas Charadriidae (batuíras) e Scolopacidae juntamente com Ardeidae
(garças e sócos) foram as que apresentaram maior número de representantes (Anexo 1).
Dentre o total de espécies identificadas, oito se destacaram em função da
regularidade de observação e em número de indivíduos, sendo quatro migratórias (Figura
3.4) e quatro residentes (Figura 3.5). As principais escies registradas foram três
scolopacídeos migratórios (Arenaria interpres, Calidris alba, Calidris pusilla), três
charadrídeos, sendo um migratório (Charadrius semipalmatus) e dois residentes (Vanellus
chilensis e Charadrius collaris), além de ter sido observado quantidades significativas e
constantes de caracarás (Falconidae, Caracara plancus) e pombo doméstico (Columbidae,
Columba livia). As análises aqui apresentadas foram restritas a estas oito espécies.
Figura 3.4. Espécies migratórias comuns na praia da Atalaia, Calidris alba (a); Arenaria interpres
(b); Calidris pusilla e Calidris minutilla (c); Charadrius semipalmatus (d). Fotos: Bruno J. M.
Almeida.
a)
b)
c)
d)
Capítulo 3: A avifauna da praia 36
Figura 3.5. Principais espécies residentes na praia da Atalaia, Charadrius collaris (a); Vanellus
chilensis (b); Columba livia (c); e Caracara plancus (d). Fotos: Bruno J. M. Almeida
3.3.2. Frequência de Ocorrência
As espécies Calidris alba (maçarico-branco), Arenaria interpres (vira-pedras) e
Charadrius semipalmatus (batuíra-de-bando), embora migratórias, apresentaram elevada
frequência de ocorrência (Tabela 3.1), sendo consideradas como espécies muito comuns. Já
o maçarico-rasteirinho (Calidris pusilla) foi considerado como comum, sendo registrado
em pouco mais da metade das amostragens.
Os pombos-domésticos (Columba livia) e os caracarás (Caracara plancus) foram
as aves residentes que registraram as maiores taxas de ocorrência, sendo consideradas
como espécies muito comuns (Tabela 3.1). O quero-quero (Vanellus chilensis) e a batuíra-
de-coleira (Charadrius collaris) apresentaram valores menores, e foram consideradas
como aves comuns.
a)
b)
c) d)
Capítulo 3: A avifauna da praia 37
Tabela 3.1. Frequência de ocorrência (%FO) das principais espécies de aves observadas na praia
de Atalaia ao longo do período de estudo.
Espécie
Número de amostragens em
que a espécie foi registrada
%FO global (classe)
Migratórias
Calidris alba
76
93,83 (MC)
Arenaria interpres
66
81,48 (MC)
Charadrius semipalmatus
65
80,25 (MC)
Calidris pusilla
41
50,62 (C)
Residentes
Columba livia
76
93,83 (MC)
Caracara plancus
68
83,95 (MC)
Vanellus chilensis
53
65,43 (C)
Charadrius collaris
50
61,73 (C)
3.3.3. Abundância relativa
Ao longo do período de estudo, nenhuma espécie foi considerada dominante em
termos do número de indivíduos. A espécie mais abundante foi a migratória Charadrius
semipalmatus, com média de 57,3±135,6 indivíduos por amostragem, respondendo por
26,83% do total de indivíduos (Tabela 3.2). Outras três espécies migratórias se destacaram,
sendo elas, Calidris alba, C. pusilla e Arenaria interpres, todas consideradas “pouco
abundantes”. Juntas, estas quatro espécies representaram mais de 79% do número de aves
observado na praia ao longo do estudo (Figura 3.6).
As espécies residentes que apresentaram maior abundância foram Columba livia e
Caracara plancus. As contagens dessas duas espécies representaram 17,19% da
abundância total das aves na praia da Atalaia, e quando considerado apenas as aves
residentes esse abundância relativa dessas duas espécies aumenta para 82,17% (Tabela
3.2).
Capítulo 3: A avifauna da praia 38
Figura 3.6. Bando de aves limícolas migratórias, formado principalmente por Charadrius
semipalmatus, mas com alguns indivíduos de Calidris pusilla, Calidris alba e Arenaria interpres.
Foto: Bruno J. M. Almeida.
Tabela 3.2. Abundância relativa (AR) das principais aves observadas na Praia de Atalaia ao longo
do período de estudo.
Número de indivíduos por
amostragem
Espécie
Número
total
Máximo Média ± dp
AR em %
(classe)
Charadrius semipalmatus 4639 1038 57,27±135,63 27,39 (A)
Calidris alba 3641 209 44,95±59,04 21,50 (PA)
Calidris pusilla
2671
1075
32,98±140,53
15,78 (PA)
Arenaria interpres
2440
205
30,12±42,89
14,41 (PA)
Columba livia 1875 84 23,15±21,02 11,07 (PA)
Caracara plancus 1037 83 12,81±17,67 6,13 (R)
Vanellus chilensis 450 23 5,56±5,87 2,66 (R)
Charadrius collaris
179
11
2,21±2,78
1,06 (R)
Total 16932 213.46±337.82
Capítulo 3: A avifauna da praia 39
As contagens numéricas dos indivíduos apresentaram uma flutuação sazonal ao
longo do estudo. As quatro espécies migratórias apresentaram o mesmo padrão de variação
(Figura 3.7). Os principais picos de abundâncias para estas espécies foram obtidos nos
meses de outubro de 2008 a março de 2009, representando o fluxo de migração de chegada
e invernada (inverno boreal).
O N D J F M A M J J A S O N
0
70
14 0
21 0
28 0
35 0
42 0
49 0
56 0
63 0
70 0
77 0
84 0
91 0
98 0
105 0
112 0
119 0
Abundância de indivíduos
C hara d rius sem ipalm atus
C alidris p u s illa
C alidris a lb a
A ren a ria inte rpres
Figura 3.7. Distribuição sazonal dos maiores valores de abundância de indivíduos registrados
mensalmente para as principais espécies migratórias na praia da Atalaia ao longo do período de
estudo (2008-9).
A sazonalidade na abundância de indivíduos pode ser constatada a partir das médias
obtidas em intervalos de meses relacionadas à migração das aves (Figura 3.7, Tabela 3.3).
O período de invernada, entre os meses de outubro a março, apresentou a maior média de
indivíduos (234,9 ± 451,6), enquanto que nos meses de abril a agosto, relacionados com o
regresso e reprodução dessas espécies na região Neártica, a média obtida foi de apenas
87,3±76,4, com posterior aumento da abundância a partir de setembro, dando início a um
novo ciclo migratório.
Calidris pusilla foi a espécie migratória com menor frequência de ocorrência
(Tabela 3.1), mas apresentou o maior número de indivíduos numa única contagem (1075
Capítulo 3: A avifauna da praia 40
no mês de dezembro), resultando em uma das maiores médias de indivíduos entre os meses
de outubro e março (Tabela 3.3). Entre abril e agosto, entretanto, esta espécie foi raramente
observada, apresentando novos picos de abundância somente a partir de setembro, com
observação de bandos de até 300 indivíduos.
A batuíra-de-bando (Charadrius semipalmatus) a espécie com maior média de
indivíduos em todos os intervalos (Tabela 3.3), com registro de até 1038 batuíras-de-bando
numa única contagem, no s de dezembro, assim como o maçarico-rasteirinho. o
maçarico-branco (Calidris alba) apresentou a segunda maior média de indivíduos (Tabela
3.3), enquanto que Arenaria interpres manteve praticamente uma mesma concentração de
indivíduos ao longo de todo o ano.
Tabela 3.3. Abundância mensal das principais espécies migratórias observadas na praia de Atalaia,
nos três intervalos principais.
Abundância média±DP de indivíduos nos intervalos:
Espécies Out/08-Mar/09 Abr-Ago/09 Set-Nov/09
Arenaria interpres
39,8±58,5
19,0±16,6
27,1±27,6
Calidris alba
64,1±56,4
22,7±32,8
39,2±39,1
Calidris pusilla
61,8±202,7
2,4±4,8
20,2±68,1
Charadrius semipalmatus
69,2±190,6
43,2±46,2
53,9±86,9
Total
234,9±451,6
87,3±76,4
141,4±177,7
A abundância registrada ao longo dos meses para as aves residentes apresentou
algumas variações (Figura 3.8). No caso das espécies Charadrius collaris e Vanellus
chilensis foi verificado uma sazonalidade na quantidade de indivíduos inversa ao
apresentado pelas aves migratórias, sendo os maiores picos (11 e 23 indivíduos
respectivamente) registrados entre os meses de abril a agosto (Figura 3.8). Neste intervalo,
as médias dessas duas espécies também foram maiores do que nos demais meses (Tabela
3.4). para as espécies Columba livia e Caracara plancus, não foi verificado
sazonalidade na abundância (Figura 3.8). As variações exibidas por essas espécies parecem
estar associadas a fatores não sazonais, sendo verificado em Caracara e Columba uma
tendência ao crescimento ao longo do período de estudo (Tabela 3.4).
Capítulo 3: A avifauna da praia 41
Tabela 3.4. Abundância mensal das principais espécies residentes observadas na praia de Atalaia,
nas três intervalos principais.
Abundância média±DP de indivíduos nos intervalos:
Espécies Out/08-Mar/09 Abr-Ago/09 Set-Nov/09
Charadrius collaris
0,9±1,5
4,6±3,4
1,5±1,4
Vanellus chilensis
1,8±3,0
10,2±6,8
6,3±3,5
Caracara plancus
4,3±6,5
17,0±19,6
23,2±22,0
Columba livia
17,3±20,0
23,7±18,0
35,0±22,2
Total
24,2±21,3
55,5±33,0
66,1±34,5
O N D J F M A M J J A S O N
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Abundância de indivíduos
Vanellus chilensis
Charadrius collaris
Caracara plancus
Colum ba livia
Figura 3.8. Distribuição sazonal dos maiores valores de abundância de indivíduos registrados
mensalmente para as principais espécies residentes na praia da Atalaia ao longo do período de
estudo (2008-9).
A proporção de aves migratórias na praia de Atalaia foi sempre maior do que a de
aves residentes (Figura 3.9). No intervalo de outubro a março, Charadrius semipalmatus
foi a espécie mais abundante, enquanto que as quatro espécies migratóriass representaram
90,65% das aves observadas na praia da Atalaia durante esse período. As espécies
residentes foram todas raras, sendo Columba livia a mais representativa com 6,67%.
Capítulo 3: A avifauna da praia 42
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
outubro - março abril - agosto setembro - novembro
Abundância relativa (%)
Charadrius semipalmatus
Calidris alba
Calidris pusilla
Arenaria interpres
Columba livia
Caracara plancus
Demais espécies
Figura 3.9. Abundância relativa das aves observadas na praia da Atalaia, em cada intervalo
principal do período de estudo.
Com a queda na abundância das aves migratórias, e aumento nas aves residentes, a
abundância relativa destas aumentou para 38,86% entre abril e agosto. A abundância de
Columba livia e Caracara plancus foi compatível com aquela das espécies migratórias
Calidris alba e Arenaria interpres. Dentre as aves observadas na praia da Atalaia durante
este intervalo, as contagens numéricas registradas para a espécie Charadrius semipalmatus
foram as mais elevadas. A partir de setembro, a abundância relativa das aves migratórias
começou a aumentar novamente, em função do início de outro fluxo migratório.
3.4. DISCUSSÃO
A praia de Atalaia está inserida no contexto urbano de Aracaju, e apresenta um
fluxo considerável de pessoas e turistas procurando atividades de lazer durante
praticamente todos os meses do ano. Essa faixa litorânea é um dos principais cartões
postais desta cidade, muito em função das águas mornas, e da oferta de infra-estrutura
como bares, restaurantes, áreas desportivas e recreativas, resultante de sucessivas reformas
e construções ao longo da orla da Atalaia.
Capítulo 3: A avifauna da praia 43
O contínuo monitoramento das aves na praia da Atalaia tem resultado em
informações importantes, não apenas em relação ao fluxo sazonal das aves limícolas
migratórias, mas também, dispõe de informações úteis sobre a avifauna em geral. Em
março de 1992, uma expedição coordenada pelo CEMAVE registrou somente as espécies
Calidris alba (159 indivíduos), Sterna superciliaris e Pluvialis squatarola. no período
de 2003 a 2006 (Almeida, 2006), identificamos 32 espécies, enquanto que no presente
trabalho identificamos um total de 70 espécies (Anexo 1).
Verifica-se que o número de espécies registradas na praia da Atalaia é maior
também em relação ao apresentado por Barbieri & Hvenegaard (2008), para a praia da
Atalaia Nova, no município sergipano de Barra dos Coqueiros. Os dados apresentados por
estes autores mostram uma abundância considerável para as espécies Calidris alba,
Calidris pusilla e Charadrius semipalmatus, e uma regularidade na ocorrência de Calidris
fuscicollis, Calidris canutus, Numenius phaeopus e Pluviallis squatarola. Porém os picos
de abundância registrados na praia de Atalaia, principalmente no caso de Charadrius
semipalmatus (1038) e Calidris pusilla (1075) foram mais acentuados.
A identificação das espécies de aves marinhas, em especial os trinta-réis (Família
Sternidae), é de certa forma muito mais complicada, em função do horário de atividade,
que utilizam as horas iniciais da manhã e o final de tarde para buscar áreas de alimentação
(Bugoni & Vooren, 2005). Tal fato aliado com a distância da praia dificulta a contagem e a
correta identificação das espécies. Observações adicionais, realizadas ao longo do estuário
do rio Vaza Barris, mostram que essa pode ser uma área importante de forrageio e
inclusive para reprodução de algumas espécies (Almeida in prep.). Uma melhor estrutura e
incentivo para pesquisas poderiam contribuir para um melhor entendimento sobre as aves
marinhas ocorrentes no estado de Sergipe.
A grande quantidade de indivíduos migrantes em comparação com as aves
residentes confirma a informação de que espécies migrantes das famílias Charadriidae e
Scolopacidae, regionalmente e sazonalmente, constituem a grande maioria das aves
presentes no litoral brasileiro (Vooren & Brusque, 1999). Tal fato pode ser uma resposta
evolutiva ao comportamento migratório dessas aves na tentativa de obter equilíbrio
populacional ocupando uma ampla distribuição geográfica (Welty, 1975; Morrison, 1977;
Berthold, 1999).
As aves limícolas neárticas apresentam um curto período reprodutivo (junho-
agosto), e após a reprodução os indivíduos buscam ocupar regiões de elevada
Capítulo 3: A avifauna da praia 44
produtividade para obter as condições favoráveis de alimentação e descanso. No Brasil, o
fluxo migratório de indivíduos começa a partir de setembro (Sick, 1997), sendo que os
picos de ocorrência podem variar de ano para ano, com predominância durante o período
de setembro a abril (Sick op cit., Telino-Júnior et al., 2003).
Apesar das aves limícolas terem constituído apenas um quinto do total de espécies
registradas na praia de Atalaia, foram aves comumente observadas, principalmente
Arenaria interpres, Calidris alba, Calidris pusilla e Charadrius semipalmatus. Estas
quatro espécies contribuíram com mais de noventa por cento dos indivíduos registrados, a
grande maioria durante o inverno boreal (outubro a março). Neste período foram
registradas as maiores abundâncias dessas aves. Entretanto, os valores registrados no
presente estudo foram menores em comparação com aqueles registrados nos anos
anteriores, sendo em 2003-2004 (média de 532,1±353,5 indivíduos) e 2004-2005, com
uma média de 955,2±334,8 indivíduos (Almeida, in prep.).
As atividades humanas nos meses de janeiro e fevereiro aumentam
substancialmente, principalmente por serem meses de férias escolares e de grande fluxo de
turismo. A partir de 2006, a prefeitura municipal de Aracaju e o governo estadual de
Sergipe começaram a implementar palcos de espetáculos e shows na região do supralitoral
da praia da Atalaia durante estes meses, coincidentemente as médias de indivíduos
migratórios registradas nesse período apresentaram declínio substancial desde 2003-2004,
quando a média de indivíduos registrada por saída foi de 754,0± 484,9 indivíduos
(Almeida, in prep.).
As observações de aves neárticas durante entre os meses de maio a agosto
demonstram a necessidade de se ampliar os estudos. É preciso reconhecer quais fatores
estão associados à permanência dessas aves durante o ano todo. Alguns autores (Vooren &
Chiaradia, 1990; Azevedo-Júnior & Lazarrábal, 1994; Azevedo-Júnior et al., 2001; Cabral
et al., 2006) consideram que estes indivíduos sejam jovens e/ou adultos, que o
conseguiram atingir as condições fisiológicas e energéticas necessárias para a muda das
penas de vôo, e consequentemente, não estariam aptos a regressar para os locais de
reprodução, permanecendo em sítios secundários de invernada até a próxima estação
reprodutiva.
A ocorrência dessas espécies em uma determinada localidade pode ser influenciada
por diversos fatores. A diminuição da abundância das aves limícolas migratórias na praia
da Atalaia pode estar associado à continuidade da migração das aves para áreas e regiões
Capítulo 3: A avifauna da praia 45
mais ao Sul. Essa continuidade da migração, ou seja, a o mais permanência das aves
durante todo o período de invernada pode ser um reflexo negativo das ações humanas, seja
direta, com a presença de pessoas, seja indiretamente, com as alterações das áreas e
favorecimento de um aumento populacional de aves oportunistas, principalmente de
rapinantes.
São comuns os registros de caracarás em praias, sendo inclusive considerado como
área de distribuição e ocorrência para a espécie (Sick, 1997). Ao analisar os dados de
monitoramento, de 2003 a 2006 com as informações obtidas no presente trabalho, constata-
se um aumento no número de indivíduos na praia da Atalaia (Almeida et al., 2009). A
média de indivíduos registrados por amostragens entre os anos de 2003 e 2006 foi de
0,8±1,3, sendo o número máximo registrado de seis indivíduos. No presente trabalho, a
média registrada para C. plancus foi de 12,8±17,7, com até 83 indivíduos numa única
contagem. Em atividades adicionais de campo, foi possível contabilizar um bando único
com 144 indivíduos. Esta espécie foi sempre observada alimentando-se de restos de
comida e de oferendas religiosas deixadas na praia (Figura 3.10).
Figura 3.10. Caracara plancus na praia da Atalaia. Tentativa de captura com armadilhas
Tomahawk (a). Caracara plancus e Coragyps atratus forrageando restos de oferendas religiosas
deixadas praia da Atalaia (b). Fotos: Bruno J. M. Almeida.
As aves limícolas foram registradas dividindo a mesma área de forrageamento com
os caracarás (Caracara plancus). Em alguns casos, foram registradas tentativas mal
sucedidas de perseguição do C. plancus sobre as aves limícolas (Figura 3.11). O
comportamento normalmente envolvia perseguição terrestre, com o caracará batendo as
asas e emitindo sons, tentando forçar o vôo das limícolas (Almeida & Ferrari, in prep.). A
a) b)
Capítulo 3: A avifauna da praia 46
presença do caracará pode servir de ameaça como potencial predador (Whitacre et al.,
1982; Yosef & Yosef, 1992) ou pode afetar as atividades das aves limícolas em função do
comportamento agonístico, afetando o tempo de forrageio.
O crescimento da densidade local de caracarás pode significar num aumento
potencial de ameaça, não só para as aves limícolas migratórias, mas também para as
demais espécies presentes na localidade. É preciso avaliar os fatores ambientais que
possam estar associados com esse aumento, de forma a se monitorar esta espécie,
avaliando também os aspectos de saúde pública, que a presença desta espécie pode
servir de vetores para doenças, assim como os pombos-domésticos.
Figura 3.11. Visão parcial do setor 4 com o registro de um Caracara plancus no centro de um
bando de aves limícolas. Foto: Bruno J. M. Almeida.
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 47
4. A MATÉRIA ORGÂNICA NOS SEDIMENTOS DO MESOLITORAL DA PRAIA DE
ATALAIA
4.1. INTRODUÇÃO
A disponibilidade de alimentos é um dos fatores mais importantes na dinâmica
populacional das espécies migratórias, com influência determinante na distribuição espaço-
temporal de seus deslocamentos sazonais (Goss-Custard et al., 1977; Wilson, 1990
Piersma et al., 1993; Nascimento & Lazarrábal, 2000; Nuka et al., 2007). As praias
arenosas constituem um dos principais ecossistemas aquáticos visitados por aves limícolas
ao longo da costa brasileira, oferecendo áreas de alimentação e descanso.
O ecossistema praial é geralmente dividido em três faixas: (a) o supralitoral (zona
de secagem, berma), localizada acima da marca média de maré alta, umedecida somente
pelo borrifo marinho; (b) o mesolitoral (zona entre-marés, intertidal) corresponde à zona de
retenção, sendo limitada pelo ximo de maré cheia e pela amplitude mínima de maré
seca; e (c) a faixa do infralitoral ou sublitoral (zona de saturação), área onde o sedimento
está constantemente imerso (Veloso et al., 1997; McLachlan & Brown, 2006).
Estudos sobre a dieta das aves limícolas migratórias no nordeste mostram que essas
aves consomem uma grande variedade de invertebrados marinhos, sendo os anelídeos
(poliquetos e oligoquetos), os moluscos (gastrópodes e bivalves) e crustáceos (anfípodos)
alguns dos principais itens alimentares (Telino-Júnior, 1999; Nascimento & Lazarrábal,
2000). A comunidade macrobêntica da praia da Atalaia é composta principalmente por
moluscos bivalves do gênero Donax, misidáceos e anfípodos (Crustacea) e algumas
espécies de poliquetos (Annelida) (Carvalho, 1997; Carvalho 1998; Guimarães et al.
2007).
Como o intuito do presente trabalho consiste em se obter informações quantitativas
sobre as potenciais áreas de maior recurso alimentar ao longo da praia da Atalaia, foi
utilizado o teor de matéria orgânica, como um índice comparativo. A matéria orgânica
existente nos sedimentos marinhos apresenta-se em sua maioria composta por fitodetritos,
originados da produção primária e pelotas fecais de zooplâncton, com fluxos sazonais de
crescimentos de algas (Quintana, 2008). De acordo com este autor, a quantidade e
qualidade da matéria orgânica podem ser consideradas como um dos principais fatores que
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 48
influenciam a estrutura trófica e o metabolismo das comunidades bênticas (Dauwe et al.,
1988; Danovaro et al., 1999 apud. Quintana, 2008).
A matéria orgânica favorece o estabelecimento de uma maior diversidade de
organismos marinhos, independente da granulometria do sedimento (Omena & Amaral,
1997). Por constituir principal fonte de recurso alimentar para as espécies detritívoras e
indiretamente dos suspensívoros, a matéria orgânica torna-se fator seletivo de habitat,
como comprovado em estudos experimentais de recrutamento larval em sedimento
(Snelgrove & Butman, 1994).
Como as aves limícolas preferencialmente utilizam o mesolitoral (entre-marés) para
forrageamento, foi realizada uma investigação sobre a o teor de matéria orgânica, visando
obter informações indiretas sobre a disponibilidade alimentar ao longo da área de estudo.
Levando em consideração que, quanto maior a matéria orgânica disponível maior a oferta
de recursos primários, e consequentemente maior a quantidade de organismos, pretende-se
verificar se existem variações sazonais e espaciais para subsidiar as análises de distribuição
espacial e uso de habitat da praia por aves limícolas migratórias.
4.2. MATERIAL E MÉTODO
4.2.1. Área de Estudo
Com o objetivo de se obter informações mais detalhadas sobre a distribuição
espacial, a praia da Atalaia foi dividida em setores com 500 metros de extensão,
totalizando 10 áreas de monitoramento (Figura 4.1). Esta praia apresenta areias quartzosas
de granulometria variando de média a muito fina (Guimarães et al., 2006). O ciclo de
marés é do tipo semi-diurno irregular com diferença máxima de 2,5 m entre a maré cheia e
seca.
4.2.2. Coleta de Material
O mesolitoral da praia de Atalaia foi amostrado mensalmente, sempre no período
da manhã, preferencialmente durante as marés de sizígia, quando maior amplitude de
maré. Para tentar obter uma maior quantidade de informações sobre os recursos na faixa do
mesolitoral, foram coletadas amostras nos limites superior, dio e inferior (Figura 4.2).
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 49
Com o uso de coletor de sedimento (Figura 4.3), foi retirado amostras de 10cm de
substrato. O volume do coletor utilizado era 54,23 cm
3
, sendo ocupado por uma massa de
aproximadamente 70g de sedimento. As amostras foram coletadas mensalmente de janeiro
a dezembro de 2009, entretanto, em função da disponibilidade de uso do laboratório, neste
trabalho são apresentados apenas os resultados das análises de janeiro a setembro.
Figura 4.1. Delimitação dos setores de amostragem na praia da Atalaia, Sergipe. Cada área possui
uma extensão de cerca de 500 metros. Fotografia Aérea escala 1:25000.
Setor
1
Setor
2
Setor
3
Setor
4
Setor
5
Setor
6
Setor
7
Setor
8
Setor 9
Setor
10
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 50
Figura 4.2. Localização da faixa supralitoral (seta preta) e do mesolitoral (faixa amarela) da praia
de Atalaia. Os círculos correspondem aos locais de coleta na faixa mesolitoral: amarelo =
mesolitoral inferior; preto = mesolitoral médio, e vermelho = mesolitoral superior.
Figura 4.3. Coletor de sedimento utilizado para obtenção das amostras do mesolitoral.
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 51
4.2.3. Teor de Matéria Orgânica
Análises térmicas diferenciais mostraram que a matéria orgânica contida em
amostras secas de material particulado começa a ser queimada a partir da temperatura de
200ºC, sendo completamente incinerada quando a temperatura atinge o patamar de 550ºC
(Dean, 1974).
Após a coleta, as amostras foram acondicionadas em uma caixa térmica com gelo, e
encaminhadas para o Laboratório de Ecossistemas Costeiros, da Universidade Federal de
Sergipe, onde foram feitos os procedimentos para obtenção do teor de matéria orgânica. As
amostras inicialmente foram desidratas em estufa na temperatura aproximada de 60ºC
durante 72 horas (Figura 4.4). Após esse período, foi separada uma amostra padrão de 10 g
(Peso Seco total, ou PS) de cada amostra utilizando balança eletrônica (precisão de
0,0001g), sendo incinerada em forno mufla a 550ºC durante 1 hora (Figura 4.5), e
acondicionado em um dissecador até atingir temperatura ambiente para efetuar nova
pesagem (Dean op cit.). O teor de matéria orgânica, expresso em porcentagem (%TMO),
foi obtido a partir da diferença: PS-Ps, onde, PS = Peso Seco total e Ps = Peso seco pós-
incineração.
Figura 4.4. Processamento das amostras em estufa (a) e pesagem em balança eletrônica (b).
b) a)
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 52
Figura 4.5. Processamento das amostras em forno mufla (a) amostras armazenadas nos coletores e
dissecadores (b).
4.2.4. Análise dos Dados
Os valores mensais do teor de matéria orgânica (TMO) foram obtidos em
porcentagens, sendo dados não-paramétricos. Em função disso, para verificar possíveis
diferenças entre os setores amostrados, os valores médios de PI foram comparados a partir
do teste de variância de Kruskal-Wallis, com pós-teste de Dunn, de forma a se ter uma
avaliação das diferenças entre pares. Os cálculos foram efetuados utilizado o programa
Biostat 5.0 (Ayres et al., 2007).
4.3. RESULTADOS
4.3.1. Padrão geral
As coletas mensais realizadas nas regiões do mesolitoral inferior, mesolitoral médio
e mesolitoral superior, resultaram num total de 270 amostras, sendo 27 em cada setor de
monitoramento (Figura 4.2).
Em geral, os resultados do teor de matéria orgânica apresentaram uma variação
muito significativa tanto entre diferentes faixas do mesolitoral (H = 68,28; g.l. = 2; p <
0,0001) , como entre os setores de amostragem (H = 30,27; g.l. = 9; p = 0,001) (Tabela
4.1). O valor mínimo obtido foi de 0,88% (1,14 kg/m
3
) na região do mesolitoral superior
da área 6, sendo o máximo de 25,76% (33,25 kg/m
3
)
obtido no mesolitoral dio do setor
9.
b) a)
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 53
Um padrão geral observado foi o aumento aparente do teor de matéria orgânica
entre o mesolitoral superior e o inferior (Figura 4.6, Tabela 4.1), a faixa que fica submersa
por mais tempo. Entretanto, no setor 8, a média do mesolitoral superior foi maior, e nas
áreas 1, 2 e 9, o valor médio do mesolitoral médio superou um pouco aquele do inferior.
Tabela 4.1. Teor médio geral de matéria orgânica ao longo das diferentes faixas do mesolitoral em
cada setor de amostragem da praia de Atalaia.
Teor médio (%) ± DP de matéria orgânica no mesolitoral:
Setor Inferior Médio Superior Geral
1 3,93 ± 2,15 4,32 ± 3,71 2,59 ± 0,99 3,61 ± 2,55 (4,66 Kg/m
3
)
2 3,31 ± 0,99 4,25 ± 4,05 3,17 ± 3,56 3,57 ± 3,08 (4,61 Kg/m
3
)
3 3,86 ± 1,68 2,98 ± 0,99 1,81 ± 0,36 2,88 ± 1,39 (3,72 Kg/m
3
)
4 3,12 ± 0,99 2,61 ± 0,91 2,64 ± 2,49 2,79 ± 1,59 (3,60 Kg/m
3
)
5 5,67 ± 7,56 2,79 ± 0,69 2,22 ± 1,19 3,56 ± 4,53 (4,59 Kg/m
3
)
6 3,29 ± 0,75 2,78 ± 0,76 1,58 ± 0,48 2,55 ± 0,98 (3,29 Kg/m
3
)
7 3,42 ± 0,94 3,29 ± 0,76 1,81 ± 0,82 2,84 ± 1,1 (3,67 Kg/m
3
)
8 4,68 ± 2,43 3,51 ± 0,95 5,45 ± 5,65 4,54 ± 3,55 (5,86 Kg/m
3
)
9 5,87 ± 4,98 6,17 ± 7,39 3,34 ± 2,61 4,31 ± 3,35 (5,56 Kg/m
3
)
10 4,22 ± 1,03 3,87 ± 0,57 2,92 ± 0,95 3,67 ± 1,01 (4,74 Kg/m
3
)
Total 4,16 ± 3,14
(5,37 Kg/m
3
)
3,66 ± 3,02
(4,31 Kg/m
3
)
2,75 ± 2,59
(3,55 Kg/m
3
)
3,52 ± 2,97 (4,55 Kg/m
3
)
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 54
0
10
20
30
40
50
60
70
Médio Inferior
Médio Inferior
Médio Inferior
Médio Inferior
Médio Inferior
Médio Inferior
Médio Inferior
Médio Inferior
Médio Inferior
Médio Médio
Médio Médio
Médio Médio
Médio Médio
Médio Médio
Médio Médio
Médio Médio
Médio Médio
Médio Médio
Médio Superior
Médio Superior
Médio Superior
Médio Superior
Médio Superior
Médio Superior
Médio Superior
Médio Superior
Médio Superior
Area 5.2
Area 5.1
Area 4.2
Area 4.1
Area 3.2
Area 3.1
Area 2.2
Area 2.1
Area 1.2
Area 1.1
Figura 4.6. Distribuição dos valores médios do teor de matéria orgânica ao longo das diferentes
faixas do mesolitoral em cada setor de amostragem da praia de Atalaia.
4.3.2. Padrão espacial
Um problema expressivo para a análise de padrões nos dados apresentados aqui
(Tabela 4.1) é a considerável variação entre amostras do mesmo ponto de coleta, que pode
ser verificado em alguns pontos, onde o valor do desvio padrão é maior do que aquele da
média, como no caso do mesolitoral inferior do setor 5, e o médio do setor 9 (Figura 4.6).
A variância foi relativamente grande para a maioria das dias gerais também, indicando,
em vários casos, mais variação dentro do que entre os pontos de coleta.
Como as médias variaram quase 80% entre o menor valor (setor 6) e o maior (setor
8), o resultado da análise de Kruskal-Wallis (H = 30,27; g.l. = 9; p < 0.001) foi pouco
surpreendente. Entretanto, a considerável variação intra-amostra limitou as diferenças
significativas a apenas quatro pares de setores, sendo os de menores médias (4 e 6) com os
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 55
de maiores (9 e 10), de acordo com o pós-teste de Dunn: área 4 x área 9 (Z = 3,27, g.l. = 7,
Z critico = 3,13); 4 x 10 (Z = 3,24); 6 x 9 (Z = 3,41); 6 x 10 (Z = 3,38).
4.3.3. Padrão sazonal
Apesar da considerável variação entre áreas, foi possível observar um certo padrão
sazonal (Figura 4.7). Foi verificada diferença significativa entre os valores de matéria
orgânica obtido entre o intervalo de janeiro–março com os meses de maio–agosto (Teste
Mann-Whitney, U = 4,37, p < 0,001, g.l. = 119).
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
% Média do Teor de Matéria Orgânica
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
% Média do Teor de Matéria Orgânica
Jan Fev Mar Abr M ai Jun Jul Ago Set
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
% Média do Teor de Matéria Orgânica
Figura 4.7. Teor médio±desvio padrão de matéria orgânica registrado mensalmente no mesolitoral
inferior (a), mesolitoral médio (b) e mesolitoral superior (c) da praia de Atalaia durante o período
de estudo.
Os meses de verão (janeiro a março) apresentaram os maiores valores de matéria
orgânica ao longo de todo o mesolitoral, sendo obtido média de 4,82±4,49%, o teste de
Kruskal-Wallis para este período não verificou variação significativa entre áreas (H =
13,01; g.l. = 9; p = 0,16). Estes meses representam parte do período em que se observa
b) a)
c)
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 56
grande abundância de aves limícolas migratórias (Figura 3.6). Entre os meses de maio a
agosto (inverno), período de baixa abundância de aves, o teor médio obtido foi de
2.91±0.98%, e também não foi registrada variância significativa entre as áreas da praia (H
= 15,66; g.l. = 9; p = 0,08).
4.4. DISCUSSÃO
O padrão de distribuição de recursos pode variar espacial e temporalmente, devido
à grande instabilidade dos parâmetros ambientais. Desta forma, diversos fatores, tais como
umidade, salinidade, temperatura, granulometria, e a disponibilidade de recursos, podem
determinar a variação na abundância e riqueza de organismos marinhos nas praias arenosas
(Veloso et al., 1997; McLachlan & Dorvlo, 2005; McLachlan & Brown, 2006).
São poucas as informações sobre as comunidades macrobênticas no estado de
Sergipe, com algumas pesquisas realizadas em determinados trechos da praia da Atalaia,
em especial a faixa compreendida entres os setores 1 e 5 e nos setores 8 a 10 (Carvalho,
1997; Carvalho, 1998; Guimarães et al., 2007). De acordo com esses estudos, as praias
estabelecidas entre os setores 1 e 3 apresentam uma granolumetria média com
predominância de moluscos (Donax sp.) e de crustáceos, principalmente misidáceos.
Enquanto que na faixa abrangendo os setores 8 a 10, os crustáceos (anfípodos e
misidáceos) e os moluscos se apresentaram como os principais invertebrados marinhos.
Nestes estudos os maiores valores de abundância e riqueza de invertebrados foram obtidos
à medida que se avançava em direção às zonas mais inundadas da praia (do mesolitoral
superior ao infralitoral).
Os resultados aqui apresentados estão em concordância com as conclusões dos
estudos supracitados. Os maiores teores médios de matéria orgânica foram obtidos na faixa
mais inundada da praia (Figura 4.6 e Tabela 4.1). Ao longo da área de estudo, foi
encontrado certo nível de variação no teor de matéria orgânica, não sendo verificado
padrão sistemático, muito em função de variações entre amostras do mesmo ponto de
coleta.
Os resultados encontrados mostraram diferenças significativas entre alguns setores,
principalmente entre os setores 9-10 e os setores 4-6. Tal fato pode ser explicado em
função de o trecho de praia estabelecido entre os setores 9-10 apresentar alteração no fluxo
Capítulo 4: Teor de matéria orgânica 57
hidrológico, decorrente da presença de canais de eflúvios e emissários oriundos de hotéis e
casas (Ribeiro et al., 2009). Enquanto que entre os setores 4-6 existe uma ampla faixa de
areia que compõe o supralitoral, sendo esta área bastante utilizada por bares e banhistas.
Foi encontrado também um claro padrão sazonal, com uma oferta de recursos
alimentares significativamente maior no verão, o que pode ser descrito como o período
relacionado com a reprodução dos invertebrados marinhos (Carvalho, 1997). Como visto
no capítulo anterior, embora a abundância de aves limícolas tenha diminuído nos meses de
janeiro e fevereiro em anos recentes, este período corresponde a um dos períodos de
grande abundância e concentração de aves migratórias na praia da Atalaia (Almeida &
Ferrari no prelo). Coincidentemente, a matéria orgânica apresentou a maior média entre
estes meses, 4,82%, o equivalente a 6,22 Kg/m
3
, praticamente o dobro do valor médio
registrado entre os meses de maio a agosto (2,91±0,98, equivalente a 3,76 Kg/m
3
).
As informações aqui apresentadas mostram que existem variações na matéria
orgânica ao longo da praia da Atalaia, refutando nossa hipótese operacional.. Essa variação
indiretamente indica não haver uniformidade na distribuição da biomassa, sendo a faixa de
praia compreendida entre os setores 8-10 apresentando maior potencial de diversidade e de
biomassa de invertebrados marinhos. Estudos mais específicos, que considerem a
identificação taxonômica dos animais, sua classificação ecológica, em todos os meses do
ano, podem contribuir para uma melhor a avaliação da biomassa disponível e a relação
com a presença das aves limícolas migratórias.
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 58
5. USO DE HABITAT E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS AVES LIMÍCOLAS
MIGRATÓRIAS E AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA ANTRÓPICA
5.1. INTRODUÇÃO
Os padrões de distribuição e uso de habitats por um animal podem ser
compreendidos em relação aos custos e benefícios de atividades como alimentação,
reprodução e descanso (Newton, 1980; Boland, 1991; Triplet et al., 1999; Isacch &
Martínez, 2003). Em se tratando de espécies que realizam grandes deslocamentos
migratórios, o estabelecimento e seleção dos locais de alimentação, distribuídos ao longo
de suas rotas, têm importância fundamental para a obtenção dos nutrientes e reservas
energéticas, vitais para seu ciclo de vida (Batley, 1990; Piersma et al. 1993; Rodrigues et
al., 2009).
As aves limícolas migratórias (Charadrii e Scolopaci) o dependentes de diversos
tipos de habitats aquáticos, e constam entre os principais componentes dos ambientes
costeiros, onde estão sujeitas à influência de diversos fatores (Massero et al., 1999;
O’Connell et al., 2007). A ocorrência dessas aves, bem como sua distribuição espacial
dentro de cada localidade resulta da associação de variáveis como a disponibilidade de
recursos (Ramer et al., 1991; Isacch & Martínez, 2003; Placyk & Harrington, 2004),
densidade de presas específicas, principalmente de poliquetas (Annelida) (Colwell &
Landrum, 1993; Thomas et al., 2006; Piersma, 2007) e a maré (Burger et al., 1977; Taylor
et al., 1993). Adicionalmente, a presença humana pode ser um fator crítico, principalmente
em áreas urbanizadas ou aquelas impactadas pelo turismo ou exploração de recursos
naturais (Lafferty, 2001; Thomas et al., 2002; Burger et al., 2004; Webb et al., 2005;
Goss-Custard et al., 2006; Piersma, 2006).
Ao avaliarmos a avifauna da praia da Atalaia (capítulo 3), constatamos que as aves
limícolas migratórias são visitantes regulares, com relativa abundância, chegando a ser
registrados picos de mais de 2500 aves nos períodos de migração. O monitoramento a
longo prazo apresentou uma diminuição na média geral dessas aves, podendo ser uma
resultante das atividades humanas. Neste capítulo, serão apresentadas as informações sobre
a distribuição espacial das aves na praia de Atalaia, bem como seu uso de hábitat e a
distribuição de pessoas em cada setor da praia. Busca-se aqui, responder e avaliar as duas
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 59
últimas hipóteses operacionais desta dissertação, relacionando o uso de habitat pelas aves
com a distribuição de recursos alimentares e pessoas.
5.2. MATERIAL E MÉTODO
5.2.1. Observação de Aves e Uso de Habitat
O método de observação utilizado, como descrito no item 3.1.2, foi o de transecção,
um procedimento apropriado para áreas abertas (Vooren & Chiaradia, 1990, Bibby et
al.,1998). Foi estabelecida uma transecção de 5 km de extensão, ao longo da faixa
litorânea, conforme descrito no capítulo 3 (veja Figura 3.2). A transecção foi percorrida a
uma velocidade constante e, em cada encontro com um indivíduo ou bando de aves de uma
das quatro espécies-alvo (Arenaria interpres, Calidris alba, Calidris pusilla e Charadrius
semipalmatus), foram registradas a espécie, a localização na praia (Figura 4.1), o número
de indivíduos e respectivo estado comportamental (Tabela 5.1; Figuras 5.1 a 5.5) do
indivíduo ou do bando com um todo (Almann, 1974).
As amostragens aqui analisadas foram apenas realizadas nos dias de semana, o
sendo considerados os dias de sábado e domingo, devido à concentração maior de
freqüentadores na praia nestes dias. Durante o deslocamento do pesquisador, além das
contagens da avifauna, foi registrado simultaneamente o número de pessoas presentes em
cada setor.
Tabela 5.1. Categorias de comportamento utilizadas no presente estudo (Almeida, 2006).
Categoria Definição
Forrageio no
mediolitoral
A procura por alimentos na zona intertidal, acompanhando o
movimento das ondas (Figura 5.1);
Forrageio no
supralitoral
A procura por alimentos na zona supralitoral, incluindo as que estavam
nas pequenas lagoas formadas pelas chuvas (Figuras 5.2);
Descanso Animal deitado, ou com bico atrás da nuca, sem demonstrar
movimento de ajeitar as penas, não importando o local (Figura 5.3);
Alerta Posição ereta de observação de áreas circunvizinhas (Figura 5.4);
Vôo Deslocamento aéreo em função da fuga ou movimento entre pontos
(Figura 5.5)
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 60
Figura 5.1. Aves em atividade de forrageio na região do médio litoral, Calidris alba (a) e Arenaria
interpres (b). Fotos: Bruno J. M. Almeida.
Figura 5.2. Aves em atividade de forrageio na região do supra litoral, Arenaria interpres, Columba
livia e Caracara plancus (a), Calidris alba e Charadrius semipalmatus (b). Aves em atividade de
forrageio nas lagoas de chuva, Calidris alba e Charadrius semipalmatus (c), Arenaria interpres,
Charadrius semipalmatus e Calidris pusilla nas lagoas de chuva (d). Fotos: Bruno J. M. Almeida.
a) b)
a)
b)
c) d)
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 61
Figura 5.3. Bando de Aves em descanso formado por Charadrius semipalmatus e Calidris alba
(a), Charadrius semipalmatus, Arenaria interpres e Calidris pusilla (b). Fotos: Bruno J. M.
Almeida.
Figura 5.4. Postura de Alerta, Calidris alba (a), Charadrius semipalmatus e Calidris pusilla (b).
Fotos: Bruno J. M. Almeida
Figura 5.5. Aves em vôo. Fotos: Bruno J. M. Almeida.
a) b)
a) b)
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 62
5.2.2. Caracterização dos setores
Os setores foram caracterizados por meio de observações in loco e a partir de
fotografias aéreas, cedidas pela Secretaria de Planejamento da cidade de Aracaju (Escala 1:
25000), sendo estimado e analisado o tamanho das áreas através do Software Spring,
versão 5.0.5 (Figura 4.1 do capítulo anterior e Tabela 5.2).
Tabela 5.2. Descrição dos setores a partir das estimativas da área total (em hectares ha) e a
ocorrência de bares.
Área total estimada (ha) Presença de Bares
Setor 1 3,6 Sim
Setor 2 3,4 Não
Setor 3 10,1 Não
Setor 4 13,8 Não
Setor 5 11,3 Sim
Setor 6 11,4 Sim
Setor 7 10,9 Sim
Setor 8 9,1 Não
Setor 9 8,7 Não
Setor 10 9,4 Não
5.2.3. Análise de dados
Os registros de ocorrência foram analisados por espécie e setor da transecção. Os
registros de comportamento foram também analisados por setor, onde foi determinada a
porcentagem de registros de cada categoria (Tabela 5.1), sendo a porcentagem de categoria
i fornecida por p
i
= n
i
/N × 100, onde n
i
= o número de registros da categoria i no setor, e N
= o número total de registros coletado no setor.
Os valores mensais de abundância de aves e de pessoas registrados em cada setor
foram analisados a partir do teste de variância de Kruskal-Wallis, com pós-teste de Dunn,
de forma a se ter uma avaliação das diferenças entre pares. Os cálculos foram efetuados
utilizado o programa Biostat 5.0 (Ayres et al., 2007).
O número total de aves limícolas migratórias em cada setor foi correlacionada com
as seguintes variáveis: (a) teor de matéria orgânica (somente o período de janeiro-
setembro), (b) número total de pessoas ao longo de todo o estudo. Foi usado o coeficiente
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 63
de correlação não-paramétrica de Spearman (r
s
), calculado em BioEstat versão 5.0 (Ayres
et al., 2007).
5.3. RESULTADOS
5.3.1. Distribuição espacial e uso de habitat
Ao longo do período de outubro de 2008 a novembro de 2009 (14 meses de
monitoramento) foram realizadas 81 amostragens, tendo sido padronizado ao menos uma
saída por semana, mas sempre que possível foram feitas saídas adicionais. As saídas
duraram em média de 82 minutos de atividade de campo (duração mínima de 50’ e
máxima de 140’).
Como já mencionado (capítulo 3), as principais espécies observadas na praia da
Atalaia, tanto em frequência (Tabela 3.1) quanto em abundância (Tabela 3.3), foram
Arenaria interpres, Calidris alba, Calidris pusilla e Charadrius semipalmatus. Essas aves
apresentaram-se abundantes, principalmente entre os meses de outubro e março, sendo
registradas as seguintes contagens máximas: 1075 indivíduos (Calidris pusilla), 1038
(Charadrius semipalmatus), 209 (Calidris alba) e 205 (Arenaria interpres).
Foi verificado diferença significativa entre os valores de abundância de aves
registrados em cada setor, fato que descarta a segunda hipótese operacional do presente
trabalho (H = 31,98; g.l. = 9; p = 0,002). Os registros das quatro espécies foram
distribuídos de uma forma muito heterogênea ao longo da extensão da praia (Figura 5.6).
Entretanto, os setores 4 e 5 apresentaram as maiores concentrações de aves, tanto global,
quanto especificamente. Juntos, estes dois setores foram responsáveis por 57,55% dos
indivíduos observados. O setor 10 apresentou a menor abundância, com apenas 1,53% do
total de indivíduos.
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 64
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
setor 1 setor 2 setor 3 setor 4 setor 5 setor 6 setor 7 setor 8 setor 9 setor 10
A bundância acum ulada de indivíduos
Calidris pusilla Charadrius semipalmatus Arenaria interpres Calidris alba
Figura 5.6. Distribuição espacial da abundância total de indivíduos das espécies Calidris pusilla,
Charadrius semipalmatus, Arenaria interpres e Calidris alba registrado na praia de Atalaia no
período de estudo.
A abundância das aves limícolas migratórias em cada setor da praia no período de
janeiro a setembro não apresentou uma relação sistemática com a disponibilidade de
matéria orgânica (r
s
= 0,14; p = 0,71; n = 10). Ou seja, a distribuição dessas aves na praia
de Atalaia parece não ser influenciada pela quantidade de recursos da macro fauna bêntica.
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 65
A espécie Calidris pusilla foi mais abundante nos setores 4 e 5 (Figura 5.6), onde
foram registradas 87,35% das contagens para esta espécie. O maçarico-rasteirinho foi
observado principalmente em atividade de descanso, sendo o comportamento típico nos
setores 3, 4, 5, 7 e 8 (Figura 5.8). No setor 2 esta espécie foi observada forrageando no
mesolitoral, e em deslocamento aéreo, em direção aos manguezais da 13 de Julho. No setor
9, 62,07% dos indivíduos estavam forrageando nas “lagoas de chuvas” (salinidade zero)
formadas no supralitoral. Esta espécie não foi observada nos setores 1 ou 10.
Foto: Bruno J. M. Almeida
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
setor 2 setor 3 setor 4 setor 5 setor 6 setor 7 setor 8 setor 9
Orçamento das categorias comportamentais (%)
Forrageio Supralitoral Forrageio Mesolitoral Descanso Voo Alerta
Figura 5.8. Variação no comportamento de Calidris pusilla nos diferentes setores da praia de
Atalaia no período de estudo.
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 66
Charadrius semipalmatus foi a espécie mais abundante na praia da Atalaia, sendo
observada em todas os setores, porém, mais de 45% dos registros foram coletados no setor
4 (Figura 5.6). Apesar do descanso ser a atividade principal (71,37% dos registros), o
forrageio no mesolitoral predominou nos setores 1, 2. Enquanto que o uso do supralitoral
para forrageamento foi preferencialmente observado nos setores 6 (62,79% dos registros),
9 (48,33%) e 10 (46,15%).
Foto: Bruno J. M. Almeida
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
setor 1 setor 2 setor 3 setor 4 setor 5 setor 6 setor 7 setor 8 setor 9 setor 10
Orçamento das categorias comportamentais (%)
Forrageio Supralitoral Forrageio Mesolitoral Descanso Voo Alerta
Figura 5.9. Variação no comportamento de Charadrius semipalmatus nos diferentes setores da
praia de Atalaia no período de estudo.
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 67
Arenaria interpres predominou no trecho entre os setores 4 e 6, principalmente no
setor 5, com 50,63% do total de registros (Figura 5.6). Esta espécie utilizou a praia da
Atalaia principalmente como área de forrageio, especialmente no supralitoral (Figura
5.11). Assim como as espécies anteriores, o setor 4 foi utilizada preferencialmente para
descanso (62,38% dos registros).
Foto: Bruno J. M. Almeida
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
setor 1 setor 2 setor 3 setor 4 setor 5 setor 6 setor 7 setor 8 setor 9 setor 10
Orçamento das categorias comportamentais (%)
Forrageio Supralitoral Forrageio Mesolitoral Descanso Voo Alerta
Figura 5.10. Variação no comportamento de Arenaria interpres nos diferentes setores da praia de
Atalaia no período de estudo.
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 68
Calidris alba apresentou uma distribuição espacial mais homogênea (Figura 5.6).
Em termos relativos, a abundância proporcional do maçarico-branco em relação às demais
espécies em cada setor, verifica-se que esta espécie foi predominante nos setores 1
(62,29% dos registros), 3 (51,35%), 6 (47,33%), 7 (56,05%) e 10 (72,06%). A principal
atividade registrada foi o forrageio no mesolitoral (Figura 5.11), sendo superado pelo
forrageio no supralitoral somente no setor 1, área dominada por bares.
Foto: Bruno J. M. Almeida
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
setor 1 setor 2 setor 3 setor 4 setor 5 setor 6 setor 7 setor 8 setor 9 setor 10
Orçamento das categorias comportamentais (%)
Forrageio Supralitoral Forrageio Mesolitoral Descanso Voo Alerta
Figura 5.11. Variação no comportamento de Calidris alba nos diferentes setores da praia de
Atalaia no período de estudo.
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 69
5.3.2. Avaliação da influência antrópica
Foi registrada uma média de 282,4±257,8 usuários na praia da Atalaia por mês, no
período de outubro de 2008 a novembro 2009, com flutuação sazonal similar àquela
registrada na abundância de aves limícolas migratórias (Figura 5.12). Os valores de
abundância das aves e o número de pessoas ao longo dos 14 meses de estudo não
apresentaram correlação estatisticamente significativa (r
s
= 0,19; p = 0,5; n = 14). Os
maiores números de pessoas registrados entre outubro e fevereiro com pico de 1988 em
janeiro – refletem o uso das praias como área de lazer durante o período de férias.
Figura 5.12. Distribuição mensal da média ± desvio padrão do número de pessoas (a) e do número
de aves limícolas migratórias (b) na praia da Atalaia ao longo do período de estudo (2008-9).
Assim como as aves, as pessoas apresentaram uma distribuição espacial
heterogênea ao longo da praia (Figura 5.13) sendo mais concentradas nos setores 6
(25,46% dos registros) e 5 (16,23%). Ao contrário do esperado (hipótese 3), a abundância
de aves foi positivamente correlacionada com aquela de pessoas nos diferentes setores da
praia (r
s
= 0,61; p = 0,059; n = 10), embora o coeficiente não tenha sido significativo. Isto
significa que havia uma forte tendência para as aves se aglomerarem em setores mais
freqüentados por pessoas.
O N D J F M A M J J A S O N
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
10 00
11 00
12 00
13 00
14 00
Número de pessoas
O N D J F M A M J J A S O N
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
1400
Número de aves limícolas
a) b)
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 70
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
6000
setor 1 setor 2 setor 3 setor 4 setor 5 setor 6 setor 7 setor 8 setor 9 setor 10
Abundância total
Total Pessoas Total Aves
Figura 5.13. mero total de pessoas (barras) e das quatro espécies-alvo de aves limícolas (linha)
registrado em cada setor da praia de Atalaia no período de estudo.
O setor 1 e o trecho compreendido entre os setores 5 e 7 se diferenciam das demais
pela presença de bares na areia do supralitoral (Tabela 5.2 e Figura 1.3), onde os
freqüentadores se concentram nas mesas e cadeiras. Nestes setores, é grande o acúmulo de
restos de alimentos (amendoim, acarajé, ovos de codorna, espetinhos de carne, cocos, etc.)
que são deixados pelos usuários da praia, ou simplesmente jogados na areia, propiciando
uma fonte de alimentação alternativa para as aves da praia da Atalaia, inclusive para as
aves limícolas migratórias, principalmente Arenaria interpres, Charadrius semipalmatus e
Calidris alba, que foram registradas forrageando amendoins e outros restos (Figuras 5.14 e
5.15). Apenas a espécie Calidris pusilla o foi registrada forrageando qualquer desses
itens.
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 71
Figura 5.14 Registros de alimentação de restos de comida pelas aves migratórias. Charadrius
semipalmatus forrageando a nata do coco (a), e Calidris alba comendo pedaço de carne (b). Fotos:
Bruno J. M. Almeida.
Figura 5.15. Registros de alimentação de restos de comida, Arenaria interpres forrageando acarajé
(a) e restos de amendoim e farofa próxima às cadeiras e bares (b). Fotos: Bruno J. M. Almeida
5.4. DISCUSSÃO
Estudos sobre a dieta das aves limícolas migratórias mostram que esses animais
possuem uma grande plasticidade alimentar, consumindo, principalmente invertebrados
marinhos, como os vermes poliquetos e oligoquetos, pequenos crutáceos e moluscos, sendo
também registrado o consumo de larvas e de insetos, em especial de coleópteros (Wilson,
1990; Backwell et al., 1998; Tellino-Júnior, 1999; Placyk & Harrington, 2004; Nuka et al.,
2005). Apesar da variabilidade da dieta, esses estudos concordam que a distribuição
a) b)
a) b)
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 72
espacial das aves está intimamente relacionada com as áreas de maior densidade e
diversidade de presas (Colwell & Landrun, 1993).
De acordo com Quintana (2008), e a diversa literatura por ela apresentada, o teor de
matéria orgânica, embora seja uma variável quantitativa, serve como indicador na
diversidade e abundância da macro fauna bêntica ao longo dos sedimentos marinhos, o que
também foi comprovado na avaliação da distribuição de poliquetas nas praias de São
Sebastião, em São Paulo (Omena & Amaral, 1997).
A análise aqui apresentada demonstrou que as quatro espécies de Charadriiformes
mais abundantes na praia de Atalaia não estão uniformemente distribuídas ao longo da
faixa de praia (H = 31,98; g.l. = 9; p = 0,002), refutando a hipótese operacional 2. As aves
apresentaram uma maior concentração de indivíduos, principalmente entre os setores 4-6
(Figura 5.6).
Os registros de Charadrius semipalmatus (45,89%) e Calidris pusilla (72,26%)
indicam que os indivíduos dessas duas espécies mostraram preferência pelo setor 4, onde a
atividade de descanso foi o principal comportamento observado. Arenaria interpres foi
intensivamente observada forrageando no supralitoral, com destaque para o setor 5
(44,54%), enquanto que os indivíduos de Calidris alba apresentaram uma maior
multiplicidade no uso da praia, sendo as principais concentrações obtidas no setor 4, com
atividades de descansando e forrageamento no mesolitoral, e no setor 6, sendo utilizado
prioritariamente como área de forrageio tanto no meso quanto no supralitoral.
O teor de matéria orgânica parece o ter influência significativa na distribuição
espacial das aves limícolas. Embora no setor 9, um dos que apresentou maiores médias de
TMO, tenha se registrado 10,72% do total de aves (Figura 5.6), principalmente de
Charadrius semipalmatus e Calidris alba, a grande maioria dos indivíduos observados
nesta localidade estavam em atividade de forrageio nas lagoas de chuva no supralitoral
(Figura 17), e não no mesolitoral, como poderia ser esperado.
Apesar de não ser significativa estatisticamente, foi verificada uma correlação forte
entre a distribuição de aves e pessoas na praia. Isto não significa, necessariamente, que a
presença das pessoas determinou a distribuição das aves, mas permite afirmar que o
afastou as aves. Assim como os dados aqui apresentados, Cestari (2008), em um estudo
sobre áreas de concentração de aves e de pessoas em praias arenosas no litoral sul de São
Paulo, constatou que as áreas com grandes contingentes de pessoas não interferiram
negativamente na abundância das aves limícolas migratórias. Este autor discute que,
Capítulo 5: Uso espacial de habitat 73
mesmo não sendo registrada influência negativa das pessoas e do número de cachorros, as
aves nas áreas de maior atividade antrópica podem enfrentar maiores condições de stress,
estando sujeitas ao desgaste energético maior, com vôos curtos e diminuição do tempo de
forrageamento, assim como sugerido por outros autores (Burger & Gochfeld, 1991;
Thomas et al., 2003; Burger et al., 2004).
Figura 5.16. Aves em atividade de forrageio nas lagoas de chuvas formadas ao longo supralitoral,
setor 9.
Os resultados das observações complementares indicam que um fator determinante
da concentração de algumas espécies de aves em alguns setores da praia seria a
disponibilidade de restos de comida e lixo, que propicia um recurso alimentar alternativo
(Figuras 5.14 e 5.15). Resta saber as conseqüências deste fenômeno em longo prazo, desde
seus efeitos sobre a saúde individual, até seus impactos sobre as populações locais e a
diversidade de espécies. Obviamente, estudos mais detalhados serão necessários para
fornecer respostas definitivas às perguntas levantadas.
Capítulo 6: Considerações finais 74
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do processo histórico de ocupação do litoral sergipano, com o
estabelecimento de áreas urbanas e construção de indústrias, muitas áreas foram alteradas,
com modificações permanentes das condições primárias dos ecossistemas. A praia da
Atalaia vem sendo continuamente modificada, e as espécies de aves encontradas nesta
localidade não são apenas aves estritamente associadas ao ecossistema de praia (veja
Anexo 1).
Algumas espécies, principalmente passeriformes, refletem o grau de antropização,
seja por serem aves exóticas (Columba livia, Passer domesticus), ou refugiados de habitats
vizinhos. O aumento na população de caracarás (Caracara plancus) parece ser um
exemplo de desequilíbrio ambiental, seja por perdas de áreas naturais em localidade
vizinhas, ou por algum fator atrativo. A comprovação de que esses indivíduos estão se
alimentando dos restos de comida e do lixo deixados na praia demonstra que a atitude
humana vem sendo uma das causas, e está contribuindo para a permanência e,
consequentemente expansão populacional desta espécie (Almeida et al., 2009). A presença
desta ave pode ocasionar vários problemas, desde interferência ecológica, como predação
sobre outras espécies (inclusive maçaricos), até no âmbito de segurança do tráfego aéreo,
já que a praia fica a menos de 4 km do Aeroporto Internacional de Aracaju.
A influência das pessoas sobre as aves precisa ser melhor estudadas. Aqui
apresentamos que as áreas de concentração de aves e pessoas são praticamente as mesmas.
Porém, o significa que a presença humana não afete a atividade comportamental, ou até
mesmo a abundância das aves. A análise e comparação com estudos anteriores mostraram
um declínio na média global das aves limícolas na praia da Atalaia ao longo dos anos. Esse
declínio pode ser resultante do aumento das pressões ambientais e humanas, ou podem ser
uma oscilação natural na distribuição das espécies ao longo das rotas migratórias. O
número de aves pode não estar diminuindo, mas possivelmente o tempo de permanência e
uso das aves na praia da Atalaia pode estar sendo afetado.
As atividades recreativas, principalmente durante as festividades de final de ano e
carnaval, podem aumentar os efeitos negativos, justamente no período crítico, das
migrações. O processo de armar e desarmar palanques, a queima de fogos de artifício, e o
Capítulo 6: Considerações finais 75
aumento do fluxo turístico podem comprometer a importância do litoral de Aracaju como
local de invernada de aves migratórias.
A exploração de recursos alimentares alternativos restos de comida pelas aves
migratórias pode ter uma série de implicações negativas, embora também possa ser
positivo, em alguns aspectos, que podem servir como recurso. Falta coletar dados mais
detalhados sobre o fenômeno. Como são aves de longas migrações, a obtenção de recursos
energéticos, em forma de gordura e proteína, é fundamental para o sucesso do ciclo
migratório. Mudanças nos padrões comportamentais, preferências por habitat e etc., destas
espécies, já podem servir como indicativo dessa influência. Dessa forma, faz-se necessário
investigar exatamente quais substâncias as aves estão ingerindo, bem como, reconhecer as
consequências e os possíveis danos fisiológicos ou metabólicos que o consumo destes
recursos pode ocasionar nestas espécies.
As informações contidas no presente trabalho visam contribuir para ações de
planejamento e gerenciamento da zona costeira. Dentro do aspecto do gerenciamento
costeiro é preciso levar em considerações as informações sobre as condições ambientais de
uma forma geral. O crescimento desordenado, a intensa atividade de veraneio e o aumento
do fluxo turístico podem trazer consequências negativas, e as aves podem servir como
indicadores das modificações das condições naturais.
Algumas medidas precisam ser avaliadas, tanto para propiciar a conservação, bem
como a manutenção das áreas ambientais, já que estas não somente funcionam como
paisagens cênicas e de lazer, mas principalmente exercem importante papel ecológico:
- Faz-se necessário e urgente a implementação de coletores de lixo na praia da
Atalaia, para um melhor controle dos dejetos e dos restos orgânicos;
- Estímulo a programas de educação e conscientização ambiental que possam
divulgar a importância da integridade ecológica das praias, e das aves limícolas
migratórias;
- Ações e medidas conservacionistas na praia da Atalaia precisam ser estudadas,
para que se possa criar ou implementar políticas de regulamentação e limitação das
atividades humanas, levando em consideração todos os aspectos sócio-ambientais e
culturais envolvidos;
- Estudar restrições ao uso de práticas religiosas que usem o sacrifício e/ou
oferendas de animais ou de comidas, de forma a não se criar um recurso alimentar para
animais oportunistas, tais como ratos, urubus, caracarás, dentre outros;
Capítulo 6: Considerações finais 76
Portanto, o nosso trabalho vem contribuir com informações e contribuições para
que as políticas públicas de desenvolvimento, principalmente os planos de gerenciamento
costeiros, possam levar em consideração os aspectos ecológicos pertinentes à conservação
das aves aquáticas, em especial as aves limícolas migratórias.
Capítulo 7: Referências bibliográficas 77
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Accordi, I. A. & Hartz, S. M. Distribuição espacial e sazonal da avifauna em uma área
úmida costeira do Sul do Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 14, n. 2, p. 117-
135, 2006.
Almeida, B. J. M. de. Estrutura da população e aspectos ecológicos das aves da praia da
Atalaia e do Mangue da Coroa do Meio. São Cristóvão, SE: Departamento de Biologia
(DBI), Universidade Federal de Sergipe (UFS), 2004. 34 p. Relatório de Iniciação a
Pesquisa PIBIc / CNPq.
Almeida, B. J. M. de & Barbieri, E. A praia de Atalaia, Aracaju Sergipe (Brasil) como
sítio no ciclo migratório de aves limícolas neárticas. In: Congreso XI Latinoamericano
de Ciencias del Mar, 2005. Viña del Mar (Chile), Anais Sociedad Chilena de Ciencias
del Mar, 2005. p. 24-26.
Almeida, B. J. M. & Barbieri, E. Biodiversidade das aves do manguezal da 13 de julho em
Aracaju, Sergipe. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 32, n. 3, p. 317-328, 2008.
Almeida, B. J. M. Abundância, distribuição sazonal e uso de hábitat apresentado pelo
maçarico-branco (Calidris alba) na praia de Atalaia, Sergipe. São Cristóvão, SE:
Departamento de Biologia, Universidade Federal de Sergipe (UFS), 2006. 55p.
Monografia de Conclusão de Curso.
Almeida, B. J. M. de; Souza, A. G.; Aguilar, J. M. R. E. & Ferrari, S. F. Abundância
comparativa dos registros do caracará (Caracara plancus Miller 1777) feitos nos
períodos de 2004-2005 e de 2008 a junho de 2009, na praia da Atalaia, Aracaju-Sergipe.
In: III Congresso Latino Americano de Ecologia, São Lourenço, MG, 2009. Anais do III
Congresso Latino Americano de Ecologia. p. 1-3.
Altmann, J. Observational study of behaviour: Sampling methods. Behaviour: v. 49, n. 3,
p. 227-267, 1974.
Antas, P. T. Z. Migration of neartic shorebirds (Charadriidae and Socolopacidae) in Brasil
flyways and their different seasonal use. Wader Study Group Bull., v. 39, p. 52-56,
1983.
Antas, P. T. Z. Migração de aves no Brasil. In: II Encontro Nacional de Anilhadores de
Aves, 1986, Rio de Janeiro, Anais do II ENAV, 1986, p. 153-1987.
Araújo, H. M. de; Vilar, J. W. C.; Wanderley, L. L. & Melo e Souza, R. O ambiente
urbano: Visões geográficas de Aracaju. ed. São Cristóvão, SR: Editora UFS, 2006.
284p.
Araújo, H. M. Elementos componentes do sistema ambiental físico de Aracaju. In: Araújo,
H. M. de; Vilar, J. W. C.; Wanderley, L. L. & Melo e Souza, R. (orgs.). O ambiente
urbano: Visões geográficas de Aracaju. 1ª ed. São Cristóvão, SR: Editora UFS, 2006, p.
15-44.
Capítulo 7: Referências bibliográficas 78
Ayres, M. M.; Ayres-Júnior, M.; Ayres, D. L. & Santos, A. A. S. dos. BioEstat: Aplicações
estatísticas nas áreas das ciências bio-médicas. Belém, PA, Sociedade Civil
Mamirauá?MCT-CNPq/Conservation International, 2007. 323p.
Azevedo-Júnior, S. M. de & Larrazábal, M. E. de. Captura e anilhamento de Calidris
pusilla (Scolopacidae) na costa de pernambuco. Ararajuba, v. 7, n. 2, p. 63-69, 1999.
Azevedo-Júnior, S. M. de; Dias-Filho, M. M. & Larrazábal, M. E. de. Plumagens e mudas
de Charadriiformes no litoral de Pernambuco, Brasil, Revista Brasileira de Zoologia, v.
18, n. 3, p. 657-672, 2001.
Azevedo-Júnior, S. M. de; Dias-Filho, M. M.; Larrazábal, M. E. de & Fernandes, C. J. G.
Capacidade de vôo de quatro espécies de Charadriiformes (Aves) capturadas em
Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 19, p. 183-189, 2002.
Azevedo-Júnior, S. M. de; Larrazábal, M. E. de & Pena, O. Aves aquáticas de ambientes
antrópicos (salinas) do Rio Grande do Norte, Brasil. In: Branco, J. O. (org). Aves
marinhas e insulares brasileiras: Bioecologia e conservação, Santa Catarina – SC,
Editora Univali, 2004, p. 255-266.
Backwell, P. R. Y.; O’Hara, P. D. & Christy, J. H. Prey availability and selective foraging
in shorebirds. Animal Behaviour, v. 55, p. 1659-1667, 1998.
Baker, M. C. Food habitats in the Eastern Canadian Artic. The Condor, v. 79, n. 1, p. 56-
62, 1977.
Baker, A. J.; Gonzalez, P. M.; Piersma, T.; Niles, L. J.; Nascimento, I. L. S.; Atkinson, P.
W.; Clark, N. A.; Minton, C. D. T.; Peck, M. K & Aarts, G. Rapid population decline in
red knots: fitness consequences of decreases refueling rates and late arrival in Delaware
Bay. The Royal Society: Proc. Soc. London, v. 271, p. 875 – 882, 2004.
Barbieri, E. & Mendonça, J. T. Importance of Ilha Comprida (São Paulo State, Brazil) for
the sanderlings (Calidris alba) migration. Journal of Marine Coast Research. Special
Issue v. 35, p. 121-130, 2000.
Barbieri, E. A expansão urbana e seu possível impacto sobre as aves da Lagoa Verde, Rio
Grande (RS), Sul do Brasil. Cardenos, v. 7, n. 2, p. 85-95, 2001.
Barbieri, E. Seasonal abundance of shorebirds at Aracaju, Sergipe, Brazil.Wader Study
Group Bull., v. 113, p. 40-46, 2007.
Barbieri, E. & Hvenegaard, G. T. Seasonal occurrence and abundance of shorebirds at
Atalaia Nova beach in Sergipe State, Brazil.Waterbirds, v. 31, n. 4, p. 636-644, 2008.
Bart, J.; Brown, S.; Harrington, B. & Morrison, R. I. Survey trends of North American
shorebirds: population declines or shifting distributions? Journal of Avian Biology, v.
38, p. 73-82, 2007.
Berthold, P. Geographic variation and Microevolution of avian migratory behaviour. In:
Foster, S. A. & Endler, J. A. (orgs.) Geographic variation in behavior: Perspectives on
evolutionary mechanisms. New York, Oxford University Press, 1999. p. 164 – 179.
Capítulo 7: Referências bibliográficas 79
Bibby, J. C.; Burgues, N. D. & Hill, D. A. Bird Census Techniques. Academic Press.
London. England, 1998. 257p.
BirdLife International. BirdLife International’s Position on Climate Change. Cambridge,
UK: BirdLife International, 2008.
Blanco, D. E. Los humedales como habitat de aves acuaticas. In: Malvárez, A. I. (org).
Topicos sobre humedales subtropicales y templados. Buenos Aires, AR, Editora
Universidad de Buenos Aires, 1999. p. 208-217.
Boere, G. C.; Galbraith, C. A. & Stroud, D. A. (orgs) Waterbirds around the world: A
global overview of the conservation, management and research of the world’s
waterbird flyways. Edinburth, UK, The Stationery Office, 2006. 960p.
Boland, J. M. An overview of the seasonal distributions of the North American shorebirds.
Wader Study Group Bull., v. 62, p. 39-43, 1991.
Bugoni, L. & Vooren, C. M. Distribution and abundance of six Tern species in Southern
Brazil. Waterbirds, v. 28, n. 1, p. 110-119, 2005.
Burger, J. & Gochfeld, M. Human activity influence and diurnal and nocturnal foraging of
sanderlings (Calidris alba). The Condor:, v. 93, p. 259-265, 1991.
Burger, J.; Niles, L. & Clark, K. E. Importance of beach, mudflat and marsh habitats to
migrant shorebirds on Delaware Bay. Biological Conservation, v. 79, p. 283-292, 1997.
Burger, J. Landscapes, tourism, and conservation. Elsevier: The Science of the Total
Environment, v. 249, p. 39-49, 2000.
Burger, J.; Jeitner, C. & Clark, K. The effect of human activities on migrants shorebirds:
successful adaptive management. Environmental Conservation, v. 31, p. 283-288, 2004.
Burton, N. H. K. Landscape approaches to studying the effects of disturbance on
waterbirds. Ibis, v. 149, p. 95-101, 2007.
Butman, C. A. & Grassle, J. P. Active habitat selection by Capitella sp. I larvae. I. Two
choice experiments in still water and flume flows. Journal of Marine Research, v. 50, p.
669-715, 1992.
Cabral, A. S.; Azevedo-Júnior, S. M. de & Lazarrabal, M. E. de. Abundância sazonal de
aves migratórias na Área de Proteção Ambiental de Piaçabuçu, Alagoas, Brasil. Revista
Brasileira de Zoologia, v. 23, p. 865-869, 2006.
Carvalho, M. E. S. Estrutura espaço-temporal do macrobentos costeiro nas praias de
Atalaia e Mosqueiro. São Cristóvão, SE: Departamento de Biologia (DBI),
Universidade Federal de Sergipe (UFS), 1997. 32 p. Relatório de Iniciação a Pesquisa
PIBIc / CNPq.
Carvalho, C. X. de. Estrutura espaço-temporal das comunidades macrobênticas das praias
arenosas do litoral do Estado de Sergipe: Análise do bentos infralitoral das praias da
Capítulo 7: Referências bibliográficas 80
Atalaia e Telergipe. São Cristóvão, SE: Departamento de Biologia (DBI), Universidade
Federal de Sergipe (UFS), 1998. 49 p. Relatório de Iniciação a Pesquisa PIBIc / CNPq.
Cestari, C. O uso de praias arenoss com diferentes concentrações humanas por espécies de
aves limícolas (Charadriidae e Scolopacidae) neárticas no sudeste do Brasil. Biota
Neotropica, v. 8, n. 4, p. 83-88, 2008.
Cicin-Sain, B. & Knecht, R. W. Integrated coastal and ocean management: Concepts and
practices. Washington, DC. Island Press, 1998. 517p.
Cordeiro, J. C. Diagnóstico da biodiversidade de vertebrados terrestres de Sergipe.
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão. Dissertação de Mestrado. 2008.
Clark, K; Niles, L. J. & Burger, J. Abundance and distribution of migrants shorebirds in
Delaware Bay. The Condor, v. 95, p. 694-705, 1993.
Colwell, M. A. & Landrum, S. Nonrandom shorebird distribution and fine-scale variation
in prey abundance. The Condor, v. 95, p. 94-103, 1993.
Davison, N. & Evans, P. Prebreeding acumulation of fat and muscle protein by Artic
nesting shorebirds. Proc. Int. Ornithol. Congr, vol. 19, p. 342-352, 1988.
De Luca, A.; Develey, P. & Olmos, F. Waterbirds in Brazil: Final Report. Save Brazil,
2006, disponível: www.birdlife.org
Dean, W. E. Determination of carbonate and organic matter in calcareous sediments and
sedimentary rocks by loss on ignition: comparison with other methods. Journal of
Sedimentay Petrology, v. 44, n. 1, p. 242-248, 1974.
Defoe, O.; McLachlan, A.; Schoeman, D. S.; Schandler, T. A.; Dugan, J.; Jones, A.;
Lastra, M. & Scapini, F. Threats to sandy beach ecosystems: a review. Estuarine,
Coastal and Shelf Science, v. 81, p. 1-12, 2009.
Dingle, H. Migration: The biology of life on the move. New York, Oxford University
Press, 1996. 416p.
Drewitt, A. L. Birds and Recreational Disturbance. Ibis, vol. 149, p. 1-2, 2007.
Dodd, S. L. & Colwell, M. Environmental correlates of diurnal and nocturnal foraging
patterns of nonbreeding shorebirds. Wilson Bull., v. 110, n. 2, p. 182-189, 1998.
Durell, S.E.A. Le V. dit; McGrorty, S.; West, A.D.; Clarke, R.T. Goss-Custard, J.D. &
Stillman, R.A. A strategy for baseline monitoring of estuary Special Protection Areas.
Biological Conservation. vol.121, p. 289-301, 2005.
Elner, R. W. & Seaman, D. A. Calidrid conservation: unrequited needs. Wader Study
Group Bull., v. 100, p. 30-34, 2003.
Evans, P. R. Seasonal and annual patterns of mortality in migratory shorebirds: some
conservation implications. In: Perrins, C. M.; Lebreton, J. D. & Hirons, G. J. M. (org)
Bird populations studies, Oxford university press, 1994, p. 346-359.
Capítulo 7: Referências bibliográficas 81
Fedrizzi, C. E. Abundância sazonal e biologia de Aves costeiras na Coroa do Avião,
Pernambuco, Brasil. Recife, PE: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 2003.
141p. Dissertação Mestrado.
Fitzpatrick, S. & Bouchez, B. Effects of recreational disturbance on the foraging behaviour
of waders on a rocky beach. Bird Study, v. 45, p. 157-171, 1998.
Freitas, M. A Passos de. Zona costeira e Meio ambiente: Aspectos jurídicos. Curitiba, PR,
Juruá Editora, 2009. 232p.
Furness, R. W.; Greenwood, J. J. & Jarvis, P. J. Can birds be used to monitor the
environment? In: Furness, R. W & Greenwood, J. J. Birds as monitors of environmental
change, UK, Oxford university press, 1994, p. 01-41.
Gill, J.A., Sutherland, W.J. & Watkinson, A.R. A method to quantify the effects of human
disturbance on animal populations. Journal of Applied Ecology, vol. 3, p. 786-792,
1996.
Gill, J. A.; Norris, K. & Sutherland, W. J. Why behavioral responses may not reflect the
population consequences of human disturbance. Biological Conservation, v. 97, p. 265-
268, 2000.
Goss-Custard, J. D.; Clarke, R. T.; Durell, S. E. A. Le V. Dit; Caldow, R. W. G. & Ens, B.
J. Population consequences of winter habitat loss in a migratory shorebird. II Model
predictions. Journal of Applied Ecology, v. 32, n. 2, p. 337-351, 1995.
Goss-Custard, J. D.; Triplet, P.; Sueur, F. & West, A. D. Critical thresholds of disturbance
by people and raptors in foraging wading birds. Biological Conservation, v. 127, p. 88-
97, 2006.
Gudmundsson, G. A. & Sandberg, R. Sanderlings (Calidris alba) have a magnetic
compass: orientation experiments during spring migration in Iceland. The Journal of
Experimental Biology, v. 203, p. 3137-3144, 2000.
Guimarães, C. R. P.; Domingues, J. M. L. & Borzone, C. A. Morfodinamismo das praias
arenosas de Aracaju/Se durante um ciclo anual. In: Congresso Brasileiro de Geologia:
Geociências e as sociedades do Futuro, 43. 2006. Aracaju (Brasil), Anais Sociedade
Brasileira de Geologia, p.204.
Guimarães, C. R. P.; Lemos, I. C.; Mariano, D. L. S.; Santos, C. F. & Menezes, A. R.
Comunidades macrobênticas em praias arenosas de Sergipe. In: VIII Congresso de
Ecologia do Brasil, Caxambu, MG, 2006. Anais do VIII Congresso de Ecologia do
Brasil, p. 1-2.
Gwinner, E. Internal rhythms in bird migration. In: Mock, D. W. (Org.) Behavior and
Evolution of Birds. New York, Ed. W.H. Freeman and Company, 1986. p. 20-31.
Hayman, P.; Marchant, J. & Prater, T. Shorebirds an identification guide to the waders of
the world. Boston, UK, Houghton Mifflin Company, 1986. 412 p.
Capítulo 7: Referências bibliográficas 82
Hubbard, D. M. & Dugan, J. E. Shorebird use of an exposed sandy beach in southern
California. Estuarine, Coastal and Shelf Science, California, v.58, p. 41-54, 2003.
Isacch, J. P.; Darrieu, C. A. & Martínez, M. M. Food abundance and dietary relationships
among migratory shorebirds using grasslands during the non-breeding season.
Waterbirds, v. 28, n. 2., p. 238-245, 2005.
Jing, K.; Ma, Z.; Li, B.; Li J. & Chen, J. Foraging strategies involved in habitat use of
shorebirds at the intertidal area of Chongming Dongtan, China. Ecological Research, v.
22, p. 559-570, 2007.
Kuijken, E. A short history of waterbird conservation. In: Boere, G. C.; Galbraith, C. A. &
Stroud, D. A. (orgs) Waterbirds around the world: A global overview of the
conservation, management and research of the world’s waterbird flyways. Edinburth,
UK, The Stationery Office, 2006. pp. 52-59.
Lafferty, K. D. Birds at a Southern California beach: seasonality, habitat use and
disturbance by human activity. Biodiversity and Conservation, v. 10, p. 1949-1962,
2001.
Leu, M. & Thompson C. W. The potential importance of migratory stopover sites as flight
feather molt staging areas: a review for neotropical migrants. Biological Conservation,
v.106, p. 45-56, 2002.
Liley, D. & Sutherland, W.J. Predicting the population consequences of human disturbance
for Ringed Plovers Charadrius hiaticula: a game theory approach. Íbis v. 149, p. 82–94,
2007.
López-lanús, B. & Blanco, D. E (eds). El censo Neotropical de Aves acuáticas 2004.
Buenos Aires, Argentina, Wetlands International, 2005. 105p.
Lundin, C. G. & Lindén, O. Coastal ecosystems: Attempst to manage a threatened
resource. Ambio, v. 22, n. 7, p. 468-473, 1993.
Lyra-Neves, R. M. de; Azevedo-Júnior, S.M.; Tellino-Júnior, W.R. Monitoramento do
maçarico-branco, Calidris alba (Pallas) (Aves, Scolopacidae), através de recuperações
de anilhas coloridas, na Coroa do Avião, Igarussu, Pernambuco, Brasil. Revista
Brasileira de Zoologia, v. 21, n. 2, p. 319-324, 2004.
Maccarone, A. D. & Brzorad, J. N. Foraging microhabitat selection by birds in a tidal
estuary, with implications for Conservation. Waterbirds, v. 28, n.3, p. 383-391, 2005.
Masero, J. A.; Pérez-Gonzales, M.; Basadre, M. & Otero-Saavedra, M. Foody supply for
waders (Aves: Charadrii) in an estuarine area in the Bay of Cádiz (SW Iberian
Península). Acta ecológica, v. 20, p. 429-434, 1999.
McLachlan, A. & Dorvlo, A. Global patterns in sandy beach macrobenthic communities.
Journal of Coastal Research, v. 21, n. 4, p. 674-687, 2005.
McLachlan, A. & Brown, A. C. The Ecology of sandy shores. 2ª ed. London, UK,
Academic Press Elsevier. 2006, 373p.
Capítulo 7: Referências bibliográficas 83
Meyers, J. P. et al. Migration routes of New world Sanderlings (Calidris alba). The Auk, v.
107, p. 172-180, 1990.
Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and human well-being: Sinthesis.
Washington, DC, Island Press. 2005, 137p.
Moraes A. C. R. Contribuições para a Gestão da Zona Costeira do Brasil: Elementos para
uma geografia do litoral brasileiro. São Paulo, SP, Annablume, 2007. 232 p.
Morrison, T. Migração animal. São Paulo, SP, Ed. Universidade de São Paulo. 1977. 157p.
Morrison, R. I. G.; Butler, R.W.; Delgado, F.S. & Ross, R.K. Atlas of Neartic shorebirds
and other waterbirds on the coast of Panama. Ottawa, Canadian Wildlife Service. 1998.
112p.
Morrison, R. I. G.; Gill, R. E.; Harrington, B. A.; Skage, S.; Page, G. W.; Gratto-Trevor, C.
L. & Haig, S. M. Estimates of shorebird populations in North America. Ottawa,
Canadian Wildlife Service, 2001. 64p.
Morrison, R. I. G.; Mccafferu, B. J.; Gill. R. E.; Skagen, S. K.; Jones, S. L.; Page, G. W.;
Gratto-Trevor, C. L. & Andres, B. A. Population estimates of North American
shorebirds, 2006. Wader Study Group Bull., v. 111, p. 67-85, 2006.
Morrison, G.R.I.; Ross, K. R. & Niles, L.J. Declines in wintering populations of red knots
in Southern America. The Condor, v. 106, p. 60-70, 2004.
MTur (Ministério do Turismo). Hábitos de consumo do turista brasileiro. Disponível:
www.turismo.gov.br, 12 jan., 2010.
Myers, J. P.; Morrison, R. I. G.; Antas, P. T. Z.; Harrington, B. A.; Lovejoy, T. E.;
Sallaberry, M.; Senner, S. E. & Tarak, T. E. Conservation strategy for migratory
species. American Scientist, v. 75, p. 19-26, 1987.
Nascimento, J. L. X. do. Muda de Charadriidae e Scolopacidae (Charadriiformes) no Norte
do Brasil. Ararajuba, v. 6, n. 2, p. 141-144, 1998.
Nascimento, J. L. X. do & Larrazábal, M. E. L. de. Alimentação de aves limícolas em
Barra de Cunhaú, Canguaretama, Rio Grande do Norte. Melopsittacus, v. 3, n. 3, p. 91-
109, 2000.
Newton, I. The role of food in limiting bird numbers. Ardea, v. 68, p. 11-30, 1980.
Newton, I. The Migration Ecology of Birds. London, UK: Elsevier Ltd, 2008. 976 p.
Nuka, T.; Norman, C.; Kuwabara, K. & Miyazaki, T. Feeding behavior and effect of prey
availability on sanderling Calidris alba distribution on Kujukuri beach. Ornithological
Science, v. 4, p. 139-146, 2005.
O’Connel, M.J., Ward, R.M., Onoufriou, C., Winfield, I.J., Harris, G., Jones, R., Yallop,
M.L. & Brown, A.F. Integrating multi-scale data to model the relationship between food
Capítulo 7: Referências bibliográficas 84
resources, waterbird distribution and human activities in freshwater systems:
preliminary findings and potencial uses. Ibis, v. 149, p. 65–72, 2007.
Olmos, F. & Silva e Silva, R. The avifauna of a southeastern Brazilian mangrove swamp.
International Journal of Ornithology. v. 4, p. 137 – 207, 2001.
Olmos F. & Silva e Silva, R. Guará: ambiente, flora e fauna dos manguezais de Santos-
Cubatão. São Paulo: Empresa das artes. 2003, 215 p.
Omena, E. P. & Amaral, A. C. Z. Distribuição espacial de Plychaeta (Annelida) em
diferentes ambientes entre-marés de praias de São Sebastião (SP). Oecologia
Brasiliensis, v. 3, p. 183-196, 1997.
Piersma, T.; Koolhaas, A. & Dekinga, A. Interactions between stomach structure and diet
choice in shorebirds. The Auk, v. 110, n. 3, p. 552-564, 1993.
Piersma, T.; Lindström, A. Migrating shorebirds as integrative sentinels of global
environmental change. Ibis, v. 146, p. 61-69, 2004.
Piersma, T. Using the power of comparison to explain habitat use and migration strategies
of shorebirds worldwide. Journal Ornithol., v. 148, p. 45-59, 2007.
Placyk, J. S. & Harrington, B. A. Abundance and habitat use by migratory shorebirds at
coastal stopover Connecticut. Journal of Field Ornithology, v. 75, n. 3, p. 223-231,
2004.
Pyke, G. H. Animal movements: an optimal foraging approach. In: Swingland, I. R. &
Greenwood P. J. (Orgs). The ecology of animal movement. Oxford, Claredon Press,
1983, p.7-31.
Quintana, C. O. Relações entre as comunidades bênticas e a matéria orgânica sedimentar:
Respostas à qualidade dos recursos alimentares e influência na diagênese recente. São
Paulo, SP: Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo, 2008. 182 p. Tese de
Doutorado.
Rappole, J. H.; Morton, E. S.; Lovejoy III, T. E. & Ruos, J. L. Aves migratórias Nearticas
en los Neotropicos. New York, Smithsonian Institution, 1993. 412p.
Ray, G. C. Coastal-zone biodiversity patterns. BioScience, v. 41, n. 7, p. 490-498, 1991.
Ray, G. C. Diversidade ecológica em zonas costeiras e oceanos. In: Wilson, E. O. (Org),
Biodiversidade, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
Recher, H. F. Some aspects of the ecology of migrant shorebirds. Ecology, v. 47, n. 3, p.
393-407, 1966.
Ribeiro, A. S.; Almeida, B. A.; Dias, D. M.; Monteiro, B. C. G. C.; Silva, T. C.; Costa, S.
M. S. & Menezes, A. R. Ocorrência de Dalbergia ecastaphyllum (L) Taub. no litoral de
Aracaju Sergipe: uma planta funcional invasora ou facilitadora em comunidade
impactada? In: III Congresso Latino Americano de Ecologia, São Lourenço, MG, 2009.
Anais do III Congresso Latino Americano de Ecologia. p. 1-3.
Capítulo 7: Referências bibliográficas 85
Rodrigues, A. A. F. Seasonal abundance of neartic shorebirds in the gulf of Maranhão,
Brazil. Journal Field Ornithology, vol. 71, n. 4, p. 665 – 675, 2000.
Rodrigues, A. A. F. Pririty areas for conservation of migratory and resident waterbirds on
the coast of brazilian Amazonia. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 15, n. 2, p. 209-
218, 2007.
Rodrigues, R. C.; Azevedo-Júnior, S. M. de; Lazarrábal, M. E. L. de & Araújo, H. F. P.
Temporal variations of body mass and plumage in Arenaria interpres (Aves:
Scolopacidae) along the brazilian coast. Revista Brasileira de Zoologia, v. 26, n. 3, p.
386-390, 2009.
Rosillon, D. The influence of abiotic factors and density dependent mechanisms on
between year variation in a strem invertebrate community. Hydrobiology, v. 179, p. 25-
38, 1989.
Scott, D. A. & Carbonell, M. (eds). Inventario de humedales de la región Neotropical.
Cambridge, IWRB Slimbridge/ UICN, 1986. 699p.
Shultz-Neto, A.; Souza, E. A. de; Baroni, M. S. A. & Pereira, S. F. T. Atividades de campo
na área de Proteção Ambiental de Piaçabuçu e litoral Sul do Estado de Sergipe.
Brasília, DF: Centro de Estudos de Migrações de Aves (CEMAVE/IBAMA), 1992.
Relatório de Atividades de Campo.
Sick, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1997. 868 p.
Skagen, S. K. & Knopf, F.L. Migrating shorebirds and habitat dynamics at a praire wetland
complex. Wilson Bulletin, v. 106, n. 1, p. 91 – 105, 1994.
Sousa, M. C. Aves de oito localidades do Estado de Sergipe. Atualidades Ornitológicas, v.
149, p. 33-57, 2009.
Small, C. & Nicholls, R. J. A global analysis of human settlement in coastal zones. Journal
of Coastal Research, v. 19, n. 3, p. 584-599, 2003.
Stillman, R. A.; Goss-Custard, J. D. & Caldow, R.W. G. Modelling interference from basic
foraging behaviour. The Journal of Animal Ecology, v. 66, n. 5, p. 692-703, 1997.
Stillman, R. A.; West, A. D.; Caldow, R. W. G. & Durell, S. E. A. Le V. Dit. Predicting
the effect of disturbance on coastal birds. Ibis, v. 149, p. 73-81, 2007.
Stolen, E. D. The effects of vehicle passage on foraging behavior of wading birds.
Waterbirds, v. 26, n. 4, p. 429-436, 2003.
Straube, F. C. Questões linguísticas em ornitologia: I. limícola ou limnícola? Atualidades
Ornitológicas, v. 88, n. 4, 1999.
Sutherland, W. J. The effect of local change in habitat quality on populations of migratory
species. Journal of Applied Ecology, v. 35, n. 3, p. 418-421, 1998.
Capítulo 7: Referências bibliográficas 86
Tellino-Júnior, W. R. Levantamento e identificação dos invertebrados que participam da
dieta alimentar dos Charadriidae e Scolopacidae, na Coroa do Avião, Itamaracá,
Pernambuco, Brasil. 1999. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal) Centro de
Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. 90 p.
Tellino-Júnior, W. R; Azevedo-Júnior, S. M. & Lyra-Neves, R. M. Censo de aves
migratórias (Charadriidae, Scolopacidae e Laridae) na Coroa do Avião, Iguassu,
Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 20, n. 3, p. 451-456, 2003.
Thomas, K.; Kvitek, R. G. & Bretz, C. Effects of human activity on the foraging behavior
of sanderlings Calidris alba. Biological Conservation, v. 109, p. 67-71, 2002.
Thomas, R. J.; Powell, S. R. F. & Cuthill, I. C. Eye size, foraging methods, and the timing
of foraging shorebirds. Functional Ecology, v. 20, p. 157-165, 2006.
Triplet, P.; Stillman, R. A. & Goss-Custard, J. D. Prey abundance and the strength of
interference in a foraging shorebird. The Journal of Animal Ecology, v. 68, n. 2, p. 254-
265, 1999.
UNEP/CMS. Migratory species and climate change: Impacts of a changing environment
on wild animals. Bon, Germany. United Nations Environment Programme (UNEP)/
Conservation of Migratory Species of Wild Animals (CMS) Secretariat, 2006, 68p.
UNEP/CMS. A bird’s eye view on flyways: A brief tour by the convention on the
conservation of migratory species of wild animals. Bon, Germany. United Nations
Environment Programme (UNEP)/ Conservation of Migratory Species of Wild Animals
(CMS) Secretariat, 2009, 68p.
Valencia, I. D.. Marco de evaluación de sitios de la RHRAP (Red Hemisférica de Reservas
para Aves Playeras). Disponível: www.whrsn.org, 15 jul., 2008.
Veloso, V. G.; Cardoso, R. S. & Fonseca, D. B. Adaptações e biologia da macrofauna de
praias arenosas expostas com ênfase nas espécies da região entre-marés do litoral
Fluminense. Oecologia Brasiliensis, v. 3, p. 135-154, 1997.
Vooren, C. M. & Chiaradia, A. Seasonal Abundance and behavior of Coastal Birds on
Cassino Beach, Brazil. Ornitologia neotropical, v. 1, p. 9-14, 1990.
Vooren, C. M. & L. F. Brusque. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da
biodiversidade da zona Costeira e marinhas. In: Diagnóstico sobre aves do ambiente
costeiro do Brasil, 1999. Disponível: www.bdt.fat.org.br/workshop/costa/aves, 15 jul.,
2008.
Yasué, M. The effects of human presence, flock size and prey density on shorebird
foraging rates. Journal of Ethology, v. 23, p. 199-204, 2005.
Warnock, N.; Elphick, C. & Rubega, M. A. Shorebirds in the marine environment. In:
Schreiber, E. A. & Burger, J. (orgs) Biology of Marine birds. Washington, DC, CRC
Press, 2002. p. 581-615.
Welty, J. C. The life of birds. 2ª ed., Philadelphia: W. B. Saunders, 1975.
Capítulo 7: Referências bibliográficas 87
West, A. D.; et al. Predicting the impacts of disturbance on shorebird mortality using a
behavior-based model. Biological Conservation, v. 106, 2002, p. 319 – 328.
Wilson, W. H. Relationship between prey abundance and foraging site selection by
semipalmated sandpipers on a Bay of Fundy Mudflat. Journal of Field Ornithology, v.
61, n. 1, p. 9-19, 1990.
Wilson, W. H. The foraging ecology of migratory shorebirds in marine soft-sediment
communities: the effects of episodic predation on prey populations. American Zoology,
v. 31, p. 840-848, 1991.
Whitacre, D.; Ukrain, D. & Falxa, G. Notes on the hunting behavior and diet of the Crested
Caracara in Northeastern Chiapas and Tabasco, Mexico. The Wilson Bull., v. 94, n. 4, p.
565-566, 1982.
Anexos 88
ANEXO
Anexo 1 Lista das espécies de aves identificadas na praia de Atalaia. Compara-se a ocorrência
das espécies registradas por Almeida (2006) num monitoramento realizado durante julho de 2003 a
maio de 2006. O Status: VL (Visitante local), Visitante Regional, VS (Visitante do Sul), VN
(Visitante do Hemisfério Norte), A (Acidental)
Nome do Táxon (Nome comum) 2003-06 2008-09 Status
Anatidae
Amazonetta brasiliensis (pé-vermelho) X VL
Spheniscidae
Spheniscus magellanicus (pinguim-de-magalhães) X VS(A)
Diomedeidae
Thalassarche chlororhynchos (albatroz-de-nariz-amarelo) X VS(A)
Thalassarche melanophris (albatroz-de-sobrancelha) X VS(A)
Procellaridae
Puffinus gravis (bobo-grande-de-sobre-branco) X X VS (A)
Puffinus puffinus (bobo-pequeno) X VN(A)
Fregatidae
Fregata magnificens (Tesourão) X VR
Ardeidae
Nycticorax nycticorax (Savacu) X VL
Butorides striata (Socozinho) X X VL
Bubulcus íbis (garça-vaqueira) X X VL
Egretta thula (garça-branca-pequena) X X VL
Egretta caerulea (garça-azul) X VL
Ardea alba (garça-branca-grande) X VL
Cathartidae
Cathartes aura (urubu-de-cabeça-vermelha) X X VL
Cathartes burrovianus (urubu-de-cabeça-amarela) X VL
Coragyps atratus (urubu-de-cabeça-preta) X X VL
Accipitridae
Elanus leucurus (gavião-peneira) X X R
Rupornis magnirostris (gavião-carijó) X R
Falconidae
Caracará plancus (carcará) X X R
Mivalgo chimachima (carrapateiro) X VL
Falco sparverius (quiriquiri) X X R
Falco femoralis (falcão-de-coleira) X VL
Charadriidae
Vanellus chilensis (quero-quero) X X R
Pluvialis squatarola (batuiruçu-de-axila-preta) X X VN
Charadrius semipalmatus (batuíra-de-bando) X X VN
Charadrius wilsonia (batuíra-de-bando) X X R
Charadrius collaris (batuíra-de-coleira) X X R
Recurvirostridae
Himantopus mexicanus (pernilongo-de-costas-negras) X VR
Scolopacidae
Numenius phaeopus (maçarico-galego) X X VN
Anexos 89
Continuação Tabela 1.
Tringa spp. (maçarico-de-perna-amarela) X VN
Tringa semipalmata (maçarico-de-asa-branca) X VN
Calidris alba (maçarico-branco) X X VN
Arenaria interpres (vira-pedras) X X VN
Calidris canutus (maçarico-de-papo-vermelho) X VN
Calidris pusilla (maçarico-rasteirinho) X X VN
Calidris fuscicollis (maçarico-de-sobre-branco) X X VN
Calidris minutilla (maçariquinho) X VN
Jacanidae
Jacana jacana (jaçanã) X VL
Stercorariidae
Stercorarius skua (mandrião-grande) X VN
Sternidae
Sternula antillarum (trinta-réis-miúdo) X VN
Sternula superciliaris (trinta-réis-anão) X R
Sterna hirundo (trinta-réis-boreal) X X VN
Thalasseus sandvicensis (trinta-réis-de-bando) X R
Columbidae
Columbina talpacoti (rolinha-roxa) X VL
Columba livia (pombo-doméstico) X X R
Cuculidae
Crotophaga ani (anu-preto) X X R
Guira guira (anu-branco) X X R
Tytonidae
Tyto alba (coruja-da-igreja) X VL
Strigidae
Athene cunicularia (coruja-buraqueira) X X R
Alcedinidae
Megaceryle torquata (martim-pescador-grande) X VL
Furnariidae
Furnarius figulus (casaca-de-couro-da-lama) X VL
Certhiaxis cinnamomeus (curutié) X VL
Tyrannidae
Fluvicola nengeta (lavadeira-mascarada) X X VL
Machetornis rixosa (suiriri-cavaleiro) X R
Pitangus sulphuratus (bem-te-vi) X X R
Tyrannus melancholicus (Suiriri) X X VL
Vireonidae
Cyclarhis gujanensis (pitiguari) X VL
Hirundinidae
Progne chalybea (andorinha-doméstica-grande) X VL
Tachycineta albiventer (andorinha-do-rio) X R
Tachycineta leucorrhoa (andorinha-de-sobre-branco) X R
Troglodytidae
Troglodytes musculus (corruíra) X VL
Motacillidae
Anthus lutescens (caminheiro-zumbidor) X R
Mimidae
Anexos 90
Continuação Tabela 1.
Mimus gilvus (sabiá-da-praia)
X VL
Thraupidae
Thraupis sayaca (sanhaçu-cinzento) X VL
Thraupis palmarum (sanhaçu-do-coqueiro)
X VL
Coerebidae
Coereba flaveola (cambacica) X VL
Emberizidae
Paroaria dominicana (cardeal-do-nordeste) X VL
Icteridae
Cacicus cela (xexéu) X VL
Gnorimopsar chopi (graúna) X VL
Passeridae
Passer domesticus (pardal) X X R
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo