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JEAN CARLOS NATIVIDADE
RELAÇÕES ENTRE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA AIDS E
CONHECIMENTO CIENTÍFICO SOBRE HIV/AIDS
Dissertação apresentada como
requisito parcial à obtenção do
grau de Mestre em Psicologia,
Programa de Pós-graduação em
Psicologia, Curso de Mestrado,
Centro de Filosofia e Ciências
Humanas.
Orientador: Profº. Drº. Brígido
Vizeu Camargo
FLORIANÓPOLIS, 2010.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à Gabriela Dal Forno Martins pelo apoio em todos os
momentos da realização deste trabalho, principalmente pelo auxílio nas
etapas mais difíceis.
Agradeço ao João Fernando Rech Wachelke pelo incentivo de
ingresso nessa empreitada, pelas discussões teóricas e metodológicas
esclarecedoras e por sugestões certeiras para o trabalho.
Agradeço às professoras Maria Aparecida Crepaldi e Andréa
Barbará da Silva Bousfield pelas contribuições durante a banca de
qualificação e por aceitarem o convite para a banca de defesa do
trabalho concluído.
Agradeço ao professor Luiz Fernando Rangel Tura por aceitar o
convite para participar da banca de defesa desta dissertação.
Agradeço ao professor Brígido Vizeu Camargo pela oportunidade
de inserção no LACCOS e pela orientação na condução da pesquisa.
NATIVIDADE, Jean Carlos. Relações entre representações sociais e
conhecimento científico sobre HIV/aids. Florianópolis, 2010. 113 f.
Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Programa de Pós-Graduação em
Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina.
Orientador: Brígido Vizeu Camargo
Data da defesa: 09/02/2010
RESUMO
As representações sociais da aids e o conhecimento científico que as
pessoas possuem sobre HIV/aids fornecem noções de como as pessoas
compreendem a aids e agem perante ela. O objetivo desse estudo foi
verificar as relações entre as representações sociais da aids e o
conhecimento científico sobre HIV/aids de pessoas maiores de 18 anos
de idade. Para tanto, concebeu-se a pesquisa em duas etapas: (1)
construção do teste de conhecimento; (2) relações entre representações
sociais da aids e níveis de conhecimento científico sobre HIV/aids. Na
primeira etapa, realizada em três momentos, acessou-se um total de 29
pessoas maiores de 18 anos de idade, entre elas quatro especialistas em
HIV/aids. Ao seu final, obteve-se um teste para aferição dos níveis de
conhecimento científico sobre HIV/aids composto por 85 itens divididos
em seis dimensões do conhecimento sobre o tema: descrição do
HIV/aids (7 itens); história da doença e HIV (7 itens); formas de
contágio e prevenção do HIV (32 itens); sintomatologia da aids e
funcionamento do HIV (26 itens); tratamento da aids e controle HIV (8
itens); uma sobre epidemiologia HIV/aids (5 itens). Na segunda etapa do
estudo caracterizaram-se as representações sociais da aids e os níveis de
conhecimento científico e relacionaram-se as duas variáveis. Para tanto,
aplicou-se um questionário auto-respondido em 480 pessoas com média
de idade de 25,44 anos (DP = 8,25 anos), com escolaridade variável de
nove a mais de 15 anos de estudos. Verificaram-se associações entre os
elementos da representação social da aids e os níveis de conhecimento
científico sobre HIV/aids de forma que os participantes com maiores
níveis de conhecimento citaram com maior frequência os elementos:
tratamento, grupo de risco, drogas, dst e imunidade; e os com menores
níveis de conhecimento o elemento: sofrimento. Os resultados sugerem
que níveis elevados de conhecimento científico sobre HIV/aids revelam
um conhecimento de senso comum sobre aids permeado de elementos
que refletem o conhecimento científico.
Palavras-chave: representação social; aids; conhecimento.
NATIVIDADE, Jean Carlos. The relationships between social
representations and scientific knowledge about HIV/AIDS.
Florianópolis, 2010. 113 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) -
Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de
Santa Catarina.
ABSTRACT
Social representations of AIDS and the scientific knowledge that people
have about HIV / AIDS provide notions about how people understand
AIDS and act in relation to it. This study aimed to examine relationships
between social representations of AIDS and the scientific knowledge
about HIV/AIDS in people over 18 years old. For this, the research was
designed in two steps: (1) construction of the knowledge test, (2)
relationships between social representations of AIDS and level of
scientific knowledge about HIV/AIDS. In the first phase, conducted in
three stages, a total of 29 people over 18 years old was accessed, four of
them specialists in HIV/AIDS. Through this phase we obtained a test to
measure levels of scientific knowledge about HIV/AIDS composed of
85 items divided into six dimensions of knowledge: description of
HIV/AIDS (7 items), history of disease and HIV (7 items), ways of
transmission and prevention of HIV (32 items), symptoms of AIDS and
HIV functioning (26 items), treatment of AIDS and HIV control (8
items), and epidemiology HIV/AIDS (5 items). In the second stage of
the study we characterized the social representations of AIDS and the
levels of scientific knowledge, and related the two variables. To this
end, we applied a self-administered questionnaire in 480 subjects with
mean age of 25.44 years (SD = 8.25 years), schooling ranging from nine
to more than 15 years of study. The results indicated associations
between the elements of the social representation of AIDS and the levels
of knowledge about HIV/AIDS: the participants with higher levels of
knowledge most frequently cited treatment, risk group, drugs, DST and
immunity, and those with lower levels of knowledge cited suffering.
The results suggest that high levels of scientific knowledge about
HIV/AIDS showed a common-sense knowledge about AIDS permeated
of elements that reflect the scientific knowledge.
Keywords: representation; AIDS, knowledge.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 07
2. OBJETIVOS...................................................................................................... 10
2.1 Objetivo Geral................................................................................ 10
2.2 Objetivos Específicos..................................................................... 10
3. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 11
3.1 Aids e vulnerabilidade.................................................................... 11
3.2 Tipos de conhecimento e representações sociais........................... 17
3.3 Representações sociais da aids...................................................... 21
3.4 Níveis de conhecimento científico sobre HIV/aids........................ 31
4.
ESTUDO 1 – Construção do teste de conhecimento científico sobre HIV/aids 35
4.1 Objetivos........................................................................................ 36
4.1.1 Objetivo Geral.................................................................... 36
4.1.2 Objetivos Específicos......................................................... 36
4.2 Método........................................................................................... 37
4.2.1 Caracterização da pesquisa................................................. 37
4.2.2 Etapa 1 – Levantamento itens senso comum...................... 37
4.2.2.1 Participantes...................................................... 37
4.2.2.2 Instrumentos...................................................... 37
4.2.2.3 Procedimentos................................................... 38
4.2.3 Etapa 2 – Levantamento itens conhecimento científico.....
39
4.2.3.1 Instrumentos..................................................... 39
4.2.3.2 Procedimentos.................................................. 39
4.2.4
Etapa 3 Validação de conteúdo do teste de
conhecimento...................................................................... 39
4.2.4.1 Participantes..................................................... 39
4.2.4.2 Instrumentos..................................................... 39
4.2.4.3 Procedimentos.................................................. 40
4.3 Resultados...................................................................................... 40
5. ESTUDO 2 - Relações entre conhecimento de senso comum e conhecimento
científico sobre HIV/aids................................................................................... 49
5.1 Objetivos........................................................................................ 49
5.1.1 Objetivo geral...................................................................... 49
5.1.2 Objetivos específicos.......................................................... 49
5.2 Método........................................................................................... 50
5.2.1 Caracterização da pesquisa................................................. 50
5.2.2 Participantes........................................................................ 50
5.2.3 Instrumentos........................................................................ 50
5.2.4 Procedimentos..................................................................... 51
5.3 Resultados...................................................................................... 55
5.3.1 Variáveis sociodemográficas.............................................. 55
5.3.2 Representações sociais........................................................ 56
5.3.3 Conhecimento científico..................................................... 68
5.3.4 Predição do conhecimento científico.................................. 70
5.3.5
Representações sociais e níveis de conhecimento
científico.............................................................................. 71
6. DISCUSSÃO...................................................................................................... 77
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 90
8.
REFERÊNCIAS................................................................................................. 92
9.
LISTA DE FIGURAS........................................................................................ 102
10. LISTA DE TABELAS....................................................................................... 103
11. APÊNDICES...................................................................................................... 104
12. ANEXOS........................................................................................................... 113
7
1. INTRODUÇÃO
A aids é uma doença descrita pela ciência menos de 30 anos.
Embora se estime que seu agente etiológico o HIV (Human
Immunodeficiency Vírus) – esteja em contato com humanos 100 anos
(Worobey et al., 2008), foi em 1982 que a ciência classificou a doença
como síndrome da imunodeficiência adquirida (Mann, Tarantola &
Netter, 1993). Entre 1983 e 1984 Montagnier (França) e sua equipe de
pesquisadores identificaram e caracterizaram um retrovírus em células
humanas e o associaram à aids; na mesma época Gallo (EUA) e
colaboradores ratificaram a relação estabelecida entre a doença e o vírus
causador. Desde então, os efeitos da doença (destruição do sistema
imunológico e, possivelmente, a morte das pessoas doentes) nos
diferentes países e regiões do mundo têm sido alarmantes, o que
implicou o aparecimento de várias epidemias de aids conferindo-lhe o
status de pandemia.
Viviam com o HIV até o ano de 2007 cerca de 33 milhões de
pessoas no planeta; 2,7 milhões foram infectadas no referido ano e
aproximadamente 2 milhões de pessoas morreram em decorrência da
doença em 2007 (WHO, 2008). No Brasil, de 1980 a 2007 foram
registrados 474 mil casos de pessoas com HIV e morreram 192,7 mil
pessoas; desde seu início, a epidemia concentrou 74,5% dos casos de
aids em pessoas entre 25 a 49 anos de idade (Ministério da Saúde Brasil,
2007). Há informações que sugerem uma diminuição no número de
infectados por ano, de 2001 (3 milhões de pessoas) até 2007, no mundo
(WHO, 2008).
Entretanto, no Brasil e em Santa Catarina esta realidade não se
confirma. Dados (Ministério da Saúde Brasil, 2007 e 2009) mostram
que em 2000 e em 2008 foram diagnosticados respectivamente em
ambas as esferas cerca de 30,3 mil e 34,5 mil e 1,6 mil e 1,8 mil casos
de aids. Em Santa Catarina, desde o primeiro caso registrado, em 1984,
até 2009, foram apontadas como doentes de aids cerca de 26 mil
pessoas. No ano 2006 o estado de Santa Catarina constatou 1,9 mil
novos diagnósticos de aids, sendo 75% desses entre as idades de 25 a 49
anos. O cálculo de incidência de aids por habitantes indicou o Estado
com 33 casos para cada 100 mil habitantes no ano de 2005, destacando-
o como o primeiro do país em incidência.
As características das vias de transmissão do vírus da aids
(contato sexual, sangue e leite materno) ressaltam a influência dos
comportamentos das pessoas na disseminação da pandemia. Em
decorrência, desde que foram identificadas as formas de transmissão,
8
grupos específicos de indivíduos foram vítimas tanto dos efeitos
biológicos da aids, quanto dos preconceitos estigmatizados a partir da
caracterização da doença (Barbará, Sachetti & Crepaldi, 2005).
Surgiram nesse contexto as noções de grupos de risco, comportamentos
de risco e fatores de vulnerabilidade (Mann et al., 1993). Em busca de
soluções para os problemas decorrentes da doença, o mundo envidou
esforços na concretização de estratégias para deter o aumento no número
de pessoas infectadas por HIV.
A adoção de práticas sexuais preventivas, de forma a reduzir as
probabilidades de contato com o HIV, apresenta-se como uma dessas
estratégias (Camargo & Botelho, 2007). Ao encontro dela, os modelos
de previsão de comportamento (Stroebe & Stroebe, 1995) evidenciam os
determinantes cognitivos dos comportamentos, como: conhecimento,
crenças, normas subjetivas, percepção de risco, atitudes, representações
sociais (Ajzen, 2001; Paicheler, 1999; Wachelke & Camargo, 2007).
Destacam-se no Brasil as ações de práticas preventivas ao contágio por
HIV que salientam o fornecimento de informações científicas à
população (Ministério da Saúde Brasil, 2008), fundamentadas na idéia
de que empossadas das informações as pessoas passem a agir de forma
mais segura frente às vias de transmissão do vírus. Contudo, levando-se
também em conta o grau de complexidade da epidemia, nota-se que o
número de pessoas infectadas por ano aumentou nos últimos cinco anos.
Nessa busca de ferramentas capazes de modificar o cenário atual
da pandemia, diversos campos da ciência têm demonstrado relevância.
Na área psicológica entende-se como uma grande importância o
conhecimento produzido a fim de guiar ações preventivas, sobretudo no
domínio de previsão e modificação de comportamentos. Em modelos de
explicação do comportamento (Stroebe & Stroebe, 1995) o
conhecimento que as pessoas possuem sobre um objeto mostra-se uma
variável interveniente essencial, mas não é única (Ajzen, 2001).
O conhecimento aceito como verdadeiro sobre a aids é produto de
especialistas e dito conhecimento científico. A apropriação desse
conhecimento proporciona a construção de um conhecimento de senso
comum - as representações sociais (Moscovici, 2003); e as
representações fornecem elementos de caracterização de como grupos
de pessoas pensam e agem diante da aids. Nesse processo, destaca-se o
papel da ciência de um lado - como fornecedora de conhecimento; e das
representações sociais do outro - como denotativa do conhecimento que
as pessoas de fato compartilham sobre a aids. Como mediador dos dois
âmbitos aparecem os meios de comunicação de massa (Jodelet, 2001).
9
As representações sociais são caracterizadas como o
conhecimento elaborado socialmente e partilhado entre as pessoas, com
um objetivo prático, que convergem para a construção de uma realidade
comum a um grupo social (Jodelet, 2001). A partir das representações se
acessa a forma como as pessoas compreendem o fenômeno e os
elementos que utilizam para orientar e justificar suas ações (Rouquette,
1998). Quando o objeto de representações sociais é a aids, diferentes
grupos demonstram elementos valorativos como principais marcos
caracterizadores; e apontam componentes emocionais ligados à morte
como elementos principais dessa representação (Morin & Vergès, 1992;
Tura, 1998; Jodelet, 2001; Castanha & Araújo, 2006; Camargo, Barbará
& Bertoldo, 2007).
Identificar o conhecimento das pessoas sobre aids e verificar o
quanto esse conhecimento aproxima-se do científico permite localizar
um fator caracterizador de vulnerabilidade frente ao HIV. Bem como,
compreender as representações fornece dados sobre as práticas sociais,
justificativas de ações e tomadas de posição depois que elas foram
realizadas. Certamente, muitos fenômenos são ingredientes dessa
complexa trama entre cognições, emoções e comportamentos; não
obstante, nessa pesquisa temos o interesse em responder: quais as
relações entre as representações sociais da aids e níveis de
conhecimento científico sobre HIV e aids de pessoas maiores de 18
anos de idade?
10
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral: verificar as relações entre as representações
sociais da aids e os níveis de conhecimento científico sobre HIV/aids de
pessoas maiores de 18 anos de idade.
2.2 Objetivos Específicos
- Construir um teste para avaliação do conhecimento científico
sobre HIV e aids para pessoas maiores de 18 anos de idade;
- Caracterizar os níveis de conhecimento científico sobre
HIV/aids dos participantes;
- Caracterizar as representações sociais da aids dos participantes;
- Caracterizar as relações entre as representações sociais da aids e
níveis de conhecimento científico sobre HIV/aids.
11
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Aids e vulnerabilidade
A aids foi divulgada em 1981, quando o Centers for Disease
Control, um órgão governamental americano com função de vigilância
epidemiológica, anunciou uma doença que atacava homens
homossexuais até então saudáveis (Mann et al., 1993). Primeiramente
foram notificados cinco casos de pneumonia em Los Angeles (EUA),
posteriormente, 26 casos de Sarcoma de Kaposi, alguns inclusive com
pneumocystis carinii, em Nova York e na Califórnia (EUA). No mesmo
ano foram detectados mais 159 casos daquelas doenças e de outras
infecções oportunistas relacionadas, sempre associadas a uma
importante dificuldade do sistema imunológico. O fato de não haver
uma doença básica imunodepressora, de um grupo jovem de pessoas ser
atingido e de um número elevado de casos registrados em pouco tempo
levou as autoridades específicas a pensar em uma nova doença
(Camargo Júnior, 1994). Essa nova doença chamou-se AIDS,
abreviatura da expressão inglesa Acquired Immunodeficiency Syndrome,
equivalente em português à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
(SIDA) (Brasil, 1987).
O agente etiológico da síndrome foi descoberto em 1983, Luc
Montagnier e colaboradores do Instituto Pasteur de Paris (França)
conseguiram isolar um vírus, ao qual denominaram Limphadenopathy
Associated Vírus (LAV). Na mesma época, Roberto Gallo e
colaboradores do Instituto Nacional do Câncer de Bethesda, nos EUA
também isolaram o causador e denominaram Human T-Cell
Lymphotropic Vírus HTLV-III (Buchalla, 1995). A descoberta gerou
controvérsias entre os descobridores, mas ambos contribuíram no
avanço do entendimento sobre a nova doença. A Organização Mundial
de Saúde (WHO) unificou e universalizou o nome do vírus para HIV
(Ministério da Saúde, 1987), até agora sem vacina disponível para a
população geral.
A partir de então, iniciaram os estudos sobre o vírus e sua forma
de contágio, verificaram que era um vírus que se alojava em células
sanguíneas e necessitava delas para replicação. Identificaram os meios
de transmissão do HIV: o sangue, o esperma, a secreção uretral e
vaginal e o leite materno (Ministério da Saúde, 2003). E,
consequentemente, os comportamentos que permitiam o contágio:
relação sexual com penetração anal, vaginal ou oral, sem preservativo,
com pessoas infectadas; contato sanguíneo com sangue infectado,
através de transfusões ou pelo uso de seringas e agulhas compartilhadas
12
ou materiais perfuro-cortantes; contato sanguíneo da mãe infectada com
seu filho, durante a gestação e/ou parto; e ingestão de leite materno de
mulheres infectadas por neonatos (Ministério da Saúde, 2003). Também
constaram que esse vírus era bastante semelhante a um vírus que
causava a Síndrome da Imunodeficiência Símia (SIV), encontrado em
macacos verdes africanos, supôs-se, então, que o HIV teria origem
geográfica africana (Buchalla, 1995).
A forma de evolução do HIV e da aids no organismo foi
pesquisada e descrita ao longo do tempo através observação dos quadros
clínicos e exames laboratoriais dos indivíduos que apresentaram a
doença. Atualmente, sabe-se que a partir da contaminação pelo HIV
ocorre um período de soroconversão ou fase aguda, inicia-se entre 5 dias
e 3 meses a partir do momento da infecção. Nesta fase acontece uma
intensa replicação viral que incide na soroconversão, ou seja, os exames
laboratoriais passam a apontar a presença do vírus no organismo, ao
passo que as pessoas apresentam sintomas físicos parecidos com os de
uma gripe por, em média, uma semana. Depois, no período de portador
do HIV, de duração de 2 a 10 anos, em média 5 anos, a pessoa não
manifesta sintoma físico evidente e ocorre a destruição gradual do
sistema imunológico. No último período inicia-se a doença, quando
surgem os primeiros sintomas que sugerem falência do sistema
imunológico e a manifestação do conjunto de doenças que ocorrem
em decorrência do processo da aids até a morte. (Ministério da Saúde,
2003)
A preocupação com a nova doença, de proporções epidêmicas,
revelou muitos estudos nas mais variadas ciências. Relacionado à
psicologia, inicialmente o foco das pesquisas esteve ligado aos grupos
de pessoas que manifestavam as doenças, posteriormente aos
comportamentos capazes de transmitir/contrair o vírus. No âmbito da
psicologia social (Farr, 1998), notamos que o marco teórico inicial
esteve fortemente influenciado pela escola americana de psicologia
social, com uma tendência individualizante na responsabilização pela
propagação da epidemia. A primeira modalidade de relação dos
indivíduos com a aids foi através da determinação de grupos de risco
(Ayres, França, Calazans & Saletti, 1999). A principal característica
desse modelo foi a atribuição de causalidade à doença a certos grupos
sociais (homossexuais, usuários de drogas e profissionais do sexo). A
nomeação dos grupos de risco e a identificação da epidemia nesses
grupos afastavam a aids do cotidiano da maioria das pessoas e a
associava a promiscuidade, drogas e homossexualidade. Esse modelo
serviu de motivo e justificava para a discriminação social (e seu reflexo
13
ecoa ainda hoje), consequentemente estimulava o preconceito e a
segregação dos grupos alvos.
Uma segunda forma de compreender a transmissão do vírus e a
aids, construída principalmente a partir de movimentos sociais dos
grupos discriminados pelo primeiro modelo, foi através da idéia de
comportamentos de risco, ou práticas de risco (Seffner, 1998). As
estatísticas epidemiológicas começaram a revelar que a doença atingia
indivíduos não pertencentes aos grupos de risco, ampliando a
possibilidade de contágio e aproximando a aids de todas as pessoas.
Percebeu-se que a doença atingia a todos que adotavam comportamentos
de risco, como manter relações sexuais sem o uso do preservativo,
compartilhar seringas, receber transfusão de sangue não testado etc, e
focaram esforços no estudo das variáveis relacionadas a esses
comportamentos.
Os avanços sobre o entendimento da doença e do vírus
continuaram, e foi introduzido, a partir dos trabalhos da Coalização
Global de Políticas contra a AIDS, em 1992, o termo vulnerabilidade,
com o intuito de dar uma resposta social à epidemia (Mann et al., 1993).
Na área dos direitos humanos, de onde provém o termo, ele dignava
grupos de indivíduos fragilizados na promoção, proteção ou garantia de
seus direitos de cidadania, tanto politicamente como juridicamente
(Ayres et al., 1999). Mann et al. (1993), ao inaugurar o uso desse termo
na área da saúde, consideram importante analisar a comunidade, além de
fatores nacionais e internacionais, que poderiam influenciar a
vulnerabilidade de indivíduos ao HIV ao longo de suas vidas.
Através de uma análise ampla de dados epidemiológicos do
mundo inteiro sobre a aids, percebeu-se que certas características de
grupos e sociedades (como economia, nível de educação, produto
interno bruto etc) influenciavam na propagação ou não do agravo. Mann
et al. (1993) sugeriram que existiriam forças, fatores e influências
capazes de distinguir, sustentar ou acelerar o progresso da epidemia da
aids pelo mundo. Apesar de o comportamento individual ser o
determinante final da vulnerabilidade à infecção, ele não está
desconectado do meio onde esse indivíduo está inserido. Este termo
aponta para um conjunto de fatores, de níveis e magnitudes distintos,
cuja interação amplia ou reduz as possibilidades de uma pessoa se
infectar com o HIV.
Mann et al. (1993) conceberam um modelo de vulnerabilidade
composto por três planos de determinação em interação e,
consequentemente, indicativos de maior ou da menor vulnerabilidade do
indivíduo e da coletividade. Os planos são: vulnerabilidade individual
14
(referente ao comportamento pessoal); vulnerabilidade social (relativo
ao contexto social) e vulnerabilidade programática (concernente aos
programas de combate à doença, no caso a aids).
De acordo com Mann et al. (1993), a vulnerabilidade individual
envolve tanto a dimensão cognitiva quanto a comportamental. Fatores
cognitivos estão relacionados ao acesso às informações necessárias
sobre HIV/aids, sexualidade, e à rede de serviços, para a redução da
vulnerabilidade à infecção pelo HIV. Os fatores comportamentais
podem ser analisados dentro de duas categorias: características pessoais,
o que inclui desenvolvimento emocional, percepção de risco e atitudes
em relação a esse possível risco; e habilidades pessoais, como a
habilidade de negociar práticas de sexo seguro e saber usar o
preservativo.
O conceito de vulnerabilidade social é construído a partir da
premissa de que os fatores sociais m uma forte influência tanto na
vulnerabilidade pessoal quanto na programática. A análise da
vulnerabilidade reconhece que grandes temas contextuais, como
estrutura governamental, relações de gênero, atitudes em relação à
sexualidade, crenças religiosas e pobreza, influenciam a capacidade de
reduzir a vulnerabilidade pessoal ao HIV, tanto diretamente quanto
mediada através dos programas. A vulnerabilidade social inclui tanto a
vulnerabilidade à doença, quanto a vulnerabilidade ao impacto
socioeconômico provocado pela aids. (Mann et al.,1993)
A vulnerabilidade programática diz respeito às contribuições dos
programas de HIV/aids na redução da vulnerabilidade pessoal e social.
A vulnerabilidade programática é definida através dos três principais
elementos de prevenção identificados pela WHO: informação e
educação; serviços sociais e de saúde; não discriminação das pessoas
portadoras de HIV/aids. Os esforços para diminuir a vulnerabilidade
programática envolvem principalmente a viabilidade e acessibilidade a
esses três componentes, sua qualidade e conteúdo, e o processo através
do qual esses elementos são desenhados, implementados e avaliados.
(Mann et al.,1993)
Kalipeni (2000) destacou que Watts e Bohle, em 1993,
propuseram uma estrutura tripartite para constituir uma teoria sobre a
vulnerabilidade, semelhante à proposta por Mann et al. (1993), que
consiste em entitlement, empowerment e política econômica. A
vulnerabilidade é determinada na intersecção desses três pontos, sendo
que entitlement refere-se ao direito das pessoas; empowerment, o
empoderamento, que se refere à sua participação política e institucional;
e a política econômica, se refere à organização estrutural-histórica da
15
sociedade e suas decorrências. Assim, a vulnerabilidade às doenças e
situações adversas da vida distribui-se de maneira diferente segundo os
indivíduos, regiões e grupos sociais e relaciona-se com a pobreza, com
as crises econômicas e com o nível educacional. Ao dividir em fatores a
vulnerabilidade, acrescenta, ainda, que a vulnerabilidade depende do
local e do clima, restringindo-se, portanto, à dimensão geográfica.
Delor e Hubert (2000), também influenciados pelo modelo
proposto por Mann et al. (1993), apresentaram uma matriz heurística,
construída a partir de pesquisa realizada com pessoas portadoras do
HIV/aids, na Bélgica, em 1997. Os resultados da pesquisa foram
analisados sob três dimensões: trajetória social, interação e contexto
social. A trajetória social referia-se às diferentes etapas que as pessoas
atravessavam no ciclo da vida, assim como os comportamentos adotados
nesse ciclo. A dimensão concernente à interação referia-se à relação
entre os indivíduos e o contexto social e incorporava os fatores
econômicos, políticos e culturais, numa dada sociedade, assim como as
várias maneiras de atuação e de relação entre os indivíduos. Esses níveis
podiam ser analisados desde dois ângulos, objetiva e subjetivamente (o
que os autores denominaram como dimensão sócio-simbólica). A
análise final que apresentaram propunha a construção de processos de
identidade e de vulnerabilidade dos indivíduos estudados.
Com uma proposta de transpor o modelo original (Mann et al,
1993; Mann e Tarantola, 1996) de vulnerabilidade, Ayres et al. (1999)
propõem uma unidade de análise constituída do indivíduo-coletivo.
Nessa perspectiva, sugerem a operacionalização dos estudos sobre o
tema através da vulnerabilidade individual como se referindo ao grau e à
qualidade da informação que os indivíduos dispõem sobre os problemas
de saúde, sua elaboração e aplicação na prática; a vulnerabilidade social
como uma avaliação da obtenção das informações, o acesso aos meios
de comunicação, a disponibilidade de recursos cognitivos e materiais, o
poder de participar de decisões políticas e em instituições; e a
vulnerabilidade programática consistindo na avaliação dos programas
para responder ao controle de enfermidades, além do grau e qualidade
de compromisso das instituições, dos recursos, da gerência e do
monitoramento dos programas nos diferentes níveis de atenção.
Paris (1999) apresenta também uma nova perspectiva de estudo
da vulnerabilidade à aids, a qual descreveu como uma abordagem
psicossocial. Propõe uma decodificação do conceito em vulnerabilidade
relacionada aos fatores estruturais da sociedade, que se refere à
desigualdade de renda, educação e de acesso aos serviços;
vulnerabilidade relacionada aos aspectos fisiológicos e decorrentes das
16
relações de gênero na sociedade e a vulnerabilidade na esfera da
significação, que integra o conceito de risco e a maneira como se
expressa, no imaginário social, além de seus diferentes significados
através da história. Na mesma linha, Palma e Mattos (2001) definem o
conceito de vulnerabilidade social associando aos processos de
discriminação, exclusão ou enfraquecimento dos grupos sociais e da
suas capacidades de reação.
A partir de diversos ângulos a vulnerabilidade frente ao HIV pode
ser compreendida, em linhas gerais, como uma função de dois sistemas
em interação (o indivíduo e o ambiente), assim supõe-se a seguinte
expressão matemática:
Vg = f(Vi+Va)
Onde:
Vg = Vulnerabilidade
Vi = Vulnerabilidade individual
Va= Vulnerabilidade ambiental
Mann et al. (1993) decompõem a vulnerabilidade ambiental em
dois fatores: um relativo ao contexto social, cultural, grupal em que os
indivíduos estão inseridos e outro relacionado aos programas de
combate à aids que estão disponíveis a ele. Assim, propõem três
componentes da vulnerabilidade: vulnerabilidade pessoal (Vo);
programática (Vp) e vulnerabilidade social (Vs), substituindo na de
cima teríamos:
Vg = f(Vo+Vs+Vp)
A avaliação da Vs e da Vp foi formulada pelos autores citados
acima através de uma série de variáveis concernentes às essas
vulnerabilidades, e criaram um sistema de pontuação para cada variável
e suas formas de interação entre si, a fim de preverem a vulnerabilidade
de nações. Por exemplo, consideraram importantes fontes de informação
sobre a Vs o índice de desenvolvimento humano dos países; despesas de
saúde em relação ao produto interno bruto dos países etc. Sobre a Vp
avaliaram, por exemplo, a expressão de compromisso dos programas de
combate a aids; o planejamento desses programas etc. Calcularam então,
através de todas as variáveis pensadas, a vulnerabilidade social e
programática de vários países.
Porém, ao tratar da vulnerabilidade pessoal (Vo), Mann et al.
(1993) e Mann e Tarantola (1996) não se propuseram a criar um sistema
de pontuação, apenas destacaram a relação entre as cognições e
comportamentos com as vulnerabilidades sociais e programáticas.
Consideram a vulnerabilidade pessoal função da relação entre indivíduo
17
e o meio social, e indivíduo e programas de combate à aids. Supomos
então:
Vo = f(In(So+Po))
Onde:
Vo = Vulnerabilidade pessoal
In = Cognições e comportamentos individuais
So = Meio social, grupos, sociedades, cultura
Po = Atuação do programa de combate à aids
Como a vulnerabilidade também é dependente dos
comportamentos das pessoas, e esse, como destacou Ajzen (2001), é
função também de uma série de variáveis, a avaliação da
vulnerabilidade pessoal também sugere uma teia maior de variáveis
envolvidas em sua determinação. Considera-se que avaliar os níveis de
conhecimento científico sobre HIV/aids da população e relacionar com
o conhecimento de senso comum é um passo para destrinchar os fatores
envolvidos na vulnerabilidade frente a esse vírus.
3.2 Tipos de conhecimento e Representações Sociais
Não pretendemos, nesta seção, adentrar na abrangente discussão
sobre aquisição (tampouco processamento) de conhecimento pelo ser
humano. Mas sim apresentar uma sistematização sobre a produção do
conhecimento, desde o conhecimento científico ao de senso comum.
Para tanto se considerou por conhecimento, de forma geral, o processo
em que as pessoas apropriam-se de um objeto, elemento da realidade, a
ser conhecido e o transformam em conceitos. Tal como sugere Popper
(1975) esses conceitos não são os objetos em si, mas formas de
representá-los. As diferenças entre como o conhecimento é produzido,
os elementos que o constituem e a forma como se organiza a produção
desse conhecimento, sugerem formas de sistematizá-lo que agregam
características próprias capazes de definir tipos de conhecimento
(Galliano, 1979). Dentre essas sistematizações quatro tipos de
conhecimento ganham destaque: o conhecimento religioso; o
conhecimento filosófico; o conhecimento científico; e o conhecimento
de senso comum (Galliano, 1979; Lakatos & Marconi, 2006).
O conhecimento religioso pressupõe um ser que conhece tudo e
sabe sobre todas as questões que possam existir. Dessa maneira, o
desafio do conhecimento colocado para as pessoas não é o de conhecer e
produzir verdades sobre o mundo, mas sim compreender uma verdade já
existente, revelada, concedida. O homem é menos produtor desse
conhecimento, na medida em que não pratica experimentações ou busca
18
novas formulações, apenas busca compreender cada vez mais um corpo
de conhecimentos que lhe é apresentado sistematizado, com regras,
hierarquias e leis. É um conhecimento que não permite a verificação,
não permite ser posto à prova, pois vem da transcendência. Representa
uma forma de conhecimento que evolui muito lentamente e tende a ser
estacionário. Tem como principais características ser apoiado na fé, em
proposições sagradas e indiscutíveis; ser valorativo, inspiracional,
sistemático, não verificável, infalível e exato (Galliano, 1979; Lakatos &
Marconi, 2006).
O conhecimento filosófico apresenta-se como uma forma de
conhecimento que fornece condições de avaliar as demais formas de
conhecimento. Produz conceitos sobre a natureza e os limites das
diferentes manifestações do conhecimento humano e sobre como
ocorrem as construções da realidade realizadas pelas pessoas. De modo
geral, através de pressupostos, axiomas, e de forma lógica ocupa-se com
o que podemos conhecer e como conseguimos conhecer. É valorativo,
racional, sistemático, não verificável, infalível e exato (Galliano, 1979;
Lakatos & Marconi, 2006).
por conhecimento científico entende-se um processo de
acúmulo de informações sobre a natureza e de ações que possam
transformá-la, caracterizado como um conhecimento racional,
sistemático, exato e verificável da realidade (Galliano,1979). Podem-se
inferir dois pressupostos marcos-definidores desse tipo de
conhecimento, destacados por Galliano (1979), Laville e Dionne (1999)
e Castañon (2004): (1) Existe um mundo (objetivo), independente de
nossa consciência (subjetividade) e (2) é possível representar de forma
confiável esse mundo real. O conhecimento científico parte desses
axiomas para se fundamentar e construir métodos de investigação da
realidade que postula.
Entre suas características apontam-se: é racional e objetivo
(compõe-se de conceitos, julgamentos e raciocínios ordenados
logicamente e busca retratar a realidade conforme pode ser observada); é
factual e transcende os fatos (lida com ocorrências e fatos da realidade,
explica-os e os relaciona com outros explicados); é contingente (a
veracidade ou falsidade do conhecimento produzido pode ser conhecida
através da experiência); é analítico (decompõe o fato em partes para
estudá-lo); é sistemático (ordenado logicamente num sistema de idéias),
é metódico (segue etapas, normas e técnicas); é comunicável (propõe-se
a ser divulgado); é verificável (pode ser comprovado pela experiência ou
demonstração), é falível (não é definitivo, absoluto); é aproximadamente
exato (novas descobertas podem reformular o acervo de idéias
19
existentes); busca e aplica leis (descreve modelos e leis que explicam o
funcionamento dos fenômenos e da natureza); pode fazer predições
(infere a partir das leis que formula) (Lakatos & Marconi, 2006; Laville
& Dionne, 1999).
Conhecimento de senso comum é um conhecimento produzido
através da experiência e é superficial, sensitivo, subjetivo, assistemático,
acrítico, valorativo, reflexivo, verificável, falível e inexato. É um
conhecimento sem foco específico, de modo que procura dar conta de
situações concretas vividas pelas pessoas (Galliano, 1979; Lakatos &
Marconi, 2006). É um conhecimento produzido no cotidiano, através da
interação das pessoas, com a intenção de tornar familiar aquilo que
ainda não é (Moscovici, 2003). Jodelet (2001) destaca que o senso
comum é uma forma de conhecimento do mundo construída a partir de
conjuntos de significados, que permitem dar sentido aos fatos novos ou
desconhecidos, formando um saber compartilhado geral e funcional para
as pessoas. Esse tipo de conhecimento foi alvo de estudo de Moscovici,
que elaborou a teoria das representações sociais. Tal teoria tem o
conhecimento de senso comum como objeto de estudo; ou seja, os
conceitos, as afirmações e explicações originadas no cotidiano, no
decurso de interações e comunicações entre as pessoas (Moscovici,
1981).
Os tipos de conhecimento descritos apontam uma forma de
sistematização sobre a produção de conhecimento. Isso implica que
outros epistemólogos podem identificar outros tipos de conhecimento. A
despeito da sistematização adotada, Moscovici (2003) apontou relações
entre tipos de conhecimento e a construção do senso comum, sobretudo
de sua formação a partir do conhecimento científico.
Moscovici (1981) sistematiza a compreensão do desconhecido, a
produção e apreensão de conhecimento, em dois universos distintos:
consensual e reificado. No consensual a sociedade se vê como um grupo
feito de indivíduos que são de igual valor, em que cada indivíduo é livre
para se comportar e verbalizar suas opiniões, apresentar suas teorias e
suas respostas para os problemas. O universo reificado corresponde ao
conhecimento científico, e as pessoas desse universo são selecionadas e
qualificadas para elaborar idéias e conceitos. A participação de cada
ocupante deste universo é estabelecida por uma ordem hierárquica,
ordem esta que é estabelecida de acordo com os méritos, qualificação e
competência profissional, bem como papéis e classes a que pertence.
Enquanto as representações sociais constituem o modo de conhecimento
que equivale aos universos consensuais, o conhecimento científico é o
modo de conhecimento que corresponde ao universo reificado. Este
20
tenta construir um mapa de forças, objetos e eventos e se propõe a
permanecer imune aos desejos da sociedade em geral. Aquele explica as
coisas e eventos de forma que sejam acessíveis a cada um e relevantes
ao interesse imediato dos indivíduos.
Nesse ambiente consensual emergem os fenômenos estudados
cientificamente e conceituados como representações sociais. Definidas
por Jodelet (2001) como uma forma de conhecimento elaborada
socialmente e partilhada entre as pessoas, que convergem para a
construção de uma realidade comum a um grupo social; além disso,
possuem um objetivo prático. As representações sociais são sempre
representações de alguma coisa (objeto) e realizadas por um grupo de
pessoas (sujeitos), e manifestam características dos sujeitos e do objeto.
As representações sociais estabelecem relações de simbolização
(substituindo o objeto) e de interpretação (conferindo-lhe significações)
entre sujeito e objeto. Estas significações resultam de uma atividade que
faz das representações uma construção e uma expressão das pessoas.
De acordo com Wagner (1998), representação social é, ao mesmo
tempo, um conteúdo mental estruturado e conscientemente
compartilhado com outros membros do grupo social (que apresenta
aspectos cognitivos, avaliativos, afetivos e simbólicos sobre um
fenômeno social relevante e capaz de assumir formas metafóricas ou
imagéticas) e um processo público de criação, mudança, elaboração e
difusão e do conhecimento compartilhado. Para Doise (2001) as
representações sociais embasam e norteiam posicionamentos específicos
diante de objetos em relações sociais, e organizam os processos
simbólicos que intervêm nessas relações. Abric (2001) ressalta que as
representações explicam a realidade, orientam práticas sociais e
justificam tomadas de posição depois que elas foram tomadas, além de
definirem a identidade dos grupos. De acordo com revisão de Wachelke
e Camargo (2007) as representações sociais são concebidas teoricamente
como processos de grupos sociais que resultam em teorias do senso
comum, elaboradas e partilhadas socialmente, que têm por funções
explicar aspectos relevantes da realidade, definir a identidade grupal,
orientar práticas sociais e justificar ações e tomadas de posição depois
que elas são realizadas.
As representações sociais formam-se a partir da comunicação e
integram o conhecimento comum e compartilhado por determinados
grupos sociais (Moscovici, 1981). Ao se formarem, dois processos
ganham destaque, conforme lembra Vala (1996): objetivação e
ancoragem. Por objetivação considera-se o processo através do qual um
objeto desconhecido torna-se conceito, ganha forma de idéias e imagens
21
concretas. A ancoragem é um processo em que as novas informações
sobre um objeto são agrupadas e classificadas em estruturas pré-
existentes (Moscovici, 1981).
Moscovici (1981) propõe que existem três dimensões sob as
quais os conteúdos de uma representação podem se organizar: a
informacional, a atitudinal, e a de campo. A dimensão informacional
refere-se à quantidade e à qualidade de conhecimento que o grupo
possui a respeito de um determinado objeto social, a tudo aquilo que o
sujeito conhece acerca do objeto da representação. A atitudinal
relaciona-se à tomada de posição frente ao objeto socialmente
representado, quer seja favorável, quer desfavorável, quer neutra. A
dimensão do campo remete aos conteúdos concretos e limitados das
proposições e imagens de um determinado objeto de representação, o
que implica uma organização subjacente de elementos capazes de ter
caráter ordenado, estruturado e hierarquizado, tal como sugerido por
Abric (1998).
Esses elementos que constituem as representações sociais
organizam-se em volta de uma estrutura específica, hierarquizados e
com um núcleo central (Abric, 1998). Em torno deste núcleo organizam-
se elementos periféricos. O núcleo central singulariza a representação e
a individualiza. Possui uma função geradora, pois é a partir do núcleo
central que se cria ou se transformam os significados dos outros
elementos da representação; e uma função organizadora que determina a
natureza da conjunção entre os elementos da representação, garantindo
unidade e estabilidade ao núcleo (Abric, 1998). Os elementos periféricos
organizam-se em torno do núcleo central e descrevem os elementos mais
concretos, acessíveis e cotidianos. Os elementos periféricos têm função
de prescritores de comportamentos, indicam como as pessoas agem
espontaneamente em um determinado contexto (Flament, 2001).
3.3 Representações sociais da aids
As representações sociais sobre a aids, em diferentes grupos,
demonstram elementos normativos como principais marcos
caracterizadores; e apontam componentes emocionais ligados à morte
como elementos centrais dessa representação (Castanha & Araújo, 2006;
Camargo et al., 2007; Jodelet, 2001; Morin & Vergès, 1992; Tura,
1998). Há mais elementos que constituem as representações sobre a aids
(Camargo, 2000) e podem modificar-se de acordo com o grupo de
pessoas estudado (Wagner, 1998; Sá, 1998) e a época de realização do
estudo.
22
Em uma pesquisa com adolescentes, Tura (1998) encontrou como
elementos centrais da representação social da aids: morte, sexo,
camisinha e doença. Ora aids era associada com camisinha, ora com
doença capaz de matar, alternando a noção de doença mortal com a
noção de prevenção. Madeira (1998) realizou uma pesquisa com um
grupo de pessoas de nove a 22 anos de idade e apontou os elementos
morte e prevenção associados à representação social da aids na maior
parte das entrevistas realizadas. Verificou que o grupo temia a aids pela
possibilidade da morte, porém, consideravam-se imunes a ela,
colocando-a sob a alçada do outro. Enquanto a prevenção (o uso do
preservativo) estava relacionada à desconfiança, e servia como um
objeto de proteção contra o grupo do qual julgavam não pertencer.
Em outro estudo realizado com estudantes do ensino médio,
Camargo et al. (2007) demonstraram que a representação social da aids
era formada pelos elementos: morte, doença, sexo, preservativo, tristeza,
prevenção, medo e sofrimento. Quando realizaram o teste de
confirmação do núcleo central, a partir da marcação dos elementos que
os adolescentes consideravam os mais importantes, constataram a
centralidade de todos, exceto tristeza. Além desses, foi confirmada a
centralidade de elementos que apareceram como situados no sistema
periférico: preconceito, irresponsabilidade e descuido. Também
encontraram relações entre os elementos constituintes das representações
sociais sobre a aids e o conhecimento cienfico dos participantes,
constataram que aqueles com mais conhecimento científico apresentavam
mais frequentemente o elemento sangue em suas representações, enquanto
os com menos conhecimento salientavam mais frequentemente o
elemento tristeza. Destaca-se esse estudo por ter sido o único encontrado
que relacionou diretamente as representões sociais e o conhecimento
científico acerca da aids.
Flores-Palacios e Leyva-Flores (2003) analisaram as
representações sociais da aids em um grupo de estudantes do ensino
médio, com idades entre 16 e 23 anos, residentes da Cidade do México.
O método empregado envolveu três fases distintas, sendo a primeira
delas a aplicação da técnica de associação livre (46 estudantes), visando
investigar a dimensão informativa da representação social. No que se
refere a esta dimensão, os autores verificaram que a representação social
da aids desta população inclui no núcleo central três elementos: morte,
doença e sexo. Em relação aos elementos periféricos, foram evocadas as
seguintes palavras: baixa auto-estima, sofrimento, hospitais, sangue,
tristeza, homossexuais, imunodeficiência, preocupação, terror,
adolescência, degenerados, degradação, parceiro, ignorância.
23
Camargo (2000), em um grupo de universitários, encontrou como
elementos centrais da representação social da aids: sexo e prevenção, o
que caracterizou a relação da aids com a noção de prevenção sexual.
Thiengo, Oliveira, Rodrigues e Benedita (2002) chegaram às mesmas
conclusões ao pesquisarem adolescentes. Ao comparar as representações
do grupo de homens e do grupo de mulheres, Camargo (2000) observou
que para os homens a aids aparecia como uma doença temível que
deveria ser prevenida e estava ligada ao sexo e ao uso de drogas. Para as
mulheres, estaria ligada ao sexo e à morte, devendo ser prevenida por
meio da adoção do uso de preservativo. O autor também destacou que
tanto para homens quanto para as mulheres a noção de doença mortal
dava espaço a de prevenção sexual.
Palacios e Alba (2006) estudaram as representações sociais de
jovens universitários mexicanos a cerca da aids e o impacto dos meios
de comunicação na construção destas representações. Participaram da
pesquisa 400 estudantes de uma universidade pública, divididos entre
cursos de engenharia, saúde, ciências sociais, a maioria mulheres, entre
17 e 25 anos e solteiros. Foi aplicado um questionário auto-
administrado, contendo questões fechadas e abertas, as quais foram
analisadas de forma quantitativa e qualitativa (análise hierárquica
descendente), respectivamente. Esta última análise resultou em duas
dimensões que compõem as representações sociais da aids para o grupo
estudado. A primeira dimensão foi a predominante entre os discursos do
grupo, sendo denominada ‘conhecimento do senso comum’, uma vez
que trouxe à tona temores e mitos despertados pela doença. Esta
dimensão, por sua vez, dividiu-se em duas classes: 1) formas de
contágio, que incluiu 58% do texto analisado (sexo desprotegido,
transfusão de sangue e utilização de objetos cortantes contaminados) e
2) formas de prevenção, que fez parte de 16% do texto (utilização do
preservativo, especialmente com desconhecidos, cuidado ao receber
sangue de um doente).
Por sua vez, a segunda dimensão das representações sociais dos
estudantes no estudo de Palacios e Alba (2006) correspondeu a um
discurso mais racional e científico sobre a doença e por isso foi
denominada ‘conhecimento especializado’. Esta dimensão incluiu
somente uma classe, ‘danos causados pelo HIV’, que esteve presente em
26% do texto analisado. Nesta classe, os estudantes forneceram
explicações sobre os mecanismos de funcionamento da doença,
reconhecida como mortal e incurável.
O estudo de Brasileiro e Freitas (2006) teve como foco pessoas
com idade acima de 50 anos, portadoras de HIV. Suas representações
24
sociais da aids foram investigadas através de uma entrevista aberta, em
profundidade, sendo os dados analisados através de uma análise do
discurso. Os resultados indicaram que para o este grupo o núcleo central
da representação social é marcado pela relação estreita entre a aids e a
morte, vivida como uma ameaça constante. Acompanhando seus
discursos sobre essa relação os autores verificaram a presença de
estratégias de enfrentamento, tais como o desafio, o heroísmo e a
esperança da cura. Por sua vez, o sistema periférico incluiu a idéia de
que os médicos tendem a não desconfiar que um idoso possa ser
soropositivo e a relação que os participantes estabeleceram entre a aids e
o câncer, considerando este último como uma doença que mata mais
rapidamente, mas por outro lado é mais aceita socialmente.
A variável sexo e sua relação com as representações sociais da
aids foi também explorada no estudo de Azevedo, Fonseca, Coutinho e
Saldanha (2006), o qual teve como objetivo apreender as representações
sociais das adolescentes do sexo feminino acerca da sexualidade e da
aids. Participaram deste estudo 110 adolescentes, com idade entre 12 e
19 anos, as quais responderam a questões de associação livre com
diferentes termos indutores, sendo um deles com o termo ‘aids’. Uma
análise fatorial de correspondência diferenciou as representações sociais
em três grupos combinados quanto à idade e ao tipo de escola. Para as
adolescentes com idades entre 12 a 14 anos (independente da escola), a
aids ligou-se aos termos ruim e camisinha. Para aquelas de 18 e 19 anos
e que frequentam a escola pública a aids relacionou-se ao descuido,
arrependimento e ao preconceito. Já para as adolescentes de escolas
privadas, somente o elemento ‘doença’ emergiu como associado à aids.
Por outro lado, Andrade e Nóbrega-Therrien (2005) analisaram as
representações sociais sobre a sexualidade de homens que se identificam
como heterossexuais. Através de uma entrevista semi-estruturada e uma
análise de conteúdo, os autores verificaram que aids aparece vinculada
às suas representações sociais da sexualidade e ligada à morte. Apesar
disso, e embora se percebessem como vulneráveis à doença, os homens
pesquisados pareciam desvincular a aids do seu cotidiano real.
Giacomozzi e Camargo (2004) realizaram uma pesquisa com o
objetivo de verificar como as mulheres com relacionamento fixo
elaboram suas representações sociais sobre aids e se isso tem
repercussão nas suas práticas de prevenção à doença. Os dados foram
coletados através de entrevistas semi-estruturadas (N = 20) e analisados
por meio do programa ALCESTE, o qual realiza uma análise
hierárquica descendente. Tal análise resultou em seis classes de
significados, as quais, em conjunto, revelaram que, embora as mulheres
25
demonstrassem conhecer a doença e suas formas de prevenção,
afirmavam não utilizarem o preservativo por sentirem-se protegidas no
seu relacionamento conjugal e confiarem no seu parceiro. Dessa forma,
também foi evidenciado que o espaço da casa é ligado à segurança e o
da rua como sendo o ambiente que as pessoas sem relacionamento fixo
estariam expostas ao vírus.
A variável ‘relacionamento amoroso fixo’ e sua relação com as
representações sociais da aids foi também estudada por Oltramari e
Camargo (2004). Neste caso, os autores compararam as representações
sociais sobre prevenção da aids entre profissionais do sexo com (n = 18)
e sem (n = 22) relacionamento fixo. Uma entrevista semi-estruturada foi
aplicada, envolvendo questões sobre conhecimento a respeito da aids e
sobre sua prevenção, e as formas de prevenção por elas empregadas. Os
dados foram analisados através de uma análise hierárquica descendente,
realizada no programa ALCESTE. A análise resultou em seis categorias
temáticas que indicaram três aspectos salientes das representações
sociais das profissionais do sexo sobre a aids: a aids como uma doença
do outro (preservativo, marido, parceiro, gente, exame), a aids como
uma ameaça para todos (aids, pessoas, doença, camisinha, profissão) e a
aids como doença de usuário de drogas e de pessoas suspeitas (aids,
risco maior, camisinha, sexo). O primeiro aspecto (a aids como a doença
do outro) foi o que predominou na representação social da aids nesta
população. No entanto, a noção de ‘outro’ diferenciou-se entre as
mulheres com e sem parceiro fixo. Para as que não possuíam parceiros,
o ‘outro’ associado à doença poderia ser o parceiro fixo (ex ou futuro),
que se revelava como uma ameaça. para as mulheres com parceiro
fixo, o outro se relacionava aos clientes, estabelecendo uma relação
entre o risco e a profissão. Para estas últimas, o teste sorológico para o
HIV é considerado suficiente para a prevenção junto ao seu parceiro
fixo.
Com relação a representações sociais de grupos com profissões
diferentes, Marques, Oliveira e Francisco (2003) realizaram uma
pesquisa com o objetivo de identificar e comparar o conteúdo e a
estrutura da representação social da aids de trabalhadores da
enfermagem e técnico-administrativos de um hospital universitário. Para
tanto, a técnica de associação livre foi aplicada em 366 servidores,
utilizando-se o termo indutor ‘aids’. Os autores verificaram que a
representação social da aids dos grupos foram fortemente marcada por
elementos negativos, incluindo como elementos centrais as palavras
medo, morte, preconceito, prevenção e sofrimento. Por sua vez, como
elementos periféricos, foram evocadas as seguintes palavras: amor,
26
contaminação, cuidado, discriminação, drogas, perigo, promiscuidade,
sangue, solidariedade, solidão e vergonha.
Ao compararem a estrutura da representação social entre os
grupos de profissionais de enfermagem e o grupo de técnico-
administrativos, Marques et al. (2003) verificaram que as palavras
morte, preconceito e sofrimento foram comuns ao núcleo central da
representação social da aids nos dois grupos. Todavia, a palavra tristeza
foi incluída no núcleo central somente no grupo dos técnico-
administrativos, o que segundo os autores poderia indicar a presença
marcante de elementos subjetivos e negativos na representação social
deste grupo. Por outro lado, a representação social do grupo de
profissionais de enfermagem incluiu como elementos centrais as
palavras prevenção e sexo, marcando a presença de aspectos ligados a
possibilidade de evitar o contato com o HIV e a conhecimentos sobre
formas de transmissão da doença. Por fim, os sistemas periféricos da
representação social da aids foram os que apresentaram um maior
número de diferenças entre os dois grupos. Enquanto palavras que
denotam conhecimentos, atitudes e sentimentos (ex: contágio, drogas,
tristeza) compuseram o sistema periférico dos profissionais de
enfermagem, no grupo de técnico-administrativos houve predomínio de
palavras que refletem sentimentos e emoções, como solidariedade,
amor, cuidado.
Utilizando as mesmas técnicas de coleta e análise de dados,
Marques, Oliveira e Gomes (2004) realizaram uma pesquisa com 366
trabalhadores de um hospital universitário, visando identificar a
estrutura de suas representações sociais sobre aids, bem como comparar
tal estrutura entre subgrupos, a partir da variável idade (até 35 anos e
acima de 35 anos). Os autores constataram que o núcleo central da
representação social dos trabalhadores até 35 anos incluía as palavras:
camisinha, doença, dor, medo, morte, preconceito e sofrimento. Essas
mesmas palavras, com exceção da palavra doença, foram incluídas na
representação social do grupo de trabalhadores com idade acima de 35
anos, acrescidas das palavras prevenção, sexo e tristeza. Por sua vez, os
seguintes elementos compuseram a periferia da representação social no
grupo de trabalhadores com até 35 anos: angústia, contágio, cuidado,
cura, discriminação, doença incurável, emagrecimento, esperança,
insegurança e solidão. Algumas diferenças também foram constatadas
com relação à periferia da representação social no grupo com idade
acima de 35 anos, sendo composto pelas palavras: amor, angústia,
contaminação, cura, desinformação, drogas, perigo, sangue,
solidariedade, solidão, transfusão e vergonha.
27
Marques et al. (2004) concluem que a comparação entre os
subgrupos não configura representações distintas, porém evidencia
algumas diferenças no que diz respeito a importância atribuída a alguns
elementos da representação social. Um aspecto marcante foi a menor
valorização do elemento camisinha pelo grupo de trabalhadores mais
jovem, bem como a não inclusão da palavra prevenção no núcleo central
da representação social deste mesmo grupo.
Castanha e Araújo (2006) investigaram as representações sociais
da aids em um grupo de agentes comunitários de saúde (N = 70). Duas
técnicas de coleta de dados foram utilizadas: uma entrevista semi-
estruturada (entre as perguntas, havia: O que você sabe sobre a aids?) e
uma questão de associação livre de palavras através do termo indutor
‘aids’. Uma análise fatorial de correspondência indicou que para as
agentes femininas, com idades entre 26 e 29 anos, a representação social
da aids inclui os elementos doença, prevenção, medo e morte.
Independente do sexo, e na faixa etária de 22 a 25 anos, a aids foi
relacionada às palavras doença, relação sexual, e amor. Ainda, para os
agentes do sexo masculino, na faixa etária de 30 anos, a representação
social da aids foi ancorada nos elementos: doença, cuidado, tristeza e
camisinha.
As respostas à questão aberta da entrevista foram analisadas
através de uma análise de conteúdo, a qual resultou em três categorias e
15 subcategorias (Castanha & Araújo, 2006). Na categoria
‘concepções/descrições da aids’, a subcategoria ‘doença’ foi a mais
citada, seguida das subcategorias ‘incurável’, ‘preconceito’, ‘morte’,
‘vírus’ e ‘dst’. A categoria ‘formas de transmissão da aids’ incluiu as
subcategorias (em ordem de maior frequência): sexo oral, sexo anal,
seringas contaminadas, transfusão sanguínea, e leite materno. Por fim, a
última categoria denominada ‘formas de prevenção à aids’, incluiu com
maior frequência a subcategoria ‘camisinha’, seguida de ‘palestras’,
‘informação’ e ‘apoio familiar’.
Rodrigues, Sobrinho e Silva (2005) estudaram, mais
especificamente, as representações sociais construídas por cirurgiões-
dentistas acerca da aids, bem como a forma com que tais representações
orientam suas práticas profissionais de biossegurança. Os autores
aplicaram um questionário estruturado, uma entrevista semi-estruturada
e realizaram observações etnográficas junto a 100 cirurgiões-dentistas
da cidade de Natal. Seus resultados indicaram que embora os cirurgiões-
dentistas demonstrem possuir informações adequadas quanto às formas
de contaminação e os meios de prevenção à aids, no que se refere à
biossegurança, apresentam um conhecimento incompleto, fragmentado e
28
baseado numa visão tradicional. Nesse sentido, segundo os autores, essa
contradição culmina em confusões nas práticas adotadas, tanto em
relação à aplicação de um programa de controle de infecção quanto ao
acolhimento do paciente.
O estudo de Ribeiro, Coutinho e Saldanha (2004) também teve
como foco profissionais de saúde. Todavia, neste caso, os autores
investigaram as representações sociais da aids de médicos e enfermeiros
que atendem diretamente pacientes soropositivos para o HIV.
Participaram da pesquisa 56 profissionais, sendo a maioria (82%) do
sexo feminino e com idade superior a 44 anos (48%). Novamente, a
técnica de coleta de dados foi a associação livre de palavras (dois termos
indutores: aids e tratamento) e os dados foram analisados através de uma
análise fatorial de correspondência. Esta análise diferenciou a
representação social da aids entre quatro grupos: 1) médicos, de ambos
os sexos, que relacionaram a aids às palavras medo, morte e prevenção
(através da camisinha e do apoio) e o tratamento às palavras gratuito,
competência e acompanhamento; 2) médicas (sexo feminino) que
enfatizaram a relação da aids com a prevenção (contágio
profissional/acidente de trabalho), o cuidado, o apoio familiar e a
solidariedade, e do tratamento com o acompanhamento e a esperança da
cura; 3) enfermeiras, cuja representação social da aids incluiu os
elementos promiscuidade, preconceito, desinformação, tratamento e
esperança, e do tratamento incluiu as palavras cuidado e esperança; e 4)
médicos e enfermeiros acima de 44 anos que associaram a aids ao termo
doença e o tratamento aos elementos apoio, solidariedade, carinho,
informação e orientação.
Em uma pesquisa posterior, Ribeiro, Coutinho, Saldanha e
Castanha (2006) incluíram em sua amostra, além de médicos e
enfermeiros, profissionais da área de humanas, como psicólogos e
assistentes sociais. O método empregado para apreender suas
representações sociais da aids novamente foi o levantamento de dados,
através da técnica de associação livre de palavras. Os resultados
indicaram que os profissionais da área de humanas representaram a aids
através dos elementos DST, solidariedade e amor. Por sua vez, os
profissionais da saúde utilizaram predominantemente os elementos
promiscuidade e tratamento para representar a aids. Ainda, a análise
diferenciou grupos segundo a idade e o sexo. Para os participantes com
idades entre 24 e 33 anos (independente da profissão), a aids está ligou-
se à morte, depressão e sofrimento; e para aqueles que possuíam mais de
44 anos, ligou-se ao apoio. Por fim, para os participantes do sexo
29
masculino, as representações sociais da aids foram ancoradas nos
elementos descuido e camisinha.
Ribeiro, Castanha, Coutinho e Saldanha (2005) investigaram
também as representações sociais de profissionais que trabalham com
pacientes soropositivos e dos próprios pacientes (aderentes ao
tratamento) acerca do atendimento prestado e do tratamento da aids. Um
total de 77 profissionais e 41 pacientes respondeu a questões de
associação livre de palavras (indutores: aids, atendimento e tratamento),
cujos dados resultantes foram analisados através de uma análise fatorial
de correspondência. Os resultados diferenciaram as representações
sociais entre três grupos: pacientes, profissionais de saúde (médicos e
enfermeiros) e profissionais de humanas (psicólogos e assistentes
sociais). A representação social da aids para os pacientes incluiu os
seguintes elementos: prevenção, desespero, depressão, cuidado,
responsabilidade, vida, compreensão, médico e medicação. para os
profissionais de humanas, a representação social da aids foi marcada
pelos elementos: contágio, promiscuidade, descuido, camisinha e apoio.
Por fim, para os profissionais de saúde a aids relacionou-se com:
infecção, incurável, promiscuidade, preconceito, depressão, dor, família
e esperança.
De maneira mais aprofundada, Ribeiro, Coutinho, Saldanha e
Azevedo (2006) investigaram as representações sociais da aids junto a
profissionais que trabalham com aids e pacientes soropositivos, de modo
a conhecer suas representações e compará-las. Para tanto, aplicaram
uma entrevista semi-estruturada em 29 profissionais da saúde (médicos
e enfermeiros) e da área humana (psicólogos e assistentes sociais), a
maioria (83%) do sexo feminino; e em 20 pacientes distribuídos de
forma semelhante entre os sexos. Os dados foram analisados através de
uma análise de conteúdo, a qual resultou em uma categoria denominada
‘concepção da aids’ e três subcategorias. A primeira delas, ‘doença
orgânica’ foi a predominante entre o grupo de profissionais, tanto de
saúde, quanto de humanas. Esses profissionais enfatizaram, por
exemplo, a inexistência de cura para a doença e sua cronicidade, o que,
segundo os autores, demonstra que suas representações sociais estão
ancoradas principalmente no saber científico. as duas outras
subcategorias, ‘doença moral’ e ‘doença psicoafetiva’ predominaram
entre os pacientes, os quais enfatizaram a doença como associada ao
preconceito e ao mesmo tempo à mudança de valores, e também
associada à necessidade de apoio socioafetivo, vindo especialmente da
família, bem como vinculada à depressão.
30
Assim como esse último estudo descrito, um outro conjunto de
pesquisas teve por objetivo investigar as representações sociais da aids
de pessoas soropositivas ao HIV. Tal como fez Cardoso e Arruda
(2004), junto a 32 pacientes portadores do HIV, divididos entre os
aderiam ao tratamento e os que não aderiam. O sexo dos respondentes e
o grau de escolaridade não diferiram entre os dois grupos. Os autores
utilizaram para tanto uma entrevista composta por associações livres e
perguntas abertas, visando investigar a relação dos sujeitos com sua
condição de soropositivo e com seu tratamento. De maneira geral, os
resultados demonstraram que a representação social da soropositividade
no grupo dos aderentes estava fortemente associada a tomar remédios,
sendo, portanto, ancorada no saber científico. Por outro lado, no grupo
dos não aderentes ao tratamento a soropositividade foi vista de maneira
ameaçadora, angustiante, que precisa ser negada, e suas representações
sociais pareceram não estar estruturadas na doença e no tratamento.
Também Castanha, Coutinho, Saldanha e Ribeiro (2006)
estudaram pacientes soropositivos ao HIV, objetivando compreender os
aspectos psicossociais da vivência da soropositividade e suas
consequências na vida diária. Participaram do estudo 13 pacientes de
ambos os sexos, os quais responderam a uma entrevista em
profundidade, norteada pela seguinte questão: ‘fale tudo o que você
pensa sobre a aids’. Os dados foram analisados através de uma análise
de conteúdo, a qual resultou em cinco principais categorias. A primeira
delas, denominada ‘representações da aids’, foi composta pelas
subcategorias doença (32% das respostas), naturalização (26%),
sofrimento (25%) e morte (17%). As consequências biopsicossociais da
aids dividiram-se em três categorias. As ‘físico-orgânicas foram
compostas pelas subcategorias: capacidade física (50%), perturbações
fisiológicas (25%) e efeitos colaterais do medicamento (25%). Como
consequências ‘psico-afetivas’ foram citadas o preconceito (43%), a
depressão (42%) e a auto-estima (15%), e como consequências
‘comportamentais os pacientes enfatizaram a sexualidade (65%) e o
isolamento (35%). A última categoria teve como tema a autopercepção
dos pacientes e dividiu-se em suas subcategorias: negativa (67%) e
positiva (33%).
Castanha et al. (2006) enfatizaram ainda que as representações
sociais da aids dos participantes incluíam duas novas formas de
ancoragem. Uma delas foi a ancoragem da aids nas doenças crônicas,
como o diabetes, o que segundo eles pode ser resultado do avanço da
terapêutica antiretroviral e do consequente processo de naturalização da
doença por aqueles que possuem o diagnóstico. Além disso, ficou
31
indicado no discurso dos pacientes a ancoragem da aids a doenças
psicoafetivas, principalmente à depressão, o que serve de alerta aos
profissionais que trabalham com essa população.
Goodwin et al. (2003) investigaram as variações da representação
social da aids entre pessoas de diferentes ocupações (profissionais da
saúde e empresários) e culturas (Estônia, Geórgia, Hungria, Polônia e
Rússia). Participaram do estudo 511 pessoas, sendo aproximadamente
100 de cada país e metade da amostra profissionais de saúde. Uma das
técnicas de coleta de dados utilizada foi a associação livre, a partir do
termo indutor ‘aids’. De maneira geral, as palavras mais frequentemente
evocadas foram (em ordem decrescente): doença, morte, drogas, sangue,
homossexual, camisinha, atividade sexual, medo, África, prostituição,
sexo casual, infortúnio e intolerância, desesperança. Os autores também
verificaram não haver diferenças significativas nas palavras evocadas
por profissionais da saúde e empresários, o que também ocorreu em
relação à comparação entre os países.
A aids é objeto de conhecimento tanto do senso comum como do
conhecimento científico, seja doença ou objeto social. Enquanto o
conhecimento científico produz informações capazes de identificá-la,
categorizá-la, combatê-la e destacar suas repercussões na vida humana a
partir de uma proposta de neutralidade de valores; o campo das
representações sociais faz o mesmo, porém permeado de valores,
crenças, atitudes, normas sociais. Identificar as representações sociais
sobre a aids permite acessar a forma como as pessoas compreendem o
fenômeno e os elementos que utilizam para orientar e justificar suas
ações.
3.4 Níveis de conhecimento científico sobre HIV/aids
Reconhece-se o grau de complexidade entre as variáveis
sociopsicológicas envolvidas na determinação de um comportamento
(Ajzen, 2001) e considera-se o conhecimento produzido no âmbito do
senso comum e sua semelhança com o científico, como uma delas
(Rouquette, 1998; Abric, 1998). Pesquisas têm sido desenvolvidas e
apontam que relação entre o conhecimento e comportamentos
preventivos (Almeida, Silva & Cunha, 2007); porém, indicam haver
outras variáveis significativas na adoção de práticas preventivas
(Camargo & Bertoldo, 2006; Camargo & Botelho, 2007) de tal sorte que
a influência do conhecimento pode ser pequena ou nula (Martins et al.
2006; Trajman et al., 2003). Salientam-se nesses estudos formas e
instrumentos diferentes, não padronizados, para mensurar o
32
conhecimento sobre HIV e aids, o que dificulta comparações entre os
resultados.
Lazzarotto et al. (2009) ao investigarem o conhecimento sobre
conceitos, transmissão, prevenção, vulnerabilidade e tratamento do
HIV/aids de 510 pessoas de 60 a 90 anos de idade, no Rio Grande do
Sul, verificaram uma alta frequência de respostas erradas aos itens sobre
domínios conceitos (não julgavam a possibilidade de inexistência de
sintomas em soropositivos), transmissão (não acreditavam na
impossibilidade de transmissão por picada de mosquito) e
vulnerabilidade (viam como únicas pessoas vulneráveis os
homossexuais e os jovens). Tais resultados são compatíveis com os
achados de Camargo et al. (2007), para a população de adolescentes
catarinenses (N = 262), em que demonstrou que o nível de
conhecimento dos estudantes do ensino médio sobre o HIV e sua
transmissão, a infecção pelo vírus e tratamento, e as formas de
prevenção do HIV era insuficiente para considerá-los cientificamente
bem informado sobre o HIV/aids. Dados que corroboram os achados de
pouco conhecimento científico de Camargo, Barbará e Bertoldo (2005)
para as mesmas dimensões da pesquisa descrita anteriormente (HIV e
transmissão, infecção pelo vírus e tratamento, prevenção ao HIV).
A respeito de transmissão e prevenção do HIV, Ferreira (2003),
em uma pesquisa com dados do ano de 1998 da população brasileira,
constatou que 51,7% das pessoas tinham um conhecimento mínimo
sobre o tema, e 35,2% um bom nível de conhecimento sobre transmissão
e prevenção do HIV. A autora também apontou que as mulheres
mostraram-se mais bem informadas que os homens, inclusive entre os
jovens de 16 a 24 anos e entre diferentes classes socioeconômicas.
Posteriormente, Ferreira (2008) comparou dados dos anos de 1998 e
2005 da população brasileira sobre o conhecimento da transmissão do
HIV e notou um acréscimo do nível desse conhecimento para os
homens, de forma a não mais caracterizar diferenças entre homens e
mulheres. Nessa última pesquisa a autora também verificou um aumento
na frequência de pessoas bem informadas sobre transmissão e prevenção
do HIV para 57,2% da população. Ferreira (2003) também concluiu que
o nível de conhecimento aumentava conforme ocorria uma melhoria nas
condições socioeconômicas, sendo as maiores diferenças entre as classes
A e E.
Martins, Nunes, Muñoz-Silva e Sánchez-García (2008)
investigaram o conhecimento de universitários portugueses e espanhóis
sobre a transmissão e prevenção do HIV (N = 678) e constataram que,
embora o conhecimento tenha sido elevado para os dois grupos de
33
participantes com nacionalidades diferentes, mais de 79% de acertos,
entre os portugueses o índice de acertos foi maior que entre os
espanhóis. Contudo, os espanhóis utilizavam mais constantemente o
preservativo. Os autores atribuíram o maior conhecimento dos
portugueses às fontes de informação que utilizavam mais
frequentemente que os espanhóis: médicos e enfermeiros. A respeito das
fontes de informação Camargo e Barbará (2004) testaram o efeito de
panfletos informativos na retenção de conhecimento sobre formas de
transmissão e prevenção ao HIV e verificaram que o conteúdo da
informação de cada panfleto testado influenciava incrementos na
retenção do conhecimento em função do grupo dos participantes (escola
privada, escola pública, sexo). Ao comparar o efeito de outro meio de
divulgação, Camargo, Barbará e Bertoldo (2008) constataram que
vídeos com conteúdo científico exibido sem apelo emocional e de forma
objetiva proporcionaram maiores incrementos no conhecimento sobre
transmissão e prevenção do HIV, que vídeos com características
opostas.
Camargo e Botelho (2007), em uma pesquisa com 1386 estudantes
do ensino médio, em Santa Catarina, verificaram que mais de 90% dos
estudantes conheciam as vias de transmiso e prevenção do HIV.
Contudo, mais de 30% deles erravam ao indicar formas de
impossibilidade de congio, como a doação de sangue e banheiros
públicos, por exemplo, e os autores relacionaram esse desconhecimento
aos estudantes terem como principal fonte de informão os amigos.
Dados semelhantes sobre prevenção e transmissão do HIV foram
encontrados por Trajman et al. (2003) que pesquisaram 945 estudantes de
13 a 21 anos de idade, no Rio de Janeiro, e verificaram que mais de 90%
dos participantes ativos sexualmente conheciam o método preventivo
representado pelo preservativo, embora menos de 35% deles declaravam
usá-lo. Os autores também encontraram associação entre baixa renda
familiar, gazear aulas sobre dts/aids e ausência de diálogo com os pais e
conhecimento sobre transmissão e preveão do HIV insatisfatório.
Ao encontro desses resultados, a pesquisa de Martins et al.
(2006), com adolescentes de 12 a 19 anos de idade (N = 1594), em
escolas públicas e privadas de São Paulo, indicou uma maior frequência
de estudantes satisfatoriamente informados sobre a transmissão do vírus
na rede de ensino privada, comparada à pública. Os autores também
concluíram que possuir um maior grau de escolaridade era preditor de
um maior nível de conhecimento sobre prevenção às doenças
sexualmente transmissíveis e à aids, além de outros preditores como: ser
mulher, ser branco, ser solteiro e estudar em escola privada. Em
34
pesquisa para construção e validação de um teste de conhecimento o
vírus da aids, Carey, Morrison-Beedy e Johnson (1997), nos Estados
Unidos, verificaram que o nível de conhecimento sobre esse assunto
aumentava conforme o acréscimo do grau de escolaridade. Torres e
Ruffino (2001) em um estudo para elaboração de um teste de
competência técnica para prevenção do HIV/aids de enfermeiros
verificaram que o conhecimento sobre HIV/aids era superior em
profissionais que recebiam treinamento, comparado aos que não o
recebiam. De forma semelhante, Carey e Schroder (2002), em outro
estudo sobre construção de instrumento para avaliação do conhecimento
sobre transmissão e prevenção do HIV, constataram que o conhecimento
era mais elevado entre aqueles treinados no assunto.
Esforços no sentido de buscar a mensuração do conhecimento das
pessoas sobre o HIV e a aids desenvolvem-se a partir da hipótese de que
um conhecimento legítimo sobre a doença e o vírus causador, as formas
de transmissão e os modos de prevenção tornariam as pessoas aptas a se
comportarem de forma mais segura frente ao agravo. Bauer (1994)
destaca que a aproximação do conhecimento que as pessoas possuem
sobre a aids ao conhecimento acumulado pela ciência sobre esse tema
proporcionaria benefícios no tratamento dessa pandemia. Nesse sentido,
verificar as relações entre as representações produzidas no âmbito do
universo reificado (o conhecimento científico) e no senso comum (as
representações sociais), tendo em vista que um único estudo (Camargo
et al, 2007) dessa natureza foi encontrado no meio acadêmico, poderá
revelar elementos importantes para compreensão da vulnerabilidade das
pessoas frente à aids.
35
4. ESTUDO 1 – Construção do teste de conhecimento científico
sobre HIV/aids
pesquisas que, ao medirem o conhecimento sobre HIV/aids,
salientam apenas um aspecto do conhecimento, por exemplo, o
conhecimento sobre formas de transmissão e prevenção (Camargo,
1997; Camargo, Botelho & Souza, 2001; Camargo & Botelho, 2007;
Carey, Morrison-Beedy, & Johnson, 1997; Carey & Schroder, 2002;
Dab, Moatti, Quenel, Beltzer & Anes, 1992; Ferreira, 2008); e outras
que pretendem avaliar mais que um fator do conhecimento (Camargo et
al., 2005; Kelly, Lawrence, Brasfield & Hood, 1988). Kelly et al. (1988)
propõem avaliar conhecimentos básicos sobre etiologia e epidemiologia
da doença e os conhecimentos sobre formas de infecção por HIV e
comportamentos de prevenção e risco ao contágio. Camargo et al.
(2005) desenvolveram um teste de conhecimento global sobre aids, que
avalia os fatores sobre: o vírus da aids (HIV) e a transmissão; a infecção
por HIV e o tratamento da aids; as formas de prevenção ao contágio por
HIV.
Pautado na noção de Camargo et al. (2005) de conhecimento
global sobre HIV e aids, propôs-se nesse estudo a construção de um
teste capaz de avaliar o nível de conhecimento científico sobre HIV e
aids de pessoas maiores de 18 anos de idade. Para tanto, define-se nível
de conhecimento científico como a habilidade de um indivíduo em
responder questões sobre determinado objeto (HIV e aids) de forma
muito semelhante à respondida por especialistas (conhecimento
acumulado produzido pela ciência sobre HIV e aids) na mesma época.
De tal forma que os indivíduos possam indicar através de
comportamento observável (marcar com caneta em folha de papel) se
consideram tais questões como verdadeiras, falsas ou se não sabem
respondê-las.
Para tanto, decompôs-se o conhecimento sobre HIV e aids em
seis dimensões teóricas descritoras de uma sistematização sobre o tema
geral, a saber: Dimensão 1 (D1) - Descrição da aids e HIV; Dimensão 2
(D2) - História da doença e HIV; Dimensão 3 (D3) - Formas de contágio
e prevenção do HIV; Dimensão 4 (D4) - Sintomatologia da aids e
funcionamento do HIV; Dimensão 5 (D5) - Tratamento da aids e
controle HIV; Dimensão 6 (D6) Epidemiologia. A D1 representa o
conhecimento acerca da conceituação da aids e seu agente etiológico. O
conhecimento sobre a localização da doença e do HIV na história da
humanidade desde sua origem corresponde à D2. O conhecimento sobre
as formas de contágio e prevenção do HIV forma a D3. A D4 é
36
composta pelo conhecimento acerca dos sintomas da aids e
funcionamento do HIV em contato com o organismo humano. O
conhecimento sobre as formas de tratamento da doença constitui o D5.
O D6 caracteriza o conhecimento relativo a dados epidemiológicos da
aids.
4.1 OBJETIVOS
4.1.1 Objetivo Geral: construir um teste de conhecimento
científico sobre HIV/aids para pessoas maiores de 18 anos de idade.
4.1.2 Objetivos Específicos:
- Elaborar um conjunto de itens sobre HIV/aids a partir do
conhecimento compartilhado por público leigo no assunto;
- Elaborar um conjunto de itens sobre HIV/aids a partir do
conhecimento científico produzido à época;
- Realizar a validação de conteúdo do teste (análise de juízes e
análise da semântica).
37
4. 2 MÉTODO
4.2.1 Caracterização da pesquisa
Este estudo deu-se em três etapas distintas e complementares, na
primeira etapa elaborou-se um conjunto de itens a partir do
conhecimento compartilhado por uma população leiga em HIV/aids;
posteriormente, (Etapa 2) construiu-se um rol de itens a partir do
conhecimento científico produzido sobre o assunto à época do estudo;
no terceiro momento (Etapa 3) todos os itens foram postos à análise de
juízes para verificar a adequação deles ao construto e à análise
semântica para verificar a compreensão pelo público leigo em HIV/aids.
De forma geral, esse estudo pode ser classificado como um
levantamento de dados de caráter exploratório (Sampiere, Colado &
Lúcio, 1994). Nas Etapas 1 e 3 houve coleta de dados através de
entrevista e aplicação de questionários, respectivamente. Na Etapa 2 o
levantamento foi bibliográfico.
4.2.2 ETAPA 1 – Levantamento itens senso comum
4.2.2.1 Participantes
Participaram nove pessoas com idades entre 19 e 39 anos, dia de
idade 27,44 anos (DP = 7,84), quatro homens e cinco mulheres. A
escolaridade variou de 2 a 13 anos de estudos (três pessoas com menos de
oito, cinco pessoas com nove a 11 anos de estudos e uma pessoa com mais
de 13 anos de estudos). A maior parte relatou estar solteira (seis pessoas).
Nenhum dos participantes havia recebido informões específicas sobre
HIV/aids, participado de curso ou palestra sobre o assunto.
4.2.2.2 Instrumentos
Roteiro de entrevista (RE): um conjunto de 27 questões de
respostas abertas, entre elas oito sociodemográficas (idade, sexo,
escolaridade, ocupação, cidade residência, cidade nascimento, estado
civil, orientação sexual, fonte de informações sobre saúde e doenças) e 19
sobre aids e HIV distribuídas entre os sub-temas (número de questões):
descrição da aids e HIV (05); história da doença e HIV (03); formas de
contágio e prevenção do HIV (03); sintomatologia da aids e
funcionamento do HIV (03); tratamento da aids e controle HIV (03);
epidemiologia (02). Apêndice A.
38
4.2.2.3 Procedimentos
Éticos
Inicialmente encaminhou-se o projeto informando os
procedimentos de coleta de dados, em acordo com a resolução número
196/96 do Conselho Nacional de Saúde, ao Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa
Catarina, o qual obteve aprovação e certificação para prosseguimento
sob número 200/09. Anexo 1. Anteriormente à coleta de dados os
participantes eram informados sobre os objetivos e fins da pesquisa, a
anonimidade, a confidencialidade e o sigilo das informações prestadas,
bem como da possibilidade de desistirem em qualquer momento que
desejassem. Também recebiam o termo de consentimento livre
esclarecido, conforme Apêndice B, contendo informações sobre a
pesquisa e assinavam se consentiam em participar.
De coleta
Os participantes foram localizados através de um Centro de
Testagem e Aconselhamento (CTA) de uma cidade de Santa Catarina.
Ao buscarem o serviço para realizar a testagem foram convidados
individualmente e em momentos diferentes a participar da pesquisa,
desde que nunca tivessem recebido orientações, cursos, palestras ou
informações específicas sobre HIV/aids e fossem maiores de 18 anos de
idade. Foram encaminhados a uma sala de atendimento do próprio
serviço e o pesquisador iniciava a coleta de dados através de uma
entrevista com roteiro estruturado. As entrevistas foram gravadas em
gravador digital de áudio e transcritas posteriormente. Após as coletas,
que duraram em média 15 minutos, os participantes receberam
informações através do pesquisador sobre HIV/aids e sobre dúvidas
suscitadas durante a entrevista, e prosseguiram seus atendimentos do
serviço de testagem e aconselhamento.
De análises
Os dados de todas as entrevistas foram agrupados de acordo com
as questões de cada dimensão de conhecimento sobre HIV/aids
previamente definidas (descrição HIV/aids; história da doença e HIV;
formas de contágio e prevenção do HIV; sintomatologia da aids e
funcionamento do HIV; tratamento da aids e controle HIV;
epidemiologia HIV/aids). Para cada dimensão foram destacadas todas as
frases afirmativas que respondiam suas perguntas norteadoras, a partir
disso as frases foram agrupadas de acordo com a semelhança de
39
significado. Então se elaborou uma afirmativa (um item do teste,
verdadeiro ou falso) com o significado semelhante ao das frases.
4.2.3 ETAPA 2 – Levantamento itens conhecimento científico
4.2.3.1 Instrumentos
Roteiro de perguntas para construção dos itens de conhecimento
científico (RC): Rol de 55 perguntas para caracterização e criação de
itens do conhecimento científico em cada uma das seis dimensões
definidas (número de perguntas): descrição da HIV e aids (07); história
da doença e HIV (05); formas de contágio e prevenção do HIV (18);
sintomatologia da aids e funcionamento do HIV (11); tratamento da aids
e controle HIV (06); epidemiologia (08). Conforme Apêndice C.
4.2.3.2 Procedimentos
As perguntas do RC foram respondidas através de dados de
fontes provenientes do meio científico (artigos, manuais, livros, outros
testes sobre HIV/aids). A partir disso, criaram-se itens em formato de
afirmativas (verdadeiras ou falsas) que sintetizavam o conteúdo das
respostas.
4.2.4 ETAPA 3 Validação de conteúdo do teste de
conhecimento sobre HIV/aids
4.2.4.1 Participantes
Participaram 14 pessoas maiores de 18 anos de idade, cinco
homens e nove mulheres, com idades entre 18 a 59 anos. Dentre elas
quatro tinham formação superior (duas psicólogas e duas enfermeiras) e
trabalhavam a mais de cinco anos na área de DST/aids. Os demais
tinham escolaridade variável entre cinco a 12 anos de estudo eo
tinham recebido informações específicas sobre HIV/aids, participado de
curso ou palestra sobre o assunto.
4.2.4.2 Instrumentos
Questionário prévio teste de conhecimento científico HIV/aids
(QP): um questionário auto-aplicável com 83 frases afirmativas sobre
HIV/aids provenientes das Etapas 1 e 2 deste Estudo 1, distribuídas em
seis dimensões teóricas (descrição HIV/aids; história da doença e HIV;
formas de contágio e prevenção do HIV; sintomatologia da aids e
40
funcionamento do HIV; tratamento da aids e controle HIV;
epidemiologia HIV/aids) para que os especialistas julgassem sua
adequação ao construto e registrassem sugestões de alterações em itens.
Questionário avaliação semântica teste conhecimento HIV/aids
(QS): um questionário auto-aplicável com 85 frases afirmativas sobre
HIV/aids distribuídas em seis dimensões teóricas (descrição HIV/aids;
história da doença e HIV; formas de contágio e prevenção do HIV;
sintomatologia da aids e funcionamento do HIV; tratamento da aids e
controle HIV; epidemiologia HIV/aids) para que leigos em HIV/aids
avaliassem se entendiam o conteúdo das frases e registrassem palavras
que julgassem de difícil entendimento.
4.2.4.3 Procedimentos
Foram realizados os procedimentos éticos descritos na Etapa 1
deste Estudo 1. Inicialmente, aplicou-se o QP de forma individual em
quatro profissionais da área de DST/aids, localizados através do CTA de
um município de Santa Catarina. A partir das respostas dos
especialistas, foram modificados cinco itens que tiveram a redação
refeita e criados mais dois itens por sugestão de decomposição de itens
com informações duplas. Essa versão com 85 itens (QS) foi aplicada de
forma individual em 10 pessoas que buscaram o CTA de um município
catarinense para realizarem a testagem para o HIV, nenhuma delas havia
recebido orientações, cursos, palestras ou informações específicas sobre
HIV/aids e eram maiores de 18 anos de idade. As respostas de todos
foram analisadas em conjunto e, a partir delas, dois itens tiveram a
redação modificada em função de palavras destacadas como de difícil
entendimento.
4.3 RESULTADOS
A partir da Etapa 1 foram criados 24 itens, distribuídos da
seguinte forma entre as dimensões do construto: três sobre descrição do
HIV/aids (D1); duas sobre a história da doença e HIV (D2); oito sobre
as formas de contágio e prevenção do HIV (D3); seis sobre
sintomatologia da aids e funcionamento do HIV (D4); quatro sobre
tratamento da aids e controle HIV (D5); uma sobre epidemiologia
HIV/aids (D6). Os demais itens originaram-se a partir de fontes do meio
científico, conforme Etapa 2. A versão final do teste de conhecimento
sobre HIV/aids apresentou 85 itens em formato de frases afirmativas em
que os respondentes deveriam julgar se as consideravam verdadeiras,
falsas ou se não sabiam respondê-las.
41
Em geral, o teste foi composto por sete itens para a D1, sete para
D2, 32 para D3, 26 para D4, oito para D5 e cinco para D6. Todos os
itens tiveram seu gabarito assegurado, se verdadeiro ou falso, por fontes
científicas publicadas até o momento da elaboração do instrumento. A
Tabela 1 abaixo apresenta os itens criados, a origem dos itens, o
gabarito das afirmativas (se verdadeiras ou falsas), a fonte asseguradora
do gabarito e as dimensões do construto que representam.
A partir dos itens criados pôde-se definir o construto avaliado
pelo teste, tal como a habilidade dos indivíduos em responder questões
sobre seis dimensões temáticas referentes ao HIV/aids de forma muito
semelhante à respondida por especialistas (conhecimento acumulado
produzido pela ciência sobre HIV/aids) à época do estudo (ano de 2009).
De tal forma que seja possível indicarem através de comportamento
observável (marcar com caneta em folha de papel) se consideram tais
questões como verdadeiras, falsas ou se não sabe respondê-las. As
dimensões avaliam os seguintes aspectos:
D1 Descrição da aids: habilidade em identificar a aids como
uma doença, sua nomenclatura e de seu agente etiológico o HIV, bem
como diferenciar o vírus e a doença e reconhecer os subtipos do vírus;
D2 – História da doença e HIV: habilidade em reconhecer a
época e local em que se registrou o primeiro caso de aids no mundo, o
local provável de origem do HIV, o tempo estimado de existência em
humanos e origem biológica do vírus;
D3 – Prevenção e contágio por HIV: habilidade em reconhecer as
características biológicas e comportamentais de maior ou menor
probabilidade de contágio pelo vírus da aids;
D4 Sintomatologia aids e funcionamento HIV: habilidade em
identificar os sintomas relacionados a síndrome da imunodeficiência,
mecanismos básicos de funcionamento do HIV e sua interação com o
organismo humano;
D5 – Tratamento aids e controle HIV: habilidade em reconhecer a
possibilidade de tratamento da aids e os princípios básicos da
terapêutica medicamentosa frente ao HIV;
D6 Epidemiologia aids: habilidade em identificar a via mais
frequente de contaminação no Brasil, as características de
vulnerabilidade da população e a situação de casos de aids do país em
relação a outros países do mundo.
42
Tabela 1. Itens do teste de conhecimento científico sobre HIV/aids, origem dos itens, gabarito, fonte do gabarito, dimensão a que o item
pertence e número de itens da dimensão.
Itens Origem
Gabarito
Fonte gabarito Dimensão
Nº questões
1. A aids é uma doença. Etapa 1 V Mann, et al.(1993) D1
8. Aids e HIV são a mesma coisa. Etapa 1 F
Lima, Kiffer, Uip,
Oliveira e Leite (1996)
D1
17. HIV é uma sigla que, em português, significa: vírus da
imunodeficiência humana.
Etapa 2 V Mann, et al. (1993) D1
23. Existem, pelo menos, dois tipos de HIV: o HIV-1 e o
HIV-2.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D1
26. HIV é um vírus. Etapa 1 V Lima et al. (1996) D1
32. A aids é causada pelo vírus conhecido por HIV. Etapa 2 V Mann, et al. (1993) D1
59. Aids é uma sigla que, em português, significa: síndrome
da imunodeficiência adquirida.
Etapa 2 V Mann, et al. (1993) D1
7
3. O primeiro caso de aids registrado no mundo foi nos
Estados Unidos.
Etapa 2 V Mann, et al. (1993) D2
7. O vírus da aids já existe no mundo há mais de 50 anos. Etapa 2 V Worobey et al. (2008) D2
24. Acredita-se que o HIV originou-se no continente
americano.
Etapa 1 F Mann, et al. (1993) D2
29. O primeiro caso registrado de aids no mundo foi em
1981.
Etapa 2 V Mann, et al. (1993) D2
35. Acredita-se que o HIV surgiu a partir de um vírus de
macacos africanos.
Etapa 1 V Pinto & Struchiner (2006)
D2
43. Foi no ano 1983 que identificaram o vírus que causa a
aids.
Etapa 2 V Mann, et al. (1993) D2
73. Acredita-se que o HIV originou-se a partir de um outro
vírus: o SIV (vírus da imunodeficiência símia).
Etapa 2 V Pinto & Struchiner (2006)
D2
7
43
4. Uma mulher com HIV não pode transmitir o vírus para
um homem, através de uma relação sexual com penetração
(vagina-pênis).
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D3
10. Lavar as regiões genitais após uma relação sexual evita a
contaminação pelo vírus da aids.
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D3
13. Se uma gota de sangue contaminado com HIV cair sobre
mucosas como as dos olhos, boca, pênis ou vagina de uma
pessoa, essa pessoa pode ser infectada pelo vírus da aids.
Etapa 2 V
Ministério da Saúde
(2004)
D3
16. Se um inseto picar uma pessoa que tenha HIV e depois
picar alguém que não tenha, poderá infectar essa pessoa.
Etapa 2 F Lima et al. (1996) D3
21. Em uma relação sexual entre homem e mulher (pênis-
vagina), caso algum deles tenha o HIV, é mais fácil a mulher
ser contaminada do que o homem.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D3
28. Existem pessoas que têm contato sanguíneo ou sexual
com HIV, mas não se contaminam.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D3
31. Se um objeto que entrou em contato com o sangue de
uma pessoa com aids for esterilizado, ele não será capaz de
transmitir o HIV.
Etapa 2 V
Ministério da Saúde
(2004)
D3
33. Homens circuncisados (aqueles que retiraram parte da
pele que cobre a glande do pênis) têm menos chance de se
contaminarem por HIV através do sexo.
Etapa 2 V Newell et al. (2007) D3
36. O vírus da aids pode ser transmitido através do leite
materno.
Etapa 2 V Mann, et al. (1993) D3
39. O uso de agulhas e seringas descartáveis é uma forma de
evitar o contágio por HIV.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D3
41. Há registros de casos de contaminação do HIV pela
saliva, através de um beijo.
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D3
32
44
44. Se um homem que tenha o HIV fizer sexo com
penetração sem preservativo com alguém, mas ejacular fora
da vagina, anus ou boca não há possibilidade dele transmitir o
vírus.
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D3
48. O uso do preservativo (camisinha masculina ou
feminina) é uma forma de se prevenir do contágio pelo vírus
da aids.
Etapa 1 V Lima et al. (1996) D3
50. Se sangue com HIV cair sobre a pele intacta (sem cortes,
feridas, aberturas) de uma pessoa, isso poderá contaminá-la.
Etapa 2 F
Ministério da Saúde
(2004)
D3
52. Uma mulher grávida e portadora do HIV pode transmitir
o vírus para seu bebê.
Etapa 2 V Mann, et al. (1993) D3
55. Se uma pessoa portadora do HIV tiver relação sexual
com penetração (seja oral, vaginal, anal) com alguém que não
tenha o vírus, certamente transmitirá o vírus para essa pessoa.
Etapa 2 F Lima et al. (1996) D3
58. O HIV pode ser transmitido através de abraços. Etapa 1 F Lima et al. (1996) D3
60. O vírus da aids pode ser transmitido da mulher grávida
para seu bebê, durante a gestação.
Etapa 2 V Mann, et al. (1993) D3
61. Se uma pessoa teve contato sanguíneo com o HIV, nada
pode ser feito para evitar que ela se torne portadora do vírus.
Etapa 2 F
Ministério da Saúde
(2004)
D3
62. O vírus da aids pode ser transmitido através de relação
sexual com penetração, seja vaginal, oral ou anal.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D3
65. O HIV pode ser transmitido pelo suor. Etapa 2 F Lima et al. (1996) D3
69. Pode-se contrair o vírus da aids através de uma relação
sexual oral (pênis/vagina/anus - boca/lingua).
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D3
70. No momento que uma pessoa com HIV morre, o vírus no
seu sangue torna-se inativo (incapaz de ser transmitido).
Etapa 2 F Lima et al. (1996) D3
45
71. Houve casos de contaminação pelo vírus da aids através
da doação de sangue, em serviços de doação.
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D3
75. Se alguém com HIV se cortar com um aparelho de
barbear e no minuto seguinte uma pessoa usar o mesmo
aparelho e também se cortar com ele, existe possibilidade
dessa pessoa ser infectada pelo vírus da aids.
Etapa 2 V
Ministério da Saúde
(2004)
D3
77. Se uma mulher que tem o vírus da aids engravidar,
certamente seu bebê nascerá com o vírus.
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D3
79. Uma transfusão de sangue pode transmitir o vírus da
aids.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D3
81. Desinfetantes como álcool, água oxigenada e hipoclorito
de sódio (água sanitária) são capazes de destruir o vírus da
aids presente em objetos.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D3
82. Se um bebê nasceu com HIV, certamente seu pai também
tem o vírus.
Etapa 2 F Lima et al. (1996) D3
83. Uma pessoa só transmite o HIV se ela estiver doente de
aids.
Etapa 2 F Lima et al. (1996) D3
84. Se duas pessoas virgens fizerem sexo com penetração
(seja vaginal, anal ou oral), não existe a possibilidade de
haver contaminação por HIV entre elas.
Etapa 2 F Lima et al. (1996) D3
85. Uma pessoa que já tenha o vírus da aids não pode ser
contaminada novamente.
Etapa 2 F Lima et al. (1996) D3
6. É possível dizer se uma pessoa é portadora do vírus da
aids ao olhar para ela.
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D4
9. Já foi encontrado HIV na urina de pessoas com aids. Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
11. A aids é uma doença com vários sintomas. Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
12. Pode existir HIV no sêmen de um homem portador do Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
26
46
vírus da aids.
15. Geralmente os sintomas iniciais da aids são: febre,
calafrios, dor de cabeça, dor de garganta, dores musculares,
manchas na pele, aparecimento de ínguas.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
18. Pode existir HIV nas secreções vaginais de uma mulher
portadora do vírus da aids.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
20. Se uma pessoa se contaminar com o vírus da aids hoje,
pode levar até três meses para produzir antígenos suficientes
para acusar a contaminação nos exames mais comuns de
laboratório.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
22. Se uma pessoa tem o vírus da aids, certamente ela tem
manchas vermelhas na pele.
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D4
27. Pode existir HIV no sangue de uma pessoa portadora do
vírus da aids.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
37. É possível o HIV permanecer ativo (com capacidade de
contaminar) por até 15 dias, fora do corpo humano.
Etapa 2 F Lima et al. (1996) D4
40. Uma pessoa com aids pode apresentar emagrecimento
rápido.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
42. Nosso organismo consegue produzir anticorpos (defesas)
contra o vírus da aids.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
46. Se uma pessoa se contaminasse com o vírus da aids hoje,
somente daqui há três meses ela seria capaz de transmiti-lo a
outra pessoa.
Etapa 2 F Lima et al. (1996) D4
49. Não há possibilidade de existir HIV no leite materno de
uma mulher portadora do vírus da aids.
Etapa 2 F Mann, et al. (1993) D4
51. Uma pessoa com aids certamente está mais vulnerável a
outras doenças.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
47
53. Uma pessoa pode se infectar com o vírus da aids e ficar
por até 10 anos sem manifestar sintomas relacionados à
doença.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
56. No período entre 5 a 90 dias após a infecção pelo vírus
da aids, a maioria das pessoas apresenta sintomas parecidos
com o de uma gripe.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
57. A aids pode levar a morte. Etapa 1 V Mann, et al. (1993) D4
64. Não há possibilidade de existir HIV na saliva de uma
pessoa com aids.
Etapa 2 F Lima et al. (1996) D4
66. Se uma pessoa tem o HIV, certamente ela será muito
magra.
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D4
68. O vírus da aids precisa das células humanas para se
multiplicar.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
72. As principais células que o HIV infecta são as que
constituem o sistema imunológico (sistema de defesa do
organismo).
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
74. Se uma pessoa tem o vírus da aids, certamente ela terá
corrimento ou feridas na região genital (pênis, vagina ou
anus).
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D4
76. Com o passar do tempo o vírus da aids causa a destruição
do sistema imunológico, na maioria das pessoas.
Etapa 1 V Lima et al. (1996) D4
78. Uma pessoa só pode ter aids se for portadora do HIV. Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
80. As células humanas mais atingidas pelo HIV são os
linfócitos T.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D4
5. O tratamento para a aids contribui para a recuperação do
sistema imunológico da pessoa doente.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D5
14. Os medicamentos para tratamento da aids destroem o Etapa 2 F Lima et al. (1996) D5
8
48
HIV.
19. Os remédios para aids inibem a multiplicação do HIV no
organismo.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D5
34. A aids tem tratamento. Etapa 1 V Lima et al. (1996) D5
38. A aids não tem cura. Etapa 1 V Lima et al. (1996) D5
45. De maneira geral, os medicamentos usados no tratamento
da aids aumentam o tempo de vida das pessoas com a doença.
Etapa 2 V Lima et al. (1996) D5
54. Hoje em dia, há vacinas disponíveis nos serviços de
saúde para as pessoas que desejam se proteger do vírus da
aids.
Etapa 1 F
Ministério da Saúde
(2008)
D5
63. Assim que uma pessoa descobrir que é portadora do
HIV, deve começar a tomar os medicamentos para aids.
Etapa 1 F Lima et al. (1996) D5
2. Atualmente, no Brasil, a via mais frequente de
contaminação pelo HIV é a relação sexual homem com
homem.
Etapa 2 F
Ministério da Saúde
(2008a)
D6
25. O Brasil é um dos paises com menor número de casos de
aids no mundo.
Etapa 2 F WHO (2008) D6
30. Hoje em dia, o maior número de casos de aids no Brasil
está entre as mulheres.
Etapa 2 F
Ministério da Saúde
(2008a)
D6
47. O número de pessoas com aids no Brasil diminuiu, nos
últimos 3 anos.
Etapa 2 F
Ministério da Saúde
(2008a)
D6
67. Atualmente, o maior número de casos de aids no Brasil
está entre as pessoas com mais de 50 anos de idade.
Etapa 1 F
Ministério da Saúde
(2008a)
D6
5
49
5. ESTUDO 2 – Relações entre conhecimento de senso comum
e conhecimento científico sobre HIV/aids.
5.1 OBJETIVOS
5.1.1 Objetivo Geral: verificar relações entre elementos da
representação social da aids e níveis de conhecimento científico sobre
HIV/aids para pessoas maiores de 18 anos de idade.
5.1.2 Objetivos Específicos:
- Caracterizar a representação social da aids para os participantes;
- Caracterizar os níveis de conhecimento científico sobre
HIV/aids para os participantes;
- Caracterizar a representação social da aids para os participantes
com níveis de conhecimento científico abaixo e acima da média.
50
5.2 MÉTODO
5.2.1 Caracterização da pesquisa
Em um primeiro momento a pesquisa foi exploratória e descritiva
(Sampiere et al., 1994), caracterizou as representações sociais da aids e
o nível de conhecimento sobre HIV/aids dos participantes. Depois se
mostrou como correlacional (Sampiere et al., 1994), verificou as
relações entre os elementos constituintes das representações sociais e os
níveis de conhecimento científico sobre HIV/aids.
5.2.2 Participantes
Participaram da pesquisa 480 pessoas (amostra de conveniência)
com idades variáveis entre 18 a 63 anos (M = 25,44 anos; DP = 8,25
anos), 67,7% eram mulheres (n = 325 mulheres). Do total de
participantes, 65,2% declararam possuir uma fonte de renda mensal, que
variou entre R$ 250,00 a R$ 12.000,00, a média de rendimentos mensais
foi de R$ 1.470,63 (DP = R$ 1.334,84). Sobre a situação conjugal, 75%
declararam-se solteiros (dentre esses 56% namoravam), 22,3% casados
ou em união estável e 2,7% separados ou divorciados.
Quanto à escolaridade, 20% dos participantes tinham de nove a
11 anos de estudo (estudantes do ensino médio), 55,8% de 12 a 15 anos
de estudo (estudantes de curso superior) e 24,2% mais de 15 anos de
estudo (estudantes de pós-graduação). Dos participantes de 12 a 15 anos
de estudos, 51,7% eram estudantes de cursos de graduação de áreas não
relacionadas à saúde, como: administração, ciências contábeis, direito,
pedagogia e publicidade; outros 48,3% eram estudantes de cursos de
graduação ligados à área da saúde, tais quais: enfermagem, farmácia,
medicina e nutrição. Dos participantes com mais de 15 anos de estudos,
53% eram graduados em cursos não ligados à área da saúde, como:
administração, arquitetura, comércio exterior, ciências contábeis, design
gráfico, economia, hotelaria e turismo, letras, pedagogia, processamento
de dados, publicidade e propaganda e secretariado executivo; os outros
47% dos participantes eram graduados em cursos relacionados à área da
saúde, a saber: enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia,
medicina e psicologia.
5.2.3 Instrumentos
Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário
auto-aplicável de respostas abertas e fechadas (Apêndice D), com 95
questões divididas em três blocos: (a) sociodemográficas (oito
51
questões), (b) representação social (duas questões) e (c) conhecimento
científico (85 itens).
a) Sociodemográficas: oito perguntas sobre sexo (masculino ou
feminino), idade (em anos), escolaridade (ensino médio, graduação ou
pós-graduação), curso que frequenta, profissão ou ocupação, o valor dos
rendimentos mensais (em Reais), estado civil e namora ou não;
b) Representações sociais: uma pergunta de evocação livre
sobre representação social da aids em que os participantes deveriam
citar as cinco primeiras palavras que lembrassem a partir do termo
indutor aids; e uma pergunta em que os participantes deveriam escolher
duas palavras consideradas as mais importantes entre as cinco citadas na
primeira questão;
c) Teste de conhecimento científico sobre HIV/aids: um
conjunto de 85 itens (KR-20 = 0,89; observações sobre esse índice estão
descritas na seção análises) apresentados em forma de frases afirmativas
em que os participantes deveriam julgar se as consideravam verdadeiras,
falsas ou se não sabiam respondê-las. Conforme construção realizada no
Estudo 1 dessa pesquisa. Os itens estavam dispostos em seis dimensões,
tais como: sete itens sobre descrição da aids (KR-20 = 0,51), sete a
respeito da história da doença (KR-20 = 0,48), 32 referentes às formas
de contágio e prevenção do HIV (KR-20 = 0,76), 26 sobre
sintomatologia da aids e funcionamento do HIV (KR-20 = 0,78), oito
relativas ao tratamento da aids e controle do HIV (KR-20 = 0,43) e cinco
sobre epidemiologia da aids (KR-20 = 0,43).
5.2.4 Procedimentos
Éticos
Seguiram-se os mesmos procedimentos éticos descritos no
Estudo 1 dessa pesquisa. Antes da coleta de dados os participantes
foram informados sobre os objetivos e fins da pesquisa, a anonimidade,
a confidencialidade e o sigilo das informações prestadas, bem como da
possibilidade de desistirem em qualquer momento que desejassem.
Também receberam o termo de consentimento livre esclarecido,
conforme Apêndice E, contendo informações sobre a pesquisa e
assinavam se consentiam em participar.
De coleta
Os participantes foram localizados através de quatro instituições
de ensino de Santa Catarina, uma de ensino médio para jovens e adultos,
uma de ensino de graduação, uma de pós-graduação e uma de graduação
e pós-graduação. Após contato com responsáveis pelas instituições,
52
agendaram-se as aplicações coletivas por turmas, durante os horários e
nos próprios locais onde os participantes tinham aulas. As coletas,
realizadas pelo pesquisador e ajudante, duraram em média 25 minutos
para cada turma, foram precedidas, além das considerações éticas, por
instruções sobre como responder o questionário: atentar para leitura dos
enunciados, responder conforme a ordem que as questões apareciam,
responder individualmente, não deixar itens sem resposta. Após a coleta
de dados nas turmas de ensino médio para jovens e adultos, procedeu-se
uma orientação sobre formas de contágio e prevenção ao HIV, conforme
solicitação da instituição.
De análises
Os dados foram analisados em conjunto através de cálculos
descritivos e inferenciais. As respostas sociodemográficas tiveram suas
frequências, médias e desvios padrões calculados para descrever os
participantes e foram relacionadas entre si através de correlação de
Pearson, teste qui-quadrado, teste t de Student, ANOVA one-way. Além
disso, serviram como variáveis preditoras nas análises dos níveis de
conhecimento científico sobre HIV/aids. A escolaridade foi classificada
em três grupos correspondentes aos anos de estudo que os participantes
possuíam: nove a 11 anos de estudos, 12 a 15 anos de estudos e mais de
15 anos de estudos. A profissão e/ou o curso que frequentavam permitiu
agrupar os participantes em dois grupos: relacionado à área da saúde,
não relacionado à área da saúde.
As palavras oriundas da questão sobre a representação social da
aids tiveram suas frequências de evocação calculadas; em seguida, elas
foram agrupadas de acordo com a semelhança de significado (a partir da
avaliação de dois juízes) e formaram-se categorias, todas as palavras
com mais de cinco evocações integraram uma categoria, de forma que
mais de 90% do total de evocações foi contabilizado. Então se calculou
a frequência de participantes que citaram cada categoria, ou frequência
de evocação única de cada categoria, e através da ordem de evocação
(variável de primeira a quinta categoria citada), as médias e desvios
padrões de prontidão de evocação de cada uma. Para a prontidão de
evocação estipulou-se que quando citada em primeira ordem atribuiu-se
cinco pontos; em segunda ordem, quatro pontos; em terceira, três
pontos; em quarta, dois pontos; em quinta, um ponto; não citada a
categoria, zero pontos e não se computava o participante no cálculo da
média; casos em que a categoria foi citada em mais de uma ordem,
computou-se a de maior pontuação. Foram testadas associações entre
frequência de participantes que evocaram as categorias e as variáveis
53
sociodemográficas sexo, escolaridade e grupo saúde/não-saúde através
de teste qui-quadrado e exato de Fisher, e as diferenças entre médias de
prontidão de evocação através do teste t de Student e ANOVA one-way.
A partir das categorias, a fim de definir a frequência de corte para
os gráficos de quadrantes da representação social da aids, calculou-se a
média da frequência de evocação única por categoria, sendo a soma das
frequências de evocação única de cada categoria dividida pelo número
de categorias. Também se calculou a média da prontidão de evocação
para as categorias, com a soma das médias de todas as categorias divida
pelo número de categorias. Seguiu-se o mesmo procedimento para as
palavras (entre as cinco citadas) marcadas como as mais importantes
pelos participantes.
Através do teste de conhecimento calcularam-se os escores de
acertos geral (de 0 a 85 pontos) e para cada uma das seis dimensões, de
forma que a cada resposta correta atribuía-se um (1) ponto; às respostas
erradas, àquelas que eles assinalavam que não sabiam responder e às em
branco atribuía-se zero (0) ponto. A partir desses escores, calcularam-se
as médias e desvios padrões de acertos geral e para as dimensões do
teste. A confiabilidade do teste foi examinada através dos índices
Kuder-Richardson-20 para o conjunto total de itens do teste e para os
itens as dimensões (KR-20: apresentados na seção instrumentos). O
índice KR-20 é de interpretação semelhante ao alfa de Cronbach
(considerado satisfatório acima de 0,70; conforme Cronbach, 1951), mas
próprio para variáveis dicotômicas, como é o caso dos itens sobre
conhecimento, que terão as respostas avaliadas como certo ou errado
(Kuder & Richardson, 1937).
Para cada dimensão do teste também se calculou uma proporção
de acerto para cada dimensão, sendo o número de acertos dividido pelo
número de itens da dimensão (variável de 0 a 1) e verificou-se
diferenças entre médias de acertos nas dimensões através do teste
ANOVA para medidas repetidas. As relações entre os níveis de
conhecimento científico geral sobre HIV/aids e as variáveis
sociodemográficas foram verificadas através de correlações de Pearson
para idade e renda mensal; teste t de Student para grupos formados a
partir do sexo dos participantes e área de atuação (saúde, não saúde);
ANOVA one-way para grupos formados a partir da escolaridade;
ANOVA 2X3 para interação entre áreas de atuação e escolaridade.
Para testar possíveis relações entre as representações sociais da
aids dos participantes com escores diferentes no teste, dividiu-se a
amostra em dois grupos: acima e abaixo da média do escore geral de
conhecimento sobre HIV/aids. As representações sociais da aids foram
54
caracterizadas para os dois grupos através do cálculo das frequências de
evocação única e das médias e desvios padrões de prontidão de
evocação das categorias. Foram testadas associações entre frequência de
evocação única das categorias e os grupos constituídos a partir dos
níveis de conhecimento científico através de teste qui-quadrado, e as
diferenças entre médias de prontidão de evocação através do teste t de
Student.
A fim de examinar se as variáveis sociodemográficas e as
evocações das categorias da representação social da aids poderiam
predizer o conhecimento científico, realizou-se uma regressão linear
múltipla (stepwise) (Abbad &Torres, 2002). Incluíram-se como
variáveis independentes as sociodemográficas idade, renda, sexo
masculino (dummy – 0 para feminino e 1 para masculino), escolaridade -
mais de 15 anos de estudos (dummy 0 para nove a 11 anos de estudos
e para 12 a 15 anos de estudos e 1 para mais de 15 anos de estudos) e
escolaridade - 12 a 15 anos de estudos (dummy 0 para nove a 11 anos
de estudos e para mais de 15 anos de estudos e 1 para 12 a 15 anos de
estudos), também foi incluída como variável independente o grupo
saúde (dummy 0 para não-saúde e 1 para saúde) e as 28 categorias
criadas a partir das evocações dos participantes (variável dummy 0
para não citou e 1 para citou a categoria): doença, morte, preservativo,
sexo, prevenção, sofrimento, preconceito, cuidados, transmissão, medo,
descuido, tratamento, conscientização, sem cura, grupo de risco, vírus,
drogas, dst, imunidade, perigo, sangue, apoio, superação, vida, sintomas,
grave, problema e saúde. A variável dependente foi o escore geral de
conhecimento científico sobre HIV/aids.
55
5.3 RESULTADOS
5.3.1 Variáveis sociodemográficas
A média de idade dos participantes foi equivalente entre os sexos
[t(478) = 0,38; p = 0,70], a renda mensal também não se mostrou
diferente entre homens e mulheres [t(311) = 0,91; p = 0,36]. Já o nível
de escolaridade associou-se ao sexo dos participantes [X
2
(2, N = 480) =
9,41; p < 0,01], de forma que 55,2% dos participantes com nove a 11
anos de estudos eram mulheres, 69,4% dos que tinham de 12 a 15 anos
de estudos eram mulheres e 74,1% dos que tinham 16 ou mais anos de
estudos também eram do sexo feminino.
As médias de idades dos participantes com diferentes níveis de
escolaridade mostraram-se diferentes, os mais velhos tinham mais de 15
anos de estudos (M = 31,38 anos; DP = 7,73 anos), os mais novos
tinham de 12 a 15 anos de estudos (M = 22,05 anos; DP = 5,08 anos), já
os com nove a 11 anos de estudo tinham em média 27,71 anos (DP =
10,83 anos) [F(2) = 73,31; p < 0,01]. As idades também se
correlacionaram positivamente com as rendas mensais (r = 0,53; p <
0,01). Além disso, a renda mensal média daqueles com mais de 15 anos
de estudos (M = R$ 2.505,57; DP = R$ 1.824,43) diferenciou-se
daqueles com 12 a 15 anos de estudos (M = R$ 1.042,45; DP = R$
543,74) e com nove a 11 anos de estudos (M = R$ 847,35; DP = R$
612,60) [F(2) = 62,13; p < 0,01].
Ao se considerar os grupos formados pelos participantes ligados à
área da saúde e os não ligados à área da saúde constatou-se associação
entre os grupos e o sexo dos participantes [X
2
(1, N = 477) = 23,52; p <
0,01], de maneira que o grupo da saúde foi formado em 80,9% por
mulheres enquanto o não-saúde por 59,5% mulheres. De forma
semelhante, os grupos associaram-se à escolaridade dos participantes
[X
2
(2, N = 477) = 73,90; p < 0,01], tendo em vista que 32,3% do grupo
não saúde foi formado por participantes com nove a 11 anos de estudos,
46,9% por indivíduos com 12 a 15 anos de estudos e 20,7% por
participantes com mais de 15 anos de estudos; o grupo da saúde
constituído em 70,5% por pessoas com 12 a 15 anos de estudos e em
29,5% por participantes com mais de 15 anos de estudos. No entanto, as
médias de idades dos participantes nos dois grupos não se diferenciaram
[t(430,83) = 1,32; p = 0,19].
56
5.3.2 Representações sociais
Com relação às evocações, obteve-se um total de 2377
ocorrências distribuídas entre 384 palavras diferentes. A partir do
agrupamento de palavras com significados semelhantes, foram
elaboradas 28 categorias que abarcaram 90,35% do total de evocações.
A Tabela 2 apresenta as categorias elaboradas e seus totais de
evocações, as palavras que compõem cada categoria e a frequência de
evocação de cada palavra. As categorias, com exceção de sofrimento
(que se refere ao sofrimento físico ou psicológico provocado pela aids),
preservativo (que significa o mesmo que camisinha), grupo de risco (que
apresenta evocações referentes a pessoas ou grupos contaminados pelo
HIV desde o início da epidemia e estereótipos de pessoas
contaminadas), apoio (que mostra palavras ligadas ao auxílio às pessoas
com aids), imunidade (que exalta evocações sobre os efeitos do HIV
sobre o sistema imunológico) e sintomas (que traz à tona citações sobre
os sintomas da aids), receberam o mesmo nome da palavra componente
da categoria com maior frequência de evocação. Assim, as demais
palavras que integram as categorias possuem, segundo dois juízes,
significado semelhante àquelas que nomeiam as categorias.
Tabela 2. Categorias elaboradas, palavras que compõem a categoria e
frequência de evocação.
Categorias e total de
evocações
Palavras Frequência
Doença
211 evocações
doença 204
enfermidade 3
síndrome 2
síndrome_de_doenças 1
síndrome_imunodeficiência 1
Sofrimento
178 evocações
abalo_psicológico 1
agonia 2
angústia 11
arrependimento 5
culpa 2
depressão 6
desespero 8
desilusão 1
dor 26
infelicidade 4
pesar 1
57
peso_na_consciência 1
sofrimento 52
tristeza 58
Morte
173 evocações
até_a_morte 1
fatal 1
fatalidade 1
fim 1
fim_dos_dias 1
fim_dos_tempos 1
final 1
letal 1
leva_à_morte 2
mata 4
mata_lentamente 1
morte 154
sem_volta 2
suicídio 1
vida_no_fim 1
Preservativo
150 evocações
camisinha 95
preservativo 46
proteção 8
sem_proteção 1
Preconceito
142 evocações
abandono 1
discriminação 16
evitar_preconceitos 1
exclusão 2
exclusão_social 2
isolamento 6
preconceito 100
rejeição 3
sem_preconceito 1
solidão 10
Sexo
140 evocações
relação_sexual 6
sexo 115
sexo_inseguro 7
sexo_responsável 1
sexo_seguro 7
sexo_sem_camisinha 2
58
sexualmente 2
Prevenção
129 evocações
falta_de_prevenção 4
preservação 2
prevenção 122
programa_de_prevenção 1
Cuidados
127 evocações
alerta 2
atenção 11
autocuidado 2
auto_proteção 1
cuidado 76
falta_de_atenção 1
precaução 3
preocupação 16
prudência 1
respeitar_a_si 1
responsabilidade 12
sempre_alerta 1
Transmissão
107 evocações
compartilhar_seringa 1
contaminação 38
disseminação 2
epidemia 3
herdada_e_transfusão 1
infecção 2
pandemia 1
transmissão 59
Descuido
93 evocações
descuido 39
falha 1
imprudência 3
descaso 2
desleixo 1
despreocupação 2
irresponsabilidade 32
burrice 6
idiotice 2
inconsequência 4
vacilo 1
Medo
90 evocações
medo 85
pavor 2
59
receio 1
susto 2
Tratamento
83 evocações
antiretrovirais 1
azt 2
coquetel 15
efeito_colateral 1
exames_rotineiros 1
hospital 2
medicamento 4
médicos 2
remédios 15
retroviral 2
tratamento 38
Conscientização
81 evocações
aprendizado 1
campanha_publicitária 1
campanhas 1
conhecimento 7
conscientização 21
conversar 1
debater_assuntos 1
desconhecimento 10
desinformação 4
educação 1
esclarecimento 1
falta_de_consciência 2
falta_de_comunicação 4
falta_de_orientação 1
ignorância 3
informação 15
ler_mais_sobre 1
mais_divulgação 1
mau_informado 1
orientação 2
orientar_filhos 1
saber_sobre_doença 1
Sem cura
63 evocações
busca_da_cura 1
caminho_sem_volta 1
crônica 10
60
cura 11
incurável 6
irreversível 2
sem_cura 32
Grupo de risco
51 evocações
classe_social 1
crianças_contaminadas 1
drogado 2
gay 4
grupos_de_risco 4
hemofilia 1
homem 1
homossexualidade 7
idoso 1
itajaí 1
mendigo 1
mulher 1
pessoa_suja 1
pessoas_com_aids 1
porto 1
promiscuidade 10
prostituição 4
prostituta 2
puta 1
tuberculosos 1
usuário_de_drogas 2
viado 1
vítimas_sociedade 1
soro_positivo 1
Vírus
42 evocações
hiv 8
vírus 32
vírus_hiv 2
Drogas
41 evocações
álcool 1
dependência_química 1
drogas 34
não_injetar_drogas 1
não_usar_drogas 1
tráfico 2
vício 1
61
Sangue
37 evocações
agulha 2
sangue 19
seringa 6
seringa_descartável 1
transfusão_sanguinea 1
transfusão 8
DST
36 evocações
dst 35
venérea 1
Apoio
33 evocações
ajuda 7
amizades 2
amor 7
apego 1
apoio_família_e_governo 1
apoio_portador 1
auxílio 1
carinho 3
compaixão 1
família 5
solidariedade 4
Imunidade
33 evocações
baixa_imunidade 4
imunidade 8
imunidade_baixa 16
linfócito 3
sistema_imunológico 2
Perigo
31 evocações
risco 7
perigo 24
Superação
28 evocações
coragem 1
esperança 6
1
força_de_vontade 1
perseverança 2
qualidade_de_vida 4
renovação 1
superação 12
Vida
22 evocações
outra_vida 1
pouca_vida 1
resto_da_vida 1
sobrevida 1
62
valor_a_vida 1
vida 13
vida_não_acabou 1
vida_normal 2
viver 1
Sintomas
21 evocações
baixo_peso 1
definhamento 1
degenerativa 1
fragilidade 3
fraqueza 5
ficar doente 1
magreza 5
patologias_futuras 1
perda_de_peso 1
sintomas 2
Grave
17 evocações
ruim 1
perversa 1
mal 1
mal_que_prejudica 1
lastimável 1
cruel 1
grave 8
impiedosa 1
desagradável 1
agressiva 1
Problema
14 evocações
difícil_lidar 1
dificuldade 3
problema 9
complicações 1
Saúde
10 evocações
saúde 9
saúde_debilitada 1
Contabilizou-se a frequência de pessoas que evocaram cada uma
das categorias (frequência de evocação única) e sua respectiva média de
prontidão de evocação, como mostra a Tabela 3. Também se calculou a
média da frequência de evocação única (Mfe) de todas as categorias que
foi de 71,71 participantes e a média de prontidão de evocação (Mpe)
para todas as categorias que foi de 3,00 pontos.
63
Tabela 3. Categorias elaboradas, frequência de participantes que as citaram e
média de prontidão de evocação.
Categorias
Frequência de
participantes Média de prontidão
Doença 208 4,25 (DP = 1,16)
Morte 168 2,93 (DP = 1,43)
Preservativo 146 3,08 (DP = 1,24)
Sexo 140 3,28 (DP = 1,28)
Prevenção 128 3,38 (DP = 1,48)
Sofrimento 128 3,05 (DP = 1,40)
Preconceito 127 2,72 (DP = 1,41)
Cuidados 104 2,94 (DP = 1,41)
Transmissão 100 3,42 (DP = 1,33)
Medo 86 3,08 (DP = 1,55)
Descuido 78 3,13 (DP = 1,22)
Tratamento 78 2,18 (DP = 1,18)
Conscientização 71 2,56 (DP = 1,33)
Sem cura 62 2,82 (DP = 1,44)
Grupo de risco 43 2,74 (DP = 1,16)
Vírus 41 3,68 (DP = 1,35)
Drogas 39 2,59 (DP = 1,12)
Dst 36 4,08 (DP = 1,27)
Imunidade 31 3,13 (DP = 1,28)
Perigo 31 2,87 (DP = 1,43)
Sangue 29 2,52 (DP = 0,99)
Apoio 27 2,40 (DP = 1,19)
Superação 26 2,04 (DP = 1,04)
Vida 22 2,23 (DP = 1,38)
Sintomas 20 3,10 (DP = 1,17)
Grave 15 3,60 (DP = 1,24)
Problema 14 2,78 (DP = 1,31)
Saúde 10 3,50 (DP = 1,08)
Observou-se que as categorias doença, transmissão, prevenção,
sexo, descuido, preservativo, medo e sofrimento obtiveram freqncia de
evocação única e prontidão de evocação superiores às médias (elementos
do núcleo central da representação social). As categorias morte, cuidados,
preconceito, conscientização e tratamento tiveram frequência superior à
média, porém foram menos prontamente evocadas (elementos
intermediários da representação social). As categorias dst
, vírus, grave,
saúde, imunidade e sintomas apresentaram frequência inferior à dia,
mas prontidão de evocação superior (elementos intermediários da
representação social). as categorias perigo, sem cura, problema,
pessoas, drogas, sangue, apoio, vida e superação mostraram frequência e
64
média de prontidão inferiores à média (elementos periféricos da
representação social). A Figura 1 ilustra tais observações. A partir da
questão sobre a escolha das duas palavras mais importantes entre as
evocadas pelos participantes, constatou-se que duas tiveram frequência de
evocação única superiores à média: prevenção e preservativo.
Mfe > 71, Mpe > 3
Mfe > 71, Mpe < 3
fp Mp
fp Mp
doença 208 4,25
morte 168 2,93
transmissão 100 3,42
cuidados 104 2,94
prevenção* 128 3,38
preconceito 127 2,72
sexo 140 3,28
conscientização 71 2,56
descuido 78 3,13
tratamento 78 2,18
preservativo* 146 3,08
medo 86 3,08
sofrimento 128 3,05
Mfe < 71, Mpe > 3
Mfe < 71, Mpe < 3
fp Mp
fp Mp
dst 36 4,08
perigo 31 2,87
vírus 41 3,68
sem cura 62 2,82
grave 15 3,6
problema 14 2,79
saúde 10 3,5
grupo de risco 43 2,74
imunidade 31 3,13
drogas 39 2,59
sintomas 20 3,1
sangue 29 2,52
apoio 27 2,41
vida 22 2,23
superação 26 2,04
* Consideradas as mais importantes.
Figura 1. Quadrantes RS da aids para todos os participantes.
Quando comparadas as frequências de evocações únicas entre os
participantes do sexo masculino e feminino, verificou-se que quatro
categorias associaram-se ao sexo: transmissão [X
2
(1, N = 480) = 7,37; p
< 0,01]; medo [X
2
(1, N = 480) = 7,52; p < 0,01]; grupo de risco [X
2
(1, N
65
= 480) = 11,92; p < 0,01]; sangue [X
2
(1, N = 480) = 5,33; p < 0,05].
Transmissão foi citada por 24,3% das mulheres, contra 13,5% dos
homens. Medo por 21,2% das mulheres e 11% dos homens. a
categoria grupo de risco foi evocada por 15,5% dos homens, enquanto
5,8% das mulheres a evocou. E a categoria sangue 9,7% dos homens a
citou e 4,3% das mulheres. A Figura 2 ilustra as associações.
Quanto à prontidão de evocação a categoria sexo diferenciou-se
entre homens (M = 3,67 pontos; DP = 1,25 pontos) e mulheres (M =
3,05 pontos; DP = 1,24 pontos) [t(138) = 2,89; p < 0,01].
Figura 2. Associações entre categorias RS da aids e sexo dos participantes.
A escolaridade dos participantes associou-se às categorias
sofrimento [X
2
(2, N = 480) = 10,11; p < 0,01]; preconceito [X
2
(2, N =
480) = 16,34; p < 0,01] e grupo de risco [X
2
(2, N = 480) = 6,31; p <
0,05]. Sofrimento foi citado por 37,5% dos participantes com nove a 11
anos de estudos, por 26,5% dos com 12 a 15 anos de estudos e por
18,1% dos com mais de 15 anos de estudos. Preconceito
foi evocado por
41,5% dos participantes com nove a 11 anos de estudos, por 20,5% dos
com 12 a 15 anos de estudos e por 27,6% dos com mais de 15 anos de
estudos. Dos participantes com nove a 11 anos 8,3% citou a categoria
Masculino
Feminino
Grupo de risco
Sangue
Transmissão
Medo
Transmissão
Medo
Grupo de risco
Sangue
Doença
Morte
Preservativo
Sexo
Prevenção
Sofrimento
Preconceito
Cuidados
Descuido
Tratamento
Conscientização
Sem cura
Vírus
Drogas
Dst
Imunidade
Perigo
Apoio
Superação
Vida
Sintomas
Grave
Problema
Saúde
Masculino
Feminino
Grupo de risco
Sangue
Transmissão
Medo
Transmissão
Medo
Grupo de risco
Sangue
Doença
Morte
Preservativo
Sexo
Prevenção
Sofrimento
Preconceito
Cuidados
Descuido
Tratamento
Conscientização
Sem cura
Vírus
Drogas
Dst
Imunidade
Perigo
Apoio
Superação
Vida
Sintomas
Grave
Problema
Saúde
66
grupo de risco, 6,7% dos com 12 a 15 anos de estudos a citou e 14,7%
dos com mais de 16 anos de estudos também. Uma ilustração das
associações pode ser visualizada na Figura 3.
Com relação às diferenças entre prontidão de evocação,
constatou-se que as categorias preconceito [F(2) = 6,25; p < 0,05] e
medo [F(2) = 7,66; p < 0,05] foram diferentes para os participantes com
níveis de escolaridade diferentes. Preconceito foi mais prontamente
evocado por aqueles com nove a 11 anos de estudo (M = 3,18 pontos;
DP = 1,45 pontos) que por aqueles com 12 a 15 anos de estudos (M =
2,55 pontos; DP = 1,44 pontos) e com mais de 15 anos de estudos (M =
2,44 pontos; DP = 1,19 pontos). A categoria medo foi mais prontamente
citada por aqueles com mais de 15 anos de estudos (M = 3,62 pontos;
DP = 1,56 pontos) comparado aos com 12 a 15 anos de estudos (M =
2,71 pontos; DP = 1,49 pontos), entre os com nove a 11 anos de estudos
(M = 3,17 pontos; DP = 1,50 pontos) e os outros dois grupos não houve
diferenças.
Figura 3. Associações entre categorias RS da aids e escolaridade dos
participantes.
As relações entre as categorias citadas e os grupos de
participantes das áreas da saúde e não-saúde indicaram associações para
Transmissão
Medo
Grupo de risco
Sangue
Doença
Morte
Preservativo
Sexo
Prevenção
Sofrimento
Preconceito
Cuidados
Descuido
Tratamento
Conscientização
Sem cura
Vírus
Drogas
Dst
Imunidade
Perigo
Apoio
Superação
Vida
Sintomas
Grave
Problema
Saúde
Mais de 15 anos de estudo
D
e
1
2
a
1
5
a
n
o
s
d
e
e
s
t
u
d
o
D
e
9
a
1
1
a
n
o
s
d
e
e
s
t
u
d
o
Sofrimento
Sofrimento
Preconceito
Preconceito
Grupo de risco
Grupo de risco
Transmissão
Medo
Grupo de risco
Sangue
Doença
Morte
Preservativo
Sexo
Prevenção
Sofrimento
Preconceito
Cuidados
Descuido
Tratamento
Conscientização
Sem cura
Vírus
Drogas
Dst
Imunidade
Perigo
Apoio
Superação
Vida
Sintomas
Grave
Problema
Saúde
Mais de 15 anos de estudo
D
e
1
2
a
1
5
a
n
o
s
d
e
e
s
t
u
d
o
D
e
9
a
1
1
a
n
o
s
d
e
e
s
t
u
d
o
Sofrimento
Sofrimento
Preconceito
Preconceito
Grupo de risco
Grupo de risco
67
10 categorias com os grupos, de forma que: a categoria morte foi
evocada por 40,1% dos participantes da área da saúde, enquanto 27,3%
dos da área não-saúde a citaram [X
2
(1, N = 477) = 8,12; p < 0,01];
sofrimento foi citado por 32,7% do grupo não-saúde e por 16,9% do
grupo saúde [X
2
(1, N = 477) = 14,25; p < 0,01]; prevenção foi evocada
por 21,8% dos participantes da área não-saúde e por 34,4% da área da
saúde [X
2
(1, N = 477) = 9,25; p < 0,01]; preconceito foi citado por
30,6% dos participantes da área não-saúde, contra 19,7% da área da
saúde [X
2
(1, N = 477) = 6,94; p < 0,01]; a categoria transmissão foi
evocada por 16% dos participantes da área não-saúde e por 29% dos
participantes da área saúde [X
2
(1, N = 477) = 11,46; p < 0,01]; descuido
foi evocado por 18,7% do grupo não-saúde e por 11,5% do grupo saúde
[X
2
(1, N = 477) = 4,40; p < 0,05]; tratamento foi citado por 12,2%
daqueles da área não-saúde e por 23% dos participantes da saúde [X
2
(1,
N = 477) = 9,45; p < 0,01]; vírus foi evocado por 5,4% dos participantes
do grupo não-saúde, enquanto 13,7% do grupo saúde o citou [X
2
(1, N =
477) = 9,70; p < 0,01]; dst foi evocada por 5,4% dos participantes da
área não-saúde e por 10,9% dos participantes da área saúde [X
2
(1, N =
477) = 4,87; p < 0,05]; imunidade foi evocada por 0,7% do grupo não-
saúde e por 15,8% do grupo saúde (Exato de Fisher; p < 0,01). A Figura
4 ilustra as associações.
Ao se testar as diferenças entre prontidão de evocação para os
dois grupos, verificou-se que imunidade foi mais prontamente evocada
pelo grupo da saúde (M = 3,21 pontos; DP = 1,29 pontos) que pelo
grupo não-saúde (M = 2,00 pontos; DP = 0) [t(28) = 5,03; p < 0,01].
Sintomas foi mais prontamente evocado pelos participantes da área da
saúde (M = 3,64 pontos; DP = 1,03) que por aqueles da área não-saúde
(M = 2,44 pontos; DP = 1,01 pontos) [t(18) = 2,60; p < 0,05]. A
categoria grave foi mais prontamente citada pelos participantes do grupo
não-saúde (M = 3,92 pontos; DP = 1,16 pontos) que por aqueles do
grupo saúde (M = 2,33 pontos; DP = 0,58 pontos) [t(13) = 2,24; p <
0,05]. A categoria saúde foi evocada mais prontamente pelo grupo não-
saúde (M = 4,00 pontos; DP = 0,58 pontos) que pelo grupo saúde (M =
2,33 pontos; DP = 1,15 pontos) [t(8) = 3,16; p < 0,05].
68
Figura 4. Associações entre categorias RS da aids e grupo saúde/não-saúde.
5.3.3 Conhecimento científico
Os dados do conhecimento científico sobre HIV/aids para os
participantes desta pesquisa indicaram que o conhecimento variou de 21
a 76 pontos (mínimo possível = 0 e máximo possível = 85 pontos), a
média de acertos foi de 49,03 pontos (DP = 10,86 pontos; Med = 50
pontos). A Tabela 4 mostra a média e desvio padrão para os escores de
cada dimensão, a pontuação mínima e máxima em cada uma e a média e
desvio padrão da proporção de acerto (variável de 0 a 1 ponto) para cada
dimensão.
Saúde
Não-saúde
Transmissão
Medo
Grupo de risco
Sangue
Doença
Morte
Preservativo
Sexo
Prevenção
Sofrimento
Preconceito
Cuidados
Descuido
Tratamento
Conscientização
Sem cura
Vírus
Drogas
Dst
Imunidade
Perigo
Apoio
Superação
Vida
Sintomas
Grave
Problema
Saúde
Transmissão
Morte
Prevenção
Tratamento
Vírus
Dst
Imunidade
Sofrimento
Preconceito
Descuido
Saúde
Não-saúde
Transmissão
Medo
Grupo de risco
Sangue
Doença
Morte
Preservativo
Sexo
Prevenção
Sofrimento
Preconceito
Cuidados
Descuido
Tratamento
Conscientização
Sem cura
Vírus
Drogas
Dst
Imunidade
Perigo
Apoio
Superação
Vida
Sintomas
Grave
Problema
Saúde
Transmissão
Morte
Prevenção
Tratamento
Vírus
Dst
Imunidade
Sofrimento
Preconceito
Descuido
69
Tabela 4. Escores e proporções de acerto para cada dimensão do teste de
conhecimento científico HIV/aids.
Dimensão
Escore na dimensão
(pontos)
Proporção de
acerto (pontos)
1. Descrição da aids e HIV
(7 itens)
M = 4,37; DP = 1,40;
Min = 0; Max = 7
M = 0,62; DP = 0,20
2. História da doença
(7 itens)
M = 1,67; DP = 1,33;
Min = 0; Max = 6
M = 0,24; DP = 0,19
3. Formas de contágio e
prevenção do HIV
(32 itens)
M = 20,28; DP = 4,26;
Min = 8; Max = 31
M = 0,63; DP = 0,13
4. Sintomatologia aids e
funcionamento HIV
(26 itens)
M = 15,54; DP = 4,33;
Min = 3; Max = 25
M = 0,60; DP = 0,17
5. Tratamento aids e
controle HIV (8 itens)
M = 5,43; DP = 1,40;
Min = 1; Max = 8
M = 0,68; DP = 0,17
6. Epidemiologia HIV/aids
(5 itens)
M = 1,73; DP = 1,23;
Min = 0; Max = 5
M = 0,35; DP = 0,25
Com exceção das dimensões D1-Descrição e D3-Prevenção, que
não apresentaram diferenças entre si nas médias da proporção de acerto,
todas as demais foram diferentes entre si, inclusive a D1-Descrição e
D3-Prevenção comparadas às demais [F(3,61) = 693,44; p < 0,01].
Assim, pôde-se verificar que D5-Tratamento obteve mais acertos que
todas as outras dimensões, seguida por D1-Descrição e D3-Prevenção,
seguidas por D4-Sintomas, seguida por D6-Epidemiologia e, com
menos acertos, D2-História.
Entre os sexos dos participantes não houve diferenças de nível de
conhecimento científico sobre HIV/aids [t(478) = 0,63; p = 0,53]. Com a
idade o escore geral de conhecimento correlacionou-se positivamente (r
= 0,22; p < 0,01), assim como com a renda dos participantes (r = 0,36; p
< 0,01). entre a escolaridade houve diferenças no sentido de aqueles
com mais de 15 anos de estudos (M = 55,16 pontos; DP = 9,40 pontos)
apresentaram maiores níveis de conhecimento que aqueles com 12 a 15
anos de estudos (M = 48,75 pontos; DP = 10,39 pontos) e nove a 11
anos de estudos, e aqueles com 12 a 15 anos de estudos mais
conhecimento que os com nove a 11 anos de estudos [F(2) = 42,98; p <
0,01].
Entre os grupos formados por participantes da área da saúde e os
não ligados à saúde observaram-se também diferenças no nível de
conhecimento, sendo que os da área da saúde (M = 55,39 pontos; DP =
9,26 pontos) pontuaram mais que os de outras áreas (M = 44,99 pontos;
70
DP = 9,83 pontos) [t(475) = 11,49; p < 0,01]. Verificou-se que aqueles
com maior escolaridade e pertencentes à área da saúde obtiveram escores
superiores aos de menos escolaridade e aos de outras áreas que o sde,
contudo não houve interação entre essas duas variáveis [F(1) = 0,70; p =
0,40], como ilustra a Figura 5.
escolaridade
16 ou maisde 12 a 15de 9 a 11 anos
95% CI escore total teste
70
60
50
40
30
Grupos
não saúde
saúde
Figura 5. Escores de acertos por escolaridade e grupo saúde/não-saúde.
5.3.4 Predição do conhecimento científico
A análise de regressão múltipla, através do método stepwise,
apresentou seis modelos explicativos da variação do conhecimento
global sobre HIV/aids. Constatou-se que o modelo 6 mostrou-se
adequado para explicar a variação do conhecimento [F(6) = 29,91; p <
0,01]. Verificou-se que 37% da variância do conhecimento pôde ser
predito por seis variáveis (grupo saúde; mais de 15 anos de estudos;
idade; de 12 a 15 anos de estudos; sexo masculino; categoria
preservativo) que integraram o modelo testado. A Tabela 5 apresenta os
coeficientes das variáveis que integraram tal modelo.
71
B
Erro
Padrão
β t
R
2
Modelo 6
0,37
Constante 35,63 2,21 16,11**
Grupo Saúde 10,01 1,17 0,42 8,59**
Mais de 15 anos de estudos 6,82 1,54 0,29 4,42**
Idade 0,26 0,07 0,20 3,83**
De 12 a 15 anos de estudos 3,55 1,40 0,16 2,53*
Sexo masculino 2,68 1,05 0,12 2,56*
Categoria preservativo -2,26 1,09 -0,10
2,08*
* p < 0,05
** p < 0,01
Tabela 5. Índices regressão linear múltipla, variáveis preditoras do
conhecimento científico sobre HIV/aids.
Observou-se que a variável com maior contribuição para
explicação de acréscimos nos níveis de conhecimento global sobre
HIV/aids foi pertencer à área da saúde (grupo saúde), comparado a não
pertencer ao grupo saúde; seguida da variável ter mais de 15 anos de
estudos, comparada a ter 15 ou menos anos de estudos; logo depois se
verifica que o acréscimo da idade prediz aumentos nos níveis de
conhecimento; em seguida ter entre 12 a 15 anos de estudos, comparado
a ter menos anos de estudos contribui para incrementos nos níveis de
conhecimento; seguida por ser do sexo masculino, comparado a ser do
sexo feminino. E, por fim, citar a categoria preservativo, em relação à
não citá-la, contribuiu para o decréscimo nos níveis de conhecimento.
5.3.5 Representações sociais e níveis de conhecimento científico
O grupo de pessoas que obteve escore geral no teste de
conhecimento sobre HIV/aids superior à média foi formado por 50,4%
do total de participantes, o grupo com escore inferior à média pelos
49,6% restantes. A frequência de participantes que citaram as categorias
(frequência de evocação única) e a média de prontidão de evocação
entre aqueles com conhecimento científico acima da média e aqueles
abaixo da média podem ser visualizadas na Tabela 6.
72
Tabela 6. Frequências e médias de prontidão de evocação das categorias RS da
aids por grupo mais conhecimento e menos conhecimento científico.
Grupo mais conhecimento
n = 242
Grupo menos conhecimento
n = 238
Categorias
Frequência
participantes
Média
prontidão
Frequência
participantes
Média
prontidão
Doença 99
4,25
(DP = 1,22)
109
4,24
(DP = 1,21)
Morte 75
2,87
(DP = 1,36)
93
2,99
(DP = 1,49)
Preservativo 66
3,21
(DP = 1,18)
80
2,96
(DP = 1,28)
Sexo 69
3,20
(DP = 1,38)
71
3,35
(DP = 1,17)
Prevenção 66
3,42
(DP = 1,44)
62
3,32
(DP = 1,53)
Sofrimento 48
3,06
(DP = 1,37)
80
2,96
(DP = 1,43)
Preconceito 56
2,80
(DP = 1,39)
71
2,65
(DP = 1,43)
Cuidados 46
3,00
(DP = 1,49)
58
2,90
(DP = 1,35)
Transmissão 51
3,41
(DP = 1,43)
49
3,43
(DP = 1,22)
Medo 44
3,04
(DP = 1,64)
42
3,12
(DP = 1,47)
Descuido 34
3,00
(DP = 0,98)
44
3,23
(DP = 1,38)
Tratamento 51
2,14
(DP = 1,15)
27
2,26
(DP = 1,26)
Conscientização
34
2,88
(DP = 1,32)
37
2,27
(DP = 1,28)
Sem cura 37
2,73
(DP = 1,45)
25
2,96
(DP = 1,46)
Grupo de risco 31
2,77
(DP = 1,18)
12
2,67
(DP = 1,15)
Vírus 25
3,56
(DP = 1,56)
16
3,88
(DP = 0,96)
Drogas 27
2,59
(DP = 1,15)
12
2,58
(DP = 1,08)
Dst 24
4,29
(DP = 0,86)
12
3,67
(DP = 1,83)
Imunidade 23
3,13
(DP = 1,22)
8
3,13
(DP = 1,55)
Perigo 12 3,33 19 2,58
73
(DP = 1,23) (DP = 1,50)
Sangue 15
2,67
(DP = 0,98)
14
2,36
(DP = 1,01)
Apoio 16
2,25
(DP = 1,18)
11
2,64
(DP = 1,21)
Superação 15
2,07
(DP = 1,10)
11
2,00
(DP = 1,00)
Vida 9
2,22
(DP = 1,48)
13
2,23
(DP = 1,36)
Sintomas 12
3,58
(DP = 0,79)
8
2,38
(DP = 1,30)
Grave 7
3,00
(DP = 1,15)
8
4,13
(DP = 1,13)
Problema 6
2,67
(DP = 1,37)
8
2,88
(DP = 1,36)
Saúde 8
3,38
(DP = 1,19)
2
4,00
(DP = 0,00)
Para o grupo com mais conhecimento cienfico a média da
frequência de evocação única (Mfe) para todas as categorias foi de 35,39
participantes e adia de prontio de evocação (Mpe) para todas as
categorias foi de 3,00 pontos. Nota-se, assim, que as categorias doença,
prevenção, transmissão, preservativo, sexo, sofrimento e medo obtiveram
frequência de evocão única e prontio de evocão superiores à média.
As categorias cuidados, descuido, conscientização, morte, preconceito e
sem cura tiveram freqncia superior a dia, contudo foram menos
prontamente evocadas. As categorias dst, sintomas, rus, sde, perigo,
imunidade e grave mostraram frequência inferior à média, mas prontio de
evocão superior. E as categorias grupo de risco, problema, sangue,
drogas, apoio, vida e superão apresentaram frequência e média de
prontio inferiores à dia. Tais observações o ilustradas na Figura 6.
Entre as palavras marcadas pelos participantes como as mais importantes,
constatou-se que três tiveram frequência evocação única superiores à dia:
prevenção, preservativo e sexo.
74
Mfe > 35,39; Mpe > 3
Mfe > 35,39; Mpe < 3
fp Mp fp Mp
doença 99 4,25 cuidados 46 3
prevenção* 66 3,42 descuido 34 3
transmissão 51 3,41 conscientização 34 2,88
preservativo* 66 3,21 morte 75 2,87
sexo* 69 3,2 preconceito 56 2,8
sofrimento 48 3,06 sem cura 37 2,73
medo 44 3,05 tratamento 51 2,14
cuidados 46 3
Mfe < 35,39; Mpe > 3
Mfe < 35,39; Mpe < 3
fp Mp fp Mp
dst 24 4,29 grupo de risco 31 2,77
sintomas 12 3,58 problema 6 2,67
vírus 25 3,56 sangue 15 2,67
saúde 8 3,38 drogas 27 2,59
perigo 12 3,33 apoio 16 2,25
imunidade 23 3,13 vida 9 2,22
grave 7 3 superação 15 2,07
* Consideradas as mais importantes.
Figura 6. Quadrantes RS da aids para participantes com conhecimento sobre
HIV/aids acima da média.
Para o grupo com menos conhecimento científico a dia da
frequência de evocação única (Mfe) para todas as categorias foi de 35,78
participantes e adia de prontidão de evocão (Mpe) por categoria foi de
2,99 pontos. Observa-se, então, que as categorias doença, transmissão, sexo,
prevenção, descuido, medo, sofrimento, morte, preservativo e cuidados
obtiveram freqncia de evocão única e prontio de evocão superiores
à média. As categorias preconceito e conscientizão tiveram freqncia
superior a média, porém foram menos prontamente evocadas. As categorias
grave
, sde, rus, dst e imunidade apresentaram frequência inferior à
média, e prontidão de evocação superior. Por fim, as categorias sem cura,
problema, grupo de risco, apoio, drogas, perigo, sintomas, sangue,
tratamento, vida e superão mostraram freqncias e dias de prontio
75
inferiores à dia. Visualizam-se essas observões na Figura 7. Entre as
palavras marcadas pelos participantes como as mais importantes, verificou-
se que duas obtiveram frequência de evocação única superiores à dia:
prevenção e preservativo.
Mfe > 35,78; Mpe > 2,99
Mfe > 35,78; Mpe < 2,99
fp Mp fp Mp
doença 109
4,24
preconceito 71 2,65
transmissão 49 3,43
conscientização 37 2,27
sexo 71 3,35
prevenção* 62 3,32
descuido 44 3,23
medo 42 3,12
sofrimento 80 3,05
morte 93 2,99
preservativo* 80 2,96
cuidados 58 2,9
Mfe < 35,78; Mpe > 2,99
Mfe < 35,78; Mpe < 2,99
fp Mp fp Mp
grave 8 4,13
sem cura 25 2,96
saúde 2 4,00
problema 8 2,88
vírus 16 3,88
grupo de risco 12 2,67
dst 12 3,67
apoio 11 2,64
imunidade 8 3,13
drogas 12 2,58
perigo 19 2,58
sintomas 8 2,38
sangue 14 2,36
tratamento 27 2,26
vida 13 2,23
superação 11 2,00
* Consideradas as mais importantes.
Figura 7. Quadrantes RS da aids para participantes com conhecimento sobre
HIV/aids abaixo da média.
Verificaram-se associações entre os grupos com mais conhecimento e
menos conhecimento e seis categorias: sofrimento
[X
2
(1, N = 480) = 11,65; p <
0,01]; tratamento [X
2
(1, N = 480) = 8,35; p < 0,01]; grupo de risco [X
2
(1, N =
480) = 8,88; p < 0,01]; drogas [X
2
(1, N = 480) = 6,01; p < 0,05]; dst [X
2
(1, N =
76
480) = 4,11; p < 0,05]; imunidade [X
2
(1, N = 480) = 7,49; p < 0,01]. A categoria
sofrimento foi citada por 33,6% dos participantes com menos conhecimento
científico, enquanto 19,8% dos com mais conhecimento a citaram. a
categoria tratamento foi evocada por 21,1% dos participantes com mais
conhecimento cienfico e por 11,3% dos com menos conhecimento. Dentre os
participantes com mais conhecimento científico 12,8% citaram a categoria
grupo de risco, 5% dos com menos conhecimento a citaram. A categoria drogas
foi evocada por 11,2% do grupo com conhecimento cienfico acima da média e
por 5% do grupo com conhecimento abaixo da média. A categoria dst foi citada
por 9,9% dos participantes com mais conhecimento científico, contra 5% dos
com menos conhecimento. Imunidade foi evocada por 9,5% dos participantes
com mais conhecimento, enquanto 3,4% dos com menos conhecimento a
evocou. Visualizam-se as associações na Figura 8.
Entre as médias de prontio de evocão das categorias nos dois
grupos houve diferenças para a categoria sintomas [t(10,48) = 2,35; p < 0,05],
sendo que ela foi mais prontamente evocada por aqueles com mais
conhecimento científico (M = 3,58; DP = 0,79) do que por aqueles com menos
conhecimento (M = 2,38; DP = 1,30).
Figura 8. Associações entre categorias RS da aids e grupo mais
conhecimento/menos conhecimento.
Mais
conhecimento
Menos
conhecimento
Grupo de risco
Transmissão
Medo
Grupo de risco
Sangue
Doença
Morte
Preservativo
Sexo
Prevenção
Sofrimento
Preconceito
Cuidados
Descuido
Tratamento
Conscientização
Sem cura
Vírus
Drogas
Dst
Imunidade
Perigo
Apoio
Superação
Vida
Sintomas
Grave
Problema
Saúde
Tratamento
Drogas
Dst
Imunidade
Sofrimento
Mais
conhecimento
Menos
conhecimento
Grupo de risco
Transmissão
Medo
Grupo de risco
Sangue
Doença
Morte
Preservativo
Sexo
Prevenção
Sofrimento
Preconceito
Cuidados
Descuido
Tratamento
Conscientização
Sem cura
Vírus
Drogas
Dst
Imunidade
Perigo
Apoio
Superação
Vida
Sintomas
Grave
Problema
Saúde
Tratamento
Drogas
Dst
Imunidade
Sofrimento
77
6. DISCUSSÃO
Conhecimento científico
Validade do teste
A análise de consistência interna KR-20 para o teste de
conhecimento científico sobre HIV/aids apresentou índice satisfatório
(KR-20 = 0,89) (Cronbach, 1951), apontando o teste como adequado
para avaliar o construto a que se propõe. O aumento dos níveis de
conhecimento conforme o aumento da escolaridade confirma a hipótese
teórica de que mais anos de estudos aumentaria a probabilidade de mais
conhecimento científico sobre HIV/aids, critério esse também favorável
à validade de construto do teste em questão. Tal como sugere Pasquali
(2003) a validade de construto constata se o teste representa
adequadamente o construto teórico e pode ser verificada, dentre outros
modos, através da análise de consistência interna (verifica as correlações
entre cada item do teste com os outros itens ou com o escore total dos
itens, nesse caso esse dado é fornecido através do índice KR-20) e
análise convergente-discriminante (verifica se o teste correlaciona-se
com variáveis teoricamente associadas ao construto, no caso maior
escolaridade implica maior chance de se ter recebido informações
científicas sobre HIV/aids).
Outro passo na validação de um instrumento psicométrico diz
respeito à validade de critério (Pasquali, 2001), que verifica a eficácia
do teste em predizer o desempenho de um grupo de indivíduos
específicos. Neste caso, o grupo específico diz respeito aos participantes
da área da saúde que, hipoteticamente, deveriam apresentar níveis
maiores de conhecimento científico sobre HIV/aids devido ao
treinamento recebido em função de suas profissões, graduações ou
especializações. A análise de regressão confirmou essa hipótese e
apresentou a variável ‘pertencer ao grupo saúde’ como preditora de
incrementos nos níveis de conhecimento científico sobre HIV/aids.
Além da validade de conteúdo (análise de juízes e análise
semântica) descrita no Estudo 1, o teste criado para avaliar os níveis de
conhecimento científico sobre HIV/aids para pessoas maiores de 18
anos de idade demonstrou-se, no Estudo 2, em acordo com as etapas
para criação de um instrumento psicométrico (Pasquali, 1999; Pasquali,
2003) e revelou índices satisfatórios para validade. Pode, portanto,
fornecer dados fidedignos ao construto e ser utilizado em novas
mensurações. Não obstante, é importante salientar que novas análises e
adaptações ao teste podem ser realizadas a fim de incrementar sua
precisão, diminuir o número de itens, verificar o poder discriminante de
78
itens e dimensões e re-testar sua de validade, por exemplo, análises
fundamentadas na teoria de resposta ao item.
Níveis de conhecimento
Os níveis de conhecimento científico sobre HIV/aids para os
participantes deste estudo mostraram que eles acertaram, em média,
57,6% do teste (M = 49,03 pontos; total de itens do teste = 85). Embora,
em média, mais da metade do teste tenha sido respondido corretamente,
menos de 60% de acertos foi obtido e classificaram-se os participantes
como insatisfatoriamente informados sobre o tema. Ferreira (2003,
2008) estimou, em pesquisa a partir de itens sobre transmissão do HIV
de uma amostra da população brasileira, que os brasileiros que
atingissem 65% de acertos naquelas questões poderiam ser considerados
bem informados sobre o assunto.
Dados de pouco conhecimento são semelhantes aos encontradas
por Ferreira (2003, 2008) para a população brasileira e por Camargo et
al. (2005) que salientaram um baixo nível de conhecimento sobre
transmissão e prevenção do HIV entre estudantes do ensino médio.
Camargo et al. (2007) também constataram que o nível de conhecimento
dos estudantes do ensino médio sobre o HIV e sua transmissão, a
infecção pelo vírus e tratamento, e as formas de prevenção do HIV era
insuficiente para considerá-los cientificamente bem informados sobre o
HIV/aids. Ao encontro desses resultados, porém com uma amostra de
participantes idosos, Lazzarotto et al. (2009) verificaram uma alta
frequência de respostas erradas sobre o conhecimento de conceitos, da
transmissão e da prevenção do HIV e aids.
Ao serem comparadas as proporções de acertos entre as
dimensões do conhecimento sobre HIV/aids constatou-se que os
participantes acertaram mais os itens referentes ao tratamento aids e
controle HIV (D5), 68% de acertos. Esta dimensão reflete uma
habilidade em reconhecer a possibilidade de tratamento da aids e os
princípios básicos da terapêutica medicamentosa frente ao HIV. Infere-
se que essa habilidade dos participantes maior que as demais do teste
traduza a noção da incorporação da aids ao rol das doenças crônicas
pelos participantes, inferência reforçada pela não-pertença do elemento
morte ao quadrante referente ao núcleo central da representação social
da aids. Camargo (2000) sugeriu informação semelhante ao constatar
que a representação de ‘doença mortal’ perdia espaço para a
representação de ‘prevenção sexual’ em seu estudo sobre a
representação social da aids entre universitários.
79
As dimensões relativas à descrição da aids (D1), com 62% de
acertos, e formas de contágio e prevenção (D3), com 63% de acertos,
foram as segundas com maior proporção de acertos. Essas dimensões
referem-se à habilidade dos participantes em identificar a aids como
uma doença, sua nomenclatura e de seu agente etiológico o HIV, bem
como diferenciar o vírus e a doença e reconhecer os subtipos do vírus; e
em reconhecer as características biológicas e comportamentais de maior
ou menor probabilidade de contágio pelo HIV. Os índices mais altos
nessas dimensões (atrás apenas da dimensão D5-Tratamento) e a
pertença de elementos como prevenção e preservativo ao núcleo central
da representação social da aids, incluindo seus destaques como os mais
importantes, indicam que os participantes conheciam e atribuíam
importância a pelo menos um método preventivo: o uso do preservativo.
Ao encontro desses achados, Ferreira (2008) verificou que mais de 90%
dos brasileiros conheciam o uso do preservativo como um método eficaz
de prevenção à aids e Trajman et al. (2003) constatou que apesar de
mais de 90% de sua amostra reconhecer o preservativo como um
método de prevenção, menos de 35% o utilizavam. Informações que
fomentam as habilidades dessas dimensões são as principais divulgadas
em campanhas informativas e de prevenção pelo governo brasileiro
(Ministério da Saúde, 2008). Acredita-se que o investimento em
estratégias informativas ocorra em função da noção de que o
conhecimento sobre formas de contágio e prevenção salientaria uma
variável, entre outras, capaz de proteger os indivíduos da infecção por
HIV. Em oposição a essa noção, Martins et al. (2008) constataram que
indivíduos com mais conhecimento sobre formas de contágio e
prevenção utilizaram menos frequentemente o preservativo que
indivíduos com menos conhecimento.
Destaca-se, nesse ponto, (1) a importância de estudos que
verifiquem relações entre níveis de conhecimento científico sobre
formas de contágio e prevenção e uso de preservativos nas relações
sexuais; (2) a importância de estudos que verifiquem variáveis
cognitivas e comportamentais relacionadas e preditoras do uso do
preservativo; (3) a incorporação de estratégias preventivas que
incrementem, também, outras habilidades relacionadas a variáveis
preditoras de comportamentos, por exemplo: atitudes e percepção de
controle do comportamento (Ajzen, 2001).
O conhecimento sobre sintomatologia da aids e funcionamento do
HIV (D4) foi a última dimensão com proporção de acertos superior a
50%, obteve 60% de acertos. Essa dimensão caracteriza uma habilidade
em identificar os sintomas relacionados a síndrome da imunodeficiência,
80
mecanismos básicos de funcionamento do HIV e sua interação com o
organismo humano. A evocação de palavras que compuseram as
categorias sintomas e imunidade para a representação social da aids
indica que o conhecimento avaliado por essa dimensão encontra-se
também disseminado no senso comum dos participantes desta pesquisa.
As duas dimensões com menor proporção de acerto, história da
doença e HIV e epidemiologia da aids, ressaltam a habilidade das
pessoas em reconhecer a época e local em que se registrou o primeiro
caso de aids no mundo, o local provável de origem do HIV, o tempo
estimado de existência em humanos e origem biológica do vírus; e em
identificar a via mais frequente de contaminação no Brasil, as
características de vulnerabilidade da população e a situação de casos de
aids do país em relação a outros países do mundo. Estima-se que os
conhecimentos exigidos para essas dimensões sejam mais divulgados
entre aqueles da área da saúde que entre os da área não-saúde. Portanto,
como se observou que os participantes da área da saúde têm maiores
níveis de conhecimento que os de outras áreas, julga-se que essas
dimensões possuam alto poder discriminativo entre pessoas com maior
conhecimento e menor conhecimento global sobre HIV/aids. Além
disso, a associação das categorias grupo de risco e drogas ao grupo de
participantes com maior conhecimento alude um conhecimento acerca
da origem da epidemia por esse grupo, o que reforça a hipótese acima.
Homens e mulheres tiveram desempenho global semelhante no
teste de conhecimento sobre HIV/aids, dado semelhante aos encontrados
por Ferreira (2008). Contudo, diferente do que encontraram Ferreira
(2003) e Martins et al. (2006) em que verificaram, respectivamente, que
mulheres tinham mais conhecimento que homens e ser mulher era
preditor de maiores níveis de conhecimento sobre transmissão e
prevenção do HIV. Além disso, embora sem diferenças nos níveis de
conhecimento entre os sexos, ser homem mostrou-se um preditor (em
conjunto com as demais variáveis do modelo) de incrementos nos níveis
de conhecimento para este estudo.
O acréscimo da idade dos participantes também se monstrou um
preditor de aumentos nos níveis de conhecimento global dos
participantes, além disso, a idade correlacionou-se positivamente com o
nível de conhecimento. Trajman et al. (2003) também verificaram dados
semelhantes para conhecimento sobre transmissão e prevenção do HIV.
A renda dos participantes, em consonância com o estudo de Ferreira
(2003) para o conhecimento sobre transmissão e prevenção do HIV,
correlacionou-se positivamente com os escores do conhecimento global
sobre HIV/aids. Acredita-se que mais idade tenha proporcionado mais
81
tempo para os indivíduos terem aprendido sobre HIV/aids ao longo de
suas vidas, crença reforçada pelas médias de idades mais elevadas entre
os participantes com mais de 15 anos de estudos. Quanto a rendas
mensais maiores relacionarem-se a maiores níveis de conhecimentos,
pensa-se que isso ocorreu por maiores médias de rendas mensais
estarem entre aqueles participantes com mais de 15 anos de estudos,
consequentemente entre aqueles com maior desempenho no teste.
À medida que aumentava a escolaridade dos participantes os
escores no teste de conhecimento sobre HIV/aids também aumentavam,
corroborando os achados para transmissão e prevenção do HIV de Carey
et al. (1997), Martins et al. (2006) e Ferreira (2008). Além disso, a
escolaridade foi preditora do conhecimento e quanto mais anos de
estudos, maior o coeficiente da variável preditora. Julga-se que o maior
grau de escolaridade tenha possibilitado aos participantes mais chances
de obtenção de conhecimento científico sobre o assunto. Idéia que se
estende também aos participantes da área da saúde que mostraram
maiores médias que os da área não-saúde, tal como os resultados de
Torres e Ruffino (2001) e Carey e Schroder (2002) para pessoas
treinadas. Observou-se que tanto a escolaridade quanto a pertença grupal
relacionaram-se independentes uma da outra com a variação do
conhecimento de forma que os participantes da área da saúde
alcançaram maiores médias no teste de conhecimento que os de outras
áreas, o que reforça a hipótese de os níveis de conhecimento
aumentarem proporcionalmente ao treinamento recebido sobre o
assunto.
Além das variáveis ‘pertencer ao grupo saúde’, ‘ter mais de 15
anos de estudos’, ‘idade’, ‘ter de 12 a 15 anos de estudos’ e ‘ser do sexo
masculino’ predizerem o conhecimento científico sobre HIV/aids, citar
o elemento preservativo mostrou-se preditor no modelo que explicou
37% da variância dos níveis de conhecimento. Porém, citar o elemento
preservativo, ao contrário do que ocorreu com as outras variáveis,
mostrou-se preditor com coeficiente negativo. Esse dado propõe que
citar esse elemento, ao invés de não citá-lo, contribui para decréscimos
nos níveis de conhecimento no modelo com as variáveis acima citadas.
Acredita-se que citar o elemento preservativo, enquanto representativo
da aids, reflita a reprodução de uma informação amplamente divulgada
por fontes de informação (em função das campanhas preventivas)
desvinculada de conhecimento científico sobre o tema. As demais
variáveis preditoras podem explicar incrementos nos níveis de
conhecimento por se referirem a maior possibilidade de exposição ao
82
conhecimento científico, exceto o sexo dos participantes a que não
caberia essa inferência.
Representações sociais da aids
Para a amostra total, formada por homens e mulheres de 18 a 63
anos de idade e com escolaridade variável entre nove a mais de 15 anos
de estudos, a representação social da aids revelou como possíveis
pertencentes ao núcleo central as categorias (ou elementos): doença;
transmissão; prevenção; sexo; descuido; preservativo; medo e
sofrimento. Alguns desses elementos também foram descritos como
pertencentes ao núcleo central da representação social da aids para
grupos de adolescentes (Camargo et al., 2007; Flores-Palacios & Leyva-
Flores, 2003; Madeira, 1998; Thiengo et al., 2002; Tura, 1998),
universitários (Camargo, 2000; Palacios & Alba, 2006), idosos
(Brasileiro & Freitas, 2006), profissionais de saúde (Castanha & Araújo,
2006; Coutinho et al., 2004; Marques et al., 2003; Marques et al. 2004;
Ribeiro et al., 2005; Ribeiro et al., 2006; Ribeiro, Coutinho, Saldanha &
Azevedo, 2006; Rodrigues et al., 2005), portadores de HIV (Cardoso &
Arruda, 2004; Castanha et al., 2006; Ribeiro et al., 2005; Ribeiro,
Coutinho, Saldanha & Azevedo, 2006), trabalhadores em geral
(Goodwin et al., 2003; Marques et al., 2003; Marques et al., 2004;
Ribeiro et al., 2006).
Os elementos que caracterizaram o sistema periférico para esta
amostra (morte, cuidados, preconceito, conscientização, tratamento, dst,
vírus, grave, saúde, imunidade, sintomas, perigo, sem cura, problema,
grupo de risco, drogas, sangue, apoio, vida, superação) também
coincidem com elementos descritores desse sistema para a representação
social da aids de grupos de adolescentes, universitários, idosos,
profissionais de saúde, portadores de HIV, trabalhadores em geral.
Sejam pertencentes ao núcleo central ou ao sistema periférico, os
elementos da representação social da aids evocados pela amostra deste
estudo encontram-se em acordo com os citados por amostras de pessoas
de idades, nacionalidades (Palacios & Alba, 2006; Flores-Palacios &
Leyva-Flores, 2003; Goodwin et al., 2003), profissões e escolaridades
diferentes.
Nesta pesquisa, os elementos confirmados como os mais
representativos da aids pelos participantes foram prevenção
e
preservativo. Esses achados foram encontrados também por Camargo et
al. (2007) e ressaltam a importância associada à prevenção como
elemento central da representação social da aids. Apesar de pesquisas
nacionais (Ministério da Saúde, 2008a) apontarem uma utilização
83
inconstante do preservativo como estratégia de prevenção sexual, nota-
se que, em geral, as pessoas de 18 a 63 anos de idade e com escolaridade
variável entre nove a mais de 15 anos de estudos declaram como
importantes a prevenção e uso do preservativo quando se referem à aids.
Isso corrobora a inferência de que o núcleo da representação social da
aids para essa amostra apresenta elementos dissociados da vivência
cotidiana e carregados de símbolos idealizados, embora de fato não se
tenham associações entre o uso ou não do preservativo e a evocação de
elementos da representação social.
A esse respeito cabe destacar as dificuldades em estabelecer
relações entre representações sociais e comportamentos: inicialmente
pela primeira referir-se a fenômenos observados em grupo (Moscovici,
1981), enquanto comportamentos poderiam ser observados em
indivíduos e sobre influência mais direta (e de explicação mais
parcimoniosa) de representações individuais. Depois, por representações
sociais poderem conter um conjunto de representações individuais e as
representações individuais poderem ser determinadas pelas
representações sociais, mas também por uma série de outras variáveis.
Por fim, cognições individuais poderiam se mostrar contrárias aos
comportamentos observáveis, quiçá cognições compartilhadas
socialmente o poderiam.
Aponta-se também uma limitação metodológica da caracterização
de representações sociais através do gráfico de quadrantes (Figura 1).
Observa-se que, apesar de haver critérios para definição dos elementos
que configuram cada quadrante (média de evocação e média de
prontidão de evocação), esses critérios não verificam a possibilidade da
distribuição dos elementos nos quadrantes ocorrer ao acaso. Por
exemplo, o elemento descuido com frequência de evocação única igual a
78 (pertencente ao núcleo central do gráfico de quadrantes) e o elemento
sem cura com frequência de evocação igual a 62 (pertencente ao sistema
periférico no gráfico de quadrantes) poderiam ter sua frequência
igualada caso mais 16 participantes que citassem o elemento sem cura
tivessem sido acessados. A mesma lógica transporta-se para as
diferenças entre médias de prontidão de evocação.
Nota-se que as diferenças entre proporções de pessoas que citam
cada elemento não são testadas para a elaboração desse gráfico.
Portanto, considera-se a identificação dos elementos definidores da
representação, o núcleo central (Abric, 1998), dessa forma, sem nenhum
outro tipo de tratamento estatístico, apenas aproximada.
Uma tentativa de corrigir essa limitação foi realizada neste estudo
através da associação de frequência de evocação única e grupos
84
formados a partir das variáveis sociodemográficas e a partir dos níveis
de conhecimento científico sobre HIV/aids. Contudo, essa análise
apenas caracteriza os elementos compartilhados comumente pelos
grupos e aqueles mais ou menos frequentes em determinados grupos.
Faz-se necessária uma alternativa à identificação dos elementos que
conferem unidade às representações sociais de forma mais precisa.
Ao testar as associações entre a frequência de citação das
categorias e o sexo dos participantes, verificou-se que os homens
citaram mais frequentemente as categorias sangue e grupo de risco. O
elemento sangue apresenta uma das formas de contaminação da aids e
também foi associado por Camargo et al. (2007) a participantes com
maior conhecimento científico. Sugere-se que os homens representem a
aids ancorados em elementos oriundos do conhecimento científico, que
traz o sexo, citado mais prontamente por homens, também como uma
forma de contaminação. Isso pode ser visto ainda através da categoria
grupo de risco que se refere a palavras citadas que remetem um
conhecimento acerca da história da epidemia, às principais pessoas
atingidas pelo vírus no início da epidemia, em acordo com dado
encontrado para homens por Camargo (2000) referente a usuários de
drogas. Grupo de risco também diz respeito a estereótipos de pessoas
contaminadas o que pode corroborar as conclusões de Andrade e
Nóbrega-Therrien (2005) sobre a desvinculação da aids do cotidiano
real dos homens.
as mulheres citaram os elementos transmissão e medo mais
frequentemente que os homens. O elemento transmissão denota uma
preocupação das mulheres maior que dos homens com uma
consequência do vírus da aids, Camargo (2000) constatou algo
semelhante ao verificar que mulheres vinculavam a aids ao sexo e à
morte. Ajuntada ao elemento medo, elemento também encontrado na
representação social de mulheres por Castanha e Araújo (2006), essa
hipótese de preocupação maior entre as mulheres ganha força. As
mulheres associam à doença elementos com carga afetiva, tal como
constatou também Azevedo et al. (2006) e Camargo et al. (2007) e
supõe-se que temam contrair o vírus, mais que os homens, por
atribuírem uma possibilidade real de que isso ocorra. Ao encontro dessa
idéia de temor maior nas mulheres, Giacomozzi e Camargo (2004)
verificaram a noção de proteção e temor nas representações sociais da
aids de mulheres com relacionamento estável, constataram que elas
consideravam-se protegidas do HIV por confiarem no parceiro e
atribuíam perigo de contaminação a pessoas sem relacionamento fixo.
85
Com relação às associações entre evocação de categorias e a
escolaridade dos participantes, verificou-se que aqueles com menos
escolaridade (nove a 11 anos de estudos) citaram mais frequentemente
que os demais participantes os elementos sofrimento e preconceito.
Estima-se que a associação ao elemento sofrimento refira-se a um
desconhecimento científico sobre o tratamento e transcurso da aids, tal
como concluiu Cardoso e Arruda (2004) para soropositivos ao HIV não
aderentes ao tratamento. De forma complementar a essa conjectura,
também se constatou que os participantes com essa escolaridade
obtiveram menores níveis de conhecimento científico comparado aos
outros com mais anos de estudos. O elemento preconceito, também mais
prontamente evocado por essa população, suscita uma associação com
imaginar-se no lugar do portador de HIV e de uma possível
discriminação vivida por eles, Ribeiro et al. (2006) verificou o
preconceito como importante elemento na representação social da aids
de doentes de aids. Estima-se que essa população possa também ter
vivenciado com maior frequência algum preconceito em função da
pouca escolaridade em relação à idade e dessa forma transpor com
maior frequência esse elemento para a representação social da aids.
O grupo com 12 a 15 anos de estudos citou a categoria sofrimento
mais frequentemente que o grupo com mais de 15 anos de estudos o que
reforça a idéia acima de associação desse elemento com o grau de
conhecimento científico, tendo em vista que esse grupo obteve
resultados mais modestos no teste de conhecimento científico que o
grupo com mais de 15 anos de estudos. O grupo com mais de 15 anos de
estudos evocou mais frequentemente que o grupo com 12 a 15 anos de
estudos o elemento preconceito o que pode indicar uma interferência na
evocação desse elemento de um sentimento de empatia dos profissionais
da saúde com os portadores do HIV, como apontou Ribeiro et al. (2004)
para enfermeiras que atendem doentes de aids, e corrobora a hipótese de
‘colocar-se no lugar do outro’ citada anteriormente para esse elemento.
O elemento grupo de risco foi mais frequentemente evocado por aqueles
com mais de 15 anos de estudos que pelos outros participantes, estima-
se que essa associação deva-se aos maiores níveis de conhecimento
científico dessa população. Pois esse elemento, além de conter
estereótipos de pessoas contaminadas, refere-se a um conhecimento
sobre a história da epidemia.
No tocante às diferenças entre evocação dos elementos da
representação social da aids para os grupos de profissionais da área da
saúde e os de outras áreas, observou-se que preconceito
, sofrimento e
descuido foram mais frequentemente citados pelos participantes do
86
grupo não-saúde. Os elementos preconceito e sofrimento ainda se
associaram ao grupo de participantes com menor escolaridade, de forma
que ao mesmo tempo em que suscitam uma carga afetiva à
representação da aids, o que é reforçado por uma maior prontidão de
evocação do elemento grave, também refletem uma baixa possibilidade
de exposição ao conhecimento científico sobre o tema. Somado a isso o
elemento descuido remete ao comportamento de prevenção ao HIV
(falta de prevenção) difundido em campanhas de prevenção. Supõe-se
que os participantes do grupo não-saúde representem a aids por
elementos afetivos, tal como sugeriu Ribeiro, Coutinho, Saldanha e
Azevedo (2006) e Cardoso e Arruda (2004) para doentes de aids e
Camargo et al. (2007) para adolescentes com pouco conhecimento
científico sobre HIV/aids, e veiculados na dia em função da ausência
de treinamento sobre HIV/aids e consequente desvinculação com o
saber científico.
O grupo de participantes da área da saúde evocou com maior
frequência que os de outras áreas os elementos: morte, prevenção,
transmissão, tratamento, vírus, imunidade e dst. Infere-se que esses
elementos (1) revelem um conhecimento científico sobre HIV/aids,
especialmente no caso de transmissão, encontrada também por Castanha
e Araújo (2006); tratamento, identificado para profissionais da saúde por
Ribeiro et al. (2004), Ribeiro et al. (2006) e Ribeiro, Coutinho, Saldanha
e Azevedo (2006); vírus, constatado ainda por Castanha e Araújo
(2006); imunidade (também mais prontamente evocada pelo grupo
saúde); dst, também verificado por Castanha e Araújo (2006). E (2)
expressem vivências cotidianas de profissionais da saúde referente à
aids, como morte, também identificado para esses profissionais por
Marques et al. (2003), Marques et al. (2004), Ribeiro et al. (2004),
Ribeiro et al. (2006); e prevenção, encontrado para esses profissionais
também por Castanha e Araújo (2006), Marques et al. (2003), Marques
et al. (2004), Ribeiro et al. (2004) e Rodrigues et al. (2005).
Representações sociais da aids - grupos mais e menos
conhecimento científico
Para o grupo com mais conhecimento científico, os elementos
que se encontraram no quadrante correspondente ao núcleo central da
representação social da aids foram: doença
, prevenção, transmissão,
preservativo, sexo, sofrimento, medo. Enquanto para os com menores
níveis de conhecimento foram: doença, transmissão, sexo, prevenção,
descuido, medo, sofrimento, morte, preservativo, cuidados. O grupo
com menos conhecimento apresentou três elementos a mais no núcleo
87
central da representação, foram eles: cuidados, descuido e morte. A
partir dos gráficos de quadrantes (Figuras 6 e 7) pôde-se notar que o
grupo com menos conhecimento trouxe à tona elementos relacionados à
responsabilidade pessoal perante o contágio pela aids e a preocupação
com a morte, diferente do grupo com mais conhecimento. O que pode
estar associado à influência de campanhas preventivas sobre esse grupo
(que transmitem a necessidade de prevenção, por exemplo, Ministério
da Saúde, 2008) e à crença da morte como consequência lógica da
doença.
Já com relação aos elementos citados como mais importantes
pelos participantes, os do grupo com mais conhecimento citaram os
elementos sexo, preservativo e prevenção, diferente do grupo com
menos conhecimento apenas pelo elemento sexo. Acredita-se que o
grupo com mais conhecimento vinculou mais que o outro grupo o sexo
ao uso do preservativo como forma de prevenção devido ao
conhecimento sobre o sexo como principal via de transmissão do HIV.
Enquanto o grupo com menos conhecimento priorizou como
importantes representativos da aids os elementos preservativo e
prevenção desvinculados, inicialmente, da atividade sexual e
reproduzindo uma informação divulgada pelas campanhas informativas.
A maior frequência de evocação da categoria conscientização por esse
último grupo reforça essa idéia.
Além das associações visíveis através dos quadros de quadrantes
da representação social da aids, as diferenças entre os participantes
ficaram evidentes pelos testes de associação das frequências de
evocação única aos grupos com mais e menos conhecimento científico.
Mostraram-se associadas aos grupos, o que indica uma relação entre
categorias representativas do conhecimento de senso comum com níveis
de conhecimento científico, as categorias: tratamento, grupo de risco,
drogas, dst, imunidade e sofrimento. Essas associações revelam as
categorias que os grupos compartilham de forma semelhante e aquelas
que eles exaltam mais ou menos que o outro grupo. Nesse mesmo
sentido de relações entre categorias da representação social e níveis
conhecimento, a comparação da média de prontidão de evocação
apontou que o elemento sintomas foi mais prontamente evocado pelos
participantes do grupo com mais conhecimento científico.
O elemento sofrimento
aparece mais frequentemente citado por
participantes com menos conhecimento científico, dado semelhante ao
encontrado por Camargo et al. (2007) para o elemento ‘tristeza’ em
adolescentes com baixo nível de conhecimento científico. Nota-se a
ênfase dada a um elemento de característica afetiva entre os
88
participantes com menos conhecimento, que pode estar relacionada ao
desconhecimento das reais consequências da doença mediante as vias de
tratamento atuais. Tal relação é fortalecida pela maior frequência, e
inclusão no núcleo central da representação, do elemento morte pelo
grupo com menos conhecimento, que destaca uma crença apartada do
conhecimento científico sobre o tratamento e possibilidade de vida dos
portadores de HIV/aids.
Os elementos tratamento, dst e imunidade foram mais
frequentemente evocado por participantes do grupo com mais
conhecimento científico sobre HIV/aids. Observa-se que esses
elementos também foram mais frequentemente citados pelos
participantes do grupo saúde. Isso sugere que a pertença grupal também
esteja relacionada com essa variação na frequência da evocação entre os
grupos, tal como ressaltam Moscovici (2003) e Wagner (1998) a
respeito da formação de representações sociais, tendo em vista que o
grupo saúde obteve maiores escores no teste de conhecimento.
Além disso, os elementos referem-se a noções oriundas do
conhecimento científico como (1) a possibilidade de tratamento para a
doença, elemento encontrado também por Ribeiro et al. (2004) para
enfermeiras, por Ribeiro et al. (2006) para médicos e enfermeiros e
Ribeiro, Coutinho, Saldanha e Azevedo (2006) para profissionais de
saúde que atuam com doentes de aids. (2) Uma terminologia
classificatória da aids como uma doença sexualmente transmissível
(dst), categoria encontrada também por Castanha e Araújo (2006) para
agentes de saúde. E (3) a uma consequência da atuação do HIV no
organismo: destruição do sistema imunológico.
Ademais, a maior prontidão de evocação da categoria sintomas
pelo grupo com mais conhecimento ressalta essa ênfase em elementos
provenientes do universo reificado na representação social da aids.
Corroborando essa hipótese, as categorias grupo de risco e drogas
também apresentaram maior frequência de evocação entre os
participantes do grupo com mais conhecimento científico. Essas
categorias suscitam um conhecimento acerca da origem da epidemia da
aids e de uma forma de contaminação hoje não enfatizada pelas
campanhas preventivas, além de uma referência a pessoas
estigmatizadas pelo vírus, que sugere um conhecimento histórico da
doença.
Observou-se que as representações sociais apresentaram
elementos associados aos grupos formados a partir das variáveis
sociodemográficas e dos níveis de conhecimento, e a hipótese de que
essas associações revelam uma maior exposição ao conhecimento
89
científico sobre HIV/aids pelos participantes dos grupos mostrou-se
coerente. Também é razoável acreditar que esses grupos formados a
posteriori não se caracterizem como grupos propriamente ditos (com
objetivos em comum e capazes de compartilhar informações); e,
portanto, as associações encontradas se devam a fatores outros que não a
comunicação entre eles, comunicação esta, componente chave para
formação de representações sociais (Moscovici, 1981). De toda forma, a
relação entre as representações sociais e os grupos, neste caso, tem
ligação com a socialização e a dimensão normativa do conhecimento, o
que implica em comunicação social de ordem midiática e aquela que
ocorre derivada da condição de múltiplo pertencimento a grupos.
90
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O principal objetivo deste estudo foi identificar as relações entre
as representações sociais da aids e níveis de conhecimento científico
sobre HIV/aids. Observou-se que essas relações mostraram-se possíveis
de serem estabelecidas, de modo que pessoas com diferentes níveis de
conhecimento científico sobre HIV/aids destacaram elementos
diferenciados como representativos da aids no núcleo central da
representação social, além disso também evocaram com frequência e
ordem diferenciada. As relações sugeriram que aqueles com maiores
níveis de conhecimento científico apresentaram uma representação
social da aids permeada de elementos que refletem esse conhecimento,
enquanto os com menos conhecimento científico exaltaram elementos
de características afetivas e reprodutoras de informação midiática.
A fim de alcançar o objetivo principal deste estudo, elaborou-se
um teste de conhecimento científico sobre HIV/aids que se mostrou
confiável para aferir o construto e válido para se estabelecerem novas
mensurações. Tendo em vista que os resultados desta pesquisa
apontaram para uma disseminação do conhecimento acerca das formas
de prevenção do HIV no senso comum, pensa-se que um instrumento
que avalie de forma global o conhecimento sobre HIV/aids (que inclua
outras dimensões do conhecimento, além de transmissão e prevenção)
possa produzir dados mais abrangentes sobre os níveis de conhecimento
científico das populações investigadas. Assim, julga-se que essa
tecnologia possa ser aproveitada em novas pesquisas sobre o tema, bem
como em demais estudos em que os níveis de conhecimento científico
sobre HIV/aids sejam pesquisados.
O estudo evidenciou dificuldades em estabelecer o núcleo central
e sistema periférico da representação social através da estratégia dos
quadrantes. Salientou-se que a determinação de um elemento como
pertencente a um dos quadrantes não obedece a critérios estatisticamente
seguros, como um cálculo de proporção de frequência de evocação e
teste de diferenças de médias de ordem de evocação. Dessa forma,
elementos poderiam deixar de ocupar um quadrante e pertencer a outro
por pequenas variações de evocação de poucos participantes. Sobretudo
para comparar grupos, essa técnica apresentou-se apenas aproximativa
da realidade. De outro modo, o estabelecimento de associações (através
de testes estatísticos) entre elementos evocados e os grupos comparados
mostrou-se mais confiável, entretanto não atinge o objetivo de detecção
de núcleo central e sistema periférico.
91
Outra limitação do estudo refere-se ao estabelecimento de
relações entre o conhecimento, seja de senso comum ou científico, e
comportamentos. Não foi objetivo investigar, nesta pesquisa, essas
relações; contudo, considera-se importante obter-se mais dados
empíricos sobre isso. Considerando que a via de contaminação mais
frequente do HIV é a sexual e a consequente forma de prevenção
perpassa por comportamentos das pessoas, verificar ligações entre
variáveis cognitivas e comportamentais mostra-se fundamental na busca
de estratégias preventivas eficazes. A esse respeito, nota-se que existem
modelos sobre previsão de comportamento testados empiricamente que
se apresentam como boas fontes de variáveis a serem investigadas.
Por fim, verificamos que para a população pesquisada neste
estudo os elementos mais importantes assinalados como representativos
da aids são aqueles ligados à prevenção. Esses elementos também
foram apontados por outras pesquisas como salientes no senso comum,
isso associado aos níveis de conhecimento da população sobre as formas
de transmissão e prevenção do HIV observados neste e em outros
estudos, sugere que as pessoas saberiam o que fazer para evitar o
contágio por HIV. Considerando os dados que revelam o Brasil como
um dos paises onde o número de casos de pessoas contaminadas por
HIV é expressivo e no decorrer dos anos aumenta, destaca-se que as
estratégias preventivas adotadas no país poderiam ter mais sucesso em
termos de mudança de comportamento, no sentido de favorecer a adoção
de práticas preventivas, se salientassem outras variáveis cognitivas
relacionadas ao comportamento (como atitudes, auto-eficácia, normas
sociais vigentes), além do fornecimento de informações sobre
transmissão e prevenção.
92
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102
9. LISTA DE FIGURAS
Título Página
Figura 1. Quadrantes RS da aids para todos os participantes. .............. 64
Figura 2. Associações entre categorias RS da aids e sexo dos
participantes.......................................................................................... 65
Figura 3. Associações entre categorias RS da aids e escolaridade dos
participantes.......................................................................................... 66
Figura 4. Associações entre categorias RS da aids e grupo saúde/não-
saúde...................................................................................................... 68
Figura 5. Escores de acertos por escolaridade e grupo saúde/não-
saúde......................................................................................................
70
Figura 6. Quadrantes RS da aids para participantes com
conhecimento sobre HIV/aids acima da média.....................................
74
Figura 7. Quadrantes RS da aids para participantes com
conhecimento sobre HIV/aids abaixo da média....................................
75
Figura 8. Associações entre categorias RS da aids e grupo mais
conhecimento/menos conhecimento..................................................... 76
103
10. LISTA DE TABELAS
Título Página
Tabela 1. Itens do teste de conhecimento científico sobre HIV/aids,
origem dos itens, gabarito, fonte do gabarito, dimensão a que o item
pertence e número de itens da dimensão................................................ 42
Tabela 2. Categorias elaboradas, palavras que compõem a categoria e
frequência de evocação.......................................................................... 56
Tabela 3. Categorias elaboradas, frequência de participantes que as
citaram e média de prontidão de evocação............................................. 63
Tabela 4. Escores e proporções de acerto para cada dimensão do teste
de conhecimento científico HIV/aids..................................................... 69
Tabela 5. Índices regressão linear múltipla, variáveis preditoras do
conhecimento científico sobre HIV/aids................................................ 71
Tabela 6. Frequências e médias de prontidão de evocação das
categorias RS da aids por grupo mais conhecimento e menos
conhecimento científico.........................................................................
72
104
11. APÊNDICES
Apêndice A – Roteiro de entrevista (RE)
Dados sociodemográficos
1. Idade?
2. Sexo?
3. Escolaridade?
4. Estado civil?
5. Ocupação?
6. Local onde vive - cidade?
7. Local de nascimento - cidade?
8. Onde costuma buscar informações sobre saúde e doenças?
9. Conhecimento sobre aids e HIV
10. Dimensão 1 (D1) - Descrição da aids e HIV
11. O que é aids?
12. Quais as suas características?
13. O que diferencia a aids de uma outra doença?
14. O que é HIV?
15. Quais as suas características?
16. Dimensão 2 (D2) - História da doença e HIV
17. Como surgiu a aids?
18. Como surgiu o HIV?
19. O que fez a aids aparecer?
20. Dimensão 3 (D3) - Formas de contágio e prevenção do HIV
21. Como ocorre a infecção (contaminação) pelo HIV?
22. Quais as formas de se prevenir do contágio por HIV?
23. Que cuidados uma grávida HIV positivo deve tomar?
24. Dimensão 4 (D4) - Sintomatologia da aids e funcionamento do HIV
25. Como funciona o HIV quando entra em contato com o organismo humano?
26. Quais são os sintomas da aids?
27. O que a aids provoca no organismo?
28. Dimensão 5 (D5) - Tratamento da aids e controle HIV
29. Quais as formas de tratamento da aids?
30. Quando uma pessoa deve iniciar o tratamento da aids?
31. Como você pensa que é a vida de alguém que convive com HIV, em termos
de tratamento e perspectivas futuras?
32. Dimensão 6 (D6) – Epidemiologia
33. Quem são as pessoas mais atingidas pela aids atualmente?
34. O que você acha que contribui para redução da contaminação da aids?
105
Apêndice B - Termo de consentimento livre e esclarecido entrevista.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pesquisa: Conhecimento cienfico e representações sociais sobre aids
Pesquisador: Jean Carlos Natividade & Orientador: Brígído Vizeu Camargo
1. Natureza da pesquisa: Vo es convidado a participar desta pesquisa, que tem como finalidade investigar aspectos
gerais sobre a vida e também relacionados ao tema HIV/Aids em pessoas com mais de 18 anos de idade.
2. Participantes da pesquisa: Além de você, participarão dessa pesquisa outras 9 pessoas maiores de 18 anos de idade.
3. Envolvimento na pesquisa: Ao participar deste estudo, você deve permitir que um membro desta pesquisa entreviste
vo. As entrevistas serão realizadas em local livre da interfencia de outras pessoas, am de vo e o pesquisador. É
previsto um único contato com cada participante, que deve durar mais ou menos uma (1) hora. Como se trata de um
tema que pode trazer algumas lembranças e sentimentos talvez desconforveis, será oferecido ao final da entrevista um
espaço para vo falar livremente o que quiser. Caso seja necessário, pode ser feito um encaminhamento para clínicas
ou ambularios de atendimento especializados. Você tem a liberdade de se recusar a participar e pode, ainda, se recusar
a continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para vo. No entanto, solicitamos sua
colaboração em completar o roteiro de perguntas que lhe será solicitado, garantindo assim o melhor resultado para a
pesquisa. Sempre que quiser vo poderá pedir mais informações sobre a pesquisa. Poderá entrar em contato com o
pesquisador Jean Carlos Natividade através do telefone (48) 9162-2223 ou com o orientador da pesquisa Brígido Vizeu
Camargo através do telefone (48) 3721-9067, ou ainda atras do e-mail pesquisadeaids@gmail.com.
4. Sobre a entrevista: A entrevista te hora e local marcados com antecencia. Será pedido que vo forneça algumas
informações sobre a sua vida e que responda a um roteiro de perguntas previamente elaboradas, de acordo com sua
opinião.
5. Riscos e desconforto: A participação nesta pesquisa não traz complicações legais, talvez, apenas, a lembrança de
alguns eventos diante da temática que será abordada. Os procedimentos utilizados nesta pesquisa obedecem aos
Critérios da Ética na Pesquisa com Seres Humanos conforme aprovão no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina. Nenhum dos procedimentos utilizados oferece riscos à sua
dignidade.
6. Confidencialidade: Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais. Os questiorios
seo identificados com um código, e não com o seu nome. Apenas os pesquisadores terão conhecimento dos dados.
7. Benecios: Ao participar dessa pesquisa você estará contribuindo para o incremento do conhecimento científico sobre
o tema em questão. Aparentemente você não terá nenhum benefício direto, entretanto esperamos converter os resultados
desse trabalho em ões benéficas para toda a população.
8. Pagamento: Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa, bem como nada se pago por sua
participação.
9. Este projeto de pesquisa foi submetido à avaliação e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, sob o número de protocolo 200/09. Para maiores
informações disponibilizamos o telefone (48) 3721-9000.
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar desta pesquisa.
Assim, preencha os itens que seguem:
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu interesse em participar da
pesquisa.
________________________________________________________________
Nome do participante da pesquisa
________________________________________________________________
Local e Data
_______________________________________________________________
Assinatura da participante da pesquisa
106
Apêndice C Roteiro de perguntas para construção dos itens de conhecimento
científico (RC)
Conhecimento sobre HIV e aids
Dimensão 1 (D1) - Descrição do HIV e aids
1. O que é aids?
2. O que a aids faz no organismo?
3. Quais as características da aids?
4. O que é HIV?
5. O que acontece quando o organismo entra em contato com o HIV?
6. Quanto tempo o HIV sobrevive em ambiente externo?
7. Qual o tempo de sobrevida de um indivíduo portador do HIV?
Dimensão 2 (D2) - História da doença e HIV
8. Como surgiu a aids?
9. Onde apareceu o primeiro caso aids?
10. De onde veio o HIV?
11. Quando o HIV apareceu?
12. O que fez a aids aparecer?
Dimensão 3 (D3) - Formas de contágio e prevenção do HIV
13. Como ocorre a infecção (contaminação) pelo HIV?
14. De que formas pode ocorrer a contaminação?
15. Quais as formas de se prevenir do contágio por HIV?
16. Como o vírus da aids pode ser transmitido?
17. O que é janela imunológica?
18. Numa relação sexual desprotegida com um indivíduo soropositivo é possível que o
parceiro não seja infectado?
19. A prática do sexo anal sem proteção implica risco de contaminação para ambos os
parceiros?
20. A prática da masturbação com parceiro eventual implica risco de contágio pelo HIV?
21. Qual o risco de contágio com aparelhos cortantes como aparelhos de barbear, brincos,
alicates e piercings?
22. Mesmo com a ausência de ejaculação durante o ato sexual é possível ser infectado pelo
HIV?
23. O beijo, no caso de um dos parceiros ter feridas ou fissuras na boca, é uma via de
contágio?
24. A prática do sexo oral sem proteção implica risco de infecção pelo HIV?
25. A existência de ferimentos e machucados nos genitais aumenta o risco de contágio?
26. Que cuidados devem ser tomados para garantir que a camisinha masculina seja usada
corretamente?
27. Por que o preservativo estoura, em algumas situações, durante o ato sexual?
28. A camisinha é mesmo impermeável ao vírus da aids?
29. Quando a camisinha estoura, que atitude deve ser tomada?
30. Qual o procedimento adequado para uma grávida HIV positivo?
Dimensão 4 (D4) - Sintomatologia da aids e funcionamento do HIV
31. Quais são os sintomas da aids?
32. O que a aids provoca no organismo?
33. A ausência de sintomas evidentes da doença exclui a possibilidade de haver infecção pelo
HIV?
34. Após a infecção pelo HIV, quanto tempo pode demorar até a manifestação dos primeiros
sintomas da aids em si?
107
35. O que é fase aguda da infecção pelo HIV?
36. Se a pessoa contrai o vírus da aids, quais são e quando surgirão os primeiros sinais dessa
infecção pelo HIV?
37. Como funciona o HIV quando entra em contato com o organismo humano?
38. Para se fazer o diagnóstico de uma possível infecção pelo HIV, que período de tempo
deve-se esperar para fazer o teste de aids?
39. O que é sistema imunológico?
40. O que é carga viral?
41. Que teste detecta o vírus da aids?
Dimensão 5 (D5) - Tratamento da aids e controle HIV
42. Quais as formas de tratamento da aids?
43. Quando uma pessoa deve iniciar o tratamento da aids?
44. Que relações você estabelece entre carga viral e o tratamento da aids?
45. Como você pensa que é a vida de alguém que convive com HIV, em termos de tratamento
e perspectivas futuras?
46. Onde se deve ir para se tratar de aids?
47. Onde se faz o exame de aids?
Dimensão 6 (D6) – Epidemiologia
48. Quantidade de pessoas vivendo com aids hoje no mundo?
49. Quantidade de pessoas vivendo com aids hoje no Brasil?
50. Quantidade de pessoas vivendo com aids em Santa Catarina?
51. Quais os 10 municípios com maior número de incidência em Santa Catarina?
52. Quem foram as pessoas mais atingidas pela aids no início da epidemia?
53. Quem são as pessoas mais atingidas pela aids agora?
54. Quais os países mais afetados pela aids no mundo?
55. Que estratégias têm dado resultado para redução da epidemia?
108
Apêndice D – Questionário de pesquisa
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
Ao preencher esse questionário você estará contribuindo com uma pesquisa científica. Para respondê-lo você
precisa preencher os campos indicados abaixo, seguindo as etapas. O preenchimento completo do questionário
leva em média 30 minutos, exige concentração e atenção. Não buscamos respostas certas ou erradas, e sim sua
opinião sincera sobre as perguntas. Essa pesquisa é anônima e seus dados serão mantidos em sigilo.
ETAPA 1
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Idade: _____________ anos.
Escolaridade: ___________________ Curso: ____________________ Série/fase/período: _______________
Ocupação/profissão:__________________________
Quanto ganha por mês (mais ou menos): R$___________
Estado civil: ____________________ Tem namorada(o)? ( )Sim ( ) Não
ETAPA 2
Escreva abaixo as cinco (5) primeiras palavras ou expressões que você pensar ao ler a palavra: aids.
1.________________________________________________________
2.________________________________________________________
3.________________________________________________________
4.________________________________________________________
5.________________________________________________________
ETAPA 3
Entre as palavras que escreveu acima, escolha as duas palavras mais importantes e faça um X ao lado dela (ou
circule-a).
ETAPA 4
Agora lhe será apresentada uma série de frases e você terá que dizer se cada uma delas é VERDADEIRA (V) ou
FALSA (F). Caso não saiba se ela é Verdadeira ou Falsa, assinale a opção “Não sei”.
Frases: Verdadeira Falsa
1. A aids é uma doença. V F Não sei
2. Atualmente, no Brasil, a via mais frequente de contaminação pelo HIV
é a relação sexual homem com homem.
V F Não sei
3. O primeiro caso de aids registrado no mundo foi nos Estados Unidos. V F Não sei
4. Uma mulher com HIV não pode transmitir o vírus para um homem,
através de uma relação sexual com penetração (vagina-pênis).
V F Não sei
5. O tratamento para a aids contribui para a recuperação do sistema
imunológico da pessoa doente.
V F Não sei
6. É possível dizer se uma pessoa é portadora do vírus da aids ao olhar V F Não sei
109
para ela.
7. O vírus da aids já existe no mundo há mais de 50 anos. V F Não sei
8. Aids e HIV são a mesma coisa. V F Não sei
9. foi encontrado HIV na urina de pessoas com aids. V F Não sei
10. Lavar as regiões genitais após uma relação sexual evita a contaminão pelo
vírus da aids.
V F Não sei
11. A aids é uma doença com vários sintomas. V F Não sei
12. Pode existir HIV no sêmen de um homem portador do vírus da aids. V F Não sei
13. Se uma gota de sangue contaminado com HIV cair sobre mucosas como as dos
olhos, boca, pênis ou vagina de uma pessoa, essa pessoa pode ser infectada pelo vírus da
aids.
V F Não sei
14. Os medicamentos para tratamento da aids destroem o HIV. V F Não sei
15. Geralmente os sintomas iniciais da aids são: febre, calafrios, dor de
cabeça, dor de garganta, dores musculares, manchas na pele, aparecimento
de ínguas.
V F Não sei
16. Se um inseto picar uma pessoa que tenha HIV e depois picar alguém
que não tenha, poderá infectar essa pessoa.
V F Não sei
17. HIV é uma sigla que, em português, significa: vírus da
imunodeficiência humana.
V F Não sei
18. Pode existir HIV nas secreções vaginais de uma mulher portadora do
vírus da aids.
V F Não sei
19. Os remédios para aids inibem a multiplicação do HIV no organismo. V F Não sei
20. Se uma pessoa se contaminar com o vírus da aids hoje, pode levar até três meses
para produzir angenos suficientes para acusar a contaminação nos exames mais comuns
de laborario.
V F Não sei
21. Em uma relação sexual entre homem e mulher (pênis-vagina), caso
algum deles tenha o HIV, é mais fácil a mulher ser contaminada do que o
homem.
V F Não sei
22. Se uma pessoa tem o vírus da aids, certamente ela tem manchas
vermelhas na pele.
V F Não sei
23. Existem, pelo menos, dois tipos de HIV: o HIV-1 e o HIV-2. V F Não sei
24. Acredita-se que o HIV originou-se no continente americano. V F Não sei
25. O Brasil é um dos paises com menor número de casos de aids no
mundo.
V F Não sei
26. HIV é um vírus. V F Não sei
27. Pode existir HIV no sangue de uma pessoa portadora do vírus da aids. V F Não sei
28. Existem pessoas que têm contato sangneo ou sexual com HIV, mas não se
contaminam.
V F Não sei
29. O primeiro caso registrado de aids no mundo foi em 1981. V F Não sei
30. Hoje em dia, o maior número de casos de aids no Brasil está entre as
mulheres.
V F Não sei
31. Se um objeto que entrou em contato com o sangue de uma pessoa com
aids for esterilizado, ele não será capaz de transmitir o HIV.
V F Não sei
32. A aids é causada pelo vírus conhecido por HIV. V F Não sei
33. Homens circuncisados (aqueles que retiraram parte da pele que cobre a
glande do pênis) têm menos chance de se contaminarem por HIV através do
sexo.
V F Não sei
34. A aids tem tratamento. V F Não sei
35. Acredita-se que o HIV surgiu a partir de um vírus de macacos
africanos.
V F Não sei
36. O vírus da aids pode ser transmitido através do leite materno. V F Não sei
37. É possível o HIV permanecer ativo (com capacidade de contaminar) V F Não sei
110
por até 15 dias, fora do corpo humano.
38. A aids não tem cura. V F Não sei
39. O uso de agulhas e seringas descartáveis é uma forma de evitar o
contágio por HIV.
V F Não sei
40. Uma pessoa com aids pode apresentar emagrecimento rápido. V F Não sei
41. registros de casos de contaminação do HIV pela saliva, através de
um beijo.
V F Não sei
42. Nosso organismo consegue produzir anticorpos (defesas) contra o vírus
da aids.
V F Não sei
43. Foi no ano 1983 que identificaram o vírus que causa a aids. V F Não sei
44. Se um homem que tenha o HIV fizer sexo com penetrão sem preservativo
com alguém, mas ejacular fora da vagina, anus ou boca o há possibilidade dele
transmitir o vírus.
V F Não sei
45. De maneira geral, os medicamentos usados no tratamento da aids
aumentam o tempo de vida das pessoas com a doença.
V F Não sei
46. Se uma pessoa se contaminasse com o vírus da aids hoje, somente
daqui há três meses ela seria capaz de transmiti-lo a outra pessoa.
V F Não sei
47. O número de pessoas com aids no Brasil diminuiu, nos últimos 3 anos. V F Não sei
48. O uso do preservativo (camisinha masculina ou feminina) é uma forma
de se prevenir do contágio pelo vírus da aids.
V F Não sei
49. Não possibilidade de existir HIV no leite materno de uma mulher
portadora do vírus da aids.
V F Não sei
50. Se sangue com HIV cair sobre a pele intacta (sem cortes, feridas,
aberturas) de uma pessoa, isso poderá contaminá-la.
V F Não sei
51. Uma pessoa com aids certamente está mais vulnerável a outras
doenças.
V F Não sei
52. Uma mulher grávida e portadora do HIV pode transmitir o vírus para
seu bebê.
V F Não sei
53. Uma pessoa pode se infectar com o vírus da aids e ficar por até 10 anos
sem manifestar sintomas relacionados à doença.
V F Não sei
54. Hoje em dia, há vacinas disponíveis nos serviços de saúde para as
pessoas que desejam se proteger do vírus da aids.
V F Não sei
55. Se uma pessoa portadora do HIV tiver relação sexual com penetração (seja
oral, vaginal, anal) com algm que não tenha o vírus, certamente transmitirá o
vírus para essa pessoa.
V F Não sei
56. No período entre 5 a 90 dias após a infecção pelo vírus da aids, a
maioria das pessoas apresenta sintomas parecidos com o de uma gripe.
V F Não sei
57. A aids pode levar a morte. V F Não sei
58. O HIV pode ser transmitido através de abraços. V F Não sei
59. Aids é uma sigla que, em portugs, significa: ndrome da
imunodeficiência adquirida.
V F Não sei
60. O vírus da aids pode ser transmitido da mulher grávida para seu be, durante
a gestação.
V F Não sei
61. Se uma pessoa teve contato sanguíneo com o HIV, nada pode ser feito
para evitar que ela se torne portadora do vírus.
V F Não sei
62. O vírus da aids pode ser transmitido através de relação sexual com
penetração, seja vaginal, oral ou anal.
V F Não sei
63. Assim que uma pessoa descobrir que é portadora do HIV, deve
começar a tomar os medicamentos para aids.
V F Não sei
64. Não há possibilidade de existir HIV na saliva de uma pessoa com aids. V F Não sei
65. O HIV pode ser transmitido pelo suor. V F Não sei
66. Se uma pessoa tem o HIV, certamente ela será muito magra. V F Não sei
111
67. Atualmente, o maior mero de casos de aids no Brasil está entre as
pessoas com mais de 50 anos de idade.
V F Não sei
68. O vírus da aids precisa das células humanas para se multiplicar. V F Não sei
69. Pode-se contrair o vírus da aids através de uma relação sexual oral
(pênis/vagina/anus - boca/lingua).
V F Não sei
70. No momento que uma pessoa com HIV morre, o vírus no seu sangue
torna-se inativo (incapaz de ser transmitido).
V F Não sei
71. Houve casos de contaminação pelo vírus da aids através da doação de
sangue, em serviços de doação.
V F Não sei
72. As principais células que o HIV infecta são as que constituem o sistema
imunológico (sistema de defesa do organismo).
V F Não sei
73. Acredita-se que o HIV originou-se a partir de um outro vírus: o SIV
(vírus da imunodeficiência símia).
V F Não sei
74. Se uma pessoa tem o vírus da aids, certamente ela terá corrimento ou
feridas na região genital (pênis, vagina ou anus).
V F Não sei
75. Se alguém com HIV se cortar com um aparelho de barbear e no minuto
seguinte uma pessoa usar o mesmo aparelho e também se cortar com ele,
existe possibilidade dessa pessoa ser infectada pelo vírus da aids.
V F Não sei
76. Com o passar do tempo o vírus da aids causa a destruição do sistema
imunológico, na maioria das pessoas.
V F Não sei
77. Se uma mulher que tem o vírus da aids engravidar, certamente seu be nascerá
com o vírus.
V F Não sei
78. Uma pessoa só pode ter aids se for portadora do HIV. V F Não sei
79. Uma transfusão de sangue pode transmitir o vírus da aids. V F Não sei
80. As células humanas mais atingidas pelo HIV são os linfócitos T. V F Não sei
81. Desinfetantes como álcool, água oxigenada e hipoclorito de sódio (água
sanitária) são capazes de destruir o vírus da aids presente em objetos.
V F Não sei
82. Se um bebê nasceu com HIV, certamente seu pai também tem o vírus. V F Não sei
83. Uma pessoa só transmite o HIV se ela estiver doente de aids. V F Não sei
84. Se duas pessoas virgens fizerem sexo com penetração (seja vaginal,
anal ou oral), não existe a possibilidade de haver contaminação por HIV
entre elas.
V F Não sei
85. Uma pessoa que já tenha o vírus da aids não pode ser contaminada
novamente.
V F Não sei
Antes de entregar, por favor, verifique se preencheu todos os campos. Veja se não deixou algum item sem
resposta. É muito importante que todos os itens estejam preenchidos.
Obrigado!
Para maiores informações ou contatos posteriores, disponibilizamos o e-mail: pesquisadeaids@gmail.com
112
Apêndice E - Termo de consentimento livre e esclarecido entrevista
questionários.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pesquisa: Relões entre Representações Sociais e Conhecimento Científico sobre Aids.
Pesquisador: Jean Carlos Natividade
Orientador: Brígído Vizeu Camargo
1. Natureza da pesquisa: Vo es convidado a participar desta pesquisa, que tem como finalidade investigar aspectos
gerais sobre a vida e também relacionados ao tema HIV/Aids em pessoas com mais de 18 anos de idade.
2. Participantes da pesquisa: Além de você, participarão dessa pesquisa outras 599 pessoas maiores de 18 anos de idade.
3. Envolvimento na pesquisa: Ao participar deste estudo, você realiza o preenchimento de um questiorio. O
preenchimento precisa ser individual e com base em seus conhecimentos ou opinião. É previsto mais ou menos 30
minutos para o preenchimento. Você tem a liberdade de se recusar a participar e pode, ainda, se recusar a continuar
participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejzo para você. No entanto, solicitamos sua colaboração
em completar o roteiro de perguntas que lhe se solicitado, garantindo assim o melhor resultado para a pesquisa.
Sempre que quiser vo poderá pedir mais informações sobre a pesquisa. Poderá entrar em contato com o pesquisador
Jean Carlos Natividade através do telefone (48) 9162-2223 ou com o orientador da pesquisa Brígido Vizeu Camargo
atras do telefone (48) 3721-9067, ou ainda através do e-mail pesquisadeaids@gmail.com.
4. Sobre o questiorio: Se pedido que vo forneça algumas informações sobre a sua vida e que responda a outras
perguntas previamente elaboradas, de acordo com seu conhecimento ou opinião.
5. Riscos e desconforto: A participação nesta pesquisa não traz complicações legais, talvez, apenas, a lembrança de
alguns eventos diante da temática que será abordada. Os procedimentos utilizados nesta pesquisa obedecem aos
Critérios da Ética na Pesquisa com Seres Humanos conforme aprovão no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina. Nenhum dos procedimentos utilizados oferece riscos à sua
dignidade.
6. Confidencialidade: Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais. Os questiorios
seo identificados com um código, e não com o seu nome. Apenas os pesquisadores terão conhecimento dos dados.
7. Benecios: Ao participar dessa pesquisa você estará contribuindo para o incremento do conhecimento científico sobre
o tema em questão. Aparentemente você não terá nenhum benefício direto, entretanto esperamos converter os resultados
desse trabalho em ões benéficas para toda a população.
8. Pagamento: Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa, bem como nada se pago por sua
participação.
9. Este projeto de pesquisa foi submetido à avaliação e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, sob o número de protocolo 200/09. Para maiores
informações disponibilizamos o telefone (48) 3721-9000.
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar desta pesquisa.
Assim, preencha os itens que seguem:
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu interesse em participar da
pesquisa.
______________________________________________________________
Local e Data
________________________________________________________________
Nome do participante da pesquisa
_______________________________________________________________
Assinatura da participante da pesquisa
113
12. ANEXOS
ANEXO 1 – Certificado de aprovação comitê de ética.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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