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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA APLICADA
GISELLE NATHALY CALAÇA
DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA ESPECTROFOTOMÉTRICA
MULTIVARIADA PARA O CONTROLE DE QUALIDADE DA ASSOCIAÇÃO
ÁCIDO KÓJICO E HIDROQUINONA EM DERMOCOSMÉTICOS
PONTA GROSSA
2010
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GISELLE NATHALY CALAÇA
DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA ESPECTROFOTOMÉTRICA
MULTIVARIADA PARA O CONTROLE DE QUALIDADE DA ASSOCIAÇÃO
ÁCIDO KÓJICO E HIDROQUINONA EM DERMOCOSMÉTICOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Química Aplicada da
Universidade Estadual de Ponta Grossa para
obtenção do título de Mestre em Química.
Orientadora: Profa. Dra. Noemi Nagata
PONTA GROSSA
2010
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ii
iii
iv
Dedico este trabalho ao meu esposo
César, aos meus pais Vilma e Élio, a
minha irmã Michelle e ao meu
sobrinho Lucas.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus por permitir esta conquista, me fortalecer
em todos os momentos e me guiar nessa caminhada.
Ao meu amado esposo César, pela compreensão, carinho e apoio
incondicional nos momentos mais difíceis.
Aos meus pais Vilma e Élio, minha irmã Michelle e meu sobrinho Lucas, por
todo amor, dedicação, apoio e incentivo.
À minha orientadora e amiga, Profa. Dra. Noemi Nagata, não somente pela
dedicação, sabedoria e conhecimento com que conduziu este trabalho, mas também
pela compreensão, carinho, apoio e permanente disponibilidade para me receber.
Meu verdadeiro, muito obrigada!
À Universidade Federal do Paraná, em especial ao Prof. Dr. Patricio Peralta-
Zamora, pela hospitalidade com que me recebeu e por ter contribuído muito para o
aprimoramento deste trabalho com valiosas observações, além de ter aceitado o
convite para participar da minha banca de defesa de dissertação.
À Professora Dra. Christiana Andrade Pessoa, por ter aceitado o convite para
fazer parte da minha banca de defesa de dissertação e ter contribuído para
finalização dessa dissertação com colocações pertinentes.
À minha amiga e companheira de trabalho Sandritcha, pela ajuda, amizade,
paciência e, sobretudo, pelos momentos de descontração que tornaram os meus
dias bem mais alegres.
Aos professores da pós-graduação em química, especialmente a Profa. Dra.
Karen Wohnrath que, com carinho e paciência, sempre atendeu as minhas mais
diversas solicitações.
À Fundação Araucária pela bolsa concedida.
E a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, tiveram sua parcela de
participação durante a execução e conclusão deste trabalho.
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS _________________________________________________x
LISTA DE TABELAS _______________________________________________ xiii
LISTA DE ABREVIATURAS _________________________________________ xvi
RESUMO ________________________________________________________ xvii
ABSTRACT _____________________________________________________ xviii
1 INTRODUÇÃO ____________________________________________________1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA __________________________________________3
2.1 PELE E AGENTES DESPIGMENTANTES __________________________ 3
2.1.1 Ácido Azeláico _______________________________________________ 4
2.1.2 Ácido Retinóico (Tretinoína) _____________________________________ 5
2.1.3 Ácido Ascórbico (Vitamina C) ___________________________________ 5
2.1.4 Ácido Fítico _________________________________________________ 6
2.1.5 Corticosteróide _______________________________________________ 6
2.1.6 α-hidroxiácidos _______________________________________________ 6
2.1.7 Hidroquinona ________________________________________________ 7
2.1.8 Ácido Kójico _________________________________________________ 8
2.2 MÉTODOS DE QUANTIFICAÇÃO _________________________________ 9
2.3 QUIMIOMETRIA ______________________________________________ 12
2.3.1 Planejamento Fatorial de Experimentos __________________________ 12
2.3.2 Calibração Multivariada _______________________________________ 13
2.4 VALIDAÇÃO DE MÉTODO ANALÍTICO ___________________________ 16
2.4.1 Especificidade e Seletividade __________________________________ 18
2.4.2 Linearidade ________________________________________________ 18
2.4.3 Intervalo ___________________________________________________ 18
vii
2.4.4 Precisão ___________________________________________________ 19
2.4.5 Exatidão ___________________________________________________ 20
2.4.6 Robustez __________________________________________________ 21
3 OBJETIVOS _____________________________________________________ 22
3.1 OBJETIVOS GERAIS __________________________________________ 22
3.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS _____________________________________ 22
4 MATERIAIS E MÉTODOS __________________________________________ 23
4.1 REAGENTES ________________________________________________ 23
4.2 PREPARO DE SOLUÇÕES _____________________________________ 23
4.2.1 Solução trabalho de Ácido Kójico _______________________________ 23
4.2.2 Solução trabalho de Hidroquinona _______________________________ 23
4.2.3 Soluções trabalho de Cloreto Férrico _____________________________ 23
4.2.4 Soluções trabalho de 1,10-fenantrolina ___________________________ 24
4.2.5 Tampão Clark Lubs __________________________________________ 24
4.3. ANÁLISE POR ESPECTROFOTOMETRIA UV-VIS __________________ 25
4.4 PLANEJAMENTO FATORIAL ___________________________________ 25
4.4.1 Deslocamento do Planejamento Fatorial __________________________ 26
4.5 ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE COMPLEXAÇÃO AK-FE(III) _____ 26
4.6 MÉTODO DA VARIAÇÃO CONTÍNUA (JOB) _______________________ 27
4.7 ANÁLISE DO ÁCIDO KÓJICO ___________________________________ 28
4.8 ANÁLISE DA HIDROQUINONA __________________________________ 28
4.9 ANÁLISE MULTIVARIADA _____________________________________ 29
4.10 VALIDAÇÃO DO MODELO MULTIVARIADO ______________________ 30
4.10.1 Especificidade _____________________________________________ 30
4.10.2 Linearidade e Intervalo _______________________________________ 31
4.10.3 Precisão __________________________________________________ 31
viii
4.10.4 Exatidão __________________________________________________ 32
4.10.5 Robustez _________________________________________________ 33
4.11 ANÁLISE DE AMOSTRAS REAIS _______________________________ 33
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ______________________________________ 35
5.1 ÁCIDO KÓJICO ______________________________________________ 35
5.1.1 Resultados da Otimização via Planejamento Fatorial ________________ 35
5.1.2 Deslocamento do Planejamento Fatorial __________________________ 37
5.1.3 Resultados Obtidos Através do Estudo Cinético ____________________ 38
5.1.4 Estequiometria do Complexo AK-Fe(III) ___________________________ 39
5.1.5 Curva Analítica do Ácido Kójico _________________________________ 42
5.2 HIDROQUINONA _____________________________________________ 43
5.2.1 Curva Analítica da Hidroquinona ________________________________ 44
5.3 ÁCIDO KÓJICO E HIDROQUINONA ______________________________ 46
5.3.1 Curva Analítica Convencional __________________________________ 47
5.3.2 Princípio da Aditividade Espectrofotométrica (Método de Vierordt) ______ 49
5.3.3 Primeira Derivada dos Dados Espectrais __________________________ 52
5.3.4 Calibração Multivariada _______________________________________ 57
5.3.5 Modelo Multivariado para Determinação de Ácido Kójico _____________ 58
5.3.6 Modelo Multivariado para Determinação de Hidroquinona ____________ 63
5.4 RESULTADOS DOS ESTUDOS DE VALIDAÇÃO ___________________ 69
5.4.1 Especificidade ______________________________________________ 69
5.4.2 Linearidade e Intervalo ________________________________________ 70
5.4.3 Precisão ___________________________________________________ 71
5.4.4 Exatidão ___________________________________________________ 74
5.4.5 Robustez __________________________________________________ 74
5.5 ANÁLISE DE AMOSTRAS REAIS ________________________________ 76
ix
6 CONCLUSÕES ___________________________________________________ 78
7 TRABALHOS FUTUROS ___________________________________________ 80
8 GLOSSÁRIO _____________________________________________________ 81
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________ 83
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Estrutura da pele incluindo a localização dos melanócitos e
melanina
3
Figura 02. Estrutura química do ácido azeláico 4
Figura 03. Estrutura química do ácido retinóico 5
Figura 04. Estrutura química do ácido ascórbico 5
Figura 05. Estrutura química do ácido fítico 6
Figura 06. Estrutura química do ácido glicólico 7
Figura 07. Estrutura química do ácido lático 7
Figura 08. Estrutura química da hidroquinona 7
Figura 09. Estrutura química do ácido kójico 8
Figura 10. Modelo geral do processo de calibração multivariada 15
Figura 11. Planejamento experimental para obtenção das misturas dos
conjuntos de calibração e validação
29
Figura 12. Interpretação geométrica do efeito de interação [FeCl
3
] x pH 36
Figura 13. Espectros de absorção na região do visível do complexo ácido
kójico (4,5E-04 mol L
-1
) e íon férrico (8,0E-04 mol L
-1
) nos
intervalos 0, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24 e 27 minutos
39
Figura 14. Espectros de absorção na região do visível dos complexos
formados entre o ácido kójico e o íon ferro (III) pelo método da
variação contínua
40
Figura 15.
Gráfico da fração molar versus a absorbância em 494 nm do
complexo formado entre o ácido kójico e o ferro (III)
41
xi
Figura 16. Espectros de absorção na região do visível do complexo ácido
kójico e íon férrico (8,0E-04 mol L
-1
) em pH 3,0
42
Figura 17:
Curva analítica para determinação de ácido kójico em 494 nm
(absorbância x concentração de AK)
43
Figura 18:
Reação de complexação ferro (II) e 1,10-fenantrolina 44
Figura 19:
Espectros de absorção na região do visível do complexo HQ,
Fe
+2
(1,95E-04 mol L
-1
) e 1,10-fenantrolina (4,8E-04 mol L
-1
)
44
Figura 20:
Curva analítica para determinação de hidroquinona em 510 nm
(absorbância x concentração de HQ)
45
Figura 21:
Espectros de absorção do complexo Fe
+2
e 1,10-fenantrolina
para determinação indireta de HQ (3,0E-05 mol L
-1
) e do
complexo AK (5,5E-04 mol L
-1
) e Fe
+2
46
Figura 22:
Curva analítica (absorbância x concentração) para
determinação de AK em 510 nm (a) e HQ em 494 nm (b)
50
Figura 23:
Primeira derivada dos espectros na região do visível de ácido
kójico
52
Figura 24:
Curva analítica derivada para determinação de hidroquinona
(da/dλ x concentração HQ)
53
Figura 25:
Primeira derivada dos espectros na região do visível de
hidroquinona
55
Figura 26:
Curva analítica derivada para determinação de ácido kójico
(da/dλ x concentração de AK)
55
Figura 27:
Espectros de absorção na região visível das misturas de ácido
kójico e hidroquinona do conjunto de calibração, utilizados no
desenvolvimento dos modelos multivariados
58
Figura 28:
Representação da Raiz Quadrada do Erro dio Quadrático
da Validação Cruzada (RMSECV) de ácido kójico em função
do processamento e do número de variáveis latentes
59
xii
Figura 29:
Gráfico do coeficiente de regressão vs. comprimento de onda
do modelo para AK
60
Figura 30:
Gráfico de loadings das três primeiras variáveis latentes vs.
comprimento de onda do modelo para AK
61
Figura 31:
Gráfico de Resíduos Student vs. Leverage do modelo para AK
62
Figura 32:
Valor Previsto (CV) vs. Valor Real do modelo para AK
62
Figura 33:
Representação da Raiz Quadrada do Erro dio Quadrático
da Validação Cruzada (RMSECV) de hidroquinona em função
do processamento e do número de variáveis latentes
64
Figura 34:
Gráfico do coeficiente de regressão vs. comprimento de onda
do modelo para HQ
65
Figura 35:
Gráfico de loadings das duas primeiras variáveis latentes vs.
comprimento de onda do modelo para HQ
66
Figura 36:
Gráfico de Resíduos Student vs. Leverage do modelo para HQ
67
Figura 37:
Valor Previsto (CV) vs. Valor Real do modelo para HQ
67
Figura 38. Gráfico do Resíduo x Valor Real (mol/L) para o ácido kójico (A)
e para hidroquinona (B)
71
Figura 39. Espectros de absorção na região visível da mistura AK (1,5 E-
04 mol L
-1
) e HQ (4,0 E-05 mol L
-1
) nas temperaturas de 5 a 55
ºC na avaliação da robustez
75
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Ensaios necessários para a validação do método analítico
segundo sua finalidade.
17
Tabela 02. Concentrações das soluções trabalho utilizadas de
FeCl
3
.6H
2
O, com respectivas massas, volumes e etapas
experimentais.
24
Tabela 03. Variáveis e níveis estudados na reação de complexação entre
ácido kójico e íon férrico.
25
Tabela 04. Ensaios experimentais para todas as combinações possíveis
dos níveis selecionados do planejamento fatorial 2
2
.
26
Tabela 05. Variáveis e Níveis estudados no deslocamento do
planejamento fatorial 2
2
.
26
Tabela 06. Ensaios do método da variação contínua para determinação
da estequiometria do complexo entre o ácido kójico e o íon
férrico.
27
Tabela 07. Ensaios do método de recuperação para determinação da
especificidade.
31
Tabela 08. Concentrações de ácido jico e hidroquinona utilizadas nos
ensaios de precisão.
32
Tabela 09. Ensaios para análise das amostras reais de dermocosméticos
(base gel), obtidos em farmácias de manipulação da região
de Ponta Grossa e Curitiba/PR.
34
Tabela 10. Resultados da otimização via planejamento fatorial 2
2
da
reação de complexação entre o ácido kójico e o íon férrico.
35
Tabela 11. Efeitos calculados para otimização via planejamento fatorial
2
2
da reação de complexação entre o ácido jico e o íon
férrico.
36
xiv
Tabela 12. Resultados do deslocamento do planejamento fatorial 2
2
. 37
Tabela 13. Efeitos calculados para o planejamento 2
2
deslocado. 38
Tabela 14. Resultados obtidos via curva analítica para determinação de
ácido kójico nas misturas do conjunto de validação externa.
47
Tabela 15. Resultados obtidos via curva analítica para determinação de
hidroquinona nas misturas do conjunto de validação externa.
48
Tabela 16. Resultados obtidos via princípio da aditividade
espectrofotométrica para determinação de AK e HQ nas
misturas do conjunto de validação externa.
51
Tabela 17. Resultados obtidos via primeira derivada para determinação
de HQ (498 nm) nas misturas do conjunto de validação
externa
54
Tabela 18. Resultados obtidos via primeira derivada para determinação
de AK (510 nm) nas misturas do conjunto de validação
externa
56
Tabela 19. Resultados obtidos para o modelo PLSR para determinação
de ácido kójico nas misturas do conjunto de validação externa
63
Tabela 20. Resultados obtidos para o modelo PLSR para determinação
de hidroquinona nas misturas do conjunto de validação
externa
68
Tabela 21. Comparação das metodologias convencionais e multivariadas
para determinação de AK e HQ nas misturas do conjunto de
validação externa utilizando-se RMSEP (mol L
-1
) e erro
relativo médio
69
Tabela 22. Resultados do ensaio de recuperação para determinação da
especificidade
70
Tabela 23. Resultados do ensaio de repetibilidade (precisão intra-corrida)
72
xv
Tabela 24. Resultados do ensaio de precisão intermediária (precisão
inter-corrida)
73
Tabela 25. Resultados obtidos na determinação da mistura AK (1,5 E-04
mol L
-1
) e HQ (4,0 E-05 mol L
-1
) via PLSR em diferentes
temperaturas na avaliação da robustez
75
Tabela 26. Resultados de previsão de ácido kójico e hidroquinona em
amostras reais, utilizando-se o método multivariado
desenvolvido
76
xvi
LISTA DE ABREVIATURAS
AHAs α-hidroxiácidos
AK Ácido Kójico
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CMD Concentração Média Determinada
CV Coeficiente de Variação
DP Desvio Padrão
DPR Desvio Padrão Relativo (sinônimo de CV)
DCM Dados Centrados na Média
HQ Hidroquinona
INMETRO
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
PCA
Análise de Componentes Principais (Principal Components Analysis)
PLSR
Regressão de Mínimos Quadrados Parciais (Partial Least Square
Regression)
RMSEC Raiz Quadrada do Erro Médio Quadrático de Calibração
RMSECV Raiz Quadrada do Erro Médio Quadrático da Validação Cruzada
RMSEP Raiz Quadrada do Erro Médio Quadrático de Previsão
UV Ultra-Violeta
VIS Visível
VL Variável Latente
VLs Variáveis Latentes
xvii
RESUMO
O Ácido Kójico (AK) e a Hidroquinona (HQ) são agentes despigmentantes
freqüentemente comercializados em associações dermocosméticas de manipulação
magistral, utilizadas no tratamento de discromias. A necessidade de metodologias
analíticas de baixo custo que viabilizem o controle de qualidade dessa associação é
evidente. Em função de características como alta sensibilidade, baixo custo e
simplicidade operacional, o presente trabalho tem por objetivo a utilização da
espectrofotometria na região do visível associada a métodos de calibração
multivariada, principalmente Regressão de Mínimos Quadrados Parciais (PLSR)
para determinação de AK e HQ. A metodologia proposta consiste na complexação
de ácido kójico com o íon Fe
3+
(λ = 494 nm), enquanto a hidroquinona reduz os íons
Fe
3+
a Fe
2+
, que por sua vez complexam com 1,10-fenantrolina (λ = 510 nm). A
determinação quantitativa de AK e HQ pelos métodos convencionais de análise foi
realizada via curva analítica, princípio da aditividade espectrofotométrica e primeira
derivada, cujos erros relativos médios foram: 20,65% (HQ) e 469,91% (AK), 41,44%
(HQ) e 47,11% (AK), 57,59% (HQ) e 156,72% (AK), respectivamente. Os resultados
dos métodos convencionais foram comparados ao PLSR, sendo que os modelos de
melhor capacidade preditiva empregaram: faixa espectral de 350 a 800 nm, dados
centrados na média, 03 e 02 variáveis latentes para ácido kójico e hidroquinona,
respectivamente. Os erros relativos dios obtidos a partir desses modelos foram:
4,20% para AK e 6,05% para HQ, evidenciando que o método PLSR apresentou
melhores resultados para a quantificação dos analitos, quando comparado aos
métodos convencionais. A metodologia multivariada desenvolvida foi validada
segundo critérios da ANVISA e posteriormente utilizada para previsão dos analitos
em amostras reais obtidas em farmácias de manipulação da região.
Palavras-Chave: Ácido Kójico, Hidroquinona, Espectrofotometria UV-Vis, Calibração
Multivariada, PLSR, Validação.
xviii
ABSTRACT
Kojic Acid (KA) and Hydroquinone (HQ) are depigmenting agents used as skin-
whitening cosmetics to treat dyschromias. The need for low cost analytical
methodologies that enable quality control of this association is evident. Due to the
characteristics such as high sensitivity, low cost and operational simplicity, this work
aims to use spectrophotometry in the visible region and multivariate calibration tools,
mainly Partial Least Squares Regression (PLSR) for quantitative determination of KA
and HQ. The method is based on the complexation of kojic acid with Fe
3+
ion (λ =
494nm), while hydroquinone reduces Fe
3+
ions to Fe
2+
, which complex with 1,10-
phenanthroline (λ = 510nm). The quantitative determination of KA and HQ by
conventional methods was performed by analytical curve, spectrophotometric
additivity principle and first-derivative spectrophotometry, and the average errors
were: 20,65% (HQ) and 469,91% (AK), 41,44% (HQ) and 47,11% (AK), 57,59%
(HQ) and 156,72% (AK), respectively. The results of conventional methods were
compared to PLSR, and the multivariate models with better predictive capacity used:
spectral range from 350 to 800 nm, mean center data, 03 and 02 latent variables for
kojic acid and hydroquinone, respectively. The mean relative errors obtained from
these models were: 4,20% for AK and 6,05% for HQ, indicating that PLSR method
showed better results for the quantification of analytes, when compared to
conventional methods. The multivariate methodology developed was
validated
according to ANVISA criteria and then used for quantification of analytes in real
samples, obtained from manipulation pharmacies of the region.
Keywords: Kojic Acid, Hydroquinone, UV-Vis spectrophotometry, Multivariate
Calibration, PLSR, Validation.
1
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos o número de produtos para clarear a pele teve um grande
crescimento (AZULAY-ABULAFIA et al., 2003). Dentre os vários agentes
despigmentantes disponíveis no mercado em associações dermocosméticas,
destacam-se o ácido jico e a hidroquinona. O ácido kójico, 5-hidróxi-2-
(hidroximetil)-4-pirona é uma substância natural produzida por vários fungos e
bactérias (LIN; YANG; WU, 2007) que possui ação clareadora em função da sua
propriedade quelante de íons cobre, responsável pela inativação da enzima
tirosinase e conseqüente inibição na formação de melanina (PICARDO e
CARRERA, 2007). A hidroquinona, 1,4-Dihidroxibenzeno, por sua vez, produz
despigmentação não definitiva, inibindo a oxidação enzimática da tirosina em 3,4-
diidroxifenilalanina e de outros processos metabólicos dos melanócitos (AZULAY-
ABULAFIA et al., 2003).
Altas concentrações de hidroquinona em produtos de uso tópico podem
causar severos efeitos colaterais, e como o ácido kójico tem ação equivalente
(DRAELOS, 2008), porém menos abrasiva que a hidroquinona, diversas
formulações contendo a associação destes princípios ativos são utilizadas no Brasil
em tratamentos dermatológicos, tendo sua origem predominante na manipulação
magistral em farmácias de manipulação. Como estes estabelecimentos produzem
quantidades pequenas das formulações, o controle de qualidade do produto final é
geralmente inexistente, já que o mesmo se fundamenta em modernas técnicas
instrumentais com elevado custo e que dificultam a implementação de rotinas
analíticas em laboratórios de pequeno ou médio porte, e em órgãos de fiscalização
ligados ao governo. Sendo assim, a necessidade de metodologias analíticas que
viabilizem o controle de qualidade deste tipo de produto farmacêutico é evidente. Em
função de características como alta sensibilidade, baixo custo e simplicidade
operacional, a espectrofotometria UV-Vis corresponde a uma ferramenta analítica de
primeira importância (BOSCH et al., 2008). No entanto, a baixa seletividade da
técnica faz com que a ocorrência de sobreposição espectral seja bastante freqüente,
o que muitas vezes inviabiliza o desenvolvimento de metodologias analíticas
orientadas à determinação de misturas.
2
Nos últimos anos, diversas ferramentas de calibração multivariada têm sido
propostas para contornar os problemas associados à interferência espectral entre
espécies de interesse, viabilizando a sua determinação simultânea, mesmo em
condições de severa sobreposição de bandas (CORDEIRO et al., 2008).
Métodos espectrofotométricos na região do ultravioleta poderiam ser
utilizados na determinação de ácido kójico e hidroquinona em dermocosméticos,
que os mesmos possuem sinais de absorção nessa região. No entanto, como uma
grande variedade de compostos orgânicos também absorvem nessa região, os
constituintes da base (creme ou gel) utilizados nas formulações, dificultariam esta
determinação. Para eliminar a interferência do veículo, a qual se manifesta
intensamente na região ultravioleta do espectro, é possível recorrer ao uso de
derivatização química, objetivando a formação de espécies coloridas, e em alguns
casos obtendo-se um aumento da sensibilidade analítica. Assim, o presente trabalho
objetiva o desenvolvimento de uma metodologia analítica orientada à determinação
da associação dermocosmética de ácido kójico (complexando com íons ferro (III)) e
hidroquinona (responsável pela redução do Fe (III) a Fe (II) que posteriormente
complexa com 1,10-fenantrolina), através da utilização da espectrofotometria na
região do visível e ferramentas de calibração multivariada, principalmente Regressão
de Mínimos Quadrados Parciais (PLSR).
3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 PELE E AGENTES DESPIGMENTANTES
A pele recobre a superfície do corpo e desempenha múltiplas funções. Sua
cor é resultado da presença e interação de uma série de substâncias encontradas
na epiderme e derme, denominadas cromóforos, sendo a melanina o complexo mais
importante e também a maior fonte de coloração (MONTAZ et al., 2008). A melanina
é um pigmento de cor marrom-escura, sintetizado com a participação da enzima
tirosinase, em lulas altamente especializadas, chamadas melanócitos, as quais
estão localizadas na camada basal da epiderme (Figura 01). Devido à ação da
enzima tirosinase, o aminoácido tirosina é transformado primeiro em 3,4
diidroxifenilanina (DOPA), e posteriormente a dopa-quinona, que após várias
transformações, converte-se em melanina (YOON et al., 2003; JUNQUEIRA et al.,
2004).
Figura 01: Estrutura da pele incluindo a localização dos melanócitos e melanina
FONTE: JUNIOR, 2008.
4
O aumento anômalo na formação de melanina pode estar relacionado a uma
variedade de causas, os fatores contribuintes mais comuns são: pré-disposição
genética, gravidez, uso de contraceptivos orais, disfunção endócrina ou tratamento
hormonal e principalmente exposição à radiação UV da luz solar (GUPTA et al.,
2006). Para reduzir os efeitos desta anomalia, vários agentes despigmentantes
estão disponíveis para comercialização em formulações contendo um ou mais
princípios ativos em associação, sendo que nos últimos anos o desenvolvimento de
produtos para clarear a pele teve um crescimento explosivo (AZULAY-ABULAFIA et
al., 2003). Sabe-se que o tratamento de discromias (alterações na coloração da
pele) é difícil, pois muitos compostos efetivos no tratamento apresentam
propriedades irritantes e podem, em certos casos, promover descamação.
Entre os agentes despigmentantes mais usados estão: ácido azeláico, ácido
retinóico (tretinoína), ácido ascórbico, ácido fítico, corticosteróide, α-hidroxiácidos,
hidroquinona e o ácido kójico.
2.1.1 Ácido Azeláico
O ácido azeláico (Figura 02) é um ácido dicarboxílico saturado, de ocorrência
natural, obtido de culturas de Pityrosporum ovale. É um agente terapêutico efetivo
no tratamento de discromias, devido sua propriedade inibidora na produção de
melanina, quando aplicado na forma de creme ou gel, em concentrações de 15% a
20% (GAO et al., 2008).
Figura 02: Estrutura química do ácido azeláico
FONTE: MERCK, 2009.
5
2.1.2 Ácido Retinóico (Tretinoína)
A ação despigmentante do ácido retinóico ou tretinoína (Figura 03) baseia-se
na habilidade de acentuar a proliferação queratinócita, acelerando a taxa de
renovação da epiderme (ORTONNE e PASSERON, 2005). Concentrações entre
0,05% - 0,1% são bastante utilizadas, sendo que os efeitos colaterais mais comuns
associado ao uso são: dermatite retinóica caracterizada por queimadura, eritema,
descamação e pele seca (GUPTA et al., 2006; RENDON et al., 2006).
Figura 03: Estrutura química do ácido retinóico
FONTE: MERCK, 2009.
2.1.3 Ácido Ascórbico (Vitamina C)
O ácido ascórbico (Figura 04) é um agente anti-oxidante que afeta a
melanogênese (processo de formação da melanina) por reduzir a dopa-quinona em
DOPA. Trata-se de uma substância muito instável e rapidamente oxidada em
solução aquosa. Para contornar essa desvantagem, dá-se preferência ao uso de seu
derivado, fosfato de ascorbil magnésio que apresenta maior estabilidade química
(PICARDO e CARRERA; 2007).
Figura 04: Estrutura química do ácido ascórbico
FONTE: LITOS et al., 2007.
6
2.1.4 Ácido Fítico
O ácido fítico (Figura 05) é um despigmentante de origem natural com
propriedades hidratantes encontrados nas sementes de alguns cereais como: aveia,
arroz e gérmen de trigo (ROSSETO, 2007). Atua como quelante de íons cobre,
inibindo a formação de melanina. Costuma ser utilizado em concentrações de 1-2%
e sua principal vantagem é o baixo potencial irritativo, o que permite seu uso em
regiões sensíveis da pele, como as pálpebras (ORDIZ, 2003).
Figura 05: Estrutura química do ácido fítico
FONTE: FARIA et al., 2006.
2.1.5 Corticosteróide
Vários tipos de corticosteróides, como hidrocortisona, dexametasona,
betametasona entre outros, têm sido utilizados, por via pica, no tratamento de
discromias. Algumas vezes associado a outros agentes despigmentantes como
hidroquinona e tretinoína para obtenção de melhores resultados. Tratamentos em
longo prazo não o recomendados devido ao surgimento de numerosos efeitos
adversos próprios dos corticosteróides (PRIGNANO et al., 2007).
2.1.6 α-hidroxiácidos
Dentre os vários
α-hidroxiácidos (AHAs), o ácido glicólico (Figura 06) e o
ácido lático (Figura 07) são os mais populares e efetivos no tratamento de
7
discromias. Recentes estudos demonstram a capacidade desses AHAs em
aumentar a renovação celular e inibir diretamente a atividade da tirosinase
(PICARDO e CARRERA, 2007).
Figura 06: Estrutura química do ácido glicólico Figura 07: Estrutura química do ácido lático
FONTE: MERCK, 2009. FONTE: CHEMICAL BOOK, 2008.
2.1.7 Hidroquinona
A hidroquinona (Figura 08), 1,4-dihidroxibenzeno, continua sendo o agente
branqueador mais prescrito em todo o mundo, sendo introduzido para uso clínico em
1961 (OLIVEIRA et al., 2007). Os primeiros relatos a respeito de sua eficácia na
redução da pigmentação da pele datam antes de 1936. A hidroquinona é um
hidroxifenol de estrutura química similar ao precursor da melanina e atua
principalmente pela inibição da tirosinase, reduzindo a hidroxilação da tirosina em
diidroxifenilalanina. Outros supostos mecanismos de ação o: inibição das sínteses
do DNA e RNA, degradação dos melanossomos e destruição dos melanócitos. As
concentrações empregadas usualmente variam de 2% a 5% (PICARDO e
CARRERA, 2007). Recomenda-se a utilização de hidroquinona apenas sob
prescrição dica, pois em concentrações acima de 5% pode causar severos
efeitos colaterais incluindo dermatites, eritema, leucoderma, queimadura e
hiperpigmentação (LIN; YANG; WU, 2007).
Figura 08: Estrutura química da hidroquinona
FONTE: MERCK, 2009.
8
2.1.8 Ácido Kójico
O ácido kójico (Figura 09), também conhecido por 5-hidróxi-2-(hidroximetil)-4-
pirona é uma substância natural produzida por vários fungos e bactérias, entre elas
espécies de Aspergillus, Penicillium e Acetobacter (LIN; YANG; WU, 2007).
Figura 09: Estrutura química do ácido kójico
FONTE: CORRER, 2004.
Entre suas várias propriedades destacam-se a ação antimicrobiana e
quelante de íons cobre, sendo esta última, responsável pela inativação da tirosinase
e conseqüente ação inibidora na formação de melanina, (CANO et al., 1994;
PICARDO e CARRERA, 2007). Este mecanismo confere ao ácido kójico a ação
clareadora, permitindo seu uso em preparações cosmecêuticas utilizadas no
tratamento tópico das discromias.
Segundo o estudo do perfil das prescrições de ácido kójico realizado por
CORRER (2004), a associação dermocosmética de ácido kójico e hidroquinona
ocupa a terceira posição nas formulações freqüentemente prescritas contendo dois
agentes clareadores. Nesta pesquisa foram analisadas 163 receitas que continham
ácido kójico de forma isolada ou em associação com outros agentes
despigmentantes, preparadas no período de maio a agosto de 2003 em quatro
farmácias de manipulação da região de Curitiba.
Sabe-se que diversas formulações contendo ácido jico e hidroquinona são
utilizadas no Brasil em tratamentos dermatológicos, geralmente comercializado em
preparações dermocosméticas, através da manipulação magistral em farmácias de
manipulação. Como estes estabelecimentos produzem quantidades pequenas das
formulações, geralmente o controle de qualidade do produto final é inexistente.
Dentro deste contexto, torna-se evidente a necessidade do desenvolvimento
de metodologias analíticas, de baixo custo, que viabilizem o controle de qualidade
9
desta associação dermocosmética utilizada em tratamentos dermatológicos para
clarear a pele.
2.2 MÉTODOS DE QUANTIFICAÇÃO
Muitos autores têm quantificado separadamente ácido kójico e hidroquinona
em cosméticos (gel, creme e emulsão), assim como em outros tipos de matrizes por
diversas técnicas.
OLIVEIRA e colaboradores (2007) desenvolveram um sensor biomimético
utilizando um novo complexo dinuclear de cobre (II) [Cu
2
(HL)(OAc)](ClO
4
)
2
para
determinar a concentração de hidroquinona em cosméticos por voltametria de onda
quadrada. Obtiveram-se resultados satisfatórios nas amostras comerciais testadas,
sendo que os erros relativos mostraram-se inferiores a 0,53%.
Por sua vez, GARCIA e colaboradores (2005) desenvolveram e validaram
dois métodos para determinação de hidroquinona em formulações, um via
cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) por fase reversa e outro via
espectrofotometria UV derivativa (UVDS). Ambas as metodologias mostraram
resultados satisfatórios, com ampla faixa linear (6-30 µg/ml para HPLC e 10-26 µg/ml
para UVDS), baixo limite de quantificação (0,26 µg/ml para HPLC e 0,46 µg/ml para
UVDS) e com Desvio Padrão Relativo (RDS) inferiores a 1,34% para HPLC e 0,98%
para UVDS na determinação do analito em gel e creme na faixa de concentração de
2 a 4%. As metodologias desenvolvidas foram comparadas por análise estatística
(teste t e Teste F) e não mostraram diferença analítica significativa com 95% de
confiança, indicando que as propostas podem ser utilizadas nas análises de rotina
para o controle de qualidade de produtos que contenham a hidroquinona como único
princípio ativo.
AHAMMAD e colaboradores (2010) desenvolveram um método eletroquímico
simples e seletivo, baseado na anodização de um eletrodo de carbono vítreo (ECV),
para a determinação simultânea de hidroquinona (HQ) e catecol (CT) utilizando
voltametria de pulso diferencial. O ECV ativado apresentou estabilidade,
reprodutibilidade (RSD de 0,61%-HQ e 0,73%-CT, n=10) e boa relação linear (R =
0,98) entre os picos de corrente anódica e concentração, no intervalo de 0,5 x 10
-6
a
10
200 x 10
-6
mol L
-1
, com o limite de detecção de 0,16 e 0,11 µmol L
-1
para
hidroquinona e catecol, respectivamente. Resultados satisfatórios foram obtidos na
determinação dos analitos em amostras de água contaminada, com taxas de
recuperação de 96,6-101,7% para a hidroquinona e 98,8-103,9% para catecol,
demonstrando claramente a aplicabilidade e a confiabilidade do método proposto.
Com o objetivo de diminuir os efeitos de matriz de amostras reais, LIN, SHEU,
WU e HUANG (2005) propuseram a quantificação de hidroquinona em emulsão
cosmética usando a técnica de microdiálise para preparação de amostras, acoplado
a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Para determinar a exatidão e
precisão do método, foram realizados ensaios em triplicata em quatro diferentes
dias. Os erros relativos foram menores que 13,0% e o RDS menor que 7,55%,
sendo que a taxa de recuperação variou de 89 a 112%. O método foi aplicado a 4
amostras reais, e os resultados se mostraram concordantes com os valores
declarados pelos fabricantes. Uma das vantagens ressaltadas pelos autores está
relacionada com o menor pré-tratamento da amostra e baixo consumo de solventes
orgânicos.
LIN, WU e HUANG (2007) também utilizaram a técnica de microdiálise on-line
para determinar simultaneamente ácido kójico, ascorbil glucosídeo e niacinamida
(vitamina B
3
) em cosméticos clareadores via cromatografia líquida de alta eficiência
(HPLC). Nas misturas sintéticas dos três agentes clareadores, os autores obtiveram
taxas de recuperação entre 92-106% com boa repetibilidade (RSD= 3,9-8,7%) do
método. Foram testadas seis amostras comerciais contendo os agentes clareadores
em diferentes dosagens, obtendo-se valores concordantes com os declarados pelo
fabricante e dentro dos limites estabelecidos pela legislação de Taiwan.
CORRER e colaboradores (2005) determinaram ácido jico em creme por
espectroscopia UV-Vis e métodos de calibração multivariada. Os resultados do
ensaio de recuperação mostraram valores de 98,29%, 98,55% e 98,43% para as
três amostras analisadas e coeficientes de variação inferiores a 2%, dentro dos
limites aceitos pela ANVISA. A metodologia testada mostrou-se exata e precisa,
indicando uma boa alternativa para quantificação do analito.
LIU e colaboradores (2009) utilizaram eletrodos de pasta de nanotubo de
carbono de paredes múltiplas modificado com vermelho de alizarina S como sensor
para a determinação ácido kójico em produtos alimentícios. O eletrodo desenvolvido
mostrou-se bastante seletivo e apresentou excelente reprodutibilidade (RSD = 5,2%,
11
n=10). A corrente de oxidação do ácido kójico foi proporcional à sua concentração
dentro do intervalo de 4,0 x 10
-7
mol L
-1
a 6,0 x 10
-5
mol L
-1
, com um coeficiente de
correlação de
0,998 e um limite de detecção de 1,0 x 10
-7
mol L
-1
. Na análise de
amostras reais, a determinação de ácido kójico foi realizada pelo método de adição
de padrão em amostras de molho e vinagre com taxas de recuperação entre 97,7% -
101,8% e RSD inferior a 5%. Os resultados obtidos pelo todo proposto
apresentaram boa concordância quando comparados aos resultados obtidos por
HPLC.
Por outro lado, relatos de determinação simultânea de ácido kójico e
hidroquinona são pouco comuns, como é o caso da proposta de análise de HUANG
e colaboradores (2004) que determinaram simultaneamente ácido kójico,
hidroquinona, fosfato de ascorbil magnésio, ascorbil glucosídeo e arbutin em
cosméticos por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Os ensaios de
recuperação mostraram valores entre 93,5% 103,3%, com RSD menor que 1,3%.
Nos ensaios intra-corrida e inter-corrida obtiveram-se RSD menores que 2,4%. A
metodologia proposta mostrou-se satisfatória para determinação simultânea dos
analitos.
Na proposta de LIN, YANG e WU (2007) foi empregado um planejamento
fatorial para otimizar a metodologia de cromatografia capilar eletrocinética micelar
(MEKC) na determinação simultânea de ácido kójico, hidroquinona e arbutin em
cosméticos. Os erros relativos encontrados no método de validação foram inferiores
a 3,0% e a taxa de recuperação superior a 99%. Na análise das amostras
comerciais, a metodologia foi aplicada com sucesso no controle de qualidade dos
clareadores citados, obtendo-se valores concordantes com os declarados pelo
fabricante e com os limites estabelecidos pela legislação de Taiwan.
Por sua vez, CHISVERT e colaboradores (2010) empregaram a cromatografia
gasosa acoplada a espectrometria de massas para determinar ácido kójico, ácido
azeláico, arbutin, hidroquinona e resorcinol em cosméticos. O método proposto
mostrou-se satisfatório, com bons limites de detecção e quantificação. Nos ensaios
intra-corrida e inter-corrida obtiveram-se variações inferiores a 10%. Para determinar
a exatidão do método, quantificou-se os analitos em amostras cosméticas
preparadas no laboratório com erros relativos menores que 5%. A metodologia
desenvolvida foi aplicada com sucesso na determinação dos analitos em nove
amostras comerciais, mostrando a presença de agentes despigmentantes não
12
declarados no rótulo em quatro das amostras analisadas.
2.3 QUIMIOMETRIA
A quimiometria é uma área da química que emprega métodos matemáticos e
estatísticos para planejar ou selecionar experimentos de forma otimizada e para
fornecer o máximo de informação química relevante com a análise dos dados
obtidos (FERREIRA et al.,1999).
2.3.1 Planejamento Fatorial de Experimentos
O planejamento fatorial é uma metodologia que apresenta características
vantajosas para estudar a influência de variáveis em processos, pois requer um
pequeno número de ensaios, funciona bem na presença de erros aleatórios e
principalmente avalia as interações entre as variáveis, permitindo verificar os efeitos
sinérgicos ou antagônicos relacionados às respostas obtidas.
Para executar um planejamento fatorial, escolhem-se as variáveis a serem
estudadas e efetuam-se experimentos em diferentes valores destes fatores, sendo
realizados experimentos para todas as combinações possíveis dos veis
selecionados (BRUNS et al., 2003). De um modo geral, o planejamento fatorial pode
ser representado por b
α
, onde "α" é o número de fatores "b" é o número de níveis
escolhidos. Em geral, os planejamentos fatoriais do tipo 2
α
são os mais comuns,
que os mesmos requerem a realização de poucos experimentos. É evidente que
com um número reduzido de níveis não é possível explorar de maneira completa
uma grande região no espaço das variáveis. Entretanto, é possível observar
tendências importantes para a realização de investigações posteriores (EIRAS et al.,
1999).
LEITÃO e SILVA (2008) utilizaram planejamento fatorial fracionário e
completo, para otimização das reações do anti-hipertensivo diltiazem com
hidroxilamina e um sal de ferro (II). Primeiramente, o diltiazem reage com a
hidroxilamina formando um ácido hidroxâmico que posteriormente reage com o sal
13
de ferro (II) formando um complexo de coloração vermelha, com absorção em 512
nm. As condições otimizadas da reação de complexação foram: solvente metanol,
concentração de hidroxilamina de 9,4%, concentração de NaOH de 18,75%,
concentração da solução de ferro (II) de 2,0%, volume mínimo de ácido perclórico
7% (v/v) (suficiente apenas para neutralizar o NaOH) e reação a temperatura
ambiente. Uma metodologia cinética espectrofotométrica multivariada orientada a
determinação deste anti-hipertensivo em diferentes formulações farmacêuticas foi
desenvolvida utilizando a reação otimizada, na qual se obteve resultados similares
ao método cromatográfico padrão, na determinação do analito em amostras reais.
Na análise do padrão farmacêutico obteve-se limite detecção de 6 e 2 mg/L, e na
análise de formulações farmacêuticas de 41 e 39 mg/L, utilizando-se PARAllel
FACtor analysis (PARAFAC2) e Resolução de Curva Multivariada Mínimos
Quadrados Alternados (MCR-ALS) respectivamente. Em ambas as metodologias,
dados de absorbância em três dimensões (comprimento de onda, tempo e
concentração) foram adquiridos para posterior processamento. (Leitão e Silva,
2007).
Por sua vez, GIROTTO e colaboradores (2007) aplicaram um planejamento
fatorial completo 2
4
para avaliar os principais fatores e suas interações no processo
de extração em fase sólida (SPE) dos hormônios 17- β- estradiol, estrona e 17 β
etinilestradiol via HPLC com detector de fluorescência. As melhores condições
obtidas foram: 500 mL da amostra, condicionamento da fase sólida (C18) com
acetona (4 mL), metanol (6 mL) e água pH 3 (10 mL), e eluição dos analitos com 4
mL de acetona.
2.3.2 Calibração Multivariada
Nos últimos anos, diversas ferramentas de calibração multivariada têm sido
propostas para contornar os problemas associados à interferência espectral,
principalmente quando os componentes presentes numa mistura necessitam ser
determinados, mas a informação analítica disponível não apresenta seletividade. Isto
é, quando em uma mistura não é possível identificar os componentes individuais, a
partir da resposta instrumental (NAGATA et al., 2001). De maneira geral,
metodologias multivariadas permitem explorar toda a informação fornecida pela
14
técnica instrumental, favorecendo o desenvolvimento de modelos de calibração
confiáveis, mesmo em situações de extrema sobreposição espectral ou
complexidade de sinal (CORDEIRO et al., 2008).
A base da calibração multivariada é estabelecer uma relação matemática
entre duas matrizes (ou blocos) de dados químicos, quando houver uma
dependência entre as propriedades que descrevem cada uma delas. No caso
particular deste projeto, os espectros e as concentrações de ácido kójico e
hidroquinona.
Esta metodologia consiste, basicamente, de duas fases: a calibração e a
previsão. Na etapa de calibração, “n” espectros para um conjunto de amostras com
composição conhecida são obtidos em “p” valores de comprimentos de ondas
diferentes, formando uma matriz X, com “n” linhas e “p colunas. Também uma
matriz Y com os valores de concentração pode ser formada contendo “n” linhas,
correspondendo às diferentes amostras, e “q colunas, indicando o número de
diferentes analitos presentes nas amostras. O próximo passo é desenvolver um
modelo matemático apropriado (determinando o vetor dos coeficientes de regressão
b) que melhor possa reproduzir Ycal a partir dos dados da matriz Xcal (Equação
01). Esse modelo é utilizado na fase de previsão (com um conjunto teste) para
estimar as concentrações (Yprev) dos constituintes de novas amostras, a partir de
seus espectros (Xteste) (Equação 02). Como estas metodologias trabalham com
matrizes de dados, o processo de isolar o fator Y da Equação 01 para obtenção da
Equação 02, implica na utilização da matriz transposta de X, ou seja, (Xteste)
t
(NAGATA et al., 2001).
Xcal = b * Ycal (Equação 01)
Yteste = (Xteste)
t
* b (Equação 02)
Os dados para a calibração multivariada podem ser organizados conforme
ilustra a Figura 10. As respostas de absorção dos espectros, a cada valor de
comprimento de onda, são as variáveis independentes, e as concentrações dos
fármacos nas amostras, as variáveis dependentes.
Dentre os métodos existentes para determinação do vetor de regressão (b),
podemos citar a Regressão de Mínimos Quadrados Parciais (PLSR), a qual se
baseia na Análise de Componentes Principais (PCA) (FERREIRA et al., 1999).
15
Figura 10: Modelo geral do processo de Calibração Multivariada
FONTE: NAGATA et al., 2001
O método PCA decompõe a matriz de dados X, construindo-se um novo
sistema de eixos (denominados componentes principais). Isto possibilita que as
amostras possam ser representadas e visualizadas em um número menor de
dimensões, sem perda de informação analítica relevante. Com a obtenção de um
novo sistema de eixos, a parte não modelada de X é considerada como uma matriz
de erros (E), as novas coordenadas da amostra são denominadas “scores” (T ou U),
e o peso que cada variável antiga contribui para formar as componentes principais
são chamados “loadings” (P ou Q).
No método PLSR, tanto a matriz das variáveis independentes Xcal (Equação
03), como a das variáveis dependentes Ycal (Equação 04), sofrem decomposição
matricial, sendo representadas na forma de “scores” e “loadings”. Posteriormente,
realiza-se uma relação entre as duas matrizes de “scores” (Equação 05) de cada um
dos blocos (variáveis independentes e dependentes), utilizando um modelo linear.
Xcal = TP' + E (Equação 03)
Ycal = UQ' + E (Equação 04)
U = b * T (Equação 05)
Obtido o vetor de regressão, é possível utilizá-lo para realizar as previsões de
concentrações de novas amostras através de seus respectivos dados espectrais e
empregando-se a Equação 02 (NAGATA et al., 2001).
16
Este método multivariado (PLSR) possui a vantagem de a calibração poder
ser realizada eficientemente mesmo na presença de interferentes, não havendo a
necessidade do conhecimento do número e natureza dos mesmos, além de ser um
método robusto, isto é, seus parâmetros praticamente não se alteram com a
inclusão de novas amostras no conjunto de calibração (FERREIRA et al., 1999).
CORDEIRO e colaboradores (2008) utilizaram espectroscopia UV-Vis
acoplada a calibração multivariada para determinação simultânea de sulfametoxazol
e trimetoprima em associações farmacêuticas. Durante a fase de validação os erros
de previsão foram inferiores a 3% para ambos os fármacos em estudo. Na análise
das amostras reais, o modelo permite uma excelente previsão do medicamento de
referência (Bactrim), com erros inferiores a 7% em relação aos valores determinados
pela técnica cromatográfica padrão.
FERRARO e colaboradores (2001) empregaram a calibração multivariada
para contornar problemas de interferências espectrais e determinar simultaneamente
furosemida e cloridrato de amilorida em amostras sintéticas e tabletes comerciais
por espectrofotometria UV-Vis. Os resultados obtidos na análise das amostras reais
foram satisfatórios para ambos os fármacos, e estão de acordo com os obtidos via
HPLC.
Por sua vez, GONZÁLEZ e colaboradores (2005) aplicaram a
espectrofotometria UV-Vis acoplada à calibração multivariada para especiação de
antimônio (III) e antimônio (V), utilizando pirogalol como agente complexante. Na
etapa de calibração, a média do erro absoluto de previsão foi 4,8% para o Sb (V) e
0,8% no caso do Sb (III). Na análise da amostra comercial, os autores obtiveram
valores de Sb (V) e Sb (III) concordantes com o valor de Sb total obtido via ICP-MS
e também especificado pelo fabricante.
2.4 VALIDAÇÃO DE MÉTODO ANALÍTICO
A necessidade de se mostrar confiabilidade em análises químicas está sendo
cada vez mais exigida. Para garantir que um novo método analítico gere
informações confiáveis, é necessário que ele passe por uma avaliação denominada
validação, fundamental para a implementação de um sistema de controle de
17
qualidade em laboratórios de análises (RIBANI et al., 2004).
O objetivo de uma validação é demonstrar que o método é apropriado para a
finalidade pretendida, no caso deste trabalho, a determinação quantitativa de
princípios ativos em produtos farmacêuticos. A validação deve garantir, por meio de
estudos experimentais, que o todo atenda às exigências das aplicações
analíticas, assegurando a confiabilidade dos resultados (ANVISA, 2003).
De modo geral, a metodologia desenvolvida deve apresentar especificidade,
linearidade, intervalo, precisão e exatidão adequados à análise.
Os testes são classificados em quatro categorias, segundo sua finalidade:
Categoria I: Testes quantitativos para a determinação do princípio ativo em
produtos farmacêuticos ou matérias-primas;
Categoria II: Testes quantitativos ou ensaio limite para a determinação de
impurezas e produtos de degradação em produtos farmacêuticos e matérias-
primas;
Categoria III: Testes de performance;
Categoria IV: Testes de identificação.
Para cada categoria um conjunto de testes que deve ser realizado,
conforme mostra a Tabela 1.
Tabela 01: Ensaios necessários para a validação do método analítico, segundo sua finalidade.
Parâmetro Categoria I
Categoria II
Categoria
III
Categoria
IV
Quantitativo
Ensaio
limite
Especificidade Sim Sim Sim * Sim
Linearidade Sim Sim Não * Não
Intervalo Sim Sim * * Não
Precisão
Repetibilidade
Sim Sim Não Sim Não
Intermediária
** ** Não ** Não
Limite de detecção Não Não Sim * Não
Limite de quantificação Não Sim Não * Não
Exatidão Sim Sim * * Não
Robustez Sim Sim Sim Não Não
* pode ser necessário, dependendo da natureza do teste específico.
** se houver comprovação da reprodutibilidade não é necessária a comprovação da Precisão
Intermediária.
FONTE: ANVISA, 2003.
18
2.4.1 Especificidade e Seletividade
O parâmetro especificidade indica a capacidade que o método possui de
medir exatamente um composto, em presença de outros componentes que podem
interferir na sua determinação em uma amostra complexa. A seletividade avalia o
grau de interferência de espécies como outro ingrediente ativo, excipientes,
impurezas e produtos de degradação, bem como outros compostos de propriedades
similares que possam estar, porventura, presentes (RIBANI et al., 2004).
2.4.2 Linearidade
A linearidade corresponde à capacidade de uma metodologia analítica em
demonstrar que os resultados obtidos são diretamente proporcionais à concentração
do analito na amostra, dentro de um intervalo especificado. Recomenda-se que a
linearidade seja determinada pela análise de, no mínimo, cinco concentrações
diferentes. O critério mínimo aceitável do coeficiente de correlação (r) deve ser igual
a 0,99 de acordo com a ANVISA (2003) e maior que 0,90 pelo INMETRO (2003).
2.4.3 Intervalo
O intervalo é a faixa entre os limites de quantificação superior e inferior de um
método analítico, dependendo de sua aplicação. É estabelecido pela confirmação de
que o método apresenta exatidão, precisão e linearidade adequadas, quando
aplicados a amostras contendo quantidades de substâncias dentro do intervalo
especificado (ANVISA, 2003). Para o controle de qualidade de matérias-primas ou
produtos ou formas farmacêuticas o intervalo deve ter alcance de 80% a 120% da
concentração teórica do teste.
19
DRP = ________ x 100
CMD
2.4.4 Precisão
A precisão expressa o grau de concordância entre os resultados em uma
série de medidas feitas para uma mesma amostra homogênea em condições
determinadas (BRAGA e POPPI, 2004). Em geral, é considerada em três níveis
(ANVISA, 2003):
Repetibilidade (precisão intra-corrida): concordância entre os resultados
dentro de um curto período de tempo, com o mesmo analista e mesma
instrumentação. Recomenda-se um mínimo de nove determinações,
contemplando o intervalo linear do método (três concentrações em triplicatas)
ou um mínimo de seis determinações a 100% da concentração do teste;
Precisão intermediária (precisão inter-corridas): concordância entre os
resultados do mesmo laboratório, mas obtidos em dias diferentes, com
analistas diferentes e/ou equipamentos diferentes. Recomenda-se um
intervalo mínimo de dois dias.
Reprodutibilidade (precisão inter-laboratorial): concordância entre os
resultados obtidos em laboratórios diferentes como em estudos colaborativos,
geralmente aplicados à padronização de metodologia analítica.
A precisão de um método analítico pode ser expressa através do desvio
padrão relativo (DPR) ou coeficiente de variação (CV%), segundo a fórmula:
Onde DP = desvio padrão e CMD = concentração média determinada.
O valor máximo aceitável deve ser definido de acordo com a metodologia
empregada, a concentração do analito na amostra, o tipo de matriz e a finalidade do
método, não se admitindo valores superiores a 5% (ANVISA, 2003).
DP
20
Exatidão = _____________________________ x 100
concentração teórica
2.4.5 Exatidão
A exatidão de um todo analítico representa o grau de concordância entre
os resultados individuais encontrados em um determinado ensaio e um valor de
referência aceito como verdadeiro (RIBANI et al., 2004).
Várias metodologias para a determinação da exatidão estão disponíveis
(ANVISA, 2003):
Fármacos: Pela aplicação da metodologia analítica proposta na análise de
uma substância de pureza conhecida (padrão de referência) ou pela
comparação dos resultados obtidos com aqueles resultantes de uma segunda
metodologia bem caracterizada, cuja exatidão tenha sido estabelecida;
Forma Farmacêutica: Pela análise de uma amostra, na qual quantidade
conhecida de fármaco foi adicionada a uma mistura dos componentes do
medicamento (placebo contaminado) ou análise pelo método de adição de
padrão, no qual se adiciona quantidades conhecidas do analito (padrão de
referência) ao medicamento.
A exatidão é calculada como porcentagem de recuperação da quantidade
conhecida do analito adicionado à amostra, ou como a diferença porcentual entre as
médias e o valor verdadeiro aceito. Deve ser determinada após o estabelecimento
da linearidade, do intervalo linear e da especificidade. Em geral, é verificada a partir
de, no mínimo, nove determinações contemplando a faixa linear do método (três
concentrações em triplicatas), sendo expressa pela relação entre a concentração
média determinada experimentalmente e a concentração teórica correspondente
(ANVISA, 2003):
concentração média experimental
21
2.4.6 Robustez
A robustez de um método analítico mede a sensibilidade que este apresenta
frente a variações (INMETRO, 2003), ou seja, a capacidade que este tem de resistir
a pequenas e deliberadas mudanças dos parâmetros analíticos. Indica sua
confiança durante o uso normal. Quando constatado a susceptibilidade do método à
variações nas condições analíticas, estas deverão ser controladas e precauções
devem ser incluídas no procedimento. Os principais parâmetros que devem ser
considerados na determinação da robustez de um método espectrofotométrico são:
variação do pH da solução, temperatura e diferentes fabricantes de solventes
(ANVISA, 2003).
22
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVOS GERAIS
Desenvolver uma metodologia analítica para determinação da associação
Ácido Kójico e Hidroquinona em dermocosméticos, utilizando-se a
espectrofotometria na região do visível associada a métodos de calibração
multivariada, principalmente Regressão de Mínimos Quadrados Parciais (PLSR).
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
i. Otimizar a reação de complexação entre o Ácidojico e o íon férrico,
principalmente em relação a quantidade de complexante (Fe
3+
) e pH;
ii. Determinar a estequiometria da reação de complexação entre o Ácido Kójico
e o íon férrico utilizando-se o método da variação contínua (método de Job);
iii. Desenvolver as metodologias espectrofotométricas de curva analítica,
princípio da aditividade espectrofométrica e primeira derivada para
determinação de Ácido Kójico e Hidroquinona através de reações de
complexação;
iv. Desenvolver e otimizar modelos de calibração multivariada (PLSR) para a
determinação dos analitos de interesse;
v. Testar a capacidade de previsão dos modelos obtidos (metodologia
convencional e multivariada), por meio de um conjunto de validação externa;
vi. Validar a metodologia analítica multivariada desenvolvida, segundo os
critérios da ANVISA;
vii. Aplicar a metodologia na determinação de amostras de dermocosméticos
comercializados em farmácias de manipulação da região.
23
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 REAGENTES
Os padrões de hidroquinona e ácido kójico (5-hidróxi-2-(hidroximetil)-4-pirona)
foram de grau farmacêutico, fornecidos pelos laboratórios SP Farma e All Chemistry,
respectivamente.
O Cloreto férrico hexaidratado (FeCl
3
.6H
2
O) com teor 97,0-102,0% foi
industrializado por VETEC Química Fina LTDA e os demais reagentes utilizados
foram de grau analítico PA.
Todas as soluções foram preparadas utilizando-se vidraria analítica e água
destilada.
4.2 PREPARO DE SOLUÇÕES
4.2.1 Solução trabalho de Ácido Kójico
Uma solução de ácido kójico (MM:142,11g/mol) na concentração de 5,0E-03
mol L
-1
foi preparada em balão volumétrico de 50,0 mL com água destilada.
4.2.2 Solução trabalho de Hidroquinona
Uma solução de hidroquinona (MM:110,11g/mol) na concentração de 1,0E-03
mol L
-1
foi preparada em balão volumétrico de 100,0 mL com água destilada.
4.2.3 Soluções trabalho de Cloreto Férrico
Soluções de cloreto férrico hexaidratado (MM: 270,30g/mol) de diferentes
24
concentrações foram preparadas em balões volumétricos com água destilada. A
Tabela 02 indica as concentrações, massas e volumes utilizados para cada etapa
experimental.
Tabela 02: Concentrações das soluções trabalho utilizadas de FeCl
3
.6H
2
O, com respectivas massas,
volumes e etapas experimentais.
Concent
ração
(mol L
-1
)
Massa (g) Volume (mL) Etapa experimental
1,5E-03 0,0235 50 Curva Analítica da Hidroquinona
5,0E-03 0,0676 50 Método de Job
5,05E-03 0,0682 50 Planejamento Fatorial 2
2
8,0E-03 0,1081 50 Estudo Cinético
8,5E-03 0,1149 50 Deslocamento do Planejamento
1,0E-02 0,2703 100
Curva Analítica do Ácido Kójico e
Misturas dos Conjuntos de Calibração e Validação
4.2.4 Soluções trabalho de 1,10-fenantrolina
Soluções de 1,10-fenantrolina (MM:198,22g/mol) foram preparadas nas
concentrações: 4,0E-03 mol L
-1
para construção da curva analítica da hidroquinona
e 6,0E-03 mol L
-1
para o desenvolvimento da metodologia multivariada. Para tal
procedimento, dissolveu-se 1,10-Fenantrolina em etanol (usando-se 10% do volume
total da solução) e diluiu-se em balão volumétrico com água destilada.
4.2.5 Tampão Clark Lubs
Preparou-se uma solução 1,0E-03 mol L
-1
de cloreto de potássio
(MM:74,55g/mol) em pH 3,0. Para tal, pesou-se 0,3728 g de KCl e dissolveu-se em
190 mL de água destilada, em seguida, gotejou-se ácido clorídrico 0,1 mol L
-1
até
obtenção de pH 3,0 e transferiu-se para um balão de 200,0 mL acertando-se o
menisco com água destilada (adaptação: MORITA e ASSUMPÇÃO, 1972).
25
4.3. ANÁLISE POR ESPECTROFOTOMETRIA UV-VIS
As análises espectrofotométricas foram realizadas em um espectrofotômetro
Shimadzu (2410 PC) - software UVPC v.3.91 (Shimadzu), utilizando cubetas de
vidro de 1,0 cm de caminho óptico, sendo o espectro adquirido na região do visível,
entre 350 e 800 nm. Excetuando-se a análise espectrofotométrica do planejamento
fatorial, deslocamento do planejamento e estudo cinético que foram realizadas em
um espectrofotômetro Shimadzu modelo MultiSpec-1501.
4.4 PLANEJAMENTO FATORIAL
Realizou-se um planejamento fatorial 2
2
para otimização da reação de
complexação entre o ácido kójico e o íon férrico.
Para execução do planejamento, adicionou-se 1,000 mL da solução trabalho
5,0E-03 mol L
-1
de ácido kójico, ajustou-se os valores de pH adicionando-se HCl
diluído, e finalmente adicionou-se alíquotas apropriadas de uma solução trabalho de
5E-03 mol L
-1
de FeCl
3
.6H
2
O, completando-se os balões volumétricos de 10,0 mL
com água destilada. Em seguida, as soluções foram submetidas à análise
espectrofotométrica.
As variáveis e os níveis estudados são mostrados na Tabela 03.
Tabela 03: Variáveis e níveis estudados na reação de complexação entre ácido kójico e íon férrico.
Variáveis\Níveis
- 0 +
[FeC
l
3
]
2,5E-04 mol L
-
1
5,0E-04 mol L
-
1
7,5E-04 mol L
-
1
pH
3,0 4,0 5,0
Foram realizados experimentos para todas as combinações possíveis dos
níveis selecionados com quintuplicata do ponto central (cálculo da estimativa do
desvio), totalizando nove ensaios como é mostrado na Tabela 04.
26
Tabela 04: Ensaios experimentais para todas as combinações possíveis dos níveis selecionados do
planejamento fatorial 2
2
.
Ensaio [FeCl
3
] pH
01 - -
02 + -
03 - +
04 + +
05 0 0
06 0 0
07 0 0
08 0 0
09 0 0
Foram calculados os efeitos principais e de interação, observando-se a
presença ou não de efeitos significativos.
4.4.1 Deslocamento do Planejamento Fatorial
Realizou-se um deslocamento do planejamento fatorial 2
2
utilizando
concentrações maiores de cloreto rrico. Para isso, uma solução trabalho na
concentração de 8,5E-03 mol L
-1
de FeCl
3
.6H
2
O foi utilizada. As variáveis e os níveis
estudados são mostrados na Tabela 05, sendo que as combinações possíveis
desses novos níveis são idênticas ao mostrado na Tabela 04.
Tabela 05: Variáveis e Níveis estudados no deslocamento do planejamento fatorial 2
2
.
Variáveis\Níveis
- 0 +
[FeCl
3
]
7,5E-04 mol L
-
1
8,5E-04 mol L
-
1
9,5E-04 mol L
-
1
pH
3,0 4,0 5,0
4.5 ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE COMPLEXAÇÃO AK-FE(III)
Para realização do estudo cinético, adicionou-se alíquotas de 0,900 mL da
solução trabalho 5,0E-03 mol L
-1
de ácido kójico, 1,000 mL da solução trabalho 8,0
27
E-03 mol L
-1
de FeCl
3
.6H
2
O e completou-se os balões volumétricos de 10,0 mL com
solução tampão Clark Lubs. Em seguida, as soluções foram submetidas a leitura
espectrofotométrica, nos tempos 0, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27 minutos.
4.6 MÉTODO DA VARIAÇÃO CONTÍNUA (JOB)
Para determinação espectrofotométrica da estequiometria do complexo AK-
Fe(III) utilizou-se o método da variação contínua ou método de Job (HARRIS, 2005).
Conforme propõe o método, alíquotas das soluções estoque de ácido kójico e
cloreto rrico de concentrações iguais a 5,0 E-03 mol L
-1
foram utilizadas. Como o
número de mols deve ser mantido constante, fixou-se o volume total (solução de AK
+ solução de Fe[III]) em 1000 µL e variou-se a razão entre os volumes de ácido
kójico e cloreto férrico
,
o que acarretou na variação da fração molar das espécies
entre 0,1 e 0,9, conforme mostrado na Tabela 06. Completou-se o volume da so-
lução final com tampão Clark Lubs (pH = 3,0) em balão volumétrico de 10,0 mL. Em
seguida, as soluções foram submetidas à análise espectrofotométrica.
Tabela 06: Ensaios do método da variação contínua para determinação da estequiometria do
complexo entre o ácido kójico e o íon férrico.
Ensaio
Razão Molar
(Fe:AK)
Alíquota (µL
)
(Fe/AK)
Fração Molar
01 9:1 900/100 0,900
02 4:1 800/200 0,800
03 3:1 750/250 0,750
04 2:1 667/333 0,667
05 1,5:1 600/400 0,600
06 1:1 500/500 0,500
07 1:1,5 400/600 0,400
08 1:2 333/667 0,333
09 1:3 250/750 0,250
10 1:4 200/800 0,200
11 1:9 100/900 0,100
O gráfico do método das variações contínuas foi obtido representando a
28
absorbância do complexo AK-Fe(III) em 494 nm versus a fração molar.
4.7 ANÁLISE DO ÁCIDO KÓJICO
Para construção da curva analítica do ácido kójico, foram realizadas diluições
a partir da solução trabalho 5,0E-03 mol L
-1
de AK em balões volumétricos de 10,0
mL com uma faixa de concentração entre 5,0E-05 e 9,5E-04 mol L
-1
. Posteriormente,
adicionou-se solução tampão Clark Lubs (que também foi utilizada para acertar o
menisco) e 800 µL da solução trabalho de FeCl
3
.6H
2
O 1,0E-02 mol L
-1
. Em seguida,
as soluções foram submetidas à análise espectrofotométrica.
Os gráficos da curva de calibração foram obtidos representando a
absorbância versus a concentração AK. A derivada dos dados espectrais foi
obtida com 09 pontos de alisamento derivando o espectro de absorbância versus o
comprimento de onda de AK, e a curva analítica da derivada foi obtida
representando a derivada da absorbância versus a concentração de AK. Para
montagem dos gráficos utilizou-se o software Origin Pro 6.1
®
.
4.8 ANÁLISE DA HIDROQUINONA
Para construção da curva analítica da hidroquinona, preparou-se diluições a
partir da solução trabalho de HQ em balões volumétricos de 10,0 mL com uma faixa
de concentração entre 1,0E-05 e 7,0E-05 mol L
-1
. Posteriormente, adicionou-se
solução tampão Clark Lubs (que também foi utilizada para acertar o menisco), 1300
µL da solução trabalho de FeCl
3
.6H
2
O 1,5E-03 mol L
-1
e 1200 µL da solução
trabalho de 1,10-Fenantrolina 4,0E-03 mol L
-1
. Em seguida, as soluções foram
submetidas à análise espectrofotométrica.
Os gráficos da curva de calibração foram obtidos representando a
absorbância versus a concentração HQ. A derivada dos dados espectrais foi
obtida com 09 pontos de alisamento derivando o espectro de absorbância versus o
comprimento de onda de HQ, e as curvas analíticas das derivadas foram obtidas
29
representando a derivada da absorbância versus a concentração de HQ. Para
montagem dos gráficos utilizou-se o software Origin Pro 6.1 ®.
4.9 ANÁLISE MULTIVARIADA
Para análise da mistura dos compostos adicionou-se alíquotas conhecidas
das soluções trabalho de ácido kójico 5,0E-03 mol L
-1
e hidroquinona 1,0E-03 mol L
-
1
. Posteriormente, adicionou-se solução tampão Clark Lubs (que também foi utilizada
para acertar o menisco), 1000 µL de solução de cloreto férrico 1,0E-02 mol L
-1
e
1000 µL de solução trabalho de 1,10-fenantrolina 6,0E-03 mol L
-1
, em balões
volumétrico de 10,0 mL. Em seguida, as soluções foram submetidas à análise
espectrofotométrica.
O conjunto de calibração constituiu-se por 25 misturas dos analitos de
interesse, dentro da faixa de concentração de 5,0E-05 a 2,5E-04 mol L
-1
para o
Ácido Kójico e 1,0E-05 a 7,0E-05 mol L
-1
para a Hidroquinona. O conjunto de
validação constituiu-se por 07 misturas, sendo 03 dessas em triplicata, dentro da
faixa de concentração utilizada no conjunto de calibração, totalizando 13 misturas
conforme é ilustrado na Figura 11.
Figura 11: Planejamento experimental para obtenção das misturas dos conjuntos de calibração e
validação ( =amostras do conjunto de validação e
=amostra do conjunto de validação realizada
em triplicata)
30
Para elaboração dos modelos de calibração multivariada empregou-se o
pacote PLS-Toolbox 3.0, que opera em ambiente Matlab 6.1.
4.10 VALIDAÇÃO DO MODELO MULTIVARIADO
O melhor modelo para determinação de ácido kójico e hidroquinona foi
validado segundo critérios estabelecidos pela ANVISA. Os parâmetros analisados
foram especificidade, linearidade, intervalo, precisão (intra-corrida e inter-corridas),
exatidão e robustez.
4.10.1 Especificidade
A especificidade do modelo multivariado foi avaliada através do ensaio de
recuperação em base gel, onde quantidades conhecidas de ácido kójico e
hidroquinona padrão foram adicionadas ao veículo e depois determinadas.
Preparou-se três amostras de dermocosméticos contendo ambos analitos.
Para tal, um saco plástico transparente foi acondicionado em um quer de forma
que possibilitasse a pesagem de materiais dentro dele. Pesou-se o ácido kójico, em
seguida a hidroquinona, e por fim a base gel, de modo a totalizar cerca de 8,0 g de
dermocosmético. Para cada uma destas amostras, a quantificação foi realizada em
triplicata. Em cada ensaio, pesou-se uma determinada quantidade do
dermocosmético (Tabela 07) em balão de 100 mL e diluiu-se com tampão Clark
Lubs. Uma alíquota de 1000 µL desta solução foi transferida para um balão
volumétrico de 10 mL, sendo adicionada solução tampão (que também foi utilizada
para acertar o menisco), 1000 µL de solução de cloreto férrico 1,0E-02 mol L
-1
e
1000 µL de solução trabalho de 1,10-fenantrolina 6,0E-03 mol L
-1
. Em seguida, as
soluções foram submetidas à análise espectrofotométrica.
31
Tabela 07: Ensaios do método de recuperação para determinação da especificidade.
Ensaio
Amostras
Massa
Concentração
(mol L
-
1
)
dermocosméticas
pesada (g)
AK
HQ
01
AK 2%
HQ 2%
0,3722 5,24E-05 6,74E-05
02 0,3698 5,21E-05 6,70E-05
03 0,3651 5,15E-05 6,62E-05
04
AK 2%
HQ 1%
0,7572 1,06E-04 6,92E-05
05 0,7363 1,03E-04 6,73E-05
06 0,7382 1,04E-04 6,75E-05
07
AK 4%
HQ 1%
0,3637 1,02E-04 3,33E-05
08 0,3673 1,03E-04 3,36E-05
09 0,3673 1,03E-04 3,36E-05
4.10.2 Linearidade e Intervalo
Para avaliação da linearidade do modelo multivariado, construiu-se um gráfico
considerando os valores reais de concentração das amostras em função dos valores
previstos pelo modelo, durante o procedimento de validação cruzada. Esta curva
considerou os valores de concentração das 25 amostras que constituíam o conjunto
de calibração do modelo multivariado. O intervalo de concentração estudado foi a
faixa do modelo multivariado, ou seja, de 5,0 x 10
-5
a 2,5 x 10
-4
mol L
-1
para o ácido
kójico e 1,0 x 10
-5
a 7,0 x 10
-5
mol L
-1
para hidroquinona.
4.10.3 Precisão
Para avaliação da precisão foram realizados ensaios de repetibilidade (intra-
corrida) e precisão intermediária (inter-corridas). Para tais ensaios, foram
preparadas 07 misturas sintéticas das espécies de interesse (conjunto de validação
externa), sendo 03 em triplicata, contemplando o intervalo linear do método.
Em cada ensaio de repetibilidade, adicionou-se alíquotas (Tabela 08)
conhecidas das soluções trabalho de ácido kójico 5,0E-03 mol L
-1
e hidroquinona
1,0E-03 mol L
-1
. Posteriormente, adicionou-se solução tampão Clark Lubs (que
32
também foi utilizada para acertar o menisco), 1000 µL de solução de cloreto férrico
1,0E-02 mol L
-1
e 1000 µL de solução trabalho de 1,10-fenantrolina 6,0E-03 mol L
-1
,
em balões volumétrico de 10,0 mL. Em seguida, as soluções foram submetidas à
análise espectrofotométrica.
Tabela 08: Concentrações de ácido kójico e hidroquinona utilizadas nos ensaios de precisão.
Ensaio Volume AK (µL) [AK] (mol L
-
1
) Volume HQL) [HQ] (mol L
-
1
)
01* 110 5,50E-05 670 6,70E-05
02* 180 9,00E-05 125 1,25E-05
03* 480 2,40E-04 375 3,75E-05
04 380 1,90E-04 475 4,75E-05
05 195 9,75E-05 690 6,90E-05
06 170 8,50E-05 390 3,90E-05
07 280 1,40E-04 175 1,75E-05
* Realizados em triplicata
Para o ensaio de precisão intermediária, foram refeitos os procedimentos de
repetibilidade em dois dias diferentes, por analistas diferentes, no mesmo laboratório
e equipamentos.
A precisão foi expressa na forma de desvio padrão relativo, considerando-se
satisfatórios valores inferiores a 5% (ANVISA, 2003).
4.10.4 Exatidão
Com os resultados das previsões para as amostras sintéticas do conjunto de
validação externa, foi possível verificar a exatidão da metodologia multivariada
utilizando-se a raiz quadrada do erro médio quadrático de previsão (RMSEP) e erro
relativo médio. A exatidão também foi avaliada por meio do ensaio de recuperação
descrito anteriormente no item 4.10.1 especificidade.
33
4.10.5 Robustez
O único parâmetro de robustez avaliado para a metodologia multivariada foi a
influência da temperatura. Preparou-se uma solução em balão volumétrico de 10
mL, adicionando-se 300 µL da solução de ácido kójico 5,0E-03 mol L
-1
, 400 µL da
solução de hidroquinona 1,0E-03 mol L
-1
, 1000 µL da solução de FeCl
3
1,0E-02 mol
L
-1
e finalmente 1000 µL da solução de 1,10-fenantrolina 6,0E-03 mol L
-1
. Para
acertar o menisco, utilizou-se tampão Clark Lubs (pH=3,0). Submeteu-se a solução a
leitura espectrofotométrica em diferentes temperaturas (5, 15, 20, 25, 30, 35, 40, 45
e 50
o
C) utilizando-se um banho termostático (Tecnal TE-184). Os resultados foram
avaliados na forma de um gráfico contendo os espectros da solução em diferentes
temperaturas e a partir da determinação da concentração de AK e HQ dessas
amostras pelo modelo multivariado sob validação.
4.11 ANÁLISE DE AMOSTRAS REAIS
Para avaliação dos modelos multivariados desenvolvidos, foram analisadas
amostras reais contendo a associação em estudo, em base gel. As oito formulações
comerciais, contendo diferentes concentrações de ácido jico e hidroquinona,
foram obtidas em farmácias de manipulação na região de Ponta Grossa e
Curitiba/PR.
Para análise, pesou-se uma quantidade do dermocosmético (Tabela 09) em
balão de 100 mL diluiu-se com tampão Clark Lubs, agitou-se vigorosamente com
agitador Vortex (B. Braun Biotech International, modelo Certomat MV). Transferiu-se
uma alíquota de 1000 µL desta solução para um balão volumétrico de 10 mL,
adicionou-se solução tampão (que também foi utilizada para acertar o menisco),
1000 µL de solução de cloreto férrico 1,0E-02 mol L
-1
e 1000 µL de solução trabalho
de 1,10-fenantrolina 6,0E-03 mol L
-1
. Em seguida, as soluções foram submetidas à
análise espectrofotométrica.
34
Tabela 09: Ensaios para análise das amostras reais de dermocosméticos (base gel), obtidos em
farmácias de manipulação da região de Ponta Grossa e Curitiba/PR.
Amostra
Concentração declarad
a
Massa pesada (g)
AK
HQ
01 2,0 % 2,0 % 0,3645
02 2,0 % 1,0 % 0,7284
03 2,0 % 2,0 % 0,3676
04 2,0 % 2,0 % 0,3651
05 2,0 % 2,0 % 0,3668
06 1,0 % 1,0 % 0,7299
07 2,0 % 2,0 % 0,3701
08 2,0 % 1,0 % 0,7364
35
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 ÁCIDO KÓJICO
Com base na literatura, sabe-se que o ácido kójico reage com o íon férrico na
razão molecular 3 para 1 na faixa de pH de 5 a 6, produzindo um complexo laranja-
amarelado, com absorção máxima em torno de 440 nm, podendo ser utilizado na
determinação espectrofotométrica de ferro (MOSS e MELLON, 1941; MEHLING e
SHEPHERD, 1949). Portanto, no presente projeto, empregou-se o complexo
formado entre o ácido jico e o íon férrico para determinação espectrofotométrica
do ácido kójico em misturas com hidroquinona.
5.1.1 Resultados da otimização via Planejamento Fatorial
Para otimizar a reação de complexação entre o ácido kójico e o íon ferro (III),
em valores de pH’s menores que os relatados na literatura (a fim de evitar a hidrólise
do íon férrico), realizou-se um planejamento fatorial 2
2
com quintuplicata do ponto
central (cálculo da estimativa do desvio). Os resultados da otimização via
planejamento fatorial são ilustrados na Tabela 10.
Tabela 10: Resultados da otimização via planejamento fatorial 2
2
da reação de complexação entre o
ácido kójico e o íon férrico.
Ensaio
[FeCl
3
]
pH
Absorbância
01 - - 0,45663
02 + - 0,53313
03 - + 0,49389
04 + + 0,53964
05 0 0 0,53531
06 0 0 0,53113
07 0 0 0,53206
08 0 0 0,51952
09 0 0 0,52574
36
Os resultados da otimização mostram que os efeitos principais: concentração
de cloreto férrico e pH, assim como o efeito de interação foram significativos
(Tabela 11), considerando-se a estimativa do desvio de 0,0132 (0,0062 x 2,132), em
um nível de 90% de confiança.
Tabela 11: Efeitos calculados para otimização via planejamento fatorial 2
2
da reação de complexação
entre o ácido kójico e o íon férrico.
Efeito Principal Efeito de interação
[FeCl
3
]
+0,0611 -
pH
+0,0219 -
[FeCl3] x pH
- -0,0154
Uma vez que o efeito de interação é significativo, os efeitos principais não
podem ser interpretados individualmente. Assim, o efeito de interação [FeCl
3
] x pH
pode ser melhor visualizado na interpretação geométrica mostrada na Figura 12.
Figura 12: Interpretação geométrica do efeito de interação [FeCl
3
] x pH.
Nesta figura foi possível observar que em 2,5E-04 mol L
-1
de FeCl
3
(nível -)
um aumento de 0,0373 u.a. ocorre quando varia-se o pH do nível menor para o nível
maior, ou seja, do pH 3,0 para o pH 5,0. No entanto, em 7,5E-04 mol L
-1
de FeCl
3
(nível +) um aumento menor no valor de absorbância foi observado quando varia-se
37
o pH, evidenciando que o efeito do pH depende da concentração de cloreto férrico
utilizada. Esse aumento menor no valor de absorbância para uma concentração
maior de FeCl
3
, provavelmente está relacionado com a hidrólise do íon férrico, que
se inicia em pH 5 (NURCHI et al., 2010). Ou seja, mesmo com o aumento da
concentração de FeCl
3
, o aumento do pH diminui a disponibilidade de íons Fe
3+
em
solução e limita assim, a formação do complexo com o AK.
Em função do efeito do pH diminuir em concentrações maiores de cloreto
férrico, conforme o observado nesse planejamento, realizou-se um segundo
planejamento com o propósito de certificar-se dessa tendência e obter as condições
otimizadas da reação de complexação entre o ácido kójico e o íon férrico.
5.1.2 Deslocamento do Planejamento Fatorial
Para certificar a tendência observada no planejamento anterior e otimizar a
quantidade necessária de cloreto férrico que proporcione a maior complexação do
analito de interesse, fez-se o deslocamento do planejamento 2
2
para concentrações
de FeCl
3
maiores. Sendo assim, os níveis (-) e (+) da concentração de FeCl
3
,
passaram a ser 7,5E-04 mol L
-1
e 9,5E-04 mol L
-1
respectivamente, utilizando-se os
mesmos pHs e também com quintuplicata do ponto central para lculo da
estimativa do desvio. Os resultados são ilustrados na Tabela 12.
Tabela 12: Resultados do deslocamento do planejamento fatorial 2
2
Ensaio
[FeCl
3
]
pH
Absorbância
01 - - 0,58069
02 + - 0,59458
03 - + 0,59347
04 + + 0,59435
05 0 0 0,59655
06 0 0 0,59596
07 0 0 0,59690
08 0 0 0,60415
09 0 0 0,58413
Através dos cálculos dos efeitos e considerando-se a estimativa do desvio de
38
0,0153 (0,0072 x 2,132), pode-se constatar que os efeitos principais (concentração
de cloreto férrico e pH) e o efeito de interação não foram significativos (Tabela 13),
considerando-se um nível de confiança de 90%.
Tabela 13: Efeitos calculados para o planejamento 2
2
deslocado.
Efeito Principal Efeito de interação
[FeCl
3
]
+0,0074 -
pH
+0,0063 -
[FeCl3] x pH
- -0,0065
Os resultados confirmam a tendência observada anteriormente. Pode-se
concluir que para concentrações de FeCl
3
acima de 7,5E-04 mol L
-1
, é possível
utilizar qualquer um dos pHs estudados: 3,0, 4,0 ou 5,0, já que os efeitos
observados são menores que a estimativa do desvio.
A importância de se conduzir um planejamento experimental é enfatizada por
Bruns (2003), pois auxilia a planejar detalhadamente um experimento, promove uma
redução dos custos operacionais das análises e garante que os resultados
contenham informações relevantes para a solução do problema.
Em função desses resultados, optou-se por utilizar nas análises 8,0E-04 mol
L
-1
de cloreto rrico e um tampão inorgânico conhecido como Clark-Lubs (HCl/KCl)
em pH 3,0. Outras soluções tampão foram testadas, tais como: tampão fosfato,
tampão oxalato, tampão tartarato, e tampão citrato. No entanto, todos eles
apresentaram reações de complexação com os íons ferro (II) e ferro (III), sendo este
último, o complexante proposto para este trabalho.
5.1.3 Resultados obtidos através do estudo cinético
Realizou-se um estudo cinético da reação entre o ácido kójico e o íon férrico,
nos intervalos 0, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24 e 27 minutos, para avaliar o tempo
necessário para que a reação de complexação se processasse por completo. Os
espectros na região do visível obtidos são mostrados na Figura 13.
39
350 400 450 500 550 600 650
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
Absorbância (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
0 min.
3 min.
6 min.
9 min.
12 min.
15 min.
18 min.
21 min.
24 min.
27 min.
Figura 13: Espectros de absorção na região do visível do complexo ácido kójico (4,5E-04 mol L
-1
) e
íon férrico (8,0E-04 mol L
-1
) nos intervalos 0, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24 e 27 minutos
Os espectros mostrados na Figura 13 evidenciam que a complexação entre o
ácido jico e o íon férrico ocorreu por completo desde a primeira leitura. Isso indica
que a reação de complexação é rápida, que não foi possível observar diferenças
significativas de absorção entre as leituras.
5.1.4 Estequiometria do complexo AK-Fe(III)
Considerando um equilíbrio onde vários complexos podem ser formados, o
método da variação contínua ou método de Job, nos permite identificar a
estequiometria do complexo predominante (HARRIS, 2005). Assim, utilizou-se este
método para determinação espectrofotométrica da estequiometria do complexo
formado entre o ácido kójico e o íon férrico.
O procedimento considera a mistura de alíquotas equimolares de AK e Fe (III)
seguidas pela diluição a um mesmo volume, tal que a concentração total (AK +
40
Fe[III]) permaneça constante. A absorbância máxima é alcançada na composição
correspondente à estequiometria do complexo predominante (HARRIS, 2005). Os
espectros de absorção na região do visível obtidos através do todo da variação
contínua são mostrados na Figura 14.
Figura 14: Espectros de absorção na região do visível dos complexos formados entre ácido kójico e
ferro (III) pelo método da variação contínua
Observou-se que até a proporção 1:1,5 (Fe[III]:AK) houve um aumento linear
da absorbância do complexo à medida que a concentração de cloreto férrico
diminuiu. No entanto, a partir da concentração 2,0E-04 mol L
-1
de FeCl
3
, a
absorbância do complexo também diminuiu à medida que a concentração de cloreto
férrico diminuiu. Estes resultados deram origem a um gráfico da fração molar versus
a absorbância do complexo AK-Fe(III) em 494 nm, o qual é mostrado na Figura 15.
41
Figura 15: Gráfico da fração molar vs. a absorbância em 494 nm do complexo formado entre o ácido
kójico e o ferro (III)
No gráfico observou-se que o valor ximo de absorção no comprimento de
onda monitorado corresponde a fração molar de 0,400, o que indica que o complexo
possui estequiometria de 1:1,5, ou seja, 2 moléculas de Fe(lll) para cada 3
moléculas de ácido kójico. A estequiometria resultante do método de Job é diferente
da estequiometria 1Fe(III) : 3AK recentemente reportada por NURCHI e
colaboradores (2010) em um estudo envolvendo os complexos de ácido kójico e
seu derivado (6-[5-hidróxi-2-(hidroximetil)-4-pirona]-5-hidróxi-2-(hidroximetil)-4-
pirona) com os íons metálicos trivalentes Fe(III) e Al(III). Neste trabalho foram
determinadas as constantes de protonação do ácido kójico, bem como, as
constantes de formação do complexo [Fe(AK)
3
] utilizando-se técnicas
potenciométricas e espectrofotométricas (esta última processada por Análise
Envolvendo Fatores). Além disso, cristais do complexo [Fe(AK)
3
] foram sintetizados
e submetidos a análise de difração de raio-x que permitiu aos autores determinarem
a estrutura do complexo.
42
5.1.5 Curva Analítica do Ácido Kójico
Em função dos resultados obtidos através do planejamento fatorial 2
2
e do
deslocamento do planejamento, a curva analítica do ácido kójico foi obtida
empregando-se a concentração 8,0E-04 mol L
-1
de cloreto férrico e tampão Clark
Lubs em pH 3,0. Através da análise espectrofotométrica do complexo AK
3
Fe(III)
2
,
observou-se uma banda de máxima absorção no comprimento de onda 494 nm,
como é mostrada na Figura 16.
Figura 16: Espectros de absorção na região do visível do complexo ácido kójico e íon férrico (8,0E-04
mol L
-1
) em pH 3,0
Utilizou-se o comprimento de onda (494 nm) para a construção da curva
analítica, sendo que a lei de Beer é obedecida nos limites de concentração entre
5,0E-05 e 9,5E-04 mol L
-1
, indicando uma ampla faixa linear. A equação da reta é
mostrada na Figura 17, na qual se teve um alto coeficiente de correlação.
43
Figura 17: Curva analítica para determinação de ácido kójico em 494 nm (absorbância x
concentração de AK)
5.2 HIDROQUINONA
Ao contrário do complexo AK
3
Fe(III)
2
, a reação de complexação para a
hidroquinona não necessitou de otimização, uma vez que se trata de uma técnica
bastante conhecida, relatada inclusive em diversos livros (SKOOG, 1963;
OHLWEILER, 1974; HARRIS, 2005). Esta metodologia baseia-se na redução do íon
Fe
3+
a Fe
2+
pela ação da hidroquinona. A quantidade de Fe
2+
gerada pode ser
determinada através da sua reação com 1,10-fenantrolina gerando um complexo
vermelho-alaranjado, [(C
12
H
8
N
2
)
3
Fe]
2+
formado quantitativamente na faixa de pH 2 a
9 (abaixo de pH 2 a coloração se desenvolve lentamente e é mais fraca), estável por
longos períodos, com absorção xima em torno de 510 nm, (OHLWEILER, 1974).
A reação de complexação é ilustrada na Figura 18.
44
Figura 18: Reação de complexação ferro (II) e 1,10-fenantrolina
FONTE: HARRIS, 2002.
5.2.1 Curva Analítica da Hidroquinona
No caso da Hidroquinona, a análise espectrofotométrica individual, evidenciou
uma banda de máxima absorção, no comprimento de onda 510 nm, como é
mostrada na Figura 19.
Figura 19: Espectros de absorção na região do visível do complexo HQ, Fe
+2
(1,95E-04 mol L
-1
) e
1,10-fenantrolina (4,8E-04 mol L
-1
) em pH 3,0
45
Utilizou-se este comprimento de onda (510 nm) para a construção da curva
analítica, onde se observou que a lei de Beer é obedecida nos limites de
concentração entre 1,0E-05 e 7,0E-05 mol L
-1
. A equação da reta é mostrada na
Figura 20, na qual também se observa um alto coeficiente de correlação.
Figura 20: Curva analítica para determinação de hidroquinona em 510 nm (absorbância x
concentração de HQ)
Analisando as equações das retas obtidas (Figuras 17 e 20), pode-se
observar que o coeficiente angular da hidroquinona é 18 vezes maior que o
coeficiente angular do ácido kójico, indicando que a metodologia analítica para
determinação de hidroquinona é bem mais sensível do que àquela utilizada para a
determinação de ácido kójico.
Devido à proximidade dos comprimentos de onda onde ocorre a máxima
absorção dos compostos (Figura 21), 494 nm para AK e 510 nm para HQ, torna-se
inviável a resolução dos sinais de absorbância, o que dificulta a determinação
simultânea dos analitos em misturas sem nenhuma manipulação dos dados
espectrais.
46
Figura 21: Espectros de absorção do complexo Fe
+2
e 1,10-fenantrolina para determinação indireta
de HQ (3,0E-05 mol L
-1
) e do complexo AK (5,5E-04 mol L
-1
) e Fe
+2
em pH 3,0
5.3 ÁCIDO KÓJICO E HIDROQUINONA
Determinou-se quantitativamente ácido kójico e hidroquinona quando
associados pelos métodos convencionais de análise (curva analítica, princípio da
aditividade espectrofotométrica e primeira derivada), os quais foram comparados
aos resultados obtidos via calibração multivariada (PLSR).
A capacidade de previsão de cada uma das metodologias univariada ou
multivariada foi avaliada por um conjunto de validação externa contendo 07 misturas
sintéticas das espécies de interesse, sendo 03 delas em triplicata. O parâmetro
quantitativo utilizado para avaliar esta capacidade de previsão foi a raiz quadrada do
erro médio quadrático de previsão (RMSEP).
RMSEP = (Σ
ΣΣ
Σ(C
REAL
– C
PREVISTA
)
2
/n)
1/2
47
5.3.1 Curva analítica convencional
Utilizando-se a equação da reta: Abs=0,00224+1206,1[AK], mostrada
anteriormente na Figura 17, pôde-se determinar a concentração de ácido kójico nas
misturas do conjunto de validação, obtendo-se um RMSEP de 4,63E-04 mol L
-1
. Os
resultados de cada amostra do conjunto de validação são mostrados na Tabela 14.
Tabela 14: Resultados obtidos via curva analítica para determinação de ácido kójico nas misturas do
conjunto de validação externa
Valor Real
(mol L
-1
)
Valor Previsto
(mol L
-1
)
Erro Absoluto
(mol L
-1
)
Erro Relativo
(%)
RMSEP
(mol L
-1
)
5,50E-05 6,79E-04 6,24E-04 1135 3,89E-07
5,50E-05 6,74E-04 6,19E-04 1126 3,83E-07
5,50E-05 6,79E-04 6,24E-04 1135 3,89E-07
9,00E-05 2,45E-04 1,55E-04 172 2,40E-08
9,00E-05 2,51E-04 1,61E-04 179 2,59E-08
9,00E-05 2,39E-04 1,49E-04 166 2,22E-08
2,40E-04 6,91E-04 4,51E-04 188 2,03E-07
2,40E-04 6,86E-04 4,46E-04 186 1,99E-07
2,40E-04 6,93E-04 4,53E-04 189 2,05E-07
1,90E-04 7,00E-04 5,10E-04 268 2,60E-07
9,75E-05 7,60E-04 6,63E-04 679 4,39E-07
8,50E-05 5,27E-04 4,42E-04 520 1,95E-07
1,40E-04 3,74E-04 2,34E-04 167 5,48E-08
Médio
470
4,63E
-
04
Em seguida, utilizando-se a equação da reta: Abs=-0,00763+21906,6[HQ],
mostrada anteriormente na Figura 20, de-se determinar a concentração de
hidroquinona nas misturas do conjunto de validação, obtendo-se um RMSEP de
1,52E-05 mol L
-1
. Os resultados são mostrados na Tabela 15.
48
Tabela 15: Resultados obtidos via curva analítica para determinação de hidroquinona nas misturas
do conjunto de validação externa.
Valor Real
(mol L
-1
)
Valor Previsto
(mol L
-1
)
Erro
Absoluto
(mol L
-1
)
Erro Relativo
(%)
RMSEP
(mol L
-1
)
6,70E-05 3,98E-05 -2,72E-05 -40,6 7,40E-10
6,70E-05 3,95E-05 -2,75E-05 -41,0 7,56E-10
6,70E-05 3,99E-05 -2,71E-05 -40,4 7,34E-10
1,25E-05 1,41E-05 1,60E-06 12,8 2,56E-12
1,25E-05 1,45E-05 2,00E-06 16,0 4,00E-12
1,25E-05 1,38E-05 1,30E-06 10,4 1,69E-12
3,75E-05 3,92E-05 1,70E-06 4,53 2,89E-12
3,75E-05 3,89E-05 1,40E-06 3,73 1,96E-12
3,75E-05 3,92E-05 1,70E-06 4,53 2,89E-12
4,75E-05 4,01E-05 -7,40E-06 -15,6 5,48E-11
6,90E-05 4,43E-05 -2,47E-05 -35,8 6,10E-10
3,90E-05 3,07E-05 -8,30E-06 -21,3 6,89E-11
1,75E-05 2,13E-05 3,80E-06 21,7 1,44E-11
Médio 20,6 1,52E-05
Como era esperado, devido à grande sobreposição espectral dos sinais
analíticos das espécies de interesse (Figura 21), foram obtidos altos erros relativos
para a determinação de ambos os analitos através da curva analítica. Também é
possível observar que na maioria das previsões os erros relativos são positivos
(principalmente no caso do AK), ou seja, os valores previstos são maiores que os
valores reais, que a absorbância utilizada para a determinação é uma soma das
absorbâncias de ambos os complexos formados. Sendo assim, ao ser substituída na
equação da reta, é como se a soma das absorbâncias fosse atribuída somente a um
deles.
Além disso, é possível destacar que na determinação de ácido kójico obteve-
se erro relativo de até 1135% bem superior aos 41% obtido para hidroquinona. Esta
discrepância na capacidade de previsão dos clareadores provavelmente é
decorrente da diferença significativa de sensibilidade de ambas as metodologias,
conforme constatado anteriormente.
49
5.3.2 Princípio da aditividade espectrofotométrica (Método de Vierordt)
O princípio da aditividade espectrofotométrica ou método de Vierordt
(ABDELLATEF et al., 2007) está baseado na lei de Beer que pode ser aplicada a um
meio contendo mais de uma espécie de substâncias absorventes, sendo que em
cada comprimento de onda a seguinte relação é verdadeira:
A
total
= A
1
+A
2
+...+A
n
A absorbância total de uma solução em um determinado comprimento de
onda é igual a soma das absorbâncias dos componentes individuais presentes na
solução.
Sendo A = εbc, têm-se:
A
TOTAL(λ)
= ε
1
bc
1
+ ε
2
bc
2
+...+ ε
n
bc
n
Onde, A=absorbância, ε=absortividade molar, b=caminho óptico e
c=concentração (SKOOG, 2002).
Para determinação de ácido jico e hidroquinona via princípio da aditividade
espectrofotométrica, além das curvas analíticas obtidas (AK em 494 nm e HQ 510
nm), construiu-se a curva analítica para o AK (Figura 22 A) em 510 nm e para HQ
em 494 nm (Figura 22 B), obtendo-se o seguinte sistema de equações:
A
(494 nm)
= A
(HQ 494nm)
+ A
(AK 494 nm)
A
(510 nm)
= A
(HQ 510 nm)
+ A
(AK 510 nm)
Ou:
A
(494 nm)
=
ε
HQ494
. C
HQ
+ ε
AK494
. C
AK
= 20398,5. C
HQ
+ 1206,1. C
AK
A
(510 nm)
= ε
HQ510
. C
HQ
+ ε
AK510
. C
AK
= 21906,6 . C
HQ
+ 1140,7 . C
AK
Sendo ε o coeficiente angular de cada uma das retas obtidas.
50
A
B
Figura 22: Curva analítica (absorbância x concentração) para determinação de AK em 510 nm (A) e
HQ em 494 nm (B)
Os resultados utilizando a metodologia são mostrados na Tabela 16.
51
Tabela 16: Resultados obtidos via princípio da aditividade espectrofotométrica para determinação de
AK e HQ nas misturas do conjunto de validação externa
Valor Real
(mol L
-1
)
Valor Previsto
(mol L
-1
)
E
rro Absoluto
(mol L
-1
)
Erro Relativo
(%)
RMSEP
(mol L
-1
)
HQ AK HQ AK HQ AK HQ AK HQ AK
6,70E-05 5,50E-05 3,37E-05 1,11E-04 -3,33E-05 5,60E-05
-49,7
102
1,11E-09 3,14E-09
6,70E-05 5,50E-05 3,32E-05 1,13E-04 -3,38E-05 5,80E-05
-50,4
105
1,14E-09 3,36E-09
6,70E-05 5,50E-05 3,42E-05 1,03E-04 -3,28E-05 4,80E-05
-49,0
87,3
1,08E-09 2,30E-09
1,25E-05 9,00E-05 7,70E-06 1,16E-04 -4,80E-06 2,60E-05
-38,4
28,9
2,30E-11 6,76E-10
1,25E-05 9,00E-05 8,09E-06 1,16E-04 -4,41E-06 2,61E-05
-35,3
29,0
1,95E-11 6,82E-10
1,25E-05 9,00E-05 8,08E-06 1,04E-04 -4,42E-06 1,37E-05
-35,4
15,2
1,95E-11 1,88E-10
3,75E-05 2,40E-04 2,31E-05 3,02E-04 -1,44E-05 6,24E-05
-38,5
26,0
2,08E-10 3,90E-09
3,75E-05 2,40E-04 2,26E-05 3,06E-04 -1,49E-05 6,63E-05
-39,8
27,6
2,23E-10 4,40E-09
3,75E-05 2,40E-04 2,28E-05 3,08E-04 -1,47E-05 6,81E-05
-39,1
28,4
2,15E-10 4,64E-09
4,75E-05 1,90E-04 2,69E-05 2,46E-04 -2,06E-05 5,65E-05
-43,3
29,7
4,23E-10 3,19E-09
6,90E-05 9,75E-05 3,59E-05 1,54E-04 -3,31E-05 5,70E-05
-47,9
58,5
1,09E-09 3,25E-09
3,90E-05 8,50E-05 2,39E-05 1,25E-04 -1,51E-05 4,04E-05
-38,8
47,5
2,29E-10 1,63E-09
1,75E-05 1,40E-04 1,17E-05 1,78E-04 -5,81E-06 3,79E-05
-33,2
27,0
3,37E-11 1,43E-09
Médio
41,4
47,1
2,11E
-
05
5,02E
-
05
Como podemos observar nos resultados mostrados na Tabela 16, os erros
relativos na quantificação de ambos os analitos continuam elevados (até 105% para
o ácido kójico e 50,4% para a hidroquinona), indicando que essa não seria a
metodologia mais adequada para determinação simultânea desses analitos, devido
a ineficiência deste procedimento em circunstâncias de interferência espectral tão
severa quanto a envolvida neste estudo.
Uma maior exatidão em uma análise desse tipo é atingida quando os
máximos de absorção dos dois analitos não se sobrepõem consideravelmente, de
modo que a substância 1, absorva fortemente no λ1 e fracamente no λ2, e a outra
vice-e-versa (SKOOG, 2002). Como foi possível observar na figura 21, os máximos
de absorção do ácido jico e da hidroquinona se sobrepõem consideravelmente, o
que explica os erros elevados obtidos na determinação dos compostos por essa
metodologia.
52
5.3.3 Primeira derivada dos dados espectrais
Na primeira derivada é feita a derivação de primeira ordem dos espectros UV-
Vis de cada analito, para a determinação do λ onde ocorre a derivada da
absorbância igual a zero (ponto de anulação). No ponto em que a derivada da
absorbância de um analito é igual a zero, constrói-se a curva analítica da outra
espécie de interesse e quantifica-a utilizando a equação da reta que relaciona a
derivada da absorbância com a sua concentração (ROCHA e TEIXEIRA, 2004).
Os espectros derivados de primeira ordem do ácido kójico o apresentados
na Figura 23. É possível observar que um ponto de anulação não muito definido
ocorre em λ 495 nm, comprimento de onda em que foi construída a curva analítica
para determinação de hidroquinona.
Figura 23: Primeira derivada dos espectros na região do visível de ácido kójico
53
A curva analítica para determinação de hidroquinona construída no ponto de
anulação do acido kójico (λ=495 nm), ou seja, no comprimento de onda em que a
derivada da absorbância do ácido kójico é próxima de zero, é mostrada na Figura
24, onde é possível observar uma relação linear entre a derivada da absorbância
neste comprimento de onda com a concentração de HQ.
Figura 24: Curva analítica derivada para determinação de hidroquinona (da/dλ x concentração HQ)
Com a equação da reta: dAbs = -1,83E-06 + 91,5 [HQ] pode-se determinar a
concentração de hidroquinona nas misturas do conjunto de validação, obtendo-se
um RMSEP de 2,48E-05 mol L
-1
. Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 17.
54
Tabela 17: Resultados obtidos via primeira derivada para determinação de HQ (498 nm) nas misturas
do conjunto de validação externa
Valor Real
(mol L
-1
)
Valor Previsto
(mol L
-1
)
Erro Absoluto
(mol L
-1
)
Erro Relativo
(%)
RMSEP
(mol L
-1
)
6,70E-05 3,18E-05 -3,52E-05 -52,5 1,24E-09
6,70E-05 3,10E-05 -3,60E-05 -53,7 1,30E-09
6,70E-05 3,20E-05 -3,50E-05 -52,2 1,23E-09
1,25E-05 4,83E-06 -7,67E-06 -61,4 5,88E-11
1,25E-05 4,32E-06 -8,18E-06 -65,4 6,69E-11
1,25E-05 4,97E-06 -7,53E-06 -60,2 5,67E-11
3,75E-05 1,48E-05 -2,27E-05 -60,5 5,15E-10
3,75E-05 1,41E-05 -2,34E-05 -62,4 5,48E-10
3,75E-05 1,41E-05 -2,34E-05 -62,4 5,48E-10
4,75E-05 2,09E-05 -2,66E-05 -56,0 7,08E-10
6,90E-05 3,29E-05 -3,61E-05 -52,3 1,30E-09
3,90E-05 2,11E-05 -1,79E-05 -45,9 3,20E-10
1,75E-05 6,37E-06 -1,11E-05 -63,6 1,24E-10
Médio 57,6 2,48E-05
Através dos erros relativos da determinação de hidroquinona é possível
observar a presença de erro sistemático negativo, o qual possivelmente está
relacionado com a difícil determinação do ponto de anulação (próximo da região de
495 nm) nos espectros derivados do ácido kójico e com a perda de sensibilidade
ocasionada pela metodologia derivativa. A sensibilidade em métodos derivativos
depende não somente dos parâmetros instrumentais e da forma de medida do sinal,
como também das características do espectro de absorção. A ordem da derivada
deve ser cuidadosamente selecionada, visto que usualmente verifica-se um aumento
do nível de ruído com o aumento da ordem de derivação (ROCHA e TEIXEIRA,
2004).
Os espectros derivados de primeira ordem da hidroquinona são apresentados
na Figura 25, o ponto de anulação ocorre em λ = 510 nm, comprimento de onda em
que foi construída a curva analítica para determinação de ácido kójico.
55
Figura 25: Primeira derivada dos espectros na região do visível de hidroquinona
Figura 26: Curva analítica derivada para determinação de ácido kójico (da/dλ x concentração de AK)
56
A curva analítica para determinação de ácido kójico construída no ponto de
anulaç da hidroquinona (λ=510 nm) é mostrada na Figura 26, juntamente com a
equação da reta, onde é possível observar uma falta de linearidade que se traduz
em um baixo coeficiente de correlação (R=0,96066). Esta tendência indica que para
baixas e altas concentrações de AK o erro de previsão do modelo será positivo
enquanto para a faixa intermediária de concentração o erro de previsão será
negativo, gerando indícios da presença de um erro sistemático nesta determinação.
Empregou-se a equação da reta: dAbs = 6,70E-04 6,09 [AK], para
determinar a concentração de ácido kójico nas misturas do conjunto de validação,
obtendo-se um RMSEP de 1,67E-04 mol L
-1
. Os resultados são mostrados na
Tabela 18.
Tabela 18: Resultados obtidos via primeira derivada para determinação de AK (510 nm) nas misturas
do conjunto de validação externa
Valor Real
(mol L
-1
)
Valor Previsto
(mol L
-1
)
Erro Absoluto
(mol L
-1
)
Erro Relativo
(%)
RMSEP
(mol L
-1
)
5,50E-05 2,22E-04 1,67E-04 304 2,79E-08
5,50E-05 2,03E-04 1,48E-04 269 2,19E-08
5,50E-05 2,12E-04 1,57E-04 285 2,46E-08
9,00E-05 2,11E-04 1,21E-04 134 1,46E-08
9,00E-05 2,20E-04 1,30E-04 144 1,69E-08
9,00E-05 1,96E-04 1,06E-04 118 1,12E-08
2,40E-04 3,91E-06 -2,36E-04 98,4 5,57E-08
2,40E-04 3,91E-06 -2,36E-04 98,4 5,57E-08
2,40E-04 3,91E-06 -2,36E-04 98,4 5,57E-08
1,90E-04 3,28E-04 1,38E-04 72,6 1,90E-08
9,75E-05 2,46E-04 1,49E-04 152 2,21E-08
8,50E-05 2,28E-04 1,43E-04 168 2,04E-08
1,40E-04 2,72E-04 1,32E-04 94,3 1,74E-08
Médio
15
6,6
1,
6
7E
-
04
Pode-se observar erros relativos menores para a determinação de HQ
quando comparada a determinação de AK através da primeira derivada.
Provavelmente este fato é decorrente da reta construída para HQ ter um coeficiente
57
de correlação maior, indicando maior linearidade entre a concentração e a derivada
da absorbância e também maior coeficiente angular, indicando que a metodologia
seria mais sensível para sua determinação.
Comparando-se as metodologias convencionais de calibração é possível
observar que melhores resultados foram obtidos na determinação dos analitos
aplicando a curva analítica para a hidroquinona (RMSEP de 1,52E-05) e o princípio
da aditividade espectrofotométrica para o ácido kójico (RMSEP de 5,02E-05) ao
invés da primeira derivada (RMSEP de 2,48E-05 para HQ e 1,67E-04 para AK). Isso
ocorreu, provavelmente, pela dificuldade na determinação dos pontos de anulação
na primeira derivada, sendo agravado pela sua proximidade (495 nm para AK e 510
nm para HQ), o que acarreta em uma diminuição ainda maior da sensibilidade da
metodologia.
5.3.4 Calibração multivariada
Os espectros na região do visível do conjunto de calibração, composto por 25
espectros UV-Vis (conforme as concentrações do planejamento experimental
ilustrado na figura 11), são apresentados na Figura 27. O desenvolvimento dos
modelos multivariados foi realizado empregando-se a metodologia de Regressão de
Mínimos Quadrados Parciais (PLSR) e procedimento de validação interna cruzada,
particularmente a rotina denominada Leave one out, para auxiliar na escolha dos
melhores modelos construídos. Neste procedimento, a calibração é realizada n
vezes (n = número de amostras) sendo que em cada oportunidade uma das
amostras do conjunto de calibração é retirada e utilizada como amostra de previsão.
Uma vez que todas as amostras tenham sido tratadas como objeto de previsão, é
possível estimar a Raiz Quadrada do Erro Médio Quadrático da Validação Cruzada
(RMSECV) e a Raiz Quadrada do Erro Médio Quadrático de Calibração (RMSEC).
Dentre os vários modelos construídos evidenciou-se a otimização de um modelo
para cada determinação de interesse apresentava as melhores capacidades de
previsão.
58
Figura 27: Espectros de absorção na região visível das misturas de ácido kójico e hidroquinona do
conjunto de calibração, utilizados no desenvolvimento dos modelos multivariados
5.3.5 Modelo multivariado para determinação de ácido kójico
Para elaboração do modelo multivariado para determinação de ácido kójico, o
conjunto de espectros de absorção na região do visível, foi correlacionado com a
respectiva concentração de ácido kójico. Para melhorar a eficiência dos modelos
multivariados, alguns procedimentos de transformação e pré-processamento de
dados foram testados, sendo estes: primeira derivada com alisamento e/ou dados
centrados na média. Vários modelos foram construídos e os resultados
resumidamente são apresentados na figura 28.
59
Figura 28: Representação da Raiz Quadrada do Erro Médio Quadrático da Validação Cruzada
(RMSECV) de ácido kójico em função do processamento e do número de variáveis latentes
A partir da figura 28, observou-se que a utilização de um número inferior que
3 VLs gera altos valores de erro para qualquer uma das Transformações/Pré-
processamento. Para as Transformações/Pré-processamento 1 e 2 os menores
valores de erro são obtidos utilizando 3 e 4 VLs, enquanto para a
Transformações/Pré-processamento 3 os menores erros são obtidos com um
número maior de VLs. Optou-se então, por centrar os dados na média e utilizar 03
VLs, pois a escolha de apenas 02 VLs gera erros significativamente maiores
enquanto que a inclusão de mais variáveis latentes não apresenta nenhum ganho
significativo em termos de minimização dos erros. Além disso, a escolha de um
maior número de variáveis latentes pode gerar modelos superestimados e pouco
robustos, o que faz com que pequenas variações de tipo instrumental ou a inclusão
de novas amostras no conjunto de calibração, possam provocar significativa perda
na capacidade de previsão.
Legenda
Tipos de transformação e/ou
pré-processamento
empregados:
1 – Nenhuma transformação
e/ou pré-processamento
2 - Dados centrados na média
3 - Dados centrados na média e
primeira derivada com
alisamento
60
Em função de todas estas observações, o modelo para determinação de
ácido kójico com melhor capacidade de previsão apresentou as seguintes
características: faixa espectral de 350 a 800 nm, com os dados centrados na média,
e utilização de 03 variáveis latentes. O RMSECV e RMSEC para o modelo
empregando três variáveis latentes foram de 3,45E-06 mol L
-1
e 2,72E-06 mol L
-1
,
respectivamente. Sendo que a variância capturada para a matriz X é 99,99% e
matriz Y 99,85%.
A análise dos coeficientes de regressão (Figura 29) a partir da decomposição
da matriz em 03 variáveis latentes mostra as regiões espectrais que foram
consideradas relevantes para a correlação desejada. É possível observar regiões
com valores de coeficiente de regressão maiores que estão relacionadas com os
sinais espectrofotométricos das espécies de interesse, por exemplo, em torno de
400 nm uma leve banda de absorção do complexo formado com o ácido kójico e
em 520 nm há absorção de ambos os complexos formados para a determinação da
hidroquinona e ácido kójico.
Figura 29: Gráfico do coeficiente de regressão vs. comprimento de onda do modelo para AK
61
O gráfico de loadings apresentado na Figura 30 mostra a contribuição de
cada variável original na elaboração das três primeiras variáveis latentes. É possível
observar que existem informações analíticas importantes nas VLs incluídas no
modelo para AK.
Figura 30: Gráfico de loadings das três primeiras variáveis latentes vs. comprimento de onda do
modelo para AK
A análise do gráfico de “Resíduos de Student vs. Leverage” (Figura 31)
mostra que a amostra 02 (em destaque) possui um alto resíduo, considerando-se
um limite de confiança de 95% 2,5), porém não apresenta alta leverage (limite da
leverage é 0,36) considerando-se o modelo construído com 03 variáveis latentes.
Testou-se a retirada da amostra 02 do modelo de ácido kójico, porém a capacidade
de previsão não melhorou significativamente, dando indícios de que a amostra 02
não é uma amostra anômala.
62
Figura 31: Gráfico dos Resíduos de Student vs. Leverage do modelo para AK
A Figura 32 ilustra o gráfico dos valores reais vs. os valores previstos pelo
modelo de regressão durante a validação interna cruzada, como é possível observar
o modelo apresentou boa capacidade preditiva, já que o valor previsto pelo modelo é
muito próximo ao valor real de concentração do ácido kójico.
Figura 32: Valor Previsto (CV) vs. Valor Real do modelo para AK
R = 0,9995
63
A capacidade de previsão do modelo também foi analisada por um conjunto
de validação externa, utilizando-se os valores de RMSEP. Os resultados obtidos são
apresentados na Tabela 19.
Tabela 19: Resultados obtidos para o modelo PLSR para determinação de ácido kójico nas misturas
do conjunto de validação externa
Valor Real
(mol L
-1
)
Valor Previsto
(mol L
-1
)
Erro Absoluto
(mol L
-1
)
Erro Relativo
(%)
RMSEP
(mol L
-1
)
5,50E-05 5,87E-05 3,70E-06 6,73 1,37E-11
5,50E-05 5,84E-05 3,40E-06 6,18 1,16E-11
5,50E-05 5,12E-05 -3,80E-06 -6,91 1,44E-11
9,00E-05 8,35E-05 -6,50E-06 -7,22 4,23E-11
9,00E-05 8,57E-05 -4,30E-06 -4,78 1,85E-11
9,00E-05 8,13E-05 -8,70E-06 -9,67 7,57E-11
2,40E-04 2,36E-04 -4,00E-06 -1,67 1,60E-11
2,40E-04 2,38E-04 -2,00E-06 -0,83 4,00E-12
2,40E-04 2,39E-04 -1,00E-06 -0,42 1,00E-12
1,90E-04 1,87E-04 -3,00E-06 -1,58 9,00E-12
9,75E-05 1,00E-04 2,50E-06 2,56 6,25E-12
8,50E-05 8,59E-05 9,00E-07 1,06 8,10E-13
1,40E-04 1,33E-04 -7,00E-06 -5,00 4,90E-11
Médio
4,20
4,49E
-
06
Os erros relativos observados na determinação de ácido kójico nas misturas
sintéticas do conjunto de validação através do modelo multivariado foram baixos,
inferiores a 9,7%, com erro relativo médio de 4,20%.
5.3.6 Modelo multivariado para determinação de Hidroquinona
No caso da hidroquinona, o conjunto de calibração, foi correlacionado com a
respectiva concentração de hidroquinona. Para melhorar a eficiência dos modelos
multivariados, alguns procedimentos de transformação e pré-processamento de
64
dados foram testados, sendo estes: primeira derivada com alisamento e dados
centrados na média. Vários modelos foram construídos e os resultados
resumidamente são apresentados na figura 33.
Figura 33: Representação da Raiz Quadrada do Erro Médio Quadrático da Validação Cruzada
(RMSECV) de hidroquinona em função do processamento e do número de variáveis latentes
Nesta figura observou-se que os menores valores de erro são obtidos com a
utilização da Transformação/Pré-processamento 2 (dados centrados na média) e um
número pequeno de VLs. Optou-se por 02 VLs, pois com a escolha de mais
variáveis latentes não se observou ganho significativo em termos de minimização
dos erros que justificasse essa inclusão.
Assim, o modelo para determinação de hidroquinona com melhor capacidade
de previsão apresentou as seguintes características: faixa espectral de 350 a 800
nm, com os dados centrados na média, e utilização de 02 variáveis latentes. O
RMSECV e RMSEC para o modelo empregando duas variáveis latentes foram de
Legenda
Tipos de transformação e/ou
pré-processamento
empregados:
1 – Nenhuma transformação
e/ou pré-processamento
2 - Dados centrados na média
3 - Dados centrados na média e
primeira derivada com
alisamento
65
2,93E-06 e 2,53E-06, respectivamente. Sendo que a variância capturada para a
matriz X é 99,96% e matriz Y 98,57%.
A análise dos coeficientes de regressão (Figura 34) a partir da decomposição
da matriz em 02 variáveis latentes mostra as regiões espectrais que foram
consideradas relevantes para a correlação desejada. É possível observar regiões
com valores de coeficiente de regressão maiores, por exemplo, por volta de 510 nm,
que está relacionada com o sinal espectrofotométrico do complexo formado para a
determinação indireta da hidroquinona e pode ser considerada uma região de
extrema importância para determinação do analito.
Figura 34: Gráfico do coeficiente de regressão vs. comprimento de onda do modelo para HQ
Já a Figura 35 contém o gráfico dos loadings, no qual é possível observar que
existem informações analíticas importantes nas duas VLs incluídas no modelo.
66
Figura 35: Gráfico de loadings das duas primeiras variáveis latentes vs. comprimento de onda do
modelo para HQ
No caso da hidroquinona, outra característica importante foi a ausência de
amostras anômalas no conjunto de calibração. Os limites da leverage, considerando-
se 02 variáveis latentes foi de 0,24. Analisando o gráfico “Resíduos de Student vs.
Leverage(Figura 36), é possível observar que não amostras com alto resíduo,
considerando um resíduo de ± 2,5 com 95% de confiança e/ou alta leverage, sendo
assim não há evidências de amostras anômalas no modelo.
67
Figura 36: Gráfico dos Resíduos de Student vs. Leverage do modelo para HQ
A Figura 37 ilustra o gráfico dos valores reais vs. os valores previstos pelo
modelo de regressão durante a validação interna, como é possível observar o
modelo apresentou boa capacidade preditiva, que o valor previsto pelo modelo é
muito próximo ao valor real de concentração de hidroquinona.
Figura 37: Valor Previsto (CV) vs. Valor Real do modelo para HQ
R = 0,9950
68
A capacidade de previsão do modelo da hidroquinona, também foi analisada
por um conjunto de validação externa, utilizando-se os valores de RMSEP. Os
resultados obtidos são apresentados na Tabela 20.
Tabela 20: Resultados obtidos para o modelo PLSR para determinação de hidroquinona nas misturas
do conjunto de validação externa
Valor Real
(mol L
-1
)
Valor Previsto
(mol L
-1
)
Erro Absoluto
(mol L
-1
)
Erro Relativo
(%)
RMSEP
(mol L
-1
)
6,70E-05 6,12E-05 -5,80E-06 -8,66 3,36E-11
6,70E-05 6,15E-05 -5,50E-06 -8,21 3,03E-11
6,70E-05 6,36E-05 -3,40E-06 -5,07 1,16E-11
1,25E-05 1,26E-05 1,00E-07 0,8 1,00E-14
1,25E-05 1,19E-05 -6,00E-07 -4,80 3,60E-13
1,25E-05 1,34E-05 9,00E-07 7,20 8,10E-13
3,75E-05 4,07E-05 3,20E-06 8,53 1,02E-11
3,75E-05 4,06E-05 3,10E-06 8,27 9,61E-12
3,75E-05 4,16E-05 4,10E-06 10,9 1,68E-11
4,75E-05 4,81E-05 6,00E-07 1,26 3,60E-13
6,90E-05 6,46E-05 -4,40E-06 -6,38 1,94E-11
3,90E-05 4,10E-05 2,00E-06 5,13 4,00E-12
1,75E-05 1,81E-05 6,00E-07 3,43 3,60E-13
Médio
6,05
3,25E
-
06
Os erros relativos para determinação de hidroquinona nas misturas sintéticas
do conjunto de validação externa através do modelo multivariado foram inferiores a
11%, com erro relativo médio de 6,05%, resultados que podem ser considerados
satisfatórios.
Analisando os valores de RMSEP e erro relativo obtidos na determinação de
hidroquinona e de ácido kójico nas misturas do conjunto de validação externa pelos
métodos convencionais e multivariados (Tabela 21), é possível observar uma
melhora significativa na capacidade de previsão, quando se utiliza o modelo
multivariado, em relação aos modelos convencionais.
69
Tabela 21: Comparação das metodologias convencionais e multivariadas para determinação de AK e
HQ nas misturas do conjunto de validação externa utilizando-se RMSEP (mol L
-1
) e erro relativo
médio
AK HQ
RMSEP E
R
(%) RMSEP E
R
(%)
Curva analítica
4,63E-04 470 1,52E-05 20,6
Método de Vierordt
5,02E-05 47,1 2,11E-05 41,4
Primeira Derivada
1,67E-04 156,6 2,48E-05 57,6
PLSR
4,49 E-06 4,20 3,25 E-06 6,05
A utilização da espectrofotometria na região do visível acoplada ao PLSR
mostrou-se satisfatória para determinação da associação dermocosmética de ácido
kójico e hidroquinona em misturas sintéticas, por se tratar de uma técnica simples,
de baixo custo, alta sensibilidade e por apresentar baixos erros relativos médios.
5.4 RESULTADOS DOS ESTUDOS DE VALIDAÇÃO
Estudos de validação foram realizados, de acordo com critérios estabelecidos
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por meio de sua resolução 899/03
(ANVISA, 2003). Os indicadores avaliados foram a especificidade, a linearidade, o
intervalo, a precisão, a exatidão e a robustez. Para realização deste estudo, os
modelos multivariados de melhor desempenho foram selecionados, os quais
empregaram faixa espectral de 350 a 800 nm, dados centrados na média, 03 e 02
variáveis latentes para AK e HQ, respectivamente.
5.4.1 Especificidade
A especificidade do modelo multivariado sob validação foi avaliada por ensaio
de recuperação, em que quantidades conhecidas de ácido kójico e hidroquinona
padrão foram adicionadas ao veículo (base gel) e posteriormente determinadas.
Os resultados obtidos para o ensaio de recuperação são apresentados na
70
Tabela 22.
Tabela 22: Resultados do ensaio de recuperação para determinação da especificidade
Amostra
01
Amostra
0
2
Amostra
03
AK
(2%)
HQ
(2%)
AK
(2%)
HQ
(1%)
AK
(4%)
HQ
(1%)
Valor Previsto
(mol L
-1
)
1,18E-03 1,29 E-03 1,14E-03 7,39E-04 2,29E-03 7,11E-04
1,19E-03 1,46 E-03 1,12E-03 7,06E-04 2,15E-03 7,85E-04
1,25E-03 1,31 E-03 1,16E-03 7,15E-04 2,20E-03 6,76E-04
Média (mol L
-1
)
1,21E-03 1,35E-03 1,14E-03 7,20E-04 2,21E-03 7,24E-4
Valor Real (mol L
-1
)
1,13E-03 1,45E-03 1,12E-03 7,32E-04 2,25E-03 7,33E-04
Recuperação
107,08% 93,10% 101,78% 98,36% 98,37% 98,77%
Avaliando os resultados, observou-se que o método multivariado proposto
para determinação dos analitos mostrou especificidade em relação à matriz, com
boas porcentagens de recuperação, próximas a 100%.
5.4.2 Linearidade e Intervalo
A avaliação da linearidade em um modelo multivariado (PLSR ou PCR) é
problemática, que as variáveis são decompostas pelas variáveis latentes. Assim,
uma medida quantitativa para este parâmetro não corresponde a uma tarefa
simples. Qualitativamente, o gráfico dos resíduos pode indicar se os dados seguem
um comportamento linear, se a distribuição desses resíduos for aleatória
(VALDERRAMA et. al., 2009). Neste trabalho, além de avaliar o gráfico dos resíduos
foi observado os gráficos dos valores reais de concentração das amostras em
função dos valores previstos pelo modelo durante a validação cruzada (Figuras 32 e
37). Os coeficientes de correlação obtidos a partir destas retas foram altos: 0,9995
para o ácido kójico e 0,9950 para a hidroquinona.
Os dados de coeficientes de correlação juntamente com a aleatoriedade dos
resíduos obtidos apresentados na Figura 38, indicam um bom ajuste do modelo
multivariado, sendo este linear na faixa de concentração estudada, ou seja, 5,0E-05
a 2,5E-04 mol L
-1
para o ácido kójico e 1,0E-05 a 7,0E-05 mol L
-1
para hidroquinona.
71
A
B
Figura 38: Gráfico do Resíduo x Valor Real (mol L
-1
) para o ácido kójico (A) e para hidroquinona (B)
5.4.3 Precisão
As análises de precisão envolveram estudos de repetibilidade (precisão intra-
corrida) e precisão intermediária (precisão inter-corridas). A reprodutibilidade do
72
método não foi analisada tendo em vista a não disponibilidade da realização de
medidas inter-laboratoriais. Neste trabalho, esta figura de mérito analítico foi obtida
através dos cálculos de coeficiente de variação (que foram comparados aos valores
referenciados pela ANVISA) e também através de um valor médio de precisão para
cada um dos analitos, conforme equação abaixo (BRAGA e POPPI, 2004).
onde m é o número de replicatas feitas, n o número de amostras, é a
média dos valores previstos de cada replicata .
Os resultados do ensaio de repetibilidade mostrados na Tabela 23 apontam
dois coeficientes de variação pouco acima da máxima de 5% permitida pela ANVISA
(2003) para este teste. O limite foi ultrapassado para as amostras que contemplam
as menores concentrações analisadas dos analitos, ou seja, nas amostras 01 e 02
para o ácido kójico a hidroquinona, respectivamente. A repetibilidade (mol L
-1
)
alcançada pela metodologia para determinação de AK e HQ foi de 2,91E-06 e
9,27E-07, respectivamente.
Tabela 23: Resultados do ensaio de repetibilidade (precisão intra-corrida)
Amostra 0
1
Amostra 02
Amostra 03
AK
HQ
AK
HQ
AK
HQ
Concentração
(mol/L)
5,50E-05 6,70E-05 9,00E-05 1,25E-05 2,40E-04 3,75E-05
Previsto
5,87E-05 6,12E-05 8,35E-05 1,26E-05 2,36E-04 4,07E-05
5,84E-05 6,15E-05 8,57E-05 1,19E-05 2,38E-04 4,06E-05
5,12E-05 6,36E-05 8,13E-05 1,34E-05 2,39E-04 4,16E-05
Média 5,61E-05 6,21E-05 8,35E-05 1,26E-05 2,38E-04 4,10E-05
DP 4,25E-06 1,31E-06 2,20E-06 7,51E-07 1,53E-06 5,51E-07
CV (%) 7,57 2,11 2,63 5,94 0,64 1,34
73
O ensaio de precisão intermediária foi realizado em dois dias diferentes, por
dois analistas diferentes, no mesmo laboratório e mesmos equipamentos. Os
resultados obtidos são apresentados na Tabela 24.
Tabela 24: Resultados do ensaio de precisão intermediária (precisão inter-corrida)
Amostra
01
Amostra
02
Amostra
03
AK
HQ
AK
HQ
AK
HQ
Concentração
(mol/L)
5,50E-05 6,70E-05 9,00E-05 1,25E-05 2,40E-04 3,75E-05
Analista 01
5,87E-05 6,12E-05 8,35E-05 1,26E-05 2,36E-04 4,07E-05
5,84E-05 6,15E-05 8,57E-05 1,19E-05 2,38E-04 4,06E-05
5,12E-05 6,36E-05 8,13E-05 1,34E-05 2,39E-04 4,16E-05
Analista 02
6,03E-05 6,81E-05 9,01E-05 1,34E-05 2,36E-04 4,18E-05
6,24E-05 6,60E-05 9,19E-05 1,27E-05 2,40E-04 4,29E-05
5,87E-05 6,65E-05 7,70E-05 1,16E-05 2,36E-04 4,17E-05
Média 5,83E-05 6,45E-05 8,49E-05 1,26E-05 2,38E-04 4,16E-05
DP 3,78E-06 2,83E-06 5,55E-06 7,46E-07 1,76E-06 8,41E-07
CV (%) 6,49% 4,38% 6,54% 5,92% 0,74% 2,02%
No ensaio de precisão intermediária, também obteve-se alguns coeficientes
de variação pouco acima da máxima (5%) permitida pela ANVISA (2003), que
ocorreram nas duas menores concentrações de ácido kójico e na menor
concentração de hidroquinona. A precisão intermediária (mol L
-1
) alcançada pela
metodologia para determinação de AK e HQ foi de 4,50E-06 e 1,96E-06,
respectivamente.
A análise final dos resultados dos ensaios de repetibilidade e precisão
intermediária permite afirmar que o método espectrofotométrico multivariado para
determinação de AK e HQ apresenta-se pouco preciso para as menores
concentrações dos analitos, tanto para análises intra-corrida como inter-corridas.
Além disso, os valores de repetibilidade e precisão intermediária mostraram que a
determinação de ácido kójico foi aquela que apresentou maiores problemas de
precisão.
74
5.4.4 Exatidão
Com os resultados das previsões para as amostras sintéticas (conjunto de
validação externa), foi possível verificar a exatidão do modelo multivariado,
utilizando-se a raiz quadrada do erro médio quadrático de previsão (RMSEP) e erro
relativo médio. A exatidão também foi avaliada por meio do ensaio de recuperação
discutido anteriormente no item 5.4.1 especificidade.
Os valores de RMSEP e erro relativo médio, para os modelos PLSR
multivariados foram: 3,25E-06 mol L
-1
e 6,05% (Tabela 20) para hidroquinona e
4,49E-06 mol L
-1
e 4,20% (Tabela 19) para o ácido kójico, esses os baixos valores
juntamente com as boas taxas de recuperação (próximas a 100%) indicam que a
metodologia desenvolvida para determinação dos analitos é exata.
5.4.5 Robustez
A análise da robustez determinará as condições próprias em que deve ser
desenvolvida a calibração e os fatores que devem ser levados em conta durante a
construção do modelo (CORRER, 2004). Neste trabalho, o único parâmetro de
robustez avaliado foi a influência da temperatura.
O comportamento espectral da solução contendo a mistura de ácido kójico
(1,5 E-04 mol L
-1
) e hidroquinona (4,0 E-05 mol L
-1
) foi observado em diferentes
temperaturas. A solução foi lida nas temperaturas de 5 a 55°C, com intervalos de
5ºC entre as medidas. Os espectros resultantes são apresentados na Figura 39 e
mostram uma diminuição significativa na absorbância da mistura (λ = 400 a 550 nm)
com o aumento da temperatura, principalmente para temperaturas acima de 35 ºC.
Essa diferença na absorbância indica um erro elevado na determinação de misturas,
nas temperaturas a partir de 40ºC.
75
Figura 39: Espectros de absorção na região visível da mistura AK (1,5 E-04 mol L
-1
) e HQ (4,0 E-05
mol L
-1
) nas temperaturas de 5 a 55 ºC na avaliação da robustez
Submeteu-se os espectros obtidos em diferentes temperaturas à
determinação dos analitos pelos modelos multivariados sob análise, os resultados
são apresentados na Tabela 25.
Tabela 25: Resultados obtidos na determinação da mistura AK (1,5 E-04 mol L
-1
) e HQ (4,0 E-05 mol
L
-1
) via PLSR em diferentes temperaturas na avaliação da robustez
Valor Real
(mol L
-1
)
Valor Previsto
(mol L
-1
)
Erro Relativo
(%)
Temperatura
(ºC)
HQ
AK
HQ
AK
HQ
AK
4,00E-05
1,50E-04
3,87E-05
1,38E-04
-3,38 -7,73 05
4,00E-05
1,50E-04
3,80E-05
1,46E-04
-4,95 -2,47 10
4,00E-05
1,50E-04
3,73E-05
1,49E-04
-6,68 -0,73 15
4,00E-05
1,50E-04
3,67E-05
1,52E-04
-8,33 1,40 20
4,00E-05
1,50E-04
3,81E-05
1,47E-04
-4,73 -2,20 25
4,00E-05
1,50E-04
3,76E-05
1,54E-04
-6,03 2,67 30
4,00E-05
1,50E-04
3,59E-05
1,56E-04
-10,2 3,67 35
4,00E-05
1,50E-04
3,33E-05
1,56E-04
-16,9 4,07 40
4,00E-05
1,50E-04
2,93E-05
1,57E-04
-26,8 4,80 45
4,00E-05
1,50E-04
2,51E-05
1,57E-04
-37,4 4,80 50
4,00E-05
1,50E-04
2,34E-05
1,52E-04
-41,6 1,20 55
76
Observou-se que a determinação de ácido kójico não sofre influência da
temperatura, considerando-se o comportamento aleatório dos erros relativos e seus
baixos valores (valores inferiores a 7,8%).
As porcentagens de erro relativo superiores a 10,2% observadas para
determinação de hidroquinona e o aumento crescente deste parâmetro conforme
ocorre o aumento da temperatura indicam a limitação na capacidade preditiva do
método multivariado, quando a temperatura das amostras é elevada, ou seja,
quando a temperatura é superior a 35ºC. Este aumento no erro relativo de previsão,
provavelmente está relacionado com o fato da degradação oxidativa da hidroquinona
ser acelerada pelo calor (MANOSROI et al., 1999). Assim, recomenda-se que a
leitura das misturas contendo ácido kójico e hidroquinona seja realizada nas
temperaturas entre 5 a 35 ºC.
5.5 ANÁLISE DE AMOSTRAS REAIS
A metodologia multivariada desenvolvida foi utilizada para a determinação de
ácido jico e hidroquinona em 08 formulações obtidas em farmácias de
manipulação da região, contendo diferentes concentrações dos analitos em base
gel. Os resultados das análises destes dermocosméticos são apresentados na
Tabela 26.
Tabela 26: Resultados de previsão de ácido kójico e hidroquinona
em amostras reais, utilizando-se o
método multivariado desenvolvido
Dermocosmético
Concentração declarada
(% m/m)
Concentração
Prevista (% m/m)
Erro (%)
AK HQ AK HQ AK HQ
Manipulado 1 2,00 2,00 2,74 1,94 37,0 -3,00
Manipulado 2 2,00 1,00 2,52 1,09 26,0 9,00
Manipulado 3 2,00 2,00 2,18 1,82 9,00 -9,00
Manipulado 4 2,00 2,00 2,33 2,84 16,5 42,0
Manipulado 5 2,00 2,00 2,12 1,93 6,00 -3,50
Manipulado 6 1,00 1,00 1,14 1,12 14,0 12,0
Manipulado 7 2,00 2,00 5,49 1,59 175 -20,5
Manipulado 8 2,00 1,00 5,15 0,96 158 -4,00
77
Observou-se nos resultados de quantificação, valores de erro relativo de até
42,0% para hidroquinona e 175,0% para o ácido kójico, sendo que neste último
caso, existe uma clara tendência de superestimar as concentrações declaradas pelo
fabricante.
Dois casos da Tabela 26 merecem ser destacados, pelos altos valores de
erros relativos apresentados para a determinação de AK. O manipulado 7 e 8 são
provenientes da mesma farmácia de manipulação, que produz suas formulações em
gel Aristoflex (co-polímero sintético de ácido sulfônico acriloildimetiltaurato e
vinilpirrolidona), diferente dos demais manipulados que utilizam gel Natrosol
(Hidroxietilcelulose). Outra particularidade desses manipulados é a utilização de
metabissulfito como agente conservante. O segundo caso, está relacionado ao
manipulado 1 e 2, provenientes de outra farmácia de manipulação e que utiliza para
estas formulações os conservantes imidazolidinil uréia e isotiazolinona. Estas
características indicam que a metodologia deve ser usada com precaução, que o
tipo de base gel e os conservantes utilizados evidenciaram interferências na
metodologia de quantificação.
Outro fator que não pode ser descartado em relação às variações
encontradas para formulações similares (manipulado 3 e 4) é a falta de
homogeneidade das amostras de dermocosméticos, que para esta análise foi
retirada uma pequena alíquota (0,3 g a 0,8 g) da amostra para diluição.
78
6 CONCLUSÕES
Considerando os resultados apresentados e discutidos neste projeto é
possível concluir que:
Através do planejamento fatorial, observou-se que para concentrações de
FeCl
3
acima de 7,5E-04 mol L
-1
a reação de complexação entre o ácido kójico e o
íon rrico não sofre influência do pH, podendo ser utilizados qualquer um dos pHs
estudados. Com as condições otimizadas, optou-se por utilizar a concentração
8,0E-04 mol L
-1
de cloreto férrico e tampão Clark Lubs em pH 3,0.
O método da variação contínua nos permitiu identificar que a estequiometria
predominante do complexo AK-Fe(III) é 1:1,5, ou seja, 2 moléculas de Fe(lll) para
cada 3 moléculas de ácido kójico.
A severa interferência espectral observada para os complexos formados
inviabilizou a determinação dos analitos utilizando-se os métodos convencionais de
análise (curva analítica, princípio da aditividade espectrofotométrica e primeira
derivada), resultando em erros relativos médios muito altos (maiores que 20%, para
ambos clareadores).
A espectrofotometria na região do visível acoplada a técnica de calibração
multivariada (PLSR), apresentou-se adequada para determinação dos analitos em
misturas sintéticas, com erros relativos médios de previsão de 4,20% para o ácido
kójico e 6,05% para hidroquinona. Os modelos multivariados de melhor capacidade
preditiva apresentaram como características: a utilização de toda faixa espectral,
dados centrados na média e a utilização de 03 e 02 variáveis latentes para o ácido
kójico e a hidroquinona, respectivamente.
Na fase de validação, segundo os critérios da ANVISA, a metodologia
espectrofotométrica multivariada desenvolvida, apresentou boa exatidão,
especificidade em relação a matriz e linearidade na faixa de concentração estudada.
No parâmetro precisão, coeficientes de variação pouco acima da máxima permitida
pela legislação foram obtidos para as menores concentrações de ácido jico e
hidroquinona. A leitura de amostras em temperatura superior a 35ºC tem influência
direta sobre a capacidade preditiva do método desenvolvido, aumentando a margem
de erro para determinação de hidroquinona.
79
Na análise de amostras reais, altos valores de erros relativos foram
encontrados para a determinação dos analitos, especialmente para determinação de
ácido kójico. Estes problemas podem estar associados a presença de interferentes
(base gel ou conservantes). No entanto, é pertinente salientar que o método
desenvolvido mostrou-se promissor para aplicação em rotinas de controle de
qualidade, por se tratar de uma técnica rápida, de baixo custo e praticamente sem
produção de resíduos de grande impacto ambiental.
80
7 TRABALHOS FUTUROS
A realização deste trabalho permitiu vislumbrar possibilidades para trabalhos
futuros. Seguem-se algumas sugestões:
Desenvolver modelos de calibração multivariada para determinação da
associação de ácido jico e hidroquinona em dermocosméticos
empregando-se a espectrofotometria em fase lida através de medidas de
reflectância na região do visível.
Desenvolver uma metodologia analítica para determinação de ácido kójico e
hidroquinona em dermocosméticos empregando-se técnicas voltamétricas
associadas a métodos de calibração multivariada.
Realizar um estudo mais aprofundado da aplicabilidade da metodologia
proposta, frente a utilização de diversos tipos de conservantes nas
formulações dermocosméticas.
Desenvolver metodologias espectroscópicas multivariadas para quantificação
de diversos princípios ativos, visando a aplicação em rotinas controle de
qualidade produtos farmacêuticos manipulados.
81
8 GLOSSÁRIO
Análise de Componentes Principais (Principal Components Analysis): Método
que decompõe a matriz de dados, construindo-se um novo sistema de eixos
(denominados componentes principais ou variáveis latentes). Isto possibilita que as
amostras possam ser representadas e visualizadas em um número menor de
dimensões, sem perda de informação analítica relevante.
Centrar os dados na média: procedimento de pré-processamento que tem como
objetivo facilitar a extração de informações espectrais, bem como, a interpretação
desses dados. Calcula-se a média das absorbâncias para cada comprimento de
onda e subtrai-se cada absorbância do respectivo valor médio.
Leverage: é uma medida da influência de uma amostra no modelo de regressão.
Um valor de leverage pequeno indica que a amostra em questão influencia pouco na
construção do modelo de calibração.
Loadings: o quanto cada variável antiga contribui para formar as componentes
principais.
Primeira derivada com alisamento: procedimento de transformação de dados que
permite melhorar a separação de sinais não totalmente sobrepostos com a
diminuição de ruídos instrumentais.
Regressão de Mínimos Quadrados Parciais (Partial Least Square Regression):
método de regressão multivariada em que, tanto a matriz das variáveis
independentes, como a das variáveis dependentes sofrem decomposição matricial,
sendo representadas na forma de “scores” e “loadings”.
Resíduos de Student (ou resíduos studentizados): indicam se as amostras estão
incluídas na distribuição normal, considerando-se um intervalo de confiança de 95%.
Scores: são as novas coordenadas das amostras, no novo sistema de eixos.
82
Validação cruzada: é uma metodologia utilizada para a escolha do número de
variáveis latentes baseada na avaliação da magnitude dos erros de previsão de um
dado modelo de calibração.
Variáveis latentes (ou Componentes Principais): novo sistema de eixos para
representar as amostras.
83
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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