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Rodrigo Melim Zerbinati
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“DESENVOLVIMENTO E PADRONIZAÇÃO DE UM MÉTODO
MOLECULAR DIAGNÓSTICO DE LARGA ESCALA PARA
INFECÇÕES VIRAIS DO TRATO RESPIRATÓRIO”
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Dissertação apresentada ao Instituto de Medicina
Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo
para obtenção do titulo de Mestre em Ciências
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Área de concentração: Doenças Tropicais e Saúde
Internacional
Orientador: Dr. Luiz Vicente R. Ferreira da Silva Filho
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São Paulo
2010
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Ficha catalográfica
Preparada pela Biblioteca do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da
Universidade de São Paulo
© Reprodução autorizada pelo autor
Zerbinati, Rodrigo Melim
Desenvolvimento e padronização de um método molecular
diagnóstico de larga escala para infecções virais do trato respiratório /
Rodrigo Melim Zerbinati. São Paulo, 2010.
Dissertação (Mestrado) Instituto de Medicina Tropical de São
Paulo da Universidade de São Paulo para obtenção do título de
Mestre em Ciências.
Área de concentração: Doenças Tropicais e Saúde Internacional
Orientador: Luiz Vicente R. Ferreira da Silva Filho
Descritores: 1. VIROLOGIA. 2. TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS
DE LABORATÓRIO. 3. INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS. 4. REAÇÃO
EM CADEIA POR POLIMERASE.
USP/IMTSP/BIB-02/2010.
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Universidade de São Paulo
Insitituto de Medicina Tropical de São Paulo
Candidato: Rodrigo Melim Zerbinati
Titulo da Dissertação: “DESENVOLVIMENTO E PADRONIZAÇÃO DE UM
MÉTODO MOLECULAR DIAGNÓSTICO DE LARGA ESCALA PARA INFECÇÕES
VIRAIS DO TRATO RESPIRATÓRIO”
Orientador: Dr. Luiz Vicente R. Ferreira da silva Filho
A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertação de Mestrado, em
sessão pública realizada a ......./......../........, considerou
( ) APROVADO(A) ( ) REPROVADO(A)
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Examinador(a)
Assinatura
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Nome
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Instituição
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Examinador(a)
Assinatura
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Nome
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Instituição
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Presidente
Assinatura
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Nome
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Instituição
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À Adriana, amada esposa. Pelo seu amor e companheirismo,
sempre dando suporte e apoio para realização de todos os
meus objetivos. Sem ela jamais teria passado por essa fase
da minha vida.
Aos meus pais, que com muito esforço, amor, carinho e
dedicação me educaram da melhor forma possível.
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Luiz Vicente R. F. Da Silva Filho por ter me proporcionado a realização
deste trabalho, sendo seu aluno. Por ser um orientador acima de qualquer
expectativa. Passando com muita paciência todo seu conhecimento. Dedicando o
máximo do seu tempo para realização deste trabalho. Pela sua dedicação e por
estar sempre disponível quando precisei. E mesmo nas horas profissionais ser um
amigo.
À Adriana F. Tateno por ter dedicado uma grande parte do seu tempo me ajudando
na realização deste trabalho. Por me ensinar, com muita paciência, todos os seus
conhecimentos em biologia molecular e técnicas de detecção de vírus. Pela grande
contribuição no desenvolvimento do projeto. Além do suporte na finalização do
mesmo.
À minha família que sempre esteve presente na minha vida, dando suporte e
atenção a todos os meus objetivos.
Ao Prof. Dr. Claudio Sergio Pannuti, que ao me aceitar como aprimorando no
Laboratório de Virologia me abriu grandes portas para o conhecimento. Pela
participação em projetos sobre sua supervisão, me proporcionando conhecimento
em virologia.
À Lucy Santos Villas Boas pela sua ajuda na realização das metodologias
tradicionais de detecção de vírus respiratórios. Pelos seus ensinamentos em
imunoflurescência e isolamento viral em cultura de células. E pela sua amizade.
Ao Dr. José Eduardo Levi, que sempre esteve disponível para me ajudar com as
dúvidas de técnicas em biologia molecular.
À Dr. Vanda Akico Ueda pelos ensinamentos em sorologia e virologia. Pelo apoio
no início da minha caminhada na pós-graduação.
À Dr. Clarisse M. Machado pela contribuição no meu desenvolvimento no
laboratório. Por ter me convidado a participar do projeto com vírus respiratórios em
pacientes de transplantes de células hematopoiéticas sobre sua supervisão.
À Cristina Mendes de Oliveira pela sua grande amizade. Pela sua ajuda e pelos
tantos cigarros fumados na hora do estresse.
Ao Marcelo Plaisant, grande amigo. Pelos momentos de descontração. Pelas
conversas sem sentido e por conservar o apartamento.
Ao Prof. Dr. Heitor Franco Andrade Junior, presidente da Comissão de pós-
graduação em Medicina Tropical do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo.
Pelo seu apoio e pelo seus ensinamentos.
Ao Dr. Andrés J. Galisteo Jr por me ajudar com a encadernação do trabalho,
suporte e pela amizade.
À Secretaria do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto de
Medicina Tropical de São Paulo pelo suporte oferecido.
Aos amigos Sonia e Luciano que tanto ajudaram em diversos momentos.
Aos amigos Daniel, Cícero e Anderson pela conversas, o futebol e momentos de
descontração.
Aos amigos e colegas do laboratório, Prof. Dr. Aluísio Segurado, Dra. Daisy
Machado, Ana Carolina Mamana, Jaila Borges, Camila Romano, Tânia Tozetto,
Célia Luiza Rodrigues, Renata Romão, Luciana Aguiar, Adriana Machado, Silvia
Helena Lima, Maria Cristina Fink, Laura M. Sumita, Cynthia Canto, Renato Reis
Oliveira, Paulo Urbano, Luiz Nali, Cristiane Centrone, Maria Carolina Bernal, Wilton
Freire, José de Paula Paz, Maria Auxiliadora Felix de Lima, Alessandra Machado,
Marli de P. Estevam, Débora Alves dos Santos, José Eduardo R. Martins, pela boa
convivência durante todos esses anos.
Aos colegas do LIM 56, Dra. Erica Fuji e Dra. Karen Brunialti, pelo suporte e ajuda
com as corridas eletroforéticas capilar no seqüenciador MegaBace®.
Agradeço à CAPES - Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de pessoal de
nível superior, pelo apoio financeiro.
À todos aqueles que direta ou indiretamente participaram deste trabalho.
A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho
original.”
- Albert Einstein
A experiência nunca falha, apenas as nossas opiniões falham, ao esperar da
experiência aquilo que ela não é capaz de oferecer.”
- Leonardo Da Vinci
“A maior ameaça ao domínio do homem sobre o planeta é o vírus.”
- Joshua Lederberg
RESUMO
Zerbinati, R M. Desenvolvimento e Padronização de um Método Molecular
Diagnóstico de Larga Escala para Infecções Virais do Trato Respiratórias.
A grande diversidade etiológica associada às infecções respiratórias e os diferentes
impactos clínicos imediatos e tardios associados a algumas destas causas indicam
a necessidade de se avançar nos métodos de investigação etiológica de infecções
respiratórias agudas. O uso de métodos em larga escala capazes de detectar
múltiplos agentes parece ser a abordagem ideal para a investigação etiológica das
infecções respiratórias agudas. O objetivo deste trabalho foi desenvolver e
padronizar um método baseado em RT-PCR e PCR convencional, com detecção
de fragmentos através de eletroforese capilar em seqüenciador automatizado, para
identificação concomitante de 11 diferentes vírus respiratórios. Os primers foram
selecionados através de pesquisa na literatura e previamente testados com
amostras clínicas. As reações de PCR e RT-PCR foram padronizadas para
realização em placa de 96 orifícios, sendo que cada coluna corresponde às
diferentes reações para identificação dos alvos e cada linha às amostras. O método
foi testado em 72 amostras de lavado nasofaríngeo de crianças com fibrose cística
atendidas na Unidade de Pneumologia do Instituto da Criança HCFMUSP. Uma
mistura única foi padronizada, à exceção dos primers, para todos os alvos; o
mesmo foi feito para os parâmetros de ciclagem. Como controle interno da reação
foram testadas a amplificação do gene da beta-actina e do gene Npro do vírus da
diarréia bovina (BVDV). A amplificação do gene Npro do BVDV apresentou
resultados mais satisfatórios e foi escolhida como controle interno da técnica. A
revelação dos produtos de cada reação foi feita com pools de 5!l de cada linha
para a corrida eletroforética em capilar no seqüenciador automatizado MegaBace.
O primer forward de cada reação foi marcado com uma fluorescência para a
detecção no seqüenciador. Como controle positivo da reação foi construído um
plasmídeo contendo todas as seqüências alvos. Amostras do controle com
diluições seriadas foram testadas, assim como amostras clínicas para avaliar
sensibilidade e especificidade, e a técnica foi ainda comparada ao método de PCR
em tempo real para alguns vírus respiratórios. A sensibilidade para diluições
seriadas do controle positivo foi de 100 cópias por reação, para todos os alvos. O
método foi capaz de identificar pelo menos um vírus em 33 amostras (46%) e em
39 amostras (64%) nenhum vírus foi identificado. Os picornavirus foram
identificados em 30,5% das amostras, seguido por bocavírus humano em 6,9%,
parainfluenza 3 e influenza A em 4,2%, e influenza B, coronavírus humano e
metapneumovírus humano em 1 amostra cada. Quando comparado ao método de
PCR em tempo real, uma concordância de 94% dos resultados foi observada. Estes
resultados indicam que o método de PCR/RT-PCR em placa com detecção de
produtos através de eletroforese capilar no seqüenciador automatizado apresenta
sensibilidade e especificidade adequadas para a detecção de 11 diferentes vírus
respiratórios em amostras de lavado nasofaríngeo, capaz de ser utilizado para
estudos de larga escala.
Descritores: 1. VIROLOGIA. 2. TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE
LABORATÓRIO. 3. INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS. 4. REAÇÃO EM CADEIA
POR POLIMERASE
ABSTRACT
Zerbinati, R M. Development and Standardization of a High Throughput Molecular
Diagnostic Method for Viral Respiratory Tract.
The etiological diversity associated with respiratory infections and the diverse
clinical impact associated with them indicate the need for further research on
techniques for etiological diagnosis of acute respiratory infections. The use of high
throughput methods able to identify multiple agents seems to be the ideal approach
for etiological investigation of acute respiratory infections. The aim of this study was
to develop and standardize a method based on RT-PCR and PCR with fragment
detection using automated fluorescent capillary electrophoresis to identify 11 distinct
respiratory viruses. The primers were selected by searching the literature and
previously tested with clinical samples. The standardization of the PCR and RT-
PCR reactions was performed in 96-wells plates, which each column corresponding
to different reactions to identify the targets and each row corresponding to the
samples. The method was tested in 72 nasopharyngeal aspirate samples from
cystic fibrosis children attending the Unidade de Pneumologia at Instituto da Criança
- HCFMUSP. A unique mix was determined, except for the primers, for all targets
amplification and the same was done for the cycling parameters. We tested both
amplification of beta-actin gene and Npro gene of bovine diarrhea virus (BVDV) as
internal controls of the reaction. The BVDV Npro gene amplification showed best
results and was chosen as the internal control. PCR and RT-PCR products’
detection was done by pooling 5 !l of each reaction for each sample and
transferring it to automated fluorescent capillary electrophoresis in the DNA
sequencer MegaBace®. Forward primers of all reactions were labeled with
fluorescence for detection in the sequencer. As a positive control, a plasmid
containing all sequence targets was designed. Serial dilutions of positive control
(plasmid) as well as clinical samples were used to evaluate sensitivity and
specificity, and a comparison with real time PCR method was made for some
viruses. Sensitivity for detection of the positive control was 100 copies per reaction
for all targets. The method was able to identify at least one virus in 33 samples
(46%) and in 39 samples (64%) no virus was identified. The picornaviruses were
identified in 30.5% of samples, followed by human bocavirus in 6.9%, and
parainfluenza 3 and influenza virus A in 4.2% of the samples, while influenza virus
B, human coronavirus, and human metapneumovirus were identified in 1 sample
each. When compared with real-time PCR, a concordance of 94% was observed.
These results indicate that the method based on PCR/RT-PCR done in a plate with
detection of products by automated fluorescent capillary electrophoresis showed
appropriate specificity and sensitivity to detect 11 distinct respiratory viruses in
nasopharyngeal aspirate samples, able to be used in high throughput studies.
Descriptors: 1. VIROLOGY. 2. LABORATORY TECHNIQUES AND PROCEDURES.
3. RESPIRATORY INFECTIONS. 4. POLYMERASE CHAIN REACTION.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Eletroforese em gel de agarose 1,5% corado com brometo de etideo
mostrando produtos de amplificação por PCR de reações individuais para
identificação dos vírus respiratórios. M marcador de peso molecular 100pb; 1 -
RSV; 2 - InfV A; 3 - InfV B; 4 - PIV 1; 5 - PIV 2; 6 - PIV 3; 7 - hAdV; 8 - hMPV; 9 -
hCoV; 10 - Picornavírus; 11 - hBoV e 12 - Controle interno (beta-
actina)...................................................................................................................... 43
Figura 2: Perspectiva gráfica dos diferentes tamanhos dos amplímeros de cada
alvo. Os primers selecionados geram produtos com uma diferea mínima de cinco
pares de base. A menor diferença foi observada entre os produtos gerados para
hMPV e hBoV (7 pb)................................................................................................ 44
Figura 3: Representação esquemática da distribuição de ragentes e amostras nas
placas para identificação de 11 vírus respiratórios e amplificação do controle do
método..................................................................................................................... 46
Figura 4: Representação esquemática do preparo da placa de PCR utilizando
micropipetas eletrônicas em modo seqüencial para distribuição dos primers nas
colunas correspondentes para cada alvo, micropipeta multicanal (12 canais) para
distribuição da mistura única e micropipeta para distribuição de amostras em cada
linha......................................................................................................................... 47
Figura 5: Imagem gerada pela software de análise de fragmento mostrando pico
correspondente ao fragmento do gene b-actina de 525 pares de bases e o
aparecimento de picos de inespecificidades de aproximadamente 420pb e
470pb....................................................................................................................... 48
Figura 6a: Imagem gerada pelo software de análise de fragmentos do pico
resultante da amplificação do gene Npro do BVDV com 161pb.............................. 49
Figura 6b: Imagem gerada pelo software de análise de fragmentos dos picos
resultantes da amplificação do do gene Npro do BVDV com 161pb e da região 5`
não codificante (5`NCR) Picornavírus (PicV) com tamanho de 390pb.................... 49
Figura 7: Seqüência do fragmento construído para atuar como controle positivo de
todas as amplificações do método. As seqüências dos primers de cada uma das
etiologias estão destacadas por caixas de cor diferente, uma para cada alvo. A
seqüência de um organismo vegetal (Populus trichocarpa) foi inserida no fragmento
para checagem de eventuais suspeitas de contaminação...................................... 51
Figura 8: Representação gráfica do pool de produtos de PCR formado a partir de
uma linha da placa, correspondente a uma amostra, para corrida eletroforética
capilar em seqüenciador de DNA. A placa que vai ao seqüenciador contém os pools
de cada linha, comportando portanto 12 placas de PCR (72 amostras, 12 controles
positivos e 12 negativos)......................................................................................... 53
Figura 9: Visualização do Software “Fragment Analysis”, com uma imagem dos
resultados de uma amostra de amplificação de controle positivo picos das
diferentes amplificações. No eixo vertical podemos observar a altura dos picos
(intensidade) de cada fragmento em Unidades Relativas de Fluorescência. No eixo
horizontal é visualizado o tamanho do fragmento gerado pela reação em pares de
base......................................................................................................................... 54
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Primers e sondas utilizadas na PCR em tempo real............................. 41
Quadro 2: Seqüências dos primers selecionados com suas respectivas
características e referências.................................................................................... 45
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Vírus identificados pelo método de analise fragmento (VR11) nas 72
amostras estudadas................................................................................................ 55
Tabela 2: Comparação dos resultados de identificação viral em 72 amostras de
lavado nasofaríngeo utilizando os métodos de VR11 e PCR em tempo real.......... 55
Tabela 3: Co-detecções identificadas pelo método VR11...................................... 56
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO................................................................................................
1.2. JUSTIFICATIVA.........................................................................................
1.3. OBJETIVO GERAL....................................................................................
1.3.1.OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................
2. DESENVOLVIMENTO...................................................................................
2.1. MATERIAS E MÉTODOS...........................................................................
2.2. RESULTADOS...........................................................................................
2.3. DISCUSSÃO...............................................................................................
3. CONCLUSÕES..............................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................
ANEXOS............................................................................................................
!
1. INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
19
1.INTRODUÇÃO
As infecções virais do trato respiratório causam morbidade e mortalidade em
todo o mundo, principalmente em crianças, imunocomprometidos e idosos (Gillim-
Ross e Subbarao, 2006). Nos países desenvolvidos, doenças respiratórias agudas
são responsáveis por grande parte dos atendimentos médicos sendo
aproximadamente 80% deles causadas infecções virais (Mahony, 2008). Nos
países em desenvolvimento, 90% das infecções respiratórias agudas do trato
superior e uma grande parte das infecções do trato inferior são ocasionadas por
vírus (Hinman, 1998; Rodrigues et al, 2002), que também são responsáveis por
aproximadamente 30% dos óbitos na infância (Hinman, 1998; Tiveljung-Lindell et al,
2009). Diversos tipos de vírus que acometem as vias respiratórias estão envolvidos
nessas infecções e novos vírus associados às infecções respiratórias estão sendo
descritos nos últimos anos (Allander et al, 2005; van den Hoogen et al, 2001). Os
vírus tradicionalmente conhecidos e com impacto bem descrito em doenças
respiratórias são o vírus sincicial respiratório (RSV), o parainfluenza vírus (PIV), o
vírus influenza (InfV), o adenovírus humano (hAdV), rinovírus humano (hRV) e os
coronarus humanos (hCoV) . As infecções por estes vírus respiratórios podem
resultar em danos ao epitélio respiratório de indivíduos normais. Outros vírus
envolvidos nas infecções do trato superior e inferior mais recentemente
identificados são o metapneumovírus humano (hMPV) e o bocavírus humano
(hBoV). Outro vírus recentemente associado a doenças respiratórias,
principalmente com pneumonia, é o vírusgigante de amebas chamado Mimivírus
(La Scola et al, 2003). Em 2007 foram descritos ainda dois novos vírus envolvidos
nas infecções respiratórias, KI e WU, pertencentes à família dos poliomavírus
(Allander et al, 2007a; Gaynor et al, 2007).
INTRODUÇÃO
20
O vírus sincicial respiratório (RSV) é considerado como o de maior
importância nas infecções da via aérea inferior na faixa etária pediátrica.
Pertencente à família Paramixoviridae e gênero Pneumovirus, é um vírus de RNA
de fita simples não segmentado e de polaridade negativa, composto por um
nucleocapsídeo helicoidal envelopado e com aproximadamente 150 a 300nm
(O'Shea e Cane, 2004; Vieira et al, 2001). O RSV foi isolado pela primeira vez em
1950 de uma criança com pneumonia (Chanock et al, 1957), e possui dois
subgrupos denominados A e B. Ocorre predominantemente nos meses de outono e
inverno, resultando em elevado número de internações de crianças menores de 5
anos de idade (Cintra et al, 2001; Vieira et al, 2001). Além disso, evidências de
que infecções precoces e graves por RSV resultam em risco de sibilância
recorrente e mesmo asma durante os primeiros anos de vida (Sigurs et al, 2000;
Stein et al, 1999,).
O vírus da parainfluenza (PIV) pertence à mesma família que o RSV,
Paramixoviridae. É classificado em quatro tipos PIV 1, 2, 3 e 4, sendo o tipo 4
dividido em dois subtipos A e B. Os tipos 1 e 3 pertencem ao gênero Paramixovirus
e os tipos 2, 4A, 4B pertencem ao gênero Rubulavirus. O PIV é composto por uma
fita simples de RNA de polaridade negativa não segmentado (Vainionpää e Hyypiä,
1994). Os tipos PIV 1, 2 e 3 são o segundo grupo causador de doenças
respiratórias em lactentes e pré-escolares, seguindo o RSV (Echevarría et al, 1998;
Henrickson, 2003) . O PIV4 está apenas relacionado a doenças brandas do trato
respiratório superior em crianças e adultos. Os PIV 1, 2 e 3 causam infecções das
vias respiratórias superiores e são os principais causadores de crupe na infância
(Henrickson, 2003). O PIV 3 também pode causar bronquiolite e pneumonia
(Echevarría et al, 1998). As infecções por PIV 3 aparecem durante todo o ano, e as
pelo PIV 1 e 2 em surtos durante o outono em anos alternados (Henrickson, 2003).
INTRODUÇÃO
21
O vírus influenza (InfV), classificado em tipos A, B e C, é o único membro da
família Orthomyxoviridae, mas apenas os tipos A e B causam doença significativa
nos seres humanos. Os subtipos virais, principalmente do tipo A, são determinados
pelas glicoproteínas presentes no vírus, a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N)
(ex: H1N1, H3N2) que são responveis pela grande variação antigênica. O vírus é
envelopado e composto por oito RNAs segmentados de fita simples e de polaridade
negativa, o que facilita o desenvolvimento de mutações entre diferentes cepas,
gerando uma instabilidade genética. Essa instabilidade é responsável por
epidemias anuais e pandemias periódicas mundiais (Gillim-Ross e Subbarao, 2006;
Shaw et al, 1992). A infecção pelo vírus começa no trato respiratório superior
causando coriza e obstrução nasal. Após essa etapa inicia-se a gripe, que é a
doença clássica causada pelo vírus influenza, caracterizando-se pelos sintomas
típicos, de febre, mal-estar, cefaléia e mialgia. A gripe é considerada uma das
doenças respiratórias mais importantes da humanidade (Cintra e Rey, 2006; Shaw
et al, 1992). A infecção por influenza vírus pode se manifestar com doenças mais
graves como pneumonia (Vidal et al, 2008), miocardites e encefalopatia (Guarner et
al, 2009).
Em abril de 2009, perto do final da temporada da gripe sazonal no
Hemisfério Norte, os dois primeiros casos de Influenza suína em humanos foram
identificados nos Estados Unidos (Perez-Padilla et al, 2009; Zimmer et al, 2009). O
CDC (Centro de Controle de Doenças EUA) confirmou que esses casos foram
causados por um vírus influenza novo. A análise genética das cepas mostrou que
eles são provenientes de um rearranjo de influenza vírus suíno, aviário e humano
(Perez-Padilla et al, 2009). No mesmo mês a Organização Mundial de Saúde
(OMS) declarou epidemia global e atenção com a saúde publica.
Existe controvérsia quanto ao impacto clínico de infecções pelo vírus
influenza A H1N1. Alguns autores descrevem maiores taxas de mortalidade de
INTRODUÇÃO
22
infecções por influenza A H1N1, principalmente associados a comprometimento
pulmonar (Libster et al 2009).
O adenovírus foi isolado pela primeira vez em 1953 em cultura de células da
adenóide humana. Existem aproximadamente 100 sorotipos diferentes, dentre os
quais 47 infectam humanos e pertencem à família Adenoviridae. O adenovírus é
composto de um DNA de fita-dupla linear não-segmentado, não envelopado, com
diâmetro que varia entre 70 a 90 nm (Hierholzer, 1992). As infecções por
adenovírus atingem o trato respiratório, gerando uma diversidade de quadros
clínicos como nasofaringite, faringite, amidalite, laringotraqueite, bronquiolite e
pneumonia (Colom et al, 2006). Também causam conjuntivite, cistite hemorrágica e
gastroenterite (Colom et al, 2006). É também o principal agente infeccioso
associado ao desenvolvimento de bronquiolite obliterante na infância (Castro-
Rodriguez et al, 2006; Colom et al, 2006). O vírus pode ser encontrado no mundo
todo e causa endemias ou epidemias no inverno, primavera e no início do verão
(Castro-Rodriguez et al, 2006).
O rinovírus humano (hRV) é o principal representante da família
Picornaviridae, quando se fala em infecções respiratórias. Os picornavírus são vírus
pequenos, de RNA fita simples com polaridade positiva, não envelopados (Lee et
al, 2007b). A família possui diversos membros divididos em cinco gêneros:
Rhinovírus, Enterovírus, Heparnavírus, Cardiovírus e Aphthovírus. O hRV constitui
a causa mais importante do resfriado comum e infecções das vias áreas superiores,
e também esta associado com sinusite, otite media e exacerbação da asma
(Deffernez et al, 2004). Mais de 100 sorotipos foram descritos e vários podem
circular ao mesmo tempo em uma determinada região (Lee et al, 2007b;
Papadopoulos et al, 1999). Nos últimos anos foram descritos novos rinovírus
humanos, até então classificados em dois subgrupos A e B. Estes novos rinovírus
foram classificados em um novo subgrupo denominado C (Lee et al, 2007b;
INTRODUÇÃO
23
McErlean et al, 2008). O rinovírus é objeto de grande interesse na última década
por seu importante papel como desencadeador de crise de asma e um possível
envolvimento na gênese da asma na infância (Lemanske, 2004).
O coronavírus humano (hCoV), família Coronaviridae, é um vírus
envelopado com um extenso genoma de RNA de polaridade positiva, medindo
aproximadamente de 80 a 160 nm (van der Hoek et al, 2004). As infecções por
coronavírus estão habitualmente associadas a manifestações de vias aéreas
superiores, e os vírus descritos em humanos até pouco tempo atrás eram o hCoV-
229E e o hCoV-OC43 causadores de resfriado comum (Pyrc et al, 2007). Novos
subtipos deste vírus como a cepa de New Haven (identificada na Holanda),
denominada hCoV-NL63 (van der Hoek et al, 2004) e outra conhecida como HKU1
(Woo et al, 2005) identificada em Hong Kong têm sido descritos em crianças abaixo
de cinco anos de idade como freqüentemente associados a manifestações do trato
respiratório inferior, como taquipnéia, alterações de ausculta pulmonar e hipóxia
(Esper et al, 2005). O coronavírus ganhou grande notoriedade após ser identificado
como o agente causador da epidemia da Síndrome Respiratória Severa Aguda no
ano de 2003 (SARS) (Pyrc et al, 2007). As infecções por coronavírus acontecem
esporadicamente ou em surtos durante o inverno e a primavera (Pyrc et al, 2007).
No ano de 2001, o metapneumovírus humano (hMPV) foi identificado por
van den Hoogen et al (2001), e classificado no gênero Metapneumovirus,
subfamília Pneumovirinae e família Paramyxoviridae (Alto, 2004). De forma análoga
aos outros vírus da mesma família, o hMPV é um vírus envelopado de tamanho
aproximado de 150-600nm, possui um RNA de fita simples e polaridade negativa
(van den Hoogen et al, 2001). Os estudos iniciais sobre este vírus em várias
regiões do planeta mostraram que ele tem uma importante prevalência entre
pacientes pediátricos (van den Hoogen et al, 2004), e produz sintomatologia muito
semelhante à observada nas infecções por RSV (Alto, 2004).
INTRODUÇÃO
24
O hMPV é um agente com prevalência entre 10 a 15% nas infecções
respiratórias agudas em crianças e habitualmente associado à bronquiolite (van
den Hoogen et al, 2004). Dados nacionais demonstraram a identificação de hMPV
em 17% das crianças com infecção de vias aéreas inferiores durante os meses de
abril e maio de 2002 em Aracajú, Sergipe (Cuevas et al, 2003). Outro estudo em
São Paulo identificou o hMPV em 18% dos pacientes pediátricos com doença
respiratória aguda (Thomazelli et al, 2007) um estudo realizado no Paraná descreve
prevalência de 6,4% em crianças hospitalizadas (do Carmo Debur et al, 2007).
Oliveira et al (2008), estudando adultos, relataram 7,2% de prevalência do hMPV
em pacientes submetidos a transplante de células tronco hematopoiéticas.
O bocavírus humano (hBoV) é um recenterus respiratório identificado. Em
2005, Allander et al (2005) descreveram a clonagem, seqüenciamento e análise
filogenética de um parvovírus até então não identificado em humanos, o bocavírus
humano (hBoV), assim denominado devido às suas semelhanças com os
parvovírus bovino e canino. Vários estudos se seguiram ao achado de Allander et al
(2005), realizados na Europa, América do Norte, Ásia, África e Austrália indicando
evidências de patogenicidade, além da distribuição mundial deste patógeno
(Allander et al, 2007b; Anderson, 2007; Ma et al, 2006).
Ma et al (2006) observaram em amostras positivas para hBoV com infecção
única diagnóstico clínico característico de doença respiratória como pneumonia,
bronquite, bronquiolite, asma e laringotraqueíte. Também há relatos de febre e
diarréia associados aos sintomas respiratórios, corroborados pela recente
descoberta da presença de bocavírus humano em fezes de crianças com
gastroenterite, numa freqüência semelhante à que tem sido encontrada em
amostras respiratórias (Arthur et al, 2009; Kapoor et al, 2009).
Gagliardi et al demonstraram uma prevalência de 10,5% de hBoV em
crianças hospitalizadas em Ribeirão Preto, Brasil. Dessas amostras positivas 81%
INTRODUÇÃO
25
obtiveram resultado positivo para outro vírus respiratório. Apesar de alta taxa de co-
infecções não foram encontradas diferenças entre infeões simples e co-infecções
no que diz respeito aos sintomas (Gagliardi et al, 2009).
Kantola et al (2008) observaram que as infecções respiratórias pelo hBoV
tem uma resposta sistêmica de células B, constituída por IgM e IgG. Sendo a
proteína do capsídeo VP2 a mais imunoreativa. Através da medição dos anticorpos
específicos para hBoV foi possível identificar infecções agudas em crianças
hospitalizadas por doença respiratória grave com resultado positivo para hBoV.
(Kantola et al, 2008).
Muito pouco se sabe ainda sobre o hBoV. Entre as muitas questões a serem
respondidas, mecanismos de infecção, o modo de transmissão, a sazonalidade, a
resposta imunológica e a variedade de sorotipos são pontos importantes para
futuras investigações (Allander et al, 2007b; Anderson, 2007).
Os métodos tradicionais de detecção dos vírus respiratórios são a técnica
de detecção antigênica por imunofluorescência e o isolamento em cultura de
células (Bellau-Pujol et al, 2005; Erdman et al, 2003; Kehl et al, 2001; Tiveljung-
Lindell et al, 2009). A imunofluorescência, que compreende a detecção de antígeno
específico através de anticorpos marcados com fluorescência, é considerada rápida
e de baixo custo. Entretanto, possui um desempenho limitado em relação à
sensibilidade para detecção de alguns vírus, não é capaz de identificar vírus
respiratórios de significativa importância e é bastante dependente do profissional
que a realiza (Freymuth et al, 2006). As técnicas de isolamento viral através de
cultura de células foram muito usadas e consideradas “padrão-ouro” para o
diagnóstico de infecções respiratórias virais. A seleção das células para cultivo é
essencial e uma linhagem de células pode ser adequada para o crescimento de um
vírus e não para outro (Bellau-Pujol et al, 2005; Freymuth et al, 2006; Templeton et
al, 2004). A grande quantidade de passagens, transferências e trocas de placas
INTRODUÇÃO
26
aumentam o risco de contaminação e assim como o tempo de incubação, sujeitam
a técnica a uma maior possibilidade de erro. Além disso, os métodos citados acima
são usados principalmente para o diagnóstico de RSV, InfV A e B, PIV 1, 2 e 3 e
hAdV (Tiveljung-Lindell et al, 2009).
A reação em cadeia da polimerase (PCR) foi descrita no final dos anos 1980
por Kary Mullis (Saiki et al, 1988), e hoje é a principal ferramenta dos métodos
moleculares para detecção de agentes causadores de doença. Utilizando uma DNA
polimerase foi possível desenvolver uma técnica in vitro para amplificação de uma
molécula alvo de DNA (Saiki et al, 1988). A PCR inclui o DNA ou DNA
complementar (cDNA) contendo a seqüência alvo a ser amplificada, uma DNA
polimerase, oligonucleotídeos iniciadores (primers), desoxirribonucleotídeos
(dNTPs), tampão de reação e concentração de cloreto de Magnésio (MgCl
2
). Os
reagentes são misturados em um tubo e colocados em um termociclador (Zaha et
al, 2003) que faz ciclos de temperatura com tempos pré-estabelecidos específicos
para cada reação. Em cada ciclo a temperatura atinge níveis de aproximadamente
95
o
C , o que pode desnaturar enzimas, por isso é necessário o uso de uma DNA
polimerase termoestável, isolada de uma bactéria que sobrevive a
aproximadamente 100
o
C (Thermus aquaticus). Esta enzima é estável a
temperaturas muito mais altas do que o normal, com isso a enzima não é
desnaturada durante os repetidos ciclos de aquecimento. O termo reação em
cadeia tem origem na necessidade de repetidos ciclos aproximadamente 30
ciclos por reação, podendo variar de acordo com o protocolo utilizado e
características para amplificação efetiva do DNA alvo (Alberts, 2008).
Quando o alvo a ser amplificado é uma amostra de RNA, é necessário
utilizar uma etapa de transcrição reversa. Esse método tem por objetivo
“transformar moléculas de RNA em DNA (DNA complementar ou cDNA). A
transcrição reversa utiliza uma enzima, DNA polimerase RNA-dependente, capaz
INTRODUÇÃO
27
de sintetizar uma molécula de DNA a partir de uma molécula de RNA, além de
utilizar primers específicos para o alvo ou ainda utilizar primers randômicos pra
sintetizar uma grande parte dos RNAs existentes na amostra. Essa reação
combinada ao PCR é conhecida como RT-PCR (Bustin, 2000; Sambrook e Russel,
2001). Em vista que a maioria dos vírus respiratórios são vírus de RNA, essa etapa
se faz necessária para a detecção de muitos desses agentes.
O diagnóstico de doenças infecciosas foi revolucionado com o emprego de
técnicas de detecção através de métodos moleculares, principalmente com a
aplicação da reação em cadeia da polimerase (PCR) (Ratcliff et al, 2007). A técnica
de amplificação de ácidos nucléicos (NAT) promoveu uma melhora no diagnóstico
de doenças causadas por vírus, como a AIDS e as hepatites virais (Levi et al,
2007). Estas técnicas atualmente estão presentes em laboratórios de pesquisa e
de rotina para detecção de vírus respiratórios (Mahony, 2008).
Nos últimos anos, os métodos moleculares se firmaram como o novo
“padrão-ouro” para o diagnóstico de infecções respiratórias virais e existem
evidências de sensibilidade e especificidade ao redor de 100% quando comparados
aos métodos de cultura em tecido ou detecção de antígenos virais com anticorpos
monoclonais (Henrickson, 2004). Quando comparados à cultura em células, os
métodos moleculares apresentam sensibilidade superior em até 30% (Henrickson,
2004; Liolios et al, 2001; Weinberg et al, 2004). Reis et al (2008) observaram uma
sensibilidade maior para detecção do RSV utilizando a técnica de RT-PCR quando
comparado aos métodos tradicionais de imunofluorescência e/ou isolamento viral
em cultura de células (Reis et al, 2008). Além disso, alguns vírus respiratórios de
grande relevância clínica podem ser adequadamente identificados através de
métodos moleculares, como o rinovírus, coronavírus, metapneumovírus humano e
bocavírus humano.
INTRODUÇÃO
28
Os métodos moleculares vêm sendo progressivamente otimizados a fim de
reduzir o tempo e o custo para o diagnóstico, além de melhorar sua sensibilidade
para detecção dos vírus. Métodos de multiplex RT-PCR, que amplificam vários
alvos em uma única mistura, reduzem o trabalho e o gasto com reagentes, além de
reduzir o tempo para o resultado. Entretanto, muitos métodos descritos utilizam um
segundo round de PCR (nested-PCR) para melhorar a sensibilidade do teste,
resultando em risco aumentado de contaminação da reação (Bellau-Pujol et al,
2005; Coiras et al, 2003; Coiras et al, 2004; Freymuth et al, 2006). Além disso, a
grande variação genética de agentes como o rinovírus pode resultar na falha de
detecção de alguns subtipos (Bellau-Pujol et al, 2005).
Os métodos de PCR e RT-PCR em tempo real, interessantes por minimizar
tempo de processamento e risco de contaminação, apresentam também algumas
limitações. O método de PCR em tempo real é mais sensível quando comparado às
técnicas convencionais e traz uma significante melhora no trabalho manual quando
comparado a ensaios de PCR que usam eletroforese em gel de agarose ou
poliacrilamida ou hibridização. O número de fluorescências detectadas, entretanto,
varia de duas a oito, o que pode interferir no custo e no trabalho manual se o
ensaio for mono-específico ou multiplex (Kuypers et al. 2006; Templeton et al,
2004; van de Pol et al, 2007). Além disso, a quantidade de sondas marcadas
interfere nas temperaturas usadas durante o ensaio, pode haver competição entre
as sondas, resultando em redução de sensibilidade da reação e dificultando a
padronização nos casos de ensaios multiplex. Apesar das enormes vantagens na
redução do tempo de processamento e dos riscos de contaminação, o custo dos
reagentes e dos equipamentos (aquisição e manutenção) ainda representa um
sério obstáculo para sua implantação em larga escala.
A otimização dos métodos de detecção molecular de vírus respiratórios
vem, portanto, evoluindo através do desenvolvimento de diferentes métodos de
INTRODUÇÃO
29
detecção de produtos de PCR e RT-PCR. Existem atualmente kits comerciais de
multiplex PCR para identificação de até 7 vírus através de PCR ou PCR em tempo
real, que reduzem significamente custo e trabalho quando comparado às reações
de PCR independentes para cada um dos vírus respiratórios (Fan et al, 1998). Um
dos métodos, denominado Hexaplex® (Prodesse Inc., Winconsin, EUA), aplica
multiplex RT-PCR para os principais vírus respiratórios (RSV A e B, InfV A e B e
PIV 1, 2 e 3) e utiliza um sistema de detecção através de sonda de hibridização
enzimática, com alta sensibilidade em relação aos métodos convencionais (Kehl et
al, 2001). O cDNA é sintetizado inicialmente através de random primers, enzima
Transcriptase reversa e que são adicionados ao RNA extraído das amostras. Os
alvos são amplificados usando uma mistura única (Super-Mix) contendo 13 primers
específicos para os sete vírus respiratórios detectáveis no kit. Os primers foram
desenhados para os regiões conservadas de cada vírus. Após a amplificação é
feita uma purificação do produto de PCR utilizando um kit comercial e o produto é
adicionado a uma placa de 96 orifícios contendo sondas específicas para cada
vírus para a hibridização ser realizada. A densidade óptica de cada poço é medido
em 450 nm de comprimento de onda em espectrofotômetro. O procedimento do
ensaio, apesar de ter uma super-mistura para facilitar seu emprego, conm muitos
reagentes e passagens na fase de detecção, aumentando o tempo necessário para
a obtenção do resultado.
Outra técnica nova para detecção de vírus respiratórios é um sistema que
integra multiplex PCR e citometria de fluxo com tecnologia de microesferas
marcadas, usando o aparelho Luminex®, chamado MultiCodePLx Assays System
(Nolte et al, 2007). A hibridização nas microesferas marcadas possibilita uma
detecção de 80 diferentes produtos de PCR. O MultiCodePLx system contém três
etapas principais, PCR, extensão de alvo específico e detecção do produto (liquid
chip). Quando o alvo é RNA um passo de transcrição reversa é adicionado. O
INTRODUÇÃO
30
método utiliza um par de bases complementares não encontradas na natureza que
é construído a partir de bases complementares isoguanina (IG) e 5-metil-isocitosina
(IC) para o sítio enzimático específico de rotulagem e de lavagem de decodificação
na temperatura ambiente. Todas as etapas da reação são realizadas no mesmo
recipiente, sem transferências ou lavagens, e a mesma é concluída em cerca de 4
horas. Este ensaio mostrou-se rápido, sensível e específico para os alvos de
detecção quando desenhado para grandes estudos clínicos de infecções
respiratórias, pois detecta diferentes “linhagens” de vírus de mesmo grupo e/ou
subgrupo (Lee et al, 2007a; Mahony et al, 2007; Nolte et al, 2007). Utilizando esta
metodologia de liquid chip, alguns kits comerciais foram testados para detecção de
bactérias e vírus mais comuns que causam infecções respiratórias (Wang, 2009).
Outros ensaios em forma de “painel”, como o NGEN RVA-ASR (NGEN
respiratory vírus analyte-specific reagent), combinam amplificação por multiplex
PCR com microarray e sonda fluorescente para a detecção dos amplímeros (Li et
al, 2007). O Virochip também é um método baseado em PCR com detecção por
microarray. Um “painel” para vírus respiratórios foi desenvolvido e, assim como o
ensaio de microesferas do Luminex®, também é capaz de detectar uma
diversidade grande de vírus e seus subgrupos (Kistler et al, 2007). Estes métodos,
apesar de muito promissores, ainda têm custo extremamente elevado para
aquisição de equipamentos e reagentes.
Uma alternativa a estes novos métodos para detecção dos vírus
respiratórios é o uso de eletroforese automatizada em capilar para detecção dos
produtos amplificados pela PCR utilizando um seqüenciador de DNA com um
programa de análise de fragmentos. Esta cnica foi usada para detecção de 6
vírus respiratórios por Erdman et al (2003), que fizeram um ensaio para detecção
de infecções respiratórias virais comuns. Seguindo a linha de trabalho de Erdman
et al (2003), a técnica de eletroforese automatizada em capilar foi modificada por
INTRODUÇÃO
31
Thomazelli et al (2007) para detecção de 9 vírus (RSV, InfV A e B, PIV 1, 2 e 3,
hMPV, hAdV e picornavírus). Os autores relataram, comparando os resultados
observados com o método de imunofluorescência, um significativo ganho na
sensibilidade (Thomazelli et al, 2007). A sensibilidade para detecção por este
método foi também superior à observada na detecção de produtos de PCR e RT-
PCR com eletroforese em gel de agarose corado com brometo de etídio e
visualizado em luz ultravioleta (Erdman et al, 2003).
JUSTIFICATIVA
32
1.2 Justificativa
O uso de métodos para detecção de múltiplos agentes virais e em larga
escala parece ser a abordagem ideal para a investigação etiológica de infecções
respiratórias em estudos epidemiológicos e possivelmente para utilização na prática
clínica num futuro próximo. A escolha do método deve, entretanto, levar em conta a
disponibilidade de equipamentos, experiência profissional e recursos financeiros.
Tendo em vista a disponibilidade de um seqüenciador automatizado de DNA capaz
de realizar eletroforese capilar concomitante de 96 amostras, decidimos pelo
desenvolvimento de uma técnica para detecção de onze diferentes vírus
respiratórios, baseada em reações de PCR e RT-PCR realizadas em uma placa,
com posterior detecção dos produtos amplificados no seqüenciador automatizado
MegaBace (GE Healthcare Amersham Biosciences, Little Chalfont, Reino Unido).
A hipótese deste estudo é de que seria possível padronizar um método de simples
execução baseado em amplificação de seqüências de DNA e cDNA de vírus
respiratórios com detecção em eletroforese capilar para o diagnóstico das principais
infecções respiratórias virais em amostras de aspirado nasofaríngeo, aplicável em
estudos de larga escala.
OBJETIVOS
33
1.3 OBJETIVO GERAL
Desenvolver e padronizar um método baseado em RT-PCR e PCR
convencional, com detecção de fragmentos através de eletroforese capilar em
seqüenciador automatizado, para identificação concomitante de 11 diferentes vírus
respiratórios.
OBJETIVOS
34
1.3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. Determinar as sondas iniciadoras (primers) para identificação de cada uma
das etiologias: vírus respiratório sincicial, influenza A e B, parainfluenza 1, 2 e
3, adenovírus, picornavírus, coronavírus, metapneumovírus humano e
bocavírus humano;
II. Padronizar uma única mistura de reagentes (à exceção dos primers) capaz de
viabilizar a amplificação eficiente de todos os alvos escolhidos;
III. Determinar os controles internos do método, a fim de assegurar a
confiabilidade dos resultados obtidos;
IV. Avaliar a sensibilidade e especificidade do método, comparando-o a reações
de RT-PCR ou PCR em tempo real (método TaqMan®) de cada um dos alvos
individualmente.
2. DESENVOLVIMENTO
MATERIAL E MÉTODO
36
2.1 MATERIAL E MÉTODO
Amostras controle de vírus respiratórios
Isolados de cultura viral do Laboratório de Virologia do Instituto de Medicina
Tropical de São Paulo Universidade de São Paulo foram utilizados para RSV,
adenovírus e parainfluenza vírus 1, 2 e 3 isolados emlulas Hep2; Influenzarus
A e B isolados em células MDCK; e enterovírus (echovirus 7) isolados em células
Vero. Amostras clínicas com resultado conhecido foram utilizadas para rinovírus
humano, metapneumovírus humano e coronavírus humano.
Uma amostra de bocavírus humano, isolado ST2 (mero de acesso
genBank DQ000496), gentilmente cedida pelo prof. Tobias Allander, do Karolinska
Institute da Suécia, foi utilizada como controle para o HBoV. Uma clonagem deste
fragmento (nucleotídeo 28 ao 5209 do isolado ST2) foi realizada no laboratório de
virologia - IMT/USP, utilizando como vetor o pCR4-TOPO de 3954 pb (Invitrogen,
São Paulo, Brasil).
Amostras Clínicas:
As amostras de lavado nasofaríngeo utilizadas neste estudo foram
selecionadas dentre as amostras coletadas no estudo intituladoAvaliação das
infecções respiratórias virais em pacientes com fibrose cística”. As coletas foram
realizadas em sala própria do ambulatório do Instituto da Criança HCFMUSP.
Durante o referido estudo, 408 amostras foram coletadas de 103 pacientes durante
consultas agendadas e emergenciais, ou seja, em pacientes assintomáticos e
durante exacerbação da doença respiratória.
MATERIAL E MÉTODO
37
O lavado nasofaríngeo foi coletado por aspiração com sonda estéril após
instilação de 1 ml solução salina (cada narina) estéril em frasco coletor ou através
da técnica de lavado nasal sem uso da sonda (“nasal blow”). Estes pacientes, em
geral com idade superior a cinco anos, foram submetidos à instilação de 1 ml da
solução salina na narina, elevação do queixo e posterior expiração nasal forte e
abrupta, coletando-se a solução instilada junto com o muco nasal. Cada uma das
narinas foi “lavada”, separadamente, mas o produto resultante foi coletado em
apenas um recipiente. Os aspirados/lavados nasais foram conservados e
transportados em banho de gelo. O processamento inicial das amostras no
Laboratório de Virologia do IMT incluiu homogeneização e normalização do volume,
preparo de alíquotas para imunofluorescência, extração de ácidos nucléicos e
estocagem de amostra de reserva.
Dentre o total de 408 amostras sequencialmente numeradas, as primeiras
72 amostras pares foram escolhidas, sem conhecimento dos resultados de
imunofluorescência.
Extração de DNA e RNA:
As extrações de DNA e RNA viral foram realizadas com kit comercial QIAmp
Viral RNA Mini Kit® (QIAGEN, Hilden, Alemanha), de acordo com as instruções do
fabricante. Um volume de 140!L da amostra foi adicionado a 560!L de solução
tampão de lise contendo Carrier RNA (RNA carreador), homogeneizado através de
rtex e incubado por 10 minutos a temperatura ambiente. Após a incubação,
560!L de etanol absoluto foi adicionado e homogeneizado. Um volume de 630 !L
da mistura máximo suportado pela coluna por vez - foi adicionado em uma coluna
com filtro e tubo coletor e centrifugado a 8000 rpm por um minuto. O filtrado foi
descartado e a coluna foi colocada em um novo tubo coletor e o passo se repetiu
MATERIAL E MÉTODO
38
para o restante do volume. Novamente o filtrado foi descartado e a coluna foi
colocada em um novo tubo coletor. Duas etapas de lavagem com solução tampão
se seguiram para retirada das impurezas (ex. proteínas) da coluna. Primeiro foi
adicionado 500 !L de solução tampão AW1 e centrifugado a 8000 rpm por um
minuto. O filtrado foi novamente descartado e a coluna colocada em um novo tubo
coletor. A seguir foi adicionado 500 !L de solução tampão AW2 na coluna e
centrifugado a 14000 rpm por três minutos. O filtrado foi descartado e a coluna
contendo o material genético foi colocada em um tubo estéril de 1,5 mL e nova
centrifugação da coluna foi realizada a fim de se retirar quaisquer resquícios de
etanol, potente inibidor da PCR. A coluna foi colocada em um novo tubo estéril de
1,5mL e 60 ! L de solução tampão de eluição (AVE) adicionado, seguido de uma
incubação por 1 minuto a temperatura ambiente e centrifugação a 8000 rpm
também por um minuto. A coluna foi descartada e o RNA extraído da amostra
estocado a -80
o
C.
Não foi realizada quantificação total de ácidos nucléicos extraídos na
amostra.
Síntese de cDNA (Transcrição Reversa RT):
A síntese do cDNA foi realizada através do High Capacity cDNA Kit (Applied
Biosystems®, Foster City, EUA), de acordo com as instruções do fabricante. Para o
mix de cada reação, foram adicionados 10!L de solução 10x buffer (tampão), 4! L
de dNTP’s, 10!L de random primers, 5!L da enzima transcriptase reversa
Multiscribe e 21!L de água DEPC (livre de RNAse), totalizando um volume final de
50!L. Os reagentes, exceto a água DEPC, são fornecidos pelo kit. Ao mix foi
adicionado um volume de 50!L de RNA extraído de cada amostra, perfazendo um
total de 100!L de volume final. O tempo de ciclagem para síntese foi de 25
o
C por
MATERIAL E MÉTODO
39
10 minutos, 37
o
C por 120 minutos e 85
o
C por 5 segundos. Após a síntese, o
material foi estocado em freezer -20
o
C.
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR):
(i) Escolha das sondas iniciadoras (primers):
Os primers foram selecionados a partir de pesquisa feita na literatura
científica. Publicações contendo resultados de estudos com uso de amostras
clínicas de características semelhantes, como secreção respiratória, foram
priorizadas na escolha. Além do tipo de amostra em que foram testados, outros
critérios na escolha dos primers incluíram o tamanho do fragmento de DNA gerado
e o número de publicações que os utilizaram. Para uma boa diferenciação entre os
picos de amplímeros no programa de análise de fragmentos “FragmentProfiler”
(GeneticProfiler) do MegaBace™ (GE Healthcare Amersham Biosciences, Little
Chalfont, Reino Unido), consideramos satisfatória uma diferença de no mínimo
cinco pares de base no tamanho dos fragmentos.
(ii) Padronização de uma única mistura de reagentes e condições de
termociclagem:
Diferentes concentrações de solução de tampão de reação, MgCl
2
, dNTP’s
(dATP, dTTP, dCTP, dGTP) e primers foram testadas em reações individuais de
RT-PCR e PCR utilizando como molde (template) os controles positivos de cada
um dos vírus de interesse, com revelação feita por eletroforese em gel de agarose
a 1,5% corado com brometo de etídio e visualizado em luz ultravioleta. Os critérios
para escolha das concentrações de reagentes foram a geração de produto único do
MATERIAL E MÉTODO
40
tamanho esperado e de intensidade satisfatória, sem aparecimento de
inespecificidades ou excesso de primers-dimers.
(iii) Controle interno da reação:
Dois tipos de controle interno foram avaliados, o gene da beta-actina
humana e o vírus da diarréia bovina (BVDV). Este último, que pertence à família
Flavivirus, é de fácil cultivo e não possui riscos de transmissão para humanos. Os
critérios para escolha incluíram o tamanho do fragmento adequado ao restante dos
amplímeros gerados, a ausência de inespecificidades e a eficiência adequada da
amplificação nos moldes padronizados.
Análise de Fragmentos:
As corridas eletroforéticas foram realizadas no Analisador Automático de
DNA MegaBace™ (GE Healthcare Amersham Biosciences, Little Chalfont, Reino
Unido), em capilares preenchidos por polímero (MegaBace™ LongReadMatrix® -
GE Healthcare Amersham Biosciences, Little Chalfont, Reino Unido), sob uma
tensão elétrica de 10.000 volts por 120 minutos. Os fragmentos foram detectados
através de feixe a laser e em seguida analisados pelo programa MegaBace™
FragmentProfiler (GeneticProfiler - GE Healthcare Amersham Biosciences, Little
Chalfont, Reino Unido), que é capaz de determinar o tamanhos dos fragmentos em
pares de bases (pb) e a intensidade da fluorescência em Unidades relativas de
Fluorescência (URF). Um padrão de peso molecular com outra fluorescência
(MegaBace™ ET900-R Standard®, marcado com rox - GE HealthcareAmersham
Biosciences, Little Chalfont, Reino Unido) foi adicionado a cada pool de amostra.
MATERIAL E MÉTODO
41
Os primers forward de cada par de primers selecionados foram marcados
com fluorescência FAM para visualização durante a corrida eletroforética
automatizada. A discriminação dos picos no programa Fragment profile foi possível
pois os fragmentos gerados tinham uma diferença de pelo menos cinco pares de
bases.
PCR em tempo real:
Foi utilizada a metodologia TaqMan® para as reações de PCR em tempo
real. As reações foram individualizadas, de acordo com protocolos já descritos para
RSV (van Elden et al, 2003), hMPV (Oliveira et al, 2008) e hBoV (Lu et al, 2006). As
reações para InfV A, InfV B, PIV 1, PIV 2 , PIV 3 foram modificadas de Templeton
et al (2004). Para comparação dos resultados de picornavírus foram feitos dois
PCRs em tempo real, um para HRV e outro para HEV, de acordo com a
metodologia descrita por Deffernez et al (2004). Não foi realizado PCR em tempo
real para HCoV e AdV. Os primers podem ser visualizados na quadro 1.
MATERIAL E MÉTODO
42
Quadro 1: Primers e sondas utilizadas na PCR em tempo real
Virus
Nome
Primers/sondas
HRV
HRV fwd
HRV reverse
RHP1
RHP2
5' GCACTTCTGTTTCCCC 3'
5' AGCCTGCGTGGCTGCC 3'
5' FAM - AGCCTCATCTGCCAGGTCTA - TAMRA 3'
5' VIC - AGCCTCATCGACCAAACTA - TAMRA 3'
HEV
HEV fwd
HEV reverse
HEV probe A
HEV probe B
5' CCCCTGAATGCGGCTAAT 3'
5' CAATTGTCACCATAAGCAGCCA 3'
5' FAM - GGACACCCAAAGTAGTCGGTTCCGCTGC - TAMRA 3'
5' VIC - GAGTTGCCCGTTACGACACATGCCC - TAMRA 3'
MPV
Care 1
Care 2
Care 3
Care4 probe
5' GCACCAGACACACCCATAATCTT 3'
5' TCAGCACCAGACACACCTATAATCTT 3'
5' TTGAGTGCATCACTTAGTACACGGT 3'
5' FAM - TTATGTGTAGGTGCCTTAATA - MGB 3'
RSV A
RSV A fwd
RSV A reve
RSV A sonda
5' AGATCAACTTCTGTCATCCAGCAA 3'
5' TTCTGCACATCATAATTAGGAG 3'
5' FAM - CACCATCCAACGGAGCACAGGAGAT - NFQ 3'
RSV B
RSV B fwd
RSV B reve
RSV B sonda
5' AAGATGCAAATCTATAATTCACAGGA 3'
5' TGATATCCAGCATCTTTAAGTA 3'
5' VIC - TTCCCTTCCTAACCTGGACATA - NFQ 3'
hBoV
NP1 fwd
NP1 reverse
sonda NP1
5' - AGAGGCTGCGGCTCATATCA - 3'
5' - CACTTGGTCTGAGGTCTTCGAA - 3'
5' FAM - AGGAACACCCAATCARCCACCTATCGTCT - NFQ 3'
InfV A
FluA fwd
FluA reverse
sonda FluA
5' - AAAGCGAATTTCAGTGTGAT - 3'
5' - GAAGGCAATGGTGAGATTT - 3'
5' FAM - GCTGCCAGGGCTTTCACCGAAGAGGGGGCAGC - NFQ 3'
InfV B
FluB fwd
FluB reverse
sonda FluB
5' - GTCCATCAAGCTCCAGTTTT - 3'
5' - TCTTCTTACAGCTTGCTTGC - 3'
5' NED - GCTGCCAACGAAGTAGGTGGAGACGGAGGGGCAGC - NFQ 3'
PIV 1
PIV1 fwd
PIV1 reverse
sonda PIV1
5' - ACCTACAAGGCAACAACATC - 3'
5' - CTTCCTGCTGGTGTGTTAAT - 3`
5' NED - GCTGCCCAAACGATGGCTGAAAAAGGGAGGCAGC - NFQ 3'
PIV 2
PIV2 fwd
PIV2 reverse
sonda PIV2
5' - CCATTTACCTAAGTGATGGAA - 3'
5' - CGTGGCATAATCTTCTTTTT - 3'
5' VIC - AATCGCAAAAGCTGTTCAGTCAC - NFQ 3'
PIV 3
PIV3 fwd
PIV3 reverse
sonda PIV3
5' - CCAGGGATATAYTAYAAAGGCAAAA - 3'
5' - CCGGGRCACCCAGTTGTG - 3'
5' FAM - TGGRTGTTCAAGACCTCCATAYCCGAGAAA - NFQ 3'
MATERIAL E MÉTODO
43
Avaliação de Especificidade, Sensibilidade e Reprodutibilidade
A especificidade dos primers para amplificação dos alvos virais, não foi
diretamente avaliada, pois estes primers foram selecionados na literatura e,
portanto, previamente avaliados neste quesito.
A sensibilidade do método foi avaliada inicialmente utilizando diluições
seriadas do controle positivo e verificando a mínima quantidade de DNA (ou cDNA)
molde capaz de resultar na identificação de um pico na avaliação do software de
análise de fragmentos. Em seguida, foi feito um teste comparativo da “performance
do método em relação ao PCR em tempo real utilizando 72 amostras clínicas de
crianças com fibrose cística. Para a avaliação de reprodutibilidade do método, as
72 amostras clínicas foram feitas em duplicata. A reprodutibilidade inter-teste foi
avaliada através de repetição da avaliação de amostras clínicas.
RESULTADOS
44
2.2 RESULTADOS:
Os primers selecionados para o estudo, com suas características e
referências de origem, estão apresentados no Quadro 2.
Todos os primers escolhidos foram testados produzindo resultados
satisfatórios com amostras controle (figura 1); observamos as menores diferenças
de tamanhos de fragmentos entre os primers de hMPV e hBoV, com 7 pares de
bases. Na figura 2 pode-se avaliar os diferentes amplímeros numa perspectiva
gráfica.
Figura 1: Eletroforese em gel de agarose 1,5% corado com brometo de etideo
mostrando produtos de amplificação por PCR de reações individuais para
identificação dos vírus respiratórios. M marcador de peso molecular 100pb; 1 -
RSV; 2 - InfV A; 3 - InfV B; 4 - PIV 1; 5 - PIV 2; 6 - PIV 3; 7 - hAdV; 8 - hMPV; 9 -
hCoV; 10 - Picornavírus; 11 - hBoV e 12 - Controle interno (beta-actina).
M M
600pb
100pb
RESULTADOS
45
Figura 2: Perspectiva gráfica dos diferentes tamanhos dos amplímeros de cada
alvo. Os primers selecionados geram produtos com uma diferençanima de cinco
pares de base. A menor diferença foi observada entre os produtos gerados para
hMPV e hBoV (7 pb).
Inicialmente as reações de RT-PCR e PCR foram realizadas de acordo com
as descrições das publicações originais. Verificamos que não existiam grandes
diferenças nas concentrações de reagentes entre as reações, e determinamos
então uma concentração “consenso”, que fosse capaz de manter os resultados
observados com as misturas individualizadas. Ficou estabelecida uma
concentração final de reagentes contendo 10 mM Tris-HCl (pH 8,0), 50 mM KCl,
200uM de dNTPs, 2 mM de MgCl2 e 0,4 uM de cada primer, 1 U de Platinum Taq
DNA polymerase (Invitrogen, São Paulo, Brasil), 2,5uL de cDNA ou DNA em
volume final de 25 !L. Além da concentração final de 400 nM de de cada primer
adicionada separadamente. Esta mistura atendeu à proposta inicial de manter a
amplificação de produto único, sem o aparecimento de inespecificidades.
Após otimização da mistura de reagentes, verificamos ainda que apesar de
uma significativa diferença de Tm entre os diferentes primers, os mesmos exibiam
bom funcionamento quando uma temperatura de pareamento de 57ºC foi testada.
Deste modo, além de uma mistura única de reagentes, estabeleceu-se um
protocolo simplificado de termociclagem com uma única temperatura de
pareamento para todas as reações. O protocolo final de termociclagem ficou deste
modo determinado: 95
o
C por 5 minutos, 40 ciclos de 95
o
C por 1 minuto, 57
o
C por
1 minuto e 72
o
C por 1 minuto, com uma extensão final de 7 minutos a 72
o
C em um
termociclador MastercyclerGradient (Eppendorf, Hamburgo, Alemanha).
RESULTADOS
46
Quadro 2: Seqüências dos primers selecionados com suas respectivas características e
referências.
Vírus
Nome do Primer
Sequência (5`-3`)
Gene
Amplímero
RSV
(O'Shea e Cane
2004)
RSVAB-P1-FAM
RSVAB-P2
GGA ACA AGT TGT TGA GGT TTA TGA ATA TGC
TTC TGC TGT CAA GTC TAG TAC ACT GTA GT
F
277pb
PIV1
(Echevarría et al.
1998)
HPIV1-F1-FAM
HPIV1-R1
CCG GTA ATT TCT CAT ACC TAT G
CCT TGG AGC GGA GTT GTT AAG
HN
317pb
PIV2
(Echevarría et al.
1998)
HPIV2-F1-FAM
HPIV2-R1
CCA TTT ACC TAA GTG ATG GAA T
GCC CTG TTG TAT TTG GAA GAG A
HN
203pb
PIV3
(Echevarría et al.
1998)
HPIV3-F1-FAM
HPIV3-R1
ACT CCC AAA GTT GAT GAA AGA T
TAA ATC TTG TTGTTG AGA TTG A
HN
102pb
InfV A
(Claas et al. 1992)
FLUA-F1-FAM
FLUA-R1
CTA AGG GCT TTC ACC GAA GA
CCC ATT CTC ATT ACT GCT TC
NS1
192pb
InflV B
(Claas et al. 1992)
FLUB-F1-FAM
FLUB-R1
ATG GCC ATC GGA TCC TCA AC
TGT CAG CTA TTA TGG AGC TG
NS1
241pb
hAdV
(Sarantis et al. 2004)
AD1-FAM
AD2
CTG ATG TAC TAC ACC AGC ACT GGC AAC ATG GG
CGC TTG CGG TGG TGG TTA AAT GGG TTT ACG TTG TCC AT
Hexon
608-629pb
hMPV
(Falsey et al. 2003)
MPVF- F1
MPVF- R1
GAG CAA ATT GAA AAT CCC AGA CA
GAA AAC TGC CGC ACA ACA TTT AG
F
347pb
Picornavírus
(Papadopoulos et al.
1999)
OL26
OL27
GCA CTT CTG TTT CCC C
CGG ACA CCC AAA GTA G
5’NCR
383-392pb
hCoV
(Adachi et al. 2004)
CORO1
CORO2
TGA TGG GTT GGG ACT ATC CTA AAT GTG A
GTA GTT GCA TCA CCG GAA GTT GTG CCA CC
Pol 1b
220pb
hBoV
(Allander et al. 2005)
188F
542R
GAC CTC TGT AAG TAC TAT TAC
CTC TGT GTT GAC TGA ATA CAG
NP1
354pb
Controle de RNA
(Mathieu et al. 2005)
"-Actina-Fwd-FAM
"-Actina-Rev
AAA TCG TGC GTG ACA TTA AGG
CTA AGT CAT AGT CCG CCTAG
"-Actina
humana
525pb
BVDV
(Yoo et al. 2006)
BVDV - F
Z5393
GTG GAG GAA CCT GTT TAT GAT C
TTA CCC GAC CTG CAG TCA CCT C
N-pro
161pb
RESULTADOS
47
Definiu-se, então, a disposição das amostras e reagentes na microplaca. Os
primers foram distribuídos nas colunas e as amostras nas linhas da placa. Deste
modo, em uma placa de 96 poços poderiam ser avaliadas 6 amostras, um controle
positivo e um controle negativo, para 12 diferentes reações de PCR ou RT-PCR
(figura 3).
Figura 3: Representação esquemática da distribuição de ragentes e amostras nas
placas para identificação de 11 vírus respiratórios e amplificação do controle do
método.
Na programação de preparo da placa, definimos pela utilização de pipetas
multicanal e berços para acomodar maiores volumes de reagentes. Os primers
foram pipetados nas colunas utilizando micropipetas eletrônicas em modo de
repetição e a mistura da reação adicionada com pipeta multicanal usando doze
RESULTADOS
48
ponteiras. Por fim, as amostras foram acrescentadas nas linhas da placa, usando
ponteiras individuais (figura 4).
Figura 4: Representação esquemática do preparo da placa de PCR utilizando
micropipetas eletrônicas em modo seqüencial para distribuição dos primers nas
colunas correspondentes para cada alvo, micropipeta multicanal (12 canais) para
distribuição da mistura única e micropipeta para distribuição de amostras em cada
linha.
Com relação ao controle do método, elegemos inicialmente a amplificação
do gene da beta-actina como controle interno de reação. O produto amplificado
consiste de um fragmento de 525 pares de bases, porém verificou-se o
aparecimento de fragmentos de amplificação inespecífica de aproximadamente 420
e 470 pares de bases nas amostras de lavado nasofaríngeo (figura 5). Como
nenhuma outra reação gerava um fragmento deste tamanho, esta inespecificidade
não gerou conflitos na análise dos resultados, mas poderia em tese causar perda
de sensibilidade por haver competição por reagentes.
RESULTADOS
49
Figura 5: Imagem gerada pela software de análise de fragmento mostrando pico
correspondente ao fragmento do gene b-actina de 525 pares de bases e o
aparecimento de picos de inespecificidades de aproximadamente 420pb e 470pb.
Decidimos então testar a amplificação do gene Npro do Vírus da Diarréia
Bovina (BVDV) como controle do método, através da adição de 10!L de uma
diluição de 10 vezes do sobrenadante da cultura de BVDV à amostra, antes de se
proceder à extração de RNA/DNA. Esta diluição e volume adicionada à amostra foi
testada por outro grupo de pesquisa do Laboratório de Virologia do Instituto de
Medicina Tropical de São Paulo, Universidade de São Paulo e não resultou em
mudanças de volumes de amostras e/ou reagentes do protocolo de extração.
Observamos a amplificação satisfatória do fragmento de 160 pb do gene
Npro, sem interferência com a amplificação de outros alvos e sem aparecimento de
inespecificidades (figura 6a e 6b).
RESULTADOS
50
Figura 6a: Imagem gerada pelo software de análise de fragmentos do pico
resultante da amplificação do gene Npro do BVDV com 161pb.
Figura 6b: Imagem gerada pelo software de análise de fragmentos dos picos
resultantes da amplificação do do gene Npro do BVDV com 161pb e da região 5`
não codificante (5`NCR) Picornavírus (PicV) com tamanho de 390pb.
RESULTADOS
51
Além deste controle interno da reação capaz de confirmar a qualidade
(eficiência) das etapas de extração de ácidos nucléicos, síntese de cDNA e
amplificação do cDNA, decidimos construir um controle positivo único para todas
as amplificações virais, no sentido de facilitar sua utilização na placa. Ao invés de
utilizarmos uma mistura de todos os controles positivos, decidimos pela construção
de um plasmídeo contendo todas as seqüências alvo (figura 7). Esta escolha levou
em conta a possibilidade de se descartar contaminação de forma mais confiável e
rápida, pois as seqüências contidas dentro de cada trecho amplificado do
plasmídeo são distintas dos vírus selvagens. Além disso, uma seqüência de
cloroplasto conhecida de uma espécie vegetal (Populus trichocarpa) foi inserida
neste plasmídeo, o que facilita sua caracterização por seqüenciamento em caso de
suspeita de contaminação.
O fragmento construído contendo todas as seqüências alvo foi inserido no
plasmídeo pUC57 (2710 pb) ficando ao final com tamanho de 3677pb (GenScript
Corporation, New Jersey, EUA). Cepas de E. coli TOP10 contendo o plasmídeo
(fornecidos pelo fabricante) foram colocadas diretamente para crescimento em
meio LB quido com ampicilina a 37
o
C durante um período de aproximadamente
12 horas. Após a constatação de crescimento da bactéria, a purificação plasmidial
foi feita através do kit PureYield™ Plasmid Miniprep System (Promega, Madison,
EUA) seguindo as instruções do fabricante. Uma quantificação foi feita em
espectrofotômetro com resultado de 283,53 !g de DNA/mL. Um lculo para saber
quantidade de cópias/mL foi realizado chegando a um total de 7.10
13
cópias/mL ou
7.10
10
cópias/!L. O cálculo foi baseado na suposição de que um mol de um par de
base pesa 660g (peso médio de um par de base 660 Daltons) e que o peso
molecular de uma fita dupla de DNA molde pode ser estimado pelo seu
comprimento em pares de base.
RESULTADOS
52
A solução estoque foi diluída 17,5x para ficar com uma concentração de
10
10
cópias/2,5!L. A partir desta solução foram feitas diluições seriadas de 10x até
a concentração mínima de 0,1 cópias/2,5!L.
Figura 7: Seqüência do fragmento construído para atuar como controle positivo de
todas as amplificações do método. As seqüências dos primers de cada uma das
etiologias estão destacadas por caixas de cor diferente, uma para cada alvo. A
RESULTADOS
53
seqüência de um organismo vegetal (Populus trichocarpa) foi inserida no fragmento
para checagem de eventuais suspeitas de contaminação.
As corridas eletroforéticas foram realizadas utilizando um pool contendo 10
!l de cada amostra em cada linha da placa. Este pool foi transferido para uma nova
placa para leitura no seqüenciador (figura 8). A placa de corrida continha em cada
um dos 96 poços 7,75 µl de Tween 20 0,1%, 0,25 µl de ET-ROX (MegaBace™
ET900-R Standard® - GE Healthcare Amersham Biosciences, Little Chalfont,
Reino Unido) e 2,0 µl de cada amostra. Cada placa de PCR gerou, portanto, oito
pools de produtos, sendo dois controles (um positivo e um negativo) e seis
amostras clinicas. O seqüenciador utilizado na corrida eletroforética capilar
comporta, em uma única corrida, uma placa de 96 orifícios. Com isso foi possível
realizar uma corrida contendo 72 diferentes amostras de 12 diferentes placas de
reação.
Após a corrida eletroforética no seqüenciador MegaBace™ (GE Healthcare
Amersham Biosciences, Little Chalfont, Reino Unido), a análise dos resultados foi
feita com o programa FragmentProfiler (GeneticProfiler GE Healthcare
Amersham Biosciences, Little Chalfont, Reino Unido). A figura 9 exemplifica uma
análise de uma amostra controle positivo, contendo doze diferentes amplímeros.
A sensibilidade do método foi avaliada utilizando diluições seriadas do
plasmídeo por reação. As diluições testadas para a reação foram de 10
6
até 0,1
cópias do plasmídeo. O limite de detecção observado foi de 100 cópias por reação
para todos os alvos. Em nenhum caso foi visualizado reação cruzada ou
inespecificidade. A altura dos picos (URF unidade relativa de fluorescência) foi
diferente para cada alvo e observamos menores intensidades para o AdV.
RESULTADOS
54
Figura 8: Representação gráfica do pool de produtos de PCR formado a partir de
uma linha da placa, correspondente a uma amostra, para corrida eletroforética
RESULTADOS
55
capilar em seqüenciador de DNA. A placa que vai ao seqüenciador contém os pools
de cada linha, comportando portanto 12 placas de PCR (72 amostras, 12 controles
positivos e 12 negativos)
Figura 9: Visualização do Software “Fragment Analysis”, com uma imagem dos
resultados de uma amostra de amplificação de controle positivo picos das
diferentes amplificações. No eixo vertical podemos observar a altura dos picos
(intensidade) de cada fragmento em Unidades Relativas de Fluorescência. No eixo
horizontal é visualizado o tamanho do fragmento gerado pela reação em pares de
base.
RESULTADOS
56
O uso de nosso método resultou na identificação de pelo menos um vírus
respiratório em 33 amostras (46%) e em 39 amostras não foi detectado nenhum
vírus (64%). Os vírus identificados estão apresentados na tabela 1:
Tabela 1: Vírus identificados pelo método de analise fragmento (VR11) nas 72
amostras estudadas.
Vírus identificado
Número de amostras positivas(%)
Picornavirus
22 (30,5)
hBoV
5 (6,9)
PIV 3
3 (4,2)
InfV A
3 (4,2)
InfV B
1 (1,4)
hCoV
1 (1,4)
hMPV
1 (1,4)
No teste comparativo da “performance” do método com detecção de análise
de fragmento (VR11) em relação ao PCR em tempo real verificamos uma boa
correlação, exceto para influenza A e metapneumovírus, que não resultaram
positivos no método de PCR em tempo real (tabela 2).
Tabela 2: Comparação dos resultados de identificação viral em 72 amostras de
lavado nasofaríngeo utilizando os métodos de VR11 e PCR em tempo real.
Metodo
RSV
PIV 1
PIV 2
PIV 3
InfV A
InfV B
AdV
hMPV
hCoV
Picorna
hBoV
VR11
0
0
0
3
3
1
0
1
1
22
5
Real time
0
0
0
3
0
1
-
0
-
22
6
RESULTADOS
57
Co-detecções foram observadas em cinco das 72 amostras, todas elas com
detecção do picornavírus como um dos agentes. Apenas uma amostra apresentou
detecção tripla (tabela 3).
Tabela 3: Co-detecções identificadas pelo método VR11.
Amostras
Vírus Detectados
vFC20
hBoV + Picornavírus
vFC34
InfVB + Picornavírus
vFC42
PIV3 + hMPV + Picornavírus
vFC134
PIV3 + Picornavírus
vFC140
hBoV + Picornavírus
Para a avaliação de reprodutibilidade do nosso método (VR11), as amostras
foram testadas em duplicatas. Uma amostra positiva para RSV e uma para AdV
não reproduziram o mesmo resultado nas duplicatas e foram consideradas
negativas.
Na avaliação visual dos resultados da amplificação no software de análise
de fragmentos, um “Cut-off” foi definido entre 100 e 650 pb para conter todos os
fragmentos esperados. Picos fora desse limite foram desconsiderados, já que picos
abaixo de 100pb poderiam ser resultado deprimers-dimers e picos acima
poderiam ser inepecificidades.
De forma análoga, a sensibilidade do método usando o software de análise
de fragmentos foi definido através de um “Cut-off” vertical. Foram considerados
RESULTADOS
58
apenas os picos com uma URF (unidade relativa de fluorescência) acima de 50
(#50URF) (figura 8).
DISCUSSÃO
59!
2.3 DISCUSSÃO
A diversidade de agentes virais envolvidos em infecções respiratórias
agudas é um dos grandes obstáculos para a investigação etiológica mais
abrangente destes casos. Neste estudo, foi possível padronizar um método
baseado em PCR e RT-PCR combinado a eletroforese capilar em seqüenciador
automatizado e análise de fragmentos por software específico para detecção de 11
diferentes vírus respiratórios em amostras de trato respiratório. O método foi
otimizado para facilitar sua preparação e economizar recursos, como o uso de
ponteiras, e mostrou-se eficiente na identificação dos vírus em amostras de
crianças e adolescentes com fibrose cística.
Os métodos tradicionais como imunofluorescência e isolamento viral em
cultura de células foram extensivamente utilizados para detecção de vírus
respiratórios antes da adoção dos métodos moleculares pela maioria da
comunidade científica (Spyridaki et al, 2009). O uso de métodos de biologia
molecular, em particular a PCR, no diagnóstico de infecções respiratórias virais é
hoje uma realidade em vários países e pode ser considerado como “padrão-ouro”.
Os métodos de biologia molecular receberam durante muito tempo críticas quanto
ao seu custo, confiabilidade e reprodutibilidade. Atualmente, entretanto, vários
Centros do mundo utilizam métodos de biologia molecular em pesquisa e
assistência (Mahony, 2008; Lee et al, 2007; Templeton et al, 2004; Tiveljung-Lindell
et al. 2009).
Os métodos clássicos de amplificação do genoma viral sempre tiveram a
desvantagem de necessitar de etapas pós-amplificação trabalhosas; dependerem
de visualização de bandas em corridas eletroforéticas, trazendo ainda riscos de
contaminação da cadeia diagnóstica. Além disso, uma reação visa, em geral, à
amplificação de um único alvo genômico, o que complica a investigação de vários
DISCUSSÃO
60!
alvos de uma única vez. Uma solução buscada por Bellau-Pujol et al (2005) para a
detecção de vários vírus respiratórios de uma única vez foi a adoção do método de
multiplex, quando várias amplificações ocorrem de forma concomitante em um
único tubo de PCR (Bellau-Pujol et al, 2005). Esta solução, entretanto, traz diversos
problemas de padronização e reprodutibilidade, de tal modo que métodos deste tipo
ficam fadados a utilização in-house, com restrições quanto à confiabilidade em seus
resultados pela comunidade científica. Mesmo assim, algumas empresas lançaram
produtos e relataram boa eficiência de métodos baseados em PCR e RT-PCR com
revelação em gel de agarose para identificação de a6 vírus respiratórios (Fan et
al, 1998). Para minimizar os problemas com a etapa de revelação, este método foi
posteriormente otimizado com a adição de uma etapa de hibridização com placas
sensibilizadas para detectar os amplímeros gerados (Kehl et al, 2001). A escolha
do método de PCR/RT-PCR em placa com eletroforese capilar no seqüenciador de
DNA teve por objetivo contornar dois destes problemas: em primeiro lugar, evitar a
necessidade de reações do tipo multiplex e em segundo lugar evitar a revelação em
gel de agarose, facilitando o trabalho e melhorando a sensibilidade analítica.
Outros métodos descritos mais recentemente, como a tecnologia xMAP e
liquid chip utilizando equipamento Luminex (Lee et al, 2007; Nolte et al, 2007) e o
uso de Microarrays (Kistler et al, 2007) parecem superiores à metodologia
desenvolvida no presente estudo, pois oferecem uma possibilidade ainda maior na
identificação de novos vírus e possuem potencial para detecção concomitante de
um número muito maior de alvos. Estas tecnologias, entretanto, têm alto custo de
implantação e realização e estão, no momento, distantes da nossa realidade local,
não só pelo custo do equipamentos, mas também pela manutenção e reagentes.
O PCR em tempo real pode ser considerado hoje a ferramenta mais
utilizada para detecção de vírus respiratórios, mesmo sendo considerado mais caro
quando comparado a ensaios de PCR multiplex convencional. Muitos ensaios para
DISCUSSÃO
61!
detecção de vírus respiratórios foram descritos nos últimos anos, porém somente
alguns podem ser considerados plataformas completas de diagnóstico (Templeton
et al, 2004; Tiveljung-Lindell et al, 2009; van de Pol et al, 2007).
Nossa idéia foi desenvolver uma plataforma completa, incluindo etapas bem
estabelecidas de extração, amplificação e leitura de resultados, com controles de
todas as etapas do método. Uma plataforma flexível e prática de PCR em tempo
real foi descrita pelo grupo do Prof. Dr. Tobias Allander, do Instituo Karolinska na
Suécia, para o diagnóstico de 15 vírus respiratórios. As reações foram
individualizadas e uma abordagem escalonada foi sugerida: em apenas quatro
horas e 3 vezes ao dia o resultado de detecção dos principais vírus respiratórios
que foi chamado de “pacote básico” (RSV, InfV A e B) fica disponível, enquanto a
investigação dos alvos restantes, como AdV, PIV 1 - 3, HRV, HEV, HMPV, HCoV e
HBoV, chamada de pacote completo, é realizada e finalizada em adicionais 4
horas, completando um dia de trabalho. Essa plataforma tem como principais
vantagens a capacidade de detectar um amplo espectro de vírus respiratórios e um
aumento da sensibilidade quando comparada aos métodos tradicionais e um fluxo
racional (Tiveljung-Lindell et al, 2009). Para atingir o objetivo de tempo para o
resultado, entretanto, grande parte de seu fluxo necessita automação, incluindo os
processos de extração, preparo de reagentes e placas para amplificação, o que
pode elevar o custo significativamente, a não ser que o volume de amostras seja
muito grande.
Nosso método foi capaz de analisar 72 amostras clinicas em uma única
corrida eletroforética automatiza em capilar em aproximadamente 2 horas para 11
diferentes vírus (alvos). Porém, cada placa de PCR é capaz de amplificar somente
6 amostras clinicas e o tempo de preparo e termociclagem é de cerca de 4 horas.
Sendo assim, seria possível realizar a investigação de 11 diferentes alvos num
período de aproximadamente 6 horas. Entretanto, o fato de que uma corrida
DISCUSSÃO
62!
eletroforética no seqüenciador automatizado pode acomodar até 12 placas de PCR
indica que a melhor utilização desta plataforma é na avaliação de grandes volumes
de amostras (eventualmente amostras estocadas), sem uma preocupação
significativa com o tempo de realização. Claro que uma organização direcionada do
processo, com disponibilidade de vários termocicladores e preparo prévio de placas
com primers liofilizados, poderia viabilizar sua utilização na rotina de diagnóstico
molecular de vírus respiratórios em um laboratório clínico.
A idéia de utilizar a eletroforese capilar dos seqüenciadores automatizados
para diagnóstico de infecções respiratórias virais havia sido descrita por Erdman
et al (2003) e Thomazelli et al (2007), que relataram métodos para detecção de 6 e
9 vírus respiratórios, respectivamente. Nas referidas publicações, ambos relataram
ganho de sensibilidade e um aumento na detecção de vírus respiratórios em
amostras de lavado/aspirado nasofaríngeo quando comparado aos métodos
tradicionais de imunofluorescência e isolamento viral através de cultura. A proposta
de nosso estudo foi ampliar o número de agentes identificados e aperfeiçoar a
metodologia de preparo da placa no sentido de viabilizar sua utilização em larga
escala.
A opção de utilizar primers previamente testados em amostras de trato
respiratório teve por objetivo economizar tempo de análises mais aprofundadas de
sensibilidade e especificidade, mantendo a confiabilidade nos resultados
observados. A busca de métodos confiáveis e ao mesmo tempo abrangentes para
determinada espécie resultou, por outro lado, na escolha de primers para detecção
de mais de um subtipo para a espécie coronavírus e para o gênero Picornavírus
(Adachi et al, 2004; Papadopoulos et al, 1999). De fato, verificamos que a
estratégia foi adequada para identificação de diferentes subtipos de coronavirus,
pois amostras dos subtipos OC43, 229E, HKU1 e NL63 foram caracterizadas por
seqüenciamento de amplímeros entre pacientes com fibrose cística (Zerbinati et al,
DISCUSSÃO
63!
2009). Para as espécies rinovírus e enterovírus, entretanto, esta escolha trouxe
como conseqüência a necessidade de uma etapa subseqüente (PCR em tempo
real) para a identificação da espécie, mas tivemos a grata surpresa de verificar que
os primers OL26 - OL27 e o método de PCR em tempo real foram suficientemente
abrangentes para identificar amostras do recentemente descrito rinovírus C (Kiang
et al, 2008). Este agente, identificado através de seqüenciamento de amplímeros
de aproximadamente 390 pares de bases da região 5` não codificante (5`NCR),
mostrou-se associado a risco de exacerbação da doença respiratória nas crianças
com fibrose cística (de Almeida et al, 2010)
Uma das vantagens da padronização do método de PCR/RT-PCR em placa
foi a possibilidade de individualização das reações, dispostas nas colunas da placa,
evitando-se o formato de PCR em multiplex. Entretanto, esta individualização
poderia resultar em maior trabalho na preparação das placas, motivo pelo qual
padronizamos uma mistura única de reagentes para todas as reações propostas.
Esta adaptação não trouxe prejuízo aparente na sensibilidade e especificidade das
reações na identificação de seus alvos, mas um teste com maior número de
amostras pode ser necessário para confirmação desta impressão.
Além da padronização da mistura única de reagentes, uma rotina de preparo
da placa foi definida neste estudo, com o intuito de reduzir o tempo de preparo e o
trabalho de bancada. Com a disposição das reações em colunas e as amostras em
linhas foi possível utilizar uma micropipeta eletrônica multicanal em modo
seqüencial automático de pipetagem para a adição dos reagentes (primers e a
mistura única). Optou-se ainda pela utilização de berços (barcas) para acomodar
maiores volumes de reagentes (mistura única), possibilitando o preparo rápido de
diversas placas em uma “jornada” de trabalho. Os métodos de biologia molecular
evoluíram muito nos últimos anos e uma forte tendência à automação de etapas
(Templeton et al, 2004; Tiveljung-Lindell et al, 2009), mas soluções de rotina de
DISCUSSÃO
64!
trabalho como as propostas no presente estudo podem ser de grande relevância
para serviços que não dispõem de automação. A melhora de condições de trabalho
é uma das metas de todos os grandes laboratórios de análises clínicas e
profissionais que atuam na área de biologia molecular freqüentemente são vítimas
de lesões de esforço repetitivo (Baker e Cooper, 1998; Müller et al, 2004). Não
encontramos detalhamento das etapas com propostas similares nos trabalhos que
testaram previamente a metodologia de eletroforese capilar em seqüenciador
automatizado (Erdman et al, 2003; Thomazelli et al 2007).
Além da padronização de uma mistura única de reagentes e de uma rotina
de preparo das placas, a utilização de controles de qualidade para todas as etapas
do método é outro aspecto essencial na elaboração de métodos diagnósticos
baseados em biologia molecular. A opção inicial pela amplificação do gene da beta-
actina foi baseada no seu uso freqüente em métodos diagnósticos para vírus
respiratórios, robustez e confiabilidade (Bellau-Pujol et al, 2005; Erdman et al,
2003). Apesar dos resultados obtidos nos trabalhos citados acima, Selvey et al.
(2001) demonstrou em seu estudo que o uso do gene da beta-actina como controle
interno pode ser inadequado em reações de RT-PCR quando utilizado para avaliar
expressão gênica. Já nos estudos de Erdman et al (2003) e Thomazelli et al (2007),
a amplificação do gene da beta-actina mostrou-se um controle interno satisfatório
para amostras de secreção respiratória.
Durante nosso estudo, todas as amostras que testamos resultaram positivas
para a amplificação do gene da beta-actina, mas verificamos o aparecimento de
inespecificidades nas corridas no seqüenciador com o uso de amostras clínicas. A
despeito dos picos de amplificação destas inespecificidades não coincidirem com
outros amplímeros do método, optamos pela substituição deste controle pela
amplificação do gene Npro do vírus da diarréia bovina (BVDV), um patógeno que
atinge gado bovino causando desde infecções assintomáticas até deficiência no
DISCUSSÃO
65!
sistema imunológico do animal levando à morte (Greiser-Wilke et al, 2003). O
BVDV foi utilizado como controle interno por Cleland et al (1999) e Yoo et al (2003)
em reações para detecção do vírus da hepatite C (HCV) em doadores de sangue,
com resultados satisfatórios. O tamanho do fragmento gerado pela reação de
BVDV foi de aproximadamente 161pb, dentro da faixa preestabelecida dos
amplímeros e com uma diferença mínima de 5 pares de base para outros alvos
testados. A adição do BVDV como controle externo (spike) tem como objetivo
garantir a qualidade da amostra durante as etapas do processamento (extração,
amplificação e revelação), confirmando que não nenhuma interferência no
processo, como inibidores de reação, e ao mesmo tempo é um procedimento
seguro, que não relatos de infecção pelo agente na espécie humana. A
amplificação do gene Npro do BVDV não resultou no aparecimento de
inespecificidades e não houve interferência com a amplificação de outros alvos, de
tal modo que este passou a ser o controle adotado.
Outro aspecto inovador do estudo foi a construção de um controle positivo
único contendo seqüências complementares aos primers para produzir amplímeros
de tamanho esperado. A decisão veio após um longo período procurando controles
positivos para cada uma das reações, com grande dificuldade em obtê-los em
nosso Laboratório e mesmo em outras Instituições. As seqüências de cada alvo
foram desenhadas em um único fragmento de 967 pares de bases, são distintas
das seqüências amplificadas nos vírus selvagens, além de conter uma inserção de
uma seqüência de cloroplasto de uma espécie vegetal conhecida (Populus
trichocarpa). Além de facilitar o preparo da placa, pois uma única amostra é
acrescentada na linha de todas as colunas da placa, facultando o uso de pipeta
automatizada multicanal, esta abordagem também facilita o processo de
investigação em caso de suspeita de contaminação (carry-over), pois o
seqüenciamento é capaz de indicar se ou não a presença de seqüências do
DISCUSSÃO
66!
fragmento nas amostras em questão. A grande maioria dos trabalhos tem utilizado
diluições seriadas de vírus isolados em cultura de células como controle positivo
(Bellau-Pujol et al, 2005; Erdman et al, 2003; Tiveljung-Lindell et al, 2009), e mais
recentemente alguns estudos relatam o uso de plasmideos clonados contendo a
seqüência do vírus alvo (Raymond et al, 2009; Tiveljung-Lindell et al, 2009).
A sensibilidade analítica do método na amplificação de diluições seriadas do
controle positivo (plasmídeo) foi determinada em 100 cópias por reação para todos
os alvos, demonstrando uma sensibilidade inferior à descrita por outros autores que
empregaram métodos de PCR em tempo real (Lu et al, 2006; Templeton et al 2004;
van Elden et al, 2003). Esta sensibilidade analítica, entretanto, é mais do que
suficiente para o emprego do método em amostras de nasofaringe, onde um
grande número de partículas virais pode ser identificado (Spyridaki et al, 2009;
Tiveljung-Lindell et al, 2009). Martin et al (2008), investigando a relação entre carga
viral em nasofaringe (aspirado nasofaringeo NPA) e gravidade clínica de crianças
infectadas por RSV ou hMPV descrevem valores médios de carga viral de 10
8
cópias/mL de NPA e 10
9
cópias/mL de NPA, respectivamente. Gerna et al (2009)
encontrou valores médios de carga viral em lavado nasofaringeo de
aproximadamente 10
6
cópias/mL NPA de rinovírus humano em crianças admitidas
no hospital com infecção aguda do trato respiratório. Um limite de detecção como
este observado por nós, por outro lado, poderia limitar a identificação de co-
detecções ou de períodos de excreção viral mais prolongados.
Não foi possível realizar a comparação da sensibilidade analítica com
diluições seriadas do plasmídeo entre nossa técnica e PCR em tempo real para os
diferentes vírus respiratórios porque tínhamos disponível apenas o método
TaqMan® para PCR em tempo real, e o uso de hibridização de sondas seria
inviável com o nosso controle positivo, que contém apenas a região dos primers
idêntica à dos alvos biológicos.
DISCUSSÃO
67!
Na comparação entre nossa técnica e o PCR em tempo real utilizando
amostras clínicas para a identificação dos vírus RSV, InfV A e B, PIV 1 3, hBoV,
hMPV e picornavirus (dividido em duas reações uma hRV e outra para hEV),
verificamos uma boa concordância entre os resultados, exceto para InfV A e hMPV.
O achado de amostras positivas para hMPV e InfV A no método de eletroforese
capilar que resultaram negativas no PCR em tempo real provavelmente não foi
devido a questões de limite de detecção (sensibilidade), que os limites do PCR
em tempo real (Oliveira et al, 2008; Templeton et al, 2004) são menores que os do
nosso método. Duas possibilidades podem ser aventadas neste caso: 1.
amplificação inespecífica de fragmentos de igual tamanho com o nosso método, o
que parece improvável frente aos testes prévios publicados com estes primers e
2. incapacidade de ligação da sonda do método Taqman por mutações na
sequencia dos vírus selvagens.
Raymond et al (2009) comparou dois ensaios para detecção de vírus
respiratórios, o método de PCR em tempo real com reações individualizadas e a
metodologia de detecção por hibridização (microarrays) utilizando multiplex PCR.
Os autores relataram uma boa concordância entre os resultados (aproximadamente
94%). Os autores relataram entretanto uma maior taxa de detecção com o método
de PCR em tempo real, provavelmente pela abordagem de reações
individualizadas.
A sensibilidade do método pode também ser avaliada de forma individual
para cada um dos alvos observando-se a altura dos picos em Unidade Relativa de
Fluorescência (URF), e de fato verificamos alturas diferentes, com menores valores
para o AdV. Isso se deve, provavelmente, à eficiência na amplificação de cada
reação, que poderia ser resultado, em teoria, de fatores como tamanho do
fragmento a ser amplificado, tempo de extensão do alvo durante a termociclagem e
capacidade dos primers de se anelarem a fita de DNA alvo. Curiosamente, esta
DISCUSSÃO
68!
diferença de altura dos picos não resultou em valores discrepantes na sensibilidade
analítica do método.
Uma das limitações deste estudo foi a falta de análise de sensibilidade
analítica utilizando-se diluições seriadas de culturas virais. A decisão pela utilização
do plasmídeo foi tomada pelo fato de não dispormos de culturas de todos os vírus
de interesse, mas uma alternativa seria a construção de plasmídeos contendo as
seqüências selvagens de cada um dos vírus isoladamente.
Nossos resultados demonstram uma boa eficácia do método para detecção
concomitante de 11 importantes vírus respiratórios conhecidos, RSV, InfV A, InfV B,
PIV 1, 2 e 3, AdV, HMPV, picornavírus, HCoV e HBoV em amostras de secreção
respiratória. Através da metodologia proposta, conseguimos padronizar uma
técnica capaz de ser utilizada em larga escala. Em uma única corrida eletroforética
é possível analisar até 72 amostras em 6 horas, o que é interessante para estudos
em que amostras são armazenadas para processamento conjunto. Entretanto, se
levarmos em conta o tempo de extração, preparo da placa e reação, o tempo total
para o resultado de uma amostra seria de cerca de um dia de trabalho.
Este estudo traz ainda perspectivas interessantes, com o emprego dacnica
em amostras de lactentes com infecção respiratória aguda (que apresentam uma
positividade muito mais expressiva) e a possibilidade de desenvolvimentos técnicos
como a automação do preparo das placas e a fabricação de placas contendo
primers liofilizados e um design mais amigável para o usuário, como linhas de cores
distintas.
3. CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
70!
3. CONCLUSÕES
Foi possível padronizar um método baseado em RT-PCR e PCR
convencional com detecção de fragmentos através de eletroforese capilar em
seqüenciador automatizado para identificação concomitante de onze diferentes
vírus respiratórios;
Todos os primers selecionados para o estudo mostraram resultados
satisfatórios na amplificação dos alvos virais, permitindo uma visualização
adequada dos amplímeros no software de análise de fragmentos;
Uma única mistura de reagentes exceção dos primers) foi determinada
para a amplificação eficiente de todos os alvos escolhidos;
Um protocolo de termociclagem com apenas uma temperatura de
pareamento foi determinado, permitindo o uso do método em termocicladores sem
o recurso de gradiente de temperaturas;
A amplificação do gene Npro do BVDV foi o controle escolhido por não
apresentar inespecificidades e possibilitar o controle de todas as etapas do método;
A sensibilidade analítica do método foi de 100 cópias/reação para cada um
dos vírus utilizando como amostras diluições seriadas do controle positivo
(plasmídeo);
Houve uma boa correlação entre os resultados obtidos com a nossa técnica
e o método de PCR em tempo real (68/72 amostras 94,4% de concordância).
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ANEXOS
!
82!
ANEXO A Termo de Consetimento
HOSPITAL DAS CLÍNICAS
DA
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS -INFORMAÇÃO
(Instruções para preenchimento no verso)
_____________________________________________________________________________________________________
I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL
1. NOME DO PACIENTE .:............................................................................. ....................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ...................................... SEXO: M F DATA NASCIMENTO: ......../......../......
ENDEREÇO .......................................................................................... Nº ........................... APTO: ..................
BAIRRO: ........................................................................ CIDADE .................................,....................................
CEP:......................................... TELEFONE: DDD (............) ...............................................................................
2.RESPONSÁVEL LEGAL .......................................................................................................................................
NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) ............................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ...................................... SEXO: M F DATA NASCIMENTO: ......../......../......
ENDEREÇO: ....................................................................................................... Nº ................... APTO: .............................
BAIRRO: ................................................................................ CIDADE: ...............................................................................
CEP: .............................................. TELEFONE: DDD (............)...........................................................................................
_______________________________________________________________________________________________________________________________________
II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Avaliação das Infecções Respiratórias Virais em Pacientes
com Fibrose Cística”.
PESQUISADOR: Dr. Luiz Vicente Ribeiro Ferreira da Silva Filho
CARGO/FUNÇÃO: MÉDICO INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL
69.437
UNIDADE DO HCFMUSP: INSTITUTO DA CRIANÇA
3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:
SEM RISCO RISCO MÍNIMO X RISCO MÉDIO
RISCO BAIXO RISCO MAIOR
(probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo)
4.DURAÇÃO DA PESQUISA : 1 ano
_____________________________________________________________________________________________________
III - REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU
REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO:
Trata-se de uma pesquisa para tentar conhecer melhor as infecções causadas por vírus
nas crianças com mucoviscidose. Pretende-se estudar, durante um ano, os episódios de
infecção por vírus e suas conseqüências para os pacientes, como necessidade de
antibióticos, aparecimento de novas bactérias e piora da função pulmonar. Para tanto, os
pacientes farão uma medida da oxigenação através de um aparelho que é colocado no dedo
(oxímetro de pulso) e também a medida da função pulmonar (crianças acima de 6 anos), que
é o exame de assoprar que é feito rotineiramente durante seu seguimento no ambulatório.
Além disso, serão colhidas amostras de escarro ou de esfregaço da garganta (que você está
habituado(a) a colher) e um lavado nasal, que é feito através de uma pequena sonda com
!
83!
soro fisiológico (“como uma lavagem do nariz com soro, que aspirando o líquido de volta”).
Serão colhidas ainda amostras de sangue no início e no fim do estudo. Estas amostras
servirão para verificar se existe reação do organismo à presença das bactérias e vírus
encontrados durante a pesquisa. Os exames e coletas de amostras serão feitos no próprio
ambulatório e no dia de atendimento, mas não substituirão as amostras colhidas
rotineiramente, pois serão estudadas em outro laboratório, somente com fins de pesquisa.
_____________________________________________________________________________________________________
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO
SUJEITO DA PESQUISA:
Fui informado que tal procedimento tem o risco mínimo da realização de qualquer coleta de
lavado nasal, escarro ou esfregaço de garganta, o risco de provocar o vômito durante a
coleta.
As coletas de sangue também apresentam o risco mínimo de trazer desconforto durante sua
realização e provocar o aparecimento de pequeno inchaço ou mancha roxa no local da
picada.
As condutas necessárias a estes procedimentos bem como as intercorrências previsíveis
(vômito, dor durante a punção, inchaço no local) me foram devidamente esclarecidas pela
equipe responsável.
Posso, a qualquer momento, como responsável pelo paciente, solicitar a interrupção de
qualquer procedimento previsto no estudo e, nesta situação, fica garantida a continuidade do
tratamento nas dependências do Instituto da Criança.
Declaro ainda que, tendo ciência quanto aos procedimentos de coleta de exames a que será
submetido, autorizo a participação do meu filho(a) nesta Pesquisa.
_____________________________________________________________________________________________________
V. INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E
REAÇÕES ADVERSAS.
Dr. Luiz Vicente Ferreira da Silva Filho – médico assistente da Unidade de Pneumologia do Instituto da Criança
Tel. 3069-8537 / 3069-8538 / 3069-8566
Bip: 3444-4545 código 95990
_____________________________________________________________________________________________________
VI. OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES:
_____________________________________________________________________________________________________
VII - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me
foi explicado, consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa
São Paulo, de de 20 .
____________________________________________ ___________________________________
assinatura do sujeito da pesquisa ou responsável legal assinatura do pesquisador
(carimbo ou nome Legível)
!
84!
ANEXO B APROVAÇÃO CAPPesq
!
85!
ANEXO C APROVAÇÃO CEP-IMTSP
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