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COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ
ANÁLISE DE ENRIJECEDORES À FLEXÃO COM CONCENTRADOR DE TENSÕES
Rodrigo Daflon Leite
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Oceânica.
Orientadores: Murilo Augusto Vaz
Marysilvia Ferreira da Costa
Rio de Janeiro
Março de 2010
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ANÁLISE DE ENRIJECEDORES À FLEXÃO COM CONCENTRADOR DE TENSÕES
Rodrigo Daflon Leite
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE)
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA.
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Murilo Augusto Vaz, Ph.D.
________________________________________________
Profª. Marysilvia Ferreira da Costa, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Julio César Ramalho Cyrino, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Célio Albano da Costa Neto, Ph.D.
________________________________________________
Dr. Anderson Barata Custódio, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MARÇO DE 2010
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iii
Leite, Rodrigo Daflon
Análise de Enrijecedores à Flexão com Concentrador
de Tensões/ Rodrigo Daflon Leite. Rio de Janeiro:
UFRJ/COPPE, 2010.
XIII, 108 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Murilo Augusto Vaz
Marysilvia Ferreira da Costa
Dissertação (mestrado) UFRJ/ COPPE/ Programa
de Engenharia Oceânica, 2010.
Referencias Bibliográficas: p. 99-102.
1. Enrijecedores à Flexão, Bend Stiffeners. 2.
Concentrador de tensões. I. Vaz, Murilo Augusto, et al. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,
Programa de Engenharia Oceânica. III. Titulo.
iv
Aos meus pais, Orisvaldo Pereira Leite
e Maria Helena Daflon Leite, avó,
Edith Daflon da Silva e à minha
namorada, Amanda Revoredo Vicentino.
v
AGRADECIMENTOS
Aos meus orientadores, Murilo Augusto Vaz e Marysilvia Ferreira da Costa pelo apoio,
orientação e conselhos durante a execução da dissertação e pela credibilidade e
confiança depositados em mim.
Aos meus pais, Orisvaldo Pereira Leite e Maria Helena Daflon Leite, pelo incentivo e
apoio sempre com muito amor e carinho.
À minha namorada Amanda Vicentino, pelo seu apoio, carinho, compreensão e pela
força na fase final deste trabalho.
Aos amigos de laboratório, Marcelo Caire e Nicolau Rizzo pelas sugestões e
orientações que contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.
Ao professor Célio da Costa Neto pela ajuda nos ensaios de tração.
Ao colega Fabio Sousa pela ajuda na usinagem e preparação dos corpos de prova.
À Planave, Promon e Eletrobras, empresas das quais eu trabalhei no decorrer do
curso, em especial ao Gerardo Penna, Wilson Boechat, Pascoal Bracco, Pauline Staib,
Luis Claudio Frade e Thales Lopes, por possibilitarem que eu investisse minhas forças
e dedicasse mais tempo às pesquisas.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
ANÁLISE DE ENRIJECEDORES À FLEXÃO COM CONCENTRADOR DE TENSÕES
Rodrigo Daflon Leite
Março/2010
Orientadores: Murilo Augusto Vaz
Marysilvia Ferreira Costa
Programa: Engenharia Oceânica
Enrijecedores ou bend stiffeners permitem a transição suave de rigidez entre o
riser flexível e o ponto de conexão com a plataforma, porém é sabido que a flexão
excessiva pode causar danos ao enrijecedor. Estes danos podem ser agravados caso
haja um concentrador de tensões, como uma trinca, no enrijecedor.
A proposta deste trabalho é analisar enrijecedores à flexão com concentrador
de tensões e propor uma metodologia para definição da carga máxima admissível ao
enrijecedor. Neste estudo, ensaios de tração uniaxiais são realizados com corpos de
prova retirados de enrijecedores reais com e sem concentrador de tensões com o
objetivo de caracterizar o material através de um modelo hiperelástico e definir a
tensão admissível do material. Os resultados dos ensaios experimentais são
comparados com um modelo em elementos finitos.
Além disso, um modelo em elementos finitos de um enrijecedor foi utilizado
para verificar a tensão que o enrijecedor é submetido com a aplicação de uma carga
no riser com ângulos variados. Foi simulado também uma trinca como concentrador de
tensões no enrijecedor.
Com estes resultados, foi possível estabelecer a carga máxima admissível no
riser para cada ângulo de aplicação.
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
ANALYSIS OF BEND STIFFENERS WITH STRESS CONCENTRATION
Rodrigo Daflon Leite
March/2010
Advisors: Murilo Augusto Vaz
Marysilvia Ferreira Costa
Department: Ocean Engineering
Bend stiffeners allow the soft transistion of stiffeness between the flexible riser
and the point of connection with the platform, however we know that the extreme
bending can cause damages to the bend stiffener. These damages can be aggravated
if it has a stress concentration, as a crack, in the bend stiffener.
The propose of this work is analyze bend stiffeners with stress concentration
and propose a methodology to define the maximum permissible load. In this study, uni-
axial tensile strength tests have been carried out with specimens cut from actual bend
stiffeners with and without stress concentrator in order to characterize the material by a
hyperelastic model and define the permissible tensile of the material. The results of
experimental tests were compared with a finite element model.
Moreover, a finite elements model of a bend stiffener was used to verify the
tensile that the bend stiffener is submitted with the application of a load in the riser with
varied angles. It was also simulated a crack as a stress concentration on bend
stiffener.
Nevertheless, it was possible to establish the maximum permissible load on the
riser for each angle of application.
viii
Sumário
1.
INTRODUÇÃO.......................................................................................................1
2.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................3
3.
POLÍMEROS.........................................................................................................8
3.1.
POLIURETANOS........................................................................................10
3.1.1.
Propriedades.......................................................................................11
3.2.
ELASTICIDADE NÃO-LINEAR....................................................................13
3.2.1.
Movimento...........................................................................................13
3.2.2.
Medidas de deformação ......................................................................16
3.2.3.
Medidas de tensão ..............................................................................23
3.2.4.
Relações constitutivas para material isotrópico elástico.......................27
3.2.5.
Modelos hiperelásticos ........................................................................34
3.3.
OBTENÇÃO DA CURVA TENSÃO X DEFORMAÇÃO................................38
3.3.1.
Preparação dos dados do ensaio de tração uniaxial............................39
3.3.2.
Ajuste dos modelos hiperelásticos.......................................................41
3.3.3.
Concentração de tensões....................................................................42
3.3.4.
Ensaio de Tração Uniaxial...................................................................46
3.3.5.
Avaliação do erro dos modelos hiperelásticos.....................................50
4.
ANÁLISE DE ENRIJECEDORES ........................................................................53
4.1.
INTRODUÇÃO............................................................................................53
4.2.
PROJETO DE ENRIJECEDORES ..............................................................55
4.3.
MODELAGEM.............................................................................................56
4.3.1.
Elemento .............................................................................................57
4.3.2.
Características do Enrijecedor.............................................................60
4.3.3.
Condições de contorno e carregamento..............................................68
4.4.
ANÁLISE DO ENRIJECEDOR SEM CONCENTRADOR DE TENSÕES.....70
4.5.
ANÁLISE DO ENRIJECEDOR COM CONCENTRADOR DE TENSÕES ....74
4.5.1.
Trinca ..................................................................................................76
4.5.2.
Submodelamento.................................................................................77
4.5.3.
Posição 1.............................................................................................82
4.5.4.
Posição 2.............................................................................................85
4.5.5.
Posição 3.............................................................................................88
4.5.6.
Comparação dos resultados................................................................91
5.
CONCLUSÕES....................................................................................................97
6.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................99
APÊNDICE A............................................................................................................103
ix
A. Área infinitesimal deformada em função da área infinitesimal indeformada..........103
APÊNDICE B............................................................................................................105
B. Teorema de Cayley-Hamilton...............................................................................105
APÊNDICE C............................................................................................................106
C. Constantes para os ajustes das curvas dos modelos hiperelásticos ....................106
APÊNDICE D............................................................................................................108
D. Valores do erro normalizado e do coeficiente de determinação (R
2
) ....................108
x
Índice de Figuras
Figura 3.1. Cadeia linear, cadeia ramificada e cadeia cruzada (FELIPETTO, 2003).....9
Figura 3.2. (a) Polímero amorfo; (b) Polímero semicristalino (MANO, MENDES, 1999)
...................................................................................................................................10
Figura 3.3. Formação de um poliuretano (CANGEMI, 2009).......................................11
Figura 3.4. (a) Segmentos rígidos; (b) Segmentos flexíveis (VILAR, 2002).................12
Figura 3.5. Cinemática do processo de deformação (BONNET e WOOD, 1997)........14
Figura 3.6. Movimento de um corpo (BONNET e WOOD, 1997) ................................15
Figura 3.7. Seção de um corpo em equilíbrio estático (LAI et al., 1993) .....................23
Figura 3.8. Trações sobre as configurações inicial e deformada.................................25
Figura 3.9. Extensão uniaxial (MARCZAK, 2006) .......................................................33
Figura 3.10. Exemplo de comparação entre tensão x deformação verdadeiros
(
)
εσ
x
41
Figura 3.11. Corpo de prova.......................................................................................44
Figura 3.12. Corpo de prova 1 com aumento de 100 vezes........................................45
Figura 3.13. Corpo de prova 1 com aumento de 500 vezes........................................45
Figura 3.14. Corpo de prova 3 com aumento de 100 vezes........................................45
Figura 3.15. Corpo de prova 3 com aumento de 500 vezes........................................45
Figura 3.16. Gráfico tensão x deformação para o CP1 ...............................................46
Figura 3.17. Gráfico tensão x deformação para o CP2 ...............................................46
Figura 3.18. Gráfico tensão x deformação para o CP3 ...............................................46
Figura 3.19. Gráfico tensão x deformação para o CP4 ...............................................46
Figura 3.20. Gráfico tensão x deformação para o CP5 ...............................................47
Figura 3.21. Gráfico tensão x deformação para o CP6 ...............................................47
Figura 3.22. Gráfico tensão x deformação para os corpos de prova com entalhe.......48
Figura 3.23. Ajuste da curva para o CP1 ....................................................................48
Figura 3.24. Ajuste da curva para o CP1 ....................................................................48
Figura 3.25 Ajuste da curva para o CP2 .....................................................................49
Figura 3.26 Ajuste da curva para o CP2 .....................................................................49
Figura 3.27. Ajuste da curva para o CP3 ....................................................................49
Figura 3.28. Ajuste da curva para o CP3 ....................................................................49
Figura 3.29. Ajuste da curva para o CP4 ....................................................................49
Figura 3.30. Ajuste da curva para o CP4 ....................................................................49
Figura 3.31. Ajuste da curva para o CP5 ....................................................................50
Figura 3.32. Ajuste da curva para o CP5 ....................................................................50
Figura 3.33. Ajuste da curva para o CP6 ....................................................................50
Figura 3.34. Ajuste da curva para o CP6 ....................................................................50
xi
Figura 4.1. Linhas flexíveis (SOUZA, 2008)................................................................54
Figura 4.2. Enrijecedor conectado a linha flexível (http://www.fesltd.co.uk) ................55
Figura 4.3. Famílias de elementos (HIBBITT et al., 2002)...........................................57
Figura 4.4. Tipos de elementos de acordo com o número de nós (HIBBITT et al., 2002)
...................................................................................................................................58
Figura 4.5. Exemplo de conector usado no enrijecedor (BIRCH , 1989) .....................60
Figura 4.6. Comparação força x deslocamento entre as análises dos modelos
computacionais dos corpos de prova sem entalhe......................................................62
Figura 4.7. Comparação tensão x deformação entre as análises dos modelos
computacionais dos corpos de prova sem entalhe......................................................63
Figura 4.8. Comparação força x deslocamento entre o modelo..................................63
Figura 4.9. Comparação tensão nominal x deformação nominal entre........................64
Figura 4.10. Comparação tensão nominal x deformação nominal entre o modelo
computacional e experimental até uma deformação de 30%......................................64
Figura 4.11. Entalhe com geometria quadrada ...........................................................65
Figura 4.12. Entalhe com geometria semi circular ......................................................65
Figura 4.13. Entalhe com geometria com chanfro.......................................................65
Figura 4.14. Gráfico Tensão x Deformação comparando os ensaios do CP com entalhe
de 1 mm com as simulações computacionais com entalhe de geometria quadrada ...66
Figura 4.15. Gráfico Tensão x Deformação comparando os ensaios do CP com entalhe
de 1 mm com as simulações computacionais com entalhe de geometria semi circular
...................................................................................................................................66
Figura 4.16. Gráfico Tensão x Deformação comparando os ensaios do CP com entalhe
de 1 mm com as simulações computacionais com entalhe de geometria com chanfro66
Figura 4.17. Gráfico Tensão x Deformação comparando os ensaios do CP com entalhe
de 1 mm com o entalhe com chanfro e semi circular de abertura igual a 0,175 mm ...67
Figura 4.18. Condição de contorno 1 – Superfície do Bend stiffeners engastada .......69
Figura 4.19. Condição de contorno 2 – Simetria no eixo z..........................................69
Figura 4.20. Tensão no enrijecedor sem entalhe submetido à flexão..........................71
Figura 4.21 Gráfico tensão x deformação no ponto de maior tensão do enrijecedor sem
entalhe com malha utilizando elemento hexaédrico....................................................72
Figura 4.22 Gráfico tensão x deformação no ponto de maior tensão do enrijecedor sem
entalhe com malha utilizando elemento tetraédrico ....................................................73
Figura 4.23 Comparação dos gráfico tensão x deformação no ponto de maior tensão
do enrijecedor sem entalhe.........................................................................................74
Figura 4.24. Posições das trincas analisadas no enrijecedor......................................75
Figura 4.25. Sentido das trincas analisadas no enrijecedor ........................................75
xii
Figura 4.26. Trinca como concentrador de tensões (SILVA, 2006).............................77
Figura 4.27. Densidade da malha de um submodelo..................................................78
Figura 4.28. Malha da viga..........................................................................................79
Figura 4.29. Configuração deformada da viga ............................................................79
Figura 4.30. Malha do primeiro submodelo da viga.....................................................80
Figura 4.31. Configuração deformada do primeiro submodelo da viga .......................80
Figura 4.32. Malha do segundo submodelo da viga....................................................81
Figura 4.33. Configuração deformada do segundo submodelo da viga.......................81
Figura 4.34. Malha do terceito submodelo da viga......................................................81
Figura 4.35. Configuração deformada do terceiro submodelo da viga ........................81
Figura 4.36. Gráfico tensão de Mises em cada incremento da análise dos 3 modelos82
Figura 4.37. Malha usada para simulação da menor trinca transversal na posição 1..84
Figura 4.38. Configuração deformada da análise da menor trinca transversal na
posição 1 com carga aplicada a 45º ...........................................................................84
Figura 4.39. Malha do submodelo da menor trinca transversal na posição 1..............84
Figura 4.40. Configuração deformada do submodelo da menor trinca transversal na
posição 1....................................................................................................................84
Figura 4.41. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise do modelo na Posição 1.................................................................................85
Figura 4.42. Malha usada para simulação da menor trinca transversal na posição 2..87
Figura 4.43. Configuração deformada da análise da menor trinca transversal na
posição 1 com carga aplicada a 45º ...........................................................................87
Figura 4.44. Malha do submodelo da menor trinca transversal na posição 2..............87
Figura 4.45. Configuração deformada do submodelo da menor trinca transversal na
posição 2....................................................................................................................87
Figura 4.46. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise do modelo na Posição 2.................................................................................88
Figura 4.47. Malha usada para simulação 2 ...............................................................90
Figura 4.48. Configuração deformada da análise da menor trinca transversal na
posição 3 com carga aplicada a 45º ...........................................................................90
Figura 4.49. Malha do submodelo da menor trinca transversal na posição 3..............90
Figura 4.50. Configuração deformada do submodelo da menor trinca transversal na
posição 3....................................................................................................................90
Figura 4.51. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise do modelo na Posição 3.................................................................................91
Figura 4.52. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido transversal e tamanho menor..........................................92
xiii
Figura 4.53. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido transversal e tamanho maior...........................................92
Figura 4.54. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido longitudinal e tamanho menor.........................................93
Figura 4.55. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido longitudinal e tamanho maior..........................................93
Figura 4.56. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido transversal e tamanho menor comparando os critérios de
tensão admissível e deformação admissível...............................................................94
Figura 4.57. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido transversal e tamanho maior comparando os critérios de
tensão admissível e deformação admissível...............................................................95
Figura 4.58. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido longitudinal e tamanho menor comparando os critérios de
tensão admissível e deformação admissível...............................................................95
Figura 4.59. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido longitudinal e tamanho maior comparando os critérios de
tensão admissível e deformação admissível...............................................................96
1
1. INTRODUÇÃO
Hoje em dia, um dos setores com maior quantidade de sistemas produtivos que
mais emprega alta tecnologia é a indústria de petróleo. O Brasil vem ocupando uma
posição de destaque mundial em extração de petróleo, especialmente em águas
profundas. Grande parte dos investimentos atuais são gastos em desenvolvimento de
tecnologias nesta área, principalmente em pesquisas relacionadas a risers de
produção.
O objetivo dos risers de produção é transportar o fluido, desde a cabeça do
poço até a unidade estacionária de produção, sendo que pela sua constituição podem
ser classificados em rígidos ou flexíveis. Considerando extração em águas profundas,
as linhas flexíveis têm exercido um importante papel em razão de muitas vantagens
oferecidas. Tais vantagens são a sua alta flexibilidade, facilidade de lançamento com a
possibilidade de armazenar grandes comprimentos em carretéis, pré-fabricação e
baixo custo de instalação e transporte quando comparados aos dutos rígidos.
Os dutos flexíveis são em geral constituídos de camadas de aço intercaladas
com polímeros formando uma estrutura com grande rigidez axial e torsional, porém
baixa rigidez à flexão. As camadas de aço proporcionam flexibilidade ao riser,
enquanto as camadas poliméricas proporcionam estanqueidade, protegem contra
corrosão e impedem a abrasão das camadas metálicas. Linhas flexíveis são,
certamente, um dos componentes mais críticos de sistemas de produção em águas
profundas.
Quando um componente submarino está conectado a alguma outra estrutura
como uma plataforma flutuante, muitas vezes é desejável limitar a flexão do
componente na região de conexão com a estrutura, uma vez que a flexão excessiva
pode causar danos ao componente. Esta situação é comumente encontrada na
indústria de extração de petróleo. Na junção entre o riser e a plataforma, o riser está
sujeito à flexão e também está exposto a grande carga axial. Se não forem utilizados
meios de proteção adequados riscos de danos ao riser devido à flexão excessiva e
fadiga. É uma técnica comum usar enrijecedores para melhorar a capacidade de
flexão de risers. O enrijecedor à flexão ou bend stiffener é uma estrutura cônica com
medida aproximada de 1 m de diâmetro para pequenos enrijecedores e de 1 a 5 m de
comprimento total. Seu material é o poliuretano, pois apresenta propriedades
indispensáveis a esta aplicação como flexibilidade, resistência mecânica e imunidade
à água do mar.
2
Tem-se conhecimento de diversos trabalhos publicados ao longo dos anos que
fazem análise de enrijecedores de poliuretano sujeitos a flexão. Estes trabalhos, em
sua maioria, não levam em consideração algumas não linearidades inerentes ao
processo, como por exemplo o material hiperelástico. Não foi encontrado registro de
critérios de falha para materiais hiperelásticos.
A proposta deste trabalho é analisar enrijecedores à flexão com concentrador
de tensões e propor uma metodologia para definição da carga máxima admissível ao
enrijecedor a partir da tensão máxima admissível. Para isto realizou-se ensaio de
tração uniaxial em diversos corpos de prova de poliuretano, sendo alguns corpos de
prova com um entalhe, e em seguida, com os dados coletados, realizou-se a análise
em elementos finitos do enrijecedor com uma trinca.
São apresentados no capítulo 2, os principais trabalhos científicos para uma
perfeita compreensão da resposta dos enrijecedores.
No capítulo 3 é apresentada uma introdução aos polímeros e aos poliuretanos
proporcionando uma melhor compreensão deste material. Em seguida, é mostrada a
teoria para materiais hiperelásticos e alguns modelos propostos para o cálculo da
função de energia de deformação destes materiais. A resposta hiperelástica deste
material, assim como sua tensão máxima admissível foram determinados com ensaios
de tração em amostras extraídas de enrijecedores reais. Realizaram-se ensaios de
tração em diversos corpos de prova, sendo alguns deles com entalhes simulando um
concentrador de tensões.
O capítulo 4 apresenta as análises do enrijecedor. Primeiramente são
mostrados alguns dados para projeto e modelagem do enrijecedor. Os dados
coletados nos ensaios experimentais são validados fazendo uma comparação com os
dados da simulação dos ensaios de tração sem entalhe e com entalhe no software
Abaqus. É feito também um estudo sobre as possíveis formas geométricas dos
entalhes nos corpos de prova. Logo após, as análises são descritas. A primeira delas
é com o enrijecedor sem entalhe e as outras análises são com uma trinca posicionada
em diferentes pontos do corpo do enrijecedor variando seu tamanho e seu sentido.
Para uma melhor análise das trincas, utilizou-se o recurso do submodelamento, este
recurso é exemplificado com uma viga bi engastada, onde fez-se três submodelos.
Este capítulo traz também uma comparação de diferentes malhas possíveis de serem
utilizadas na modelagem computacional em elementos finitos.
Por fim, são apresentadas, no capítulo 5, as conclusões e algumas sugestões
para desenvolvimento de trabalhos futuros.
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os principais trabalhos que apresentam a análise, projeto e características dos
enrijecedores são descritos a seguir.
BOEF e OUT (1990) desenvolvem um modelo para o projeto e análise de
enrijecedores baseado na teoria de vigas esbeltas sujeitas a flexão pura, grandes
deslocamentos e pequenas deformações. O resultado do modelo foi comparado com
uma análise em elementos finitos que considera também a não-linearidade do
material. O modelo em elementos finitos consiste de um grupo de elementos de viga
no eixo do modelo, representando o tubo flexível. Chegam à conclusão que o modelo
de viga esbelta é uma ferramenta eficiente para o projeto preliminar de enrijecedores,
embora continue sendo necessária a análise em elementos finitos para verificação
final do projeto.
LANE et al. (1995) revisam o estado da arte em materiais e fabricação de Bend
stiffener. Descrevem um software personalizado para o projeto interativo de Bend
stiffeners baseado no modelo de viga esbelta proposto por BOEF e OUT (1990).
Comparam seus resultados com outros obtidos pelo software comercial ABAQUS
.
Nestes modelos construídos no ABAQUS
, adotam o poliuretano como material
hipoelastico. As tensões fornecidas pelo software proposto parecem “suaves e bem
comportadas” quando comparadas aos modelos que consideram outras não-
linearidades. A grande vantagem do software á a sua rapidez de computação e
precisão no cálculo de deslocamento.
MENICONI e LOPES (2003) apresentam a análise de fadiga realizada em
enrijecedores da FPSO-P34, que tem o mesmo projeto que os enrijecedores que
falharam por fadiga em operação no campo de Marlim em 1998 e1999 na monobóia
IMODCO-III. Realizam dois tipos de ensaios: monotônico e cíclicos. A natureza
viscoelastica do material foi confirmada após a comparação do comportamento do
material nos dois testes. Nos testes realizados, consideram o comportamento
assimétrico entre tração e compressão. Verificam também, através de ensaios
experimentais, a redução do módulo de elasticidade com o aumento da deformação e
comparam os resultados para diferentes ciclos de carregamento. Através de testes de
compressão, determinam a taxa de variação do coeficiente de Poisson.
Os autores fazem uma análise em elementos finitos, onde consideram o
comportamento do material como linear e elástico, que a ordem de deformação é
muito pequena durante a operação. O objetivo foi encontrar a relação entre uma dada
deformação no enrijecedor e a deformação no ponto de interesse onde iniciou a trinca
4
de fadiga. Adotam uma análise baseada em deformação e levantam a curva de fadiga
e-N, identificando que a rugosidade das perfurações executadas nos corpos de prova
alteravam significativamente os resultados do teste.
VAZ e LEMOS (2004) apresentam uma formulação matemática e uma solução
numérica para a análise não-linear geométrica e material do Bend stiffener. Usam
equações diferenciais resultantes da compatibilidade geométrica, equilíbrio de forças e
momentos e das relações constitutivas do material, que podem ser linear elástica
simétrica ou não-linear elástica assimétrica. Comparam os resultados das duas
relações constitutivas e concluem que uma análise precisa de Bend stiffeners depende
da correta caracterização das propriedades do material.
KIEPPER (2004) revisa a tecnologia de enrijecedores e apresenta uma análise
do conjunto tubo flexível e enrijecedor pelo método dos elementos finitos utilizando o
software ABAQUS. Compara os resultados obtidos com os de um programa
numérico produzido pela COPPE/Petrobras.
CAIRE (2005) apresenta os resultados de ensaios realizados para
levantamento das características do poliuretano de enrijecedores a flexão. Realiza
ensaios de tração, compressão e fluência (sob tração e compressão). Com as curvas
e coeficientes dos ensaios de fluência, o autor nota que o comportamento do
poliuretano é viscoelástico não-linear e sugere uma teoria muito mais complexa que o
modelo viscoelástico linear por ele adotado. Ressalta também que o efeito da
temperatura sobre a resposta mecânica do poliuretano não fora levado em conta.
Desenvolve modelos de viga que representam o sistema linha
flexível/enrijecedor com comportamento do poliuretano se apresentando linear
elástico, não linear elástico assimétrico e viscoelástico linear. Compara o modelo linear
elástico com soluções em elementos finitos em duas e três dimensões. Mostra que o
efeito do esforço cortante se torna mais evidente quanto maior o carregamento
analisado, considerando um mesmo ângulo de aplicação da força. Concluiu que, para
análises mais simples, pode-se utilizar o modelo considerando apenas a não
linearidade do material com tensões simétricas, pois o efeito da não linearidade é mais
expressivo que o da assimetria. Mostra que o comportamento dependente do tempo
afeta de forma significativa a resposta do sistema linha flexível/enrijecedor.
Desenvolve também um modelo para grandes áreas de contato permitindo
estimar as pressões de contato ao longo do comprimento do enrijecedor. Observa que
a pressão de contato sempre se apresenta com maiores valores quando se utiliza a
maior folga (gap). Conclui que para se evitar possíveis problemas devido ao contato,
deve-se procurar utilizar sempre o menor gap entre a linha flexível e o enrijecedor.
5
LEMOS (2005) apresenta uma metodologia de análise de fadiga em risers
flexíveis conectados à FPSOs com turret e aponta o ponto de conexão com a unidade
flutuante como o ponto mais importante para avaliação de fadiga de risers flexíveis.
Apresenta o efeito da distribuição de curvaturas proveniente da representação do
enrijecedor considerando material linear elástico, não-linear elástico, assimétrico, e
material viscoelástico.
Lemos descreve mecanismos de fadiga, curvas S-N, critérios para análise de
fadiga com carregamentos multiaxiais, dano acumulado, fadiga em condições
elastoplásticas e fadiga em risers flexíveis. Apresenta uma ampla discussão sobre a
utilização de um projeto baseado em resposta aplicado à fadiga e faz um estudo de
caso da FPSO P33 da Petrobras.
O autor faz uma análise da interface riser-bend stiffener, descreve os
polímeros, propriedades elásticas e o comportamento viscoelastico. Resolve o
problema de contorno apresentado por BOEF e OUT (1990) com uma solução
numérica utilizando o método Rosembrock (denominado ODE23S) no pacote Matlab
e o método de “shoooting” com ajuda do usuário no Mathcad. Verifica que o ponto de
maior curvatura varia de acordo com o carregamento aplicado, sendo que não
necessariamente o ponto de maior deformação no material coincide com a pior
curvatura, mas o pior momento está sempre no engaste.
Lemos apresenta também, a variação da deformação máxima ao longo do
comprimento do Bend stiffener variando a rigidez do poliuretano e conclui que a
variação de deformação não é linear com a variação de rigidez do material.
Avalia o comportamento elástico não-linear assimétrico, fazendo uso de uma
aproximação por série de potências polinomial com coeficientes interpolados
previamente e resolve novamente o problema de valor de contorno numericamente,
comparando-os com os resultados dos softwares STIFFENER e ANFLEX.
Lemos reformula o problema para o caso viscoelástico linear, reescreve as
equações do modelo incluindo sua dependência com o tempo e apresenta os
resultados da aplicação de sua formulação.
MBAYE (2006) desenvolve um pré-processador para o sistema ANSYS para
geração e edição de malhas de elementos finitos de linhas flexíveis utilizadas em
plataformas.
Descreve a modelagem de uma linha flexível que utiliza elementos finitos para
a simulação das camadas da linha flexível e a interação entre elas. Utiliza elementos
de casca para modelar a carcaça intertravada, a armadura de pressão, as camadas
poliméricas e a tampa de fechamento; elementos de pórtico espacial para modelar os
6
arames das armaduras de tração e elementos de contato para viabilizar a interação
entre as camadas que compõe a linha flexível.
Elabora um programa em Fortran usando o método Runge-Kutta de ordem
para calcular a variação da curvatura ao longo de um segmento de linha flexível-bend
stiffener. Compara os resultados entre o modelo numérico e o sistema ANFLEX, de
propriedade da Petrobras e nota que, para todos os casos de carga analisados, os
valores de curvatura obtidos pelo programa ANFLEX são maiores que os obtidos
pelo programa numérico (Runge-Kutta).
Mbaye apresenta também a análise de flexão de uma linha flexível pelo método
de elementos finitos através de vários tipos de malhas. Conclui que modelos de linhas
flexíveis em elementos finitos são bastante sensíveis à variação do comprimento da
malha a ser utilizado.
CAIRE e VAZ (2007) avaliam a influência de uma resposta bi-linear do tubo
flexível na relação momento-curvatura do conjunto enrijecedor-tubo flexível sob
carregamentos extremos. Descrevem uma formulação analítica do problema e, devido
a variação considerável da curvatura critica com as condições de carregamento
impostas pelo riser (tensão interna e pressão externa), usam avaliações paramétricas
da distribuição da curvatura do conjunto em função da curvatura crítica, com 2,5; 5; 10
e 20% da curvatura limite. Considerando a rigidez do riser, utilizam os valores de EI
ns
iguais a 100, 1.000 e 10.000 kNm
2
. e EI
fs
igual a 10 kNm
2
, onde ns” indica “sem
escorregamento entre as camadas” e “fs” indica “com escorregamento entre as
camadas”. Os resultados são comparados com modelos discretizados no software
ABAQUS para casos de carregamento extremo.
Avaliam também a influência da folga (gap) entre o enrijecedor e o tubo na
fadiga do conjunto. Apresentam os resultados de um modelo com elementos finitos
para duas opções de folga entre o riser e o enrijecedor: 5 e 20 mm.
Caire e Vaz concluem que tanto o comportamento bi-linear à flexão do tubo
quanto a folga entre o tubo e o enrijecedor não influenciam expressivamente a
distribuição da curvatura em carregamentos extremos, porém estes parâmetros podem
ser significativos caso seja considerado o carregamento por fadiga. Concluem também
que a presença da folga entre os componentes e a bi-linearidade da rigidez do tubo
levam a resultados menos conservadores e sugerem a sua incorporação na avaliação
da fadiga do conjunto.
SOUZA (2008) apresenta uma análise estrutural estática de Bend stiffeners por
meio de um modelo linear elástico, analiticamente formulado, que é governado por
uma equação diferencial não-linear de segunda ordem com coeficientes variáveis,
resultando em um problema de valor de contorno. Desenvolveu um código escrito em
7
Matlab para solução numérica do problema de valor de contorno, com este código
realizou uma avaliação estrutural paramétrica (geométrica) de um enrijecedor à flexão
de geometria complexa em uma instalação típica, sujeita a carregamentos extremos.
Com o resultado desta avaliação conclui que, dentre sete parâmetros geométricos de
um enrijecedor cônico complexo, o comprimento total e o diâmetro máximo têm
influencia mais significativa na distribuição da curvatura do conjunto linha flexível-
enrijecedor.
8
3. POLÍMEROS
Historicamente, o desenvolvimento e o avanço das sociedades têm estado
ligados às habilidades dos seus membros em produzir e manipular materiais para
satisfazer as suas necessidades. As civilizações mais antigas, por exemplo, foram
designadas pelo nível de seu desenvolvimento em relação aos materiais (Idade da
Pedra, Idade do Bronze).
A palavra Polímeros é originária do grego que significa: poli (muitos) e meros
(partes). São definidos como o conjunto de pequenas moléculas denominadas
monômeros que se ligam por meio de uma reação denominada polimerização para
formar macromoléculas.
Os polímeros podem ser naturais ou sintéticos. Dentre os vários polímeros
naturais é possível citar a celulose (plantas), caseína (proteína do leite), látex natural e
seda. Dentre os polímeros sintéticos, que revolucionaram o século XX e ficaram
popularmente conhecidos como plásticos tem-se o policloreto de vinila (PVC), a
poliamida (Nylon) e o acrílico, entre muitos outros.
Com relação ao tipo de reação de polimerização, os polímeros são
classificados basicamente em dois grupos: de adição e de condensação, conforme
ocorra uma simples adição, sem subprodutos, ou uma reação em que são abstraídas
dos monômeros pequenas moléculas, como HCl e H
2
O. Como exemplo de polímeros
de adição tem-se o policloreto de vinila (PVC), e como exemplo de polímeros de
condensação tem-se a poliamida.
Segundo CANGEMI (2009), os polímeros podem ser classificados quanto à
fusibilidade em termoplásticos, que podem ser fundidos por aquecimento e
solidificados por resfriamento e termorrígidos que são infusíveis e insolúveis. Os
termoplásticos, de acordo com sua durabilidade e desempenho podem ser
convencionais ou de engenharia. Os termoplásticos de engenharia apresentam
melhores propriedades térmicas e mecânicas que os convencionais. São exemplos de
termoplásticos de engenharia, o policarbonato PC (utilizados na fabricação de CD,
janelas de aeronaves, ginásios de esportes e lentes de óculos) e as poliamidas
Nylons (usados em engrenagens plásticas, tecidos impermeáveis etc). Como exemplo
de termoplásticos convencionais tem-se o polietileno e o polipropileno. Os
termoplásticos convencionais são encontrados principalmente nas embalagens
plásticas como garrafas, copos descartáveis, potes, sacos plásticos etc.
De acordo com o seu comportamento mecânico, os polímeros são divididos em
três grandes grupos: borrachas ou elastômeros, plásticos e fibras. As borrachas ou
9
elastômeros são materiais macromoleculares que exibem elasticidade em longa faixa
à temperatura ambiente. Deformam-se no mínimo 2 vezes o seu comprimento
retornando ao inicial quando o esforço é retirado. Os plásticos se fundem quando são
aquecidos e solidificam por resfriamento. As fibras possuem corpo flexível, cilíndrico,
com pequena seção transversal e com elevada razão entre comprimento e diâmetro
(LOPES, 2007). A grande diferença entre estes três grupos está no módulo de
elasticidade: borrachas ou elastômeros (70 − 700 KPa), plásticos (7 − 70 MPa) e fibras
(700 − 7000 MPa), de acordo com MANO (2000).
Os polímeros podem ser classificados ainda como lineares quando tem suas
cadeias sem ramificações ou podem apresentar ramificações, cujo grau e
complexidade pode ir até o extremo da formação de retículos, resultando então no que
se denomina polímero reticulado, ou polímero com ligações cruzadas. Estas cadeias
podem ser vistas no esquema da Figura 3.1.
Figura 3.1. Cadeia linear, cadeia ramificada e cadeia cruzada (FELIPETTO, 2003)
Como conseqüência, cada tipo de cadeia, gera propriedades diferentes no
produto, especialmente em relação à fusibilidade e solubilidade. Os ramos laterais
dificultam a aproximação das cadeias poliméricas, o que diminui as interações
intercadeias, prejudicando assim as propriedades mecânicas. A formação de retículos,
devido às ligações covalentes entre moléculas, impede o seu deslizamento e “amarra”
as cadeias umas às outras, aumentando a resistência mecânica até formar o polímero
infusível e insolúvel.
Outro fator que afeta as propriedades dos polímeros é a sua estrutura
macromolecular. Os polímeros podem existir em estado amorfo ou semicristalino. Em
um polímero amorfo, as moléculas estão orientadas aleatoriamente e estão
entrelaçadas. Os polímeros amorfos são, geralmente, transparentes. Nos polímeros
semicristalinos, as moléculas exibem um empacotamento regular, ordenado, em
determinadas regiões, sendo mais comum em polímeros lineares, devido à sua
estrutura regular. Devido às fortes interações intermoleculares, os polímeros
10
semicristalinos são mais duros e resistentes; como as regiões cristalinas espalham a
luz, estes polímeros são mais translúcidos. O surgimento de regiões cristalinas pode,
ainda, ser induzido por um estiramento das cadeias, no sentido de alinhar as
moléculas. Um polímero nunca será composto integralmente de regiões cristalinas.
Uma representação esquemática da estrutura pode ser vista na Figura 3.2.
Figura 3.2. (a) Polímero amorfo; (b) Polímero semicristalino (MANO, MENDES, 1999)
3.1. POLIURETANOS
O crescimento da ciência e da tecnologia do plástico leva ao desenvolvimento
de novos materiais com diferentes tipos de propriedades desejáveis. Em 1848 Wurtz
descobriu que os grupos isocianatos reagiam quantitativamente com os grupos
hidroxilas primários originando grupos uretanos. Os poliuretanos (PU’s) fazem parte de
um grupo extenso de polímeros com diferentes composições e perfis de propriedade
que foram descobertos por Otto Bayer, em 1937. Eles são normalmente produzidos
pela reação de um isocianato (di ou polifuncional) e um poliol ou outros reagentes,
contendo dois ou mais grupos reativos (MARIANO, 2009). Os compostos contendo
hidroxilas podem variar quanto ao peso molecular, natureza química e funcionalidade.
Os isocianatos podem ser aromáticos, alifáticos, ciclo-alifáticos ou policíclicos. Esta
flexibilidade de escolha de reagentes permite obter uma infinita variedade de
compostos com diferentes propriedades físicas e químicas, conferindo aos
poliuretanos uma posição importante no mercado mundial de polímeros sintéticos de
11
alto desempenho. A Figura 3.3 mostra o esquema de uma reação típica de obtenção
de um poliuretano.
Figura 3.3. Formação de um poliuretano (CANGEMI, 2009)
3.1.1. Propriedades
As características físicas de um polímero dependem não apenas da sua forma
e do seu peso molecular, mas também das diferenças na estrutura das cadeias
moleculares. As técnicas modernas de síntese de polímeros permitem um controle
considerável sobre várias possibilidades estruturais.
Poliuretanos são materiais versáteis, e dependendo dos monômeros e do
catalisador, uma grande variedade de materiais pode ser obtida (cerca de 77 mil
tipos), com textura maciça ou celular, podendo resultar em borrachas, plásticos ou
fibras, de natureza termoplástica ou termorrígida (MANO e MENDES, 1999). O
poliuretano é conhecido pelas suas excelentes propriedades mecânicas tais como
resistência mecânica, resistência à abrasão, resistência a óleos e alta resiliência.
Durante a reação de polimerização, a formação de copolímeros compostos por
blocos de segmentos flexíveis e segmentos rígidos ligados em compostos de uretano.
Alguns materiais possuem longas cadeias flexíveis unidas por segmentos aromáticos
rígidos de poliuretano e poliuréia, estes são os elastômeros e espumas flexíveis. Os
poliuretanos rígidos têm um alto teor de ligações cruzadas e não apresentam as
estruturas segmentadas, presentes nos poliuretanos flexíveis. Os segmentos flexíveis
são formados por polióis e são responsáveis pela flexibilidade e estiramento. Por outro
lado, os segmentos rígidos são derivados da reação de isocianatos e extensores de
cadeia e, contribuem no travamento e na ligação das cadeias poliméricas tendendo a
se aglomerar em domínios que agem como precipitado e fornecem ao materal rigidez
e resistência mecânica. Na Figura 3.4 pode-se ver uma representação esquemática da
estrutura de fases do poliuretano com os segmentos rígidos e os segmentos flexíveis.
12
Figura 3.4. (a) Segmentos rígidos; (b) Segmentos flexíveis (VILAR, 2002)
Segundo VILAR (2002), a baixas temperaturas os poliuretanos tornam-se duros
e quebradiços. O poliuretano também terá maior dureza se possuir um elevado
percentual de segmentos rígidos e alto grau de reticulação, porém é comum a
ocorrência de pequenas variações de dureza devido às imperfeições do material.
O poliuretano é um material de engenharia bastante utilizado na indústria. Até
2008, o Brasil produzia cerca de 335 mil toneladas de poliuretano anuais e estima-se
que até 2012 este número seja 441 mil toneladas com uma evolução média de 4,7%
ao ano (Novas ações em busca da produção limpa, Revista Plástico Sul, 2008). Na
siderurgia, o poliuretano é utilizado em revestimentos de cilindros de laminação a frio
que tem a função de tracionar a linha. Na metalurgia, é utilizado também para revestir
cilindros e tambores e em algumas molas dos moldes de estamparia. Na indústria de
papel e celulose, o poliuretano é utilizado para revestir cilindros de prensa e rolos guia.
A indústria metro-ferroviária usa o poliuretano em talas isolantes instaladas em vias
sinalizadas ou eletrificadas. Os mercados de maior uso do poliuretano são o de
petróleo e mineração. Neste, o poliuretano é bastante usado no revestimento interno
de tubulações devido a sua proteção anti-abrasiva. Estas tubulações transportam o
rejeito e a polpa de minério gerados na produção de uma mineradora. Na indústria do
petróleo, o poliuretano é bastante utilizados nos enrijecedores de curvatura (Bend
stiffeners) localizados na conexão com o topo da plataforma, em proteções anti-
abrasivas e outros tipos de proteções. Uma plataforma de petróleo chega a ter mais de
20 toneladas de poliuretano distribuídos em algumas peças
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Poliuretano).
13
3.2. ELASTICIDADE NÃO-LINEAR
A não linearidade de muitos fenômenos que nos cercam estimula pessoas no
mundo inteiro a estudar tais fenômenos através de modelos matemáticos e
experimentais. Em grande parte dos materiais utilizados na engenharia, percebe-se
uma linearidade no início da trajetória de equilíbrio entre a força aplicada e o
deslocamento. No entanto, sempre existirá algum grau de não linearidade presente
após este trecho linear, que dependendo do material pode ser maior ou menor. A partir
do momento que a força não é proporcional ao deslocamento, tem-se a não-
linearidade geométrica. Quando um corpo apresentar alguns pontos com tensões
maiores que as tensões limites de escoamento e este demonstrar algum grau de
escoamento, mesmo que o restante do corpo permaneça em regime elástico, tem-se a
não-linearidade material ou não-linearidade física.
Outro tipo de não-linearidade encontrada em materiais de engenharia diz
respeito à relação constitutiva do material. Alguns materiais, como o poliuretano,
independente do vel de solicitação, possuem uma relação não-linear entre tensão e
deformação e são capazes de recuperar-se, rapidamente de uma grande deformação.
Estes materiais manifestam grandes deformações elásticas (normalmente
acompanhadas de não-linearidade geométrica), bem maiores que as encontradas em
materiais convencionais. Neste caso, a Lei de Hooke não é aplicável, isto é, as forças
deformantes não são proporcionais às deformações elásticas produzidas.
O comportamento de peças e componentes fabricados a partir de poliuretano,
como os enrijecedores, não é linear quando se faz um estudo entre tensão e
deformação.
3.2.1. Movimento
Segundo HOSS (2009), para descrever o movimento do corpo ao longo do
processo de deformação, torna-se necessária uma forma de especificar a posição de
cada partícula ao longo do tempo. Como pode ser visto na Figura 3.5, um corpo é
idealizado como um conjunto de partículas descritas pelas coordenadas (X
1
, X
2
, X
3
) do
vetor posição X, com as respectivas bases cartesianas E
i
na posição inicial t=0. A
posição destas partículas no instante t é descrito pelas coordenadas (x
1
, x
2
, x
3
) do
vetor posição x nas bases cartesianas e
i
.
14
Figura 3.5. Cinemática do processo de deformação (BONNET e WOOD, 1997)
Em qualquer momento, cada partícula do conjunto ocupa um ponto de uma
região fechada e cada ponto desta região é ocupado por somente uma partícula, não
podendo haver superposição ou desaparecimento de matéria. O movimento do corpo
pode ser matematicamente descrito como uma função
φ
entre as posições inicial e
atual da partícula através da equação:
(
)
tXx ,
φ
=
( 3.2.1 )
Onde:
ii
exx =
Para um valor fixo de t, a equação ( 3.2.1 ) representa um mapeamento entre a
configuração indeformada e a configuração deformada do corpo. Para uma partícula
X, esta equação descreve o movimento ou trajetória desta partícula em função do
tempo. De acordo com HOSS (2009), o mapeamento
xX
é uma transformação
matemática, e implica em um Jacobiano correspondente:
15
j
i
X
x
J
=
Como não pode haver superposição ou desaparecimento de matéria, a
condição de existência para o movimento é dada por J>0, o que resulta em
deformação contínua.
No decorrer deste trabalho, as bases cartesianas E
i
e e
i
são consideradas
iguais, conforme pode ser visto na Figura 3.6.
Figura 3.6. Movimento de um corpo (BONNET e WOOD, 1997)
Em problemas de Mecânica dos Sólidos, tradicionalmente se trabalha com os
deslocamentos sofridos pelo corpo. Da Figura 3.6 é fácil verificar que:
(
)
XtXXxu == ,
φ
( 3.2.2 )
Onde as componentes de u são os deslocamentos dos pontos nas direções
cartesianas:
16
ii
euu =
3.2.2. Medidas de deformação
3.2.2.1.
Tensor gradiente de deformação
A análise do comportamento de uma fibra infinitesimal de material, de
comprimento inicial dX, que se deforma em dx na configuração final é a forma mais
direta de se medir deformação. Da Figura 3.6, verifica-se que:
(
)
tXx
Pp
,
φ
=
(
)
tXx
Qq
,
11
φ
=
(
)
tXx
Qq
,
22
φ
=
( 3.2.3 )
E os correspondentes vetores, tornam-se:
(
)
(
)
tXtdXXxxdx
pPpq
,,
11
1
φφ
+==
(
)
(
)
tXtdXXxxdx
pPpq
,,
22
2
φφ
+==
( 3.2.4 )
A definição do tensor gradiente de deformação é (LAI et al., 1993):
φ
φ
=
=
X
F
( 3.2.5 )
Então, os vetores dx
1
e dx
2
são obtidos em termos de dX
1
e dX
2
:
11
FdXdx =
22
FdXdx =
( 3.2.6 )
As equações de movimento ( 3.2.3 ) podem ser escritas também como:
(
)
tXxx ,=
( 3.2.7 )
17
E o tensor gradiente de deformação pode ser escrito como:
X
x
F
=
( 3.2.8 )
Substituindo-se a equação ( 3.2.2 ) em ( 3.2.5 ), reescreve-se F em função dos
deslocamentos (LAI et al., 1993):
uIF
+
=
( 3.2.9 )
Onde:
X
u
u
=
( 3.2.10 )
O tensor F é uma medida primária de deformação, chamada gradiente de
deformação.
A relação dos comprimentos indeformado e deformado de uma fibra
infinitesimal de material é dado pela expressão ( 3.2.6 ). Partindo-se das definições de
área infinitesimal nas duas configurações, tem-se:
21
dXdXdA ×=
21
dxdxda ×=
Onde dA é a área infinitesimal indeformada e da é a área infinitesimal
deformada. É possível provar, conforme APÊNDICE A, que:
dAFFda
T
=
( 3.2.11 )
De forma análoga, pode-se definir os volumes infinitesimais:
321
dXdXdXdV =
321
dxdxdxdv =
18
Tem-se então a expressão:
dVFdv =
( 3.2.12 )
Ou seja,
JF =
, o que evidencia que o Jacobiano da deformação deve ser
sempre positivo. Em função desta restrição, o tensor F permite a seguinte
decomposição:
RUF
=
VRF
=
( 3.2.13 )
Onde U e V são tensores simétricos positivos chamados, respectivamente,
como tensores de alongamento à direita e à esquerda. A matriz ortogonal R descreve
as rotações do corpo rígido:
I
RR
R
R
TT
=
=
1=R
( 3.2.14 )
Para problemas submetidos a deformações homogêneas extensonais, tem-se:
VUF
=
=
( 3.2.15 )
I
R
=
( 3.2.16 )
3.2.2.2.
Tensores de deformação de Cauchy-Green
O gradiente de deformação estudado no item anterior pode ser considerado
uma medida de deformação do corpo. Contudo, conforme visto, ele incorpora
informações sobre deformações e rotações. Sendo assim, torna-se complicada a sua
aplicação em relações constitutivas já que as mesmas devem ser construídas de
modo que não sejam previstas tensões devido a movimento de corpo rígido. Os
tensores de deformação de Cauchy-Green eliminam a falta de simetria de F e a
variância com rotações.
Pode-se reescrever a equação ( 3.2.6 ) como:
19
(
)
CdXdXFdXFdXFdXdx
TTT
===
2
2
( 3.2.17 )
Onde:
2
UFFC
T
==
( 3.2.18 )
Pode-se observar que o tensor C representa uma medida de deformação, uma
vez que relaciona o comprimento do segmento na configuração instantânea (dx) a seu
comprimento na configuração indeformada (dX). O tensor C é denominado tensor de
deformação de Cauchy- Green à direita.
Pode-se definir também:
(
)
(
)
dXBdxdxFFdxdXFdX
TTT 1
12
12
===
( 3.2.19 )
Onde:
2
VFFB
T
==
( 3.2.20 )
O tensor B é definido como tensor de deformação de Cauchy-Green à
esquerda (ou tensor de Finger) (BITTENCOURT, 2005). Todos estes tensores
deformação definidos nas equações acima (U, V, B e C) ainda caracterizam mal a
deformação, pois assim como F, não fornecem um valor nulo quando submetido a
deslocamentos de corpo rígido, fornecendo como resposta a matriz identidade.
Utilizando ( 3.2.9 ), reescreve-se ( 3.2.18 ) e ( 3.2.20 ) como:
j
k
i
k
i
j
j
i
ij
j
K
i
K
ij
X
u
X
u
X
u
X
u
X
x
X
x
C
+
+
+
+=
=
δ
j
k
i
k
i
j
j
i
ij
j
K
i
K
ij
x
u
x
u
x
u
x
u
x
X
x
X
B
+
+
+
+=
=
δ
1
Onde:
20
trCCI
ii
==
1
( )
( )
(
)
2
2
2
2
1
2
1
2
1
trCtrCCCCCI
jiijjjii
==
CI =
3
( 3.2.21 )
As equações ( 3.2.21 ) representam os invariantes de C.
3.2.2.3.
Tensores de deformação de Green-Lagrange
Para fornecer uma medida de deformação que se anule quando não
deformação (por exemplo movimento de corpo gido), define-se o tensor de Green-
Lagrange a partir da diferença do quadrado do comprimento de uma fibra material
antes e depois da deformação:
dXdXdxdxdXdx
TT
=
22
( 3.2.22 )
( ) ( )
dXIFFdXdXIFFdXdXdx
TTTT
==
2
1
2
22
( 3.2.23 )
O tensor deformação de Green-Lagrange E é definido como o termo entre
colchetes na equação ( 3.2.23 ), ou seja:
[ ]
+
+
==
X
u
X
u
X
u
X
u
IFFE
TT
T
2
1
2
1
( 3.2.24 )
Combinando a equação ( 3.2.24 ) com a equação ( 3.2.18 ):
( )
ICE =
2
1
( 3.2.25 )
Sendo assim,
(
)
dXEdXdXdx
T
2
22
=
( 3.2.26 )
21
3.2.2.4.
Tensores de deformação de Almansi
O equivalente Euleriano de E é o tensor de deformação de Almansi G. A
equação ( 3.2.22 ) pode ser reescrita conforme as equações abaixo:
(
)
dxFFIdxdXdx
TT 122
=
( 3.2.27 )
( )
dxFFIdxdXdx
TT
=
122
2
1
2
( 3.2.28 )
O tensor deformação de Almansi G é definido como o termo entre colchetes na
equação ( 3.2.28 ), ou seja:
[ ]
+
+
==
x
u
x
u
x
u
x
u
FFIG
TT
T
2
1
2
1
1
( 3.2.29 )
Combinando a equação ( 3.2.29 ) com a equação ( 3.2.20 ):
(
)
1
2
1
= BIG
( 3.2.30 )
3.2.2.5.
Alongamento
Outra medida de deformação é o alongamento (stretch). O alongamento
corresponde à razão entre os comprimentos de uma fibra de material nas
configurações deformada e indeformada:
dX
dx
stretch =
ou
IE
+
=
λ
( 3.2.31 )
Para os casos de deformações homogêneas, o alongamento em cada direção
pode ser obtido diretamente dos valores principais de F (ATKIN e FOX, 1980):
22
=
3
2
1
33
22
11
00
00
00
00
00
00
λ
λ
λ
F
F
F
( 3.2.32 )
e, neste caso:
==
2
3
2
2
2
1
00
00
00
λ
λ
λ
BC
( 3.2.33 )
3.2.2.6.
Tensor deformação infinitesimal
Nos itens anteriores deste capítulo, foram definidas cinco medidas de
deformação (F, C, B, E e G), dadas pelas equações ( 3.2.9 ), ( 3.2.18 ), ( 3.2.20 ),
( 3.2.25 ) e ( 3.2.30 ). Não foi imposta nenhuma limitação quanto à extensão dessas
deformações, porém, na solução de problemas de engenharia, é comum a adoção da
hipótese de deslocamentos infinitesimais. Considerando esta hipótese, a extensão dos
deslocamentos é muito menor que as dimensões do corpo. Nestes casos, os termos
de ordem superior do gradiente do campo de deslocamentos tornam-se desprezáveis:
(
)
(
)
(
)
uuuuIFF
TT
T
+++=
(
)
(
)
1<< uu
T
( 3.2.34 )
E as seguintes relações são verificadas:
(
)
ε
2+++== IuuICB
T
G
=
ε
( 3.2.35 )
O tensor ε é chamado de tensor deformação infinitesimal.
23
3.2.3. Medidas de tensão
3.2.3.1.
Tensor Tensão de Cauchy
Seja um corpo em equilíbrio estático com um plano S passando através de um
ponto P conforme a Figura 3.7. O plano S tem um vetor normal n e divide o corpo em
duas partes (I e II). Considerando a parte I como um corpo livre, no plano S uma
força resultante F que atua sobre o incremento de área A no ponto P. Realizando-
se o limite
0
A
, obtém-se a equação ( 3.2.36 ) definida como vetor tração t (de II
para I) no ponto P.
A
F
t
A
n
=
0
lim
( 3.2.36 )
Se a parte II da Figura 3.7 for considerada um corpo livre, pela 3ª lei de
Newton, tem-se um vetor (de I para II),
n
t
no mesmo ponto e mesmo plano, porém em
direção oposta ao da equação anterior.
nn
tt
=
( 3.2.37 )
Figura 3.7. Seção de um corpo em equilíbrio estático (LAI et al., 1993)
24
A força F pode ser decomposta em uma componente normal F
n
e suas
componentes tangenciais F
t
e F
s
ao plano de corte (
ssttnn
eFeFeFF ++=
).
Define-se então as seguintes componentes de tensão:
dA
dF
A
F
n
n
A
nn
=
=
0
lim
σ
dA
dF
A
F
t
t
A
nt
=
=
0
lim
σ
dA
dF
A
F
s
s
A
ns
=
=
0
lim
σ
( 3.2.38 )
Generalizando para um contorno qualquer, tem-se as relações entre tração a
componentes de tensão como as chamadas equações de Cauchy:
n
t
σ
=
jiji
nt
σ
=
( 3.2.39 )
3.2.3.2.
Tensor Tensão Piola-Kirchhoff
Uma dificuldade em problemas de engenharia é que as equações de equilíbrio
devem atender a configuração do corpo deformado. No entanto, a forma do corpo
após a deformação é desconhecida. Uma maneira de resolver este problema é obter
medidas de tensão do corpo definidos sobre a configuração indeformada.
Seja dA
0
a área diferencial de um material com um vetor normal n
0
no tempo
inicial e a área dA do mesmo material que no tempo final possui um vetor normal n. A
área dA
0
é chamada de área indeformada e a área é chamada de área deformada dA.
Seja df a força que atua na área dAn conforme a Figura 3.8.
25
Figura 3.8. Trações sobre as configurações inicial e deformada
(BONNET e WOOD, 1997)
É possível definir dois outros vetores de tensão e tensores baseados na área
indeformada.
O primeiro tensor de Piola-Kirchhoff
O primeiro tensor de Piola-Kirchhoff (também chamado de tensor tensão
Lagrangiano) é uma transformação linear T
0
de acordo com a equação ( 3.2.40 ):
000
nTt =
( 3.2.40 )
Pode-se obter a relação entre o primeiro tensor tensão Piola-Kirchhoff e o
tensor tensão de Cauchy. Seja:
00
dAttdAdf ==
( 3.2.41 )
Então:
t
dA
dA
t
0
0
=
( 3.2.42 )
Combinando a equação ( 3.2.42 ) com as equações ( 3.2.39 ) e ( 3.2.40 ), tem-
se:
26
t
dA
dAn
n
dA
dA
nT
00
00
σ
σ
=
=
( 3.2.43 )
A equação ( 3.2.11 ) pode ser reescrita com a notação da Figura 3.8 na equação
( 3.2.44 ).
0
dAFFdA
T
=
( 3.2.44 )
Sendo assim, tem-se:
( )
(
)
010
det nFFdAdAn
T
=
( 3.2.45 )
Combinando as equações ( 3.2.45 ) com ( 3.2.43 ):
( )
(
)
0100
det nFFnT
T
=
σ
( 3.2.46 )
Tem-se então, na equação ( 3.2.47 ), o primeiro tensor tensão Piola-Kirchhoff
( )
(
)
T
FFT
10
det
=
σ
( 3.2.47 )
O primeiro tensor tensão Piola-Kirchhoff nos fornece a força instantânea df na
área atual dA, mas calculada por unidade de área de referencia dA
0
e expressa em
termos de sua normal n
0
. A relação entre T
0
e σ é obtida na equação .
T
FT
F
=
0
det
1
σ
( 3.2.48 )
O segundo tensor de Piola-Kirchhoff
O primeiro tensor de Piola-Kirchhoff não é simétrico, isto leva a relações
constitutivas muito complexas. Por isto se faz necessário a definição de um tensor
simétrico. Uma das formas de obter o tensor simétrico é definir uma força e um tensor
que sejam transformados da mesma forma que na equação ( 3.2.6 ):
27
dfFdf
10
=
01
T
F
T
=
( 3.2.49 )
Usando a definição ( 3.2.47 ), tem-se o segundo tensor de Piola-Kirchhoff mostrado na
equação ( 3.2.52 ).
( )
(
)
T
FFFT
11
det
=
σ
( 3.2.50 )
Comparando com o primeiro tensor de Piola-Kirchhoff, percebe-se que, ao
invés de relacionar df com a área dA, a equação ( 3.2.50 ) fornece a força df
0
em dA
0
,
relacionada com df, deste modo tem-se de uma medida Lagrangiana.
Apesar de ser simétrico sempre que σ também for, o tensor T leva a equações
de equilíbrio mais complexas que o primeiro tensor de Piola-Kirchhoff.
Sendo ρ e ρ
0
as densidades das configurações deformada e indeformada
respectivamente, é possível relacionar σ, T e T
0
a partir do princípio da conservação
da massa e da equação ( 3.2.12 ):
σ
ρ
ρ
1
0
0
= FT
(
)
T
FTT
10
=
T
TF
T
=
0
T
FTF
0
ρ
ρ
σ
=
3.2.4.
Relações constitutivas para material isotrópico elástico
Relações constitutivas são as equações que relacionam tensão com
deformação para que, obtendo a tensão, se possa calcular a deformação e vice-versa.
Nesta seção apresenta-se relações constitutivas para materiais isotrópicos elásticos,
lineares ou não-lineares. Segundo ATKIN e FOX (1980), o material elástico segue
duas regras:
É um material em que a relação tensão x deformação é perfeitamente
reversível (seja esta relação linear ou não).
28
O estado de tensões em um ponto do corpo depende apenas de uma
medida da deformação naquele ponto e não do histórico de
deformação.
Os materiais se dividem em isotrópicos, monotrópicos ou ortotrópicos
(VALENTE, 2004):
Isotrópico - Material com as mesmas características em todas as
direções ou, material com características simétricas em relação a um
plano de orientação arbitrária.
Monotrópico - Material com características simétricas relativamente a
planos paralelos e a planos perpendiculares a um eixo, que constitui a
direção de monotropia do material.
Ortotrópico - Material com características simétricas relativamente a três
planos ortogonais.
Neste trabalho foram abordados apenas materiais isotrópicos.
3.2.4.1. Material linear
Segundo LAI et al., (1993), um material linear elástico ideal tem as seguintes
características:
A relação entre a carga aplicada e a deformação é linear.
Ao se remover a carga, as deformações desaparecem completamente.
As deformações são muito pequenas.
Para descrever o comportamento de um material linear elástico sob um estado
de tensões tridimensional é preciso conhecer duas propriedades: o módulo de
elasticidade (E) e o coeficiente de Poisson (ν). A relação constitutiva para um material
linear elástico é a lei de Hooke, que está representada na equação ( 3.2.51 ):
+
+
=
ijkkijij
E
δε
ν
ν
ε
ν
σ
211
( 3.2.51 )
Onde σ é o tensor tensão de Cauchy e ε é o tensor deformação infinitesimal. O
módulo de compressibilidade é representado pela equação ( 3.2.52 ).
( )
ν
213
=
E
K
( 3.2.52 )
29
3.2.4.2. Material não-linear
A relação constitutiva apresentada na seção anterior na equação ( 3.2.51 )
pode ser utilizada para modelar pequenas deformações e mesmo se as deformações
forem pequenas, essa equação pode modelar comportamentos lineares. Sabe-se
que estas limitações restringem os polímeros quase que em sua totalidade. O
comportamento dos polímeros apresenta grandes deformações no regime elástico,
além de suas relações tensão x deformação serem bastante complexas. Existem três
tipos de lei constitutiva não-linear (LAI et al., 1993) e (BONNET e WOOD, 1997):
Hipoelasticidade Dedicada a modelar o comportamento tensão x
deformação não-linear restrito a deformações elásticas pequenas. É
indicada para as teorias aproximadas de plasticidade.
Materiais Hookeanos É usada em materiais com características
próximas a materiais lineares elásticos, estendendo para deformações
finitas.
Hiperelasticidade Quando o trabalho feito pela tensão durante o
processo de deformação é dependente apenas do estado inicial e da
configuração final, o material é denominado hiperelástico Seu
comportamento inclui tanto cinemática não-linear quanto tensão x
deformação não linear.
Como foi demonstrado no início desta seção, para um material elástico, o
estado de tensões em um ponto do corpo depende apenas de uma medida da
deformação naquele ponto. Esta medida da deformação pode ser obtida através da
chamada elasticidade de Cauchy. Na equação ( 3.2.53 ) tem-se a equação constitutiva
geral para a elasticidade de Cauchy.
)(Bf
=
σ
( 3.2.53 )
O caso tridimensional isotrópico mais geral, segundo LAI et al. (1993) é
representado pela equação ( 3.2.54 ):
2
210
BaBaIa ++=
σ
( 3.2.54 )
30
Onde
i
a
são funções escalares dos invariantes escalares do tensor B.
Aplicando o teorema de Cayley-Hamilton (APÊNDICE B) para B, tem-se:
0
32
2
1
3
=+ IIBIBIB
( 3.2.55 )
Multiplicando a equação ( 3.2.55 ) por
1
B
e substituindo em ( 3.2.54 ), tem-se
a equação ( 3.2.56 ) que é a forma mais geral de relação constitutiva para um material
isotrópico elástico sob grandes deformações.
1
210
++= BbBbIb
σ
( 3.2.56 )
Onde b
0
, b
1
e b
2
são funções escalares dos invariantes escalares de B.
Considerando sua incompressibilidade, as equações constitutivas ficam
bastante simplificadas, porém quando o material é considerado incompressível, a
solução do problema não pode ser obtida apenas em função dos deslocamentos. Nos
casos onde se tem materiais quase incompressíveis (coeficiente de Poisson bem
próximo a 0,5), é possível notar um comportamento muito particular onde qualquer
pequena alteração no deslocamento produz grandes alterações na tensão, de modo
que uma solução baseada simplesmente no deslocamento é muito sensível para ser
usada numericamente. Segundo HIBBITT et al. (2002), é preciso inserir uma tensão
hidrostática indeterminada
p
, sem alterar os deslocamentos. Tem-se assim, a
equação ( 3.2.57 ):
1
21
+=
BbBbpI
σ
( 3.2.57 )
Segundo LAI et al. (1993), as funções
i
b
podem ser derivadas de uma função
W dos invariantes
1
I
e
2
I
do tensor B tal que:
1
1
2
I
W
b
=
( 3.2.58 )
2
2
2
I
W
b
=
( 3.2.59 )
31
Onde W é uma função densidade de energia de deformação. Substituindo as
equações ( 3.2.58 ) e ( 3.2.59 ) na equação ( 3.2.57 ), tem-se a seguinte relação
constitutiva:
1
21
22
+= B
I
W
B
I
W
pI
σ
( 3.2.60 )
3.2.4.3. Soluções analíticas para sólidos incompressíveis
Para determinar a função densidade de energia é preciso realizar ensaios
experimentais. Estes ensaios correspondem a uma classe de problemas que possuem
solução analítica por tratar-se de problemas submetidos a deformações homogêneas
puras obedecendo a equação ( 3.2.15 ). Nesta seção apresenta-se a solução analítica
para o casos de tração de uma lâmina incompressível.
O tensor B pode ser obtido com a equação ( 3.2.33 ) e as equações ( 3.2.21 )
nos fornecem os invariantes de deformação (VAZ e LEMOS, 2001):
Primeiro invariante de deformação:
1
I
2
3
2
2
2
11
λλλ
++=I
( 3.2.61 )
Segundo invariante de deformação:
2
I
2
1
2
3
2
3
2
2
2
2
2
12
λλλλλλ
++=I
( 3.2.62 )
Terceiro invariante de deformação:
3
I
2
3
2
2
2
13
λλλ
=I
( 3.2.63 )
Devido à condição de incompressibilidade, pode-se eliminar o alongamento
3
λ
das equações:
32
1
321
=
λλλ
( 3.2.64 )
21
3
1
λλ
λ
=
( 3.2.65 )
Para que as condições de equilíbrio sejam satisfeitas, a tensão hidrostática
indeterminada
p
deve ser constante, como na equação ( 3.2.66 ):
0
tan
pteconsp
==
( 3.2.66 )
Substituindo as equações ( 3.2.33 ), ( 3.2.64 ), ( 3.2.65 ) e ( 3.2.66 ) na
equação ( 3.2.60 ), tem-se o seguinte campo de tensões:
2
2
1
1
2
1011
2
2
I
W
I
W
p
+=
λ
λσ
( 3.2.67 )
2
2
2
1
2
2022
2
2
I
W
I
W
p
+=
λ
λσ
( 3.2.68 )
2
2
2
2
1
1
2
2
2
1
033
2
2
I
W
I
W
p
+=
λλ
λλ
σ
( 3.2.69 )
A partir das equações ( 3.2.67 ), ( 3.2.68 ) e ( 3.2.69 ), pode-se obter soluções
analíticas para vários casos de geometria e carregamento.
3.2.4.3.1.
Tração de uma lâmina fina incompressível
Considerando o caso de tração uniaxial, representado pela Figura 3.9, pode-se
adotar as seguintes premissas descritas nas equações abaixo:
0
3322
==
σσ
( 3.2.70 )
λλ
=
1
( 3.2.71 )
33
λ
λλ
1
32
==
( 3.2.72 )
Figura 3.9. Extensão uniaxial (MARCZAK, 2006)
Segundo LAI et al. (1993), a equação ( 3.2.72 ) descreve a condição isocórica (não
alteração volumétrica). Neste caso, o tensor de deformação de Cauchy-Green à
esquerda torna-se:
==
2
2
2
2
2
1
00
00
00
λ
λ
λ
BC
( 3.2.73 )
Substituindo as equações ( 3.2.71 ) e ( 3.2.72 ) nas equações ( 3.2.61 ) e
( 3.2.62 ), tem-se as definições dos invariantes de deformação para o caso de
extensão uniaxial:
λ
λ
2
2
1
+=I
( 3.2.74 )
2
2
1
2
λ
λ
+=I
( 3.2.75 )
34
A pressão hidrostática é obtida substituindo as equações( 3.2.70 ) a ( 3.2.72 )
em ( 3.2.69 ), tem-se:
21
0
2
1
2
I
W
I
W
p
=
λ
λ
( 3.2.76 )
A equação ( 3.2.77 ), que representa a equação da tensão uniaxial, pode ser
obtida combinando as equações, ( 3.2.71 ), ( 3.2.76 ) com ( 3.2.67 ):
+
==
21
2
11
11
2
I
W
I
W
λλ
λσσ
( 3.2.77 )
3.2.5. Modelos hiperelásticos
Os modelos constitutivos para materiais hiperelásticos descrevem o
comportamento do material através da energia de deformação. A função densidade de
energia de deformação pode ser descrita como:
(
)
321
,, IIIWW =
ou
(
)
321
,,
λλλ
WW =
( 3.2.78 )
Onde,
321
,,
λλλ
são os três principais alongamentos e
321
,, III
são os
invariantes de deformação. Os diversos modelos hiperelásticos existentes se dividem
em duas categorias (BERTONI, 2009) e (VAZ e LEMOS, 2001):
Modelos micromecânicos: são modelos que foram desenvolvidos a partir de
informações sobre as ligações químicas do material.
Modelos fenomenológicos: são modelos que foram baseados em observações do
comportamento do material durante testes.
Tem-se a seguir alguns exemplos de modelos micromecânicos e modelos
fenomenológicos.
35
Modelos Fenomenológicos
Mooney-Rivlin (1951)
Gent-Thomas (1958)
Blatz-Ko (1962)
Hart-Smith Aprimorado (1966)
Hart-Smith (1966)
Fung (1967)
Veronda-Westmanns (1970)
Ogden (1972)
Peng-Landel (1972)
Hyperfoam (1972)
Knowles (1977)
Kilian (1981)
Van der Waals (1981)
Humphrey- Yin (1981)
Takamizawa-Hayashi (1987)
Yeoh (1990)
Yeoh-Modificado (1993)
Yamashita-Kawabata (1993)
Davis-De-Thomas (1994)
Gregory (1997)
Yeoh-Fleming (1997)
Martins (1998)
Amin (2002)
Hartmann-Neff (2003)
Bechir (2005)
Polinomial (-)
Modelos Micromecânicos
Neo-Hookeano (1943)
Edwards-Vilgis (1987)
Arruda-Boyce (1993)
Gent (1996)
Gent-03 Parâmetros (1999)
Pucci-Saccomandi (2004)
Horgan-Saccomandi (2002)
Neste trabalho, fez-se a análise do material hiperelástico em 5 modelos que
estão descritos a partir da próxima seção. Os modelos hiperelásticos apresentados a
seguir estão particularizados para o caso incompressível e fornecem como resposta os
coeficientes para o cálculo da função de energia de deformação.
36
3.2.5.1. Modelo de Mooney-Rivlin
É o modelo mais conhecido entre os modelos hiperelásticos. Também
chamado de modelo polinomial, é baseado no primeiro e segundo invariante de
deformação:
2 termos (polinomial de ordem 1)
)3()3(
201110
+= ICICW
( 3.2.79 )
3 termos (polinomial de ordem 2 considerando
0
20
=C
e
0
02
=C
)
)3)(3()3()3(
2111201110
++= IICICICW
( 3.2.80 )
Onde C
10
, C
01
e C
11
são os coeficientes do material.
3.2.5.2. Modelo Neo Hooke
É um caso particular do modelo de Mooney-Rivlin de dois termos,
considerando
0
01
=C
. A função energia de deformação fica então baseada no
invariante:
)3(
110
= ICW
( 3.2.81 )
3.2.5.3. Modelo de Ogden
É baseado diretamente nos alongamentos ao invés dos invariantes de
deformação:
( )
=
++=
N
n
n
n
nnn
W
1
321
3
ααα
λλλ
α
µ
( 3.2.82 )
37
Onde
n
µ
e
n
α
são constantes, podendo ser positivas ou negativas, inteiras ou
não. Neste modelo, deve-se respeitar a seguinte restrição:
=
=
N
i
ii
1
2
1
αµµ
( 3.2.83 )
O modelo de Ogden com 4 parâmetros, por exemplo, está descrito na equação
( 3.2.84 ):
( ) ( )
33
222111
321
2
2
321
1
1
+++++=
αααααα
λλλ
α
µ
λλλ
α
µ
W
( 3.2.84 )
A partir deste modelo, pode-se obter outros modelos por simplificação, como o
Neo-Hooke onde
1
=
N
,
µµ
=
1
,
2
1
=
α
e o modelo de Mooney-Rivlin de 2 termos,
onde
2
=
N
,
101
2C=
µ
,
012
2C=
µ
e
2
21
==
αα
.
3.2.5.4. Modelo de Yeoh
Este modelo é baseado no primeiro invariante de deformação. Normalmente a
sua versão mais usual é a de três termos
=
=
N
i
i
i
ICW
1
10
)3(
( 3.2.85 )
2 termos (polinomial reduzido de ordem 2)
2
120110
)3()3( += ICICW
( 3.2.86 )
3 termos
3
130
2
120110
)3()3()3( ++= ICICICW
( 3.2.87 )
38
Onde um dos três coeficientes da equação da energia específica de
deformação tem que ser negativo.
3.2.5.5. Modelo Polinomial
É um dos modelos mais recentes que tenta ajustar um polinômio de grau
desejado ao diagrama
σ
x
ε
do material:
j
N
ji
i
ij
IICW )3()3(
2
1
1
+=
=+
( 3.2.88 )
O modelo polinomial de ordem 2, por exemplo, está descrito na equação
(3.2.89):
)3)(3()3()3()3()3(
2111
2
202201
2
120110
++++= IICICICICICW
(3.2.89)
3.3. OBTENÇÃO DA CURVA TENSÃO X DEFORMAÇÃO
Para obtenção da curva tensão x deformação, realizou-se ensaios de tração e
compressão com o objetivo de caracterizar o material hiperelástico a ser usado na
modelagem numérica. Para a realização destes ensaios utilizou-se pequenas
amostras de enrijecedores como corpos de prova. Estas amostras foram usinadas
para a obtenção de cilindros utilizados nos ensaios de compressão e tiras planas, que
foram posteriormente cunhadas na forma de gravatinha para serem utilizadas nos
ensaios de tração. Os ensaios de tração e compressão foram realizados em uma
máquina Instron, modelo 5582. Realizaram-se os ensaios de tração até a ruptura do
material, e nos ensaios de compressão ensaiou-se os corpos de prova até o
surgimento de uma visível deformação em seu eixo radial (flambagem). Os ensaios
foram realizados de acordo com as normas ASTM D412 para tração e ASTM D695
para compressão.
Segundo a norma ASTM D695, testes de compressão não devem ser
considerados significativos para projetos de engenharia quando expressivas
diferenças são observadas entre as condições de ensaio normalizadas e as reais de
aplicação. Para projetos de engenharia serão necessários testes adicionais, como
39
testes de impacto, de fluência e de fadiga. Tendo em vista a impossibilidade do uso de
extensômetro neste ensaio, a caracterização de materiais poliméricos sob compressão
é difícil. É muito comum corpos de prova apenas se deformarem sem a ocorrência de
fratura, sendo assim, fica difícil precisar o momento da falha, portanto decidiu-se
desconsiderar os ensaios de compressão.
O ensaio de tração foi realizado com uma velocidade de travessão de
500mm/min, conforme mencionado pela norma ASTM D412. A deformação nos
estágios iniciais de ensaio foram medidas utilizando um extensômetro apropriado para
elastômeros, modelo OP-1439. Como os ensaios foram levados até a ruptura, o
extensômetro foi removido durante o ensaio. Enquanto a força ainda era muito
pequena, até que a garra fixasse o corpo de prova de maneira definitiva, observou-se
um escorregamento do corpo de prova na garra, o que ocasionou dados iniciais de
tensão e deformação diferentes de zero. Para que os gráficos tensão x deformação
obtidos partissem do eixo 0, os mesmos foram corrigidos.
3.3.1.
Preparação dos dados do ensaio de tração uniaxial
Segundo MILLER (1995), as definições para tensão e deformação de
engenharia são:
0
A
F
t =
( 3.3.1 )
0
L
u
e =
( 3.3.2 )
Onde
u
é o deslocamento e F é a força durante o ensaio de tração uniaxial; e
L
0
é o comprimento inicial e A
0
a área inicial da seção transversal do corpo de prova. A
deformação de engenharia (nominal) é obtida através do ensaio e é dada pela
equação ( 3.3.3 ). A deformação real pode ser obtida pela equação ( 3.3.4 )
empregando a deformação logarítmica, este valor é uma medida instantânea de
deformação. A relação entre a deformação nominal e a deformação real é apresentada
na equação ( 3.3.5 ):
0
0
L
LL
e
=
( 3.3.3 )
40
0
ln
00
L
L
L
dL
d
L
u
L
L
L
L
====
εε
( 3.3.4 )
(
)
e+= 1ln
ε
( 3.3.5 )
Como a equação ( 3.2.60 ) utiliza o tensor
B
que é descrito em função dos
alongamentos
i
λ
, deve-se trabalhar com os alongamentos ao invés dos
deslocamentos. A equação ( 3.3.6 ) mostra a transformação dos deslocamentos em
alongamentos:
e
L
Lu
L
L
+=
+
== 1
0
0
0
λ
( 3.3.6 )
Substituindo ( 3.3.6 ) em ( 3.3.5 ), tem-se a equação ( 3.3.7 ):
(
)
λε
ln=
( 3.3.7 )
Como se observa na equação ( 3.3.8 ), o volume do corpo de prova é
constante, pode-se assim ter uma representação para a tensão real a partir da área
deformada como descrito na equação ( 3.3.9 ) que é a chamada tensão de Cauchy.
00
L
A
AL
=
( 3.3.8 )
00
0
0
L
L
A
F
A
A
A
F
A
F
===
σ
( 3.3.9 )
Substituindo ( 3.3.6 ) em ( 3.3.9 ), tem-se na equação ( 3.3.10 ) a tensão
verdadeira em função do alongamento e da tensão de engenharia (nominal):
λ
σ
tet
=
+
=
)1(
( 3.3.10 )
Combinando as equações ( 3.3.10 ) e ( 3.2.77 ), tem-se a equação ( 3.3.11 )
que é uma equação com um valor de
t
para tração uniaxial em função de
λ
.
41
+
=
21
2
11
2
I
W
I
W
t
λ
λ
λ
( 3.3.11 )
Na Figura 3.10 tem-se um exemplo de um típico material hiperelástico, onde é
possível comparar os gráficos tensão x deformação verdadeiros (σ x ε) e tensão x
deformação nominais (t x e).
0
20
40
60
80
100
0 1 2 3 4
Deformação
Tensão (MPa)
σ
x
ε
t x e
Figura 3.10. Exemplo de comparação entre tensão x deformação verdadeiros
(
)
εσ
x
e tensão x deformação nominais
(
)
txe
3.3.2.
Ajuste dos modelos hiperelásticos
Os modelos hiperelásticos para o cálculo da energia de deformação são
usados para se obter a curva tensão x deformação do modelo. Ao se substituir as
equações ( 3.2.80 ), ( 3.2.81 ), ( 3.2.84 ), ( 3.2.86 ), ( 3.2.87 ) e (3.2.89) na equação
( 3.3.11 ), tem-se os ajustes das equações tensão x deformação para cada modelo
hiperelástico apresentado.
Ajuste para o Modelo de Mooney-Rivlin:
42
+
=
λ
λ
λ
01
10
2
1
2
C
Ct
( 3.3.12 )
Ajuste para o Modelo de Neo Hooke:
=
2
10
1
2
λ
λ
Ct
( 3.3.13 )
Ajuste para o Modelo de Ogden com 4 parâmetros:
+
=
1
2
1
2
1
2
1
1
2
2
1
1
22
α
α
α
α
λλµλλµ
t
( 3.3.14 )
Ajuste para o Modelo de Polinomial reduzido de ordem 2:
( )( )
32
1
2
12010
2
+
= ICCt
λ
λ
( 3.3.15 )
Ajuste para o Modelo de Yeoh:
( ) ( )
(
)
2
13012010
2
3332
1
2 ++
= ICICCt
λ
λ
( 3.3.16 )
Ajuste para o Modelo Polinomial de ordem 2:
( ) ( )( )
(
)
(
)
(
)
++
+++
=
λ
λ
λ
323
323
1
2
20211101
12021110
2
ICICC
ICICCt
(3.3.17)
3.3.3. Concentração de tensões
Algumas vezes, a regularidade na distribuição de tensões ao longo de uma
determinada dimensão na seção de uma peça é interrompida por aumentos
inesperados na tensão, causados por condições extras ou alguma descontinuidade
43
que proporciona às tensões valores maiores que os obtidos pelas equações comuns
da Mecânica dos Materiais. Quando este aumento de tensão é muito grande, fazendo
com que em uma curta distância a intensidade da tensão aumente bastante, as
tensões são consideradas muito localizadas e a situação é descrita como
“Concentração de Tensões”.
Segundo MEDEIROS (1984), concentração de tensões é uma elevação
localizada de tensões que pode ocorrer numa peça estrutural em conseqüência de
uma causa extra que intencional ou casualmente a peça apresenta num dado local. As
causas de concentração de tensões podem ser as mais variadas possíveis, como:
Grandes modificações na seção como, por exemplo em raízes de roscas de
parafusos, base de dente de engrenagem, no canto de um rasgo de
chaveta ou em uma viga contendo um furo;
Pressão nos pontos de aplicação de forças externas, tais como, nos pontos
de contato de dente de engrenagem ou em blocos de sustentação junto às
extremidades de uma viga;
Descontinuidades no próprio material como, por exemplo, bolhas de ar em
concreto ou inclusões não-metálicas no aço;
Fendas existentes na peça ocasionadas no processo de fabricação como,
por exemplo, de soldagem, esmerilhamento ou de um trabalho de
conformação a frio;
Tensões iniciais numa peça em conseqüência, por exemplo, do excesso de
esforço e trabalho a frio de metais ou de tensões residuais que resultam de
operações de soldagem.
Segundo TIMOSHENKO (1966), a maioria das rupturas de peças de máquinas
em serviço pode ser atribuída a pontos de concetração de tensões.
Visando criar um concentrador de tensões para simular uma trinca nos corpos
de prova utilizados nos ensaios de tração, usinaram-se alguns deles para a inserção
de entalhes de diferentes tamanhos de acordo com a Tabela 3.1. O detalhe do entalhe
assim como sua posição no corpo de prova, podem ser observados na Figura 3.11.
44
Figura 3.11. Corpo de prova
Tabela 3.1. Tamanho dos entalhes nos
corpos de prova
Corpo de Prova
Tamanho do Entalhe
1
2
2 mm
3
4
1 mm
5
6
Sem entalhe
Após a usinagem, os corpos de prova foram analisados no microscópio para
medição dos entalhes. Como o material é bastante irregular, a distância entre o pico e
o vale nos corpos de prova é grande e a imagem do microscópio não consegue focar o
vale e o pico juntos quando aumentada em 500 vezes. A falta de foco nestas imagens
comprometeu a medição, fez-se então a medição dos entalhes em um projetor de
perfis. A seguir, apresenta-se nas Figuras 3.12 a 3.15 a visualização pelo microscópio
da superfície de alguns corpos de prova após a usinagem e a tabela com as medidas
dos entalhes nos corpos de prova.
45
Figura 3.12
. Corpo de prova 1 com
aumento de 100 vezes
Figura 3.13
. Corpo de prova 1 com
aumento de 500 vezes
Figura 3.14
. Corpo de prova 3 com
aumento de 100 vezes
Figura 3.15
. Corpo de prova 3 com
aumento de 500 vezes
Tabela 3.2. Medidas dos corpos de prova (dimensões em mm)
Entalhe
CP
Lado 1 Lado 2
Largura do CP Espessura do CP
1 2,05 2,13 9,96 3,18
2 2,15 2,06 10,03 3,07
3 1,10 1,07 10,09 3,16
4 1,13 1,09 10,02 3,01
5 - - 9,95 2,98
6 - - 10,04 3,10
46
3.3.4. Ensaio de Tração Uniaxial
O ensaio de tração foi realizado em 6 corpos de prova, sendo 2 deles inteiros e
os outros 4 corpos de prova contendo pequenos entalhes. Em todos os ensaios, os
corpos de prova foram ensaiados até a fratura que aparentemente ocorreu de forma
frágil.
Para os ensaios dos corpos de prova 1, 2, 3 e 4, o extensômetro foi retirado
pouco antes da ruptura e nos corpos de prova 5 e 6 (ambos sem entalhe), foi retirado
quando atingiu-se uma deformação nominal da ordem de 30%. A seguir apresentam-
se o resultado dos ensaios de tração com os gráficos tensão x deformação nominais
retirados do ensaio experimental e também a curva tensão x deformação verdadeira. A
tensão verdadeira foi calculada a partir da equação ( 3.3.10 ) e a deformação
verdadeira foi calculada a pela equação ( 3.3.7 ).
Tração Ensaio CP1
0
3
6
9
12
0 0,1 0,2 0,3 0,4
Deformação
Tensão (MPa)
Tensão x Deformão (Verdadeiros)
Tensão x Deformão (Nominais)
Figura 3.16. Gráfico tensão x deformação
para o CP1
Tração Ensaio CP2
0
3
6
9
12
0 0,1 0,2 0,3 0,4
Deformação
Tensão (MPa)
Tensão x Deformação (Verdadeiros)
Tensão x Deformação (Nominais)
Figura 3.17. Gráfico tensão x deformação
para o CP2
Tração Ensaio CP3
0
3
6
9
12
0 0,1 0,2 0,3 0,4
Deformação
Tensão (MPa)
Tensão x Deformação (Verdadeiros)
Tensão x Deformação (Nominais)
Figura 3.18. Gráfico tensão x deformação
para o CP3
Tração Ensaio CP4
0
3
6
9
12
0 0,1 0,2 0,3 0,4
Deformação
Tensão (MPa)
Tensão x Deformação (Verdadeiros)
Tensão x Deformação (Nominais)
Figura 3.19. Gráfico tensão x deformação
para o CP4
47
Tração Ensaio CP5
0
50
100
150
200
0 1 2 3 4 5
Deformação
Tensão (MPa)
Tensão x Deformação (Verdadeiros)
Tensão x Deformação (Nominais)
Figura 3.20. Gráfico tensão x deformação
para o CP5
Tração Ensaio CP6
0
50
100
150
200
0 1 2 3 4 5
Deformação
Teno (MPa)
Tensão x Deformação (Verdadeiros)
Tensão x Deformação (Nominais)
Figura 3.21. Gráfico tensão x deformação
para o CP6
Na Tabela 3.3, pode-se ver os valores para as tensões e deformações
nominais e verdadeiras no momento da ruptura de cada um dos corpos de prova e na
Figura 3.22, tem-se uma comparação dos gráficos tensão x deformação verdadeiros
dos corpos de prova com entalhe. Fez-se a média da tensão verdadeira de ruptura dos
4 corpos de prova com entalhe, e o valor obtido foi 10,9 MPa, como mostrado no
gráfico. Neste trabalho, considera-se este valor como a tensão máxima admissível no
material com um concentrador de tensões.
Tabela 3.3. Tensões e deformações nominais e verdadeiras para cada corpo de prova
CP
Tensão nominal
(MPa)
Tensão verdadeira
(MPa)
Deformação
nominal (%)
Deformação
verdadeira (%)
1 5,2 11,2 25 22
2 4,9 9,9 18 16
3 6,3 10,9 37 31
4 6,4 11,5 38 32
5 30,3 160,2 434 168
6 31,3 171,4 449 170
48
Tensão x Deformação (verdadeiras)
10,9
10,9
0
3
6
9
12
0 0,1 0,2 0,3 0,4
Deformão
Tensão (MPa)
CP1 (entalhe 2 mm)
CP2 (entalhe 2 mm)
CP3 (entalhe 1 mm)
CP4 (entalhe 1 mm)
Tensão Máxima Admissível
Figura 3.22. Gráfico tensão x deformação para os corpos de prova com entalhe
Como foi mostrado anteriormente, tem-se, a partir dos ensaios os pontos
para os gráficos tensão x deformação nominais, porém, para a entrada de dados no
modelo com o material hiperelástico é necessário fazer o ajuste dessa curva. O ajuste
das curvas foi feito pelas equações ( 3.3.12 ) a (3.3.17) e pode ser visto a seguir:
0
2
4
6
8
10
0 0.1 0.2 0.3 0.4
Deformação
Trensão
Modelo Experimental
Modelo Mooney-Rivlin
Modelo Neo-Hook
Modelo Ogden com 4 parâmetros
Figura 3.23. Ajuste da curva para o CP1
0
2
4
6
8
10
0 0.1 0.2 0.3 0.4
Deformação
Trensão
Modelo Experimental
Modelo Yeoh
Modelo Polinomial Reduzido (N=2)
Modelo Polinomial (N=2)
Figura 3.24. Ajuste da curva para o CP1
49
0
2
4
6
8
10
0 0.1 0.2 0.3 0.4
Deformação
Trensão
Modelo Experimental
Modelo Mooney-Rivlin
Modelo Neo-Hook
Modelo Ogden com 4 parâmetros
Figura 3.25 Ajuste da curva para o CP2
0
2
4
6
8
10
0 0.1 0.2 0.3 0.4
Deformação
Trensão
Modelo Experimental
Modelo Yeoh
Modelo Polinomial Reduzido (N=2)
Modelo Polinomial (N=2)
Figura 3.26 Ajuste da curva para o CP2
0
2
4
6
8
10
0 0.1 0.2 0.3 0.4
Deformação
Trensão
Modelo Experimental
Modelo Mooney-Rivlin
Modelo Neo-Hook
Modelo Ogden com 4 parâmetros
Figura 3.27. Ajuste da curva para o CP3
0
2
4
6
8
10
0 0.1 0.2 0.3 0.4
Deformação
Trensão
Modelo Experimental
Modelo Yeoh
Modelo Polinomial Reduzido (N=2)
Modelo Polinomial (N=2)
Figura 3.28. Ajuste da curva para o CP3
0
2
4
6
8
10
0 0.1 0.2 0.3 0.4
Deformação
Trensão
Modelo Experimental
Modelo Mooney-Rivlin
Modelo Neo-Hook
Modelo Ogden com 4 parâmetros
Figura 3.29. Ajuste da curva para o CP4
0
2
4
6
8
10
0 0.1 0.2 0.3 0.4
Deformação
Trensão
Modelo Experimental
Modelo Yeoh
Modelo Polinomial Reduzido (N=2)
Modelo Polinomial (N=2)
Figura 3.30. Ajuste da curva para o CP4
50
0
10
20
30
40
0 1 2 3 4 5
Deformação
Tensão
Modelo Experimental
Modelo Mooney-Rivlin
Modelo Neo-Hook
Modelo Ogden com 4 parâmetros
Figura 3.31. Ajuste da curva para o CP5
0
10
20
30
40
0 1 2 3 4 5
Deformação
Teno
Modelo Experimental
Modelo Yeoh
Polinomial Reduzido (N=2)
Modelo Polinomial (N=2)
Figura 3.32. Ajuste da curva para o CP5
0
10
20
30
40
0 1 2 3 4 5
Deformação
Tensão
Modelo Experimental
Modelo Mooney-Rivlin
Modelo Neo-Hook
Modelo Ogden com 4 parâmetros
Figura 3.33. Ajuste da curva para o CP6
0
10
20
30
40
0 1 2 3 4 5
Deformação
Teno
Modelo Experimental
Modelo Yeoh
Polinomial Reduzido (N=2)
Modelo Polinomial (N=2)
Figura 3.34. Ajuste da curva para o CP6
Ajustou-se cada curva acima representada de acordo com os coeficientes
mostrados dos modelos do item 3.3.2 deste capítulo. As constantes para os ajustes
das curvas dos modelos hiperelásticos obtidas nos ensaios podem ser vistas no
APÊNDICE C.
3.3.5. Avaliação do erro dos modelos hiperelásticos
Os modelos hiperelásticos são comparados a partir do estudo dos erros que
cada um deles apresenta. Para mensurar este erro, avaliou-se a qualidade do ajuste
empregado de duas maneiras, sendo a primeira delas através do erro normalizado dos
modelos e a segunda através do coeficiente de determinação (R
2
).
A normalização do erro é obtida com base nos resultados dos ensaios, de
acordo com a equação ( 3.3.18 ).
51
P
E
erro 100=
( 3.3.18 )
Sendo E definido como o erro absoluto pela equação ( 3.3.19 ), e P, o valor absoluto
dado pelos pontos do modelo pela equação ( 3.3.20 ).
=
=
N
i
ii
EP
N
E
1
1
( 3.3.19 )
=
=
N
i
i
P
N
E
1
1
( 3.3.20 )
E
i
é dado pelos pontos de tensão obtidos nos ensaios experimentais, P
i
pelos
pontos de tensão dos modelos hiperelásticos e N se refere ao total de pontos obtidos
nos ensaios.
A partir das equações de normalização do erro, verifica-se que quanto menor
for o erro normalizado, melhor será o modelo hiperelástico.
Para calcular o coeficiente de determinação R
2
, defini-se E como sendo a
média dos valores obtidos para a tensão nos ensaios experimentais, SSE a soma dos
quadrados da diferença entre os erros dos resultados de tensão dos modelos e os
resultados de tensão dos ensaios e SST a soma dos quadrados da diferença entre os
resultados de tensão dos ensaios e a média dos valores obtidos para a tensão nos
ensaios experimentais. As equações estão representadas respectivamente nas figuras
( 3.3.21 ), ( 3.3.22 ) e ( 3.3.23 ). O valor de R
2
é obtido a partir da equação ( 3.3.24 ).
=
=
N
i
i
E
N
E
1
1
( 3.3.21 )
( )
=
=
N
i
ii
EPSSE
1
2
( 3.3.22 )
( )
=
=
N
i
i
EESSE
1
2
( 3.3.23 )
52
=
0
,1
2
SSTSSEse
SST
SSE
R
( 3.3.24 )
Quanto mais próximo o valor de R
2
estiver de 1, melhor será o modelo. A tabela
apresentada no APÊNDICE D mostra os valores do erro normalizado e do coeficiente
de determinação (R
2
) para cada modelo hiperelástico proposto em cada corpo de
prova analisado. Como é possível observar nesta tabela, o melhor ajuste da curva
tensão x deformação do material é o ajuste pelo modelo Polinomial de ordem 2.
53
4. ANÁLISE DE ENRIJECEDORES
4.1. INTRODUÇÃO
Um sistema submarino de escoamento pode ser definido como um conjunto de
equipamentos cuja função é escoar fluidos de um ponto de partida até um ponto de
chegada. O trecho do duto submarino que fica suspenso é chamado de riser e o
trecho em contato com o solo marinho é chamado de duto submarino (flowline). Um
sistema marítimo de escoamento pode ser composto de dutos flexíveis, dutos rígidos
ou ainda ser um sistema misto, composto por ambos (trechos de dutos rígidos e
trechos de dutos flexíveis).
Riser é o trecho do duto que conecta à UEP (Unidade Estacionária de
Produção ou Plataforma) a um equipamento à meia-água ou no fundo, inclusive um
flowline. Nas UEPs, as estruturas do tipo riser ficam suspensas, em configurações de
catenária (catenária-livre ou variações). Os risers rígidos são tubos de aço, de
aproximadamente 12 metros de comprimento, formados por uma série de juntas
acopladas umas às outras, geralmente unidos por solda de topo. Podem estar
envolvidos por flutuadores para diminuir o seu peso, quando em lâminas d’água
profundas. No caso dos risers rígidos, o problema principal é, em geral, a fadiga
causada pela vibração induzida devido aos movimentos da plataforma, à onda e
corrente, e conseqüente desprendimento de vórtices. A vantagem do riser rígido é seu
menor custo quando comparado com o riser flexível, a resistência a altas pressões e
também a possibilidade de utilização em configuração de catenária permitindo também
movimentos da embarcação.
Os risers flexíveis são mangotes especiais compostos por uma superposição
de camadas poliméricas, que fornecem estanqueidade interna e externa, e de
camadas metálicas espiraladas, responsáveis pela resistência à ação dos diversos
carregamentos mecânicos aos quais as linhas flexíveis estão submetidas ao longo da
sua vida útil. Sua principal característica é a baixa rigidez à flexão. A vantagem dos
flexíveis, em geral, é a maior deflexão máxima permitida, maior capacidade de
suportar esforços, maior vida útil, além de permitirem um maior offset da plataforma
em comparação a risers rígidos. A desvantagem dos risers flexíveis é que eles o
economicamente de maior custo, e a ação da alta pressão hidrostática com o aumento
da lâmina de água pode comprometer a sua utilização. A Figura 4.1 permite uma
compreensão melhor do sistema.
54
Figura 4.1. Linhas flexíveis (SOUZA, 2008)
Nas linhas rígidas são normalmente utilizadas Juntas Flexíveis (Flex Joints)
cuja função principal é o de prover rigidez flexional à extremidade da linha onde está
conectada, permitindo um certo grau de liberdade de rotação. Reduz drasticamente as
tensões induzidas por movimentos relativos entre a unidade flutuante e o riser. Nas
linhas flexíveis, na conexão com o topo da plataforma, são comumente empregados
os bend stiffeners, ou enrijecedores de curvatura para proteger contra flexão
excessiva.
O bend stiffener consiste em uma seção cônica de material polimérico
(normalmente poliuretano) e é montado na ponta dos risers para permitir a transição
suave de rigidez entre o riser flexível e o ponto de conexão. É um acessório cuja falha
pode causar a ruptura da linha flexível, provocando a interrupção da produção que
pode ser retomada após a sua substituição. Segundo SOUZA (2008), o custo total dos
prejuízos ocasionados com uma parada para substituição de um enrijecedor por
motivo de falha pode ter grandeza de milhões de dólares, além de atrasos nos
cronogramas, descumprimento de metas de produção e eventuais acidentes
ambientais. A Figura 4.2 ilustra enrijecedores conectados a uma linha flexível.
55
Figura 4.2. Enrijecedor conectado a linha flexível (http://www.fesltd.co.uk)
4.2. PROJETO DE ENRIJECEDORES
Os enrijecedores são normalmente projetados através de programas
computacionais utilizando modelos de viga. A norma API SPEC 17J, especificação
para dutos flexíveis, que é suportada pela norma API SPEC 17B/ISO 13628-11, traz
em seu apêndice B os requisitos mínimos para projeto, seleção de materiais,
fabricação e teste de enrijecedores. Segundo a norma API SPEC 17J, as cargas de
projeto do enrijecedor devem ser determinadas em termos de tensões efetivas e
variações angulares a partir da posição média. A combinação de tensões e ângulos
analisados deve ser suficiente para garantir todos os possíveis casos de carregamento
e o enrijecedor deve ser capaz de transferir o carregamento para a estrutura suportada
com segurança. A metodologia de projeto deve ser documentada e verificada através
de testes ou análise em elementos finitos e deve levar em conta também propriedades
56
não-lineares de materiais. Um projeto de enrijecedor abrange normalmente as
seguintes etapas:
Primeiro faz-se uma análise na linha flexível desconsiderando o enrijecedor
e submetendo o duto a cargas ambientais e operacionais extremas. Desta
primeira análise são coletados os dados no ponto de conexão;
Os dados coletados na primeira análise são utilizados para dimensionar o
enrijecedor por meio de programas computacionais que utilizam modelos
de viga;
Faz-se, outra vez, uma análise na linha flexível, porém desta vez considera-
se o dimensionamento do enrijecedor. Dependendo do resultado, o
enrijecedor é redimensionado e o processo retorna a interagir até a
obtenção de um dimensionamento ótimo.
4.3. MODELAGEM
Muitos trabalhos de engenharia podem ser descritos em termos de equações
diferenciais. O Método dos Elementos finitos é uma ferramenta poderosa usada na
resolução de equações diferenciais para modelagem de estruturas complexas, com
aplicações, particularmente, na Mecânica do Contínuo. Nesta, é usual a presença de
não linearidades devidas tanto ao material quanto à geometria.
O emprego do
Método de Elementos finitos (FEM) tem possibilitado ao engenheiro aperfeiçoar
tanto o projeto como o processo associado à fabricação.
A idéia básica do FEM é dividir o corpo em elementos conectados por nós e
obter uma solução aproximada. Em muitos casos, para obter uma solução
razoavelmente precisa, geralmente são necessários milhares de nós, portanto,
computadores modernos são essenciais para resolver estas equações. Geralmente, a
precisão da solução melhora à medida que o número de elementos (e nós) aumenta,
mas o tempo de análise e o custo também aumentam. Neste estudo, as simulações do
enrijecedor foram realizadas com o programa comercial de elementos finitos ABAQUS,
versão 6.5.
A biblioteca do ABAQUS dispõe de uma grande variedade de elementos finitos
(elementos de placa, elementos sólidos, elementos de viga e elementos de
membrana, entre outros), caracterizados por diferentes números e tipos de graus de
liberdade e selecionados pelo usuário conforme a natureza de sua aplicação.
57
4.3.1. Elemento
O comportamento dos elementos é caracterizado pelos seguintes aspectos
(HIBBITT et al., 2002):
Família;
Graus de liberdade;
Números de nós;
Formulação;
Integração.
Família
Uma das principais diferenças entre as famílias dos elementos é a geometria
de cada família, como exemplo de famílias de elementos tem-se: elementos sólidos,
elementos de casca e elementos de viga. A Figura 4.3 indica as famílias de elementos
mais comuns usadas no Abaqus.
Figura 4.3. Famílias de elementos (HIBBITT et al., 2002)
Graus de liberdade
Os graus de liberdade representam as variáveis para cálculo durante a análise.
Para este trabalho, os graus de liberdade apontam a movimentação de cada nó, isto é,
o deslocamento e a rotação em cada um dos três eixos para cada nó.
58
Número de nós
Os graus de liberdade são calculados para cada do elemento. Para
qualquer outro ponto fora dos nós, seus graus de liberdade são obtidos através da
interpolação dos nós. O tipo de interpolação é determinado pelo número de nós de
cada elemento. Elementos que tem nós apenas nos vértices usam a interpolação
linear em cada direção e são chamados de elementos lineares ou elementos de
primeira ordem. Elementos com nós no meio das arestas entre cada vértice usam a
interpolação quadrática e são chamados de elementos quadráticos ou elementos de
segunda ordem. Elementos tetraédricos com nós no meio das arestas entre cada
vértice usam uma interpolação de segunda ordem modificada e são chamados de
elementos de segunda ordem modificados.
A Figura 4.4 representa os tipos de elementos de acordo com o número de
nós.
Figura 4.4. Tipos de elementos de acordo com o número de nós (HIBBITT et al., 2002)
Formulação
A formulação do elemento se refere à teoria matemática usada para definir o
comportamento do elemento. A descrição do comportamento dos elementos pode ser
baseada nas teorias de Lagrange e Euler entre outras. Na formulação Euleriana, as
coordenadas associadas ao corpo deformado, chamadas de coordenadas espaciais,
são utilizadas como as coordenadas de referência. na formulação Lagrangiana, as
coordenadas associadas ao corpo antes de sua deformação, chamadas de
coordenadas materiais são empregadas como as coordenadas de referência. A
formulação Lagrangiana é a mais adequada para análises não lineares onde é
importante conhecer o histórico de deformação em cada ponto do corpo durante o
59
processo de carregamento. A formulação Euleriana é mais adequada para a análise
de problemas de mecânica dos fluidos, onde é necessário conhecer o movimento do
material ao longo de um volume de controle.
Um caso especial envolve materiais quase incompressíveis a grandes
deformações. Como mencionado no item 3.2.4.2, para este caso é preciso inserir uma
tensão hidrostática na relação constitutiva, pois qualquer pequena alteração no
deslocamento produz grandes alterações na tensão, e o uso numérico de uma solução
baseada simplesmente no deslocamento não é recomendado devido a sua
sensibilidade. Segundo HIBBITT et al. (2002), este comportamento singular é
removido do sistema tratando-se a tensão como uma variável de solução básica
interpolada independentemente, acoplada à solução de deslocamento através da
teoria constitutiva e da condição de compatibilidade, com este acoplamento
implementado por um multiplicador de Lagrange. Esta interpolação independente da
tensão é a base dos elementos bridos. Mais precisamente, os elementos híbridos
são elementos de “formulação mista”, usando uma mistura de variáveis de tensão e
deslocamento com um princípio variacional acrescido para aproximar as equações de
equilíbrio e as condições de compatibilidade. A relação constitutiva para materiais
quase incompressíveis a grandes deformações foi apresentada na equação ( 3.2.60 )
(HIBBITT et al., 2002).
Integração
O software Abaqus usa técnicas numéricas para integrar cada elemento. Na
maioria dos casos é usada a técnica Gaussiana quadrática. Alguns elementos sólidos
usam integração completa ou reduzida.
Nome dos elementos
As primeiras letras no nome dos elementos indicam a família a qual o elemento
pertence, por exemplo, S4R é um elemento de casca e C3D8I é um elemento sólido.
O número de nós também é identificado no nome do elemento, C3D8 possui 8 nós e
S4R possui 4 nós. Os elementos de viga, elementos de casca axissimétricos e
membranas usam uma convenção diferente, no lugar do número de nós, a ordem da
interpolação é identificada no nome. Um elemento de viga tridimensional de primeira
ordem, por exemplo é chamado de B31 enquanto um de segunda ordem é chamado
de B32. O elemento hibrido é identificado com a letra H no nome (C3D8H ou B31H) e
60
a integração reduzida é identificada com a letra R no fim do nome de cada elemento
(CAX4R).
4.3.2. Características do Enrijecedor
Sabe-se que os enrijecedores sujeitos à flexão apresentam uma relação não-
linear entre tensão e deformação, por isto, tentando minimizar os erros e obter maior
precisão, utilizou-se para análise do enrijecedor o resultado dos testes com material
não linear apresentados no capítulo 3. Portanto, na abordagem proposta para este
trabalho, admite-se que o corpo do enrijecedor sujeito à flexão é homogêneo,
composto de material hiperelástico e está sujeito a grandes deformações.
Os enrijecedores são instalados abaixo da conexão com a plataforma e
precisam de algum tipo de conector para fixá-lo de forma que sua superfície esteja
engastada. Estes conectores aumentam a rigidez na região do engaste, por isto, neste
trabalho, os resultados da região engastada do enrijecedor não foram considerados.
KIEPPER (2004) mostra o aumento da rigidez na região cilíndrica do enrijecedor
através da modelagem em elementos finitos do capacete e da luva instalados no
enrijecedor. Um exemplo de conector pode ser visto na Figura 4.5.
Figura 4.5. Exemplo de conector usado no enrijecedor (BIRCH , 1989)
61
Os dados geométricos do enrijecedor são os mesmos utilizados por BOEF e
OUT (1990) e CAIRE (2005). Para caracterização do material, optou-se por usar na
análise do enrijecedor os dados obtidos com o CP6 mostrados no gráfico da Figura
3.21. O motivo desta escolha deve-se à ruptura do material ter ocorrido com menor
tensão e menor deformação nominais se comparada ao CP5, que são os dois corpos
de prova inteiros, isto é, sem nenhum concentrador de tensões. A Tabela 4.1 compara
a tensão e a deformação nominais nestes dois corpos de prova. Ao trabalhar com a
menor tensão de ruptura, o resultado da análise será sempre mais conservador.
Tabela 4.1. Dados de tensão e deformação nominais da ruptura dos corpos de prova
sem entalhe
Tensão nominal no
momento da ruptura (MPa)
Deformação nominal no
momento da ruptura (%)
CP5 31,26 448,74
CP6 30,27 434,23
Para avaliar a precisão do ensaio e validar seus dados, fez-se simulações dos
ensaios de tração em elementos finitos usando o software Abaqus. Para maior
agilidade e rapidez nas análises, considera-se no software Abaqus o corpo de prova
como um plano no eixo xy e neste plano tem-se a simetria geométrica nos dois eixos.
Fez-se a análise do corpo de prova sem entalhe seis vezes, variando o tipo de
elemento e a quantidade de elementos de maneira aleatória. Usou-se dois tipos de
elementos diferentes, são eles:
S3R - elemento plano, triangular com 3 nós e integração reduzida
S4R - elemento plano, quadrática com 4 nós e integração reduzida
O detalhe das malhas, o tipo e a quantidade de elementos utilizados nas
análises realizadas é mostrado na Tabela 4.2.
Tabela 4.2. Detalhe das malhas utilizadas nas análises do corpo de prova sem entalhe
S3R
S3R S3R S3R S4R
S4R
Tipo de elemento triangular quadrática
Número de elementos
40 4064
11384
76321
63 1344
Número de nós 37 2181
778 38795
40 1369
62
As figuras a seguir apresentam os gráficos comparando as seis análises
realizadas com os diferentes tipos de malha. A Figura 4.6 mostra a comparação do
gráfico Força x Deslocamento e a Figura 4.7 mostra a comparação do gráfico Tensão
x Deformação. Nota-se que nos dois gráficos a diferença entre as análises é
imperceptível, não é possível enxergar as seis curvas no gráfico, pois todas as linhas
das seis análises estão sobrepostas. Assim, aparentemente, apenas uma curva
visível no gráfico, porém estão todas sobrepostas. Segundo HIBBITT et al. (2002), a
malha triangular, que é uma derivação da malha quadrática para os casos bi-
dimensionais, é bastante precisa na maioria dos casos de carregamentos. No entanto,
devido à flexão e a deformação do elemento, é preciso uma malha mais refinada para
analisar casos de flexão pura ou casos envolvendo grandes deformações. Na análise
apresentada dos modelos computacionais dos corpos de prova sem entalhe, percebe-
se que não é necessário grande refinamento para obter precisão aceitável do
resultado, isto se deve a simplicidade do modelo sem concentrador de tensões.
Embora sujeito a grandes deformações, a influência do tipo de malha neste modelo
simples é pequena.
Força x Deslocamento
0
200
400
600
800
1000
0 150 300 450
Deslocamento (mm)
Força (N)
S3R - 40 Elementos
S3R - 4064 Elementos
S3R - 76321 Elementos
S3R - 11384 Elementos
S4R - 63 Elementos
S4R - 1344 Elementos
Figura 4.6. Comparação força x deslocamento entre as análises dos modelos
computacionais dos corpos de prova sem entalhe
63
Tensão x Deformação
0
50
100
150
200
0 0,5 1 1,5 2
Deformação
Teno (MPa)
S3R - 40 Elementos
S3R - 4064 Elementos
S3R - 76321 Elementos
S3R - 11384 Elementos
S4R - 63 Elementos
S4R - 1344 Elementos
Figura 4.7. Comparação tensão x deformação entre as análises dos modelos
computacionais dos corpos de prova sem entalhe
Na Figura 4.8 tem-se o gráfico força x deslocamento comparando o modelo
computacional e os ensaios dos corpos de prova sem entalhe (CP5 e CP6). Os
modelos computacionais mostrados nesse gráfico são dois, um com a malha
quadrática e outro com a malha triangular, ambos sobrepostos. Percebe-se que as
curvas andam juntas a um deslocamento de aproximadamente 300 mm e força
aproximada 560 N, após este ponto, a grandes deformações, as curvas se distanciam
um pouco.
Força x Deslocamento
0
200
400
600
800
1000
0 150 300 450
Deslocamento (mm)
Força (N)
CP5
CP6
Elementos Finitos - quad
Elementos Finitos - triang
Figura 4.8. Comparação força x deslocamento entre o modelo
computacional e o ensaio de tração
64
Os gráficos tensão nominal x deformação nominal, estão mostrados na Figura
4.9 e na Figura 4.10, sendo o primeiro para o ensaio completo até a sua ruptura e o
segundo para uma deformação de até 30%, comparando novamente os modelo
computacionais e os ensaios dos corpos de prova CP5 e CP6.
Tensão x Deformação
0
50
100
150
200
0 0,5 1 1,5 2
Deformação
Tensão (MPa)
CP 5
CP 6
Elementos Finitos - quad
Elementos Finitos - triang
Figura 4.9. Comparação tensão nominal x deformação nominal entre
o modelo computacional e experimental até a ruptura
Tensão x Deformação
0
3
6
9
0 0,1 0,2 0,3
Deformação
Tensão (MPa)
CP 5
CP 6
Elementos Finitos - quad
Elementos Finitos - triang
Figura 4.10. Comparação tensão nominal x deformação nominal entre o modelo
computacional e experimental até uma deformação de 30%
65
Figura 4.11. Entalhe com
geometria quadrada
Figura 4.12. Entalhe com
geometria semi circular
Realizaram-se também simulações de um ensaio
de tração com o corpos de prova com entalhe de 1mm.
Devido a dificuldade de maior exatidão na reprodução do
entalhe real para a simulação computacional, realizaram-
se diferentes análises com variações na geometria do
entalhe. Escolheu-se três tipos diferentes de geometria
para o entalhe, são elas:
Geometria quadrada
Geometria semi-circular
Geometria com chanfro
As diferentes geometrias estão mostradas na
Figura 4.11, Figura 4.12 e Figura 4.13. Para cada uma
dessas geometrias escolhidas, realizou-se duas análises
com dois tamanhos diferentes para sua abertura D. Os
tamanhos escolhidos foram os seguintes:
Abertura menor = 0,35mm
Abertura maior = 0,70 mm
Conforme mostrado neste mesmo item
anteriormente, para análises com geometria plana e
modelos relativamente simples como este, não haverá
grande influência na escolha do tipo de malha, então
optou-se por usar a malha quadrática em todas as
análises.
Figura 4.13. Entalhe com
geometria com chanfro
Os resultados gerados pelos três tipos diferentes de entalhes são apresentados
a seguir. Na Figura 4.14 tem-se o gráfico tensão x deformação comparando os
ensaios experimentais do CP com entalhe de 1 mm e as simulações em elementos
finitos com o entalhe de geométria quadrada. Analogamente, a Figura 4.15 apresenta
o mesmo gráfico, porém neste caso realizou-se a simulação em elementos finitos com
o entalhe de geometria semi-circular, e a Figura 4.16 apresenta a comparação com a
simulação com o entalhe de geometria com chanfro.
66
Tensão x Deformação
0
3
6
9
12
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Deformação
Tensão (MPa)
MEF entalhe quadrado, abertura menor
MEF entalhe quadrado, abertura maior
CP3
CP4
Figura 4.14. Gráfico Tensão x Deformação comparando os ensaios do CP com entalhe
de 1 mm com as simulações computacionais com entalhe de geometria quadrada
Tensão x Deformação
0
3
6
9
12
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Deformação
Tensão (MPa)
MEF entalhe semi circular, abertura maior
MEF entalhe semi circular, abertura menor
CP3
CP4
Figura 4.15. Gráfico Tensão x Deformação comparando os ensaios do CP com entalhe
de 1 mm com as simulações computacionais com entalhe de geometria semi circular
Tensão x Deformação
0
3
6
9
12
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Deformação
Tensão (MPa)
MEF entalhe com chanfro, abertura maior
MEF entalhe com chanfro, abertura menor
CP3
CP4
Figura 4.16. Gráfico Tensão x Deformação comparando os ensaios do CP com entalhe
de 1 mm com as simulações computacionais com entalhe de geometria com chanfro
67
Os entalhes com geometria quadrada apresentado na Figura 4.11 e com
geometria com chanfro da Figura 4.13 nos mostram com nitidez um forte concentrador
de tensões devido aos vértices característicos dessas geometrias. Nos gráficos da
Figura 4.14 e da Figura 4.16 que representam essas geometrias, percebe-se que as
linhas que indicam a simulação em elementos finitos estão sobrepostas não tendo
grande influencia a abertura maior ou menor do entalhe. No entalhe com geometria
semi-circular mostrado na Figura 4.12 não um vértice como nas outras geometrias,
sendo assim a concentração de tensões se devido a curvatura do entalhe.
Percebe-se a partir do seu gráfico mostrado na Figura 4.15, que uma diferença
entre as aberturas maior e menor do entalhe. Neste caso, a abertura do entalhe
exerce forte influência no gráfico devido a sua curvatura, quanto menor a abertura do
entalhe, menor será a curvatura e maior será o concentrador de tensões nesta região.
Para exemplificar melhor a influência da curvatura e do vértice da geométrica no
concentrador de tensões, fez-se mais duas simulações com a geometria semi circular
e com chanfro e abertura de entalhe igual a 0,175 mm, menor que as analisadas
anteriormente. O resultado desta análise é mostrado na Figura 4.17, percebe-se que
com a abertura menor, temos uma concentração de tensões maior e por isto o gráfico
desta análise fica muito próximo ao da análise experimental.
Tensão x Deformação
0
3
6
9
12
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Deformação
Tensão (MPa)
MEF entalhe semi circular, abertura 0,175 mm
MEF entalhe com chanfro, abertura 0,175 mm
CP3
CP4
Figura 4.17. Gráfico Tensão x Deformação comparando os ensaios do CP com entalhe
de 1 mm com o entalhe com chanfro e semi circular de abertura igual a 0,175 mm
Analisando os gráficos apresentados, percebe-se que as curvas que mais se
aproximam das análises dos CPs são as curvas das simulações do entalhe com
68
abertura igual a 0,175mm. Estas geometrias, dentre todas mencionadas, são as que
apresentam o maior concentrador de tensões. A melhor simulação do entalhe é um
modelo com vértices como concentrador de tensões e abertura de entalhe bem
pequena.
Com os dados da curva optou-se por utilizar o ajuste para o modelo
hiperelástico polinomial de ordem 2 apresentado no gráfico da Figura 3.33 e da Figura
3.34. O motivo desta escolha deve-se à comparação entre os modelos conforme o
APÊNDICE D. Esta tabela mostra que, de acordo com o estudo feito para
determinação do erro que cada curva apresenta, o melhor ajuste para os pontos
coletados no ensaio é o ajuste para o modelo polinomial de ordem 2.
Segundo BRADLE et al. (2001), o coeficiente de Poisson para um material
hiperelástico pode ser determinado a partir dos dados de um ensaio volumétrico. Este
ensaio consiste em comprimir um corpo de prova cilíndrico anular na sua direção axial,
obtendo assim um gráfico tensão x taxa volumétrica. A partir destes dados, tem-se o
comportamento volumétrico do material. Segundo HORGAN e MURPHY (2009), a
taxa volumétrica é dada pela equação ( 4.3.1 ), onde J é a própria taxa volumétrica e
321
,,
λλλ
são os três principais alongamentos.
321
λλλ
=J
( 4.3.1 )
Para um material com incompressibilidade total, conforme mostrado na
equação ( 3.2.64 ) sua variação volumétrica é nula quando solicitado por pressão
hidrostática, portanto, o valor de J é 1 e seu coeficiente de Poisson é 0,5. Devido a
dificuldade de realização de testes volumétricos e a conseqüente falta de dados
experimentais, neste trabalho o coeficiente de Poisson foi arbitrado com o valor igual a
0,47.
4.3.3. Condições de contorno e carregamento
Para simulação no software Abaqus, estabeleceu-se 3 condições de contorno
neste modelo. A Figura 4.18 indica que na primeira condição de contorno a superfície
superior do enrijecedor foi engastada impedindo qualquer deslocamento nas três
direções (eixos x, y e z).
69
Figura 4.18. Condição de contorno 1 – Superfície do Bend stiffeners engastada
Na segunda condição de contorno utilizou-se a simetria no eixo z, esta
condição preestabelece a análise em apenas metade do conjunto e considera o
mesmo resultado na outra metade do conjunto reduzindo assim pela metade o número
de graus de liberdade do modelo. Com esta condição de contorno ganhou-se bastante
tempo nas análises. A Figura 4.19 ilustra a segunda condição de contorno.
Figura 4.19. Condição de contorno 2 – Simetria no eixo z
70
Usou-se também uma terceira condição de contorno para engastar o duto
flexível impedindo qualquer deslocamento nas três direções (eixos x, y e z). Devido à
simetria no eixo z, a carga foi dividida por dois e considerando o ângulo de 45º com os
eixos x e y, foi decomposta nas direções dos eixos.
4.4. ANÁLISE DO ENRIJECEDOR SEM CONCENTRADOR DE TENSÕES
Nesta primeira análise, considera-se o enrijecedor inteiro sem nenhum
concentrador de tensões. No enrijecedor aproveitou-se para fazer uma comparação
utilizando diferentes tipos de elementos com malhas hexaédricas e tetraédricas. Na
superfície do tubo, a malha utilizada foi a hexaédrica, com o elemento SFM3D4 que é
um elemento de superfície do tipo membrana, tridimensional com 4 nós. O número
total de elementos foi 578 e o de nós foi 630. No tubo, a malha utilizada foi também a
hexaédrica e o elemento foi o B31, um elemento de viga tridimensional de primeira
ordem, com um total de 34 elementos e 35 nós. A carga aplicada foi de 500 kN a um
ângulo de 45º com os eixos x e y. Na Figura 4.20 pode ser visto, em sua configuração
deformada, o comportamento da tensão de Von Mises no enrijecedor. Nesta figura, a
parte cilíndrica do enrijecedor foi desconsiderada, ficando apenas a parte cônica
devido à alta rigidez da parte cilíndrica conforme explicado no item 4.3.2.
71
Figura 4.20. Tensão no enrijecedor sem entalhe submetido à flexão
A análise do enrijecedor sem entalhe foi feita cinco vezes com três tipos de
elementos diferentes, conforme listados abaixo:
C3D8RH - elemento sólido, tridimensional, hexaédrico com 8 nós, integração reduzida
e hibrido
C3D8H - elemento sólido, tridimensional, hexaédrico com 8 nós e hibrido
C3D4H - elemento sólido, tridimensional, tetraédrico com 4 nós e hibrido
O detalhe dos elementos utilizados nas análises realizadas é mostrado na
Tabela 4.3.
Tabela 4.3 – Tipos de elementos utilizados nas análises do enrijecedor sem
concentrador de tensões.
C3D8RH
C3D8H
C3D4H
C3D4H
C3D4H
Tipo de elemento hexaédrico tetraédrico
Número de elementos
1746 1746 1775 15567 116637
Número de nós 2460 2460 513 3510 22898
72
As figuras a seguir apresentam os gráficos tensão x deformação comparando
as diferentes análises realizadas no ponto de maior tensão do enrijecedor sem
entalhe. A tensão utilizada foi a tensão de Mises e a deformação foi a deformação real
máxima principal. A Figura 4.21 mostra a comparação entre as análises feitas com a
malha utilizando elemento hexaédrico. Percebe-se uma ligeira diferença nas curvas,
onde a malha com o elemento C3D8RH utiliza a integração reduzida.
0
2
4
6
8
10
0,0% 2,5% 5,0% 7,5%
Deformação
Tensão (MPa)
C3D8RH - 1746 elementos
C3D8H - 1746 elementos
Figura 4.21 Gráfico tensão x deformação no ponto de maior tensão do enrijecedor sem
entalhe com malha utilizando elemento hexaédrico
A Figura 4.22 mostra a comparação entre as análises feitas com a malha
utilizando elemento tetraédrico. Nestas análises, o elemento utilizado foi sempre o
mesmo variando apenas o número de elementos e consequentemente o número de
nós. Percebe-se uma diferença considerável entre as curvas resultante das análises
com menor número de elementos e com o maior número de elementos.
73
0
2
4
6
8
10
0,0% 2,5% 5,0% 7,5%
Deformação
Tensão (MPa)
C3D4H - 1775 elementos
C3D4H - 15567 elementos
C3D4H - 116637 elementos
Figura 4.22 Gráfico tensão x deformação no ponto de maior tensão do enrijecedor sem
entalhe com malha utilizando elemento tetraédrico
A Figura 4.23 compara todas as análises realizadas com o enrijecedor sem
entalhe. A partir dela verifica-se que tanto nas análises com malha de elemento
hexaédrico quanto nas análises com malha de elemento tetraédrico, a medida que o
número de elementos aumenta as curvas estão convergindo para a esquerda no
gráfico. Percebe-se que as análises com o elemento hexaédrico C3D8RH onde
utilizou-se 1.746 elementos fornece o mesmo resultado que a análise com o elemento
tetraédrico C3D4H com 116.637 elementos. Estas duas curvas fornecem o melhor
resultado para esta análise, sendo que a malha composta por elemento tetraédrico
necessitou de mais elementos para fornecer o mesmo resultado se comparado com a
análise com a malha composta por elemento hexaédrico.
74
0
2
4
6
8
10
0,0% 2,5% 5,0% 7,5%
Deformação
Tensão (MPa)
C3D8RH - 1746 elementos
C3D8H - 1746 elementos
C3D4H - 1775 elementos
C3D4H - 15567 elementos
C3D4H - 116637 elementos
Figura 4.23 Comparação dos gráfico tensão x deformação no ponto de maior tensão
do enrijecedor sem entalhe
4.5. ANÁLISE DO ENRIJECEDOR COM CONCENTRADOR DE TENSÕES
Nesta análise considera-se uma trinca como concentrador de tensões no
enrijecedor. Foram realizados ensaios em 3 posições diferentes para a trinca e
utilizou-se a técnica do submodelamento para melhor análise na região do
concentrador de tensões. A malha escolhida foi a tetraédrica e as condições de
contorno e carregamento são os mesmos descritos anteriormente no item 4.3.3. Em
cada posição analisada realizou-se 4 ensaios diferentes, variando o tamanho do
comprimento da trinca e o seu sentido (longitudinal ou transversal). As posições
analisadas são mostradas na Figura 4.24 e os sentidos das trincas são mostrados na
Figura 4.25. Todas as trincas analisadas possuem seção igual a 12mm x 12mm com
os cantos arredondados e o seu comprimento variou da seguinte forma:
Trinca menor: 100 mm
Trinca maior: 200 mm
75
Figura 4.24. Posições das trincas analisadas no enrijecedor
Figura 4.25. Sentido das trincas analisadas no enrijecedor
Com o objetivo de obter a carga máxima admissível no riser, aplicou-se um
carregamento extremo de 1.000 kN. Variou-se também, o ângulo de aplicação desta
carga de a 90º com o eixo horizontal, a cada 15º. Com os ângulos de aplicação de
e 15º percebeu-se que na maior parte das análises não foi possível achar a carga
máxima. A do eixo horizontal a flexão inexiste e a 15º, ela é muito pequena, sendo
assim, nestes casos a carga máxima admissível no riser depende de outros fatores
além da flexão.
76
4.5.1. Trinca
Segundo PAIVA (2000), a fratura em materiais sólidos normalmente começa
com falhas do tipo trinca ou entalhe, podendo causar altas tensões em seu contorno.
O aparecimento de trincas em peças ou componentes pode provocar custos elevados,
pois aumenta o tempo e os esforços gastos na manutenção e restauração de peças, e
que, se omitida, pode levar à fratura do componente e também à falha estrutural,
colocando, em alguns casos, vidas humanas em risco. Um exemplo de trinca como
concentrador de tensões pode ser visto na Figura 4.26.
Todo material sempre terá defeitos inerentes ao processamento e/ou
usinagem, sendo muito difícil a ausência de trincas. Faz-se então necessário estudar
os efeitos das trincas e propor métodos para prever o comportamento de estruturas
com trincas sob determinadas condições de trabalho. As trincas podem se iniciar como
pequenas falhas na etapa de manufatura do material, podem aparecer durante a
fabricação da peça ou podem surgir em decorrência de danificações por fadiga,
impacto ou corrosão da estrutura final (PAIVA, 2000).
Uma ferramenta fundamental para analisar projetos e indicar níveis de
tolerância aos defeitos e distorções presentes no material é a Mecânica da Fratura.
Ela vem, ao longo dos anos, estudando normas e processos para caracterizar e
distinguir as trincas e suas conseqüências. O objetivo da Mecânica da Fratura é
determinar se uma trinca irá ou não levar a peça à fratura para tensões de operação,
seu maior desafio é prever se as trincas poderão comprometer a segurança durante a
vida útil da estrutura e quando isto ocorrerá. A presença de uma trinca em uma
estrutura normalmente induz altas concentrações de tensão na região próxima à
trinca. A mecânica da fratura fornece meios onde o campo de tensões na região
próxima à trinca, assim como as deformações podem ser caracterizadas e permite que
os projetistas aliem segurança e viabilidade econômica (SILVA, 2006). Um corpo com
uma trinca deve suporta um carregamento inferior quando comparado com um corpo
sem um concentrador de tensões.
77
Figura 4.26. Trinca como concentrador de tensões (SILVA, 2006)
4.5.2. Submodelamento
É crescente a necessidade de simular problemas cada vez mais próximos da
realidade e com maior riqueza de detalhes. Há alguns anos, por falta de recursos, seja
de hardware ou software, o engenheiro precisava realizar simplificações significativas
nos modelos computacionais. Com o passar dos anos, as ferramentas de auxílio
computacionais evoluíram e não são mais necessárias as simplificações de detalhes.
Hoje em dia é possível simular estruturas complexas inteiras ao invés de pequenos
elementos. Todavia, com a enorme riqueza de detalhamento nos problemas atuais,
em muitos casos o hardware disponível ainda não é suficiente para solucionar alguns
problemas no curto espaço de tempo exigido e por isso existem técnicas para auxiliar
modelagens mais complexas. Uma técnica muito utilizada quando se tem poucos
recursos computacionais é o submodelamento.
O submodelamento é um estudo mais detalhado em uma determinada área de
interesse do modelo, como por exemplo, uma região com altas tensões. Sendo assim,
haverá dois modelos: o modelo global, representando a estrutura como um todo, e o
submodelo, uma geometria local onde, na maioria dos casos é feito com uma malha
mais densa para se obter maior precisão. O submodelamento interpola as
deformações do modelo global inicial, relativamente grosseiro para o modelo local e
resolve o problema novamente, obtendo assim um estado de tensões mais preciso
(HIBBITT et al., 2002).
O submodelo é analisado separadamente do modelo global. A ligação entre os
dois se unicamente pelo uso do resultado do modelo global como condição de
contorno para o submodelo. É possível ainda ser usado como recurso, a análise de
um submodelo como um modelo global para um novo submodelo ainda mais
78
detalhado. Na Figura 4.27 é possível verificar a densidade da malha de um
submodelo.
Figura 4.27. Densidade da malha de um submodelo
(ANSYS Advanced Analysis Techniques Guide, 2005)
Quando se faz necessário maior precisão na análise de um modelo, tem-se as
seguintes opções:
Fazer o modelo completo com uma malha refinada;
Refinar a malha localmente e aumentar progressivamente o elemento
dentro do modelo;
Fazer o modelo global com a malha grosseira e usar a técnica do
submodelo para refinamento local;
Diante das alternativas apresentadas, conclui-se que as três opções podem
levar aos resultados almejados, porém é necessário otimizar o processo reduzindo o
tempo necessário para a análise e os recursos computacionais necessários. A
primeira alternativa pode ser útil quando se faz necessário o mesmo grau de
detalhamento em todo o modelo, mas não é recomendada quando se quer um
detalhamento local. Dependendo dos recursos computacionais, um modelo com uma
malha muito refinada pode tornar a análise inviável. A segunda alternativa deve ser
usada apenas para uma análise local pouco mais detalhada se comparada à análise
do modelo completo. Ao refinar a malha localmente para analisar junto a um modelo
com o elemento muito maior que o elemento refinado, a transição entre os elementos
não é tão simples. A técnica mais recomendada para uma análise local bem detalhada
79
é a técnica do submodelo. Com o submodelo, ganha-se tempo considerável com a
análise global e também com a análise local, pois esta será feita de maneira
independente.
Como exemplo de uma análise local mais precisa, tem-se uma viga bi
engastada de 2m de comprimento e perfil retangular de 80mm x 200mm, onde se
necessita maior detalhamento no ponto de maior tensão da viga. Seu material é um
aço linear elástico isotrópico com módulo de elasticidade igual a 200GPa e coeficiente
de Poisson 0,3. Sob esta viga foi aplicada uma carga de 8KN distribuída ao longo de
seu comprimento. A viga foi modelada com elementos C3D8R, que são elementos
sólidos de 8 nós e foram gerados 320 elementos com 615 nós. A malha da viga é
mostrada na Figura 4.28, e a configuração deformada com a tensão na direção 1 após
a aplicação da carga é mostrada na Figura 4.29.
Figura 4.28. Malha da viga
Figura 4.29. Configuração deformada da
viga
Para obtenção de um resultado mais detalhado, foi feito, no exemplo acima,
uma análise local no ponto de maior tensão que é a parte superior de um dos lados
onde a viga está engastada. Nesta análise, utilizou-se como submodelo um pedaço da
viga de tamanho igual a 100mm x 100mm x 80mm, retirado do canto superior direito
do modelo global com a malha mais refinada e foi feito uma nova análise.
É possível ainda, se necessário, usar o submodelo como um modelo global e
detalhá-lo ainda mais. Para exemplificar esta situação, fez-se um segundo submodelo
tendo como modelo global o primeiro submodelo. Este segundo submodelo é um
cubo, com arestas iguais a 15 mm, retirado do canto superior direito do primeiro
submodelo. Com o resultado destas duas análises, fez-se uma comparação entre a
tensão de Mises no último do canto superior direito. Percebe-se que os resultados
não estão convergindo para um único valor (Figura 4.36), fez-se então outro
submodelo a partir deste último com o objetivo de chegar à convergência do resultado.
Este terceiro submodelo é novamente um cubo retirado do canto superior direito do
80
submodelo anterior, tendo cada lado valor igual a 2,5 mm. A Tabela 4.4 mostra a
quantidade de elementos e nós gerados em cada análise e as malhas de cada
submodelo, junto com sua configuração deformada, podem ser vistos na Figura 4.30 à
Figura 4.35.
Tabela 4.4. Características de cada submodelo
Elemento
Submodelo
Tipo Quantidade
Número de Nós
1 27 64
2 125 216
3
C3D8R
125 216
Figura 4.30. Malha do primeiro
submodelo da viga
Figura 4.31. Configuração deformada do
primeiro submodelo da viga
81
Figura 4.32. Malha do segundo
submodelo da viga
Figura 4.33. Configuração deformada do
segundo submodelo da viga
Figura 4.34. Malha do terceito submodelo
da viga
Figura 4.35. Configuração deformada do
terceiro submodelo da viga
Um gráfico comparando a análise global com as três análises locais é
apresentado na Figura 4.36. Este gráfico representa a tensão de Mises em cada
incremento realizado do último do canto superior direito. É possível observar no
gráfico a diferença de tensão entre a análise global e as duas análises posteriores. Em
muitos casos, quando se necessita de uma análise mais detalhada é comum o uso do
submodelo uma ou mais vezes, até a grandeza requerida (neste caso a tensão)
82
convergir para um valor no ponto onde se necessita medir. Neste exemplo, percebe-se
que após a análise do terceiro submodelo, a tensão no ponto medido está convergindo
para um valor constante.
O terceiro submodelo foi analisado com 125 elementos, caso tamanho
detalhamento fosse feito em todo o modelo global, este teria 256.000.000 de
elementos, o que poderia inviabilizar a análise diante de poucos recursos
computacionais.
Tensão Von Mises
0
150
300
450
600
Tensão (KPa)
Análise Global Primeiro submodelo Segundo submodelo Terceiro submodelo
Figura 4.36. Gráfico tensão de Mises em cada incremento da análise dos 3 modelos
Utilizou-se a técnica descrita neste capítulo em todas as análises com a
simulação de uma trinca. De acordo com o tamanho e sentido da trinca, utilizou-se
uma determinada quantidade de submodelos até que o resultado convergisse ou fosse
possível analisar o entalhe de com a precisão adequada.
4.5.3. Posição 1
Para analisar um enrijecedor com concentrador de tensões na posição 1,
assumiu-se uma trinca preexistente na região cônica próximo a região cilíndrica. As
características dos elementos utilizados nas quatro análises, variando o tamanho e o
sentido da trinca, são mostradas na Tabela 4.5.
83
Tabela 4.5. Elementos utilizados no enrijecedor com uma trinca na posição 1
Enrijecedor
Duto
Superfície do
Duto
Elemento
Sólido Viga Superfície
Posição 1 Modelo
C3D4H B31 SFM3D4
Global 33.503 34 578 Trinca
transversal
menor
Submodelo 1 129.162 34 578
Global 50.869 34 578
Submodelo 1 14.011 34 578
Trinca
transversal
maior
Submodelo 2 92.758 34 578
Global 25.589 34 578
Submodelo 1 7.172 34 578
Submodelo 2 44.093 34 578
Trinca
longitudinal
menor
Submodelo 3 30.217 34 578
Global 33.788 34 578
Submodelo 1 59.862 34 578
Submodelo 2 18.004 34 578
Número de Elementos
Trinca
longitudinal
maior
Submodelo 3 98.910 34 578
Como exemplo, apresenta-se na Figura 4.37 a malha usada para simulação da
trinca transversal de menor tamanho na posição 1. A Figura 4.38 representa a
configuração deformada com a tensão de Mises do segmento após a aplicação da
carga a 45º dos eixos x e y. Nesta figura excluiu-se a parte cilíndrica do enrijecedor,
pois esta parte não está sendo analisada neste trabalho. Percebe-se que a região de
maior tensão é a região do local da trinca, onde há um concentrador de tensões.
A malha usada para o submodelo desta mesma análise é indicada na Figura
4.39 e a sua configuração deformada com a carga aplicada a 45º é mostrado na
Figura 4.40.
84
Figura 4.37. Malha usada para simulação da menor trinca transversal na posição 1
Figura 4.38. Configuração deformada da análise da menor trinca transversal na
posição 1 com carga aplicada a 45º
Figura 4.39. Malha do submodelo da
menor trinca transversal na posição 1
Figura 4.40. Configuração deformada do
submodelo da menor trinca transversal
na posição 1
85
A Figura 4.41 mostra a carga máxima admissível aplicada no riser para garantir
o enrijecedor operando com uma tensão inferior a tensão máxima de 10,9 MPa
indicada no item 3.3.4.
Critério: Tensão Posão 1
225
135
163
219
352
104
124
164
252
498
353
280
886
290
438
875
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Trinca transversal menor
Trinca transversal maior
Trinca longitudinal menor
Trinca longitudinal maior
Figura 4.41. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise do modelo na Posição 1
4.5.4. Posição 2
A análise do concentrador de tensões na posição 2 realizou-se assumindo uma
trinca na posição indicada na Figura 4.24. As características dos elementos destas
análises podem ser vistos na Tabela 4.6.
86
Tabela 4.6. Elementos utilizados no enrijecedor com uma trinca na posição 2
Enrijecedor
Duto
Superfície do
Duto
Elemento
Sólido Viga Superfície
Posição 2 Modelo
C3D4H B31 SFM3D4
Global 33.135 34 578 Trinca
transversal
menor
Submodelo 1 245.730 34 578
Global 45.016 34 578
Submodelo 1 57.191 34 578
Trinca
transversal
maior
Submodelo 2 174,988 34 578
Global 38.476 34 578
Submodelo 1 29.804 34 578
Submodelo 2 16.565 34 578
Trinca
longitudinal
menor
Submodelo 3 61.399 34 578
Global 43.016 34 578
Submodelo 1 17.058 34 578
Submodelo 2 34.858 34 578
Número de Elementos
Trinca
longitudinal
maior
Submodelo 3 44.159 34 578
A malha usada para simulação da trinca transversal de menor tamanho na
posição 2 é mostrada como exemplo na Figura 4.42 e sua configuração deformada
com a tensão de Mises após a aplicação da carga a 45º dos eixos x e y é mostrada na
Figura 4.43.
A malha usada para o submodelo desta mesma análise é indicada na Figura
4.44 e a sua configuração deformada com a carga aplicada a 45º é mostrado na
Figura 4.45.
87
Figura 4.42. Malha usada para simulação da menor trinca transversal na posição 2
Figura 4.43. Configuração deformada da análise da menor trinca transversal na
posição 1 com carga aplicada a 45º
Figura 4.44. Malha do submodelo da
menor trinca transversal na posição 2
Figura 4.45. Configuração deformada do
submodelo da menor trinca transversal
na posição 2
88
Na Figura 4.46 pode-se ver a carga máxima admissível aplicada no riser para
que o enrijecedor opere com uma tensão inferior a 10,9 MPa.
Critério: Tensão Posição 2
729
393
260
193
156
271
177
133
110
218
134
97 79
207
319
679
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Trinca transversal menor
Trinca transversal maior
Trinca longitudinal menor
Trinca longitudinal maior
Figura 4.46. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise do modelo na Posição 2
4.5.5. Posição 3
Para análise do enrijecedor com concentrador de tensões na posição 3,
assumiu-se uma trinca na região cônica do lado oposto região cilíndrica. As
características dos elementos utilizados nestas análises são mostrados na Tabela 4.7.
89
Tabela 4.7. Elementos utilizados no enrijecedor com uma trinca na posição 3
Enrijecedor
Duto
Superfície do
Duto
Elemento
Sólido Viga Superfície
Posição 3 Modelo
C3D4H B31 SFM3D4
Global 27.906 34 578 Trinca
transversal
menor
Submodelo 1 59.138 34 578
Global 31.991 34 578
Submodelo 1 84.822 34 578
Trinca
transversal
maior
Submodelo 2 96.609 34 578
Global 25.057 34 578
Submodelo 1 2.770 34 578
Submodelo 2 3.472 34 578
Trinca
longitudinal
menor
Submodelo 3 12.758 34 578
Global 33.395 34 578
Submodelo 1 3.113 34 578
Submodelo 2 2.584 34 578
Número de Elementos
Trinca
longitudinal
maior
Submodelo 3 18.908 34 578
Como exemplo, apresenta-se na Figura 4.47 a malha usada para simulação da
trinca transversal de menor tamanho na posição 3. A Figura 4.48 representa a
configuração deformada com a tensão de Mises do segmento após a aplicação da
carga a 45º dos eixos x e y.
A malha usada para o submodelo desta mesma análise é indicada na Figura
4.49 e a sua configuração deformada com a carga aplicada a 45º é mostrado na
Figura 4.50.
90
Figura 4.47. Malha usada para simulação 2
Figura 4.48. Configuração deformada da análise da menor trinca transversal na
posição 3 com carga aplicada a 45º
Figura 4.49. Malha do submodelo da
menor trinca transversal na posição 3
Figura 4.50. Configuração deformada do
submodelo da menor trinca transversal na
posição 3
91
Analogamente aos itens anteriores, a Figura 4.51 mostra a carga máxima
admissível aplicada no riser o enrijecedor operar com tensão inferior a tensão máxima
de 10,9 MPa apontada no item 3.3.4.
Critério: Tensão Posição 3
107
51
32
25
87
45
30
25
287
98
64
43
229
89
54
34
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Trinca transversal menor
Trinca transversal maior
Trinca longitudinal menor
Trinca longitudinal maior
Figura 4.51. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise do modelo na Posição 3
4.5.6. Comparação dos resultados
Nos itens anteriores apresentaram-se os gráficos comparando a carga máxima
admissível nos quatro diferentes tipos de trinca analisados para cada posição
escolhida. Se olharmos cada tipo de trinca, comparando as posições escolhidas,
fica bem claro que a posição 3 tem a carga admissível mais baixa e a posição 1
tem a mais alta, como observa-se Figura 4.52 a Figura 4.55. Isto é, na região
cônica, quanto mais próximo a trinca estiver da ponta do enrijecedor no lado
oposto a região cilíndrica, mais crítico será esta trinca. É possível observar
também, como já era esperado, que a trinca maior tem carga admissível mais
baixa e que a trinca no sentido transversal tem carga admissível mais baixa se
comparado ao sentido longitudinal. Isto se explica pelo fato de no sentido
transversal ocorrer perda de seção no momento da flexão.
92
Critério: Tensão Trinca menor transversal
352
219
163
135
271
177
133
110
25
32
51
107
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Posição 1
Posição 2
Posição 3
Figura 4.52. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido transversal e tamanho menor
Critério: Tensão Trinca maior transversal
104
124
164
252
7997
134
218
87
45
30
25
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Posição 1
Posição 2
Posição 3
Figura 4.53. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido transversal e tamanho maior
93
Critério: Tensão Trinca menor longitudinal
280
353
498
886
193
260
393
729
43
64
98
287
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Posição 1
Posição 2
Posição 3
Figura 4.54. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido longitudinal e tamanho menor
Critério: Tensão Trinca maior longitudinal
875
438
290
225
679
319
207
156
32
46
81
265
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Posição 1
Posição 2
Posição 3
Figura 4.55. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido longitudinal e tamanho maior
Segundo a norma API SPEC 17J, a deformação máxima admissível para
enrijecedores de poliuretano é de 7,7%. Embora esta norma não faça menção a
deformação em materiais com trinca, usou-se este valor para, a partir das análises
mostradas neste trabalho, obter os resultados de carga máxima admissível segundo o
94
critério de deformação apresentado na norma. A comparação da carga máxima
admissível, com os critérios de tensão máxima e deformação máxima, é mostrada
para cada análise realizada na Figura 4.56 a Figura 4.59. Percebe-se que, mesmo
com uma trinca, a carga máxima admissível segundo os critérios de deformação da
norma API SPEC 17J é, na maioria dos casos, bem inferior a carga máxima
admissível com os critérios de tensão propostos neste trabalho, porém, no caso mais
extremo analisado que é com o ângulo de aplicação da força de 90º na posição 3 que
é a ponta do enrijecedor os dois critérios se aproximam muito. É possível observar
também que, em alguns casos, as curvas segundo o critério de deformação máxima
estão muito próximas, o que minimiza a influencia da posição da trinca para este
critério.
Trinca menor transversal
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Posição 1 - Tensão
Posição 2 - Tensão
Posição 3 - Tensão
Posição 1 - Deformação
Posição 2 - Deformação
Posição 3 - Deformação
Figura 4.56. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido transversal e tamanho menor comparando os critérios de
tensão admissível e deformação admissível
95
Trinca maior transversal
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Posição 1 - Tensão
Posição 2 - Tensão
Posição 3 - Tensão
Posição 1 - Deformação
Posição 2 - Deformação
posão 3 - Deformação
Figura 4.57. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido transversal e tamanho maior comparando os critérios de
tensão admissível e deformação admissível
Trinca menor longitudinal
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Posição 1 - Tensão
Posição 2 - Tensão
Posição 3 - Tensão
Posição 1 - Deformação
Posição 2 - Deformação
Posição 3 - Deformação
Figura 4.58. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido longitudinal e tamanho menor comparando os critérios de
tensão admissível e deformação admissível
96
Trinca maior longitudinal
0
300
600
900
45 60 75 90
Ângulo de aplicação da força (
o
)
Carga admissivel (KN)
Posição 1 - Tensão
Posição 2 - Tensão
Posição 3 - Tensão
Posição 1 - Deformação
Posição 2 - Deformação
Posição 3 - Deformação
Figura 4.59. Gráfico Carga máxima admissível x Ângulo de aplicação da força para a
análise da trinca no sentido longitudinal e tamanho maior comparando os critérios de
tensão admissível e deformação admissível
97
5. CONCLUSÕES
O objetivo desta tese foi estudar falhas em enrijecedores de poliuretano à
flexão com um concentrador de tensões considerando a não linearidade na relação
constitutiva do material.
O enrijecedor permite a transição suave de rigidez entre o riser flexível e o
ponto de conexão com a plataforma, porém é sabido que a flexão excessiva pode
causar danos ao enrijecedor. Estes danos podem ser agravados caso haja uma trinca
no enrijecedor e a finalidade deste trabalho é encontrar a carga máxima admissível ao
enrijecedor a partir da sua tensão máxima admissível quando houver uma trinca.
Primeiramente procurou-se encontrar a tensão máxima para o poliuretano com
um concentrador de tensões. Realizou-se ensaios experimentais com corpos de prova
retirados de enrijecedores reais. Levou-se os ensaios de tração até a ruptura em seis
corpos de provas, sendo dois CPs sem entalhe, dois CPs com entalhe de 1 mm e dois
CPs com entalhe de 2 mm. Utilizou-se os pontos coletados em um dos ensaios com o
corpo de prova sem entalhe para fazer o ajuste da curva no software Abaqus em 6
diferentes modelos hiperelásticos. A qualidade do ajuste empregado foi verificada de
duas maneiras, a primeira através do erro normalizado dos modelos e a segunda
através do valor do coeficiente de determinação (R
2
). Após a avaliação da qualidade
dos ajustes, verificou-se que o melhor ajuste para este modelo hiperelástico é o
Polinomial de ordem 2. Fez-se então uma simulação do ensaio de tração em
elementos finitos no software Abaqus. Nesta simulação, usou-se a curva do ensaio
experimental ajustada pelo modelo Polinomial de ordem 2 para caracterizar o material,
o valor do coeficiente de Poisson utilizado, foi arbitrado e considerado igual a 0,47.
Analisando o resultado da simulação do ensaio e comparando com o resultado
experimental, observa-se que as curvas permanecem juntas acerto ponto e após
este ponto as curvas se distanciam um pouco. Admitiu-se então que os ensaios, nas
condições realizadas são válidos e o seu resultado pode ser usado para a análise do
enrijecedor. Como tensão máxima admissível em um enrijecedor com uma trinca,
usou-se a média da tensão de ruptura nos quatro corpos de prova com entalhe.
Fez-se então as análises do enrijecedor em elementos finitos, no software
Abaqus, com o seu material caracterizado sempre pelos dados experimentais da curva
de um dos ensaios sem concentrador de tensões. Nestas análises foi aplicado uma
carga de 1.000 kN no riser para simular a flexão. O objetivo é saber a carga máxima
admissível no enrijecedor. Em todas as análises, a parte cilíndrica do enrijecedor foi
descartada, pois esta parte tem sua rigidez aumentada por conectores.
98
Na análise com o enrijecedor sem concentrador de tensões, a tensão máxima
proposta não foi atingida. Fez-se depois análises com trinca em 3 diferentes posições
no enrijecedor variando também o tamanho da trinca e o sentido da trinca. Para
analisar a trinca nestes modelos, utilizou-se o recurso do submodelamento. Nestas
análises aplicou-se a carga em diferentes ângulos de inclinação, partindo de 0º até 90º
com o eixo horizontal em intervalos de 15º em 15º. Nos ângulos de e 15º, o
resultado foi descartado, pois a a flexão é inexistente e a 15º ela é muito pequena.
Como resultado destas análises tem-se a carga máxima admissível segundo o critério
de tensão máxima proposto neste trabalho e a carga máxima admissível segundo o
critério de deformação máxima da norma API SPEC 17J. Ao compararem-se as
diferentes análises realizadas, podemos concluir:
Quanto maior a componente vertical da carga aplicada, menor será a carga
admissível no enrijecedor
Quanto mais próximo da parte cônica mais fina na ponta do enrijecedor estiver
a trinca, menor será a sua carga admissível.
Quanto maior o tamanho da trinca menor será a sua carga admissível.
A carga máxima admissível nas trincas com sentido transversal ao eixo central
do enrijecedor será menor que em trincas com sentido longitudinal ao mesmo
eixo.
O critério de deformação máxima da norma API SPEC 17J é mais conservador
que o critério de tensão máxima proposto neste trabalho
Este trabalho propôs um critério para análise de enrijecedores com
concentrador de tensão a partir de uma tensão máxima. Para dar continuidade a este
trabalho, tem-se como sugestão para trabalhos futuros:
Analisar diferentes tamanhos e geometrias de trinca em outras posições do
enrijecedor para obter uma curva da carga máxima admissível em uma trinca
ao longo de toda extensão do enrijecedor
Propor critérios de falha para o Bend stiffener, como por exemplo um critério de
Von Mises com seu eixo modificado a partir de resultados de ensaios bi-axiais.
Considerar o comportamento assimétrico entre tração e compressão no
poliuretano.
Avaliar a resposta do enrijecedor com um concentrador de tensões
considerando o carregamento por fadiga.
99
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Flexible Pipe. 2008.
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VILAR, W. D., “Química e Tecnologia dos Poliuretanos” Ed., Vilar Consultoria, Rio
de Janeiro, 2002
103
APÊNDICE A
A. Área infinitesimal deformada em função da área infinitesimal indeformada
As áreas dA no instante t=0 e da no instante t podem ser escritas como:
21
dXdXdA ×=
21
dxdxda ×=
No instante t,
11
FdXdx =
e
22
FdXdx =
, sendo assim, a área pode ser reescrita
como:
2121
FedAFeFdXFdXda ×=×=
Ondo e
i
, são as bases cartesianas. A orientação da área deformada é normal a Fe
1
e
Fe
2
, sendo
3
dAedA =
, então:
(
)
213
FeFedAdae ×=
( A.1 )
De acordo com as propriedades de multiplicação escalar entre vetores, temos:
0
3231
== daeFedaeFe
( A.2 )
e
(
)
2133
FeFeFedAdaFe ×=
( A.3 )
De acordo com as propriedades vetoriais,
=
×
cba
determinante cujas linhas são os componentes de a, b e c.
Então,
FFeFeFe
det
213
=×
( A.4 )
A equação ( A.3 ) torna-se:
104
FdAdaeFe det
33
=
( A.5 )
Usando as definições de matriz transposta de um tensor, a equação ( A.2 ) pode ser
reescrita como:
0
3231
== eFeeFe
TT
( A.6 )
E a equação ( A.5 ) torna-se:
F
da
dA
eFe
T
det
33
=
( A.7 )
Ou seja,
F
da
dA
F
T
det
=
( A.8 )
Rearranjando a equação ( A.8 ), tem-se:
dAFFda
T
=
105
APÊNDICE B
B. Teorema de Cayley-Hamilton
Sendo B real e simétrico, sempre haverá 3 autovalores correspondentes para 3
autovetores perpendiculares e vice-versa (LAI et al., 1993). Os autovalores λ
i
satisfazem a equação característica:
0
32
2
1
3
=+ III
iii
λλλ
3,2,1
=
i
A equação acima pode ser escrita na forma de matriz:
0
00
00
00
00
00
00
00
00
00
3
3
2
1
2
2
3
2
1
1
3
3
2
1
=
+
III
λ
λ
λ
λ
λ
λ
λ
λ
λ
A matriz da equação acima é a matriz para o tensor B usando seus autovetores
cartesianos:
0
32
2
1
3
=+ IIBIBIB
106
APÊNDICE C
C. Constantes para os ajustes das curvas dos modelos hiperelásticos
Tabela C.1. Constantes do modelo Mooney-Rivlin obtida nos ensaios
Mooney-Rivlin
C
10
C
01
CP1 -24,365
35,111
CP2 -30,177
41,252
CP3 -14,926
24,743
CP4 -13,797
23,431
CP5 2,128 1,091
CP6 2.065 1.566
Tabela C.2. Constantes do modelo Neo-Hook obtida nos ensaios
Neo Hook
C
10
CP1 6,878
CP2 7,282
CP3 6,051
CP4 5,760
CP5 2,494
CP6 2.599
Tabela C.3. Constantes do modelo Ogden com 4 parâmetros obtida nos ensaios
Ogden com 4 parâmetros
α
1
α
2
µ
1
µ
2
CP1 13,011
-23,589
-18,998
50,086
CP2 11,525
-20,709
-17,111
45,694
CP3 8,386 -15,395
-17,698
45,441
CP4 6,589 -12,523
-18,040
44,167
CP5 5.429 -2.552 0,025 11.185
CP6 5,563 -2.509 0,022 11.892
107
Tabela C.4. Constantes do modelo Yeoh obtida nos ensaios
Yeoh
C
10
C
20
C
30
CP1 11,132
-62,703
-62,703
CP2 11,264
-88,220
395,363
CP3 10,040
-28,162
40,137
CP4 9.816 -25,552
34,972
CP5 3.267 0,086 0,002
CP6 3.510 -0.101 0,002
Tabela C.5. Constantes do modelo Polinomial Reduzido obtida nos ensaios
Polinomial Reduzido
C
10
C
20
CP1 9,642 -20,909
CP2 10,030
-31,645
CP3 8,646 -9,476
CP4 8,496 -8,752
CP5 2.647 -0,007
CP6 2.840 -0,011
Tabela C.6. Constantes do modelo Polinomial de ordem 2 obtida nos ensaios
Polinomial
C
10
C
20
C
01
C
02
C
11
CP1 -134,882
611,115 149,690
1184,594 -1646,312
CP2 -78,046 -2843,549
91,482 -3647,330
6475,834
CP3 -92,082 112,020 105,859
310,464 -348,151
CP4 -72,144 -21,677 85,197 18,159 47,585
CP5 -21,047 0,173 30,523 8,200 -1,160
CP6 -23.003 0.188 33.173 8.958 -1.271
108
APÊNDICE D
D. Valores do erro normalizado e do coeficiente de determinação (R
2
)
Tabela D.1. Comparação entre cada corpo de prova com os dois métodos para
encontrar o erro na curva
Moone
y-Rivlin
Neo-
Hook
Ogden - 4
parâmetros
Yeoh
Polinomial
reduzido
Polinomial
(N=2)
Erro 1,04 4,32 0,02 2,22 3,49 0,03
CP1
R
2
0,9677
0,5015 0,9994 0,9373
0,8425 0,9999
Erro 0,63 5,41 0,08 1,65 3,00 0,04
Ent.
2 mm
CP2
R
2
0,9778
0,5830 0,9981 0,9624
0,8916 0,9986
Erro 1,28 3,39 0,04 2,33 3,41 0,02
CP3
R
2
0,96 0,4474 0,9998 0,9197
0,8091 0,9999
Erro 1,14 3,44 0,07 2,02 2,91 0,02
Ent.
1 mm
CP4
R
2
0,9628
0,5028 0,9997 0,9329
0,8265 0,9998
Erro 1,73 0,32 0,47 0,12 1,46 0,06
CP5
R
2
0,9437
0,9529 0,9946 0,9691
0,9245 0,9994
Erro 0,37 1,09 0,56 0,10 1,28 0,06
Sem
Ent.
CP6
R
2
0,9878
0,9529 0,9924 0,9616
0,9190 0,9992
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