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Universidade de Brasília
Instituto de Biologia
Programa de s-Graduação em Ecologia
Análise de populações de Sterculia apetala em diferentes
cenários de manejo da paisagem e sua influência no
oferecimento futuro de habitat reprodutivo para
Anodorhynchus hyacintinus no Pantanal
Antônio dos Santos Júnior
Brasília – DF
2010
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Universidade de Brasília
Instituto de Biologia
Programa de s-Graduação em Ecologia
Tese de Doutorado
Alise de populações de Sterculia apetala em diferentes cenários
de manejo da paisagem e sua influência no oferecimento futuro de
habitat reprodutivo para Anodorhynchus hyacintinus no Pantanal
Antônio dos Santos Júnior
Orientador: Prof. Dr. John D. V. Hay
Brasília – DF
2010
Tese apresentada ao Programa de Pós
-
Graduação em Ecologia da UnB, como
parte dos requisitos para a obtenção do
título de Doutor em Ecologia
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Antônio dos Santos Júnior
Alise de populações de Sterculia apetala em diferentes cenários de manejo da
paisagem e sua influência no oferecimento futuro de habitat reprodutivo para
Anodorhynchus hyacintinus no Pantanal
Tese aprovada junto ao Programa des-Graduação em Ecologia da Universidade de Brasília como
requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Ecologia. Brasília, 30 de abril de 2010
Dr. John Du Vall Hay
Orientador – Universidade de Brasília
Dr. Aldicir Osni Scariot
Membro Titular - EMBRAPA
Dra. Helena Castanheira de Morais
Membro Titular – Universidade de Brasília
Dra. Iria Hiromi Ishii
Membro Titular – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Dra. Neiva Maria Robaldo Guedes
Membro Titular – Universidade Anhanguera UNIDERP
Dr. Raimundo Paulo Barros Henriques
Membro Suplente – Universidade de Brasília
Errata
Onde se lê:
Alise de populações de Sterculia apetala em diferentes cenários
de manejo da paisagem e sua influência no oferecimento futuro de
habitat reprodutivo para Anodorhynchus hyacintinus no Pantanal
Leia-se:
Alise de populações de Sterculia apetala (Jacq.) Karst
(MALVACEAE) em diferentes cenários de manejo da paisagem e
sua influência no oferecimento futuro de habitat reprodutivo para
Anodorhynchus hyacinthinus (Latham, 1720) (PSITTACIDAE) no
Pantanal
Agradecimentos
À minha esposa Andrelisse Arruda, pelo inquestionável estímulo e apoio. Eu amo você!
Aos meus pais (Antônio e Anésia), por terem me forjado um homem persistente e
perseverante. Sem estas características eu jamais teria alcaado meu objetivo.
À minha filha Maria Eduarda, por sempre sorrir. Papai passou na prova!
Às minhas irmãs (Márcia Regina e Jamile), por cuidarem da Duda durante todo este
tempo. Ajuda foi indispensável para que eu tivesse a tranqüilidade necessária para
ficar tanto tempo longe (Você também mãe!).
Ao Prof. Dr. John Hay, pela oportunidade e incentivo para me aprofundar no estudo de
ecologia de populações de plantas.
Ao meu amigo Walfrido, pelas conversas megalomaacas sobre o delineamento do
estudo e análise de dados.
À Embrapa Pantanal por acreditar no trabalho e disponibilizar a estrutura necessária para
a execução da coleta de dados.
A todas as pessoas que me deram abrigo, alimento, café ou boa conversa ao longo das
incontáveis viagens entre Brasília e o Pantanal. Aparecida (in memoriam)
Claudinéia, Arlinda, Genaldo, Alcineide, Walfrido, Alessandro, Cezar, Lia, Grace,
Marco, Paulo, Maurício, Rafael, Marciano, Fred Taka, entre outros que peco em não
me recordar.
Aos docentes do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UnB pelo tempo dedicado
à minha formação acadêmica.
Aos membros da banca avaliadora, pelas valiosas contribuições para a melhoria do
conteúdo deste trabalho.
A todas as outras pessoas que fizeram parte da minha história com o manduvi. Profa.
Neiva, Profa. Iria, Dra. Suzana, Armindo, Murilo, Denis, Moacir, Marcos Tadeu,
Marcos José, Gaúcho, Henrique e todo o pessoal da Fazenda Nhumirim.
Aos proprietários das Fazendas Ipanema e Santo Expedito que permitiram a execução do
estudo em suas terras.
Ao CNPq pela concessão de bolsa de doutorado (processo 141187/2007-7)
Este trabalho é dedicado ao meu pai, Antônio dos Santos (Vô Toninho).
Deu-me uma infância tranqüila e adorável.
Ensinou-me a importância da dedicação ao trabalho.
Esteve ao meu lado quando mais precisei.
O sucesso também é seu!
“É tolo tentar responder uma questão que você não entende. É triste ter que
trabalhar para um fim que você não deseja. Coisas tristes e tolas como estas
freqüentemente acontecem (...). O estudante deve entender o problema. Mas não basta
que ele o entenda. É necessário que ele deseje a sua solução
G. Polya
8
Sumário
Sumário
……………………………………………………………………………...
Lis
ta de Figuras
……………………………………………………………………..
12
Lista de tabelas
……………………………………………………………………...
15
Resumo
………………………………………………………………………………
17
Abstract
……………………………………………………………………………...
19
Introdução geral
…………………………………………………………………….
21
Hipóte
se
……………………………………………………………………………...
29
Objetivos específicos
………………………………………………………………...
30
Capitulo I
Probabilidade de reprodução, estimativa de
produção de sementes e vigor da germinação em
Sterculia apetala (Jacq.) Karst no
Pantanal…………………………………………….
31
Resumo
……………………………………………...
31
Abstract
……………………………………………...
32
Introdução
…………………………………………...
33
Metodologia
……………………………………
34
Área de estudo
………………………………………
34
Crescimento diametral
cumulativo………………….
36
Probabilidade de reprodução
………
………………..
36
Produção de sementes
……………………………….
36
Estimativa da produção individual de sementes
.........
37
9
Análise do vigor da germinação
.................................
37
Resultados
…………………………………………...
38
Fases de desenvolvimento observado pelo
crescimento cumulativo em diâmetro.........................
38
Efeito do tamanho na probabilidade de
reprodução.................................................................. 39
mero médio de sementes produzidas por árvores
reprodutivas................................................................ 40
P
rodução de sementes por árvore adulta
....................
41
Diferença no vigor da germinação de sementes de
árvores que crescem em floresta e pastagem..............
42
Diferença no vigor das
plântulas de sementes de
árvores que crescem em floresta e pastagem..............
43
Discussão
……………………………………………
44
Conclusão
…………………………………………...
49
Capítulo II
Sobrevivência e mortalidade de
Sterculia apetala
(Jacq.) Karst (Malvaceae) sob diferentes cenários
de manejo da paisagem no Pantanal……………...
50
Resumo
……………………………………………...
50
Abstract
……………………………………………...
51
Introdução
…………………………………………...
51
Metodologia
……………………………………
52
Área de estudo
………………………………………
52
Cenários de estudo
…………………………
………..
53
Descrição da estrutura da vegetação dos cenários de
estudo..........................................................................
55
Amostragem da população de
Sterculia apetala
em
cada cenário de estudo................................................
56
Classificação de indivíduos de
Sterculia apetala
em
estágios ontogenéticos................................................ 57
10
Análise populacional da estrutura populacional de
Sterculia apetala baseada em estágios
ontogenéticos.............................................................. 58
Análise populacional da dimica populacional de
Sterculia apetala empregando tabela de vida.............
58
Resultados
…………………………………………...
59
Estrutura florestal nos cenários de manejo da
paisagem..................................................................... 59
Estrutura populacional de
Sterculia apetala
nos
cenários de manejo da paisagem................................ 61
Entre anos..………………………………………….
61
Entre cenários
……………………………………
….
61
Dinâmica populacional de
Sterculia apetala
nos
cenários de manejo..................................................... 65
Discussão
……………………………………………
72
O efeito do histórico de manejo da paisagem sobre a
estrutura populacional de Sterculia apetala............... 73
Dinâmica populacional de
Sterculia apetala
nos
cenários de manejo da paisagem: curvas de
sobrevivência.............................................................. 73
Dinâmica populacional de
Sterculia apetala
nos
cenários de manejo da paisagem: curvas de
mortalidade................................................................. 75
Limitações do estudo
………………………………..
77
Conclusão
…………………………………………...
78
Capítulo III
Sucessão ecológica de aves em cavidades nos
troncos de árvores de Sterculia apetala (Jacq.)
Karst (Malvaceae) no Pantanal…………………... 79
Resumo
……………………………………………...
79
Abstract
……………………………………………...
79
11
Introdução
…………………………………………...
80
Material e métodos
………………………………….
80
Resultados
…………………………………………...
81
Di
scuso
……………………………………………
82
Aspectos da colonização de cavidades em árvores
como habitat reprodutivo por aves…………………. 82
Disponibilidade de troncos para escavação…………
85
Capacidade de escavar uma cavidade……………….
85
Porte do adulto reprodutivo da es
pécie……………..
86
Conclusão
…………………………………………...
88
Considerações finais
………………………………………………………………...
89
Referências bibliográficas
…………………………………………………………..
94
12
Lista de figuras
Figura
1
.
Árvore adulta e emergente de
Sterculia apetala
em floresta es
tacional
semidecidual no Pantanal, sub-região da Nhecondia, MS, Fazenda
Nhumirim (Foto: A. Santos Jr).................................................................
21
Figura 2
.
Flores unissexuais em árvore reprodutiva de
Sterculia apetala
em
floresta estacional semidecidual no Pantanal, sub-região do Paiaguás,
MS, Fazenda União (Foto: W. Tomas).....................................................
23
Figura
3
.
Frutos maduros e sementes de
Sterculia apetala
coletados em floresta
estacional semidecidual no Pantanal, sub-região do Aquidauana, MS,
Fazenda Santa Maria (Foto: C. Corrêa)....................................................
24
Figura
4.
Vista parcial da madeira de
Sterculia apetala
após polimento no
laboratório de botânica da Universidade do Estado de Mato Grosso do
Sul, Campus de Corumbá. (Foto: A. Santos Jr)........................................
25
Figura
5
.
Filhote emplumado de
Anodorhynchus hyacinthinus
dentro de
cavidade-ninho em tronco de Sterculia apetala. Pantanal, sub-região do
Barão de Melgaço, Fazenda São Francisco do Perigara. (Foto: G.
Silva).........................................................................................................
26
Figura
6
.
Árvore adulta de
Sterculia apetala
poupada em área
desflorestada,
porém, após uma tempestade, teve a copa quebrada, sub-região do
Aquidauana, MS, Fazenda Santa Maria. (Foto: C. Correa)......................
27
Figura
7
.
Ninho artificial instalado pelo Projeto Arara Azul e utilizado durante a
estação reprodutiva de 2005 por Anodorhynchus hyacinthinus em área
onde carência de árvores adultas de Sterculia apetala com
cavidades-ninho. Pantanal, sub-região do Miranda, Fazenda Cayman,
base de campo do Projeto Arara Azul. (Foto: C. Corrêa).........................
28
Figura 8
.
Localização das áreas de amostragem de parâmetros reprodutivos de
Sterculia apetala. Área 1, Fazenda Nhumirim, Área 2, Fazenda
Ipanema. Sub-região da Nhecolândia, Pantanal, Corumbá, MS...............
35
13
Figura
9
.
Curva de incremento cumulativo em diâmetro de cinco árvores de
Sterculia apetala (N=5) no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS.
A linha preta indica o limite entre as duas fases de desenvolvimento,
quando as árvores superam o dossel e passam a investir no crescimento
secundário, aumentando a variação no crescimento diametral.................
39
Figura
10
.
Regressão logística relatando a probabilidade de evento reprodutivo de
árvores de Sterculia apetala como uma função do diâmetro na altura do
peito (DAP), no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS.....................
40
Figura
11
.
Modelo de regressão linear da área da copa de árvores de
Sterculia
apetala em função do diâmetro na altura do peito (DAP), no Pantanal,
sub-região da Nhecolândia, MS................................................................
41
Figura
12
.
Emergência de plântulas
de
Sterculia apetala
em teste de vigor de
germinão em viveiro, testando sementes coletadas em floresta e em
pastagens no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS. Média de
plântulas emergidas de sementes coletadas de árvores no interior de
floresta estacional semidecidual; Desvio padrão da média de
plântulas emergidas de sementes coletadas de árvores no interior de
floresta estacional semidecidual; dia de plântulas emergidas de
sementes coletadas de árvores isoladas em pastagem de Brachiaria
spp.; Desvio padrão da média de plântulas emergidas de sementes
coletadas de árvores isoladas em pastagem de Brachiaria spp................
43
Fig
ura 13
.
Localização dos cenários de manejo da paisagem onde as coletas de
dados foram realizadas. 1) Fazenda Santo Expedito, área 1, cenário
Braquiária; 2) Fazenda Ipanema, área 2, cenário Braquiária; 3) Fazenda
Nhumirim, área 3, cenário Reserva e 4) Fazenda Nhumirim, área 4,
cenário Tradicional. Sub-região da Nhecolândia, Pantanal, Corumbá,
MS.............................................................................................................
55
Figura 14
.
Vista parcial da floresta estacional
semidecidual amostrada no cerio
Reserva após incêndio florestal ocorrido em setembro de 2005.
Pantanal, sub-região da Nhecolândia. Fazenda Nhumirim, Corumbá,
MS. (Foto: W. Tomas)..............................................................................
60
14
Figura
15
.
Distribuição de indivíduos de
Sterculia apetala
em estágios
ontogenéticos para três cenários de manejo, no Pantanal, sub-região da
Nhecolândia, MS. O quadro apresenta o sumário estatístico da prova de
Kolmogorov-Smirnov para testar a variação da estrutura populacional
de Sterculia apetala entre os três cenários de manejo da paisagem. (1)
Plântulas estabelecidas; 2) Imaturos; 3) Jovens; 4) Adultos; 5)
Senis).........................................................................................................
64
Figura
16
.
Curvas de sobrevivência (Log
10
l
x
) e mortalidade (
q
x
) de populações de
Sterculia apetala para os anos 2007 a 2010 nos cenários de manejo
Reserva (a, b), Tradicional (c, d) e Braquiária (e, f), no Pantanal, sub-
região da Nhecolândia, MS. 1) Plântulas estabelecidas; 2) Imaturos; 3)
Jovens; 4) Adultos; 5) Senis.....................................................................
70
Figura
17
.
Porcentagem de sobrevivência de um grupo de indivíduo
s de
Sterculia
apetala com Diâmetro na Altura do Peito superior a 50 cm marcados
em janeiro de 2007.
=Reserva (N=11);
=Braquiária (N=33);
=Tradicional (N=24)..............................................................................
71
Figura
18
.
Distribuição hipotética de troncos em função do diâmetro a altura do
peito em uma floresta tropical (cinza) e Distribuição hipotética de
troncos que abrigam cavidades-ninho de aves em função do diâmetro a
altura do peito em uma floresta tropical (preto).......................................
86
15
Lista de tabelas
Tabela 1
.
Diâmetro a altura do peito (D
AP), área da copa e estimativa do número
de sementes produzidas por árvores de Sterculia apetala no Pantanal,
sub-região da Nhecolândia, MS. (A área da copa foi obtida
empregando a fórmula da elipse e o modelo linear relacionando a área
da copa em função do DAP. O número de sementes foi obtido pela
multiplicação da média de sementes por metro quadrado e a área da
copa estimada)..........................................................................................
42
Tabela
2
.
Vigor dio das plântul
as de
Sterculia apetala
após teste de
germinão em viveiro. O teste utilizou sementes coletadas em árvores
crescendo em floresta e isoladas em pastagens no Pantanal, sub-região
da Nhecolândia, MS. (Min: valor mínimo amostrado; Med: valor
médio estimado; DP: desvio padrão; Max: valor ximo
amostrado)................................................................................................
44
Tabela
3
.
Estimativas dos parâmetros florestais para os três cenários de manejo
da paisagem analisados no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS.
Diâmetro na Altura do Peito (DAP), Altura total (Ht) e densidade
florestal por hectare (obtida pelo método do ponto quadrante). (Min:
valor mínimo amostrado; Med: valor médio estimado; DP: desvio
padrão; Max: valor máximo amostrado)...................................................
61
Tabela
4
.
Sumário estatístico da prova de Kolmogorov
-
Smirnov para testar a
variação interanual da estrutura populacional de Sterculia apetala em
três cenários de manejo da paisagem no Pantanal, sub-região da
Nhecolândia, MS......................................................................................
62
Tabela
5
.
Número de indivíduos de
Sterculia apetala
em cada classe de estágios
ontogenético por cenários de manejo da paisagem no Pantanal, sub-
região da Nhecolândia, MS.......................................................................
63
Tabela
6
.
Tabelas de vida calculadas para a população de
Sterculia apetala
no
cenário de manejo da paisagem Reserva, Pantanal, sub-região da
Nhecolândia, MS. Fórmulas dos cálculos podem ser obtidas em Cox
1996; Brower et al. 1998; Diaz et al. 2000. (L
x
: número de indivíduos
de Sterculia apetala amostrados pertencentes ao estágio ontogenétco;
l
x
: taxa de sobrevivência específica a classe; Logl
x
: logaritmo
10
de l
x
;
q
x
: taxa de mortalidade específica a classe)..............................................
67
16
Tabela
7
.
Tabelas de vida calculadas para a população de
Sterculia apetala
no
cenário de manejo da paisagem Tradicional, Pantanal, sub-região da
Nhecolândia, MS. Fórmulas dos cálculos podem ser obtidas em Cox
1996; Brower et al. 1998; Diaz et al. 2000. (L
x
: número de indivíduos
de Sterculia apetala amostrados pertencentes ao estágio ontogenétco;
l
x
: taxa de sobrevivência específica a classe; Logl
x
: logaritmo
10
de l
x
;
q
x
: taxa de mortalidade específica a classe)..............................................
68
Tabela
8
.
Tabelas de vida calculadas para a população de
Sterculia apetala
no
cenário de manejo da paisagem Braquiária, Pantanal, sub-região da
Nhecolândia, MS. Fórmulas dos cálculos podem ser obtidas em Cox
1996; Brower et al. 1998; Diaz et al. 2000. (L
x
: número de indivíduos
de Sterculia apetala amostrados pertencentes ao estágio ontogenétco;
l
x
: taxa de sobrevivência específica a classe; Logl
x
: logaritmo
10
de l
x
;
q
x
: taxa de mortalidade específica a classe)..............................................
69
Tabela
9
.
Diferenças nas taxas de sobrevivência (Log
10
l
x
) entre os estágios
ontogenéticos de Sterculia apetala nos três cenários de manejo da
paisagem no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS...........................
71
Tabela
10
.
Tipos de mortes registradas para árvores de
Sterculia apetala
, com
diâmetro na altura do peito maior que 50 cm, em três cenários de
manejo da paisagem, Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS.
Classificação segundo D’Angelo et al. (2004).........................................
72
Tabela 11
.
Espécies de aves registradas utilizando recursos disponibilizados por
árvores de Sterculia apetala no Pantanal. (
Fonte: Burger e Gochfeld 2005
A
;
Campos e Coutinho 2004
B
; Carrara et al. 2007
C
;
Donatti et al. 2005
D
; Guedes 1993
F
; 1999
G
;
2001
I
; 2002
J
; 2004
K
; Guedes et al. 2000
H
; Pinho e Nogueira 2003
L
; Pizo et al. 2008
M
; Santos
Jr. 2006
N
; Santos Jr 2006
O
; Silva et al. 2005
P
)..........................................................
84
17
Resumo
Anodorhynchus hyacinthinus é uma espécie de ave listada como ameaçada de extinção
principalmente pela destruição de seu habitat por queimadas e desflorestamentos. No Pantanal,
os casais reprodutivos desta ave são exigentes em termos de habitat reprodutivo, nidificando em
95% dos casos nos troncos de Sterculia apetala. A redução na disponibilidade de ninhos pela
perda de árvores maduras com cavidades naturais ou com porte suficiente para sua escavação
pode resultar em baixas taxas de recrutamento e gradual redução do tamanho populacional desta
ave. Neste sentido, o esforço para a conservação de A. hyacinthinus no Pantanal deve enfocar
também a manutenção de populações de S. apetala, avaliando o efeito de deiferentes condições
de manejo da paisagem sobre a estrutura e dinâmica populacional desta árvore. O trabalho foi
conduzido em três cenários de manejo da paisagem no Pantanal, a saber: Reserva, uma unidade
de conservação na modalidade RPPN, Tradicional, área onde a atividade pecuária é desenvolvida
com os animais em baixa densidade em campos nativos, e, finalmente, Braquiária, ambiente
onde a floresta foi substituída por pastagens de Brachiaria spp., remanescendo árvores da
vegetação original. Todas as áreas estavam situadas na sub-região da Nhecondia, Pantanal,
Corumbá, MS. Os resultados obtidos mostram que a probabilidade de reprodução de S. apetala é
significativamente influenciada pelo diâmetro a altura do peito (DAP) e estima-se que as árvores
adultas produzam duas sementes viáveis por metro quadrado de copa. O vigor da germinação e
das plântulas produzidas por sementes de árvores de S. apetala isoladas na pastagem de
braquiária foram significativamente menor ao observado para a germinação e plântulas de
sementes árvores de S. apetala inseridas no ambiente florestal. Os modelos lineares de
sobrevivência e mortalidade desenvolvidos para as populões de S. apetala estudadas
evidenciam que o desflorestamento somado à presença do gado bovino, como acontece no
cenário Braquiária, altera a dinâmica populacional desta árvore, provavelmente comprometendo
a viabilidade populacional. Isto ocorre à remoção da floresta, à herbivoria e pisoteio das
plântulas pelo do gado bovino e à maior exposição das árvores adultas remanescentes às
ventanias, como no cerio Braquiária, aumentar muito a mortalidade dos indivíduos de S.
apetala. Um total de 27 espécies de aves foi registrado utilizando as árvores adultas de S. apetala
como habitat reprodutivo. Ocorre um processo de sucessão ecológica de espécies de aves que
ocupam as cavidades nos troncos desta árvore. A remoção de árvores de S. apetala afeta as taxas
18
de fecundidade de mais de uma dezena de espécies de aves no Pantanal. Tratando-se de A.
hyacinthinus deve-se promover o manejo da paisagem pantaneira de modo que as populações de
S. apetala não tenham a sua estrutura e dinâmica populacional comprometida pelas práticas
adotadas pela atividade econômica, neste caso, a atividade pecuária. A produção de gado bovino
no cenário Tradicional destaca-se por ser uma atividade econômica com potencial de gerar
riquezas para o proprietário rural, mantendo a estrutura e dinâmica populacional de S. apetala em
condições de disponibilizar habitat reprodutivo para A. hyacinthinus em longo prazo no Pantanal.
Algumas recomendações sobre programa de incentivo à produção de gado bovino segundo o
modelo tradicional de produção e criação de normatizações são feitas. Palavras-chave: biologia
da conservação, manejo da paisagem, indicador ecológico, conservação de espécie
19
Abstract
Anodorhynchus hyacinthinus is a species of bird listed as threatened with extinction mainly by
the destruction of its habitat by burning and deforestation. In the Pantanal, the breeding of this
bird couples are demanding in terms of breeding habitat, nesting in 95% of cases in the trunk of
Sterculia apetala. The reduction in the availability of nests by the loss of mature trees with
natural cavities or large enough for their excavation can result in low rates of recruitment and
gradual reduction of population size of this bird. In this sense, the effort to conserve A.
hyacinthinus in the Pantanal should also focus on maintaining populations of S. apetala,
evaluating the effect of differently on management conditions on the landscape structure and
population dynamics of this tree. The study was conducted in three scenarios of land
management in the Pantanal, namely: Reserve a conservation mode in PRNP, Traditional, area
where the cattle industry is developed with the animals at low density in native prairies, and
finally Braquiária environment where the forest has been replaced by Brachiaria spp., remaining
trees in the original vegetation. All areas were situated in the sub-region Nhecondia, Pantanal,
Corumbá, MS. The results show that the probability of reproduction of S. apetala is significantly
influenced by the diameter at breast height (DBH) and it is estimated that the mature trees two
producing viable seeds per square meter of canopy. The vigor of germination and seedlings
produced by seeds of trees of S. apetala isolated in Brachiaria spp. pasture were significantly
lower than that observed for seed germination and seedling trees of S. apetala entered the forest
environment. The linear models of survival and mortality developed for populations of S. apetala
study showed that deforestation coupled with the presence of cattle, as in scenario Braquiária
alters the population dynamics of the tree, probably compromising the viability of the
population. This is the removal of the forest, the seedling herbivory and trampling by cattle and
the increased exposure of mature trees remaining to gusts, as the scenario Braquiária, greatly
increase the mortality of individuals of S. apetala. A total of 27 bird species were recorded using
the adult trees of S. apetala as breeding habitat. There is a process of ecological succession of
birds that occupy the cavities in the trunks of this tree. The removal of trees of S. apetala affect
fertility rates by more than a dozen species of birds in the Pantanal. In the case of A. hyacinthinus
one should promote the management of the Pantanal landscape so that the populations of S.
apetala not have their structure and population dynamics compromised by the practices adopted
20
by economic activity, in this case, the cattle industry. The production of cattle in the traditional
scenario stands out as being an economic activity with potential to generate wealth for the
landowner, keeping the structure and population dynamics of S. apetala able to provide breeding
habitat for A. hyacinthinus long term in the Pantanal. Some recommendations on program to
encourage the production of cattle under the traditional model of production and creation of
norms are made. Keywords: conservation biology, landscape management, ecological indicator,
conservation of species
21
Introdução geral
Sterculia apetala (Jacq.) Karst. (Malvaceae) (Figura 1) é uma árvore encontrada em
florestas tropicais de terras baixas, em sítios abaixo de 400m de altitude, em solos aluviais bem
drenados. Ocorre também nas florestas decíduas e semidecíduas na zona de florestas secas, nas
quais a precipitação anual pode ser de menos de 920mm, com pronunciada estação seca de 4-6
meses. Habita, ainda, em florestas ripárias sempre-verdes, em áreas onde a precipitação pode ser
de 3.000mm por ano (Janzen 1972; Dvorak et al. 1998; Valdés et al. 2002; Fernandez et al.
2007).
Figura 1. Árvore adulta e emergente de Sterculia apetala em floresta estacional semidecidual no
Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS, Fazenda Nhumirim (Foto: A. Santos Jr).
Sua distribuição é ampla, sendo encontrada no sudeste doxico, na América Central e
Caribe (Cuba, Guatemala, Honduras e Panamá) e na América do Sul (Bolívia, Brasil e
Colômbia). Ao longo de sua área de distribuição recebe mais de 35 nomes comuns e é
considerada a árvore símbolo do Panamá (Panama tree) (Janzen 1972; Pott e Pott 1994; Dvorak
et al. 1998; Lorenzi 2002; Valdés et al. 2002; Sautu et al. 2006; Fernandez et al. 2007). Na
região do Pantanal, onde este estudo foi realizado, é popularmente conhecida como Manduvi ou
Amendoim-de-bugre (Pott e Pott 1994).
22
Árvores adultas de S. apetala são raras em qualquer ponto em sua área de distribuição,
com densidade estimada em diferentes sítios no Brasil de 0,67, 0,65 e 0,28 indivíduo por hectare
(Dubs 1992; Pinto e Hay 2005). Em florestas estacionais na Colômbia, Guatemala e Honduras a
densidade estimada para esta espécies é de 0,05 indivíduo com DAP10cm por hectare (Dvorak
et al. 1998). Em florestas decíduas e semideciduas não perturbadas na Costa Rica a densidade
estimada é 0,02 indivíduo com DAP10cm por hectare, porém em florestas ripárias sempre-
verdes a densidade estimada é 0,1 indivíduo com DAP10cm por hectare (Janzen 1972).
Os indivíduos maduros são árvores de grande porte (com mais de 100cm de DAP) e de
rápido crescimento, sendo membro do dossel ou árvore emergente (Janzen 1972; Clark e Clark
1996; Dvorak et al. 1998; Santos Jr et al. 2006). As árvores de S. apetala crescem geralmente em
torno de 24-30m de altura. Entretanto, há relatos de indivíduos de até 50m de altura e 2m de
DAP em solos férteis de florestas maduras sempre-verdes no Oeste da Venezuela Central, onde a
precipitação média é de 1.900mm por ano (Janzen 1972; Dvorak et al. 1998; Piotto et al. 2004;
Fernandez et al. 2007).
Os indivíduos reprodutivos de S. apetala apresentam os dois sexos, no entanto, eles estão
separados em flores unissexuais, que crescem no mesmo ramo. Relatos de pesquisas que
enfocaram a reprodução de S. apetala não foram encontrados, assim, as espécies polinizadoras
não são identificadas. Contudo, observando a síndrome apresenta pelas flores pode-se sugerir o
possível grupo responsável pela polinização desta espécie. Como o nome da espécie sugere, as
flores são apetalas, isto é, são monoclamídeas exibindo exclusivamente um cálice carnoso, de cor
branca-amarelada com detalhes em roxo (Figura 2). As flores apresentam odor desagravel
(segundo a etimologia do gênero: Sterculia devido ao cheiro de esterco (Pott e Pott 1994)), e não
foi observada a produção de ctar. Este conjunto de características sugere que esta espécie é
potencialmente polinizada por insetos como besouros ou moscas, geralmente, os animais que são
atraídos por flores com esta síndrome.
23
Figura 2. Flores unissexuais em árvore reprodutiva de Sterculia apetala em floresta estacional
semidecidual no Pantanal, sub-região do Paiaguás, MS, Fazenda União (Foto: W. Tomas).
As a polinização das flores de S. apetala a formação de frutos secos deiscentes do
tipo cápsula septicida, com pericarpo lenhoso e pubescente, vermelho internamente (Figura 3).
Os frutos têm, em média, 11,5cm de comprimento por 8,5cm de largura, contendo sete sementes
(N=100).
As sementes produzidas por esta árvore são ricas em lipídios e proteínas e são procuradas
por muitas espécies animais para sua alimentação como as Ara ararauna (arara-canindé),
Alouatta caraya (bugiu) e Dysdercus spp. (percevejo-manchador) (Janzen 1972; Pott e Pott
1994; Lorenzi 2002). A maioria das espécies que procuram as sementes de S. apetala no
Pantanal são predadores de sementes, exceto Ramphastos toco que é apontado como dispersor de
sementes desta árvore no Pantanal (Santos Jr 2006; Pizo et al. 2008). As sementes têm
24,6±2mm de comprimento por 16,2±1mm de largura, com 1-6 gramas em dia (N=623). As
sementes são elipsóides e cobertas por inúmeras espículas, seguida por uma estrutura chamada
sarcotesta, responsável em atrair o dispersor (Janzen 1972; Barroso et al. 1999; Santos Jr 2006)
(Figura 3).
24
Figura 3. Frutos maduros e sementes de Sterculia apetala coletados em floresta estacional
semidecidual no Pantanal, sub-região do Aquidauana, MS, Fazenda Santa Maria (Foto: C.
Corrêa).
A madeira de S. apetala não gera interesse comercial, pois é esponjosa e leve, de cor
amarelo-marrom e não muito durável, sendo utilizada para caixotaria, canoas, portas e
construção civil interna (Pott e Pott 1994; Dvorak et al. 1998; Lorenzi 2002; Santos Jr et al.
2006) (Figura 4). Sua madeira atinge a densidade média de 0,4 g/cm
3
em aproximadamente 40
anos. Ademais, dentro da sua ampla área de distribuição S. apetala tem sido empregada em
diversos usos não madeireiros. As sementes são consumidas cruas ou torradas em alguns locais
do Caribe, América Central e Brasil. Em Cuba, as flores cozidas são usadas como
descongestionante. É também plantada ocasionalmente na Guatemala, Honduras, Panamá, Porto
Rico e Brasil como ornamental (Pott e Pott 1994; Dvorak et al. 1998; Francis 2000; Valdés et al.
2002; Lombardi e Morais 2003).
A espécie S. apetala não está listada como ameaçada de extinção, devido à sua ampla
distribuão geográfica. Entretanto, pequenas populações em sua área de ocorrência têm sido
destruídas, usualmente para plantio de culturas comerciais ou pastagens (Janzen 1972; Dvorak et
al. 1998; Santos Jr et al. 2007). No Pantanal, as manchas florestais representavam
aproximadamente 26% da cobertura do solo (Silva et al. 2000) e têm sido substituídas
principalmente por pastagens de Brachiaria spp. para pecuária bovina (Johnson et al. 1997).
5cm
25
Figura 4. Vista parcial da madeira de Sterculia apetala após polimento no laboratório de
botânica da Universidade do Estado de Mato Grosso do Sul, Campus de Corumbá. (Foto: A.
Santos Jr).
A atividade pecuária bovina é desenvolvida no Pantanal a mais de 200 anos (Maza et al.
1994). Durante esse tempo ela foi realizada de modo extensivo, com os animais baixa densidade,
obedecendo ao ritmo de inundação (Johnson et al. 1997; Moraes 2008). Nas últimas décadas (a
partir de 1970) a atividade pecuária iniciou um novo modelo de produção, no qual os habitats
florestais no Pantanal têm sido preferencialmente substituídos por pastagens, visando aumentar a
densidade e a produção de gado bovino (Comastri-Filho e Pott 1995; Santos Jr et al. 1997;
Moraes 2008).
Os habitats florestais (incluindo Floresta Estacional, Mata Ciliar e Cerrado Arbóreo)
representavam aproximadamente 26% da cobertura do solo do Pantanal no ano 2000 (Silva et al.
2000), porém, se a tendência de desmatamento prosseguir esta proporção de cobertura será
drasticamente reduzida (Harris et al. 2006). A conservação desses habitats deve ser promovida,
em curto prazo, pois abrigam uma maior diversidade de espécies de aves, mamíferos, pteis e
artrópodes que os habitats não florestais no Pantanal (Figueira et al. 2006; Junk et al. 2006,
Nunes et al. 2006). Além disso, a maior parte das espécies de aves listadas como ameaçadas de
extinção que ocorrem no Pantanal o dependentes de ambientes florestais (Tubelis e Tomas,
1999; 2003).
10 cm
26
Figura 5. Filhote emplumado de Anodorhynchus hyacinthinus dentro de cavidade-ninho em
tronco de Sterculia apetala. Pantanal, sub-região do Barão de Melgaço, Fazenda o Francisco
do Perigara. (Foto: G. Silva).
Anodorhynchus hyacinthinus (Latham 1720 Psittacidae) (Figura 5), conhecida
popularmente como arara-azul, é uma espécie listada como ameaçada de extião devido à
captura de indivíduos para o comércio ilegal de animais silvestres, à descaracterizão do
ambiente por queimadas ou desflorestamentos e ao pequeno tamanho populacional, distribuição
limitada e nicho altamente especializado (Johnson et al. 1997; Nunes et al. 2006). No Pantanal,
os casais reprodutivos desta espécie são exigentes em termos de reprodução, pois nidificam em
95% dos casos nos troncos de S. apetala, em árvores adultas com diâmetro à altura do
peito50cm (60 anos), o que torna esta árvore uma espécie-chave para a conservação de A.
hyacinthinus no Pantanal (Guedes 1993, 2002; Pinho e Nogueira 2003; Santos Junior et al.
2007).
A redução na disponibilidade de cavidades-ninho devido à perda de árvores maduras com
cavidades naturais ou com porte suficiente para sua construção pode resultar em baixas taxas de
recrutamento das aves e na gradual redução de suas populações (Santos Junior et al. 2006)
(Figura 6). Uma recorrente estratégia, utilizada com sucesso para conservação em curto prazo de
aves dependentes de cavidades-ninhos, tem sido a construção e instalação de ninhos artificiais
(inclusive para A. hyacinhinus), mas esta abordagem não deve substituir completamente os
esforços para restaurar e conservar árvores com cavidade e potenciais (Figura 7) (Williams et al.
2006).
27
Figura 6. Árvore adulta de Sterculia apetala poupada em área desflorestada, porém, após uma
tempestade, teve a copa quebrada, sub-região do Aquidauana, MS, Fazenda Santa Maria. (Foto:
C. Correa).
O esforço para a conservação da A. hyacinthinus no Pantanal deve enfocar também a
manutenção de populações de S. apetala, com estrutura populacional sob diferentes condições de
manejo da paisagem que tenham árvores com cavidades para nidificação. Além disso, é
importante conhecer a dimica populacional da árvore para verificar se há recrutamento que
assegure a persistência das populações em longo prazo. Caso seja diagnosticado que o
recrutamento é insatisfatório para a reposição de adulto torna-se urgente o desenvolvimento de
um programa de manejo e conservação dos habitats de ocorrência de S. apetala e, como
conseqüência, a conservação do sítio reprodutivo utilizado por A. hyacinthinus no Pantanal
(Johnson et al. 1997; Guedes 2002; Santos Junior et al. 2006, 2007).
28
Figura 7. Ninho artificial instalado pelo Projeto Arara Azul e utilizado durante a estação
reprodutiva de 2005 por Anodorhynchus hyacinthinus em área onde carência de árvores
adultas de Sterculia apetala com cavidades-ninho. Pantanal, sub-região do Miranda, Fazenda
Cayman, base de campo do Projeto Arara Azul. (Foto: C. Corrêa).
Esta tese está dividida em três capítulos para melhor alcançar os objetivos específicos. O
capítulo I investigou a probabilidade de reprodução de árvores de S. apetala, a estimativa de
produção de sementes e a germinação. Relata, portanto, informações básicas sobre a reprodução
da espécie, que são necessárias para estudos sobre a dinâmica populacional. Para executar tais
estudos é preciso separar os indiduos reprodutivos dos imaturos. O capítulo II investigou o
efeito de diferentes cenários de manejo da paisagem, pela atividade pecuária no Pantanal, sobre a
sobrevivência e mortalidade de indivíduos de S. apetala. Os efeitos observados foram
relacionados com a conservação do habitat reprodutivo de A. hyacinthinus. O Capítulo III discute
aspectos ecológicos relacionados com a colonização de cavidades-ninho em troncos de S.
apetala no Pantanal pela avifauna. Tal discussão argumenta que fatores comportamentais típicos
de psitacídeos impedem que a instalação de ninhos artificiais garanta a viabilidade populacional
saudável de A. hyacinthinus no Pantanal. Assim, o manejo da paisagem pela pecuária deve ser
orientado para que a atividade econômica gere riqueza sem comprometer o estoque populacional
de S. apetala que oferecerá cavidades-ninho para A. hyacinthinus futuramente.
29
Hipótese
O novo modelo de produção pecuária, com a substituição de florestas por plantio de
pastagens, altera a dinâmica populacional de Sterculia apetala, aumetando significativamente os
valores das taxas de mortalidade para os indivíduos desta espécie. As alterações de estrutura e
dinâmica populacional de S. apetala resultarão em uma redução na oferta de habitat reprodutivo
para Anodorhynchus hyacintinus no futuro.
30
Objetivos específicos
1. Avaliar os fatores que influenciam a probabilidade de reprodução de Sterculia apetala no
Pantanal
2. Estimar a produção de sementes viáveis de árvores adultas reprodutivas de Sterculia
apetala no Pantanal
3. Avaliar a qualidade das sementes e das plântulas geradas por árvores de Sterculia apetala
em floresta conservada e isoladas em matriz de pastagem no Pantanal.
4. Analisar a estrutura e dinâmica de populações de Sterculia apetala sob diferentes
cenários de manejo da paisagem no Pantanal
5. Relatar as espécies de aves que interagem com árvores de Sterculia apetala no Pantanal,
analisando fatores ecológicos que afetam estas relações
31
Capítulo I
Probabilidade de reprodução, estimativa de produção de sementes e vigor da germinação
em Sterculia apetala (Jacq.) Karst no Pantanal
Resumo
Poucos são os estudos ecológicos que avaliam a dinâmica populacional utilizando a fecundidade,
uma abordagem incoerente, pois, somente uma população com êxito na reprodução poderá ser
viável no longo prazo. A ausência de estudos sobre fecundidade com árvores nativas pode ser
explicada em função de características do grupo que dificultam a obtenção de dados acurados
sobre a sua ecologia, dificultando a estimativa de fecundidade per capita exigida para os estudos
populacionais que consideram a reprodução em seus métodos. Ações antrópicas são sugeridas
como responsáveis em alterar os valores esperados para a dinâmica populacional de árvores,
especialmente as taxas reprodutivas. Neste contexto, este estudo investigou: 1) a probabilidade
de reprodução de Sterculia apetala em função do desenvolvimento do indivíduo, 2) a estimativa
de produção de sementes viáveis de árvores adultas reprodutivas desta espécie no Pantanal, 3) o
vigor da germinação de sementes e das plântulas geradas por árvores de S. apetala, em floresta
conservada ou isoladas em matriz de pastagem no Pantanal. A coleta de dados abrangeu duas
propriedades: Campo Experimental Fazenda Nhumirim da EMBRAPA Pantanal e Fazenda
Ipanema, propriedade particular, ambas localizadas no município de Corumbá, MS. A primeira
área de amostragem é coberta por manchas de floresta estacional semidecidual. A segunda área
de amostragem teve a floresta estacional semidecidual substituída por pastagem de Brachiaria
spp. O estudo empregou análises dendrocronolóicas, modelos lineares e teste de ANOVA. A
probabilidade de reprodução de árvores de S. apetala no Pantanal é significativamente
influenciada pelo tamanho (DAP). Árvores tornam-se reprodutivas com DAP25cm ou
aproximadamente 30 anos. Estima-se que as árvores reprodutivas produzam em média 2
sementes por metro quadrado de área de copa após a predação pré-dispersão. A área da copa da
árvore relaciona-se linearmente com o DAP, mas não é recomendado o emprego desta função
para realizar a estimação da produção de sementes. A emergência das plântulas ocorre em menos
de um mês após a semeadura. O vigor da germinação das sementes e o vigor das plântulas
produzidas por árvores de S. apetala, isoladas na matriz de pastagem, foram significativamente
32
inferior ao observado para as sementes e plântulas de árvores de S. apetala que de dentro da
floresta. Estas duas observações são consideradas evidências de depressão endogâmica.
Palavras-chave: árvores tropicais, indivíduos modulares, limiar de tamanho reprodutivo,
fragmentação de habitat
Abstract
Few ecological studies evaluate the dynamics population using fecundity, an inconsistent
approach because only one population with reproductive success may be viable in long term. The
absence of fecundity studies with native trees can be explained in terms of group characteristics
that make it difficult to obtain accurate data on its ecology. Anthropic actions are suggested to be
responsible for modifying the values expected for the dynamics population of trees, especially
the reproductive rates. In this context, this study investigated: 1) the probability of reproduction
of Sterculia apetala depending on the individual's development, 2) the estimation of viable seed
production of reproductive adult trees of this species in the Pantanal, 3) the vigor of seed
germination and seedling trees generated by S. apetala in conserved forest or pasture in the
Pantanal. Data collection covered two properties: the Experimental Farm Nhumirim EMBRAPA
Pantanal and Fazenda Ipanema, private property, both located in the municipality of Corumbá,
MS. The first sampling area is covered by patches of semideciduous forest. The second sampling
area had the semideciduous forest replaced by Brachiaria spp. The study employed
dendrochronologic analysis, linear models and ANOVA test. The probability of reproducing
trees of S. apetala in the Pantanal is significantly influenced by the size (DBH). Trees only
become reproductive with DBH 25 cm or approximately 30 years. It is estimated that the
reproductive trees produce on average two seeds per square meter crown after the pre-dispersal
predation. The area of the tree is related linearly with the DAP, but it is not recommended to use
this function to perform the estimation of seed production. Seedling emergence occurs in less
than a month after sowing. The vigor of seed germination and seedling vigor of trees produced
by S. apetala, isolated in the matrix of pasture were significantly lower than that observed for
seeds and seedlings of trees S. apetala than inside the forest. These two observations are
considered evidence of inbreeding depression. Keywords: tropical trees, modular individual
threshold size reproductive, habitat fragmentation
33
Introdução
A literatura ecológica sobre populações informa que a dimica populacional pode ser
regulada pelas taxas de sobrevivência, mortalidade e fecundidade (Caughley 1977, Begon et al.
2006). Diversos estudos ecológicos sobre estrutura e dinâmica populacional de árvores no
ambiente natural avaliam os efeitos da sobrevivência e da mortalidade sobre a persistência
populacional destes organismos (Clark e Clark 1996; Marques e Joly 2000; Correa e Van der
Berg 2002; Caldato et al. 2003; Schaaf et al. 2006).
Poucos são os estudos que fazem este tipo de avaliação utilizando a fecundidade
(Silvertown et al. 1993; Franco e Silvertown 2004; Bruna e Oli 2005). Esta abordagem enviesada
é incoerente, pois, somente uma população com êxito na reprodução podeser vvel no longo
prazo. Uma vez que a morte do organismo é inevitável, deve-se garantir o recrutamento de novos
indivíduos na população.
A ausência de estudos sobre fecundidade com árvores nativas pode ser explicada em
função de características do grupo que dificultam a obtenção de dados acurados sobre a sua
ecologia. A reprodução destes organismos é influenciada predominantemente pelo tamanho ou
estágio de desenvolvimento (Gatsuk et al. 1980; Harcombe 1987; Petit e Hambe 2006), tornando
as influências ambientais mais importantes que as intrínsecas para a probabilidade de
reprodução. Além disso, a predação pré-dispersão e s-dispersão causam uma grande redução
domero de progulos disponíveis para gerar novos recrutas para a população (Nesptad et al.
1996; Spironello et al. 2004), dificultando a estimativa de fecundidade per capita exigida para os
estudos populacionais que consideram a reprodução em seus métodos.
A germinão das sementes e o estabelecimento de plântulas são apontados como
processos críticos para dinâmica populacional de espécies arbóreas (Caldato et al. 1996;
Marques e Joly 2000; Santos et al. 2006). Estudos apontam sobre diferentes agentes ecológicos
que influenciam o sucesso destes processos, tais como temperatura, clima, herbívoros,
competição e, até mesmo, características intrínsecas como maturação da semente (Garcia e
Vieira 1994; Moraes e Paoli 1999; Silva et al. 2004; Nunes-da-Cunha e Junk 2004; Pulchalski et
al. 2006).
Ações antrópicas são sugeridas como responsáveis em alterar os valores esperados para
germinão e estabelecimento de pntulas, por exemplo, o desflorestamento (Nepstad et al.
34
1996; Johnson et al. 1997; Puerta 2002). No Pantanal, os ambientes florestais têm sido
preferencialmente substituídos por pastagens utilizadas para a produção de gado bovino. Durante
a fase de inundação da planície pantaneira, os ambientes florestais não são inundados por
estarem em cotas mais elevadas do terreno, além disso, apresentam solos menos lixiviados,
assim, suportam pastagens de melhor qualidade (Ratter et al. 1988; Salis et al. 2006).
Durante o processo de substituição de florestas por pastagens na região do Pantanal, foi
observado que algumas árvores não foram derrubadas. Estas árvores permaneceram isoladas do
remanescente florestal envoltas por uma matriz de pastagem. Árvores sob estas condões estão
mais sujeitas à autopolinização que suas coespecíficas que vivem no interior das florestas
(Lacerda e Kageyama 2003; Petit e Hampe 2006; Maués e Oliveira 2010). Algumas espécies
apresentam depressão endogâmica em caso de autopolinização (Sebben et al. 2000), pois são
geradas sementes e plântulas de menor vigor (Andrade et al. 2006). Esta situação pode
comprometer a viabilidade populacional quando observada em longo prazo, pois atua reduzindo
o recrutamento de novos indivíduos na população (Paula et al. 2002).
Árvores adultas de Sterculia apetala não o derrubadas durante a substituição de
florestas por pastagens no Pantanal. A proteção acontece devido ao conhecimento dos
proprietários de terras que estas árvores abrigam 95% dos ninhos de Anodorhynchus
hiacinthynus (Arara-azul) no Pantanal (Guedes 1993; Pinho e Nogueira 2003; Santos Jr 2009).
Neste contexto, este estudo investigou: 1) a probabilidade de reprodução de Sterculia
apetala em função do desenvolvimento do indivíduo, 2) a estimativa de produção de sementes
viáveis de árvores adultas reprodutivas desta espécie no Pantanal, 3) o vigor da germinação de
sementes e das plântulas geradas por árvores de S. apetala, em floresta conservada ou isoladas
em matriz de pastagem no Pantanal.
Metodologia
Área de estudo: o estudo foi realizado no Pantanal, na sub-região da Nhecolândia (Silva e Abdon
1998). A região apresenta clima do tipo tropical sub-úmido (Aw), com precipitação média anual
em torno de 1.100mm. A estação chuvosa está compreendida entre os meses de outubro a março
e a estação seca de abril a setembro. A temperatura média anual é de 26°C, podendo ocorrer
geadas esporádicas (Cadavid Garcia 1984; Soriano 1997). O relevo é plano, com altitude
35
aproximada de 90m acima do nível do mar (Ratter et al. 1988). Os solos pertencem,
predominantemente, ao grupo Espodossolo Ferrocárbico Hidromórfico Arênico (Embrapa 1999)
que, geralmente, apresentam grandes restrições de fertilidade para manejo agro-pastoril intensivo
(Cunha 1985). A textura dos solos dos ambientes florestais do Pantanal, sub-região da
Nhecolândia, é uniforme, apresentando altas percentagens de areia e baixos teores (2% a 5%) de
argila mineral (Cunha 1981; Santos et al. 1997). A coleta de dados abrangeu duas propriedades:
1) Campo Experimental Fazenda Nhumirim (19º 00’ 52”S 56º 38 38”W) da EMBRAPA
Pantanal, 2) Fazenda Ipanema (19º 0241”S 56º 36 07”W), propriedade particular, ambas
localizadas no município de Corumbá, MS (Figura 8). A primeira área de amostragem é coberta
por manchas de floresta estacional semidecidual (Silva et al. 2000), localmente chamadas como
cordilheiras (Ratter et al. 1988; Pott e Pott 1994). Na segunda área de amostragem a floresta
estacional semidecidual foi substituída por pastagem de Brachiaria spp. de modo que
remanesceram algumas árvores de S. apetala dispersas na matriz de pastagem.
Figura 8. Localização das áreas de amostragem de parâmetros reprodutivos de Sterculia apetala.
Área 1, Fazenda Nhumirim, Área 2, Fazenda Ipanema. Sub-região da Nhecolândia, Pantanal,
Corumbá, MS.
36
Crescimento diametral cumulativo: as árvores de S. apetala que crescem no Pantanal apresentam
camadas de crescimento (ais anuais) facilmente identificáveis (Santos Jr et al. 2006). Esta
característica possibilita a coleta de informações úteis em estudos populacionais. Neste sentido,
cinco árvores de S. apetala tiveram o fuste seccionado, transversalmente a 1,30m acima do solo.
Posteriormente, foram coletados três discos de 3-5cm de espessura do tronco por árvore. Os
discos foram secos naturalmente em temperatura ambiente e, então, polidos com lixa para
madeira da textura mais grossa a gradativamente mais fina (80, 120, 220, 320, 400). Esta
preparação foi realizada para tornar evidentes os limites das camadas de crescimento. Tendo-se
identificado os limites das camadas de crescimento, a largura dos anéis foi mensurada sob
microscópio estereoscópico binocular e régua de escala 0,1mm, sobre três raios traçados sobre
cada amostra. O crescimento cumulativo em diâmetro foi dado pela soma das medidas da
espessura das camadas de crescimento da medula do cerne do tronco em direção à casca da
árvore. Esta mesma metodologia foi empregada por Worbes et al. (2003) no estudo de espécies
do dossel da Floresta Atlântica dos Camarões, na África. A preparação e leitura das amostras
foram realizadas no Laboratório de Botânica da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Campus do Pantanal, Corumbá, MS.
Probabilidade de reprodução: foram marcadas 30 árvores de S. apetala no interior de trechos de
floresta estacional semidecidual em bom estado de conservação, isto é, sem evidências de
incêndio florestal ou remoção seletiva de madeira. Todas estavam na área da Fazenda Nhumirim.
Nestas árvores foram mensurados os valores de Diâmetro a Altura do Peito (DAP medido a
1,3m acima do solo). Posteriormente, durante os meses de junho a outubro de 2008 e 2009, as
árvores foram monitoradas quinzenalmente quando foi anotado o desenvolvimento das estruturas
reprodutivas e a sua posição na estrutura vertical da floresta. Com essas informações foi
desenvolvido um modelo logístico para avaliar a probabilidade da reprodução (dado pelo
desenvolvimento de estruturas reprodutivas – flores, frutos) em função do DAP.
Produção de sementes: Foram marcadas 14 árvores de S. apetala de tamanho reprodutivo no
interior de trechos de floresta estacional em bom estado de conservação, isto é, sem evidências
de incêndio florestal ou remoção seletiva de madeira. Todas estavam na área da Fazenda
37
Nhumirim. Embaixo de cada árvore foram instalados três coletores de sementes de formato
quadrado com área de 1m
2
, os quais foram feitos com tela de nylon e canos de PVC. Os coletores
foram distribuídos embaixo da copa das árvores, a cerca de 1m do tronco e 2m entre eles e,
ainda, mantidos suspensos 1m acima do solo, para evitar a perda de sementes para predadores
que as atacam no solo (Cottrell 2004). Durante os meses de junho a novembro de 2009 os
coletores foram revisados quinzenalmente e anotado o mero de sementes coletadas, as quais
foram removidas. Este período foi previamente avaliado durante o ano de 2008 para conter todo
o período de dispersão de sementes da espécie. Em posse dessas informações foi calculado o
mero médio de sementes capturadas por coletor de sementes, aqui, representando o mero
esperado de sementes produzidas em um metro quadrado de copa de árvores de S. apetala no
Pantanal. Além disso, para cada árvore foi estimada a área de copa (AC) pela fórmula da elipse
(AC=a*b*π/4), tomando-se duas medidas ortogonais com trena (Souza et al. 2001; Andrade e
Hay 2007). Tamm foi mensurado o DAP das árvores e desenvolveu-se um modelo linear para
a área da copa da árvore em função do DAP.
Estimativa da produção individual de sementes: conhecendo-se o número médio de sementes
produzidas em 1m
2
de copa de árvore, bem como a estimativa do tamanho da copa em função do
DAP da árvore pode-se obter o mero esperado de sementes produzidas por um indivíduo de S.
apetala. Para isso, multiplicou-se o número médio de sementes produzidas por metro quadrado
pela área da copa da árvore, dada em metros quadrados.
Análise do vigor da germinação: foram utilizadas sementes de S. apetala coletadas diretamente
sobre o solo, na sombra de sementes das árvores de 10 árvores de S. apetala na área do Campo
Experimental Fazenda Nhumirim, da EMBRAPA Pantanal. Todas estavam situadas no interior
de floresta estacional semidecidual, sem evidências de incêndio florestal ou remoção seletiva de
madeira. Outras 10 árvores foram amostradas na área da Fazenda Ipanema. Todas estavam
inseridas em uma matriz de monocultura de pastagem de Brachiaria spp., no mínimo, a 200
metros do remanescente florestal mais próximo. Em cada uma das árvores amostradas foram
coletadas 50 sementes, totalizando assim, 500 sementes provenientes de árvores de ambiente
florestal e 500 sementes provenientes de árvores isoladas na matriz de pastagem. As sementes
foram coletadas durante os meses de agosto a outubro de 2009, época da dispersão natural das
38
sementes desta escie no Pantanal, e armazenadas em sacos de papel Kraft em temperatura
ambiente. Posteriormente, as sementes de cada um dos lotes foram lavadas e homogeneizadas no
Laboratório de Propagação de Plantas da EMBRAPA Pantanal. As sementes que apresentavam
algum tipo de dano na testa foram descartadas, assim, utilizou-se no teste de germinação um total
de 250 sementes de cada lote coletado. As sementes de S. apetala são classificadas como não
dormentes e, em condições naturais propícias germinam em até 30 dias (Sautu et al. 2007),
contudo, estima-se que as sementes de S. apetala tenham uma viabilidade superior a 12 meses,
quando conservadas em câmara fria e seca (Sautu et al. 2006). O teste de vigor da germinação
foi realizado em condições de viveiro, com fornecimento de água seis vezes ao longo dia, através
de aspersão. As sementes de cada tratamento (sementes de floresta x sementes de pastagem)
foram distribuídas em cinco repetões de 50 sementes. Todas as sementes foram semeadas
depositando-as sobre o solo sem enterrá-las em tubetes contendo substrato para horticultura
(Plantmax HT®). Os tratamentos foram organizados em blocos. O vigor da germinação das
sementes foi avaliado através da porcentagem de emergência de pntulas, efetuando-se
contagens do número de pntulas emersas a cada 24 horas, até a estabilização da emergência das
plântulas. Os dados foram transformados para log
10
(x+1) e submetidos ao teste de ANOVA.
Posteriormente, o vigor das plântulas foi avaliado. Para tanto, de cada bloco foram retiradas de
modo aleatório 20 plântulas, totalizando 100 plântulas de cada tratamento. Foi mensurada a
altura das pntulas, do colo até a gema apical, e o peso fresco da porção rea, aferido em
balaa analítica. Os dados foram submetidos ao teste de ANOVA. Todas as análises estatísticas
foram realizadas com o pacote estatístico SYSTAT 11.
Resultados
Fases de desenvolvimento observado pelo crescimento cumulativo em diâmetro
A curva de crescimento cumulativo em diâmetro do tronco de árvores de S. apetala
sugere a existência de duas etapas de crescimento distintas ao longo da história de vida desta
espécie no Pantanal. A primeira decorre da condição inicial em que se encontram os jovens
recrutas desta espécie, os quais eso inseridos no interior da floresta, sombreados e abaixo do
dossel. Sob tais circunstâncias, os indivíduos tendem a alocar a reduzida energia luminosa
39
captada no crescimento em altura em detrimento do crescimento em diâmetro, na tentativa de
atingir o dossel e aumentar o suprimento de energia luminosa. O resultado é um padrão de
crescimento em diâmetro com uma estreita variação entre indivíduos da mesma população. Para
S. apetala, na sub-região da Nhecolândia no Pantanal, essa fase se estende até vinte e cinco
centímetros de DAP, ou aproximadamente 30 anos de vida. Em seguida, os indivíduos desta
árvore no Pantanal entram na segunda etapa de crescimento. Agora, são árvores que se
posicionam na porção superior do dossel da floresta e recebem uma enorme quantidade de
energia luminosa, que antes era limitada pelo sombreamento causado pela copa das outras
árvores. O reflexo desta nova condição no crescimento cumulativo dos indivíduos é o aumento
da variação do incremento diametral entre indivíduos da mesma população (Figura 9).
0 20 40 60 80 100
Número de camadas de crescimento (idade)
0
20
40
60
I
n
c
r
e
m
e
n
t
o
e
m
d
i
â
m
e
t
r
o
(
c
m
)
Figura 9. Curva de incremento cumulativo em diâmetro de cinco árvores de Sterculia apetala
(N=5) no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS. A linha preta indica o limite entre as duas
fases de desenvolvimento, quando as árvores superam o dossel e passam a investir no
crescimento secundário, aumentando a variação no crescimento diametral.
Efeito do tamanho na probabilidade de reprodução
O posicionamento das árvores de S. apetala no dossel representa uma fase marcante na
história de vida dos indivíduos desta espécie, influenciando diretamente a sua capacidade
reprodutiva, dado o limiar da probabilidade de reprodução observado (LOGIT ANALYSIS;
40
N=30; df=1; P=0,001; (w*)=exp(-85,254+(3,587)*N-tot)/1+[exp(-85,254+(3,587)*N-tot)])
(Figura 10). A probabilidade de reprodução de árvores de S. apetala é influênciado pelas
condições experimentadas pelos indivíduos nas duas fases de desenvolvimento descritas. Assim,
é necessário cerca de 30 anos (DAP25cm) para que as árvores de S. apetala cresçam até o
dossel em florestas conservadas na região do Pantanal e se tornem adultos reprodutivos.
0 20 40 60 80 100
Diâmetro na altura do peito (cm)
0.00
0.22
0.44
0.66
0.88
1.10
P
r
o
b
a
b
i
l
i
d
a
d
e
d
e
r
e
p
r
o
d
u
ç
ã
o
Figura 10. Regressão logística relatando a probabilidade de evento reprodutivo de árvores de
Sterculia apetala como uma função do diâmetro na altura do peito (DAP), no Pantanal, sub-
região da Nhecolândia, MS.
Número médio de sementes produzidas por árvores reprodutivas
Das 14 árvores de S. apetala que foram amostradas com os coletores de sementes apenas
uma não reproduziu (DAP=21cm). As outras 13 árvores, todas com DAP>25cm, produziram
flores, frutos e sementes. As sementes de S. apetala foram capturadas pelos coletores entre os
meses de agosto e outubro. As árvores amostradas produziram 2±2,3 sementes por metro
quadrado (média e desvio padrão). Este valor representa uma estimativa do mero médio de
sementes por m
2
produzidas por uma árvore reprodutiva de S. apetala as a predação pré-
dispersão (destruão de flores e frutos imaturos), portanto, supostamente viáveis.
41
Produção de sementes por árvore adulta
A produção total de sementes por árvore reprodutiva de S. apetala foi estimada
empregando duas abordagens. A primeira pela multiplicação do mero médio de sementes por
metro quadrado pela área da copa obtida com a fórmula da elipse. A segunda utilizou a
multiplicão do número médio de sementes por metro quadrado pela área da copa estimada pelo
modelo linear desenvolvido em função do DAP. A área da copa (AC) de árvores de S. apetala é
dependente do DAP (GLM; N=14; df=13; F=27,993; r
2
=0,70; P=0,001; y(área da copa)=-
10,477+(2,484*DAP) (Figura 11). Ambas abordagens mostraram-se promissoras para a
estimação do total de sementes produzidas por árvores reprodutivas, conforme sugerido na
Tabela 1.
0
60
120
180
240
300
0 20 40 60 80 100
Diâmetro na altura do peito (cm)
Área da copa (m
2
)
Figura 11. Modelo de regressão linear da área da copa de árvores de Sterculia apetala em
função do diâmetro na altura do peito (DAP), no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS.
42
Tabela 1. Diâmetro a altura do peito (DAP), área da copa e estimativa do mero de sementes
produzidas por árvores de Sterculia apetala no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS. (A
área da copa foi obtida empregando a fórmula da elipse e o modelo linear relacionando a área da
copa em função do DAP. O número de sementes foi obtido pela multiplicação da média de
sementes por metro quadrado e a área da copa estimada).
DAP
(cm)
Fórmula da elipse
Modelo linear
Área
da c
opa (m
2
)
S
ementes
p
roduzidas
Área
da c
opa (m
2
)
S
ementes produzidas
28.33
38,16 76 59,89 119
36.60
67,91 135 80,43 160
36.92
63,75 127 81,23 162
37.56
72,12 144 82,82 165
49.33
168,73 337 112,05 224
50.61
122,98 245 115,23 230
52.84
131,14 262 120,77 241
54.75
179,81 359 125,52 251
73.85
129,44 258 172,96 345
74.48
208,63 417 174,53 349
84.67
98,48 196 199,84 399
97.08
260,35 520 230,66 461
100.58
258,27 516 239,36 478
GLM
N=13; gl=1,11; r
2
=1,0; F=3298737; P=0
,
001;
α=0,05;
Y(n° de sementes produzidas)=-0,577+(2,0*área da copa)
N=13; gl=1,11; r
2
=1,0; F=
1734239
; P=0,001;
α=0,05
;
Y(n° de sementes produzidas)=-0,559+(2,0*área da copa)
Diferença no vigor da germinação de sementes de árvores que crescem em floresta e
pastagem
Para o lote de sementes de árvores de interior de floresta, a primeira plântula emergiu no
décimo dia, já para o lote de sementes de árvores isoladas na matriz de pastagem, a primeira
plântula emergiu no décimo primeiro dia. Até o vigésimo dia emergiu a maioria das plântulas
dos dois tratamentos avaliados. Posteriormente, uma forte inflexão da emergência de pntulas
foi observada. O ensaio foi encerrado no vigésimo oitavo dia, quando se considerou que a
emergência de plântulas havia estabilizado. Germinaram, em média, 82% das sementes coletadas
em árvores na floresta, enquanto que, das sementes coletadas em árvores isoladas na pastagem,
em dia, germinaram 68%. O vigor da germinação de sementes produzidas por árvores adultas
reprodutivas de S. apetala isoladas em pastagens no Pantanal foi inferior ao vigor observado para
43
a germinação de sementes produzidas por árvores desta mesma espécie localizadas no interior de
florestas conservadas (ANOVA; N=10; gl=1,8; F=14,062; p=0,006; α=0,05) (Figura 12).
0 10 20 30
Dias após semeadura
0
9
18
27
36
45
N
ú
m
e
r
o
m
é
d
i
o
d
e
p
l
â
n
t
u
l
a
s
e
m
e
r
g
i
d
a
s
Figura 12. Emergência de pntulas de Sterculia apetala em teste de vigor de germinação em
viveiro, testando sementes coletadas em floresta e em pastagens no Pantanal, sub-região da
Nhecolândia, MS. Média de plântulas emergidas de sementes coletadas de árvores no interior
de floresta estacional semidecidual; Desvio padrão da média de pntulas emergidas de
sementes coletadas de árvores no interior de floresta estacional semidecidual; Média de
plântulas emergidas de sementes coletadas de árvores isoladas em pastagem de Brachiaria spp.;
Desvio padrão da média de pntulas emergidas de sementes coletadas de árvores isoladas em
pastagem de Brachiaria spp.
Diferença no vigor das plântulas de sementes de árvores que crescem em floresta e
pastagem
As plântulas de sementes coletadas na floresta apresentaram maior altura (ANOVA;
N=200; gl=1,198; F=3,905; P=0,05; α=0,05) e maior peso fresco (ANOVA; N=200; gl=1,198;
F=7,323; P=0,007; α=0,05) ao final do ensaio de vigor de germinação em viveiro, quando
comparadas com as sementes coletadas de árvores isoladas em pastagem de Brachiaria sp.
(Tabela 2).
a
b
44
Tabela 2. Vigor médio das plântulas de Sterculia apetala após teste de germinação em viveiro.
O teste utilizou sementes coletadas em árvores crescendo em floresta e isoladas em pastagens no
Pantanal, sub-região da Nhecondia, MS. (Min: valor mínimo amostrado; Med: valor dio
estimado; DP: desvio padrão; Max: valor máximo amostrado).
Tratamento
Altura
total
Peso fresco
N° de amostras
Min
Med
±DP
Max
Min
Med
±DP
Max
Floresta
1,50cm
19±3,42cm
a
28,00 cm
3,69g
6
±0,88g
a
8,47g
100
Pastagem
8,60cm
18
±3,20cm
b
25,60cm
1,38g
5
±
1,55g
b
11,10g
100
Fonte: dados de campo
Discussão
Santos Jr et al. (2006) apresentam os resultados de um avaliação dendrocronológica
conduzida com S. apetala, em três sub-regiões do Pantanal, para estimar a idade das árvores que
abrigam cavidades-ninho utilizadas por Anodorhynchus hyacinthinus (arara-azul). As árvores
desta espécie apresentaram distintas camadas anuais de crescimento e a taxa de incremento
diametral médio de S. apetala diferiu significativamente entre sub-regiões. A população avaliada
na sub-região da Nhecondia foi a que apresentou o menor valor de incremento diametral médio
(~6mm ao ano). Além disso, a formação de camadas de crescimento anuais foi
significativamente dependente do DAP da árvore (r
2
=0,68), permitindo empregar funções
lineares para estimar a idade das árvores.
O crescimento cumulativo em diâmetro de árvores de S. apetala é semelhante ao descrito
para sua congênere S. rhinopetala, uma escie emergente da Floresta Atlântica de Camarões
(Worbes et al. 2003). Ambas as espécies apresentam uma pequena variação no crescimento
diametral nas primeiras décadas de vida, contudo, quando os indivíduos das duas espécies
superam o dossel, a variação do crescimento diametral aumenta muito. A explicação para este
padrão decorre do fato de que as árvores de S. apetala investem sua energia no crescimento em
altura nos primeiros anos de vida, crescendo cerca de 1 metro em altura ao ano (Dvorak et al.
1998; Piotto et al. 2004), assim, a maior variação do crescimento nos primeiros anos de vida
desta espécie deve ser dada no crescimento em altura.
Posteriormente, quando a luz não representa mais o fator limitante ao crescimento das
árvores, ou seja, as árvores superaram o dossel, outro fator qualquer, que faça parte das
condições e recursos disponíveis localmente, assumirá este papel, tal como o teor nutricional do
solo (Ratter et al. 1988; Salis et al. 2006) ou clima local. Não foram realizadas análises
45
avaliando a relação entre as camadas de crescimento e variáveis climáticas. Este novo fator
limitante resultará em variados padrões de desempenho do crescimento cumulativo das árvores
de S. apetala maiores que 25 cm de DAP e mais velhas que 30 anos de vida, pois o mesmo deve
apresentar uma grande variabilidade espacial e diferentes intensidades de restrição.
A história de vida das árvores é marcada por longos estágios de desenvolvimento estéreis
(sementes, plântulas e jovens) seguidos por um prolongado estágio reprodutivo, quando se
tornam adultas. Para estes organismos a reprodução tende a ser determinada predominantemente
pelo tamanho, não pela idade cronológica (Gatsuk et al. 1980; Regan e Auld 2004; Wright et al.
2005). Isto acontece porque as árvores são organismos modulares o que implica em uma grande
plasticidade fenotípica, a qual ocorre em função de um balanço dos módulos que serão alocados
nas diferentes funções: assimilação de energia, crescimento e reprodução (Begon et al. 2006).
Assim, no momento em que as árvores de S. apetala atingem um tamanho que supera o dossel e
uma exposição de copa (aproximadamente 75% da copa, segundo Janzen 1972) que
possibilita a aquisição mínima de energia necessária para a reprodução, as árvores produzem
suas primeiras flores, frutos e sementes.
O sombreamento da copa é determinante para a reprodução das árvores, como
demonstrado por Wright et al. (2005) e, segundo esses autores, o limiar varia entre espécies e
entre habitats. As árvores adultas de S. apetala são conhecidas por serem grandes, superando os
25 metros de altura em toda a sua área de ocorrência (Janzen 1972; Dvorak et al. 1998; Piotto et
al. 2004; Fernandez et al. 2007). Na América Central o tamanho (15 m de altura e 45 cm DAP) e
idade (20-30 anos) descritos para a primeira reprodução desta espécie em florestas conservadas
são similares aos observado para o Pantanal.
Contudo, nessa mesma região, em plantios de S. apetala para a produção de madeira são
observadas árvores reproduzindo com cinco anos de idade, quando os indivíduos desta espécie
mediam menos de 10m de altura (Sautu 2000; Piotto et al. 2004). A rápida reprodução observada
em plantios deve-se à ausência de restrição nutricional e de energia luminosa, pois, é realizada a
adubação do solo e as plantas são espaçadas de forma a reduzir a competição por luz.
uma pequena diferença na área da copa entre a menor árvore reprodutiva (DAP=28) e
a árvore que não se reproduziu (DAP=21), respectivamente com 38,1m
2
e 37,6m
2
de área de
copa da árvore. Esta pequena diferea na área da copa é uma evidência que o tamanho do
46
indivíduo de S. apetala influencia a sua capacidade de captar energia, que por sua vez afeta a
probabilidade de reprodução da árvore.
Ainda tratando da área da copa, observamos que alguns dos indivíduos de S. apetala
amostrados apresentam desvios para abaixo da média. Tais desvios são resultados da quebra de
ramos da copa da árvore, especialmente devido ventanias, evento extremamente freqüente para
os indivíduos adultos desta espécie (Francis 2000) e de grande importância biológica para a
fauna local (Guedes 1993; Pinho e Nogueira 2003). Em função disso, observamos que algumas
árvores de porte médio de S. apetala, portanto mais jovens, podem de produzir mais sementes
que certas árvores de maior porte. Isto acontece porque as árvores mais velhas sofreram os
efeitos de tempestades que reduziram suas copas, levando-as a produzir um mero de sementes
menor do que seria esperado caso as copas estivessem intactas, conforme prediz o modelo linear
para área da copa em função do diâmetro. Neste sentido, recomenda-se que seja empregada a
estimativa de produção de sementes que baseada na fórmula da elipse, por serem obtidos assim
resultados mais acurados.
A reprodução de S. apetala ocorre durante a estação de estiagem (Janzen 1972; Dvorak et
al. 1998). Entretanto, a fase seca que as populações de S. apetala experimentam ocorre em
diferentes períodos do ano em sua ampla área de distribuição geográfica devido às diferenças de
latitude. Assim, na América Central a dispersão das sementes de S. apetala ocorre entre os meses
de janeiro e março (Sautu et al. 2006), enquanto no Pantanal, as sementes foram dispersadas
durante os meses de julho e outubro (nos anos de 2008 e 2009).
A germinação de S. apetala foi também estudada na América Central, na região do Canal
do Panamá, por Sautu et al. (2006). Estes autores estimam que um quilograma de sementes desta
árvore tenha cerca de 780 sementes. Lorenzi (2002), por sua vez, estima que um quilograma de
sementes desta árvore tenha cerca de 300 sementes. A diferença observada entre estes autores,
provavelmente, é devido à ampla variação que as sementes de S. apetala apresentam no
tamanho. Por exemplo, as sementes coletadas no Pantanal variaram de 1-6 gramas, com o
comprimento de 24,6±2 e diâmetro de 16,2±1 (média e desvio padrão, N=623 sementes).
Sautu et al. (2006) apontam que a germinação de sementes de S. apetala ocorreu entre o
décimo segundo dia e o vigésimo sétimo dia após a semeadura. Os primeiros dias da germinação
de sementes de S. apetala no Pantanal foram o décimo e o décimo primeiro dia para as sementes
colhidas na floresta e pastagem, respectivamente. Para o último dia de germinação, os resultados
47
indicam o vigésimo quinto e o vigésimo sétimo dia para as sementes colhidas na floresta e
pastagem, respectivamente. As sementes colhidas no Pantanal germinaram de modo similar às
sementes colhidas na região do Canal do Panamá, a despeito das condições em que as árvores
matrizes se encontravam.
Para os dois tratamentos avaliados aqui a porcentagem de germinação de sementes de S.
apetala no Pantanal foi aproximadamente o dobro da observada para esta espécie na região do
Canal do Panamá (37%). A diferença observada não é satisfatoriamente explicada com base
somente em efeitos genéticos. Provavelmente, abordagens metodológicas alternativas no método
do estudo são responsáveis pela diferença observada. Sautu et al. (2006) colheram as sementes
de frutos cerrados, diretamente da árvore ou do solo. Para o estudo aqui apresentado as sementes
foram colhidas na sombra de sementes da árvore, após a dispersão primária, quando as sementes
devem estar fisiologicamente maduras.
O vigor da germinação de sementes colhidas na sombra de sementes de árvores isoladas
na matriz de pastagem foi, aproximadamente, 14% inferior ao obtido para as sementes colhidas
na sombra de sementes de árvores do interior da floresta. Como a germinação dos dois lotes
aconteceu em condições ótimas e controladas, a diferença notada deve ser resultado de diferentes
fatores ecológicos.
Primeiramente, o agente polinizador das flores de S. apetala (provavelmente uma
espécies de coleóptera ou díptera, dada as características das flores) no Pantanal pode evitar
visitar as árvores isoladas, ou a faz numa freqüência reduzida (Rankin-de-Merona e Ackerly
1987), uma vez que visitar as flores das árvores isoladas na matriz de pastagem o expõe de modo
excessivo em um ambiente aberto e mais propício à predação, quando comparado ao ambiente de
floresta conservada. Neste caso deveria também acontecer uma redução da produção de
sementes, pois a ausência do polinizador ou sua frequência reduzida resultaria em uma grande
quantidade de flores não polinizadas, que não se tornariam frutos, nem sementes. Entretanto,
neste estudo esta avaliação não foi conduzida.
Em segundo lugar, considerando que o polinizador das flores de S. apetala visita as
árvores isoladas na matriz de pastagem, deve promover a autofecundação nas flores de forma
mais intensa do que acontece nas árvores no interior da floresta, uma vez que a quantidade
disponível de árvores com flores para ele polinizar é fortemente reduzida devido à prática de
desflorestamento para a formação de pastagens artificiais. Sob estas condões pode ocorrer o
48
processo de depressão endogâmica, resultando no aumento da mortalidade de sementes e
plântulas (Sebben et al. 2000). Uma das mais contundentes evidências do processo de depressão
endogâmica numa população é a deformação congênita de plântulas, especialmente a
deformação do epicótilo (Andrade et al. 2006). Duas plântulas oriundas do lote de sementes
coletadas em árvores de S. apetala isoladas na matriz de pastagem apresentaram deformação do
epicótilo no teste de vigor de germinação aqui relatado.
Outra evidência para um suposto efeito de depressão endogâmica na reprodução de
S.apetala pode ser observado nas plântulas obtidas. As plântulas originadas por sementes de
árvores de S. apetala isoladas na matriz de pastagem apresentaram significativamente menor
vigor, dado pela altura e peso fresco médio, que as obtidas das sementes de árvores de S. apetala
do interior de floresta.
Contudo, uma investigação à parte deve ser conduzida exclusivamente para elucidar esta
questão. Como sugestão, deve-se fazer um experimento controlado com autopolinização artificial
de flores de árvores de S. apetala em ambiente florestal e isoladas na matriz de pastagem. Então,
as sementes produzidas por estes grupos teriam seu vigor avaliado. Hipoteticamente espera-se
que as sementes de polinização cruzada não apresentem diferença estatisticamente significativa
no vigor de germinação, bem como que este valor seja significativamente superior ao observado
para as sementes obtidas por autopolinização, demonstrando assim, que os indivíduos de S.
apetala geram sementes de menor qualidade sob esta circunstância.
Em recente revisão bibliográfica, redigida por Maués e Oliveira (2010), sobre as
consequências da fragmentação do habitat na ecologia reprodutiva de espécies arbóreas em
florestas tropicais foram apresentados estudos que demonstram que em áreas desmatadas ocorre
uma redução na quantidade de len depositado no estigma das flores, bem como uma redução
da frutificação e da produção de sementes. Segundo esta mesma revisão, é esperado um aumento
na autofecudação e diminuição no mero de visitantes florais e polinizadores, especialmente em
árvores isoladas em sistema agropastoris.Ou seja, os resultados e discussão apresentados aqui são
coerentes com a teoria ecológica vigente, contudo, o inconclusivos. É necessário que estudos
futuros sobre a ecologia de S. apetala no Pantanal enfoquem o sistema reprodutivo, identificando
o agente polinizador e se o isolamento destas árvores em pastagens reduz as taxas de interação
planta-polinizador.
49
Conclusão
A probabilidade de reprodução de árvores de S. apetala no Pantanal é significativamente
influenciada pelo tamanho (DAP). Árvores tornam-se reprodutivas com DAP25cm ou
aproximadamente 30 anos. Estima-se que as árvores reprodutivas produzam em média 2
sementes por metro quadrado de área de copa após a predação pré-dispersão. A área da copa da
árvore relaciona-se linearmente com o DAP, mas não é recomendado o emprego desta função
para realizar a estimação da produção de sementes.
A emergência das plântulas ocorre em menos de um mês após a semeadura. O vigor da
germinão das sementes e o vigor das plântulas produzidas por árvores de S. apetala, isoladas
na matriz de pastagem, foram significativamente inferior ao observado para as sementes e
plântulas de árvores de S. apetala que de dentro da floresta. Estas duas observações são
consideradas evidências de depressão endogâmica.
50
Capítulo II
Sobrevivência e mortalidade de Sterculia apetala (Jacq.) Karst (Malvaceae) sob diferentes
cenários de manejo da paisagem no Pantanal
Resumo
Estudos sugerem que o novo paradigma de produção pecuária no Pantanal é insustentável e pode
causar uma grande redução da biodiversidade da região, em função da perda de populações de
espécies sensíveis à introdução de pastagens. No entanto, para uma avaliação sensata deste
confronto entre a demanda econômica e a ecológica é preciso que sejam executados estudos que
demonstrem que o ambiente artificial gerado pelo plantio de pastagens na região do Pantanal é
incapaz de sustentar populações de espécies nativas, especialmente quando comparado com os
ambientes naturais adjacentes. O objetivo deste estudo foi analisar a estrutura e o padrão de
sobrevivência e mortalidade de populações de Sterculia apetala sob diferentes cenários de
manejo da paisagem no Pantanal. Os cenários de manejo da paisagem avaliados são áreas sob
diferentes situações ecológicas, a saber: 1- Reserva: unidade de conservação de proteção
integral; 2- Tradicional: área de pecuária que segue o modelo tradicional de produção bovina em
campos nativos; 3- Braquiária: áreas onde a floresta nativa foi substiuída por pastagens de
Brachiaria spp. para a pecuária bovina. O estudo empregou o método de tabela de vida estática e
modelos lineares. As populações de S. apetala nos cenários Reserva e Tradicional apresentam
diferentes estruturas populacionais. No entanto, o padrão de dinâmica populacional para ambas
as populações é similar. A população de S. apetala no cenário Braquiária, em contrapartida,
apresenta grandes diferenças na estrutura e dinâmica populacional em relação aos demais
cenários. Quando contrastados os modelos de sobrevivência e mortalidade de indivíduos de S.
apetala para os três cenários de manejo da paisagem, fica evidente que somente a presença do
gado bovino não influi significativamente na dinâmica populacional. No entanto, quando o
desflorestamento é somado à presença do gado, a dinâmica populacional de S. apetala é alterada.
Isto ocorre devido à remoção da floresta, à presença do gado bovino e à maior exposição das
árvores adultas às ventanias no cenário Braquiária aumentar muito a mortalidade dos indivíduos
desta população. Palavras-chave: sustentabilidade da pecuária, manejo da paisagem,
conservação da arara-azul
51
Abstract
Studies suggest that the new paradigm of livestock production in the Pantanal is unsustainable
and may cause a major reduction in biodiversity of the region, due to the loss of populations of
susceptible species to the introduction of pastures. However, for a assessment of the conflict
between economic needs and ecological to run studies that demonstrate that the artificial
environment created by the planting of pastures in the Pantanal region is incapable of sustaining
populations of native species, especially when compared with the surrounding natural
environments. The aim of this study was to analyze the structure and the pattern of survival and
mortality of populations of Sterculia apetala under different scenarios of land management in the
Pantanal. The scenarios of land management areas are evaluated under different ecological
situations, namely: 1- Reserve: protected area, 2- Traditional: livestock area that follows the
traditional model of cattle production in native meadows, 3- Braquiária: areas where the native
forest has been replaced by pastures of Brachiaria spp. to the livestock industry. The study
employed the method of static life table and linear models. The populations of S. apetala in the
scenarios Traditional and Reserve have different structures populations. However, the pattern of
dynamics population for both populations is similar. The population of S. apetala in the scenario
Braquiária, however, reveals differences in structure and dynamics populations in relation to
other scenarios. When contrasted models of survival and mortality of individuals of S. apetala
for the three scenarios of land management, it is evident that only the presence of cattle does not
affect significantly on dynamics population. However, when deforestation is added to the
presence of cattle, the dynamics population of S. apetala is changed. This is due to removal of
the forest, the presence of cattle and increased exposure of the adult trees to windstorms in the
scenario Braquiária greatly increase the mortality of individuals in this population. Keywords:
sustainability of livestock farming, landscape management, conservation of the Hyacinth Macaw
Introdução
A informação estática da estrutura populacional pode não ser um bom preditor de
dinâmica populacional, especialmente para as árvores de grande porte e longevas (Condit et al.
1998). Assim, para uma avaliação populacional adequada de espécies arbóreas é necessário uma
52
abordagem de dimica populacional, com a coleta de dados por mais de uma estação
reprodutiva. Neste contexto, a abordagem de tabela de vida mostra-se promissora e apresenta a
vantagem da simplicidade e relativa facilidade de coleta dos dados necessários (Harcombe 1987;
Diaz et al. 2000).
A tabela de vida analisa quantitativamente o comportamento de uma população ideal.
Am disso, fornece um meio de avaliar a atual direção da mudança em uma população sob
condições particulares e como tais mudanças influenciam indiretamente as taxas de
sobrevivência, mortalidade e fecundidade (Caughley 1977; Harcombe 1987).
O Pantanal sofre o efeito do manejo da paisagem para a produção pecuária mais de
dois séculos. No começo, o gado bovino era criado de modo extensivo, em baixa densidade e
seguindo o pulso de inundação, de modo semelhante à fauna nativa (Mazza et al. 1994; Johnson
et al. 1997). Desde o início dos anos 1970 os fazendeiros têm desmatado e plantado pastagens de
espécies recomendadas a fim de aumentar a produtividade do rebanho (Comastri-Filho e Pott
1995; Moraes 2008). Contudo, Harris et al. (2006) sugerem que este novo paradigma de
produção pecuária no Pantanal é ecologicamente insustentável e pode causar uma grande
redução da biodiversidade do Pantanal, em função da perda de populações de espécies sensíveis
à introdução de pastagem.
Para uma avaliação sensata deste confronto entre a demanda econômica e ecológica é
preciso que sejam executados estudos que demonstrem que o ambiente artificial gerado pelo
plantio de pastagens na região do Pantanal é incapaz de sustentar populações de espécies nativas,
especialmente quando comparado com os ambientes naturais adjacentes. Assim, o objetivo deste
estudo foi analisar a estrutura e o padrão de sobrevivência e mortalidade de populações de
Sterculia apetala sob diferentes cenários de manejo da paisagem no Pantanal.
Metodologia
Área de estudo: o estudo foi conduzido na sub-região do Pantanal conhecida por Nhecolândia. O
clima é sazonal, com a pluviosidade média anual em torno de 1.200mm. As chuvas distribuem-se
entre novembro e março. A estigem está compreendida entre abril a outubro. A temperatura
média anual é de 26°C (Cadavid García 1984; Soriano 1997). O relevo é plano com altitude
53
aproximada de 90 m acima do vel do mar (Ratter et al. 1988). Os solos pertencem,
predominantemente, ao grupo Espodossolo Ferrocárbico Hidromórfico Arênico (Embrapa 1999)
que em condões naturais geralmente apresentam grandes restrições de fertilidade para manejo
agro-pastoril intensivo (Cunha 1985). A paisagem é predominantemente aberta, com campos
inundados e lagoas de água doce e salobra sendo intercalados por manchas de ambientes
florestais, que representam 21% da cobertura da sub-região da Nhecolândia. Esta sub-região
localiza-se na bacia do Rio Taquari e tem como limites ao norte o Rio Taquari, ao sul o Rio
Negro, a leste o Planalto de Maracaju e a oeste os Rios Paraguai e Taquari (Abdon et al. 1998;
Silva e Abdon 1998).
Cenários de estudo: O Pantanal da Nhecolândia abriga mais de 200 anos a criação extensiva
de gado bovino. Para a execução desta atividade econômica é preciso o consumo de recursos
naturais, entre eles, a pastagem nativa para a alimentação do rebanho e a madeira das árvores
nativas para a construção de cercas, currais e galpões (Mazza et al. 1994; Salis et al. 2006).
Apesar da grande importância dessa atividade econômica para a região, poucas são as
informações para avaliar se o uso da paisagem e recursos naturais pode ser considerado
sustentável. Existem estudos que indicam impactos negativos da atividade pecria sobre
espécies arbóreas florestais. A mais evidente é a recente substituição progressiva da cobertura
florestal por monoculturas de pastagens (Harris et al. 2006). Outra extremamente importante,
porém, menos conspícua, é o pastoreio e o pisoteio por gado bovino que afeta as plântulas e
jovens de espécies arbóreas nativas (Johnson et al. 1997; Nunes da Cunha e Junk 2004).
Tomando por base estas considerações sobre a ocupação da região do Pantanal brasileiro, este
estudo avalia a dinâmica de populações de Sterculia apetala em três cenários reais distintos.
Estes ambientes estão sujeitos a diferentes condições de manejo da paisagem, como descrito a
seguir (Figura 13):
1. Cenário 1 Reserva (18º 5750” S 56º 37’ 26W, Fazenda Nhumirim) – área de 680
hectares transformada em uma Unidade de Conservação classificada como Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Nesta área a população de S. apetala não é
afetada pela herbivoria e pisoteio de animais domésticos há mais de 20 anos, contudo,
54
experimenta um regime de incêndio florestal a cada três ou quatro anos como
consequência do acúmulo de material vegetal combustível (Crispim e Soriano 2003).
2. Cenário 2 Manejo Tradicional (18º 59’ 12S 56º 39’ 35” W, Fazenda Nhumirim) –
área onde se pratica a pecuária extensiva ainda comum em boa parte da região pantaneira.
Neste tipo de manejo o gado bovino é criado em extensas áreas e em baixa densidade. Os
animais alimentam-se do que o ambiente oferece, por exemplo, folhas de gramíneas,
frutos e plântulas de espécies nativas. Durante o período de inundação que acomete a
região, os animais se concentram nas cotas mais elevadas do terreno, ocorrendo um
aumento da herbivoria e pisoteio sobre as plantas no interior das florestas. Nestas
condições a população de S. apetala tem seus indivíduos jovens pisoteados ou predados
(Johnson et al. 1997; Santos et al. 2000).
3. Cenário 3 Braquiária (19º 02 41 S 536 07” W, Fazenda Ipanema; 19º 06’ 25S
56º 43 26” W, Fazenda Santo Expedito) – este cenário é composto por duas propriedades
distintas. Em ambas as áreas a floresta foi substituída por monocultura de pastagem
(Brachiaria spp.). Durante o desflorestamento no Pantanal é comum que algumas árvores
do dossel ou emergentes sejam protegidas. Geralmente, por serem de interesse madeireiro
(p.ex.: Tabebuia impetiginosa), alimentício (p.ex.: Caryocar brasiliense) e
conservacionista (p.ex.: S. apetala), permanecendo imersas em uma matriz de pastagem
(Santos Jr 2009). Com esta medida, os proprietários de terras, acreditam estar auxiliando
na conservação das populações, semelhante ao observado para Banksia goodii, na
Austrália (Drechsler 2004). Nestas condições a população de S. apetala tem seus
indivíduos adultos e senis selecionados em detrimento dos jovens recrutas.
55
Figura 13. Localização dos cenários de manejo da paisagem onde as coletas de dados foram
realizadas. 1) Fazenda Santo Expedito, área 1, cenário Braquiária; 2) Fazenda Ipanema, área 2,
cenário Braquiária; 3) Fazenda Nhumirim, área 3, cenário Reserva e 4) Fazenda Nhumirim, área
4, cenário Tradicional. Sub-região da Nhecolândia, Pantanal, Corumbá, MS.
Descrição da estrutura da vegetação dos cenários de estudo: A estrutura da vegetação lenhosa
dos cenários de manejo da paisagem foi descrita com o uso do método do ponto quadrante, dada
a facilidade e rapidez de sua execução (Cox 1996; Brower et al. 1998; Durigan 2004). o foi
executado um estudo fitossociológico, com esta coleta de dados buscou-se apenas uma análise da
estrutura de vegetação. Em cada cenário duas linhas de 1.000m foram instaladas, ao longo das
quais foram amostrados 10 pontos, separados entre si por 100 metros. Este modelo de
amostragem adotado devido à constatação de Mello et al. (1996), na qual, estes autores,
demonstam que o procedimento de amostragem de parâmetros florestais baseado na distribuão
sistemática das unidades amostrais é mais acurado que outros procedimentos que empregam a
distribuão aleatória . Em cada quadrante foi amostrada a árvore com diâmetro na altura do
peito (DAP medido a 1,3m acima do solo) igual ou superior a 10 cm. Nos indivíduos
56
amostrados foram mensurados exclusivamente o DAP e a altura total medida com o Altímetro de
Haga. Com estas informações foram estimados a densidade florestal por hectare, a altura média
(H) e o DAP médio das árvores para cada cenário de manejo da paisagem. Os dados de DAP e
altura foram submetidos ao teste de ANOVA e ao teste de Tukey.
Amostragem da população de Sterculia apetala em cada cenário de estudo: espécies arbóreas de
grande porte, nas quais os adultos atingem mais de 70cm de DAP, são consideradas raras em
florestas tropicais (Rankin-de-Merona e Ackerly 1987; Clark e Clark 1987, 1996) e ocorrem em
manchas de solo de média a alta fertilidade, ou agrupadas por tipo de solo (Ratter et al. 1988;
Dubs 1992; Lima et al. 2003; Salis et al. 2006). Estas propriedades características a este grupo
dificultam a obtenção de informações na escala de paisagem. Mesmo que se utilize parcelas de
área substancial (1 hectare), poucos indivíduos destas espécies estarão contidos no espaço
delimitado, gerando uma amostra que não será estatisticamente utilizável (Vieira e Couto 2001;
Laurance et al. 2004). Assim, para amostrar a estrutura populacional, para qualquer densidade de
espécies de árvores de grande porte, é recomendado amostras a partir de 10 hectares (Rankin-de-
Merona e Ackerly 1987; Clark e Clark 1996; Ubialli et al. 2009).
No Pantanal, as populações de S apetala, espécie alvo deste estudo, distribuem-se em
manchas de floresta semidecídua não inundável, regionalmente denominadas “cordilheiras”
(Ratter et al. 1988; Pott e Pott 1994; Salis et al. 2006) e apresentam densidade inferior a uma
árvore por hectare, para duas áreas distintas na Nhecolândia (Dubs 1992). Outros estudos que
citam esta espécie nos resultados sempre relatam uma amostra pequena de árvores de S. apetala
(1-2 árvores) (Pinto e Hay 2005; Salis et al. 2006).
Neste contexto, os modelos tradicionais de amostragem de populações de plantas, como
o método de parcelas de tamanho fixo com distribuição sistemática ou ao acaso, são ineficientes
para coletar dados populacionais para uma espécie com as propriedades exibidas por S. apetala
no Pantanal. Então, seria necesrio um extensivo trabalho de campo que consumiria muito
tempo para obter amostras utilizáveis (Clark e Clark 1996; Ubialli et al. 2009). Para superar esta
adversidade adotou-se o método de busca ativa (Clark e Clark 1987; Santos et al. 2006), no qual
foram amostradas todas as plantas de S. apetala encontradas em janeiro de 2007, durante um
esforço amostral de 32 horas em cada um dos cenários de manejo da paisagem (oito horas por
quatro dias) foram incluídas. As plantas de S. apetala são facilmente reconhecíveis desde os seus
57
primeiros estágios de vida até a fase adulta. As plantas com até dois metros de altura tiveram a
altura total medida. Plantas maiores que dois metros tiveram o DAP anotado. Todas as plantas
amostradas foram marcadas com placas de alumínio, possibilitando a reamostragens nos anos
seguintes, sempre no mês de janeiro de 2008, 2009 e 2010.
Em estudos de análise de viabilidade populacional (PVA) executados com outras
espécies de plantas não arbóreas este método já foi adotado e considerado válido, pois, o objetivo
é obter os valores das taxas vitais e sua variação no espaço e no tempo, de modo mais acurado
possível, para alimentar um modelo de matriz populacional (Menges 1990; Pfab e Witkowski
2000), porém, existem outros estudos de PVA que obtiveram os valores dos parâmetros
populacionais em parcelas permanentes (Lennartsson e Oostermeijer 2001; Obiah et al. 2007) ou
transectos permanentes (Maschinski et al. 1997). O mais importante é que, quando considerado o
custo benefício envolvido na coleta de dados ecológicos, a amostra estatística ótima é encontrada
comparando a precisão” desejada com o “custo” de se obter a informação (Schilling e Batista
2008). Ou seja, o modo como foram adquiridos os dados populacionais sobre S. apetala no
Pantanal foi o encontrado para as informações coletadas serem acuradas e com um custo
razoável, de tempo e de dinheiro, especialmente quando consideramos a pequena densidade de
indivíduos jovens e adultos de S. apetala (Janzen 1972; Dubs 1992).
Classificação de indivíduos de Sterculia apetala em estágios ontogenéticos: todos os indivíduos
amostrados foram classificados em estágios ontogenéticos (Gatsuk et al. 1980; Marques e Joly
2000). Os estágios foram criados considerando: o estrato que o indivíduo ocupava na floresta
(inferior, dossel ou emergente; tamanho sujeito a herbivoria por gado bovino (até 2 metros de
altura); a probabilidade de reprodução e o porte com probabilidade de abrigar ninhos de arara-
azul (Santos Jr et al. 2007).
Assim foram criadas cinco categorias de desenvolvimento, a saber:
1) Plântulas estabelecidas: indivíduos sujeitos à herbivoria por gado bovino, maiores
que 50cm e menores que 200cm de altura;
2) Imaturos: indivíduos maiores que 200 cm de altura e menores que 25cm de DAP,
os quais não são reprodutivos e se situam abaixo do dossel florestal;
58
3) Jovens: indivíduos reprodutivos, pertencentes ao dossel florestal e sem porte para
abrigar ninhos de arara-azul. Troncos com DAP maior que 25cm e menor que
50cm;
4) Adultos: indivíduos reprodutivos, pertencentes ao dossel florestal e com porte
para abrigar ninhos de arara-azul. Troncos com DAP maior que 50 cm e menor
que 75cm;
5) Senis: indivíduos reprodutivos, emergentes e com porte para abrigar ninhos de
arara-azul. Troncos com DAP maior que 75cm.
Durante a amostrgem muitas plantas de S. apetala menores que 50cm de altura foram
amostradas. Estas plantas foram também marcadas e monitoradas. Contudo, optou-se por
removê-las das análises, pois eram plântulas germinadas a poucos meses, com cerca de 60 dias, e
não poderiam ser consideradas estabelecidas. Assim, quando cresceram acima de 50cm de altura
entraram na análise de estrutura e dinâmica populacional na categoria pntulas estabelecidas.
Outras transições entre estágios ontogenéticos mais avançados foram observadas, tanto para a
classe seguinte, como para a classe anterior. Assim, o número de indivíduos numa dada categoria
num dado ano é resultado dos indivíduos que permaneceram na categoria e os que exibiram uma
transição em direção a ela.
Análise populacional da estrutura populacional de Sterculia apetala baseada em estágios
ontogenéticos: os indivíduos de S. apetala amostrados, anualmente, em cada cenário, foram
distribuídos em função das classes ontogenéticas. As estruturas populacionais assim obtidas
foram avaliadas usando duas provas de Kolmogorov-Smirnov (KS). A primeira para avaliar se a
população dentro do cenário apresenta variação interanual no período avaliado. A segunda para
avaliar se as populações entre cenários diferem em função do histórico de cada cenário. Para a
segunda análise KS foram empregadas as estruturas populacionais obtidas na amostragem
executada no ano de 2007.
Análise populacional da dinâmica populacional de Sterculia apetala empregando tabela de
vida: As tabelas de vida estáticas (Begon et al. 2006) foram construídas para as populações de S.
apetala baseando-se nas estruturas populacionais anualmente amostradas em cada cenário de
manejo da paisagem. Tanto a taxa de sobrevivência específica a classe (l
x
) e a taxa de
59
mortalidade específica a classe (q
x
) foram multiplicados por 1000 (Harcombe 1987; Cox 1996;
Brower et al. 1998; Diaz et al. 2000). As curvas de sobrevivência e mortalidade foram obtidas
utilizando análises de regressão de modelos lineares e não-lineares (Harcombe 1987; Cox 1996).
Analisando o ajuste e a forma das curvas das taxas populacionais discutiu-se a dinâmica esperada
para as populações de S. apetala em cada um dos cenários de manejo da paisagem no Pantanal.
Os valores de l
x
foram logaritmizados. Os valores negativos calculados em q
x
foram substituídos
por zero, indicando um intervalo onde não foi registrada nenhuma morte (Harcombe 1987; Cox
1996; Brower et al. 1998; Diaz et al. 2000). Os dados de sobrevivência foram submetidos a um
teste de ANOVA para avaliar a diferença na sobrevivência entre os estágios ontogenéticos.
Outra análise foi feita para a mortalidade das árvores de S. apetala com porte para abrigar
cavidades-ninho para a arara-azul. Todas as árvores com DAP superiores a 50cm em cada
cenário de manejo da paisagem foram acompanhadas. A proporção de árvores mortas foi
transformada com Log
10
(x+1) e os valores foram submetidos ao teste de ANOVA. Todas as
análises estatísticas foram realizadas com o pacote estatístico SYSTAT 11.
Resultados
Estrutura florestal nos cenários de manejo da paisagem
Cada cenário, que aqui deve ser entendido como a paisagem onde uma população de S.
apetala está inserida, apresenta características estruturais próprias (Tabela 3). As árvores
amostradas no cenário Reserva apresentaram os menores valores dios de DAP e de altura. Em
contrapartida, exibiu um valor de densidade florestal por hectare superior ao observado nos
demais cenários. Tais características decorrem da condição a que este cenário está submetido,
como um regime de incêndio florestal há mais de duas décadas (Crispim e Soriano 2003). O
último evento ocorreu no ano de 2005 e os parâmetros florestais estimados sugerem que a
floresta neste cenário está em processo de regeneração após o distúrbio, quando muitas das
árvores do dossel morreram, como pode ser observado in loco (Figura 14).
As árvores do cenário Braquria são remanescentes da floresta original após o
desflorestamento e o plantio de monocultura de pastagens para a criação de bovinos. As
60
pastagens foram formadas no ano de 2004 nas duas fazendas que abrigam as áreas de estudo.
Algumas árvores foram conservadas durante o desflorestamento resultando numa fisionomia de
bosque com reduzido valor de densidade. De um modo geral, as árvores remanescentes são de
médio a grande porte, considerando os valores médios de DAP e altura, as quais eram
representantes do dossel ou estrato emergente da floresta original. Os estratos florestais
inferiores foram completamente removidos. Além disso, a composição da comunidade florestal é
direcionada para espécies que foram julgadas de interesse alimentício, madeireiro e
conservacionista. Como não foi conduzido um estudo fitossociológico, as espécies não foram
identificadas, assim, não foram geradas informações sobre este direcionamento da comunidade
florestal.
Figura 14. Vista parcial da floresta estacional semidecidual amostrada no cerio Reserva após
incêndio florestal ocorrido em setembro de 2005. Pantanal, sub-região da Nhecolândia. Fazenda
Nhumirim, Corumbá, MS. (Foto: W. Tomas).
As árvores do cenário Tradicional posicionam-se intermediariamente em relação aos
cenários anteriores, no que se refere aos parâmetros florestais analisados. Todos os estratos
florestais estão presentes, entretanto, a presea do gado bovino causa uma redução da biomassa
de material combustível disponível para a ocorrência de incêndios florestais (liteira e estrato
inferior) (Nunes et al. 2009). Além disso, a floresta está praticamente intacta, exceto por
retiradas eventuais de madeiras para a lenha, construção e cerca (Salis et al. 2006).
61
Tabela 3. Estimativas dos parâmetros florestais para os três cenários de manejo da paisagem
analisados no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS. Diâmetro na Altura do Peito (DAP),
Altura total (Ht) e densidade florestal por hectare (obtida pelo método do ponto quadrante).
(Min: valor mínimo amostrado; Med: valor dio estimado; DP: desvio padrão; Max: valor
máximo amostrado).
Cenários de manejo
DAP (cm)
Ht (m)
Densidade
Min
Med±DP
Max
Min
Med±DP
Max
Á
rvores
(DAP>10cm)
/hectare
Reserva
10
22±12,26
a
*
64
3
8±4,0
1
a
#
2
2
864
Tradicional
10
29±14,21
b
*
72
4
9±4,04
a
#
22
540
Braquiária
11
39±11,79
c
*
75
3
11±2,95
b
*
19
19
DAP (ANOVA; N=240; gl=2,237;F=38.214;P=0,001;α=0,05;Tukey=*0,001)
Ht (ANOVA; N=240; gl=2,237;F=18.437;P=0,001;α=0,05;Tukey=*0,001;
#
0,44)
Densidade (N=20 pontos amostrais/cenário de manejo)
Fonte: Dados de campo
Estrutura populacional de Sterculia apetala nos cenários de manejo da paisagem
Entre anos
As populões de S. apetala exibiram estruturas populacionais que podem ser
consideradas constantes ao longo do período estudado, em todos os cenários de manejo da
paisagem (Tabela 4), apesar da variação observada no número de indivíduos nos estágios
ontogenéticos (Tabela 5).
Entre cenários
As populações de S. apetala amostradas apresentaram estruturas populacionais
significativamente diferentes entre cenários de manejo da paisagem (empregando os dados de
2007) (Figura 15). No cenário Reserva, a população foi caracterizada devido ao estágio
ontogenético Imaturos abrigar o maior número de indivíduos de S. apetala. No cenário
Tradicional, a população foi caracterizada devido ao estágio ontogenético Jovens abrigar o maior
mero de indivíduos de S. apetala. No cenário Braquiária, a população foi caracterizada devido
à notável ausência de indivíduos no estágio ontogenético Imaturos e pelo estágio ontognético
Adultos abrigar o maior número de indivíduos de S. apetala.
62
Tabela 4. Sumário estatístico da prova de Kolmogorov-Smirnov para testar a variação interanual
da estrutura populacional de Sterculia apetala em três cenários de manejo da paisagem no
Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS.
R
eserva
2007x2008
2007x
2009
2007x2010
Desvio máximo
0,061
0,035
0,077
Desvio crítico
0,189
0,192
0,194
Gl
2
2
2
Qui
-
quadrado
0,766
0,245
1,175
P
0,687
0,884
0,555
T
radicional
2007x2008
2007x2009
2007x2010
Desvio máximo
0,021
0,029
0,049
Desvio crítico
0,164
0,164
0,166
Gl
2
2
2
Qui
-
quadrado
0,127
0,231
0,664
P
0,938
0,890
0,717
Braquiária
2007x2008
2007x2009
2007x2010
Desvio máximo
0,081
0,083
0,036
Desvio crítico
0,218
0,221
0,225
Gl
2
2
2
Qui
-
quadrado
1,021
1,040
0,195
P
0,600
0,594
0,906
Fonte: dados de campo
63
Tabela 5. mero de indivíduos de Sterculia apetala em cada classe de estágios ontogenético
por cenários de manejo da paisagem no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS.
Reserva
2007
2008
2009
2010
1
Plântula
22
15
17
12
2
Imaturo
48
51
43
45
3
Jovem
24
24
24
23
4
Adulto
8
8
8
8
5
Senil
3
3
3
3
Total
105
101
95
91
Tradicional
2007
2008
2009
2010
1
Plântula
33
34
29
24
2
Imaturo
35
32
37
37
3
Jovem
46
41
40
39
4
Adulto
20
21
22
21
5
Senil
5
6
6
7
Total
139
134
134
128
Braquiaria
2007
2008
2009
2010
1
Plântula
15
23
22
17
2
Imaturo
4
2
1
2
3
Jovem
21
20
20
19
4
Adulto
23
24
22
21
5
Senil
11
12
12
12
Total
74
81
77
71
Fonte: dados de campo
64
Braquiaria
0 1 2 3 4 5 6
Esgios ontogenéticos
0
10
20
30
40
50
N
ú
m
e
r
o
d
e
i
n
d
i
v
í
d
u
o
s
Reserva
0 1 2 3 4 5 6
Estágios ontogenéticos
0
10
20
30
40
50
N
ú
m
e
r
o
d
e
i
n
d
i
v
í
d
u
o
s
Tradicional
0 1 2 3 4 5 6
Esgios ontogenéticos
0
10
20
30
40
50
N
ú
m
e
r
o
d
e
i
n
d
i
v
í
d
u
o
s
Figura 15. Distribuição de indivíduos de Sterculia apetala em estágios ontogeticos para três
cenários de manejo, no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS. O quadro apresenta o sumário
estatístico da prova de Kolmogorov-Smirnov para testar a variação da estrutura populacional de
Sterculia apetala entre os três cenários de manejo da paisagem. (1) Plântulas estabelecidas; 2)
Imaturos; 3) Jovens; 4) Adultos; 5) Senis).
Reserva
x
T
radicional
Desvio máximo
0,177
Desvio crítico
0,175
gl
2
Qui
-
quadrado
7,534
P
0,023
R
eserva
x
B
raquiária
Desvio máximo
0,409
Desvio crítico
0,206
gl
2
Qui
-
quadrado
29,174
P
0,0001
T
radicional
x
B
raquiária
Desvio máximo
0,27
9
Desvio crítico
0,195
gl
2
Qui
-
quadrado
15,101
P
0,0005
65
Dinâmica populacional de Sterculia apetala nos cenários de manejo
Abaixo são apresentadas as tabelas de vida estáticas calculadas para as populações de S.
apetala para cada ano e para cada cenário de manejo da paisagem (Tabelas 6, 7, 8). Uma
importante observação que pode ser constatada é que um padrão de dimica populacional
esperado para cada cenário, entretanto, ocorre uma variação anual da sobrevivência e
mortalidade dos indiduos de S. apetala nos cenários de manejo da paisagem (Figura 16).
Os valores de sobrevivência (l
x
) estimados para a população de S. apeala no cenário
Reserva apresentaram melhor ajuste a um modelo não-linear (NONLIN; N=20; gl=19; r
2
=0,88;
Sobrevivência de Sterculia apetala=2,610+(0,615*estágio_ontogenético)+(-
0,140*(estágio_ontogenético
2
)). Por sua vez, os valores de mortalidade (q
x
) apresentaram melhor
ajuste a um modelo geral linear (GLM; N=20; gl=19; F=113,843; r
2
=0,86; P=0,001; α=0,05;
Mortalidade de Sterculia apetala=-84,871+(213,496*estágio_ontogenético).
O mesmo padrão de ajuste dos parâmetros populacionais foi obtido para a população de
S. apetala no cenério Tradicional. Os valores de sobrevivência (l
x
) estimados para a população
de S. apeala no cenário Tradicional apresentaram melhor ajuste a um modelo não-linear
(NONLIN; N=20; gl=19; r
2
=0,93; Sobrevivência de Sterculia apetala
=2,557+(0,526*estágio_ontogetico)+(-0,115*(estágio_ontogenético
2
)). Por sua vez, os valores
de mortalidade (q
x
) apresentaram melhor ajuste a um modelo geral linear (GLM; N=20; gl=19;
F=267,138; r
2
=0,93; P=0,001; α=0,05; Mortalidade de Sterculia apetala=-
361,463+(268,514*estágio_ontogenético).
Ambas as populações de S. apetala, que crescem nos cenários Reserva e Tradicional,
apresentam grande semelhança nos padrões de sobrevivência e mortalidade. Nestes dois
cenários, as populações diferem exclusivamente na sobrevivência dos indivíduos do estágio
ontogenético Imaturos. As taxas de sobrevivência calculadas para os indivíduos de S. apetala
pertencentes aos outros estágios ontogenéticos não diferiram significativamente (Tabela 9). Nos
cenários de manejo da paisagem Reserva e Tradicional a sobrevivência dos indivíduos de S.
apetala foi descrita por uma função não linear de três fatores, a qual se assemelha a uma curva
convexa, indicando um aumento do risco de morte com o aumento da idade (aqui dada como
estágio ontogenético). Este padrão é enfatizado quando analisamos a curva de mortalidade
ajustada para os dois cenários. A função aponta para um aumento linear do risco de morte para
66
os indivíduos de S. apetala em função do aumento da idade (aqui dada como estágio
ontogenético) (Figuras 16).
A população de S. apetala que cresce no cenário Braquiária apresenta um padrão de
sobrevivência e mortalidade bem diferente do observado nos outros cenários. Os valores de
sobrevivência (l
x
) estimados para a população de S. apeala no cenário Braquiária apresentaram
melhor ajuste a um modelo não-linear (NONLIN; N=20; gl=19; r
2
=0,68; Sobrevivência de
Sterculia apetala=6,045+(-4,667*estágio_ontogetico)+(1,763*(estágio_ontogenético
2
))+(-
0,192*(estágio_ontogenético
3
)). Neste cenário, os valores de mortalidade (q
x
) estimados para a
população de S.apetala, tamm, apresentaram melhor ajuste a um modelo não-linear (NONLIN;
N=20; gl=19; r
2
=0,91; Mortalidade de Sterculia apetala=1881,74+(-
1326,01*estágio_ontogenético)+(233,24*(estágio_ontogenético
2
)). A taxa de sobrevivência dos
indivíduos de S. apetala no estágio ontogenético Imaturos foi significativamente inferior às taxas
de sobrevivência dos demais cenários. As taxas de sobrevivência dos indivíduos de S. apetala
dos estágios ontogenéticos Adultos e Senis foram significativamente maiores que as taxas de
sobrevivência dos demais cenários. Os três cenários não diferem nas taxas de sobrevivência dos
indivíduos de S. apetala do estágio ontogenético Jovens (Tabela 9).
A curva de sobrevivência de indivíduos S. apetala ajustada para o cenário Braquiária é
descrita por uma função não linear de quatro fatores. O modelo ajustado não se assemelha a
nenhum dos modelos teóricos propostos para curvas de sobrevivência. A despeito disso, o
modelo aponta para a reduzida sobrevivência dos indivíduos de S. apetala do estágio
ontogenético Imaturos. O modelo aponta, também, para a alta sobrevivência de indivíduos de S.
apetala dos estágios ontogenéticos Adultos e Senis, em conformidade ao anteriormente descrito
na Tabela 9. A curva de mortalidade ajustada para a população de S. apetala no cenário
Braquiária é descrita por uma função não linear de três fatores, que, diferentemente dos cenários
Reserva e Tradicional, aponta para uma alta mortalidade de indivíduos de S. apetala nos estágios
ontogenéticos Plântulas estabelecidas, Adultos e Senis. Ou seja, a mortalidade não aumenta de
modo linear com a idade (aqui dada como estágio ontogetico) (Figura 16). Portanto, algum
outro fator que atua de modo independe em relação à idade influencia a mortalidade dos
indivíduos de S. apetala neste cenário.
67
Tabela 6. Tabelas de vida calculadas para a população de Sterculia apetala no cenário de
manejo da paisagem Reserva, Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS. rmulas dos lculos
podem ser obtidas em Cox 1996; Brower et al. 1998; Diaz et al. 2000. (L
x
: número de indivíduos
de Sterculia apetala amostrados pertencentes ao estágio ontogenétco; l
x
: taxa de sobrevivência
específica a classe; Logl
x
: logaritmo
10
de l
x
; q
x
: taxa de mortalidade específica a classe).
2007
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
22
1000
3
0
Imaturos
48
2181.81
3.33
500
Jovens
24
1090.90
3.03
666.66
Adultos
8
363.63
2.56
625
Senis
3
136.36
2.13
1000
º de indivíduos
105
2008
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
15
1000
3
0
Imaturos
51
3400
3.53
529.41
Jovens
24
1600
3.20
666.66
Adultos
8
533.33
2.72
625
Senis
3
200
2.30
1000
Nº de indivíduos
101
2009
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
17
1000
3
0
Imaturos
43
2529.41
3.40
441.86
Jovens
24
1411.76
3.14
666.66
Adultos
8
470.58
2.67
625
Senis
3
176.47
2.24
1000
Nº de indivíduos
95
2010
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
12
1000
3
0
Imaturos
45
3750
3.57
488.88
Jovens
23
1916.66
3.28
652.17
Adultos
8
666.66
2.82
625
Senis
3
250
2.39
1000
Nº de indivíduos
91
Fonte: dados de campo
68
Tabela 7. Tabelas de vida calculadas para a população de Sterculia apetala no cenário de
manejo da paisagem Tradicional, Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS. Fórmulas dos
cálculos podem ser obtidas em Cox 1996; Brower et al. 1998; Diaz et al. 2000. (L
x
: número de
indivíduos de Sterculia apetala amostrados pertencentes ao estágio ontogenétco; l
x
: taxa de
sobrevivência específica a classe; Logl
x
: logaritmo
10
de l
x
; q
x
: taxa de mortalidade específica a
classe).
2007
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
33
1000
3
0
Imaturos
35
1060.60
3.02
0
Jovens
46
1393.93
3.14
565.21
Adultos
20
606.06
2.78
750
Senis
5
151.51
2.18
1000
Nº de indivíduos
139
2008
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
34
1000
3
5
8.82
Imaturos
32
941.17
2.97
0
Jovens
41
1205.88
3.08
487.80
Adultos
21
617
.64
2.79
714.28
Senis
6
176.47
2.24
1000
Nº de indivíduos
134
2009
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
29
1000
3
0
Imaturos
37
1275.86
3.10
0
Jovens
40
1379.31
3.13
450
Adultos
22
758.62
2.88
727.27
Senis
6
206.89
2.31
1000
Nº de indivíduos
134
2010
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
24
1000
3
0
Imaturos
37
1541.66
3.18
0
Jovens
39
1625
3.21
461.53
Adultos
21
875
2.94
666.66
Senis
7
291.66
2.46
1000
Nº de indivíduos
128
Fonte: dados de campo
69
Tabela 8. Tabelas de vida calculadas para a população de Sterculia apetala no cenário de
manejo da paisagem Braquiária, Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS. Fórmulas dos
cálculos podem ser obtidas em Cox 1996; Brower et al. 1998; Diaz et al. 2000. (L
x
: número de
indivíduos de Sterculia apetala amostrados pertencentes ao estágio ontogenétco; l
x
: taxa de
sobrevivência específica a classe; Logl
x
: logaritmo
10
de l
x
; q
x
: taxa de mortalidade específica a
classe).
2007
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântu
la
s
15
1000
3
733.33
Imaturos
4
266.66
2.42
0
Jovens
21
1400
3.14
0
Adultos
23
1533.33
3.18
521.73
Senis
11
733.33
2.86
1000
Nº de indivíduos
74
2008
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
23
1000
3
913.04
Imaturos
2
86.95
1.93
0
Jovens
20
869.56
2.93
0
Adu
ltos
24
1043.47
3.01
500
Senis
12
521.73
2.7
1
1000
Nº de indivíduos
81
2009
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
22
1000
3
954.54
Imaturos
1
45.45
1.65
0
Jovens
20
909.09
2.95
0
Adultos
22
1000
3
454.54
Senis
12
545.45
2.73
1000
Nº de indivíduos
77
201
0
L
x
l
x
Log
l
x
q
x
Plântula
s
17
1000
3
882.35
Imaturos
2
117.64
2.07
0
Jovens
19
1117.64
3.04
0
Adultos
21
1235.29
3.09
428.57
Senis
12
705.88
2.84
1000
Nº de indivíduos
71
Fonte: dados de campo
70
0
1
2
3
4
5
0 1 2 3 4 5
Estágios ontogenéticos
Sobrevivência (Log l
x
)
a
0
200
400
600
800
1000
0 1 2 3 4 5
Estágios ontogenéticos
Mortalidade (q
x
)
b
0
1
2
3
4
5
0 1 2 3 4 5
Estágios ontogenéticos
Sobrevivência (Log l
x
)
c
0
200
400
600
800
1000
0 1 2 3 4 5
Estágios ontogenéticos
Mortalidade (q
x
)
d
0
1
2
3
4
5
0 1 2 3 4 5
Estágios ontogenéticos
Sobrevivência (Log l
x
)
e
0
200
400
600
800
1000
0 1 2 3 4
5
Estágios ontogenéticos
Mortalidade (q
x
)
f
Figura 16. Curvas de sobrevivência (Log
10
l
x
) e mortalidade (q
x
) de populões de Sterculia
apetala para os anos 2007 a 2010 nos cenários de manejo Reserva (a, b), Tradicional (c, d) e
Braquiária (e, f), no Pantanal, sub-região da Nhecolândia, MS. 1) Plântulas estabelecidas; 2)
Imaturos; 3) Jovens; 4) Adultos; 5) Senis.
71
Tabela 9. Diferenças nas taxas de sobrevivência (Log
10
l
x
) entre os estágios ontogenéticos de
Sterculia apetala nos três cenários de manejo da paisagem no Pantanal, sub-região da
Nhecolândia, MS.
Cenérios de manejo
Estág
ios Ontogenéticos
Imaturos
Jovens
Adultos
Senis
Reserva
3,4±0,11
a
3,1±0,10
a
2,6±0,10
a
2,2±0,09
a
Tradicional
3,0±0,09
b
3,1±0,05
a
2,8±0,07
a
2,2±0,12
a
Braquiária
2,0±0,32
c
2,9±0,09
a
3,0±0,08
b
2,7±0,07
b
Imaturos: ANOVA, N=12; gl=2,9; F=53.909; P=0,001; α=0,05; Tukey<0,05
Jovens: ANOVA, N=12; gl=2,9; F=3.267; P=0,086; α=0,05; Tukey>0,05
Adultos: ANOVA, N=12; gl=2,9; F=17.624; P=0,001; α=0,05; Tukey<0,05
Senis: ANOVA, N=12; gl=2,9; F=33.676; P=0,001; α=0,05; Tukey<0,05
Fonte: dados de campo
As proporções de árvores de S. apetala com porte para abrigar cavidade-ninhos
(DAP>50cm) para a arara-azul que morreram durante os anos de 2007-2010 o diferiam entre
os cenários de manejo da paisagem (ANOVA; N=9; gl=2,6; F=2,820; P=0,137; α=0,05;
Tukey=0,12ª) (Figura 17). Apesar disso, as causas de morte que foram registradas indicam que
pode existir uma diferença entre os cenários de manejo (Tabela 10).
2007 2008 2009 2010
Ano
50
60
70
80
90
100
S
o
b
r
e
v
i
v
ê
n
c
i
a
(
%
)
Figura 17. Porcentagem de sobrevivência de um grupo de indivíduos de Sterculia apetala com
Diâmetro na Altura do Peito superior a 50 cm marcados em janeiro de 2007.
=Reserva (N=11);
=Braquiária (N=33);
=Tradicional (N=24).
72
Tabela 10. Tipos de mortes registradas para árvores de Sterculia apetala, com diâmetro na altura
do peito maior que 50 cm, em três cenários de manejo da paisagem, Pantanal, sub-região da
Nhecolândia, MS. Classificação segundo D’Angelo et al. (2004).
Causas de mort
Reserva
Tradicional
Braquiária
Desenraizada
0
1
0
Quebra do fuste
0
0
2
Morta em pé
0
0
2
Outro
s (Raios)
0
0
0
Fonte: Dados de Campo
Discussão
As populações de S. apetala apresentam baixa densidade em diferentes pontos ao longo
de sua distribuição (Janzen 1972; Dubs 1992; Dvorak et al. 1998; Salis et al. 2006). Como toda
espécie de árvore de grande porte e longeva, regularmente, atinge o estrato emergente do dossel
florestal. Espécies com estas propriedadeso conhecidas pela sua escassez de indivíduos,
dificultando a obtenção de informações estatisticamente utilizáveis (Clark e Clark 1996). Além
disso, diferentes autores não recomendam o uso de métodos de amostragem empregados
tradicionalmente para gerar informações sobre espécies arbóreas raras (densidade estimada<1
árvore com 10cm de DAP/hectare) (Rankin-de-Merona e Ackerly 1987; Clark e Clark 1996;
Ubialli et al. 2009).
Devido a estas condições restritivas poucos são os pesquisadores que executam estudos
populacionais com escies arbóreas de grande porte, longevas e raras (Clark e Clark 1996). Os
pesquisadores aparentemente selecionam para o estudo espécies com densidade dia a alta, que
geram informações estatisticamente utilizáveis demandando menos tempo e dinheiro, como o
estudo de Marques e Joly (2000), por exemplo.
Existem casos em que não podemos escolher espécies de média a alta densidade
populacional, ou mesmo evitar estudar as árvores raras. Especialmente, quando consideramos as
recomendações da biologia da conservação, que argumentam que as espécies raras são mais
sujeitas à extinção (Gilpin e Soulé 1986). É sob este contexto que o estudo aqui apresentado foi
realizado. Anodorhynchus hyacinthinus (Latham 1720), popularmente conhecida como Arara-
73
azul, é listada como ameaçada de extinção e nidifica em 95% dos casos em tronco de S. apetala
no Pantanal (Guedes 1993; Pinho e Nogueira 2003).
O efeito do histórico de manejo da paisagem sobre a estrutura populacional de Sterculia
apetala
A análise populacional deve ter em foco que o ambiente atua sobre os atributos
numéricos da população, influenciando indiretamente a fecundidade e sobrevivência de cada
estágio ontogenético (Caughley 1977). Considerando esta condição, os dados da estrutura da
paisagem somados aos de estrutura populacional de S. apetala revelam informações importantes.
Primeiro, os diferentes históricos resultam em diferentes estruturas de cenários. Este efeito, por
sua vez, resulta em diferentes estruturas populacionais de S. apetala, uma para cada cenário de
manejo da paisagem. E, em terceiro lugar, os processos populacionais que resultaram na
diferença de estrutura populacional variam mais no espaço, isto é, entre populações, do que no
tempo, ou dentro da mesma população.
Estudos populacionais para outras espécies arbóreas apontam para este mesmo padrão.
Por exemplo, Populus tremuloides apresentou diferentes estruturas populacionais em resposta a
variação espacial do padrão de herbivoria das plântulas por Elk elaphus, os quais variam a sua
distribuão em função do risco de predação (Larsen e Ripple 2003). Para Ocotea puberula e
Araucaria angustifolia as estruturas populacionais variaram entre comunidades florestais em
diferentes fases sucessionais, possivelmente devido aos requerimentos ecológicos exigidos pelos
indivíduos destas espécies mudarem ao longo da história de vida (Caldato et al. 2003; Pulchalski
et al. 2006).
Dinâmica populacional de Sterculia apetala nos cenários de manejo da paisagem: curvas de
sobrevivência
Os resultados apontam que no cenário Reserva ocorreu uma sobrevivência maior de
indivíduos de S. apetala no estágio ontogenético Imaturos do que a observada nos cenários
Tradicional e Braquiária. O cenário Reserva é uma Unidade de Conservação classificada
segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação como uma Reserva Particular do
74
Patrimônio Natural (Lei Federal 9.985/2000). Neste ambiente, o gado bovino foi excluído há
mais de duas décadas e, deste então, nenhuma outra atividade que não fosse pesquisa ou
educação ambiental foi desenvolvida na área. Assim, a sobrevivência de indivíduos imaturos de
S. apetala neste cenário pode ser atribuída à ausência do gado bovino, principalmente, quando
consideramos que estes animais estão presentes nos outros cenários. Am disso, o gado bovino é
citado por diferentes estudos como um importante herbívoro de novos recrutas de populações de
espécies arbóreas em diferentes regiões do globo terrestre, inclusive de S. apetala (Janzen 1972;
Johnson et al. 1997; Garcia et al. 1999; Gomez et al. 2003; Nunes da Cunha e Junk 2004; Vieira
et al. 2006; Sampaio e Guarino 2007).
Deve tamm existir um efeito da estrutura florestal sobre a sobrevivência dos indivíduos
imaturos de S. apetala no cenário Reserva. Este cenário está sujeito a um regime de incêndio
florestal (Crispim e Soriano 2003). Assim, apresenta-se com árvores menores e mais adensadas,
conforme os dados de estrutura florestal coletados, indicando regeneração após o último incêndio
florestal, ocorrido no ano de 2005. É possível que, sob estas circunstâncias, o dossel florestal
mostre-se descontínuo ou menos cerrado que o do cenário Tradicional, o qual raramente é
acometido por incêndio florestal. Caso o dossel florestal do cenário Reserva seja realmente
menos denso, haverá uma maior disponibilidade de luz, promovendo melhores condições de
sobrevivência e um maior crescimento em altura para os indivíduos imaturos de S. apetala.
Contudo, não foi realizado nenhum tipo de amostragem de cobertura de dossel para possibilitar
uma conclusão embasada nesta hipótese.
No cenário Braquiária, a redução da sobrevivência de indivíduos de S. apetala do estágio
ontogenético Imaturos, primeiramente, deve-se ao modo como o desflorestamento é realizado e
pela herbivoria pelo gado bovino, em segundo. As árvores de maior porte, inclusive S. apetala,
são selecionadas para não serem derrubadas, enquanto que o restante da floresta é totalmente
removido para ser substituído por plantio de pastagem forrageira para o gado bovino. Neste
momento, as árvores de pequeno e médio porte (os indivíduos imaturos de S. apetala estão
inseridos nesse grupo) são derrubadas, enleiradas e queimadas. Alguns poucos sobreviventes,
que antes estavam protegidos no interior da floresta, tornam-se alvo da herbivoria pelo gado
bovino.
Este mesmo padrão de desflorestamento explica a inconsistente maior sobrevivência de
indivíduos de S. apetala dos estágios ontogenéticos Adultos e Senis no cenário Braquiária,
75
quando comparado à sobrevivência observada para estes estágios nos outros dois cenários. Não
evidência alguma que sugira que a sobrevivência dos indivíduos Adultos e Senis de S. apetala
no cenário Braquiária seja realmente superior aos dos demais cenários. O que ocorre é que a
seleção das árvores de grande porte de S. apetala para o serem derrubadas faz com que a
sobrevivência destas seja aumentada, quando comparadas aos demais estágios ontogenéticos da
mesma população. Este resultado deve ser considerado um artefato do método.
No cenário Tradicional, a sobrevivência de indivíduos de S apetala do estágio
ontogenético Imaturos apresentou um valor médio intermediário ao observado para os cenários
Reserva e Braquiária. A despeito dessa diferença, os outros estágios ontogenéticos não diferiram
nos valores dios de sobrevivência dos observados para o cenário Reserva. Este resultado
demonstra que a sobrevivência diferencial dos Imaturos, entre os cenários Reserva e Tradicional,
não implica em redução da transição de indiduos para os próximos estágios ontogenéticos da
população.
Uma hipótese para esta constatação é que no cenário Reserva deve existir algum agente
ecológico que causa uma redução da sobrevivência, tornando equivalente a transição de
indivíduos para os próximos estágios ontogenéticos nos cenários Reserva e Tradicional. O fogo
deve ser o provável agente ecológico, pois, os indivíduos Imaturos de S. apetala devem ser mais
suscetíveis a morte em incêndios florestais.o foram coletados dados para embasar esta
afirmação. No entanto, Fiedler et al. (2004) e Medeiros e Miranda (2005) descrevem que
lenhosas com o Diâmetro Basal inferior a 14cm são mais propensos à morte as a ocorrência de
queimadas em diferentes fisionomias de Cerrado. Talvez indivíduos imaturos de espécies
florestais, como S. apetala, sigam padrão semelhante.
Dinâmica populacional de Sterculia apetala nos cenários de manejo da paisagem: curvas de
mortalidade
Dando continuidade à alise populacional de S. apetala, em diferentes cenários de
manejo da paisagem, enfoco nas curvas de mortalidade. Harcombe (1987) e Diaz et al. (2000)
argumentam que as curvas de mortalidade são mais informativas para avaliações demográficas
de populações de árvores longevas e de grande porte, como S. apetala, pois destacam as
diferenças demográficas.
76
As curvas de mortalidade ajustadas para as populações de S. apetala nos cenários
Reserva e Tradicional mostram que ambas as populações seguem um padrão semelhante de
mortalidade, com algumas pequenas diferenças. De um modo geral, para estes dois cenários,
observa-se que o aumento linear do risco de morte em função dos estágios ontogenéticos.
Esse padrão é próximo do esperado para as populações de árvores longevas e de grande porte em
florestas conservadas, pois, considerando que sejam espécies tolerantes à sombra, suas sementes
germinarão e seus indivíduos imaturos se estabelecerão e crescerão protegidos dentro da floresta
(Lieberman et al. 1990). Estes indivíduos aguardarão a abertura de uma clareira para se
posicionarem no dossel ou terminarão morrendo (Lima 2005). Os que conseguirem atingir o
dossel irão prosseguir seu desenvolvimento e após algum tempo, quando se posicionarem no
estrato emergente da floresta, experimentarão um aumento da probabilidade de morte devido às
tempestades e ventanias (Harcombe 1987). Indivíduos adultos de S. apetala são extremamente
suscetíveis à quebra de galhos da copa por ação de ventanias (Francis 2000).
A curva de mortalidade para o cenário Braquiária ilustra que o padrão de mortalidade
esperado para uma população de S. apetala é fortemente alterado quando a floresta é removida,
bem como as causas de morte de seus indivíduos. Além do aumento incontestável do risco de
morte dos indiduos de S. apetala dos estágios ontogenéticos iniciais, uma considerável
redução do risco de morte dos indivíduos de S. apetala do estágio ontogenético Jovens. Esta
redução se deve ao fato de estes indivíduos estarem inseridos no grupo das árvores protegidas,
bem como serem menos suscetíveis aos agentes de morte, quando comparados aos indivíduos
adultos e senis.
Os indivíduos de S. apetala dos estágios ontogenéticos Adultos e Senis, no cenário
Braquiária, apresentam um aumento desproporcional do risco de morte. Este aumento
exponencial do risco de morte resulta do fato de que árvores de grande porte expostas são mais
suscetíveis à quebra do fuste e da copa ou desenraizamento, bem como da incapacidade destes
organismos aclimatarem-se às novas condições ambientais, pós-desflorestamento. Três fatores
aumentam as taxas de mortalidade de árvores de grande porte em ambiente fragmentado, o
estresse microclimático, danos causados por ventanias e sufocamento por lianas (D’Angelo et al.
2004). As mortes anotadas para árvores de S. apetala isoladas em matriz de pastagens obedecem
a este padrão. Duas árvores morreram em , indicando incapacidade de se adaptar às novas
condições microclimáticas, outras duas morreram partidas ao meio após ventanias.
77
Os modelos de curvas de mortalidade para os três cenários revelam uma grande diferença
na demografia das populações de S. apetala avaliadas. Entretanto, o monitoramento da morte das
árvores de maior porte (Adultas e Senis, DAP>50cm) não constatou a diferença esperada. Esta
aparente inconsistência é facilmente explicada. O monitoramento aconteceu numa escala de
quatro anos (2007-2010) e, por isso, foi incapaz de detectar um processo demográfico que
responde numa escala de tempo superior, de décadas, talvez culos, como esperado para árvores
longevas e de grande porte (Condit et al. 1998). Por esta razão, recomenda-se que o
monitoramento de morte das árvores seja continuado e, desse modo, se tornará possível avaliar a
robustez do modelo matemático.
Neste sentido, a aparente proteção das árvores adultas de S. apetala durante o
desflorestamento no cenário Braquiária não causa o efeito conservacionista esperado no longo
prazo, pois, segundo a curva de mortalidade ajustada para a população neste cenário, espera-se
que em alguns anos a mortalidade causada por estresse microclimático ou ventania reduza
consideravelmente a população de S. apetala.
Limitações do estudo
Os valores dos parâmetros populacionais empregados no ajuste das curvas de
sobrevivência e mortalidade não apresentam independência espacial. Isto é, os valores estimados
para as taxas de sobrevivência e mortalidade foram baseados em medidas obtidas sempre da
mesma população, portanto, o pseudo-repetições (Hurlbert 1984; Magnusson e Mourão 2003).
Infelizmente, este era um obstáculo incontornável para a execução deste estudo, comum a
estudos de Biologia da Conservação (Metzger 2004).
Inexistem outras populações de S. apetala crescendo em habitats com condiçõe similares
como no cenário Reserva. Áreas onde o gado bovino foi excluído a mais de 20 anos, com
cobertura vegetal e regime de inundação similar ao experimentado pela população de S. apetala
no cenário Reserva não são encontradas em outras porções do Pantanal. Assim, a abordagem
adotada assume que as populações estudadas são modelos hipotéticos de estrutura e dinâmica
populacional, contudo, experimentando condições ecológicas reais. Ela é fortemente limitada
pela ausência de poder para inferência sobre a estrutura e dinâmica de outras populações de S.
apetala na região. Entretanto, é válida por indicar o caminho a seguir nas próximas alises.
78
Ainda existem muitas populações de S. apetala sob condições similares às
experimentadas pela população estudada no cenário Tradicional e muitas estão atingindo as
condições observadas no cenário Braquiária. Para estes dois cenários será possível a adoção de
repetições reais e a realizão de um estudo com a adoção de uma metodologia já experimentada.
Conclusão
Os diferentes históricos dos cenários de manejo afetam de modo diferencial as
populações de S. apetala inseridas neles, resultando em diferentes estruturas populacionais. As
populações de S. apetala nos cenários Reserva e Tradicional apresentam diferentes estruturas
populacionais, no entanto, o padrão de dinâmica populacional para ambas as populações é
similar. A população de S. apetala que habita o cenário Braquiária, em contrapartida, apresenta
grandes diferenças na estrutura e dinâmica populacional em relação aos demais cenários. Quando
contrastados os modelos de sobrevivência e mortalidade de indivíduos de S. apetala para os três
cenários de manejo da paisagem fica evidente que somente a presença do gado bovino pouco
influi na dinâmica populacional. No entanto, quando o desflorestamento é somado à presença do
gado a dinâmica populacional de S. apetala é alterada e, talvez, a viabilidade populacional
comprometida. Isto ocorre devido à remoção da floresta, à presença do gado bovino e à maior
exposição das árvores adultas às ventanias no cenário Braquiária, aumentar muito a mortalidade
dos indivíduos desta população. Os modelos de curvas de mortalidade para os três cenários de
manejo da paisagem sugerem uma grande diferença na demografia das populações de S. apetala
avaliadas. Entretanto, o monitoramento da morte das árvores dos estágios ontogenéticos Adultos
e Senis não constatou a diferença esperada. Esta aparente inconsistência é devido ao
monitoramento acontecer numa escala de somente quatro anos e, portanto, incapaz de detectar
um processo demográfico que ocorre ao longo de escala de tempo superior.
79
Capítulo III
Sucessão ecológica de aves em cavidades nos troncos de árvores de Sterculia apetala (Jacq.)
Karst (Malvaceae) no Pantanal
Resumo
Árvores de grande porte são os maiores organismos em algumas florestas e são ecologicamente
muito mais importantes do que sua densidade populacional é capaz de sugerir. No entanto, raros
são os relatos que demonstraram este fato. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi apresentar
uma relação de espécies de aves que interagem com árvores de Sterculia apetala no Pantanal,
especialmente as que nidificam em seus troncos, bem como discutir os fatores ecológicos que
afetam estas relações. Foram listadas 29 espécies de aves utilizando recursos disponibilizados
por árvores de S. apetala no Pantanal. Uma em cada cinco espécies de aves não-passeriformes
listadas para o Pantanal foi registrada fazendo uso de algum recurso disponibilizado por S.
apetala. Cerca de 68% (N=19) das espécies de aves observadas se reproduzem nas cavidades
encontradas nos troncos de S. apetala. São discutidos diferentes aspectos ecológicos que afetam
a colonizão de cavidades em árvores como habitat reprodutivo por aves não-passeriformes no
Pantanal. Palavras-chave: conservação de aves; habitat reprodutivo; cavidade-ninho;
Anodorhynchus hyacinthinus
Abstract
Large trees are the largest bodies and in some forests are ecologically more important than its
density population is able to suggest. However, rare are the reports that have demonstrated this
fact. In this sense, the objective of this study was to present a list of bird species that interact
with trees of Sterculia apetala in the Pantanal, especially those that nest in their trunks, as well
as discuss the ecological factors that affect these relationships. Were listed 29 species of birds
using resources provided by trees of S. apetala in the Pantanal. One in five species of non-
passerine birds listed for the Pantanal was recorded making use of some resource provided by S.
apetala. About 68% (N = 19) of bird species observed are reproduced in cavities found in the
trunks of S. apetala. We discuss various ecologicals factors that affect the colonization of
80
cavities in trees as breeding habitat for non-passerine birds in the Pantanal. Keywords: bird
conservation, breeding habitat; nest-cavity; Anodorhynchus hyacinthinus
Introdução
As árvores de grande porte são os maiores organismos em algumas florestas,
particularmente, naquelas onde ocasionalmente há árvores emergentes que se sobressaem ao
dossel. Arbitrariamente, as árvores de grande porte são aquelas que têm mais de 70cm de DAP
(Diâmetro a Altura do Peito medido a 1,3m acima do solo) e acumulam a maior porção da
biomassa acima do solo nas florestas. Comumente, as populações destas árvores apresentam a
densidade inferior a 1 indivíduo por hectare para indivíduos com 10cm de DAP ou mais (Clark e
Clark 1996; Laurance et al. 2004; Ubialli et al. 2009).
As árvores de grande porte são ecologicamente muito mais importantes do que sua
densidade populacional é capaz de sugerir. Por exemplo, uma árvore de 150cm de DAP equivale
aproximadamente a 607 árvores de 10cm de DAP, em termos de estocagem de biomassa. Além
disso, estes organismos exercem um papel de suma importância nas comunidades florestais,
influenciando o microclima pela produção de sombra, abrigo do vento, absorção e escoamento
de águas de chuva, pela sua participação no ciclo hidrológico na parte da evapotranspiração e,
ainda, fornecendo abrigo e alimento para outros organismos (Rankin-de-Merona e Ackerly 1987;
Clark e Clark 1996).
No entanto, a despeito da importância das árvores de grande porte para o ecossistema em
que estão inseridas, raros são os relatos que demonstraram este fato. Neste sentido, o objetivo
deste estudo foi apresentar uma relação de espécies de aves que interagem com árvores de
Sterculia apetala (Jacq.) Karst no Pantanal, especialmente as que nidificam em seus troncos,
bem como discutir os fatores ecológicos que afetam estas relações.
Material e métodos
Sterculia apetala é uma árvore nativa encontrada nas florestas tropicais de terras baixas,
florestas secas e em florestas ripárias sempre-verdes (Janzen 1972; Pott e Pott 1994; Dvorak et
al. 1998; Lorenzi 2002; Valdés et al. 2002; Fernandez et al. 2007). Árvores adultas de S. apetala
81
são raras em qualquer ponto em sua área de ocorrência. Os valores de densidade estimados para
populações de S. apetala em diferentes sítios na bacia do Alto Paraguai, da qual o Pantanal faz
parte, são 0,67; 0,28; 0,65 indivíduos por hectare (Dubs 1992; Pinto e Hay 2005). Seus
indivíduos maduros são árvores de grande porte (com mais de 100 cm de DAP) e de rápido
crescimento, sendo membro do dossel ou do estrato emergente da floresta (Janzen 1972; Dvorak
et al. 1998; Santos Jr et al. 2006, 2007).
A espécie S. apetala não está listada como ameaçada de extinção devido a sua ampla
distribuão geográfica. Entretanto, pequenas populações em sua área de ocorrência têm sido
substituídas por plantio de culturas comerciais ou pastagens (Janzen 1972; Dvorak et al. 1998).
Enfocando especificamente a região do Pantanal, as manchas florestais representam
aproximadamente 26% da cobertura do solo (Silva et al. 2000) e têm sido preferencialmente
substituídas por pastagens de braquiária para pecuária bovina (Johnson et al. 1997).
Um dos nomes populares dados a S. apetala no Pantanal é Manduvi. Aqui são
apresentadas informações sobre as espécies de aves que utilizam recursos disponibilizados por S.
apetala no Pantanal. Estão embasadas em observações eventuais em campo, nos anos de 2004-
2009, bem como em relatos feitos pelos seguintes autores: Burger e Gochfeld (2005), Campos e
Coutinho (2004), Carrara et al. (2007), Donatti et al. (2005), Guedes (1993, 1999, 2001, 2002,
2004), Guedes et al. (2000), Pinho e Nogueira (2003), Pizo et al. (2008), Santos Jr (2006ab),
Silva et al. (2005).
Resultados
Foram listadas 29 espécies de aves utilizando recursos disponibilizados por árvores de S.
apetala no Pantanal (Tabela 11). Nunes et al. (2006) apontam a ocorrência de 135 espécies de
aves não-passeriformes no Pantanal. Uma em cada cinco espécies de aves não-passeriformes
(20%, N=28) listadas para o Pantanal foi registrada fazendo uso de algum recurso
disponibilizado por S. apetala. Segundo Nunes et al. (2006) os representantes das famílias
Psittacidae e Falconidae (com oito e cinco espécies, respectivamente) estão inseridos no grupo
das aves mais predispostas às ameaças de extinção, considerando exclusivamente a região do
Pantanal. As principais ameaças ao grupo são o desflorestamento do habitat e o comércio ilegal
de animais silvestres (Seixas e Mourão 2002; Pinho e Nogueira 2003; Nunes et al. 2006).
82
Tratando somente das aves listadas na Tabela 11, foi observado que cerca de 68% das
espécies (N=19) se reproduzem nas cavidades encontradas nos troncos de S. apetala, por
exemplo, Micrastur semitorquatus (Falcão-relógio) e Anodorhynchus hyacinthinus (Arara-azul)
(Pinho e Nogueira 2003; Carrara et al. 2007). Outro grupo importante foi composto por 25% das
espécies (n=7), as quais encontram um local seguro para construir seus ninhos do tipo plataforma
nos galhos da copa de S. apetala, por exemplo, Jabiru mycteria (Tuiuiú) e Myiopsitta monachus
(Caturrita) (Campos e Coutinho 2004; Burger e Gochfeld 2005). Ara ararauna (Arara-canindé) e
Brotogeris chiriri (Periquito-de-encontro-amarelo) foram registrados exclusivamente como
predadores de sementes de S. apetala no Pantanal (Santos Jr 2006). Por fim, Tityra cayana
(Anambé-branco-de-rabo-preto) foi a única espécie de Passeriforme registrada utilizando
recursos disponibilizados por S. apetala no Pantanal. Segundo Sick (1997) é comum este
passeriforme acomodar seus ninhos em cavidades em árvores.
Discussão
Aspectos da colonização de cavidades em árvores como habitat reprodutivo por aves
Cavidades em troncos de árvores de S. apetala não surgem grandes, pelo contrário,
devem ser escavadas. Assim, provavelmente existe uma sucessão de aves que utilizam as
cavidades nos troncos de S. apetala. Esta afirmação é embasada na observação de existirem aves
capazes de escavarem as próprias cavidades, como Dryocopus lineatus (Pica-pau-de-banda-
branca); e outras que ocupam secundariamente cavidades já escavadas (Secondary cavity-nesting
birds), isto é, são espécies de aves que nidificam em cavidades que não foram escavadas por elas
próprias (Waters et al. 1990; Pogue e Schnell 1994), por exemplo, Falco rufigularis (Cauré) e o
Tityra cayana (Anambé-branco-de-rabo-preto).
Neste sentido, supõe-se que as cavidades inicialmente são ocupadas por aves pequenas e
com a capacidade necessária para escavar o tronco da árvore. Essa capacidade refere-se ao
comportamento de escavação, um bico resistente e força muscular suficiente para remover lascas
da madeira macia de árvores como S. apetala (densidade dia da madeira estimada em 0,4
g/cm
3
, conforme Dvorak et al. 1998).
83
Estas aves podem ser consideradas pioneiras e são representadas principalmente pelos
pica-paus, os quais podem ser considerados facilitadores da colonização do sítio reprodutivo para
as espécies de aves que nidificam secundariamente em cavidades. Por sua vez, as demais aves
com porte grande para ocuparem cavidades recém escavadas (isto é, imediatamente maiores que
as aves escavadoras), bem como aquelas espécies incapazes de escavar a própria cavidade,
podem ser consideradas espécies secundárias na colonização do habitat.
O grupo de aves que ocupa secundariamente cavidades é morfologicamente e
taxonomicamente diverso. Abriga espécies como Ara chloroptera (Arara-vermelha) que possui a
habilidade de ampliar o tamanho de uma cavidade escavada até um tamanho em que caiba
uma fêmea com a prole durante a reprodução, empregando seu forte bico para lascar a madeira.
Contudo, abriga tamm Cairina moschata (Pato-do-mato), uma espécie de grande porte e
incapaz de ampliar as cavidades existentes, dependendo de outras espécies de grande porte e com
capacidade de aumentar as cavidades até um tamanho que caiba uma fêmea e a sua prole.
O mecanismo acima descrito pode ser entendido como um processo de sucessão
ecológica, durante o qual uma substituição de populações num dado habitat (Ricklefs 2003).
Neste caso, o habitat reprodutivo representado pelas cavidades existentes nos troncos de S.
apetala abriga uma sequência repetida de estágios aqui entendidos como grupos de espécies
organizados em função da capacidade de escavação e do porte.
Como todo processo de sucessão ecológica, este processo de substituição de espécies na
colonização de cavidades em troncos de árvores de S. apetala é influenciado por diferentes
fatores ecológicos como:
84
Tabela 11. Espécies de aves registradas utilizando recursos disponibilizados por árvores de
Sterculia apetala no Pantanal. (
Fonte: Burger e Gochfeld 2005
A
; Campos e Coutinho 2004
B
; Carrara et al. 2007
C
;
Donatti et al. 2005
D
; Guedes 1993
F
; 1999
G
; 2001
I
; 2002
J
; 2004
K
; Guedes et al. 2000
H
; Pinho e Nogueira 2003
L
; Pizo et al. 2008
M
;
Santos Jr. 2006
N
; Santos Jr 2006
O
; Silva et al. 2005
P
).
Ordem/Família/Espécie
Modo de uso do recurso
Fonte
ANSERIFORMES
Anatidae
Dendrocygna autumnalis
Reprodução em cavidade em tronco vivo
P
Cairin
a moschata
Reprodução em cavidade em tronco vivo
H; J; K; P
CICONIIFORMES
Threskiornithidae
Theristicus caerulenses
Reprodução em ninho plataforma na copa
Este estudo
Theristicus caudatus
Reprodução em ninho plataforma na copa
Este estudo
Ciconiid
ae
Jabiru mycteria
Reprodução em ninho plataforma na copa
A; B
CATHARTIFORMES
Catharthidae
Coragyps atratus
Reprodução em cavidade em tronco vivo
H; K; P
FALCONIFORMES
Accipitridae
Heterospizias meridionalis
Reprodução em ninho plataforma
na copa
L
Falconidae
Caracara plancus
Reprodução em ninho plataforma na copa
Este estudo
Herpetotheres cachinnans
Reprodução em cavidade em tronco vivo
K; P
Micrastur semitorquatus
Reprodução em cavidade em tronco vivo
C; H; K; P
Falco sparverius
Re
produção em cavidade em tronco vivo
K; P
Falco rufigularis
Reprodução em cavidade em tronco vivo
J; K; L; P
PSITTACIFORME
S
Psittacidae
Anodorhynchus hyacinthinus
Reprodução em cavidade em tronco vivo e morto
C; F; H; J; K; L; P
Ara ararauna
Predaç
ão de sementes verde e maduras
H; J; O
Ara chloroptera
Reprodução em cavidade em tronco vivo
C; F; H; K; P
Primolius auricolis
Reprodução em cavidade em tronco vivo
H; K
Aratinga nenday
Reprodução em cavidade em tronco vivo e morto
P
Myiopsitta monachu
s
Reprodução em ninho colonial na copa
A
Brotogeris chiriri
Predação de sementes maduras
O
Amazona aestiva
Reprodução em cavidade em tronco vivo
H; J; K
STRIGIFORMES
Tytonidae
Tyto alba
Reprodução em cavidade em tronco vivo
J; K; P
Strigidae
M
egascops choliba
Reprodução em cavidade em tronco vivo
P
Pulsatrix perspicillata
Reprodução em cavidade em tronco vivo
G; I
Bubo virginianus
Reprodução em ninho plataforma na copa
Este estudo
PICIFORMES
Ramphastidae
Ramphastos toco
Reprodução em c
avidade em tronco vivo, dispersão de sementes
D; H; J; K; L; N; P
Pteroglossus castanotis
Reprodução em cavidade em tronco vivo
D; M
Picidae
Colaptes campestris
Reprodução em cavidade em tronco vivo
K
Dryocopus lineatus
Reprodução em cavidade em tron
co vivo
H; L
PASSERIFORME
S
Tityridae
Tityra cayana
Reprodução em cavidade em tronco morto
Este estudo
85
1. Disponibilidade de troncos para escavação: a distribuição de diâmetro de
troncos disponíveis para escavação de cavidades deve obedecer à distribuição
de diâmetros de troncos esperada para uma floresta. A distribuição de
diâmetros de troncos para uma floresta segue uma função exponencial
negativa, na qual há uma quantidade maior de troncos de pequenos diâmetros
em relação aos troncos com grandes diâmetros (Sano 1997). Troncos de
diâmetro menor devem ser mais suscetíveis à quebra por ação de vento por
terem um menor teor de células vegetais com parede secundária. Há um limiar
no tamanho do tronco a partir do qual uma espécie que se reproduz em
cavidade pode ocupar (Santos Jr et al. 2007). Portanto, as espécies
escavadoras devem considerar um balanço entre a distribuição de tamanho de
troncos disponíveis para escavação com a probabilidade de quebra do tronco.
Assim, a distribuição de troncos escavados provavelmente é desviada da
distribuão de tamanhos de troncos disponibilizados por uma floresta (Figura
18).
2. Capacidade de escavar uma cavidade: nem todas as aves estão equipadas com
as “ferramentas” necessárias para escavar ou iniciar a escavação das cavidades
que serão utilizadas como ninho. Assim, as aves que ocupam secundariamente
cavidades estão limitadas pela própria incapacidade de escavar cavidades,
bem como pela seleção de troncos de grande diâmetro pelas outras espécies
que possuem a habilidade de escavar cavidades.
86
Figura 18. Distribuição hipotética de troncos em função do diâmetro a altura do
peito em uma floresta tropical (cinza) e Distribuição hipotética de troncos que
abrigam cavidades-ninho de aves em função do diâmetro a altura do peito em uma
floresta tropical (preto).
3. Porte do adulto reprodutivo da espécie: é comum a literatura ecológica
argumentar que as aves que se reproduzem em cavidades de troncos de
arvores têm o crescimento populacional limitado pela disponibilidade deste
recurso tido como crítico, especialmente, para as aves que ocupam
secundariamente as cavidades (Seixas e Mouo 2002; Pinho e Nogueira
2003; Brigthsmith 2006; Williams et al. 2006). No entanto, acredito que esta
relação deve ser reavaliada antes de ser considerada uma verdade. Alguns
estudos realizados durante a cada de 1990 apontam o fato de que para as
aves de pequeno e dio porte este argumento pode estar equivocado. Isto é,
a densidade populacional das aves de pequeno e médio porte é
significativamente inferior à disponibilidade de habitat reprodutivo (cavidades
ninho) (Waters et al. 1990; Welsh e Capen 1992; Johnson e Kermott 1994).
Recentemente, Brightsmith (2005a) obteve resultados que indicam que as
espécies de pequeno porte (psitacídeos de até 200 g) que nidificam
87
secundariamente em cavidade, não ocupam todas as cavidades disponíveis na
floresta, ou seja, não há escassez de cavidades para aves com as características
acima descritas. Além disso, a predação dos ninhos é apontada como o fator
ecológico predominante na seleção das características da história de vida das
aves que nidificam em cavidades (Brightsmith 2005b). Estas circunstâncias
mudam nos casos em que alterações antrópicas sobre o ambiente florestal,
como manejo para produção de madeira. Algumas espécies de médio porte
podem ter a manutenção de suas populações afetadas devido à remoção das
árvores que abrigam, ou com capacidade de abrigar futuramente, as
cavidades-ninho. Um exemplo emblemático deste caso é Strix occidentalis
caurina (Coruja-pintada, com 43cm de comprimento) nas florestas
temperadas dos EUA (Yaffee 1994). Por fim, há as aves de grande porte que
nidificam secundariamente em cavidades, as quais, muito provavelmente,
sempre m a persistência de suas populações limitadas pela reduzida
disponibilidade de sítios reprodutivos (Brightsmith 2005a). Arbitrariamente,
aves de grande porte são aquelas que atingem mais de 100cm de
comprimento, da ponta do bico à ponta da cauda, por exemplo: Aegypius
monachus (Abutre-preto, com 110cm de comprimento) e A. hyacinthinus
(Arara-azul, com 105cm de comprimento) (Guedes 1993; Poirazidis et al.
2004). As árvores cujos troncos atingem o tamanho limiar (DAP) para abrigar
ninhos de aves de grande porte devem apresentar uma baixa densidade, como
esperado para árvores de grande porte (Laurance et al. 2004). Além disso, há
o efeito do tempo (anos, talvez décadas) para que a escavação da cavidade no
tronco de uma árvore atinja o tamanho que caiba uma fêmea com sua prole.
Neste sentido, a remoção de qualquer árvore de grande porte com cavidade ou
não, pode afetar a oferta futura de habitat reprodutivo (cavidade) para as aves
de grande porte, reduzindo a probabilidade de persistência populacional destas
espécies.
88
Conclusão
Sterculia apetala é uma espécie ecologicamente importante por abrigar sítios
reprodutivos para, no mínimo, 27 espécies de aves no Pantanal. um processo de
sucessão ecológica de espécies de aves que ocupam as cavidades nos troncos de S.
apetala como habitat reprodutivo. As espécies de aves com habilidade para escavar
cavidades são as pioneiras, por abrirem inicialmente as cavidades e facilitarem a
ocupação futura por outras espécies. As aves que nidificam secundariamente em
cavidades formam um grupo morfologicamente e taxonomicamente diverso. Este grupo é
composto por aves imediatamente maiores que as pioneiras e que podem ou não possuir a
capacidade de escavar cavidades. Neste contexto, a remoção de árvores de S. apetala com
porte para abrigar cavidade-ninho afeta às taxas de fecundidade de mais de uma dezena
de espécies de aves no Pantanal. As populações de algumas destas escies deverão ser
pouco influenciadas pela remoção das árvores, especialmente as aves de pequeno e médio
porte. Contudo, as populações de espécies de grande porte (p.ex.: A. hyacinthinus) podem
ter suas taxas de fecundidade reduzidas. O primeiro fator responsável por este efeito é a
remoção de algumas das árvores de grande porte, as quais já são raras. Além disso, o
sucesso reprodutivo de aves de grande porte depende, em parte, que outras aves
participem do processo de escavação dos ninhos, pois esta espécie se posiciona no fim do
processo de sucessão ecológica de aves que utilizam as cavidades ninho. Caso estas
premissas sejam alteradas, espera-se que um número menor de fêmeas de A. hyacinthinus
encontre um sítio seguro para a postura de seus ovos, reduzindo a taxa de fecundidade da
população. Este processo, repetido ao longo de anos, poderá ameaçar a viabilidade
populacional desta espécie no Pantanal.
89
Considerações finais
O primeiro obstáculo a ser superado durante a execução deste estudo relacionou-
se à raridade estatística da espécie devido à sua baixa densidade populacional e
distribuão agrupada (Thompson 2004). Caso se optasse em amostrar a população com
parcelas seria necessário um gasto de tempo e dinheiro desproporcional ao disponível
para a execução de uma tese de doutorado. Assim, a saída encontrada foi uma
amostragem semelhante a uma busca ativa (Clark e Clark 1996; Ubialli et al. 2009). Esta
abordagem pouco convencional para plantas foi empregada em outros estudos e não
apresentou grandes problemas para a obtenção de dados de dinâmica populacional
(Menges 1990; Pfab e Witkowski 2000). Na verdade, é até interessante devido à obtenção
de amostras em variadas situações ambientais, tais como indivíduos na borda ou interior
de floresta, sobre diferentes tipos de solo e em diferentes riscos de inundação. A
amostragem de indivíduos da espécie em diferentes situações ambientais permite uma
medida mais acurada das taxas vitais (sobrevivência, mortalidade e crescimento) na
impossibilidade de executar um estudo em longo prazo. O grande viés desta abordagem é
a impossibilidade de conhecer a densidade real das populações estudadas, contudo, um
estudo endereçado a esta questão pode ser feito posteriormente e a um custo menor.
Outro obstáculo superado foi o modelo de abordagem do estudo. Estudos
ecológicos primam pela descrição de padrões e processos ecológicos empregando
réplicas (Hurlbert 1984; Magnusson e Mourão 2003), contudo, nem sempre é possível o
uso de réplicas. O delineamento deste estudo obedeceu ao padrão de um estudo de
ecologia de paisagem (Metzger 2004). Não poões do ecossistema pantaneiro
protegidos a mais de 20 anos contra o gado bovino e com vegetação, solo e risco de
inundação semelhante ao encontrado para o cenário Reserva deste estudo. A ausência de
populações de S. apetala em condições similares impossibilita o uso de réplicas
verdadeiras. Assim, optou-se por amostrar repetidamente (anualmente) populações em
diferentes posições de um gradiente de conservação do ecossistema pantaneiro,
representadas pelos cerios de manejo da paisagem.
O capítulo I desta tese demonstra como a probabilidade de reprodução de árvores
de S.apetala no Pantanal é significativamente influenciada pelo DAP. Esta informação é
90
importante para estudos de dinâmica populacional, pois, com ela é possível separar os
indivíduos reprodutivos dos imaturos. A estimativa de produção de sementes viáveis per
capita para os indivíduos de cada estágio ontogenético é também necessária para
alimentar os modelos de projeção populacional, com os quais será possível avaliar a
viabilidade das populações em cada cenário de manejo da paisagem (Aakaya et al.
1999).
Neste mesmo contexto, O capítulo I sugere de maneira simples que a população
de S. apetala no cenário Braquiária, provavelmente, terá uma viabilidade inferior à
observada para os demais cenários de manejo da Paisagem. O vigor da germinação das
sementes e das plântulas produzidas por árvores de S. apetala, isoladas na matriz de
pastagem, foram significativamente inferior ao observado para as sementes e plântulas de
árvores de S. apetala inseridas no ambiente florestal. Estas duas observações são
consideradas evidências de depressão endogâmica. Ou seja, no cenário Braquiária a
população de S. apetala sofre os efeitos significantes do desflorestamento sobre a
reprodução, manifestado nos primeiros estágios da história de vida.
O capítulo II apresenta de modo mais contundente que o desflorestamento e não o
gado bovino altera as taxas populacionais de S. apetala no Pantanal. As populações de S.
apetala nos cenários Reserva e Tradicional apresentam diferentes estruturas
populacionais, no entanto, o padrão de dinâmica populacional é similar. A população de
S. apetala no cerio Braquiária, em contrapartida, apresenta grandes diferenças na
estrutura e dinâmica populacional em relação aos demais cenários. Os modelos de
sobrevivência e mortalidade de indivíduos de S. apetala para os três cenários de manejo
da paisagem, quando contrastados, evidenciam que o desflorestamento somado à
presença do gado altera significativamente a dinâmica populacional de S. apetala e,
provavelmente, a viabilidade populacional reduzida. Isto ocorre devido à remoção da
floresta, a presença do gado bovino e a maior exposição das árvores adultas às ventanias
no cenário Braquiária aumentar muito a mortalidade dos indivíduos desta população. Os
modelos de curvas de mortalidade para os três cenários de manejo da paisagem sugerem
uma grande diferença na demografia das populações de S. apetala avaliadas.
O Capítulo III lista que as árvores de S. apetala abrigam sítios reprodutivos de 27
espécies de aves no Pantanal, as quais se seguem em um processo de sucessão ecológica
91
na ocupação do habitat reprodutivo representado pelas cavidades nos troncos desta
árvore. As espécies de aves com habilidade para escavar cavidades são as pioneiras, por
abrirem inicialmente as cavidades e facilitarem a ocupação futura por outras espécies. As
aves que nidificam secundariamente em cavidades formam um grupo morfologicamente e
taxonomicamente diverso. Este grupo é composto por aves imediatamente maiores que as
pioneiras e que podem ou não possuir a capacidade de escavar cavidades.
Neste contexto, o desflorestamento afetará as taxas de fecundidade de mais de
uma dezena de espécies de aves no Pantanal. As populões de algumas destas espécies
deverão ser pouco influenciadas pela remoção das árvores, especialmente as aves de
pequeno e médio porte. Contudo, as populações de espécies de aves de grande porte
(p.ex.: A. hyacinthinus) podem ter suas taxas de fecundidade reduzidas. O primeiro fator
responsável por este efeito é a redução da densidade populacional de S. apetala pela
remoção de algumas das árvores adultas, as quais são raras. Além disso, o sucesso
reprodutivo de aves de grande porte depende, em parte, que outras aves participem do
processo de escavação dos ninhos, pois esta espécie se posiciona no fim do processo de
sucessão ecológica de aves que utilizam as cavidades ninho. Caso estas condições sejam
alteradas, espera-se que um número menor de fêmeas de A. hyacinthinus encontre um
sítio seguro para a postura de seus ovos, reduzindo a taxa de fecundidade da população.
Este processo, repetido ao longo de anos, poderá ameaçar a viabilidade populacional
desta espécie no Pantanal.
Portanto, defendo que o novo modelo de produção pecuária, com a substituição de
florestas por plantio de pastagens, altera a dinâmica populacional de S. apetala,
aumetando significativamente os valores das taxas de mortalidade para os indivíduos
desta espécie. Além disso, as alterações de estrutura e dinâmica populacional de S.
apetala resultarão em uma redução na oferta de habitat reprodutivo para A. hyacinthinus
no futuro.
a possibilidade de aplicar a relação entre estas espécies como indicador
ecológico de qualidade ambiental em propriedades de pecria no Pantanal (Niemi e
Mcdonald 2004). Tal aplicação, hoje, depende do monitoramento de parâmetros
populacionais das duas espécies. Por exemplo, para A. hycinthinus deve-se monitorar a
fecundidade média populacional, a qual apresenta valores bem estabelecidos por um
92
estudo de longo prazo executado por Guedes (2009). Para S. apetala deve-se monitorar
os valores de sobrevivência dos estágios ontogenéticos, de maneira similar à apresentada
aqui nesta tese. Tais valores ainda não estão bem estabelecidos, assim, os estudos devem
continuar com este objetivo. Sugere-se a execução de estudo que investiguem
espacialmente a dinâmica populacional desta árvore, empregando várias fazendas com o
cenário Tradicional e Braquiária (réplicas verdadeiras), de forma a validar os resultados
relatados aqui, tornando-os aptos ao uso como indicador ecológico.
A indicação de qualidade ecológica com o uso de espécies de aves que nidificam
nas cavidades nos troncos de árvores não é recente. Nem mesmo o confronto entre
atividades econômicas e a conservação destas espécies (Yaffe 1994; Jackson 1994). As
atividades econômicas afetam indiretamente as espécies que nidificam secundariamente
em cavidade pela adoção de práticas de manejo da paisagem que reduzem a densidade
das árvores com potencial para abrigarem cavidades-ninho (Virkkala et al. 1993; Smith
1997). Deste modo, as atividades econômicas limitam a dinâmica populacional destas
aves, comprometendo a persistência de suas populações.
Os programas de conservação desenvolvidos para estas espécies de aves adotam
como medida padrão a construção e instalação de ninhos artificiais. Esta solução tem
obtido sucesso na expansão populacional em curto prazo, mas este não deve em hipótese
alguma substituir os esforços para restaurar e conservar as populações de árvores que
abrigam as cavidades-ninho (Guedes 2002, 2004; Williams et al. 2006). Ser uma espécie
que se reproduz secundariamente em cavidades em troncos de árvores é uma
característica ancestral na linhagem evolutiva dos Psitacídeos. Além disso, há evidências
de que o risco de predação foi o fator ecológico preponderante na evolução desta
característica tão marcante na história de vida dos Psittaciformes (Brightsmith 2005a, b).
Talvez, por essa razão, os Psitacídeos evitem a agregação de ninhos ativos, pois assim
reduzem a atração do predador, consequentemente a probabilidade de predação. Neste
sentido, uma área florestal deve suportar uma dada densidade de ninhos ativos de
Psitacídeos. Caso exista uma força que leve a um aumento da densidade de casais
reprodutivos, as interações antagonísticas entre indivíduos da mesma espécie impedirão
que a densidade de ninhos ativos aumente (Salinas-Melgoza et al. 2009). Neste caso,
provavelmente, nem mesmo a instalação de ninhos artificiais surtirá o efeito esperado.
93
Este padrão aparentemente é obedecido por A. hyacinthinus na região do
Pantanal. Existem áreas florestais com potencial para ocupação pela espécie, nas quais
ocorrem as espécies vegetais que abrigam as cavidades-ninho e fornecem o alimento,
contudo não são utilizadas (Pinho e Nogueira 2003). Além disso, em áreas recém
desflorestadas pode-se observar sem muita dificuldade a ocorrência de interações
antagonísticas entre casais reprodutivos A. hyacinthinus, em disputa pelo sítio
reprodutivo remanescente. Assim, somente com o manejo populacional das árvores que
abrigam as cavidades-ninho é possível conservar populões de psitacídeos in situ
(Brightsmith e Bravo 2006).
Tratando especificamente de A. hyacinthinus deve-se promover o manejo da
paisagem no Pantanal de modo que as populações de S. apetala não tenham a sua
estrutura e dinâmica populacional comprometida pelas práticas adotadas pela atividade
econômica, neste caso a atividade pecuária. Neste sentido, a produção de gado bovino
segundo o modelo tradicional destaca-se por ser uma atividade econômica com potencial
de gerar riquezas para o proprietário rural, além de manter a estrutura e dinâmica
populacional de S. apetala em condições de oferecer cavidades-ninho para A.
hyacinthinus em longo prazo no Pantanal.
Portanto, recomenda-se que seja executado um programa de incentivo à produção
de gado bovino segundo o modelo tradicional de produção, pois neste cenário é possível
a produção de gado bovino sem existir a necessidade de desenvolvimento de programas
de manejo para a manutenção de populações de S. apetala para garantir o oferecimento
futuro de habitat reprodutivo para a A. hyacinthinus. Por ser uma atividade econômica
que gera riquezas sem comprometer a dinâmica populacional das espécies consideradas,
recomenda-se que o gado bovino produzido sob estas condições receba um melhor preço
de mercado, pois, é ecologicamente correto, quando comparado ao gado bovino
produzido no Pantanal em pastagem artificial plantada, em substituição ao ambiente
florestal nativo. Recomenda-se também que o desmatamento para plantio de pastagens
seja normatizado, pois não recomendações legais que orientem a sua implantação. A
legislação que por ventura seja criada, com base nos resultados aqui relatados, deve
cuidar para captar toda a complexidade envolvida na interação entre as espécies e seu
ecossistema (Santos Jr, 2009).
94
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