RESUMO
NEVES HCC. Equipamentos de proteção individual: o olhar dos trabalhadores de
enfermagem em um hospital universitário. [dissertação]. Goiânia: Faculdade de
enfermagem, Universidade Federal de Goiás; 2009. 110 p.
As recomendações das precauções padrão desde que incluíram os conceitos das
precauções universais, têm sido aplicadas há mais de 15 anos. Essa prevenção
primária das exposições ocupacionais continua sendo eficaz e eficiente na proteção
dos profissionais da área da saúde (PAS). No entanto, verificamos que a adesão a
essas medidas é, por vezes, descontínua e contraditória e leva a uma
potencialização dos riscos e aumento substancial de exposições ao material
biológico. Isso nos leva a indagar sobre outros fatores que podem contribuir para
esse tipo de comportamento por parte dos PAS. Nessa perspectiva, investigar os
aspectos subjetivos que influenciam nas condutas e atitudes dos profissionais da
enfermagem à adesão ao equipamento de proteção individual (EPI) torna-se
importante. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar as razões, atitudes e crenças
dos trabalhadores de enfermagem referentes à adesão aos equipamentos de
proteção. Estudo qualitativo realizado em dezembro de 2008 em um hospital
universitário de grande porte do município de Goiânia. Foram observados os
aspectos ético-legais. Os dados foram coletados por meio da técnica do grupo focal
utilizando-se de questões norteadoras. Participaram desse estudo 15 profissionais
da área da enfermagem, os quais constituíram três grupos focais com cinco
participantes em cada grupo. Os dados foram analisados à luz do Modelo de
crenças em saúde, de Rosenstock e pelo Método de Interpretação de Sentidos,
segundo os temas Segurança no trabalho e Relacionamento Interpessoal. Foi
possível identificar que as relações interpessoais interferem nas questões da
segurança e proteção individual, em vários níveis no ambiente de trabalho, tanto nos
aspectos organizacionais e gerencias, quanto na relação com as outras categorias
profissionais e com os outros setores do hospital. Essa relação mostrou-se uma via
de mão dupla e não podemos desconsiderar os fatores individuais e a percepção do
risco, que também interligadas com o ambiente de trabalho, influenciam na proteção
individual. As dificuldades como a sobrecarga de trabalho, estresse, falta de
motivação, comunicação e estrutura física inadequadas, não disponibilidade e difícil
acesso ao EPI, falta de rotinas e do fluxograma de atendimento pós-exposição a
material biológico, entre outros, interferem na adesão a esses equipamentos de
segurança, porém não os determinam. A adesão ao EPI é impregnada tanto pelo
contexto vivenciado no ambiente de trabalho, como também pelos valores e crenças
individuais, mas a decisão do uso do EPI é pessoal. As inúmeras barreiras
percebidas no ambiente laboral são forças contrárias que anulam as forças
impulsoras para a adesão aos equipamentos de proteção individual. Verificamos que
a abordagem qualitativa e a técnica do grupo focal forneceram-nos subsídios para a
análise e reflexão em relação à adesão ao EPI, além de direcionar possíveis
estratégias e medidas eficazes na prevenção e controle de infecções e na melhora
da adesão aos equipamentos de segurança.
Descritores: Equipamentos de proteção; Precauções universais; Enfermagem;
Grupos focais.