Download PDF
ads:
Universidade
Estadual de
Londrina
FERNANDA MARQUES JACOVOZZI
PROCEDIMENTOS AVERSIVOS: DIVERGÊNCIAS ENTRE AS
RECOMENDAÇÕES DE SKINNER E DE SIDMAN E DE
PSICOTERAPEUTAS INFANTIS
LONDRINA
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
FERNANDA MARQUES JACOVOZZI
PROCEDIMENTOS AVERSIVOS: DIVERGÊNCIAS ENTRE
AS RECOMENDAÇÕES DE SKINNER E DE SIDMAN E DE
PSICOTERAPEUTAS INFANTIS
Dissertação apresentada para cumprimento dos
requisitos para a obtenção do título de Mestre
em Análise do Comportamento.
Orientadora: Prof. Maura Alves Nunes
Gongora
LONDRINA
2009
ads:
iii
FERNANDA MARQUES JACOVOZZI
PROCEDIMENTOS AVERSIVOS: DIVERGÊNCIAS ENTRE
AS RECOMENDAÇÕES DE SKINNER E DE SIDMAN E DE
PSICOTERAPEUTAS INFANTIS
Dissertação apresentada para cumprimento dos
requisitos para a obtenção do título de Mestre
em Análise do Comportamento.
COMISSÃO EXAMINADORA
Orientadora: Prof. Maura Alves Nunes
Gongora
Universidade Estadual de Londrina
Prof. Fátima Cristina de Souza Conte
Instituto de Psicoterapia e Análise do
Comportamento
Prof. Yara Kuperstein Ingberman
Faculdade Evangélica do Paraná
ProF. Cynthia Borges de Moura
Universidade Estadual de Londrina
ProF. Maura Glória de Freitas
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 10 de agosto de 2009.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus por iluminar meus caminhos e não me deixar desistir apesar das dificuldades.
A toda a minha família por me apoiar sempre, cada um a sua maneira e acreditar em
cada passo que dou. Amo muito todos vocês.
Aos meus amigos pelas palavras de carinho e incentivo, o apoio de vocês foi
fundamental.
Aos meus colegas de mestrado pelos ótimos momentos que passamos juntos.
Alexandra, Ana Cristina e Kamila, muito obrigada por tudo, teria sido muito mais difícil
sem o carinho e a dedicação de vocês a mim. Amo vocês.
A todos os profissionais que participaram da pesquisa, direta e indiretamente, muito
obrigada.
A Profª Cynthia Borges pela disponibilidade em me ajudar sempre.
A Profª Márcia Gon pelo carinho com que sempre me tratou.
A minha orientadora Prfª Maura Gongora por ser um exemplo de uma pessoa que ama o
que faz, pelo tempo que dedicou ao meu trabalho e a mim nesses anos.
v
JACOVOZZI,
Fernanda Marques. Procedimentos aversivos: divergências entre as
recomendações de Skinner e de Sidman e de psicoterapeutas infantis. 2009. 70 páginas.
Dissertação (Mestrado em Análise do Comportamento). Universidade Estadual de
Londrina, Londrina.
RESUMO
Questionamentos referentes à recomendação de procedimentos de intervenção
comportamental não são recentes, especialmente quando se discute a respeito de
procedimentos aversivos. O estudo descrito neste artigo teve como objetivo principal
verificar divergências entre as recomendações de procedimentos de intervenção de
livros de orientação para pais, recomendados por psicoterapeutas comportamentais
infantis, e as recomendações de autores da área básica da Análise do Comportamento,
quanto ao uso de procedimentos aversivos de intervenção comportamental.
Considerando-se que B. F. Skinner e M. Sidman fundamentam a maioria das análises de
autores na área de psicoterapia comportamental infantil, eles foram eleitos para serem
analisados neste estudo. O estudo foi dividido em dois passos. No primeiro foi realizado
um levantamento, junto à bibliografia da área básica em Análise do Comportamento,
relativo às posições dos dois autores eleitos que discutem a respeito da recomendação
de procedimentos de intervenção fundamentados no controle aversivo. No segundo
passo, foram examinados os procedimentos comportamentais de intervenção que são
recomendados nos livros de orientação para pais mais indicados por psiterapeutas
comportamentais infantis. Foram examinados os quatro livros mais indicados por 32
terapeutas infantis, que responderam a um questionário (enviado a 50 psicoterapeutas).
As posições gerais de Skinner e de Sidman o bastante conhecidas: eles não
recomendam procedimentos aversivos e, em seu lugar, recomendam o uso de reforço
positivo. No entanto, Sidman mostrou-se mais rigoroso em suas restrições, pois,
enquanto Skinner centra suas críticas à punição e recomenda o uso de extinção, Sidman
estende suas restrições, também, ao uso do reforço negativo e da extinção. Ambos os
autores fundamentam-se no fato de que procedimentos aversivos produzem subprodutos
indesejáveis, especialmente os de ordem emocional. No exame dos quatro livros de
orientação para pais mais recomendados pelos psicoterapeutas comportamentais infantis
verificou-se que, além do uso de procedimentos pautados no reforço positivo, a
indicação de procedimentos que são fundamentados no controle aversivo. Destacou-se a
indicação do procedimento de seguir regras que inclui a punição negativa e a
recomendação do time-out (por dois dos livros consultados) que fundamenta-se tanto na
punição negativa quanto na punição positiva. Tais procedimentos são recomendados
pelos autores dos livros de orientação para pais com a argumentação de que os mesmos
podem contribuir para diminuir a freqüência de comportamentos indesejáveis e produzir
efeitos desejáveis a longo prazo sem resultar em subprodutos indesejáveis. Tanto os
autores dos livros de orientação para pais, quanto Skinner e Sidman, não recomendam a
punição física ou o castigo corporal, sob hipótese alguma, por seus subprodutos
indesejáveis e por serem contra a ética geral dos direitos humanos. Comparando-se,
então, a posição destes dois autores da área básica com a posição dos autores dos livros
de orientação para pais mais indicados, pode-se dizer que enquanto Skinner e Sidman
restringem ao máximo a recomendação de procedimentos aversivos, autores dos livros
de orientação para pais recomendam o procedimento de seguir regras e o de time-out,
ambos considerados uma forma de punição, conforme definições da área básica.
Palavras-chave: Controle aversivo. Reforço negativo. Punição. Orientação de pais.
Procedimentos de intervenção.
vi
JACOVOZZI,
Fernanda Marques. Aversive procedures: divergences between Skinner
and Sidman and child psychotherapist. 2009. 70 pages. Dissertation. (Master’s Degree
in Behavior Analysis).Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brazil.
ABSTRACT
Questionings reffering to the recommendation of intervention procedures are not recent,
especially when it is argued regarding aversive procedures. The study that is described
at this article has as main objective to verify the divergences between the
recommendations of intervention procedures from training books for parents,
recommended for child behavioral psychotherapists, from the recommendations of the
authors of the Analysis of Behavior area regarding to the use of interventions based on
aversive behavioral procedures. It is considered that B.F Skinner and M.Sidman are
always consulted by ther authors of the parent training area, and because of that, they
were elected to be analyzed on this study. The study was divided into to steps. On the
first one, a survey was carried through next to the bibliography of the basic area in
Analysis of Behavior relative to the positions of the two authors elect who discuss
regarding the recommendation of procedures of intervention based on the aversive
control. On the second step were examined the interventional behavioral procedures by
parenting training psychotherapist most recommended books. Were examined the 4
most recommended books by 32 child behavioral psychotherapists who answered a
questionnaire (sent to 50 psychotherapist). The general point of view of Skinner and
Sidman are already really well known: They do not recommend aversive procedures,
and spite of that they recommend the use of positive reinforcement. Although, Sidman
was more rigorous at his restrictiveness because while Skinner centralize his critics to
punishment and recommends the use of extinction, Sidman understands its restriction
regarding also to the use of negative reinforcement and extinction. Both authors are
based on the fact that aversive procedures produce undesirable subproducts, specially
the emotional ones. On the examine of the 4 most parent training books most
recommended by the psychotherapist to parents, was verified that besides the use of
procedures based on positive reinforcement there is the recommendation of procedures
who are based on aversive control. Was appealing that the recommendation of the
following rules procedure what includes the negative punishment an the time out
recommendation (by two of the consulted books) who are based such is positive as in
negative punishment. Those procedures are recommended because the authors of parent
training books understand that these procedures may contribute to diminish the
frequency of undesirable behaviors without resulting in undesirable subproducts. Both
parent training books authors and Skinner and Sidman do not recommend physical or
corporal punishment under any circumstances, because of its undesirable sub
productives and because they are against the ethics of human rights. Finally comparing
the point of view of these two authors of the basic area to the authors of parent training
books, it is to say that while Skinner and Sidman restrict a lot the recommendation of
aversive procedures, the authors of parent training books recommend the following
rules and time out procedures, both considered one punishment form, as definitions of
the basic area.
Key words: Aversive control. Negative reinforcement. Punishment. Parent training.
Intervention procedures.
SUMÁRIO
Agradecimentos.......................................................................................................................
iv
Resumo.....................................................................................................................................
v
Abstract....................................................................................................................................
vi
Apresentação da Dissertação .................................................................................................
8
P
ROPOSTA DE ARTIGO
...............................................................................................................
10
I
NTRODUÇÃO
.............................................................................................................................
11
O
CONTROLE DO COMPORTAMENTO POR CONTINGÊNCIAS AVERSIVAS
...............................
14
P
OSIÇÕES DE
S
KINNER E DE
S
IDMAN QUANTO AO USO DE PROCEDIMENTOS AVERSIVOS
DE INTERVENÇÃO
..............................................................................................................
17
Procedimentos de intervenção recomendados por Skinner e por Sidman..................
19
Procedimentos de intervenção não recomendados por Skinner e por Sidman...........
21
P
ROBLEMA DE PESQUISA
...........................................................................................................
27
O
BJETIVOS
................................................................................................................................
29
D
ELINEAMENTO
M
ETODOLÓGICO
...........................................................................................
30
P
ASSO
1-
L
EVANTAMENTO DOS PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO RECOMENDADOS E
NÃO RECOMENDADOS POR SKINNER E POR SIDMAN
............................................................
30
P
ASSO
2-
L
EVANTAMENTO DOS PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO RECOMENDADOS E
NÃO RECOMENDADOS NOS LIVROS DE ORIENTAÇÃO PARA PAIS MAIS INDICADOS POR
PSICOTERAPEUTAS INFANTIS
..............................................................................................
31
R
ESULTADOS
.............................................................................................................................
33
D
ISCUSSÃO DOS
R
ESULTADOS
..................................................................................................
40
D
ISTINÇÕES ENTRE AS POSIÇÕES DE
S
KINNER E DE
S
IDMAN COM RELAÇÃO ÀS
RECOMENDAÇÕES DE PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL
..................
40
D
ISTINÇÕES ENTRE AS RECOMEDAÇÕES DOS
4
LIVROS DE ORIENTAÇÃO PARA PAIS
RECOMENDADOS
................................................................................................................
42
C
ONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE SKINNER E SIDMAN E AS RECOMENDAÇÕES DE
PSICOTERAPUTAS COMPORTAMENTAIS INFANTIS
...............................................................
46
C
ONSIDERAÇÕES
F
INAIS
...........................................................................................................
53
R
EFERÊNCIAS
............................................................................................................................
55
A
PÊNDICES
................................................................................................................................
60
8
APRESENTAÇÃO
Esta dissertação tem como intuito descrever um estudo realizado no programa de
mestrado em Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina. Em
linhas gerais, o estudo aqui descrito pretendeu verificar quais as divergências entre a
área básica e a área aplicada, da Análise do Comportamento, quanto à utilização de
certos procedimentos de intervenção comportamental considerados aversivos. Dizendo
em termos mais específicos, este estudo teve como objetivo principal verificar
divergências entre as recomendações de procedimentos aversivos de intervenção
comportamental, que constam dos livros de orientação para pais mais recomendados por
psicoterapeutas comportamentais infantis, e as recomendações de dois autores da área
básica da Análise do Comportamento. Considera-se que B. F. Skinner e M. Sidman são
autores que fundamentam a maioria das análises dos autores da área de psicoterapia
comportamental infantil, por isso foram eleitos, entre outros autores da área básica, para
serem analisados neste estudo. Os livros de orientação para pais, aqui examinados,
foram selecionados por serem os mais indicados em uma pesquisa realizada com
psicoterapeutas comportamentais infantis. Esta dissertação consiste de duas partes. A
primeira constituída por uma proposta preliminar de um artigo que examina os
procedimentos de intervenção recomendados e os não recomendados por Skinner e por
Sidman, bem como os procedimentos recomendados e os não recomendados nos livros
de orientação para pais selecionados, com o objetivo de verificar as divergências entre
as posições dos autores da área básica e dos autores dos livros, estes considerados da
área aplicada. A segunda parte está constituída por dois apêndices, entre os quais se
destaca o Apêndice A, no qual se encontra a descrição detalhada da metodologia de
pesquisa utilizada que não pode, por problema de espaço, ser incluída no texto do
9
artigo. Ao examinar as recomendações e as restrições de procedimentos aversivos de
intervenção comportamental, tanto por Skinner e Sidman quanto por autores de livros
de orientação para pais mais recomendados por psicoterapeutas comportamentais, este
estudo pretende colaborar com o debate a respeito das intervenções comportamentais
mais efetivas tanto no campo da educação quanto no campo da psicoterapia infantil. É
importante destacar que o texto aqui denominado “proposta de artigo” ainda precisa ser
reformulado em diversos aspectos, mas, principalmente no que se refere ao número de
páginas, antes de ser submetido à publicação.
10
Proposta de artigo:
Procedimentos aversivos: divergências entre as recomendações
de Skinner e de Sidman e de psicoterapeutas infantis
11
I
NTRODUÇÃO
Para o Behaviorismo Radical a noção de controle está relacionada tanto com a
proposta de se fazer uma análise experimental do comportamento como com a
possibilidade de se produzir tecnologia para lidar com os problemas humanos, ou seja,
de construir uma ciência aplicada (Nico, 2001).
Skinner (1971/1977) defende que o controle ambiental sobre o comportamento
não é uma opção, pois ocorre independentemente de ser identificado ou não e, portanto,
desconsiderar esse fato é bloquear a possibilidade de avanço na produção de tecnologia
eficaz para lidar com os problemas humanos. Dentro desta proposta, entende-se que os
problemas encontrados em nossa sociedade não advêm do controle em si, mas de certos
tipos de controle e, assim, a solução seria analisar e modificar algumas das
contingências de controle às quais os homens são submetidos (Skinner,1974; Sidman,
1989/2003).
Na medida em que se estuda a relação organismo - ambiente, considerando a
noção skinneriana de controle do comportamento por variáveis ambientais, verifica-se
que a ciência experimental conceituou, de modo geral, dois tipos de controles, quais
sejam: aquele exercido por contingências de reforço negativo e de punição, denominado
“Controle Aversivo” do comportamento (Skinner, 1972/1975; Catania, 1999) e o
controle exercido por contingências de reforço positivo e de extinção denominado
“Controle Positivo” (Skinner, 1953/2000; Balsam & Bondy, 1983; Perone, 2003). Há,
ainda, outras denominações para as contingências de controle por reforço negativo e
punição: Sidman (1989/2003) denominou-as “Coerção” e Millenson (1967/1975),
“Contingências Aversivas”. Como o termo “Controle Aversivo” tem sido amplamente
12
usado na Análise do Comportamento, esta será a terminologia utilizada nesta
dissertação.
Skinner (1953/2000), Balsam e Bondy (1983), Sidman (1989/2003), Millenson
(1967/1975), Catania (1999), Lerman e Vorndran (2002), Perone (2003), dentre outros,
discutem os diferentes efeitos produzidos por contingências de controle aversivo e de
controle positivo. Os efeitos destes controles têm sido qualificados como desejáveis
1
ou
indesejáveis. Com base nessas qualificações, procedimentos de intervenção
fundamentados em contingências de controle aversivo e de controle positivo são
recomendados ou não em práticas profissionais como a educação e a psicoterapia,
principalmente.
Questionamentos relacionados à recomendação ou à restrição de
procedimentos em Análise Comportamental Aplicada não são recentes, especialmente
quando se trata do campo de orientação para pais. Na década de 70, quando o modelo
repressor de educar os filhos foi fortemente criticado, um novo estilo de educação,
denominado “permissivo”, começou a se expandir. Nessa nova forma de educar, os pais
tinham grandes dificuldades em impor limites e regras a seus filhos. Nos últimos anos,
muito se tem discutido sobre os modelos de educação e os procedimentos a eles
agregados, que ambos os estilos de educação (repressor e permissivo) podem
produzir efeitos indesejáveis no repertório comportamental da criança, além de
problemas na relação entre educadores e crianças (Bolsoni-Silva & Marturano, 2002;
Canaan-Oliveira, Neves, Silva & Bobert, 2002; Gomide, 2004; Weber, 2005). Verifica-
se atualmente uma grande preocupação, no campo da educação em geral e da orientação
1
A qualificação de um efeito como desejável ou indesejável envolve a análise de critérios éticos
relacionados a tal qualificação. Como foge aos objetivos deste estudo, apesar de importantes, tais critérios
éticos não foram aqui discutidos. Portanto, quando os termos desejável ou indesejável são referidos neste
estudo, é no mesmo sentido com que os autores citados os utilizam, o que será explicitado mais adiante.
13
para pais em particular, em questionar a respeito de quais procedimentos de intervenção
seriam os mais recomendáveis por produzirem maiores benefícios para crianças e
jovens e, ainda, para a sociedade em geral.
Pode-se dizer que a área de orientação para pais faz parte da chamada Análise
Comportamental Aplicada. Seriam assim chamadas as práticas profissionais de
Analistas do Comportamento que têm como objetivos principais gerar problemas de
pesquisa do mundo natural e promover mudanças socialmente importantes. Assim, a
área aplicada distingui-se das outras pelo fato de seu objeto de estudo ter uma
importância fundamental para a sociedade, muito mais que para a teoria (Neef &
Peterson, 2003). Pode-se citar como exemplo de tais práticas o trabalho nas clínicas, nas
escolas, nas organizações e nas instituições de saúde, onde o propósito principal seria
explicar e modificar comportamentos (Baer, Wolf & Risley, 1968; Kazdin, 1975;
Carvalho, 2002). Skinner (1972/1975, 1953/2000) demonstrou uma grande preocupação
com a produção de uma tecnologia comportamental que pudesse ser aplicada e utilizada
para solucionar problemas humanos. Dessa forma, assim como afirma Carvalho (2002),
a Análise do Comportamento tem como um de seus compromissos a melhoria da vida
humana através de suas práticas. Para Baer, Wolf e Risley (1968), melhores aplicações
da tecnologia do comportamento irão resultar em uma melhoria da sociedade e dos
indivíduos que a compõem. Então, quanto mais embasada e sistemática esta aplicação,
melhores os seus resultados tanto para o indivíduo quanto para o seu grupo, e para a
sociedade em geral (Neef & Peterson, 2003).
Nas análises das inter-relações entre área básica e área aplicada, uma discussão
importante refere-se ao papel de cada uma na produção de conhecimento. Autores
tradicionais tais como Baer, Wolf e Risley (1968), entendem que a área básica “produz”
o conhecimento e a área aplicada o “aplica” em intervenções diretas para resolver
14
problemas humanos ou sociais. Outros autores tais como Neef e Peterson (2003), por
exemplo, entendem que as intervenções no campo aplicado também podem gerar
conhecimento e, assim, alterar conclusões produzidas na chamada pesquisa básica.
Neste estudo, procura-se verificar quais as posições de autores da área básica e
de profissionais da área aplicada da Análise do Comportamento quanto à recomendação
ou não recomendação de procedimentos considerados aversivos. Considerando-se que
Skinner e Sidman (como seu seguidor) fundamentam a maioria das análises de autores
que lidam com orientação para pais (Conte & Regra, 2000; Bolsoni-Silva & Marturano,
2002; Canan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Guilhardi, 2002; Gomide, 2004;
Weber, Viezer & Brandenburg, 2003; Weber, Viezer & Brandenburg, 2004; Weber,
2005; Panetta, Wang, Kurokawa & Banaco, 2006, dentre outros), foram eles os autores
da área básica eleitos para serem aqui estudados. Cabe pontuar que entende-se aqui por
“área básica” tanto o produto dos estudos experimentais quanto dos estudos no campo
teórico-conceitual. Para representar a área aplicada, foram selecionados e analisados os
livros de orientação para pais mais recomendados por psicoterapeutas comportamentais
infantis. Entende-se então que, neste estudo, a posição destes psicoterapeutas está
representada nas recomendações e restrições presentes nos livros analisados neste
estudo, embora de maneira indireta.
O
CONTROLE DO COMPORTAMENTO POR CONTINGÊNCIAS AVERSIVAS
Contingências de reforço negativo
Na relação entre o comportamento e sua conseqüência, pode-se verificar que,
algumas vezes, a conseqüência aumenta a probabilidade de respostas voltarem a
ocorrer. Na contingência de reforço negativo tem-se uma resposta que aumenta de
freqüência devido às conseqüências que produziu ou que a seguiu, neste caso, a retirada
de algo da situação (estímulos aversivos ou reforçadores negativos). De acordo com
15
Catania (1999) o comportamento de fuga é o exemplo mais simples de reforçamento
negativo e ainda, este comportamento deve ser diferenciado do comportamento de
esquiva, em que uma resposta evita ou atrasa um estímulo aversivo.
Pode-se dizer que a contingência de reforço negativo produz tanto o
comportamento de fuga quanto o de esquiva e a principal diferença entre esses dois
processos é que a resposta de fuga suspende ou remove estímulos aversivos, quando na
presença dos mesmos. a resposta de esquiva pode adiar a estimulação aversiva
condicionada, ou seja, a resposta reforçada negativamente ocorre quando certos
estímulos condicionados sinalizam a presença da estimulação aversiva (Catania, 1999).
Contingências de punição
No processo de punição pode-se dizer que o responder é conseqüenciado por
eventos que o torna menos provável. Na operação de punir pode haver a redução na
freqüência ou a supressão de uma dada resposta, pela apresentação de um estímulo
aversivo ou pela remoção de um reforçador positivo (Skinner, 1953/2000).
Assim, enquanto contingências de reforço aumentam a probabilidade de um
dado comportamento ocorrer, pela apresentação de estímulos com função de
reforçadores positivos ou pela remoção de estímulos que funcionam como reforçadores
negativos, na contingência de punição, a probabilidade de um comportamento tende a
diminuir pela apresentação de estímulos reforçadores negativos ou pela remoção de
reforçadores positivos disponíveis
2
. Neste sentido, o controle aversivo envolve, em
termos gerais, tanto um processo que aumenta a probabilidade do comportamento
2
Alguns autores (Michael, 1975; Baron & Galizio, 2005; Iwata, 2006; Sidman, 2006) assumem a
dificuldade em distinguir, em certas ocasiões, procedimentos de reforçamento e de punição em termos de
apresentação ou remoção de estímulos, classificando-os em positivo e negativo a partir disso. Para estes
autores, em alguns momentos é complicado classificar uma situação em termos de apresentação ou
remoção de estímulos visto que tal situação pode envolver ambos os processos. Dessa forma, os próprios
autores concluem que o mais importante seria reconhecer que tal ambigüidade existe em certas ocasiões e
que esta discussão continua controversa.
16
(reforço negativo) como também um processo de redução de sua probabilidade ou
mesmo de supressão do responder (punição). Estes efeitos descritos anteriormente são
denominados “diretos” porque estão relacionados ao aumento e à diminuição da
probabilidade de uma dada resposta ocorrer, após ser consequenciada diretamente por
eventos reforçadores ou punidores (Skinner, 1953/2000; Sidman, 1989/2003).
Além dos efeitos diretos apresentados acima, outros - efeitos indiretos ou
subprodutos - que ocorrem concomitante ou posteriormente ao aumento ou à
diminuição da probabilidade da resposta e que podem ser considerados desejáveis e
indesejáveis, como será destacado posteriormente (Skinner, 1953/2000; Michael, 1975;
Hineline, 1984; Sidman, 1989/2003; Todorov, 2001; Lerman & Vorndran, 2002;
Perone, 2003; Mazzo, 2007).
Sidman (1989/2003) afirma que os efeitos colaterais ou indiretos referem-se às
conseqüências não-pretendidas, tal como ocorre com as drogas que podem produzir
outros efeitos (como a dependência química) além daqueles esperados (diminuição da
dor, de náuseas, dentre outros). De modo semelhante, a punição também pode produzir
outros efeitos além daqueles relacionados à diminuição da freqüência da resposta
punida. Para Skinner (1953/2000), enquanto o efeito direto diz respeito ao aumento ou à
diminuição da probabilidade do comportamento (efeitos operantes), os efeitos indiretos
ou subprodutos dizem respeito, principalmente, aos efeitos respondentes ou emocionais.
Muitas vezes, os efeitos operantes ocorrem de maneira concomitante com os efeitos
respondentes. Por exemplo, quando é emitida uma resposta de fuga, a estimulação
aversiva, que antecede a fuga, pode eliciar um aumento das reações emocionais
(subprodutos) antes da ocorrência da remoção dos estímulos aversivos. Ou seja, antes
que ocorra a resposta operante de fuga (Millenson, 1967/1975).
17
Pode-se dizer que os subprodutos são tratados por Skinner (1953/2000) e
Sidman (1989/2003) como os efeitos mais importantes do controle aversivo do
comportamento. Para Sidman (1989/2003), no caso do controle aversivo, os efeitos
indiretos ou subprodutos “freqüentemente têm significação comportamental maior que
os esperados efeitos principais” (Sidman, 1989/2003, p.94). Além disso, os subprodutos
emocionais são utilizados por Skinner e por Sidman como justificativa para não
recomendarem os procedimentos de intervenção fundamentados em contingências
aversivas, em contextos como o da educação, da psicoterapia e da indústria, por
exemplo. Por isso, ao tratar dos procedimentos de intervenção recomendados ou não por
estes dois autores faz-se necessário verificar, também, os subprodutos de contingências
que fundamentam tais procedimentos.
P
OSIÇÕES DE
S
KINNER E DE
S
IDMAN QUANTO AO USO DE PROCEDIMENTOS AVERSIVOS
DE INTERVENÇÃO
Ao analisar a posição de Skinner (1971/1977, 1972/1975, 1953/2000) e de
Sidman (1989/2003, 2006) com relação aos procedimentos de intervenção que deveriam
ou não ser utilizados no campo da Análise Comportamental Aplicada, verifica-se que
eles apresentam uma postura fortemente restritiva com relação ao uso de procedimentos
aversivos, justificada por seus subprodutos indesejáveis. Cabe lembrar que há ainda
outros autores (Balsan & Bondy, 1983; Hineline, 1984; Todorov, 2001; Lerman &
Vorndran, 2002; Vollmer, 2002; Perone, 2003) cujas posições diferem das posições de
Skinner e de Sidman, no que diz respeito à recomendação ou não de procedimentos
aversivos. Tais autores argumentam que certos aspectos, como a freqüência e a
intensidade de apresentação da estimulação aversiva, por exemplo, que o pouco
18
discutidos por Skinner e Sidman, quando eles se referem à recomendação ou à restrição
aos procedimentos aversivos, na área aplicada. Entretanto, conforme ressaltado
anteriormente, é a posição de Skinner e de Sidman, com relação à recomendação de
procedimentos aversivos, que fundamenta a grande maioria dos Analistas do
Comportamento que lidam com orientação para pais. Tendo isto em conta, embora a
posição desses dois autores não represente uma unanimidade da área básica, será deles a
posição focada neste estudo e, por vezes, referida como uma posição da “área básica”.
Tanto Sidman (1989/2003) quanto Skinner (1953/2000) procuram destacar que
a punição é utilizada com freqüência em nossa sociedade pelo efeito imediato que
produz (redução temporária do comportamento indesejável), mas argumentam que tal
uso produz efeitos indesejáveis a longo prazo. Dessa forma, os efeitos imediatos da
punição fortalecem o comportamento dos indivíduos de utilizá-la em situações
semelhantes. Para Skinner (1953/2000) e Sidman (1989/2003) a probabilidade de se
obter um efeito imediato é muito maior quando se utiliza a punição, se comparada ao
uso do reforço positivo. Devido a isso, estes autores argumentam que procedimentos de
controle aversivo são mais facilmente aprendidos por educadores do que procedimentos
de reforço positivo, mas isso não é indicativo de que tais técnicas aversivas sejam as
melhores opções, justamente por seus subprodutos indesejáveis.
Na próxima seção serão apresentados os procedimentos de intervenção
recomendados e aqueles que não são recomendados por esses dois autores da área
básica, acompanhados dos seus argumentos para justificar tal posição. Apesar da ênfase
neste estudo estar relacionada aos procedimentos de intervenção aversivos, faz-se
necessária a discussão de alguns procedimentos fundamentados no controle positivo
que são estes os procedimentos mais recomendados para substituir o uso de
procedimentos aversivos.
19
Procedimentos de intervenção recomendados por Skinner e por Sidman
Os dois autores da área básica recomendam, via de regra, a substituição de
procedimentos aversivos por outros não aversivos, principalmente com a população
infantil. Como alternativa aos procedimentos aversivos, Skinner (1971/1977,
1972/1975, 1953/2000) propõe os seguintes procedimentos: manejo da condição
antecedente ambiental, uso da extinção e uso do reforço positivo de comportamentos
operantes alternativos à resposta punida.
Ao tratar dos procedimentos alternativos à punição, Skinner (1953/2000) não
detalha como os mesmos poderiam ser efetivamente utilizados, mas algumas
considerações podem ser feitas com relação à sua posição sobre este assunto. Para
Skinner, a operação provavelmente mais efetiva para enfraquecer o comportamento
inadequado seria a extinção, pois esta, possivelmente, não produziria os subprodutos
indesejáveis da punição. Faz-se necessário frisar, no entanto, que o próprio Skinner
(1953/2000) ao examinar os efeitos da extinção, pontuou que esta operação produziria
reações emocionais denominadas frustração e cólera, além de um “violento
comportamento emocional” (Skinner, 1953/2000, p. 77). Desse modo, o procedimento
de extinção também pode resultar em reações emocionais consideradas indesejáveis,
entretanto, a extinção é parte das alternativas citadas por Skinner, enquanto a punição
não é por ele recomendada. Isso porque, apesar de discutir alguns dos subprodutos da
extinção, Skinner não equipara tais subprodutos com aqueles produzidos pela punição,
destacando em suas análises que apenas os subprodutos produzidos por esta última
(punição) seriam considerados indesejáveis.
20
No campo da educação escolar Skinner (1972/1975) se refere à baixa
freqüência de reforçadores positivos e, também, a uma programação ineficiente das
contingências reforçadoras para justificar as falhas encontradas no sistema educacional.
Ele afirma que uma prática comum neste sistema é punir o comportamento indesejável,
no entanto, esta técnica se mostra ineficaz na medida em que, por exemplo, não se
fortalece o comportamento de escrever corretamente simplesmente punindo o
comportamento de escrever errado. Uma alternativa seria então planejar contingências
de reforço positivo mais eficientes. Skinner (1972/1975) cita, por exemplo, o esquema
de reforço intermitente na modelagem do comportamento desejável, como uma forma
de substituir procedimentos de punição. Esta posição de Skinner se refere à questão de
que, uma das principais funções da escola seria a modelagem de novos comportamentos
(formação de repertório novo) e para tanto seria necessária a utilização de
procedimentos que fortalecessem comportamentos e não o contrário, como é o caso da
punição. Assim, para Skinner (1991) “o objetivo é fortalecer o comportamento, não
suprimi-lo. Os estímulos aversivos são usados como reforçadores negativos. No entanto,
dessa prática resultam os mesmos subprodutos” (p. 121).
Sidman (1989/2003) também examinou algumas alternativas aos
procedimentos por ele denominados coercitivos. Ele entende que a única proposta
efetiva como alternativa ao uso da punição e do reforço negativo seria usar
procedimentos de reforço positivo. Assim como Skinner (1953/2000), Sidman também
sugere o uso do reforço positivo para fortalecer comportamentos operantes alternativos,
incompatíveis com o comportamento indesejado. Especificamente no campo da
educação infantil, Sidman sugere que os pais deveriam sempre substituir a punição por
reforço positivo e, dessa forma, as situações puníveis possivelmente diminuiriam. Para
21
este autor, o ideal seria o permitir que o comportamento inadequado ocorresse,
reforçando positivamente o comportamento adequado sempre que possível.
É importante destacar que, diferentemente de Skinner (1953/2000), Sidman
(1989/2003) não sugere o uso da extinção como uma alternativa à punição porque, para
ele, o procedimento de extinção pode não apresentar o efeito esperado. Por exemplo, se
os pais ignoram uma resposta inadequada da criança para que esta reduza de freqüência,
a criança pode variar seu comportamento desde que estes tenham as mesmas
conseqüências do comportamento ignorado pelos pais. Desse modo, se o reforçador era
a atenção dos pais, a criança tenderá a apresentar qualquer outro comportamento que
receba a atenção dos pais. Este autor também ressalta que, em casos nos quais há perigo
à integridade física da criança, a punição pode ser usada. Isso argumentando que, sendo
ocasional, a punição não traz problemas, desde que predominem no relacionamento
entre pais e filhos, o reforço positivo.
Dessa forma, podemos dizer que ambos os autores da área básica recomendam
que o reforço positivo seja utilizado, sempre como primeira opção, ao se tentar
modificar comportamentos com o foco no fortalecimento de novos comportamentos
desejáveis. Contudo, parece não haver um consenso entre eles sobre a recomendação de
técnicas de extinção quando o foco é o enfraquecimento de comportamentos
indesejáveis.
Procedimentos de intervenção não recomendados por Skinner e por Sidman
Procedimentos de punição
Skinner e Sidman restringem, ao máximo, a recomendação de procedimentos
de intervenção fundamentados em contingências de punição, com o argumento de que
22
estes procedimentos geram subprodutos que interferem tanto no comportamento que se
pretende reduzir de freqüência, quanto em outros que poderiam ser considerados
desejáveis. Por isso, Skinner (1953/2000, 1974, 1971/1977) e Sidman (1989/2003)
mostram-se contrários ao uso da punição como prática educativa, apesar da supressão
do comportamento inadequado que pode ocorrer com a sua utilização. Além dos
subprodutos indesejáveis, eles argumentam que a punição reduz o comportamento de
maneira imediata, mas isso não se mantém a longo prazo. Com isso, o procedimento de
punição faz com que o indivíduo pare momentaneamente de emitir determinado
comportamento, o que reforça o comportamento daquele que pune.
Em linhas gerais, os seguintes subprodutos indesejáveis são utilizados como
justificativa, por estes dois autores, para que procedimentos de punição não sejam
recomendados: reações emocionais, supressão condicionada, comportamentos de fuga e
de esquiva, contra-controle e agressão. Dentre estes, os subprodutos mais discutidos são
às reações emocionais e o processo de condicionamento de estímulos neutros (Mazzo,
2007).
Com relação às reações emocionais, pode-se dizer que, concomitante ou
posteriormente ao efeito sobre a probabilidade da resposta, os estímulos aversivos
podem eliciar reações emocionais que influenciam no comportamento operante em
curso, cessando-o ou desorganizando o responder do indivíduo. Assim, o indivíduo
pode reagir a uma contingência aversiva de maneira respondente, isto é, a contingência
pode produzir reações emocionais que interferem na resposta operante em curso
(Skinner, 1953/2000; Millenson, 1967/1975; Sidman, 1989/2003). Para Skinner
(1953/2000), quando o comportamento de um indivíduo é submetido ao procedimento
de punição positiva, o estímulo punidor elicia respondentes incompatíveis com a
resposta punida. Este autor cita como exemplo quando se belisca uma criança na igreja
23
para que a mesma pare de rir. Neste caso, elicia-se respostas incompatíveis com o riso
da criança, suprimindo o responder (riso) indesejável naquela situação específica.
Outro subproduto do controle aversivo muito debatido tanto por Skinner
(1953/2000) quanto por Sidman (1989/2003) é o condicionamento de estímulos neutros.
Neste caso, certos estímulos (que não têm função de estímulos aversivos), quando
emparelhados à estimulação aversiva, podem passar a exercer a função de estímulos
aversivos condicionados. Sidman (1989/2003) é enfático ao afirmar que o
condicionamento de estímulos aversivos é indesejável que, segundo este autor,
quando nos deparamos com estimulação aversiva generalizada, o comportamento mais
provável é o de responder tão pouco quanto possível ou permanecer imóvel. No entanto,
cabe ressaltar a importância para a sobrevivência humana das respostas de fuga e de
esquiva. Segundo Skinner (1984) respostas que garantem, principalmente, a integridade
física (remoção de frio e de calor intenso, barulho, etc.) do indivíduo foram selecionadas
no processo de evolução do comportamento. Sidman (1989/2003) também lembra que
respostas de fuga e de esquiva nos ajudam a sobreviver já que evitam o contato com a
estimulação aversiva perigosa para a nossa sobrevivência. No entanto, este autor
ressalta que a estimulação aversiva freqüente e intensa gera padrões de fuga e de
esquiva generalizados que dificultam a interação do indivíduo com o ambiente. Assim,
Sidman (1989/2003) afirma que: “Reforçamento negativo, então, particularmente se
intenso e contínuo, pode restringir estreitamente nossos interesses, até mesmo causando
uma espécie de ‘visão de túnel’ que nos impede de atentar para qualquer coisa, exceto o
estresse a que estamos, no momento, submetidos” (p.109). Dessa forma, para Sidman,
contingências aversivas generalizadas resultam em um repertório comportamental
restrito, em que o indivíduo torna-se temeroso de explorar o ambiente e entrar em
contato com reforçadores positivos. Para este autor, apesar das pessoas poderem
24
aprender por meio da esquiva, elas possivelmente farão apenas o previsível e o pré-
estabelecido, sem explorar novas oportunidades.
Com relação aos procedimentos de intervenção punitivos, Sidman (1989/2003)
faz restrições a um procedimento utilizado na educação, o denominado time-out. Esta
operação é muitas vezes examinada como uma forma de punição negativa que pode
ser descrita como um tempo em que os reforçadores positivos disponíveis são suspensos
(Todorov, 2001). No caso de uma criança que grita com os amigos enquanto brinca, por
exemplo, a criança poderia ser retirada da situação (potencialmente reforçadora para
ela) e ser deixada por um período de tempo onde tivesse pouca estimulação (o que
tenderia a ser aversivo para a criança). Neste caso, se a freqüência de gritar enquanto
brinca diminuísse, poderíamos inferir que esta resposta foi punida. Dessa forma, o time-
out poderia incluir tanto a punição negativa (retirada de reforçadores positivos
disponíveis - brincar com os amigos) quanto a punição positiva (apresentação de
reforçadores negativos colocar a criança em um ambiente com pouca estimulação,
possivelmente aversivo para ela).
Sidman (1989/2003) afirma que o uso do time-out não pode ser justificado
apenas porque não inflige dor, este autor afirma que: “a retirada de reforçamento
positivo é tão coercitiva quanto a aplicação de um choque, mas que o time-out não
inflige dor é freqüentemente justificado como uma punição benigna” (p.259). Em
substituição ao time-out Sidman sugere estabelecer uma oportunidade para a criança se
comportar de maneira adequada e então, reforçar este comportamento positivamente.
Dessa forma, pode-se dizer que, de maneira geral, esses dois autores da área
básica não recomendam procedimentos de intervenção fundamentados em contingências
de punição, por três motivos principais: primeiro, porque eles não são eficazes na
modelagem de comportamentos adequados; segundo, porque a resposta inadequada
25
deixa de ser apresentada apenas por certo tempo e, terceiro, porque procedimentos de
punição produzem subprodutos emocionais indesejáveis que interferem no
comportamento operante em curso e dificultam a aprendizagem de novos
comportamentos.
Procedimentos de reforço negativo
Skinner e Sidman também restringem certos procedimentos de intervenção
fundamentados na contingência de reforço negativo, alegando que o procedimento pelo
qual o comportamento é fortalecido pela retirada de um estímulo aversivo pode resultar
nos mesmos subprodutos indesejáveis, citados anteriormente no caso da punição. Estes
autores explicam que, antes de o comportamento ser fortalecido com a retirada de
reforçadores negativos é necessária a apresentação destes estímulos, o que eliciaria
então os mesmos efeitos emocionais da punição. Sidman (1989/2003) afirma que o
choque tem que ocorrer antes que possamos desligá-lo. O que estávamos fazendo
quando o choque apareceu? O que quer que seja é menos provável que repitamos este
ato no futuro, ainda que ele não tenha realmente trazido o choque” (p.111)
Além disso, também o risco do estabelecimento de padrões de fuga e de
esquiva, inadequados, que se fortalecem por reduzirem ou evitarem o contato do
indivíduo com a estimulação aversiva persistente. Neste sentido, se uma criança emite
um comportamento inadequado e tem sua resposta consequenciada por estímulos
aversivos, ela pode se esquivar da estimulação aversiva emitindo outros
comportamentos igualmente inadequados (mentir ou se esconder, por exemplo). Assim,
além de fortalecer comportamentos igualmente inadequados, pode diminuir a
probabilidade de a criança entrar em contato com fontes de reforçadores positivos e
26
fortalecer comportamentos apropriados. Esta posição de Sidman (1989/2003) é também
enfatizada por Weber, Viezzer & Brandenburg (2004).
Do exposto, pode-se dizer que, nas análises referentes à recomendação de
procedimentos de intervenção, Skinner (1971/1977, 1972/1975, 1953/2000) e Sidman,
1989/2003, 2006), enfatizam os subprodutos indesejáveis do controle aversivo e
restringem ao máximo a recomendação de procedimentos fundamentados neste tipo de
controle, tendo em conta os prejuízos que seu uso pode causar ao indivíduo e ao grupo.
Nota-se que ambos são mais enfáticos em relação às restrições à punição, pois seus
subprodutos tendem a ser mais severos quando comparados aos do reforço negativo.
Contudo, as posições destes autores, relativas aos efeitos produzidos pelo controle
aversivo, têm sido criticadas em alguns aspectos por diversos autores (Michael, 1975;
Balsan & Bondy, 1983; Hineline, 1984; Todorov, 2001; Lerman & Vorndran, 2002;
Vollmer, 2002; Perone, 2003; Mallot, 2004; Mazzo, 2007). Muitas destas críticas são
dirigidas à parcialidade de suas posições que consideram apenas os efeitos indesejáveis
do controle aversivo o que justificaria sua restrição na área aplicada. Verifica-se então
uma divergência entre as posições dos diferentes autores: por um lado as posições de
Skinner e de Sidman que não recomendam procedimentos aversivos e, por outro lado,
autores que questionam tal posição considerando que o controle aversivo poderia ser
utilizado de maneira efetiva, em circunstâncias específicas, na área aplicada.
Considerando-se, então, que a área de orientação para pais é uma das mais preocupadas
com a recomendação de procedimentos de intervenção comportamental, questiona-se
neste estudo: Que divergências poderiam ser encontradas entre as posições de Skinner e
de Sidman e as posições defendidas nos livros de orientação para pais mais utilizados
por psicoterapeutas inafantis, quanto à recomendação de procedimentos aversivos de
intervenção?
27
P
ROBLEMA DE
P
ESQUISA
Nas análises das recomendações de procedimentos de intervenção
recomendados por Sidman (1989/2003) e por Skinner (1971/1977, 1972/1975,
1953/2000), verifica-se que eles fundamentam-se nos subprodutos indesejáveis do
controle aversivo para contra indicar a utilização de procedimentos aversivos em
contextos como a educação, por exemplo. Entretanto, certos autores (Michael, 1975;
Balsan & Bondy, 1983; Hineline, 1984; Todorov, 2001; Lerman & Vorndran, 2002;
Vollmer, 2002; Perone, 2003; Mallot, 2004; Mazzo, 2007) apresentam algumas
discordâncias às posições de Skinner e de Sidman quanto à restrição de procedimentos
aversivos, por seus subprodutos indesejáveis. Isto, argumentando que há certas variáveis
(programação de contingências aversivas, intensidade e freqüência de apresentação de
estímulos aversivos, por exemplo) pouco discutidas por Skinner e Sidman que tornam
algumas das posições destes dois autores, por vezes, questionáveis. Para Silva (2002), a
restrição completa de técnicas de controle aversivo é algo impossível de se conseguir.
Há, por exemplo, certas técnicas (evocar respostas emocionais no procedimento de
“aceitação”, bloqueio de comportamentos clinicamente relevantes, dentre outras) da
Psicoterapia Analítico Funcional (Kohlenberg & Tsai, 2001) que estão fundamentadas
em contingências aversivas. Outro exemplo é a técnica de dessensibilização sistemática,
fundamentada nos princípios de condicionamento clássico. Esta técnica implica em uma
aproximação graduada à estimulação aversiva, reduzindo assim reações de ansiedade
(Turner, 2002). Além disso, assim como argumenta Todorov (2001), procedimentos
aversivos são largamente utilizados na vida cotidiana, de maneira efetiva.
Ainda, alguns autores (Canaan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002;
Guilhardi, 2002; Lerman & Vorndran, 2002; Weber, Viezzer & Brandenburg 2003;
28
Gomide, 2004; Weber, 2005) ao tratar da Análise Comportamental Aplicada,
especialmente da psicoterapia infantil, recomendam alguns procedimentos
fundamentados em contingências aversivas para se lidar, por exemplo, com
comportamentos que possam causar prejuízos para o indivíduo e promover
comportamentos que melhorem o seu convívio em sociedade.
Frente às controvérsias acima, pretende-se, neste estudo, responder a seguinte
questão: Quais as principais divergências quanto aos procedimentos de intervenção
recomendados e não recomendados por Skinner e Sidman e pelos livros de orientação
para pais mais indicados por psicoterapeutas comportamentais infantis?
29
O
BJETIVOS
São dois os objetivos deste estudo:
Primeiro, identificar quais procedimentos de intervenção aversivos são
recomendados e quais não o são, nos livros de orientação para pais mais indicados por
psicoterapeutas comportamentais infantis.
Segundo, comparar as recomendações de Skinner e de Sidman com as
recomendações dos livros de orientação para pais mais indicados por psicoterapeutas
comportamentais, quanto ao uso de procedimentos aversivos de intervenção
comportamental.
Com esses objetivos, de modo geral, pretende-se comparar as posições de
Skinner e de Sidman e de psicoterapeutas comportamentais infantis quanto à
recomendação de procedimentos aversivos de intervenção.
30
D
ELINEAMENTO
M
ETODOLÓGICO
O estudo foi dividido em dois passos principais: 1) Levantamento dos
procedimentos de intervenção recomendados e não recomendados por Skinner e por
Sidman e 2) Levantamento dos procedimentos de intervenção recomendados e não
recomendados por autores dos livros de orientação para pais.
P
ASSO
1:
L
EVANTAMENTO DOS PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO RECOMENDADOS
E NÃO RECOMENDADOS POR
S
KINNER E POR
S
IDMAN
Neste Passo foi realizado um levantamento, junto à bibliografia da área básica
em Análise do Comportamento, relativo às posições dos autores que discutem a respeito
da recomendação de procedimentos aversivos de intervenção.
Da área básica foram escolhidos para análise Skinner e Sidman (como seu
seguidor) pela importância das análises destes autores no que se refere à teoria e
aplicação da Análise do Comportamento. Entende-se neste estudo que, principalmente
Skinner e Sidman (com o livro “Coerção e suas implicações”) fundamentam a grande
maioria das análises dos Analistas do comportamento que lidam com orientação para
pais.
Seleção e análise dos textos
Foram analisados os textos de Skinner que tivessem seus títulos relacionados
com o tema “Controle Aversivo” ou “Punição”. Com esse critério foram selecionados
14 textos para análise, todos eles capítulos de livros de Skinner. O livro “Coerção e suas
31
implicações”, de Sidman, foi escolhido por ser a sua principal obra dedicada aos
profissionais de áreas aplicadas, entre elas, a educação e a psicoterapia.
Foram verificados, nestes textos, os procedimentos de intervenção
recomendados e os não recomendados pelos dois autores. Os dados obtidos neste Passo
do estudo estão organizados na Tabela 1, apresentada na próxima seção (em
Resultados).
P
ASSO
2
-
L
EVANTAMENTO DOS PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO RECOMENDADOS
E NÃO RECOMENDADOS NOS LIVROS DE ORIENTAÇÃO PARA PAIS MAIS INDICADOS POR
PSICOTERAPEUTAS COMPORTAMENTAIS INFANTIS
Foram selecionados para análise os livros de orientação para pais mais
recomendados por 32 psicoterapeutas comportamentais infantis. Para tanto, foram
consultados 50 psicoterapeutas, com no mínimo 5 anos de experiência, dos quais 32
responderam a um questionário. Cada psicoterapeuta poderia optar por mais de um livro
em suas indicações, dentre as 12 opções de livros relacionados na lista enviada
(Apêndice B). Além disso, os psicoterapeutas tinham a opção de indicar outros livros
diferentes daqueles sugeridos na lista.
Os livros mais indicados foram: “Pais presentes, pais ausentes: regras e
limites”(Gomide, 2004) com 22 indicações; “Compreendendo seu filho: uma análise do
comportamento da criança” (Canaan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002) com 21
indicações; “Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar” (Faber &
Mazlish, 2003) com 20 indicações e “Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e
limites” (Weber, 2005) com 20 indicações.
32
Os quatro livros de orientação para pais mais indicados foram selecionados
para análise. Os dados retirados de cada livro foram os procedimentos de intervenção
recomendados e os não recomendados além dos argumentos que justificavam a posição
dos seus autores. Os dados obtidos neste Passo do estudo estão organizados na Tabela 2,
apresentada na próxima seção (em Resultados).
33
R
ESULTADOS
Os procedimentos de intervenção recomendados e os não recomendados por
Skinner e por Sidman estão organizados na Tabela 1, os relativos aos livros de
orientação para pais, encontram-se na Tabela 2.
Tabela 1: Procedimentos de intervenção recomendados e não recomendados por Skinner
e por Sidman
B.F. Skinner M. Sidman
Procedimentos de intervenção
recomendados
Manejo da condição
antecedente;
Reforço positivo;
Extinção.
Reforço positivo
Procedimentos de intervenção
não recomendados
Punição positiva;
Punição negativa.
Punição positiva;
Punição negativa;
Reforço negativo;
Extinção;
Time-out
Na Tabela 1 é possível identificar que Skinner recomenda como
procedimentos de intervenção: a) Reforço positivo, b) Manejo da condição antecedente
e c) Extinção. Cabe destacar que o único procedimento de intervenção recomendado por
Sidman é o reforço positivo.
a) reforço positivo - Este procedimento consiste em consequenciar com estímulos
reforçadores positivos o comportamento que se deseja fortalecer aumentando, assim, a
freqüência do responder que produziu ou que foi seguido por tais estímulos
reforçadores. Skinner e Sidman argumentam que, com esse procedimento, pode-se
aumentar a freqüência de comportamentos esperados sem gerar os efeitos indesejáveis
que surgem com a utilização de procedimentos aversivos (vide exemplos da posição
destes autores nas páginas 11, 12 e 13).
34
b) manejo da condição antecedente Este procedimento consiste em estabelecer uma
condição para que a criança emita um comportamento desejável no lugar de punir
comportamentos indesejáveis. Já que a alteração de variáveis ambientais (antecedentes e
conseqüentes) modifica a relação indivíduo-ambiente e, consequentemente, padrões
comportamentais, Skinner (1953/2000) argumenta que é possível alterar variáveis
antecedentes favorecendo comportamentos desejáveis e, de modo complementar,
fortalecer esses comportamentos com o uso consistente de reforço positivo.
c) extinção - Este procedimento consiste em suspender a apresentação de reforçadores
positivos para o responder do indivíduo (vide posição de Skinner nas páginas 11 e 12).
Verifica-se, ainda, na Tabela 1 que tanto Skinner quanto Sdiman não
recomendam nem a punição positiva, nem a negativa (vide descrição nas páginas 7 e 8)
como procedimento de intervenção. Sidman restringe ainda a recomendação do Time-
out (vide descrição páginas 16 e 17), da extinção (vide posição do autor na página 13) e
do reforço negativo (vide descrição página 7).
Na Tabela 2, abaixo, é possível identificar os procedimentos de intervenção
recomendados e não recomendados nos quatro livros de orientação para pais
examinados.
Livro 1: Pais presentes, pais ausentes: regras e limites
Livro 2: Compreendendo seu filho: uma análise do comportamento da criança
Livro 3: Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar
Livro 4: Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites
35
Tabela 2 : Procedimentos de intervenção recomendados e não recomendados nos livros
de orientação para pais
Livro 1
Livro 2 Livro 3 Livro 4
Procedimentos
recomendados
Estabelecimento
de regras
conjugado com
punição negativa;
Reforço positivo.
Estabelecimento
de regras
conjugado com
punição negativa;
Extinção;
Time-out;
Reforço positivo.
Estabelecimento
de regras
conjugado com
punição negativa;
Reforço positivo;
Estabelecimento
de regras
conjugado com
punição negativa;
Reforço positivo;
Time-out;
Extinção.
Procedimentos
não
recomendados
Punição positiva
(especialmente a
física);
Ameaça de
punição.
Punição positiva
(especialmente a
física)
Punição positiva
(especialmente a
física)
Punição positiva
(especialmente a
física)
É importante destacar que apenas um dos livros (Canan-Oliveira, Neves, Silva &
Robert, 2002) consultados utiliza a linguagem técnica da área básica ao se referir aos
procedimentos de intervenção. Assim, os procedimentos aqui descritos foram assim
denominados pela autora do presente estudo de acordo com a sua equivalência com as
definições de procedimentos da área básica.
Pode-se constatar que os livros de orientação para pais consultados
recomendam, especialmente, os seguintes procedimentos de intervenção: a) Reforço
positivo do comportamento adequado, b) ignorar o comportamento inadequado
(extinção), c) Seguimento de regras conjugado com punição negativa e d) Time-out.
a) Reforço positivo do comportamento adequado Sobre este procedimento, autores
(Canan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Faber & Mazlish, 2003; Gomide, 2004;
Weber, 2005) dos livros de orientação para pais destacam a importância de
consequenciar o comportamento da criança com elogios (especialmente descritivos) e
36
demonstração de aprovação. A apresentação de reforçadores sociais (elogios, abraços,
carinho, sorriso) e elogios descritivos (aqueles que especificam qual o comportamento
esperado) tendem a aumentar a probabilidade de comportamentos específicos e
adequados. O elogio descritivo faz com que a criança passe a discriminar melhor quais
são os comportamentos esperados pelos pais. Além disso, atividades reforçadoras
também são uma maneira de valorizar o comportamento adequado da criança, ou seja,
permitir que a criança faça alguma atividade que goste. Reforços materiais também são
recomendados, mas devem ser utilizados por um período curto de tempo e
esporadicamente.
b) Ignorar comportamentos inadequados Este procedimento consiste em ignorar os
comportamentos inadequados da criança até o momento em que o comportamento entre
em extinção. Este procedimento é recomendado quando, após uma análise, percebe-se
que certos comportamentos são fortalecidos com a atenção dos pais. Desta forma, os
livros recomendam o procedimento de extinção (ou ignorar seletivo), mas alertam que
este não é um procedimento que pode ser usado com qualquer comportamento, ou seja,
deve-se ter certeza que o comportamento está sendo mantido pela atenção dos pais e que
o procedimento de extinção não colocará a criança em risco (Canan-Oliveira, Neves,
Silva & Robert, 2002; Weber, 2005).
c) Estabelecimento de regras conjugado com punição negativa - Este procedimento
pode ser entendido como uma contingência estabelecida pelos pais em que o não
seguimento da condição resulta na retirada de privilégios (estímulos que funcionam
como reforçadores positivos) (Canan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Weber,
2005). É importante ressaltar que os livros de orientação para pais não utilizam
terminologia técnica, então o procedimento que envolve a “perda de privilégios” ou de
37
estímulos com função de reforçadores positivos como conseqüência para o não
seguimento de uma regra, foi denominado, aqui, punição negativa.
As regras são descritas nos livros como “dicas” ambientais que orientam os
comportamentos dos indivíduos, pois indicam uma relação de contingência “se-então”,
em uma determinada situação, sugerindo assim um comportamento específico (Canan-
Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Weber, 2005). Destaca-se que, neste estudo, a
utilização de regras e consequências gicas para o seu não seguimento, amplamente
citadas nos livros de orientação para pais foi interpretada como um procedimento de
punição negativa, como será detalhado posteriormente.
Para que as regras sejam respeitadas, sugere-se nos livros de orientação para
pais que haja a apresentação de conseqüências reforçadoras positivas para o seguimento
da regra e retirada de reforçadores positivos para o não seguimento. Assim, as crianças
irão relacionar o comportamento inadequado com a conseqüência para o não
seguimento da regra e então, para se esquivar ou fugir da punição, mudam o
comportamento indesejável. Então, os educadores devem estabelecer uma regra lógica
(conseqüência que esteja relacionada com o comportamento indesejável) e explicá-la
para a criança, ou seja, se não cumprir a regra a criança saberá qual será a conseqüência
(Gomide, 2004; Weber, 2005).
Verifica-se que apesar dos autores dos livros de orientação para pais não
utilizarem linguagem técnica, eles sugerem a retirada de reforçadores positivos
contingente ao comportamento inadequado, como uma forma de punição negativa (vide
descrição na página 7). Por exemplo, se a criança mentir sobre suas notas na escola,
ficará uma semana sem vídeo game ou não poderá sair para brincar com os amigos em
um final de semana. Este procedimento pode ser descrito como uma condição na qual se
a criança apresentar um comportamento inadequado (mentir) então
terá como
38
conseqüência a retirada de possíveis reforçadores positivos (brincar com os amigos ou
jogar vídeo game) punição negativa. Com isso, espera-se que o comportamento de
mentir diminua de freqüência (Canan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Gomide,
2004; Weber, 2005).
d) Time-out - Vide descrição deste procedimento nas páginas 16 e 17.
Pode-se verificar também, na Tabela 2, que os livros consultados não
recomendam a punição positiva, de um modo geral, e são totalmente contrários à
punição física, não recomendando esta última sob hipótese alguma. A ameaça de
punição também não é recomendada em um dos livros de orientação para pais.
A punição física pode ser definida como aquela aplicada em qualquer parte do
corpo do indivíduo e de qualquer tipo (Weber, Viezer & Brandenburg, 2004). a
ameaça de punição é definida como um “sinal” de punição que dificilmente será
efetivamente aplicada pelos pais. Por exemplo, quando os pais estabelecem uma
punição severa (nunca mais ver televisão, não viajar com os pais nas férias, dentre
outras) para um comportamento inadequado da criança e que dificilmente será
executada pelos pais (Gomide, 2004).
Os dados obtidos podem ser comparados na Tabela 3, abaixo, onde se os
procedimentos de intervenção que são recomendados e aqueles que não o são pelos dois
autores da área básica e pelos autores dos livros selecionados, considerados em
conjunto. Isso quer dizer que serão analisados na Tabela 3 as posições da área básica e
da área aplicada no seu conjunto, sem as especificidades de cada autor. Nesta tabela é
possível verificar algumas convergências e divergências entre os autores das duas áreas.
39
Tabela 3: Comparação entre os procedimentos recomendados e os procedimentos não
recomendados pelos autores da área básica e pelos livros da área aplicada
Autores da
área básica*
Livros da área
aplicada**
Autores da área
básica e livros da
área aplicada
Procedimentos de
intervenção que são
recomendados
Manejo da
condição
antecedente;
Reforço
positivo;
Extinção.
Punição negativa;***
Reforço positivo;
Manejo da condição
antecedente;
Extinção;
Time-out.***
Reforço positivo;
Manejo da
condição
antecedente;
Extinção.
Procedimentos de
intervenção que
não são
recomendados
Time-out;***
Punição
positiva;
Punição***
negativa
Ameaça de punição;
Punição positiva
(especialmente a física).
Punição positiva
(especialmente a
física).
* B. F. Skinner e M. Sidman
** Livros de orientação para pais selecionados neste estudo
*** Os itens em destaque (com três asteriscos) representam as principais divergências
entre as posições dos autores da área básica e dos livros selecionados
Verifica-se na Tabela 3 que os procedimentos de time-out e de punição negativa
não são recomendados apenas pelos autores da área básica. Além disso, os
procedimentos de reforço positivo são recomendados tanto por autores da área básica
quanto por autores da área aplicada.
40
D
ISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Esta seção foi subdivida em três tópicos principais de análise: 1) Distinções
entre as posições de Skinner e de Sidman com relação à recomendação de
procedimentos de intervenção, 2) distinções entre as recomedações dos 4 livros de
orientação para pais consultados e 3) divergências entre as posições de Skinner e de
Sidman e dos livros de orientação para pais mais recomendados por psicoterapeutas
comportamentais infantis.
D
ISTINÇÕES ENTRE AS POSIÇÕES DE
S
KINNER E DE
S
IDMAN COM RELAÇÃO ÀS
RECOMENDAÇÕES DE PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL
Pode-se dizer que, em linhas gerais, tanto Skinner quanto Sidman enfatizam a
restrição de procedimentos aversivos por seus subprodutos indesejáveis. Entretanto,
com relação aos procedimentos que poderiam ser utilizados como alternativas ao
controle aversivo verifica-se que apenas Skinner (1953/2000) recomenda o
procedimento de extinção para o manejo de comportamentos que se deseja diminuir de
frequência. Para Sidman, a única alternativa para solucionar os problemas encontrados
com o uso do controle aversivo seria o uso de procedimentos de reforçamento positivo.
Assim, Sidman (1989/2003) mostra-se contrário à utilização da extinção e afirma que
este procedimento poderia ser utilizado apenas quando outros não tivessem o efeito
esperado.
Com relação às contingências de punição, tanto Skinner quanto Sidman
restringem, de modo geral, as recomendações de procedimentos fundamentados nestas
contingências, pelos prejuízos que podem produzir para o indivíduo e para o grupo.
41
Cabe ressaltar que Sidman (1989/2003) mostra-se mais restritivo quanto ao uso do
controle aversivo quando comparado a Skinner. Conforme Sidman, o controle aversivo,
quando utilizado em intervenções, nunca é benéfico e ainda que fosse possível encontrar
alguma vantagem para o seu uso, os prejuízos (subprodutos indesejáveis) cancelariam
seus benefícios.
As divergências entre as posições de Skinner e de Sidman com relação à
recomendação de procedimentos aversivos pode ser verificada quando Sidman
(1989/2003) afirma que padrões de esquiva generalizados dificultam a interação do
indivíduo com o ambiente, restringindo a variedade de respostas que poderiam ser
apresentadas em uma situação aversiva. Sidman ressalta que a contingência de
reforçamento negativo não amplia o repertório do indivíduo como o faz o reforçamento
positivo que ensina apenas as respostas necessárias para eliminar ou evitar o contato
com a estimulação aversiva. Esta posição de Sidman fica clara na asserção abaixo:
A contingência positiva deixa o animal em posição para tirar
vantagem de outros reforçadores que podem se tornar disponíveis e
de novas oportunidades para aprender que possam surgir.
Por outro lado, a contingência de reforçamento negativo, que coage o
animal a pressionar a barra para desligar choques, torna-o incapaz de
relaxar a vigilância. Em posição de não fazer e de não aprender
qualquer outra coisa, ele leva o que podemos chamar de uma ‘vida de
quieto desespero’, seu único critério de sucesso sendo sua efetividade
em reduzir a quantidade de choques que ele toma (Sidman,
1989/2003, p. 109).
No entanto, Skinner (1972/1975, 1966/1969) argumenta que contingências de
reforçamento negativo podem contribuir para o estabelecimento de comportamentos
desejáveis tais como o de seguir regras. Skinner afirma que o comportamento de seguir
regras restringe o contato do indivíduo com eventos danosos (contingências punitivas),
sendo assim este comportamento seria reforçado negativamente. Para este autor o
comportamento de seguir regras foi selecionado por ser útil em sinalizar para o
indivíduo as possibilidades de seu comportamento ser reforçado ou punido em uma
42
determinada situação, o que tornaria a interação do indivíduo mais eficiente já que
evitaria o contato direto com contingências aversivas.
Dessa forma, podemos afirmar que com relação aos procedimentos aversivos,
tanto Skinner quanto Sidman mostram-se contrários à recomendação de procedimentos
de punição. No entanto, nos argumentos relacionados aos procedimentos de
reforçamento negativo, Skinner mostra-se menos restritivo, se comparado a Sidman,
que considera que certos comportamentos desejáveis poderiam ser estabelecidos com a
exposição do indivíduo à contingência de reforçamento negativo. Também não há
consenso entre os dois autores com relação à recomendação de procedimentos que
poderiam ser utilizados como substitutos ao controle aversivo. Skinner (1953/2000)
recomenda tanto a utilização de procedimentos de reforçamento positivo quanto de
extinção. No entanto, Sidman (1989/2003) afirma que apenas o reforçamento positivo
poderia ser utilizado como substituto ao controle aversivo.
D
ISTINÇÕES ENTRE AS RECOMEDAÇÕES DOS
4
LIVROS DE ORIENTAÇÃO PARA PAIS
MAIS RECOMENDADOS
Os quatro livros de orientação para pais consultados recomendam como
procedimento de intervenção o estabelecimento de regras conjugado com a punição
negativa, bem como o uso do reforçamento positivo. Dois dos livros (Livros 2 e 4)
recomendam, ainda, o uso do time-out e da extinção para lidar com comportamentos
indesejáveis. Além disso, um dos livros (Livro 1) ressalta que a ameça de punição pode
ter efeitos indesejáveis parecidos com aqueles observados com o uso efetivo da punição.
Com relação à utilização do reforço positivo, os quatro livros consultados
afirmam que há demonstração empírica de que a maioria das crianças que crescem em
43
lares onde são valorizadas tem maior probabilidade de sentirem-se bem a respeito de si
mesmas e mais chances de funcionarem melhor no mundo, assim, elas tendem a
desenvolver comportamentos de auto-estima e de auto-confiança (Canan-Oliveira,
Neves, Silva & Robert, 2002; Faber & Mazlish, 2003; Gomide, 2004; Weber, 2005).
Os quatro livros seguem, portanto, as mesmas posições de Skinner e de Sidman com
relação à utilização deste procedimento de intervenção. Além disso, é importante
considerar que alguns autores (Canan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Faber &
Mazlish, 2003; Weber, 2005) dos livros de orientação para pais apontam que, deve-se
tomar alguns cuidados para que o reforço positivo tenha os resultados esperados. Por
exemplo, verificar quais comportamentos pretende-se aumentar de freqüência e modelar
o comportamento adequado. Estes autores também consideram que é importante avaliar
a utilização inadequada do reforço positivo (reforçar comportamentos indesejáveis ou
reforçar todos os comportamentos sem uma análise prévia daqueles que realmente
deveriam aumentar de freqüência), pois seu uso indiscriminado pode resultar em
comportamentos indesejáveis como a baixa tolerância à frustração ou em uma criança
“sem limites”, por exemplo.
Ao tratar da utilização das regras, conjugada com a punição negativa, os livros
consideram que o seguimento de regras está relacionado com a necessidade dos
educadores estabelecerem limites para a criança. Neste sentido, pode-se dizer que
estabelecer limites é ensinar à criança quais comportamentos são aceitos e apropriados e
quais não o são, dentro de uma determinada família e sociedade. Além disso, quando
não se estabelece limites para o comportamento da criança, torna-se difícil fazer com
que a mesma siga instruções ou conselhos, o que dificulta a adaptação social da criança
(Canan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Weber, 2005). É importante ressaltar
que o estabelecimento de regras está relacionado, nos livros, à retirada de reforçadores
44
positivos para o não seguimento das mesmas. Ainda, os livros sugerem que a utilização
de procedimentos aversivos é mais efetiva quando combinada com a utilização de
reforçamento positivo.
Ao considerar os procedimentos de punição positiva, os quatro livros
consultados ressaltam que a punição, de modo geral, é considerada indesejável. No
entanto, os livros especificam apenas que a punição física ou corporal é totalmente
restrita em suas recomendações, tanto por seus efeitos de ordem emocional, quanto por
critérios éticos, que existem sanções para as pessoas que agridem fisicamente os
outros. Os principais argumentos utilizados pelos autores (Canan-Oliveira, Neves, Silva
& Robert, 2002; Faber & Mazlish, 2003; Gomide, 2004; Weber, 2005) para restringir o
uso da punição (especialmente a física) são: a) a punição produz efeitos emocionais tais
como raiva e medo, podendo inclusive produzir comportamentos reflexos como suor e
batimentos cardíacos acelerados, que influenciam no comportamento operante em
curso; b) pode-se eliminar outros comportamentos desejáveis semelhantes ou que
ocorrem paralelamente ao que se pretende diminuir de freqüência, c) aquele que pune
torna-se ele mesmo um estímulo punitivo e d) de um modo geral, a punição não é
eficiente como um procedimento de eliminar comportamentos inadequados. Isso
porque, quando alguém é punido, a pessoa pára apenas momentaneamente de se
comportar daquela forma e, com o tempo, a punição deixa até de ter este efeito
temporário. Isto é, se as conseqüências naturais do comportamento punido forem muito
agradáveis ou recompensadoras os efeitos temporários da punição são ainda menores.
Entretanto, um dos livros (Canan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002) de
orientação para pais destaca que a punição (especialmente a negativa) pode ser uma
opção quando: a) O comportamento indesejável é muito freqüente, b) existe perigo para
a criança ou outras pessoas e c) quando não foi possível reduzir o comportamento
45
indesejável com outros procedimentos não aversivos. Este livro considera que a punição
pode ser uma alternativa para diminuir a freqüência de comportamentos indesejáveis,
podendo inclusive ser utilizada de maneira efetiva quando combinada com o
reforçamento positivo de comportamentos operantes incompatíveis. Cabe ressaltar
também que, muitas vezes, a combinação de procedimentos é mais efetiva quando
comparada à utilização isolada de apenas um deles. pesquisas da área básica que
apontam que a punição pode ser efetivamente utilizada, sem efeitos colaterais graves e a
favor do indivíduo punido, quando combinada com esquemas de reforçamento positivo
(Lerman & Vorndran, 2002).
Além disso, apenas um dos livros consultados destaca em seus argumentos que a
ameaça de punição produziria efeitos indesejáveis semelhantes à utilização da punição
(Gomide, 2004). Com relação à coerção, Sidman (1989/2003) afirma que: “O
significado comum de ‘comporte-se’ é ‘faça o que eu quero que você faça’. Coação,
punição – ameaça de punição ou de perda ou verbalizações sobre o que temos que fazer
para fugir de, ou evitar punição ou perda é tecnicamente predominante para nos levar
a ‘comportarmos’ ”(pp.33-34). Para ele, tanto a punição quanto a ameaça de punição
(ou coerção) tem subprodutos indesejáveis e por isso não devem ser utilizadas como
práticas educativas. Dessa forma, a posição de um dos livros consultados corrobora com
os argumentos de Sidman com relação à ameaça de punição.
É importante destacar também que, ao analisar os procedimentos de
intervenção que deveriam ser evitados, os livros de orientação para pais analisam
algumas alternativas que poderiam ser opções aos procedimentos que produziriam
efeitos indesejáveis. Os principais procedimentos recomendados como alternativas à
punição são o reforço positivo de comportamentos operantes incompatíveis (Canan-
Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Faber & Mazlish, 2003; Gomide, 2004; Weber,
46
2005), a extinção e o time-out (Canan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Weber,
2005). Conforme Todorov (2001), o time-out (suspensão discriminada da contingência
de reforço) pode ser analisado como um procedimento que inclui a punição negativa
(retirada da criança de uma situação reforçadora). Dessa forma, dois dos livros
examinados apresentam este procedimento aversivo como uma maneira eficaz de lidar
com comportamentos indesejáveis, embora o considerem o time-out como um
procedimento aversivo de intervenção, nem comparem seus efeitos com os da punição,
em seus argumentos.
Pode-se dizer então que, de modo geral, os livros de orientação para pais
recomendam sempre como primeira opção à utilização do reforço positivo e o
seguimento de regras conjugado com a punição negativa. No entanto, apenas um dos
livros (Livro 1) consultados ressalta os prejuízos encontrados com o uso da ameaça de
punição e dois livros (Livros 2 e 4) recomendam procedimentos de extinção e de time-
out. A recomendação de procedimentos aversivos também é sugerida em conjunto com
o reforçamento positivo. Os quatro livros destacam que a combinação entre
procedimentos aversivos e o reforço positivo seria a melhor opção com relação a
educação infantil. Para Gomide (2004), “esse poderia ser o grande segredo da educação.
O equilíbrio entre aplicar as regras e manter-se afetivo” (p.39).
C
ONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE
S
KINNER E
S
IDMAN E AS RECOMENDAÇÕES
DE PSICOTERAPEUTAS COMPORTAMENTAIS INFANTIS
As principais convergências encontradas entre os livros de orientação para pais
mais indicados e os dois autores da área básica referem-se à utilização do reforço
positivo e à restrição da punição corporal como prática educativa. São estas as
47
convergências que serão incialmente discutidas nesta seção. Posteriormente, serão
apresentadas também as divergências entre as posições dos dois autores da área básica e
dos livros selecionados (área aplicada), que é foco principal deste estudo. É importante
lembrar que, a posição de Skinner e de Sidman, quanto à recomendação do controle
aversivo já foi apresentada anteriormente neste estudo.
Pode-se verificar que tanto os livros de orientação para pais quanto Skinner e
Sidman recomendam procedimentos de reforço positivo. Skinner e Sidman são
enfáticos ao afirmarem que o uso consistente do reforço positivo poderia ser a melhor
opção dentre as estratégias disponíveis na área da educação. Para Sidman (1989/2003) a
utilização do reforço positivo é o único meio de fortalecer comportamentos desejáveis e
de diminuir a freqüência de comportamentos indesejáveis, sem os subprodutos
produzidos com o uso do controle aversivo. Sidman (1989/2003) reconhece, ainda, que
a utilização de afeto e de carinho, além de fortalecer comportamentos desejáveis,
também melhora a relação entre educadores e crianças. Skinner (1953/2000, 1972/1975)
também considera que uma maneira de substituir a larga utilização do controle aversivo
seria a utilização do reforço positivo de um comportamento operante incompatível com
o comportamento que se deseja diminuir de freqüência. Por exemplo, reforçar
positivamente o comportamento de ler corretamente de uma criança no lugar de punir o
comportamento de ler errado. Além disso, Skinner (1953/2000) e Sidman (1989/2003)
destacam que educadores que utilizam o reforço positivo têm como subproduto
desejável crianças mais competentes e autoconfiantes e que interagem melhor com o
mundo. Os quatro livros de orientação para pais recomendam procedimentos de reforço
positivo e dois dos livros recomendam tanto a utilização do reforço positivo quanto da
extinção, o que corrobora, principalmente, com a posição de Skinner com relação à
recomendação de procedimentos de intervenção.
48
Outro ponto de convergência entre as recomendações de Skinner e de Sidman e
dos quatro livros de orientação para pais se remete à restrição quanto à utilização da
punição corporal. Ambos restringem este tipo de procedimento alertando para os
subprodutos indesejáveis que o mesmo pode resultar, tais como reações emocionais
perturbadoras e comportamentos de fuga e de esquiva, por exemplo. De um modo geral,
tanto os livros de orientação de pais quanto autores da área básica restringem a
recomendação de procedimentos de punição, entretanto, estes últimos apresentam uma
posição mais restritiva se comparada com autores dos livros de orientação para pais.
Os quatro livros de orientação para pais pressupõem as mesmas orientações de
Skinner e de Sidman quanto ao uso da punição corporal. Entretanto, com relação à
punição negativa e ao procedimento de time-out pode-se verificar divergências entre os
livros de orientação para pais e as análises de Skinner e de Sidman. Enquanto estes
últimos restringem, ao máximo, a recomendação de procedimentos de punição (positiva
e negativa), autores dos livros de orientação para pais enfatizam que o uso da punição
negativa é eficaz para diminuir a freqüência de comportamentos indesejáveis. Com
relação ao uso do time-out, Sidman (1989/2003) não recomenda esse procedimento por
seus efeitos indesejáveis (vide páginas 16 e 17), no entanto, alguns autores (Canan-
Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Weber, 2005) dos livros de orientação para pais
recomendam este procedimento como uma opção para enfraquecer comportamentos
indesejáveis.
Com relação à punição, Skinner (1953/2000) afirma que “A longo prazo, a
punição, ao contrário do reforço, funciona com desvantagens tanto para o indivíduo
punido quanto para a agência punidora. Os estímulos aversivos necessários geram
emoções, incluindo predisposições para fugir ou retrucar, e ansiedades
pertubadoras.”(p.199). Nesta asserção fica clara a posição de Skinner apesar dele não
49
especificar se o procedimento envolve punição positiva ou negativa. Para este autor,
apesar da punição reduzir, mesmo que temporariamente, o comportamento indesejável,
o procedimento gera subprodutos que justificam sua restrição como procedimento de
intervenção. Para Sidman (1989/2003) a punição nunca resulta em benefícios que,
apesar de interromper momentaneamente o comportamento indesejável, a mesma tem
subprodutos que cancelam qualquer possível benefício com a utilização deste
procedimento. Em contrapartida, os quatro livros de orientação para pais examinados
(Canan-Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Faber & Mazlish, 2003; Gomide, 2004;
Weber, 2005) recomendam especialmente o seguimento de regras conjugado com a
punição negativa como uma maneira de estabelecer limites para os comportamentos das
crianças, ou seja, como uma forma de determinar quais comportamentos são
apropriados, quais não o são e as conseqüências disso para a criança.
O estabelecimento de regras, descrevendo para a criança qual a contingência
em vigor, conjugado com a punição negativa pode ser entendido como um
procedimento em que se estabelece uma regra e a retirada de reforçadores positivos para
o seu não seguimento (punição negativa). Por exemplo, os pais estabelecem para a
criança que se a mesma sair para brincar no horário estabelecido para fazer as tarefas
escolares (a criança geralmente não faz as tarefas escolares para sair para brincar com os
amigos e leva as tarefas por fazer para a escola) então esta terá como conseqüência não
sair para brincar com os amigos para ter mais tempo para estudar e melhorar seu
desempenho acadêmico. Neste caso, o não seguimento da regra estabelecida pela
família (fazer as tarefas escolares) resulta na retirada de estímulos que possivelmente
funcionam como reforçadores positivos para a criança. Com isso, espera-se que a
criança diminua a freqüência de um comportamento indesejável (levar as tarefas por
fazer para a escola). O estabelecimento de regras conjugado com a punição negativa
50
também está relacionado nos livros de orientação para pais com o procedimento de
“estabelecer limites”. Isto porque, com a utilização de regras e punição negativa para o
seu não seguimento, os pais estabelecem quais os comportamentos considerados
adequados e quais não o são, dentro daquela família, e as conseqüências para o não
seguimento de tais regras. Em outros termos, com este procedimento, a criança parece
aprender, além do que se deve fazer, o que não se deve fazer, o que pode ser muito
importante quando se pretende ensinar a “respeitar limites”.
Além disso, sugere-se nos livros de orientação para pais que os educadores
devem estabelecer regras, mas que certas condições devem ser respeitadas para que a
regra contribua para diminuir a freqüência do comportamento inadequado. Estas
condições incluem que as regras devam ser poucas e passíveis de serem cumpridas. A
conseqüência para o não seguimento da regra deve ser aplicada logo após o
comportamento inadequado ter ocorrido, e a conseqüência jamais pode estar relacionada
à privação de necessidades básicas como comida e água, por exemplo (Gomide, 2004;
Weber, 2005).
Assim, verifica-se que os livros de orientação para pais recomendam
especialmente a utilização de regras (conjugada com a punição negativa para o seu o
seguimento) porque estas produzem não só uma diminuição imediata no comportamento
inadequado como também mantém os resultados a longo prazo. Para os autores (Canan-
Oliveira, Neves, Silva & Robert, 2002; Faber & Mazlish, 2003; Gomide, 2004; Weber,
2005) dos livros consultados, futuramente a regra estabelecida funcionará como um
estímulo discriminativo indicando quais comportamentos são esperados e as
conseqüências disso para a criança. Canan-Oliveira, Neves, Silva e Robert (2002)
afirmam ainda que as regras são importantes na aprendizagem ética relativa a quais
51
comportamentos são considerados adequados, dentro de uma sociedade, e quais as
conseqüências para o indivíduo que segue ou não tais regras.
Para os dois autores da área básica, especialmente para Sidman (1989/2003) o
essencial é utilizar procedimentos de reforço positivo para que comportamentos
inadequados tenham uma freqüência reduzida no ambiente familiar. Tal posição fica
clara na asserção abaixo:
Como pais sempre temos que estabelecer limites para nossos filhos e
esta necessidade pode facilmente nos jogar na armadilha do controle
coercitivo. Mas não precisamos tornar o “Não” um punidor; podemos
ensinar nossos filhos a aceitar ambos, “Sim” e “Não”, como um
conselho de alguém querido sobre o que funcionará e o que não
funcionará, como um auxilio na aprendizagem das regras pelas quais
o mundo opera. (Sidman, 1989/2003, p. 125)
Diante disso, pode-se afirmar que tanto os livros de orientação para pais
quanto Skinner e Sidman, recomendam a utilização do reforço positivo como
procedimentos de intervenção, sempre como primeira opção. Ambos restringem
completamente a utilização da punição física, especialmente por seus subprodutos
indesejáveis. Além disso, os livros de orientação para pais recomendam, em certas
situações, a utilização de procedimentos fundamentados na punição negativa o que não
foi observado na literatura da área básica consultada.
Assim, pode-se dizer que certos procedimentos aversivos são recomendados
nos livros de orientação para pais. Tais recomendações apontam que, procedimentos
aversivos, quando utilizados de maneira apropriada, podem ajudar a diminuir a
freqüência de comportamentos indesejáveis sem causar prejuízos para o indivíduo e
para a relação entre educador e criança. As divergências entre as recomendações de
procedimentos de intervenção dos autores da área básica e dos livros da área aplicada
apontam que apenas a utilização de reforço positivo e de extinção não é suficiente para
lidar com comportamentos que causem prejuízos para o indivíduo e para a sociedade.
52
Parece que os profissionais da área aplicada constataram a necessidade de
recomendarem, também, procedimentos aversivos para lidar com comportamentos
indesejáveis e promover comportamentos considerados adequados.
A recomendação de procedimentos aversivos de intervenção para tratar de
problemas de comportamento tem gerado controvérsias por muitos anos (Lerman &
Vorndran, 2002). Muitas dessas controvérsias resultam do entendimento de que
procedimentos de punição podem resultar em vantagens (diminuição da freqüência de
comportamentos indesejáveis) e desvantagens (alguns subprodutos indesejáveis,
especialmente de ordem emocional). No entanto, procedimentos de punição, algumas
vezes, têm se mostrado necessários para lidar com comportamentos indesejáveis. Dessa
forma, pode-se perceber que é preciso ampliar as análises verificadas na área básica,
considerando sempre o maior número de variáveis possíveis, especialmente quando se
trata de recomendações de procedimentos aversivos de intervenção comportamental.
53
C
ONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo sugere que a análise sobre qualquer tipo de controle
comportamental deva ser tão ampla quanto possível, ou seja, deve-se entender e
reconhecer a influencia do maior número de variáveis possível para que se possa
construir argumentos consistentes quanto às condições de uso de procedimentos de
intervenção pautados em contingências tanto aversivas quanto positivas. Isso quer dizer
que não se deve esquecer da contribuição de Skinner e de Sidman, quanto às discussões
referentes à não recomendação de procedimentos de intervenção fundamentados no
controle aversivo visto os subprodutos indesejáveis deste tipo de controle. Tão pouco
deve-se defender o uso indiscriminado de técnicas aversivas.
Com relação à escolha de procedimentos de intervenção que deveriam ou não
ser recomendados, uma tendência influenciada pelas posições de Skinner e de
Sidman que mostra-se contrária a utilização de procedimentos aversivos por seus
subprodutos indesejáveis. Entretanto, nota-se a emergência de outras posições que
consideram que o controle aversivo pode ser utilizado, sob certas condições, para
benefício do indivíduo e do grupo e por isso seu uso seria justificado.
É preciso considerar ainda que questões éticas estão envolvidas e que, por isso,
a recomendação de procedimentos de intervenção deve levar em conta uma análise
ampla dos seus efeitos indesejáveis e desejáveis. Tal análise mostra-se pertinente na
medida em que se verifica a necessidade de orientar educadores quanto às estratégias
que se mostram mais efetivas não por seu efeito imediato, mas especialmente pelos
benefícios que produz a longo prazo. Apesar da grande contribuição do conhecimento
produzido na área básica, o estudo aqui relatado mostra que, na área aplicada, o
54
conhecimento da área básica pode ser testado e reformulado, este parece ser o caso, em
especial do uso da punição negativa na educação infantil.
55
R
EFERÊNCIAS
Baer, D. M.; Wolf, M .M. & Risley, T.R. (1968) Some current dimensions of applied
behavior analysis. Journal of Applied Behavior Analysis, 1 , 91-97.
Balsam, P. D. & Bondy, A. S. (1983) The negative side effects of reward. Journal of
Applied Behavior Analysis, 3 (16), 283-296.
Baron, A. & Galizio, M. (2005) Positive and negative reinforcement: should the
distinction be preserved? The Behavior Analyst, 28 (1), 85-98.
Bolsoni-Silva, A. T. & Marturano, E. M. (2002). Práticas educativas e problemas de
comportamento: uma análise a luz das habilidades sociais. Estudos de Psicologia,
7(2), 227-235.
Canaan-Oliveira, S.; Neves, M. E. C.; Silva, F. M. & Robert, M. A. (2002)
Compreendendo seu filho: uma análise do comportamento da criança. Belém:
Paka-Tatu.
Canaan-Oliveira, S. (2003). Dimensão aplicada da Análise do Comportamento.
Psicologia: Reflexão e Crítica, 16 (2), 349-354.
Carvalho, M. B., Nt (2002). Análise do comportamento: behaviorismo radical, análise
experimental do comportamento e análise aplicada do comportamento. Interação
em Psicologia, 6(1), p. 13-18.
Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. (D. G.
Souza [et al.], Trads.). 4ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul.
Conte, F. C. & Regra, J. A.G. (2000). A psicoterapia comportamental infantil: Novos
aspectos. In: Silvares, E. F. M. (Org). Estudos de caso em psicologia clínica
comportamental infantil. (pp. 79-138) Campinas: Papirus.
56
Epstein, R. (1996a). Should you punish your child? Cognition, Creativity and Behavior:
selected essays. London: Piager. (pp. 255-266).
Epstein, R. (1996b). The positive side effects of reinforcement. Cognition, Creativity
and Behavior: selected essays. London: Piager. (pp. 247-253).
Faber, A. & Mazlish, E. (2003) Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu
filho falar. (A. Dayan & E. Wajnryt, Trad.). São Paulo: Summus (Originalmente
publicado em 1993).
Guhl, B. & Fontelle, D.H. (1997) Pais Perfeitos. Blumenau: Eko (Originalmente
publicado em 1987).
Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes: regras e limites (2a ed.).
Petrópolis: Vozes.
Guilhardi, H. J. (2002). Auto-estima, autoconfiança e responsabilidade. In
M.Z.Brandão, F. Conte & S. Mezzaroba, (Orgs.), Psicoterapia Comportamental e
Cognitiva de transtornos psiquiátricos. (pp. 63-98) Campinas: Editorial Psy.
Hineline, P. N. (1984). Aversive control: A separate domain?. Journal of Experimental
Analysis of Behavior, 3 (1), 495-509.
Horner, R. (1990). Ideology, technology, and typical community settings: use of severe
aversive stimuli. American journal on mental retardation, 95 (2), 166-168.
Iwata, B.A. (2006). On the distinction between positive and negative reinforcement. The
behavior analyst, 29 (1), 121-123.
Kazdin, A. E. (1975). The impact of applied behavior analysis on diverse areas of
research. Journal of Applied Behavior Analysis, 8 (2), 213-229.
Kohlenberg, R. J.& Tsai, S. (2001). Psicoterapia analítica funcional: criando relações
intensas e criativas. Santo André: Esetec. (Originalmente publicado em 1991).
57
Lerman, D. C. & Vorndran, C. M. (2002). On the status of knowledge for using
punishment: implications for treating behavior disorders. Journal of Applied
Behavior Analysis, 35 (4), 431-464.
Malott, R. W. (2004). Notes from an introspective behaviorist: achieving the positive
live through negative reinforcement. Journal of Organizational Behavior
Management,24,75-112.
Mazzo, I. M. B. (2007). Análise de possíveis efeitos desejáveis do controle aversivo na
aprendizagem de comportamento eficaz. Dissertação de mestrado. Universidade
Estadual de Londrina, Londrina, Brasil.
Michael, J. (1975). Positive and negative reinforcement, a distinction that no longer
necessary; or a better way talk about bad things. In: E. Ramp. & G. Semb (Orgs.).
Behavior Analysis: Research and Application. N.J: Englendwood Cliffs. (pp. 33-
44).
Millenson, J. R. (1975). Princípios de análise do comportamento.(A. A. Souza & D.
Rezende, Trads.). Brasília: Coordenada. (Originalmente publicado em 1967).
Nico, Y. C. (2001). A contribuição de B. F. Skinner para o ensino do autocontrole com
objetivo da educação. Dissertação de mestrado. Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Neef, N.A.& Peterson, M. S. (2003). Developmental disabilities: Scientific inquiry and
interaction in behavior analysis. In Lattal, K. A.; Chase, P. N. (Ed.). Behavior
theory and philosophy. New York: Kluwer Academic.
Panetta, P. A. B.; Wang, M. A. L de; Kurokawa, L. V. O. & Banaco, R. A. (2006). A
prática do analista do comportamento: contribuições passadas e recentes para a
educação. In Guilhardi, H. J & Aguirre, N. C de. (Orgs.) Sobre o comportamento
58
e cognição, expondo a variabilidade. (pp.331-344) Santo André: ESETec Editores
Associados.
Perone, M. (2003). Negative effects of positive reinforcement. The Behavior Analyst, 1
(1), 1-14.
Sidman, M. (2003). Coerção e suas implicações. (R. Azzi; Andery, M.A, Trads.)
Campinas: Editorial Psy. (Originalmente publicado em 1989)
Sidman, M. (2006). The distinction between positive and negative reinforcement: some
additional considerations. The behavior analyst, 29( 1), 135-139
Silva, W. C. M. P. da (2002). O Controle aversivo no contexto terapêutico e suas
implicações éticas: manejo ou manipulação. Anais do XI Encontro da ABPMC,
Londrina, PR, Brasil.
Skinner, B. F. (1969). A operante analysis of the problem resolution. Contingencies of
reinforcement: a theorethical analysi. New york: Appleton-Century-
crofts.(Originalmente publicado em 1966).
Skinner, B. F. (1974). About Behavior. New York: Vintage Books.
Skinner, B. F. (1975). Tecnologia do ensino. (R. Azzi, Trad.). São Paulo: E.P.U e
Edusp. (Originalmente publicado em 1972).
Skinner, B. F. (1977). O mito da liberdade. (L. Goulart, & M. L. F. Goulart, Trads.).
Rio de Janeiro: Bloch. (Originalmente publicado em 1971).
Skinner, B. F. (1984). The evolution of behavior. Journal of Experimental Analysis of
Behavior, 41 (2), 217-221.
Skinner, B. F. (1986). What is wrong with daily life in the Western Word? American
Psychologist, 41, 568-574.
59
Skinner, B. F. (1991). A escola do futuro. Questões recentes na análise do
comportamento (A L. Neri, Trad.). São Paulo: Papirus. (Originalmente publicado
em 1989).
Skinner, B. F. (2000). Ciência e comportamento humano. (J. C. Todorov & R. Azzi,
Trads.). São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1953).
Todorov, J. C. (2001). Quem tem medo de punição? Revista de Terapia
Comportamental e Cognitiva, 1 (1), 37-40.
Turner, M. R. (2002). A dessensibilização sistemática. In Caballo, V. E. (Org). Manual
de técnicas de terapia e modificação do comportamento. (pp. 167-195) São Paulo:
Santos Livraria Editora.
Vollmer, T.R. (2002). Punishment happens: some comments on Lerman and Vorndran`s
review. Journal of Appied Behavior Analysis, 35 (4), 469-473.
Weber, L. N. D.; Viezer, A. P. & Brandenburg, O. J.(2003). Estilos parentais e
desenvolvimento da criança e do adolescente e palmadas e surras: ontem, hoje e
amanhã. In Brandão,M. Z. S.; Conte, F. C.; Brandão, F.; Ingberman, Y. K.;
Moura, C. B.; Silva, V. M. e Oliane, S. M. (Orgs.). Sobre o comportamento e
cognição, a história e os avanços, a seleção por conseqüências em ação. Vol. 11.
(pp.499-509) Santo André: ESETec Editores Associados.
Weber, L. (2005) Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites. Curitiba: Juruá
Weber, L. N. D.; Viezer, A. P. & Brandenburg, O. J. (2004). O uso de palmadas e surras
como práticas educativas. Estudos de Psicologia, 9(2), 227-237.
White, G.D.; Nielsen, G. & Johnson (1972). Timeout duration and the suppression of
deviant behavior in children. Journal of Appied Behavior Analysis, 5 (2), 111-120.
60
A
PÊNDICES
61
A
PÊNDICE
A
-
Delineamento Metodológico
O estudo foi dividido em dois passos principais: 1) Levantamento dos
procedimentos de intervenção recomendados e não recomendados por B. F. Skinner e
M. Sidman e 2) Levantamento dos procedimentos de intervenção recomendados e não
recomendados por autores dos livros de orientação para pais.
P
ASSO
1:
L
EVANTAMENTO DOS PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO RECOMENDADOS
E NÃO RECOMENDADOS POR
S
KINNER E POR
S
IDMAN
Neste Passo foi realizado um levantamento, junto à bibliografia da área básica
em Análise do Comportamento, relativo às posições dos autores que discutem a respeito
da recomendação de procedimentos aversivos de intervenção.
Foram escolhidos como autores representativos da área básica Skinner e Sidman
(como seu seguidor) com o livro “Coerção e suas implicações”, uma vez que se
verificou serem eles que fundamentam muitas análises de autores de psicoterapia
comportamental infantil.
Justificativa para a escolha dos autores
Skinner e Sidman (como seu seguidor) foram escolhidos neste estudo pela
importância das análises destes autores no que se refere à teoria e aplicação da Análise
do Comportamento. Entende-se neste estudo que, principalmente Skinner e Sidman
(como seu seguidor com o livro “Coerção e suas implicações”) fundamentam a grande
maioria das análises dos Analistas do comportamento que lidam com orientação para
pais.
62
Seleção dos textos para análise
Foram analisados os textos de Skinner que tivessem seus títulos relacionados
com o tema “Controle Aversivo” ou “Punição”. Com esse critério foram selecionados
14 textos para análise, todos eles capítulos de livros de Skinner. O livro “Coerção e suas
implicações”, de Sidman, foi escolhido por ser a sua principal obra dedicada aos
profissionais de áreas aplicadas, entre elas, a educação e a psicoterapia. Foram
verificados os textos que respeitassem os seguintes critérios:
a) apresentar descrições operacionais das contingências de reforço negativo e de
punição; b) analisar a utilização de procedimentos de intervenção; c) analisar os efeitos
desejáveis e indesejáveis da utilização de procedimentos de intervenção; d) examinar os
efeitos do controle aversivo e e) apresentarem propostas de intervenção que seriam
utilizadas para substituir procedimentos que produzem efeitos indesejáveis.
Desta forma, a partir destes critérios, foram selecionados 15 textos para análise,
sendo 14 capítulos de livros de Skinner e o livro “Coerção e suas implicações” de
Sidman. Os textos selecionados para análise neste Passo do estudo foram os seguintes:
1) Sidman, M. (2003). Coerção e suas implicações (M. A. Andery, & M. T. Sério,
Trads.). Campinas: Editorial Psy II. (Originalmente publicado em 1989).
2) Skinner, B. F. (1974). About Behavior. New York: Vintage Books.
3) Skinner, B. F. (1975). A tecnologia do ensino. A ciência da aprendizagem e arte de
ensinar (R. Azzi, Trad.). São Paulo: E.P.U e Edusp. (Originalmente publicado em
1972).
4) Skinner, B. F. (1975). A tecnologia do ensino. O estudante criativo (R. Azzi, Trad.).
São Paulo: E.P.U e Edusp. (Originalmente publicado em 1972).
5) Skinner, B. F. (1975). A tecnologia do ensino. A motivação do estudante (R. Azzi,
Trad.). São Paulo: E.P.U e Edusp. (Originalmente publicado em 1972).
63
6) Skinner, B. F. (1975). Por que os professores fracassam. Tecnologia do ensino (R.
Azzi, Trad.). São Paulo: E.P.U e Edusp. (Originalmente publicado em 1972).
7) Skinner, B. F. (1977). Liberdade. O mito da liberdade (L. Goulart, & M. L. F.
Goulart, Trads.). Rio de Janeiro: Bloch. (Originalmente publicado em 1971).
8) Skinner, B. F. (1977). Punição. O mito da liberdade (L. Goulart, & M. L. F. Goulart,
Trads.). Rio de Janeiro: Bloch. (Originalmente publicado em 1971).
9) Skinner, B. F. (1977). Alternativas à punição. O mito da liberdade (L. Goulart, & M.
L. F. Goulart, Trads.). Rio de Janeiro: Bloch. (Originalmente publicado em 1971).
10) Skinner, B. F. (1986). What is wrong with daily life in the Western Word?
American Psychologist, 41, 568-574.
11) Skinner, B. F. (1991). O lado operante da terapia comportamental. Questões
recentes na análise do comportamento (A L. Neri, Trad.). São Paulo: Papirus.
(Originalmente publicado em 1989).
12) Skinner, B. F. (2000). Comportamento operante. Ciência e comportamento humano
(J. C. Todorov & R. Azzi, Trads.). São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado
em 1953).
13) Skinner, B. F. (2000). Aversão, evitação e ansiedade. Ciência e comportamento
humano (J. C. Todorov & R. Azzi, Trads.). São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente
publicado em 1953).
14) Skinner, B. F. (2000). Punição. Ciência e comportamento humano (J. C. Todorov &
R. Azzi, Trads.). São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1953).
15) Skinner, B. F. (2000). Autocontrole. Ciência e comportamento humano (J. C.
Todorov & R. Azzi, Trads.). São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em
1953)
64
Análise dos textos
Procurou-se verificar nos textos selecionados os principais procedimentos de
intervenção recomendados ou restritos, além da justificativa utilizada pelos dois autores
para recomendar ou não procedimentos de intervenção. Assim, os dados coletados nos
textos selecionados foram examinados de acordo com duas categorias principais: 1)
Procedimentos de intervenção recomendados e 2) Procedimentos de intervenção não
recomendados.
Foram examinados nos textos, principalmente, os seguintes tópicos: a) Quais os
principais efeitos produzidos por contingências aversivas; b) principais questionamentos
levantados pelo autor a respeito do uso do controle aversivo, c) principais efeitos
indesejáveis analisados pelo autor; d) quais os procedimentos de intervenção
recomendados; e) quais procedimentos não eram recomendados e os argumentos que
justificam esta posição e f) quais alternativas sugeridas em substituição aos
procedimentos de intervenção fundamentados em contingências que produzem efeitos
indesejáveis.
P
ASSO
2
-
L
EVANTAMENTO DOS PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO RECOMENDADOS
E NÃO RECOMENDADOS NOS LIVROS DE ORIENTAÇÃO PARA PAIS
O objetivo deste Passo foi realizar um levantamento dos procedimentos de
intervenção que são recomendados nos livros de orientação para pais mais indicados por
profissionais da área de psicoterapia comportamental infantil e, com isso, detectar
possíveis divergências entre as recomendações desses livros e as recomendações de
Skinner e de Sidman quanto ao uso de procedimentos aversivos de intervenção.
65
Seleção dos livros de orientação para pais mais indicados por profissionais
Foram utilizadas inicialmente duas fontes de consulta: 1) pesquisa nas editoras
que publicam material de Psicologia e 2) pesquisa com psicólogos da área de
psicoterapia infantil.
Na primeira seleção, a pesquisadora entrou em contato (via e-mail) com algumas
editoras (Gente, Rocco, Fundamento, Juruá, Eko, Summus e Record) que publicam
material de Psicologia para verificar com as mesmas quais livros de orientação para pais
foram os mais vendidos nos últimos anos. Sabe-se que as editoras dispõem destas
informações catalogadas, no entanto, nenhuma das editoras consultadas respondeu à
solicitação da pesquisadora e assim, esta fonte de consulta foi desconsiderada.
Na segunda parte da seleção, a pesquisadora entrou em contato (via e-mail) com
50 psicólogos atuantes da área de psicologia infantil, para que os mesmos pudessem
relatar quais os principais livros de orientação para pais são os mais utilizados por eles
em psicoterapia infantil. Foi solicitado aos profissionais que respondessem a um
questionário (Apêndice B). Cada psicoterapeuta poderia optar por mais de um livro em
suas indicações, dentre as 12 opções de livros relacionados na lista enviada. Além disso,
os psicoterapeutas tinham a opção de indicar outros livros diferentes daqueles sugeridos
na lista. Foi solicitado também, a alguns dos profissionais selecionados, que indicassem
outros para responder ao questionário enviado.
Foram considerados psicólogos atuantes aqueles que tivessem, no mínimo 5
anos de atuação na área de intervenção em psicoterapia infantil e que fossem
razoavelmente conhecidos por freqüentarem os encontros da Associação Brasileira de
Psicoterapia e Medicina Comportamental (ABPMC).
Dessa forma, 50 profissionais foram solicitados a responderem ao material, dos
quais 32 responderam, sendo que 15 tinham menos de 10 anos de atuação em
66
psicoterapia infantil e os demais profissionais (17), mais de 10 anos. Os dados coletados
foram organizados na Tabela 1, abaixo:
Tabela 1: Respostas coletadas a partir da consulta realizada com os psicólogos sobre os
livros de orientação mais recomendados
Manual de orientação
para pais
Profissionais que
indicaram e que
tinham mais de 10
anos de atuação
Profissionais que
indicaram e que
tinham menos de
10 anos de
atuação
Total de
indicações
Pais Liberados, filhos
liberados
5 2 7
Como falar para seu filho
ouvir e como ouvir para
seu filho falar
10 10 20
Pais presentes, pais
ausentes: regras e limites
11 11 22
Eduque com carinho:
equilíbrio entre amor e
limites
6 14 20
Quem controla quem? Pais
ou filhos?
2 6 8
Pais Perfeitos 3 4 7
Compreendendo seu filho:
uma análise do
comportamento da criança
8 13 21
A educação pelo bom
exemplo
3 1 4
A Criança Problema 00
A Criança Difícil 2 2
O que toda criança deve
saber
2 2
O livro das virtudes para
crianças
2 3 5
A partir destes dados, 4 livros de orientação para pais foram selecionados para
análise nesta pesquisa por terem sido os mais indicados por profissionais que atuassem
na área de psicoterapia infantil e que tivessem seu trabalho fundamentado nos princípios
da Análise do Comportamento, são eles: “Pais presentes, pais ausentes: regras e
limites” (22 indicações); “Compreendendo seu filho: uma análise do comportamento da
criança” (21 indicações); “Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho
67
falar” (20 indicações) e “Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites” (20
indicações).
O livro “Pais presentes, pais ausentes: regras e limites” recebeu o maior número de
indicações em primeiro lugar (15), indicando ser este o livro que apresentou o maior
número de indicações como o mais importante em uma ordem decrescente.
“Compreendendo seu filho: uma análise do comportamento da criança” recebeu 7
indicações em primeiro lugar. “Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites”
recebeu 5 indicações e “Como falar para o seu filho ouvir e como ouvir para o seu filho
falar” recebeu 3 indicações em primeiro lugar.
Levantamento dos procedimentos de intervenção recomendados e não
recomendados nos livros de orientação para pais
Os quatro livros selecionados foram lidos na íntegra para que fosse possível
verificar quais são os procedimentos recomendados, quais procedimentos não são e os
argumentos dos autores que justificam seu posicionamento com relação à recomendação
dos procedimentos de intervenção.
Os livros de orientação para pais selecionados foram analisados separadamente,
a partir de uma ficha prévia de cada livro, de acordo com a Tabela 2, abaixo:
Considerando:
Livro 1: Pais presentes, pais ausentes: regras e limites
Livro 2: Compreendendo seu filho: uma análise do comportamento da criança
Livro 3: Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar
Livro 4: Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites
Tabela 2 : Procedimentos de intervenção recomendados e não recomendados nos livros
de orientação para pais
68
Livro 1
Livro 2 Livro 3 Livro 4
Procedimentos
recomendados
Estabelecimento
de regras
conjugado com
punição negativa;
Reforço positivo.
Estabeleciment
o de regras
conjugado com
punição
negativa;
Extinção;
Time-out;
Reforço
positivo.
Estabeleciment
o de regras
conjugado com
punição
negativa;
Reforço
positivo;
Estabelecimento de
regras conjugado
com punição
negativa;
Reforço positivo;
Time-out;
Extinção.
Procedimentos
não
recomendados
Punição positiva
(especialmente a
física);
Ameaça de
punição.
Punição
positiva
(especialmente
a física)
Punição
positiva
(especialmente
a física)
Punição positiva
(especialmente a
física)
Análise comparativa entre os procedimentos recomendados e os procedimentos não
recomendados por autores da área básica e livros da área aplicada
Foram comparados os procedimentos de intervenção recomendados por Skinner
e Sidman e autores dos livros de orientação para pais. Procurou-se analisar então:
a) Procedimentos de intervenção recomendados e não recomendados apenas por autores
da área básica; b) Procedimentos de intervenção recomendados e não recomendados
apenas nos livros de orientação para pais e c) Procedimentos de intervenção
recomendados e não recomendados tanto por autores da área básica quanto por autores
dos livros de orientação para pais.
Os dados referentes às recomendações dos livros de orientação para pais e as
recomendações dos dois autores da área básica foram organizados de maneira resumida
na Tabela 3, abaixo:
69
Tabela 3: Comparação entre os procedimentos recomendados e os procedimentos não
recomendados pelos autores da área básica e pelos autores da área aplicada
Autores da
área básica*
Livros da área
aplicada**
Autores da área
básica e livros da
área aplicada
Procedimentos de
intervenção que são
recomendados
Manejo da
condição
antecedente;
Reforço
positivo;
Extinção.
Punição negativa;***
Reforço positivo;
Manejo da condição
antecedente;
Extinção;
Time-out.***
Reforço positivo;
Manejo da
condição
antecedente;
Extinção.
Procedimentos de
intervenção que
não são
recomendados
Time-out;***
Punição
positiva;
Punição***
negativa
Ameaça de punição;
Punição física.
Punição física
* B. F. Skinner e M. Sidman
** Autores dos livros de orientação para pais selecionados neste estudo
*** Os itens em destaque (com três asteriscos) representam as principais divergências
entre as posições dos autores da área básica e dos livros selecionados.
Com as análises conduzidas no estudo aqui descrito, espera-se contribuir para
esclarecer alguns pontos pouco explorados com relação à recomendação de
procedimentos de intervenção, especialmente no campo da educação e da psicoterapia
infantil.
70
A
PÊNDICE
B
-
Questionário enviado aos psicólogos para consulta sobre os
manuais de orientação para pais mais indicados
1) Nome completo:
2) Anos de experiência de atuação em psicologia clínica infantil:
( ) Até 5 anos ( )Entre 5-10 anos ( ) Mais de 10 anos
3) Seu trabalho é fundamentado nos princípios da Análise do
Comportamento: ( ) Sim ( ) Não
4) Gostaríamos que nos auxiliasse na seleção de livros adequados para a
orientação de pais.
Para tanto solicitamos-lhe assinalar, por ordem de importância, os livros
abaixo relacionados. Assinale com o número 1 aquele que considera o mais
adequado da lista; com o número 2, o segundo mais adequado e assim
sucessivamente.
Aqueles livros que, eventualmente, não conheça favor assinalar com o número
0.
( ) Pais Liberados, filhos liberados - Faber, A. & Mazlish, E.
( ) Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar - Faber, A. &
Mazlish, E.
( ) Pais presentes, pais ausentes: regras e limites- Gomide, P.I.C.
( ) Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites. - Weber, L.
( ) Quem controla quem? Pais ou filhos?Balter & Shreve
( ) Pais Perfeitos – Balter & Shreve
( ) Compreendendo seu filho: uma análise do comportamento da criança
Canaan-
Oliveira, S.; Neves, M.E.C; Melo e Silva, F.; Robert A.M.
( ) A educação pelo bom exemplo – Severe
( ) O livro das virtudes para crianças- Bennett, W J.
( ) A Criança Problema – Roucek
( ) A Criança Difícil - Turecki, S.& Tonner, L
( ) O que toda criança deve saber – Kalb, J. & Viscott, D.
5- Caso conheça mais livros que considere adequados para orientação de pais, mas
que não conste da lista acima, favor inclui-los abaixo.
Título/Autor:
Título/Autor:
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo