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JACOVOZZI,
Fernanda Marques. Procedimentos aversivos: divergências entre as
recomendações de Skinner e de Sidman e de psicoterapeutas infantis. 2009. 70 páginas.
Dissertação (Mestrado em Análise do Comportamento). Universidade Estadual de
Londrina, Londrina.
RESUMO
Questionamentos referentes à recomendação de procedimentos de intervenção
comportamental não são recentes, especialmente quando se discute a respeito de
procedimentos aversivos. O estudo descrito neste artigo teve como objetivo principal
verificar divergências entre as recomendações de procedimentos de intervenção de
livros de orientação para pais, recomendados por psicoterapeutas comportamentais
infantis, e as recomendações de autores da área básica da Análise do Comportamento,
quanto ao uso de procedimentos aversivos de intervenção comportamental.
Considerando-se que B. F. Skinner e M. Sidman fundamentam a maioria das análises de
autores na área de psicoterapia comportamental infantil, eles foram eleitos para serem
analisados neste estudo. O estudo foi dividido em dois passos. No primeiro foi realizado
um levantamento, junto à bibliografia da área básica em Análise do Comportamento,
relativo às posições dos dois autores eleitos que discutem a respeito da recomendação
de procedimentos de intervenção fundamentados no controle aversivo. No segundo
passo, foram examinados os procedimentos comportamentais de intervenção que são
recomendados nos livros de orientação para pais mais indicados por psiterapeutas
comportamentais infantis. Foram examinados os quatro livros mais indicados por 32
terapeutas infantis, que responderam a um questionário (enviado a 50 psicoterapeutas).
As posições gerais de Skinner e de Sidman já são bastante conhecidas: eles não
recomendam procedimentos aversivos e, em seu lugar, recomendam o uso de reforço
positivo. No entanto, Sidman mostrou-se mais rigoroso em suas restrições, pois,
enquanto Skinner centra suas críticas à punição e recomenda o uso de extinção, Sidman
estende suas restrições, também, ao uso do reforço negativo e da extinção. Ambos os
autores fundamentam-se no fato de que procedimentos aversivos produzem subprodutos
indesejáveis, especialmente os de ordem emocional. No exame dos quatro livros de
orientação para pais mais recomendados pelos psicoterapeutas comportamentais infantis
verificou-se que, além do uso de procedimentos pautados no reforço positivo, há a
indicação de procedimentos que são fundamentados no controle aversivo. Destacou-se a
indicação do procedimento de seguir regras que inclui a punição negativa e a
recomendação do time-out (por dois dos livros consultados) que fundamenta-se tanto na
punição negativa quanto na punição positiva. Tais procedimentos são recomendados
pelos autores dos livros de orientação para pais com a argumentação de que os mesmos
podem contribuir para diminuir a freqüência de comportamentos indesejáveis e produzir
efeitos desejáveis a longo prazo sem resultar em subprodutos indesejáveis. Tanto os
autores dos livros de orientação para pais, quanto Skinner e Sidman, não recomendam a
punição física ou o castigo corporal, sob hipótese alguma, por seus subprodutos
indesejáveis e por serem contra a ética geral dos direitos humanos. Comparando-se,
então, a posição destes dois autores da área básica com a posição dos autores dos livros
de orientação para pais mais indicados, pode-se dizer que enquanto Skinner e Sidman
restringem ao máximo a recomendação de procedimentos aversivos, autores dos livros
de orientação para pais recomendam o procedimento de seguir regras e o de time-out,
ambos considerados uma forma de punição, conforme definições da área básica.
Palavras-chave: Controle aversivo. Reforço negativo. Punição. Orientação de pais.
Procedimentos de intervenção.