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ROSANA GONÇALVES PIRES MATIAS
SELEÇÃO DE PESSEGUEIRO COM BASE NA NECESSIDADE DE FRIO
DA SEMENTE E QUALIDADE DO FRUTO
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Genética e Melhoramento, para
obtenção do título de Magister
Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS BRASIL
2010
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ROSANA GONÇALVES PIRES MATIAS
SELEÇÃO DE PESSEGUEIRO COM BASE NA NECESSIDADE DE FRIO
DA SEMENTE E QUALIDADE DO FRUTO
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Genética e Melhoramento, para
obtenção do título de Magister
Scientiae.
APROVADA: 24 de fevereiro de 2010
______________________________
Prof. Carlos Eduardo Magalhães dos
Santos
(Co-orientador)
______________________________
Prof. Aluízio Borém de Oliveira
____________________________
Prof. Denise Cunha Fernandes dos
Santos Dias
(Co-orientadora)
____________________________
Prof. Eduardo Fontes Araújo
____________________________
Prof. Claudio Horst Bruckner
(Orientador)
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ii
DEDICO
Aos amores da minha vida:
Meus pais Luiz Antonio e Ana...
Meus irmãos Wanderlei (no coração) e Eliana...
Meu esposo Emerson...
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus pela força que tem me propiciado
e pelas bênçãos recebidas a cada dia.
À Universidade Federal de Viçosa, pela oportunidade de realização
deste curso e aos professores pelo conhecimento e apoio oferecido.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela concessão da bolsa de estudos.
Ao Professor Claudio Horst Bruckner pela orientação, amizade, apoio,
confiança e pelos ensinamentos concedidos.
Aos meus co-orientadores Carlos Eduardo Magalhães dos Santos e
Denise Cunha Fernandes dos Santos Dias pela participação e sugestões
valiosas para o desenvolvimento deste trabalho.
Aos meus pais, irmãos e sobrinhos. Ao meu esposo Emerson pelo
amor, companheirismo, compreensão e incentivo sempre. A todos estes,
que sempre me apoiaram nos caminhos que escolhi.
Aos funcionários da Fazenda Experimental de Araponga, Itamar,
Raimundo, Sebastião, Rui e Baldinho pela amizade e auxílio nas atividades
de campo.
Aos funcionários da Fruticultura, Carla, Vicente, Ernesto, Cenira,
Márcio, Sobreira, Sabino, Juca e Robson pelo apoio e colaboração sempre
prestados com dedicação.
Aos grandes e incondicionáveis amigos Carlos Eduardo, Maria Rita e
Welberth, que muito contribuíram para o desenvolvimento dos experimentos
e pelo apoio sempre.
Aos prezados amigos da fruticultura Heloisa, Marcos Antônio,
Leonardo Pimentel, José Osmar, Sandra, Rodolfo, Luciano, Aline, Telma,
Silvia e Luciana pela amizade, apoio e colaboração nos trabalhos realizados.
Aos meus amigos da época de Graduação, em especial às moradoras
do Alojamento Feminino. Às inesquecíveis amigas do quarto 102, Eliane,
Kátia, Mônica, Vanessa, Eduarda, Regiane e Silvia.
Às amigas de república, Angélica, Janaína, Marcele, Lidiane e Naiane
pelos bons momentos de convivência.
iv
Às velhas amigas Rosana, Patrícia, Sidnéia, Yara e Carla Cristina pelo
carinho, pelas conversas, pelo apoio e por tantos bons momentos. A
Wellington, o Azul, pela força e amizade sempre. A tantos outros, que
embora não tenha seus nomes citados, fizeram parte de minha vida por
breves ou longos momentos, pela companhia, pelo apoio, pelos
ensinamentos, pela conversa, enfim, todos aqueles que contribuíram direta
ou indiretamente de alguma forma para a concretização de mais esta etapa,
meus sinceros agradecimentos.
v
BIOGRAFIA
ROSANA GONÇALVES PIRES MATIAS, filha de Luiz Antonio Moreira
Pires e Ana Gonçalves de Castro Pires, nasceu na cidade de Porto Firme,
Minas Gerais, em 01 de fevereiro de 1982.
Cursou o e grau na Escola Estadual Imaculada Conceição, em
Porto Firme, Minas Gerais, concluindo o ensino médio em dezembro de
1999.
Em março de 2003, ingressou na Universidade Federal de Vosa,
graduando-se em Agronomia em janeiro de 2008.
Em março de 2008, iniciou o Programa de Pós-graduação em
Genética e Melhoramento, em nível de mestrado, na Universidade Federal
de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, tendo defendido a dissertação em 24 de
fevereiro de 2010.
vi
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................ vviii
ABSTRACT ......................................................................................................... x
1.0. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1
2.0. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 5
2.1. A cultura do pessegueiro ............................................................................ 5
2.2. Melhoramento genético do pessegueiro ..................................................... 9
2.2.1. Frio hibernal.......... ................................................................ ..........11
2.2.2. Qualidade de fruto .......................................................................... 13
2.3. Seleção entre e dentro e combinada ........................................................ 14
3.0. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................... 15
3.1. Local dos experimentos ............................................................................ 15
3.2. Obtenção das progênies ........................................................................... 16
3.3. Experimento 1 - Seleção visando baixa necessidade de frio com base na
dormência das sementes ................................................................................. 17
3.3.1. Ganhos por seleção ........................................................................ 18
3.3.2. Herdabilidade .................................................................................. 18
3.4. Experimento 2 - Avaliação da qualidade de frutos ............................. 19
4.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 21
4.1. Experimento 1 - Seleção visando baixa necessidade de frio com base na
dormência das sementes ................................................................................. 21
4.2. Experimento 2 - Avaliação da qualidade de frutos .................................... 27
4.2.1. Análise dos frutos ........................................................................... 27
4.2.1.1. Coloração da epiderme ............................................................ 28
4.2.1.2. Diâmetros sutural, equatorial e polar e relação DP/DS ............ 28
4.2.1.3. Massas do fruto, do caroço e da polpa .................................... 30
4.2.1.4. Firmeza e Textura .................................................................... 30
4.2.1.5. Teor de Sólidos Solúveis Totais dos Frutos ............................. 32
4.2.1.6. Acidez titulável ......................................................................... 32
4.2.1.7. Relação entre teor de sólidos solúveis e acidez titulável ......... 33
4.2.2. Análise dos resultados e identificação das famílias superiores ...... 34
5.0. CONCLUSÕES .......................................................................................... 34
vii
6.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 35
viii
RESUMO
MATIAS, Rosana Gonçalves Pires, M.Sc. Universidade Federal de Viçosa,
Fevereiro de 2010. Seleção de pessegueiro com base na
necessidade de frio da semente e qualidade do fruto. Orientador:
Claudio Horst Bruckner. Co-Orientadores: Carlos Eduardo Magalhães
dos Santos e Denise Cunha Fernandes dos Santos Dias.
O pessegueiro [Prunus persica (L.) Batsch] é uma espécie de clima
temperado que pode ser cultivada em áreas com climas apresentando
inverno ameno através da utilização de genótipos adaptados. Esta espécie
apresenta dormência em gemas e sementes, sendo que a exposição a um
período sob baixas temperaturas é a principal forma para a superação da
dormência nesses dois órgãos. Geralmente, plantas que apresentam baixa
necessidade de frio para a superação da dormência de gemas produzem
sementes com mesmo comportamento relacionado à necessidade de frio
para germinarem. Por meio de provável ligação existente entre ambas, têm
sido realizadas tentativas de praticar a seleção de indivíduos com baixa
necessidade de frio para gemas baseados nos requerimentos da semente.
No entanto, é necessário melhor entendimento do controle do processo de
dormência da semente para que essa seleção seja possível com
confiabilidade. Este trabalho constituiu-se de dois estudos: i) a necessidade
de frio para germinação de sementes de pessegueiro foi estudada. As
sementes foram estratificadas sob baixa temperatura e comparou-se o
tempo gasto por cada família para atingir 50% das sementes germinadas; e
ii) avaliou-se a qualidade de fruto de famílias selecionadas anteriormente
para capacidade de brotação. Os experimentos foram realizados no
Departamento de Fitotecnia, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no
período de novembro de 2008 a março de 2009. Para avaliação da
germinação, os frutos foram despolpados e as sementes extraídas do
endocarpo, desinfestadas com solução fungicida, colocadas em sacos
plásticos contendo papel Germitest umedecido com água destilada e
levados à câmara fria para estratificação a 5ºC e 10ºC, alternando a
temperatura a cada 2 dias, quando as sementes foram observadas com a
finalidade de verificar o início da emissão da radícula. Foi computado o
ix
tempo (dias) necessário para as famílias atingirem 50% de germinação. Foi
utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro
repetições, sendo cada unidade experimental composta por 10 sementes.
Para a análise de frutos foram separadas amostras de 10 frutos, sendo
posteriormente, avaliadas as características coloração da epiderme (% de
vermelho da casca); textura (fundente e não-fundente); firmeza de polpa
(libras, ponteira de 8 mm); diâmetros sutural, equatorial e polar (mm);
massas do fruto, do caroço e da polpa; teor de sólidos solúveis totais dos
frutos (°Brix); acidez total titulável (expressa em equivalente grama de ácido
málico por 100 mL de suco) e relação teor de sólidos solúveis totais/acidez
total titulável (SST/ATT). Os dados foram submetidos à análise de variância,
utilizando-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, sendo
cada planta considerada como uma repetição e cada família como um
tratamento. As médias foram comparadas pelo teste de Duncan (p<0,05). As
famílias superiores selecionadas quanto ao menor tempo para germinação
de 50% das sementes foram a 2303, 4203, 4503 e 5303, considerando a
seleção entre. A seleção dentro de família indicou dois indivíduos dentro das
famílias 2303, 4203 e 5303 e um dentro da 4503 como promissoras para
utilização em programas de melhoramento para baixa necessidade de frio.
Considerando a seleção combinada, foram selecionados dois indivíduos
dentro das famílias 2303, 4203 e 5303 e um dentro das famílias 3503 e
4503, indicando adaptação às condições ambientais do local de cultivo,
principalmente em relação ao clima que é mais determinante para o sucesso
da cultura. Quanto à qualidade de fruto, analisando todas as características
em conjunto, a família que apresentou frutos mais atrativos para o consumo
“in natura” foi a 1303. A família 4503, que apresentou os melhores valores
para as caractesticas de fruto estudadas, exceto para coloração da
epiderme, foi selecionada quanto ao tempo de estratificação necessário para
superar a dormência das sementes. Consequentemente, esta família poderia
ser utilizada em hibridações para melhorar a coloração dos frutos, se
tornando uma boa opção para a região Sudeste do Brasil.
x
ABSTRACT
MATIAS, Rosana Gonçalves Pires, M.Sc. Universidade Federal de Viçosa,
February, 2010. Peach selection based on the seed chilling
requirement and fruit quality. Adviser: Claudio Horst Bruckner. Co-
advisers: Carlos Eduardo Magalhães dos Santos e Denise Cunha
Fernandes dos Santos Dias.
The peach [Prunus persica (L.) Batsch] is a temperate species that
can be grown in areas with mild winter climates by the use of adapted
genotypes. This species have dormant buds and seeds, and the exposure to
low temperatures is the main way to overcome dormancy in these two
organs. Generally, plants that have low chilling requirement to overcome
dormancy of buds produce seeds also with low chilling requirement to
germinate. The association between these two traits had been studied as a
way to select individuals with low chilling requirement based on the
requirements of the seed. However, it is necessary to understand better the
process of seed dormancy for realize this indirect selection. This work
consisted of two studies: i) the chilling requirement for germination of peach
was studied. Seeds were stratified at low temperature and the families were
compared for the time spent to reach 50% seed germination, and ii) the
quality of the fruit of families previously selected for the ability to sprout and
bloom were evaluated. The experiments were performed in the Department
of Plant Science, Federal University of Viçosa (UFV) from November 2008 to
March 2009. To assess germination, the fruits were harvested and the seeds
extracted from the endocarp and disinfected with a fungicide solution, placed
in plastic bags containing paper rolls moistened with distilled water and
brought to cold stratification at 5°C and 10°C, alternating temperature every 2
days, when the seed germination was checked.. The time (days) needed for
reaching 50% germination by each family was computed. A completely
randomized design with four replications was used, being each experimental
unit consisting of 10 seeds. For the fruit analysis, samples of 10 fruits were
evaluated for skin color (% red shell), texture (melting and non-melting),
firmness (lbs); diameters sutural, equatorial and polar (mm), fruit weight,
stone and pulp content, total soluble solids contents (Brix), total titatrable
acidity (expressed as grams of malic acid per 100 ml of juice) and soluble
xi
solids / total acidity ratio (TSS / TA). The data were subjected to analysis of
variance, as a completely randomized design, where each plant was
considered as a repetition and each family as a treatment. The means were
compared by Duncan test (p <0.05). The families selected wich earlier
reached 50% germination were the 2303, 4203, 4503 and 5303, considering
the selection among. Within the families there were selected two individuals
in the families 2303, 4203 and 5303 and one in the 4503 as promising for use
in low chilling requirement breeding programs. Considering the combined
selection, we selected two individuals in families 2303, 4203 and 5303 and
one in the 3503 and 4503 families, indicating adaptation to low chilling winter
conditions of cultivation, especially. The best fruit quality for fresh marked,
considering all evaluated traits was observed in the family 1303. The 4503
family, which showed the best values for the traits studied, except skin color,
was selected for low seed dormancy. So, this family could be used in crosses
to improve fruit color, becoming a good option for the Southeast of Brazil.
1
1.0. INTRODUÇÃO
O pessegueiro (P. persica L. Batsch) é uma espécie frutífera de clima
temperado, apresentando genótipos com capacidade de adaptação em uma
ampla faixa de condições ambientais, sendo cultivada em regiões de clima
temperado, subtropical e tropical de altitude (Silveira, 2003), em países
como China, Itália, Estados Unidos, Espanha, Grécia, França, Turquia,
Chile, Argentina, Brasil, África do Sul, Austrália, entre outros. No Brasil, a
cultura vem se expandindo tanto em área cultivada quanto em produtividade,
tendo em vista o grande potencial de mercado.
As geadas tardias na primavera são o principal fator limitante para a
produção de pêssegos nas zonas temperadas. Por outro lado, o frio
necessário às gemas vegetativas e floríferas, quando insuficiente, limita a
produção nas zonas subtropicais (SCORZA e SHERMAN, 1996). O
pessegueiro é uma planta adaptada às zonas temperadas e subtropicais,
necessitando de determinado acúmulo de frio hibernal para satisfazer seu
período de dormência e ter floração e brotação normais.
O requerimento de horas de frio hibernal para a grande maioria dos
cultivares de pessegueiro é de 600 a 1000 horas com temperatura abaixo de
7,2 C, sendo que existem cultivares que requerem menor tempo em baixas
temperaturas, necessitando em alguns casos menos de 100 horas de frio
(HERTER et al., 1997); tais cultivares são mais indicadas para o Sudeste
brasileiro.
O conhecimento do efeito do frio sobre a floração e brotação no
pessegueiro faz-se importante para obtenção de cultivares mais bem
adaptados a regiões de inverno peculiares e no zoneamento agroclimático,
buscando-se regiões onde esta espécie exprima seu máximo potencial
agronômico (CHAVARRIA, 2005).
Dois mecanismos estão envolvidos na dormência de sementes em
pessegueiro: dormência devido ao tegumento, com inibição na germinação,
e dormência devido ao embrião, que reduz o crescimento das plantas
emergidas (MARTÍNEZ-GÓMEZ e DICENTA, 2001). O período de
estratificação afeta a percentagem de germinação e o crescimento inicial da
2
muda. O tempo de permanência em baixas temperaturas deve ser aquele
necessário para a eliminação dos inibidores presentes no embrião, de modo
a garantir satisfatório crescimento da muda. Em condições de inverno
ameno, o frio deve ser fornecido artificialmente, mediante estratificação, para
que a semente supere a dormência. É comum a retirada do endocarpo antes
da estratificação, o que facilita a absorção de água pela semente.
De acordo com MEHANNA e MARTIN (1985); MARTÍNEZ-GÓMES e
DICENTA (2001) a dormência devido ao tegumento é considerada de
natureza física-hormonal. A estratificação por pequenos períodos resulta em
mudas com crescimento bastante reduzido, internódios curtos e folhas
deformadas, devido à ação de inibidores presentes no embrião (MARTÍNEZ-
GÓMES e DICENTA, 2001). A contribuição do tegumento da semente
parece ser pequena em relação à dormência devido ao embrião. Sementes
de pessegueiro estratificadas com ou sem tegumento necessitam de mesmo
período de estratificação, para a obtenção de mudas com máximo
crescimento (MARTÍNEZ-GÓMES e DICENTA, 2001).
É geralmente assumido que as bases para dormência de gemas e de
sementes de pessegueiro são similares, ou seja, plantas com baixa
necessidade de frio produzem sementes que também tem baixo
requerimento em frio, e que plantas com alta necessidade de frio produzem
sementes com alta necessidade de frio para a quebra de dormência
(KESTER, 1969).
Alguns trabalhos foram realizados em diferentes espécies de clima
temperado buscando estabelecer a correlação entre a necessidade de frio
para a superação da dormência das gemas e das sementes, tanto entre as
gemas dos genitores com as sementes obtidas (WESTWOOD e
BJORNSTAD, 1968; KESTER, 1969; MEHLENBACHER e VOORDECKERS,
1991; WAGNER JÚNIOR, 2007) como entre as sementes e as plantas
resultantes destas (RODRIGUES e SHERMAN, 1985; MEHLENBACHER e
VOORDECKERS, 1991). A seleção de genótipos com baixa necessidade de
frio com base na dormência das sementes é interessante, reduzindo o custo
e o tempo do processo de seleção.
Tecidos maternos (tegumento e endocarpo) parecem controlar a
germinação de sementes de pessegueiro e outras espécies de clima
3
temperado (CHAO e WALKER, 1966; DU TOIT et al., 1979; MARTÍNEZ-
GÓMES e DICENTA, 2001). No entanto, o efeito do genitor masculino
também foi relatado. KESTER (1969) estudou o efeito de genitores
masculinos na dormência de sementes obtidas de híbridos específicos de
Prunus dulcis e interespecíficos de Prunus dulcis x Prunus persica e
RODRIGUEZ e SHERMAN (1985), de pessegueiros e nectarineiras. Em
todos esses trabalhos, foram notados efeitos do genitor masculino, embora
nem sempre existiu correlação entre o requerimento em frio do genitor com o
requerimento em frio da semente.
Para WAGNER JÚNIOR (2007), se a existência de variabilidade
quanto ao requerimento em frio para germinação de sementes de
pessegueiro for devido ao genótipo do embrião, poderá indicar a viabilidade
de se realizar seleção durante a estratificação para a necessidade de frio da
planta, desde que exista correlação entre a necessidade de frio para a
superação da dormência da semente e da planta resultante.
RODRIGUEZ e SHERMAN (1985) estudaram a possibilidade de usar
a necessidade de frio da semente como indicativo da necessidade em frio da
planta dela originária. Estes autores encontraram uma correlação baixa, mas
significativa (r = 0,21), entre a necessidade em frio da semente e da
respectiva planta resultante. No referido trabalho, a exigência em frio da
planta foi estimada com base na data de floração.
RASEIRA et al. (1998), fizeram similar estudo obtendo a mesma
conclusão. Nesse trabalho, o acúmulo de frio durante a estratificação foi
observado individualmente para cada semente, até o início da germinação, e
então, comparado com a planta resultante a campo.
Em 1986, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) iniciou o programa
de melhoramento genético de pessegueiro visando à obtenção de cultivares
de mesa adaptados às condições edafoclimáticas da região. Dentro deste
programa espera-se selecionar, em populações segregantes derivadas de
hibridações, genótipos favoráveis, ou seja, que produzam frutos de boa
qualidade e tenham baixa necessidade de frio para superar o período de
dormência (ALBUQUERQUE et al., 2000).
A existência de variabilidade genética para a necessidade de frio é
fator determinante para o sucesso dos programas de melhoramento que
4
visam criar cultivares adaptados às condições de inverno subtropical
(CITADIN et al., 2001).
ALBUQUERQUE et al. (2000) avaliaram características fenológicas
das plantas e de qualidade de fruto da coleção de germoplasma de
pessegueiro da UFV e indicaram como promissores para hibridações os
cultivares Alô Doçura, Aurora 1, Aurora 2, Campinas 1, Centenária,
Centenário, Cristal, Josefina, Maravilha, Marli, Okinawa, Ouromel, Premier,
Régis, Relíquia, Real, Rubrossol, Setembrino, Talismã e Tropical.
SILVA (2008), estudando a influência do genótipo do embrião na
necessidade de frio para a quebra de dormência de sementes de
pessegueiro, observou que sementes do híbrido „Campinas 1‟ x „Miraflores‟
necessitaram de maior tempo para germinação em relação a sementes
resultantes da autopolinização natural de „Campinas 1‟. A influência do
genitor masculino „Miraflores‟, de alta necessidade em frio hibernal, mostrou
que a necessidade de frio para a quebra da dormência da semente é
controlada pelo genótipo do embrião da semente, ou seja, do zigoto, o que
indica que o processo poderá ser empregado na seleção precoce de plantas
com baixa necessidade de frio.
De maneira geral, a produção de pêssego na região Sudeste está
voltada para o mercado „in natura‟. Logo, a qualidade do fruto é de vital
importância para que o produto atinja uma cotação melhor, resultando numa
melhor remuneração ao produtor. O melhoramento genético foi capaz de
desenvolver cultivares adaptados a climas de inverno ameno (RASEIRA e
NAKASU, 2002), mas a qualidade dos frutos desses cultivares tem de ser
melhorada.
Este trabalho teve como objetivos: i) efetuar seleção de genótipos para
a região Sudeste com base na necessidade de frio para germinação das
sementes; ii) avaliar a qualidade de frutos de plantas selecionadas
anteriormente quanto à capacidade de brotação.
5
2.0. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. A cultura do pessegueiro
O pessegueiro pertence à família Rosaceae, subfamília Prunoidea,
gênero Prunus (L.) e subgênero Amygdalus. Todos os cultivares pertencem
à espécie Prunus persica (L.) Batsch. Seu número cromossômico é 2n=16,
x=8 (KNOWLTON, 1924).
É originário da China, onde se encontra em estado silvestre e
apresenta a sua máxima diversidade genética. Porém, foi cultivado na Pérsia
(atual Irã) antes de ser introduzido na Europa, de onde veio para a América
e, por essa razão, a denominação da espécie (pérsica) (HEDRICK, 1917).
São conhecidas três variedades botânicas, pertencentes à espécie P.
persica (L.) Batsch: vulgaris; nucipersica e platicarpa. A variedade vulgaris
inclui a maioria dos cultivares de valor econômico para consumo, sob a
forma de fruta fresca ou conserva, podendo ser de polpa branca ou amarela,
ser mais ou menos fibrosa. Os frutos apresentam pilosidade na casca. A
variedade nucipersica produz frutos com epiderme glabra (sem pelos) e,
geralmente, muito colorida, denominadas nectarinas ou pêssegos pelados, a
ausência de pelos deve-se a um fator genético recessivo. A variedade
platicarpa produz frutos achatados, conhecidos por pêssegos chatos, não
sendo explorados no Brasil. Em alguns países tem havido interesse na
exploração desta variedade.
O pessegueiro é uma árvore perene que atinge de quatro a seis
metros de altura quando deixado crescer livremente (SACHS e CAMPOS,
1998).
As raízes são em princípio pivotantes. Após algum tempo, ramificam-
se lateralmente e tornam-se numerosas, extensas e pouco profundas. A
zona de exploração do sistema radicular vai muito am da área de projeção
da copa, atingindo pelo menos o dobro dessa superfície, e é tanto maior
quanto menor for a disponibilidade de água do solo (MEDEIROS e
RASEIRA, 1998). É uma espécie que não tolera competição.
Os ramos são no início verdes, passando à coloração marrom à
medida que envelhecem. De acordo com a distribuição das flores, eles são
6
classificados em mistos, brindilas, dardos e ladrões. Os ramos mistos são
portadores de gemas de flor e vegetativas, sendo que em muitos cultivares e
plantas jovens, eles contribuem de forma significativa para a produção. As
brindilas possuem predominância de gemas de flor, terminando tanto com
gemas vegetativas como de flor. Os dardos são raminhos curtos com gema
apical vegetativa e numerosas gemas de flor (EMBRAPA, 1984). O
pessegueiro é uma fruteira que produz em ramos do ano anterior.
As folhas, duas a quatro por gema ou nó, são do tipo completas,
oblongas, lanceoladas, com pecíolos curtos. Suas dimensões são
geralmente, 40-50 mm de largura e 140-180 mm de comprimento. As
margens da lâmina foliar podem ser serrilhadas, crenadas ou dentadas
(SACHS, 1984).
As flores são perfeitas e auto-férteis, com elevada taxa de germinação
do grão de pólen. O florescimento ocorre de meados de julho a final de
agosto, dependendo da variedade e da exigência quanto ao frio hibernal.
Cultivares pouco exigentes em frio vão florescer mais rapidamente do que os
mais exigentes.
O fruto é uma drupa carnosa, com endocarpo de tamanho variável, de
forma ovoidal achatada e superfície acanalada, podendo ser encontrado em
seu interior uma ou duas sementes (CHALFUN JÚNIOR, 1999).
O crescimento dos frutos segue uma curva sigmoidal dupla, que inclui
três estádios distintos de crescimento: o estádio 1, que ocorre logo após o
início do desenvolvimento do fruto, com predomínio da divisão e
multiplicação celular, este estádio dura aproximadamente quatro semanas; o
estádio 2, no qual ocorre crescimento lento do fruto, com lignificação do
endocarpo (endurecimento do caroço) e crescimento do endosperma e o
estádio 3, fase na qual a expansão celular recomeça na polpa (mesocarpo).
A fruta continua a aumentar de tamanho até alcançar a completa
maturidade, depois da qual o crescimento diminui marcadamente e,
finalmente, para (LAHUE e JOHNSON, 1989).
O pessegueiro apresenta dormência, durante a qual as plantas não
demonstram crescimento visual, mas as atividades metabólicas continuam,
embora com intensidade reduzida, permitindo que as plantas resistam a
baixas temperaturas, mesmo inferiores a 0°C (PETRI et al., 1996).
7
Existem várias definições de dormência. Entretanto, tem sido aceita a
definição geral de dormência como a paralisação do crescimento da planta
ou órgão, que, por sua vez, pode ser dividida em paradormência,
ecodormência e endodormência (LANG, 1987). A paradormência é
controlada por fatores fisiológicos fora da estrutura em que a dormência se
manifesta, como o efeito da dominância apical sobre as gemas basais. a
ecodormência vem associada com fatores ambientais que, isolados ou em
conjunto, são limitantes para o crescimento, como seca, temperaturas
extremas, falta de luz etc. Na endodormência, o crescimento é inibido por
fatores endógenos da planta, regulados por influências ambientais.
O conhecimento da endodormência é importante para a fruticultura de
clima temperado. O mecanismo fisiológico envolvido é bastante complexo e
não está totalmente elucidado.
A entrada em endodormência é influenciada pelas condições de
fotoperíodo e temperaturas decrescentes, que levam as folhas a produzir
inibidores de crescimento (principalmente ácido abscísico). Esses inibidores
vão se formando e acumulando, reduzindo o crescimento dos ramos, que
passam a ter internódios mais curtos, até a queda das folhas, cessando
completamente o crescimento dos ramos. Com a queda das folhas, cessa a
produção dos inibidores. Com a ação do frio, no inverno, ocorre a redução
gradativa dos inibidores de crescimento e a formação de promotores de
crescimento, até que a endodormência seja quebrada e a planta entre
novamente no seu ciclo de crescimento (LAVEE, 1973).
As sementes de pessegueiro também apresentam dormência, sendo a
estratificação a frio, com adequada umidade, o principal método usado para
superação deste mecanismo fisiológico, o que as tornam metabolicamente
ativas e aptas para iniciarem a germinação (CHALFUN & HOFFMANN,
1997; HARTMANN et al., 1990; MONET, 1983). O frio desencadeia
mecanismos internos modificando a natureza e o nível de fitohormônios
envolvidos no controle dos processos de dormência-germinação (CAMPANA
et al., 1993).
O pêssego é um fruto com mesocarpo polposo e endocarpo lenhoso,
que funciona como uma barreira física à germinação. Normalmente, antes
de submeter o material ao frio retiram-se mecanicamente as sementes do
8
endocarpo visando acelerar o processo de germinação durante a
estratificação (TOIT et al., 1979; MARTÍNEZ-GÓMEZ & DICENTA, 2001).
TOIT et al. (1979) verificaram maior porcentagem de germinação em
sementes de pessegueiro “Kakamas” quando o endocarpo foi removido.
O período de dormência das sementes de espécies frutíferas de clima
temperado é fortemente influenciado pelas características genéticas e por
temperaturas variando entre C a C (DENNIS JÚNIOR, 1987; EREZ &
LAVEE, 1971). Para SEELEY & DAMAVANDY (1985), sementes de
pessegueiro devem ser estratificadas entre C e 10°C para superar a
endodormência. Segundo PÉREZ-GONZÁLEZ (1997), as temperaturas mais
eficientes para superação de dormência das sementes de pessegueiro,
variam entre 2°C e 6°C.
Entretanto, a manipulação da temperatura pode acelerar o término dos
processos de endodormência (SEELEY et al., 1998). KOSLOWKI &
PALLARDY (1997), ressaltam que temperaturas alternadas podem favorecer
o processo germinativo. WAGNER JÚNIOR et al., 2007 observaram que as
sementes de pessegueiro estratificadas em temperatura alternada de 5°C e
10°C, a cada dois e sete dias, iniciaram a superação da endodormência
mais rapidamente quando comparada com sementes submetidas à
temperatura constante de 5°C.
Considera-se que existe a necessidade de frio para que a planta saia da
endodormência e retome o crescimento vegetativo e existem diferenças
entre espécies e variedades dentro das espécies, o que permite a seleção
de cultivares com baixa exigência em frio hibernal, usadas nas regiões
subtropicais.
A não ocorrência de frio em qualidade e quantidade suficientes e,
conseqüentemente, a não eliminação da dormência, altera totalmente o
comportamento e desenvolvimento destas plantas. Normalmente, quando
isto acontece o ciclo de desenvolvimento pode ser alterado, ocorrendo maior
período de crescimento vegetativo e reduzido período de plantas sem folhas,
além de que a qualidade dos frutos e a produção ficam comprometidas.
O cultivo do pessegueiro e outras plantas de clima temperado em
regiões subtropicais requer o uso de cultivares pouco exigentes em frio
9
hibernal, além de práticas culturais adequadas, incluindo poda e tratamentos
químicos capazes de estimular a brotação das gemas.
A cultura do pessegueiro apresenta considerável importância mundial.
Segundo dados da FAO, em 2007 a produção mundial de pêssegos e
nectarinas situou-se em torno de 17,4 milhões de toneladas ano
-1
. Os quatro
maiores produtores mundiais foram China (8.028.435 toneladas ano
-1
), Itália
(1.718.938 toneladas ano
-1
), Espanha (1.159.300 toneladas ano
-1
) e Estados
Unidos (1.009.460 toneladas ano
-1
). O Brasil aparece em décimo terceiro
lugar, produzindo 185.959 toneladas ano
-1
.
A produção brasileira é destinada para atender o mercado de consumo
in naturae das indústrias conserveiras (CHALFUN e HOFFMANN, 1997).
Em 2006 o Estado do Rio Grande do Sul foi o maior produtor nacional desta
fruta com 86.901 toneladas (43,5% da produção). Em segundo lugar veio
São Paulo com 44.379 toneladas, seguido por Santa Catarina (27.318
toneladas), Minas Gerais (26.743 toneladas), Paraná (14.241 toneladas),
Espírito Santo (98 toneladas) e Rio de Janeiro (39 toneladas) (AGRIANUAL,
2009). O Brasil importou neste mesmo ano, cerca de 10.695 e 7.051
toneladas de frutas destinadas ao mercado de frutas frescas e de pêssegos
em calda, respectivamente. Observa-se assim, grande potencial de mercado
em nosso país para esta cultura, uma vez que a produção nacional ainda
não atingiu volume suficiente para atender à demanda interna.
Observa-se que o Sudeste brasileiro possui as regiões menos
significativas de produção quando comparadas com o Sul, possuindo em
2006, aproximadamente 3.154 hectares de área colhida contra 19.299
hectares, respectivamente (AGRIANUAL, 2009). Contudo, ele apresenta as
maiores produtividades e as melhores condições para produção precoce,
mediante o uso de variedades de baixa exigência em frio hibernal e
tecnologia de produção adequada.
2.2. Melhoramento genético do pessegueiro
Os programas de melhoramento de plantas têm tido objetivos
específicos. Em geral sua missão é elevar o valor econômico das espécies
(BORÉM e MIRANDA, 2005).
10
De acordo com VIEIRA et al. (2005), vários esforços estão sendo
feitos na área fitotécnica e de melhoramento genético, visando uma efetiva
melhoria da produtividade, o desenvolvimento de variedades resistentes e a
melhor aceitação do produto.
Segundo NEGREIROS et al. (2007), a avaliação da produtividade é
essencial no melhoramento genético de plantas. Entretanto, nas espécies
frutíferas, am da produtividade, a qualidade dos frutos é de grande
importância, por determinar a aceitação do produto e influenciar o seu preço.
O pessegueiro é uma espécie que tem sido muito estudada e
melhorada geneticamente, tendo sido obtidos importantes avanços no seu
conhecimento (RUBIO et al., 1997).
Entre os métodos de melhoramento genético utilizados nesta cultura
destaca-se a hibridação, seguida pelo plantio das mudas originárias das
sementes deste processo, geralmente em condições adensadas com 0,5 m
entre plantas e 3,0 m entre linhas. Posteriormente procede-se à seleção de
indivíduos geneticamente superiores na população segregante.
Os programas de melhoramento genético do pessegueiro
desenvolvidos no Brasil são responsáveis por cerca de 90% dos cultivares
plantados no país. Os programas criados pelo Instituto Agronômico, em
Campinas (SP) e pela Embrapa Centro de Pesquisa Agropecuário de
Clima Temperado, em Pelotas (RS), foram os primeiros desenvolvidos no
Brasil, com início em 1947 e 1953, respectivamente (BRUCKNER, 1987;
BARBOSA et al., 1999). Estes programas são até hoje considerados de
maior importância nacional, pois trouxeram as maiores contribuições ao
cultivo desta espécie no país. O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR),
iniciado em 1972, também atua no melhoramento genético do pessegueiro.
Cerca de 10% dos cultivares plantados no Brasil são introduções de outros
paises, como Flordaprince, um cultivar de pêssego selecionado na Flórida,
EUA, que encontrou boa adaptação nas condições climáticas de inverno
brando do Estado de São Paulo.
As seleções dentro dos programas de melhoramento desta fruteira
baseiam-se em características relacionadas com o potencial de colheita e
qualidade do fruto, com a finalidade de satisfazer as necessidades de
mercado, como também sua adaptação a distintas condições climáticas
11
(geadas tardias, requerimento em frio etc). Um exemplo é o novo cultivar
lançado pela Embrapa em agosto de 2009, denominado „Kampai‟
(RASEIRA, 2010), que apresenta baixa exigência em frio e bom sabor das
frutas mesmo com a precocidade de maturação.
A época de produção é outro fator muito importante considerado nos
programas de melhoramento. A persicultura no estado de São Paulo, até o
início dos anos sessenta, era baseada em poucos cultivares, cuja safra
ocorria basicamente de novembro a início de janeiro. Com a utilização de
cultivares precoces e tardios é possível estender a safra de agosto até
janeiro/fevereiro (BARBOSA et al. 1990), aumentando a oferta de frutos ao
longo do tempo e reduzindo os gastos com armazenamento.
2.2.1. Frio hibernal
O frio tem dupla função sobre o mecanismo da dormência das fruteiras
de clima temperado. Ele induz a entrada e a saída deste fenômeno, a fim de
permitir a brotação (PUTTI, 2001).
A exigência de maior ou menor acúmulo de frio hibernal é variável de
acordo com a espécie, cultivar, estado nutricional, além do tipo de gema e
de sua localização na planta.
PEDRO JÚNIOR et al. (2007), avaliando a época de florescimento de
41 acessos de pessegueiros e nectarineiras existentes no Banco Ativo de
Germoplasma (BAG) de prunoideas, em Capão Bonito-SP, relacionaram-na
com o Número de Horas de Frio (NHF) abaixo de 7,2 e 13ºC. Os acessos do
referido BAG foram separados por meio de análise de “cluster”, resultando
na identificação de quatro grupos distintos para pessegueiros, em relação a
épocas de florescimento (até 10-07; 11-07 a 20-07; 21-07 a 31-07 e após 1º-
08), e três para nectarineiras (até 10-07; 11-07 a 20-07 e após 20-07).
Dentre esses grupos, o mais precoce apresentou florescimento antes de 10
de julho, com exigência inferior a 40 e 500 NHF abaixo de 7,2 e 13ºC,
respectivamente, para pêssego (IAC 2485-6, IAC 680-13 e Régis) e
nectarina (IAC N 785-9). O grupo mais tardio para pêssegos (Eldorado,
Diamante, Arlequim, Bolão e Marli) apresentou florescimento após 1º de
agosto, necessitando de mais de 70 e 650 NHF abaixo de 7,2 e 13ºC,
respectivamente. Os principais cultivares de pêssego cultivados em São
12
Paulo (Aurora-1, Douradão e Dourado-1) floresceram entre 11 e 20 de julho
com NHF entre 41 a 50 abaixo de 7,2ºC e entre 501 a 560 abaixo de 13ºC.
Segundo HAUAGGE (2000), existem dois fatores principais que
determinam a adaptação de fruteiras de clima temperado em regiões
quentes, sendo o primeiro a capacidade de um dado cultivar brotar,
florescer, produzir frutos, crescer satisfatoriamente, naturalmente ou sob
práticas especiais e, segundo, a habilidade de produzir frutos de qualidade
em temperaturas na maioria das vezes superiores à ótima. O primeiro fator é
determinado, principalmente, pela necessidade de frio da espécie/cultivar.
Em ambos os casos, geralmente, existe variabilidade que pode ser
recombinada através do melhoramento genético.
O germoplasma de baixa necessidade de frio utilizado nos programas
mundiais de melhoramento de pessegueiro foi obtido principalmente do Sul
da China e de algumas seleções locais adaptadas encontradas em toda a
América Latina e África do Sul. O progresso alcançado no melhoramento
genético do pessegueiro para regiões subtropicais tem sido altamente
significativo. Como conseqüência, a produção de pêssegos para indústria e
para consumo in natura estendeu-se para novas áreas em regiões
subtropicais e ampliou o período de oferta (SHERMAN et al. 1996;
BARBOSA et al. 1997; RASEIRA e NAKASU, 1998; BYRNE e BACON,
1999).
A contribuição da pesquisa até o presente foi da mais alta relevância,
pois, além de modernizar as técnicas de cultivo, estendeu, de 20 para cerca
de 100 dias a época de colheita no Sul do Brasil, através da criação de
diversos cultivares, principalmente de maturação precoce (RASEIRA et al.,
1992).
BARBOSA et al. (1990) determinaram a época e o ciclo de maturação
de vinte cultivares de pêssegos e nectarinas no Estado de São Paulo. Com
base nos resultados obtidos, elaborou-se nova tabela classificatória para
ciclos de frutificação, na qual os cultivares distribuem-se desde os
ultraprecoces (ciclo ≤ 74 dias, da florada à maturação dos frutos) até os bem
tardios ( 180 dias), os quais suprem o mercado de agosto a
janeiro/fevereiro. O inverno menos rigoroso permite florescimetno mais
precoce no Sudeste, antecipando conseqüentemente a colheita em relação
13
às áreas mais frias. Contudo, o pêssego produzido no Sudeste brasileiro,
embora de ótimo sabor, não raro deixa a desejar em tamanho, aparência,
firmeza e conservação.
2.2.2. Qualidade de fruto
A cultura do pessegueiro apresenta grande importância nacional e
mundial. No Brasil, é explorada visando à produção de frutos para consumo
in natura e também para o processamento industrial (RODRIGUES et al.,
1999).
O Sudeste apresenta as melhores condições para produção precoce,
mediante o uso de variedades de baixa necessidade de frio hibernal e
tecnologia de produção adequada. A produção desta região está direcionada
ao mercado in natura”, ou seja, frutos de mesa. Logo, a qualidade do fruto é
de vital importância para que o produto atinja cotação melhor, resultando em
maior remuneração ao produtor (ARAUJO, 2004).
A relação entre o teor de sólidos solúveis totais e a acidez e a
aparência visual exercem papel importante na aceitação do consumidor,
como é descrito para outras frutas, como uva de mesa (CRISOSTO et al.
2002) e manga (MALUNDO et al., 2001). Por exemplo, em pêssegos e
nectarinas, o consumidor prefere frutas com epiderme de vermelho intenso a
vermelho suave (BRUHN, 1995). Existe a tendência de maior valorização de
frutos com epiderme mais avermelhada no mercado in natura
(ALBUQUERQUE et al., 2000). Esta coloração mais avermelhada é formada
por pigmentos flavonóides, denominados antocianinas (ALMEIDA, 2006).
Nos cultivares para consumo in natura plantados no Sudeste, um
problema que se destaca é a pouca firmeza da polpa e, conseqüentemente,
menor resistência ao transporte e menor vida de prateleira. O problema da
falta de firmeza da polpa é especialmente acentuado nos pêssegos doces e
de polpa branca, preferidos pelo mercado brasileiro (EMBRAPA-CNPFT,
1984).
Atualmente, existe a tendência de se desenvolver cultivares de
pêssegos com textura de polpa não-fundente para consumo “in natura”,
especialmente aqueles de maturação precoce, visando aumentar a
14
resistência do fruto ao manuseio e transporte (BARBOSA et al., 1999;
RASEIRA e NAKASU, 2000, GIOVANNINI et al., 2006).
2.3. Seleção entre e dentro e combinada
De acordo com MARTINS et al. (2005), a possibilidade de predição
de ganhos obtidos por uma dada estratégia de melhoramento constitui uma
das mais importantes contribuições da genética quantitativa ao
melhoramento das culturas em geral. Existem vários métodos de seleção
genética. Alguns são complementares, outros concorrentes, e a escolha
depende das magnitudes e sentidos dos ganhos genéticos conseguidos e da
facilidade de aplicação dos mesmos.
A seleção de indivíduos que reúnam diversas características
desejáveis é difícil, considerando que os efeitos da seleção para uma
característica podem interferir em outras. Com isso, conseguir quantificar os
ganhos com a seleção torna-se uma ferramenta muito importante em
programas de melhoramento (CAVASSIM e BORÉM, 1999). A utilização de
genótipos melhorados para outras características agronômicas de
interesse é um passo à frente.
Segundo FALCONER (1987), a seleção causa mudanças nas
freqüências gênicas e conseqüentemente na freqüência genotípica. As
mudanças de freqüências gênicas resultantes da seleção são mais fáceis de
descrever que as resultantes de mutação, porque as diferenças de
adaptação que possibilitam a seleção constituem um aspecto do fenótipo.
Existem diferentes métodos de seleção e a escolha do melhor
método vai depender dos objetivos do melhorista.
No método de seleção massal as plantas superiores são
selecionadas com base no fenótipo, não sendo feitos testes de progênie. Por
isso, este método é altamente influenciado pelo ambiente. a seleção
massal estratificada tem por objetivo melhor controle ambiental, dividindo-se
a área em estratos e praticando a mesma intensidade de seleção em cada
estrato.
De acordo com CRUZ e CARNEIRO (2006), a seleção direta entre e
dentro de famílias é interessante, pois favorecem tanto as melhores famílias
quanto os melhores indivíduos dentro das famílias. Neste método as famílias
15
genitoras não estão envolvidas no processo de recombinação que se segue,
mas sim sua descendência.
Alternativamente a este tipo de seleção tem-se a seleção
combinada, que visa priorizar o mérito individual, com informações
complementares relativas aos valores apresentados pelas suas respectivas
famílias. Uma das críticas que se faz à seleção entre e dentro de famílias é o
fato de indivíduos superiores de famílias com desempenho intermediário,
bem como indivíduos intermediários de famílias superiores, às vezes não
serem incluídos na recombinação para populações melhoradas. A seleção
combinada é feita com base no desempenho individual associado ao
desempenho da família em um único estádio. MARTINS et al. (2005)
complementam que, pela natureza de obtenção, a seleção combinada é
mais rica e, normalmente, leva a resultados mais satisfatórios que a seleção
entre e dentro.
3.0. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local dos experimentos
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Análise de
Frutas e no Galpão Pós-colheita do Setor de Fruticultura, Departamento de
Fitotecnia, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), localizada no
município de Viçosa, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, a 20°45‟S,
42°51‟O e 649 m de altitude que possui clima subtropical úmido, com
inverno frio e seco e verão quente e úmido, classificado como Cwa tropical.
Os experimentos foram realizados no período de novembro de 2008 a
março de 2009. Os frutos e sementes utilizados foram obtidos de plantas do
pomar da Fazenda Experimental de Araponga, localizada no município de
Araponga-MG, distante 51 km do município de Viçosa. A área experimental
situa-se nas coordenadas 20°40‟S e 42°31‟O, com altitude de 885 m. O
clima da região segundo o modelo proposto por Köppen, é classificado como
Cwb (ANTUNES, 1986). Segundo esta classificação trata-se de clima
subtropical/tropical de altitude com inverno seco e verão quente, temperatura
16
média do ar no mês mais quente inferior a 22°C; temperatura média do ar
dos três meses mais frios compreendidas entre -3°C e 18°C.
3.2. Obtenção das progênies
Foram utilizadas 17 progênies F2 (famílias) de pessegueiro
pertencentes ao Programa de Melhoramento Genético do Pessegueiro
(Prunus persica) da UFV, contendo de 3 (três) a 60 (sessenta) plantas em
cada progênie, totalizando 515 indivíduos (Tabela 1). Essas progênies são
resultantes da autopolinização natural das plantas F
1
, que por sua vez foram
obtidas do cruzamento entre oito genótipos de pessegueiros e nectarineiras,
e selecionadas anteriormente com base na capacidade de brotação (SILVA,
2008). Entre esses genótipos encontram-se cultivares de baixa e média
necessidade de frio, lançados pelo Instituto Agronômico de Campinas - IAC
e Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado -
CPACT/EMBRAPA.
Tabela 1 Relação das progênies, número de plantas por família avaliadas
e sua genealogia. Universidade Federal de Viçosa, 2009.
PROGENITORES
F
1
F
2
(Famílias)
plantas/
família
Real
Colibri
3/88.15
403
44
Real
Colombina
10/89.1
1303
22
Biuti
Maravilha
10/88.3
2303
41
Biuti
Rubrossol
12/89.3
3303
36
Real
Colibri
3/88.21
3503
14
Real
Colibri
3/88.27
3903
17
Real
Colibri
3/88.26
4203
12
Campinas 1
Premier
8/88.13
4303
72
Campinas 1
Premier
8/88.13
4503
3
Campinas 1
Premier
8/88.1
5303
60
Biuti
Maravilha
10/88.10
5603
53
Campinas 1
Premier
8/88.1
6603
13
Real
Colibri
3/88.1
7103
11
Real
Colibri
3/88.1
7203
51
Real
Colibri
3/88.1
8003
14
Campinas 1
Premier
8/88.7
9003
26
Real
Colibri
3/88.18
9703
26
17
O pomar foi implantado em novembro de 2004 na Fazenda
Experimental de Araponga, em espaçamento de 3,5 m entre linhas e 0,5 m
entre plantas. Foram realizados todos os tratos culturais normalmente
recomendados para a cultura, porém sem fazer uso de irrigação, nem
aplicação de substâncias para a quebra de dormência.
3.3. Experimento 1 Seleção de genótipos com base na necessidade
de frio para germinação das sementes
Os frutos para a obtenção das sementes foram coletados na fazenda
experimental da UFV em Araponga, em novembro e dezembro de 2008,
quando se encontravam no ponto de colheita, usando como critério a
coloração de fundo na tonalidade amarelo-claro (DELWICHE e
BAUNGARDNER, 1985). Em seguida, foram levados para o Galpão Pós-
Colheita da UFV, onde foram despolpados manualmente e os endocarpos
lavados para evitar a fermentação. Estes foram deixados secar a sombra e
armazenados em temperatura ambiente por 60 dias.
Em janeiro de 2009 as sementes foram extraídas do endocarpo
aplicando-se uma leve pressão no sentido transversal do endocarpo com o
auxílio de uma pequena morsa.
Após a extração, as sementes foram desinfestadas com solução
fungicida (CERCOBIN
®
700 PM 10g/L), mergulhando-as na solução por
aproximadamente três segundos. Em seguida, foram colocadas sobre papel
Germitest 10 x 10 cm embebido em água destilada contidos em sacos
plásticos individuais de 10 x 15 cm. Os sacos plásticos foram selados,
colocados em envelopes de papel, fechados, organizados em caixas
plásticas e levados à câmara fria para estratificação a 5ºC e 10ºC, na
ausência de luz, alternando a temperatura a cada 2 dias.
As sementes foram observadas a cada 2 dias com a finalidade de
verificar o início da emissão da radícula, até se obter 50% das sementes de
cada família germinadas. Na oportunidade, a umidade do papel Germitest
era observada e, quando necessário, injetava-se água destilada nos sacos
plásticos com auxílio de seringa hipodérmica para manutenção da umidade.
Foi computado o tempo (dias) necessário para as sementes atingirem
50% de germinação.
18
Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado,
com quatro repetições, sendo cada unidade experimental composta por 10
sementes. As famílias foram comparadas quanto ao tempo até atingir 50%
de germinação, selecionando-se 20% das famílias de germinação mais
precoce. Dentro das famílias selecionadas, foram selecionadas as plantas
resultantes dos 50% iniciais de germinação.
3.3.1. Ganhos por seleção
As estimativas de ganho por seleção foram feitas de acordo com o
modelo abaixo. O estimador escolhido foi baseado no diferencial de seleção:
GS
x
= DS
x
h
2
= (X
s
X
o
) h
2
Em que:
GS
x
= ganho direto previsto na variável X;
DS
x
= diferencial de seleção da variável X;
h
2
= herdabilidade no sentido amplo, da variável X;
X
s
= média da população selecionada para a variável X;
X
o
= média da população inicial para a variável X
O ganho percentual de seleção foi estimado pela seguinte equação:
GS
x% =
(GS
x
*100)/ X
o
3.3.2. Herdabilidade
Os ganhos de herdabilidade foram estimados no sentido amplo,
através da razão entre as variâncias genopicas e fenotípicas. Esse
coeficiente indica a magnitude relativa da variância genotípica disponível a
ser explorada pela técnica seletiva, e foi estimada pelo seguinte modelo:
H
2
= σ
2
g
/ σ
2
p
A predição dos ganhos foi realizada de forma que se procurou obter
famílias com o menor tempo (dias) gasto para a germinação das sementes,
19
o que indica menor necessidade de frio para superação da dormência. Para
estudo da variação entre plantas, foi simulada a seleção entre e dentro e a
seleção combinada, utilizando-se o programa GENES (CRUZ, 2001; versão
2007).
3.4. Experimento 2 - Avaliação da qualidade de frutos
Os trabalhos foram realizados no Laboratório de Análise de Frutas do
Departamento de Fitotecnia, da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG.
Os frutos foram coletados maturos de progênies F2 de pessegueiro
pertencentes ao Programa de Melhoramento Genético do Pessegueiro (P.
persica) da UFV.
Para a análise de frutos foram separadas amostras constituídas por
10 frutos, sendo posteriormente, avaliadas as características coloração da
epiderme (% de vermelho da casca); textura (fundente e não-fundente);
firmeza de polpa (libras); diâmetros sutural, equatorial e polar (mm); massas
do fruto, do caroço e da polpa; teor de sólidos solúveis totais dos frutos
(°Brix); acidez total titulável (expressa em equivalente grama de ácido málico
por 100 mL de suco) e relação teor de sólidos solúveis totais/acidez total
titulável (SST/ATT).
A coloração da epiderme foi avaliada visualmente atribuindo-se
valores de porcentagem, variando de 0 a 100% de vermelho, de acordo com
a pigmentação do fruto. A textura foi avaliada manualmente de forma
subjetiva, realizando-se pequena compressão com o polegar na polpa dos
frutos, sendo considerados não-fundentes aqueles em que não mantiveram
aprofundamento da polpa após compressão manual. A firmeza foi
determinada em faces opostas na região equatorial de cada fruta, realizada
após a remoção da epiderme, através de penetrômetro manual Effe-Gi,
modelo FT-011, ponteira de 8 mm de diâmetro, colocado em suporte
metálico adaptado. Os resultados foram expressos em libras. Utilizou-se
paquímetro digital, marca Mitutoyo DL-10, para as avaliações dos diâmetros
sutural (distância máxima transversal do fruto, desde a sutura até a parte
oposta), equatorial (distância máxima transversal do fruto, medida
perpendicularmente a zona da sutura, ou seja, a distância entre as duas
20
partes centrais das duas faces do fruto) e diâmetro polar (distância do
pedúnculo até o ápice) (mm) (CAILLAVET e SOUTY, 1950).
Os frutos e os caroços foram pesados com o auxílio de balança digital
e a massa da polpa foi obtida por diferença (massa do fruto massa do
caroço).
O teor de sólidos solúveis totais dos frutos foi analisado no suco
retirado manualmente das faces opostas da região equatorial de cada fruto,
por meio de refratômetro digital ATAGO (Palete PR-101).
Para análise da acidez separaram-se e congelaram-se amostras de
polpa de 10 frutos de cada família, sem epiderme, trituradas em batedeira
mix para frutas. Posteriormente retiraram-se 5mL deste suco e
acrescentaram-se 95 mL de água destilada. Para determinação da acidez, a
solução foi titulada com NaOH 0,1N até atingir valor de pH 8,1. Para
expressar a acidez em g de ácido málico por 100 mL de suco, utilizou a
seguinte fórmula (AOAC, 1997):
g de ácido málico/100 mL = 6,7 x N NaOH x V
NaOH
V
amostra
Onde:
N = normalidade da solução de NaOH
V
NaOH
= volume de NaOH gasto na titulação
V
amostra
= volume da amostra titulada
Os dados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o
delineamento experimental completamente casualizado, sendo cada planta
considerada como uma repetição e cada família como um tratamento. As
médias foram comparadas pelo teste Duncan (p<0,05).
21
4.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Experimento 1 - Seleção de genótipos com base na necessidade de
frio para germinação das sementes
A alternância da temperatura pode contribuir para o estímulo à
germinação das sementes que têm seu requerimento em frio atingido,
superando a endodormência, mas que continuariam sem germinar devido às
condições desfavoráveis de temperatura do meio (quiescência). A
alternância de temperatura permitiu, deste modo, discriminar os genótipos
com menor necessidade de frio para germinar em comparação aos de maior
necessidade. Essa metodologia de seleção é de grande utilidade na seleção
de genótipos de menor necessidade de frio na fase de sementes, com
grande economia de recursos, tempo e mão de obra.
WAGNER JÚNIOR et al. (2007) observaram que temperaturas
alternadas entre 5°C e 10°C a cada dois dias aceleraram a germinação das
sementes do cultivar Campinas 1 em relação à temperatura constante de
5°C. Esses autores observaram que a germinação das primeiras sementes
em temperaturas alternadas ocorrera com 23 dias de estratificação, e o
tempo entre o início e o final da germinação foi de 8 dias, obtendo-se 80%
de germinação aos 26,5 dias; a 5°C a germinação iniciara aos 35 dias,
obtendo-se 80% de germinação aos 43,8 dias. Segundo os autores, a
temperatura constante de 5°C poderia ter interferido na reativação da
respiração e no metabolismo das sementes após o término da real
necessidade de frio da semente ter sido superada e a temperatura de 10°C
pode ter contribuído para a redução do nível de inibidores e/ou a elevação
de substâncias promotoras de crescimento, favorecendo o início do
processo germinativo.
No presente trabalho, a avaliação da germinação das sementes foi
feita até se obter 50% das sementes de cada família germinadas, pois isto é
um indicativo de que quando se obtêm muitas sementes germinadas em
pouco tempo de estratificação, estas são de baixa exigência em frio hibernal
e aquelas que levaram mais tempo para atingir 50% de germinação são
mais exigentes em frio.
22
As famílias estudadas mostraram um resultado satisfatório quanto ao
tempo gasto para a germinação de 50% das sementes. Esta ocorreu, em
media, em 30 dias sob estratificação em temperaturas alternadas entre 5°C
e 10°C (Tabela 2). A família 2303 mostrou ser a menos exigente em frio para
geminação das sementes, atingindo 50% das sementes germinadas em 24,9
dias. a família 1303 mostrou ser a mais exigente, gastando 36 dias para
alcançar 50% das sementes germinadas. Quando se analisam os indivíduos
das famílias, os de germinação mais precoce levaram 24 dias para atingir 50
% de germinação, enquanto os mais exigentes em frio permaneceram
estratificados sob baixa temperatura por 36 dias.
Tabela 2- Identificação das famílias e dos indivíduos e o número de dias
necessário para atingir 50% de germinação das sementes de pêssego.
Família
Planta
Dias
Média da
família
1
27,5
2
36,0
3
24,0
403
4
28,5
31,4
5
36,0
6
34,5
7
36,0
8
28,5
1303
1
36,0
36,0
2303
1
24,5
24,9
2
25,3
3303
1
33,5
34,8
2
36,0
3503
1
29,0
27,0
2
25,0
3903
1
35,5
35,5
4203
1
27,5
25,8
2
24,0
1
29,5
2
28,0
4303
3
30,0
31,1
4
33,0
5
32,0
6
32,0
7
33,0
4503
1
26,0
26,0
23
Cont. Tabela 2
1
35,3
2
36,0
5303
3
34,0
31,1
4
25,5
5
24,5
1
24,0
2
36,0
5603
3
28,0
30,1
4
25,3
5
31,5
6
36,0
1
33,0
6603
2
29,0
30,7
3
30,0
7103
1
28,0
28,0
1
34,0
2
28,0
7203
3
31,0
32,2
4
31,0
5
33,0
6
36,0
1
35,5
8003
2
26,5
29,0
3
25,0
9003
1
30,5
32,5
2
34,5
9703
1
33,0
32,5
2
32,0
Total
30,0
De acordo com os dados obtidos, as famílias superiores selecionadas
quanto ao menor tempo para germinação de 50% das sementes foram a
2303, a 4203, a 4503 e a 5303, considerando a seleção entre famílias.
Considerando a seleção combinada, foram selecionadas as famílias 2303,
3503, 4203, 4503 e 5303 (Tabela 3), indicando adaptação às condições
ambientais do local de cultivo, principalmente em relação ao clima que é
determinante para o sucesso da cultura. Essas famílias tiveram como
progenitores cultivares de pêssego lançados pelo programa do IAC e pela
EMBRAPA. Os progenitores femininos foram os cultivares „Biuti‟ (família
2303), „Real‟ (família 3503 e 4203) e „Campinas 1‟ (famílias 4503 e 5303) e,
os progenitores masculinos „Maravilha‟ (família 2303), „Colibri‟ (famílias 3503
24
e 4203) e „Premier‟ (família 4503 e 5303), respectivamente. Destes
cultivares, somente o „Premier‟ foi lançado pela EMBRAPA.
A maior presença de cultivares lançados ou introduzidos pelo IAC na
genealogia das famílias superiores se deve ao fato de serem estes de menor
necessidade de frio para a quebra de dormência, sendo assim adaptados ao
cultivo em regiões de clima com inverno ameno. Segundo BARBOSA et al.
(1997), os diversos cultivares de pêssegos e nectarinas criados pelo
programa de melhoramento do IAC apresentam necessidade de baixo
número de horas de frio hibernal acumulado (≤7,2°C), alguns até mesmo
menores que 50 horas.
Tabela 3 - Estimativa de ganhos genéticos (%) em progênies de
pessegueiro, em resposta a seleção entre e dentro e seleção combinada,
quanto ao tempo (dias) necessário para 50% de germinação das sementes.
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa/MG 2009
Ganhos de
Seleção*
%
Progênies e plantas selecionadas
GSe
-6,4691
2303, 4203, 4503 e 5303
GSd
-1,3236
2303 (pl. 1, 2), 4203 (pl. 1, 2), 4503 (pl. 1) e
5303 (pl. 4, 5)
GSe+GSd
-7,7927
GSc
-8,1503
2303 (pl. 1, 2), 3503 (pl. 1), 4203 (pl. 1, 2),
4503 (pl. 1) e 5303 (pl. 4, 5)
GSc/(GSe + GSd)
1,0458
*GSe, GSd e GSc = ganho de seleção entre famílias, ganho de seleção dentro
de famílias e ganho de seleção combinada, respectivamente.
pl.= plantas selecionadas nos quatro blocos respectivamente
A quebra de dormência de sementes e gemas são processos
semelhantes (KESTER, 1969). A baixa necessidade de frio é um caráter
poligênico regulado por genes de ação predominantemente aditiva
(BASSOLS, 1973; RASEIRA e NAKASU, 2002). Segundo LESLEY (1944), a
maioria das populações híbridas, resultantes de cruzamentos que visam
obter indivíduos com baixa necessidade de frio hibernal apresenta
25
distribuição normal, com maior freqüência próxima à média dos genitores
utilizados.
Segundo RASEIRA e NAKASU (1998), para a obtenção de indivíduos
com necessidade de frio menor que os parentais é interessante que ambos
os genitores tenham baixo requerimento do mesmo. Neste trabalho, quase
todos cultivares participantes como progenitores para a obtenção das
famílias com menor tempo de germinação têm necessidade de frio menor
que 150 horas abaixo de 7,2°C.
Quando se analisam sementes resultantes de autopolinização de
plantas F
1
, a necessidade de frio para a quebra da dormência de sementes e
gemas pode estar relacionada. WAGNER JÚNIOR (2007) encontrou
correlação significativa entre o número de unidades de frio acumulado para
germinação de 50% das sementes durante a estratificação com o tempo
necessário para o início do florescimento e para plena floração (r = 0,70
**
e r
= 0,72
**
respectivamente).
A realização de cruzamentos recíprocos pode comprovar se uma
característica é afetada igualmente pela contribuição dos genótipos paterno
e materno no embrião, ou se tem predominância de efeito materno. Se os
resultados de cruzamentos recíprocos são idênticos, a característica é
atribuída a efeitos gênicos do embrião. KESTER (1969) não encontrou
diferenças na germinação de sementes de cruzamentos recíprocos de
amendoeira, indicando que a necessidade de frio desta espécie não tem
influência do efeito materno.
Em seus trabalhos, BRUCKNER et al. (2010) observaram que o
tempo de estratificação em baixas temperaturas necessário para a
germinação das sementes bridas obtidas do cruzamento entre os
pessegueiros „Campinas 1‟ e „Miraflores‟ foi superior às resultantes da
polinização livre de „Campinas 1‟. Como o genitor masculino „Miraflores‟,
originário da Espanha, apresenta alta necessidade de frio hibernal, pode-se
inferir que a necessidade de frio para a quebra de endodormência da
semente é fortemente influenciado pelo genótipo do embrião.
A influência do genitor masculino mostra que a necessidade de frio
para a quebra da dormência da semente é controlada pelo genótipo do
embrião da semente, ou seja, do zigoto, o que indica que o processo poderá
26
ser empregado na seleção precoce de plantas com baixa necessidade de
frio.
A seleção entre e dentro proporcionou ganhos previstos de -7,79%
(Tabela 3). Porém, o processo de seleção combinada proporcionou
estimativas de ganhos maiores aos processos de seleção entre e dentro (-
8,15%), fato este em conformidade com o normalmente relatado
(FALCONER, 1987).
Valores negativos de ganhos foram obtidos para a característica em
estudo nos diferentes métodos de seleção utilizados devido ao fato de a
seleção visar o decréscimo desta característica, ou seja, indivíduos que
apresentem menor tempo de estratificação para superação da dormência
das sementes. Os valores negativos encontrados referem-se ao diferencial
de seleção quando a dia da característica avaliada é menor que a média
geral.
A seleção entre indicou as famílias 2303, 4203, 4503 e 5303 como as
menos exigentes em frio. A seleção dentro de família indicou dois indivíduos
dentro das famílias 2303, 4203 e 5303 e um dentro da família 4503 como
promissoras para utilização em programas de melhoramento para baixa
necessidade em frio (Tabela 3).
A seleção combinada destacou dois indivíduos dentro das famílias
2303, 4203 e 5303 e um dentro das famílias 3503 e 4503. A seleção
combinada, além de apresentar os maiores ganhos preditos para a
característica mensurada, indicou para seleção indivíduos de maior número
de famílias, o que pode contribuir para maior variabilidade genética para a
obtenção de indivíduos com baixa necessidade de frio hibernal.
Dos métodos de seleção utilizados, a seleção combinada foi mais
eficiente, acrescentando um indivíduo da família 3503 que seria descartado
pela seleção entre e dentro de famílias para futuras recombinações
maximizando, assim, o ganho genético esperado. A seleção combinada,
desta forma, cumpriu o papel de incluir famílias intermediárias com
indivíduos superiores, podendo-se afirmar que para este estudo, ela se
mostrou superior aos métodos de seleção entre e dentro, demonstrado pela
superioridade à unidade, quando comparada às metodologias entre e dentro
(Tabela 3).
27
GONÇALVES et al. (2007), analisando seleção e herdabilidade na
predição de ganhos genéticos em maracujá-amarelo, concluíram que ao se
analisar as alternativas de seleção, a seleção combinada foi a que
apresentou maiores ganhos preditos.
Observando os dados relativos às estimativas dos ganhos obtidos por
seleção, verificou-se que estes foram de baixa magnitude.
O método de seleção dentro de famílias resultou nos menores
ganhos. Isto pode estar representando uma pequena variação dentro da
progênie. Observa-se que o ganho por seleção entre famílias (GSe%)
superou o ganho por seleção dentro de famílias (GSd%). Portanto, para esta
característica observa-se maior variabilidade entre do que dentro de famílias.
Segundo CAVASSIM e BORÉM (1999), considerando que os efeitos
da seleção para uma característica podem interferir em outras, a
quantificação dos ganhos de seleção possíveis de serem obtidos torna-se
uma ferramenta muito importante em programas de melhoramento.
As respostas à seleção foram satisfatórias e indicam bons resultados
quanto à característica estudada. A estratificação das sementes em
temperaturas alternadas de 5°C e 10°C, a cada dois dias, permitiu
discriminar os genótipos com menor exigência em frio hibernal que poderão
ser usados para recombinação nos programas de melhoramento visando à
obtenção de plantas adaptadas às condições da região Sudeste.
4.2. Experimento 2 - Avaliação da qualidade de frutos
4.2.1. Análise dos frutos
A análise de variância mostrou diferenças significativas entre as
famílias analisadas. Na Tabela 4, têm-se os resultados das análises dos
valores obtidos pelo teste de comparação de médias de Duncan com relação
à coloração da epiderme, diâmetro sutural, diâmetro equatorial, diâmetro
polar, massa do fruto, massa do caroço, massa da polpa, firmeza, teor de
sólidos solúveis dos frutos, acidez titulável e relação entre teor de sólidos
solúveis e acidez titulável.
28
4.2.1.1. Coloração da epiderme
A coloração da epiderme tem grande importância na aceitação do
pêssego por parte do consumidor (TOURJEE et al., 1998; GRIGELMO e
MARTÍN, 2000). Normalmente, frutos com epiderme mais avermelhada o
mais apreciados pelo mercado “in natura”.
A família 3303 apresentou maior porcentagem de coloração vermelha
na epiderme de seus frutos (38%), mas não diferiu estatisticamente da
família 1303. Já as famílias 3903, 4503 e 6603 não apresentam pigmentação
vermelha na epiderme de seus frutos.
4.2.1.2. Diâmetros sutural, equatorial e polar e relação DP/DS
Através dos resultados obtidos, verificou-se que as famílias não
diferiram significativamente entre si com relação ao diâmetro polar. (Tabela
4). No caso do diâmetro sutural, a família 7103 apresentou o maior valor,
porém não diferiu estatisticamente das famílias 403, 1303, 2303, 3303, 3903,
4303, 4503, 5303, 5603, 9003 e 9703. Para o diâmetro equatorial, a família
que apresentou o maior valor foi a 4503, mas esta se assemelhou
estatisticamente às famílias 403,1303, 2303, 3303, 3903, 4203, 4303, 5603,
7103, 9003 e 9703.
Segundo ALBUQUERQUE et al. (2000), entre os cultivares brasileiros
existe a predominância de frutos globosos-oblongos com ligeiro ápice
(relação DP/DS maior que 1,0). Porém, para melhor manuseio seria
interessante a obtenção de frutos arredondados e sem ápice, com relação
DP/DS próximo a 1,0. Considerando-se este valor, pode-se verificar que
todas as populações analisadas apresentaram frutos com DP/DS maior do
que 1,0, porém não muito acima deste valor (Tabela 5).
29
Tabela 4 Coloração da epiderme (% de vermelho), Diâmetro sutural (mm), Diâmetro equatorial (mm), Diâmetro polar (mm), Massa do fruto (g),
Massa do caroço (g), Massa da polpa (g), Acidez titulável (%), Firmeza (lb), SST (°Brix) e SST/ATT de pessegueiros e nectarineiras, de 17 famílias
da geração F
2
, no quarto ano após o plantio. UFV, Viçosa, 2009.
Família
Número
de
plantas
Coloração da
epiderme (%
de vermelho)
Diâmetro
sutural (mm)
Diâmetro
equatorial
(mm)
Diâmetro
polar
(mm)
Massa do
fruto (g)
Massa do
caroço (g)
Massa da
polpa (g)
Firmeza
(libras)
SST
(ºBrix)
Acidez
titulável
(%)
SST/ATT
403
10
2,59 b*
43,43 abc
45,42 ab
48,22
49,52 abc
3,20
46,32 abc
7,38
12,34
0,38 c
39,23
1303
1
22,50 ab
45,96 abc
44,80 abc
50,51
54,30 abc
4,21
50,09 abc
11,47
10,50
0,25 bc
41,51
2303
2
1,75 b
44,15 abc
43,50 abc
46,59
49,88 abc
3,01
46,87 abc
8,95
12,32
0,57 abc
21,83
3303
2
38,00 a
45,46 abc
44,34 abc
47,70
52,34 abc
4,13
48,21 abc
10,71
12,41
0,72 ab
17,14
3503
2
9,75 b
38,12 d
41,51 bc
44,14
36,53 c
2,24
34,29 c
11,47
12,54
0,37 bc
40,02
3903
1
0,00 b
41,72 abcd
42,99 abc
46,81
44,69 abc
3,16
41,53 abc
1,49
12,30
0,71 abc
17,38
4203
2
8,55 b
40,82 bcd
42,98 abc
47,49
45,93 abc
2,56
43,37 abc
10,50
12,91
0,27 c
54,10
4303
10
5,37 b
43,18 abc
44,54 abc
50,75
49,98 abc
3,15
46,83 abc
5,92
12,42
0,54 bc
28,35
4503
1
0,00 b
46,55 ab
48,75 a
56,12
64,29 a
3,04
61,25 a
2,51
14,05
0,20 c
70,91
5303
6
22,05 b
42,88 abc
42,46 bc
49,41
45,67 abc
3,28
42,39 bc
5,15
12,38
0,76 a
16,60
5603
6
3,58 b
45,32 abc
46,09 ab
50,77
57,06 a
3,46
53,60 ab
7,54
12,33
0,61 abc
24,52
6603
3
0,00 b
39,71 cd
41,09 c
46,40
38,98 c
2,88
36,10 c
7,94
12,29
0,28 c
49,04
7103
1
4,00 b
47,85 a
48,05 ab
52,27
62,79 a
3,77
59,02 ab
7,50
11,61
0,56 abc
20,83
7203
6
2,16 b
41,56 bcd
42,27 bc
51,28
42,14 bc
2,69
39,45 c
6,69
13,07
0,34 c
42,84
8003
3
9,50 b
39,89 cd
39,95 c
44,83
38,24 c
2,46
35,78 c
10,88
13,44
0,52 abc
28,37
9003
2
1,00 b
45,65 abc
46,25 ab
51,59
56,91 ab
3,75
53,16 ab
8,81
12,18
0,46 abc
32,47
9703
2
1,25 b
42,61 abcd
46,50 ab
48,67
50,19 abc
3,08
47,11 abc
13,31
13,88
0,31 bc
44,06
7,03
42,98
44,04
49,17
48,42
3,13
45,18
7,60
12,54
0,48
33,03
CV (%)
114,63
5,32
5,05
14,51
15,36
19,69
15,06
44,26
7,26
35,11
50,44
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste Duncan. SST: teor de sólidos solúveis totais (ºBrix);
ATT: acidez total titulável (% Ácido málico equivalente de ácido málico por 100 mL de suco).
30
2.1.3. Massas do fruto, do caroço e da polpa
Verificou-se que as famílias não diferiram significativamente entre si
com relação à massa do caroço. A massa dos frutos variou de 36,53 a 64,29
g. Pode-se observar que a família 4503 apresentou os maiores valores de
massa do fruto e massa da polpa, mas não diferiu das famílias 403, 1303,
2303, 3303, 3903, 4203, 4303, 5303, 5603, 7103, 9003 e 9703 quanto à
massa do fruto e das famílias 403, 1303, 2303, 3303, 3903, 4203, 4303,
5603, 7103, 9003 e 9703 quanto à massa da polpa (Tabela 4).
Tabela 5- Relação entre diâmetro polar e diâmetro sutural (DP/DS) de frutos
de 17 famílias da geração F
2
, no quarto ano após o plantio. UFV, Viçosa,
2009.
Família
Diâmetro polar (mm)
Diâmetro sutural (mm)
DP/DS
403
48,22
43,43
1,11
1303
50,51
45,96
1,09
2303
46,59
44,15
1,05
3303
47,70
45,46
1,05
3503
44,14
38,12
1,16
3903
46,81
41,72
1,12
4203
47,49
40,82
1,16
4303
50,75
43,18
1,17
4503
56,12
46,55
1,20
5303
49,41
42,88
1,15
5603
50,77
45,32
1,12
6603
46,40
39,71
1,17
7103
52,27
47,85
1,09
7203
51,28
41,56
1,23
8003
44,83
39,89
1,12
9003
51,59
45,65
1,13
9703
48,67
42,61
1,14
4.2.1.4. Firmeza e Textura
Do ponto de vista econômico, a firmeza da polpa e a textura dos frutos
são características importantes em um programa de melhoramento, uma vez
que afetam a qualidade, a conservação e a resistência dos mesmos ao
transporte.
De acordo com a classificação descrita por WATADA et al. (1976),
utilizando-se penetrômetro com ponteira de 8 mm de diâmetro, os frutos de
pessegueiro são considerados firmes quando apresentam firmeza da polpa
31
entre 3 e 10 libras. Analisado a TABELA 4, observou-se que as famílias
1303, 3303, 3503, 4203, 7203 e 9703 apresentaram médias de firmeza da
polpa dos frutos acima de 10 libras e as famílias 3903 e 4503 apresentaram
firmeza da polpa inferior a três libras.
Considerando-se a porcentagem de indivíduos com polpa não-
fundente, pode-se observar, na Tabela 6, que todas as famílias, exceto a
3903, a 4503 e a 5303, tiveram valores iguais ou superiores a 50%,
indicando a prevalência de frutos com polpa firme.
Tabela 6 Caracterização dos genótipos das 17 famílias de pessegueiro
provenientes do programa de melhoramento da Universidade Federal de
Viçosa, quanto à textura.
A principal diferença entre frutos não-fundentes e fundentes está
relacionada à perda mais rápida da firmeza deste último, nos estádios finais
de amadurecimento (BROVELLI et al., 1999), ou seja, frutos com textura
não-fundente apresentam-se relativamente firmes quando completamente
maturos (LESTER et al., 1996). Isso tem relação com a menor capacidade
de degradar a parede celular destes frutos com o amadurecimento
(POSTLMAYR et al., 1956; SHEWFELT, 1965). As pectinas solúveis em
água aumentam durante o amadurecimento de frutos com textura fundente e
Família
Nº de frutos
avaliados
Textura
Fundente
(% indivíduos)
Não-fundente
(% indivíduos)
403
100
45
55
1303
10
0
100
2303
20
45
55
3303
20
0
100
3503
10
30
70
3903
10
100
0
4203
20
0
100
4303
100
50
50
4503
10
100
0
5303
60
67
33
5603
60
25
75
6603
30
0
100
7103
10
20
80
7203
60
25
75
8003
30
0
100
9003
20
0
100
9703
20
10
90
32
permanecem baixas com o amadurecimento daqueles com polpa não-
fundente (SHEWFELT et al., 1971). Este comportamento tem sido explicado
pela presença ou ausência de enzimas envolvidas no amolecimento da
polpa. Enquanto os frutos com textura fundente possuem as enzimas endo e
exo-poligalacturonase, frutos não-fundentes não têm a enzima endo-
poligalacturonase (KARAKURT et al., 2000). Assim, frutos fundentes perdem
a firmeza da polpa gradualmente durante os estágios iniciais de
amadurecimento, amolecendo rapidamente nos estádios finais, enquanto
frutos com textura não-fundente não possuem a fase final de amolecimento
rápido, quando completamente maduros, permanecendo relativamente
firmes (BROVELLI et al., 1998).
4.2.1.5. Teor de Sólidos Solúveis Totais dos Frutos
O teor de sólidos solúveis totais fornece indicativo da quantidade de
açúcares presentes nas frutas (TREVISAN et al., 2006).
De acordo com CLAYPOOL (1977) e CLARETON (2000), para que o
pêssego tenha boa qualidade é necessário que tenha teor de sólidos
solúveis acima de 11°Brix, sendo que teores abaixo de 10ºBrix, geralmente,
não são aceitos pelos consumidores. No presente estudo, todas as famílias
apresentaram teores acima de 11°Brix, exceto a 1303, porém sem diferir
estatisticamente das demais populações (Tabela 4).
4.2.1.6. Acidez titulável
De acordo com ARGENTA et al. (2004), a percepção do sabor doce
por consumidores tem relação com a acidez dos frutos. Os frutos de
pessegueiro com acidez inferior a 0,6 g de ácido málico/100 mL de suco dão
sensação de gosto doce, quando os teores de açúcares forem maiores que
10-12 ºBrix (CRISOSTO, 1999). Segundo esse critério, todas as famílias,
exceto a 3303, a 3903 e a 5303, produzem frutos de sabor doce.
ALMEIDA (2006) descreve que frutos de pessegueiro marcadamente
mais ácido apresentam baixa aceitação tanto pelo mercado atacadista como
pelo consumidor final. Observou-se que as famílias 403, 1303, 3503, 4203,
4503, 6603, 7203 e 9703 apresentaram menor acidez (Tabela 4), possuindo
33
potencial para o mercado. Por outro lado, a família 5303 apresentou maior
acidez em seus frutos, obtendo-se valor de 0,76 g de ácido málico/100 mL.
4.2.1.7. Relação entre teor de sólidos solúveis e acidez titulável
Os principais fatores que determinam o sabor do fruto são o teor de
sólidos solúveis e a acidez (RHODES, 1980; SOUZA et al., 2000). Desta
forma, a relação entre sólidos solúveis e acidez titulável é um dos melhores
parâmetros para avaliar esta característica (CHITARRA e CHITARRA,
1990). Durante o período da maturação, esta relação tende a aumentar,
devido à diminuição dos ácidos e aumento dos açúcares. Quanto mais
avançado o estágio de maturação, maior é a relação entre o teor de sólidos
solúveis e a acidez titulável (TREVISAN, 2003), com frutos mais doces,
dependendo do cultivar (ALBUQUERQUE, 1997).
LEONARD et al. (1953) consideraram que frutos de pessegueiro com
relação entre sólidos solúveis e acidez titulável acima de 25 e acidez abaixo
de 0,5 gramas de ácido málico por 100 mL de suco apresentam excelente
sabor. Considerando esse critério, as famílias indicadas para seleção seriam
a 403, a 1303, a 3503, a 4203, a 4503, a 6603, a 7203, a 9003 e a 9703.
De acordo com TREVISAN (2003), cultivares de pessegueiro com
sabor mais doce apresentam relação sólidos solúveis/acidez titulável acima
de 35 e, no caso de frutos mais ácidos, esta relação pode variar entre 15 e
25.
Verificou-se, de acordo com os valores obtidos, que a família 4503
apresentou relação sólidos solúveis/acidez mais elevada (70,91), em
decorrência do menor teor de acidez (0,2 gramas de ácido málico por 100
mL de suco), enquanto a família 5303 apresentou a menor relação sólidos
solúveis/acidez (16,6), devido à acidez mais elevada (0,76 gramas de ácido
málico por 100 mL de suco). Entre as demais populações esta relação variou
entre 17,14 e 54,10. Pelos valores da relação entre o teor dos sólidos
solúveis e acidez titulável obtidos no presente trabalho observou-se que das
17 famílias avaliadas, os frutos produzidos por seis delas apresentaram
sabor com maior acidez.
34
4.2.2. Análise dos resultados e identificação das famílias superiores
A coloração da epiderme tem grande importância na aceitação do
pêssego por parte do consumidor (GRIGELMO e MARTÍN, 2000). Existe a
tendência de maior valorização de frutos com epiderme mais avermelhada
no mercado in natura(ALBUQUEQUE et al, 2000). A família 3303 foi a que
apresentou a maior porcentagem de coloração vermelha na epiderme de
seus frutos (Tabela 4) e também se mostrou interessante nas demais
características, mas apresentou alto valor de acidez e, consequentemente,
baixa relação SST/ATT, o que a torna menos indicada para produção de
frutos.
A família 4503 foi a que apresentou os melhores resultados em todas
as características, mas deixou a desejar por apresentar frutos sem
pigmentação vermelha na epiderme.
Considerando todas as características em conjunto, a família que
possui frutos mais atrativos para o consumo “in natura” é a 1303, que apesar
de apresentar o menor valor de SST, ainda está acima do mínimo desejável
(10°Brix), apresenta baixa acidez e uma boa relação SST/AAT.
5.0. CONCLUSÕES
A seleção visando baixa necessidade de frio com base na
dormência das sementes levou à seleção de plantas dentro das famílias
2303, 4203, 4503 e 5303, considerando a seleção entre e dentro;
Considerando a seleção combinada, foram selecionadas as
mesmas plantas, além de uma planta da 3503;
A família 4503, que apresentou os melhores valores para as
características de fruto estudadas, exceto para coloração da epiderme,
também foi selecionada quanto ao tempo necessário de estratificação sob
baixas temperaturas para superar a dormência das sementes. Desta forma,
esta família poderia ser utilizada em hibridações com genótipos mais
coloridos para melhorar a coloração dos frutos, se tornando uma boa opção
para a região Sudeste do Brasil.
35
6.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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