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partidos em torno de uma mesma candidatura tornou-se um elemento comum no cenário
político nacional. Assim sendo, é válido afirmar que ao longo desse breve período
democrático o sistema pluripartidário então vigente teve na união interpartidária uma
constante.
Em Pernambuco, os grupos ligados ao PSD, sob a liderança de Agamenon
Magalhães, desde o Estado Novo vinham ocupando o governo do estado. Em 1955, o
PCB, o PSB e o PTB formaram uma aliança política com o intuito de concorrer às
eleições municipais que ocorreriam naquele ano. Forma-se então a Frente do Recife,
união na qual cada um dos partidos integrantes buscou condições para superar suas
próprias dificuldades. O PCB que desde a década de 1930 com a legenda Trabalhador,
Ocupa Teu Posto, gozava de uma boa penetração eleitoral no Recife e cidades vizinhas,
mas que, com base nas normas estabelecidas na Lei Agamenon, teve seu registro
eleitoral cassado (1947), conseguia assim participar ativamente de um pleito
democrático. O PSB partido político criado em julho de 1947 era um partido legalmente
constituído
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, mas não detinha uma máquina eleitoral bem estruturada como a
desenvolvida pelos comunistas ao longo de anos
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. Já o PTB, embora despontasse como
o terceiro maior partido do país, em Pernambuco não conseguia angariar o apoio do
operariado urbano, setor que tradicionalmente formava sua base eleitoral em outros
estados. Assim, com o objetivo de vencer um adversário comum, comunistas,
trabalhistas e socialistas passaram a lutar conjuntamente pelos votos dos eleitores de
Pernambuco e a combater as práticas políticas instituídas pelo PSD no estado.
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A Esquerda Democrática (ED) partido político formado a partir de uma fração da UDN, em julho de
1947 passou a responder pelo nome de Partido Socialista Brasileiro. Esse grupo, ao lado do PCB, havia
apoiado a campanha de Pelópidas Silveira ao cargo de governador de Pernambuco (1947). De acordo com
Antônio Lavareda, a ED seria formada pela ala mais à esquerda da UDN. Alguns intelectuais de renome
como Gilberto Freyre, Mauro Mota, Osório Borba, José Otávio de Freitas e Murilo Costa Rego
participaram dessa agremiação política. Ver Pandolfi, Dulce Chaves. Pernambuco de Agamenon
Magalhães. Recife: Fundação Joaquim Nabuco – Editora Massangana, 1984, p.105. e Lavareda, Antônio.
A luta eleitoral com a redemocratização: as eleições nacionais de 1945 e o pleito estadual de 1947. In
Lavareda, Antônio e Sá, Constança (orgs.). Poder e Voto: luta política em Pernambuco. Recife,
Fundaj/Editora Massangana, 1986. p.35.
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Referindo-se à campanha eleitoral suscitada pelo falecimento de Agamenon Magalhães (1952), Paulo
Cavalcanti, uma das lideranças comunistas, chega a afirmar que, naquele momento, o PSB era uma
legenda sem partido, enquanto o PC era um partido sem legenda. Ver Cavalcanti, Paulo. O Caso Eu
Conto Como o Caso Foi: da coluna Prestes à queda de Arraes. São Paulo: Alfa-Ômega, 1978, p.265.
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O PSD, com o apoio dos chefes políticos do agreste e sertão de Pernambuco, conquistava a maior parte
dos votos dessas regiões. Sob esses chefes políticos do interior do estado comumente recai a
nomenclatura de coronéis. Quanto a sua atuação e sua influência política nos diversos municípios do país
ver Leal, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil (3ª.
Ed.). Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997.