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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU
CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO CHINÊS PARA
CONSOLIDAR ATITUDES TRANSDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE
JOAÇABA - SC
2010
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MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU
CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO CHINÊS PARA
CONSOLIDAR ATITUDES TRANSDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Educação da Universidade
do Oeste de Santa Catarina, como
requisito à obtenção do título de Mestre
em Educação, sob a orientação do Prof.
Dr. Roque Strieder
JOAÇABA - SC
2010
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2
MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU
CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO CHINÊS PARA
CONSOLIDAR ATITUDES TRANSDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE
Dissertação apresentada ao programa de
Mestrado em Educação da Universidade do
Oeste de Santa Catarina, como requisito à
obtenção do título de Mestre em Educação.
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________
Prof. Dr. Roque Strieder Orientador
Universidade do Oeste da Santa Catarina - UNOESC
__________________________________________________________
Profª. Dra. Ortenila Sopelsa
Universidade do Oeste da Santa Catarina - UNOESC
___________________________________________________________
Prof. Dr. André Bueno
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras - FAFI
Dedico este estudo a todas as
pessoas que estão abertas aos novos
paradigmas, disponíveis para adoção
de novas atitudes em relação ao ser
humano e ao universo.
AGRADECIMENTOS
A minha querida esposa Giovana que com sua companhia, alegria e
incentivo durante todo o processo de desenvolvimento deste trabalho contribuiu
para que eu superasse todos os obstáculos.
Aos meus filhos Felipe e Betina fontes de inspiração que em muitas
vezes foram compreensivos quando privados de minha presença.
Ao Professor Dr Roque Strieder que prontamente aceitou orientar e
nunca duvidou que seria possível desenvolver este projeto, mesmo sendo um
grande desafio.
Só temos consciência do belo,
Quando conhecemos o feio.
Só temos consciência do bom,
Quando conhecemos o mau.
Porquanto, o Ser e o Existir,
Se engendram mutuamente.
O fácil e o difícil se completam.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo.
O som e o silêncio formam a harmonia.
O passado e o futuro geram o tempo.
Eis porque o sábio age
Pelo não-agir.
E ensina sem falar.
Aceita tudo que lhe acontece.
Produz tudo e não fica com nada.
O sábio tudo realiza e nada considera seu.
Tudo faz e não se apega a sua obra.
Não se prende aos frutos da sua atividade.
Termina sua obra.
E está sempre no princípio.
E por isso a sua obra prospera.
Lao-Tse
6
RESUMO
Esta dissertação apresenta um estudo sobre as contribuições do pensamento
filosófico chinês para consolidar atitudes transdisciplinares entre a educação e
a saúde. O objetivo foi entender o significado das mudanças de concepção e
comportamentais a partir do contato com o pensamento filosófico chinês em
oito alunos ingressantes na Faculdade CBES em um curso de pós-graduação
em nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa, de diferentes
Estados do Brasil sendo que quatro deles foram do Estado do Paraná e quatro
alunos do Rio Grande do Sul. A concepção ocidental de educação e saúde é
baseada no cogito cartesiano, caracterizado pela fragmentação do todo em
partes para o seu conhecimento. A concepção chinesa de educação e saúde
busca a compreensão do todo em relação às partes com uma visão sistêmica e
holística. Reconhece o ser humano como parte integrante do meio ambiente,
material, cultural e social numa interação plena com todos os aspectos que o
envolvem. A pesquisa teve caráter qualitativo, cuja investigação de campo,
realizada por meio de entrevista semi-estruturada, resultou na formulão de
três categorias de estudo e reflexão. O estudo bibliográfico e a investigação de
campo permitem concluir que: os alunos ingressantes apresentaram níveis de
entendimento e significação do pensamento filosófico chinês; apesar da
formação inicial estar enraizada no cartesianismo, os pesquisados mostram
mudanças de concepção de mundo, de ser humano e de comportamento; os
ingressantes pesquisados são capazes de vincular idéias do pensamento
filosófico chinês com atitudes transdisciplinares; capazes de caracterizar as
diferenças entre as concepções de educação e saúde nas concepções da
filosofia chinesa e ocidental; enfim, adoção de novos processos educativos,
envolvendo diferentes modos de pensar o ser humano, a natureza e o universo
contribui na formação e criação de novos sujeitos, despertados para novas
exigências, para novos desejos e para novos sonhos, o que confirma ser ainda
possível realizar o sonho da educabilidade humana
Palavras-chave: Pensamento filosófico chinês; transdisciplinaridade; educação
e saúde.
ABSTRACT
This thesis presents a study about the contributions of Chinese philosophical
thought to consolidate disciplinary attitudes between education and health. The
objective was to understand the meaning of design and behavioral changes in
students entering the Faculty CBES on a course of graduate-level specialization
in traditional Chinese acupuncture, from contact with the Chinese philosophical
thought.The Western conception of education and health is based on the
Cartesian cogito, characterized by fragmentation of the whole into parts for your
knowledge. The Chinese concept of health and education aims to understand
the whole in relation to any part in a systemic and holistic vision. Recognizes
the human being as a part of the environment, material, cultural and social in a
full interaction with all the aspects surrounding it.The research was qualitative,
the research in field, conducted through semi-structured interviews, resulted in
the formulation of three categories of study and reflection. The literature and
field research allow to conclude that: the freshman students had levels of
understanding and meaning of Chinese philosophical thought, despite the initial
training to be rooted in Cartesianism, the subjects showed changes in
worldview, of human being and behavior; the freshmen surveyed are able to link
ideas of the philosopher with Chinese attitudes trans; able to characterize the
differences between the concepts of health and education in the concepts of
Chinese philosophy and Western, so, adoption of new educational processes,
involving different modes of thinking the human being, nature and universe
contributes to the formation and creation of new subjects, awakened to new
demands, new desires and new dreams, which confirms yet be possible to
make true the dream of human educability.
Keywords: Chinese philosophical thought, transdisciplinarity, education and
health.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Evolução cronológica da Medicina Tradicional Chinesa..........37
Quadro 2 Características atribuídas ao Yin e ao Yang............................41
Quadro 3 - Identificação dos entrevistados ..............................................68
.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Símbolo do Yin e Yang.................................................................41
Figura 2 - Pentagrama dos cinco elementos e suas inter-relações................47
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Cinco elementos......................................................................47
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABA Associação Brasileira de Acupuntura
CBES Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos
MEC Ministério de Educação e Cultura
MTC Medicina Tradicional Chinesa
OMS Organização Mundial da Saúde
UTP Universidade Tuiuti do Paraná
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................ 13
2 PARADIGMAS FILOSÓFICOS NA SAÚDE E NA EDUCAÇÃO .................. 17
2.1 O PENSAMENTO FILOSÓFICO CARTESIANO TRANSPOSIÇÕES NA
SAÚDE E NA EDUCAÇÃO .............................................................................. 17
2.1.1 Conseqüências do pensamento cartesiano nas ciências biológicas ....... 23
2.2 O Pensamento chinês e suas relações com a Medicina Tradicional
Chinesa: uma breve história............................................................................28
2.2.1 A questão Ética.......................................................................................29
2.2.2 O advento da Dinastia Han.....................................................................32
2.2.3 Os pensadores chineses e suas contribuições.......................................35
2.3 A FILOSOFIA CHINESA CONCEPÇÕES DO PENSAMENTO CHINÊS
SOBRE A SAÚDE E A EDUCAÇÃO ................................................................ 43
2.3.1 Elementos centrais que organizam o pensamento, o ensino e a prática da
acupuntura tradicional chinesa ......................................................................... 47
2.3.1.1 Teoria do Yin e Yang ............................................................................ 47
2.3.1.2 Teoria dos Cinco Elementos ................................................................ 52
2.3.1.3 Teoria das Substâncias Vitais .............................................................. 57
2.3.1.4 Teoria dos Sistemas de Órgãos e Vísceras (Zang Fu)......................... 59
2.3.1.5 Teoria dos Canais e Colaterais (Jing Luo) ........................................... 60
2.3.1.6 O diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa ................................... 61
2.4 CONCEITOS DE SAÚDE OS SABERES CHINESES E A MEDICINA
OCIDENTAL ..................................................................................................... 63
2.5 TRANSDISCIPLINARIDADE INCORPORANDO A FILOSOFIA CHINESA
AO MUNDO OCIDENTAL ................................................................................ 65
2.6 O CURSO DE ACUPUNTURA DA FACULDADE CBES...........................69
3 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA, APRESENTAÇÃO DOS DADOS E SUA
INTERPRETAÇÃO........................................................................................... 72
3.1 ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA COMO MÉTODO DE PESQUISA ... 72
3.2 A ENTREVISTA COMO MEIO PARA COLETA DE DADOS NA PESQUISA
QUALITATIVA .................................................................................................. 74
3.2.1 Coleta dos dados..................................................................................... 75
3.2.2 Categorias de análise .............................................................................. 77
3.2.2.1 A incorporação do pensamento filosófico chinês.................................. 77
3.2.2.2 Rumo à atitude transdisciplinar ............................................................ 81
3.2.2.3 Saúde, diferenças na visão ocidental e chinesa ................................... 84
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 93
GLOSSÁRIO .................................................................................................... 97
APÊNDICES .................................................................................................... 98
APÊNDICE A Formulário de Entrevista ......................................................... 99
ANEXOS ........................................................................................................ 100
ANEXO A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO......102
ANEXO B TERMO DE AUTORIZAÇÃO ..................................................... 102
ANEXO C projeto político pedagógico do curso de s-graduação da
Faculdade CBES............................................................................................ 104
13
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Para a compreensão dos motivos que levaram ao desenvolvimento desta
pesquisa, apresento um breve memorial descrevendo algumas informações
importantes. Sou graduado em fisioterapia pela Universidade Tuiuti UTP, na
cidade de Curitiba Paraná, em 1991. Após a colação de grau retornei à cidade
natal, União da Vitória, atuando como fisioterapeuta em clínica anexa ao Hospital
Regional Nossa Senhora da Aparecida, realizando atendimentos ambulatoriais e
também em pacientes internados nesta casa de saúde.
Em 1994 ingressei no curso de especialização em acupuntura tradicional
chinesa na Associação Brasileira de Acupuntura - ABA em São Paulo/SP, curso
concluído em 1996. Após este período de formação prossegui por mais um ano
acompanhando os atendimentos de um grande mestre professor Delvo Ferraz em
sua clínica, tamm em São Paulo. Esta experncia fez com que a atenção fosse
direcionada ainda mais para os profundos ensinamentos enraizados no pensamento
filosófico chinês.
Como fisioterapeuta, desenvolvi vários projetos, como a implantação de
serviços de fisioterapia em pequenas cidades vizinhas à Uno da Vitória, sendo
estas: Cruz Machado e Porto Vitória.
A experiência como docente iniciou-se em 1992, quando fui convidado a
ministrar aulas de anatomia humana em um curso de formação de auxiliares de
enfermagem na Escola Estadual Lauro Müller Soares, permanecendo nesta
instituição por um ano.
No ano de 2003 ingressei na Unidade de Ensino Superior do Vale do Iguaçu -
UNIGUAÇU - como docente no curso de bacharelado em fisioterapia, ministrando as
disciplinas de fisioterapia geral I e II e ética e deontologia para fisioterapia.
Em 2001 recebi convite para ministrar aulas no Colégio Brasileiro de Estudos
Sistêmicos (CBES) que iniciava suas atividades na área de pós-graduação em
acupuntura na cidade de Curitiba - PR. Permaneci nesta instituição, exclusivamente
como docente, até 2005 quando recebi o convite para ser o coordenador adjunto do
curso. Em 2006 foi convidado para assumir a coordenação geral deste mesmo
curso.
14
A partir disto me dediquei ao estudo e ensino da Medicina Tradicional
Chinesa, realizando vários cursos de aprimoramento nas áreas de ortopedia
tradicional chinesa, fitoterapia, aurículoterapia, eletroacupuntura, tui (osteopatia
chinesa), entre outros. Em 2007, realizei a primeira viagem de aperfeiçoamento no
exterior, integrando um grupo de 30 alunos. Na China, visitei as cidades de Beijing,
Xiamen e Hong Kong. Em maio de 2008 retornei para uma nova etapa de cursos
integrando um novo grupo composto por mais 30 alunos.
Os cursos foram ministrados por renomados professores, com profundo
conhecimento em suas áreas de atuação: Professor Wang Yan Hui (Médico Diretor
de Medicina Tradicional Chinesa (MTC
1
) com especialização em Diagnostico em
MTC e Oncologia); Professor Zhou Ran Mi (Médico Diretor de MTC com
especialização em Acupuntura e Neurologia); Professora Lu Fan (Médica Ex-diretora
de MTC com especialização em Acupuntura Auricular); Professora Zhuo Shu Ping
(Médica especialista em Fitoterapia Chinesa e Ginecologia); Professor Meng Xienjun
(Médico especialista em Massoterapia Tradicional Chinesa); Professor Qian Lin
Chao (Médico especialista em Acupuntura); Professor Meng Xienjun (Médico
especialista em Massoterapia Tradicional Chinesa); Professor Qian Lin Chao
(Médico especialista em Acupuntura) e Professora Quian Xiao Yan (Médica Diretora
de Assuntos Estrangeiros, com especialização em Acupuntura Estética, Ginecologia
e Pediátrica). Os cursos aconteceram no Medical College University Xiamen, uma
grande universidade que abriga cerca de duzentos e trinta mil alunos em inúmeras
áreas do conhecimento. Ela se localiza em uma cidade portuária na região litorânea
da China chamada Xiamen.
Estas inestimáveis oportunidades me permitiram estar no berço da medicina
tradicional chinesa e, conseqüentemente, do pensamento filosófico chinês,
estimulando desta forma o interesse em aprofundar ainda mais os estudos e
também a buscar um entendimento de como as sociedades absorvem o grande
número de informações que nos dias de hoje invadem o ocidente.
nove anos atuo como docente no curso de pós-graduação em acupuntura
tradicional chinesa e há cinco anos atuo como coordenador geral do curso de
Acupuntura Tradicional Chinesa da Faculdade CBES, com sedes em Curitiba, São
1
MTC é uma sigla utilizada para designar a Medicina Tradicional Chinesa.
15
Paulo, Porto Alegre, Bem e Montevidéu ministrando aulas de pós-graduação latu-
sensu em nível de especialização. A totalidade dos cursos conta com
aproximadamente mil alunos matriculados. Coordeno um grupo de vinte e cinco
professores, formados em diversas áreas da saúde tais como, fisioterapia, educação
física, veterinária, odontologia, farmácia e biomedicina. São esses profissionais que
ministram aulas em todas as sedes já mencionadas. A Faculdade CBES mantém
convênio com o Medical College University Xiamen China, com o propósito de
incrementar a formação de seus professores, bem como levar seus alunos ao berço
da milenar arte chinesa de curar.
Além de cursos de pós-graduação em nível de especialização, a Faculdade
CBES - sede de Curitiba, tamm mantém cursos em nível de graduação nas áreas
de Enfermagem, Administração, Psicologia, Tecnólogo em Radiologia. A escola
técnica oferece corsos de nível médio nas áreas de massoterapia, radiologia,
segurança do trabalho e técnico em enfermagem. Conhecendo alguns aspectos da
minha vida profissional o leitor poderá entender o motivo para a escolha deste tema
e tamm perceber a relevância desta pesquisa.
O ser humano e o universo são reconhecidos de maneira holística pelo
pensamento filosófico chinês. Holismo traz a percepção do “todo”, visão que integra
o ser humano ao universo em uma rede de inter-relações dos fenômenos da
natureza com a própria existência humana. O desenvolvimento dessa pesquisa
justifica-se pela importância de uma abordagem mais profunda e do entendimento
do pensamento filosófico chinês bem como a correlação dessa visão de mundo e de
ser humano com as atitudes transdisciplinares na educação e na saúde. Parece ser
possível correlacionar a transdisciplinaridade com as bases filosóficas do
pensamento chinês citando, entre outras, a escola filosófica do Yin/Yang que, por
conceito, representam duas forças ou energias opostas, porém complementares,
necessitando uma da outra para coexistirem. É nesse coexistir que acredito haver
possibilidades de encontrar p-supostos para que num olhar simplificador,
disciplinas que não se correlacionam, mas que após observações apuradas nos
permitam visualizar uma complexa trama de inter-relações que estão sendo
negligenciadas. Segundo o pensamento filosófico chinês, todas as coisas e todos
os seres entre o céu e a terra, inclusive o céu e a terra mantém uma relação de
transformação e cumplicidade inquestionável e esta mesma cumplicidade sustenta a
transdisciplinaridade. É possível constatar a possibilidade e a necessidade da
16
inclusão de atitudes transdisciplinares como manifesto nas palavras de Rocha Filho
(2007.p.35): “É necessário trabalhar pela eliminação da fragmentação do
conhecimento [...] a transdisciplinaridade repousa sobre uma atitude aberta, de
respeito mútuo e humildade [...] começa sempre por uma mudança pessoal.
A questão orientadora deste trabalho está dirigida para o entendimento do
pensamento filosófico chinês e o seu significado para ingressantes em um curso de
pós-graduação em nível de especialização em acupuntura para alunos da área da
saúde. O objetivo geral dessa busca é o entendimento e o significado das mudanças
no comportamento pessoal dos ingressantes em um curso de pós-graduação em
nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa a partir do contato com o
pensamento filosófico chinês. Os objetivos específicos pretendem: a) conhecer o
entendimento do pensamento filosófico chinês em alunos ingressantes no curso de
pós-graduação em nível de especialização latu-sensu de acupuntura tradicional
chinesa; b) conhecer e significar as principais mudanças de visão e de
comportamento em relação à concepção de mundo e de ser humano, em alunos, no
decorrer do processo de compreensão do pensamento filosófico chinês; c) verificar,
se e como, os alunos iniciados no pensamento filosófico chinês concebem a
transposição destas bases filosóficas para a atitude transdisciplinar e, d) identificar a
concepção de educação e de saúde na visão das culturas ocidental e chinesa.
No segundo capítulo abordo os paradigmas filosóficos na saúde e educação
por meio do aprofundamento no pensamento filosófico cartesiano e suas
transposições na saúde e na educação mostrando detalhes da vida do eminente
filósofo e matemático René Descartes, seu modo de pensar e como suas idéias
influenciaram o modelo de pensamento em sua época, e até os dias atuais. Ainda
neste capítulo apresento um estudo e um levantamento da filosofia chinesa,
concepções do pensamento filosófico chinês na saúde e educação. O objetivo desse
levantamento é oportunizar ao leitor uma possibilidade de compreensão de
elementos centrais deste pensamento filosófico. Na seqüência, serão esplanadas as
concepções de saúde e o seu significado, traçando um paralelo entre o
entendimento chinês e ocidental. A seguir comento sobre as bases da atitude
transdisciplinar e as possibilidades de ser essa atitude a ponte para a incorporação
da filosofia chinesa ao mundo ocidental.
17
O terceiro capítulo traz a descrição da metodologia, apresentação dos dados
obtidos por meio das entrevistas semi-estruturadas realizadas com oito alunos do
curso de pós-graduação em acupuntura tradicional chinesa.
A realização de uma pesquisa, uma reflexão tendo como suporte o
pensamento fenomenológico, na área da educação e da saúde é um desafio, em
particular quando tamm aponta para questionamentos na área da acupuntura e do
pensamento filosófico chinês. A fenomenologia está enraizada e baseada no modo
de pensar, agir e de interpretar as atitudes pessoais baseadas na subjetividade de
cada um. Como estes femenos são experimentados e como os alunos do curso
de pós-graduação de acupuntura, em nível de especialização, entendem as
propostas do pensamento filosófico chinês? Dessa forma, a raiz fenomenológica,
que sustenta a pesquisa, permite investigar o que não é evidente para quem sabe
provocar reflexões, mudanças na forma de agir, na forma de pensar desses alunos
como sujeitos integrantes do processo e não como objeto.
No quarto capítulo estão descritas as considerações finais acerca do estudo.
2 PARADIGMAS FILOSÓFICOS NA SAÚDE E NA EDUCAÇÃO
2.1 O PENSAMENTO FILOSÓFICO CARTESIANO TRANSPOSIÇÕES NA
SAÚDE
Esse capítulo tem por objetivo abordar o descuido gerado pelo pensamento
cartesiano para com a visão de ser humano, fragmentando-o em aspectos mentais e
corporais. Essas idéias possuem bases reducionistas e mecanicistas que marcaram
profundamente os rumos das ciências biológicas, sobretudo da medicina e tamm
das ciências humanas.
O pensamento analítico, criado por René Descartes, destacado filósofo e
matemático francês, conhecido como fundador da filosofia moderna, consiste em
dividir fenômenos complexos em fragmentos, buscando a compreensão do todo a
partir das propriedades de suas partes. Esta forma de pensar o universo é chamada
de concepção cartesiana, baseada em uma idéia de natureza que apresenta uma
divisão primordial entre duas esferas independentes e separadas, a esfera mental e
a material (CAPRA, 2006a).
18
René Descartes foi brilhante matemático. Com o surgimento das novas
ciências (física e astronomia), sua perspectiva filosófica foi notavelmente
influenciada por essas ciências. Não aceitou mais o conhecimento tradicional e
instituiu um novo sistema de pensamento, cuja temática central repercute até os dias
atuais. A idéia cartesiana é matemática em sua essência. Para ele a ciência é um
sinônimo de matemática. Pressupõe que a linguagem da natureza é um grande livro,
sempre aberto e que pode ser decifrado pela matemática. Em função deste modo de
pensar, Descartes correlacionou álgebra e geometria, criando um novo ramo da
matemática, hoje chamado de geometria analítica. O que conduziu Descartes a
criação desta nova ciência foi o desejo de decifrar matematicamente a natureza,
compreendendo a representação de curvas por meio de equações algébricas, sendo
que estas foram estudadas de modo sistêmico, levando o matemático a uma análise
dos corpos em movimento, em conformidade com seus planos reducionistas dos
fenômenos físicos a situações matemáticas, fazendo com que Descartes afirmasse
com orgulho: “Toda minha física nada mais é do que geometria” (CAPRA, 2006b).
Traços biográficos do eminente pensador podem ser coletados junto aos escritos de
Aczel (2007), descrevendo que Descartes nasceu em um lar abastado e protestante.
Contudo, sua governanta era católica fervorosa, tendo influenciado o pequeno René
para a fé católica romana. Aczel (2007, p. 138) escreve:
Conhecemos sobre seus significativos anos de estudos no magnífico
colégio La Fleche dos jesuítas e do seu ser soldado voluntário de Nassau
na Holanda. Recebemos detalhes de seu vagar, por mais de nove anos, por
muitos países da Europa em busca de voluntariado em exércitos envolvidos
em guerras religiosas, quando sempre achava tempo para “entreter-se com
seus pensamentos em seu “forno”, como chamava seu quarto
superaquecido. Nesse peregrinar, sempre com seu fiel camareiro,
Descartes esresolvendo problemas como aqueles dos geômetras gregos,
insolúveis dois séculos, como duplicar o volume do cúbico templo de
Apolo em Delos.
19
Neste ir e vir, Descartes conheceu a Ordem Rosa-Cruz
2
e sua linha de
pensamento, mas nada comprova a adesão do matemático a esta organização.
Pode-se também questionar como o filósofo obtinha recursos para seu sustento em
suas aventuras, além de sempre ser servido por serviçais. A resposta é encontrada
na situação financeira privilegiada de seu progenitor, um grande proprietário de
terras. Sempre que necessitava Descartes dispunha de bens que eram vendidos e
empregados em bons investimentos, mantendo uma boa situação financeira por
longas temporadas.
Em 1628 decide fixar-se na Holanda, a procura de liberdade religiosa que
pressentia não encontrar entre os francos católicos. Apesar dessa procura católica,
os protestantes holandeses, como um sinal de intransigência consideravam o
filósofo como ateu. No território holandês, Descartes vive por mais de duas décadas,
e é tamm neste país que o cogito cartesiano começa a ser disseminado em
instituições de ensino a partir da publicação de sua obra “Discurso sobre o Método”.
O matemático e filósofo buscam a união entre geometria e álgebra, angariando fiéis
seguidores e implacáveis desafetos. Seguiram-se profundas discussões acerca do
método cartesiano nas academias, principalmente em Utrecht, uma importante
universidade localizada nos Países Baixos, mais propriamente Holanda na cidade de
Utrecht, onde o modo de pensar, extremamente racional do filósofo, ecoou como
questionamento teológico e um evidente desprezo à escolástica, sendo esta a base
da emergente academia européia. Suas incessantes investidas em tentar
comprovar, com as ciências exatas (matemática) a essência Divina, renderam-lhe a
acusação de ateísmo (ACZEL, 2007).
2
A Ordem Rosacruz é uma Ordem que foi pela primeira vez publicamente conhecida no culo XVII
através de três manifestos e insere-se na tradição esotérica ocidental. Esta Ordem hermética é vista
por muitos Rosacrucianistas antigos e modernos como um "Colégio de Invisíveis" nos mundos
internos, formado por grandes Adeptos, com o intuito de prestar auxílio à evolução espiritual da
humanidade. Por um lado, alguns metafísicos consideram que a Ordem Rosacruz pode ser
compreendida, de um ponto de vista mais amplo, como parte, ou inclusive a fonte, da corrente de
pensamento hermético-cristã patente no período dos tratados ocidentais de alquimia que se segue à
publicação de A Divina Comédia de Dante (1308-1321). Por outro lado, alguns historiadores sugerem
a sua origem num grupo de protestantes alemães, entre os anos de 1607 e 1616, quando três textos
anônimos foram elaborados e lançados na Europa: Fama Fraternitatis R.C., Confessio Fraternitatis
Rosae Crucis e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz Ano 1459. A influência desses textos foi
tão grande que a historiadora Frances Yates denominou este período do século XVII como o período
do Iluminismo Rosacruz (traduzido por H.Spencer Lewis).
20
Aczel (2007, p.138) nos traz uma face mais íntima da vida de Descartes,
desvelando alguns fatos sobre sua vida amorosa nos tempos em que vivia na
Holanda:
É também do período em que perambulou pelos Países Baixos que se tem
referência de dois amores, ambos sempre mantidos quase como secretos.
O primeiro, com lène, que por ser uma empregada doméstica não estava
no nível de ser esposa de um rico e reputado filósofo. Desta união nasceu
Francine (a pequena França, em homenagem à pátria do pai), que foi
batizada no protestantismo, religião da mãe. Nos registros batismais de
Francine aparece como se Hélène e Re fossem casados. Francine
morreu em torno dos cinco anos de escarlatina, fazendo o pai mergulhar em
profunda tristeza. O romance não prosperou, pois sempre foi escondido e
considerado impróprio socialmente. Uma outra douradora paixão talvez
não concretizada pelo fato de o filósofo não ser da nobreza foi com a
Princesa Elizabeth, filha do deposto rei da Baviera. A princesa foi das mais
apaixonadas discípulas do cartesianismo; visitas e cartas, sempre
censuradas por familiares da moça, sucederam-se por bom tempo, mas não
se sabe se houve encontros mais íntimos entre os dois enamorados.
Surge um novo personagem na biografia de Descartes, o matemático, teórico
musical, clérigo, teólogo e filósofo Marin Mersenne (1588-1648), um francês que
nutria grande afinidade com Descartes. Mersenne ficou conhecido pelo estudo dos
chamados números primos de Mersenne. O amigo Mersenne, mesmo sendo
sacerdote católico mantinha estreitos laços com Galileu Gallilei (1564-1642), na
época que a igreja alimentava fortes restrições ao cientista condenado pelo Santo
Ofício. É neste grande amigo que Descartes apóia seus questionamentos teológicos.
Descartes mantendo forte ligação ao catolicismo, procura escapar da fúria da igreja
por ter convicção na coerência das idéias de Copérnico, idéias estas, tamm
defendidas por Mersenne. Não se pode omitir o fato de que o julgamento e
condenação de Galileu deixaram Descartes profundamente apreensivo,
influenciando por demais a elaboração de seu trabalho intitulado “O Mundo”.
Descartes não publica esta obra. A apreensão quase o leva ao extremo de destruir o
fruto de quatro anos de estudos. Esta obra contém algumas das conquistas
definitivas da física clássica: a lei da inércia, a da refração da luz e, principalmente,
as bases epistemológicas contrárias ao que seria denominado de princípio da
ciência escolástica, radicada no aristotelismo. A obra veio a público somente após a
morte de seu criador (ACZEL 2007).
Aczel (2007, p.138) em seu texto ressalta que pelos tormentos sofridos por
Descartes nesta época, o filósofo resolve mudar de ambiente:
21
Em meio aos dissabores amealhados na Holanda, Descartes recebe
continuados convites para ir à corte da jovem rainha Cristina da Suécia, que
se tornara rainha aos 6 anos, e coroada como soberana do país aos 18
anos e transforma Estocolmo na “Atenas do norte”, tal o número de sábios
de diferentes países que reuniu em sua corte. Como estudiosa do
cartesianismo, quis ter o seu inspirador como professor particular na corte.
Após muitas resistências, Descartes aceita o convite e transfere-se, já com
frágil saúde, para a frígida Estocolmo.
A jovem rainha insiste em realizar suas aulas às 5 h da manhã, Descartes,
acostumado a trabalhar em sua cama até tarde da manhã, não se adapta a esta
nova condição de horários e com a saúde fragilizada em função de uma pneumonia
agravada pela recusa em aceitar os tratamentos indicados pelos médicos que
envolviam sangrias e outras técnicas, vem a falecer. A morte de Descartes ocorreu
cerca de cinco meses depois de sua chegada à Suécia. Embora não se possa
afirmar como fato, tamm se suspeita que o notável pensador foi envenenado por
algum desafeto da corte, e o motivo do torpe assassinato pode ter sido a simpatia
conquistada junto à Rainha Cristina que, embora protestante, acatava muitas das
idéias do filósofo católico (ACZEL, 2007).
Após esta breve revisão acerca dos passos de Descartes passo a abordar,
mais profundamente, as conseqüências do pensamento cartesiano na área da
educação e da saúde.
Segundo Santos (2008, p.72):
A atual estrutura educacional, sedimentada com base em princípios
seculares, tem levado os docentes a uma prática de ensino insuficiente para
uma compreeno significativa do conhecimento, e muitas vezes suas
respostas não satisfazem aos alunos, que perguntam: “por que tenho que
aprender isso?”.
A percepção fragmentada das dualidades (sujeito-objeto, parte-todo, razão-
emoção, etc.), oriundos do cogito cartesiano, influenciaram a prática educacional
baseada nas idéias de Descartes. Partindo destas idéias, quando um acontecimento
é intrincado, deve-se dividir cada uma de suas partes em tantas quantas forem
necessárias e possíveis, para que se possa resolvê-lo. Este princípio dicotômico
levou a prática pedagógica a um arranjo fragmentado dos pares binários: simples-
complexo, parte-todo, unidade-diversidade consolidando a separação do
conhecimento em áreas e departamentos, demarcados por fronteiras
epistemológicas. Este modo organizacional caracteriza bem as atuais matrizes
curriculares que atuam como organogramas mentais, interpondo-se ao livre fluxo
22
entre as disciplinas e as respectivas áreas do conhecimento, acarretando em uma
descontextualização do agir pedagógico (SANTOS 2008).
Segundo Santos (apud MORIN 1991, p.123):
A soma do conhecimento das partes não é suficiente para se conhecer as
propriedades do conjunto, pois o todo é maior do que a soma de suas
partes. Além disso, quando se toma o todo não se vê a riqueza das
qualidades das partes, por ficarem inibidas e virtualizadas, impedidas de
expressarem-se em sua plenitude. Daí que o todo é menor do que a soma
de suas partes. As relações das partes com o todo são dinâmicas, portanto,
o todo é, ao mesmo tempo, menor e maior que a soma das partes”.
Santos (apud PETRAGLIA 1995), afirma que a separação dos pares binários
na modernidade levou ao prejuízo do sentido do conhecimento. As bases da
fragmentação e da simplificação instalam-se na educação por meio de um
arcabouço disciplinar do conhecimento. Quando o professor segue as diretrizes
cartesianas, acredita que a soma das partes contidas nas matrizes curriculares,
formadas por um conjunto de várias disciplinas compartimentadas, representa o todo
do conhecimento. Esta característica curricular tem levado a uma impossibilidade de
criar vínculos entre os conhecimentos obtidos.
Em outras palavras, Santos (2008, p.77) ressalta:
Dicotomizar e exaltar apenas uma das características dos binários (por
exemplo, racionalidade e objetividade) como base do ensino tem levado a
incompreenes do processo de ensino e aprendizagem, justamente pela
unilateralidade. Essa polaridade igualmente provoca nas gerações que
passaram e continuam a passar por tal sistema a incapacidade de articular
as diversas dimensões do seu ser. Na modernidade, ao dicotomizar o
binário razão-emoção, a emoção delimitou-se às disciplinas de psicologia e
psicanálise.
Maturama e Varela (1995, p. 219) apresentam a seguinte perspectiva:
[...] de acordo com a concepção tradicional, a percepção é dualística:
emissor-receptor. Esse conceito de percepção fundamenta a pedagogia de
transmissão de conhecimentos. A percepção é entendida como um
fenômeno de uma via: de fora para dentro. O conhecimento situa-se fora
do sujeito, que precisa memorizá-lo para dele apropriar-se. O pressuposto
aqui é que o conhecimento repassado constitui verdade indiscutível, só
restando aos alunos memorizá-lo. Essa prática educacional esvazia o
encanto e o prazer de aprender, ao separar ser e saber (conseqüência da
dicotomia cartesiana sujeito-objeto). O saber é objetivado, coisificado e
cobrado por meio das provas. Essa prática ainda é hegemônica,
principalmente nas universidades. Em virtude da estrutura fragmentária de
institutos como ilhas de saberes específicos e fechados em si, os
professores não costumam estar em dia com as construções na área
pedagógica. Aqueles que praticam a pedagogia tradicional acreditam (e
esperam comprovar por meio das provas) que as informações repassadas
23
em salas de aula são assimiladas integralmente pelos “bons” alunos
(pedagogia bancária ou da domesticação).
Várias características do pensamento cartesiano e suas influencias na
educação foram abordados, passaremos a seguir para as implicações do cogito
cartesiano nas ciências biológicas.
2.1.1 Conseqüências do pensamento cartesiano nas ciências biológicas
O cogito cartesiano fez com que se priorizasse a razão em detrimento à
matéria, concluindo que estas eram completamente diferentes e separadas.
Descartes, em seu modo de pensar, afirmava que não havia nada no conceito de
corpo que pertencesse à mente, e nada no conceito de mente que pertencesse ao
corpo. Esta fragmentação, entre mente e matéria, repercutiu profundamente sobre o
pensamento ocidental, trazendo a impressão de que somos egos solitários no
interior de nossas estruturas corpóreas, que delegamos à função mental
superioridade em relação ao trabalho manual. A concepção da natureza, segundo
Descartes, apresenta-se na dicotomia entre duas percepções independentes: a
mental, ou res cogitans, a coisa pensante, e a material, ou res extensa, a coisa
extensa. O eminente filósofo levou suas idéias mecanicistas da matéria para os
organismos vivos, considerando-os como simples máquinas e, no que se referia ao
corpo humano, este era indistinguível de um animal-máquina (CAPRA, 2006b).
Capra (2006b, p.57), contrapondo-se as idéias reducionistas e mecanicistas
do cogito cartesiano, reforça a importância da reformulação de paradigmas para
uma visão holística do ser humano:
[...] o problema é que os cientistas, encorajados por seu êxito em tratar os
organismos vivos como máquinas, passaram a acreditar que estes nada
mais são do que máquinas. As conseqüências dessa falácia reducionista
tornaram-se especialmente evidentes na medicina, onde a adesão ao
modelo cartesiano do corpo humano como um mecanismo de relógio
impediu os médicos de compreender muitas das mais importantes
enfermidades da atualidade.
A ciência médica ocidental aderiu ao pensamento reducionista e fragmentário
da visão cartesiana, negligenciando o tratamento sistêmico do paciente. Esta
fragmentação induz os médicos a dificuldades em conseguir interpretar ou tratar
doenças mais complexas. um crescente reconhecimento, por parte da classe
24
médica, admitindo que muitos dos entraves em nosso sistema de saúde são
oriundos do modelo reducionista e mecanicista do organismo humano.
O professor Dr. Amit Goswami, pesquisador, conferencista e sico quântico,
aborda profundamente as repercussões negativas da medicina alopática ocidental
em seu livro intitulado “O médico quântico”, no qual afirma:
A verdade é que a maioria dos praticantes de medicina continua a pensar
estritamente de acordo com a física clássica, mesmo em cem anos depois
do advento das novas idéias quânticas [...] Na medicina, esse preconceito
obriga os praticantes a ignorar o papel causal da consciência do curador e
do paciente no ato da cura, a despeito de muitas das evidências e mesmo
do senso comum. [...], no entanto, muitos praticantes de medicina
admitiram, pelo menos reservadamente, que há um papel para o significado
na cura, um significado que o paciente vê na doença. (GOSWAMI 2006,
p.66,67)
Goswami (2006, p.102) conclui seu pensamento crítico em relação aos
modelos médicos ocidentais escrevendo:
As técnicas da medicina alopática aumentam nossa separação da
totalidade; tratando-nos como máquinas, ela tende a transformar-nos em
máquinas condicionadas, sem capacidade de escolha.
Para Damásio (1996, p. 288), a negligência cartesiana da não observância
dos aspectos mentais, pelas ciências ocidentais, acarreta interpretações
equivocadas, levando à entraves nos avanços do conhecimento pleno do ser
humano:
A negligência cartesiana da mente, por parte da biologia e da medicina
ocidentais, tem tido duas conseqüências negativas principais. A primeira
situa-se no campo da ciência. O esforço para compreender a mente em
termos biológicos em geral atrasou-se várias décadas e pode dizer-se que
agora começa. Antes tarde do que nunca, sem dúvida alguma, mas o
atraso significa também que se tem perdido o impacto potencial que um
conhecimento profundo da biologia da mente poderia ter causado nos
problemas das sociedades humanas. A segunda conseqüência negativa
relaciona-se com o diagnóstico e com o tratamento eficaz das doenças.
Renomados médicos pesquisadores como Carlos Chagas, Oswaldo Cruz,
Louis Pasteur, Albert Sabin mostraram-se grandes conhecedores na essência da
fisiologia e fisiopatologia humanas em nossos tempos, amealhando profundo saber.
No que tange ao diagnóstico e tratamento das patologias estes profissionais
sustentam grandes vitórias, por uma mescla de saber e capacidade, contudo, esta
situação não se apresenta de forma homogênea no mundo ocidental. Prosseguindo
nessa visão o que predomina é uma percepção deturpada do organismo humano,
25
associado a um assustador crescimento do conhecimento e uma voraz busca da
subespecialização, tornando a ciência médica cada vez mais imprópria. As ciências
médicas deveriam direcionar esforços no intuito de evitar um acúmulo ainda maior
de problemas causados pela industrialização da saúde, ou porque não dizer da
doença, e tentar minimizar o profundo abismo que se formou entre corpo e mente na
medicina ocidental. É de relevante importância uma mudança neste modo de pensar
e, para que isso ocorra, são necessárias profundas discussões e mudanças nas
ações. Damásio (1996, p. 289) afirma que a busca por diferentes técnicas
terapêuticas alternativas, mostra a insatisfação em relação às técnicas médicas
ocidentais, principalmente no que diz respeito à dicotomia entre o corpo e a mente:
Suspeito que o êxito de algumas formas da chamada medicina ”alternativa”,
em especial aquelas que estão ligadas à tradição o ocidental, constitui
uma reação compensatória a esse problema. algo a admirar e aprender
com essas formas de medicina alternativa [...] as formas de medicina
alternativa vêm colocar em destaque o ponto fraco da tradição ocidental,
que deveria ser cientificamente corrigido dentro da própria medicina. Se,
como julgo, o êxito atual dos tratamentos alternativos é um indício da
insatisfação do público em relação à incapacidade da medicina tradicional
de considerar o ser humano como um todo, é de prever que essa
insatisfação irá aumentar nos próximos anos, à medida que se aprofundar a
crise espiritual da sociedade ocidental.
Na evolução histórica, da ciência ocidental, as ciências biológicas estiveram
muito ligadas à medicina, sendo que a concepção mecanicista as influenciou
profundamente. Este pensamento fez com que o corpo humano fosse considerado
uma máquina que podia ser analisado em suas mínimas partes como peças de um
mecanismo, e a doença interpretada como um mau funcionamento deste
mecanismo.
A medicina do ocidente, ao dividir o corpo em partes cada vez menores,
perdeu de vista o ser humano como ser integral, reduzindo tamm a saúde ao bom
funcionamento de uma máquina, desviando-se do fenômeno da cura, evidenciando
a mais séria deficiência da medicina ocidental. O fato do fenômeno da cura não ser
abordado profundamente por esta ciência, porque considerado fora do espectro
científico fica evidente, uma vez que não pode ser compreendido em termos
reducionistas. Esta deficiência pode ser observada no processo de reparo dos
tecidos e, principalmente, na cura de algumas doenças com padrões complexos
envolvendo aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais (CAPRA, 2006b).
26
A necessidade de superação do dualismo, proposto pelo cogito cartesiano,
nos setores educacionais e tamm na saúde é de suma importância.
Strieder (2004, p.280, 281) nos apresenta esta necessidade de mudança de
paradigmas, buscando um olhar sistêmico do ser humano, integrando este ao meio
em que vive, considerando-o um ser incondicionalmente aprendente:
Esse emaranhado conceitual, recheado de dúvidas e de conceitos
divergentes, expressa de forma difusa, o quanto ainda é difícil admitir que
somos nosso corpo, superando o tradicional e histórico dualismo do “Temos
um corpo.” Do “Eu tenho um corpo.”, do “Cogito, ergo sum.” (“penso, logo
existo.”) de Descartes. A partir dessas concepções, a identidade humana
assentou-se na estrutura mental e racionalista em detrimento de um
organismo corpo/mente coexistindo e inseparável. O mentalismo resultante
esqueceu a possibilidade de que o corpo gere conhecimento e seja seu
agente. Assegurada a separação corpo e mente exigiu-se uma concepção
mecânica do universo com a necessária existência de partículas
elementares. Igualmente, os organismos vivos foram dissecados e o
cartesianismo os concebeu como máquinas construídas de partes, em
principio sem interação e muito menos interdependência [...]. Essa base
reducionista, arquitetada pela física clássica, transpôs-se para as ciências
sociais e o resultado foi mais fragmentação e um maior grau de obstrução
da visão dinâmica de realidade. No entanto, entre avanços e reveses,
alguns ramos das ciências sentem-se inclinados a investigar o intrigante
tema da corporeidade/vida. Tentam fugir das tradicionais alusões
mentalistas da vida corporal, avançando em mergulhos fascinantes rumo ao
discernimento do cérebro/mente e da vida/autopoiese.
É evidente a urgência de mudança, mudança de conceitos que minimizem as
idéias fragmentadoras e dicotômicas do método cartesiano, tanto nas ciências
biológicas como nas ciências humanas. Para que isso realmente ocorra será
necessário repensar, profundamente, a posição do ser humano em relação ao meio
ambiente e as formas de sua interação com o meio ambiente. Podemos buscar
respostas alternativas em outras culturas que apresentam outros pontos de vista,
maneiras diferentes de observar e entender as relações existentes entre os seres
humanos e o universo, reconhecer a integração com o todo e, mais importante,
sentir-se como parte integrante deste todo universal.
Esta mudança conceitual pode e é trabalhada com os alunos dos cursos de
pós-graduação em acupuntura tradicional chinesa para que sua formação
acadêmica seja baseada na não fragmentação do ser humano. Os conteúdos da
matriz curricular e os conteúdos essenciais precisam integrar os elementos teóricos
e práticos, quando ministrados aos alunos, para que o conhecimento seja construído
com uma visão sistêmica do ser humano.
27
No curso de acupuntura as idéias sistêmicas são apresentadas aos alunos já
nos primeiros momentos, enfatizando a importância da mudança de paradigmas,
para que percebam a unidade do ser humano e a sua total integração com o
universo, o que sedimenta a importância da prática de atitudes transdisciplinares,
prevista nos conteúdos da matriz curricular.
Na sequência do estudo, apresento o contexto histórico do pensamento
chinês e suas correlações com a medicina tradicional chinesa, para proporcionar ao
leitor a possibilidade de entendimento acerca deste modo de pensar.
2.2 UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE PENSAMENTO CHINÊS E SUAS RELAÇÕES
COM A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
Para compreendermos os fundamentos básicos da MTC, e suas relações com
o pensamento tradicional chinês, devemos recorrer inevitavelmente a um estudo,
ainda que breve, da história dessa filosofia, que já conta milênios de existência e
que dá sinais interessantes de continuidade em meio à modernidade.
uma grande confusão entre a estrutura básica do pensamento chinês e
suas contribuições nos outros campos de saber criados na China Antiga. Muitas
vezes se busca relacionar, de modo superficial, as relações existentes entre as
escolas éticas chinesas (Confucionismo, ou Daoísmo, por exemplo) e o fundamento
epistemológico que organiza a mentalidade chinesa, embasadora de modo
abrangente das ciências produzidas por esta sociedade. É necessário aqui realizar
uma distinção entre estas teorias que comem o cerne do pensamento chinês, e
seus possíveis desdobramentos, de modo a elucidar a lógica interna presente na
MTC.
Deste modo, temos que recorrer ao passado chinês para compreender a
evolução histórica de sua filosofia. A idéia fundamental que possuímos sobre o
antigo modo de pensar chinês encontra-se presente no Tratado das Mutações
(Yijing), cuja versão mais recente data do século VI a.C., e que foi recolhida pelo
grande sábio Confúcio. Segundo Confúcio, o Tratado das Mutações remontaria, pelo
menos, ao século XII a.C., o que é razoavelmente possível, de acordo com uma
série de pesquisas realizadas em torno do texto (SHAUGHNESSY, 1998). Apesar de
o livro ser atualmente muito valorizado pelos seus aspectos oraculares, seus
objetivos principais eram, na verdade, transmitir o que os chineses entediam como o
28
modo fundamental de operação da natureza. E no que consistiria isso? Para os
redatores do texto, a natureza era entendida dentro de uma razão ecológica,
organizada por ciclos (estações, dias, tempos) que podiam ser medidos,
quantificados e cujas tendências eram reguladas por meio de atributos físicos
(temperaturas, climas, colheitas, etc.), influenciando diretamente as tendências da
realidade. Num nível primeiro, estas associações redundaram na criação dos
calendários anuais, que organizavam a vida social chinesa; num segundo nível,
porém, eles evoluíram no sentido de se formular uma teoria sobre a identificação
das forças que atuam nesta natureza, no sentido de compreender como se daria a
construção, a alternância, o equilíbrio e a continuidade entre elas (GRANET, 1997,
p. 63-85).
A observância dos ciclos naturais levou, assim, a que se considerassem a
existência de duas tendências nos movimentos naturais, denominadas, por
conseguinte, como yin e yang. É importante notar que estas não são, exatamente,
duas “forças”, como usualmente alguns autores preferem classificar, que congregam
diversos elementos da natureza (JOPPERT, 1979). Uma leitura superficial pode nos
levar a considerá-las como tal, daí surgindo as classificações usuais do tipo yang =
masculino, quente, para cima, fogo, etc. e yin = feminino, frio, para baixo, água, etc.”,
mas na verdade, a relação yin-yang funciona mais exatamente como um sistema de
coordenadas da realidade (tais como x e y) que determinam, de fato, o que é uma
coisa é, ou está, em relação à outra. Isso significa que, numa situação de análise
sobre as propriedades de uma fruta, sobre o clima de um dia, ou mesmo sobre o
pulso de um paciente, busca-se determinar uma certa tendência a partir das
circunstâncias, que se opõem, se excluem, ou se completam. Para o sistema yin-
yang, portanto, o entendimento de um objeto é acessado por dois critérios; suas
propriedades constituidoras, e aquelas que não o constituem. Podemos dar um
exemplo disso: ao comparamos um cão e um gato, veremos que ambos m 4
patas, focinho, são mamíferos, possuem rabo, etc. O que os diferencia, pois? Neste
caso, a distinção é feita por propriedades entendidas como opositoras”, tais como
miar, subir em árvores, hábitos, etc, que diferenciam o que um faz e o outro não.
Aplicadas numa investigação mais aprofundada, as relações yin-yang
serviram de estofo, por conseqüência, para elucubrações teóricas mais abrangentes
e sutis, tais como a regulação das relações sociais, os parâmetros científicos de
identificação e derivação (por exemplo: o oposto da água seria o fogo, pois ambos
29
se anulam; logo, a água quente é aquela em que predomina a própria água, mas
que possui uma derivação resultante do contato com o fogo) e a formulação de
teoria geral da produção das coisas de modo universal. O que se conclui deste
sistema, portanto, é que o mundo é gerado pela oposição complementar de
tendências, e o que se entende por Harmonia (He) é o ajuste destas tendências, de
modo equilibrado, visando manter o ciclo natural da matéria (Qi) de modo a não
desagregá-lo, seja por excesso ou ausência. O mundo e por conseguinte, a
natureza são engendradas pela mutação constante das coisas, em que se
alternam estas tendências; e o equilíbrio é dado pela capacidade de harmonizar
estas tendências, constituindo o chamado caminho natural das coisas, ou Dao (ou
ainda, em outra grafia, Tao). No plano da natureza, esta harmonia se
naturalmente, sem que haja necessidade de intervir nela; no entanto, a ação
humana sobre ela pode gerar processos desarmônicos ou calamidades, se for
realizado em excesso. O ser humano pode perder ainda o seu “caminho”, ou, o
contato espontâneo que o mantém com a natureza, gerando para si processos de
doença, esgotamento ou violação. O ideal dentro desta visão é a manutenção do
Ritmo (Yun), o modo adequado para que cada ser possa ajustar suas necessidades
aos recursos disponíveis, cumprindo o seu ciclo natural e possivelmente até
estendendo-o. No entanto, na visão histórica dos chineses, estes conhecimentos
sobre o Dao eram gerais na sociedade do passado no culo VI a.C., porém,
uma mudança significativa sobre este discurso, que iria influenciar de modo
definitivo a organização do pensamento chinês.
2.2.1 A questão Ética
No período dos séculos VI V a.C., instala-se uma crise social profunda na
sociedade chinesa, havendo uma escalada de violência e de conflitos de interesses
dentro da chamada dinastia Zhou. A falência das instituições é notada por diversos
intelectuais, que decidem analisar a questão e propor soluções para a crise. Este
período foi conhecido como das “Cem Escolas de Pensamento”, em função da
grande quantidade de pensadores envolvidos neste processo de discussão. A maior
parte, porém, não deixou grandes legados, e os principais debatedores deste
momento foram, justamente, os confucionistas, os daoístas, os legistas, os moístas
e os cosmológicos.
30
Historicamente, deve ter sido Confúcio (561-479 a.C.) o primeiro a notar os
sinais do caos que se seguiria nos séculos seguintes. Para ele, a desagregação do
sistema social era causada pela perda do conhecimento acerca do Caminho (Dao),
tendo em vista que a natureza do ser humano é a de produzir conhecimento. Se o
ser humano produz saber, logo (pela lógica yin-yang), quanto mais ele souber, mais
ele poderá esquecer; dito assim, no entendimento de Confúcio, a saída para a crise
seria retomar o conhecimentos sobre a raiz das coisas (jing), ou seja, compreender
o padrão de funcionamento do mundo para então, alcançar a harmonia com ele. Isso
se daria por meio da educação, ponto fundamental da teoria confucionista. Segundo
Confúcio, a educação seria o único meio pelo qual se poderia conhecer o passado,
as teorias sobre a natureza e assim, manter o apropriado e adaptar o necessário.
Confúcio acreditava, ainda, que a obtenção deste conhecimento levaria ao
Humanismo (Ren), ou, a harmonia ideal entre os seres, baseada no seu ritmo de
existência.
Outra escola que parece ter surgida junto com a de Confúcio foi aquela
denominada como “seguidores do Dao”, ou Daoístas. Seu primeiro grande autor
teria sido Laozi, um pensador desencantado com a cultura e com a sociedade, e que
propunha que o retorno ao Dao original ou, a natureza humana original consistia
em se desapegar de tudo aquilo que o ser humano produziu, e tentar buscar a
originalidade da vida em contato direto com a natureza (florestas, rios, lugares
isolados). A proposta de Laozi, assim, era absolutamente contrária a de Confúcio;
enquanto este acreditava que a cultura fazia parte da natureza humana, Laozi
defendia o mito da perda da naturalidade, e o conseqüente desregramento do
processo da vida. Por esta razão, os daoístas eram estimulados a viver distantes
das cidades, alimentado-se do que podiam pegar com suas mãos, dedicando-se as
atividades mais básicas e, ocasionalmente, estudando textos que lhes pareciam
adequados sobre a doutrina.
Enquanto confucionistas e daoístas são considerados opostos
complementares no pensamento chinês tradicional, os Moístas e os Legistas o
tidos como escolas cuja eficácia foi relativa por suas visões excessivas sobre a
natureza humana. Os moístas surgiram pouco tempo depois de Confúcio, e eram
liderados por Mozi. Sua doutrina consistia numa negação completa da cultura e da
ideologia dominante, tida como causa de todo mal existente. Mozi defendia que o
resgate do Dao se baseava no abandono das instituições e na formação de um
31
comunismo primitivo, em que não haveria mais elite, nobres ou dominantes,
somente a classe campesina, produzindo para sua própria subsistência. Embora os
moístas fossem bons argumentadores, eles eram contra a educação formal, o que
desde cedo dificultou a continuidade de sua doutrina. Duraram pouco tempo, apesar
das impressões que deixaram na literatura.
A escola legista teve uma ação muito mais intensa, apesar, também, de sua
curta duração. Os legistas, comandados por Shang Yang e Hanfeizi, acreditavam
que o Dao original fora perdido por completo, e que as respostas do passado não
mais serviam. A lógica do sistema, portanto, seria a Lei (Fa), que imporia o equilíbrio
com a natureza e na sociedade. A teoria central destes pensadores, portanto, era de
que a superação das dificuldades e os ajustes necessários eram feitos a partir da
primazia da razão e da aplicação do poder constituído, sendo a natureza submetida
ao humano. Os legistas conseguiram feitos notáveis na re-unificação da China,
durante a Dinastia Qin (221-201 a.C.), mas suas medidas excessivas, e a lei
totalitária que impuseram, rapidamente geraram uma crise entre o povo chinês, que
em breve os derrubou.
Por fim, os cosmológicos se constituíam em autores pouco conhecidos. Eles
defendiam o resgate das teorias yin-yang e a interpretação das forças da natureza
por meio da teoria dos Cinco Estados da Matéria, Wuxing (ou ainda, wujing, ou cinco
essências). A teoria yin-yang já nos é conhecida; a teoria dos cinco estados a
complementava, afirmando que a matéria se concretiza na realidade de cinco modos
diferentes (água, madeira, fogo, metal e terra), por meio de correlações de produção
ou anulação, e que podiam ser aplicadas a todos os seres e coisas. As teorias
cosmológicas surgem em anexos dos textos do Tratado dos Livros (Shujing, da
época de Confúcio), mas seus principais autores surgiriam na Dinastia Han (séc. 3
a.C. ao séc. 3 d.C.). A princípio, estas teorias o apresentadas como esquemas
interpretativos da natureza, mas logo seriam utilizadas na sistematização da MTC e
de propostas Bioéticas na China Antiga.
2.2.2 O advento da Dinastia Han
A experiência dos Moístas e dos Legistas foi efêmera. No entendimento dos
chineses, ambas incorreram em excessos, e seu erro fundamental foi negar a
conexão com o equilíbrio fundamental com a natureza, dada pelo Dao. Ambas não
32
reconheceam a correlação das tendências yin-yang, tentando sobrepor-se a elas, e
esquecendo então o ritmo necessário ao estabelecimento da ordem.
os confucionistas e os daoístas foram mais bem sucedidos por anuírem a
esta estrutura fundamental de pensamento, dando-lhe inclusive o dinamismo
necessário à sua continuidade. Durante a época da Dinastia Han, o Confucionismo
foi eleito a principal teoria de administração pública e do Estado, enquanto os
Daoístas se encaminharam no sentido de se transformarem numa espécie de
religião, que pesquisava métodos mais apropriados de harmonia com a natureza, e
empreendendo buscas que perpassavam tanto a MTC quanto a Alquimia.
A dinastia Han, porém, é o momento de síntese destas escolas, posto que a
visão chinesa sobre estas teorias é que elas representam tendências (novamente, o
sistema yin-yang) e, por conta disso, o mais apropriado seria fundi-las, de modo a
buscar modelos de ajuste cada vez mais sutis e profundos (BUENO, 2008). Nesta
época, pois, é que surgem textos como o Sábios de Huainan” (Huainanzi) e “As
pedras preciosas das primaveras e outonos” (Chunqiu Fanlu), de Dong Zhongshu,
ambos os textos fundem as teorias cosmológicas com as doutrinas éticas,
formulando uma espécie de Bioética primitiva. O primeiro, o Huainanzi, encaminhava
uma fusão do daoísmo com os cosmológicos, dando-nos preciosas informações
sobre as visões de mundo e de natureza da época, e defendendo que os seres
humanos eram constituídos por porções diferentes dos wuxing, o que os levaria a
terem tendências diferentes, constituindo as individualidades humanas e, por
conseguinte, que a ética do equilíbrio com a natureza daoísta consistia na busca
íntima do ajuste correto, por meio da adaptação desta tendência pessoal com a
natureza circundante.
Dong Zhongshu, porém, era um confucionista importante dentro da corte
chinesa, e seu livro, o Chunqiu Fanlu, é um tratado que funde a cosmologia com o
confucionismo, gerando desdobramentos bioéticos que atingem não somente o ser
humano, mas também, sua vida em sociedade. Segundo Dong, as tendências
wuxing também aparecem na formação do caráter do indivíduo, mas seu ajuste se
em sociedade, e não pelo isolamento. Assim, a sociedade é, tamm, um grande
organismo, e as crises, doenças ou conflitos são gerados pela desarmonia tanto
individual quanto coletiva. É o texto de Dong, aliás, que nos mostra uma das
primeiras passagens sobre a relação wuxing diretamente atrelada ao ser humano e
ao seu comportamento:
33
Tem o céu 5 forças, a saber: a madeira, o fogo, a terra, o metal e a água. A
madeira é o primeiro, e a água o ultimo, com a terra no meio. Tal é sua
seência ordenada pelo céu. A madeira origem ao fogo, o fogo
origem a terra (cinzas), a terra origem ao metal, o metal origem a
água, e a água origem a madeira. Tal é sua relação criadora. A madeira
está à esquerda, o metal à direita, o fogo adiante, a água atrás, e a terra no
centro. Esta é a ordem em que, como pais e filhos, recebem o ser e o
transmitem em reciprocidade. Assim, a madeira o recebe da água, o fogo da
madeira, a terra do fogo, o metal da terra, e a água do metal. Enquanto os
transmissores todos são pais; enquanto receptores, todos são filhos. Confiar
constantemente no próprio pai a fim de prover para o próprio filho é a via do
céu.Por conseguinte a madeira, enquanto árvore vivente é alimentada pelo
fogo (sol); o metal, uma vez morto, é sepultado pela água; o fogo se
compraz na madeira, e a nutre por meio da energia yang (solar); a água
vence ao metal (seu pai), mas o chora por meio da energia yin. A terra
demonstra a máxima lealdade no serviço do céu. Assim, as 5 forças
proporcionam uma norma de conduta para ministros leais e para filhos
devotos de seus pais.O sábio, compreendendo isso, incrementa o seu amor
e diminuiu sua severidade, faz mais generoso seu auxilio aos vivos e mais
respeitoso seu cumprimento dos ritos funerários pelos mortos, ajustando-se
assim a norma estabelecida pelo céu.Como filho, cuida gostosamente de
seu pai, o mesmo que o fogo se compraz na madeira, e chora a seu pai, o
mesmo que a água vence ao metal. Serve ao seu soberano como a terra
reverencia ao céu. Assim, pode chamar-se um homem de força.
Exatamente igual que cada uma das 5 forças mantém seu lugar próprio de
acordo com sua ordem estabelecida, assim os funcionários públicos, em
conformidade com as 5 forças, se esforçam ao máximo empregando suas
faculdades em seus deveres respectivos.
É neste contexto que se formula o primeiro texto conhecido da Medicina
Chinesa, o Tratado Interno (Neijing), que ratifica a tendência de unir as teorias
cosmológicas para garantir uma explicação lógica aos processos físicos de doença e
saúde. Não se sabe ao certo quem o produziu se confucionistas, daoístas ou
mesmo uma linha de médicos ou de cosmológicos mas o fato é que, a partir dele,
a avaliação da MTC tornou-se um assunto cientificamente embasado, afastando-se
gradativamente da alquimia chinesa. O Nejing incorpora uma metodologia de análise
baseada nas antigas teorias yin-yang e wuxing, mas aceita plenamente as relações
bioéticas propostas pelos pensadores da dinastia Han, como podemos ver neste
trecho do primeiro capítulo:
Antigamente, essas pessoas que compreendiam o Dao [o caminho do
autodesenvolvimento] moldavam-se de acordo com o Yin e o Yang [os dois
princípios da Natureza] e viviam em harmonia com as artes da adivinhação.
Havia temperança no comer e no beber. As suas horas de levantar e
recolher eram regulares e não desordenadas e ao acaso. Graças a isso, os
antigos conservavam os seus corpos unidos às suas almas, a fim de
cumprirem por completo o período de vida que lhes estava destinado,
contando cem anos antes do passamento. Hoje em dia, as pessoas não são
assim; utilizam o vinho como bebida e adotam a temeridade e a negligência
como comportamento habitual. Entram na mara do amor em estado de
embriaguez; as paixões exaurem-lhes as forças vitais; o ardor dos desejos
malbarata-lhes a verdadeira essência; não são hábeis na regulação da sua
34
vitalidade. Devotam toda a atenção ao divertimento dos seus espíritos,
desviando-se assim das alegrias da longa vida. Levantam-se e deitam-se
sem regularidade. Por tais razões só chegam à metade de cem anos e
degeneram. Na Antigüidade mais remota, os ensinamentos dos sábios eram
seguidos pelos que se encontravam abaixo deles. Os sábios diziam que a
fraqueza, as influências insalubres e os ventos nocivos deviam ser evitados
em ocasiões específicas. Sentiam-se tranqüilamente satisfeitos no nada e a
verdadeira força vital acompanhava-os sempre; preservavam dentro de si o
vigor vital primitivo. Assim, como podia a doença acome-los? Reprimiam a
vontade e reduziam os desejos; os seus corações estavam em paz e sem
qualquer medo, os seus corpos labutavam e, contudo, não sentiam fadiga.
O seu espírito respeitava a harmonia e a obediência, estava tudo de acordo
com os seus desejos e conseguiam o que quer que desejassem. Achavam
excelente qualquer espécie de comida e qualquer espécie de vestuário os
satisfazia. Sentiam-se felizes em todas as circunstâncias. Para eles, não
importava que um homem ocupasse na vida uma posição elevada ou
inferior. Homens assim se podem chamar puros de coração. Não desejo
capaz de tentar os olhos destas pessoas puras, e a sua mente não pode ser
desencaminhada pelos excessos nem pelo mal. Numa sociedade assim,
quer os homens sejam sensatos, quer idiotas; quer virtuosos, quer maus,
não têm medo de nada, estão em harmonia com o Dao, o Caminho Certo.
Por isso, os antigos viviam mais de um culo e permaneciam ativos sem
se tomarem decrépitos, porque a sua virtude era perfeita e nada jamais a
punha em perigo.
Foi neste momento que as técnicas mais antigas da acupuntura, da
farmacopéia e das outras ciências chinesas passaram por um processo de revisão
geral, sendo analisadas segundo os procedimentos das teorias yin-yang e wuxing.
Uma ampla gama de estudos começou a se desenvolver nesta época (tal como das
fórmulas magistrais, por exemplo), levando a um processo de aprofundamento dos
métodos médicos, e de sua conseqüente evolução. Logo, tratados de medicina e
acupuntura, como o Lingshu e o Suwen estavam sendo escritos, incorporando o que
havia de melhor destas pesquisas e legando um poderoso instrumento de cura para
a posteridade.
Não sem razão, é possível afirmar que a extensão da civilização chinesa deve
muito a estes avanços, impossíveis de serem desconsiderados. Simples métodos
como de aquecer a água para o chá e para outras bebidas (pois dentro da lógica yin-
yang e wuxing, o fogo elimina impurezas, tal como faz com a carne; logo, se
aplicado a água, elimina tamm suas impurezas, o que antecipou em séculos a
consciência sobre esterilização e purificação da água) evitaram muitas vezes
catástrofes terríveis de pestes e doenças, bem como melhoraram enormemente a
qualidade de vida, prevenindo diversos males corporais. A história da China,
marcada por momentos terríveis de crise, entende que todas as épocas ruins são
marcadas por uma ausência generalizada de educação, o que gera o conseqüente
35
abandono destas práticas salutares, da ética e que promovem, assim, uma crise
orgânica da vida e da natureza.
Após este relato histórico o leitor terá mais facilidade para assimilação da
abordagem mais profunda dos conceitos abordados. Para um aprofundamento
acerca do pensamento filosófico chinês apresento, a trajetória dos principais
pensadores chineses.
2.2.3 Os pensadores chineses e suas contribuições
Confúcio
Confúcio é a nominação latina, determinada por missionários jesuítas na
China, da designação chinesa Kongfuzi (Mestre Kong). De acordo com a biografia,
Confúcio tem como data aproximada de nascimento 551 a.C.. Viveu por
aproximadamente 72 anos vindo a falecer por volta de 479 a.C. Relacionando-o com
sua idade sempre é representado com as feições de um venerável ancião marcado
pela imensa sabedoria.
Confúcio nasceu no pequeno vilarejo de Lu, atualmente chamado de
Shandong. Confúcio, em suas origens representa uma categoria de população
ascendente, entre a nobreza guerreira e o povo camponês e artesão, apresentando
grande competência na área cultural, constituindo uma categoria de funcionários-
letrados da China imperial. Esteve, desde muito jovem, engajado na vida política de
Lu, exercendo funções administrativas subalternas e mais tarde chegando a deter o
cargo de ministro da Justiça. Aos cinqüenta anos de idade abandona a carreira
política por chegar à conclusão de que não poderia ser praticada através de
compromissos para com soberanos que perderam o senso do mandato celestial. Em
virtude desta decepção passou a oferecer seus conhecimentos e conselhos a outros
governantes, que detinham seu poder por hereditariedade, mas não obteve sucesso.
Com mais de sessenta anos, retorna à cidade natal de Lu, onde viveu seus últimos
anos de vida. Nesta fase da vida disseminou seus conhecimentos e angariou um
número cada vez maior de seguidores. Elaborou muitos textos com conteúdo ético e
36
educativo, textos estes, que vieram constituir a única obra vinculada ao seu nome
denominada Analectos
3
(CHENG, 2008).
É comum comparar no ocidente Confúcio a Sócrates, particularmente na
forma de influenciar seus seguidores. A sua presença e influência junto aos
seguidores foio evidente quanto à do filósofo grego, sendo que os chineses
Confúcio é considerado um “Mestre para dez mil gerações”. Pouco se sabe sobre o
modo de vida do pensador chinês, a não ser pelo fato de Confúcio ter atuado como
professor no início do culo V a.C. Apoiou seus ensinamentos em textos clássicos
como: o Shijing (Livro dos Versos), o Shujing (Livro da História), o I Ching (Livro da
Adivinhação) entre outros. As explanações sobre estas obras serviram como ponto
central de seus ensinamentos, associando-os a normas de boa conduta ritual
4
. A
doutrina, preconizada por Confúcio, tem características de uma doutrina de ação,
preconizando uma moral atuante, Cujos princípios são interpretados ao da letra.
Teve um grande prestígio como mentor espiritual e não hesitou em instruir segundo
situações que eram julgadas como contraditórias. Confúcio fazia de qualquer
oportunidade cotidiana uma boa ocasião para tirar proveito e transformar em
situação de ensinamento (GRANET, 1997).
A política era o foco principal da atenção do pensador chinês, mais não mais
importante do que a filosofia chinesa antiga. Em sua visão o pensamento chinês
girava em torno de duas questões principais: harmonia do universo e da sociedade,
ou seja, cosmologia e política. Desta forma é possível entender quando Berliner
(2005, p.27) transcreve um trecho dos ensinamentos atribuídos ao pensador chinês:
Uma vida de eremita pode ser tentadora para um sábio; mas, uma vez que
não somos nem pássaros nem animais selvagens, não podemos nos
refugiar entre eles. Temos de nos associar aos nossos semelhantes. E,
quando o mundo perde o Caminho, o sábio tem o dever moral de reformar a
sociedade e fazê-la voltar aos trilhos. A política é uma extensão da ética:
Governo é sinônimo de honestidade. Se o rei for honesto, como alguém
3
Os Analectos são uma compilação de ensinamentos de Confúcio, realizadas por seus discípulos
após a morte do mestre e de uma influência incontestável no oriente, principalmente na China
(SCHWANFELDER, 2008).
4
Para Confúcio ser humano é estar imediatamente em relação com os outros, relação que é
percebida como de natureza ritual pela formula tornada célere: “Vencer seu ego para reintegrar-se no
sentido dos ritos”, indicando a necessidade de disciplinar a tendência ao egocentrismo e para
interiorizar ritualmente a humanidade de suas relações com os outros. A dimensão ritual do
humanismo confuciano confere-lhe uma qualidade estética, não apenas na beleza formal do gesto e
no requinte sutil do comportamento, mas pelo fato de haver nisto uma ética que encontra sua
justificação nela mesma, em sua própria harmonia (CHENG, 2008).
37
ousaria ser desonesto? O governo é de homens, não de leis (até os dias
atuais, isso continua sendo uma das mais perigosas pragas na tradição
política chinesa) [...] A verdadeira coesão é garantida não por regras legais
mais por observâncias rituais.
A valorização dos ritos, para a visão confucionista, pode parecer
desconcertante, mais esta situação é simplesmente semântica, bastando substituir a
palavra “ritos” por “hábitos civilizados”, ”convenções morais”, ou “bons costumes”.
Assim, podemos notar que os valores confucianos estão muito ligados aos princípios
da filosofia política que o ocidente criou por ocaso do Iluminismo. Segundo
Confúcio, o rei é líder pela moralidade, se não oferece exemplo moral, seo
consegue manter e promover os rituais e a música, perderá a lealdade de seus
ministros e a confiança de seus súditos. O tesouro de um governante está na
confiança de seu povo, quando a perde, o país está condenado (BERLINER, 2005).
Para o mestre Confúcio, o relacionamento entre os ritos e o que eles
representam para os indiduos, está no significado do justo” e como cada um
investe em sua maneira de se portar em relação ao mundo e em relação à
comunidade humana. É o modo como cada um interpreta a tradição coletiva
atribuindo-lhe um novo sentido. Segundo Cheng (2008, p.80/81), para Confúcio, a
missão sagrada para o ser humano de bem era:
Para Confúcio o homem tem uma missão sagrada: a missão de afirmar e
erguer cada vez mais alto sua própria humanidade. Esta missão prima
sobre todos os outros deveres sagrados, inclusive os que dizem respeito às
forças do divino ou do além [...] O sagrado não é tanto o culto prestado às
divindades, mas a consciência moral individual, a fidelidade a toda a prova
ao Caminho (TAO), fonte de todo o bem. Em nome deste caminho, o
homem de bem deve estar pronto a ser ignorado pelos homens sem se
perturbar, ou seja,deve estar pronto a renunciar a todas as vantagens e
sinais exteriores do sucesso e do reconhecimento social e político.
Finalizando a apresentação de Confúcio resta complementar que o sábio,
com a intenção de conduzir os comportamentos, sugere a necessidade de conhecer
o comportamento dos seres humanos. Que esses comportamentos nunca são
abstratamente desligados de grupos hierarquizados onde sua vida transcorre, e
onde o ser humano adquire sua personalidade, construindo sua dignidade de ser
humano. Confúcio, e seus seguidores, não tinham como objetivo instituir uma
ciência abstrata do ser humano, mas sim, a arte de viver, abrangendo psicologia,
moralidade e politização. Todas elas são oriundas da experiência, das observações
sugeridas pela vida de relações, pela capacidade de reflexão e somam-se ao legado
38
deixado pelos antigos. Esse cogito, nomina-se como humanismo, inspirado em um
espírito positivista
5
. Para Confúcio, somente teria valia, uma arte da vida que tivesse
suas origens em relações amistosas entre seres humanos civilizados E, identificava
este tipo de relacionamento como bem público (GRANET, 1997).
Mozi
Pouco se sabe da vida de Mozi (ou Mo-Tseu). Ele nasceu no país de Lu,
muito parecido com Confúcio, era um nobre sem fortuna. Fundou uma escola bem-
sucedida, com características de seita, e essa escola estava dominada pela
autoridade de um Grão-mestre, e era dividida em diversas ermidas que
conservavam uma unidade, com função de pregação. Tentava demonstrar
despojamento como forma de obter uma conduta ilibada.
Granet (1997, p. 297) descreve o espírito da seita, tendo como referência
relatos extraídos de documentos conservados:
Opor-se ao gosto pelo luxo, evitar a dilapidação, não buscar o esplendor
nos números e medidas protocolares, submeter-se as regras escritas,
preparar-se para as dificuldades da vida, tais foram os princípios [...] de
Mozi [...] Ele escreveu „contra os espetáculos [...] „Sobre a frugalidade‟.
(Segundo ele) os seres vivos não deveriam cantar, nem os mortos ser
objeto de luto. (Ele aconselhava) estender (a todos) uma afeição imparcial,
(considerar) imparcialmente os benefícios de todo tipo e opor-se a querelas.
Condenava a cólera, amava o estudo, mas não almejava distinção para os
doutos.
Mozi em seus ensinamentos tece criticas radicais ao humanismo confuciano,
contrariando a aposta no ser humano pregado por Confúcio. Seus textos
apresentam-se de forma sóbria, com estilo pesado e com pouco humor (CHENG
2008).
Com características conservadoras e pessimistas, procurava mais convencer
seus seguidores do que provar suas teses, por uma argumentação que em muitas
vezes soava como demagogia. Mozi aceitava sem restrições a existência do
princípio de autoridade, onde os deuses e os chefes determinariam o certo e o
errado, detendo tamm os castigos, restando apenas à submissão para os que não
estavam dispostos a sofrer os castigos impostos. A essência da doutrina está
5
Este termo é utilizado com o intuito de mostrar que Confúcio leva em conta apenas dados
observáveis, vividos e concretos (GRANET, 1997).
39
baseada na origem do governo, dando ênfase não ao caráter social dos homens,
mas sim ao comportamento individualista do teu e do meu, afirmando que os
homens conseguiram sair da situação anárquica quando recorreram às decisões
de um chefe. Encontra-se em Granet (1997.p.298) a apresentação desta idéia:
No começo não havia governo nem penalidades. Cada homem tinha uma
idéia diferente do teu e do meu; um homem tinha uma; dois homens tinham
duas; dez homens, dez ; quantos eram os homens, tantas as opiniões
diferentes. Cada qual aceitando a sua idéia do teu e do meu e se recusando
a admitir a de outrem, (só havia entre os homens) relações de hostilidade
(de negação) recíproca. Nas famílias, o ódio, a discórdia, a divio, a
desunião, reinavam entre pais e filhos, entre primogênitos e caçulas; (os
pais) eram incapazes de conviver em harmonia.
Seguindo o raciocínio descrito, CHENG (2008) relata que para Mozi a
desordem tem origem da falta de moralidade, onde o principio desta, deve vir de
cima, de um escalão superior, com senso de justiça, que possua domínio para
conseguir o consenso geral. Isso não se trata de autoritarismo com a utilização de
força bruta, mas sim, de uma auto-regulação da sociedade, Mozi vislumbrava na
fartura e no sucesso a recompensa de uma conduta correta.
Mêncio
Mestre Meng como era conhecido, viveu por volta de 380-289 a.C., tem sua
origem e um pequeno Estado de Lu, tamm origem de Confúcio, Mêncio é
considerado herdeiro espiritual de Confúcio. Observam-se em seus ensinamentos as
características do homem de bem”, e a busca deste que vem marcar
profundamente seus passos. A proposta deste pensador tem características ético-
políticas, procurando mostrar aos soberanos, que a melhor maneira de conduzir o
seu governo, seria colocar em prática o senso do humano, mas poucos senhores
davam-lhe ouvidos. Mesmo assim Mêncio insistia na idéia, de que este seria o único
meio de governar com características de unificação, conquistando estabilidade e
união, e isso seria possível tamm pelo tratamento humilde do soberano para com
seus súditos, como se fosse “pai e mãe” de seu povo, atraindo-os naturalmente a si
(CHENG, 2008).
Considerado um grande escritor, era mais um gerador de polêmicas do que o
pensador propriamente dito, colocando as questões em debate e discutindo-as com
grandes personagens. Atribui a si mesmo a tarefa de professar os ensinamentos de
Confúcio, com o intuito de impedir que as palavras de Mozi se dispersassem pelo
40
mundo, defendendo a sabedoria confusionista, desta forma Granet (1997.p.334)
apresenta a idéia de Mêncio:
O grande Homem é aquele que não perdeu o coração de recém nascido. Só
que ao se expressar dessa maneira, ele não está pensando na simplicidade
inata que qualquer civilização deturpa. O que pretende dizer é que somente
o grande Homem (ou seja, aquele que não trabalha com os músculos, mas
com o coração, aquele que vive com nobreza) pode, ao contrário de
“gentinha”, uma vez que escapa a qualquer atividade interesseira,
desenvolver livremente os sentimentos naturais de benevolência e
compaixão.
Os discursos de Mêncio demonstram a idéia do homem de bem”, tornando-o
não apenas um herdeiro das idéias de Confúcio, mais um pensador de integral
direito, é sua concepção de natureza humana, perdurando em toda reflexão
confuciana ulterior. O princípio do pensamento de Mêncio é demonstrar que a
natureza humana tem tendência pela bondade natural e também para sua
conservação. Para Mêncio a distinção entre o ser humano e o animal é sua natureza
moral, onde Cheng (2008, p.191) descreve:
Na perspectiva confuciana defendida por Mêncio, é ao próprio homem que
incumbe distinguir-se do animal bruto, já que sua superioridade não é
adquirida desde o início em virtude, por exemplo, de alguma origem divina
pense-se na idéia bíblica de que, de todas as criaturas, apenas o homem é
concebido à imagem de Deus. Trata-se, portanto, nada menos que de r
em evidência o que exatamente faz com que um homem seja humano: O
que distingue o homem do animal é quase nada. As pessoas comuns fazem
pouco caso dele, o homem de bem é o único a preservá-lo”. Este “quase
nada a que o home de bem está tão apegado, Mêncio chama de “mente
original” ou “mente fundamentalmente boa”. “Quase nada” minúsculo, mas
tamm infinito: uma vez que o homem se distancia do animal, suas
virtudes morais podem desdobrar-se indefinidamente, pois não se acaba
nunca de ser sempre mais humano.
O termo xin, que indica ao mesmo tempo a mente e o coração, é para Mêncio
uma forma unicamente humana de sensibilidade, determinando o poder de sentir,
desejar e de querer, mas tamm de pensar o que é sentido, desejado e querido.
Nota-se aqui a divergência de conceitos, onde que para um ocidental a cabeça é a
sede do pensamento puro, e o coração, sede das emoções e das paixões. Mêncio
afirma que o ser humano deve ser visto como um todo, e que em nenhuma hipótese
deve-se dissociar o corpo do coração/mente, sendo que o corpo não é um simples
aglomerado de carne e o coração também não é uma faculdade pensante
desencarnada, pelo simples fato de que ambos, da mesma maneira de que em
outros seres vivos, são constituídos de energia vital (CHENG, 2008).
41
Lao-Tse
Lao-Tse, Lao significa criança, jovem, adolescente e Tse é o sufixo de muitos
nomes chineses, indicando idoso, maduro, bio, correspondendo ao grego
presbyteros, que significa literalmente ancião, com a conotação de maduro,
espiritualmente adulto, de maneira que podemos transliterar Lao-Tse por jovem
sábio”, “adolescente maduro”. Lao-Tse viveu no século VI a.C. passando a primeira
parte de sua vida, cerca de quarenta anos, na corte imperial da China, atuando
como historiador e bibliotecário. Quando atingiu a meia idade, abandonou seus
afazeres, retirando-se como eremita, para a floresta, onde viveu o restante de sua
longa vida, estudando, meditando, auscultando a voz silenciosa da intuição cósmica,
deixando seus reflexos em sua obra o Tao Te Ching”. Aos oitenta anos Lao-Tse
cruzou a fronteira da China, desaparecendo sem deixar vestígios de sua vida
ulterior. Ao cruzar a fronteira, encontrou-se com um guarda da divisa, que lhe pediu
um resumo da sua filosofia, ao que Lao-Tse entregou um pequeno rascunho, que
continha toda a essência do atual Tao Te Ching, que atualmente é constituído de 81
capítulos brevíssimos, constando pequenos aforismos, muitas vezes de forma
paradoxal. Na obra de Lao-Tse as verdades se apresentam em forma de pequenos
epigramas, lembrando os Provérbios de Salomão. Em quase meio século de silêncio
e solidão Lao-Tse deve ter auscultado a voz do infinito, a alma do universo, e
exprimiu em conceitos mentais e palavras verbais a sua sabedoria ultramental e
ultraverbal. O sábio professa uma sabedoria de grande verticalidade, parecendo
muito com a metafísica da Índia. Para a compreensão da obra de Lao-Tse é
importante o entendimento de sua atitude cosmo-consciente (ROHDEN, 1997).
A obra de Lao-Tse tem uma existência histórica atestada
6
, apresentado
características que a diferenciam muito das obras que à sucedem, mostrando-se sob
a forma de poemas ritmados e com rimas de uma brevidade extrema, de estilo
singular e de grande simplicidade. Esta obra pode ser utilizada em diversas
6
Manuscritos foram encontrados em 1993 em uma tumba do início da dinastia Han (séc. II a.C.), em
Mawangdui (província de Hunan). Mais recentemente ainda, diversas recensões parciais do Tao Te
Ching em ripas de bambu foram encontradas em Guodian (proncia de Hubei). (CHENG, 2008).
42
situações simultâneas: cultura individual do não agir”
7
, aplicando este princípio à
arte de governar ou as artes de combate e busca de métodos de longevidade. Com
a finalidade de demonstrar o conceito central de seu pensamento Lao-Tse recorre a
uma metáfora relacionada à água, na qual sua tendência natural é de escorrer para
baixo, em analogia com a predisposição da natureza humana para a bondade. A
água representa o elemento mais humilde, mais insignificante na aparência, que,
embora não resistindo a nada, supera a resistência de materiais considerados mais
sólidos Cheng (2008, p.213):
O homem do bem supremo é com água. A água benéfica a tudo não é rival
de nada. Ela permanece nos baixios desprezados por todos. Do Caminho
ela está bem próxima. Nada no mundo é mais flexível e mais fraco do que a
água. Mas para atacar o duro e o forte nada a sobrepuja. Nada pode tomar
o seu lugar. Que a fraqueza vence a força. E a flexibilidade vence a dureza.
Não ninguém sob o Céu que não o saiba. Embora ninguém possa
praticar. Esta metáfora da água encontra-se e muitos pensadores chineses,
freqüentemente associada com o Tao de que ela é a figuração por
excelência: assim como o Tao, a água jorra de uma fonte única e constante,
embora manifestando-se sob uma multiplicidade de formas; inapreensível e
lábil por natureza, ela encontra-se no último limite entre o nada e o algo,
entre o não-há e o há, e passa por infinitas transformações.
A contradição na mensagem de Lao-Tse consiste em ir ao sentido
inteiramente contrário aos modos de pensamento convencional: optar pelo fraco em
detrimento ao forte, o não-agir ao agir, o feminino ao masculino, o estar embaixo ao
estar em cima. O Tao Te Ching apresenta a idéia de preferir” e não apenas de
sustentar apenas o fraco com eliminação do forte, pois os pares de opostos no
pensamento chinês nunca são de natureza excludente, mas complementar, estando
os contrários em relação não lógica, mas orgânica e cíclica, seguindo o modelo
gerativo da dupla Yin/Yang, que mais adiante seconceituado. O não agir, é então,
abster-se de toda a ação que seja proposital, direcionada, em virtude do princípio de
que uma ação pode ser realmente eficaz se ela for à direção do natural. O tema
principal do não-agir leva de volta a natureza original. O não-agir mostra-se como
uma possibilidade de retorno ao estado natural tal como no momento de nosso
7
Em um contexto em que os principados mais poderosos chegam a lutar até à morte pela
hegemonia, o problema mais urgente é saber como sair do círculo da violência, com sobreviver no
meio de superpotências que se exterminam mutuamente. Para Lao-Tse a melhor maneira de obviar à
pilhagem, à tirania, ao massacre, à usurpação seria não agir. Tal procedimento visa romper com o
ciclo da violência, absorvendo a agressão, evitando a agressão em troca de entrar no revide, em uma
escalada sem fim, fazendo com que a agressão se torne inútil (CHENG, 2008).
43
nascimento, onde este retorno a infância, não nos traz novamente a inocência, mas
sim a origem perdida (Cheng, 2008).
Lao-Tse nos mostra o Tao como um conceito extremamente complexo, infinito
e absoluto, que a mente humana não seria capaz de instituir uma palavra que o
designasse com perfeição. Se pudermos enunciá-lo, deixará de ser supremo, se
pudermos dar um nome a ele, deixará de se o Tao. Em seu significado smico
original, Tao é realidade última, subjacente e indefinível, que une tudo de material e
imaterial que existe no universo, e ao mesmo instante, Tao é o caminho que se
busca em direção a unidade universal. Para Lao-Tse o Tao é o caminho fluido, sem
entraves, sem início e sem fim, como uma circunferência. É o princípio ecológico do
fluxo contínuo, com um diferencial, onde na Ecologia Profunda, o curso ininterrupto
pode ocorrer em circunstâncias harmoniosas ou conflitantes. No Tao, o caminho
vencido está inevitavelmente ligado ao conceito de fluir junto com o universo. Em
termos mais claros, buscar o Tao é agir de modo a não bloquear o curso natural das
coisas: não bloquear a vida de uma mata virgem, o bloquear a pureza do ar que
respiramos, não bloquear o avanço de um aluno em uma determinada área que
demonstra interesse. Segundo Lao-Tse, para seguir o Tao é necessária uma
mudança de postura e de pensamento diante a vida, tomar conscncia sobre si
mesmo e o mundo e necessariamente, uma mudança de atitudes decorrentes dessa
consciência (LIMA, 2000).
2.3 A FILOSOFIA CHINESA CONCEPÇÕES DO PENSAMENTO CHINÊS SOBRE
A SAÚDE E A EDUCAÇÃO
A Medicina Tradicional Chinesa apresenta-se como uma das principais
opções de tratamento alternativo ou complementar aos procedimentos médicos
convencionais do ocidente. Como técnica tradicional chinesa esse modelo de
medicina consolida-se internacionalmente pela comprovação de seus resultados
terapêuticos. Esta valorização ou reconhecimento faz com que um grande número
de profissionais da área da saúde ingressem em cursos de pós-graduação em
caráter de especialização. Faz-se necessário um olhar atento para a metodologia de
ensino praticada nestes cursos, pois os alunos buscam um aprendizado diferencial,
em que o ser humano é observado como um ser integral e não fragmentado.
44
Sua dinâmica evolutiva da MTC, continuamente incorpora novos paradigmas
aos seus métodos terapêuticos, assimilando conceitos mais recentes, incorporando
ao universo de seus conhecimentos práticas provenientes de vários segmentos
históricos e de paradigmas diferenciados. É muito importante que este tema seja
tratado com sobriedade, evitando criar falsas idéias de exaltação a uma tradição
chinesa única, pois esta é uma complexa teia de interações, com momentos de
distanciamento e de aproximação entre várias escolas e tradições que surgiram ao
longo da história. Os conceitos que serão estudados e suas interações fornecerão
uma base conceitual suficientemente abrangente para o entendimento do objeto
deste estudo (NASCIMENTO, 2006).
Nos dias atuais, a MTC surpreende até os que a praticam muito tempo,
principalmente por seus efeitos capazes de superar as expectativas e, por ser uma
técnica em constante evolução, apresentando novas situações de aplicabilidade. A
MTC é de difícil compreensão, naturalmente vinculada ao exotismo da civilização
chinesa. Essa dificuldade vem sendo superado em virtude de experimentações, que
demonstram, segundo padrões da ciência contemporânea, a eficácia dos métodos
da antiga medicina chinesa. O estudo da filosofia chinesa tem mostrado tratar-se de
um sistema de pensamento racional e não místico (CARNEIRO, 2001).
Para uma melhor compreensão da MTC, é importante compreendermos algo
sobre o povo chinês, sua história, sua trajetória, seus modos de vida reconhecendo
tratar-se de uma das mais antigas civilizações a continuar sem dissolução.
O estudo arqueológico chinês teve seu início em um contexto político e social
que se seguiu à revolução de 1949. Essa revolução conhecida como Período da
Libertação, mostrou uma fase de grande ceticismo, não em relação à medicina
tradicional, mas também à tudo que era tradicional na China. As descobertas dessa
época contradizem a cronologia, muitas vezes cercada de dados fantasiosos sobre
fatos, que extrapolavam a antiguidade das descobertas chinesas. Os escritores
creditam ao terceiro milênio a.C. como sendo o início da prática da acupuntura,
sendo que aos chineses ensina-se que sua cultura permanece intacta por 5.000
anos, mas, no entanto, o registro arqueológico conta uma história diferente.
Convencionalmente atribui-se ao período de 2300 a 2000 a.C. o início da
prática da medicina chinesa. Os registros sobre a existência humana, na China
desse período, são muito vagos. Há evidências da existência de um povo, que não o
Mongol, em migração do norte para o sul, ao final da idade do gelo. Porém a
45
arqueologia moderna não revela informações até o surgimento da cultura mongol no
final da idade da pedra por volta de 2000 a.C. Este período, permeado de
desconhecimento é chamado de “hiato neolítico”, assim denominado pela evidência
geológica de que os fatores climáticos da China Setentrional eram o áridos que
não haveria a menor condição de vida para o ser humano. De repente, no entanto,
uma mudança ocorre por volta de 2000 a.C., existem fartas evidências da existência
de vilas, agricultura, organização econômica e caçadas características de grandes
cidades.
A primeira prova da presença de alguma cultura, além de artefatos cerâmicos
e instrumentos variados, iniciam com a sociedade dos Shang por volta de 1523 a.C.
(BIRCH, 2002).
Podemos observar no quadro 1, uma apresentação e descrição de fatos
datados, para permitir ao leitor uma melhor possibilidade de localização no contexto
cronológico do desenvolvimento da civilização chinesa, com ênfase em
acontecimentos relacionados a MTC.
PERÍODO
ACONTECIMENTOS
1523 a 1027 a.C.: dinastia
Shang, idade clássica do
bronze na China
Crenças demonológicas e propiciação ancestral indicam que a
medicina dissociada da religião está por vir
1027 a 772 a.C.: início da
dinastia Zhou, feudalismo
clássico
Os avanços da agricultura permitem a formação de grandes
exércitos liderados por soberanos absolutos que assumiram o
poder através da hereditariedade. Sistema religioso baseado em
rituais em que a medicina é estabelecida dentro de um contexto
de crenças mágicas e demonológicas
722 a 480 a.C.: peodo médio
da dinastia Zhou, declínio do
feudalismo
Inicia-se a história registrada. O confucianismo surge em meio a
principados “baseados no cultivo da agricultura e no uso das
armas”. A medicina embora ainda dominada pelas
correspondências mágicas e pela demonologia começa a se
desenvolver como uma atividade distinta.
480 a 221 a.C.: final da dinastia
Zhou, os Estados Combatentes
A cultura chinesa torna-se um caos decorrente dos principados
em guerra. Surge o taoísmo e a doutrina dos cinco elementos, a
medicina começa a se desenvolver como instituição.
221 a 206 a.C.: dinastia Qin,
período da queima dos livros
Uma lei autocrática cria um império que estabelece e consolida
instituições sociais e culturais, criando uma burocracia
governamental
46
206 a.C. a 220: dinastia Han,
período da sistematização
Época em que a cultura chinesa floresce; a medicina da
correspondência sistemática
8
domina a acupuntura com textos
seminais, os livros Nei Jing e o Nan Jing. Apesar de o livro Shang
Lan Hun ter sido escrito nesta época, a incorporação de drogas
naturais na medicina de correspondência sistemática por
fragilidade falha em encontrar seguidores.
220 a 589: seis dinastias,
período de desunião
As influências budistas são atuantes na China. A medicina de
correspondência sistemática se torna mais convencional e há um
desenvolvimento de literatura técnica
590 a 617: dinastia Sui, período
de reunificação
A cultura chinesa, incluindo a acupuntura, se aperfeiçoa e se
espalha por toda Ásia
618 a 906: dinastia Tang,
período de apogeu
Enquanto as idéias da medicina chinesa são absorvidas e
difundidas por toda a Ásia, os progressos na China se
concentram na busca da imortalidade através da alquimia,
durante um período de imensa riqueza e abundância cultural
907 a 960: cinco dinastias,
período de desunião
Um período de inadequação governamental, a medicina sofre
uma profunda estagnação
960 a 1264: dinastia Song,
período do Neoconfucionismo
Medicina de correspondência sistemática predomina e a terapia
com medicamentos são incorporadas ao paradigma do qi
1264 a 1368: dinastia Yuan,
período de domínio Mongol
As influências européias começam a ser absorvidas. A primeira
Faculdade de Medicina independente é fundada em Beijing
1368 a 1643: dinastia Ming,
período de restauração
A democratização da burocracia confucianista leva a uma
explosão de informações e maior heterogeneidade da medicina
o características marcantes deste período
1644 a 1911: dinastia Qing, final
do império chinês
A medicina tradicional entra seriamente em decadência à medida
que os chineses perdem a crença em suas tradições. A
acupuntura fica totalmente perdida.
Quadro 1: Evolução cronológica da Medicina Tradicional Chinesa
Fonte: adaptado de Birch (2002).
Mais do que uma Filosofia, a China antiga possuiu uma Sabedoria, que se
encontra revelada em obras com grande diversidade. Poucas obras atribuídas à
antiguidade chegaram até nós. A história chinesa escrita é obscura, com textos
difíceis, sua linguagem é complexa, mal compreendida, o que dificulta sua
interpretação, dominadas por glosas tardias, tendenciosas, escolásticas, sendo que
quase nada sabemos de positivo sobre a história antiga da China. (GRANET, 1997)
O aprendizado da filosofia chinesa, em sua globalidade, parece nos conduzir
a compreender sua vitalidade e heterogeneidade, entendendo suas diversidades
bem como suas características imutáveis.
Os conceitos desenvolvidos em o longo período de tempo não representam
necessariamente as mesmas idéias em todas as épocas, aparecendo em situações
8
Descoberta de que os seres humanos possuem capacidade de interagir com o ambiente em que
vivem de acordo com determinados padrões que podem ser percebidos pela observação, usando
somente os sentidos humanos treinados (BIRCH, 2002).
47
e em conjunções sempre novas. A China sempre atribuiu grande importância ao
social e ao político, mesmo que o individual tenha tido um grande destaque em
situações de agitação e de conflito (CHENG, 2008).
2.3.1 Elementos centrais que organizam o pensamento, o ensino e a prática da
acupuntura tradicional chinesa
O ensino e a prática da acupuntura estão baseados no estudo e aplicação de
linhas de pensamento que são estruturados por elementos centrais desta prática
terapêutica. Esses elementos centrais estão divididos em teorias do Yin/Yang, Cinco
Elementos, Zhang Fu (órgãos e vísceras), Substâncias Vitais e Jing Luo (meridianos
e colaterais). Esses elementos centrais serão conceituados nesta seção, com o
intuito de proporcionar ao leitor o entendimento dos processos teóricos que norteiam
a prática e o ensino da acupuntura tradicional chinesa. Cabe destacar que essas são
as orientações seguidas na faculdade CBES e nas principais instituições de ensino
da acupuntura e demais técnicas da medicina chinesa.
2.3.1.1 Teoria do Yin e Yang
A teoria do Yin e Yang é uma estrutura conceitual que foi utilizada para a
observação e análise do mundo material na China antiga. A antiga teoria do Yin e
Yang foi formada nas Dinastias Yin e Zhou em 221 a.C.. O primeiro termo Yin e
Yang apareceram primeiro no The Book of Changes, I Ching tamm chamado de O
Livro das Mutações
9
: “Yin e Yang refletem todas as formas e características
existentes no universo, são as leis do céu e da terra, o grande esqueleto de todas as
9
O Livro das Mutações I Ching em chinês é sem vida, uma das mais importantes obras da
literatura mundial. Sua origem remonta a uma antiguidade mítica, tendo atraído a atenção dos mais
eminentes eruditos chineses até os nossos dias. Tudo o que existiu de grandioso e significativo nos
três mil anos de história cultural da China ou inspiro-se neste livro ou exerceu alguma influência na
exegese do seu texto. Assim, pode-se afirmar com segurança que uma sabedoria amadurecida ao
longo de culos compõe o I Ching. Não é, pois de estranhar que essas duas vertentes da filosofia
chinesa, o Confucionismo e o Taoísmo, tenham suas raízes comuns no I Ching. Esse livro lança uma
luz em muitos segredos ocultos no modo de pensar tantas vezes enigmático do misterioso sábio Lao-
Tse e seus discípulos. (WILHELM, 2006)
48
coisas, os pais das mudanças, a raiz e o começo da vida e da morte...”. Esta citação
demonstra a visão de que todos os eventos naturais e estados de ser estão
radicados no Yin e no Yang e podem ser analisados por esta teoria. Yin e Yang é
uma conceituação filosófica, uma forma de generalizar dois princípios opostos que
podem ser observados em todos os fenômenos relacionados dentro do mundo
natural. Representam dois fenômenos separados com naturezas contrárias, bem
como aspectos diferentes e opostos dentro do mesmo fenômeno. O povo chinês
antigo no decorrer de sua vida cotidiana e trabalho chegaram à conclusão de
que todos os aspectos do mundo natural podiam ser compreendidos possuindo
aspectos duais, por exemplo, dia e noite, brilho e obscuro, movimento e quietude,
direção ascendente e descendente, calor e frio, etc. Os termos Yin e Yang o
utilizados para demonstrar qualidades opostas, mas que se complementam
(XINNONG, 1999).
O Yin e o Yang enquanto contrários formam uma unidade que é por sua vez
resultado desse antagonismo. Em outras palavras o antagonismo entre os dois tem
um aspecto de oposição e a unidade dos dois tem um aspecto de
complementaridade. Se não existe antagonismo, não unidade. Se não há
oposição, tamm não complementaridade, é neste sentido que Kaufman (2001,
p.19) escreve:
A principal manifestação característica do antagonismo complementar entre
o Yin e o Yang é a mútua restrição. O resultado é que o Yin e o Yang
alcançam a unidade no equilíbrio dinâmico denominado o Yin floresce
suavemente e o Yang estimula fortemente. Nas variações climáticas entre o
morno, o calor, o fresco e o frio das quatro estações, o morno e o calor da
primavera e do verão acontecem enquanto a energia Yang aumenta
gradativamente, inibindo a energia fria e fresca do outono e do inverno. O
frio e o fresco do inverno e do outono acontecem quando a energia Yin
aumenta gradativamente, inibindo a energia quente e morna da primavera e
do verão. Isto é o resultado da mútua inibição e do equilíbrio dimico
existente entre o Yin e o Yang da natureza.
O Yin e o Yang são a representação de pólos opostos, mas complementares,
caracterizando um dinamismo cíclico, sendo que é associado a essas duas energias
tudo o que existe no universo (na natureza, na sociedade e no próprio ser humano).
Por serem complementares, nada é unicamente Yin ou unicamente Yang, por serem
dinâmicos, sendo que tudo oscila entre Yin e Yang. Este dinamismo é um aspecto
essencial do universo, não ocorre como conseqüência de alguma força, mas sim de
uma tendência natural, inata a todas as coisas e situações (Lima, 2000).
49
Com referência ao que foi escrito no parágrafo anterior Wilhelm (2006, p.9):
O grande princípio primordial de tudo que existe “tai chi” que no sentido
original significa “viga mestra”. [...] tai chi era representado por um círculo
dividido em luz e escuridão, Yin e Yang:.Esse símbolo [...] afirma apenas
a viga-mestra,a linha. Com essa linha, que em si mesma representa a
unidade, a dualidade surge no mundo, pois a linha determina, ao mesmo
tempo, o acima e o abaixo, á direita e à esquerda, adiante e atrás, em suma
o mundo dos opostos [...] Porém, não importa que nomes sejam aplicados a
essas forças, o certo é que a existência surge da sua mutação e interação.
Assim a mutação é concebida como sendo, em parte, a contínua mudança
de uma força em outra e, em parte, como um ciclo fechado de
acontecimentos complexos, conectados entre si, como o dia e noite, o verão
e o inverno. A mutação não é desprovida de sentido, se o fosse não seria
possível formular qualquer conhecimento a seu respeito, mas está sujeita à
lei universal, o Tao.
O relacionamento e a interdependência do Yin e do Yang são representados
pelo conhecido símbolo chamado Máximo Supremo” ou Tai Ji”, que com grande
habilidade consegue demonstrar de forma dinâmica esta relação. Maciocia (1996, p.
6-7) escreve:
Embora sejam estágios opostos, Yin-Yang formam uma unidade e são
complementares. Yang contém a semente de Yin e vice-versa. Isso é
representado por meio dos pequenos pontos branco e preto. Nada é
totalmente Yin ou totalmente Yang. Yang transforma-se em Yin e vice-
versa.
FIGURA 1: Símbolo do Yin e Yang
Fonte: Maciocia (1996, p.7).
A intuição e observação levaram os chineses antigos a identificarem
peculiaridades Yin e Yang em todas as manifestações da natureza. De uma forma
geral, Yang representa o masculino, o forte, o pai, racional, voltado para fora e para
cima. O Yin representa o feminino, o símbolo da mãe e de tudo que é frágil,
receptivo, intuitivo, voltado para dentro, e para baixo. Seguindo este raciocínio ao
observarmos uma paisagem, a montanha é de característica Yang e o vale possui
50
característica Yin. Em uma planta, o caule é Yang e a raiz é Yin. O quadro abaixo
nos traz algumas das características atribuídas ao Yin e ao Yang.
YIN
YANG
Escuro
Claro
Terra
Céu
Lua
Sol
Feminino
Masculino
Passivo
Ativo
Noite
Dia
Intuitivo
Racional
Umidade
Secura
Humildade
Orgulho
Cooperativo
Competitivo
Abaixo
Acima
Côncavo
Convexo
Figura
Fundo
Negativo
Positivo
Interno
Externo
Quadro 2: Características atribuídas ao Yin e ao Yang
Fonte: adaptado de Chonghuo 1993.
Conforme mencionamos a teoria do Yin e do Yang tem sua aplicação em
todos os seguimentos, sendo assim é profundamente utilizada na medicina
tradicional chinesa, conseqüentemente na acupuntura, servindo para explicar a
estrutura orgânica, funções fisiológicas e mudanças patológicas do corpo humano, e
ainda direciona o diagnóstico e tratamento clínico.
Na estrutura orgânica do corpo humano a teoria do Yin e do Yang explica
cada uma das estruturas, priorizando a idéia de que o corpo humano é totalmente
integrado, com todos os seus órgãos e tecidos conectados organicamente podendo
ser observado em dois aspectos opostos, porém complementares, o Yin e o Yang.
Na localização anatômica a parte superior do corpo é Yang e a parte inferior é Yin; o
exterior Yang e o interior Yin; os aspectos laterais dos membros inferiores e
superiores Yang e os aspectos medianos Yin.
Nas atividades funcionais os órgãos o classificados em Zang de
característica Yin e os Fu com características Yang, sendo que descreveremos esta
situação mais adiante em momento apropriado. Para as funções fisiológicas do
corpo humano, a teoria do Yin e do Yang, sustenta que as atividades vitais normais
estão baseadas na coordenação de Yin e Yang em uma unidade de oposições, onde
as atividades funcionais pertencem ao Yang e as substâncias nutricionais pertencem
ao Yin.
51
As rias atividades funcionais (Yang) do corpo dependem da sustentação
nutricional (Yin) das substancias vitais, pois sem este sustento não haveria atividade
funcional alguma. Ao mesmo tempo as atividades funcionais são a força motriz para
a produção de substâncias nutrientes no corpo. Em outras palavras sem atividades
funcionais dos órgãos, água e alimentos o podem ser transformados em
substância nutriente.
Assim podemos dizer que Yin e Yang no corpo humano são mutuamente
sustentadores, atuando conjuntamente para proteger o organismo de fatores
patogênicos, mantendo um equilíbrio relativo dentro do corpo. Se Yin e Yang falham
na sustentação um do outro e se distanciam, as atividades vitais do corpo serão
interrompidas, ocasionando patologias e até mesmo a falência de todo o sistema
biológico, levando a morte. A teoria do Yin e do Yang é utilizada também para
explicar as alterações patológicas. A MTC acredita que o surgimento das doenças é
resultado do desequilíbrio entre o Yin e o Yang, ocasionado por uma deficiência ou
excesso de um dos dois aspectos (XINNONG, 1999).
Yin e Yang atuam como guia para o diagstico clínico e tratamento, o
desenvolvimento da doença está ligado ao desequilíbrio entre as duas forças, por
esta razão por mais que as manifestações clínicas sejam complicadas e mutáveis,
com um bom conhecimento dos princípios de Yin e Yang, pode-se entender o
processo que ocasionou a patologia, por uma observação efetiva dos
comportamentos dos aspectos Yin e Yang. As determinações dos princípios de
tratamento tamm estão embasadas e reguladas conforme a predominância ou
deficiência de Yin e Yang, com a finalidade de recuperar o equilíbrio relativo perdido.
Desta forma para tratar a predominância do calor Yang, utilizam-se procedimentos
de característica fria, portanto Yin, e para os casos de predominância do frio Yin
usam-se procedimentos de natureza quente (CHONGHUO, 1993).
Após a abordagem acima ficam claras idéias de Carneiro (2001, p. 17):
A idéia chinesa de que as coisas existem enquanto em movimento, e que a
desigualdade, a polaridade, é o motor, a causa do movimento, já é familiar
ao Ocidente, desde o advento da modernidade, já que antes da prevalência
a idéia aristotélica, de que a causa do movimento é extrínseca aos corpos.
Heráclito, filósofo pré-socrático, sustentava idéias semelhantes às chinesas,
de um eterno vir-a-ser, e das polaridades como causa dos fenômenos.
Enquanto no Extremo Oriente não aspecto da civilização e da cultura
que não esteja impregnado da idéia de polaridade, que abrange espaço e
tempo, substancia e função (matéria e energia) e a ordem natural, contendo
a idéia de sistema, no Ocidente não se desenvolveu uma teoria geral
baseada na idéia da polaridade universal. Na China, como na Grécia
52
clássica, o mundo foi considerado como um cosmos, isto é, uma totalidade
ordenada, no qual o microcosmo do homem se insere no macrocosmo do
todo, segundo uma ordem, mas a concepção chinesa do mundo é dinâmica:
a “lei” maior deduzida da realidade é que a determina que tudo se encontra
em perpétua mutação.
Com as mesmas características de outras tradições teóricas desenvolvidas na
China antiga, Yin e Yang são conceitos centrais, trazendo a idéia de que o universo
deve ser visto por inteiro, estando em equilíbrio dinâmico, e todos os seus
componentes oscilam entre dois pólos arquetípicos (Yin/Yang). O organismo
humano é uma representação micro cósmica do universo. Para os chineses as
coisas funcionam de maneira que não necessariamente são causadas por atos ou
impulsões premeditadas, mas sim porque sua situação no universo em constante
movimento era tal que elas foram dotadas de características essenciais que
tornaram esse processo inevitável. Se o se comportassem desta forma particular,
perderiam seus lugares em relação ao todo e passariam a ser outras coisas que não
elas próprias (CAPRA, 2006b).
2.3.1.2 Teoria dos Cinco Elementos
Ao mesmo tempo em que a Teoria do Yin e do Yang, a Teoria dos Cinco
Elementos constitui a base da Teoria da Medicina Tradicional Chinesa. Esta
terminologia vem sendo utilizada pelos praticantes da MTC muito tempo. Alguns
autores preferem se referir a esta teoria como Teoria dos Cinco Movimentos, pois no
o termo chinês “Wu Xing” que designa esta teoria a palavra “Xing” significa
movimento, processo, ir ou conduta, comportamento, caracterizando mais a forma
de manifestação na natureza do elemento em si. Os elementos não são os
constituintes básicos da natureza, mas sim, os cinco processos básicos, qualidades,
as fases de um ciclo ou a capacidade intrínseca de modificação de um fenômeno. A
Teoria dos Cinco Elementos não fio aplicada à MTC em todo o seu desenvolvimento
histórico, mas seu uso se intensificou e também perdeu a força através dos séculos.
No período de Guerra dos Estados foi muito utilizada, sendo tamm aplicada a
astronomia, ciências naturais, calendário, música e até na política. Sua utilização foi
tão ampla que a maior parte dos fenômenos foi classificada em cinco partes. Na
Dinastia Han, a influência desta teoria perdeu sua força, recuperando-a a partir da
Dinastia Song sendo aplicada sistematicamente ao diagnóstico, na sintomatologia e
no tratamento na MTC. A utilização da Teoria dos Cinco Elementos e sua utilização
53
na MTC marca início do que podemos chamar de “medicina científica” e o início do
desaparecimento do “Shamanismo, ou seja, os curadores não mais procuravam
uma causa para as doenças no sobrenatural, e passaram a observar a natureza com
uma combinação de métodos indutivo e dedutivo buscando os padrões dentro disso
e, por extensão aplicando-os na interpretação das patologias. Os números e a
numeração são intensamente utilizados na interpretação da natureza e do
organismo (MACIOCIA, 1996).
O povo chinês antigo adotou a idéia de que madeira, fogo, terra, metal e água
eram inseparáveis em seu dia a dia, mesmo tendo naturezas distintas, e Xinnong
(1999, p.14) traz esta interpretação:
O caráter da madeira é crescer e florescer, o caráter do fogo é estar quente
e ascender, o caráter da terra é dar origem a todas as coisas, o caráter do
metal é descender e estar claro e, o caráter da água é estar fria e fluir na
direção descendente. Logo, os médicos aplicaram a teoria dos cinco
elementos em seus estudos extensivos da fisiologia e da patologia dos
órgãos Zang Fu e dos tecidos do corpo humano e, realmente, todos os
fenômenos no mundo natural foram relacionados à vida humana. Usando
uma analogia, classificaram tudo isto, de acordo com sua natureza, função
e forma, nos cinco elementos. Aplicaram esta teoria para explicar as
relações fisiológicas e patológicas complicadas entre os órgãos Zang Fu e
entre o corpo humano e o ambiente externo.
Os cinco elementos possuem qualidades sicas onde a água umedece em
descendência, o fogo chameja em ascendência, a madeira pode ser dobrada e
esticada, o metal pode ser moldado e endurecido, a terra permite a disseminação, o
crescimento e a colheita e Maciocia (1996, p.24) explica:
Aquilo que absorve e descende (água) é salgado, o que chameja em
ascendência (fogo) é amargo, o que pode se dobrado e esticado (madeira)
é azedo, o que pode ser moldado e enrijecido (metal) é picante e o que
permite disseminar, crescer e colher (terra) é doce. Esta afirmação mostra
claramente que os Cinco Elementos simbolizam cinco qualidades inerentes
diversas e expressam o fenômeno natural, Também relata o sabor (ou
aroma) dos Cinco Elementos, e indica que os sabores representam mais
uma qualidade inerente de uma coisa. (como uma composição química em
termos atuais) do que seu gosto de fato. [...] Os Cinco Elementos também
simbolizam cinco direções diferentes de movimentos dos fenômenos
naturais.
Cada um dos cinco elementos representa uma estação no ciclo anual. A
madeira corresponde à primavera, sendo associado ao nascimento, o fogo
corresponde ao verão, e está associado ao crescimento, o metal corresponde ao
outono, associados a colheita, a água corresponde ao inverno, e está associada ao
54
armazenamento, a terra corresponde a estação anterior
10
, associada a
transformação.
É essencial para o conceito dos cinco elementos as várias possibilidades de
inter-relacionamentos entre os elementos. A primeira relação é a cosmológica, na
qual os elementos são enumerados, seguindo uma numerologia, onde teremos a
seguinte ordenação: 1 Água ; 2 Fogo; 3 Madeira; 4 Metal; 5 Terra. A seqüência de
geração, em que cada elemento gera o outro, sendo ao mesmo tempo gerado.
Desta forma a madeira gera o fogo, o fogo gera a terra, a terra gera o metal, o metal
gera a água, a água gera a madeira, a madeira gera o fogo. A seqüência de controle
onde cada elemento controla o outro ao mesmo tempo em que é controlado. Assim
a madeira controla terra, a terra controla a água, a água controla o fogo, o fogo
controla o metal e o metal controla a madeira. Esta seqüência que o equilíbrio seja
mantido entre os Cinco Elementos.
A seqüência de excesso de trabalho segue a de controle, mas neste caso
existe um controle excessivo sobre o outro, de maneira que provoca o
enfraquecimento do outro elemento, onde podemos fazer comparações com
fenômenos naturais, as ações destrutivas dos seres humanos em relação a
natureza, levando à inúmeras situações da seqüência de excesso de atividade. A
última seqüência é a de lesão, que ocorre na ordem inversa da seqüência de
controle, onde a madeira lesa o metal, o metal lesa o fogo, o fogo lesa a água, a
água lesa a terra e a terra lesa a madeira.
Concluindo o raciocínio sobre os inter-relacionamentos, as duas primeiras
seqüências atuam no equilíbrio normal dos elementos, enquanto que as seqüências
de excesso de trabalho e de lesão referem-se aos relacionamentos anormais entre
os elementos que ocorrem quando existe o desequilíbrio (MACIOCIA, 1999).
As utilizações da Teoria dos Elementos na Medicina Chinesa são numerosas
e muito importantes, atuando nas áreas da fisiologia, patologia, diagnóstico,
tratamento, dieta e fitoterapia. Para proporcionar um melhor entendimento das
10
A terra não corresponde a nenhuma estação, uma vez que é o centro, o termo neutro de referência
ao redor do qual as estações e os outros elementos giram. Desta maneira, no ciclo das estações, a
terra corresponde de fato ao estagio anterior de cada estação. Em outras palavras, ao fim de cada
estação, as energias retornam a terra para serem reabastecidas (MACIOCIA, 1993).
55
informações descritas acima ilustramos com uma figura demonstrativa do
pentagrama que nos mostra todas as relações existentes entre os cinco elementos:
FIGURA 2: Pentagrama dos Cinco Elementos e suas inter-relações
Fonte: Goswami (2006, p.140).
Inúmeras correspondências entre os Cinco Elementos e estações climáticas,
os pontos cardeais, os momentos do dia, os sabores, as cores, os fatores climáticos,
os tecidos do ser humano, os órgãos do sentido, os órgãos (ZANGFU), as emoções,
fornecem importantes informações para o ensino e a prática da Medicina Tradicional
Chinesa, bem como a prática da acupuntura, possibilitando a correlação das
informações obtidas junto aos pacientes, e tamm possibilita a visão de integração
do ser humano com a natureza. Estas correlações que podem ser observadas na
tabela:
56
Tabela 1: Cinco elementos
Madeira
Fogo
Terra
Metal
Água
Estação
primavera
verão
canícula
11
outono
Inverno
Ponto cardeal
leste
sul
centro
oeste
Norte
Momento do
dia
alvorada
meio-dia
tardinha
poente
meia-noite
Sabor
acido/azedo
amargo
doce
picante
Salgado
Cor
verde-azulado
vermelho
amarelo
branco
Preto
Fator
climático
vento
calor e fogo
umidade
secura
Frio
Tecidos do
ser humano
tendões e
unhas
tecido vascular
tecido
conjuntivo e
músculos
pele e pêlos
ossos,
medula e
cérebro
Órgãos dos
sentidos
olhos
língua
boca
nariz
Ouvidos
ZangFu
Fígado /
Vesícula
Coração/Intestino
Delgado e
“Príncipe do
Coração”/ Triplo
Aquecedor
Baço/Estômago
Pulmão/
Intestino
Grosso
Rins/Bexiga
Emoção
decisão/
irritação
alegria/
hiperexcitação
reflexão/
obsessão
rigor/
tristeza
prudência/
medo
Fonte: Nascimento, 2006
De acordo com o exposto acima podemos perceber que a Teoria dos Cinco
Movimentos nos traz a possibilidade de integração do microcosmo, ou seja, o corpo
humano como um todo, sem fragmentações, e deste microssomo com o universo, o
macrossomo, demonstrando claramente a idéia de conexão entre o céu, o ser
humano e a terra.
O desdobramento das cinco fases, que come e caracterizam todas as
coisas e movimentos, nos levam a entender a normalidade dos fenômenos,
possibilitando a prevenção ou cura das patologias, harmonizando a dinâmica do ser
humano com as dinâmicas do céu e da terra, pressupondo uma ordem vital em
constante movimento, mas nunca totalmente equilibrada (NASCIMENTO, 2006).
11
É sempre bom lembrar que estamos tratando da apresentação contemporânea da MTC.
Historicamente, as escolas do yin/yang e das cinco fases se opunham. Quando da consolidação do
confucionismo como doutrina social ortodoxa da China imperial, e a conseqüente elevação da escola
das cinco fases à condição de medicina oficial, a escola do yin/yang acabou por “explicar” a
existência de cinco fases seja dividindo-se uma delas (o fogo) em duas fogo príncipe e fogo-
ministro obtendo assim seis elementos, distribuindo três fases para o yin e três fases para o yang,
seja atribuindo a neutralidade a uma delas a Terra, considerada “central” distribuindo as quatro
restantes entre yin e yang (NASCIMENTO, 2005).
57
2.3.1.3 Teoria das Substâncias Vitais
A MTC entende as funções corporais e mentais como resultado da influência
mútua entre determinadas substâncias vitais. Estas substâncias atuam em vários
patamares de substancialidade, de forma que algumas são muito rarefeitas e outras
totalmente imateriais, constituindo a visão chinesa antiga de corpo-mente, sendo
que estes não são vistos como um mecanismo, mas como um círculo de energia e
substâncias vitais interagindo uns com os outros, formando o organismo. A estrutura
de tudo é o “Qi” (energia), sendo que as outras substâncias vitais são manifestações
do “Qi” em vários graus de materialidade, variando do completamente material, tal
como Fluidos Corpóreos (Jin Ye), para o imaterial, tal como a Mente (Shen). Desta
forma as substâncias vitais são: Qi, Sangue (Xue), Essência (Jing) e Fluidos
Corpóreos (Jin Ye) (MACIOCIA, 1996).
O conceito básico de energia (Qi) passou por muitas interpretações ao longo
do tempo. Para os chineses, da antiguidade, a energia (Qi) era a substância mais
básica e fundamental da constituição do universo e de que todos os constituintes
deste eram formados da movimentação e transformação da energia. Esse conceito
materialista foi gradualmente introduzido na MTC, caracterizando-se sob a forma de
um conceito teórico, onde a energia é considerada a substância mais importante na
constituição do corpo humano e vital para a manutenção das atividades vitais do ser
humano.
A energia por possuir uma forte vitalidade e permanecer em constante
atividade, tem a função de aquecimento e impulsão das atividades vitais orgânicas,
e é assim que a medicina tradicional chinesa, pela variabilidade da movimentação
da energia, explica as atividades vitais orgânicas (KAUFMAN, 2001).
O conceito de Qi (energia) absorveu os filósofos chineses de todas as
épocas, desde o início da civilização chinesa até os dias de hoje, onde Maciocia
(1996, p.50) escreve:
O caractere para Qi indica alguma coisa que possa ser material e imaterial
ao mesmo tempo. Isso indica claramente que o Qi pode ser tão rarefeito e
imaterial como o vapor, tão denso e material como o arroz. Além disso,
indica que o Qi é uma substância sutil (fluxo, vapor) derivada de uma
substância material comum (arroz) assim como o vapor é produzido pelo
arroz cozido.
58
Na medicina tradicional chinesa, os filósofos e médicos chineses observaram
o relacionamento entre o universo e os seres humanos, e considera o Qi dos seres
humanos, como resultado da interação do Qi do céu e da terra. Para a MTC existem
dois aspectos de suma importância relacionados ao Qi, o primeiro diz que o Qi é um
estado constante de fluxo em estados variáveis de agregação e o segundo é de que
o Qi é uma energia que se manifesta simultaneamente sobre os níveis físicos e
espirituais. De acordo com os chineses existem vários tipos de Qi Humano,
oscilando do rarefeito e delicado ao mais denso e duro.
Todos os tipos de Qi, independente da situação em que se apresentem,
constituem um único Qi, que se manifesta de formas variadas, de acordo com sua
localização e função. Exemplos dessa variação podem ser vistos no Qi Nutritivo, que
existe no interior do organismo, e sua função é de nutrir, sendo mais denso que o Qi
Defensivo o qual se localiza no exterior do organismo, protegendo-o. O desequilíbrio
entre este dois tipos de Qi pode levar a diferentes manifestações clínicas, que
exigirão distintos tratamentos. Além dos tipos de Qi mencionados encontramos o
Qi Torácico, o Qi Original, o Qi dos Alimentos, o Qi Verdadeiro e suas respectivas
funções, fazendo com que se manifeste a vida no organismo humano (BIRCH,
2002).
O Xue na medicina chinesa possui um significado diferente da medicina
ocidental, para descrever este importante conceito usaremos as palavras de
Maciocia (1996, p. 67):
Na medicina chinesa, o Sangue (Xue) é em si mesmo uma forma de Qi,
muito denso e material, Qi portanto. Além disto, sangue (Xue) é inseparável
do Qi em si mesmo. O Qi proporciona vida ao Sangue (Xue); sem o QI, o
Sangue (Xue) seria um fluido inerte. O Sangue (Xue) deriva, na maior parte,
do Qi dos alimentos [...] A principal função do Sangue (Xue) consiste em
nutrir o organismo, além de complementar a ação nutriente do Qi. O Sangue
(Xue) é uma forma densa do Qi e flui para o organismo. Além de
proporcionar a nutrição, o Sangue (Xue) tamm apresenta uma função
hidratante, que o Qi não possui.
O fluido corporal é um termo genérico para todos os fluidos corporais
fisiológicos normais do organismo, incluindo os fluidos internos que podem ser
secretados pelos sistemas de órgãos, tais como lágrimas, saliva, suor, muco nasal
normal e fluido intestinais, digestivo e também os fluidos destinados para umedecer
os vários tecidos dentro do organismo, tais como pele, carne, tendões, ossos e
medula.
59
É importante para o entendimento dos fluidos corporais a informação de que
estes são substâncias materiais, são muito sensíveis a mudanças do estado do Qi e
do Sangue, ou mudanças dos órgãos, ou ainda mudanças ambientais que cercam o
organismo. Esses fluidos originam-se dos alimentos e dos líquidos, sendo
transformados em substâncias puras e impuras, as puras formam os diferentes tipos
de Qi, e as impuras são excretadas para fora do organismo em forma de fezes,
urina, suor etc... . Os fluidos Jin Ye podem ser divididos em Jin, que são puros,
claros e aquosos, circulando com o Qi Defensivo, sobre a pele e músculos,
movendo-se rapidamente e tem como função umedecer e nutrir a pele e os
músculos, e o eliminados com o suor, manifestando-se também como grimas,
saliva e muco. Os Ye são mais turvos, pesados e densos, circulam com o Qi
Nutritivo no interior, movendo-se mais lentamente e sua função consiste em
umedecer as articulações, espinha, cérebro e medula óssea, lubrificam os orifícios
dos órgãos dos sentidos (olhos, orelhas, nariz e boca) (CLAVEY, 2000).
2.3.1.4 Teoria dos Sistemas de Órgãos e Vísceras (Zang Fu)
Os Zang Fu podem ser descritos como os Sistemas de órgãos da MTC, com
a ressalva de que são considerados sistemas de órgãos em termos das inter-
relações funcionais, do que de estruturas específicas e neste aspecto não tem
correspondência com os sistemas de órgãos da Medicina Ocidental. Existem trocas
de energias e de matérias entre o corpo e o ambiente externo: ar, alimento e bebida
que entram no corpo e matérias consumidas que o deixam.
Os Zang Fu envolvem-se nesta troca com o ambiente, e tamm, dentro do
corpo, no metabolismo das substâncias básicas e no transporte delas,
principalmente via meridianos ou canais, (os quais detalharemos mais adiante) para
todas as partes do corpo, incluindo tecidos e os orifícios.
Os sistemas denominados Zhang, o de característica energética Yin,
portanto responsáveis por transformar, estocar e distribuir substâncias puras que
receberam dos sistemas denominados Fu. Os sistemas Fu ao contrário,
responsabilizam-se pela transformação dos alimentos e dos líquidos em substâncias
puras que são direcionadas para os Zang, e tamm são responsáveis pela
excreção dos subprodutos desta transformação, este fato é chamado, no ocidente,
de sistema digestório. Em resumo os Zang, de polaridade Yin atuam somente com
60
substâncias puras e os Fu, de polaridade Yang transformam os alimentos e líquidos
em substâncias utilizáveis pelo organismo, mas sem estocá-los (ROSS, 1994).
Os sistemas Zang Fu, seguindo a linha filosófica do Yin e do Yang, o
divididos em dois grupos. Os órgãos de polaridade Yin são constituídos pelo
Coração, Fígado, Pulmão, Baço, Rim e Pericárdio. Os órgãos de polaridade Yang
são constituídos pelo Intestino Delgado, Vesícula Biliar, Intestino Grosso, Estômago,
Bexiga e Triplo Aquecedor (não tem correspondência com o sistema de órgãos do
ocidente) (CHONGHUO, 1993).
2.3.1.5 Teoria dos Canais e Colaterais (Jing Luo)
Quando se escreve sobre acupuntura é fundamental o estudo dos meridianos
ou canais, pois, os mesmos representam os conceitos básicos da aplicabilidade
dessa milenar técnica terapêutica. Os canais de energia e colaterais são as vias nas
quais circulam o Qi e o Xue do corpo humano. Os canais são partes integrantes dos
Zang Fu interiormente, e também se distribuem exteriormente formando uma rede
ligando os tecidos e os órgãos em um todo orgânico. A expressão Jing Luo é um
termo genérico que define toda a rede de circuitos dos meridianos (Jing) e seus
vasos secundários (Luo).
O papel deste sistema é promover conexões entre os órgãos e comunicação
entre estes e as extremidades, e regular a função de cada parte do corpo, mantendo
o equilíbrio entre o exterior e o interior, direita e esquerda, em cima e embaixo. Os
ensinamentos de MTC ensinam que a energia (Qi) e o sangue (Xue) estão
estreitamente relacionados e que é fisiologicamente impossível separá-los, e que o
sangue pode circular quando empurrado pela força da energia contida nos
meridianos, sendo assim, estes meridianos transportam tanto Qi quanto sangue
(AUTEROUCHE, 2000).
Com a finalidade de explicar sucintamente esta teoria Pai (2005, p.59)
escreve:
Os meridianos comunicam-se entre si, através de ramos secundários, que
estabelecem interligações entre todos os meridianos principais, e entre
estes e os meridianos extras[...] tanto os meridianos principais como os
extras apresentam trajetos longitudinais que percorrem a superfície do
corpo e ao longo dos membros, do tronco e da cabeça, exceto um único
que percorre a cintura transversalmente. Os meridianos principais
conectam-se ou originam-se de algum órgão específico, do qual recebem o
61
nome. O meridiano do estômago, por exemplo, é assim denominado porque
se conecta ao estômago.
Os meridianos apresentam certo número de pontos de acupuntura, chamados
de acupontos, que variam de um meridiano para outro. A maioria das características
dos meridianos, em especial à nomenclatura, o trajeto e ao número de pontos,
mantém-se até hoje. A disposição longitudinal dos meridianos situados nas camadas
entre a pele e os músculos, na teoria, correspondem aos diferentes tipos de vasos,
tendões e os próprios músculos, que tem uma distribuição longitudinal, além disso,
nessas estruturas localizam-se inúmeros feixes nervosos.
2.3.1.6 O diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa
O diagnóstico chinês esta fortemente ligado à padrões de identificação,
fornecendo informações importantes para o diagnóstico e possibilidade para
identificar estes padrões.
O princípio fundamental que norteia o diagnóstico chinês é o de que os sinais
e sintomas representam as condições dos sistemas internos, sendo que os
conceitos destes sinais e sintomas, na medicina chinesa, são mais abrangentes do
que na medicina ocidental, pois, enquanto a medicina ocidental leva em conta, na
maioria das vezes, os sinais e sintomas como manifestações subjetivas ou objetivas
da patologia, a MTC considera várias manifestações diferentes, sendo que muitas
delas não estão relacionadas com o processo patológico real.
A MTC não utiliza somente sinais e sintomas, mais associa a estes, muitas
outras manifestações, para que seja possível a formação de um quadro do
desequilíbrio presente em uma pessoa.
Muitos dos sinais e sintomas da MTC, não são considerados tais como na
medicina ocidental e, podemos observar esta diferença quando Maciocia (1996, p.
181) escreve:
Por exemplo, a ausência de sede (que confirma uma condição de frio),
incapacidade para tomar decisões (que confirma uma debilidade da
vesícula biliar), dislalia (que confirma uma fraqueza do baço), uma
aparência apática dos olhos (que confirma uma mente afetada) etc. [...] Por
vários séculos, o diagnóstico chinês tem desenvolvido um sistema
extremamente sofisticado entre os sinais externos e os sistemas internos. A
correlação entre os sinais externos e os sistemas internos está resumida na
expreso: “Inspecione o exterior para examinar o interior”. De acordo com
a idéia básica do diagnóstico chinês, praticamente tudo (pele, compleição,
ossos, meridianos, odores, sons, estado mental, preferências, emoções,
62
língua, pulso, hábitos, fluídos corpóreos) reflete o estado dos sistemas
internos e pode ser utilizado no diagnóstico.
Outro importante fundamento do diagnóstico chinês é de que “uma parte
reflete o todo”. Com esta idéia, e também com uma grande experiência clínica o
praticante da MTC pode obter informações detalhadas sobre o estado do organismo
todo, a partir de uma pequena parte dele.
O diagnóstico chinês do pulso é um exemplo extraordinário desse modelo de
diagnóstico, que uma grande quantidade de informações pode ser obtida com a
palpação de uma pequena parte da artéria radial. O diagnóstico, pelo estudo da
compleição facial, pode manifestar a condição de todo o organismo e da mente.
Dessa forma, a significação clínica dos sinais e sintomas isolados, é contrária
ao pensamento do diagnóstico chinês, que em sua forma de atuação, envolve uma
síntese de todos os sintomas e sinais dentro de um padrão significativo de
desarmonia (XINNONG, 1999).
As modificações anormais, na atividade dos órgãos do corpo humano e em
suas relações mútuas, podem todas se refletir na tez do rosto, no som da voz, no
apetite, no pulso. Seguindo este raciocínio Auteroche (1992, p. 29) escreve:
Pela inspeção observa-se a cor do rosto (azul, amarelo, vermelho, branco,
preto), a fim de conhecer a natureza da doença. Pela audição, observa-se
os sons (respiração, elocução, cantos, choros, gemidos).Pelo interrogatório,
pergunta-se qual é o sabor preferido (ácido, amargo, doce,
picante,salgado).Para saber de onde provem e onde se situa a doença,
examina-se o pulso radial [...] na taxonomia pelos cinco elementos, os cinco
órgãos tem uma relação com as cinco cores, os cinco sons, os cinco
sabores. Assim, na ocasião do exame clínico, pode-se fazer a síntese das
informações obtidas pela inspeção, audição, o interrogatório, a tomada de
pulso, e diagnosticar o estado de doença, conforme pertença a um dos
elementos.
O corpo humano é uma entidade orgânica, suas mudanças patológicas
regionais podem afetar o corpo inteiro, e as mudanças patológicas dos órgãos
internos podem se automanifestar na superfície do corpo. É necessário observar e
compreender as manifestações exteriores do paciente, de forma, a saber, o que está
acontecendo no interior do organismo, pois as disfunções dos órgãos internos m
suas manifestações na superfície do corpo. Ao se analisar e sintetizar as condições
patológicas, pela aplicação dos métodos de diagnóstico, pode-se determinar os
fatores causadores e a natureza da doença, fornecendo a base para a posterior
diferenciação e tratamento (BIRCH, 2002).
63
2.4 CONCEITOS DE SAÚDE OS SABERES ORIENTAIS E A MEDICINA
OCIDENTAL
Para que possamos traçar paralelos entre as concepções de saúde, na
cultura ocidental e chinesa, iniciamos traçando o histórico ocidental da medicina.
Farei uma rápida exposição da forma de conceber o mundo, e as relações entre os
seres humanos pela visão do pensamento filosófico chinês, e a influência deste
pensamento no conceito de saúde e doença na MTC.
A fundamentação da medicina cientifica ocidental foram organizadas por volta
do século 5 a.C, na Grécia, por Hipócrates. No ocidente, Hipócrates, é considerado
o pai da medicina, por ter definido a distinção entre as crenças religiosas, ou seja, o
sobrenatural e o natural, contribuído diretamente para que a prática da medicina
fosse encarada como uma disciplina científica, contemplando a prevenção das
doenças, a observação dos pacientes, a descrição das doenças, bem como a sua
evolução, diagnóstico e tratamento. Nos textos atribuídos a Hipócrates a prioridade
era dada aos fatores ambientais e sociais relacionados a qualidade de vida dos
indivíduos.
Na visão hipocrática, a saúde era resultante de uma relação harmoniosa entre
os hábitos físicos e mentais e, a inter-relação destes fatores com o meio ambiente.
Esse cogito era provido de tanta coerência que durou inalterado por mais de 2000
anos (FONTES, 1995).
Somente no século 17, os pensadores Bacon, Galileu e Descartes deram
contribuições a ciência, acarretando uma intensa transformação nos conceitos que
acabaram influenciando profundamente os caminhos da medicina. Contrariaram os
dogmas obscurantistas da igreja que caracterizavam o paradigma medieval em
decadência. Essa perspectiva fez com que a visão de universo orgânico, vivo e
espiritual, fosse trocada pela visão de mundo como sendo uma máquina. Baseada
no método de investigação, definido por Bacon como descrição matemática da
natureza, a nova visão era resultante do método analítico de raciocínio, cuja gênese
foi proposta por René Descartes.
Na visão mecanicista, a natureza perde a visão hipocrática de mãe nutriente,
sendo transformada completamente. Ela passa a ser encarada pela metáfora do
mundo como máquina. A aceitação da visão cartesiana, como único método válido
para alcançar o conhecimento, desempenhou um enorme papel no estabelecimento
64
do desequilíbrio cultural. Podemos comprovar a influencia desta forma de pensar
nas palavras de Capra (2006, p.116) que escreve:
O corpo humano é considerado uma máquina, que pode ser analisado em
termos de suas peças, a doença é vista como um mau funcionamento dos
mecanismos biológicos, que são estudados do ponto de vista da biologia
celular e molecular, o papel dos médicos é intervir, física ou quimicamente,
para concertar o defeito no funcionamento de um específico mecanismo
enguiçado. Três culos depois de Descartes, a medicina ainda se baseia,
como escreveu George Engel, “nas noções do corpo como uma máquina,
da doença como conseqüência de uma avaria na máquina, e da tarefa do
médico como concerto dessa máquina”.
O conceito ocidental, mais aceito de saúde, foi preconizado pela Organização
Mundial de Saúde, cujo preâmbulo de seu estatuto conceitua: “A saúde é um estado
de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de
doenças ou enfermidades”. Esta definição estabelece saúde como um estado
estático de perfeito bem estar em vez de um processo em constante mudança e
evolução. Na concepção chinesa de saúde o equilíbrio é um conceito fundamentado
no Tao, visto como uma “ordem vital”, com ênfase na complementaridade dúplice de
Yin e Yang.
A doença, no ocidente, é definida como a incapacidade permanente ou
transitória de manter a homeostasia, o equilíbrio entre as funções do organismo e é
um fato; isto é, tem fato com início, com uma história esperando uma solução.
Para a MTC, a doença não é considerada um agente intruso, mas
conseqüência de uma série de causas que culminam em desarmonia e
desequilíbrio. As variações entre desequilíbrio e equilíbrio são interpretadas como
integrantes de um processo natural que perdura ao longo do ciclo vital (MACIOCIA,
1993).
Para a MTC, tanto a saúde como a doença é considerada natural e
constituinte de uma seqüencia ininterrupta de aspectos de um mesmo processo no
qual o organismo individual muda continuamente em relação ao meio ambiente
inconstante, considerando a doença inevitável em dados momentos. A premissa da
MTC é proporcionar a melhor adaptação entre o indivíduo e o meio ambiente,
observando a visão de integração, ou seja, do todo e uma ênfase em medidas
preventivas (CAPRA, 2006).
Tanto na MTC quanto no ocidente existem muitas causas que podem originar
desequilíbrios, tais como uma dieta inadequada, falta de sono, de exercícios,
65
desarmonia com a família ou com a sociedade, tudo leva ao desequilíbrio e
possibilita o aparecimento da doença.
Ao observarmos alguns dos influentes pensadores na filosofia chinesa,
podemos perceber que suas condutas não eram direcionadas, exclusivamente, para
as boas condutas sociais e políticas, e de convivência entre os seres humanos, mas
também destes para com o meio ambiente. Podemos evidenciar isso em uma
passagem de um discurso confusionista com influencias taoístas. Os Analectos
(2005, p.147):
Se a pessoa utiliza seu corpo e sua natureza, seu discernimento,
entendimento e a deliberação com o senso apurado, da maneira como o
costume recomenda, seguir-se-ão a ordem e o sucesso; caso contrário, o
resultado é a imprevisão e a sublevação, ociosidade e indisciplina. Se o
consumo de comida ou bebida, o vestuário, os alojamentos dentro e fora de
casa, assim como o movimento e o descanso são cumpridos da maneira
como o costume recomenda, atingir-seharmonia e ordem; caso contrário,
para o que não cumpre, este estará sujeito ao ataque e à traição, e a
doença ocorrerá.
Esta citação mostra, claramente, a importância que a filosofia chinesa, tem na
MTC. Atribui aos bons costumes, prevenção e integração com o meio ambiente uma
condição para a manutenção da saúde, consolidada numa visão sistêmica e
holística de prevenção das doenças e manutenção da saúde.
O próximo capítulo tem como objetivo buscar, nas atitudes de
transdisciplinaridade, uma possibilidade para a incorporação das idéias filosóficas
chinesas no ocidente.
2.5 TRANSDISCIPLINARIDADE INCORPORANDO A FILOSOFIA CHINESA AO
MUNDO OCIDENTAL
A necessidade de mudança de paradigmas é eminente, e a busca por uma
visão sistêmica do ser humano encontra, na atitude transdisciplinar, uma
possibilidade de superação das idéias mecanicistas e fragmentadoras do cogito
cartesiano.
Para que o leitor possa entender como se pretende associar a atitude
transdisciplinar ao pensamento filosófico chinês é necessário que sejam
apresentados alguns conceitos importantes. Conceitos indispensáveis para que
possamos alcançar o entendimento proposto, vejamos a contribuição de Rocha Filho
(2007, p. 36) ao escrever:
66
Evidentemente, é preciso que estejamos convictos de que a
transdisciplinaridade é o caminho a seguir, pois se apresenta como
alternativa epistemológica à compartimentalização do saber, representando
atitudes diferentes em níveis diferentes da realidade. Para isso é útil que
compreendamos tamm a multidisciplinaridade (ou pluridisciplinaridade) e
a interdisciplinaridade, ações sutilmente diferentes que vêm sendo tentadas
de forma sistemática alguns anos. A multidisciplinaridade representa a
focalização da atenção de várias disciplinas sobre um objeto de uma única
disciplina simultaneamente, enquanto a interdisciplinaridade consiste na
transferência de métodos de uma para outra disciplina. a
transdisciplinaridade envolve os elos de ligação entre as disciplinas, os
espaços de conhecimento que consubstanciam esses elos, ultrapassando-
as com o objetivo de construir um conhecimento integral, unificado e
integrativo.
No processo de construção do conhecimento é necessária a observação de
algumas fases que são constituídas entre as disciplinas. A fase pré-disciplinar onde
não existia separação entre os conhecimentos, nem distinção entre o que era interior
ou exterior entre os conhecimentos. A fase de fragmentação, multidisciplinar e
pluridisciplinar, na qual a influência do paradigma cartesiano proporcionou uma
perspectiva mecanicista e fragmentada do mundo e preponderância do racionalismo
científico, desencadeando a separação do ser humano, do sujeito do conhecimento
e do objeto. A pluridisciplinaridade e a multidisciplinaridade o a justaposição de
inúmeras disciplinas sem nenhuma tentativa de síntese. A fase interdisciplinar é uma
tentativa de obter uma correlação entre o que se tornou ingovernável, tendendo a
agrupar as disciplinas em conjuntos, compreendendo que são inter- relacionáveis. A
fase transdisciplinar, parte do princípio de que se a fase interdisciplinar for produtiva,
logo a transdisciplinar aparecerá, mas com a obrigação de superar a
interdisciplinaridade, pelo fato que esta não é apta em controlar as disciplinas que
ratificam cada vez mais as suas fronteiras (Weil, 1993).
A disciplinaridade pode encontrar-se em um único patamar da realidade,
reduzindo o campo de possibilidades de ão. A transdisciplinaridade engloba um
comportamento vinculado a complexidade, ou seja, a capacidade de posicionar-se
ativamente diante aos variados graus da realidade (ROCHA FILHO, 2007).
É possível compreender a ligação do conceito de transdisciplinaridade,
complexidade e pensamento sistêmico chinês quando Strieder (2004, p. 55)
escreve:
[...] contra a previsibilidade linearizada, que surgiu a concepção da
complexidade, uma visão sistêmica na qual o Universo é um todo dinâmico
e indivisível, onde as “partessó podem ser entendidas como interconexões
de múltiplas espécies, que se alternam, sobrepõem-se em endobramentos
67
esvoaçantes, recombinam-se e, nessa trama, determinam a contextura do
todo. [...] trabalhar com a complexidade implica, nesse tecido conjunto,
captar a desordem, os ruídos estranhos, os antagonismos e as plicas. [...] O
pensar e o agir tornam-se mais universais, holísticos e com abrangência de
“Aldeia Global”. Descobrindo-nos reunidos num único lugar, a Terra, como
um lugar comum. A abordagem pela complexidade é a tentativa de um olhar
mais profundo sobre a “realidade” emerge da necessidade de uma melhor
compreensão da interdependência das relações dos seres vivos com a
natureza.
A terminologia Yin/Yang é muito útil na observação do desequilíbrio cultural
que abraça um vasto ponto de vista ecológico, que tamm pode ser denominado
concepção sistêmica. Pela concepção sistêmica considera-se o universo em função
de suas inter-relações e interdependências entre todos os fenômenos, cujas
propriedades não podem ser divididas ou fragmentadas.
Para as tradições teóricas, desenvolvidas na China antiga, os conceitos de
Yin e de Yang são centrais e, se analisarmos com atenção a concepção desta teoria
filosófica encontraremos a ponte de ligação para com a atitude transdisciplinar. Para
a filosofia chinesa o universo integral, social e natural, apresenta-se em equilíbrio
dinâmico com a totalidade de seus componentes oscilando entre os dois pólos
opostos, porém complementares. O organismo humano pode ser considerado como
um microcosmo do universo, e o indivíduo têm seu lugar, seguramente, estabelecido
na ordem cósmica
Para A concepção filosófica chinesa, as coisas comportam-se de certas
formas, não necessariamente por causa de atos ou impulsos prévios de outras
coisas, mas porque sua posição no universo cíclico, em constante movimento, é
dotada de natureza intrínseca que torna esse comportamento inevitável.
As idéias chinesas com preocupações constantes voltadas para a
manutenção da integralidade, contrariamente a fragmentação, consideram o corpo
humano como um sistema indivisível. Essa concepção encontra-se muito próxima da
visão sistêmica moderna e ocidental, contraposta ao modelo cartesiano e que
possibilita uma transposição para a transdisciplinaridade em seus conceitos mais
atuais (CAPRA, 2006 b).
O próximo capítulo pretende delinear a metodologia que será utilizada para a
coleta de dados e tamm como serão analisadas as informações coletadas.
68
2.6 O CURSO DE ACUPUNTURA DO GRUPO CBES
O grupo CBES teve início no ano de 1999, com o curso de especialização em
acupuntura tradicional chinesa na sede localizada na cidade de Curitiba, estado do
Paraná. Posteriormente, estende sua sede a outras capitais. Sabedora do conceito
de saúde, emitido pela OMS, como um estado de: [...] completo bem estar físico,
mental e social, e não apenas a ausência de doença”, o Grupo CBES observa a
nítida necessidade de construir conhecimentos para aplicação de novas concepções
e novas formas de agir em toda a área da saúde. Na era da universalização do
conhecimento, com avanços tecnológicos, também pauta cotidiano na área da
saúde, faz-se necessário um aprimoramento profissional contínuo, objetivando, além
de uma postura ética e profissional, responsabilidade e capacidade para atender às
novas demandas pela melhoria da qualidade de vida da população. É inadiável a
oferta de aprimoramento profissional de excelência para que o aluno, profissional
da saúde possa, efetivamente, contribuir com a saúde da população.
A metodologia de ensino, aplicada na instituição, busca a superação da
postura reducionista, fortemente arraigada na cultura ocidental. Uma postura que se
traduz num modo de agir que leva o profissional da saúde a uma percepção
fragmentada do paciente em desfavor do tratamento integral. A virada exige uma
nova compreensão do ser humano. Um ser humano por inteiro, como um todo, um
ser biológico, mas tamm cultural e movido por emoções, além de integrado a um
meio social. Essa nova perspectiva contraria o senso comum de que o objeto de
trabalho dos profissionais da saúde é a doença, como se a saúde fosse fruto do
equilíbrio biológico, cultural, emocional e ambiental. Para conseguir iniciar esse
processo de mudança de concepção a matriz curricular do curso foi concebida e é
desenvolvida de forma a contemplar atitudes transdisciplinares.
Atualmente, o complexo clínico escolar dos Centros CBES envolve quatro
clínicas multidisciplinares, com sedes em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Belém.
Nessas sedes são atendidos os pós-graduandos que atuam profissionalmente em
Acupuntura, Osteopatia, Fisioterapia Dermato-Funcional, Fisioterapia Respiratória,
Fisioterapia aplicada a Traumato-Ortopedia, especialmente, na sede de Curitiba, são
atendidos alunos provenientes dos cursos técnicos em Massoterapia, Enfermagem e
Radiologia.
69
O CBES considera-se um verdadeiro ambiente de trabalho social,
comprometido com a construção e o desenvolvimento de uma saúde sistêmica. É
acreditando, firmemente, que o investimento na sde da sociedade previne as
doenças individuais e considerando o tratamento do individuo como um todo físico,
emocional e social que a Instituição pretende difundir este novo paradigma para os
profissionais da saúde, conscientizado-os da necessidade da adoção de novas
atitudes, atitudes estas inspiradas na transdiciplinaridade.
O curso de especialização em acupuntura tradicional chinesa apresenta como
objetivos:
1) desenvolver competências que abranjam todas as dimensões da atuação do
profissional da Saúde, capacitando-o com compreensão ampla e consistente da sua
área;
2) compreender a relação do processo saúde-doença com o contexto social;
3) ter pleno entendimento das diversas singularidades de sua profissão;
4) formar especialistas através do estudo integrado entre o moderno e a
tradição, seguindo as tendências dos maiores centros de acupuntura do mundo, que
reconhecem a acupuntura como um forte instrumento para colaborar com o sistema
sanitário primário;
5) formar um profissional capaz de perceber o ser humano em sua totalidade
transpondo barreiras reducionistas.
O curso, atualmente, conta com carga horária total de 1296 horas aula
ministrada em um período de dois anos. É considerada uma especialização Latu
Sensu pelo MEC Ministério da Educação e Cultura.
Para uma melhor compreensão do leitor, apresentamos a matriz curricular do
primeiro semestre do curso de acupuntura tradicional chinesa com as respectivas
cargas horárias, tanto teóricas quanto prática, de cada disciplina do curso.
Tabela 2: Matriz curricular do primeiro semestre
Disciplinas
Teoria
Prática
Filosofia Oriental
30 horas
_
Anatomia I
20 horas
10 horas
Anatomia II
20 horas
10 horas
Técnicas de Acupuntura I
20 horas
10 horas
70
Técnicas de Acupuntura II
20 horas
10 horas
Bioética, biossegurança e
instrumental
20 horas
10 horas
Fonte: Faculdade CBES
Adaptado pelo autor, 2010
2.6.1 Ementário do curso de acupuntura tradicional chinesa da faculdade CBES
Ainda para uma melhor compreensão, apresentamos a seguir as respectivas
ementas, de cada componente curricular. As ementas evidenciam os conteúdos a
serem ministrados em cada módulo do curso. Pretende-se situar o leitor no contexto
do aprendizado dos alunos para um melhor entendimento das respostas obtidas nas
entrevistas, por ocasião da pesquisa de campo, sendo que o leitor encontrará matriz
curricular completa no anexo C.
Tabela 3: Ementário do primeiro semestre do curso
Disciplinas
Ementa
Conteúdo Programático
Filosofia Chinesa
Apresentação das áreas e locais
de atuação da Acupuntura e
leitura histórica da Medicina
Tradicional Chinesa. Conceitos
básicos sobre os Elementos
Centrais da Medicina Tradicional
Chinesa.
Leitura Histórica da Medicina
Tradicional Chinesa
Elementos Centrais da Medicina
Tradicional Chinesa (Yin-Yang / Cinco
elementos / ZangFu / Substâncias
Vitais / Jing Luo).
Anatomia I
Apresentação do Sistema de
Canais e Colaterais. Estudo dos 3
Canais Yin e Yang da mão,
abordando o Sistema de Canais e
Colaterais (Jing Luo) e os
Acupontos.
Sistema de Canais e Colaterais (Jing
Luo).
Principais Pontos dos 3 Canais Yin da
Mão.
Principais Pontos dos 3 Canais Yang
da Mão.
Acupontos.
Anatomia II
Apresentação do Sistema de
Canais e Colaterais. Estudo dos 3
Canais Yin e Yang do pé,
abordando o Sistema de Canais e
Colaterais (Jing Luo) e os
Acupontos.
Sistema de Canais e Colaterais (Jing
Luo).
Principais Pontos dos 3 Canais Yin do
pé.
Principais Pontos dos 3 Canais Yang
do Pé.
Acupontos.
Técnicas de
Acupuntura I
Apresentação das técnicas de
inserção das agulhas.
Prática de localização e inserção
de agulhas nos principais
acupontos dos canais Yin e Yang
da mão.
Inserção das agulhas finas (Hao
Zhen).
Técnicas de manipulação.
Tchi-tcha.
Nian zhuan.
Técnicas de
Acupuntura II
Apresentação das técnicas de
inserção das agulhas.
Inserção das agulhas finas (Hao
Zhen).
71
Prática de localização e inserção
de agulhas nos principais
acupontos dos canais Yin e Yang
do pé.
Oito Qi Jing Ba Mai.
Técnicas de manipulação.
Tchi-tcha (pistonagem).
Nian zhuan (rotação).
Bioética,
biossegurança e
instrumental
A acupuntura, a Medicina
Tradicional Chinesa e seus
aspectos bioéticos. Conceitos,
histórico e contextualização na
prática da acupuntura. Riscos
ocupacionais e precauções
padrão. Biossegurança em
ambulatórios e unidades de
saúde.
A dominação da ciência e a
apropriação do homem: sua vida, seu
corpo e sua morte. A pluriversidade do
sujeito humano. Valor da vida
humana: a ambigüidade. A moral
tradicional e a Bioética. Corporeidade:
especialidade, temporalidade,
opacidade e pluralidade. Norma
regulamentadora 32 e sua aplicação
na acupuntura.
Fonte: Faculdade CBES
Adaptado pelo autor, 2010
Os conteúdos programáticos o ministrados de forma que o conhecimento
construído pelo aluno seja fundamentado na visão sistêmica, com componentes
curriculares de caráter integrativo e de continuidade com níveis de complexidade
crescentes.
Os assuntos abordados, teoricamente, são visualizados com exposições
práticas e realização de técnicas de atendimento ao paciente, com a supervisão dos
docentes.
As atividades práticas são realizadas em ambulatório nas sedes das
faculdades CBES, estes locais de estágio possuem uma grande capacidade de
atendimento com características multiprofissionais direcionadas para a utilização de
técnicas terapêuticas da Medicina Tradicional Chinesa, tais como acupuntura,
ventosaterapia, moxabustão, aurículoterapia, massagem entre outras técnicas. Os
pacientes são selecionados a partir da indicação dos próprios alunos ou por procura
espontânea, sendo que os atendimentos são anunciados em jornais locais, nas
reuniões de associações de bairros entre outros, com atendimento médio mensal de
200 (duzentos) pacientes carentes da comunidade local. Os alunos são inseridos no
programa de estágio supervisionado curricular, obrigatório, a partir do sétimo mês de
curso e orientados por docentes com amplo conhecimento e experiência clínica o
que irá favorecer seu processo de ensino e aprendizagem.
Antes do início do estágio, os alunos são divididos em grupos e os
atendimentos aos pacientes são realizados com níveis de complexidade crescentes
levando em consideração os conteúdos repassados durante as aulas teóricas. No
primeiro semestre de estágio supervisionado os alunos observam os colegas mais
72
adiantados em seus atendimentos, treinando suas habilidades em localizar os
pontos de acupuntura, a inserção das agulhas, bem como manobras de
manipulação destas. No segundo semestre de estágio, com uma maior bagagem
teórica o estagiário passa a avaliar o paciente com a utilização de métodos
diagnósticos característicos da MTC, trazendo as informações colhidas para análise
com o supervisor responsável por aquele grupo de alunos, sendo que este lhes
repassará o diagnóstico tradicional chinês bem como o protocolo que deverá ser
seguido. Na última fase de estágio, ou seja, terceiro semestre de atividades
ambulatoriais o aluno deve estar apto a avaliar, diagnosticar e prescrever o
protocolo de atendimento ao paciente, contando com a presença do supervisor,
sanando dúvidas e intervindo sempre que necessário.
A faculdade CBES acredita que este processo favorece o desenvolvimento
de habilidades e competências espeficas como o diagnóstico, prognóstico e
terapia adequada.
3 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA, APRESENTAÇÃO DOS DADOS E SUA
INTERPRETAÇÃO
3.1 ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA COMO MÉTODO DE PESQUISA
O estudo está sendo desenvolvido baseado na análise fenomenológica. O
método de pesquisa fenomenológico, na análise da influência do pensamento
filosófico chinês é o que melhor se adapta para o entendimento de fenômenos a
serem observados em um curso de s-graduação em nível de especialização na
área da saúde. Para fazer uma reflexão sobre este método é preciso retomar os
conceitos desenvolvidos por Husserl.
A fenomenologia é um método científico que passou a ser amplamente
conhecido a partir da corrente filosófica desenvolvida por Edmund Husserl, mais
precisamente no alvorecer do século XX. Husserl apregoava que a fenomenologia
poderia ser definida como um retorno aos fenômenos, que aparecem à consciência
e que, portanto, acontecem como objeto intencional. Husserl buscava contrapor-se
ao empirismo, objetivando uma superação do realismo e idealismo.
73
Observando a experiência vivida, a fenomenologia adota uma forma de
reflexão que deve incluir a possibilidade de olhar as coisas como elas se
manifestam.
Vários autores apresentam definições do método fenomenológico, Terra et al
(2006, v.14, n.04) afirma que:
A palavra “fenomenologia” vem sendo descrita de várias formas, com
significados e sentidos atrelados à interpretação dos autores. Porém, em
sua raiz etimológica significa “o que se mostra”, “o que aparece à luz”, “cujo
ser consiste, neste seu mostrar-se” e de “logos” que significa “discurso
esclarecedor” [...] Para a fenomenologia os fenômenos acontecem dentro
de um determinado tempo e espaço e precisam ser mostrados para que se
alcance a compreeno da vivência levando-nos a refletir sobre como esta
modalidade de pensar pode contribuir para o viver cotidiano.
Para Novaski (2007, p.81) “a fenomenologia quer ser antes de tudo um estilo,
um estilo de pensar, de ver as coisas, o mundo”.
A fenomenologia é a ciência da experiência, da consciência e da vivência e,
como tal podemos incluir a possibilidade de olhar e refletir sobre as coisas da forma
como se manifestam, da possibilidade de descrever e chegar à essência dos
fenômenos, sem a necessidade de explicá-los.
Propõe-se o referencial fenomenológico como importante recurso
metodológico para a compreensão das respostas obtidas pelo entrevistador, pois ele
resgata a importância da consciência intencional, que revela possíveis sentidos e
desvela significados existentes nas relações e práticas. Consiste, ainda, na
possibilidade de atuar na promoção da educação e saúde, pela consonância com a
perspectiva de integralidade, autonomia e visão ampliada do processo educativo por
meio dos seus pressupostos de totalidade do fenômeno.
Esta pesquisa se utiliza de interpretações fenomenológicas, investigando
justamente estes fenômenos subjetivos acreditando que a realidade está
fundamentada nas experiências pessoais de cada um, com emoções, pensamentos,
idéias, respostas diferentes, próprias de cada ser.
Para Terra (2006, p. 673) “a fenomenologia enquanto movimento filosófico,
pretende descrever o fenômeno tal qual ele aparece, reconhecendo nessa
caminhada a essência do ser, da vida, das relações”. Para a fenomenologia, os
fenômenos acontecem dentro de um determinado tempo e espaço e precisam ser
mostrados para serem compreendidos evidenciando como este modo de pensar
pode contribuir e influenciar na nossa vida cotidiana.
74
Para Triviños (1987, p. 42),
a idéia fundamental, básica, da fenomenologia, é a noção de
intencionalidade. Esta intencionalidade é a da consciência que sempre es
dirigida a um objeto. Isto tende a reconhecer o princípio de que não existe
objeto sem sujeito.
Na perspectiva fenomenológica não se separa o sujeito do fenômeno a ser
observado o que implica em reconhecer a unidade entre sujeito e objeto, existência
e significação.
A fenomenologia, desenvolvida por Husserl, foi traduzida como uma maneira
de pensar dos seres humanos, sobre suas experiências e vivências. Ela investiga os
fenômenos subjetivos fundamentados nas experiências vividas.
3.2 A ENTREVISTA COMO MEIO PARA COLETA DE DADOS NA PESQUISA
QUALITATIVA
A entrevista é empregada nesta pesquisa para buscar dados seguindo-se
reflexões para perceber, estudar e entender os significados subjetivos e de tópicos
complexos observados por instrumentos não fechados. Os conteúdos a serem
observados incluem fatos, opiniões sobre fatos, sentimentos, planos de ação,
condutas atuais ou do passado, motivos conscientes para opiniões e sentimentos. A
entrevista, convencionalmente, tem sido considerada como um encontro entre duas
pessoas, afim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado
assunto, mediante uma conversação de natureza profissional que proporciona ao
entrevistador, verbalmente, a informação necessária (SZYMANSKI, 2002).
A interpretação dos dados obtidos nas entrevistas será feita a partir da análise
de conteúdo, instrumento utilizado neste estudo para a reflexão e interpretação dos
dados obtidos na entrevista, buscando uma abordagem qualitativa, que se
fundamenta em importantes autores como Minayo (1994), Triviños, Ludke e André
(1986). Levando em conta a proposta do presente estudo de caráter qualitativo,
Minayo (1994), afirma:
Ela (a metodologia qualitativa) se preocupa com um nível de realidade que
não pode ser qualificado ou quantificado, ou seja, trabalha com um universo
de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo, das relações, dos processos e
dos fenômenos que não podem ser reproduzidos à operacionalização de
variáveis. (1994, p. 22).
75
Para análise dos dados qualitativos Luke e André (1986) assinalam que
trabalhar os dados, significa analisar todos os dados obtidos durante a realização da
pesquisa. A tarefa de análise dos dados implica na organização de todo material,
dividindo e relacionando as partes, identificando padrões e tendências importantes.
Como técnica de análise utilizou-se a análise de conteúdo, descrita por
Triviños (1987), que recomenda sua utilização nas mensagens escritas, pois são
mais estáveis e constituem um material objetivo, ao qual podemos voltar todas as
vezes que necessitarmos.
Bardin (1977) e Triviños (1987) descrevem três características básicas para
análise de conteúdo, sendo elas: pré-análise, descrição analítica e interpretação
inferencial. A pré-análise é a organização do material que necessitamos. A descrição
analítica começa na pré-análise, submetendo especificamente o material de
documentos que constitui o corpo dos dados, submetendo a um estudo aprofundado
orientado pelas hipóteses e referenciais teóricos. A codificação, a categorização e a
classificação são quesitos sicos nesta fase do estudo. A interpretação inferencial,
que para os autores refere-se à reflexão, à intuição embasada nos materiais
empíricos, estabelece relações, no caso da pesquisa sobre a função do supervisor,
com a realidade educacional e social ampla, aprofundando as conexões das idéias e
chegando, se possível, a propostas básicas de transformações nos limites das
estruturas específicas e gerais.
3.2.1 Coleta dos dados
Foi solicitada a ciência dos participantes via assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido (ANEXO A ) e tamm solicitado à faculdade a
assinatura do termo de autorização (ANEXO B) para a realização das entrevistas.
As entrevistam foram realizadas com alunos da faculdade CBES, com sede
na cidade de Curitiba/PR e Porto Alegre/RS. Foram entrevistados um total de oito
alunos, sendo quatro alunos de cada uma das sedes da instituição mencionada.
Como critério estabeleceu-se que os alunos tenham cursado e concluído o
primeiro semestre do curso. Os alunos entrevistados foram selecionados de forma
aleatória, não levando em conta sua formão acadêmica, em nível de graduação.
Os mesmos foram entrevistados no dia em que realizavam atividades ambulatoriais,
convidados a se dirigir para uma sala cedida pela instituição de ensino, onde foram
76
informados sobre os objetivos da pesquisa, e, após uma conversa informal, iniciou-
se a entrevista propriamente dita.
A coleta dos dados foi feita por meio de entrevista semi-estruturada, a qual no
início de nossa pesquisa pretendia ser realizada na forma de entrevista gravada e
posteriormente transcrita, seguindo-se análise do conteúdo das mesmas. No
transcorrer da primeira entrevista percebeu-se uma grande dificuldade de expressão
do entrevistado, ocasionada por intimidação frente ao gravador, segundo relato do
próprio entrevistado. Desta forma senti a necessidade de uma intervenção rápida
para evitar um prejuízo maior neste processo de coleta e informações. Alterei o meio
de coleta de dados para entrevista escrita, onde o entrevistado respondia as
perguntas e o entrevistador transcrevia as respostas, simultaneamente.
Foram realizadas seis perguntas, todas direcionadas para buscar dados
relativos ao problema e aos objetivos deste estudo. As questões se encontram no
apêndice A desta pesquisa.
Na seqüencia, apresento algumas informações que julgo ser importante
acerca dos entrevistados, para que o leitor consiga estabelecer correlações com a
idade, sexo, formação de nível superior, tempo de atuação e local onde o
entrevistado cursa a pós-graduação de acupuntura em nível de especialização.
Conforme demonstrado na Tabela 2 os entrevistados foram identificados
como: E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8 preservando assim o anonimato de suas
identidades.
Quadro 3: identificação dos entrevistados
IDENTIFICAÇÃO
DO
ENTREVISTADO
SEXO
IDADE
FORMAÇÃO DE
NÍVEL SUPERIOR
TEMPO DE
ATUAÇÃO
PROFISSIONAL
CBES EM
QUE
CURSOU
E1
MASCULINO
45
ODONTOLOGIA
20 ANOS
CURITIBA
E2
MASCULINO
30
FISIOTERAPIA
06 ANOS
CURITIBA
E3
FEMININO
29
FISIOTERAPIA
07 ANOS
P. ALEGRE
E4
MASCULINO
27
FISIOTERAPIA
03 ANOS
P. ALEGRE
E5
FEMININO
44
FISIOTERAPIA
20 ANOS
P. ALEGRE
E6
MASCULINO
40
FISIOTERAPIA
17 ANOS
CURITIBA
E7
MASCULINO
40
ODONTOLOGIA
21 ANOS
CURITIBA
E8
MASCULINO
41
MD.VETERINÁRIO
20 ANOS
P. ALEGRE
Fonte: Autor, 2009
77
3.2.2 Categorias de análise
Este item tem como objetivo refletir o conteúdo das entrevistas por meio de
uma reflexão considerando três categorias de análise, assim apresentadas: a
incorporação do pensamento filosófico chinês; rumo à atitude transdisciplinar;
saúde,e diferenças na visão ocidental e chinesa.
A escolha das categorias de análise decorre dos questionamentos realizados
e em função das falas dos pesquisados.
3.2.2.1 A incorporação do pensamento filosófico chinês
Esta categoria de reflexão resulta dos seguintes questionamentos feitos aos
pesquisados 1: Como você entende o significado do pensamento filosófico chinês
após ter freqüentado o primeiro semestre do curso de pós graduação em nível de
especialização em acupuntura tradicional chinesa?; 2: Após ter cursado os primeiros
seis meses da pós-graduação em acupuntura, qual é a visão que você tem de seus
pacientes?; 3: Houve mudanças em seus hábitos de vida após ter cursado o
primeiro semestre da pós graduação em acupuntura? da entrevista ( apêndice A).
Ao serem questionados sobre como eles entendem o significado do
pensamento filosófico chinês, após terem freqüentado o primeiro semestre do curso
de s graduação em nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa,os
pesquisados assim se manifestam :. Para E1 [...] conhecer a filosofia chinesa foi
uma descoberta fascinante, uma vez que muitas percepções do pensamento chinês
contrapõem-se ao pensamento lógico, matemático, cartesiano e alopático. Para E2
o pensamento filosófico chinês [...] ensina a treinar uma visão holística sendo uma
forma de ver o paciente como um todo, integrando as manifestações orgânicas e
emocionais. Para E3 o pensamento filosófico chinês [...] é um pensamento
complexo que transcende a concepção pontual e simplificada do ocidente, uma
filosofia que trás uma história milenar, onde o pensamento holístico integra o ser
humano e o meio externo de maneira contínua e dinâmica.
A resposta de E6 considera que [...], é mudança de paradigma em nossas
vidas profissionais e pessoais. Como a medicina ocidental é segmentada, dividindo
o corpo em partes separadas, são novos insights, novas técnicas diferenciadas, nos
colocando concepções totalmente diversas do que conhecemos até o momento [...].
78
As primeiras respostas dos entrevistados apresentam uma convergência de
idéias. Idéias estas que se apresentam em correlação com a visão de percepção
holística do pensamento filosófico chinês.
O significado do pensamento filosófico chinês, contrário à visão ocidental de
fragmentação, começa a ser trabalhado em sala de aula durante os módulos do
curso, em cada componente curricular ministrado no primeiro semestre do curso de
acupuntura tradicional chinesa no CBES. O objetivo é, justamente, fazer com que os
alunos possam transformar seu pensamento, mudando conceitos e agregando
novos conhecimentos de saúde para entender as diferenças entre a concepção
chinesa e ocidental na visão de saúde. De acordo com as posições em relação à
primeira pergunta da entrevista é possível observar que os alunos passaram a
considerar o ser humano de forma holística, sem a fragmentação do ser humano,
visão anterior
A segunda pergunta formulada aos entrevistados desejava saber se e como
tinha mudado, após ter cursado os primeiros seis meses da s-graduação em
acupuntura, a sua visão em relação aos pacientes. Respondendo este
questionamento o E1 disse [...] Passei a procurar entender o paciente como um
todo de maneira a não dissociar o sujeito do processo de saúde-doença. O paciente
deve ser agente de sua cura, e percebo que cada um deles possui um potencial de
solucionar seus problemas. E3 complementa [...] percebo que é impossível mexer
no Todo (organismo) sem alterar as partes (fragmentos), da mesma maneira, o
inverso também acontece. Já E4, de forma bem direta, acrescenta [...] é impossível
reabilitar somente um joelho ou um ombro, sei que pelo pensamento e lógica de
tratamento da acupuntura tradicional chinesa, que mais estruturas estão envolvidas
nessa reabilitação. Complementando este raciocínio E2 responde [...] passei a
avaliar meu paciente de forma diferente enfatizando orientações e cuidados
direcionados ao paciente.
A resposta de E6 considera que “há uma nova forma de pensar [...] o ser
humano visto globalmente, como um todo inseparável, que nos leva a ver o
indivíduo de uma forma holística e integrada, não apenas de uma forma mecanicista
[...], com esse novo conhecimento, a conexão do ser humano com a natureza nos
leva a observar o quanto somos parte de um todo, o quanto somos parte integral da
natureza.
79
Fica evidente uma mudança na maneira com que os entrevistados passaram
a perceber seus pacientes. Agora, no jeito de olhar, consideram-nos como seres
integrais, sistêmicos, integrados a um determinado meio ambiente e não
enclausurados em si mesmos. O paciente, visto como ser humano inteiro, nesse
contexto, é imprescindível no processo de cura. Ele passa a ser o agente ativo e não
objeto passivo. A cura não ocorre somente através de ações externas, mas tamm
com a participação do próprio paciente, como vemos expresso nas palavras de
Nascimento (2006, p.37):
O sentido pós-moderno de ciência, em geral, e da medicina e saúde, em
particular, pode conceber uma perspectiva “holística” e integradora,
porque não mais caminho para onde a fragmentação cartesiana do real
possa prosseguir. No novo paradigma “holístico”, a divio cartesiana entre
o corpo e mente seria superada por uma perspectiva integradora, no qual o
estado psicológico do indivíduo seria considerado fundamental tanto na
eclosão de uma doença como no desenvolvimento da cura. Desse modo,
reconhece-se a emoção positiva como um sinal importante para se
estabelecer a saúde, vice-versa, o estado negativo para estimular alguma
doença. A cura não seria, portanto, entendida como algo proveniente
exclusivamente de ações provindas do exterior. Fatores externos poderiam
catalisar o processo, contribuir para tal, mas não poderiam curar sem a
participação de fatores presentes no próprio individuo que precisam ser por
ele reconhecidos, mobilizados e providos.
Acreditamos que o curso de acupuntura tradicional chinesa vem
proporcionado uma mudança na forma de pensar sobre saúde e tratamento das
doenças, como evidenciado nas manifestações dos alunos pesquisados, que
acometem os seres humanos. indicativos, de acordo com as manifestações em
relação ao segundo questionamento, que essa nova forma de pensar e ver o ser
humano mostram mudanças de conceitos em relação aos comumente encontrados
na formação destes profissionais, quando exclusivamente feita na tradição ocidental,
carregadas de características fragmentárias e cartesianas.
A terceira pergunta buscava posições no sentido de saber se houveram
mudanças nos hábitos de vida dos próprios entrevistados após terem cursado o
primeiro semestre da pós-graduação em acupuntura. Para E1 [...] depois de
conhecer o Taoísmo, procurei rever alguns conceitos de vida [...] modular meu
comportamento [...] a busca do equilíbrio mente/corpo/cosmo permitiu-me pacificar o
espírito e diminuir o nível de estresse. E2 afirma [...] percebi um cuidado maior em
relação a meus hábitos de vida. Na mesma direção se manifesta E3 ao dizer [...]
mudei alguns hábitos alimentares, não apenas tipos de alimentos que deixei ou
passei a consumir, mas também minha postura durante e após a refeição.
80
Maciocia (1996) afirma que a natureza do alimento ingerido é de grande
importância nas desordens do estômago. A MTC enfatiza a importância da
alimentação de acordo com uma rotina, mediante refeições regulares, ingeridas
diariamente nos mesmos horários e em quantidades análogas, enfatiza a
importância de se ingerir refeições substanciais no café da manhã e no almoço e
somente uma refeição leve à noite.
A participação de E6 também é confirmativa. A postura diante da vida, [...]
uma vida mais integralizada [...] a qualidade de vida é de extrema importância para
que sejamos mais felizes, saudáveis e equilibrados.
O aluno E7 afirmou: Com certeza, [...] sou uma pessoa muito mais calma e
ponderada, e “seguir o caminho do meio”, [...], passou a ser um exercício diário para
manter a calma e a saúde e um melhor relacionamento com as pessoas [...]”.
O caminho do meio o Tao ou Dao
12
citado por E6 e E7 é trabalhado
integralmente na disciplina de filosofia chinesa que aborda importantes escolas
filosóficas que norteiam o modo de vida em quase todos os segmentos da sociedade
chinesa.
A resposta de E8 considera que: quanto mais entendemos o pensamento
chinês mais nos aproximamos da nossa fisiologia, passando a respeitar mais alguns
hábitos, abandonar outros e cultivar outros terceiros [...]. Ajudamos alguém em
primeiro lugar, servindo de exemplo. O mais difícil é manter esta mudança, pois o
meio constantemente nos desafia a perder os hábitos chamados de saudáveis.
Com relação a estas importantes mudanças de atitudes e percepções de si
mesmo, certamente, importantes aspectos mentais/emocionais e corporais sofrem
mudanças com a incorporação do pensamento filosófico chinês por parte dos
próprios entrevistados. De acordo com as manifestações dos entrevistados houve
mudanças em seus hábitos de vida, como alimentação, qualidade do sono, e um
melhor controle do estresse, após o ingresso do curso de acupuntura tradicional
chinesa. Esta visão e prática da importância na mudança dos hábitos de vida, mais
uma vez mostra que os conteúdos propostos estão atingindo seus objetivos.
12
Tao ou Dao origem ao termo Taoísmo ou Daoísmo, importante vertente filosófica chinesa, seu
caractere denota um ensinamento ou um caminho. O Dao refere-se não apenas ao objetivo, mas aos
caminhos para se atingir os objetivos, um ensinamento.
81
3.2.2.2 Rumo à atitude transdisciplinar
Esta categoria de análise tem por finalidade refletir e interpretar as
informações obtidas dos entrevistados diante dos questionamentos 4: Como você
concebe a atitude transdisciplinar?; 5: Após o conhecimento adquirido neste período
de curso, é possível correlacionar o pensamento filosófico chinês com a concepção
de transdiciplinaridade? De que forma? (apêndice A).
Neste momento da pesquisa perguntamos aos entrevistados como eles
concebem a atitude transdisciplinar. E1 nos contemplou respondendo [...] a atitude
transdisciplinar se refere à forma de atuar frente a situações considerando que
várias áreas do conhecimento são co-participantes da solução dos problemas, de
forma a incorporar várias idéias na busca de alternativas para os questionamentos
que surgem cotidianamente [...] requer flexibilidade dos envolvidos, a fim de aceitar
a proposta do outro e, ainda, entender que uma maneira diferente de ver o mesmo
problema acrescenta novas perspectivas para a solução do mesmo [...] O agir
transdisciplinar prescinde de uma resiliência na forma de pensar. Para E2 o pensar
transdisciplinar passa pelo “[...] pensar na abordagem do paciente sobre outros
olhares, tendo a transdisciplinaridade como base, instrumento e perspectiva de
transformação [...] o termo transdisciplinaridade [...] encontra-se em processo de
formação [...] precisamos persistir na divulgação e informação do real significado da
palavra. Na resposta de E3 podemos perceber o entendimento e conceituação da
atitude transdisciplinar ao afirmar que se trata de [...] uma atitude mais completa e
complexa que a interdisciplinaridade [...] compreende a realidade, através da
articulação de elementos que passam entre, além e através de si, buscando o
entendimento da complexidade através de um conhecimento novo. O entrevistado
E4 responde ao questionamento dizendo [...] é sobrepassar, ir além das diversas
ciências e buscar conhecimento em uma abrangência total, em uma abordagem
científica, cultural, espiritual e social.
A atitude transdisciplinar para E5 é: “[...] aquela que busca não apenas as
disciplinas colaborando entre si, mas busca a compreensão de algo mais complexo
que perpassa por estas disciplinas [...] existe um pensamento organizador [...] a
transdisciplinaridade não é apenas a adição de conhecimento, é a organização de
todo o conhecimento.
82
De acordo com E8, transdisciplinaridade são: de conhecimentos diferentes,
mas que tenham em si várias coisas em comum, ou seja, aplicações, objetivos,
resultados ou pensamentos comuns. Na área da saúde, [...] a transdisciplinaridade
passa a ser inevitável, as especialidades têm uma “conversa” cada vez mais íntima.
As posições trazidas pelos entrevistados denotam um entendimento de
convergência entre o pensamento filosófico chinês, e suas tendências holísticas,
com atitudes transdisciplinares. Pela perspectiva dos entrevistados os mesmo
apresentam convergências importantes e comuns, porém necessitam de uma
melhor compreensão e conscientização. Para vivenciar a atitude transdisciplinar é
necessário compreendermos o significado do termo complexidade. Na busca deste
entendimento encontramos alento nas palavras de Strieder (2004 p. 54,55):
Essa concepção é fundamentalmente diferente daquela expressa na
mecânica newtoniana [...] É contra esse determinismo reducionista, contra a
imutabilidade e contra a previsibilidade linearizada, que surgiu a concepção
da complexidade, uma visão sistêmica na qual o Universo é um todo
dinâmico e indivisível, onde as “partes” só podem ser entendidas como
interconexões de múltiplas espécies, que se alternam, sobrepõe-se em
endobramentos esvoaçantes, recombinam-se e, nessa trama, determinam a
contextura do todo. A necessidade de expressar essa nova visão de
universo ressemantiza o termo “complexidade”.
A quinta pergunta proposta aos entrevistados refere-se ao conhecimento
adquirido e a possibilidade de correlacionar o pensamento filosófico chinês com a
concepção de transdisciplinaridade. E3 reponde [...] o próprio ser humano é um
exemplo da correlação entre pensamento filosófico chinês e transdisciplinaridade,
assim como, o universo, a vida e a morte, o amor e o ódio, mostrando a
reaproximação da filosofia e da ciência. podemos compreender as partes
conhecendo o todo, porém, o todo poderá ser compreendido quando as partes,
que correspondem ao todo, forem entendidas, ou seja, a ordem dentro da
desordem. E1 enfatiza em sua resposta que [...] a correlação sugerida é possível,
uma vez que o pensamento filosófico chinês o indivíduo integralmente, como um
microssomo parte de um macrossomo [...] é necessário integrar as ciências para
perceber o sujeito de forma holística, total, multifacetada, o que pode ser atingido
a partir da transdisciplinaridade. Complementando o raciocínio anterior E4 afirma
que [...] a abordagem holística preconiza que os elementos mental, emocional,
espiritual e físico de cada indivíduo fazem parte de um sistema integralizado [...] esta
abrangência total de percepções permitem a idéia de transdisciplinaridade. E2, em
83
resposta ao questionamento proposto, afirma [...] acredito ser possível, mas essa
não é uma missão fácil, simples e rápida [...] atingir essa compreensão de
complexidade exige um treinamento exaustivo e longo.
Na visão de E6: Sim. A transdisciplinaridade [...] visa conceber o indivíduo
humano em todos os seus aspectos: físico, mental, emocional e espiritual.
O agir transdisciplinar, no contexto da saúde, auxilia o paciente a viver num
patamar superior de qualidade de vida nos vários aspectos em que se situa o ser
humano. Da mesma forma o objetivo do tratamento, pela Medicina Tradicional
chinesa, é, justamente, integrar e tratar a desarmonia do corpo biológico provocada
por doenças em todos os diversos níveis de inserção do ser humano.
Enfim, a atitude transdicisplinar se aproxima da MTC, por conceber o ser
humano em todos os ângulos/dimensões de sua vida, almejando um equilíbrio
bio/energético para criar um ser humano voltado para o auto-cuidado e um modo de
vida saudável contribuindo para uma sociedade humana em harmonia.
Fica evidente nas respostas dos entrevistados a possibilidade de transposição
do pensamento filosófico chinês, preconizado no aprendizado da MTC, mais
propriamente a acupuntura, para as atitudes de transdisciplinaridade. Parece
propício, nesse momento, citar as palavras de Rocha Filho (2007, p. 49):
Uma ação transdisciplinar exige sempre uma atitude transdisciplinar, pois
cada nova situação é diferente, e implica um modo de pensar
transdisciplinar para o seu enfrentamento, e nenhum manual pode predizer
ações, reações, momentos e sentimentos das pessoas envolvidas [...]
atingir esse estado de união com o universo pode ser muito difícil, embora
as filosofias esotéricas e religiões proponham um caminho para isso, não se
deve menosprezar a razão. Se uma pessoa esconvencida racionalmente
dessa ligação, aos poucos perceberá as manifestações em sua vida, e essa
realimentação tenderá a realizar a identificação com a totalidade em termos
de atitudes que é o que precisamos para o estabelecimento de
transdisciplinaridade.
Essa mudança de paradigmas começa a ser plantada individualmente em
cada aluno do curso de pós graduação em acupuntura tradicional chinesa quando
no componente curricular de filosofia chinesa os docentes os fazem repensar a vida,
a doença e o ser humano.
As respostas apresentadas, nesta fase da entrevista, evidenciaram a
percepção dos entrevistados em relação à ligação da atitude transdisciplinar e o
pensamento filosófico chinês e que, para que esta transposição ocorra, é necessária
juntamente com uma mudança de paradigmas a mudança de atitudes.
84
3.2.2.3 Saúde, diferenças na visão ocidental e chinesa
O questionamento 6, proposto aos entrevistados foi o seguinte: Após cursar o
primeiro semestre da especialização de acupuntura tradicional chinesa,você pode
identificar as características que diferenciam as concepções de saúde nas visões
ocidental e chinesa? Por este questionamento procura saber se, após cursar o
primeiro semestre da especialização de acupuntura tradicional chinesa, seria
possível identificar quais as características que diferenciam as concepções de saúde
nas visões ocidental e chinesa. Respondendo E1 expressa dizendo que a [...]
medicina ocidental se caracteriza pelo diagnóstico etiológico da doença, com uma
visão tecnicista do paciente, com o predomínio de alta tecnologia no diagnóstico e
forte medicalização na prática terapêutica [...] a indústria farmacêutica domina um
mercado de drogas altamente lucrativo, onde um conjunto de interesses, com
acentuado viés capitalista, dita as regras de um jogo nefasto, no qual o bem do
paciente é posto em segundo plano [...] a medicina chinesa [...] centraliza a pessoa
no processo saúde-doença, tornando-a participante das etapas de cura,
incorporando o saber popular [...] incorpora o paciente ao seu ambiente, com uma
visão cosmogônica, na qual os determinantes sociais e culturais interferem na
proposta de cura [...] a principal diferença entre a medicina ocidental e a chinesa é
que na primeira o médico é o centro do processo de tratamento [...] enquanto na
segunda o paciente é o centro da atenção [...] seu modo de encarar a vida e as
influências do meio ambiente sobre a saúde. Na resposta de E3 encontramos o
entendimento de que [...] para o chinês, saúde é um fenômeno transitório de bem
estar físico-mental e social [...] para o ocidente, significa um estado de completo bem
estar sico, mental e social [...] para a visão chinesa, a saúde é dinâmica, assim
como tudo no universo, está sempre sofrendo alterações [...] O mais marcante
destas duas concepções é que além de um olhar estático sobre o ser humano, o
ocidente trabalha basicamente com o tratamento e a busca da cura [...] a visão da
MTC, trabalha com a concepção de prevenção, ou seja, quanto mais conseguimos
manter o equilíbrio, mais difícil será de alguma doença agir nesse indivíduo. E4
afirma que essa visão é bem diferente [...] a busca da saúde tem um caráter
preventivo, acima de tudo, na visão chinesa em relação à medicina ocidental. E2
conclui com uma resposta bastante enfática quando afirma:[...] a visão ocidental de
saúde apresenta um olhar atrasado e focado no conceito de saúde da OMS
85
(Organização Mundial de Saúde) [...] ausência de doença, e no completo bem estar
físico, mental e social [...] a visão chinesa nos mostra um conceito de saúde
relacionando ao bem estar geral do ser humano, pensando em condições de
trabalho e repouso, aspectos afetivos/emocionais, relações sociais [...]
preocupações alimentares, repouso e exercício e aspectos climáticos [...] qualquer
desarmonia contínua pode se tornar causa de uma patologia.
Na visão do E5: Embora o conceito da OMS estabeleça saúde como um
estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de
doença, o que vemos na prática ocidental é uma visão fragmentada e especializada
que propõe demasiadamente ações curativas em detrimento de ações de prevenção
e de promoção da saúde. Na visão chinesa, em contraponto, percebemos uma
concepção holística, que busca ou que parte do princípio da integrar o homem e o
universo e prevenir as doenças através de ações de promoção da saúde como a
alimentação, a prática de atividade física, a meditação.
As concepções de saúde para E7 apontam para a medicina ocidental [...]
separa a doença do paciente e do meio ambiente para tratá-la isoladamente [...], o
pensamento chinês a doença como a ocorrência simultânea de diferentes
fenômenos provocadores de uma desarmonia entre o homem, a família e a
natureza, por isso o tratamento visa restabelecer padrões de harmonia que
conduzem não só a cura, mas também à prevenção de outros estados patológicos.
É possível notar que todas as manifestações dos pesquisados apresentam-se
com uma concordância bastante coesa em termos de destaque, evidenciando que a
proposta da matriz curricular está atingindo seus objetivos na busca de mudanças
de paradigmas.
A proposta pedagógica está fazendo com que os alunos passem a olhar o
ser humano, o ambiente e o universo numa perspectiva com visão sistêmica,
encarando a necessidade de equilíbrio entre toda as esferas de suas vidas.
Todas estas mudanças no modo de pensar dos pesquisados parecem
mostrar uma possibilidade de melhora na qualidade de vida para todos os seres,
identificando a doença como um fator de convívio inevitável, mais que pode ser
minimizado se atitudes preventivas e holísticas forem adotadas.
86
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar este estudo intitulado: contribuições do pensamento filosófico
chinês para consolidar atitudes transdisciplinares na educação e na saúde, é
importante abordarmos alguns aspectos que merecem destaque.
No início da pesquisa apresento um breve memorial direcionando o leitor ao
conhecimento das atividades profissionais exercidas durante minha vida acadêmica
como docente e fisioterapeuta especialista em acupuntura, justificando a escolha do
tema proposto, principalmente por este não ser um tema comumente abordado no
meio educacional.
É importante retomar a questão orientadora e os objetivos do estudo, a fim de
qualificar o seu alcance bem como elencar possibilidades educacionais na seara da
conjugação do pensamento filosófico chinês para com a atitude transdisciplinar.
O objetivo do estudo era entender o significado do pensamento filosófico
chinês, as possibilidades e implicações nas mudanças de comportamento pessoal
em ingressantes do curso de pós-graduação em nível de especialização em
acupuntura, atendendo prioritariamente profissionais da área da saúde.
O estudo bibliográfico realizado foi uma oportunidade para conhecer, de
forma mais profunda, a vida e o pensamento do filósofo e matemático René
Descartes, entre outros, no objetivo de entender um pouco mais sobre o modo de
pensar ocidental e as implicações desse modo de pensar, no modo de entender e
fazer educação, de entender e lidar com a saúde das pessoas. Conhecer e entender
a profundidade do cogito cartesiano, permitiu uma melhor compreensão dos modos
de vida e das atitudes comportamentais e relacionais resultantes da aplicação de
suas idéias, cujas influências persistem na atualidade. Tal pensamento se
caracterizou pelo princípio básico da fragmentação e da simplificação dos
fenômenos e inclusive do corpo humano, procedimento considerado como única
possibilidade de conhecimento. Esse pensar e agir analítico condicionou e
influenciou profundamente o que chamamos de método científico de investigação e,
inclusive os métodos pedagógicos e de tratamento dos doentes, ainda praticados no
presente.
Os métodos, analítico e simplificador propiciaram avanços significativos em
várias dimensões das ciências, mas tamm causaram e ainda causam
conseqüências negativas no universo dos conhecimentos, no universo relacional
87
entre pessoas e nas diferentes formas de nos relacionarmos com os outros, com os
recursos naturais e com o modo de agir do ser humano. Os avanços dessa
tecnociência convergem com a disseminação da violência social e econômica, com
uma produção de riqueza que paraleliza com a produção da miséria e, onde o
mapeamento do DNA conflita com a proliferação de doenças do passado como
dengue, malária e cólera.
Ao refletir sobre esses avanços magníficos e os recuos humanizadores,
Capra (2006b, p.57) escreve:
[...] o problema é que os cientistas, encorajados por seu êxito em tratar os
organismos vivos como máquinas, passaram a acreditar que estes nada
mais são do que máquinas. As conseqüências dessa falácia reducionista
tornaram-se especialmente evidentes na medicina, onde a adesão ao
modelo cartesiano do corpo humano como um mecanismo de relógio
impediu os médicos de compreender muitas das mais importantes
enfermidades da atualidade.
Na educação o cogito cartesiano tamm influenciou profundamente os
métodos pedagógicos, tornando praticamente impossível a compreensão das
interdependências presentes entre as várias áreas do conhecimento, induzindo
alunos e professores à competição ao invés da percepção complementar entre as
ciências humanas, as ciências técnicas e econômicas. O vazio criado e a crise
existencial resultante, diante das promessas não cumpridas como, estender o bem-
estar sico, emocional e material a todos os seres humanos, a impossibilidade de
prover a todos e a cada um, igualitariamente, de bens materiais, trouxe à tona a
necessidade de superação dessas perspectivas mecanicistas e fragmentárias
presentes nas concepções de mundo, de ser humano, de conhecimento, para,
então, abrir caminhos em direção a atitude transdisciplinar.
Igualmente foi importante aprofundar o conhecimento e o entendimento sobre
o pensamento filosófico chinês e sua relação com a medicina tradicional chinesa.
Para esse entendimento, após um breve histórico, correlacionei as concepções
deste pensamento com a saúde e a educação com ênfase à visão das principais
correntes de pensamento e seus defensores, tais como: Confúcio, Mêncio, Lao-Tse,
entre outros.
No desenvolvimento da investigação priorizei a compreensão dos elementos
centrais que organizam o pensamento, o ensino e a prática da acupuntura
tradicional chinesa. As concepções que fundamentam a visão de mundo, a visão de
88
ser humano e o modo de vida oriental encontram sustento nas teorias do Yin e
Yang, dos Cinco Elementos, das Substâncias Vitais, do Sistema de Órgãos e
Vísceras, dos Canais e Colaterais e do diagnóstico.
De posse, mesmo que de forma sintética, dessas grandes concepções
predominantes e orientadoras do modo de ser humano e das formas relacionais no
mundo ocidental e as realizáveis no mundo oriental, com base no pensamento
filosófico chinês, visualizo possibilidades de aproximações, entre as duas fontes,
através do desenvolvimento de atitudes transdisciplinares. Encontrei sustento e
amparo para essa possibilidade aproximativa em autores como: Rocha Filho,
Strieder, Capra e outros. O pensamento filosófico chinês e sua forma particular de
conceber o mundo, a vida e o ser humano paralelizam com os conceitos de
transdisciplinaridade, cuja visão e desafios voltam-se para preocupações como a
integralidade, a interdependência, a visão holística, bem distintos das concepções
fragmentárias que concebem o ser humano, seu corpo, a natureza e a vida na visão
ocidental ainda predominante.
Associar as atitudes transdisciplinares com o pensamento filosófico chinês,
sua visão holística e sistêmica, é uma nova forma de concepção que aceita a
existência de interconexões cosmológicas, de complementaridade e continuidade
entre as “coisas”, os fenômenos e os seres, numa dinâmica infinita, ou seja, sempre
existem pontas soltas com potencialidades para novas organizações, para uma
diversidade de possibilidades de realização.
A transdisciplinaridade, inserida no cenário da complexidade, é uma forma de
ver o mundo capacitando-nos para perceber múltiplas situações e refletir sobre
acontecimentos relacionados ao ser humano e a natureza, como continuamente
envolvidos por inúmeras dimensões, sejam elas sociais, culturais, naturais e
educacionais. E, nesse contexto, diverso e complexo, fica realçada a necessidade
de desejar entender o mundo de forma holística e não fragmentária.
Num cenário de tantas transformações a unilateralidade e a simplificação,
propostas da modernidade ocidental, cedem espaço ao múltiplo e ao complexo, seja
no conhecimento, na cultura, na ética, nos valores na política, na ciência ou na
religião e, então, na educação e na saúde. Esse cenário é tamm um momento de
novas exigências, de novos desejos, de novos sonhos porque precisamos de novos
e diversos sujeitos. Esses sujeitos podem ser construídos em processos de
formação, como os oportunizados pelo curso de pós-graduação, em nível de
89
especialização, em acupuntura tradicional chinesa das faculdades CBES. Essa foi a
constatação resultante da pesquisa de campo, cujos dados, uma vez conhecidos
foram organizados em três categorias para reflexão e análise. A primeira refere-se a
incorporação do pensamento filosófico chinês, a segunda está direcionada à atitude
transdisciplinar, e a terceira aborda a saúde e diferenças na visão ocidental e
chinesa.
Em relação ao objetivo conhecer o entendimento do pensamento filosófico
chinês em alunos ingressantes no curso de pós-graduação em nível de
especialização latu-sensu de acupuntura tradicional chinesa, há evidências de que
os entrevistados vivenciam mudanças significativas no seu modo de pensar após
terem cursado o primeiro semestre do curso. O convívio com o pensamento
filosófico chinês fica aparente na manifestação dos entrevistados ao afirmarem que
foi uma descoberta fascinante, uma vez que muitas percepções do pensamento
chinês contrapõem-se ao pensamento lógico, matemático e cartesiano.
Reconhecem que o pensamento filosófico chinês é complexo e transcende a
concepção pontual e simplificada do ocidente. Os pesquisados entendem que a
filosofia chinesa é fruto de séculos de experiências de vida acumulada, tendo o
pensamento holístico como intrínseco ao ser humano e visualizando o entorno
ambiente como algo contínuo e dinâmico.
Segundo os pesquisados, as mudanças de visão e de comportamento em
relação à concepção de mundo e de ser humano, ao se embrenharem no
conhecimento e na compreensão do pensamento filosófico chinês, oportuniza um
jeito diferente de entender o paciente. Agora, mais do que olhar uma doença
específica, olha-se para um ser humano, sem dissociar o sujeito do processo de
saúde-doença.
Assim, já possível perceber, nesses alunos, uma nova forma de pensar o ser
humano, visto como um ser por inteiro, como um todo inseparável, um ser, o
dissociado do entorno ambiente, mas nele integrado e profundamente
interdependente, uma visão holística e não mecanicista. Este novo conhecimento
reconhece a conexão do ser humano com a natureza o que leva a admitir o quanto
somos parte de um todo, o quanto somos parte integral da natureza.
As conclusões acima nos remetem a certeza de que o conteúdo ministrado no
curso, freqüentado pelos pesquisados, aborda conceitos de interdependência entre
90
o ser humano e os fenômenos naturais, com a necessária profundidade e
responsabilidade.
Ao verificar, se e como, os alunos iniciados no pensamento filosófico chinês,
concebem a transposição das bases filosóficas chinesas para uma possível atitude
transdisciplinar, os pesquisados mostraram conhecimento sobre a
transdisciplinaridade. Na posição dos mesmos a atitude transdisciplinar se refere à
forma de atuar frente às situações ao considerar que várias áreas do conhecimento
são co-participantes da solução dos problemas, ou seja, importa incorporar várias
idéias na busca construtiva de alternativas para os inúmeros questionamentos do
cotidiano.
Tamm ficou evidenciada a necessária flexibilidade dos envolvidos, tanto
nos processos educacionais como nos de cuidados para com a saúde, para aceitar
e valorizar as propostas de outros. Reconhecem a necessidade de entender e
aceitar que, a existência de diferentes modos de perceber o mesmo problema,
acrescenta novas perspectivas para a solução do mesmo. Admitem que o agir
transdisciplinar prescinde de uma resilência na forma de pensar.
Confirmou-se também que as atitudes transdisciplinares contemplam a
capacidade de sobre-passar, ir além das diversas ciências e aceitar conhecimentos
mais abrangentes e com abordagens diversas de ordem científica, cultural, espiritual
ou social.
Para os pesquisados, associar bases do pensamento filosófico chinês com os
conceitos sistêmicos significa fazer uma transposição para aquilo que os estudiosos
denominam como atitude transdisciplinar.
Os pesquisados mostraram bom nível de capacidade para identificar as
diferenças conceituais de educação e de saúde, na visão das culturas ocidental e
chinesa. Tamm já estão em condições de reconhecer e descrever características
que diferenciam essas concepções de saúde. Entenderam que a medicina ocidental
se caracteriza pelo diagnóstico etiológico da doença, uma visão tecnicista do
paciente, a presença de elevado apoio da alta tecnologia para realizar o diagnóstico,
e a necessidade de forte medicalização na prática terapêutica. Porém, a medicina
chinesa centraliza a pessoa no processo saúde-doença, tornando-a participante das
etapas de cura.
A Medicina Tradicional Chinesa visualiza e concebe uma profunda
interconexão entre o paciente e o meio ambiente de existência. Estende sobre a
91
pessoa uma visão cosmogônica, na qual, os determinantes sociais e culturais
interferem na proposta de cura.
Outro aspecto encontrado ao olhar o pensamento chinês é que a saúde é um
fenômeno transitório de bem estar físico-mental e social. Trata-se de um processo
dinâmico, assim como tudo no universo é dinâmico e, por isso, sofrendo contínuas
alterações. , na visão ocidental, saúde significa um estado completo de bem estar
físico, mental e social, ou seja, um comportamento aparentemente estático.
Percebe-se que os entrevistados, apesar de atuarem por vários anos em suas
profissões e portadores de uma formação baseada na visão cartesiana,
fragmentadora e simplificadora, mostraram-se sensíveis a ponto de serem
influenciados na sua maneira de perceber os conceitos saúde-doença, pela
incorporação, pelo menos inicial, de alguns fundamentos do pensamento chinês.
A partir deste estudo considero que o curso de pós-graduação em acupuntura
tradicional chinesa e sua respectiva matriz curricular, bem como os conteúdos
programáticos oferecidos, proporcionam aos ingressantes as oportunidades para
ressignificarem seu entendimento analítico, a partir de postulados do pensamento
filosófico chinês. Essa ressignificação recria, neles, uma nova condição de sujeitos
com visões de mundo, de vida e de ser humano distinto da visão ocidental. A matriz
curricular do curso estudado apesar de contemplar as idéias de atitudes
transdisciplinares necessita de uma revisão e de uma maior adequação de seu
conteúdo programático em busca de uma relação mais íntima com as atitudes
transdisciplinares.
Essa criação de novos sujeitos, despertados para novas exigências, para
novos desejos e para novos sonhos é a demonstração de que, pelo princípio da
reflexão formativa e pela adoção de novos processos educativos, envolvendo
diferentes modos de pensar o ser humano, a natureza e o universo, é ainda possível
realizar o sonho da educabilidade humana. Essa trans-formação, capaz de trazer
novas perspectivas pedagógicas e de aprendizagem, tendo como plano de fundo a
milenar cultura chinesa, permite despertar a possibilidade da sua transposição para
atitudes transdisciplinares.
Resta destacar ser de extrema importância, a existência de sensibilidade e
uma pré-disposição dos alunos educandos para essas mudanças, mudanças
mentais, intelectuais, de vida e como seres humanos, para aceitarem esse processo
educativo e de formação.
92
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GLOSSÁRIO
JIN YE Fluídos corpóreos
JING Essência
JING LO Canais e colaterais
Qi Energia
XUE Sangue
ZANG FU Orgãos e vísceras
APÊNDICES
APÊNDICE
APÊNDICE A FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
PERGUNTA: Como você entende o significado do pensamento filosófico
chinês após ter freqüentado o primeiro semestre do curso de pós graduação
em nível de especialização em acupuntura tradicional chinesa?
PERGUNTA: Após você ter cursado os primeiros seis meses da pós-
graduação em acupuntura, qual é a visão que você tem de seus pacientes?
PERGUNTA: Houve mudanças em seus hábitos de vida após ter cursado o
primeiro semestre da pós graduação em acupuntura?
4ª PERGUNTA: Como você concebe a atitude transdisciplinar?
PERGUNTA: Após o conhecimento adquirido neste período de curso, é
possível correlacionar o pensamento filosófico chinês com a concepção de
transdisciplinaridade? De que forma?
PERGUNTA:Após cursar o primeiro semestre da especialização de
acupuntura tradicional chinesa,você pode identificar quais as características
que diferenciam as concepções de saúde nas visões ocidental e chinês?
ANEXOS
ANEXO A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:
Eu, _____________________________, por intermédio do presente termo
de consentimento livre e esclarecido, concordo plenamente em participar do
Projeto de Pesquisa
intitulado:_____________________________________________________
Que tem por objetivo ___________________________________________
_____________________________________________________________
Tenho conhecimento que o estudo, projeto, procedimento o provoca
nenhum dano físico ou emocional, que não risco em participar da
pesquisa.
Concordo tamm que minha participação no projeto se a título gratuito,
não recebendo, portanto nenhum honorário ou gratificação referente ao
projeto de pesquisa, bem como, não estou sujeito a custear despesas para
a execução do projeto.
Tenho conhecimento que tenho o direito de me retirar do projeto a qualquer
momento desde que faça comunicação ao coordenador da pesquisa, por
escrito, previamente.
Concordo com a possibilidade de as informações relacionadas ao estudo
serem inspecionadas pelo orientador da pesquisa e pelos membros do
Comide Ética em Pesquisa e que qualquer informação a ser divulgada
em relatório ou publicação, deverá sê-lo de forma codificada, para que a
confidencialidade seja mantida.
Assim sendo, acredito ter sido suficientemente informado(a) à respeito das
informações que li ou que foram lidas e explicadas para mim, descrevendo
o estudo. Ficaram claros para mim os propósitos da pesquisa, os
procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias
de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que
tenho garantia de acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a
qualquer tempo. Concordo em participar, voluntariamente, deste estudo e
poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante
o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que
possa ter adquirido.
Cidade ______________, de de .
__________________________________ ___________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa Assinatura do Responsável legal do
(maior de dezoito anos de idade) Participante da Pesquisa
Nome completo: (quando menor de dezoito anos de idade)
CPF/MF: Nome completo:
Endereço: CPF/MF:
Cidade: Endereço:
Telefone: Cidade:
Telefone:
_________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a)
102
ANEXO B TERMO DE AUTORIZAÇÃO
AUTORIZAÇÃO
A___________________________________________________________
____, pessoa jurídica devidamente inscrita no CNPJ
_________________________, com sede à Rua
___________________________________ _____________, na cidade
de ___________________, Estado ________________, fone/fax: (___)
_____-______; neste ato representada por seu responsável legal
_____________________________, brasileiro, solteiro/casado, profissão,
portador da C.I./R.G _____________________ e inscrito no CPF/MF
__________________, e-mail: _________________________ por
intermédio da presente autoriza a realização, em suas dependências e fora
delas, do Projeto de Pesquisa intitulado:
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
____________________________________________________________
que tem por objetivo
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
____________________________________________________________.
Autoriza expressamente a divulgação da pesquisa, do nome da empresa,
de fotos do projeto e, do resultado.
Declara que tem conhecimento e que concorda plenamente que a
participação da empresa que representa se à título gratuito, não
recebendo, portanto nenhum honorário ou gratificação referente ao projeto
de pesquisa.
Concorda com a possibilidade de as informações relacionadas ao estudo
serem inspecionadas pelo orientador da pesquisa e pelos membros do
Comitê de Ética em Pesquisa.
Cidade___________________, de de .
Empresa:
_______________________________________
CNPJ:
_______________________________________
Nome completo do responvel legal:
_______________________________________
CPF/MF:
_______________________________________
_________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a)
103
ANEXO C PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO DE PÓS-
GRADUAÇÃO DA FACULDADE CBES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
PROJETO PEDAGÓGICO
1. CURSO
ACUPUNTURA TRADICIONAL
CHINESA
Área do Conhecimento:
Ciências Biológicas e da Saúde
ENDEREÇO
Av. Alberto Bins,376 Centro
CEP : 90.030-140
Tal/Fax: (51) 3062-5858
www.cbes.edu.br
2. JUSTIFICATIVA
A Instituição busca criar as condições para o cumprimento de seu ideal:
“A saúde concebida como completo bem estar físico, mental e social, e não
apenas a ausência de doença”.
Visualizando este conceito de saúde segundo a OMS, o Grupo CBES observa a clara
necessidade de construção de conhecimento e aplicabilidade de novas ferramentas de trabalho
em toda a área da saúde. Na era da universalização do conhecimento, em que os avanços
tecnológicos na área farmacêutica o pauta do cotidiano, faz-se necessário um
aprimoramento profissional contínuo do Farmacêutico nos diversos segmentos de atuação,
objetivando uma postura profissional ética, responsável e capaz de atender às novas
demandas pela melhoria da qualidade de vida da população. Assim, a Faculdade CBES vem
de encontro com esta necessidade, ofertando cursos de Especialização Lato Sensu em
Acupuntura, oportunizando aprimoramento profissional de excelência para que o Farmacêutico
possa, efetivamente, contribuir com o ganho de saúde da população.
3. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO
A Mantenedora, Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos, pessoa jurídica de direito
privado, com sede e foro no Município de Curitiba, Estado do Paraná, tem seu Contrato Social
arquivado no Cartório Oficial de Registro de Títulos e Documentos sob 0339903, tendo
sido fundada em 09 de abril de 1999, como uma Instituição privada de ensino, com fins
lucrativos. Seu objeto social é a prestação de serviços educacionais. Com sede localizada no
centro de Curitiba, na Alameda Doutor Muricy, 380, constitui-se na primeira instituição do
Paraná a apresentar um programa sistemático de aperfeiçoamento e atualização do
104
profissional da área da saúde em diversos segmentos.
As Clínicas Escola Integradas do CBES surgiram compromissadas com a perspectiva
sistêmica, que integra o próprio nome da Mantenedora (Colégio Brasileiro de Estudos
Sistêmicos), procurando modificar o velho paradigma de saúde vigente no Brasil, onde se
prioriza o tratamento ao doente em detrimento da preservação do bem estar físico, mental e
social do indivíduo são.
Acessoriamente a postura reducionista, fortemente arraigada na cultura ocidental, leva o
profissional da saúde a uma percepção fragmentada do paciente em desfavor do tratamento
integral, em que é compreendido como um todo, ou melhor, ainda, como um ser físico,
emocional e integrado a um meio social.
Contrário ao entendimento de que o objeto de trabalho dos profissionais da saúde é a
doença, e obstinadamente crendo que a saúde é fruto do equilíbrio entre o físico, o emocional
e o meio social é que surgiu a primeira clínica do CBES: a Clínica de Acupuntura. Foi criada
junto ao Sindicato dos Bancários do Estado do Paraná, e em articulação com a Sociedade
Brasileira de Fisioterapeutas Acupunturistas, procurando atender a demanda daquele órgão.
Fruto daquela experiência bem sucedida e motivada pela ampliação estrutural do CBES
criação da primeira sede do CBES na Rua Lourenço Pinto, 190 em Curitiba foi criado um
ambulatório maior, capaz de atender a uma demanda cada vez mais acentuada de pacientes.
Atualmente, o complexo clínico escolar dos Centros CBES envolve três Clínicas
multidisciplinares em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, aonde atuam os pós-graduandos em
Acupuntura, Osteopatia, Fisioterapia Dermato-Funcional, Fisioterapia Respiratória, Fisioterapia
aplicada a Traumato-Ortopedia e, ainda, na sede de Curitiba, os alunos dos cursos técnicos em
Massoterapia, Enfermagem e Radiologia.
Nestas clínicas é feita média mensal de 260 atendimentos, cada atendimento se faz em
troca de dois quilos de alimentoso perecíveis que retornam à sociedade na forma de
doações a instituições de assistência social.
Desta maneira, em um verdadeiro ambiente de trabalho social, o CBES persegue o ideal
de uma saúde sistêmica. E é acreditando firmemente que o investimento na saúde da
sociedade previne as doenças individuais e considerando o tratamento do individuo como um
todo físico, emocional e social que a Instituição pretende difundir este novo paradigma para os
profissionais da saúde.
Em 2000, foi criada a especialização profissionalizante em Qualidade de Alimentos,
voltada para profissionais como engenheiros de alimentos e nutricionistas entre outros. Este
curso, com carga horária de 445 horas/aulas, conta com o reconhecimento da Sociedade
Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral. Distingue-se por sua qualidade, contando com
corpo docente constituído exclusivamente por Mestres e Doutores, bem como pela pertinência
de sua oferta, por se tratar de iniciativa pioneira em área extremamente carente de
profissionais.
Em 2001, foram criados os cursos de Aprimoramento Profissional do Fisioterapeuta nos
Métodos Kabbat (Facilitação Neuro - Muscular - Proprioceptiva) - Portaria COFFITO 14, de
105
23 de Maio de 2001, e de Reeducação Postural Global pelo método de Sensações Somáticas -
Portaria COFFITO n° 15, de 23 de Maio de 2001.
Ainda em 2001, criaram-se o Curso de Especialização Profissional em Fisioterapia
Dermato -Funcional, aprovado pela Portaria COFFITO n° 16, de 24 de Maio de 2001, e o Curso
de Especialização Profissional em Fisioterapia em Traumato Ortopédica, aprovado pela
Portaria COFFITO 18, de 24 de maio de 2001, em conjunto com o COFFITO, por meio da
Resolução 209, de 17 de agosto de 2000. O corpo docente deste curso é constituído de
90% de Mestres e Doutores.
Paralelamente à ampliação de sua área de atuação, que conta hoje com novos cursos,
todos afinados às exigências colocadas pelo mercado em diversos segmentos da área da
saúde, o CBES tem aprimorado a qualidade de seus serviços, procurando sempre o aval dos
Conselhos de Classe e Associações de cunho profissional e abrangência nacional.
Em 2003 o CBES implantou sua sede em Porto Alegre, oferecendo aos profissionais de
saúde do Rio Grande do Sul uma nova opção de qualidade em cursos de Especialização.
No ano de 2004 inaugurou a sede de São Paulo, e lançou cursos em Belém, em parceria
com a Universidade Estadual do Pará - UEPA.
4. OBJETIVOS DO CURSO
Objetivo Geral: o desenvolvimento de competências que abranjam todas as dimensões
da atuação do profissional da Saúde, capacitando-o com compreensão ampla e consistente da
sua área. Ao concluir o curso, o profissional deverá ser capaz de compreender a relação do
processo saúde-doença com o contexto social, e ter pleno entendimento das diversas
singularidades de sua profissão.
Objetivo Específico: Formar especialistas através do estudo integrado entre o moderno e
a tradição, seguindo as tendências dos maiores centros de Acupuntura do mundo, que
reconhecem a Acupuntura como um forte instrumento para colaborar com o sistema sanitário
primário.
5. PÚBLICO-ALVO
Profissionais graduados na área da Saúde.
6. CONCEPÇÃO DO PROGRAMA
O CBES se orienta, quanto à sua ação pedagógica e metodológica, pelas seguintes
diretrizes:
Desenvolvimento de valores humanistas, uma visão crítica da sociedade e a
integralidade do ser humano;
Contribuição para a melhoria da condição da empregabilidade;
Impulsionamento de uma cultura de educação permanente.
Unidade teoria/prática.
106
7. COORDENAÇÃO
MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU
Fisioterapeuta UTP/PR (Universidade Tuiuti do Paraná), Especialista em Acupuntura
Tradicional Chinesa - ABA/SP (Associação Brasileira de Acupuntura) e Mestrando em
Educação pela UNOESC (Universidade Oeste de Santa Catarina).
Currículo em Plataforma Lattes
8. CARGA HORÁRIA E VAGAS
DURAÇÃO DO CURSO: 24 MESES
CARGA HORÁRIA: 1296 h/a
COMPOSIÇÃO
HORAS
TEORIA
470
PRATICA / ESTÁGIO SUPERVISIONADO
736
METODOLOGIAS E SEMINÁRIO DE PESQUISA
90
TOTAL
1296
9. PERÍODO E PERIODICIDADE
HORARIO DAS AULAS: Um final de semana por mês, totalizando 24 (vinte e quatro) meses.
Sextas-feiras, Sábados e Domingos das 7h30 às 18h30
Com intervalo de uma hora para o almoço.
Serão permitidos 40 alunos por turma, com início semestral.
As turmas serão divididas para oferecimento das aulas práticas.
Estágio Supervisionado / Prática Ambulatorial a partir do Módulo, num total de 576
horas.
10. CRONOGRAMA DE SELEÇÃO
Porto Alegre
INSCRIÇÃO / SELEÇÃO / MATRÍCULA
REALIZAÇÃO
ACESSAR O SITE
ACESSAR O SITE
Critérios de Seleção
Havendo procura por vagas superior a oferta, será realizada seleção dos
candidatos, através da análise de seu histórico escolar do curso de graduação, da seguinte
forma: o candidato que obtiver maior média na somatória de todas as notas das disciplinas e
107
dividido pelo número de disciplinas existentes no currículo.
11. MATRIZ CURRICULARElencado de disciplinas
C.H. Teórica
C.H.
Prática
Filosofia Oriental
30
-
Anatomia I
20
10
Anatomia II
20
10
Técnicas de ACP I
20
10
Técnica de ACP II
20
10
Fisiologia I
30
-
Fisiologia II
30
-
Etiopatogenia
30
-
Semiologia
30
-
Patologia I Dor
20
10
Patologia II Reumatologia
20
10
Patologia III Psiquiatria I
20
10
Patologia IV Psquiatria II
20
10
Patologia V Cardiologia
20
10
Patologia VI Neurologia
20
10
Patologia VII Pneumologia I
20
10
Patologia VIII - Pneumologia II
20
10
Patologia IX Grastroenterologia I
20
10
Patologia X - Grastroenterologia II
20
10
Patologia XI Endocrinologia
20
10
Patologia XII Ginecologia, Nefrologia, Urologia
20
10
Metodologia da Pesquisa Científica
30
-
Didática do Ensino Superior
30
-
Seminário de Pesquisa
30
-
Estágio Supervisionado
-
576
Carga Horária
560
736
Carga Horária Total 1296
Disciplina: Fisiologia I
Carga Horária: 30h
Ementa: Estabelecer relações entre as Teorias do Yin/Yang e dos Cinco Movimentos
de forma comparativas na vio ocidental e oriental. Enfatizar a aplicabilidade clínica destes
12. EMENTÁRIO
108
conhecimentos. Ampliar e oferecer alternativas de tratamento diferenciado e individual. Ampliar
e oferecer alternativas de tratamento através da Eletroacupuntura. Correlacionar as diferentes
formações profissioanais na prática de atendimento em Acupuntura.
Conteúdo Programático:
- Teoria Yin/Yang
- Cinco Movimentos
- Eletroacupuntura
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca,
1996.
Bibliografia Complementar:
ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxibustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.
Disciplina: Fisiologia II
Carga Horária: 30h
Ementa: Estudar a Teoria das Substâncias Vitais e suas inter-transformações. Ampliar
e oferecer alternativas de tratamento diferenciado e individual. Classificar os diversos pontos
de Acupuntura em classes, de acordo com funções semelhantes. Identificar os pressupostos
do modo holístico na atuação do especialista em Acupuntura. Estabelecer as diferenças entre
Zang Fu através da Medicina Tradicional Chinesa e estudar as funções fisiológicas dos Órgãos
Xin, Xin Bao e Fei. Comparar estes conhecimentos com a fisiologia ocidental. Ampliar e
oferecer alternativas de tratamento através da Moxabustão. Identificar os pressupostos do
modo holístico na atuação do especialista em Acupuntura. Correlacionar as diferentes
formações profissionais na prática de atendimento em Acupuntura.
Conteúdo Programático:
- Teoria das Substâncias Vitais
- Classificação de Pontos
- Zang Fu
- Órgãos Xin, Xin Bao e Fei
- Moxabustão
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca,
1996.
Bibliografia Complementar:
109
ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxibustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.
Disciplina: Etiopatogenia
Carga Horária: 30h
Ementa: Estabelecer relações entre a Teoria dos Zang Fu nos aspectos oriental e
ocidental. Apresentar princípios de microssistemas. Correlacionar o metabolismo celular com a
Teoria dos Zang Fu. Produção de pesquisa científica em tratamento utilizando a Acupuntura.
Identificar os pressupostos do modo holístico na atuação do especialista em Acupuntura.
Correlacionar as diferentes formações profissionais na prática de atendimento em Acupuntura.
Conteúdo Programático:
- Teoria Zang Fu
- Microssistemas
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca,
1996.
Bibliografia Complementar:
HARMMERSCHLAG, Stux R. e Colaboiradores. Acupuntura Científica: Bases
Científicas. São Paulo: Manole. 2005.
MORITZ, Norton. Fundamentos da Acupuntura Médica. Florianópolis: Sistema, 2001.
XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxibustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.
Disciplina: Semiologia
Carga Horária: 30h
Ementa: Estabelecer relações entre Etiologia e Patogênese (Termorregulação) na vida
Ocidental e Oriental. Ampliar e oferecer alternativas de tratamento através da Ventosaterapia.
Produção de pesquisa científica em tratamento utilizando a Acupuntura. Identificar os
pressupostos do modo holístico na atuação do especialista em Acupuntura. Correlacionar as
diferentes formações profissionais na prática de atendimento em Acupuntura.
Conteúdo Programático:
- Etiologia
- Patogênese
- Ventosaterapia
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
Bibliografia Complementar:
110
MACIOCIA, Giovanni. Diagstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.
ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
XINNONG, Cheng. Acupuntura e MoxibustãoChinesa. São Paulo: Roca, 1999.
Disciplina: Patologia I - DOR
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as Patologias
Osteomioarticulares correlacionando os Sinais e Sintomas das Patologias.
Conteúdo Programático:
- Dor Muscular
- Dor Cervical
- Dor no Ombro
- Dor no Cotovelo
- Dor no Punho
- Dor Lombar
- Hérnia Discal
- Dor no Quadril
- Dor no Joelho
- Dor no Tornozelo
- Síndrome da Obstrução Dolorosa
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Guanabara Koogan,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
CAILLIET, René. Dor: Mecanismos e Tratamento. Porto Alegre: Artmed, 1999.
CORRÊA, Cláudio Fernandes. Estimulação Elétrica da Medula Espinal para o
Tratamento da Dor para Desaferentação. São Paulo: Lemos, 1997.
FILHO, Antônio C.C.A. Dor: Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Rocca, 2001.
MA Y.T. Acupuntura para o Controle da Dor. São Paulo: Roca, 2006.
HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:
Manole, 2005.
MACIOCIA, Giovanni. Diagstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.
MENEZES, Renaud Alves. Síndromes Dolorosas. Rio de Janeiro: Revinter, 1999.
111
Disciplina: Patologia II - Reumatologia
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as Patologias
Reumatológicas correlacionando os Sinais e Sintomas das Patologias.
Conteúdo Programático:
- Artrose
- Fibromialgia
- Dor por Tensão Muscular
- Síndrome da Fadiga Crônica
- Síndromes Miofaciais
- Reumatismo Psicogênico
- Tendinite
- Bursite e Síndrome Bi
- Artrite
- Gota
- Entorse e Luxação
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Guanabara Koogan,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
FILHO, Antônio C.C.A. Dor: Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Rocca, 2001
HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:
Manole, 2005.
MA. Y.T. Acupuntura para o Controle da Dor. São Paulo: Rocca, 2006.
MACIOCIA, Giovanni. Diagstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.
PORTO. Celmo Celeno. Semiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1997. 3ª ed.
ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
Disciplina: Patologia III Psiquiatria I
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as patologias
referentes aos Distúrbios Psiquiátricos e Neurológicos correlacionando os Sinais e Sintomas
das Patologias.
Conteúdo Programático:
- Stress
- Insônia
112
- Distúrbios Hormonais
- Distúrbios Afetivos
- Distúrbios Circulatórios
- Distúrbios da Imunidade
- Dissonias
- Parassonias
- Sonhos
- Memória Fraca
- Alzheumer
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
BENNET, J.C. e HALL, J.E. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1999.
HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:
Manole, 2005.
MACIOCIA, Giovanni. Diagstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.
REQUENA, Ives. Acupuntura de Psicologia.
ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
Disciplina: Patologia IV Psiquiatria II
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as patologias
referentes aos Distúrbios Psiquiátricos e Mentais, correlacionando os Sinais e Sintomas das
Patologias.
Conteúdo Programático:
- Depressão
- Ansiedade
- Fobia
- Agrofobia
- Fobia Social
- Fobia Específica ou Isolada
- Síndrome Hipocondríaca
- Transtorno do Pânico
- Pensamento Obsessivo
- Transtorno Obsessivo Compulsivo
113
- Stress Pós-Traumático
- Síndrome do Pânico
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
BENNET, J.C. e HALL. J.E. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1999.
HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:
Manole, 2005.
MACIOCIA, Giovanni. Diagstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.
ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
Disciplina: Patologia V - Cardiologia
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as Patologias
referentes aos Distúrbios Neurológicos e Cardiológicos, correlacionando os Sinais e Sintomas
das Patologias.
Conteúdo Programático:
- Cefaléia
- Tontura
- Vertigem Paroxística Posicional Benigna
- Neurite Vestibular
- Síndrome de Meniére
- Fistulas Perilinfáticas
- Tumores do Ângulo Cerebelopontino
- Traumatismos Crênioencefálicos
- Arritmias Cardíacas
- Insuficiência Vértebro Basilar
- Zumbido
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
114
BENNET, J.C. e HALL, J.E. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1997.
HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:
Manole, 2005.
MACIOCIA, Giovanni. Diagstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.
ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
Disciplina: Patologia VI - Neurologia
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno em Acupuntura a reconhecer e tratar as Patologias
referentes aos Distúrbios Neurológicos e Cardiológicos, correlacionando os Sinais e Sintomas
das Patologias.
Conteúdo Programático:
- Hipertensão Arterial
- Coarctação da Aorta
- Periartrite Nodosa
- Toxemia Gradica
- AVC
- Trombose Arterial
- Arteriosclerose
- Embolia Cerebral
- Artrites
- Isquemia Cerebral Recorrente
- Aneurisma
- Síndromes Lacunares
- Síndromes Vasculares
- Paralisia Facial
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
BENETT, J.C. e HALL, J.E. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1997.
HARNMERSCHLAG, Stux R. Acupuntura Clínica: Bases Científicas. São Paulo:
Manole, 2005.
MACIOCIA, Giovanni. Diagstico da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2005.
115
ROSS, Jeramy. Combinações dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
Disciplina: Patologia VII Pneumologia I
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e
relacionar a Anatomia do Sistema Respiratório com a Terapêutica Ocidental e Oriental,
correlacionando o entendimento das Funções Fisiológicas do Sistema Respiratório, nas visões
Ocidental e Oriental. Relacionando a Etiologia, Fisiopatologia, Sinais e Sintomas, Tratamento e
Prevenção das Patologias, na Terapêutica Ocidental e Oriental.
Conteúdo Programático:
- Resfriado Comum
- Tosse
- Asma
- Bronquite Crônica e Aguda
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
BENETT, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1999.
XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.
YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo: Roca,
2001.
Disciplina: Patologia VIII Pneumologia II
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e tratar as
Afecções do Sistema Respiratório relacionando as Funções Fisiológicas e Anatômicas
baseadas na Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa, correlacionando os Sinais e
Sintomas das Patologias.
Conteúdo Programático:
- Rinite
- Sinusite
- Tonsilite
- Alergia
Bibliografia Básica:
116
GUYTON. A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
BENNET, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1999.
XINNONG. Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.
YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo: Roca,
2001
Disciplina: Patologia IX Gastroenterologia I
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e tratar as
Afecções do Sistema Gastrointestinal relacionado as Funções Fisiológicas e Anatômicas
baseadas na Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa, correlacionando os Sinais e
Sintomas das Patologias.
Conteúdo Programático:
- Dores Abdominais
- Dispepsia
- Gastrite
- Náuse
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
BENNET, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1999.
ROSS, Jeramy. Combinação dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.
YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo: Roca,
2001.
Disciplina: Patologia X Gastroenterologia II
Carga Horária: 30h
117
Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e tratar as
Afecções do Sistema Gastrointestinal relacionado as Funções Fisiológicas e Anatômicas
baseadas na Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa, correlacionando os Sinais e
Sintomas das Patologias.
Conteúdo Programático:
- Diarréia
- Constipação.
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
BENETT, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1999.
ROSS, Jeramy. Combinação dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.
YAMAMURA. Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo:
Roca,2001.
Disciplina: Patologia XI Endocrinologia
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e tratar as
Afecções do Sistema Endócrino relacionado as Funções Fisiológicas e Anatômicas baseadas
na Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa, correlacionando os Sinais e Sintomas
das Patologias.
Conteúdo Programático:
- Obesidade
- Diabetes do Tipo I e II
- Distúrbios da Tireóide (Hipertireoidismo e Hipotereoidismo).
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
BENETT, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1999.
118
ROSS, Jeramy. Combinação dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.
YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo: Roca,
2001.
Disciplina: Patologia XII Ginecologia, Nefrologia, Urologia
Carga Horária: 30h
Ementa: Capacitar o aluno de Especialização em Acupuntura a reconhecer e tratar as
Afecções do Sistema Ginecológico, Nefrológico e Urológico relacionado as Funções
Fisiológicas e Anatômicas baseadas na Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa,
correlacionando os Sinais e Sintomas das Patologias.
Conteúdo Programático:
- Distúrbios da Menstruação
- Edema
- Distúrbios da Micção
Bibliografia Básica:
GUYTON, A.C. e HALL J.E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com
Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo: Roca, 1996.
Bibliografia Complementar:
BENENTT, J.C. e PLUM. Tratado de Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1999.
ROSS, Jeramy. Combinação dos Pontos de Acupuntura: A Chave para o Êxito
Clínico. São Paulo: Roca, 2002.
XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxabustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.
YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo: Roca,
2001.
Disciplina: Didática do Ensino Superior
Carga Horária: 30h
Ementa: Educação no Brasil. A LDB. Estrutura e o Funcionamento do Ensino Superior.
A Graduação e Pós-Graduação. Metodologia, seleção e organização de experiências da
aprendizagem e avaliação. A didática do ensino superior. Métodos e técnicas responsáveis
pelos três momentos básicos do processo ensino-aprendizagem: transmissão, assimilação
ativa e produção de conhecimentos.
Conteúdo Programático
- Organização e Desenvolvimento do Processo Pedagógico no Ensino Superior
- Projeto Pedagógico
119
- Processo de Avaliação
- Planejamento da Ação Didática
- Competência
- Habilidades para Ação Docente
- Recursos Tecnológicos
- Multimeios: como fazer um power point e retroprojeções
- Trabalhando o Psicológico
Bibliografia Básica
DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.
LEOPARDI, M. T. et al. Metodologia da Pesquisa em Saúde. Florianópolis: UFSC,
2002.
Bibliografia Complementar
LAKATOS, E. M. / MARCONI, M. A. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2004.
Disciplina: Metodologia da Pesquisa Científica
Carga Horária: 30h
Ementa: Fontes de Pesquisa. Tipos e níveis de conhecimento. O conhecimento
científico. Tipos e características dos trabalhos científicos. A redação científica. A normalização
dada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT e pelas Normas de Vancouver.
Conteúdo Programático
- Pesquisa
- Pesquisa Científica
- Tipos de Pesquisa
- Escolha do Tema
- Formas de Apresentação de Trabalhos Científicos
- Etapas da Elaboração de Trabalhos Científicos
- Levantamento ou Revisão da Literatura
- Aspectos técnicos da Redação
- Modelo de Estrutura de um Trabalho Completo
- Referências Bibliográficas
- Observações Metodológicas referentes aos Trabalhos de Pós-Graduação
- Estudo e Pesquisa na Pós-Graduação
Bibliografia Básica
CASTANHO, M. E. / CASTANHO, S. Temas e Textos em Metodologia do Ensino
Superior. Campinas: Papirus, 2001.
VEIGA, Ilma Passos. Didática, o Ensino e suas Relações. Campinas: Papirus, 1996.
Bibliografia Complementar
GIL, A. C. Metodologia do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 2005.
120
Disciplina: Estágio Supervisionado/ Prática Ambulatorial
Carga Horária: 576h
Ementa: Atividade acadêmico-profissional orientada para a competência técnico-
científica e para a atuação na realidade profissional, sob supervisão docente.
Conteúdo Programático:
- Competência Técnico-Científica
- Prática Profissional
Bibliografia Básica:
BIRCH, Stephen J; FELT, Robert L. Entendendo a Acupuntura. São Paulo: Roca,
2002.
HE, Yin Hui / ZHANG, Bai. Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa. São
Paulo: Atheneu, 2001.
INADA, Tetsuo. Vasos Maravilhosos: Revisão dos Textos Clássicos e
Contemporâneos; Cronoacupuntura: Desmistificando a Tartaruga e Decifrando os
Cálculos. São Paulo: Roca, 2000.
MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca,
1996.
______. A Prática da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 1996.
O‟CONNOR, John; BENSKY, Dan. Shanghai College of Tradicional Medicine,
Acupuntura: Um Texto Compreensível. São Paulo: Roca, 1996.
UMLAUF, Richard. Acupuntura na Emergência Médica. o Paulo: Andrei, 1995.
YAMAMURA, YSAO. Acupuntura tradicional: A Arte de Inserir. São Paulo, 2001.
Bibliografia Complementar:
BUDRIS, Fábio. Medicina China Tradicional. Buenos Aires: Ágama, 2004.
CARVALHO, Guilherme E.F. Acupuntura e Fitoterapia Chinesa Clássica. São Paulo:
Taba Cultural, 2002.
CASTANHO, M. E. / CASTANHO, S. Temas e Textos em Metodologia do Ensino
Superior. Campinas: Papirus, 2001.
DALMAS, Walter Douglas. Auriculoterapia, Auriculomedicina na Doutrina
Brasileira. São Paulo: Roca, 2005.
FLAWS, Bob. O Segredo do Diagnóstico Chinês pelo Pulso. São Paulo: Roca, 2005.
FILSHIE, Jaqueline; WHIATE, Adrian. Acupuntura Médica Chinesa Clássica. São
Paulo: Roca, 2002.
GULANG, Liu Gow. Pontos e Meridianos: Tratamento Continuo de Acupuntura e
Moxibustão. São Paulo: Roca, 1996.
HARNMERSCHALAG; Richard; STUX, Gabriel. Acupuntura Clínica: Bases
Científicas. São Paulo: Manole, 2005.
HE, Yin Hui. Teoria Básica da Medicina Chinesa. São Paulo: Atheneu, 1999.
MARTINS, Ednéia Iara Souza; GARRIDO, Claudia da Silva. Farmacologia e MTC. São
Paulo: Roca, 2004.
121
NGHI, Nguyen Van; DZUNG, Viet; NGUVEN, Recorns. Arte e Prática da Acupuntura.
São Paulo: Roca, 1998.
PEQUENA, Ives. Acupuntura e psicologia. São Paulo: Andrei, 1990..RIBEIRO,
Darwin C. Acupuntura Odontológica. São Paulo: Ícone.
RISSI, Eduardo.; ORTEGA, Neli; LEONTHAITOW, Leon. Fibromialgia. São Paulo:
Manole, 2002
ROSS, Jeramy. Combinações de Pontos. São Paulo: Roca, 1994.SCOTT, Juliaw.
Ventosaterapia MTC. São Paulo: Roca, 2001.
WANG, Liu Gong. / PAI, Hang Jin. Tratado Contemporâneo de Acupuntura e
Moxibustão. São Paulo: Ceimec,1996.
XINNONG, Cheng. Acupuntura e Moxibustão Chinesa. São Paulo: Roca, 1999.
*E acrescentar-se a esta, bibliografias a serem indicadas para cada área de
atuação/atendimento
13. METODOLOGIA E AVALIAÇÃO
No tocante a metodologia, tem-se como princípio básico que o processo pedagógico
deve estar sempre referenciado nos saberes que definem o perfil de saída do aluno: o saber, o
saber pensar e saber intervir. Isso requer a superação de metodologias embasadas em
paradigmas que reduziam a relação pedagógica ao professor ensina aluno aprende, por meio
de aulas predominantemente expositivas e meramente fornecedoras de informações. Na
sociedade do conhecimento, essas metodologias, que no passado não serviam, perdem
completamente o sentido. Além de dominar os conteúdos, o aluno precisa saber pensar, refletir,
criar, saber integrar teoria e prática, saber intervir na realidade, sendo capaz de compreendê-la
e de transformá-la.
A articulação entre esses saberes pressupõe uma metodologia dinâmica, voltada para o
desenvolvimento da autonomia intelectual, foco da formação inicial do aluno. Esta formação
deverá garantir-lhe as competências necessárias à inserção no mundo do trabalho e, ao
mesmo tempo, motivá-lo e prepará-lo para o processo de educação continuada requerido pela
sociedade moderna. Dentro dessa perspectiva, recomenda-se que a metodologia para o
desenvolvimento de cada disciplina contemple, além de aulas expositivas, pelo menos, os
seguintes procedimentos:
Trabalhos em grupo em sala de aula, baseados na resolução de problemas;
Estímulo à participação de estudos em grupo, inclusive interdisciplinares e
multidisciplinares, fora da sala de aula, inclusive em ambientes virtuais;
Seminários;
Apresentação e discussão de vídeos compatíveis com os conteúdos ministrados;
Estímulo à participação em eventos na área dos conteúdos desenvolvidos;
Estudos de casos e trabalhos que envolvam conteúdos de várias disciplinas
simultaneamente, visando a uma abordagem sistêmica do conhecimento.
O processo de avaliação será feito em CONCEITO, podendo realizar trabalhos escritos,
seminários e/ou casos clínicos; presenciais ou à distância através de uma concepção
122
transformadora da avaliação diagnóstica e/ou formativa a qual deve contemplar instrumentos
de tomada de decisão que visam a superação do autoritarismo e o estabelecimento da
autonomia do educando. Sendo a avaliação uma ferramenta na construção da sociedade, esta
deve ser transformadora formando um cidadão emancipatório, pretende-se:
Avaliar o aluno em todas as suas potencialidades e limitações;
Captar indicadores de avanço e de estagnação no processo de construção do
conhecimento;
Propiciar a auto-avaliação do educador e o aperfeiçoamento continuado de sua prática;
Avaliar a escola e todo o contexto educacional
A concepção metodológica contempla os seguintes pressupostos:
Estabelecimento de um vínculo permanente entre a teoria e a prática;
Desenvolvimento de práticas interdisciplinares que possibilitem aos educandos
referenciais que promovam o conhecimento integrado e significativo;
Preparação de profissionais capacitados para interpretar criticamente o mundo do
trabalho e enfrentar suas novas relações;
Desenvolvimento de padrões novos de gestão, que contemplem a participação e o
compromisso social;
Valorização do saber acumulado através da experiência de vida de cada educando;
Atuação e mudança de posturas e comportamentos que levem a novas relações
sociais, culturais, afetivas, éticas, familiares, de gênero e raciais;
Estabelecimento de um processo de construção coletiva do conhecimento que ao
mesmo tempo torne o aluno sujeito de sua existência e de sua história individual e
social.
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
A avaliação de desempenho ou aprendizagem é feita por disciplina, incidindo sobre a
freqüência e aproveitamento.
A freqüência às aulas e às demais atividades acadêmicas é obrigatória. Independente
dos demais resultados alcançados, é considerado reprovado na disciplina o aluno que não
obtenha freqüência de, no mínimo 75% (setenta e cinco por cento) das aulas e atividades
ministradas. É vedado o abono de faltas, admitindo-se apenas a compensação da ausência às
aulas mediante a atribuição de exercícios domiciliares, nos termos da legislação em vigor.
O aproveitamento é avaliado através de acompanhamento contínuo do aluno e dos
resultados obtidos nas avaliações realizadas durante o período letivo. Compete ao professor da
disciplina elaborar e aplicar os instrumentos de avaliação de acordo com o projeto pedagógico
do curso. Os instrumentos de avaliação de aprendizagem, respeitado o projeto pedagógico do
curso, podem compreender:
Prova escrita ou oral;
Seminários;
Trabalhos práticos;
123
Pesquisas;
Outros instrumentos de avaliação.
PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO
Ao final de 2 (dois) meses, seaplicada uma avaliação sobre os últimos conteúdos
discutidos, na forma de seminários ou estudo de caso;
No final dos seis meses, seaplicada uma avaliação direcionada sobre todo assunto,
utilizando a metodologia de provas com consulta ou realização de seminários pré-
estabelecidos na aula anterior;
Serão aplicados conceitos nas avaliações, sendo eles conceitos divididos em: A (9,0 a
10,0 - excelente); B (9,0 a 8,0 - muito bom); C (8,0 a 7,0 - bom); D (abaixo de 7,0 -
ruim).
SISTEMAS DE AVALIAÇÃO E NOTA DE APROVEITAMENTO
O aluno será considerado aprovado se obtiver nota igual ou superior a 7,0 (sete) e
freqüência igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) em cada disciplina oferecida no
curso.
As notas, por disciplina, são graduadas de zero a dez, permitida apenas a fração de meio
ponto.
O aluno que obtiver nota inferior a 7,0 (sete) ou freqüência inferior a 75% (setenta e cinco
por cento) poderá refazer a disciplina em uma turma posterior, necessitando para tanto,
requerer na secretaria em documento próprio, a reposição de módulo, que deve ser presencial.
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC)
No trabalho de conclusão de curso, é obrigatória a apresentação de monografia, cujo
tema seescolhido pelo aluno e apresentado ao coordenador que avaliará a coerência do
assunto com a área da especialização cursada.
A monografia deverá ser encaminhada primeiramente, na forma de pré-projeto, com a
carta de aceite do respectivo orientador e a documentação comprobatória da titulação.
Por se tratar de curso ofertado a profissionais da área de saúde, o CBES, preocupado
com a questão ética dos trabalhos de conclusão de curso, desde o ano de 2006, implementou o
Conselho de Ética para os cursos de Pós-Graduação Lato Sensu da Faculdade CBES.
Após a análise do conselho de Ética e sendo aprovado o aluno dará prosseguimento ao
seu projeto monográfico.
O pós-graduando deverá entregar e apresentar sua monografia em banca composta,
pelo coordenador de curso, pela coordenadora pedagógica e um professor indicado com
conhecimento do tema da monografia, na apresentação à banca será verificada a apresentação
oral, a apresentação final do texto (que deve ser entregue aos membros da banca com 30 dias
de antecedência), o aluno será finalmente submetido ao questionamento por parte da banca,
com referência ao tema proposto.
124
Na apresentação da banca será avaliada a coesão, apresentação do trabalho, coerência
com o curso. A nota atribuída será a média das notas propostas pelos participantes da banca,
sendo valores de zero a dez.
ORGANOGRAMA DE FUNCIONAMENTO DO AMBULATÓRIO
Horário de Funcionamento do Ambulatório: terças e quintas-feiras, nos períodos da
manhã e tarde.
Estágio Ambulatorial
A turma de 40 (quarenta) alunos será dividida em 2 (dois) grupos de 20 (vinte) alunos
(AC I e ACII), 8 (oito) horas por dia, 72 (setenta e dois) dias de estágio, totalizando 576
(quinhentos e setenta e seis) horas de estágio, conforme cronograma abaixo:
Terça-feira
Período manhã
8h às 12h
AC I
O paciente é atendido individualmente pelo pós-graduando com o
acompanhamento de 2 (dois) supervisores e 1 (um) monitor, tendo neste
período um total de 20 (vinte) pacientes atendidos.
Terça-feira
Período tarde
13h às 17h
AC I
O paciente é atendido individualmente pelo pós-graduando com o
acompanhamento de 2 (dois) supervisores e 1 (um) monitor, tendo neste
período um total de 20 (vinte) pacientes atendidos.
Quinta-feira
Período manhã
8h às 12h
AC II
O paciente é atendido individualmente pelo pós-graduando com o
acompanhamento de 2 (dois) supervisores e 1 (um) monitore, tendo neste
período um total de 20 (vinte) pacientes atendidos.
Quinta-feira
Período tarde
13h às 17h
AC II
O paciente é atendido individualmente pelo pós-graduando com o
acompanhamento de 2 (dois) supervisores e 1 (um) monitor, tendo neste
período um total de 20 (vinte) pacientes atendidos.
CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO CURSO
DISCIPLINA
TEÓRICA
PRÁTICA
DATA
PROFESSOR (A)
Filosofia Oriental
30
-
Anatomia I
20
10
Anatomia II
20
10
Didática do Ensino
Superior
30
-
Técnicas de ACP I
20
10
Técnica de ACP II
20
10
Fisiologia I
30
-
Fisiologia II
30
-
Metodologia da Pesquisa
Científica
30
-
Etiopatogenia
30
-
Semiologia
30
-
Patologia I - Dor
20
10
125
Patologia II - Reumatologia
20
10
Patologia III Psiquiatria I
20
10
Patologia IV Psquiatria II
20
10
Patologia V - Cardiologia
20
10
Patologia VI - Neurologia
20
10
Patologia VII - Pneumologia I
20
10
Patologia VIII -Pneumologia II
20
10
Patologia IX Grastroenterologia I
20
10
Patologia X - Grastroenterologia II
20
10
Patologia XI - Endocrinologia
20
10
Patologia XII Ginecologia,
Nefrologia, Urologia
20
10
Seminário de Pesquisa
30
-
Estágio
Supervisionado
-
576
* A partir do período uma vez por semana 8 horas semanais até a
conclusão do curso.
14. CORPO DOCENTE
PROFESSOR
QUALIFICAÇÃO
COMPROVAÇÃO
CURRICULAR
ANDRÉ LUIZ MENEGHETTI
Especialização em Acupuntura pelo
CBES, em Ciência do Movimento
Humano pela UNICRUZ
Graduação em Fisioterapia pela
UNICRUZ
Plataforma
Lattes
CARLOS AUGUSTO TORRO
Especialização em Acupuntura
Tradicional Chinesa pelo IBEHE
Graduação em Medicina Veterinária
pela USP
Plataforma
Lattes
CLÁUDIO SIDNEY LOPES
Especialização em Medicina
Tradicional Chinesa pela UH/Cuba,
em Acupuntura Tradicional Chinesa
pelo IBEHE, em Homeopatia pelo
IBEHE, em Medicina Tradicional
Chinesas pela UF/China e em
Plataforma
Lattes
126
Psicopedagogia pela USJT
Graduação em Educação Física pela
FEFISA
DEISE SCHMIDT MERNAK
Especialização em Acupuntura pelo
CBES
Graduação em Fisioterapia pela
ULBRA
Plataforma
Lattes
ELAINE ROSSI RIBEIRO
Doutorado em Medicina (Clínica
Médica) pela UFPRMestrado em
Medicina (Clínica Médica) pela UFPR e
em Educação pela UEL
Especialização em Metodologia da
Assistência em Enfermagem pela
UFRJ e em Metodologia do Ensino
Superior pela UEL
Graduação em Enfermagem pela UEL
Plataforma
Lattes
FRANCISCO DE PAULA ASSIS
Especialização em Acupuntura pelo
CBES
Graduação em Medicina Veterinária
pela UNIP
Plataforma
Lattes
LENI CONELISSE DOS SANTOS
Especialização em Acupuntura pelo
CBES e em Gerontologia pela PUC/PR
Graduação em Fisioterapia
pela PUC/PR
Plataforma
Lattes
MARCELO DALLA ACQUA
Especialização em Acupuntura pelo
CBES
Graduação em Odontologia pela UEPG
Curriculum
Vitae
MARCOS AURÉLIO DE MELO ILKIU
Especialização em Acupuntura
Tradicional Chinesa pela ABA/SP
Graduação em Fisioterapia pela
UTP/PR
Plataforma
Lattes
MARCOS MATSUKURA
Especialização em Acupuntura
Tradicional Chinesa pela ABA/SP
Graduação em Fisioterapia
Curriculum
Vitae
15. AULAS TEÓRICO-PRÁTICAS
LOCAL
PROFESSOR
DISCIPLINA
INÍCIO/TÉRMINO
Porto Alegre
Deise Schmidt
Prática Ambulatorial
*
127
Mernak
* A Prática Ambulatorial tem início a partir do módulo até o último, ocorrendo sempre
na semana que o antecede, com os Professores efetivos. Funciona também as terças e quintas-
feiras com um Professor Monitor da Sede.
16. INTERDISCIPLINARIDADE
Os conhecimentos o trabalhados de maneira integrada, propiciando prática
interdisciplinar e formação integral. O que se pretende é o rompimento com a fragmentação do
ensino, normalmente pautado em disciplinas estanques e descontextualizadas.
Os diversos conteúdos serão trabalhados em eixos norteadores, fios condutores que
permearão todo o curso. Os projetos de ação devem estar referenciados em uma prática social,
uma vez que a ausência de referência a este contexto não possibilita a construção das
competências necessárias ao educador comprometido com a transformação da sociedade.
17. ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Para executar sua proposta pedagógica, o processo ensino-aprendizagem se amplia para
além do espaço de sala de aula. As atividades formativas se articulam em uma estrutura flexível e
integradora composta de aulas regulares; prática supervisionada em ambulatório específico;
oficinas e seminários sobre temas relacionados.
18. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Considerando o disposto na Resolução CNE/CES nº 1, de 3 de abril de 2001, que
estabelece as normas para o funcionamento de curso de pós-graduação e o Art.10 que faz
referência à obrigatoriedade da monografia ou Trabalho de Conclusão de Curso para a
certificação. A elaboração seguirá critérios da ABNT e a avaliação será feita em seminário
monográfico por banca examinadora.
19. TECNOLOGIA
O Curso é presencial, não utilizando recursos específicos de Educação à Distância.
As aulas são ministradas utilizando recursos audio-visuais como multimídia, computadores,
televisão, vídeo, DVD, tendo como apoio textos impressos (apostilas), e artigos científicos. Todo
o material utilizado pelo docente é disponibilizado no formato PDF, com 2 semanas de
antecedência, no site da instituição, o qual os alunos têm acesso, após realização de cadastro.
Os docentes disponibilizam seu endereço eletrônico aos alunos para orientação de
pesquisa e trabalhos prescritos.
20. INDICADORES DE DESEMPENHO
128
O número de alunos formados desde 2001, chega próximo a 300. Tratando-se de um curso
longo, existem ainda 380 alunos cursando, com término previsto a partir do início de 2007. O
índice médio de evasão é de 3,7 %. A média de desempenho dos alunos é de 92%.
21. RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO
Uma atividade fundamental do Curso de Acupuntura é a Prática Ambulatorial, realizada na
forma de Estágio Supervisionado. Assim, o discente estagiário não terá direito à faltas durante o
estágio supervisionado. O regime de exceção poderá ser concedido nas seguintes situações:
portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismos ou outras condições
mórbidas que determinam distúrbios agudos, caracterizados e especificados no decreto lei
1044/69, mediante laudo médico elaborado por autoridade oficial do sistema educacional,
anexado protocolado no prazo máximo de 08 dias úteis após o ocorrido; gestante, nos termos da
lei 6202, de 17 de abril de 1975, ou da lei que estiver em vigor no país. A gestante deverá
apresentar requerimento, por si ou por procurador, dentro de 08 dias contados a partir do início
do impedimento determinado por atestado médico, à chefia do ambulatório do Colégio Brasileiro
de Estudos Sistêmicos.
Todas as atividades de estágio supervisionado, não realizado em razão do regime de
exceção, deverão ser repostas. O calendário de reposição deverá ser elaborado pela chefia do
ambulatório do Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos, juntamente com a supervisão e o
discente estagiário, observando acadêmicos (feriados).
Os pacientes do Ambulatório do CBES chegam através dos próprios alunos, da divulgação
na mídia e também através da indicação de pacientes satisfeitos com o tratamento.
Os pacientes contribuem com 2 Kg de alimentos, doados para Instituições de Caridade
relacionadas abaixo:
NOME DA INSTITUIÇÃO
DADOS CADASTRAIS
ASSOCIAÇÃO
BENEFICENTE SANTA ZITA
DE LUCCA
Rua Batista Xavier, 600
Vila Maria da Conceição Porto Alegre RS
Telefone: (51) 3336.1880
PARÓQUIA SANTA CECÍLIA
Rua Costa Gama, 188
Vila Augusta Viamão RS
SOCIEDADE HUMANITÁRIA
PADRE CACIQUE - ASILO
PADRE CACIQUE
Av. Padre Cacique, 1178
Porto Alegre RS
Telefone: (51) 3233.1691 / 3233.5725
SPAN SOCIEDADE
PORTO-ALEGRENSE DE
AUXÍLIO AOS
NECESSITADOS
Av. Nonoai , 600
Porto Alegre RS
Telefone: (51) 3247.7400
ASSOCIAÇÃO
EDUCACIONAL E
BENEFICENTE EMANUEL
Av. Assis Brasil, 1079
Porto Alegre RS
Telefone: (51) 3026.6171 / 3019.2670
129
ASSOCIAÇÃO
COMUNITÁRIA DA CASA DA
SOPA DA TIA ZELI
Telefone: (51) 3250.6909
A Instituição construiu um instrumento de avaliação das disciplinas e avaliação do docente.
Por esse instrumento, cada aluno avalia através de notas de 0 a 10 as seguintes questões por
disciplina:
O conteúdo foi abordado de forma lógica e apropriado?
As técnicas utilizadas adequaram-se ao conteúdo?
O módulo cumpriu os objetivos propostos?
Apresentou habilidade de comunicação?
Houve bom planejamento?
Atendeu prontamente quando solicitado?
De forma geral, as médias mostram a satisfação do aluno com cada disciplina, com o
conteúdo apresentado, com a didática utilizada e com o docente. Ainda não foram realizadas
avaliações externas na Instituição. Essas avaliações configuram-se em parâmetro para a
adequação e atualização dos conteúdos dos módulos como tamm para a avaliação e
adequação do trabalho docente. No caso de reclamações, são utilizadas técnicas de gestão da
qualidade onde se identificam as causas de tais reclamações promovendo as devidas correções
e prevenções.
22. CERTIFICAÇÃO
FACULDADE CBES
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo