Tem o céu 5 forças, a saber: a madeira, o fogo, a terra, o metal e a água. A
madeira é o primeiro, e a água o ultimo, com a terra no meio. Tal é sua
seqüência ordenada pelo céu. A madeira dá origem ao fogo, o fogo dá
origem a terra (cinzas), a terra dá origem ao metal, o metal dá origem a
água, e a água dá origem a madeira. Tal é sua relação criadora. A madeira
está à esquerda, o metal à direita, o fogo adiante, a água atrás, e a terra no
centro. Esta é a ordem em que, como pais e filhos, recebem o ser e o
transmitem em reciprocidade. Assim, a madeira o recebe da água, o fogo da
madeira, a terra do fogo, o metal da terra, e a água do metal. Enquanto os
transmissores todos são pais; enquanto receptores, todos são filhos. Confiar
constantemente no próprio pai a fim de prover para o próprio filho é a via do
céu.Por conseguinte a madeira, enquanto árvore vivente é alimentada pelo
fogo (sol); o metal, uma vez morto, é sepultado pela água; o fogo se
compraz na madeira, e a nutre por meio da energia yang (solar); a água
vence ao metal (seu pai), mas o chora por meio da energia yin. A terra
demonstra a máxima lealdade no serviço do céu. Assim, as 5 forças
proporcionam uma norma de conduta para ministros leais e para filhos
devotos de seus pais.O sábio, compreendendo isso, incrementa o seu amor
e diminuiu sua severidade, faz mais generoso seu auxilio aos vivos e mais
respeitoso seu cumprimento dos ritos funerários pelos mortos, ajustando-se
assim a norma estabelecida pelo céu.Como filho, cuida gostosamente de
seu pai, o mesmo que o fogo se compraz na madeira, e chora a seu pai, o
mesmo que a água vence ao metal. Serve ao seu soberano como a terra
reverencia ao céu. Assim, pode chamar-se um homem de força.
Exatamente igual que cada uma das 5 forças mantém seu lugar próprio de
acordo com sua ordem estabelecida, assim os funcionários públicos, em
conformidade com as 5 forças, se esforçam ao máximo empregando suas
faculdades em seus deveres respectivos.
É neste contexto que se formula o primeiro texto conhecido da Medicina
Chinesa, o Tratado Interno (Neijing), que ratifica a tendência de unir as teorias
cosmológicas para garantir uma explicação lógica aos processos físicos de doença e
saúde. Não se sabe ao certo quem o produziu – se confucionistas, daoístas ou
mesmo uma linha de médicos ou de cosmológicos – mas o fato é que, a partir dele,
a avaliação da MTC tornou-se um assunto cientificamente embasado, afastando-se
gradativamente da alquimia chinesa. O Nejing incorpora uma metodologia de análise
baseada nas antigas teorias yin-yang e wuxing, mas aceita plenamente as relações
bioéticas propostas pelos pensadores da dinastia Han, como podemos ver neste
trecho do primeiro capítulo:
Antigamente, essas pessoas que compreendiam o Dao [o caminho do
autodesenvolvimento] moldavam-se de acordo com o Yin e o Yang [os dois
princípios da Natureza] e viviam em harmonia com as artes da adivinhação.
Havia temperança no comer e no beber. As suas horas de levantar e
recolher eram regulares e não desordenadas e ao acaso. Graças a isso, os
antigos conservavam os seus corpos unidos às suas almas, a fim de
cumprirem por completo o período de vida que lhes estava destinado,
contando cem anos antes do passamento. Hoje em dia, as pessoas não são
assim; utilizam o vinho como bebida e adotam a temeridade e a negligência
como comportamento habitual. Entram na câmara do amor em estado de
embriaguez; as paixões exaurem-lhes as forças vitais; o ardor dos desejos
malbarata-lhes a verdadeira essência; não são hábeis na regulação da sua