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COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ
ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS DO ELETROMIOGRAMA NO
DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA EM EXERCÍCIOS CICLOERGOMÉTRICOS
Igor Ramathur Telles de Jesus
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Engenharia Biomédica,
COPPE, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Engenharia
Biomédica.
Orientador: Jurandir Nadal
Rio de Janeiro
Junho de 2010
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ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS DO ELETROMIOGRAMA NO
DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA EM EXERCÍCIOS CICLOERGOMÉTRICOS
Igor Ramathur Telles de Jesus
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA BIOMÉDICA.
Examinada por:
___________________________________________
Prof. Jurandir Nadal, D.Sc.
___________________________________________
Prof. Marcio Nogueira de Souza, D.Sc.
___________________________________________
Prof. Roger Gomes Tavares de Mello, D.Sc.
___________________________________________
Prof. Luis Aureliano Imbiriba Silva, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
JUNHO DE 2010
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iii
Jesus, Igor Ramathur Telles
Análise de Componentes Principais do Eletromiograma
no Domínio da Frequência em Exercícios Cicloergométricos /
Igor Ramathur Telles de Jesus. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE,
2010.
X, 98 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Jurandir Nadal
Dissertação (mestrado) UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Biomédica, 2010.
Referencias Bibliográficas: p. 75-87.
1. Teste de Esforço. 2. Eletromiograma. 3. Análise de
Componentes Principais. I. Nadal, Jurandir II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia
Biomédica. III. Titulo.
iv
"Se, a principio a idéia não é
absurda, então não esperança
para ela."
Albert Einstein
v
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha mãe Tereza Cristina, ao meu pai Francisco de Jesus,
a minha avó Therezinha Telles e ao meu avô Jalsedyr Telles, por sempre acreditarem
em mim e me oferecerem toda a atenção, dedicação, paciência, ajuda, carinho e amor,
desde meus primeiros instantes de vida.
Principalmente a minha mãe, por toda sua persistência e dedicação em relação à
minha educação como pessoa e aos meus estudos.
vi
Agradecimentos
Primeiramente a minha mãe, ao meu pai, a minha avó e ao meu avô.
À minha tia Telma, meu tio Jalsedyr, minha prima Ericka, minha prima Beattriz, a
minha madrinha Nadyr e a Rachel.
Ao meu orientador Jurandir Nadal, pela confiança, incentivo, paciência, dedicação
e pelo exemplo de inteligência e profissionalismo.
Ao Roger, meu orientador e amigo desde minha graduação, primeiramente por me
apresentar o mundo da ciência e a engenharia biomédica, pelo seu exemplo de
profissional, inteligência e por todas suas críticas ao longo destes anos que me levam
sempre a melhorar.
Aos professores do Programa de Engenharia Biomédica, que me proporcionaram
grandes ensinamentos.
Aos meus amigos do LAPIS e de outros laboratórios, que me proporcionaram um
período de mestrado gratificante tanto do ponto de vista profissional quanto pessoal,
pela sua amizade e companheirismo, em especial ao Felipe meu amigo de laboratório
desde a graduação.
A todos meus amigos que além de me incentivarem, também me “aturaram”
durante esse período.
À CAPES pelo apoio financeiro.
vii
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS DO ELETROMIOGRAMA NO
DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA EM EXERCÍCIOS CICLOERGOMÉTRICOS
Igor Ramathur Telles de Jesus
Junho/2010
Orientador: Jurandir Nadal
Programa: Engenharia Biomédica
O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma ferramenta computacional para
monitorar a fadiga muscular (FM) em sinais de eletromiografia de superfície durante
exercícios cíclicos. Os métodos tradicionalmente utilizados para esse fim, como a
frequência média e mediana, apresentam limitações em exercícios de menor
intensidade. Esta ferramenta foi desenvolvida utilizando a análise de componentes
principais dos espectros de frequência do eletromiograma de cada ciclo de atividade
mioelétrica. Os trechos de sinal foram delimitados utilizando-se um limiar fixo de seis
desvios padrões da média do sinal em sua fase de atividade reduzida, e os espectros
foram estimados com a transformada discreta de Fourier. Utilizando os coeficientes das
componentes principais, foi definido um ponto de referência e a partir deste foram
calculadas as distâncias Euclidiana e padrão para cada ciclo de atividade mioelétrica. A
técnica foi aplicada em sinais coletados do músculo vasto lateral direito de 24 adultos
jovens, do sexo masculino, durante testes de esforço progressivo, iniciado em 12,5 W,
com incremento de 12,5 W/min. e cadência de 50 rpm, até exaustão voluntária. Para
comparação, foram também calculadas as frequências média e mediana dos sinais.
Tanto a distância Euclidiana quanto a distância Padrão apresentaram diferenças
significativas quando comparados os seus valores medios dos 40 ciclos iniciais com e
dos 40 ciclos finais, utilizando o teste t de Student (p << 0,001), o que não ocorreu com
os valores médios das frequências média e mediana. Deste modo, propõe-se o emprego
do método proposto para a análise da FM durante exercícios cíclicos.
viii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
PRINCIPAL COMPONENT ANALYSIS OF FREQUENCY DOMAIN
ELECTROMIOGRAM IN CICLE ERGOMETER EXERCISES
Igor Ramathur Telles de Jesus
June/2010
Advisor: Jurandir Nadal
Department: Biomedical Engineering
This work aimed at developing a computer tool to monitor the muscular fatigue
(MF) in signs of surface electromyography during cyclical exercises. Traditional
methods adopted for this purpose, as the mean and median frequency present limitations
when used in low intensity exercises. This tool was developed using the principal
components analysis of the frequency spectra of each cycle of myoelectric activity. The
epochs of myoelectric activation were delimited by a fixed threshold of six standard
deviations of the mean signal in its period of reduced activation, and the spectra were
estimated used discrete Fourier transform. Using the coefficients of the principal
components, a reference point was defined for calculating the Euclidean and standard
distances to each cycle of myoelectric activity. The method was applied in signals of
right vastus lateralis muscle collected from 24 young male adult subjects during
progressive effort test, started in 12.5 W, with 12.5 W/min increments and 50 rpm
cadence, until voluntary exhaustion. For comparison were also calculated the mean and
median frequencies of the signals. Both Euclidean and standard distances presented a
significant difference when compared the average values for the 40 initial cycles with
and the 40 final cycles, using Student t-test (p << 0.001), which did not occur with
average values of mean and median frequency. Thus, this method is proposed for the
analysis of MF during cyclical exercises.
ix
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
.................................................................................
1
1.1 Objetivos..............................................................................................................
4
1.1.1. Objetivo Geral............................................................................................
4
1.1.2. Objetivos Específicos.................................................................................
4
1.2 Hipóteses..............................................................................................................
5
CAPÍTULO 2
-
REVISÃO DA LITERATURA
........................................................
6
2.1. Fadiga Muscular..................................................................................................
6
2.2. Fisiologia Muscular.............................................................................................
9
2.3. Eletromiografia....................................................................................................
12
2.3.1. Técnica.......................................................................................................
16
2.4. Fadiga e Eletromiografia.....................................................................................
18
CAPÍTULO 3
FUNDA
MENTAÇÃO TEÓRICA
....................................................
26
3.1. Transformada Discreta de Fourier...................................................................... 26
3.2. Análise de Componentes Principais....................................................................
28
3.2.1. Interpretação Geométrica da ACP............................................................. 29
3.2.2. Cálculo das Componentes Principais.........................................................
30
3.2.3. Cálculo dos Coeficientes das Componentes Principais..............................
32
3.2.4. Distribuição da Variância pelas Componentes Principais ........................ 33
3.2.5. Determinação do Número de Componentes Principais Utilizadas............ 33
3.2.6. Distância Euclidiana e Padrão ...................................................................
35
CAPÍTULO 4
MATERIAIS E MÉTODOS
...............................................................
37
4.1. Casuística............................................................................................................ 37
4.2. Protocolo.............................................................................................................
37
4.3.
Aquisição e Digitalização dos Sinais..................................................................
38
4.4 Pré-processamento............................................................................................... 39
4.4.1. Filtragem e Reamostragem.........................................................................
39
4.4.2. Identificação dos Instantes de Atividade Mioelétrica Efetiva....................
40
4.4.3. Separação dos Instantes de Atividade Mioelétrica Efetiva........................
41
4.4.4. Aplicação de Janela Hanning.....................................................................
42
4.5 Processamento ................................................................................................... 43
x
4.5.1. Obtenção de Espectros de Frequência....................................................... 43
4.5.2. Alisamento Espectral................................................................................. 44
4.5.3. Cálculo de Frequência Média e Mediana.................................................. 45
4.5.4. Separação de Faixas de Frequência........................................................... 46
4.5.5. Cálculo de Componentes Principais...........................................................
47
4.5.6. Avaliação do Número de Componentes Principais a Serem Utilizadas.... 49
4.5.7. Cálculo de Distâncias Padrão e Euclidiana................................................
50
4.5.8. Análise Estatística......................................................................................
52
CAP
ÍTULO 5
RESULTADOS
...................................................................................
53
5.1. Frequência Média e Mediana
.............................................................................
53
5.2. Faixas de Frequência ........................................................................................ 55
5.3. Análise de Componentes Principais....................................................................
57
5.4. Distância Euclidiana
...........................................................................................
59
5.5. Distância Padrão
.................................................................................................
60
5.6. Comparação dos Gráficos de Distâncias com os Valores de Amplitude dos
Sinais ...................................................................................................................
62
5.7. Análise de Diferença Entre o Início e o Final do Exercício ...............................
63
CAPÍTULO 6
DISCUSSÃO
.......................................................................................
65
6.1. Utilização do Espectro de Frequência e a Transformada de Fourier..................
65
6.2. O Cálculo de Frequências Médias e Medianas...................................................
67
6.3. Análise do Espectro em Faixas de Frequência...................................................
69
6.4. A Análise de Componentes Principais e o Cálculo das Distâncias....................
70
CAPÍTULO 7
CONCLUSÃO
....................................................................................
74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
75
ANEXO I
.........................................................................................................................
88
ANEXO I
I
....................................................................................................................... 89
ANEXO III
......................................................................................................................
91
ANEXO IV
......................................................................................................................
93
ANEXO V
........................................................................................................................
95
ANEXO VI
......................................................................................................................
97
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Atualmente existe uma crescente preocupação com relação à prevenção e ao
tratamento de doenças e lesões. Dentre essas doenças e lesões pode-se citar: doenças
neurológicas de origem genética ou não, lesões neurológicas centrais e periféricas,
doenças e lesões osteomioarticulares, doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho
(DORTs), lesões relacionadas a esportes (principalmente osteomioarticulares), entre
outras. Doenças e lesões, independente de quais sejam, geram sempre um impacto
sócio-econômico, mesmo que este seja em pequena escala. Entretanto em casos como as
DORTs, o impacto, principalmente econômico, é demasiadamente grande atualmente,
tanto para empresas privadas quanto para os governos. Além disso, em algumas doenças
ou lesões neurológicas, diversas pessoas são retiradas do convívio social a cada ano,
gerando um impacto econômico e principalmente social (FUKUDA et al., 1994;
BOUZUBAR, 2003; SURAKKA et al., 2004; SCHILLINGS et al., 2007).
Em grande parte destas doenças e lesões, a fadiga muscular (FM) está envolvida,
seja como sintoma ou como uma das causadoras das mesmas. Algumas doenças nas
quais a FM está presente entre os sintomas são: distrofia miotônica, distrofia muscular,
esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla, fibromialgia, neuropatia sensório
motora, osteoartrite, síndrome da fadiga crônica, falência renal crônica, insuficiência
cardíaca congestiva, câncer, AIDS e doença pulmonar obstrutiva crônica (FUKUDA et
al., 1994; BOUZUBAR, 2003; UMPHRED, 2004; SURAKKA et al., 2004;
VALKEINEN et al., 2006; SCHILLINGS et al., 2007; EVANS e LAMBERT, 2007).
Logo, o estudo da FM tem grande importância na prevenção, no diagnóstico e no
2
tratamento destas doenças e lesões, visando a minimização dos impactos sociais e
econômicos, e consequentemente a melhora do bem estar social da população.
A FM vem sendo estudada há décadas, com o intuito de se desvendar seus
mecanismos e criar métodos de identificação e mensuração da mesma. Para KAMEN e
CALDWELL (1996), a FM pode ser descrita como o ponto de exaustão, no qual não é
possível sustentar a força ou a potência requerida. Entretanto a FM é melhor
conceituada como um fenômeno progressivo: durante exercícios intensos ou
prolongados é imperceptível no início, se acentua após um determinado momento e
atinge seu clímax no ponto de exaustão, quando o sujeito não consegue prosseguir.
Diversos autores dividem a origem da FM em central e periférica, porém alguns estudos
mostram a ocorrência destas em concomitância. Segundo THEOU et al. (2008), a
distinção entre central e periférica pode ser feita por meio da determinação do
mecanismo que predomina durante a ocorrência da FM. Alguns autores procuraram
analisar a FM através da identificação de limiares metabólicos, como o limiar
anaeróbio. Isto foi possível por ambos estarem intimamente ligados, fazendo com que
ocorram simultaneamente (MERTON, 1954; THEOU et al., 2008).
A eletromiografia de superfície (SEMG) é uma técnica de registro da atividade
elétrica de um ou mais músculos. O eletromiograma (EMG) é gerado a partir da
somação dos potenciais de ação de diversas unidades motoras (UMs), a qual pode ser
explicada pelo princípio da sobreposição, fazendo com que ocorra um efeito cumulativo
sobre a tensão elétrica resultante das UMs, captada pelos eletrodos (DE LUCA, 1997).
Logo, as variações no EMG têm forte relação com a ocorrência da FM. Como a FM tem
componentes centrais e periféricos, a análise do EMG de um músculo para identificação
e mensuração da FM tem ainda maior importância, uma vez que a SEMG sofre
influências centrais e periféricas. Por exemplo, os potenciais de ação que promovem a
3
ativação neuromuscular têm origem central, porém sua propagação e as respostas das
UMs dependem de fatores periféricos (ASMUSSEN, 1979; THEOU et al., 2008).
Os estudos sobre a ocorrência de FM são, em alguns casos, pouco aprofundados
do ponto de vista das técnicas de processamento e análise. O desenvolvimento de
ferramentas para identificação e mensuração da FM, é de grande importância para a
proposição de métodos de diagnósticos e para desenvolver e aperfeiçoar de técnicas de
tratamento e treinamento. Para alcançar estes objetivos, são de extrema importância o
estudo, desenvolvimento e a implementação de métodos de processamento de sinais de
SEMG.
Para a análise da FM por meio de SEMG, análises no domínio do tempo e da
frequência são realizadas. No domínio do tempo o fenômeno mais utilizado é o aumento
da energia do sinal, comumente medido pela magnitude do valor eficaz (root mean
square RMS) ou do valor médio retificado ( average values retified AVR). Quando
o domínio da frequência é analisado, os parâmetros mais utilizados são a frequência
média (F
média
) e a frequência mediana (F
mediana
), a FM é identificada pela diminuição no
valor destes índices. Apesar destes métodos de identificação da FM serem amplamente
estudados, estes parâmetros são criticados e em muitos casos apresentam baixa
especificidade e acurácia. Devido a isso outros métodos de identificação e mensuração
da FM são estudados, utilizando diferentes ferramentas de processamento e análise
estatística, tais como: redes neurais artificiais, análise de componentes independentes,
análise de componentes principais (ACP) e análise da velocidade de condução do
potencial de ação (PA) (BASMAJIAN e DE LUCA, 1985; GEORGAKS et al., 2003;
KARLSSON et al., 2003; DIMITROV et al., 2008).
O tipo de exercício executado, aparentemente, apresenta grande importância para
a eficácia do método de identificação da FM. Na maioria dos estudos que utilizaram a
4
F
média
e a F
mediana
, o protocolo envolveu exercícios intensos, nos quais a FM foi
alcançada rapidamente (PINCIVERO, 2001 e 2006). Quando a FM foi analisada em
exercícios progressivos, em esteiras ou em cicloergômetros, estes índices não foram
eficazes (KNAFLITZ, 2003).
Diante do apresentado, se torna explicita a necessidade do estudo e
desenvolvimento, de ferramentas mais eficazes para a identificação e mensuração da
FM.
1.1 – Objetivos
1.1.1 – OBJETIVO GERAL
Este trabalho tem por objetivo desenvolver uma ferramenta computacional para
análise da FM a partir da SEMG, durante testes de esforço com aumento progressivo da
intensidade até a exaustão.
1.1.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar e separar cada intervalo de atividade mioelétrica efetiva (IAME)
Testar a aplicação de índices tradicionalmente utilizados para identificar a FM a
partir da SEMG.
Verificar a variação da energia do sinal em diferentes faixas de frequência,
durante a execução do exercício.
Verificar a variabilidade do sinal de SEMG ao longo do exercício através da
ACP e do cálculo das distâncias padrão (DP) e Euclidiana (DE).
5
1.2 – Hipóteses
Os espectros de frequência dos EMGs coletados durante a execução de
determinado exercício possuem uma variabilidade associada. À medida que a
FM se acentua durante a execução do exercício, a variabilidade entre os
espectros de frequência aumenta. A monitorização desta variabilidade pode ser
utilizada para observar a ocorrência da FM durante o exercício.
A ACP pode ser utilizada como um método de analisar a variação entre os
espectros de frequência. Neste método cada IAME será representado por um
ponto num espaço N-dimensional, facilitando assim a análise. Este ponto,
correspondente aos coeficientes de N componentes principais, leva em conta a
variância de todo o espectro. As DP e DE podem ser usadas após o cálculo das
componentes principais (CPs), como uma forma de quantificar a variabilidade
dos espectros em relação a uma medida central.
Um método de análise da variação dos espectros de frequência, levando em
consideração todo o espectro, pode ser uma técnica mais precisa do que as
atualmente utilizadas, as quais são realizadas apenas pela monitorização do
comportamento de um único parâmetro extraído do espectro, como a F
média
e a
F
mediana
.
A análise da FM em exercícios progressivos, nos quais a FM ocorre de maneira
mais lenta e progressiva, e onde possivelmente outras variáveis estão presentes
em seu mecanismo, não pode ser realizada a partir das técnicas tradicionais, na
maioria dos casos. Entretanto, utilizando a ACP esta dificuldade pode vir a ser
superada.
6
CAPÍTULO 2
REVISÃO DA LITERATURA
2.1 – Fadiga Muscular
A FM vem sendo pesquisada há décadas e discutida por diversos pesquisadores de
todo o mundo. Atualmente estas pesquisas se intensificam a cada vez mais, visto que a
necessidade de um melhor entendimento de seus mecanismos de ação e o
desenvolvimento de métodos para sua identificação e mensuração é essencial. Apesar
dos anos e do grande volume de pesquisas na área, ainda não existe um consenso nem
mesmo em relação à definição do que é a FM. Além disso, alguns mecanismos de
ocorrência da FM ainda não estão totalmente esclarecidos.
BIGLAND-RITCHIE et al.(1986) e FITTS e HOLLOSZY(1976) definiram a FM
como sendo apenas uma redução na capacidade de desenvolver força. Por sua vez,
ASMUSSEN (1979), considerou que a FM está presente quando a resposta contrátil está
abaixo da resposta esperada ou antecipada, para determinada estimulação. JONES et al.
(1982), consideraram que a ocorrência de fadiga em baixa frequência é reconhecida
quando a resposta contrátil para estimulações de baixa frequência está diminuída,
enquanto concomitantemente a resposta para estimulações de alta frequência não é
afetada. SERGEANT (1994) definiu a FM como sendo simplesmente uma queda na
capacidade de geração de força máxima. Segundo KAMEN e CALDWELL, em 1996, a
FM pode ser descrita como o ponto no qual não é possível sustentar a força ou a
potência requerida. A FM também pode ser expressa como sendo um declínio da força
ou do tempo que a força pode ser requerida e mantida durante determinado exercício,
segundo SCHWENDNER et al. (1997) e SMOLANDER et al. (1998). Mais
7
recentemente, em 2002, MACINTOSH e RASSIER afirmaram que a FM pode ser
identificada quando a resposta contrátil está diminuída para determinada contração.
Estas são algumas das definições da FM, que foram criadas ao longo dos anos de
pesquisa na área. Devido ao grande número de definições, ABBISS e LAURSEN, em
2005, definiram que a FM é uma construção hipotética que possui vários significados,
os quais são baseados no contexto em que são utilizados. No presente estudo, será
considerada como FM a perda progressiva da capacidade de geração de força, durante a
execução de um determinado exercício.
A FM é geralmente dividida, em relação à sua origem, como: central e periférica.
Os mecanismos centrais estão relacionados com a presença de fenômenos envolvendo
comandos encefálicos e medulares (ENOKA, 1995; GANDEVIA, 2001).
Quando a FM é induzida e um estímulo elétrico externo é capaz de evocar um
aumento da força, a origem da fadiga é central (MERTON, 1954; GANDEVIA, 2001).
Um dos primeiros relatos sobre a fadiga central foi apresentado em 1904, por
Alessandro Mosso (GANDEVIA, 2001). Entre as causas de fadiga central estão o
acúmulo de amônia, a qual pode causar ataxia cerebelar (BANISTER e CAMERON,
1990), o estímulo hipotalâmico pela serotonina (NEWSHOLME, 1986;
BLOMSTRAND, 2001), o que pode diminuir a motivação durante o esforço
(NEWSHOLME, 1986; GUYTON e HALL, 2002), e a presença de doenças que afetam
o sistema nervoso central, como a esclerose múltipla e a esclerose lateral amiotrófica
(SURAKKA et al., 2004; UMPHRED, 2004).
Quando o mecanismo de fadiga tem origem no neurônio motor alfa ou em regiões
distais, esta é considerada de origem periférica. Estes mecanismos incluem diversas
alterações como reações químicas locais, alterações nas estruturas periféricas como as
unidades motoras, além de vários outros tipos de reações no meio intracelular
8
(MERTON, 1954; ENOKA, 1995; GANDVEIA, 2001). Entretanto esta separação entre
as origens da FM é frequentemente questionada, sendo geralmente aceito que a fadiga
seja um processo complexo, no qual estão presentes fatores de origem tanto central,
quanto periférica (THEOU et al., 2008).
O mecanismo de ocorrência da FM, como citado anteriormente, sofre influência
de diversas alterações químicas. Estas alterações incluem a formação e o acúmulo de
metabólitos, a alteração na concentração e na absorção de determinados elementos
como o Ca
++
, entre outras. A diminuição da liberação de Ca
++
pelo retículo
sarcoplasmático pode causar prejuízo na transmissão neuromuscular, atenuação dos
potenciais de membrana, prejuízo dos sensores de voltagem, descontinuidade da
comunicação entre o receptor de dihidropiridina e o receptor de rianodina, e a
diminuição da concentração de Ca
++
nas cisternas terminais (MACINTOSH e
RASSIER, 2002). Além disso, outros fatores ligados ao Ca
++
estão envolvidos no
mecanismo da FM, como o aumento do acúmulo de fosfato inorgânico e íons H
+
, que
leva à redução da sensibilidade ao Ca
++
, além de diminuir a concentração de Ca
++
livre
(FRYER et al., 1995; KABBARA e ALLEN, 1999). Outros mecanismos responsáveis
por esta diminuição da concentração de Ca
++
nas cisternas terminais podem ser:
deslocamento de Ca
++
para as mitocôndrias ou retículo sarcoplasmático longitudinal,
perda de Ca
++
a partir das células e a precipitação do Ca
++
com o fosfato inorgânico
dentro do reticulo sarcoplasmático. Esta redução de concentração gera uma diminuição
do Ca
++
ligado à troponina, o que leva à diminuição da força desenvolvida
(MACINTOSH e RASSIER, 2002). Outros estudos mostraram que a depleção do
glicogênio muscular e de intermediários do ciclo do ácido tricarboxílico também
apresentam forte ligação com a ocorrência da FM (LEE e DAVES, 1979; SPENCER et
al., 1991; WELTAN et al., 1998). A concentração de íon H
+
é também um fator de
9
grande importância na ocorrência da FM. O aumento da concentração deste íon altera o
pH intracelular, o que altera o mecanismo da contração muscular. Entretanto autores
como MCCURLY et al. (2002) e PATE et al. (1995), identificaram que esta influência
do pH na FM ocorre com mais intensidade em baixas temperaturas e que em
temperatura fisiológica é bem reduzida (50 % em estudos a 10 ºC e de apenas 18% a
30 ºC) (PATE et al., 1995).
2.2 – Fisiologia Muscular
Os movimentos e a estabilidade do corpo humano dependem diretamente dos
músculos estriados esqueléticos. Para tal, existem mais de 600 destes músculos em todo
corpo. Uma das características que distinguem este tipo de musculatura das demais é o
fato de ter células multinucleadas (MC ARDLE et al., 2006; SILVERTON, 2003).
Os músculos são organizados em vários níveis: inicialmente todo o músculo é
envolto pelo epimísio. O músculo se divide em fascículos, os quais são feixes de até 150
fibras musculares, sendo cada fascículo envolto pelo perimísio. Cada fascículo, por sua
vez, pode ser dividido em fibras musculares, as quais são recobertas pelo endomísio. As
estruturas que envolvem cada nível de organização (ex. epimísio) são camadas formadas
por tecido conjuntivo. Nas fibras musculares, diferentemente das outras estruturas, em
torno da fibra e abaixo do endomísio existe uma estrutura denominada sarcolema. O
sarcolema contém uma membrana plasmática e uma basal. Esta membrana plasmática é
responsável pela condução da onda eletroquímica de despolarização pela fibra muscular
(MC ARDLE et al., 2006).
Cada fibra muscular contém varios sarcômeros, que são a unidades funcionais
responsáveis pela contração muscular. Cada sarcômero compreende diversas estruturas,
dentre estas se destacam as proteínas actina e miosina. O deslocamento da actina sobre a
10
miosina, depois a um processo complexo que envolve outras estruturas, promove a
contração muscular (MC ARDLE et al., 2006).
A contração muscular é o resultado do deslizamento dos filamentos de actina em
direção ao centro do sarcômero, causado pela tração mecânica gerada pelos filamentos
de miosina. Esta junção entra os filamentos de miosina e actina, onde ocorre a tração, é
chamada de ponte cruzada.
Para que ocorra a contração muscular, é necessário inicialmente que chegue um
PA. O PA é de origem nervosa, consequentemente este chega à fibra muscular por meio
de fibras nervosas. As fibras nervosas que inervam as fibras musculares são calibrosas e
mielinisadas, e se originam de grandes motoneurônios, localizados nas pontas anteriores
da medula espinhal. Cada uma destas fibras nervosas inerva um número determinado de
fibras musculares, podendo variar de poucas unidades até centenas. A junção entre as
fibras musculares e nervosas é chamada de junção neuromuscular. As fibras nervosas,
após se ramificarem e penetrarem no músculo, ficam situadas sobre a membrana
plasmática da mesma, sendo este local denominado placa motora. Quando o PA chega à
sinapse da placa motora, ele libera acetilcolina, que por sua vez regula a abertura dos
canais de Na
++
“voltagem dependentes”, promovendo a entrada de íons Na
++
para o
interior da fibra. Este processo altera o potencial da placa motora e desencadeia a
propagação do PA nas fibras musculares.
O aumento da concentração de Ca
++
no meio intracelular provoca uma liberação
adicional de Ca
++
pelo retículo sarcoplasmático. A entrada dos íons Ca
++
na miofibrila
promove a ativação da força de tração dos filamentos de miosina em relação aos de
actina, como anteriormente citado, promovendo assim a contração muscular. Entretanto
o PA se propaga apenas na superfície da fibra muscular, não alcançando todas as
miofibrilas existentes no músculo. Para que este PA chegue a todas as miofibrilas
11
existentes no músculo, este é transmitido através dos túbulos transversos, os quais
atravessam toda a fibra muscular.
Um fator importante para a contração muscular e consequente produção de força é
a orientação das fibras musculares. As fibras fusiformes se encontram paralelas ao eixo
longitudinal do músculo, enquanto as fibras peniformes possuem um “ângulo de
penação”, o qual tem grande importância na produção de força, no comprimento das
fibras e consequentemente na capacidade do músculo de se encurtar (MC ARDLE et al.,
2006).
Existem diferentes tipos de fibras musculares; a principal divisão distingue entre
as fibras de contração rápida e as fibras de contração lenta. Porém, existem diversos
outros tipos de subdivisões. As fibras de contração lenta, como o nome diz, se contraem
mais lentamente e produzem menor força, quando comparadas ao outro tipo de fibra,
entretanto apresentam uma maior capacidade de resistência. As fibras de contração
rápida, por sua vez, apesar de sua alta velocidade de contração e capacidade de
produção de força, entram em exaustão rapidamente. O controle da qual tipo de fibra
será acionado funciona como um tipo de modulação de frequência. A frequência de
disparo de um neurônio motor varia de 8 Hz, em contrações que requerem uma força
reduzida, a 25 Hz, em exercícios de força máxima. Esta variação é responsável pelo
controle e pelo recrutamento de diferentes tipos de fibras musculares (KANDEL et al.,
1997).
Como descrito anteriormente cada neurônio motor controla um determinado
número de fibras musculares. Este número de fibras, aparentemente, tem ligação direta
com a função de cada músculo. Músculos que são responsáveis por movimentos menos
complexos, como a extensão de joelho, possuem neurônios motores controlando um
grande número de fibras, enquanto em músculos responsáveis por movimentos mais
12
complexos, como os músculos das mãos, possuem neurônios motores que controlam um
numero restrito de fibras musculares (LAMB e HOBART, 1992; GUYTON e HALL,
2002; MC ARDLE et al., 2006).
A contração muscular é responsável por produzir a força necessária para
determinado movimento. Porém o mesmo movimento necessita de graus diferentes de
força dependendo da tarefa que se pretende realizar. Este controle da gradação de força
é realizado pelo sistema nervoso através do controle do número de UMs recrutadas e da
frequência dos estímulos enviados para estas UMs. O aumento, tanto do número de
UMs recrutadas, como da frequência dos estímulos enviados para cada UM, gera um
aumento da força produzida pela contração muscular (LAMB e HOBART, 1992; MC
ARDLE et al., 2006).
2.3 – Eletromiografia
A SMEG é utilizada para o registro da atividade elétrica de um ou mais músculos.
O termo eletromiografia foi proposto por Maley em 1890 para o registro da atividade
elétrica muscular. Atualmente a SEMG é amplamente utilizada em diversas áreas de
conhecimento, como na anatomia, fisiologia, biomecânica e em diversas subáreas
relacionadas (KLESSEN et al., 1998).
O EMG é gerado a partir da somação dos potenciais elétricos de diversas UMs, a
qual pode ser explicada pelo princípio da superposição, fazendo com que ocorra um
efeito cumulativo sobre a tensão elétrica resultante das UMs, captada pelos eletrodos.
Algumas aplicações desta técnica são a estimação da força muscular, a determinação do
inicio e fim da atividade mioelétrica e a mensuração e identificação da FM (DE LUCA,
1997).
13
A somação de potenciais elétricos é diretamente afetada pela musculatura
estudada, fatores como volume muscular (número de UMs), tipo de músculo, tipo de
fibra muscular, entre outros. Em musculaturas de grande volume e, consequentemente,
grande número de UMs, além dos efeitos ocasionados pelo número de potenciais de
ação somados, ocorre um efeito denominado filtragem espacial. Esta filtragem ocorre
devido à atenuação do potencial elétrico de UMs mais profundas ao passar pelos tecidos
acima até chegar à superfície da pele (JENSEN et al., 2000; MERLETTI e PARKER,
2004).
Quando analisado o espectro de frequência de um EMG, verifica-se que 95% de
sua energia se concentra na faixa de frequência entre 10 e 400 Hz, sendo os outros 5%
da energia do sinal fortemente relacionados à presença de ruídos e interferências.
Devido a isto, para obedecer ao critério de Nyquist é preciso amostrar um sinal de
SEMG em no mínimo 800 Hz. Adicionalmente, para evitar a ocorrência do fenômeno
de aliasing, é fundamental a utilização de um filtro passa-baixas com frequência de
corte igual ou inferior à metade da frequência de amostragem (BASMAJIAN e DE
LUCA, 1985; HERMENS et al., 1999; MERLETTI e PARKER, 2004).
O EMG pode ser classificado como um sinal estocástico e não estacionário. Logo,
ao se calcular qualquer parâmetro a partir deste sinal, esta será uma variável aleatória
correspondente a uma estimativa do valor real, com variância e tendência associadas, e
dependente do tipo de estimador e da duração do sinal considerada. Estes sinais são
classificados como não estacionários não apenas em exercícios dinâmicos, mas também
em contrações isométricas. Entretanto, a não estacionariedade nesses dois casos pode
ser gerada por eventos distintos. No caso da contração isométrica ela frequentemente é
gerada pela ocorrência de fadiga durante a execução do exercício. Em exercícios
dinâmicos a não estacionariedade é causada, não apenas pela fadiga decorrente do
14
exercício, mas principalmente pela variabilidade do próprio sinal, quer pela própria
dinâmica do movimento, quer pela presença de artefatos de movimento no sinal
(BASMAJIAN e DE LUCA, 1985; MERLETTI e PARKER, 2004).
A análise do EMG pode ser realizada de diversas maneiras e com diversas
ferramentas, porém os métodos mais utilizados são o processamento no domínio do
tempo e da frequência. No domínio do tempo são mais utilizados os estimadores de
amplitude, destacando-se o RMS e o AVR. Na figura 2.1 é mostrado um sinal de SEMG
de uma contração durante exercício em cicloergômetro, e seu respectivo sinal RMS,
calculado a cada cinco amostras.
Figura 2.1: EMG de uma contração durante exercício de cicloergômetro e seu
respectivo sinal RMS.
No domínio da frequência, inicialmente, algumas transformadas são utilizadas
para obter o espectro de frequência do sinal, sendo mais utilizada a transformada de
Fourier. Recentemente, têm sido propostas transformadas que visam descrever os dados
15
no domínio tempo-frequência, tais como as transformadas de Wigner-Ville e Choi-
Williams, ou tempo-escala, com o emprego de wavelets. Para a representação tempo-
frequência, tem sido também usada a Short Time Fourier Transform, nesta o sinal é
dividido em trechos consecutivos, superpostos ou não, nos quais a transformada é
aplicada. Este é o método de tempo-frequência mais aplicado em sinais de SEMG.
Obtido o espectro de frequência, este passa a ser analisado e processado,
particularmente para a determinação da F
média
e da F
mediana
(BONATO et al., 2001;
MACISAAC et al., 2001; KARLSSON et al.,2003; GEORGAKS et al., 2003;
DIMITROV et al., 2008). Além destes índices diversos outros têm sido propostos e
testados, porém, até os dias atuais nenhum apresentou destaque significativo no meio
científico. Dentre outros métodos de análise do espectro de frequência existem a análise
de componentes independentes, aplicações de redes neurais para verificar variações,
ACP, entre outros. A ACP tem sido utilizada de diferentes formas pelos pesquisadores,
contudo sempre procurando identificar um padrão de sinal e a variação dos demais
sinais em relação a este padrão. Na figura 2.2 é apresentado o espectro de frequência de
uma contração, durante exercício em cicloergômetro e seus respectivos valores de F
média
e F
mediana
.
16
Figura 2.2: Espectro de frequência do EMG durante uma contração e seus respectivos
valores de F
média
e F
mediana
.
2.3.1 – TÉCNICA
Ao longo dos anos foram desenvolvidos diversos equipamentos para aquisição de
SEMG, utilizando diferentes técnicas para aquisição dos sinais. Estas técnicas foram
desenvolvidas com o propósito de minimizar a presença de ruído nos sinais coletados,
evitar a perda ou modificação do sinal original devido à interface eletrodo-pele e
durante a transformação de energia iônica em energia elétrica, ou melhorar a resolução
espacial dos sinais, entre outros fatores que afetam a qualidade dos sinais. Para tal, tipos
diferentes de metal têm sido testados para compor os eletrodos, são adicionados
diferentes tipos de gel condutor, os sinais passaram a ser pré-amplificados utilizando um
amplificador próximo aos eletrodos, o método de arranjo diferencial dos eletrodos
passou a ser usado, entre outras mudanças na forma de coleta. Mais recentemente,
visando uma melhor resolução espacial e permitir a análise de outros parâmetros, como
17
a velocidade de condução do potencial de ação, se passou a utilizar arranjos lineares e
até mesmo matrizes de eletrodos (MERLETTI e PARKER, 2004; MERLETTI et al.,
2009).
Atualmente o método mais comum de captura de SEMG utiliza dois eletrodos em
arranjo diferencial (Figura 2.3), porém este método apresenta problemas, como uma
baixa resolução espacial, e a colocação destes eletrodos geralmente segue medidas
padronizadas para qualquer sujeito, o que não leva em consideração as individualidades
anatômicas (MERLETTI e PARKER, 2004).
Figura 2.3: Exemplo de utilização prática da técnica de dois eletrodos em arranjo
diferencial com pré amplificação do sinal. Eletrodos posicionados para aquisição da
SEMG de vasto lateral (VL), vasto medial (VM) e reto femoral (RF). (Fonte: HUG e
DOREL, 2009)
18
2.4 – Fadiga e Eletromiografia
Assim como descrito anteriormente é possível identificar e analisar o processo de
FM com a utilização da SEMG. A identificação e a análise são realizadas por meio de
técnicas de processamento, no domínio do tempo e da frequência, algumas das quais
foram anteriormente citadas. Entretanto, esta questão será abordada de maneira mais
aprofundada nesta sessão.
Atualmente existem diversos métodos e índices, os quais são utilizados com o
intuito de se extrair o máximo de informação possível dos sinais de SEMG. Alguns
autores, como Merletti (MERLETTI e LO CONTE, 1995; MERLETTI LO CONTE,
1997; MERLETTI et al., 2001; MERLETTI e PARKER, 2004; MERLETTI, 2008a;
MERLETTI, 2008b; MERLETTI et al., 2009) e De Luca (DE LUCA ,1979; DE LUCA,
1984; DE LUCA, 1985; DE LUCA, 1993; DE LUCA 1997; DE LUCA et al., 2006), se
destacam no estudo deste tipo de sinal e de suas aplicabilidades para identificação e
quantificação de diversos fenômenos. A SEMG é descrita como sendo uma importante
fonte de informação para análise da FM, isso devido à presença de informações tanto de
origem central como periférica (DIMITROV et al., 2008).
Os principais índices utilizados na monitorização e quantificação da FM são a
F
média
e F
mediana
, estes já foram utilizados em um grande número de trabalhos e em
grande parte apresentaram bons resultados (POTVIN e BENT, 1997; EBENBICHLER
et al., 1998; LINDEMAN et al., 1999; GEORGAKIS et al., 2003; HOSTENS et al.,
2004; TROIANO et al., 2008; TUCKER et al., 2009). Entretanto, outros índices vêm
sendo propostos, com o objetivo de criar um índice com alta sensibilidade a ocorrência
da FM, e com baixa sensibilidade a alterações o desejáveis como ruídos provenientes
19
do movimento de eletrodo em relação à pele (GEORGAKIS et al. 2003;
ARABADZHIEV et al., 2005; DIMITROV et al., 2008).
GEORGAKIS et al. (2003) propuseram um índice denominado frequência
instantânea média (Average Instantaneous Frequency), para monitorar a ocorrência da
FM durante o exercício. Neste estudo cada sujeito realizou uma contração isométrica a
60% da contração voluntária máxima (CVM), durante 60 s. Para avaliar o método
proposto foram calculados os índices de F
média
e F
mediana
, e posteriormente os resultados
dos três métodos foram comparados. Estes dois índices foram escolhidos por serem,
segundo os autores, os mais utilizados na literatura. Os resultados de todos os métodos
apresentaram queda ao longo do exercício. Entretanto a confiabilidade e a acurácia
foram testados e comparados com os índices tradicionais, e os resultados indicaram o
índice proposto como a melhor opção para estimação da ocorrência da FM e para o
ajuste de reta, aos valores obtidos, através de regressão linear.
Em 2005 outro índice foi apresentado por ARABADZHIEV et al., o qual foi
testado para avaliar sua sensibilidade para quantificar as mudanças na onda M ocorridas
devido a FM. O cálculo desde índice seguiu a seguinte equação:
dffPSf
dffPSf
FI
f
f
k
f
f
)(
)(
2
1
2
1
1
=
(2.1)
onde FI é o novo índice, PS é a densidade de potência para a frequência f, f
1
= 2 Hz e
f
2
=
1 ou 0,5 kHz, e k é a ordem do momento espectral. Este índice foi comparado com a
de índices tradicionais como a F
média
e F
mediana
, apresentando uma sensibilidade
significativamente maior. Apesar disso, foi observado que esta sensibilidade era
20
diretamente afetada pelo posicionamento dos eletrodos, e também pelo comprimento
das fibras musculares.
Posteriormente, este mesmo índice foi utilizado por DIMITROV et al. (2008) com
o intuito de analisar as mudanças da amplitude do sinal e de suas característica
espectrais, durante a ocorrência de FM utilizando SEMG e eletromiografia invasiva.
Neste trabalho foram utilizados sinais simulados, seguindo o protocolo de DIMITROV
et al. (2006). A análise da amplitude dos sinais foi baseada no fato de que o aumento na
amplitude do sinal foi relacionado por outros pesquisadores, como JENSEN et al.
(2000), ao recrutamento de mais UMs em resposta à FM. Entretanto, seria necessário
um índice mais sensível e eficaz para a quantificação da modificação ocorrida no EMG
durante a ocorrência de FM. Os resultados indicaram que o índice FI, também pode ser
aplicado para quantificar as variações do EMG decorrentes da FM durante a execução
de contrações voluntárias isométricas. Além disso, em contrações a 50% da CVM, os
fatores periféricos pareceram ser os principais responsáveis pelas mudanças ocorridas
no EMG durante os estágios finais da FM. Os índices de F
média
e F
mediana
, utilizados para
comparação se apresentaram menos sensíveis a estas alterações, e os valores de
amplitude não se mostraram eficazes na quantização de alterações neurais nos sinais
analisados.
Algumas teorias levantam a hipótese da ocorrência mudanças no espectro de
frequência dos sinais de SEMG. Isto ocorreria por uma alteração na taxa de disparo das
UMs e pelo recrutamento de diferentes tipos de fibras musculares. Estas hipóteses
incentivaram diversos pesquisadores a estudar os sinais de SEMG no domínio da
frequência. Uma séria critica feita a alguns trabalhos decorre do fato destes utilizarem a
transformada de Fourier para obterem as informações de frequência, isto porque o sinal
21
de SEMG é um sinal, em geral, não estacionário, o que inviabilizaria a utilização da
transformada de Fourier.
Para superar esta limitação KARLSSON et al., em 2000, estudaram a aplicação de
diferentes transformadas tempofrequência na análise de EMGs coletados durantes
exercícios dinâmicos. As transformadas utilizadas foram a short time Fourier transform
(STFT), Wigner-Ville, wavelet e Choi-Williams. Neste estudo foram utilizados sinais
simulados e sinais coletados durante a execução de exercícios. Os resultados com
ambos os sinais mostraram que a transformada de Choi-Williams foi mais eficiente. Os
valores estimados de F
mediana
foram similares em todas as transformadas. Entretanto, na
transformada de Choi-Williams os valores apresentaram variações mais suaves e
aparentemente menos “ruidosas”. Contudo apesar desta transformada apresentar os
melhores resultados, esta apresentou um alto custo computacional, sendo classificada
pelos autores como “computacionalmente inificiente”.
Posteriormente, KARLSSON et al. (2003) avaliaram a influência da diminuição
de força em exercícios dinâmicos, devido a ocorrência da FM. Foram realizados dois
tipos de exercícios, um denominado “experimento de rampa” e outro denominado “teste
de endurance”. O “experimento de rampa” foi realizado antes e depois do “teste de
endurance”. Para avaliar a ocorrência da FM foi utilizado o índice de F
mediana
e a
transformada wavelet. Além disso, foram realizados testes de regressão linear nos dados
de antes e depois do “teste de endurance” para avaliar a variação da inclinação da reta.
O teste t de Student foi utilizado para testar a significância estatística das diferenças de
inclinação. Não foram observadas diferenças significativas na relação da F
mediana
com a
força exercida, nos “experimentos de rampa” antes e depois do “teste de endurance”.
Além disso, se ressaltou a dificuldade de se analisar sinais de SEMG em contrações
dinâmicas devido à não estacionariedade observada, e também devido à considerável
22
variabilidade da F
mediana
por fatores como a posição de eletrodos e a variação da força
muscular. Entretanto, durante o “teste de endurance” foi observada uma diminuição
significativa da força e da F
mediana
, quando comparadas as três primeiras e as vinte
últimas contrações, o que seria esperado segundo a literatura. Apesar desde estudo
utilizar um exercício descrito como de “endurance”, é importante ressaltar que estes
exercícios tinham uma duração inferior a quatro minutos, o que pode levar a um
questionamento quanto à sua classificação como tal.
COOREVITS et al.(2008), aplicaram e compararam as transformadas STFT e
wavelet em sinais de SEMG, utilizando os valores de F
mediana
instantânea. Este estudo
concluiu que quando utilizada a inclinação da reta de regressão, calculada a partir dos
valores de F
mediana
instantânea, ambas as transformadas forneceram resultados
semelhantes. Este resultado possui grande importância, visto que diversos autores
criticam a utilização da STFT em sinais de SEMG (KARLSSON, 2000).
OLIVEIRA e GONÇALVES (2009) avaliaram o efeito do treinamento de
resistência baseado no limiar de SEMG (SEMG
lim
). Os sujeitos realizaram doze
semanas de treinamento, durante as quais foram submetidos a exercícios contra
resistência, isométricos e dinâmicos, de flexão de cotovelo. Para a determinação do
SEMG
lim
foram utilizados os índices de F
mediana
e também os valores RMS do sinal. Os
resultados indicaram uma diminuição significativa da inclinação da reta de regressão
dos valores RMS, nos músculos bíceps braquial, braquiorradial e tríceps braquial,
mudança a qual não foi observada nos valores de F
mediana
. Entretanto, nos músculos
mulltífidos, que possuem uma função estabilizadora durante o exercício, ocorreu uma
diminuição significativa da inclinação de regressão dos valores de F
mediana
. Estas
variações foram observadas apenas durante os exercícios dinâmicos. Nos exercícios
isométricos nenhuma alteração foi observada antes e depois do treinamento. Com base
23
nestes resultados, esses autores concluíram que a especificidade de treinamento causa
diferentes respostas entre as contrações isométricas e dinâmicas, devido aos efeitos
relacionados ao tipo de contração utilizada no treinamento, neste caso contrações
dinâmicas. Além disso, sugeriram que os parâmetros de amplitude, no caso o valor
RMS, podem ser mais eficientes para avaliação das mudanças decorrentes do
treinamento, quando comparados com parâmetros espectrais, como a F
mediana
.
Em 2009 um novo modelo matemático para determinação do SEMG
lim
foi
proposto por HENDRIX et al.. Este método havia sido aplicado em sinais de
amplitude do sinal de SEMG, entretanto estes autores propuseram sua aplicação
utilizando sinais no parâmetros espectrais. Para comparação foram utilizados os valores
de torque durante o exercício. O protocolo utilizado consistiu na execução de exercícios
isométricos, com cargas correspondentes a 30, 45, 60 e 75% da CVM. Os resultados
mostraram que este método de determinação do SEMG
lim
pode ser aplicado em sinais
no domínio da frequência, e que não foram observadas diferenças nos valores de torque
associados aos valores de SEMG
lim
.
Mais recentemente HUG e HENDRIX (2010) discutiram a validade da utilização
do SEMG
lim
e das técnicas utilizadas para sua determinação. Segundo esses autores,
utilidade do SEMG
lim
como ferramenta para monitorizar mudanças ocorridas durante
programas de treinamento ou reabilitação, foi tomada como um consenso e um fato
indiscutível. Entretanto, ainda não foi definido na literatura um método consistente para
a determinação do SEMG
lim
, o qual possa ser utilizado em qualquer grupamento
muscular e durante qualquer tipo de exercício. Os autores mostraram que em alguns
casos a identificação do ponto de SEMG
lim
é fortemente afetada pelo tipo de método
escolhido, e que isto pode levar a variações deste ponto. Os fatores citados como
responsáveis pela dificuldade de determinação de um método único de identificação do
24
SEMG
lim
foram a relação não linear entre o aumento da amplitude do EMG no tempo,
uma suposta compensação entre os músculos e a distribuição não homogênia do EMG
pelo músculo. Além disso, questionaram o fato de os estudos que utilizaram SEMG
lim
não apresentarem valores de erro em seus resultados.
Outra cnica utilizada na análise de sinais de SEMG é a ACP. Diversos estudos
utilizaram esta técnica com o objetivo de classificar sinais de SEMG, entretanto de
formas diferentes. O cálculo utilizado na ACP foi semelhante na maioria dos estudos,
porém a matriz utilizada neste cálculo variava entre os trabalhos. Alguns tinham por
objetivo classificar os sinais ou os sujeitos através da ACP, contudo outros apenas
objetivaram reduzir a dimensionalidade dos sinais (PERES e NUSSBAUM, 2003).
KIRYU et al. (1997) analisaram a FM durante exercício em cicloergometro,
utilizando a ACP com dois objetivos: reduzir a dimensionalidade dos sinais e identificar
os parâmetros mioelétricos mais adequados para análise da FM. A redução de
dimensionalidade justifica-se pela grande redundância de informações, pois a coleta
utilizou um grande número de canais. Entretanto, o estudo não apontou nenhum índice
apropriado ao objetivo.
Em 2003, PERES e NUSSBAUM utilizaram a ACP como ferramenta de redução
de dimensionalidade dos sinais e identificação de diferenças entre os sujeitos analisados.
Para representação dos sinais foram utilizadas apenas as duas primeiras CPs, as quais
continham aproximadamente 70% da informação dos sinais originais, o que foi
considerado como suficiente pelos autores. Na classificação, a ACP conseguiu
identificar os sujeitos que apresentavam resultados discrepantes dos demais. Entretanto,
o critério utilizado para classificar os sujeitos como discrepantes foi totalmente
subjetivo e pouco descrito pelos autores. Esta critica foi apresentada na própria
conclusão do estudo, que considerou a técnica de ACP eficiente quando aplicada em
25
sinais multidimensionais, porém que necessitava de pesquisadores experientes para
analisar os resultados.
Nos estudos apresentados a ACP foi aplicada durante a análise da FM. Entretanto
esta técnica não foi efetivamente utilizada para a identificação ou quantificação da FM.
Além disso, em nenhum caso a ACP foi aplicada em sinais no domínio da frequência.
Esta abordagem será objeto do presente estudo.
26
CAPÍTULO 3
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Neste capítulo serão apresentadas as bases teóricas das técnicas utilizadas para a
análise do espectro de frequência de EMGs durante teste de esforço progressivo. Para
realização desta análise inicialmente se faz necessário a obtenção do espectro de
frequência de cada EMG, através da transformada discreta de Fourier. Estes espectros
diferem conforme a distribuição da energia do sinal varia. Para verificar esta dispersão
em torno de uma condição basal e sem a ocorrência de FM, será utilizada a ACP com
diferentes métricas de distâncias. A partir da ACP cada espectro será representado em
um espaço N-dimensional e a dispersão deles em torno de um ponto centróide, irá
representar a variação da distribuição de energia em todo o espectro de frequência.
3.1 – Transformada Discreta de Fourier
O desenvolvimento formal da análise de Fourier remonta ao início do século
dezoito a partir dos trabalhos de Jean Fourier, o qual desenvolveu uma teoria
matemática pioneira que possibilita a decomposição de qualquer função periódica com
representação matemática em funções senoidais de diferentes frequências (SHIAVI,
1999).
A representação do espectro de frequência de um sinal foi realizada inicialmente
pela série de Fourier, porém esta tem como pré-requisito que o sinal deve ser periódico.
Para superar esta limitação foi criada a transformada de Fourier, na qual um sinal não
periódico de duração limitada pode ser decomposto em componentes de frequência.
Para isto ser possível é necessário fazer o período (T) tender ao infinito (LATHI, 2005).
Esta transformada é dada pela expressão:
27
( )
[ ]
( )
=
T
T
jwt
dtetfwFtf )(
(3.1)
onde f(t) é o sinal no domínio do tempo e F(w) o sinal no domínio da frequência.
Esta transformada foi concebida para variáveis contínuas, porém em muitos casos
uma ou ambas variáveis são discretas. Para tais casos foram desenvolvidas a
transformada de Fourier discreta no tempo e a transformada discreta de Fourier
(SHIAVI, 1999).
A transformada de Fourier discreta no tempo é utilizada quando o sinal analisado
é discreto no tempo, entretanto se mantém contínuo no domínio da frequência. Contudo
para realizar a análise computacional de sinais é necessário que estes sejam
discretizados no tempo e na frequência. Para analisar estes sinais é necessário utilizar a
transformada discreta de Fourier (SHIAVI, 1999).
=
=
1
0
2
)()(
N
n
N
mnj
DFT
enfTmF
π
(3.2)
onde T é o intervalo de amostragem, n é a n-ésima amostra do sinal f(t), correspondente
a n T, e m é o m-ésimo valor do espectro, correspondente à frequência m 2π
Esta transformada é estimada pela maioria dos autores através da transformada
rápida de Fourier (FFT fast Fourier transform), um algoritmo implementado visando
um menor custo computacional e consequentemente um menor tempo de processamento
(LYNN, 1973).
Para a obtenção de um espectro discreto, esse estimador assume que o sinal em
análise corresponde a um ciclo completo de um sinal periódico. Deste modo, a
estimativa direta a partir de um segmento limitado de sinal apresenta um espectro com
28
vazamento espectral, tecnicamente chamado de leakage, devido à descontinuidade
existente entre a primeira e a última amostra em análise. Para atenuar este problema
podem ser utilizadas, por exemplo, janelas do tipo Hanning (LYNN, 1973). Além disso,
o estimador direto é inconsistente, pois sua variância é proporcional ao quadrado da
função de densidade espectral de potência. O método mais simples para melhorar a
consistência é chamado periodograma de Bartlett (SHIAVI, 1999).
No periodograma de Bartlett é realizada a média de cada k espectros, diminuindo
assim a variância espectral (SHIAVI, 1999). Para cada frequencia discreta m, obtém-se:
=
=
k
i
ik
mX
k
mX
1
)(
1
)(
(3.3)
3.2 – Análise de Componentes Principais
A ACP é uma das cnicas mais antigas e conhecidas de análise multivariada,
criada por Pearson em 1901 e desenvolvida independentemente por Hotelling em 1933
(JOLLIFFE, 2002). Esta técnica consiste em realizar combinações lineares, de forma
que a variância total dos dados originais se concentre em um número reduzido de
componentes, ortogonais entre si. Estas componentes são denominadas CPs e são
organizadas de maneira decrescente, de forma que a primeira CP é aquela que
representa a maior fração de variância dos dados originais, a segunda CP possuir a
segunda maior representação de variância e assim sucessivamente. Desta forma a ACP
visa reduzir a dimensionalidade preservando ao máximo a informação dos dados
originais (MORRISON, 1976; PEREIRA, 1983; NADAL, 1991).
Em sinais biológicos, a utilização da ACP baseia-se na interpretação de uma
sequência de N amostras consecutivas, como sendo um único ponto no espaço N-
29
dimensional (NADAL, 1991). Neste trabalho cada sequência de amostras consecutivas
corresponde a um espectro de frequência de um IAME, na qual cada amostra
corresponde à magnitude em determinada frequência, durante a execução de
determinado exercício.
Assim, cada espectro corresponde a um vetor no espaço N-dimensional, onde
cada harmônico corresponde à projeção do vetor nos eixos deste espaço. Através da
combinação linear anteriormente citada é realizada uma rotação e uma translação de
eixos, para desta maneira concentrar a variância em determinados eixos (CPs)
(MORRISON, 1976; PEREIRA, 1983; NADAL, 1991).
3.2.1 – INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA ACP
Considerando um experimento de T observações (b(i), i = 1, 2, 3, 4,..., T) com três
varáveis (X1, X2, X3). Na figura 3.1 pode-se verificar que a dispersão das observações
se concentra prioritariamente no eixo x
1
, porém o erro decorrente da representação
apenas por este eixo é consideravelmente grande. Consequentemente a partir da
representação dos dados originais no plano cartesiano, não é possível reduzir o número
de variáveis (NADAL, 1991).
Entretanto, admitindo um novo sistema de coordenadas (y1, y2), resultante da
rotação e translação de eixos, é possível representar uma parcela considerável da
variância total no eixo y
1
, com um erro mínimo. A partir deste novo sistema de
coordenadas se torna possível representar cada observação apenas por uma variável,
sem incorrer em um erro significativo. Assim, a variância desprezada do eixo y
2
, em
diversos casos pode representar a ocorrência de fenômenos considerados desprezíveis
como ruídos, por exemplo, fazendo com que esta mudança de eixos e redução de
variáveis funcione como um tipo de “filtro” (NADAL, 1991).
30
Figura 3.1 Dados originais representados tridimensionalmente (A); Dados
representados com o eixo deslocado para o centro (eixos S1, S2, S3) e após rotação e
translação do eixo (y1, y2)
É possível notar que este método realiza uma compressão dos dados originais. A
partir da ACP são obtidas N CPs, porém para sua representação são utilizadas apenas M
componentes, M << N. Estas M componentes podem representar 99,5% da variância
total, por exemplo, fazendo com que as componentes desprezadas não afetem
significativamente a representação dos dados. Este procedimento é de grande utilidade
quando o número de variáveis se torna demasiadamente grande para representação
gráfica ou até mesmo para armazenamento e processamento dos dados.
3.2.2 – CÁLCULO DAS COMPONENTES PRINCIPAIS
O cálculo das CPs é realizado inicialmente com a obtenção da matriz de
covariância ou correlação. Esta ultima é utilizada apenas quando é necessária a
padronização das escalas de valores. A matriz de covariância é dada por:
31
=
=
N
i
kikjijjk
xxxx
N
S
1
))((
1
1
(3.4)
onde N corresponde ao número de observações,
j
x e
k
x são respectivamente a média
dos valores correspondentes as amostras j e k.
A partir da matriz S a obtenção das componentes principais é possível através da
decomposição de valores singulares (JOLLIFFE, 2002). Dada a matriz de dados D, com
N observações e K variáveis, pode-se escrever:
'UL D
=
(3.5)
onde U e são matrizes (N x R), (K x R) respectivamente, L é uma matriz diagonal (R x
R) com elementos
2/1
k
λ
, correspondentes aos autovalores, e R é a ordem de D.
Para provar este resultado, pode-se considerar a decomposição do produto D’.D.
kkk
N '...'')1(
222111
ωωωωωωDD'S
λ
λ
λ
+
+
+
=
=
(3.6)
Assim é definido como uma matriz (K
X
R) com colunas
k
ω e U como uma
matriz (N x R) onde a k-ésima coluna é dada por:
kkk
Dωu
2/1
=
λ
, k=1,2,...,R (3.7)
32
Portanto U, L e satisfazem as condições necessárias tendo:
=
==
R
k
kk
1
' DωωDUL
(3.8)
como esperado, a matriz cuja k-ésima coluna é
k
ω , é ortogonal e portanto, tem linhas
ortonormais (JOLLIFFE, 2002; MUNIZ, 2008).
Deste modo , L e U conterão respectivamente os autovetores, a raiz quadrada
dos autovalores de D’D e os coeficientes dos CPs para a matriz de covariância S. Deste
modo, o maior valor de L corresponde à primeira CP, o segundo maior valor à segunda
CP, e assim sucessivamente.
3.2.3 – CÁLCULO DOS COEFICIENTES DAS COMPONENTES PRINCIPAIS
O cálculo dos coeficientes das CP de determinado vetor x, pode ser realizado a
partir da equação:
=
==
N
n
nmnmm
xa
1
ω
xω
(3.9)
onde m = 1, 2, 3, 4,...,M, ω
nm
é o n-ésimo elemento do autovetor
m
ω e M é o número de
CP suficiente para representar os sinais com erro mínimo, no processo de reconstrução:
=
+=
M
m
mm
a
1
ˆ
ωxx
(3.10)
onde
é a média do sinal x e
ˆ
é o sinal reconstruído a partir do autovetor e do
respectivo coeficiente.
33
Assim cada padrão temporal, dado por um conjunto de amostras, passa a ser
representado por um número limitado de parâmetros, coeficientes dos CPs, os quais
possuem as características de todo o padrão, correspondentes a projeções em eixos
ortogonais. Adicionalmente é possível aplicar diferentes técnicas de análise e
processamento sobre estes coeficientes (NADAL, 1991).
3.2.4 – DISTRIBUIÇÃO DA VARIÂNCIA PELAS COMPONENTES PRINCIPAIS
Na ACP cada autovalor representa a fração da variância total representada pela
respectiva CP. Quando o método de decomposição por valores singulares é realizado, os
autovalores são ordenados de maneira decrescente. Portanto, a proporção da variância
total explicada (V) pelo k-ésimo componente principal é:
Kk
k
V
λλλ
λ
++++
=
......
1
, k= 1, 2,..., K (3.11)
A partir desta propriedade é possível avaliar a perda de informação decorrente da
utilização de um número reduzido de CPs. Desta forma é possível determinar o número
de CPs que devem ser utilizados e quanto o conjunto de variáveis (ou amostras) pode
ser reduzido.
3.2.5 – DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE COMPONENTES PRINCIPAIS
UTILIZADAS
Como descrito anteriormente um dos objetivos da ACP é a redução da
dimensionalidade dos dados, facilitando seu processamento e análise. Desta forma se
faz necessária a aplicação de um método de determinação do número de componentes a
serem utilizadas. Esta determinação consiste em identificar as componentes que
34
concentrem uma parte suficiente da variância total, fazendo com que seja possível
descartar as outras componentes com erro não significativo.
Alguns métodos têm sido utilizados com o intuito de determinar da melhor forma
o número de componentes a serem utilizados. Dentre estes métodos podem se citados:
broken stick test, scree test e a proporção da variância total (JACKSON, 1993).
No presente estudo será utilizado o scree test. Este é um método subjetivo, no
qual é identificado o ponto de inflexão do gráfico das variâncias, o qual pode ser
representado em escala normal ou logarítmica. O número de componentes é definido
como o número da componente em que ocorre a inflexão mais 1 (Figura 3.2A)
(JACKSON, 1993). Adicionalmente foi utilizado um método adaptado do scree test, no
qual são representadas as variâncias de cada componente em percentuais da variância
total (Figura 3.2B).
Figura 3.2 – Gráfico scree (A) e gráfico scree adaptado com percentuais (B).
35
3.2.6 – DISTÂNCIA EUCLIDIANA E PADRÃO
O cálculo da DE é tradicionalmente utilizado para mensurar a dispersão de
determinados pontos em relação a uma referência. Este cálculo pode ser realizado a
partir da seguinte equação (DE MAESSCHALCK et al., 2000):
22
22
2
11
)(...)()(DE
kk
prxprxprx +++=
(3.12)
onde x
k
é o valor da variável x no eixo k e pr
k
é o valor do ponto de referência (PR) no
eixo k.
Entretanto, quando uma das variáveis apresenta uma variabilidade
significativamente maior do que as demais, esta recebe maior peso no cálculo da DE,
fazendo com que a informação contida nas demais variáveis contribua com menor peso.
Em 1986, FLURY e RIEDWYL propuseram o cálculo da DP, a qual leva em
consideração a variância de cada eixo. A DP foi inicialmente descrita para dados
univariados:
σ
/||DP
2
1
xx =
(3.13)
onde x
1
e x
2
são os pontos que se deseja verificar a diferença e σ é a raiz quadrada da
variância dos dados.
Em seguida este cálculo foi expandido para ser utilizado em dados multivariados:
36
=
2
2
)(
DP
i
ii
pry
σ
(3.14)
onde y
i
é o valor do sinal no eixo i, pr
i
é o valor do PR no eixo i e
2
i
σ
é a variância no
eixo i.
Quando realizada esta expansão, nota-se que a DP representa a raiz quadrada da
distância Mahalanobis (DM), dada pela seguinte equação (MOGHADDAM e
PENTLAND, 1997; JOLLIFFE, 2002):
)()'(DM
1
xxxx =
S
(3.15)
onde x é a coordenada do sinal,
x
é a médias dos valores de
x
e S
-1
é a matriz inversa
da matriz de covariância dos sinais. A DM também pode ser expressa através da
simplificação (MOGHADDAM e PENTLAND, 1997):
2
1
2
DM DP
y
N
i
i
i
==
=
σ
(3.16)
onde
2
i
y é o quadrado da variável y no eixo i e
i
σ
é a raiz quadrada da variância dos
valores de y.
No presente estudo os dados de cada eixo correspondem aos coeficientes de cada
CP e as variâncias são as variâncias de cada CP. Desta forma a DP e a DE
correspondente a cada IAME podem ser calculadas, em relação a um PR.
37
CAPÍTULO 4
MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 – Casuística
Participaram do estudo 24 sujeitos, todos do sexo masculino, com idade 25 ± 7
anos, massa corporal 77,9 ± 14,5 kg (média ± desvio padrão) e estatura 175,3 ± 7,2 cm.
Todos eram estudantes de Educação Física, praticantes de atividade física regular e não
apresentavam nenhum distúrbio neurológico ou osteomioarticular que comprometesse
os resultados dos testes. Para avaliar o risco de problemas cardiovasculares durante a
execução dos testes, foi aplicada uma anamnese antes do início dos mesmos.
Previamente os sujeitos foram orientados para que não realizassem atividades físicas
nas 24 horas anteriores ao teste e que não consumissem nenhuma refeição, álcool e não
fumassem pelo menos nas 2 horas anteriores ao teste. O protocolo experimental foi
aprovado pelo comitê de ética em pesquisa local [aprovação CAAE
0013.0.197.000.05] (ANEXO I) e todos os sujeitos assinaram um termo de
consentimento livre e esclarecido (ANEXO II).
4.2 – Protocolo
Os sujeitos foram inicialmente submetidos a uma anamnese e a medições
antropométricas. Em seguida, foram orientados sobre o objetivo e protocolo de teste,
para que posteriormente fossem realizados o preparo da pele e a fixação dos eletrodos.
O preparo da pela foi realizado por meio de tricotomia, abrasão, lavagem com
sabão neutro e limpeza com álcool. Posteriormente os eletrodos foram fixados, seguindo
o sentido das fibras musculares, no vasto lateral direito a dois terços da distância entre a
38
espinha ilíaca ântero-superior e a borda lateral da patela, seguindo o protocolo de
SENIAM (HERMENS et al., 1999). O eletrodo de referência foi colocado sobre o
processo estilóide da ulna direita. Para abrasão e tricotomia foram utilizados
respectivamente lixas e barbeadores descartáveis.
Cada o indivíduo realizou um teste de esforço progressivo em cicloergômetro de
frenagem mecânica (Monark, Varberg, Suíça). Os testes iniciaram com potência de
12,5 W, com incremento de 12,5 W/min. e cadência de 50 rotações por minuto (rpm),
até a exaustão voluntária. Para evitar problemas de desconforto os indivíduos realizaram
o teste calçados.
4.3 – Aquisição e Digitalização dos Sinais
Para a coleta do EMG do vasto lateral direito, foram utilizados dois
eletromiógrafos: um EMG1000 (LYNX, São Paulo, Brasil) e um eletromiógrafo
Biovision (Biovision, Wehrheim, Alemanha). O primeiro é composto por um conversor
analógico-digital (A/D) de 16 bits com faixa dinâmica de ± 5 V, um amplificador
diferencial com ganho 50, impedância de entrada 10 G, banda passante de 1 Hz a
1 kHz e fator de rejeição de modo comum 100 dB. Para este eletromiógrafo foram
utilizados eletrodos ativos AE1010 (LYNX, São Paulo, Brasil) de prata com ganho 20
(ganho total igual a 1000), em arranjo diferencial com comprimento 10 mm, largura de
1 mm e distância intereletrodo 10 mm. No segundo eletromiógrafo foi utilizado um
conversor A/D de 12 bits com faixa dinâmica de ± 5 V, um amplificador diferencial
com ganho 2500, impedância de entrada 1 T, banda passante de 10 Hz a 1 kHz e fator
de rejeição de modo comum de 120 dB. Neste eletromiógrafo foram utilizados eletrodos
de Ag/AgCl Kendall MEDI-TRACE 2000 (The Ludlow, Chicopee, EUA), com
distância intereletrodo de 35 mm. Os sinais foram digitalizados a 2 kHz, seguindo o
39
critério de Nyguist, e posteriormente exportados no formato ASCII, para o
processamento, o qual foi feito por meio do programa MATLAB versão 7.4 (The
Mathworks, Natick, EUA).
4.4 – Pré-processamento
4.4.1 – FILTRAGEM E REAMOSTRAGEM
Durante a cicloergometria, os sinais de eletromiografia coletados são
contaminados por ruídos, como por exemplo, da rede elétrica, e artefatos de movimento.
Para reduzir estas interferências nos sinais coletados, estes foram submetidos a um
filtro, conforme proposto por MELLO et al. (2007) cujos coeficientes do numerador e
do denominador da transformada z foram obtidos por convolução de dois filtros
Butterworth e seis filtros notch, classificados da seguinte forma:
Butterworth passa-altas de 2
a
ordem com freqüência de corte igual a 10 Hz, para
atenuar artefatos de movimento, visto que harmônicos abaixo desta freqüência
são decorrentes desta fonte de ruído (HERMENS et al., 1999).
Butterworth passa-baixas de 8
a
ordem com freqüência de corte igual a 400 Hz.
Considera-se que aproximadamente 95% da potência do EMG estão abaixo de
400 Hz, e os 5% restantes são fortemente contaminados por ruídos do
equipamento (HERMENS et al., 1999).
Seis filtros notch de 2
a
ordem, com bandas de rejeição de 59 a 61 Hz, 119 a 121
Hz, 179 a 181 Hz, 239 241 Hz, 299 a 301 Hz e 359 a 361 Hz, para atenuar os
harmônicos de 60 Hz
Todos os filtros foram aplicados no sentido direto e reverso para evitar atraso de
fase. Com isso o EMG filtrado possui distorção de fase igual a zero, banda de 10 a
40
500 Hz e a magnitude foi modificada pelo quadrado da resposta em magnitude do filtro
(MELLO et al., 2007). Posteriormente os sinais coletados foram subamostrados de 2
para 1 kHz com o objetivo de diminuir o custo computacional.
4.4.2 – IDENTIFICAÇÃO DE INTERVALOS DE ATIVIDADE MIOELÉTRICA
EFETIVA
Para identificação automática dos IAMEs foi seguido o método adotado por
MELLO (2009). Inicialmente, foi selecionado um intervalo de ruído de linha de base e
em seguida foi definido um limite para início e fim de cada IAME como o sêxtuplo do
desvio padrão deste ruído de linha de base. Para identificar os IAMEs, foram calculados
valores RMS a cada 20 amostras e estes valores foram comparados com o limite
definido. Os momentos em que os valores RMS superaram o limite foram armazenados
em um vetor correspondente ao inicio dos IAMEs, e o momento em que os valores
voltaram a estar abaixo do limite foram armazenados em um vetor correspondente aos
finais dos IAMEs. Para que os IAMEs fossem reconhecidos como válidos, foi
necessário que existissem pelo menos 10 amostras entre o início e o fim destes. Após
identificados os IAMEs, para verificar a presença de falhas de identificação, foi
realizada uma inspeção visual de cada sinal. Na figura 4.1 é apresentado um sinal de
SEMG com seus respectivos valores RMS, o limiar de detecção de IAMEs e a
delimitação de cada IAME.
41
Figura 4.1 – Identificação dos IAMEs.
4.4.3 – SEPARAÇÃO DOS INTERVALOS DE ATIVIDADE MIOELÉTRICA
EFETIVA
Obtidos os vetores das posições de inicio e fim de cada IAME, estes foram
utilizados para separar os IAMEs. Depois de separados os IAMEs, todos os intervalos
foram armazenados em uma matriz na qual cada linha correspondia a um IAME.
Para remover a transição entre IAMEs e intervalos de linha de base, foram
utilizados apenas os 200 pontos centrais de cada IAME (Figura 4.2). Este tamanho de
trecho foi determinado heuristicamente e corresponde a intervalos em que a não
estacionariedade é reduzida. Este trecho foi denominado intervalo central de atividade
mioelétrica efetiva (ICAME).
42
Figura 4.2 – Delimitação para corte dos 200 pontos centrais de cada IAME.
4.4.4 – APLICAÇÃO DE JANELA HANNING
Para obtenção do espectro de magnitude do EMG de cada ICAME, foi utilizado
um método direto, por meio da transformada discreta de Fourier. Este estimador tem
como característica a presença de vazamento espectral. Para atenuar este problema foi
aplicada uma janela Hanning [h(n)]em cada ICAME (LYNN, 1973). Para tal, foi criada
uma janela Hanning com o mesmo número de pontos contidos no ICAME e, em
seguida, o EMG foi multiplicado pela janela Hanning (Figura 4.3).
43
Figura 4.3 EMG (A), janela Hanning (B) e sinal após aplicação de janela
Hanning
(C).
4.5 – Processamento
4.5.1 – OBTENÇÃO DE ESPECTROS DE FREQUÊNCIA
Para obtenção da magnitude do espectro de frequência de cada ICAME, foi
calculada a transformada discreta de Fourier (discrete Fourier transform - DFT) de cada
trecho, definida por (SHIAVI, 1999):
=
=
1
0
2
)()()(
N
n
N
mnj
DFT
enhnxTmX
π
(4.1)
Em seguida os valores de magnitude de todos os espectros de cada sujeito foram
armazenados em uma matriz (ME). Na figura 4.4 pode ser observado um exemplo de
EMG e seu respectivo espectro de frequência.
44
Figura 4.4 – EMG de um ICAME (A) e espectro de frequência do mesmo (B).
4.5.2 – ALISAMENTO ESPECTRAL
Os espectros de magnitude dos sinais de SEMG são sinais com uma grande
variabilidade. Devido a isto, a representação dos espectros por um número reduzido de
CPs acarreta um maior erro. Para melhorar esta representação antes de realizar a ACP,
foi realizado um alisamento espectral. Este alisamento se baseou no método de Bartlett,
no qual é realizada uma promediação entre determinado número de espectros, como
descrito abaixo (SHIAVI, 1999):
=
=
k
i
ik
mX
k
mX
1
)(
1
)(
(4.2)
Este método de promediação reduz o número de espectros, o que
consequentemente diminuiria o número de observações na ACP. Para evitar esta
45
redução, foi utilizada a teoria do filtro média-móvel, no qual é calculada inicialmente
uma média entre amostras da primeira até a amostra X, em seguida da segunda amostra
até a amostra X+1 e assim sucessivamente, assim como descrito abaixo (SHIAVI,
1999):
J
Jnxnxnx
ny
)1(...)1()(
)(
+
+
+
+
+
=
(4.3)
Este método de alisamento espectral baseado nestas duas teorias foi realizado
através da seguinte equação:
+
=
=
)1(
1
mk
mi
im
X
k
EA
, m=1,2,3,4,...,TE-(k-1) (4.4)
onde EA
m
é o m-ésimo espectro alisado, k o tamanho da janela de espectros utilizada no
alisamento, X
i
o i-ésimo espectro e TE o total de espectros. Neste trabalho foi utilizado
um k de 5, de modo a diminuir a variância do estimador espectral a 1/5 de seu valor
original (SHIAVI, 1999)
4.5.3 – CÁLCULO DE FREQUÊNCIA MÉDIA E MEDIANA
A partir do espectro de cada ICAME foram calculadas as F
médias
e as F
medianas
.
Posteriormente os valores de freqüência média e mediana de cada espectro foram
representados graficamente em ordem temporal, para ver o comportamento ao longo do
tempo.
A F
média
e a F
mediana
de cada espectro foram calculadas respectivamente pelas
equações:
46
=
=
=
M
i
M
i
i
iEA
iEAf
1
1
média
)(
)(
F
(4.5)
= =
=
mediana
mediana
F
1 F
)()(
i
M
i
iEAiEA
(4.6)
onde )(iEA é a i-ésima raia espectral do espectro de frequência e M é o maior
harmônico considerado.
4.5.4 – SEPARAÇÃO DE FAIXAS DE FREQUÊNCIA
Cada espectro de magnitude de frequência foi dividido em nove faixas de
frequência de 1 Hz até 495 Hz. A energia em cada faixa foi calculada como a soma das
amplitudes e em seguida representada graficamente ao longo do tempo. Adicionalmente
foi calculado o percentual da energia de cada faixa em relação à energia total do
espectro (Eq.4.7) e este percentual foi representado graficamente ao longo do tempo.
=
=
495
1
%
)(
)(100
2
1
i
f
f
iM
jM
M
(4.7)
onde M
%
é o percentual da magnitude de determinada faixa em relação a magnitude
total do espectro, M é a magnitude em determinada frequência, e f
1
e f
2
são os limites de
cada faixa de frequência, correspondentes respectivamente aos valores F
início
e F
final
na
tabela 4.1.
47
Tabela 4.1 – Frequência inicial e final de cada respectiva faixa
F
inicio
(Hz)
F
final
(Hz)
Faixa 1
1 55
Faixa 2
56 110
Faixa 3
111 165
Faixa 4
166 220
Faixa 5
221 275
Faixa 6
276 330
Faixa 7
331 385
Faixa 8
386 440
Faixa 9
441 495
4.5.5 – CÁLCULO DOS COMPONENTES PRINCIPAIS
Obtidas as matrizes de espectros, foi realizado o cálculo dos CPs de cada uma
destas. Este cálculo foi realizado de forma matricial, tendo como padrão cada linha da
matriz sendo uma observação e cada coluna sendo uma dimensão. Cada observação
correspondia ao espectro de um ICAME de N pontos, correspondentes a N dimensões.
Inicialmente a partir da matriz de espectros ME, formada por A espectros e B
dimensões, foi calculada sua matriz de covariância S seguindo a equação:
=
=
A
i
b
ib
j
ij
MEMEMEME
A
1
))((
1
1
S
(4.8)
sendo 1 i A e 1 j B e onde corresponde ao valor médio da j-ésima
dimensão:
=
=
A
i
ij
j
ME
A
ME
1
1
(4.9)
48
Para se obter os CPs foi realizada uma decomposição espectral de S, pelo método
de decomposição por valores singulares (DVS). A partir da matriz ME, pode-se
escrever:
ULX'ME
=
(4.10)
onde U é formado pelos coeficientes dos CPs para a matriz de covariância, L é formado
pela raiz quadrada da variância de cada CP e X é formado pelos CPs.
Os coeficientes dos componentes principais foram obtidos através da relação:
DXU
=
(4.11)
onde D é a matriz de espectros, após a remoção das médias de cada dimensão.
Os coeficientes foram utilizados para representar cada espectro como um ponto
em um espaço N-dimensional, como exemplificado na figura 4.5 para o caso de duas
CPs. Adicionalmente, os coeficientes podem ser utilizados para reconstrução dos sinais
e possíveis compressões dos mesmos.
49
Figura 4.5 Exemplo de espalhamento dos coeficientes dos CPs. Nota-se um maior
espalhamento dos coeficientes correspondentes aos espectros de frequência da fase final
do teste.
4.5.6 – AVALIAÇÃO DO NÚMERO DE COMPONENTES A SEREM UTILIZADAS
Para avaliar o número de componentes a serem utilizadas foi aplicado o método
de scree plot, no qual as variâncias dos CPs, representadas pelos autovalores na ACP,
são representadas graficamente na respectiva ordem (Figura 3.2A) (JACKSON, 1993).
Adicionalmente, foi utilizado um método adaptado do scree plot, onde foram
representados graficamente os percentuais das variâncias de cada CP (Figura 3.2B),
obtidos a partir da equação:
50
=
=
N
i
i
x
x
V
V
PV
1
(4.12)
onde PV
x
é o percentual da variância da CP x, V
x
é a variância da CP x, N é o número de
CPs e V
i
é a variância da i-ésima CP.
4.5.7 – CÁLCULO DE DISTÂNCIAS PADRÃO E EUCLIDIANA
Como descrito anteriormente a ACP se baseia na interpretação de uma sequência
de N amostras como sendo um único ponto no espaço N-dimensional (NADAL, 1991).
Neste estudo cada ponto correspondeu ao espectro de um ICAME, durante o exercício
executado.
A distância entre cada ponto variou à medida que a diferença entre os espectros
dos mesmos foi maior ou menor. Quanto mais diferentes foram os espectros, mais
distantes foram os pontos que os representaram.
Para avaliar esta mudança nos espectros ao longo do tempo foram utilizados os
cálculos de DP e DE (FLURY e REIDWYL, 1986; JOLLIFFE, 2002). A DP é um
índice que corresponde a raiz quadrada da DM, que por sua vez é uma distância
quadrática.
Para realizar estes cálculos, inicialmente os coeficientes correspondentes aos 20
primeiros IAMEs foram excluídos por conterem características específicas, decorrentes
da transição entre o repouso e o início da atividade, desta forma o vigésimo primeiro
coeficiente passou a ser considerado como primeiro. Em seguida, foi definido o PR para
o cálculo das distâncias. Este ponto foi calculado pela média dos 20 primeiros
coeficientes, do vigésimo primeiro ao quadragésimo devido à exclusão dos coeficientes
iniciais. Estes foram utilizados para o cálculo do PR por ocorrerem antes que a FM se
51
acentuasse, devido à baixa carga e ao reduzido tempo de exercício. Após definido o PR,
foram calculadas as distâncias utilizando o número de CPs determinado pelos testes
scree plot e scree plot adaptado.
As DPs foram calculadas a partir da seguinte equação:
( )
=
=
P
i
i
ii
prccp
1
2
2
DP
σ
(4.13)
onde P é o número de CPs, ccp
i
é o coeficiente da i-ésima CP,
2
i
σ
é a respectiva
variância e pr
i
é a i-ésima dimensão do PR. Em seguida as DEs foram calculadas a
partir da seguinte equação:
=
=
P
i
ii
prccp
1
2
)(DE
(4.14)
Depois de calculadas, ambas as distâncias foram representadas graficamente, em
ordem temporal (Figura 4.6).
52
Figura 4.6 – Valores de DP (A) e DE (B) ao longo do teste.
4.5.8 – ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para testar a diferença entre o inicio e o final dos exercícios foi calculada
inicialmente a média dos primeiros e dos últimos 40 valores de distância. Após
calculadas estas médias de cada sujeito, foi realizada a média entre os valores iniciais de
cada sujeito e em seguida entre os valores finais de cada um dos mesmos. A partir
destes últimos valores foi verificada a significância estatística da diferença entre a
média dos valores iniciais e a média dos valores finais, através do teste t de Student
(α
=
0,05).
Este teste foi realizado para os valores de F
média
, F
mediana
, DE e DP, dos sinais com
e sem a utilização do alisamento espectral.
53
CAPÍTULO 5
RESULTADOS
5.1 – Frequência Média e Mediana
Calculados os valores de F
média
e de F
mediana
do espectro de frequência de cada
ICAME, estes foram representados graficamente. Como mostrado nas figuras 5.1 a 5.4,
os valores de F
média
e F
mediana
não apresentaram nenhum padrão que pudesse identificar a
ocorrência de FM, ou qualquer outro tipo de fenômeno ocorrido durante a execução dos
testes.
Figura 5.1: Valores de F
média
dos sujeitos 1 ao 12.
54
Figura 5.2: Valores de F
média
dos sujeitos 13 ao 24.
Figura 5.3: Valores de F
mediana
dos sujeitos 1 ao 12.
55
Figura 5.4: Valores de F
mediana
dos sujeitos 13 ao 24.
Estes resultados mostram que a ocorrência da FM não é identificável em todos os
sujeitos, utilizando estes métodos. Em alguns sujeitos, percebe-se que ocorreram
alterações ao longo do tempo. Porém, estas alterações foram distintas em cada um
destes sujeitos e inconsistentes para serem assumidas como um demonstrativo da FM.
5.2 – Faixas de Frequência
Para observar mais detalhadamente o motivo pelo qual os valores de F
média
e
F
mediana
não variaram durante a ocorrência da FM, como a literatura prevê, efetuou-se a
análise da variação temporal da energia de cada faixa de frequência. Na figura 5.5,
pode-se observar a variação da energia em cada faixa de frequência do sinal de um dos
sujeitos. Nota-se que a energia aumentou ao longo do tempo em todas as faixas de
frequência. Este aumento ocorreu em alguns casos, entretanto em todos estes casos o
aumento se deu de forma proporcional em todas as faixas de frequência. Para avaliar se
56
esse aumento aconteceu de maneira uniforme em todo o sinal, a figura 5.6 apresenta o
percentual da energia de cada faixa de frequência em relação à energia total do espectro
de frequência. Pode-se observar que cada faixa de frequência possui aproximadamente o
mesmo percentual da energia total durante todo o exercício.
Figura 5.5: Magnitude de cada faixa de frequência, em cada instante de tempo
(Sujeito
4).
57
Figura 5.6: Percentual da magnitude de cada faixa de frequência em relação à
magnitude total do espectro de frequência (Sujeito 4).
5.3 – Análise de Componentes Principais
As médias de todos os espectros de cada sujeito, removidas para o cálculo da
matriz de covariância, são apresentadas no ANEXO III. No ANEXO IV é possível
observar que o alisamento espectral não afetou o formato da primeira componente.
O scree test realizado após o cálculo das CPs determinou, em todos os sujeitos,
que deveriam ser utilizadas três CPs. Este resultado ocorreu tanto utilizando o
alisamento espectral, quanto utilizando os espectros originais, como observado nas
figuras 5.7 e 5.8.
58
Figura 5.7 Gráfico scree modificado, sem aplicar alisamento espectral, das primeiras
quinze CPs. (Sujeito 4).
Figura 5.8 Gráfico scree modificado, aplicando alisamento espectral, das primeiras
quinze CPs. (Sujeito 4).
59
5.4 – Distância Euclidiana
A partir das CPs determinadas pelo scree test, foi calculada a DE de cada ICAME,
tendo como referência o ponto médio calculado a partir dos 20 primeiros ICAMEs.
Quando as distâncias de cada sujeito foram representadas graficamente (Figuras 5.9 e
5.10, ANEXO V), foi observado um aumento progressivo das distâncias em todos os
sujeitos, o qual se acentuou nos últimos ICAMEs.
Figura 5.9: Valores de DE de cada ICAME, após alisamento espectral (sujeito 1 ao 12).
60
Figura 5.10: Valores de DE de cada ICAME, após alisamento espectral (sujeito 13
ao
24).
5.5 – Distância Padrão
A partir das CPs determinadas pelo scree test e suas respectivas variâncias, foi
calculada a DP de cada ICAME, tendo como referência o ponto médio calculado a partir
dos 20 primeiros ICAMEs. Quando as distâncias de cada sujeito foram representadas
graficamente (Figuras 5.11 e 5.12, ANEXO VI), foi observado um comportamento
semelhante ao das DEs, mostrando um aumento progressivo que se acentuou no final do
exercício.
61
Figura 5.11: Valores de DP de cada ICAME, após alisamento espectral (sujeito 1
ao
12).
Figura 5.12: Valores de DP de cada ICAME, após alisamento espectral (sujeito 13
ao
24).
62
5.6 Comparação dos Gráficos de Distâncias com os Valores de Amplitude do
Sinal
Quando analisados os EMGs, no domínio do tempo, foram observados
comportamentos distintos em cada sujeito. Alguns sujeitos apresentaram um aumento
considerável da amplitude do sinal, entretanto este comportamento não se repetiu em
todos os casos. Como mostrado nas figuras 5.13 e 5.14, os valores de DE e DP crescem
ao longo do tempo independente da amplitude do sinal aumentar. Isto mostra que
apensar destes índices serem sensíveis à variação de amplitude do sinal, são também
sensíveis a outras mudanças ocorridas nos espectros de frequência.
Figura 5.13 Exemplo de um sinal no qual a amplitude aumenta pouco com o tempo
(A); DEs (B) e DPs (C) do mesmo sujeito, em ordem temporal
63
Figura 5.14 – Exemplo de um sinal no qual a amplitude aumenta com o tempo (A); DEs
(B) e DPs (C) do mesmo sujeito, em ordem temporal
5.7 – Diferença entre o Início e o Final do Exercício
Os resultados da análise estatística, que comparou a média dos valores do início e
final do exercício de cada sujeito, mostraram que os parâmetros de F
média
e F
mediana
não
apresentaram diferença significativa, enquanto os parâmetros DE e DP apresentaram
aumento significativo no final. Isto ocorreu em ambos os sinais, submetidos ou não ao
alisamento espectral. Nas tabelas 5.1 são apresentadas as respectivas médias, desvios
padrão e valores p.
64
Tabela 5.1 – Média, desvio padrão e valor p dos índices de F
média
, F
mediana
, DE e DP
(sem alisamento (SA) e após alisamento (AA))
Parâmetro Início Final Valor p
F
média
108,5 ± 13,4 107,5 ± 15,8 0,807
F
mediana
77,91 ± 17,11 79,85 ± 18,25 0,706
Distância Euclidiana (SA) 12,24 ± 5,449 177,4 ± 86,02 2,896.10
-
12
Distância Euclidiana (AA) 7,132 ± 3,309 173,9 ± 84,60 1,484.10
-
12
Distância padrão (SA) 0,363 ± 0,199 3,170 ± 0,526 5,289.10
-
28
Distância padrão (AA) 0,310 ± 0,182 3,479 ± 0,451 5,072.10
-
33
65
CAPÍTULO 6
DISCUSSÃO
6.1 – Utilização do Espectro de Frequência e a Transformada de Fourier
As variações observadas nos sinais de SEMG podem ocorrer por diversos
motivos, como a FM (HÄGG et al., 1992; GEORGAKIS et al. 2003; ARABADZHIEV
et al., 2005; DIMITROV et al., 2008). Estas variações ocorrem devido a fatores como: a
mudanças da frequência de disparo de PAs, o recrutamento de diferentes números e
tipos de fibras musculares, o aumento da força requerida e a alterações químicas locais
(HÄGG et al., 1992; GANDVEIA, 2001). Algumas relações entre o aumento do
número de fibras recrutadas com o aumento da amplitude do sinal, e entre a mudança da
frequência de disparos de PAs com as mudanças na distribuição da energia do sinal em
seu espectro de frequências, são exemplos de hipóteses levantadas para explicar estas
variações nos sinais de SEMG (BASMAJIAN e DE LUCA, 1985; HÄGG et al., 1992;
CAO et al., 2007). A utilização de sinais de SEMG já foi citada como de grande
importância, pelo fato de que este sinal possui informações de respostas periféricas e
centrais (DIMITROV et al., 2008). A utilização do espectro de frequência na análise é
fundamental, por aumentar a quantidade de informações possíveis de serem extraídas.
Entretanto, para realizar este tipo de análise é preciso fazer uso de ferramentas
adequadas de matemática e processamento de sinais (SILVA et al., 2008).
No presente estudo e em outros publicados previamente (PINCIVERO, 2001), os
espectros de frequência foram obtidos por meio da teoria desenvolvida por Fourier.
Contudo esta teoria requer que os sinais respeitem alguns requisitos, em particular a
estacionariedade (LATHI, 2005).
66
Os sinais de SEMG, principalmente de contrações dinâmicas, são classificados
como altamente não estacionários (BASMAJIAN e DE LUCA, 1985). Devido a isso,
severas críticas têm sido feitas aos estudos que utilizam a transformada de Fourier em
sinais de SEMG (SILVA et al., 2008). Alguns autores, com o objetivo de superar esta
limitação, aplicaram outras teorias classificadas como transformadas tempo-frequência
(KNAFLITZ e BONATO, 1999; KARLSSON et al., 2000; BONATO et al., 2001).
Entretanto, estas transformadas apresentaram outros tipos de limitações como o alto
custo computacional (COOREVITS et al., 2008) e a presença de artefatos na forma de
termos cruzados. Em particular, o emprego da transformada de Choi-Willians torna-se
proibitivo para sinais EMG amostrados a 1 kHz com durações superiores a 1 ou 2 s,
impondo a necessidade de segmentação do sinal para análise (PEREIRA, 2010)
A STFT representa também uma transforma tempo-frequência, a qual foi
concebida para avaliar a evolução do conteúdo espectral de um dado sinal ao longo do
tempo. Portanto, a STFT pode ser utilizada para processos não estacionários. Esta
transformada, não apresenta termos cruzados e tem um custo computacional muito
menor que as demais transformadas da classe de Cohen (PEREIRA, 2010). Entretanto,
o cálculo de cada estimativa espectral da STFT requer um número razoàvel de amostras
de sinal, de modo a fornecer uma resolução em frequencia aceitável, e, a rigor, este
segmento de sinal usado para a estimação espectral deve ser estacionário.
COOVERITS et al. (2008), mostraram que a aplicação da transformada de
Fourier na análise da progressão da FM ao longo do tempo apresenta resultados
semelhantes aos encontrados quando utilizado o método de wavelet, o qual apresentou
os melhores resultados em outros trabalhos. Segundo SILVA et al. (2008), apesar das
preocupações com a não estacionariedade do sinais, os espectros gerados pelas
67
transformadas de Fourier e wavelet possuem as mesmas informações no que diz respeito
a ocorrência da FM.
Apesar dos estudos que mostraram a aplicabilidade da transformada de Fourier
em sinais de SEMG, mesmo com os problemas de não estacionariedade, no presente
trabalho foram aplicados métodos para reduzir a não estacionariedade. Os métodos
visavam retirar os momentos de silêncio entre as contrações e os instantes de transição
entre estes momentos e o inicio das contrações, utilizando assim apenas os sinais
contendo a atividade mioelétrica efetiva. Além disso, foi aplicado um alisamento
espectral, que segundo SILVA et al. (2008) reduz os efeitos gerados pela não
estacionariedade. Desta forma, as críticas com respeito à utilização da transformada de
Fourier não se aplicam ao presente trabalho.
6.2 – O Cálculo de Frequências Médias e Medianas
Os presentes resultados mostraram que os valores de frequência média e mediana
de cada ICAME, não apresentaram nenhum tipo de padrão que pudesse identificar
qualquer fenômeno fisiológico. Ocorreram alguns aumentos e diminuições destes
valores ao longo do tempo, no entanto como foram comportamentos distintos em cada
sujeito, não podem ser classificados como um padrão, e nem correlacionados com
fenômenos fisiológicos. Além disso, quando analisada a média dos primeiros e dos
últimos 40 valores, não foi observada uma diferença significativa.
Se comparados estes resultado com os apresentados em vários artigos publicados
anteriormente, uma contradição é observada. Os resultados esperados segundo estudos
prévios, seria uma queda acentuada dos valores de F
média
e de F
mediana
na medida que a
FM se instalasse (PINCIVERO et al., 2006). Isto ocorreria segundo estes estudos,
devido a uma compressão do espectro de frequência, concentrando assim a energia em
68
frequências mais baixas (HÄGG et al., 1992). Apesar de diversos estudos que vêm
comprovando a eficiência destes índices, outros estudos também têm apontado
limitações dos mesmos. Algumas destas limitações apresentadas foram a alta
sensibilidade a ruídos como os gerados pelo movimento do eletrodo e até mesmo por
movimentos articulares e a baixa sensibilidade a algumas variações ocorridas no sinal
de SEMG (KARLSSON et al., 2003). PINCIVERO et al. (2001) relataram, que em
musculaturas compostas predominantemente por fibras tipo 1 a F
mediana
não se altera,
apesar do aumentos do recrutamento de UMs em decorrência da FM ou do aumento da
força aplicada. Na tentativa de superar estas limitações alguns autores propuseram o
cálculo de novos índices. Entretanto, apesar de alguns destes índices terem apresentado
resultados que demonstravam superar algumas limitações, estes também apresentaram
outros tipos de falhas ou limitações (GEORGAKIS et al., 2003; ARABADZHIEV et
al., 2005).
KNAFLITZ e BONATO (1999) concluíram que sinais coletados durante
diferentes tipos de exercícios requerem métodos de processamento específicos. Assim
os métodos utilizados com sucesso em exercícios que provocam rapidamente a
ocorrência da FM não seriam necessariamente eficazes em outros tipos de exercícios.
Os protocolos adotados nos trabalhos que encontraram a queda acentuada da
F
média
e da F
mediana
continham em sua grande maioria exercícios isométricos ou
isotônicos de alta intensidade, o que levaria rapidamente à ocorrência da FM
(PINCIVERO et al., 2006; SILVA et al., 2008). Entretanto, no presente estudo foram
realizados exercícios cíclicos, nos quais a FM é alcançada de maneira progressiva e
mais lentamente. Isto é facilmente demonstrado pela duração dos exercícios, a qual
sempre foi superior a dez minutos. CAO et al. (2007) relataram a influência do
protocolo adotado na análise da FM através de sinais de SEMG. Assim, é possível notar
69
a limitação destes índices para analisar sinais coletados durante a execução de
exercícios cíclicos.
6.3 – A análise do Espectro em Faixas de Frequência
HÄGG et al. (1992) indicaram que durante a instalação da FM ocorre uma
diminuição da velocidade de condução dos PAs. Esta diminuição de velocidade causaria
uma compressão do espectro de frequência, aumentando a energia em frequências mais
baixas. Esta mudança espectral seria responsável pela variação dos valores de alguns
índices espectrais como a F
média
e a F
mediana
.
Em outro estudo SPARTO et al. (2000) utilizou um protocolo de processamento
dos sinais no qual separou os sinais em faixas de frequência. Consequentemente, assim
como concluido por HÄGG et al. (1992), foi observado um aumento da energia nas
faixas de frequência que correspondem às frequências de 13 a 88 Hz.
O fato dos presentes resultados não apresentarem uma variação dos índices de
F
média
e F
mediana
, indica que a compressão espectral observada em outros exercícios não
ocorre durante a prova de esforço com cicloergômetro. Para verificar esta hipótese foi
realizado um procedimento semelhante ao de SPARTO et al. (2000), no qual os sinais
foram divididos em faixas de frequência.
Quando analisadas as energias absolutas e relativas por faixas de frequência, à
medida que a FM se instalava, foi possível identificar que em alguns casos ocorre
realmente um aumento da energia do sinal, no entanto este aumento se de forma
proporcional em todas as faixas de frequência. Assim, estes resultados justificam o
motivo pelo qual os valores de F
média
e F
mediana
não apresentaram uma queda uniforme,
como relatado em outros estudos, com outros protocolos e tipos de exercícios.
70
6.4 – A Análise de Componentes Principais e o Cálculo das Distâncias
A utilização da ACP em estudos que tinham por objetivo identificar ou mensurar
a FM através de sinais de SEMG já foi descrita anteriormente por outros autores
(KUMARAVEL e KAVITHA, 1994; TSCHARNER, 2002; PEREZ e NUSSBAUM,
2003). Entretanto, como descrito anteriormente, a utilização de ACP nestes estudos não
seguiu o mesmo protocolo de processamento, e tinha por fim diferentes objetivos. Em
nenhum dos casos a ACP foi utilizada com o intuito de criar um índice, através do qual
a FM pudesse ser analisada.
No trabalho de PEREZ e NUSSBAUM (2003) uma das aplicações da ACP foi
para a redução de dimensionalidade dos sinais. Os sinais foram reduzidos a três
dimensões mantendo um mínimo de 70% da variância total dos sinais, valor o qual foi
suficiente para preservar as informações, segundo estes autores. No presente trabalho
foram utilizadas apenas três dimensões para representação dos sinais, entretanto foi
preservado em todos os casos no mínimo 80% da variância total, o que segundo os
autores anteriormente citados é suficiente para uma representação satisfatória.
O diagnóstico de doenças neuromusculares através da ACP foi realizado por
KUMARAVEL e KAVITHA (1994), através da classificação dos sujeitos como
portadores ou não destas doenças. Para a classificação, a ACP foi aplicada aos sinais de
grupos de sujeitos sadios e com a doença, de modo a enfatizar as características
anormais dos sinais (que refletem um aumento da variância). Por outro lado, no presente
estudo a análise da FM foi efetuada a cada ciclo de sinal, sujeito a sujeito, de modo a
identificar as alterações ocorridas nos sinais ao longo do exercício, comparando os
valores obtidos ao longo do tempo com os da fase inicial, onde há ausência de FM.
71
Os momentos de ausência de FM utilizados neste estudo foram assumidos como
os IAMEs ocorridos no inicio do exercício e em cargas baixas. A total ausência de FM
segundo os conceitos atuais, não pode ser identificada em sinais coletados durante a
execução de qualquer tido de atividade, visto que a FM é classificada como um
processo progressivo que se inicia desde o início do exercício (MACINTOSH e
RASSIER, 2002). Entretanto, nestes momentos a FM ainda estaria em níveis bastante
reduzidos, não causando ainda a alteração dos sinais coletados.
Utilizando a média dos valores deste trecho inicial como indicativo da ausência de
FM, foi estabelecido um PR para avaliar a ocorrência e a progressão da FM ao longo do
tempo. As DEs e DPs foram calculadas em relação a este PR, possibilitando assim
verificar o quanto os coeficientes da ACP se distanciavam deste ponto ao longo do
exercício. Este distanciamento ocorreu devido à variação de todo o espectro de
frequência à medida que a FM se acentuava.
Diferentemente do observado nos índices de F
média
e F
mediana
, os valores de DE e
DP apresentaram um aumento significativo durante a execução dos exercícios, podendo
assim identificar um padrão de comportamento ao longo do tempo. Este aumento pode
ser correlacionado com a ocorrência da FM, por corresponder a mudanças no espectro
de frequência, segundo o mesmo raciocínio adotado emestudos anteriores (HÄGG et
al., 1992), e levando-se em conta o fato de que as provas de esforço foram conduzidas
até o limite de resistência de cada sujeito.
Em estudos prévios, que analisaram a ocorrência de FM, diversas mudanças nos
sinais de SEMG foram identificadas, tanto no domínio da frequência, aumento da
energia em baixas frequências, quanto no domínio do tempo, aumento da energia do
sinal (HÄGG et al., 1992; MACDONALD et al., 2008; OLIVEIRA e GONSALVES,
2009). Entretanto, os índices propostos tinham a capacidade de as variações em apenas
72
um destes domínios. O aumento da amplitude do sinal foi identificado com sucesso
através dos valores RMS do EMG e do EMG integrado (IEMG), enquanto as variações
de frequência foram analisadas utilizando índices como a F
média
, F
mediana
, frequência
instantânea média, entre outros (GEORGAKIS et al., 2003; ARABADZHIEV et al.,
2005). Todos os métodos apontados, entretanto, utilizam parâmetros discretos, que não
consideram adequadamente a complexidade de todo o sinal, ou de todo o espectro.
Recentemente, PEREIRA (2010) mostrou que o aumento de amplitude não
corresponde, necessariamente, à instalação da FM no caso do músculo sóleo na
manutenção de torque de tornozelo com o joelho estendido.
Resumindo esses achados, a literatura especialiada tem mostrado que a F
média
e
F
mediana
são eficazes na análise dos sinais coletados em alguns tipos de protocolos de
exercício, enquanto o RMS e o IEMG podem ser sensíveis a variações ocorridas em
outros tipos de exercícios. Porém nenhum parâmetro, até o presente, pode ser aplicado
indiscriminadamente a todo tipo de exercício físico. Esta limitação foi apontada por
KNAFLITZ e BONATO (1999), quando concluíram que protocolos contendo diferentes
tipos de contrações requerem diferentes métodos de processamento. CAO et al. (2007)
também fizeram alusão a esta necessidade, quando concluíram que o protocolo de
exercício pode influenciar de maneira importante os resultados da análise, quando
analisados sinais SEMG em exercícios dinâmicos fatigantes. A aplicação da ACP ao
espectro de frequência do EMG obtido a partir de cada ciclo de ativação mioelétrica do
vasto lateral mostrou-se efetiva para a monitoração do processo de fadiga durante a
prova de esforço com cicloergômetro. Como os parâmetros obtidos pela ACP levam em
conta as variações de todo o espectro de frequência, acredita-se que este método seja
sensível a mudanças do sinal, mesmo quando estas não implicam em mudanças
73
significativas da F
média
e F
mediana
. A generalização deste método, entretanto, depende do
sucesso de sua aplicação em outros protocolos experimentais.
74
CAPÍTULO 7
CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos foi possível concluir que os índices
tradicionalmente utilizados de F
média
e F
mediana
não são eficazes quando utilizados com o
intuito de analisar a FM durante exercícios cíclicos, diferentemente dos resultados
apresentados na literatura em outros tipos de exercícios. Isto pode ocorrer devido a
fatores como a baixa sensibilidade destes índices as alterações ocorridas, mostrando que
estas alterações do sinal de SEMG são dependentes do protocolo de exercício adotado.
Foi também observado que não é possível restringir a análise da FM apenas ao domínio
do tempo ou da frequência, visto que em alguns casos ocorrem mudanças em ambos os
domínios.
A utilização da ACP e do cálculo de DE ou DP se mostrou eficaz no intento de
monitorar a ocorrência da FM durante a execução de exercícios cíclicos em teste de
esforço progressivo. Além disso, a escolha entre a utilização da DE ou da DP não se
mostrou importante, visto que ambos os índices foram igualmente eficazes. Apesar de a
DP ter a suposta vantagem de conferir o mesmo peso a cada CP.
Além de o método proposto se mostrar mais sensível às variações ocorridas no
sinal de SEMG durante a ocorrência da FM, deve-se destacar que a ACP leva em
consideração as alterações ocorridas em todo o espectro de frequência, não refletindo
apenas o aumento de energia devido às alterações na amplitude do sinal.
A redução de dimensionalidade dos sinais foi possível, visto que estes puderam
ser representados em todos os casos por apenas três CPs, preservando a maior parte da
informação.
75
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88
ANEXO I
APROVAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA PELO
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DO HOSPITAL
CLEMENTINO FRAGA FILHO DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Andamento do projeto - CAAE - 0013.0.197.000-
05
Título do Projeto de Pesquisa
Efeito da Fadiga Central e Periférica no Controle do Equilíbrio Postural
Situação Data Inicial no CEP Data Final no CEP Data Inicial na CONEP Data Final na CONEP
Aprovado no CEP 01/04/2005 00:00:00 01/04/2005 00:00:00 01/04/2005 00:00:00 01/04/2005 00:00:00
Descrição Data Documento Nº do Doc Origem
2 - Recebimento de Protocolo pelo CEP (Check-List) 03/02/2005 11:02:20 Folha de Rosto 0013.0.197.000-05 CEP
1 - Envio da Folha de Rosto pela Internet 14/01/2005 15:35:43 Folha de Rosto FR-55408 Pesquisador
3 - Protocolo Aprovado no CEP 01/04/2005 11:34:45 Folha de Rosto 091/05 CEP
89
ANEXO II
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para
Participação em Pesquisa Científica
Você está sendo convidado a participar de um estudo intitulado “Efeito da fadiga
central e periférica no controle do equilíbrio postural”.
O objetivo desta pesquisa é identificar padrões de equilíbrio conseqüentes da
fadiga central ou periférica. Entende-se por fadiga central aquela de origem no sistema
nervoso central (encéfalo ou medula espinhal), ao passo que a periférica tem origem em
qualquer local fora do sistema nervoso central, por exemplo no músculo esquelético. A
identificação do local específico da fadiga a partir de um método versátil e não-invasivo
terá grande importância tanto na prática clínica quanto no meio desportivo.
O estudo consiste em dois dias de teste, com um intervalo de dois dias a uma
semana entre os mesmos. Primeiramente, se feito um teste de esforço em uma
bicicleta estacionária com carga progressiva até a máxima intensidade suportada, para
encontrar o limiar anaeróbio de cada indivíduo. O limiar anaeróbio corresponde a uma
intensidade do exercício na qual há transição entre a predominância aeróbia e anaeróbia.
Neste teste, o voluntário irá respirar pela boca através de um instrumento chamado
pneumotacômetro, para que os gases oriundos da respiração sejam monitorados. Além
disto, serão colocados eletrodos sobre a pele para registro do eletrocardiograma e de
sinais elétricos da musculatura adjacente (eletromiografia). Todos os registros aqui
citados são não-invasivos, indolores e não representarão desconforto adicional ao teste
de esforço. Antes e após este exercício, será retirada uma gota de sangue do dedo
anular, com o propósito de dosagem de lactato, que será utilizado como marcador de
fadiga periférica. Além disso, também antes e depois do esforço, os voluntários serão
submetidos a um exame de equilíbrio postural sobre uma plataforma de força, e,
novamente serão colocados eletrodos sobre a pele para a eletromiografia.
No segundo dia de teste, os voluntários irão pedalar sobre a mesma bicicleta, com
intensidade moderada, porém com duração de 75 min. Igualmente, antes e após este
teste será feito o exame de equilíbrio postural juntamente com a monitoração dos sinais
elétricos musculares.
Antes dos testes de esforço, deverá ser preenchido um questionário completo que
avalia o histórico médico do voluntário, além de questionamento verbal sobre saúde e as
respostas fornecidas no questionário. Admitindo que o indivíduo está apto para realizar
o exercício até a exaustão, ocorrerá a preparação para o teste. Durante os testes de
esforço, haverá percepções de aumento de fadiga muscular e deve haver um aumento da
dificuldade para inspirar ou expirar, sendo estas respostas normais às demandas do teste
de esforço. O teste poderá ser finalizado por decisão do avaliado, quando o
eletrocardiograma não funcionar corretamente ou se os eventos durante o teste
indicarem riscos aumentados para a função cardíaca e para a minha vida do sujeito.
Entretanto, quanto mais tempo de exercício, mais próximo do esforço máximo real se
chegará e melhor será o teste para a obtenção das informações desejadas.
90
A realização de um teste de esforço não elimina o risco. Contudo, todos os
esforços são realizados para a minimização destes riscos através de questões e
avaliações pré-testes e do uso de pessoal apropriadamente treinado e qualificado. Pro
exemplo, pode-se experimentar grandes aumentos da pressão arterial, além de função
cardíaca anormal que poderia levar a vertigens, dores no peito ou morte súbita.
Entretanto, a probabilidade para esses eventos é extremamente rara (< 1 morte em
10.000 testes para indivíduos com alto risco para doenças cardíacas) e os procedimentos
pré-teste e a avaliação do eletrocardiograma durante o exercício auxiliam na detecção de
eventos, então o exercício pode ser interrompido antes de os eventos progredirem.
Estão garantidas todas as informações que você queira, antes, durante e depois do
estudo. A sua participação neste estudo é voluntária e você tem a liberdade de recusar
participar do estudo, ou se aceitar participar, desistir a qualquer momento, sem prejuízo
de qualquer tipo.
As informações relacionadas ao estudo poderão ser inspecionadas pelos
envolvidos na pesquisa e pelas autoridades legais. No entanto, se qualquer informação
for divulgada em relatório ou publicação, isto será feito sob forma codificada, para que
a confidencialidade seja mantida. O pesquisador responsável assume a responsabilidade
de dar assistência integral às complicações e danos decorrentes dos testes, se houver.
Todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa (relacionadas aos testes e à
instrumentação) não são da responsabilidade do participante. Pela sua participação no
estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro.
Rio de Janeiro, ___/___/_____. Eu, ___________________________________ li
o texto acima e compreendi a natureza e o objetivo do estudo do qual fui convidado a
participar. A explicação que recebi menciona os riscos e benefícios do estudo. Eu
entendi que sou livre para interromper minha participação no estudo a qualquer
momento sem justificar minha decisão, e sei que qualquer problema relacionado se
livre de custos para mim. Eu concordo voluntariamente em participar deste estudo,
Assinatura do voluntário_________________________________________
Assinatura do pesquisador
responsável________________________________________
Para maiores esclarecimentos, o voluntário está convidado a contatar o
pesquisador responsável: Roger Gomes Tavares de Mello, tel. 9682-7282 ou e-mail
91
ANEXO III
GRÁFICOS DOS ESPECTROS MÉDIOS DE CADA
SUJEITO
As figuras III.1 e III.2 apresentam os espectros obtidos pela média de todos os
espectros.
Figura III.1: Espectro médio do sujeito 1 ao 12.
92
Figura III.2: Espectro médio do sujeito 13 ao 24.
93
ANEXO IV
PRIMEIRA COMPONENTE PRINCIPAL COM E SEM
ALISAMENTO ESPECTRAL
Gráficos comparativos das primeiras componentes com alisamento espectral e
sem o mesmo, obtidas através ACP de cada sujeito (Figura IV.1 e IV.2).
Figura IV.1: Primeira componente com alisamento espectral (cinza) e sem alisamento
espectral (preto), do sujeito 1 ao 12.
94
Figura IV.2: Primeira componente com alisamento espectral (cinza) e sem alisamento
espectral (preto), do sujeito 13 ao 24.
95
ANEXO V
GRÁFICOS DE DISTÂNCIAS EUCLIDIANAS SEM A
REALIZAÇÃO DE ALISAMENTO ESPECTRAL
As figuras V.1 e V,2 apresentam os valores de DE de cada ICAME, sem a
realização de alisamento espectral.
Figura V.1: Sujeito 1 ao 12.
96
Figura V.2: Sujeito 13 ao 24.
97
ANEXO VI
GRÁFICOS DE DISTÂNCIAS PADRÃO SEM A
REALIZAÇÃO DE ALISAMENTO ESPECTRAL
As figuras VI.1 e VI.2 apresentam os valores de DP de cada ICAME, sem a
realização de alisamento espectral.
Figura VI.1: Sujeito 1 ao 12.
98
Figura VI.2: Sujeito 13 ao 24.
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