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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA VEGETAL
MÔNICA ARAÚJO DE MIRANDA GOMES
CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO DE CAMPOS DE ALTITUDE
EM UNIDADES DE PAISAGEM
NA REGIÃO DO CAMPO DOS PADRES,
BOM RETIRO / URUBICI, SC
Florianópolis
Santa Catarina - Brasil
2009
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I
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA VEGETAL
CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO DE CAMPOS DE
ALTITUDE EM UNIDADES DE PAISAGEM
NA REGIÃO DO CAMPO DOS PADRES,
BOM RETIRO / URUBICI, SC
MÔNICA ARAÚJO DE MIRANDA GOMES
ORIENTADOR: PROFº DR. JOÃO DE DEUS MEDEIROS
Dissertação apresentada ao Programa de s-
Graduação em Biologia Vegetal da
Universidade Federal de Santa Catarina, como
requisito para obtenção de título de Mestre.
Florianópolis
Santa Catarina - Brasil
Novembro de 2009
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II
Gomes, Mônica Araújo de Miranda
Caracterização da vegetação de Campos de Altitude em unidades de paisagem na região do
Campo dos Padres, Bom Retiro / Urubici, SC
Orientador: João de Deus Medeiros
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas,
Departamento de Botânica, Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal. 2009.
1. Campos de Altitude; 2. Ecologia de Paisagem; 3. Campo dos Padres
III
Agradecimentos
A trajetória foi longa e muitos contribuíram para esta pesquisa. Aos que acreditaram, os
agradecimentos...
Ao orientador João de Deus, que apesar da distância e dos contratempos, não desistiu de
seguir junto.
Aos pesquisadores que auxiliaram na identificação das plantas: Aristônio Teles, Giovana
Vendruscolo, Gustavo Heiden, João Batista, Nara Mota, Pedro Viana e Rafael Trevisan.
Em especial, às Prof
as
Maria Leonor D’El Rei Souza e Ana Zanin.
Aos queridos amigos que toparam seguir montanha acima em busca do meu sonho e foram
de extrema importância para os trabalhos de campo: Cadu Siqueira, Roberta, Felipe,
Jonatha Jungue, Paulinho, Marília Pupo, Renato Trivela, Giovana, Amarildo (parceiro
antigo de campo), Alexandre Filipini, Marília Bit, Nara e Pedrinho.
Ao Arno Philippi, por ter apostado do começo ao fim, pela atenção dada no início e pelo
carinho dedicado no final.
À família Philippi, que desde os tempos de Reitz e Klein já hospedam e apóiam os amantes
da natureza.
Ao ―Seu‖ Puna, um homem que viveu muito tempo da sua vida naquelas paragens... E que
me ensinou que rumos tomar por aquelas neblinas (é claro que tive a vantagem de ter um
GPS... hehe).
A primeira pessoa que me levou ao Campo dos Padres, Oscar Rivas. Também à sua
falia, moradores de um refúgio lá na montanha, Juan Rivas, Gisele e Matias.
À Lilian Bulbarelli (minha geógrafa predileta!), Renata Duzzioni pelas contribuições
geográficas e à Profª Ruth pelo embasamento.
Aos meus grandes parceiros de lar:e e professora Vera Nícia, o irmão Felipe Miranda e
Thaís Cardoso (dupla imprescindível para o apoio e companhia dos trabalhos madrugada
afora). À amada Dulcinéia. Ao meu querido pai Cacau. Ao meu irmão Carlos Henrique, o
biólogo Tatu.
Às biólogas parceiras, Manuela Weisbauer, Marília Medina, Gissu Alarcon e Fernanda
Ribeiro.
Às amigas Martha Dias e Aline Guimarães, por me acompanharem nesta vida afora. À
Sophy Doyle, que ressurgiu para um breve apoio logístico e emocional.
À família Peixoto: Michele, Enzo, Alê e Zezé. À Margareth, Hanna e Nicholas: alegrias no
meio do percurso!
À gangue: Guará (eterna parceira), Dama, Pipa, Zeca, Choco, Ponta Branca e Bombi.
Aos ―arrastailhanos e agregados, vocêso muitos (uns 1.700), mas são únicos!
Aos funcionários da UFSC que participaram de alguma forma na execução desta pesquisa.
A todas as pessoas que me socorreram nos momentos de inquietação e de dúvidas. Estas,
por vezes ouviram lamentos que não diziam respeito a elas, mas sempre me
compreenderam quando um desabafo era inevitável.
Às montanhas e todos seus habitantes.
IV
ÍNDICE
1. INTRODÃO .....................................................................................................................1
1.1 CAMPOS DE ALTITUDE ..............................................................................................1
1.1.1 Caracterização dos Campos de Altitude ..................................................................1
1.1.2 Os Campos de Altitude no sul do Brasil...................................................................2
1.1.3 Origem dos Campos de Altitude: relictos de vegetação ........................................3
1.1.4 Sucessão ecológica, estratégias de colonização e crescimento de plantas em
Campos de Altitude...............................................................................................................4
1.1.5 Usos associados e principais ameaças aos Campos de Altitude............................6
1.1.6 Aspectos Legais e conservação dos Campos de Altitude .......................................7
1.2 ECOLOGIA E UNIDADES DE PAISAGEM................................................................9
1.3 CARTOGRAFIA E GEOPROCESSAMENTO ...........................................................11
1.4 JUSTIFICATIVA ...........................................................................................................15
2. OBJETIVOS ........................................................................................................................17
2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .........................................................................................17
3. MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................18
3.1 ÁREA DE ESTUDO ......................................................................................................18
3.2 METODOLOGIA ...........................................................................................................21
3.2.1 Interpretação da imagem do satélite SPOT e planejamento amostral..............21
3.2.2 Levantamento de dados em campo .........................................................................21
3.2.3 Identificação das espécies vegetais registradas nas unidades de paisagem de
fitofisionomia campestre ....................................................................................................24
3.2.4 Classificação das unidades de paisagem campestre .............................................24
3.2.5 Elaboração do mapa das unidades de paisagem ...................................................25
3.2.6 Elaboração de Banco de Dados com informações geográficas e fotografias ....26
4. RESULTADOS ....................................................................................................................27
4.1 FLORÍSTICA..................................................................................................................27
4.2 CLASSES DO MAPEAMENTO DE UNIDADES DE PAISAGEM.........................34
4.2.1 Campo úmido .............................................................................................................34
4.2.2 Campo herbáceo ........................................................................................................38
4.2.3 Campo arbustivo ........................................................................................................41
4.2.4 Floresta ........................................................................................................................43
4.2.5 Vegetação rupícola de escarpas ...............................................................................44
V
4.2.6 Silvicultura ..................................................................................................................45
4.3 MAPA DAS UNIDADES DE PAISAGEM .................................................................46
4.4 O BANCO DE DADOS .................................................................................................49
5. DISCUSSÃO ........................................................................................................................51
5.1 FLORÍSTICA..................................................................................................................51
5.2 METODOLOGIA UTILIZADA PARA AMOSTRAGEM DA VEGETAÇÃO .......56
5.3 FERRAMENTAS CARTOGRÁFICAS .......................................................................57
5.4 INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM DO SATÉLITE SPOT .......................................60
5.5 CLASSES ATRIBUÍDAS ÀS UNIDADES DE PAISAGEM CAMPESTRE ..........60
5.6 O MOSAICO DA PAISAGEM E OS CAMPOS NATURAIS ...................................65
5.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE ECOLOGIA DE PAISAGEM .....................................73
5.8 IMPACTOS E CONSERVAÇÃO .................................................................................74
5.8.1 Fogo e pastoreio: ameaças ou ferramentas para conservação? .........................74
5.8.2 Silvicultura ..................................................................................................................76
5.8.3 Turfeiras ......................................................................................................................77
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................79
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................82
VI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa de localização da área de estudos, entre os municípios de Urubici e Bom
Retiro, SC. ................................................................................................................................ 19
Figura 2: Carta imagem utilizada em campo, indicando delimitação da área de estudo
(escala 1:57.000, Imagem SPOT 4 jun-jul/2005, base topogfica Epagri/IBGE (2004). .. 20
Figura 3: Mapa de áreas mapeadas em campo, pontos de amostragem da vegetação, pontos
de interpretação da paisagem e de localização. ...................................................................... 23
Figura 4: Gráfico indicando a porcentagem da representatividade de famílias, considerando
o número de espécies que cada uma apresentou. Famílias com 3, 2 ou 1 registro foram
agrupadas para melhor vizualização. ...................................................................................... 28
Figura 5: Vista geral de campo úmido sobre platôs. .............................................................. 35
Figura 6: Delimitação (vermelho) indicando resposta espectral da classe campo úmido. .. 35
Figura 7: Campo úmido em primeiro plano e, borda com formação arbustivo-arrea. .... 35
Figura 8: Campo úmido com vegetação se desenvolvendo entre ―tapete‖ de Sphagnum sp.
................................................................................................................................................... 35
Figura 9: Vista geral de campo úmido, indicando no primeiro plano o nível do lençol
freático entre as plantas características da formação, como Eriocaulon ligulatum. ............ 35
Figura 10: Campo úmido com Eriocaulon ligulatum e representante do gênero Xyris. ..... 35
Figura 11: Campo úmido, com floração de Senecio grossidens (flores amarelas). Foto:
Nara Mota. ................................................................................................................................ 36
Figura 12: Campo úmido com floração de Senecio pulcher (flores rochas). ....................... 36
Figura 13: Platô com desenvolvimento de turfeira - região central desta indicada pela seta.
................................................................................................................................................... 36
Figura 14: A mesma turfeira, vista de perto, com desenvolvimento expressivo do tapete de
musgos (Polytrichum cf. juniperinum sobre Sphagnum sp.), onde destacam-se Aulonemia
ulei (pequeno bambu) e alguns indivíduos de Blechnum imperiale. Foto: Jonatha Jüngue.36
Figura 15: Detalhe da parte superior de uma turfeira, onde nota-se o adensamento de
Sphagnum sp. (rosa) e outras plantas crescendo sobre ele. ................................................... 37
Figura 16: Plantaspicas de campo úmido, constituindo borda de turfeira, Eriocaulon
ligulatum (folhas mais largas), representantes do gênero Habenaria (flores cor creme) e
poáceas. Foto: Nara Mota. ....................................................................................................... 37
Figura 17: Vista geral de banhado (centro da foto) no vale do Rio Canoas. ........................ 37
Figura 18: Banhado, com Eryngium pandanifolium (infloresncia de cor roxa) e Briza
calotheca (inflorescência de cor creme). ................................................................................ 37
Figura 19: Faixa de vegetação ciliar arbustiva com espécie do gênero Chusquea na borda.
Atrás desta faixa, área de banhado. ......................................................................................... 38
Figura 20: Pequena área de um banhado onde se pode constatar o alto nível de água e
plantas típicas: Eriocaulon ligulatum, Eryngium urbanianum, ciperáceas e poáceas. ........ 38
Figura 21: Vista geral de campo herbáceo nas proximidades do Rio Canoas, onde
observam-se matacões aflorando. ........................................................................................... 39
Figura 22: Delimitação (vermelho) indicando resposta espectral da classe campo herbáceo.
................................................................................................................................................... 39
Figura 23: Vista geral de áreas de campo herbáceo ocorrendo em áreas inclinadas. .......... 39
Figura 24: Campo herbáceo com alta densidade de poáceas e com alguns indivíduos
subarbustivos de asteráceas. No alto, indivíduos lenhosos secos. ........................................ 39
Figura 25: Campo herbáceo com subarbustos de Baccharis uncinella. ............................... 40
Figura 26: Campo herbáceo com rocha exposta. ................................................................... 40
Figura 27: Campo herbáceo e limite com área de floresta onde são visualizados arbustos
secos. ......................................................................................................................................... 40
Figura 28: Araucaria angustifolia crescendo sobre rocha em área de campo herbáceo. .... 40
VII
Figura 29: Áreas de campo herbáceo queimado, cuja ação do fogo chegou à borda de
floresta e de campo úmido (lado esquerdo da foto). .............................................................. 40
Figura 30: Gado em unidades de paisagem de campo herbáceo e, limite com floresta. ..... 40
Figura 31: Campo herbáceo sobre platô de borda de escarpa. .............................................. 41
Figura 32: Campo herbáceo sobre platô de borda de escarpa com Andropogon macrothrix
predominando na paisagem. .................................................................................................... 41
Figura 33: Vista geral de área com campo arbustivo. ............................................................ 42
Figura 34: Delimitação (vermelho) indicando resposta espectral da classe campo arbustivo.
................................................................................................................................................... 42
Figura 35: Vista geral de campo arbustivo (primeiro plano) com gramíneas e Baccharis
spp. ............................................................................................................................................ 42
Figura 36: Campo arbustivo com predominância de asteráceas. .......................................... 42
Figura 37: Vista geral de campo arbustivo no segundo plano. ............................................. 42
Figura 38: Campo arbustivo em primeiro plano com presença de indivíduos lenhosos
mortos. ...................................................................................................................................... 42
Figura 39: Área de campo arbustivo no meio de fragmento de floresta. .............................. 43
Figura 40: Trilha entre campo arbustivo com predominância de Baccharis uncinella. ...... 43
Figura 41: Vista geral de área de floresta. .............................................................................. 43
Figura 42: Delimitação (vermelho) indicando resposta espectral da classe floresta. .......... 43
Figura 43: Encosta ocupada por floresta................................................................................. 44
Figura 44: Área de floresta com vários indivíduos de Araucaria angustifolia e Dicksonia
sellowiana. ................................................................................................................................ 44
Figura 45: Vista geral de vegetação rucola nas regiões mais altas das escarpas. ............. 44
Figura 46: Delimitação (vermelho) indicando resposta espectral da classe vegetação
rupícola de escarpas e de áreas com sombra. ......................................................................... 44
Figura 47: Vegetação que se desenvolve sobre as escarpas: Chusquea sp. e Mimosa
scabrella.................................................................................................................................... 45
Figura 48: Vale localizado entre escarpas com formação de floresta. Foto: Alexandre
Filipini. ...................................................................................................................................... 45
Figura 49: Área com plantio de Pinus sp................................................................................ 45
Figura 50: Delimitação (vermelho) indicando resposta espectral da classe silvicultura. .... 45
Figura 51: Plantio de Pinus sp. entre campo arbustivo e formação florestal (fundo), onde se
observa também áreas com solo exposto. ............................................................................... 46
Figura 52: Vista geral de área com silvicultura, com solo exposto decorrente das atividades
de plantio de Pinus sp. ............................................................................................................. 46
Figura 53 (página seguinte): Mapa de unidades de paisagem na região do Campo dos
Padres nos municípios de Urubici e Bom Retiro / SC. .......................................................... 47
Figura 54: Interface do ARcGis 9.0 com quadro indicativo das informações geradas no
banco de dados. ........................................................................................................................ 49
Figura 55: Prancha ilustrativa da Flora do Campo dos Padres para a falia Asteraceae. . 50
Figura 56: Mosaico na paisagem do Campo dos Padres, apresentando formações
campestres (campo herbáceo e campo úmido) e florestais. No lado direito, o Vale do Rio
Canoas. ...................................................................................................................................... 66
Figura 57: Vista geral do vale do Rio Canoas. Nas encostas do lado esquerdo observa-se
campo herbáceo entremeado por capões de florestas. ........................................................... 66
Figura 58: Limite entre campo herbáceo e floresta, onde a transição é abrupta. ................. 66
Figura 59: Borda de formação arbustivo-arbórea com resquícios de queimada, marcando
limite com campo herbáceo. .................................................................................................... 68
Figura 60: Foto indicando limite abrupto entre formação arbustivo-arbórea e campo
herbáceo. Nota-se indivíduo lenhoso isolado na área de campo. .......................................... 68
VIII
Figura 61: Campo arbustivo com cerca de 2 anos sem incidência de queimada. No fundo
da foto se observa indivíduos lenhosos de maior porte mortos............................................. 69
Figura 62: A mesma área de campo arbustivo, com morro ao fundo ocupado por floresta
em sucessão secundária. .......................................................................................................... 69
Figura 63: Área de campo arbustivo e herceo (segundo plano) localizado sobre pla de
borda de escarpas, .................................................................................................................... 69
Figura 64: A mesma área de campo herbáceo, onde nota-se a grande densidade de
indivíduos arbustivos. .............................................................................................................. 69
Figura 65: Turfeira localizada entre área florestal, sem indícios de queimadas recentes.... 70
Figura 66: Limite gradual entre campo úmido e formação arbustivo-arbórea. .................... 70
Figura 67: Foto de queimada registrada em setembro de 2007 no Campo dos Padres,
indicando o avanço da queimada sobre a vegetação arbórea. ............................................... 71
Figura 68: Foto de queimada em área de campo arbustivo no Campo dos Padres. ............. 71
Figura 69: Plantio de Pinus sp. na borda de escarpas. ........................................................... 77
Figura 70: Plantio de Pinus sp. em topo de morro. No primeiro plano, área de campo
úmido. ....................................................................................................................................... 77
Figura 71: Turfeira atravessada por estrada, drenando-as. .................................................... 78
Figura 72: ―Tapete‖ de Sphagnum sp. numa turfeira com sua porção superior queimada. . 78
IX
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Lista de famílias em ordem decrescente de riqueza de escies encontradas em
levantamento realizado no Campo dos Padres. ...................................................................... 27
Tabela 2: Lista de espécies vasculares por família, com estimativa de importância
ecológica relacionado às classes de unidades de paisagem de fitofisionomia campestre no
Campo dos Padres. C.Um. = Campo Úmido, C.Herb. = Campo Herbáceo, C.Arb. = Campo
Arbustivo. A = abundante, C = comum, O = ocasional , R = rara. ....................................... 29
Tabela 3: Área total (hectares), porcentagem (%) e número de polígonos por classe de
unidade de paisagem. ............................................................................................................... 46
ANEXOS
Anexo 1 (páginas seguintes): Pranchas com fotos ilustrativas da Flora do Campo dos
Padres - Asteraceae II e III, Cyperaceae, Juncaceae, Iridaceae, Orchidaceae, Poaceae I, II e
II. ............................................................................................................................................... 89
Anexo 2: Montagem de fotografias aéreas da região do Campo dos Padres referentes ao
ano de 1957 cedidas pela Secretaria de Planejamento do Estado de Santa Catarina. .......... 99
Anexo 3: Tabela indicando associação de parâmetros e esgios de sucessão da vegetação
dos Campos de Altitude, elaborada a partir de Proposta de Resolução/CONAMA abril
2007. ........................................................................................................................................ 100
Anexo 4: Lista de espécies indicadoras do estágio sucessional de Campos de Altitude -
Região Sul, retirada da Proposta de Resolução/CONAMA abril 2007. ............................. 101
X
RESUMO
Os Campos de Altitude do sul do Brasil são formados por comunidades vegetais herbáceas
e arbustivas desenvolvidas sobre solo raso e rochoso, estando restritos a serras de altitudes
elevadas, onde predomina clima subtropical ou temperado. Constituem uma vegetação
relictual marcada por endemismos. O objetivo deste trabalho é caracterizar Campos de
Altitude na região do Campo dos Padres, Bom Retiro/Urubici, SC. A área estudada possui
4.900 ha, localiza-se nas bordas da Serra Geral, abrangendo altitudes de 1.500 a 1.827m.
Amostrou-se a vegetação através do método do caminhamento, resultando em 214 espécies
distribuídas em 48 famílias. As com maior riqueza de espécies foram Asteraceae (50
espécies), Poaceae (32) e Cyperaceae (19), que contribuem também em grande número de
indivíduos para caracterizar a fisionomia dos campos. Classificou-se a vegetação através
da interpretação visual da imagem do satélite SPOT 4, com auxílio da composição
florística dominante verificada in loco. Informações geográficas, descrições da paisagem e
registros fotogficos foram organizados em banco de dados digital. Gerou-se mapa
temático de unidades de paisagem com classes de fitofisionomia campestre: campo úmido,
campo herbáceo e campo arbustivo e; de fitofisionomia não-campestre: floresta, vegetação
de escarpa e silvicultura. Encontrou-se proporção semelhante de cobertura vegetal
campestre (46,1%) e florestal (46,5%). Das unidades de paisagem campestre, 783 ha são
de campo úmido, 1.145 de campo herbáceo e 330 de campo arbustivo, sendo apontadas
também unidades fitoecológicas não detectáveis na imagem de satélite: turfeira e banhado.
A paisagem é composta por um mosaico de tipologias vegetacionais, caracterizada por
diferentes comunidades climáticas, edáficas e seres sucessionais. Interferências antrópicas,
tais como desmatamento, pecuária extensiva e queimadas dificultam a delimitação de
campos naturais. Constatou-se a existência de campos antrópicos em sucessão secundária
(decorrentes da derrubada de floresta), campos naturais em sucessão primária (sob avanço
florestal associado às condições climáticas atuais) e campos naturais secundários (estágio
médio a avançado, pois submetidos à pastoreio de baixa intensidade e queimadas).
Evidências apontam que o fogo mantém a condição campestre atual, impede o avanço
florestal sobre os campos, marca transições abruptas entre campos e florestas e reduz
florestas já consolidadas. O acompanhamento da evolução dos campos na auncia de
interferências antrópicas constitui oportunidade ímpar para o entendimento da ecologia dos
Campos de Altitude. A curto prazo, áreas de turfeiras, banhados e algumas de campo
herbáceo parecem não sujeitas ao avanço das formações arbustivo-arbóreas.
XI
ABSTRACT
The southern Brazilian grasslands are formed by herbaceous and shrubs plant
communities, established on shallow and rocky soils. They are restricted to mountains of
high altitudes, where climate is predominantly subtropical or temperate. It constitutes
relictual vegetation with endemics. This work aims to characterize the grasslands in the
region of Campo dos Padres, Bom Retiro/Urubici, SC. The study area has 4,900 ha. It is
located on the borders of Serra Geral, covering altitudes from 1,500 to 1.827m. The
vegetation sampling was through walking transects method. There were identified 214
species distributed in 48 families. Families with the highest species richness were
Asteraceae (50), Poaceae (32) and Cyperaceae (19), which contribute significantly to the
grassland physionomy. The Vegetation cover was classified by visual interpretation of
satellite SPOT 4 image, with the support of dominant floristic’s composition analysis
verified in loco. Geographic information, landscape descriptions and photographic records
were organized in a database. A map with landscape units was generated, where classes of
grassland phytophysionomy: wet grassland, herbaceous grassland and shrub grassland; and
non-grassland phytophysionomy: forest, escarpment vegetation and forestry. The area
studied has similar vegetation coverage ratio: the grassland ratio is of 46,1%, while native
forest covers 46.5%. Among the grassland landscape units, 783 ha are wet grassland, 1.145
herbaceous grassland and 330 shrub grassland. Phytoecological units not detectable in
satellite image have been pointed out: peat bogs and wetlands. The Campo de Altitude
landscape is composed by a mosaic of vegetation typologies. It is characterized by
different communities, with edaphic in and sucessional seres. Anthropogenic interference,
such as deforestation, widespread cattle and burn makes difficult the interpretation of
natural grasslands occurrence. Antropogenic grassland was found in secondary succession
(arising from the overturned forest), natural grassland in primary succession (under
advanced forest associated with current climatic conditions) and in secondary succession
(advanced medium stage subjected to low grazing intensity and burnt). Evidences points
that fire maintains the grassland condition, prevents the progress of forests over the
grasslands, marks abrupt transitions between grasslands and forests and reduces forests
well established. The follow-up of the grasslands evolution in the absence of
anthropogenic interference is extremely important to understand the Campos de Altitude
ecology. In the short term, peat bogs, wetlands and few herbaceous grasslands seem not
subject to the forest formation advancement.
1
1. INTRODÃO
1.1 CAMPOS DE ALTITUDE
1.1.1 Caracterização dos Campos de Altitude
Os Campos de Altitude o ambientes abertos, formados por comunidades vegetais
de estrutura arbustiva e/ou herbácea, constituídas principalmente por gramíneas e
asteráceas, entremeadas por ciperáceas, leguminosas, verbenáceas e umbelíferas (apiáceas)
(Klein 1984). As plantas que se desenvolvem sobre os Campos de Altitude do sul do Brasil
estão submetidas a situações de dupla estacionalidade, condicionadas por estações mais
úmidas, principalmente nos meses de primavera e verão, onde, além da intensidade das
chuvas, comumente ocorrem nevoeiros densos e úmidos, e, um peodo de seca anual, onde
o frio, as geadas e, eventualmente a neve também influenciam na seca a que o
condicionadas estas plantas (Hueck 1972, Rambo 1953, Medeiros 2005).
A condição edáfica, caracterizada pela pouca profundidade e reduzida fertilidade do
solo, também constitui um dos principais condicionantes para ocorrência dos campos
(Klein 1960, 1990; Medeiros 2005). Um solo que possui os requisitos climáticos para
ocupação por formação florestal produz uma vegetação campestre quando lhe faltam a
fertilidade, penetrabilidade ou a profundidade do solo. O clima no sul do Brasil propicia o
desenvolvimento de formações florestais, o que posiciona estes campos como manchas
edáficas ou relictos históricos no tempo atual (Rambo 1956a).
Na paisagem destes campos é muito comum também que apareçam, em vários
graus de transição, extensos banhados orlados por moitas de representantes arbustivos e
herbáceos. Em algumas regiões mais úmidas desenvolvem-se também as turfeiras
formando tapetes profundos e esponjosos de musgos (Rambo 1953).
Os Campos de Altitude ocorrem geralmente nos cumes rochosos das serras com
altitudes elevadas, onde predomina clima subtropical ou temperado. Caracterizam-se por
uma ruptura na seqüência natural das espécies presentes nas formações fisionômicas
circunvizinhas. As comunidades florísticas próprias dessa vegetação são caracterizadas por
endemismos (Resolução CONAMA n°10/1993). Sua flora é bastante rica em espécies,
somando as fanerógamas aproximadamente 4.000 espécies (Klein 1984).
Segundo Hueck (1972), os Campos associados às Florestas com Araucárias no sul
do Brasil se estendiam uniformemente por centenas de quilômetros quadrados pelos
planaltos pouco ondulados, perdendo-se no horizonte, interrompidos por um sistema
ramificado de vales rasos, onde as matas sobem até bem alto. Estas formações arbustivo-
arbóreas, que delimitam e entremeiam os campos, são chamadas de capões - áreas de
umidade média e, sobretudo bem úmidas, onde são encontradas nascentes de pequenos
córregos, margens de rios, riachos ou banhados que marcam a fisionomia dos Campos
(Klein 1960; Medeiros et al. 2004). Quase todos os campos do Paraná e Santa Catarina se
encontram cercados ou parcialmente atravessados pelas Florestas com Araucárias (Klein
1960).
2
O contato entre as áreas de campo com as florestais pode terminar abruptamente,
podendo estar associada às condições de maior umidade, mencionadas acima, à atividades
antrópicas ou à mudanças bruscas nas condições edáficas (Klein 1960).
Grande parte dos campos é sujeita e influenciada pelas queimadas periódicas, que
delimitam rigorosamente os capões. A persistência e antiguidade dessa prática tornam
quase impossível uma delimitação rigorosa da distribuição original dos Campos naturais,
assim como a diferenciação entre os campos naturais e os naturalizados (Klein 1960).
1.1.2 Os Campos de Altitude no sul do Brasil
Apesar da dificuldade para definir a ocorrência natural dos Campos de Altitude,
citam-se algumas delimitações.
No mapa de vegetação do Brasil apresentado pelo IBGE (2004), os Campos de
Altitude do sul do Brasil estão inseridos na região fitoecológica Estepe. A região do
Campo dos Padres, objeto desta pesquisa, es identificada como Estepe Gramíneo-
lenhosa.
No que diz respeito aos biomas brasileiros, os Campos do extremo sul do país,
localizados na metade sul e no oeste do Rio Grande do Sul, constituem o bioma Pampa. De
acordo com Klein (1984), é na metade meridional deste estado, na planícies e coxilhas
riograndenses que os campos tem sua maior área de dispersão no sul do Brasil.
os Campos de Altitude sob domínio do bioma Mata Atntica (Lei 11.428/06
1
)
estão associados à Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Densa, Florestas
Estacional Decidual e Semidecidual. A configuração original das formações florestais
nativas e ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica é apresentada no Mapa da Área
de Aplicação da Lei 11.428/06, elaborado por IBGE (2008). Neste mapeamento, a rego
do Campo dos Padres está caracteriza por dois tipos de cobertura vegetal: Floresta
Ombrófila Mista e Estepe (Campos do Sul do Brasil).
Hueck (1972) apresenta dados do Anuário Estatístico do Brasil‖ para a vegetação
natural do Estado de Santa Catarina, onde os Campos de Altitude perfaziam 4.680 km²,
cerca de 6% do terririo catarinense.
Os Campos do Planalto Catarinense são descritos por Klein (1978) em resenha da
cobertura original deste estado, onde apresenta três tipos ocorrentes:
1. Campos com capões, florestas ciliares e pequenos bosques de pinhais;
2. Campos de inundações dos rios Negro e Iguaçu, e
3. Campos de Altitude na borda oriental do Planalto Catarinense.
Este último tipo descrito por Klein (1978) abrange a região onde se insere o Campo
dos Padres. o manchas de Campos com características próprias que acompanham as
Matinhas Nebulares da crista da Serra Geral e Serra do Mar. Segundo o autor, nestas
formações predominam em vastas áreas o capim-caninha, Andropogon lateralis, sobretudo
nas partes mais enxutas. Klein (1978) descreve também outras gramíneas como freqüentes:
Andropogon macrothrix, Agrostis montevidensis, Agrostis ramboi e Arundinaria ulei
1
Anteriormente regido pelo Decreto 750/1993
3
(=Aulonemia ulei). Nos locais mais úmidos o aspecto fisionômico é proveniente da
abundancia das tiriricas dos gêneros Rhynchospora e Scleria (Cyperaceae), entremeadas
por diversas espécies de botão-de-ouro, Xyris spp. (Xyridaceae). Nas regiões de turfeiras,
além dos musgos do gênero Sphagnum, é comum a samambaia-dos-banhados (Blechnum
imperiale).
Os ―Campos com capões, florestas ciliares e pequenos bosques de pinhais tem
maior área de ocorncia. Os tipos ―Campos de inundações dos rios Negro e Iguaçu‖ e
―Campos de Altitude da borda oriental do Planalto Catarinense‖ possuem área mais restrita
(Klein 1978).
1.1.3 Origem dos Campos de Altitude: relictos de vegetação
As escarpas e superfície do Planalto Catarinense o formadas por rochas
sedimentares da Formação Botucatu e rochas vulcânicas da Formação Serra Geral. A
estrutura de rochas sedimentares é mais antiga, da Era Paleozóica 193 milhões de anos
atrás. Após a separação de Gondwana, esta estrutura dividiu-se, e na América do Sul deu
origem a Formação Botucatu, sendo parte dela hoje representada na região do Campo dos
Padres pelo arenito. Recobrindo este pacote de rochas sedimentares, ocorre um conjunto de
rochas vulcânicas mais recentes, o basalto. A Formação Serra Geral corresponde a um dos
maiores eventos vulcânicos do planeta, o qual se encerra com a abertura do Atlântico Sul e
ruptura do Gondwana, ―motor‖ que mobilizou a separação dos continentes.
Após estes grandes eventos geológicos, provavelmente os Campos foram a primeira
capa vegetal que se desenvolveu sobre a superfície do Planalto Catarinense. Em grandes
porções do planalto é possível testemunhar a superfície original exposta onde ocorrem os
Campos (Rambo 1953). Evidências paleoambientais sugerem que durante a última
glaciação pleistocênica, no período Quaternário, o clima do planalto era mais frio e seco.
Estudos palinológicos conduzidos em turfeiras localizadas em regiões de maiores
altitudes em Santa Catarina indicam que, no final do Pleistoceno (14.000 a 10.000 AP) a
vegetação era dominada por campos. Esparsos agrupamentos de Floresta com Arauria
estavam preservados nos vales profundos. Nestas regiões de maior altitude, o domínio dos
campos continuou até 1.000 AP, quando o clima se tornou mais úmido e houve uma clara
relação com a expansão de Araucaria angustifolia (Behling 1995, Behling et al. 2004).
Rambo (1953) e Klein (1960) apresentam justificativas para demonstrar que os
Campos constituem a vegetação mais antiga do planalto, como o fato de possuírem
vegetação reflexo dum clima de passado mais seco. A maior parte das plantas dos Campos,
sobretudo as pertencentes às famílias Asteraceae, Fabaceae (subfamília Mimosoideae) e
Poaceae, por exemplo, possuem adaptações para períodos mais secos (Klein, 1960). Dentre
as características mais importantes para tais considerações, Klein (1984) cita a presença de
xilopódios, estruturas que permitem o acúmulo de reservas nutritivas para uma época
desfavorável, bem como para oferecer mais resistência às secas e à ação do fogo. Outro
exemplo de adaptações a climas secos são os caules alados de espécies de Baccharis, que
atualmente ocupam ambientes úmidos e nebulosos nos Campos de Altitude. Tais estruturas
4
seriam desnecessárias em condições climáticas de maior umidade, como a que atualmente
ocorre nos planaltos sulinos.
O fim da glaciação quaternária foi seguido dum período pluvial. Em conseqüência
do aumento das precipitações e sua distribuição por todos os meses do ano, as matas
avançaram dos vales fluviais, das encostas e das escarpas para os campos, suplantando-os
pouco a pouco. Os agrupamentos arbustivos e arbóreos existentes se encontram sob fortes
tendências sucessionais e de desequilíbrio, invadindo os campos onde as condições forem
favoveis para o desenvolvimento de ambientes florestais. Os campos do planalto,
portanto, constituem uma forma relictual de um período mais frio e seco, onde, nas atuais
condições climáticas tendem a ceder espaço aos pinhais e estes às florestas de caráter mais
tropical. Esta dinâmica evolutiva é citada por diversos autores como Behling (1995),
Behling et al. (2004), Jarenkow (2000), Klein (1960, 1984 e 1990), Hueck (1972), Pillar
(2000) e Rambo (1953, 1956a e 1956b).
1.1.4 Sucessão ecológica, estratégias de colonização e crescimento de plantas
em Campos de Altitude
Horn (1974 apud Longhi et al. 2005) define sucessão ecológica como um
fenômeno que envolve gradativas variações na composição específica e na estrutura da
comunidade, iniciando-se o processo em áreas que, mediante ações perturbatórias ou não,
se apresentam disponíveis à colonização de plantas e animais, prosseguindo até
determinado período onde tais mudanças se tornam bastante lentas, sendo a comunidade
resultante designada como clímax‖. O sentido da suceso é o de aumentar a
complexidade estrutural e atingir um grau máximo de biomassa e de função simbiótica
entre organismos por unidade de fluxo energético disponível. Quando está em equilíbrio
com o clima geral, estabelece-se um clímax climático, enquanto que, estados em equilíbrio
com condições locais especiais do substrato estabelecem um clímax edáfico (Odum 1988).
Uma sucessão pode terminar num clímax edáfico onde a topografia, o solo, a água e
perturbações regulares, como o fogo, são tais que o desenvolvimento do ecossistema o
prossiga até o ―ponto final teórico‖ (Odum 1988), ou o clímax climático, geralmente
associado a ambientes florestais.
A sucessão é denominada sucessão primária‖ quando se inicia sobre um substrato
previamente desocupado, como quando o magma que originou o Planalto Catarinense se
solidificou; enquanto constitui sucessão secundária‖ aquela que ocorre num local
anteriormente ocupado por uma comunidade, como em áreas que foram desmatadas,
queimadas ou em pastagens abandonadas.
A rego do Campo dos Padres apresenta tanto formões campestres em sucessão
secundária, em antigas áreas florestais, como áreas em sucessão primária onde os Campos
constituem clímax edáfico, ou ainda, conforme mencionado em tópico anterior, se
consideradas as atuais condições climáticas podem ser considerados como em processo de
sucessão primária.
5
Existem alguns indicativos do tipo de sucessão que pode estar ocorrendo, como as
estratégias de reprodução e desenvolvimento apresentadas pelas comunidades de plantas.
O vento tem forte influência na polinização e dispersão de sementes das espécies vegetais
dos Campos de Altitude. A predominância de gramíneas nessa formação revela a estreita
associação deste grupo de plantas com essas estratégias reprodutivas e o desenvolvimento
através da germinação. O número de sementes encontrado nos solos de Campos revela
cifras consideveis. Estimativas em Campos Naturais de diferentes localidades do Brasil
indicam que esses números podem variar de 1.300 a 35.000 sementes por metro
quadrado de solo (Medeiros 2005).
O rebrote de plantas arbustivas indica que estas estavam presentes na área antes
da perturbação que deu início a sucessão. Tal situação é comum após a ocorrência de
queimadas. O intervalo entre queimadas também estimula a germinação, o florescimento e
a disseminação das plantas de ciclo curto, principalmente herbáceas. Porém, como
mencionado por Falkenberg (2003), a intensidade das queimadas pode impedir a conclusão
do ciclo de muitas plantas lenhosas (arbustivas e/ou arbóreas), exaurir sua capacidade de
rebrote, diminuir seu número e massa, e, por outro lado, aumentar a ocorrência das
herbáceas.
Os campos nativos, bem como os antrópicos floristicamente similares, são
formados por uma grande maioria de espécies que crescem durante a primavera, o veo e
início do outono, peodo em que completam seu ciclo e então secam, morrendo as anuais e
mantendo-se as perenes em estado dormente ou de reduzido crescimento durante o
inverno. Nesta estação, a grande maioria das espécies o possui capacidade de
crescimento e ocorre o acúmulo de material seco da parte aérea das plantas dormentes ou
mortas, que é bastante inflamável. Este é o período do ano em que os pecuaristas realizam
as queimadas, pois acreditam que a retirada dessa matéria seca, através do fogo, apressa a
rebrota das pastagens na primavera. Porém, a queimada retarda o rebrote e diminui a
quantidade de fitomassa produzida na próxima estação de crescimento (Falkenberg 2003).
As formas de crescimento preferencial das plantas em áreas sob grande escala de
pastoreio o de espécies rasteiras, estoloníferas, rizomatosas ou ainda cespitosas baixas.
Áreas de campo onde o gado é excluído, há substituição por plantas cespitosas altas
(Boldrini & Eggers 1996, Pillar 2000).
Além dos efeitos nas formas de vida da vegetação, as atividades de pecuária
também influenciam na diversidade florística. Quando comparada a dinâmica de espécies
em áreas com exclusão do gado ou de intensidades distintas, observa-se que em áreas onde
o pastejo é alto, a diversidade florística é menor e dominância de espécies baixas. Com
pastejo moderado, a riqueza florística tende a aumentar e a cobertura vegetal a diminuir
(Boldrini & Eggers 1996). Já a ausência da queimada e pastejo são consideradas, entre
outros fatores, como fatores associados ao aumento da diversidade de poáceas em
levantamentos nos campos da borda da Serra Geral no Rio Grande do Sul (Caporal &
Eggers 2005).
6
1.1.5 Usos associados e principais ameaças aos Campos de Altitude
As associações dos Campos do planalto do sul do Brasil com as Florestas com
Araucárias conferem a esta parte do Brasil uma fisionomia própria, que contrasta
vivamente com o restante da vegetação do país (Klein 1960). Porém, o somente esta
diferenciada fitofisionomia é marcante, como também aspectos econômicos, culturais e
históricos associados. A história dos estados sulinos está fortemente ligada à região dos
planaltos serranos, onde tradicionalmente os Campos foram e ainda são utilizados para
atividades pastoris. Assim, o homem tem modificado consideravelmente o aspecto
primitivo dos Campos (Klein 1960).
Falkenberg (2003) coloca que a ação dos bovinos na região atinge hoje um nível tão
intenso que causa um impacto que provavelmente nunca ocorreu em termos de herbivoria e
pisoteio, dado o elevado consumo de fitomassa e a grande massa corporal destes animais,
que sobrepujam disparadamente qualquer espécie de animal nativo.
Antes da introdução do gado nos Campos, os animais pastadores nativos,
relativamente pequenos, provavelmente submetiam a vegetação a uma pressão de pastejo
mais leve e localizada do que a atual. Porém, existem evidências sseis de que haviam na
América do Sul grandes ungulados e outros elementos da megafauna cerca de 8.000
A.P. Pillar (2000) menciona que a vegetação pode ter sido afetada consideravelmente por
estes herbívoros, e que o uso por animais pastadores faz parte da evolução da flora atual
dos Campos.
As queimadas associadas à criação de gado constituem uma prática secular na
região, pois a acompanha desde a sua introdução, cerca de 250 anos (Falkenberg 2003).
O fogo pode ser um distúrbio freqüente na natureza, sendo elemento importante na
dinâmica de alguns ecossistemas. Porém ao se analisar a história evolutiva dos Campos de
Altitude da Serra Geral, a ocorrência de queimadas naturais é rara. Behling et al. (2004)
relatam que os registros de ocorrência de fogo são mais antigos que a introdução do gado,
estando associados ao aparecimento da presença humana nas áreas mais altas do sul do
Brasil, há 7.400 anos AP.
A periodicidade das queimadas realizadas pelo homem, anual ou mais de uma vez
ao ano, tem limitado o avanço da vegetação arbórea e arbustiva sobre os Campos. Assim,
as áreas ocupadas por vegetação campestre ou por vassourais têm sido ampliadas, bem
como tem destruído a grande maioria das Matinhas Nebulares planaltinas associadas aos
Campos (Falkenberg 2003). As espécies florestais são afetadas por estas queimadas
descontroladas e freqüentes, e, o favorecidas escies heliófitas e especialmente as
campestres mais tolerantes ao fogo (Falkenberg 2003).
Outra atividade associada à rego do planalto catarinense que modificou
intensamente a composição e fisionomia da vegetação foi a exploração madeireira. Tal
extrativismo constituiu a principal atividade econômica da região serrana durante cerca de
40 anos (Silveira 2005). Pode-se dizer que o início das atividades foi em 1918, quando se
instalou no estado uma grande empresa que exploraria os recursos madeireiros durante
7
muitos anos, a Lumber
2
. O período seguinte foi marcado por um crescente mero de
serrarias. Nesse sentido, as reservas madeireiras da região de Lages, Curitibanos, Bom
Retiro e São Joaquim estiveram praticamente intocadas aos anos 30. Porém, em 1934,
Bom Retiro
3
já contava com 18 serrarias cadastradas (Silveira 2005).
O extrativismo de madeira nativa continuaria como principal atividade se ainda
houvessem recursos e se o fossem criadas normas legais visando a conservação dos
remanescentes florestais nativos. As grandes florestas tiveram suas áreas reduzidas e seus
melhores exemplares extraídos. A situação levou a região a trabalhar com outra fonte de
recursos madeireiros: o plantio de espécies exóticas. Assim, as áreas de expansão de
monoculturas de espécies florestais invasoras, principalmente de Pinus spp., m se
ampliado consideravelmente, inclusive sobre áreas de Campos naturais.
Além dos impactos associados à atual pecria extensiva, ao desmatamento e ao
plantio de espécies exóticas, os Campos naturais também m sendo convertidos
indiscriminadamente em áreas de produção agrícola. Todas estas atividades tornam, como
já mencionado anteriormente, muito difícil que se faça uma reconstituição exata dos
limites ocupados pelos campos primitivos no planalto catarinense e, segundo Medeiros et
al. (2004), estão transformando profundamente sua paisagem e colocando suas espécies
sob ameaça de extinção.
Esses processos e usos antrópicos tem levado à perda da biodiversidade do
ecossistema, à quebra de seu equilíbrio hídrico e à descaracterização da paisagem. Se
continuado este ritmo os Campos Naturais sulinos poderão estar extintos ainda nesta
primeira década do século XXI (Medeiros et al. 2004).
1.1.6 Aspectos Legais e conservação dos Campos de Altitude
No que diz respeito aos aspectos legais, os Campos de Altitude estão sob domínio
da Mata Atntica, definidos pela Lei 11.428/2006. De acordo com esta lei, a definição dos
estágios sucessionais da vegetação dos ecossistemas associados à Mata Atlântica compete
ao CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
Porém, até o momento não foram estabelecidos parâmetros legais que possibilitem
a proteção desta formação vegetacional. Ainda que haja um esforço atual no sentido de se
identificar os estágios de sucessão dos campos, essa regulamentação, passados mais de 13
anos da edão do Decreto 750/93, agora prevista na Lei 11.428/06, ainda não existe.
Ressalta-se ainda que, segundo a referida Lei, publicada em 22 de dezembro de 2006, o
CONAMA teria 180 dias para atender a esta determinação.
Assim, o CONAMA - no âmbito da Câmara Técnica Biodiversidade, Fauna e
Recursos Pesqueiros, Grupo de Trabalho Estágios Sucessionais de Campos de Altitude
associados ao Bioma Mata Atlântica - esdiscutindo uma proposta de Resolução para
definição de estágios de sucessão dos Campos de Altitude associados à Floresta Ombrófila
2
Southern Brazil Lumber and Colonization Company
3
Campo dos Padres está localizado em dois municípios: Bom Retiro e Urubici.
8
Mista, à Floresta Ombrófila Densa e às Florestas Estacionais Semidecidual e Decidual, no
Bioma Mata Atlântica
4
.
Os Campos de Altitude estudados nesta pesquisa situam-se em altitudes que variam
de 1.500 a pouco mais de 1.800. A presença de cumes com altitude superior a 1.800 m é
uma das situações onde se pode encontrar um refúgio ecológico‖, que o locais com
vegetação flostica e fisionômico-ecológica diferente do contexto geral da flora
dominante, que muitas vezes constituem uma vegetação relíquia que persiste em situações
especialíssimas (IBGE 2004). Existem refúgios montanos e altomontanos, cuja altitude de
ocorrência varia de acordo com as latitudes. Para localidades entre 24 e 32 Sul, o
montano corresponde de 400 m a 1.000 m de altitude e, o altomontano ocorre acima
deste limite.
Esta condição altitudinal também remete estas áreas à condição de Área de
Preservação Permanente (APP), definida pela Lei 4.771/65 (Art. 2º, com redação dada
pela Lei nº 7.803/89 e Resolução 303/02 CONAMA). Além desta premissa, a região
também se enquadra como APP pela presença topos de montanha, de escarpas e bordas de
tabuleiros.
Outro dado que demonstra o descaso com os Campos de Altitude é a baixa
representatividade destes dentre as Unidades de Conservação no Estado de Santa Catarina.
No que diz respeito às Unidades de Conservação Federais, atualmente a única unidade
possuidora desta formação de Altitude é o Parque Nacional de São Joaquim. No momento,
a região do Campo dos Padres está em vias de também se tornar uma unidade de
conservação. O Ministério do Meio Ambiente já realizou estudos na região e o processo
está em andamento. dentre as Unidades de Conservação Estaduais, existem registros de
Campos de Altitude no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, cuja ocorrência se em
locais cuja altitude é superior a 1000 metros.
4
Os trabalhos iniciaram-se em 2007, sendo a atual versão, produto da discussão ao longo deste período, disponibilizada
no endereço eletrônico do CONAMA.
9
1.2 ECOLOGIA E UNIDADES DE PAISAGEM
Vários pesquisadores, principalmente botânicos, buscam uma relação espacial na
distribuição da vegetação na paisagem. A Ecologia da Paisagem traz conceitos e técnicas
que auxiliam nesta compreensão.
Conforme Forman & Godron (1981), a paisagem é uma ampla área de vários
quilômetros onde ecossistemas se relacionam e se repetem de forma similar. Na definição
de Metzger (2003a), a paisagem é caracterizada como uma unidade heterogênea composta
por um mosaico de unidades interativas ou por um gradiente de variações, que pode ser
observada em micro ou macro-escala.
A paisagem, quando se apresenta sob forma de mosaico, é composta por
fragmentos (manchas ou unidades), corredores, bordas, entre outros componentes
estruturais, interagindo com uma área maior, que é a matriz. A estrutura da paisagem pode
ser definida pela área, forma e disposição espacial das unidades que a compõe, diferindo
também fundamentalmente pela origem e dinâmica. A origem dos fragmentos difere de
acordo com regimes de distúrbios no fragmento e/ou na matriz, distribuição natural de
recursos ambientais, espécies exóticas introduzidas e pelo tempo (Forman & Godron
1981).
Cada tipo de componente da paisagem, como unidades de recobrimento e uso do
território, ecossistemas ou tipos de vegetação, caracteriza uma unidade (Metzger 2001 e
2003a). Uma unidade da paisagem possui caractesticas ―relativamente‖ homogêneas,
pois, assim como na definição de paisagem, dependem do observador, ou seja, se micro ou
macro-escala. Os níveis abrangidos na macro-escala permitem realizar uma classificação
de unidades com limites definidos por componentes abióticos (por ex. geomorfologia) e,
com correspondentes bióticos (vegetação) como indicadores da estrutura da paisagem. As
unidades de paisagem são os principais tipos de componentes da paisagem, têm limites
definidos e, por esse motivo são mais facilmente operacionalizáveis para o manejo.
A Ecologia de Paisagem é um ramo recente da Ecologia, que busca entender a
influência da heterogeneidade espacial do meio em processos ecológicos, enfatizando as
ações do homem sobre o meio, ou o contexto espacial sobre as populações. Devido ao seu
caráter recente, e especialmente ao tentar unir dois principais enfoques, o geográfico e o
ecológico, ainda se encontra numa fase de organização e solidificação de conceitos. Está
alicerçada em dados de perspectiva espacial geográfica, acompanhada da Botânica e da
Biogeografia e, se utiliza fortemente dos avanços tecnológicos em Sensoriamento Remoto
e Sistemas de Informação Geográfica (Metzger 2001, 2003a e 2003b, Pivello & Metzger
2007).
Este ramo da Ecologia relaciona padrões espaciais (a estrutura da paisagem) a
processos ecológicos, quantificando os padrões espaciais por meio de índices ou métricas.
Pode ser considerada como uma ecologia espacial, pois especializa as questões ecológicas
(Metzger 2003a e b). O conceito de padrões da paisagem na Ecologia de Paisagem é
descrito como determinante na estrutura e dinâmica das paisagens (Noss 1983).
10
Ao se observar a variação da vegetação, em diferentes escalas, é possível identificar
padrões e processos no espaço e no tempo. Padrões se evidenciam pela repetição de tipos
vegetacionais estrutural ou floristicamente semelhantes. Processos se manifestam na
dinâmica desses padrões no espaço ou no tempo. Padrões e processos são determinados, ou
podem ser associados a fatores ambientais tais como solo, clima e distúrbios (Pillar 2000).
Uma das formas de se estudar padrões e processos envolve a comparação de comunidades
vegetais de vários locais e/ou do mesmo local em diferentes momentos. Segundo Pillar
(2000), a aplicação desta abordagem comparativa e interpretativa possibilita avançar
significativamente na compreensão do funcionamento dos ecossistemas, na predição da sua
dinâmica sob diferentes cenários de clima e distúrbio, e na definição de manejo adequado
de áreas de conservação e de sistemas sustentáveis de produção.
A relação entre processos ecológicos e padrões espaciais fundamenta a Ecologia da
Paisagem. Os padrões espaciais são quantificáveis através de métricas da paisagem que
caracterizam a estrutura da paisagem, fornecem informações sobre conectividade,
heterogeneidade, isolamento, fragmentação e, características/variáveis espaciais de
tamanho, estágio de sucessão e grau de perturbação. Os processos ecológicos influenciam
na dinâmica da paisagem, podem ser naturais ou não, como exemplos citam-se a
propagação do fogo, a dispersão de sementes, riscos de extinção, o deslocamento de
animais em paisagens heterogêneas. (Cowling & Pressey 2001; Metzger 2001 e 2003a).
As métricas de paisagem são parâmetros utilizados para descrever a estrutura
espacial da paisagem. São calculadas a partir de mapas catericos, isto é, formados por
classes ou unidades descontínuas, como tipos de vegetação, obtidos através da
interpretação visual de fotografias aéreas ou da classificação de imagens de satélite. Tais
métricas podem ser divididas em dois grupos: de composição e de disposição. As métricas
de composição dão uma idéia de quais unidades eso presentes na paisagem, da riqueza
destas unidades e da área ocupada por elas (o que permite inferir sobre o grau de
dominância espacial). as métricas de disposição quantificam o arranjo espacial das
unidades em termos de grau de fragmentação e freqüência de contato entre as diferentes
unidades; grau de isolamento e conectividade de manchas de unidades semelhantes e, área,
formato e complexidade de formas de manchas que come o mosaico da paisagem
(Metzger 2003b).
Sendo a Ecologia de Paisagem o estudo dos padrões de paisagem, que auxiliam na
interpretação da dinâmica da paisagem observada, as unidades de paisagem constituem
elementos chave desta pesquisa, no que diz respeito à presença e disposição das formações
campestres ocorrentes na área de estudo.
11
1.3 CARTOGRAFIA E GEOPROCESSAMENTO
As técnicas de cartografia e geoprocessamento fornecem suporte para realizão de
trabalhos de profissionais de outras áreas que o a de um geógrafo. Atras da utilização
de uma imagem de satélite SPOT, por exemplo, além das aplicações da cartografia, pode-
se monitorar áreas de preservação, desmatamentos, queimadas e evolução da cobertura
vegetal, realizar estimativas de biomassa, avaliar sedimentos em suspensão nos rios e
estuários, avaliar o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente, acompanhar
atividades energético-mineradoras, a dinâmica de urbanização e o uso agrícola das terras e,
monitorar fenômenos naturais, tais como secas e inundações.
Para o entendimento dos procedimentos realizados neste mapeamento, apresentam-
se alguns conceitos sicos de geoprocessamento e cartografia, utilizados durante a
aquisição e tratamento de dados, bem como para elaboração de produto cartográfico,
resultado deste trabalho.
De acordo com Nogueira (2006), os mapas são representações reduzidas do mundo
real. Ao se definir a relação dimensional entre a representação gráfica e a realidade,
caracteriza-se a escala. Desta maneira, a escala mostra a quantidade de redução do mundo
real, quando representado na forma gfica. Ela é definida como a razão entre a distância
gráfica e a distância real, onde ambas são expressas na mesma unidade de medida e
reduzida de tal forma que o numerador seja representado pela unidade. Quando o
denominador desta razão (a distância real) é pequeno, tem-se uma escala grande, que o
utilizadas em áreas pequenas, onde os dados têm representação detalhada. Em escalas
pequenas o denominador é grande, representando grandes áreas.
Os produtos cartográficos podem ser apresentados através de documentos que
variam dependendo da escala de representação (Nogueira 2006). Mapas geralmente são
concebidos em escalas pequenas (menores que 1:250.000), representam toda a área de
interesse em uma única vista; cartas, em escalas dias (1:250.000 a 1:25.000) a grandes,
disponibilizam folhas que compõe as partes de um mapeamento e; plantas em escala muito
grande (1:500 a 1:25.000), exibem uma projeção ortogonal num plano, sem considerar a
curvatura terrestre.
Mapas temáticos reportam certo número de conjuntos espaciais resultantes da
classificação dos fenômenos que integram o objeto de estudo de determinado ramo
específico, fruto da divisão do trabalho científico (Lacoste 1976 apud Martinelli 2006).
Tais mapas mostram uma região geográfica segundo valores relativos a um tema, como
uso do solo, cobertura vegetal, aptidão agrícola, entre outros.
Para cartografia temática, a cartografia de base tem papel importante. Uma base
cartográfica serve de referência geométrica para análises espaciais em diferentes aplicações
sempre que se requer espacialização dos dados tais como rios, estradas, curvas de nível e
limites entre cidades. Esta base serve como referência de localização para os dados
temáticos a serem mapeados (Nogueira 2006).
12
A cartografia de base compõe junto com a Rede Geodésica Nacional a base
cartográfica de um país, estado ou município. De acordo com Nogueira (2006), as cartas
topográficas são muito utilizadas no Brasil para estudos regionais. Porém, a maioria data
de trinta a quarenta anos atrás, estão desatualizadas e, dependendo da localidade, nem
sempre se tem disponível uma escala adequada. Além disso, foram elaboradas para serem
disponibilizadas em papel e somente recentemente que estão sendo convertidas para meio
digital. Para o Estado de Santa Catarina se pode encontrar algumas cartas digitalizadas, é
o caso da área de estudo, disponível da escala 1:50.000.
Se apouco tempo a documentação das informações geográficas era feita somente
em papel, atualmente, a coleta, tratamento e a manipulação de dados geográficos são feitas
através de técnicas computacionais, sendo objetos do geoprocessamento. O
geoprocessamento pode ser definido como o conjunto de tecnologias destinadas à coleta e
tratamento de informações espaciais, utilizando a cartografia digital, processamento digital
de imagens e sistemas de informação geográfica (Câmara-Neto 1995), onde:
- Cartografia digital - tecnologia destinada à captação, organização e desenho de
mapas. Os softwares mais comuns atualmente são: Microstation, Maxicad e Autocad;
- Processamento digital de imagens - conjunto de procedimentos e técnicas
destinadas a manipulação nurica de imagens digitais cuja finalidade é corrigir distorções
das mesmas e melhorar o poder de discriminação dos alvos. Os softwares mais utilizados
nos dias de hoje são: Erdas, PCI, Spring e Envi;
- Sistema de Informação Geográfica (SIG) - sistema de informação destinado à
aquisição, armazenamento, manipulação, análise e apresentação de dados referenciados
espacialmente. Atualmente, os softwares mais comuns para este tipo de trabalho o: Arc-
Info, Arcview Gis, MapInfo e SGI.
Existem diversos sistemas de aquisição de dados (ou imagens), tais como maras
fotográficas aerotransportadas, sensores a bordo de satélites remotos, sistemas de radar,
sonar ou microondas. O sensoriamento remoto é definido como o conjunto de processos e
técnicas usados para medir propriedades eletromagnéticas de uma supercie, ou de um
objeto, sem que haja contato entre o objeto e o equipamento sensor (Câmara et al. 2001).
As imagens de satélites apresentam diferentes resoluções dependendo de uma série
de características do sensor. mara et al. (2001) citam como as mais importantes: a
resolução espectral (o mero e a largura de bandas do espectro eletromagnético
imageadas), a resolução espacial (a menor área da supercie terrestre observada
instantaneamente pelo sensor), a resolução radiométrica (o nível de quantização registrado
pelo sistema sensor) e, a resolução temporal (o intervalo entre duas passagens do satélite
pelo mesmo ponto).
A resolução espacial es relacionada com a menor unidade de imagem que pode
ser captada e diferenciada na imagem. Os sensores medem a radiância espectral refletida
ou emitida de objetos presentes na superfície terrestre. O registro desta intensidade de
energia refletida ou emitida por um objeto é feito dentro de um elemento de resolução que
recebe o nome de pixel. Dentro desse pixel podem estar incluídos diferentes objetos ou
elementos da cobertura superficial. A resposta espectral de um pixel da imagem é
13
resultante da combinação da resposta espectral dos componentes que formam este pixel
(Ponzoni & Shimabukuro 2007).
Quando um pixel é grande, geralmente ele é misto, inclui informações de mais de
um objeto. Numa imagem de baixa resolução espacial, um pixel representa 100 m ou mais
da realidade. Numa imagem de alta resolução o tamanho de pixel geralmente é inferior a
10 m. Em estudos dos recursos naturais terrestres o tamanho do pixel é menor que 100 m,
para aplicações metereológicas normalmente possuem resoluções espaciais mais
grosseiras, na ordem de 1 km. (Ponzoni & Shimabukuro 2007).
Em função das diferentes resoluções, os satélites variam bastante, sendo que a
escolha se em função do tema que se deseja avaliar. Na classificação da cobertura
vegetal, quando a vegetação é homogênea, a utilização de imagens de resolução média
(entre 10 e 100 m) é bem sucedida. Porém, quando não é homogênea, especialmente para a
definição dos limites entre diferentes fisionomias, a precisão da classificação pode ser
insatisfatória. (Ponzoni & Shimabukuro 2007). Imagens dos satélites LANDSAT e
CBERS, possuem resolução espacial de 30 e 20 m, respectivamente, podendo atender
escalas de visualização de até 1:60.000 e 1:40.000. Uma imagem QUICKBIRD é
considerada de alta resolução espacial (de 2,4 a 2,8 m), podendo atender escalas de
visualização de 1:2.500 ou até maiores.
A série do satélite SPOT (Satellite pour l’Observation de la Terre), foi iniciada
com o satélite franco-europeu SPOT-1 em 1986 sob a responsabilidade do CNES (Centre
National d’Etudes Spatiales) da França. Atualmente a plataforma SPOT está em órbita
com três satélites (2, 4 e 5). O SPOT-5, lançado em 2002, carrega o principal sensor da
série, que permite obter imagens pancromáticas com resolução espacial de 2,5 a 5 m e
imagens multi-espectrais com resolução de 10 m. Considerando a resolução das imagens
multi-espectrais, podem ser gerados mapeamentos em escalas de até 1:25.000.
A interpretação de uma imagem permite a extração de informações sobre os objetos
existentes na cena, sem necessidade de se percorrer todo o local. Existem duas abordagens
principais para a interpretação de uma imagem ou fotografia: digital (baseada em
algorítimos implementados em computadores) e visual (através da análise humana). No
sensoriamento remoto o procedimento mais comum inclui a integração destas duas formas.
A interpretação visual é mais eficiente no reconhecimento de padrões‖ de objetos
caracterizados por distintos arranjos espaciais. Podem-se distinguir limites porque o olho
humano integra informação de forma, textura e contexto. Quando comparada com a
interpretação digital, as estimativas de área são imprecisas, mas permitem cil delimitação
de formas (Batista & Dias 2005).
O produto final do processo de classificação de uma imagem de satélite é um mapa
temático, que inclui etapas de acabamento segundo as normas de cartografia. (Ponzoni &
Shimabukuro 2007).
Os SIGs permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes
e ao criar bancos de dados geo-referenciados. Tornam ainda possível automatizar a
produção de documentos cartográficos (mara et al. 2001).
14
Os dados que compõe um sistema de informações geográficas, além de detalhar e
expor os fenômenos geogficos analisados, ajudam a descrever características existentes
no objeto espacial (como a classe atribuída ao polígono), armazenam ponto, linha ou
polígono através de um sistema de coordenadas e, permitem a visualização destes com
figuras armazenadas para exibão de alguma área (como a imagem de satélite).
Câmara et al. (2001) citam duas importantes características de SIGs. Primeiro, tais
sistemas possibilitam a integração, numa única base de dados, de informações geogficas
provenientes de fontes diversas. Segundo, os SIGs oferecem mecanismos para recuperar,
manipular e visualizar estes dados, através de algoritmos de manipulação e análise.
Os dados utilizados em SIGs pertencem a uma classe particular de dados espaciais:
os dados georeferenciados ou dados geogficos. O termo denota dados que descrevem
fatos, objetos e fenômenos do globo terrestre associados à sua localização sobre a
superfície terrestre, num certo instante ou período de tempo.
Para georeferenciar dados, pode-se utilizar mapas ou cartas, através do cruzamento
dos paralelos e meridianos presentes nestes. Ou, podem ser georeferenciados através da
obtenção de dados no campo utilizando um aparelho receptor de sinais de Sistemas de
Posicionamento Geodésico por Satélites (GNSS) e posterior identificação na imagem. O
Global Positioning System (GPS) é o mais popular dos GNSS. Ele baseia-se num conjunto
de satélites artificiais, capazes de fornecer posições na superfície terrestre atras de
coordenadas referenciadas a um sistema geodésico.
15
1.4 JUSTIFICATIVA
Vivemos um momento histórico em que os padrões de sobrevivência e consumo da
humanidade no planeta têm acarretado a descaracterização e a o desaparecimento de
ambientes naturais. A velocidade do processo de empobrecimento ambiental e de perda da
biodiversidade é assustadora. A atual crise da biodiversidade é hoje um problema de
proporção global, no entanto sua projeção sobre o bioma Mata Atlântica é particularmente
alarmante. Dean (1996) faz uma detalhada retrospectiva do intenso processo de conversão
observado na área original da Mata Atlântica e sua correlação com a conseqüente perda de
biodiversidade. Os poucos remanescentes de vegetação nativa existentes são isolados, de
reduzida dimensão e freqüentemente alterados.
Os Campos de Altitude constituem formações que tradicionalmente foram
utilizadas pelas populações humanas, sem, contudo associar-se os riscos inerentes. Os
nichos ecológicos estabelecidos nos Campos de Altitude da Mata Atlântica são únicos. A
raridade de muitas espécies e o elevado grau de endemismos (Resolução 10/93 CONAMA)
reforçam a singularidade dos Campos. Porém, culturalmente os campos não são vistos
como detentores de biodiversidade e não se considera a importância destes ambientes
como fragmentos de ambientes naturais.
A condição herbáceo-arbustiva dessas formações parece ser um dos fatores que
mais influencia na equivocada interpretação dessas áreas como sítios de reduzida
relevância para a manutenção da biodiversidade. A proteção dos campos tem sido
negligenciada, como se tivessem menor valor para conservação se comparados às florestas
nativas (Pillar et al. 2006).
O ritmo com que os campos eso sendo convertidos em pastagens, lavouras e
florestas plantadas, sem que limites sejam efetivamente estabelecidos e aplicados, é
acelerado (Pillar et al. 2006). Segundo Medeiros (2000), de remanescentes em estágio
primário ou mesmo avaado de Floresta Ombrófila Mista, aos quais os Campos Naturais
estão associados, resta no Estado de Santa Catarina uma área que equivale a 2% da
original. Que se dirá dos Campos, que pouco se sabe a respeito e que historicamente foram
vistos como um ambiente a ser ocupado.
A carência de dados sobre a situação dos Campos de Altitude e dos processos
ecológicos associados, assim como a equivocada interpretação sobre seu valor biológico e
a incipiente sistematização das informações disponíveis, ressaltam a importância e a
urgência de ações voltadas ao aperfeiçoamento do conhecimento sobre os campos. O
entendimento de como as comunidades naturais se regeneram após perturbações antrópicas
ou naturais, torna-se cada vez mais relevante com o aumento da degradação ambiental
(Castellani & Stubblebine 1993). Desta maneira, esta pesquisa podefornecer subsídios
para facilitar a avaliação do estado de conservação de remanescentes vegetacionais de
Campos de Altitude do sul do Brasil e contribuir para discussão, formulação e
operacionalização de políticas públicas referentes a esta fitofisionomia.
Além dos aspectos mencionados acima, escolheu-se o Campo dos Padres como área
de estudo tendo também em vista a sua importância para a conservação da natureza. Ela
16
está identificada como prioritária para conservação em levantamento realizado pelo Projeto
de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (MMA
2003), onde nas Áreas de Mata Atlântica e Campos Sulinos, está incluída a Grande Região
de Aparados da Serra e classificada como de prioridade extremamente alta. Em avaliação
de remanescentes de Floresta com Araucária potenciais para estratégias de conservação no
Estado de Santa Catarina, Salvador & Dá-Ré (2002) identificaram a região de ocorrência
de Floresta com Araucárias onde se insere o Campo dos Padres (entre Urubici e Bom
Retiro) como merecedora de maior atenção, tendo em vista que ali se encontram
remanescentes sob maiores pressões e constituem áreas propícias a projetos de manejo e
recuperação.
17
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Caracterizar os Campos de Altitude na região do Campo dos Padres.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar a existência de padrões ecológicos na paisagem onde a fitofisionomia é
campestre, através de imagem de satélite SPOT e verificações in loco.
Definir classes de unidades de paisagem campestre.
Identificar grupos de principais espécies vegetais ocorrentes nas classes de unidades de
paisagem.
Gerar mapa temático de classes de unidades de paisagem campestre.
Gerar banco de dados com imagens e informações geográficas sobre as unidades de
paisagem campestre.
18
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 ÁREA DE ESTUDO
Campo dos Padres es situado na borda oriental do Planalto Catarinense numa
faixa de Campos de Altitude que pertence aos municípios de Urubici e Bom Retiro. A área
de estudo (Figura 1) abrange a parte centro-oriental do Campo dos Padres. Para sua
delimitação utilizou-se como base a cota de 1.500 m de altitude, sendo os limites (Figura
2): norte, o Morro do Campo dos Padres, seguindo a linha de cota na direção oeste aa
nascente do Rio Pitoco, na direção sul, acompanhando o vale do Arroio da Caça,
continuando na cota de 1.500 até o vale do Rio Canoas, quando se inclui também áreas
situadas acima da cota 1.400, para leste o Morro do Corvo Branco, fechando em linha
paralela às escarpas da Serra Geral. A área possui 4.901 hectares, está localizada entre as
coordenadas geográficas 27º53 e 28º00latitude sul e 49º17e 49º24longitude oeste, e
situa-se a cerca de 200 km de distância de Florianópolis.
As bordas da Serra Geral constituem importante elemento geográfico, pois atuam
como divisor de águas das vertentes atlântica e do interior. Na região estão as nascentes de
importantes rios do Estado de Santa Catarina, como o Rio Canoas, e os picos mais altos do
estado: Morro Bela Vista do Guizoni (1823 m), Morro Boa Vista (1827 m) e Morro do
Campo dos Padres (1790 m). Próximo à área de estudos, um pouco mais ao sul, es o
Morro da Igreja, com 1822 m de altitude, localizado no Parque Nacional de São Joaquim.
Predominam na área de estudo solos rasos, sendo comuns os afloramentos do
material de origem, ocorrendo inclusões de solos orgânico-hidromórficos junto às turfeiras
e imeras nascentes. De acordo com EMBRAPA (2004), os solos da região o do tipo
litólico álico A húmico de textura média, possuem pequena espessura e baixa fertilidade.
Estão localizados em áreas de relevo forte ondulado com presença de pedras, cujo
substrato é de rochas efusivas da Formação Serra Geral. Solos um pouco mais profundos
com horizontes B incipientes são raros. Entre as inclusões destacam-se pequenas manchas
de Cambissolo Álico A húmico textura argilosa, Terra Bruna Estruturada Álica A
proeminente e Solos Orgânicos.
A precipitação total anual da região varia de 1.300 a 1.700 mm, com 130 a 140 dias
de chuvas por ano. A temperatura média anual varia de 13 a 16°C (EMPASC 1978). Para
o peodo de 2002 a 2008, as estações meteorológicas da CIDASC
5
localizadas no centro
dos municípios de Bom Retiro e Urubici, indicaram, respectivamente, as temperaturas:
média de 15,7 e 15,4°C, mínima de - 5,2 e - 5,3°C e xima de 34,2°C. Neste mesmo
período a precipitação dia anual foi de 1.511 mm para Bom Retiro e, 1.384 mm para
Urubici.
A região comporta um mosaico vegetacional onde se inserem os Campos de
Altitude. No mapa fitogeogfico do Estado de Santa Catarina, onde Klein (1978) descreve
5
Comunicação pessoal Engº. Agrº. Cristóvão Sergio Bunn - CIDASC/ Escritório Local de Bom Retiro/ Estação
Meteorológica e de Avisos Fitossanitários de Bom Retiro e Escritório Local de Urubici/ Estação Meteorológica e de
Avisos Fitossanitários de Urubici.
19
a cobertura vegetal deste Estado (base para elaboração de mapa apresentado pela FATMA
(2003)), as fitofisionomias referenciadas para a área deste estudo são:
- Floresta de Araucária da Bacia Pelotas-Canoas: pinhais densos, agrupados em
manchas, muitas vezes interrompidas pelos campos. Suas concentrações maiores se
encontram ao longo dos grandes rios, vales e encostas, enquanto nos terrenos ondulados
predominam os campos e os capões;
- Campos de Altitude na borda oriental do Planalto Catarinense: associados às
matinhas nebulares que cobrem grande parte da crista da Serra Geral e Serra do Mar.
Nestes campos, as ervas pertencentes às famílias Poaceae, Cyperaceae, Xyridaceae,
Asteraceae e Verbenaceae desempenham papel preponderante. o raro, aparecem
turfeiras, formadas pelos musgos, onde predomina o gênero Sphagnum. A matinha nebular
dos Aparados da Serra Geral ocorre em altitudes acima de 1.200 metros. A vegetação
destas matinhas é baixa, densa, formada por árvores medianas, tortuosas, com
esgalhamento rijo, cujos troncos e galhos estão repletos de musgos e hepáticas.
Figura 1: Mapa de localização da área de estudos, entre os municípios de Urubici e Bom Retiro,
SC.
20
Figura 2: Carta imagem utilizada em campo, indicando delimitação da área de estudo (escala
1:57.000, Imagem SPOT 4 jun-jul/2005, base topográfica Epagri/IBGE (2004).
21
3.2 METODOLOGIA
3.2.1 Interpretação da imagem do satélite SPOT e planejamento amostral
Para avaliação preliminar da paisagem na área de estudo analisou-se os seguintes
produtos cartográficos: imagem de satélite e carta topográfica. Para tanto, procedeu-se a
interpretação visual da imagem do satélite SPOT 4 (captada em junho de 2005, com
resolução espacial de 10 m, composição RGB 123
6
) e, análise da carta topográfica Bom
Retiro (folha SG-22-Z-D-IV-3, escala 1:50.000) disponível na Mapoteca Topográfica
Digital de Santa Catarina Epagri/IBGE (2004).
Utilizando-se o aplicativo ArcGis 9, as curvas de nível e cursos d’água foram
sobrepostos na imagem de satélite, possibilitando relacionar os elementos presentes na
imagem às características topogficas da área.
Algumas unidades de paisagem foram pré-definidas a partir da análise visual e
relação entre a resposta espectral da vegetação e do solo e, curvas de nível onde, atras da
diferenciação de cor de pixel, sombra, textura, tamanho da unidade e de localização
(declividade e cursos d’água), identificou-se padrões para posterior verificação em campo.
Para auxiliar no caminho a ser percorrido em campo e na localização de pontos
estratégicos para amostragem, foi elaborada e impressa uma carta imagem com as curvas
de nível e cursos d’água (Figura 2). Nesta carta fez-se delimitação manual de alguns
polígonos, representando unidades de paisagem.
3.2.2 Levantamento de dados em campo
Uma vez selecionadas as áreas relevantes para amostragem, em dezembro de 2006
foi realizada a primeira visita a campo, de caráter preliminar, para reconhecimento geral da
área, quando se verificou a acessibilidade ao local e infra-estrutura disponível. A partir de
então, foram realizadas 7 sdas, nas seguintes datas:
4 a 8 de abril de 2007;
6 a 10 de junho de 2007;
6 a 9 de setembro de 2007;
11 a 14 de outubro de 2007;
13 a 17 de janeiro de 2008;
19 a 23 de fevereiro de 2008 e,
17 a 19 de janeiro de 2009.
Excetuando-se a última, cada saída teve duração de 5 dias, sendo um dia destinado
para o acesso ao local e outro para retorno, totalizando 19 dias de esforço amostral.
Os trabalhos de campo foram realizados pela pesquisadora com auxílio de uma
equipe, que contou com de um a três voluntários por saída. O transporte foi feito com
veículo motorizado a o município de Urubici, deixando a equipe no último ponto onde se
6
A imagem do satélite SPOT foi cedida pelo Ministério do Meio Ambiente, prontamente georreferenciada e na
composição colorida mencionada.
22
podia transitar, a partir de onde se realizava uma caminhada de 5 a 6 horas de duração.
Este percursso precisa ser feito com certa rapidez, pois além dos riscos de não haver mais
luz do dia, podem ocorrer fortes neblinas, o que dificulta bastante a localização da casa
abrigo (localizada na parte central da área de estudo, um rancho disponibilizado por um
dos proprietários das terras localizadas na área de estudo).
Para caracterização das unidades de paisagem utilizaram-se dois procedimentos:
interpretação visual da paisagem e amostragem da vegetação. Os materiais utilizados
foram a carta imagem, fotografias aéreas (escala 1:25.000, o aerofotogramétrico do
Estado de 1957
7
), receptor GPS de navegação, quina fotográfica, jornais e prensa para
armazenamento do material vegetal coletado.
Nos pontos estratégicos para interpretação visual da paisagem correlacionou-se a
realidade de campo com o visualizado no material cartográfico (carta imagem e fotografias
aéreas). Estes locais foram fotografados e georeferenciados utilizando aparelho receptor
GPS. Sobre a carta imagem desenhou-se polígonos reconhecidos na paisagem. Nestes
pontos foram registradas informações tais como: porte da vegetação, espécies vegetais
abundantes, declividade, altitude, presença de cursos d’água, nascentes, indicativos de solo
encharcado e, proximidade e transição com formação florestal.
Foram selecionados 11 pontos em unidades de fitofisionomia campestre para
amostragem da vegetação, de forma a contemplar distintas condições ecológicas e
repetibilidade dos padrões identificados no planejamento amostral. A vegetação foi
amostrada através do método do caminhamento, onde a unidade de paisagem foi
atravessada de ponta a ponta em sua maior extensão, registrando-se as espécies vegetais
encontradas e conferindo a estas uma estimativa de importância ecológica. Este método,
descrito por Filgueiras et al. (1994), é utilizado em levantamentos florísticos qualitativos.
Baseia-se na realização de perfis transversais, na descrição sumária da vegetação e na
elaboração de lista de espécies por fitofisionomia. A estimativa de importância ecológica
atribuída a cada espécie agrupa-as em quatro categorias, cujas classes, em ordem
decrescente são: abundante, comum, ocasional ou rara. As espécies coletadas foram
acondicionadas em jornal e prensadas para, posteriormente, serem secas em estufa e
analisadas em laboratório.
As trilhas percorridas e pontos amostrados durante as saídas de campo podem ser
observados na Figura 3.
7
Cedidas pela Secretaria de Planejamento do Estado de Santa Catarina
23
Figura 3: Mapa de áreas mapeadas em campo, pontos de amostragem da vegetação, pontos de
interpretação da paisagem e de localização.
24
3.2.3 Identificação das espécies vegetais registradas nas unidades de paisagem
de fitofisionomia campestre
A maioria das plantas possui registro fotográfico in loco, incluindo vista geral no
ambiente onde ocorre, detalhes de filotaxia e, quando férteis, de flores e frutos. Os
indivíduos férteis coletados durante as saídas a campo foram herborizados e depositados no
herbário FLOR (UFSC). Para determinação das espécies utilizou-se chaves de
identificação, disponíveis em literatura específica (Barros 1962; Barros 1960; Borsini
1963; Cabrera 1974; Cavalcanti & Graham 2002; Chukr 2003; Eggers 2008; Ferreira &
Eggers 2008; Heiden & Iganci 2008; Jiménez 1980; Kissmann 1997; Kissmann & Groth
1999; Kissmann & Groth 2000; Lorenzi 2000; Mattos 1967; Moldenke & Smtith 1976;
O’Leary & Peralta 2007; Oliveira & Marchiori 2005; Pereira 2004; Rahn 1966; Schneider
& Boldrini 2008; Schmidt & Longhi-Wagner 2009; Smith & Downs 1965; Smith, L.B. et
al. 1988; Souza & Lorenzi 2005; Souza & Souza 2002; Takeuchi et al. 2008; Taylor 1980;
Teles et al. 2008; Trinta & Santos 1989; Vendruscolo 2009; Wurdack & Smith 1971) e,
comparação com exsicatas do herbário FLOR (UFSC).
Algumas plantas foram identificadas com auxílio de especialistas da UFSC e de
outras instituições de pesquisa. A classificação taxonômica utilizada para as famílias de
Angiospermas foi a proposta por APG II (2003).
3.2.4 Classificação das unidades de paisagem campestre
Considerando que a área de estudo apresenta outras formações vegetais que o
somente os Campos de Altitude, além de serem atribuídas classes às formações de
fitofisionomia herbáceo-arbustiva, também foram criadas outras classes para elaboração do
mapa temático com as unidades de paisagem. Nestes casos, estão incluídas as formações
arbóreas, arbustivo-arbóreas, a vegetação rupícola de escarpas e áreas de silvicultura, onde
não foram feitas avaliações detalhadas, apenas foram indicadas no mapa final.
A definição das classes de unidades campestre foi subsidiada pela interpretação da
imagem de satélite associada ao relevo e às características levantadas em campo,
principalmente relativas à vegetação e condições do solo.
Com relação à vegetação, avaliou-se a composição flostica, as espécies mais
abundantes e a fisionomia predominante, se campo com predomínio de indivíduos
herbáceos, subarbustivos ou arbustivos. Foram considerados como herbáceos os indivíduos
não-lenhosos, de altura dia até 1 m, podendo haver indivíduos de a2 m de altura;
subarbustivos, os lenhosos de até 1 m de altura; e arbustivos, os lenhosos, cuja altura
variou de 1 a 3 m.
Quanto ao solo, as características indicativas para diferenciação entre as classes
foram o grau de encharcamento e, presença e disposição de afloramento rochoso. Ao
associar estas características ao relevo pôde-se inferir que em platôs rochosos ocorrem
ambientes mais encharcados, geralmente com presença de solo orgânico, podendo
apresentar também pequenas áreas com rocha exposta. nas áreas de maior declividade,
25
que apresentam melhor drenagem, com freqüência encontram-se matacões rochosos
aflorando e solo mais desenvolvido que nos terrenos de platôs.
A diferenciação da vegetação que ocupa estes ambientes de distintas condições
ecológicas pôde ser constatada em campo. Porém a visualização de algumas unidades
fitoecológicas na imagem de satélite é muito sutil e o puderam ser diferenciadas com
clareza. Por este motivo, foram generalizadas em classes mais abrangentes.
Assim, foram definidas as classes: campo úmido ou encharcado, campo herbáceo,
campo arbustivo, floresta, silvicultura e vegetação rupícola de escarpa.
3.2.5 Elaboração do mapa das unidades de paisagem
Para elaboração do mapa de caracterização dos Campos de Altitude na região do
Campo dos Padres, foram aplicadas técnicas e conceitossicos de geoprocessamento e de
ecologia de paisagem.
O mapa foi gerado no aplicativo ArcGis9, tendo como base a análise visual da
imagem SPOT 4 associada à interpretação de diferentes atributos e informações geradas
em campo, dando origem às distintas unidades de paisagem, delimitadas em polígonos.
Para auxiliar na delimitação dos polígonos, os pontos registrados com aparelho receptor
GPS, que traziam informações da realidade, foram plotados em arquivo gerado no
aplicativo Trackmaker e inseridos no ArcGis 9.
O processamento dos atributos e informações geradas em campo permitiu o
agrupamento de padrões fitofisionômicos e fitoecológicos entre as unidades de paisagem,
verificáveis atras da resposta espectral nas imagens aéreas disponíveis (cor, sombra e
textura), localização (declividade e cursos d’água), tamanho da unidade, composição
florística, porte da vegetação, condição de encharcamento do solo e presença e disposição
dos afloramentos rochosos.
Entrevistas informais com pessoas que conhecem a região, como moradores
antigos, funcionários de propriedades e guias de ecoturismo, forneceram informações
referentes ao histórico de uso do solo, como desmatamento e queimada, auxiliando
também na interpretação dos dados.
Além dos produtos cartográficos empregados na avaliação preliminar e nos
trabalhos de campo, consultou-se imagem de satélite disponível no Google Earth (captada
em setembro de 2007). Esta imagem foi utilizada para auxiliar na delimitação das áreas de
silvicultura, que foram detectadas em campo, mas o eram claramente diferenciadas na
imagem de salite (captada em junho de 2005) utilizada como base para este estudo.
A classificação dos polígonos foi efetuada com base nas classes de unidades de
fitofisionomia campestre, pontuando no interior destas, as unidades fitoecológicas que o
foram claramente percebidas na imagem, porém constatadas em campo. A dimensão destas
unidades fitoecólogicas ora correspondem ao tamanho do polígono, outras vezes foi
menor.
As métricas de paisagem utilizadas foram as de composição, para descrever que
unidades estão presentes, bem como quantidade e tamanho.
26
O produto cartográfico gerado corresponde a um mapa temático de unidades de
paisagem enfocando as formações de fitofisionomia campestre, na escala de 1:35.000.
3.2.6 Elaboração de Banco de Dados com informações geográficas e fotografias
A base do banco de dados de informações geogficas foi criada com os dados
georeferenciados das unidades e percursos realizados em campo, associando-os à imagem
de satélite, que podem ser acessados no ArcGis9.
Os dados que compõe o banco foram armazenados utilizando de sistema de
coordenadas UTM na forma de ponto, linha, polígono (arquivos vector) ou imagem
(arquivo raster). Tais dados possuem características espaciais, as que informam a
localização espacial associada a propriedades geométricas e topológicas, e não-espaciais,
que descrevem o fenômeno estudado, no caso, as unidades de paisagem.
O banco de dados permite acessar informações geradas numa unidade de paisagem
amostrada, sua localização (coordenadas UTM), declividade, altitude, sua dimensão,
espécies mais freqüentes, descrição sumária e fotografias associadas ao local.
Os registros fotográficos estão dispostos de maneira distinta. A referência que
consta no banco de dados georeferenciados é a do nome dos arquivos, estes, estão
organizados em pastas digitais padrão do sistema operacional. Os arquivos das fotografias
das fitofisionomias avaliadas estão armazenados em pastas por datas de saídas à campo. As
imagens das plantas registradas foram organizadas em pastas por família, sendo cada
arquivo nomeado com as iniciais da família, nome da espécie, data de registro e mero
relativo ao local onde foi coletada. Estas últimas, as fotos das espécies, foram selecionadas
e organizadas em pranchas para ilustrar a Flora do Campo dos Padres.
27
4. RESULTADOS
4.1 FLORÍSTICA
Foram feitos 1085 registros de plantas em 11 amostragens, totalizando 214 espécies
distribuídas em 48 famílias (205 fanerógamas, 6 pteridófitas e 3 bryales). As famílias com
maior riqueza de espécies foram Asteraceae (50 espécies), Poaceae (32 espécies) e
Cyperaceae (19 espécies) (Tabela 1). Com um mero menor de espécies, porém entre as
11 primeiras famílias, eso Orchidaceae (9), Iridaceae (7), Rubiacae (7), Juncaceae (6),
Fabaceae (5), Melastomataceae (5), Polygalaceae (4) e Xyridaceae (4). O restante das
falias apresentou riqueza inferior, sendo que em 10 famílias foram encontradas 3
espécies, 9 apresentaram 2 espécies e 18 famílias com apenas uma espécie encontrada
(Figura 4).
As famílias Asteraceae e Poaceae, além de apresentarem o maior mero de
espécies também têm alta densidade de indivíduos, seguidas por Cyperaceae. Apesar de
não apresentarem maior mero de espécies ou densidades o significativas quanto as três
primeiras, também são bem representativas para caracterização dos campos aqui estudados,
representantes das famílias Xyridaceae, Apiaceae, Eriocaulaceae, Polygalaceae e
Blechnaceae, pela densidade em que ocorreram. Adicionam-se nestes casos Orchidaceae e
Melastomataceae, porém, foram abundantes somente em determinada época do ano.
Tabela 1: Lista de famílias em ordem decrescente de riqueza de espécies encontradas em
levantamento realizado no Campo dos Padres.
Família
Nº spp.
Família
Nº spp.
Família
Nº spp.
Asteraceae
50
Myrtaceae
3
Calyceraceae
1
Poaceae
32
Oxalidaceae
3
Dicksoniaceae
1
Cyperaceae
19
Solanaceae
3
Dicranaceae
1
Orchidaceae
9
Verbenaceae
3
Ericaceae
1
Iridaceae
7
Alstroemeriaceae
2
Gesneriaceae
1
Rubiaceae
7
Berberidaceae
2
Hypericaceae
1
Juncaceae
6
Euphorbiaceae
2
Onagraceae
1
Fabaceae
5
Lycopodiaceae
2
Plagiogyriaceae
1
Melastomataceae
5
Lythraceae
2
Polytrichaceae
1
Polygalaceae
4
Malvaceae
2
Portulacaceae
1
Xyridaceae
4
Plantaginaceae
2
Selaginellaceae
1
Apiaceae
3
Polygonaceae
2
Sphagnaceae
1
Araliaceae
3
Valerianiaceae
2
Violaceae
1
Campanulaceae
3
Araucariaceae
1
Winteraceae
1
Eriocaulaceae
3
Asclepiadaceae
1
Total de espécies
214
Lamiaceae
3
Blechnaceae
1
Total de famílias
48
Lentibulariaceae
3
Bromeliaceae
1
28
Figura 4: Gráfico indicando a porcentagem da representatividade de famílias, considerando o
número de espécies que cada uma apresentou. Famílias com 3, 2 ou 1 registro foram agrupadas
para melhor vizualização.
Dentre as espécies registradas (Tabela 2), 18 ocorreram em todas as unidades de
paisagem campestre: Briza calotheca, Andropogon macrothrix, Axonopus ramboi, Agrostis
lenis, Danthonia montana e Paspalum pumilum (Poaceae), Baccharis uncinella, Baccharis
tridentata, Campovassouria bupleurifolia e Neocabreria serrulata (Asteraceae), Cuphea
cf. carthagenensis (Lythraceae), Tibouchina gracilis e T. urbanii (Melastomataceae),
Plantago australis (Plantaginaceae), Viola cf. subdimidiata (Violaceae), Blechnum
imperiale (Blechnaceae), Sphagnum sp. (Sphagnaceae) e Polytrichum cf. juniperinum
(Polytrichaceae).
0
5
10
15
20
25
29
Tabela 2: Lista de espécies vasculares por família, com estimativa de importância ecológica
relacionado às classes de unidades de paisagem de fitofisionomia campestre no Campo dos Padres.
C.Um. = Campo Úmido, C.Herb. = Campo Herbáceo, C.Arb. = Campo Arbustivo. A = abundante,
C = comum, O = ocasional , R = rara.
Família
Espécie
C. Um.
C. Herb.
C. Arb.
ANGIOSPERMAE
Alstroemeriaceae
Alstroemeria sellowiana Mart.
O
O
Alstroemeria isabelleana Herb.
O
Apiaceae
Eryngium pandanifolium Cham. & Schltdl.
C
Eryngium subinerme Mathias & Constance
R
Eryngium urbanianum H. Wolff
O
Araliaceae
Hydrocotyle cf. pusilla A. Rich.
C
O
Hydrocotyle sp.1
R
Hydrocotyle sp.2
R
Asclepiadaceae
Asclepias mellodora A.St.-Hil.
R
Asteraceae
Achyrocline cf. alata (Kunth) DC.
R
Achyrocline cf. satureioides (Lam.) DC.
R
O
Austroeupatorium sp.
R
Baccharis apicifoliosa A.A. Schneid. & Boldrini
R
Baccharis crispa Spreng.
R
Baccharis deblei An. S. de Oliveira & Marchiori
R
Baccharis helichrysoides DC.
R
Baccharis leucopappa DC.
O
Baccharis megapotamica Spreng.
C
O
Baccharis cf. microdonta DC.
R
Baccharis milleflora (Less.) DC.
C
O
Baccharis myriocephala DC.
R
Baccharis nummularia Heering & Dusen
O
Baccharis pseudovillosa I.L. Teodoro & J.E. Vidal
O
Baccharis ramboi G. Heiden & L. Macias
R
O
Baccharis tridentata Vahl
R
A
A
Baccharis trimera (Less.) DC.
R
O
Baccharis uncinella DC.
R
A
A
Barrosoa betoniciiformis (DC.) R.M. King & H. Rob.
R
R
Campovassouria bupleurifolia (DC.) R.M. King & H.
Rob.
O
O
A
Chaptalia exscapa (Pers.) Baker
C
R
Chaptalia integerrima (Vell.) Burkart
R
Chaptalia runcinata Kunth
R
Chaptalia sinuata (DC.) Baker
R
Conyza blakei (Cabrera) Cabrera
R
O
Conyza bonariensis (L.) Cronquist
R
Conyza floribunda Kunth
O
R
Conyza pampeana (Parodi) Cabrera
R
Erechtites valerianifolius (Wolf) DC.
R
Gamochaeta sp.
O
R
Graphistylis oreophila (Dusén) B.Nord.
R
30
Família
Espécie
C. Um.
C. Herb.
C. Arb.
Hypochaeris sp.
A
Leptostelma cf. catharinense (Cabrera) A. Teles & Sobral
R
Leptostelma maximum D. Don
O
Lessingianthus sp.1
R
Lessingianthus sp.2
R
Lucilia nitens Less.
R
Neocabreria malacophylla (Klatt) R.M. King & H. Rob.
O
Neocabreria serrulata (DC.) R.M. King & H. Rob.
R
O
C
Senecio brasiliensis (Spreng.) Less
O
Senecio grossidens Dusén
C
Senecio icoglossus DC.
O
Senecio lanifer (Mart.) ex C. Jeffrey
R
Senecio oleosus Vell.
R
Senecio pulcher Hook. & Arn.
C
Senecio subarnicoides Cabrera
R
Solidago chilensis Meyen
R
Trixis cf. nobilis (Vell.) Katinas
R
Vernonanthura montevidensis (Spreng.) H. Rob.
O
A
Asteraceae 1
R
Berberidaceae
Berberis laurina Bilb.
R
Berberis kleinii Mattos
O
Bromeliaceae
Aechmea recurvata (Klotzsch) L.B. Sm.
R
Calyceraceae
Acicarpha tribuloides Juss.
O
Campanulaceae
Lobelia anceps L.f.
R
Lobelia camporum Pohl
O
C
Wahlenbergia linarioides (Lam.) A. DC.
R
Cyperaceae
Bulbostylis sphaerocephala (Boeck.) C.B. Clarke
R
Carex albolutescens Schwein.
R
Carex brasiliensis A.St.-Hil.
R
Carex longii subsp. meridionalis (Kük.) Luceño & M.V.
Alves
O
Carex purpureovaginata Boeck.
O
Cyperus distans L.
R
R
Cyperus cf. hermaphroditus (Jacq.) Standl.
O
Cyperus intricatus Schrad. ex Schult.
O
Cyperus pohlii (Nees) Steud.
O
Cyperus sp.
R
Eleocharis sp.
R
Kyllinga odorata Vahl
O
Pycreus niger (Ruiz & Pav.) Cufod.
R
Rhynchospora flexuosa C.B. Clarke
O
Rhynchospora marisculus Lindl. ex Nees
R
Rhynchospora polyantha Steud.
C
R
Rhynchospora cf. uleana Boeck.
R
Rhynchospora sp.
R
Scleria sellowiana Kunth
R
R
Ericaceae
Gaylussacia angustifolia Cham.
R
31
Família
Espécie
C. Um.
C. Herb.
C. Arb.
Eriocaulaceae
Eriocaulon ligulatum L.B. Sm.
C
Paepalanthus caldensis Malme
R
Paepalanthus catharinae Ruhland
C
Euphorbiaceae
Croton migrans Casar.
O
Euphorbia peperomioides Boiss.
R
Fabaceae
Adesmia cf. ciliata Vogel
O
Lupinus magnistipulatus Planchuelo & D.B. Dunn
O
Mimosa taimbensis Burkart
R
Mimosa ramosissima Benth.
R
Mimosa scabrella Benth.
R
R
Gesneriaceae
cf. Sinningia allagophylla (Mart.) Wiehler
R
Hypericaceae
Hypericum cf. brasiliense Choisy
O
Iridaceae
Alophia coerulea (Vell.) Chukr
R
O
Sisyrinchium micranthum Cav.
R
O
Sisyrinchium palmifolium L.
O
O
Sisyrinchium aff. sellowianum Klatt
R
Sisyrinchium cf. setaceum Klatt
R
Sisyrinchium vaginatum Spreng.
O
R
Sisyrinchium sp.
R
Juncaceae
Juncus densiflorus Kunth
O
Juncus cf. leersii T. Marsson
R
Juncus microcephalus Kunth
O
Juncus cf. ramboi Barros
R
Juncus sp.
R
Luzula cf. campestris (L.) DC.
R
R
Lamiaceae
Cunila galioides Benth.
C
cf. Glechon sp.
R
Lamiaceae 1
R
Lentibulariaceae
Utricularia cf. praelonga A.St.-Hil. & Girard
R
Utricularia tridentata Sylvén
R
Utricularia reniformis A.St.-Hil.
R
Lythraceae
Cuphea cf. carthagenensis (Jacq.) J.F. Macbr.
R
O
O
Cuphea sp.
R
Malvaceae
Krapovickasia cf. macrodon (DC.) Fryxell
R
cf. Krapovickasia urticifolia (A.St.-Hil.) Fryxell
R
Melastomataceae
Rhynchanthera brachyrhyncha Cham.
R
Tibouchina gracilis (Bonpl.) Cogn.
R
C
O
Tibouchina hospita (DC.) Cogn.
R
Tibouchina ramboi Brade
R
Tibouchina urbanii Cogn.
R
O
O
Myrtaceae
Myrceugenia euosma (O. Berg) D. Legrand
R
Myrceugenia myrcioides (Cambess.) O. Berg
R
Myrceugenia oxysepala (Burret) D. Legrand & Kausel
R
Onagraceae
Fuchsia regia (Vell.) Munz
R
O
Orchidaceae
Brachystele sp.
R
R
Habenaria achalensis Kraenzl.
R
R
32
Família
Espécie
C. Um.
C. Herb.
C. Arb.
Habenaria henscheniana Barb. Rodr.
R
Habenaria macronectar (Vell.) Hoehne
O
R
Habenaria melanopoda Hoehne & Schltr.
R
Habenaria parviflora Lindl.
C
O
Habenaria cf. paulensis Porsch
R
Habenaria aff. repens Nutt.
R
Liparis vexillifera (La Llave & Lex.) Cogn.
R
Oxalidaceae
Oxalis cf. corniculata L.
O
Oxalis sp.1
O
R
Oxalis sp.2
R
Plantaginaceae
Plantago australis Lam.
O
O
O
Plantago cf. guilleminiana Decne.
R
Poaceae
Agrostis lenis Roseng., B.R. Arrill. & Izag.
R
C
C
Agrostis longiberbis Hack. ex L.B. Sm.
R
Agrostis montevidensis Spreng. ex Nees
R
Andropogon leucostachyus Kunth
R
R
Andropogon macrothrix Trin.
A
C
O
Aulonemia ulei (Hack.) McClure & L.B. Sm.
O
Axonopus fissifolius (Raddi) Kuhlm.
R
Axonopus ramboi G.A. Black
A
A
C
Axonopus siccus G.A. Black
R
Axonopus sp.
R
R
Briza brachychaete Ekman
R
Briza calotheca (Trin.) Hack
C
A
C
Calamagrostis longearistata (Wedd.) Hack. ex Sodiro
O
R
Calamagrostis reitzii Swallen
R
Calamagrostis viridiflavescens Poir. (Steud.)
R
Danthonia montana Döll
C
O
O
Deschampsia cespitosa (L.) P. Beauv.
O
Dichanthelium sabulorum (Lam.) Gould & C.A. Clark
R
R
Eragrostis cf. polytricha Nees
C
Eriochrysis cayennensis P. Beauv.
O
Festuca ampliflora Döll
R
Glyceria multiflora Steud.
R
Gymnopogon spicatus (Spreng.) Kuntze
R
Holcus lanatus L.
R
Paspalum dilatatum Poir.
R
Paspalum plicatulum Michx.
R
Paspalum polyphyllum Nees ex Trin.
O
O
Paspalum pumilum Nees
R
O
O
Schizachyrium microstachyum subsp. elongatum (Hack.)
Roseng., B.R. Arrill. & Izag.
R
Schizachyrium spicatum (Spreng.) Herter
R
O
Schizachyrium tenerum Nees
R
Stipa sellowiana Nees ex Trin. & Rupr.
O
Polygalaceae
Monnina cf. dictyocarpa Griseb.
O
Polygala aphylla A.W. Benn.
R
33
Família
Espécie
C. Um.
C. Herb.
C. Arb.
Polygala linoides Poir.
C
C
Polygala sabulosa A.W. Benn.
C
Polygonaceae
Polygonum cf. punctatum Elliott
R
Polygonaceae 1
R
Portulacaceae
Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn.
R
Rubiaceae
cf. Galianthe gertii E.L. Cabral
R
Galium hypocarpium (L.) Endl. ex Griseb.
O
O
Galium nigroramosum (Ehrend.) Dempster
R
Richardia humistrata (Cham. & Schltdl.) Steud.
R
Spermacoce sp.
O
O
Rubiaceae 1
R
Rubiaceae 2
R
Solanaceae
Calibrachoa sellowiana (Sendtn.) Wijsman
C
Nicotiana bonariensis Lehm.
O
Solanum reflexum Schrank
O
O
Valerianiaceae
Valeriana cf. catharinensis Graebn.
R
Valeriana muelleri Graebn.
R
Verbenaceae
Glandularia corymbosa (Moldenke) O'Leary & P. Peralta
R
O
Glandularia jordanensis (Ruiz & Pav.) N. O'Leary & P.
Peralta
R
Verbena cf. montevidensis
R
Violaceae
Viola cf. subdimidiata A.St.-Hil.
O
C
O
Xyridaceae
Xyris capensis Thunb.
R
Xyris filifolia L.A. Nilsson
C
R
Xyris reitzii L.B. Sm. & Downs
C
R
Xyris stenophylla L.A. Nilsson
C
R
Winteraceae
Drymis sp.
R
GYMNOSPERMAE
Araucariaceae
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
R
O
PTERIDOPHYTA
Blechnaceae
Blechnum imperiale H. Chr.
C
O
O
Dicksoniaceae
Dicksonia sellowiana Hook.
R
Lycopodiaceae
Lycopodiella sp.
R
Lycopodium sp.
O
O
Plagiogyriaceae
Plagiogyria sp.
R
R
Selaginellaceae
Selaginella sp.
O
O
BRYALES
Sphagnaceae
Sphagnum sp.
A
R
R
Polytrichaceae
Polytrichum cf. juniperinum Hedw.
C
R
R
Dicranaceae
Dicranaceae 1
R
34
4.2 CLASSES DO MAPEAMENTO DE UNIDADES DE PAISAGEM
Conforme apontado no método, as unidades de paisagem foram agrupadas em 6
classes. Destas, 3 são de formações de fitofisionomia campestre: campo úmido, campo
herbáceo e campo arbustivo. As outras 3 reúnem formações vegetais que também compõe
a paisagem, mas de fitofisionomia não-campestre: floresta, vegetação rupícola de escarpa e
silvicultura. Dentro das classes campo úmido e campo herbáceo observou-se formações
com padrões ecológicos distintos verificáveis somente in loco, mas, pelo fato de não
apresentarem clara definão na imagem de satélite, foram descritas como unidades
fitoecológicas nas respectivas classes a que estão associadas.
A seguir o apresentadas as classes com a descrição das características que
possibilitaram a padronização destas: resposta espectral, relevo, condições do solo,
fitofisionomia e composição florística (espécies mais freqüentes, lembrando-se que muitas
espécies herbáceas não necessariamente ocorrem durante todo o ano, devido aos diferentes
ciclos de vida).
4.2.1 Campo úmido
Os campos úmidos (Figuras 5 a 12) estão associados a platôs e áreas mais planas
onde há amulo de água, que mantém o solo encharcado praticamente em todas as
estações do ano. Algumas destas áreas constituem nascentes de cursos de água. Apesar de
a fisionomia ser tipicamente herbácea, a condição de saturação do solo é a característica
condicionante desta classe. A cobertura vegetal é densa, composta principalmente por
indivíduos herbáceos, mas também podem ser encontrados indivíduos subarbustivos.
As espécies picas que caracterizam esta classe são: Andropogon macrothrix,
Axonopus ramboi, Briza calotheca e Danthonia montana (entre outros representantes
8
de
Poaceae), Baccharis megapotamica, B. milleflora, B. deblei, B. leucopappa, B.
pseudovillosa, Baccharis spp., Hypochaeris sp., Senecio pulcher, S. grossidens, S.
icoglossus e S. subarnicoides (Asteraceae), Xyris spp. (Xyridaceae), Eryngium
pandanifolium, E. subinerme e E. urbanianum (Apiaceae), Habenaria parviflora e
Habenaria spp. (Orchidaceae), Eriocaulon ligulatum e Paepalanthus catharinae
(Eriocaulaceae), Rhynchospora spp. e Cyperus spp. (entre outros representantes de
Cyperaceae), Juncus microcephalus e Juncus densiflorus (Juncaceae), Sisyrinchium spp.
(Iridaceae), Alstroemeria spp. (Alstroemeriaceae), Glandularia corymbosa (Verbenaceae),
Cunila galioides (Lamiaceae), Polygala linoides (Polygalaceae), Blechnum imperiale
(Blechnaceae) e Sphagnum sp. (Sphagnaceae).
Na composição colorida utilizada aqui, a resposta espectral dos campos úmidos foi
observada em tons de lilás, roxo e azul, entremeados por tons areia, rosado e branco.
8
Ao longo deste item (4.2), quando indicada a contribuição de outros representantes de uma família, assim como gêneros
com a indicação ―spp.‖, ver Tabela 1, onde estão listadas as espécies e sua respectiva importância ecológica para cada
classe de unidade de paisagem.
35
Figura 5: Vista geral de campo úmido sobre platôs.
Figura 6: Delimitação (vermelho) indicando resposta
espectral da classe campo úmido.
Figura 7: Campo úmido em primeiro plano e, borda com
formação arbustivo-arbórea.
Figura 8: Campo úmido com vegetação se desenvolvendo
entre ―tapete‖ de Sphagnum sp.
Figura 9: Vista geral de campo úmido, indicando no
primeiro plano o nível do lençol freático entre as plantas
características da formação, como Eriocaulon ligulatum.
Figura 10: Campo úmido com Eriocaulon ligulatum e
representante do gênero Xyris.
36
Figura 11: Campo úmido, com floração de Senecio
grossidens (flores amarelas). Foto: Nara Mota.
Figura 12: Campo úmido com floração de Senecio pulcher
(flores rochas).
Como unidades fitoecológicas associadas aos campos úmidos foram identificadas
as turfeiras e os banhados.
As turfeiras (Figuras 13 a 16) o típicas de áreas de platôs, onde se encontram
solos orgânicos rasos encharcados. O aspecto mais indicativo desta formação é o
desenvolvimento de grandes ―tapetes de briófitas do gênero Sphagnum, cobertos por
Polytrichum cf. juniperinum. e liquens. Nas turfeiras avaliadas, a espessura deste ―tapete
de musgos mais a camada de solo orgânico variam de 0,5 a pouco mais de 1,0 m. A parte
superior da turfeira encontra-se acima do nível da água na maior parte do ano. Sobre a
densa camada de briófitas desenvolvem-se outras plantas, nas camadas inferiores são
encontradas raízes e partes de plantas parcialmente decompostas e, mais abaixo os
depósitos turfáceos, muito saturado em água, constituindo um ambiente onde há baixa
decomposição.
Figura 13: Platô com desenvolvimento de turfeira - região
central desta, indicada pela seta.
Figura 14: A mesma turfeira, vista de perto, com
desenvolvimento expressivo do tapete de musgos
(Polytrichum cf. juniperinum sobre Sphagnum sp.), onde
destacam-se Aulonemia ulei (pequeno bambu) e alguns
indivíduos de Blechnum imperiale. Foto: Jonatha Jüngue.
Além de várias das espécies comuns aos campos úmidos, tais como Axonopus
ramboi, Agrostis longiberbis, Briza calotheca e Stipa sellowiana (Poaceae), Blechnum
imperiale (Blechnaceae), Xyris spp. (Xyridaceae), Eriocaulon ligulatum (Eriocaulaceae),
Eryngium spp. (Apiaceae), Rhynchospora spp. (Cyperaceae), Senecio subarnicoides e
37
Hypochaeris sp. (Asteraceae), Habenaria spp. (Orchidaceae) e Alstroemeria isabelleana
(Alstroemeriaceae), caracterizam as turfeiras a presença típica de populações de Aulonemia
ulei (Poaceae) e Baccharis nummularia (Asteraceae).
Na composição colorida utilizada, observou-se que a resposta espectral das áreas de
turfeiras foi principalmente de tons de lilás e roxo, entremeados com azul claro.
Figura 15: Detalhe da parte superior de uma turfeira, onde
nota-se o adensamento de Sphagnum sp. (rosa) e outras
plantas crescendo sobre ele.
Figura 16: Plantas típicas de campo úmido, constituindo
borda de turfeira, Eriocaulon ligulatum (folhas mais
largas), representantes do gênero Habenaria (flores cor
creme) e poáceas. Foto: Nara Mota.
Áreas de banhados significantes (Figuras 17 a 20) foram encontradas na baixada do
Rio Canoas, em áreas planas constantemente inundadas onde a drenagem é deficiente. O
porte médio da vegetação é de 1,5m, com alguns indivíduos chegando a 2,0m. O nível de
água acima do solo, a altura e densidade da vegetação tornam este ambiente de difícil
transposição.
Figura 17: Vista geral de banhado (centro da foto) no vale
do Rio Canoas.
Figura 18: Banhado, com Eryngium pandanifolium
(inflorescência de cor roxa) e Briza calotheca
(inflorescência de cor creme).
A presença de Eryngium pandanifolium (Apiaceae) caracteriza bem a
fitofisionomia dessa unidade fitoecológica, assim como a densidade de espécies de
Cyperaceae (principalmente dos gêneros Carex e Rhynchospora) e Juncaceae (Juncus spp.)
diferenciam os banhados das outras unidades de campo úmido. Outras espécies
características: Briza calotheca, Deschampsia cespitosa, Eriochrysis cayennensis e
Festuca ampliflora (Poaceae), Baccharis megapotamica, B. myriocephala, B. leucopappa,
38
Senecio icoglossus e S. grossidens (Asteraceae), Eriocaulon ligulatum (Eriocaulaceae),
Xyris reitzii (Xyridaceae), Glechon sp. (Lamiaceae), Sisyrinchium spp. (Iridaceae) e
Monnina cf. dictyocarpa (Polygalaceae). Nas bordas destes banhados, em regiões que
acompanham as margens do rio, é comum haver acúmulo de sedimentos, propiciando o
desenvolvimento de uma pequena faixa de vegetação ciliar de fisionomia arbustiva, onde
são comuns representantes de Campovassouria bupleurifolia (Asteraceae). A largura desta
faixa varia de 5 a 30 m.
Na composição colorida utilizada, observou-se que a resposta espectral das áreas de
banhado foi principalmente de tons de roxo mais escuro, entre tons de lilás e azul.
Figura 19: Faixa de vegetação ciliar arbustiva com espécie
do gênero Chusquea na borda. Atrás desta faixa, área de
banhado.
Figura 20: Pequena área de um banhado onde se pode
constatar o alto nível de água e plantas picas: Eriocaulon
ligulatum, Eryngium urbanianum, ciperáceas e poáceas.
4.2.2 Campo herceo
Os campos herbáceos (Figuras 21 a 30) ocorrem principalmente nas áreas onde o
relevo é inclinado (porém não escarpado), onde o solo é raso e bem drenado. Com
freqüência são encontrados matacões de tamanhos variados e, em alguns casos a rocha
matriz aflorando ou solo exposto. Não acúmulo expressivo de água, apenas umidade
relacionada a períodos chuvosos, condições nebulares. Uma parcela significativa destas
áreas está associada ao pastejo extensivo ou possuem indicativos de queimadas.
A fisionomia herbácea é predominante, mas ocorrem também muitos indivíduos
subarbustivos e, em menor proporção, os arbustivos. Lenhosos maiores, tais como
Araucaria angustifolia e representantes da família Myrtaceae foram encontrados, mas o
raros nesta classe.
As espécies dominantes nesta formação são da família Poaceae e Asteraceae
(principalmente do gênero Baccharis). Dentre Poaceae, destacam-se Briza calotheca,
Andropogon macrothrix, Axonopus ramboi, Agrostis spp., Eragrostis cf. polytricha,
Schizachyrium spp. e Paspalum spp.. As asteráceas de porte subarbustivo e/ ou arbustivo
que se destacam na paisagem desta classe o Baccharis tridentata, B. uncinella e espécies
deste mesmo gênero possuidoras de caule alado, tais como B. trimera.
Espécies em menor densidade que as primeiras, porém que caracterizam os campos
herbáceos: Chaptalia exscapa e Achyrocline cf. satureioides (Asteraceae), Lobelia
39
camporum (Campanulaceae), Polygala linoides e Polygala sabulosa (Polygalaceae),
Calibrachoa sellowiana (Solanaceae), Tibouchina gracilis e T. urbanii (Melastomataceae),
Habenaria parviflora (Orchidaceae), Blechnum imperiale (Blechnaceae), Lupinus
magnistipulatus e Adesmia cf. ciliata (Fabaceae), Kyllinga odorata, Rhynchospora
flexuosa e Scleria sellowiana (Cyperaceae), Oxalis sp. (Oxalidaceae), Hydrocotyle spp.
(Apiaceae), Viola cf. subdimidiata (Violaceae), Galium hypocarpium (Rubiaceae),
Sisyrinchium micranthum (Iridaceae), Plantago spp. (Plantaginaceae), Cuphea cf.
carthagenensis (Lythraceae), Neocabreria serrulata e Campovassouria bupleurifolia
(Asteraceae de porte subarbustivo a arbustivo, quando subarbustivo, provavelmente
representantes de indivíduos jovens destas espécies).
Na composição colorida utilizada, a resposta espectral dos campos herbáceos foi
observada em tons claros, rosados, areia, branco ao creme.
Figura 21: Vista geral de campo herbáceo nas
proximidades do Rio Canoas, onde observam-se matacões
aflorando.
Figura 22: Delimitação (vermelho) indicando resposta
espectral da classe campo herbáceo.
Figura 23: Vista geral de áreas de campo herbáceo
ocorrendo em áreas inclinadas.
Figura 24: Campo herbáceo com alta densidade de
poáceas e com alguns indivíduos subarbustivos de
asteráceas. No alto, indivíduos lenhosos secos.
40
Figura 25: Campo herbáceo com subarbustos de
Baccharis uncinella.
Figura 26: Campo herbáceo com rocha exposta.
Figura 27: Campo herbáceo e limite com área de floresta
onde são visualizados arbustos secos.
Figura 28: Araucaria angustifolia crescendo sobre rocha
em área de campo herbáceo.
Figura 29: Áreas de campo herbáceo queimado, cuja ação
do fogo chegou à borda de floresta e de campo úmido
(lado esquerdo da foto).
Figura 30: Gado em unidades de paisagem de campo
herbáceo e, limite com floresta.
Apesar de não apresentarem diferenciação clara de resposta espectral na imagem de
satélite, os campos herbáceos ocorrentes nos platôs rochosos na borda das escarpas da
Serra Geral apresentam uma condição ecológica distinta dentro desta classe (Figuras 31 e
32). Eles ocorrem em áreas pouco inclinadas, de solo bem raso ou ausente, com a rocha
matriz exposta em vários pontos. o acúmulo expressivo de água no solo, porém a
vegetação está submetida diretamente à neblina que chega à Serra Geral, sendo
encontradas algumas pequenas áreas com características semelhantes às dos campos
41
úmidos. Andropogon macrothrix (Poaceae) domina a paisagem, acompanhado de
Hypochaeris sp. (Asteraceae), Agrostis lenis, Axonopus ramboi, Danthonia montana e
Paspalum pumilum (Poaceae), Alstroemeria isabelleana (Alstroemeriaceae), Polygala
linoides (Polygalaceae), Xyris reitzii (Xyridaceae), Viola cf. subdimidiata (Violaceae),
Paepalanthus catharinae (Eriocaulaceae), Juncus microcephalus (Juncaceae), Brachysteles
sp. e Habenaria parviflora (Orchidaceae), Plantago australis (Plantaginaceae) e
indivíduos subarbustivos de Baccharis cf. tridentata (Asteraceae).
Figura 31: Campo herbáceo sobre platô de borda de
escarpa.
Figura 32: Campo herbáceo sobre platô de borda de
escarpa com Andropogon macrothrix predominando na
paisagem.
4.2.3 Campo arbustivo
Os campos arbustivos ocorrem principalmente nas áreas declivosas (que não as
escarpadas), mas também em algumas áreas mais planas, com solo raso e bem drenado, em
condições semelhantes às do campo herbáceo (Figuras 33 a 40). A predominância na
fisionomia é de asteráceas arbustivas cuja altura pode chegar até 3 m, tais como Baccharis
uncinella, B. tridentata, Campovassouria bupleurifolia, Neocabreria serrulata e
Vernonanthura montevidensis, sendo tamm muito comum espécies subarbustivas e
arbustivas de Baccharis de caule alado. Em alguns pontos foram encontrados
agrupamentos de Croton migrans (Euphorbiaceae). Nas bordas das escarpas com platôs
destaca-se Mimosa taimbensis (Fabaceae). Em menor mero, porém representativos:
Neocabreria malacophylla (Asteraceae) e Berberis kleinii (Berberidaceae), a arvoreta
Berberis laurina, de porte arbustivo-arreo representantes da falia Myrtaceae, Drymis
sp. (Winteraceae) e, Araucaria angustifolia (Araucariaceae).
Situações de composição florística semelhante em estágio mais avaado,
apresentam resposta espectral na imagem de satélite com cores mais pximas às de
unidades de paisagem de floresta. Na classe aqui descrita estão incluídas as áreas que
podem ainda ser consideradas como de fisionomia campestre, ainda que com forte
representação de elementos arbustivos de maior porte. A condição de capoeira, com
arbustos e arvoretas mais desenvolvidos, está incluída na classe de floresta.
42
Na composição colorida utilizada, a resposta espectral dos campos arbustivos foi
predominantemente em tons de verde (mais claros) e de roxo, entremeados com tons claros
de cor areia, creme e rosados.
Figura 33: Vista geral de área com campo arbustivo.
Figura 34: Delimitação (vermelho) indicando resposta
espectral da classe campo arbustivo.
Figura 35: Vista geral de campo arbustivo (primeiro
plano) com gramíneas e Baccharis spp.
Figura 36: Campo arbustivo com predominância de
asteráceas.
Figura 37: Vista geral de campo arbustivo no segundo
plano.
Figura 38: Campo arbustivo em primeiro plano com
presença de indivíduos lenhosos mortos.
43
Figura 39: Área de campo arbustivo no meio de fragmento
de floresta.
Figura 40: Trilha entre campo arbustivo com
predominância de Baccharis uncinella.
4.2.4 Floresta
As áreas classificadas como floresta correspondem a toda vegetação arbustivo-
arbórea que não apresenta resposta espectral de formações campestres ou cuja proporção
destas é muito pequena (às vezes representando pequenas clareiras). Inclui Floresta
Ombrófila Mista e as Matinhas Nebulares associadas, em diferentes estágios de sucessão.
Também incide nesta classe a vegetação que se desenvolve no fundo dos vales escarpados,
cuja fisionomia é de porte arbóreo e que não apresenta cores de pixel de condição rochosa.
Na composição colorida utilizada, a resposta espectral das áreas de floresta foi
observada em diversas tonalidades de verde e azul, principalmente escuros (Figuras 41 a
44).
Figura 41: Vista geral de área de floresta.
Figura 42: Delimitação (vermelho) indicando resposta
espectral da classe floresta.
44
Figura 43: Encosta ocupada por floresta.
Figura 44: Área de floresta com vários indivíduos de
Araucaria angustifolia e Dicksonia sellowiana.
4.2.5 Vegetação rupícola de escarpas
Constituem regiões nos limites da área de estudo, onde estão localizadas as
escarpas, quando as cotas de altitude mpida variação, podendo passar de 1.700 a 1.500
m numa curta distância. Nesta classe está incluída a vegetação que se desenvolve sobre os
paredões rochosos das porções mais altas das escarpas (Figuras 45 a 48). Na imagem de
satélite esta classe pode estar indicando rochas expostas, vegetação herbácea ou densos
agrupamentos de taquaras (do gênero Chusquea - Poaceae), urtigão-da-serra (Gunnera
manicata - Gunneraceae), xaxim (Dicksonia sellowiana - Dicksoniaceae) e de espécies
arbóreas como a bracatinga (Mimosa scabrela - Fabaceae) em transição com as
formações florestais dos vales úmidos formados entre as escarpas.
Nas escarpas voltadas para o ângulo de maior incidência solar as cores da
vegetação ficam mais vivas, do contrário, aparecem sombreadas. É comum a visualização
de sulcos nesta paisagem, representando grandes vales de cursos d’água. No fundo dos
vales e em áreas mais úmidas são encontradas florestas formadas ou matinhas nebulares.
Na composição colorida utilizada, a resposta espectral da classe vegetação de
escarpas foi observada em tons claros (rochas), verde claro/brilhante e, manchas mais
escuras (roxo) representando sombras dos grandes paredões.
Figura 45: Vista geral de vegetação rupícola nas regiões
mais altas das escarpas.
Figura 46: Delimitação (vermelho) indicando resposta
espectral da classe vegetação rupícola de escarpas e de
áreas com sombra.
45
Figura 47: Vegetação que se desenvolve sobre as
escarpas: Chusquea sp. e Mimosa scabrella.
Figura 48: Vale localizado entre escarpas com formação
de floresta. Foto: Alexandre Filipini.
4.2.6 Silvicultura
Áreas com plantio de Pinus sp. (Figuras 49 a 52), com altura dia de 2 metros. A
identificação na imagem de satélite da classe silvicultura é confundida com aquelas de
campo arbustivo e campo herceo. Na composição colorida utilizada, tons de verde mais
claros, tons de roxo ao rosa mais claro e, areia ao branco são indicativos da presença destas
três classes. Fato que influencia nesta resposta é que em algumas destas áreas o plantio é
mais denso, em outras os indivíduos de Pinus sp. estão entremeados a arbustos e solo
exposto. Deve ser considerada também a diferença entre a data de captação da imagem
utilizada como base para este estudo, que foi em junho e julho de 2005, e as datas em que
foram realizadas as saídas de campo, entre 2007 e 2008, quando o crescimento e
conseqüente resposta destes plantios talvez fossem melhor detectados. Porém, como as
áreas de silvicultura o bem significativas, optou-se por mapeá-las, tendo como subsídio,
além dos dados levantados em campo, a imagem de satélite disponível no Google Earth,
datada de 7 de setembro de 2007, que possibilitou visualizar esta classe.
Figura 49: Área com plantio de Pinus sp.
Figura 50: Delimitação (vermelho) indicando resposta
espectral da classe silvicultura.
46
Figura 51: Plantio de Pinus sp. entre campo arbustivo e
formação florestal (fundo), onde se observa também áreas
com solo exposto.
Figura 52: Vista geral de área com silvicultura, com solo
exposto decorrente das atividades de plantio de Pinus sp.
4.3 MAPA DAS UNIDADES DE PAISAGEM
Os polígonos desenhados sobre a imagem de satélite, bem como sua classificação
podem ser observados no mapa de Unidades de Paisagem (Figura 53). A área e a
quantidade destes polígonos estão apresentadas na Tabela 3.
Classes de Unidades de Paisagem
Área
%
Nº de polígonos
Campo úmido
783
16
125
Campo herbáceo
1.145
23,4
111
Campo arbustivo
330
6,7
102
Vegetão rupícola de escarpa
123
2,5
12
Floresta
2.277
46,5
81
Silvicultura
242
4,9
21
Total
4.900
100
452
Total de unidades de paisagem campestre
2.258
46
338
Tabela 3: Área total (hectares), porcentagem (%) e número de polígonos por classe de unidade de
paisagem.
A paisagem estudada possui proporção semelhante entre a cobertura de
fitofisionomia campestre e florestal (2.258 e 2.277 hectares, respectivamente).
As unidades de paisagem representando as florestas correspondem a 46,5% da área
total, estão menos fragmentadas do que as campestres, distribuídas em número menor de
polígonos que, individualmente possuem maior área. Os maiores polígonos de áreas de
florestas são formados por fragmentos interligados por corredores ecológicos.
Os campos correspondem a 46,1%, quase metade da área total, porém estão
representadas em grande mero de polígonos. Dentre as unidades de paisagem campestre
16% são de campo úmido, 23,4% de campo herbáceo e 6,7% de campo arbustivo.
Se analisada somente unidades de paisagem de campo herbáceo, há maior
semelhança entre a forma e distribuição dos polígonos desta com os de florestas. Eles são
47
bastante recortados e, conseqüentemente possuem grande extensão de bordas de contato
entre as unidades de paisagem.
Existem poucos fragmentos de campo arbustivo, que são de dimensão reduzida e
estão distantes entre si. O número e área de unidades de paisagem de campo úmido são
maiores do que a de campo arbustivo, mas menores que a de campo herbáceo. A baixa
conectividade entre áreas de campo úmido se por uma condição ecológica associada ao
relevo, que é a saturação de umidade do solo, ou a baixa capacidade de drenagem que
ocorrem em locais específicos de relevo diferenciado as áreas de platôs.
As unidades de silvicultura e de vegetação rupícola de escarpas representam menor
proporção da cobertura total. Os polígonos de vegetação rupícola de escarpas estão
localizados nos limites da área de estudo, porém, na realidade, não constituem áreas
pequenas, apenas o esincluída neste mapeamento a totalidade dos fragmentos desta
formação.
Figura 53 (página seguinte): Mapa de unidades de paisagem na região do Campo dos Padres nos
municípios de Urubici e Bom Retiro / SC.
48
49
4.4 O BANCO DE DADOS
Associado aos polígonos classificados na imagem e pontos marcados em campo foi
criado um banco de dados no aplicativo ArcGis 9.0 contendo informações relativas à
localização por coordenadas UTM, altitude, forma e tamanho de polígono, referência de
fotos registradas naquele ponto, uma descrição geral do ambiente e plantas mais
freqüentes. A Figura 54 apresenta a visualização da interface do software utilizado.
Figura 54: Interface do ARcGis 9.0 com quadro indicativo das informões geradas no banco de
dados.
O banco de imagens da flora registrada possibilitou a criação de pranchas com fotos
ilustrativas da Flora do Campo dos Padres. A Figura 55 é um exemplo do layout destas
pranchas ilustrando representantes da família Asteraceae. Além de Asteraceae I, foram
elaboradas também Asteraceae II e III, Cyperaceae e Juncaceae, Iridaceae, Orchidaceae e
Poaceae I, II e III (Anexo 1).
50
Figura 55: Prancha ilustrativa da Flora do Campo dos Padres para a família Asteraceae.
51
5. DISCUSSÃO
5.1 FLORÍSTICA
Para avaliar e discutir a representatividade florística dos campos aqui
caracterizados, fez-se comparação com os trabalhos realizados por Boldrini (1997 e 2009),
Caporal & Eggers (2005), Eskuche (2007), Klein (1978 e 1984), Mattos (1957),
Mocochinski & Scheer (2008), Pillar (2000), Rambo (1953 e 1956a), Roderjan (1999) e
Simão (2008). Segue uma abordagem onde se avaliam as falias mais importantes,
ressaltando-se a condição ecológica de algumas espécies quando em comum com a
encontrada neste estudo.
Asteraceae e Poaceae são as famílias mais representativas em diversos
levantamentos realizados em Campos de Altitude, tanto pela riqueza específica, quanto
pela densidade de indivíduos, porém distribuídas de maneira distinta. Aqui, am do maior
número de espécies e alta densidade de indivíduos, os representantes de Asteraceae
sobressaem-se na vegetação, pelo maior porte e pelas inflorescências vistosas, se
destacando de maneira singular na paisagem.
Chama atenção a diversidade do gênero Baccharis, que é alta, principalmente das
espécies de caule alado, o que pela semelhança muitas vezes pode ser confundida com a
espécie mais conhecida popularmente que é B. trimera, a carqueja. Neste estudo foram
identificadas 15 espécies deste gênero.
A escie arbustiva mais comum aqui é Baccharis uncinella. Mattos (1957) a cita
como a mais comum nos vassourais (campo arbustivo) entremeados aos campos dos
bordos da serra, sendo esta a planta de maior porte nesta formação. B. tridentata, um
arbusto muito comum aqui, ocorre em outras áreas (Rambo 1956b), porém o é citada
como elemento freqüente.
Campovassouria bupleurifolia e Neocabreria serrulata, ambas também
reconhecidas como pertencentes ao gênero Eupatorium, são citadas por Rambo (1956b),
mas não parecem ser muito comuns em outros estudos. O autor também menciona
Vernonia nitidula, aqui reconhecida como Vernonanthura montevidensis, uma espécie que
caracteriza bem os campos arbustivos.
Destacam-se também importantes para caracterização dos campos da borda da
Serra Geral as Asteráceas: Achyrocline alata, A. satureioides, Baccharis helichrysoides, B.
megapotamica, B. milleflora, B. nummularia, B. pseudovillosa, Barrosoa betoniciiformis,
Chaptalia exscapa, C. integerrima, C. runcinata, Conyza bonariensis, C. montevidensis,
Erechtites valerianifolius, Leptostelma maximum, Lucilia nitens, Senecio brasiliensis, S.
icoglossus, S. oleosus e S. pulcher (Boldrini 2009, Eskuche 2007, Mattos 1957, Rambo
1956b). Corroborando com o estudo aqui apresentando, além destas, tamm outras
asteráceas dos gêneros Gamochaeta e Hypochaeris, compõe a flora dos Campos de
Altitude (Mattos 1957, Pillar 2000, Rambo 1956b).
Heterothalamus alienus é citada por Mattos (1957) e Eskuche (2007) como uma
importante astecea de campos arbustivos. Porém não foi encontrada neste estudo.
52
Apesar de Asteraceae ser a que possui maior número de espécies, Boldrini (2009)
salienta que nem sempre as famílias com maior riqueza específica o as mais importantes
para caracterização dos campos. A mesma constatação que a autora supracitada verificou
em Campos de Altitude do Rio Grande do Sul e Santa Catarina ocorre neste estudo:
Poaceae é a que predomina na caracterização da área estudada. Para Caporal & Eggers
(2005) Poaceae é a família de maior destaque para as formações campestres, tendo em
vista o mero de espécies e/ ou a cobertura de espécies dominantes, aspecto que se reflete
na fisionomia.
Nos campos sulinos, que incluem os campos associados à Mata Atlântica e ao
bioma Pampa, dominam espécies de Poaceae, principalmente dos gêneros Paspalum,
Axonopus, Andropogon, Aristida, Schizachyrium, Eragrostis e Piptochaetium (Pillar
2000).
Aqui, as poáceas representadas em todas as unidades de paisagem foram Briza
calotheca, Andropogon macrothrix, Axonopus ramboi, Agrostis lenis, Danthonia montana
e Paspalum pumilum.
Briza calotheca, Axonopus ramboi e Andropogon macrothrix por serem muito
abundantes são as que mais se destacam na paisagem campestre. Briza é o gênero que mais
se sobressai em unidade estudada nos Campos de Cima da Serra por Caporal & Eggers
(1995). Andropogon macrothrix é citada como freqüente por Klein (1978), Boldrini (1997
e 2009) e Simão (2008).
Eskuche (2007) coloca que Andropogon macrothrix e A. lateralis determinam o
aspecto primaveril quando não fogo. Curiosamente, Andropogon lateralis, citada como
predominante em campos associados à Serra Geral (Boldrini 1997 e 2009, Eskuche 2007,
Klein 1978, Mattos 1957 e Rambo 1956b), aqui o foi encontrada. A primeira espécie
parece ser restrita a Santa Catarina, Rio Grande do Sul e extremo nordeste da Argentina,
enquanto a segunda tem distribuição mais ampla (Eskuche 2007, Rambo 1956b)
Outras poáceas típicas de Campos de Altitude incluem Agrostis montevidensis,
Aulonemia ulei, Axonopus siccus, Calamagrostis longearistata, Paspalum dilatatum, P.
plicatulum, P. polyphyllum, P. pumilum, Schizachyrium spicatum e S. tenerum (Boldrini
1997 e 2009, Klein 1978, Simão 2008, Mattos 1957). Excetuando-se Paspalum pumilum,
presente nas três classes de unidade de paisagem campestre definidas neste estudo, as
espécies supracitadas não são tão freqüentes quanto as mencionadas nos parágrafos
anteriores, mas destacam-se como componentes significantes nos campos herbáceos e
úmidos. Holcus lanatus também é mencionada nos trabalhos avaliados, ocorre aqui, porém
é uma espécie subespontânea.
Na literatura citada, assim como nesse estudo, Cyperaceae, Juncaceae e Xyridaceae
também o importantes na composição florística dos Campos de Altitude, principalmente
Cyperaceae. A fisonomia e hábito das espécies destas três famílias são semelhantes aos das
espécies de Poaceae, o que numa primeira vista podem se confundir na paisagem. Porém,
diferem em riqueza especifica, são picas de ambientes úmidos, apresentando espécies
com particularidades em relação ao ambiente em que ocorrem.
53
Apesar de Cyperaceae estar geralmente associada a ambientes mais úmidos,
Boldrini (2009) verificou que as mais abundantes nos Campos de Altitude também
ocorrem em campos secos, como o que ocorre neste estudo com Bulbostylis
sphaerocephala e Rhynchospora flexuosa na classe campo herbáceo, indicando a presença
constante de umidade nestes ambientes. Roderjan (1999) também menciona esta
associação de Cyperaceae a ambientes mais úmidos, predominando em turfeiras, mas
também as encontrou em solos rasos com matacões e afloramentos.
Rambo (1956b) coloca como decisiva a importância dos gêneros Cyperus e
Rhynchospora na composição das turfeiras e dos campos úmidos. Destacam-se Cyperus
pohlii, Cyperus intricatus e Pycreus niger (Mattos 1957, Rambo 1953) também
encontradas em ambientes úmidos aqui. Além de Rhynchospora, Klein (1978) também
menciona o gênero Scleria como abundante e responsável pela fisionomia dos locais mais
úmidos.
O gênero Carex foi encontrado em campos úmidos específicos, caracterizados
como banhados. Rambo (1953) aponta C. longii e C. brasiliensis como típicos de turfeiras.
Xyridaceae apresentou baixa riqueza específica, mas dentre as quatro espécies
registradas neste levantamento, três espécies foram responsáveis pela formação de densos
agrupamentos em determinadas áreas de campos úmidos: Xyris filifolia, X. reitzii e X.
stenophylla, podendo estar associadas ou não. Xyris capensis é a espécie que se destaca em
outros levantamentos. Da maneira similar a Xyridaceae, a família Juncaceae apresentou
poucas espécies, mas a densidade de duas foram indicativos de campos úmidos: Juncus
densiflorus e J. microcephalus.
Outras famílias que possuem representantes típicos de locais mais úmidos são
Eriocaulaceae e Apiaceae, com baixa riqueza específica, mas com espécies indicadoras dos
Campos de Altitude. Eriocaulon ligulatum (Eriocaulaceae) é típica e exclusiva de
formações campestres, tanto planálticas como das montanhas da região sul-brasileira
(Roderjan 1999). A família Apiaceae fisionomicamente é muito importante. Nas baixadas
úmidas típicas, onde o banhado está estabelecido, a fisionomia é dada por Eryngium
pandanifolium, que ocorre com alta freqüência (Boldrini 1997 e 2009).
Adensamentos de indivíduos de Sphagnum sp. foram encontrados nos campos
encharcados, como os banhados e as turfeiras. Nas regiões de turfeiras, am dos musgos
do gênero Sphagnum, é comum a samambaia-dos-banhados (Blechnum imperiale) (Klein
1978). Escies de gênero Sphagnum ocorrem nas áreas mais úmidas e constituem um
grupo importante na florística e fisionomia dos Refúgios Vegetacionais de Campos de
Altitude (Roderjan 1999). Destacou-se também na parte superior das turfeiras o
adensamento de Polytrichum cf. juniperinum, onde se forma um ambiente menos
encharcado.
Famílias que apresentam riqueza florística considerável podem não contribuir
expressivamente para a fisionomia, por encontrarem-se dispersas na vegetação,
entremeadas ou escondidas por extensas populações de Poaceae (Boldrini 2009). Tais
falias variam na representatividade, dentre as significantes também pra este estudo são
citadas: Melastomataceae, Orchidaceae, Rubiaceae e Fabaceae. No caso das duas
54
primeiras, além poder estar entremeadas a vegetação, a visualização de tais espécies varia
de acordo com a época do ano. Espécies de ciclos anuais podem passar despercebidas,
porémo mais perceptíveis na época de florescimento, tal como foi observado com
Rhynchanthera brachyrhyncha (Melastomataceae) e Habenaria parviflora (Orchidaceae).
Com base nos dados de levantamentos realizados em outras áreas de Campos de
Altitude no sul do Brasil, esperava-se maior diversidade de Fabaceae. Rambo (1953)
aponta Fabaceae como dentre as três grandes famílias campestres, junto a Asteraceae e
Poaceae.
Considerando a riqueza específica, Solanaceae, Lamiaceae, Euphorbiaceae e
Verbenaceae contribuem de maneira menos expressiva na área estudada, mas a densidade
de indivíduos é significativa para caracterização dos campos.
Ericaceae é citada como família pica de áreas montanhosas do Brasil (Roderjan
1999, Rambo 1953). Neste estudo tal fato o ocorre, pois foi registrada somente uma
espécie, Gaylussacia angustifolia.
Nos levantamentos realizados na Serra do Mar no Paraná, Myrtaceae e
Bromeliaceae se destacam (Mocochinski & Scheer 2008, Roderjan 1999, Simão 2008),
porém o neste estudo. A primeira es associada a formações arbustivas, sendo aqui
encontrados esparsos indivíduos no campo herbáceo e arbustivo, apesar de muito freqüente
nas áreas de formação florestal adjacentes. A segunda é comum em afloramentos rochosos,
que parece ser mais representativos nestas outras áreas amostradas do que na estudada no
Campo dos Padres.
Iridaceae e Polygalaceae, apesar de terem mostrado relativa riqueza específica aqui,
em outros levantamentos o citadas, porém o como famílias mais ricas. Estas famílias,
além da riqueza, também apresentaram densidade significativa para caracterização da área
amostrada.
Considerando os objetivos deste trabalho, o número de espécies encontradas no
Campo dos Padres é satisfatório, visto que o intuito do levantamento florístico foi o de
subsidiar a caracterização das unidades de paisagem campestres para um mapeamento. Se
fossem continuados os trabalhos de campo, provavelmente o número de espécies ainda
aumentaria.
Apesar de diferirem em metodologia, esforço e tamanho de área amostrada,
comparando-se a riqueza florística encontrada em outras áreas de Campo de Altitude, os
dados registrados na área do Campo dos Padres o destacáveis; seguem algumas
observações.
Os estudos sobre os Campos de Altitude da borda da Serra Geral apresentam maior
similaridade com este estudo em vel específico do que com os realizados na Serra do
Mar (Paraná).
Rambo (1956b) apresentou a flora dos aparados riograndenses. Considerando os
campos e as turfeiras, registrou a ocorrência de 451 espécies. Destas, 91 espécies foram
registradas neste estudo, quase metade do total aqui encontrado (214).
A flora dos campos apresentada por Mattos (1957) inclui diversos gêneros também
levantados aqui, porém poucas espécies coincidem. A descrição da vegetação foi de área
55
extensa do município de o Joaquim, atualmente com limites territoriais reduzidos. Pela
analogia com a área de estudo esperava-se maior similaridade florística. Considerando as
formações campestres e arbustivas, 31 espécies são coincidentes.
Considerando os campos e formações arbustivas de Bom Jardim da Serra estudadas
por Eskuche (2007), 31 espécies coincidem, mas também diversos gêneros são comuns.
Caporal & Eggers (2005) realizaram levantamento de poáceas na região dos
Campos de Cima da Serra no RS, onde encontraram 60 espécies típicas de campos (exceto
Holcus lanatus que é subespontânea). Excluindo-se as bambusoidae, dentre as 31 espécies
de poáceas levantadas aqui, 21 coincidem com as apontadas para os campos de Cima da
Serra.
Mocochinski & Scheer (2008) registraram 280 espécies vegetais vasculares em
Campos de Altitude da Serra do Mar Paranaense, 25 em comum com as levantadas aqui.
Em levantamento noutro ponto desta Serra, foram encontradas 128 espécies, das quais 17
espécies coincidem com as levantadas aqui (Roderjan 1999).
A área de refúgio vegetacional altomontano caracterizada por Simão (2008) na
Serra do Mar no Paraná não parece ter relação muito próxima com a área deste estudo. A
vegetação amostrada ocorre em áreas mais rochosas, com grande contribuição de
comunidades rúpicolas e formações arbustivas. Tal área apresenta poucas espécies em
comum com este estudo, apenas 10.
Outro fator interessante obtido através do levantamento flostico é que dentre as
espécies encontradas, 27 o citadas como endêmicas da Serra Geral: Alstroemeria
sellowiana (Alstroemeriaceae), Eryngium urbanianum (Apiaceae), Baccharis apicifoliosa,
B. deblei, B. nummularia, B. pseudovillosa, B. ramboi, Leptostelma catharinense,
Neocabreria serrulata e Senecio subarnicoides (Asteraceae), Berberis kleinii
(Berberidaceae), Gaylussacia angustifolia (Ericaceae), Paepalanthus catharinae
(Eriocaulaceae), Lupinus magnistipulatus e Mimosa taimbensis (Fabaceae), Juncus ramboi
(Juncaceae), Tibouchina ramboi (Melastomataceae), Agrostis lenis, A. longiberbis,
Aulonemia ulei, Axonopus ramboi, Briza brachychaete, Calamagrostis reitzii e Stipa
sellowiana (Poaceae), Galianthe gertii (Rubiaceae), Calibrachoa sellowiana (Solanaceae)
e Xyris reitzii (Xyridaceae) (Rambo 1956b, Zuloaga 2008 e Boldrini 2009).
Conforme observou Safford (1999 e 2007), o elevado número de espécies
endêmicas nessa formação indica que esses ambientes são relativamente antigos e não
apenas produtos de distúrbios antrópicos recentes. O desdobramento destas espécies
decorre do aumento histórico da pluviosidade que se seguiu após o final da última
glaciação xima (10.000 AP), quando os troncos campestres se transformaram em
espécies altamente adaptadas a um ambiente peculiar e inexistente no peodo anterior,
marcadamente seco (Rambo 1956b). Safford (2007) descreve que a alopatria climática é o
principal caminho de especiação nos Campos de Altitude brasileiros. Quando surge um
novo cenário de vida vegetal, portador de possível vegetação, mas diferente dos cenários
existentes na vizinhança, que as espécies destes não o podem povoar, então os troncos da
vizinhança se desdobram em novas espécies convenientes ao novo ambiente (Rambo
1956b).
56
Rambo (1956b) relata que várias espécies foram descobertas por Reitz no Campo
dos Padres e, que a rego montanhosa da beira oriental dos planaltos central sul -
brasileiro é foco de novas espécies. Tal fato, constatado a cerca de 50 anos atrás, poderia
ser diferente hoje, pois novos estudos poderiam indicar a ocorrência de tais espécies em
outros locais, porém a singularidade destes ambientes ainda se mantém.
Alguns registros de novas espécies o recentes. Dentre as espécies descritas nos
últimos 5 anos cita-se: Baccharis apicifoliosa (2008), Baccharis deblei (2005) e Baccharis
ramboi (2008). Apesar de indicar um atual esforço de pesquisa, essa situação reflete o
pequeno mero de trabalhos realizados nos Campos de Altitude na Serra Geral de Santa
Catarina e reforça a importância de ações para sua conservação.
A Flora Ilustrada Catarinense, umas das principais referências utilizadas aqui para
identificação das espécies, é uma obra singular para o estado, porém ainda existem
algumas famílias que não dispõe de bibliografia adequada. Além disso, muitos nomes eso
desatualizados. Isto dificulta bastante os trabalhos e, demonstra a deficiência de pesquisas
taxonômicas com espécies campestres.
5.2 METODOLOGIA UTILIZADA PARA AMOSTRAGEM DA VEGETAÇÃO
Quanto ao método utilizado para realizar o levantamento da flora ocorrente nas
unidades de paisagem, é importante colocar que foram testados dois métodos. Inicialmente
utilizou-se o todo do ponto para levantamento de vegetação em formações herbáceas.
(Mantovani & Martins 1990). O todo consiste na realização de transecção linear,
amostrando pontos ao longo desta utilizando um bastão projetado verticalmente sobre o
solo, onde os indivíduos que o tocam são amostrados. Foram feitos 4 transectos, porém
esta metodologia não se mostrou adequada para os objetivos deste trabalho, que envolve
uma área muito extensa. Ao final destas 4 amostragens, avaliou-se que este método requer
disponibilidade de tempo maior para percorrer a grande extensão de unidades de paisagem
desejada.
Num segundo momento, utilizou-se o método do caminhamento (Filgueiras et al.
1994). A mobilidade e rapidez de coleta ao longo da unidade se tornou maior, quando se
podia também avaliar as condições ecológicas em extensão considevel da formação. Este
método apresentou maior eficiência para identificação das plantas mais comuns, podendo
também ser coletadas plantas não tão freqüentes, uma vez que todas as plantas eram
coletadas, não somente as que tocavam no bastão. Ao final do percurso, dentre as plantas
coletadas registrava-se também as mais freqüentes. Além disso, não era objetivo ter uma
avaliação precisa ou fitossociológica da composição das espécies, e sim, realizar uma
caracterização geral.
Outro fator importante de se destacar é o baixo número de indivíduos férteis
durante os meses mais frios do ano. Os trabalhos de campo realizados durante os meses
mais quentes foram mais significativos em número de plantas férteis, conseqüentemente,
puderam ser identificados mais indivíduos. Em estado vegetativo, a identificação de
57
espécies de determinadas famílias é praticamente impossível, como entre as Poaceae,
sendo que dificilmente puderam ser diferenciadas sem que estivessem rteis. Por outro
lado, para interpretação da paisagem, os meses mais frios são os menos chuvosos, quando
a neblina é menos freqüente e se pode visualizar de pontos mais altos a paisagem e suas
unidades delimitadas neste estudo.
5.3 FERRAMENTAS CARTOGRÁFICAS
Nos trabalhos de mapeamento é comum a utilização de mais de um produto
cartográfico, tais quais os que serão descritos a seguir.
De acordo com Martinelli (2006), num mapa temático, a cartografia topogfica
prepara um pano de fundo de referência adequado a acomodar o tema. A base cartográfica
completa o empreendimento de um mapa temático e, atualmente, a coordenação dos dados
e da base cartográfica constitui uma operação integrada (Martinelli 2006). Neste estudo,
além da base para o mapa temático, a carta topográfica foi utilizada para associar o relevo
e a hidrografia à interpretação visual da imagem de satélite como subsídio para definição
dos tipos de campos. Este procedimento foi feito tanto nos trabalhos preparativos, quanto
foi utilizado posteriormente para finalizar o mapeamento, como forma de extrapolar as
correlações feitas em campo. Esta associação foi muito importante para identificar a
ocorrência das classes de vegetação campestre.
Para execução deste estudo identificou-se as imagens aéreas disponíveis para saber
qual seria a melhor oão de trabalho frente aos objetivos propostos. Os aspectos de maior
influência para esta avaliação foram a resolução espacial da imagem e as facilidades de
trabalho, tanto em função de disponibilidade em meio digital, quanto em relação às
atividades de verificação em campo. As imagens disponíveis para visualização da área de
estudo eram fotografias aéreas, imagem dos satélites SPOT e LANDSAT e, as
disponibilizadas pelo Google Earth.
Apesar de existirem fotografias aéreas da área estudada com boa resolução, na
escala 1:25.000, elas o datadas de 1957 e 1978, a princípio, muito antigas para avaliar a
vegetação atual. Por outro lado, foi realizada uma breve comparação da situação da
vegetação naquelas datas com a atual, sendo esta comparação importante para o
entendimento da evolução dos campos na área de estudo (discutida mais a frente, no item
5.6). As técnicas de estereoscopia poderiam fornecer ótimos parâmetros para avaliação da
vegetação, como por exemplo, através de sua quantificação numa análise temporal. Porém,
não foram realizadas, uma vez que havia um grande volume de dados para serem
analisados e, em função da disponibilidade de tempo para a execução desta pesquisa,
foram escolhidos somente alguns métodos para execução deste mapeamento, dando-se se
prioridade à avaliação da imagem do satélite SPOT. Além da comparação acima
mencionada, as fotografias constituíram suporte para este estudo, sendo práticas para os
trabalhos de campo, pois a boa resolução facilita a correlação com a realidade.
58
O Google Earth pode fornecer imagens de satélites de ótima precisão, entretanto,
apresenta algumas dificuldades para uso. Este programa dispõe de vários tipos de imagem,
desde imagens de média resolução espacial (20 a 30 m, como por exemplo, do satélite
LANDSAT), até imagens de alta resolução (1 a 5 m, tais como dos satélites IKONOS,
QUICKBIRD e SPOT). Assim, dependendo da área, o imageamento pode ser composto
por um mosaico de imagens proveniente de satélites e datas distintos. No início desta
pesquisa o havia registros de boa resolução espacial para a área de estudo. No decorrer
desta, curiosamente foi disponibilizada uma faixa de parte da área que foi muito prática
para comparação com a delimitação que estava sendo feita. Porém, não estavam
disponíveis em tempo bil e o abrangiam a área por inteiro, sendo somente utilizada na
confecção final do mapa, como suporte, principalmente, para delimitação das áreas de
silvicultura.
As imagens do Google Earth estão disponíveis para uso público e podem ser
utilizadas para vários tipos de aplicação, desde que seja mencionada a fonte de origem da
informação e sejam seguidas as normas de licença associada. Podem exibir uma rego de
estudo em uma apresentação, simplesmente como arquivo de imagem. Contudo, este tipo
de arquivo não permite que se trate a imagem, como quando se trabalha e analisa diferentes
composições coloridas em softwares de processamento digital. Estas imagens não são
indicadas para extrair dados de distâncias e áreas em escalas grandes ou médias, pois
podem existir erros grandes de posicionamento. Porém, quando se trabalha com escalas
pequenas, estas imagens podem até constituir um plano de fundo em um projeto SIG,
desde que o técnico saiba fazer os processamentos necessários para tornar isso viável. De
maneira geral, imagens do Google Earth não são indicadas para trabalhos técnicos de
cartografia ou geoprocessamento, pois não rigidez geométrica (precisão) para esse tipo
de imagem.
A imagem do satélite SPOT 4 possui resolução espacial de 10 m, o que permite a
produção de mapas na escala de até 1:25.000 e, avaliações de áreas extensas. Esta escala é
indicada para levantamentos de tipos e subtipos dominantes ou associações dominantes na
vegetação. o foram encontradas referências de diferenciação de áreas campestres como
a realizada aqui com esta imagem. Mas são apresentados alguns estudos que delimitaram
áreas distintas de vegetação que incluem formões campestres, porém, utilizando outros
tipos de imagens, principalmente as do satélite LANDSAT.
Santos et al. (2004) realizaram mapeamento para identificação de diversidade de
habitats no Parque Nacional dos Aparados da Serra. Para análise da cobertura vegetal foi
utilizada a classificação (digital) não-supervisionada da imagem do satélite LANDSAT 5,
bandas 5, 4 e 3.
Para mapeamento objetivando trabalhar a gestão ambiental dos recursos dricos
em Cambará do Sul (Rio Grande do Sul), Hoff et al. (2008) apresentaram mapa de
cobertura do solo, com 16 classes de cobertura vegetal. Para tanto, realizaram classificação
(digital) supervisionada sobre imagens LANDSAT 5, e, como suporte, interpretação visual
desta imagem, utilizando uma composição colorida RGB 345 e interpretação de fotografias
aéreas.
59
Alarcon & Silva (2007), para mapear a cobertura vegetal do Parque Nacional de
São Joaquim (Santa Catarina), também utilizaram classificação supervisionada, porém
sobre imagem LANDSAT 7.
Roderjan (1999) utilizou distintos recursos cartográficos para o mapeamento de
refúgios altomontanos no Paraná, onde incidem áreas de Campos de Altitude. Segundo o
autor, a utilização da imagem do satélite LANDSAT 5 não logrou resultados satisfatórios
na distinção dos refúgios vegetacionais. Pois, no confronto das coordenadas obtidas em
campo via GPS, não se obteve clareza na delimitação dos campos, mesmo quando os
pontos assinalados indicavam o limite com as florestas, de textura e tonalidade muito
distintas. Ao analisar as fotografias aéreas, o autor constatou que, apesar de defasadas em
17 anos, elas constituíram apoio importante para a fotointerpretação e permitiram ótima
visualização por via terrestre. Porém, foram citados os pontos negativos: possuem
distorções, irregularidades de bordadura e sombras. O procedimento por fotografias áreas
foi complementado por rastreamento cinemático com receptores GPS, que se mostrou
eficiente e preciso. Contudo, de acordo com o autor, tal rastreamento exige preparo físico
adequado, portanto passível de utilização em áreas pouco extensas. Para grandes
superfícies as imagens de satélite são recursos indispensáveis.
Para indicar a área de ocorrência das diferentes formações dos refúgios
vegetacionais em área da Serra do Mar no Paraná, Simão (2008) utilizou uma composição
gráfica, contendo uma ortofoto e um modelo de elevação do terreno. O mapeamento da
vegetação e análises quantitativas referentes à área de cada formação o foram objeto do
referido estudo, sendo somente ilustrativos. A área efetiva de estudo corresponde a 5,4 ha,
bem inferior à estudada aqui, 4.900 ha. A diferença em tamanho de áreas demonstra as
possibilidades de utilização dos materiais em função das escalas, se fotografias ou imagens
de satélites.
Apesar de não possuírem alta resolução espacial (30 m), as facilidades de obtenção
das imagens LANDSAT, pela gratuidade e disponibilidade em meio eletrônico oferecida
no site Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), fazem com que esta seja
amplamente utilizada.
As imagens das séries do satélite SPOT não são gratuitas, porém, no início desta
pesquisa se teve acesso ao imageamento desta área, disponibilizado pelo Ministério do
Meio Ambiente, que estava finalizando pesquisas na região. Assim, a escolha desta
imagem para os trabalhos se deu em função da praticidade, pois foi recebido arquivo
digital georeferenciado e, em função da resolução espacial de 10 m, que é maior do que
a do satélite LANDSAT (30 m).
Ressalta-se ainda que as possibilidades de explorar as informações a partir de uma
imagem de satélite o inúmeras, sobretudo pelas ferramentas existentes nos softwares de
geoprocessamento. Neste estudo foi feita uma interpretação visual. O processamento para
composição de imagem colorida para realçar objetos desejáveis, ou a realização de
classificação supervisionada, podem oferecer resultados diferentes destes na detecção dos
elementos que compõem a paisagem campestre.
60
5.4 INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM DO SATÉLITE SPOT
Ainda que o tenha sido percorrida toda área de estudo, pôde-se constatar que
repetibilidade dos padrões definidos para as classes. O mapeamento das unidades de
paisagem apontou que padrões de resposta espectral visualizados na imagem de satélite
coincidiram com o que era esperado e foi verificado em campo.
Porém, a resolução espacial da imagem utilizada (10 m) o permitiu uma
definição precisa da delimitação de turfeiras e banhados, que foram apontadas no
mapeamento como unidades fitoecológicas e não como uma classe de unidade de
paisagem. Em alguns casos, as turfeiras e banhados apresentaram definição para que
fossem identificadas como classes, mas não foi constatada repetibilidade de padrão.
A resposta espectral de áreas úmidas, associada a outros fatores, tais como o relevo,
possibilitou a identificação de lugares onde seriam encontradas turfeiras e banhados, porém
na sua maioria não possuíam limites para diferenciação na imagem.
Tal fato pode estar relacionado à época do ano em que foi feito o imageamento, que
foi no inverno, peodo de menor precipitação, acarretando em menor amulo de água
nestas áreas. Tal fator poderia ser interpretado de maneira distinta se fosse utilizada uma
imagem captada durante o período de maior precipitação.
A correlação da imagem de satélite com as verificações em campo foi feita em data
distinta, com pelo menos 1 ano de diferença da obtenção da imagem e o início dos
trabalhos de campo, o que pode também ter influenciado na interpretação dos fatos.
Fatores como queimadas, nível de lençol freático, a presença de espécies anuais ou
perenes, bem como da época de vida (se florescendo ou vegetativa, com matéria seca ou
viva/ verde) são situações que influenciam sensivelmente na resposta espectral registrada
na imagem.
Separadas estas unidades fitoecológicas, os parâmetros indicativos para ocorrência
de determinada classe de unidade de paisagem, na maioria dos pontos que foram visitados
e verificados, a unidade de paisagem encontrada coincidiu com o que era esperado. Ocorre
que, como todo mapeamento obtido por análise visual de imagem, nas áreas o visitadas,
considera-se a subjetividade do analista da imagem, uma vez que a extrapolão é proposta
do mapeamento. Se o analista interpreta cor, tonalidade, textura e forma como padrão de
uma classe, isso é estendido para toda imagem. Ressalta-se aqui também que a resolução
espacial não permite diferenciar ocorrências de áreas menores que aquela (no caso, 10 m),
sendo essa uma inconsistência observada no mapeamento final.
5.5 CLASSES ATRIBUÍDAS ÀS UNIDADES DE PAISAGEM CAMPESTRE
Foram encontradas poucas referências na literatura apresentando descrições e/ ou
mapeamentos com delimitações de tipos dominantes na vegetação de Campos de Altitude.
Apesar disto, dentre as descrições que caracterizaram formações dos campos da Serra
Geral foi encontrada semelhaa com a proposta aqui. dentre as referências de
61
mapeamento de campos de altitude não foram apresentadas descrições detalhadas das
classes indicadas, mas, estas forneceram alguns indicativos de similaridade com as
identificadas neste estudo, possibilitando uma comparação em termos de área mapeada.
Nesse sentido, seguem algumas observações.
Rambo (1956a), ao caracterizar a fisionomia do Rio Grande do Sul de ampla
maneira, reconhece diversas formações vegetais que incluem, dentre outras, os campos
(limpos, turfosos ou muito úmidos), banhados e turfeiras, porém o os descreve. em
outro estudo realizado por Rambo (1956b), em que trata especificamente da flora dos
aparados riograndenses, é feita uma descrição de cinco formações: pinhal, campo, turfeira,
matinha nebular e lugares rupestres. A caracterização dos campos e das turfeiras, bem
como dos limites entre eles e as áreas de floresta, em muito se assemelha com as áreas
caracterizadas nessa pesquisa.
De acordo com Rambo (1956b) os campos apresentam na sua maioria ervas e
arbustos de a1 m de altura, seguidos por ervas rasteiras e eretas de acerca de 10 cm e
uma menor contribuição de arbustos de até 3m. Nas turfeiras o escalonamento da
vegetação é essencialmente o mesmo como no campo, as diferenças são o menor número
de espécies e maior densidade de indivíduos.‖ De fato, nas turfeiras avaliadas, observa-se
que na porção central daquelas mais consolidadas um adensamento de muitos
indivíduos de poucas espécies.
Rambo (1956b) menciona que: Entre campo e turfeiras o limite é indefinido. Na
realidade, não há campo seco em todo percurso dos Aparados. A cerração quase que
diária e o baixo índice de evaporação... fazem com que faixas extensas sejam literalmente
ensopadas de umidade. Dias de sol... sem chuvas ou cerração, secam a porção mais
superficial da leiva, não afetando o teor de umidade do chão preto e compacto. Assim,
todo campo é turfoso e super-úmido. Mesmo as porções rupestres com seus dois dedos de
terra preta, participam deste caráter geral. Entretanto, o teor de umidade, na paisagem
ondulada, varia suficientemente para justificar a divisão em campos e turfeiras.
Assim, ao avistar a paisagem, é possível encontrar dificuldades para definição de
limites entre campos herbáceos, campos úmidos ou as áreas de turfeiras mais consolidadas
em função do porte da vegetação, que é semelhante. Porém, este fato não se aplica à
distinção através da composição e densidade das espécies mais características por unidade
de paisagem, nem em relação ao gradiente de umidade, que o identificados em campo
com relativa facilidade. ao se observar a imagem de satélite, identificou-se áreas com
maior umidade, contudo, devido à resolução espacial de 10 m, a delimitação destas não
pôde ser precisa.
Com relação às espécies características, Rambo (1956b) menciona: O
aparecimento de Eryngium e de tufos de Sphagnum marca o começo do ntano
puramente turfoso. Adiciona-se às estas, espécies que foram encontradas nas turfeiras
tais como Aulonemia ulei e Baccharis nummularia, indicativas da ocorrência destas
formações. Destaca-se também que aqui o adensamento do gênero Eryngium foi associado
aos banhados, tipicamente distintos das outras áreas de campo úmido. Rambo (1956b)
menciona ainda Baccharis pseudovillosa como espécie que se encontra em turfeiras, o
62
que para este estudo, esteve associada aos campos úmidos de maneira geral. Tais
constatações nos leva a crer que as turfeiras descritas por Rambo são análogas aos campos
úmidos e unidades fitoecológicas associadas, as turfeiras e os banhados aqui descritos.
A constatação de que: ―... às vezes a turfeira se estende encosta acima, onde as
precipitações o tantas que nunca chegam a escorrer completamente para as baixadas
(Rambo 1956b), parece indicar mais uma condição: as áreas como estas foram
identificadas como raros casos onde em áreas de encostas havia maior concentração de
Sphagnum, o que na prática, foi maispico em baixadas. Casos como estes foram
mapeados a partir das diferentes respostas espectrais na imagem de satélite, como campo
úmido ou campo herbáceo.
Ainda seguindo as descrições feitas por Rambo (1956b), sobre os limites entre as
formações: “... em contato com as turfeiras, o pinhal não termina abruptamente, mas os
elementos dos seus andares inferiores se rarefazem, a cederem completamente às
espécies das turfeiras. Estes casos foram raros, apenas uma das turfeiras visitadas
apresentou tal condição. Tendo como subsídio a caracterização deste local feita em campo,
a análise da imagem de satélite posterior aos trabalhos de campo apontou a possibilidade
de haver outras áreas semelhantes. Apesar das verificações in loco encerradas,
constatou-se que estas áreas m extrema importância para avaliação dos padrões que
influenciam na delimitação da condição campestre na Serra Geral, pois esta pareceu ser
uma condição o impactada, com transição natural e lenta entre floresta e uma formação
de fisionomia campestre.
Finalizando, dentre as descrições apresentadas por Rambo (1956b), coloca-se sobre
a linha de contato entre os campos herbáceos e o pinhal, que é definida segundo o autor
como que cortada a tesoura. As áreas de florestas, ou os capões de tamanhos variados,
possuem contornos arredondados, por vezes circulares, terminando abruptamente e sem
transição com o campo. Rambo (1956b) atribui esta condição à qualidade do solo nos
casos em que mudanças bruscas na profundidade destes, porém o considera este um
fator único. Segundo o autor, a derrubada de árvores e ação do gado não interfere
diretamente na forma deste limite. Considera-se aqui a forte influência da ação do fogo
sobre as áreas de borda, fato que pode ser observado em vários pontos da paisagem em
áreas de recentes queimadas, cuja influência será descrita posteriormente.
Mattos (1957), apesar de utilizar uma nomenclatura pouco coincidente com a
utilizada aqui, aponta dados interessantes para a caracterização desta paisagem. Menciona
o grau excessivo de umidade dos ―banhados e charcos‖ (provavelmente os campos úmidos
em geral), onde não se encontram araucárias. Dos capões encontrados nas cabeceiras dos
banhados‖ (análogos aos pontos de escoamento dos grandes platôs úmidos, que dão origem
a vários cursos d’água), que se aproveitam da umidade para seu desenvolvimento. Também
cita a freqüência de pequenos banhados no meio das matas virgens, provavelmente a
mesma condição mencionada em parágrafo anterior e descrita por Rambo (1956b) como as
turfeiras com limite gradual com floresta. Outro aspecto interessante descrito por Mattos
(1957) são as áreas de campos limpos, onde o encontrados pequenos vassourais, isolados
sobre as cabeceiras dos banhados, de canhadas e no cume das colinas e morros. Nestes
63
Asteraceae é a família com maior mero de espécies. Situação semelhante à encontrada
entre os campos herbáceo e arbustivo.
Boldrini (1997 e 2009) destaca na fisionomia de campos bem drenados, as
gramíneas Axonopus siccus, Schizachyrium tenerum e S. spicatum, o que condiz com a
ocorrência destas espécies nos campos herbáceos. Nos campos mal drenados a autora
aponta Andropogon macrothrix e Paspalum pumilum, que apesar de presentes nos campos
úmidos deste estudo, também ocorrem nos campos herbáceos.
A caracterização apresentada por Klein (1978), mencionada na introdução deste
estudo, tamm traduz a realidade encontrada. Nos locais mais úmidos o aspecto
fisionômico é proveniente da abundancia dos gêneros Rhynchospora e Scleria,
entremeadas por diversas espécies de Xyris. Nas regiões de turfeiras, além dos musgos do
gênero Sphagnum, é comum Blechnum imperiale. É fato que aqui B. imperiale ocorre
também em outras áreas, como nos campos herbáceos e mais raramente nos arbustivos.
No mapeamento da cobertura vegetal do Parque Nacional de São Joaquim (Santa
Catarina), realizado por Alarcon & Silva (2007), foram definidas 10 classes, dentre elas,
duas são de interesse no que diz respeito à classificação das áreas campestre: campos de
altitude, e algumas áreas com condições específicas dentro dos campos, as turfeiras. Estas
formações de interesse ocupam, respectivamente, 10.966 e 195 ha de uma área total de
49.300 ha (onde 18.678 ha o de Floresta Ombrófila Mista, 17.678 ha são de Floresta
Ombrófila Densa e 231 ha de plantio de Pinus sp.). Os autores constataram que as áreas de
Campo de Altitude são bem significativas e, que as turfeiras eso distribuídas em pontos
isolados nos platôs com a vegetação de campos, onde, pelo fato de às vezes constituírem
áreas pequenas, é possível que parte delas não esteja representada nos mapas. Ainda de
acordo com estes autores, a localização e distribuição das turfeiras está geralmente
associada às porções planas e mal drenadas das coxilhas, onde são concentrados grandes
volumes de Sphagnum formando denso substrato aquoso. Ao que parece, neste
mapeamento os campos são tratados de forma geral, excetuando-se as áreas mais úmidas
que foram classificadas como turfeiras. Os campos úmidos tratados no presente estudo
devem estar distribuídos entre as classes campos de altitude e turfeiras dos autores
supracitados. A classe campos de altitude definida por Alarcon & Silva (2007) também
abrange os campos herceos definidos neste estudo.
Santos et al. (2004) realizaram mapeamento para identificação da diversidade de
habitats no Parque Nacional dos Aparados da Serra. Para análise da cobertura vegetal
identificaram 14 classes de cobertura do solo entre habitats naturais e alterados, entre os
quais: campo seco, campo úmido com banhado, turfeira e vegetação arbustiva.
Infelizmente os autores o apresentam o total de área mapeada por classe, tampouco uma
descrição, apenas mencionam a formações vegetais descritas por Rambo (1956a), pois os
objetivos do trabalho eram outros. Mas poderia ser uma boa base para comparação, tendo
em vista a nomenclatura utilizada e as características associadas, bem como a similaridade
daquela com a área aqui estudada, ambas na Serra Geral.
Hoff et al. (2008) realizaram mapeamento para a gestão ambiental dos recursos
hídricos em Cambará do Sul, Rio Grande do Sul. Como resultado, obtiveram 16 classes de
64
cobertura vegetal, onde destacam-se o vassoural (refere-se às áreas de vegetação com
altura média de 2 metros), banhado/turfeira, e as formões campestres que abrangem o
campo rochoso, campo seco e campo úmido. De uma área total de 117.103 ha, as de
vassoural correspondem a 3.647 ha, banhado/turfeira 7.307 ha, campo rochoso 18.560 ha,
campo seco 23.717 ha e campo úmido 8.070 ha.
No Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata, localizado na rego
fisiográfica dos Campos de Cima da Serra, Rio Grande do Sul, os campos compreendem
146,5 ha, correspondentes a 3,02 % do total de 4.500 ha de área. Essa formação, que se
apresenta irregularmente distribuída, foi subdivida por Baaske (apud Caporal & Eggers
2005) em campos limpos (25 ha), campos sujos (120 ha) e campos rupestres (1,5 ha).
Algumas destas áreas de campo sujo, onde não queimada e pastejo, foram avaliadas
como transitórias no processo de avanço de formações florestais sobre o campo (Oliveira
apud Caporal & Eggers 2005).
Roderjan (1999) elaborou mapa fitogeográfico dos Refúgios Vegetacionais
Altomontanos das Serras dos Órgãos e do Capivari (Paraná) na escala de 1:50.000,
obtendo uma superfície de 941 ha de Campos de Altitude acima da cota altimétrica de
1.000 m, o que correspondeu a 10,65% da área total (8.842 ha). Nos campos herceos
predominaram representantes das famílias Asteraceae, Poaceae, Cyperaceae, Ericaceae,
Xyridaceae, Amaryllidaceae, Eriocaulaceae e Melastomataceae. Exceto por Ericaceae,
pouco representada aqui e, Amaryllidaceae que aqui não foi encontrada, estes campos
herbáceos parecem ter fisionomia similar aos deste estudo. Nos arbustivos a dominância
foi de espécies de Croton, Mimosa e Chusquea, o que os coloca como distintos dos
caracterizados aqui, uma vez que estes gêneros não foram o importantes para a
caracterização de forma geral. Foi considerada a possibilidade da inclusão de ―falsos
campos altomontanos, os que possuem interferência antrópica, em especial aqueles
situados em cotas altimétricas inferiores a 1.350 m.
A diferenciação da condição de ―campo verdadeiro e ―falso campo‖ foi feita
através da ocorrência de espécies indicadoras, constituindo suporte para a delimitação dos
ambientes originais descritos por Roderjan (1999). A presença da árvore Tabebuia
catharinensis rebrotando em áreas campestres foi considerada indicativa de florestas
altomontanas que foram eliminadas pelo fogo. Para condição campo verdadeiro, a
espécie indicadora foi Eriocaulon ligulatum. No estudo realizado aqui, a constatação da
ocorrência de um campo de origem antrópica não pode ser associada somente a uma
espécie, mas a um conjunto destas, bem como de outros fatores (ver item 5.6).
A classe campo herbáceo definida no presente estudo parece coincidir com a classe
campo seco, identificada por Santos et al. (2004) e Hoff et al. (2008) e, classe campo
limpo por Caporal & Eggers (2005), incluindo-se campo rochoso e campos rupestres
apresentados, respectivamente, nestes últimos mapeamentos mencionados. A classe campo
arbustivo deste estudo é apresentada ora como vegetação arbustiva, ora vassoural, ora
como campo sujo (na mesma ordem citada na oração anterior). a classe campo úmido
identificada aqui, recebe a mesma nomenclatura no trabalho de Hoff et al. (2008), não é
citada por Caporal & Eggers (2005), mas turfeiras e banhados aparecem de forma variada
65
nos mapeamentos realizados por Alarcon & Silva (2007), Santos et al. (2004) e Hoff et al.
(2008).
Ao analisar e comparar estes mapeamentos com o realizado aqui, percebe-se que há
uma tendência em agrupar os tipos de campos de maneira semelhante. Porém, a
nomenclatura não segue um mesmo padrão, havendo inconsistências ao apresentar nomes
para os tipos de campos contemplando uma única lógica de agrupamento. Ressalta-se aqui
as observações de que praticamente todo campo encontrado nestas regiões é considerado
úmido, e excetuando-se o campo arbustivo, todos possuem porte predominantemente
herbáceo. Apesar de constatada esta inconsistência, adotou-se a nomenclatura apresentada
aqui para facilitar a leitura, sendo estes nomes uma forma breve de apresentar os tipos de
campos, sendo de grande importância para o entendimento desta separação que estejam
vinculadas à descrição apresentada como resultado deste estudo. Lembra-se que, para tal
diferenciação, estes nomes estiveram vinculados principalmente à identificação no
processo de mapeamento, mas tamm às características ecológicas verificadas em campo.
É interessante notar tamm que em dois, dentre os mapeamentos avaliados,
colocam-se observações em relação à condição ecológica dos campos. Caporal & Eggers
(2005) identificaram áreas transitórias no processo de avanço de formações florestais sobre
os campos e, Roderjan (1999) apresenta diferenciação entre campo verdadeiro e falso
campo. Neste estudo, esta discussão é apresentada no item a seguir.
5.6 O MOSAICO DA PAISAGEM E OS CAMPOS NATURAIS
A área estudada constitui um mosaico de tipologias vegetacionais (Figura 56 e 57)
com interferências antrópicas, estas, por vezes dificultam a interpretação das áreas reais de
ocorrência de campos naturais. A interpretação da paisagem, aliada à avaliação do
histórico de uso do solo na rego, bem como o relato da dinâmica da vegetação de outros
Campos de Altitude permitiu a inferência de eventos que podem elucidar quais fatores
interferem na composição da paisagem no Campo dos Padres.
Os Campos de Altitude se incluem no conceito clássico de Whittaker (1975 apud
Safford 2001) de paisagem policlimática, caracterizada por diferentes comunidades
climáticas e seres sucessionais. Os campos ocupam os topos de montanhas e as baixadas
pobremente drenadas, onde eles podem representar um clímax edáfico ou microclimático.
Florestas ocupam os vales mais protegidos, compondo a paisagem na região dos Campos
de Altitude junto às formações de transição arbustivas.
Na ausência da interferência humana, esta poderia ser a condição natural da
expressão local, considerando-se também o avanço da floresta sobre os campos. Porém a
existência de desmatamento, queimadas e pastoreio influenciam na delimitação das
comunidades vegetais.
66
Figura 56: Mosaico na paisagem do Campo dos Padres, apresentando formações campestres (campo herbáceo e campo
úmido) e florestais. No lado direito, o Vale do Rio Canoas.
As transições entre campos e florestas são geralmente abruptas. Estas foram
consideradas durante muito tempo uma característica intrínseca destas paisagens, assim
como os capões entre os campos (Figura 57 e 58). Safford (2001) aponta que somente
recentemente explicações climáticas e edáficas para estes padrões puderam dar pistas de
que na verdade elas o, na maioria dos casos, campos induzidos pelo fogo. O autor avalia
a heterogeneidade ambiental da paisagem levando em consideração a avaliação dos efeitos
ecológicos do fogo.
Figura 57: Vista geral do vale do Rio Canoas. Nas
encostas do lado esquerdo observa-se campo herbáceo
entremeado por capões de florestas.
Figura 58: Limite entre campo herbáceo e floresta, onde a
transição é abrupta.
Segundo Safford (2001) o comportamento do fogo muda tanto em função dos
gradientes do solo como de relevo. A umidade define climas localizados e diferenças de
composição do solo, profundidade e fertilidade. Topograficamente depende de fatores tais
como radiação, vento e temperatura do ar. Estes fatores definem o tipo de vegetação que
pode existir numa determinada unidade de paisagem, e influenciam na intensidade e
freqüência do fogo, e padrões de resposta de regeneração no pós-fogo. A presença de vales
úmidos, por exemplo, limita o espectro de abrangência do fogo, influenciando no mosaico
resultante das queimadas.
Outra influência que as queimadas exercem sobre a paisagem é na composição
florística. De maneira geral, a paisagem é caracterizada por umidade permanente, porém é
composta por vegetação sub-xerófita as três grandes famílias campestres Fabaceae,
Asteraceae e Poaceae são na maioria adaptadas à condições de seca (Rambo 1953). Esta
67
dominância parece estar relacionada tanto à origem climática dos campos, de um período
seco e frio, quanto pela redução da umidade do solo por incidência de queimadas. A
permanência destas espécies nos campos atuais é favorecida pela ação do fogo.
A vegetação sob influência do fogo possui respostas ecológicas peculiares, sendo
composta por xons capazes de rebrotar após o fogo. Em Campos de Altitude no sudeste
do Brasil, membros da família Poaceae apresentam adaptações às repetidas ocorrências de
fogo. A dominância desta família é mantida mais por relação com o regime do fogo do que
às condições climáticas ou edáficas. Nestes casos estão incluídos membros dos gêneros
Andropogon, Axonopus e Paspalum (Safford 2001), cuja representatividade no Campo dos
Padres é alta.
De acordo com Safford (2001), as adaptações ao fogo nos Campos de Altitude não
são restritas às Poaceae. Outros táxons são capazes de sobreviver ao menos ao fogo
ocasional. Muitas plantas lenhosas regeneram a partir de estruturas da raiz, tais como
membros de Ericaceae e Asteraceae. Estruturas de reserva das plantas geófitas, que
mantém órgãos de crescimento protegidos no subsolo, tais como bulbos, são comuns em
Orchidaceae, Iridaceae, Oxalidaceae e Xyridaceae. Cyperaceae e Juncaceae sobrevivem ao
fogo por manterem botões primordiais num tipo de estrutura subterrânea. Mattos (1957)
observou que nos campos adjacentes à Serra Geral, praticamente todas plantas encontradas
são geófitas.
Muitos táxons possuem meristema apical protegido por densas folhas basais em
rosetas (caméfitos). Nestes casos incluem os gêneros: Paepalanthus, Hypochaeris, Lucilia
e Plantago, e algumas espécies de Senecio e Graphistylis (Safford 2001).
As formas terofíticas (vegetais anuais cujo ciclo se completa com sementes que
sobrevivem à condição desfavorável), geralmente bem representadas em ecossistemas
condicionados ao fogo, são raras nos Campos de Altitude (Safford 2001). A baixa
representatividade de terófitos também foi apontada por Simão (2008) em Campos de
Altitude da Serra do Mar no Paraná. Nestes campos as formas biológicas dominantes são
geralmente hemicriptófitas (cuja estrutura de crescimento, ao nível do solo, morre sob
condições desfavoveis), caméfitas e geófitas (Roderjan 1999).
Ao contrário do que acontece nos ecossistemas condicionados ao fogo, queimadas
naturais nos Campos de Altitude são raras. A ocorrência do fogo por influência antrópica
pode datar de muito mais tempo do que a referência da chegada dos colonizadores
europeus. De acordo com Behling et al. (2004), a incidência de fogo por causas naturais foi
rara durante o final da última glaciação máxima (10.000 anos AP). Mas o fogo se tornou
freqüente a partir de 7.400 anos AP, o que provavelmente relaciona-se com as atividades
do homem, pois para o mesmo período são registradas as primeiras ocupações humanas
nas áreas mais altas do sul do Brasil. Para Eskuche (2007) o bosque de araucária se
expandiu sobre o planalto simultaneamente com os freqüentes incêndios causados por
populações ameríndias com fins de caça, e posteriormente pelos colonizadores modernos
para favorecer o pastoreio de seu gado. Eles queimaram e ainda queimam o bosque para
ganhar superfície para o pastoreio, e os campos, para impedir o avanço dos bosques sobre
eles. Basta uma população um pouco densa de caçadores-coletores-plantadores para
68
queimar grandes superfícies de campos em períodos secos (Eskuche 2007 citando Behling
1993, 2002).
Considerando que o avanço da Floresta com Araucária teve uma grande expansão
somente a partir de 1.000 AP (Behling 1995), que o existem indicativos de florestas
crescidas sobre os campos tais como antigos solos florestais ou horizontes queimados
(Hueck 1953 apud Behling 1995) - que a atividade dos povos ameríndios já exercia
significativo impacto sobre as áreas de campo (Behling et al. 2004, Eskuche 2007), e, que
pelo menos 250 anos existem atividades de criação de gado na região (Falkenberg
2003), as atuais áreas cobertas por campos o podem ser consideradas como máxima
expressão da vegetação nesta região.
Ao se analisar a fisionomia e composição flostica de determinadas áreas de
campos herbáceos ou arbustivos pode-se perceber o avanço de elementos arbustivo-
arbóreos. Tal condição pode ser reflexo de duas situações: uma fase de sucessão florestal,
considerando a regeneração de uma floresta derrubada (representando uma capoeira ou
capoerinha) ou um campo sofrendo com a tendência do avanço da floresta (de acordo com
as condições climáticas atuais), estando em processo de ―arborização‖ ou ―capoerização‖.
Apesar de encontrados raros elementos florestais no campo herbáceo, no campo
arbustivo esta proporção foi maior. Os indivíduos velhos de Araucaria angustifolia,
Drymis sp. e mirtáceas ou troncos mortos encontrados no meio das áreas de campo
herbáceo podem ser testemunho de antigas áreas florestais ou da capoerização que foi
barrada pelo fogo, sobrevivendo um ou outro indivíduo (Figuras 59 e 60).
Figura 59: Borda de formação arbustivo-arrea com
resquícios de queimada, marcando limite com campo
herbáceo.
Figura 60: Foto indicando limite abrupto entre formação
arbustivo-arbórea e campo herbáceo. Nota-se indivíduo
lenhoso isolado na área de campo.
Existem alguns casos que apontam que houve supressão de floresta. Um fator é o
histórico madeireiro da região, conforme mencionado na introdução, muitas serrarias
atuaram nestas áreas. A área de estudo é de difícil acesso, mas não impediu que fossem
retiradas madeiras. Foi encontrada uma carcaça de caminhão, que, segundo relato de
antigos moradores, é de uma exploradora de madeira que realizava atividades nesta
localidade. As toras eram derrubadas e ao serem arrastadas destruíam parte da vegetação.
O fogo freqüente na região se encarregou de aos poucos, transformar parte destas áreas em
campos.
69
Outro fato a se atentar é a composição de algumas capoeiras. Um denso
agrupamento de Croton migrans foi encontrado em uma área de campo arbustivo
localizado no vale do Rio Canoas, nas suas porções mais baixas da área de estudo.
Segundo Safford (2001) o recrutamento desta espécie no pós-fogo é via germinação de
banco de sementes, que pode estar no local, ou vir de florestas adjacentes. O gênero
Croton possui espécies características de vegetação secundária. Assim, há possibilidade
desta área, assim como algumas outras em situação semelhante, estarem em sucessão
secundária de antiga área de floresta (Figuras 61 e 62).
Figura 61: Campo arbustivo com cerca de 2 anos sem
incidência de queimada. No fundo da foto se observa
indivíduos lenhosos de maior porte mortos.
Figura 62: A mesma área de campo arbustivo, com morro
ao fundo ocupado por floresta em sucessão secundária.
Porém, considerando que estes indicativos associados às áreas florestais foram
menos frequentes, grande parte das áreas campestres mostra-se desvinculada das fases de
sucessão secundária de ambientes florestais.
Interessante também são os relatos sobre algumas áreas de vegetação arbustiva,
apontadas por conhecedores da região poro receberem mais fogo pelo menos 4 anos.
Estas parecem estar na condição de capoerização, localizam-se em partes de maiores
altitudes na área de estudo, o solo apresenta as mesmas características dos campos
herbáceos adjacentes (raso, bem drenado e com matacões aflorando) e, na fisionomia
predominam indivíduos de Asteraceae cuja alturadia é de 1,5 m (Figuras 63 e 64).
Figura 63: Área de campo arbustivo e herbáceo (segundo
plano) localizado sobre platô de borda de escarpas,
Figura 64: A mesma área de campo herbáceo, onde nota-
se a grande densidade de indivíduos arbustivos.
70
Boldrini & Eggers (1996) relatam que em áreas na qual o pastoreio e fogo foram
suprimidos por mais de oito anos, em algumas das áreas a vegetação de Campo evoluiu
para vegetação arbustiva e florestal, mas em outras áreas tal fato não ocorreu.
Na área de estudo, algumas poucas não estariam nesta condição, de não ser
rapidamente ocupada por formações arbustivo-arreas. Nestes casos, citam-se as áreas de
campos úmidos e umas poucas localizadas nas áreas mais altas das bordas das escarpas, em
condição não encharcada (Figuras 65 e 66).
Figura 65: Turfeira localizada entre área florestal, sem
indícios de queimadas recentes.
Figura 66: Limite gradual entre campo úmido e formação
arbustivo-arbórea.
Reitz (1965) e colaboradores estabeleceram duas estações de coleta no Campo dos
Padres, dentre 180 para estudar a flora do estado de Santa Catarina. No Plano de Coleção
deste levantamento (Reitz 1965) é feita uma breve descrição da relação que estes campos
teriam com áreas de floresta em sucessão:
―... é uma fazenda com pastagens formadas a fogo. Este processo consiste em atear fogo
continuamente na matinha nebular em épocas secas. Destrói-se, assim, aos poucos a
vegetação arbórea e arbustiva para dar lugar a campos que inicialmente o sujos,
tornando-se limpos, assim, pelas queimadas anuais. É processo comum no planalto para
ampliação das pastagens. Em Bom Retiro, por exemplo, no início deste culo, era pago
mil reis para cada pinheiro derrubado. Uma vez seca a ramagem era ateado fogo. Assim
foram feitos a maioria dos campos em Bom Retiro‖.
A prática de atear fogo nas áreas de campo ainda é bem comum na região. No
inverno de 2007 foram registradas queimadas de dimensões significativas dentro da área
estudada (Figuras 67 e 68).
71
Figura 67: Foto de queimada registrada em setembro de
2007 no Campo dos Padres, indicando o avanço da
queimada sobre a vegetação arbórea.
Figura 68: Foto de queimada em área de campo arbustivo
no Campo dos Padres.
Ao se analisar as fotografias aéreas da década de 50 (Anexo 2), percebe-se que a
delimitação das áreas de campo e de floresta são bem parecidas com a situação atual.
Nestas fotos pode-se perceber as seguintes situações: a redução de bordas de fragmentos
florestais e arbustivos, o desaparecimento de alguns pequenos fragmentos arbustivo-
arbóreos, a conversão de campos herbáeo-arbustivos em herbáceos, a sucessão de áreas
arbustivas que na imagem de 2005 aparentam já serem formação florestal.
Ou seja, partindo da premissa que as florestas estão avançando sobre os campos,
independente da condição natural de ocorrência destas formações, pelo menos 50 anos
que o homem não permite, através das práticas de queimadas e criação de gado, que a
floresta avance.
O fogo não somente impede o avanço da floresta, como reduz as áreas
consolidadas. Nas verificações in loco foram encontrados campos com indivíduos
arbustivos queimados, representando provavelmente a tendência de capoerização a que
estão submetidos e que foi barrada.
Grande parte dos campos são relictos de um clima mais seco, hoje lentamente
sujeitos à invao da selva pluvial e do pinhal (Rambo 1956a), Os campos riograndenses,
catarinenses e paranaenses são formações climáticas e edáficas na sua origem, mas relitos
históricos ou manchas edáficas no tempo atual.
A existência de extensos campos não eficos é largamente admitida como
conseqüência das repetidas queimadas (Safford 2001).
Behling (1995) coloca que na auncia da influência do homem e, sobre as atuais
condições climáticas, é possível que haja a total colonização dos campos pelas Florestas
com Araucárias. Porém, a intensificação das relativas condições de seca a que estão
submetidos, podem retardar a expansão florestal ou até reverter esta tendência em favor da
expansão da vegetação dos campos.
O fogo mantém a condição campestre atual e impede o avanço florestal sobre os
campos. Pillar (2000) aponta que queimadas, naturais ou antropogênicas, teriam mantido o
mosaico de florestas e campos, sendo neste caso o fogo o principal fator explicativo dos
padrões de campo e floresta da região de araucárias.
72
O fogo é o maior fator abiótico atuante na hisria e ecologia dos Campos de
Altitude (Safford 2001).
Mas o que seriam então os campos naturais? Considerando as atuais condições
climáticas, qual a expressão máxima dos campos na área de estudo?
A interpretação da paisagem apontou fatores relevantes para que se pudesse inferir
quais são as áreas de ocorrência de campos naturais e quais constituem áreas de floresta em
sucessão ecológica em estágio inicial. No entanto, este estudo não gera subsídios
suficientes para tal determinação, o que ocorreria numa pesquisa de maior tempo de
duração, abordando aspectos direcionados para tal. Se suspensas as interferências
antrópicas, o acompanhamento da evolução da vegetação nas áreas mapeadas nesta
pesquisa pode fornecer subsídios para o melhor entendimento da paisagem natural e da
dinâmica e evolução dos campos.
A seguir, colocam-se algumas inferências sobre estas questões, tomando-se como
referência a proposta de Resolução dos Campos de Altitude (CONAMA 2009) que traz
abordagens relevantes:
“Art. Para fins de aplicação da presente Resolução, são adotados os seguintes
conceitos:
... IV - Campo antrópico: vegetação de campo formada em áreas originais de floresta,
devido à intervenção humana e ações para uma maior produtividade de espécies
forrageiras, principalmente com a introdução de escies nativas ou exóticas, não
considerada remanescente de campo de altitude.
... VI - Vegetação Primária: vegetação de xima expressão local, com grande
diversidade biológica, sendo os efeitos das ões antrópicas mínimos, a ponto de não
afetar significativamente suas características originais de estrutura e de espécies.
VII - Vegetação Secundária ou em Regeneração: vegetação resultante dos processos
naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ões
antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer espécies remanescentes da vegetação
primária.
... § Remanescentes de campo de altitude submetidos a corte parcial e recorrente da
parte aérea por processo de pastoreio não se enquadram como vegetão primária.”
Assim, considerando os aspectos levantados e discutidos acerca da composição
desta paisagem campestre, existem campos antrópicos na área de estudo, constituindo
vegetação secundária de antigo ambiente florestal, porém o parecem apresentar grandes
áreas. Destacam-se algumas unidades de paisagem classificadas como campos arbustivos,
onde tal constatação pareceu mais clara.
Parte dos campos herbáceos parece ser ambiente em que a sucessão primária
(relativa ao avanço florestal sobre os relictos campestres) foi interrompida. Constituem
campos naturais em sucessão secundária, pois a parte aérea das plantas foi suprimida por
pastoreio leve e incidência de fogo. De acordo com a referida proposta de Resolução, as
73
características destes campos o enquadram como em esgio médio a avançado (ver Anexo
3 e 4).
A fitofisionomia campestre que parece melhor corresponder a máxima expressão
ocorrendo na área de estudo são áreas de campo úmido onde existem turfeiras e banhados.
As turfeiras constituem um ambiente singular. Os platôs permanentemente encharcados
com água onde se desenvolvem grandes populações de brfitas guardam testemunhos da
vegetação de pelo menos 10.000 anos. O tempo necessário para que a espécies que
ocorrem ali cheguem ao grau de desenvolvimento encontrado é bem lento.
A princípio, as áreas úmidas são evitadas para o pastoreio, pois o gado não
consegue se locomover sobre as maiores turfeiras. Porém, na tentativa de uso, algumas
sofrem impactos tais como drenagem ou queima de sua parte superior, seja para fins de
pastoreio, ou para implantação de silvicultura. Mas, ao deparar-se com uma turfeira
preservada, o são encontrados indícios de que outro tipo de vegetação estaria ali, a não
ser as comunidades que eso estabelecidas.
A proposta de Resolução dos Campos de Altitude menciona ainda, em seu artigo
1º:
§2º... a vegetação de afloramento rochoso e de turfeira são sempre caracterizadas como
de máxima expressão local (clímax edáfico), não sendo considerados estágios sucessionais
secundários.
Também nas áreas onde a rocha foi encontrada exposta, como em algumas partes
dos campos herbáceos das bordas de escarpas ou nas bordas dos platôs de algumas áreas
úmidas, poderia se inferir sobre a condição de clímax edáfico. Parece que estas são áreas
que devem levar mais tempo para o estabelecimento de floresta. Porém, o relativamente
pequenas, inseridas no mosaico entre os campos em diferentes seres sucessionais.
5.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE ECOLOGIA DE PAISAGEM
Para quantificar a relação entre os padrões e processos ecológicos na estrutura da
paisagem, é necessário que se avaliem mais aspectos, além dos processos ecológicos
levantados e da abordagem das métricas de composição. A quantificação dos efeitos do
fogo, por exemplo, não pode ser avaliada como um processo único, pois influenciam
também outros fatores, como por exemplo, o relevo.
Atras desta pesquisa podem-se identificar os principais fatores que estão
influenciando como processos ecológicos desta paisagem. Porém não foram quantificados
o quanto estão influenciando na distribuição das unidades de paisagem. As abordagens da
Ecologia da Paisagem m o intuito de quantificar tais influências, porém, ao final desta
pesquisa, entende-se que muitos outros fatores precisam ser delineados para tal
determinação.
Pivello & Metzger (2007) indicam que a maioria das abordagens realizadas em
estudos de Ecologia da Paisagem trata da descrição de padrões espaciais, da relação entre
74
padrões e processos e de planejamento ambiental. Nestas predominam a abordagem
observacional-descritiva e o uso de técnicas qualitativas ou quantificações simples
(medições e porcentagens). Porém, os autores avaliam que para o crescimento da pesquisa
brasileira em Ecologia de Paisagens, as abordagens devem ir além da descrição de padrões,
estabelecendo claras hipóteses científicas, testadas de forma quantitativa. Reconhecemos
aqui a importância de tais constatações.
5.8 IMPACTOS E CONSERVAÇÃO
5.8.1 Fogo e pastoreio: ameaças ou ferramentas para conservação?
A área em questão representa um mosaico vegetacional de extrema importância
para representatividade e conservação da biodiversidade em Santa Catarina. As maiores
altitudes do estado estão concentradas na borda da Serra Geral, onde eso representados,
além dos Campos de Altitude, associações com remanescentes de Floresta Ombrófila
Mista e Vegetação Rupícola. A origem da flora das montanhas data das mais antigas
referências que se tem para entender a dinâmica da cobertura vegetal no território
catarinense.
Mattos, em 1957 apontava a importância da conservação destas áreas, onde, em
parte se encontram protegidas por lei, através do Parque Nacional de São Joaquim.
Porém, a proteção ainda o é efetiva, resta ainda a aplicabilidade do que prevêem os
objetivos de uma unidade de proteção integral. Passados mais de 50 anos desde a
constatação da necessidade da proteção dos recursos naturais, a região ainda sofre com
fortes impactos de origem antrópica. Se a exploração madeireira era a grande preocupação
de Mattos (1957), hoje não restam tantos exemplares de araucária ou outras árvores
valiosas, sendo as queimadas, a pastagem e a silvicultura as atividades de maior impacto.
Com riqueza e importância semelhante a do Parque Nacional de o Joaquim, es
a rego do Campo dos Padres. Cerca de 60.000 ha, entre Campos de Altitude, Floresta
Ombrófila Mista, Matas Nebulares, Vegetação Rupícola e Floresta Ombrófila Densa,
foram recentemente avaliados para criação de uma unidade de conservação de proteção
integral. A proposta foi apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente em setembro de
2006, porém, aguarda decisões judiciais para que seja efetivada.
Menos de 0,5% das áreas de campos do sul do Brasil eso protegidos em unidades
de conservação de proteção integral
9
. Os campos estão pouco representados em unidades
de conservação e não existem unidades de uso sustentável.
Porém, considerando a tendência de avanço das florestas sobre os campos, que tal
fato é mantido por interferências antrópicas e, que numa unidade de conservação de
proteção integral estas atividades seriam barradas, com este tipo de proteção, os Campos
de Altitude podem reduzir muito em área, talvez até desaparecer.
9
A recomendação da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) é de que onimo de área para a
conservação efetiva da biodiversidade seja de 10%, índice adotado pelo Brasil.
75
A perda da biodiversidade é uma corrida contra o tempo, pois o atual modo de vida
da humanidade potencializa esta situação de maneira descontrolada, principalmente através
da redução e perda de habitats. Globalmente, as queimadas são responsáveis por perdas da
biodiversidade em áreas extensas, pois é uma prática largamente utilizada para limpeza do
solo com fins de uso agrosilvipastoril. Existe uma série de políticas públicas para coibir
e/ou controlar este tipo de prática, bem como esforços direcionados para recuperação de
ambientes. Por outro lado, nos Campos de Altitude do sul e sudeste do Brasil, ocorre uma
situação diferenciada, o que em outros ecossistemas tem levado a perda da biodiversidade,
aqui, de certa maneira, é o que mantém vivos ainda hoje táxons que compõe uma
vegetação relictual que teve sua máxima expressão 10.000 anos atrás. Safford (2001)
aponta que as altas freqüências de fogo de origem antrópica possibilitaram a sobrevivência
de muitas espécies endêmicas, restritas as estas áreas de altitude.
Segundo Overbeck et al.(2007), apenas a proteção legal pode efetivamente impedir
a transformação dos campos naturais em áreas de agricultura e silvicultura e, prevenir a
perda da vegetação dos campos. Porém, os autores defendem que para conservação dos
campos, em muitos dos casos estudados, seria necessária proteção sob uso sustentável,
permitindo a interferência de atividades antrópicas. Pois, os campos sem o manejo com
pastagem e/ou fogo, se transformariam em áreas florestais. Podem a levar décadas,
dependendo das condições locais ou da proximidade de bordas florestais. Nos mosaicos de
florestas com campos, como os existentes nas unidades de conservação dos Platôs do sul
do Brasil, este processo parece ser mais rápido. Campos sob proteção integral em Parques
Nacionais parecem estar fadados à extinção (Overbeck et al.2007).
Segundo Safford (2001), as políticas de supressão de fogo podem ter um impacto
negativo para as populações dependentes do fogo e das heliófitas comuns de pós-disrbio.
De acordo com o autor, o fogo não é exclusivamente destrutivo e, políticas
conservacionistas devem adotar uma visão balanceada do papel fundamental do fogo na
ecologia dos Campos de Altitude.
Overbeck et al. (2007) colocam que o fogo poderia ser considerado uma ferramenta
legal para conservação dos campos do sul do Brasil, pelo menos nas áreas onde o pastejo
não é possível. Porém, apontam que o regime de queimadas, o período e a freência, deve
ser cuidadosamente avaliado, uma vez que o conhecimento existente é insuficiente para
assegurar um resultado de manejo desejado. Os autores defendem a criação de gado de
forma extensiva tendo o suporte de instituições governamentais, com o objetivo de
conciliar interesses ecomicos com práticas sustentáveis de pastagens, incentivando a
reintrodução de gramíneas nativas e, o descanso da pastagem através da rotação.
O fogo e o gado, se utilizados em baixa a média intensidade, podem contribuir de
maneira significativa para a manutenção e conservação desta paisagem. Por outro lado, os
impactos nas áreas de florestas e áreas úmidas adjacentes podem ser devastadores.
As atividades de pastoreio levam à compactação do solo pelo pisoteio concentrado
em determinadas áreas e, também dificultam o rebrote de determinadas plantas tanto nos
campo como nas florestas, pois as utilizam para alimentação. As queimadas são realizadas
todos os anos ou a cada dois anos durante o inverno, influenciando na composição das
76
espécies que come os campos e suprimindo as florestas pelas bordas. É também durante
o inverno que o gado entra com maior freqüência nas áreas florestais para se proteger do
frio intenso e à procura de alimento. Para o Campo dos Padres, conhecedores da região
afirmam que a criação de gado na ali não é rentável, uma vez que a região é grande, de
difícil acesso e a disponibilidade de alimento para o gado é boa somente nos meses mais
quentes.
Áreas de campo sobre proteção integral proporcionam uma oportunidade
indescritível para pesquisa com dinâmica da vegetação e processos sucessionais que não
são atualmente entendidos. Aparentemente estas o queses que eso longe de ser
entendidas em muitas partes da rego dos campos. Particularmente nos Pampas, os
campos podem permanecer esveis na ausência de manejo, em contraste com as áreas de
campo que eso em contato com vegetação florestal. Mas não existem estudos de longo
prazo para estas regiões (Overbeck et al.2007).
Este estudo fornece subsídios para a compreensão da ecologia dos Campos de
Altitude, porém restam dúvidas a respeito das fases sucessionais e a ocorrência de
formações naturais. O mapeamento da cobertura vegetal no Campo dos Padres, associado à
caracterização destes, principalmente no que diz respeito às principais espécies que o
compõe, constitui uma referência para que se possa avaliar o desenvolvimento da
vegetação ao longo de um determinado peodo. Se algumas áreas pudessem ser isoladas,
considerando as classes aqui propostas e outros fatores como solo e umidade, no final de
10 e 30 anos, por exemplo, poderiam ser obtidas informações a respeito das relações de
sucessão ecológica entre os diferentes estágios de desenvolvimento encontrados nas
formações campestres.
Para Overbeck et al. (2007), os resultados de estudos sucessionais podem fornecer
uma base essencial para o estabelecimento de estratégias de desenvolvimento sustentável
nos campos do sul do Brasil. Os autores colocam que práticas de manejo adequadas podem
evitar a perda da biodiversidade e os processos de extinção.
A questão é, quais são os objetivos da conservação da biodiversidade? Preservar
ambientes únicos e espécies endêmicas, mesmo que estes não sejam a máxima expressão
climática e que para isso tenhamos que interferir, mais uma vez na dinâmica dos
ambientes? Ou seria deixar a natureza seguir seu curso, com seus naturais e eventuais
casos de extinção? o deveria o homem intervir apenas para barrar o processo destrutivo
decorrente de suas atividades e recuperar os ambientes que está pondo em risco?
5.8.2 Silvicultura
A atividade de silvicultura, am de constituir uma ameaça à conservação da
biodiversidade, na região tampouco é descrita como rentável. O baixo desenvolvimento
dos indivíduos de Pinus sp. plantados nas regiões mais altas parece estar associado aos
solos rasos, à baixa disponibilidade de nutrientes e aos ventos intensos a que estão
submetidos. Isso sem falar no alto grau de invasão biológica que representa o plantio de
Pinus spp., cuja ação é descrita em diversos ecossistemas brasileiros. O plantio existente na
77
área de estudo o possui licenciamento ambiental e foi objeto de ação popular. A
legislação ambiental o permite a intervenção na vegetação em áreas de preservação
permanente tais como algumas onde foi realizado plantio (topo de morro) (Figuras 69 e
70). Houve condenação, na forma de multa, condicionada também à retirada dos
indivíduos plantados. No entanto, até o momento, ainda não foram removidos.
Figura 69: Plantio de Pinus sp. na borda de escarpas.
Figura 70: Plantio de Pinus sp. em topo de morro. No
primeiro plano, área de campo úmido.
5.8.3 Turfeiras
Em algumas das turfeiras visitadas, foram encontradas possuem canalizações
drenando suas águas, formando sulcos que chegam aa rocha. Tal prática acarreta na
diminuição do potencial de armazenamento de água nestes platôs, levando também à
diminuição das áreas de turfeiras, uma vez que o acúmulo de água é condição essencial
para sua formação e manutenção (Figuras 71 e 72). A maioria das turfeiras de altitude é
severamente influenciada pelo fogo ou por drenagem (Behling 1995). A dissecação gradual
das turfeiras cria um ambiente que começa a ser ocupado por outras espécies, as comuns de
campos menos úmidos que a circundam (Roth & Lorscheitter, 1991).
Em termos conservacionistas, isto se traduz numa grande ameaça para existência
destas turfeiras, que, além de serem relictos de vegetação, de constituírem fonte de recarga
de muitos mananciais, também funcionam como que um verdadeiro museu de pólen de
plantas que ali cresciam no passado. O ambiente formado nestas turfeiras - camada inferior
de solo orgânico, superior formando um denso tapete‖ de musgos e raízes de outras
plantas e, grande porção deste tapete permanentemente encharcado proporciona um meio
ácido onde é difícil a decomposição de matéria orgânica. Motivo pelo qual são encontrados
polens de plantas de diversas famílias ainda preservados nestas turfeiras.
78
Figura 71: Turfeira atravessada por estrada, drenando-as.
Figura 72: ―Tapete‖ de Sphagnum sp. numa turfeira com
sua porção superior queimada.
Os ambientes altomontanos cumprem papel importante na regulação do
fornecimento de água em decorrência da capacidade de interceptação da umidade das
nuvens (Halmilton et al. 1995 apud Simão 2008). As nascentes de importantes rios das
vertentes atlântica e do interior do estado de Santa Catarina estão nestas áreas úmidas,
destruí-las é por em risco a conservação dos recursos hídricos.
79
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os Campos de Altitude econtrados no Campo dos Padres possuem similaridade
florística com outros estudados nas bordas da Serra Geral, tanto de Santa Catarina quanto
dos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul. Neste estudo, Asteraceae foi a
falia mais rica, seguida por Poaceae que também contribuiram significativamente para a
caracterização da fisionomia dos campos. Ainda que com menores número de espécies e
dominância na paisagem, ressalta-se também a importância de Cyperaceae, Orchidaceae,
Iridaceae, Rubiaceae, Juncaceae, Fabaceae, Melastomataceae, Polygalaceae e Xyridaceae.
A flora campestre do Campo dos Padres é bastante rica. Apesar do mero de
espécies encontrado neste estudo estar subestimado, considerou-se que os resultados
encontrados foram satisfatórios, visto que este estudo não teve como objetivo unicamente o
levantamento florístico.
Existem poucos estudos realizados nos Campos de Altitude associados às bordas da
Serra Geral. Reflexo disso o os registros de novas espécies levantados recentemente.
Santa Catarina tem uma boa referência de levantamento para sua flora, mas é antigo e
precisa ser atualizado, assim como carece de complementação de algumas famílias.
Quanto à metodologia aplicada, quando se trata de levantamento flostico de
campos visando o mapeamento em áreas extensas, o método do caminhamento se mostrou
mais adequado do que o método do ponto. Para a coleta e identificação de plantas, os
meses de maior temperatura e precipitação foram mais adequados na maioria dos casos.
para a interpretação da paisagem, os de menor temperatura e precipitação foram mais
eficazes.
Mapeamentos que caracterizem tipos e subtipos de Campos de Altitude são pouco
comuns. Algumas caracterizações descritivas de campos da Serra Geral corroboram com a
condição ecológica descrita aqui, porém os nomes atribuídos às classes não seguem o
mesmo padrão.
Mapeamentos que quantificam áreas campestres utilizam classificações distintas, e
de maneira geral o abrangentes, pois incluem outras formações. Estudos focados em
quantificação de áreas campestres precisam ser desenvolvidos.
Nos trabalhos de mapeamento é indicada a utilização de mais de um produto
cartográfico. Aqui, a avaliação da imagem do satélite SPOT 4 (10 m de resolução espacial)
foi feita em conjunto com carta topográfica, aerofoto na escala 1:25.000 e imagem do
Google Earth, sendo também muito importantes as verificações in loco.
A classificação das formações campestres sobre a imagem do satélite SPOT 4
utilizando interpretação visual apresentou dificuldades, mas pode ser objeto de técnicas de
geoprocessamento mais precisas. Considerando a existência de equipamentos e softwares
para produção e análise de mapas, poderiam ainda ser exploradas outras técnicas de
mapeamento, tais como: estereoscopia das fotografias aéreas, análise temporal,
classificação supervisionada da imagem de satélite e sobreposição das classes de campo
com um mapa de declividade.
80
Para avaliar a resposta espectral das áreas de campo em imagens aéreas deve-se
considerar a época do ano em que é captada a imagem, pois influenciam nesta o acúmulo
de água nas áreas úmidas, o amulo de biomassa seca nos meses mais frios e o
desenvolvimento da vegetação nos meses mais quentes e úmidos, quando possui maior
capacidade fotossintetizante e fica mais verde.
A paisagem estudada possui proporção semelhante entre a cobertura de
fitofisionomia campestre e florestal, 46,1 e 46,5%, respectivamente. Considerando as
unidades de paisagem campestre, 783 ha são de campo úmido, 1.145 de campo herbáceo e
330 de campo arbustivo. Estes são meros relativamente altos, quando se analisam áreas
de Campos de Altitude mapeadas em outros estudos.
A área estudada constitui um mosaico de tipologias vegetacionais que compõe uma
paisagem policlimática, caracterizada por diferentes comunidades climáticas e seres
sucessionais, as quais são influenciadas pelas condições ambientais e interferências
antrópicas. Banhados e turfeiras constituem campos naturais em clímax edáfico,
condicionados principalmente pelo encharcamento do solo.
Apesar das interferências antrópicas, que dificultam a interpretação da ocorrência
dos campos naturais, nos campos herbáceos e arbustivos pode-se detectar duas situações:
campos antrópicos em sucessão secundária decorrente de derrubada de floresta e, campos
naturais que estão sob avanço da floresta decorrente das condições climáticas atuais. Parte
destes campos naturais se encontra em sucessão primária, mas muitos se encontram em
sucessão secundária, nos estágios médio a avançado, pois foram submetidos ao pastoreio
de baixa intensidade e queimadas, atividades existentes ainda hoje e que influenciam na
delimitação e distribuição das comunidades vegetais.
Poucas áreas de campo herceo parecem não condicionadas ao avanço imediato
das formações arbustivo-arbóreas. Estes estão localizados nas áreas mais altas e rochosas,
porém este estudo não gera subsídios suficientes para tal afirmação.
O fogo mantém a condição campestre atual, impede o avanço florestal sobre os
campos, reduz as áreas de floresta consolidadas e marca transições abruptas entre os
campos e as florestas. Concorda-se com Safford (2001), quando admite que a existência de
extensos campos o edáficos é conseqüência das repetidas queimadas e, que o fogo é o
maior fator abiótico atuante na história e ecologia dos Campos de Altitude.
A Ecologia de Paisagens além identificar padrões e processos ecológicos também
os quantifica. Nesse sentido, um recurso não explorado foram as ferramentas de SIGs que
possibilitam a análise dos componentes da paisagem, utilizando-se cálculos das métricas de
composição e de disposição. Ao final desta pesquisa, entende-se que muitos outros fatores
precisam ser delineados para tal determinação. Reconhece-se a importância destes, porém,
tendo em vista a abrangência dos dados levantados e a disponibilidade de tempo para
execução desta pesquisa, tais elementos o puderam ser abordados em sua totalidade.
Estudos seguindo esta linha de pesquisa são de grande importância para o desenvolvimento
desta ciência.
A conservação dos Campos de Altitude sobre proteção em Unidades de
Conservação é controversa. Se mantidos em proteção integral, eles tendem a desaparecer,
81
assim como as espécies endêmicas associadas, pois nestas as práticas de queimadas que as
mantém não são permitidas. O planejamento para conservação dessas áreas poderia pautar-
se nas situações de proteção integral e nas de uso sustentável. Independente da categoria de
Unidade de Conservação, poucas áreas de Campos de Altitude do sul do Brasil estão
protegidas.
Nas situações em que a presença humana es mais consolidada, a categoria de
uso sustentável poderia ser implementada, o se perdendo de vista a necessidade de
planejamento e manejo para conservação destes campos. A beleza cênica, quesito
importante ao se criar uma unidade de conservação, é indiscutível nas áreas campestres
ocorrentes na Serra Geral, cujos campos poderiam ser mantidos sob uso sustentável. Por
outro lado, as unidades de conservação de proteção integral carecem de urgência para sua
efetivação, pois incluem uma diversidade de ambientes que não os campos, além de
fauna específica associada e da oportunidade ímpar do acompanhamento da evolução da
vegetação campestre.
82
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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89
ANEXOS
Anexo 1 (páginas seguintes): Pranchas com fotos ilustrativas da Flora do Campo dos
Padres - Asteraceae II e III, Cyperaceae, Juncaceae, Iridaceae, Orchidaceae, Poaceae I, II e
II.
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
Anexo 2: Montagem de fotografias aéreas da região do Campo dos Padres referentes ao
ano de 1957 cedidas pela Secretaria de Planejamento do Estado de Santa Catarina.
100
Anexo 3: Tabela indicando associação de parâmetros e esgios de sucessão da vegetação
dos Campos de Altitude, elaborada a partir de Proposta de Resolução/CONAMA abril
2007.
Estágio Inicial
Estágio Médio
Estágio Avançado
Vegetação
primária
Ação
antrópica
intensiva recente
mediante
supressão da
parte aérea e
subterrânea da
vegetação
sofreram com pouco
ou nenhum
comprometimento da
parte subterrânea da
vegetação
moderada sem
comprometimento da
estrutura e fisionomia da
vegetação, ou que tenha
evoluído de estágio dio
de regeneração
mínimos, sem
evidências de
que a área tenha
sido cultivada no
passado
Fisionomia
herbácea aberta
herbácea e/ou
herbáceo-arbustiva
herbácea e/ou herbáceo-
arbustiva
Herbácea e/ou
herbáceo-
arbustiva
Índice de
cobertura
vegetal
nativa viva
0 a 50%, com
exceção de áreas
com afloramento
rochoso
superior a 50%, com
exceção de áreas com
afloramento rochoso
superior a 50%, com
exceção de áreas com
afloramento rochoso
superior a 80%,
com exceção de
áreas com
afloramento
rochoso
Espécies
exóticas e/ou
ruderais
50% ou mais da
cobertura
vegetal viva
menos de 50% da
cobertura vegetal viva
ausência ou ocorrência
esporádica
ausência ou
ocorrência
esporádica
Ocorncia
de espécies
raras e
endêmicas
ausência ou
presença
esporádica
Possibilidade
possibilidade
possibilidade
Ocorncia
de espécies
lenhosas
-
-
possibilidade
possibilidade
101
Anexo 4: Lista de espécies indicadoras do estágio sucessional de Campos de Altitude -
Região Sul, retirada da Proposta de Resolução/CONAMA abril 2007.
Espécies Indicadoras do Estágio Inicial de Regeneração:
Anthoxanthum odoratum (fluva), Aster squamatus, Baccharis trimera (carqueja), Coniza
bonariensis (buva), Eleusine tristachya (capim--de-galinha), Eustachys distichophylla, Holcus
lanatus (capim-lanudo), Melinis minutiflora (capim-gordura), Pteridium aquilinum var.
arachnoideum (samambaia-das-taperas), Rhynchelytrum repens (capim-natal), Senecio brasiliensis
(maria-mole, flor-das-almas), Solanum americanum (erva-moura), Solanum sisymbrifolium (joá),
Solidago chilensis (erva-lanceta), Taraxacum officinale (dente-de-leão), além de outras
exóticas/ruderais.
Espécies Indicadoras da Vegetação Primária e dos Estágios Médio e Avançado de
Regeneração:
Adesmia araujoi, Adesmia arillata, Adesmia ciliata, Adesmia psoralaeoides, Adesmia punctata,
Adesmia tristis, Adesmia vallsii, Agrostis lenis (pasto-de-sanga), Agrostis montevidensis, Agrostis
ramboi, Allagoptera campestris, Amphibromus quadridentulus, Andropogon lateralis (capim-
caninha), Andropogon leucostachyus, Andropogon macrothrix, Andropogon virgatus, Angelonia
integerrima, Apoclada simplex, Aspilia setosa, Axonopus ramboi, Axonopus siccus, Baccharis
dracunculifolia, Baccharis hypericifolia, Baccharis nummularia, Baccharis pseudovillosa,
Baccharis ramboi, Baccharis tridentada, Baccharis uncinella, Briza calotheca, Briza scabra
(treme-treme), Briza uniolae, Bromus auleticus (cevadilha), Bromus brachyanthera, Bulbostylis
sphaerocephala, Calea hispida, Calea phyllolepis, Campomanesia aurea var. hatschbachii,
Cayaponia espelina, Chaptalia graminiflora, Chaptalia mandonii (língua-de-vaca), Chloraea
penicilata, Chrysolaena oligophilla, Chusquea windischii (taquarinha), Cleistes gert-
hatschbachiana, Cleistes paranaensi, Colanthelia lanciflora, Colletia spinosissima (quina), Croton
antissiphyliticus, Croton heterodoxus, Cunila platyphylla, Cuphea hatschbachii, Cyrtopodium
dusenii, Danthonia montana, Danthonia secundiflora, Deschampsia caespitosa, Deschampsia
juergensii, Desmodium dutras, Deyeuxia reitzii, Ditassa edmundoi, Drosera rotundifolia, Drosera
villosa, Elyonurus adustus, Eriosema heterophyllum, Eryngium falcifolium, Eryngium
floribundum, Eryngium horridum (caragua), Eryngium ombrophilum, Eryngium ramboanum
(caraguatá), Eryngium smithii, Eryngium urbanianum, Eryngium zosterifolium
(caraguatás/gravatás), Eugenia reitziana (uvaia-do-campo), Eupatorium ascendens, Eupatorium
gaudichaudianum, Eupatorium multifidum, Eupatorium verbenaceum, Gerardia linarioides
(dedaleira), Gochnatia argyrea, Gochnatia orbiculata, Gomphrena graminea (perpétua),
Gomphrena macrocephala, Gomphrena paranaensis, Gomphrena schlechtendaliana (perpétua),
Gymnopogon burchellii, Heliotropium salicoides, Hyptis apertiflora, Lathyrus hasslerianus,
Lathyrus hookeri, Lathyrus linearifolius, Lathyrus paraguariensis, Lathyrus parodii, Leandra
dusenii, Leandra erostrata, Linum smithii (linho-bravo), Lippia lupulina, Lupinus magnistipulatus,
Lupinus paranensis, Lupinus rubriflorus, Lupinus uleanus, Machaerina austrobrasiliensis,
Macroptilium prostratum, Melica macra var. pilosa, Melica spartinoides, Mimosa cruenta
(juquiri), Mimosa daleoides, Mimosa dolens, Mimosa dryandroides var. extratropica, Mimosa
gracilis, Mimosa hatschbachii, Mimosa kuhnisteroides, Mimosa maracayuensis, Mimosa
paranapiacabae, Mimosa ramosissima, Mimosa strobiliflora, Nassella brasiliensis, Nassella
planaltina (flechilhas), Nassella quinqueciliata, Nassella rhizomata (flechilhas), Nassella
sellowiana, Nassella tenuiculmis, Nassella vallsii (flechilhas), Nierembergia hatschbachii,
Oxypetalum malmei, Oxypetalum sublanatum, Pamphalea araucariophila (margaridinha-dos-
pinhais), Pamphalea máxima, Pamphalea ramboi (margaridinha), Pamphalea smithii
(margaridinha-do-campo), Panicum apricum, Panicum rude, Panicum superatum, Paspalum
barretoi, Paspalum conduplicatum, Paspalum cordatum, Paspalum dedeccae, Paspalum
ellipticum, Paspalum equitans, Paspalum erianthoides, Paspalum falcatum, Paspalum filifolium,
Paspalum flaccidum, Paspalum glaucescens, Paspalum jesuiticum, Paspalum maculosum,
Paspalum nummularium, Paspalum pumilum, Paspalum ramboi, Paspalum rhodopedum,
Passiflora lepidota, Pavonia sepia, Perezia catharinensis, Pfaffia jubata, Piptochaetium alpinum,
Piptochaetium stipoides, Piriqueta selloi, Plantago australis, Plantago commersoniana, Plantago
guilleminiana (tanchagem), Plantago tomentosa, Pleurothallis gert-hatschbachii, Polygala
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altomontana, Polygala selaginoides, Portulaca hatsbachii, Pradosia brevipes, Saccharum
villosum (macega-estaladeira), Salvia congestiflora, Senecio promatensis, Senecio ramboanus,
Schizachyrium spicatum, Schizachyrium tenerum, Smallanthus araucariophila, Sorghastrum
setosum, Sporobolus camporum, Stevia clausenii, Stevia leptophylla, Tephrosia adunca,
Thrasyopsis repanda, Trichocline catharinensis (cravo-do-campo), Trichocline macrocephala
(cravo-do-campo), Trifolium riograndense, Verbena hatschbachii, Verbena strigosa, Vernonia
cognata, Vernonia crassa, Vernonia grandiflora, Vernonia polyanthes, Viola cerasifolia,
Wahlenbergia linearoides.
Espécies Características de Turfeiras:
Agrostis alba, Agrostis lenis (pasto-de-sanga), Agrostis longiberbis, Anagallis filiformis,
Aulonemia ulei, Baccharis deblei, Blechnum imperiale (samambaia-dos-banhados), Blechnum
regnellianum (samambaia), Briza poaemorpha, Buchnera juncea, Calamagrostis viridiflavescens,
Carex albolutescens, Carex bonariensis, Cyperus consanguineus, Cyperus esculentus, Cyperus
haspan, Cyperus intricatus, Cyperus luzulae, Cyperus meyenianus, Cyperus niger (tiriricas),
Danthonia montana, Dicranopteris pectinata, Eleocharis barrosii, Eleocharis bonariensis,
Eleocharis kleinii, Eleocharis nudipes, Eleocharis subarticulata (junquinhos), Eriocaulon
gomphrenoides, Eriocaulon ligulatum (caragua-manso), Eriochrysis holcoides, Eriochrysis
villosa, Eryngium pandanifolium, Gleichenia brasiliensis, Holocheilus monocephalus, Hydrocotyle
ranunculoides, Hymenachne pernambucensis, Juncus densiflorus, Juncus effusus, Juncus
microcephalus, Kyllinga odorata, Lycopodiella alopecuroides, Lycopodiella carolinianum,
Mecardonia caespitosa, Melasma rhinanthoides (alecrim-do-brejo), Paepalanthus bellus, Panicum
parvifolium, Panicum surrectum, Paspalum filifolium, Piptochaetium palustre, Poa reitzii (capim-
do-banhado), Polygala linoides, Polygonum meisnerianum, Polytrichum brasiliense, Polytrichum
commune, Rhynchospora brasiliensis, Rhynchospora legrandii, Rhynchospora polyantha (capim-
navalha), Roldana jurgensenii, Sacciolepis vilvoides, Schoenus lymansmithii, Scleria distans,
Scleria hirtella (capim-estrela), Senecio bonariensis, Senecio icoglossus, Senecio pulcher,
Sisyrinchium macrocephalum, Sisyrinchium palmifolium, Sisyrinchium vaginatum, Sphagnum
perichaetiale, Sphagnum recurvum (musgos), Stemodia hyptoides, Syngonanthus caulescens,
Syngonanthus chrysanthus var. castrensis, Utricularia oligosperma (boca-de-leão), Vernonia
cataractarum, Xyris capensis, Xyris jupicai (botão-de-ouro), Xyris lucida (botão-de-ouro), Xyris
neglecta, Xyris reitzii, Xyris rigida.
Espécies Características dos Afloramentos Rochosos:
Achyrocline satureioides (macela), Acisanthera variabilis, Adesmia paranensis, Adesmia reitziana,
Aechmea recurvata (bromélia), Aspicarpa pulchella, Axonopus siccus, Baccharis aphylla, Briza
brachychaete, Bulbostylis capillaris, Bulbostylis juncoides, Bulbostylis sphaerocephala, Byttneria
hatschbachii, Callibrachoa rupestris, Callibrachoa sellowiana (petunia), Cereus hildmannianus,
Chaetostoma pungens, Chaptalia integerrima, Coccocypselum reitzii, Cortadeira vaginata, Dyckia
cabrerae, Dyckia dusenii, Dyckia maritima (gravatás), Dyckia monticola, Dyckia reitzii,
Epidendrum ellipticum, Epidendrum secundum (orquídeas), Eriosema punctata, Esterrazya
splendida, Eupatorium multifidum, Gaultheria organensis, Glechon discolor, Habenaria
montevidensis (orquídea), Haylockia pusilla, Hesperozygis nitida, Hysterionica nebularis, Lantana
megapotamica, Lavoisiera phyllocalysina, Lepismium lumbricoides, Luzula ulei, Lycopodiella
alopecuroides, Lycopodiella thyoides, Melica arzivencoi, Microchloa indica, Myrceugenia
oxypetala, Nematanthus australis, Nierembergia hatschbachii, Oxalis rupestris, Oxypetalum
kleinii, Panicum magnispicula, Parodia alacriportana, Parodia graessnerii, Parodia haselbergii,
Parodia linkii (tunas), Parodia ottonis, Paspalum dasytrichium, Paspalum pectinatum, Paspalum
redondense, Peperomia galioides, Periandra mediterranea, Petunia altiplana (petunia), Poa
bradei, Quesnelia imbricata, Selaginella microphylla, Sinningia allagophylla, Sinningia
canescens, Syagrus hatschbachi, Thrasyopsis juergensii, Tillandsia gardneri, Tillandsia
lorentziana, Tillandsia montana (cravo-do-mato), Tillandsia streptocarpa, Tillandsia stricta,
Tillandsia tenuifolia, Trachypogon canescens, Trembleya parviflora, Trichocline catharinensis
(cravo-do-campo), Vriesea platynema (bromélia).
Espécies Endêmicas e/ou Raras: Adesmia arillata, Adesmia reitziana (babosa), Adesmia vallsii,
Agrostis longiberbis, Agrostis ramboi, Aulonemia ulei, Axonopus ramboi, Baccharis nummularia,
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Briza brachychaete, Briza brasiliensis, Briza scabra (treme-treme), Chaptalia graminiflora,
Chaptalia mandonii (língua-de-vaca), Chrysolaena oligophilla, Chusquea windischii (taquarinha),
Cleistes gert-hatschbachiana, Colanthelia lanciflora, Colletia spinosissima (quina), Cunila
platyphylla, Cuphea hatschbachii, Deschampsia juergensii, Deyeuxia reitzii, Eleocharis kleinii,
Eryngium falcifolium, Eryngium floribundum, Eryngium ramboanum, Eryngium smithii, Eryngium
urbanianum, Eryngium zosterifolium (caraguatás/gravatás), Glechon discolor, Gomphrena
schlechtendaliana (perpétua), Holocheilus monocephalus, Hysterionica nebularis, Lathyrus
linearifolius, Lathyrus paraguariensis, Lupinus magnistipulatus, Lupinus rubriflorus, Lupinus
uleanus, Luzula ulei, Machaerina austrobrasiliensis, Melica spartinoides, Mimosa dryandroides
var. extratropica, Mimosa hatschbachii, Mimosa kuhnisteroides, Mimosa paranapiacabae, Mimosa
strobiliflora, Nassella brasiliensis, Nassella planaltina, Nassella rhizomata, Nassella vallsii
(flechilhas), Nierembergia hatschbachii, Paepalanthus bellus, Pamphalea araucariophila
(margaridinha-dos-pinhais), Pamphalea ramboi (margaridinha), Pamphalea smithii (margaridinha-
do-campo), Panicum apricum, Panicum magnispicula, Panicum rude, Panicum superatum,
Parodia ottonis var. vila-velhensis, Paspalum barretoi, Paspalum filifolium, Paspalum jesuiticum,
Paspalum nummularium, Paspalum ramboi, Paspalum rhodopedum, Petunia altiplana (petunia),
Perezia catharinensis, Piptochaetium alpinum, Piptochaetium palustre (capim-cabelo-de-porco),
Pleurothallis gert-hatschbachii, Poa bradei, Poa reitzii (capim-do-banhado), Polygala
altomontana, Polygala selaginoides, Portulaca hatsbachii, Rhynchospora brasiliensis,
Rhynchospora polyantha (capim-navalha), Schoenus lymansmithii, Senecio promatensis, Senecio
ramboanus, Smallanthus araucariophila, Syngonanthus chrysanthus var. castrensis, Tephrosia
adunca, Trichocline catharinensis (cravo-do-campo), Trifolium riograndense (trevo), Verbena
hatschbachii.
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