sensíveis. Foi, sem dúvida, o que também divisaram os que tanto
concederam à dialética. Tornaram também manifesta a necessidade de
escoras para o intelecto, pois colocaram sob suspeita o seu processo
natural e o seu movimento espontâneo. Mas tal remédio vinha tarde demais,
estando já as coisas perdidas e a mente ocupada pelos usos do convívio
cotidiano, pelas doutrinas viciosas e pela mais vã idolatria? Pois a dialética
com precauções tardias, como analisamos, e em nada modificando o
andamento das coisas, mais serviu para firmar os erros que descerrar a
verdade. Resta como única salvação reemprender-se inteiramente a cura da
mente. E, nessa via, não seja ela, desde o início, entregue a si mesma, mas
permanentemente regulada, como que por mecanismos (BACON, 2005, p.
27-8).
Conforme Capra (1982, p. 52), os termos em que Bacon defendeu esse novo
método empírico de investigação eram não só apaixonados, mas, em alguns
momentos, um pouco rancorosos. A natureza, na opinião dele, tinha de ser acossada
em seus descaminhos, obrigada a servir e ser escravizada. Ela deveria ser reduzida
à obediência, e os objetivos dos cientistas eram extrair da natureza, sob tortura,
todos os seus segredos. O antigo conceito de Terra como mãe nutriente foi
radicalmente transformada nos escritos de Bacon, desaparecendo por completo
quando a revolução científica tratou de substituir a concepção orgânica da natureza
pela metáfora do mundo como máquina. Essa mudança veio a ser o ponto mais
importante para o desenvolvimento da civilização ocidental, complementado por duas
grandiosas figuras do século XVII: Descartes e Newton.
René Descartes foi o filósofo e matemático francês considerado o fundador do
racionalismo moderno. Ele repensou a filosofia de sua época e desenvolveu um
corpo doutrinário segundo a célebre imagem da árvore do conhecimento, cujas raízes
são a metafísica, o tronco, a Física, e os ramos, as ciências derivadas como a
Medicina, a Mecânica e a Moral. Crema (1989, p. 31) relata que Descartes chega à
conclusão que duvidar significa pensar, então apresenta a assertiva “penso, logo
existo”. Dessa afirmativa vem o racionalismo que contagiou três séculos de cultura
ocidental. Com sua mente analítica, Descartes fracionou o ser humano em corpo e
alma, estabelecendo o dualismo na Filosofia.
Crema (1989, p. 32) diz que a mecanicista visão cartesiana, que caracterizou a
revolução científica, necessitou, entretanto, de um outro gênio para consolidar-se no
paradigma definitivo que modelaria a cosmovisão moderna, ou seja, a visão ou
concepção de mundo, bem como uma atitude perante ele.
Isaac Newton foi o fundador da mecânica clássica, nasceu no ano em que
faleceu Galileu e foi quem estabeleceu a grande síntese do método empírico-indutivo