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CARCINOMA PAPILÍFERO DA TIREÓIDE:
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS CASOS
USUAIS E AQUELES ASSOCIADOS À
TIREOIDITE AUTOIMUNE
PAULO ROBERTO GRIMALDI OLIVEIRA
Tese de doutorado apresentada à Fundação
Antônio Prudente para a obtenção do título de
Doutor em Ciências
Área de concentração: Oncologia
Orientador: Prof. Dr. Fernando Augusto Soares
Co-Orientador: Prof. Dr. Luiz Paulo Kowalski
São Paulo
2009
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FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca da Fundação Antônio Prudente
Oliveira, Paulo Roberto Grimaldi.
Carcinoma papilífero da tireóide: estudo comparativo entre os
casos usuais e aqueles associados à tireoidite autoimune /
Paulo Roberto Grimaldi Oliveira – São Paulo, 2009.
137p.
Tese (Doutorado)-Fundação Antônio Prudente.
Curso de Pós-Graduação em Ciências - Área de concentração:
Oncologia.
Orientador: Fernando Augusto Soares
Descritores: 1. CÂNCER DA TIREÓIDE/patologia. 2. CARCINOMA
PAPILAR. 3. TIREOIDITE AUTO-IMUNE. 3. DOENÇA DE HASHIMOTO.
4. IMUNO-HISTOQUÍMICA 5. BIOLOGIA MOLECULAR. 6.
PIROSSEQUENCIAMENTO.
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A extensão do deserto que nos cerca é proporcional à resistência
que temos em aceitar as mudanças que Deus propõe ao longo da
vida.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, porque sei que, ao me colocar neste projeto,
certamente Ele já tem um propósito para minha vida.
E à minha família, pelos momentos preciosos de convívio que
deixamos de ter por causa deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que contribuíram para que este trabalho fosse realizado e
em especial:
Ao Dr. Fernando Augusto Soares, pela oportunidade e pela orientação
geral;
Ao Dr. Luiz Paulo Kowalski, pelo estímulo;
Ao Doutorando Cleiton Fagundes Machado, pelos conceitos de
biologia molecular e pelo grande comprometimento pessoal, decisivo para a
realização deste trabalho;
A todos os Colaboradores do Serviço de Anatomia Patológica do
Hospital AC. Camargo, por tantas providências tomadas;
Às pós-doutorandas Marcilei Elisa Cavicchioli Buin e Cláudia
Malheiros Coutinho Camillo, pelo tempo e pela dedicação;
À Suely Francisco e a todas as funcionárias da Biblioteca, pela
atenção e pelo carinho;
À FAPESP, pela confiança depositada no projeto e pelo auxílio
financeiro que viabilizou a realização do projeto inicial;
À Olívia, minha filha muito querida, cuja dedicação e
comprometimento ao laboratório Pathos permitiram que eu me voltasse
inteiramente ao preparo deste trabalho durante todo este ano de 2009;
À Nazareth, minha esposa e ao Augusto, meu filho, pelo apoio
incondicional e pela compreensão;
Ao meu pastor Frederico Bauerfeldt, ao Apóstolo Fábio Abbud e a
todos os membros da minha igreja El Shaddai, pela ausência a tantos
eventos e compromissos espirituais nestes últimos quatro anos;
A Deus, a Jesus Cristo e ao Espírito Santo, que têm o controle de
todas as coisas, por terem feito germinar em meu coração a semente deste
trabalho e providenciado todas as condições espirituais para que eu pudesse
realizá-lo.
RESUMO
Oliveira PRG. Carcinoma papilífero da tireóide: estudo comparativo
entre os casos usuais e aqueles associados à tireoidite autoimune. São
Paulo; 2009. [Tese de Doutorado-Fundação Antônio Prudente].
Os nódulos de tireóide são frequentes no mundo todo, principalmente entre
as mulheres. A preocupação maior no seu estudo é afastar a presença de
neoplasia maligna, que corresponde a aproximadamente 10% de todos os
casos. Alguns procedimentos médicos têm sido usados para se chegar ao
diagnóstico pré-operatório dos nódulos tireoideanos, dentre os quais a
cintilografia, a ultrassonografia e, mais recentemente, a punção aspirativa
com agulha fina. O diagnóstico definitivo, porém, ainda é responsabilidade
do estudo anatomopatológico, muitas vezes precedido pelo exame por
cortes de congelação. Um dos fatores limitantes deste método é a presença
de tireoidite autoimune, que dificulta o exame macroscópico pelas alterações
morfológicas que provoca no tecido tireoideano. Não somente durante a
biópsia de congelação, mas também no momento do diagnóstico definitivo, a
associação entre tireoidite e carcinoma papilífero tem desafiado os
pesquisadores, que até hoje não chegaram a um consenso sobre o
significado desta associação. Na tentativa de colaborar para o
esclarecimento desse tema, estudamos 102 amostras de tireóide arquivadas
no banco de tumores do Hospital AC Camargo, formando com elas dois
grupos de pacientes, um com carcinoma e tireoidite (70 pacientes) e outro,
somente com carcinoma (32 pacientes). Tendo em vista a importância da
caracterização objetiva do fenômeno inflamatório, subclassificamos, por
parâmetros histológicos, a tireoidite em leve, moderada e intensa. Foi
realizado estudo imunoistoquímico para avaliação de 16 proteínas
relacionadas à presença de células indiferenciadas (p63), à via das MAPKs
(Ras, AKT-1e ERK1/2), às moléculas de adesão (E-caderina e CD44), à
ativação da via de sinalização Wnt (beta-catenina), à via do receptor de
morte (Fas-L e caspase 8), às moléculas ligadas à indução de interleucinas
(iNOS e COX-2), aos fatores de crescimento e diferenciação celulares
(galectina 3 e VEGF) e aos índices de proliferação celular e apoptose (Ki-67,
caspase 3 clivada e Fas). Além disso, fizemos a pesquisa da mutação
V600E do gene BRAF por pirossequenciamento e a pesquisa dos rearranjos
cromossômicos RET/PTC1 e RET/PTC3 por RT-PCR. Os resultados
evidenciaram diferenças estatisticamente significativas na expressão de
Ras, ERK1/2, CD44, COX-2 e Fas entre os grupos com e sem tireoidite.
Essas diferenças também validaram a subclassificação histológica para a
intensidade da tireoidite, ao demonstrar que quanto mais intensa ela se
apresentou, maior foi a expressão imunoistoquímica dessas proteínas.
SUMMARY
Oliveira PRG. [Papillary carcinoma of the thyroid: a comparison of
typical cases with those associated autoimmune thyroiditis]. São Paulo;
2009. [Tese de Doutorado-Fundação Antônio Prudente].
Thyroid nodules are common throughout the world, mainly in women. The
principal focus of their study is to exclude the possibility of a malignant
neoplasm, which is found in approximately 10% of all cases. Various medical
procedures, such as scintillography, ultrasonography, and, more recently,
fine needle aspiration biopsy are used pre-operatively to diagnose thyroid
nodules. However, the definitive diagnosis is still the pathologic diagnosis,
often preceded by examination of multiple frozen sections. One of the limiting
factors of this method is the presence of autoimmune thyroiditis, as the
morphological tissue alterations associated with this inflammation cause
problems in the macroscopic and microscopic evaluation of the tissue. Not
only during the frozen section analysis, but also during the definitive
evaluation, the association between thyroiditis and papillary carcinoma is a
challenge, as there is still no consensus about the nature of this association.
In an attempt to help clarify this situation, we studied samples of thyroid
tissue from 102 patients, collected from the archives of the Tumor Bank of
the AC Camargo Hospital, divided into two groups; the first group consisted
of 70 patients with both carcinoma and thyroiditis, while the second group of
32 patients had only carcinoma. Due to the importance of an objective
characterization of the inflammatory process, specifically in this research,
histological parameters were used to sub classify the thyroiditis as mild,
moderate or severe. We used immunihistochemical methods to study 16
proteins related to: the presence of undifferentiated cells (p63); the MAPK
pathway (Ras, AKT-1 and ERK1/2); adhesion molecules (E-caderin and
CD44); the Wnt signal activation pathway (beta-catenin); the death receptor
pathway (Fas-L and caspase 8); molecules associated with induction of
interleukins (iNOS and COX-2); factors of growth and cellular differentiation
(Galactin 3 and VEGF); and indices of cellular proliferation and apoptosis (Ki-
67, activated caspase 3 and Fas). As well, we used pyrosequencing to study
the V600E mutation of the BRAF gene, and RT-PCR to evaluate
rearrangements of chromosomes RET/PTC1 and RET/PTC3. Our results
showed statistically significant differences between the groups with and
without thyroiditis in the expression of Ras, ERK 1/2, CD44, COX-2 and Fas.
These results also validated the histological sub classification used to grade
the intensity of the thyroiditis; the more intense the thyroiditis, the greater was
the immunihistochemical expression of these proteins.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Tireóide: topografia e aspecto microscópico......................... 2
Figura 2 Ninhos celulares sólidos........................................................ 4
Figura 3 Nódulo na tireóide................................................................. 5
Figura 4 Aspecto ultrassonográfico de nódulo tireoideano................. 8
Figura 5 Blocos de células diagnósticas de PTC em material de
PAAF..................................................................................... 9
Figura 6 Equipamento portátil para biópsias de congelação............... 11
Figura 7 Lobo tireoideano e istmo com tireoidite autoimune............... 13
Figura 8 O ciclo celular........................................................................ 16
Figura 9 Vias de sinalização intracelular das MAPKs......................... 18
Figura 10 Alterações essenciais na fisiologia celular para o
desenvolvimento do câncer................................................... 20
Figura 11 Via de sinalização da apoptose............................................. 25
Figura 12 Angiogênese tumoral............................................................. 27
Figura 13 Tipos de carcinomas da tireóide............................................ 30
Figura 14 Patogênese do carcinoma originado nas células foliculares
da tireóide.............................................................................. 31
Figura 15 Via de sinalização ativada por RET e RET/PTC................... 41
Figura 16 Tireoidite autoimune.............................................................. 48
Figura 17 Classificação da intensidade da tireoidite autoimune:
parâmetros histológicos.........................................................
61
Figura 18 Preparo do TMA.................................................................... 62
Figura 19 Tela de trabalho do ACIS III.................................................. 68
Figura 20 Amostras de DNA de carcinoma papilífero de tireóide......... 70
Figura 21 RNAs extraídos de HB4A...................................................... 71
Figura 22 Pirograma.............................................................................. 73
Figura 23 Curvas de amplificação para amostras de PTC com e sem
rearranjos RET/PTC1 e RET/PTC3 por qRT-PCR................
76
Figura 24 Painel imunoistoquímico das proteínas diferencialmente
expressas.............................................................................. 84
Figura 25 Influência da intensidade de tireoidite na diferença de
expressão proteica entre pacientes com carcinoma
papilífero da tireóide.............................................................. 86
Figura 26 Comparação da expressão relativa do rearranjo RET/PTC1
em carcinoma papilífero da tireóide com e sem tireoidite.....
90
Figura 27 Comparação da expressão relativa do rearranjo RET/PTC3
em carcinoma papilífero da tireóide com e sem tireoidite..... 90
Figura 28 Esquema correlacionando imunoexpressão e intensidade
da tireoidite............................................................................ 106
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características técnico-comerciais dos anticorpos............... 64
Tabela 2 Distribuição dos pacientes segundo a intensidade da
tireoidite, gênero, idade e tamanho do PTC..........................
79
Tabela 3 Valores médios, desvio-padrão e níveis de significância da
expressão proteica mediante análise comparativa entre os
grupos com TA (T1, T2 e T3) e sem TA (T0)........................ 81
Tabela 4 Valores médios, desvio-padrão e níveis de significância da
expressão proteica mediante análise comparativa entre os
grupos com TA (T2 e T3) e sem TA (T0).............................. 83
Tabela 5 Distribuição da mutação V600E do gene BRAF nos dois
grupos estudados.................................................................. 88
Tabela 6 Distribuição do rearranjo RET/PTC1 nos grupos com e
sem TA.................................................................................. 88
Tabela 7 Distribuição do rearranjo RET/PTC3 nos grupos com e
sem TA.................................................................................. 89
LISTA DE ABREVIATURAS
ACIS III sistema de imagem celular automatizado (do inglês Automated
Cellular Imaging System - ChromaVision Medical Systems)
ADP adenosina difosfato
AMP adenosina monofosfato
APAF fator ativador da protease apoptótica (do inglês Apoptotic
peptidase activating factor)
APC gene da polipose adenomatosa do cólon
ATP adenosina trifosfato
c-AMP adenosina monofosfato cíclico
CDK ciclinas dependentes de quinases
cDNA ácido desoxirribonucléico complementar
COX-2 ciclo-oxigenase
DNA ácido desoxirribonucléico (do inglês desoxyribonucleic acid)
DNase desoxirribonuclease
EDTA ácido tetracético etilenodiamina (do inglês
ethylenediaminetetraacetic acid )
Erk1/2 quinases reguladas por sinais extracelulares (do inglês
extracellular regulated kinases)
FADD proteína associada a Fas com domínio de morte (do ingles
Fas-associated death domain)
FTC carcinoma folicular da tireóide (do inglês follicular thyroid
carcinoma)
HLA antígeno leucocitário humano (do inglês human leucocyte
antigen)
IAP proteína inibidora da apoptose (do inglês inhibitor apoptosis
protein)
IL interleucina
INF intérferon
iNOS óxido nítrico sintase induzida
KD kilo-Daltons
Lef/Tcf fator linfóide-estimulante / fator de células T
MAPK proteínas quinases ativadas por mitógenos (do inglês mytogen-
activated protein kinase)
MHC principal complexo de histocompatibilidade (do inglês major
histocompatibility complex)
NK Natural Killer
NO óxido nítrico
PBS solução tampão de fosfato (do inglês phosphate buffered
saline)
PCR reação em cadeia da polimerase (do inglês polymerase chain
reaction)
PI3K fosfoinositide 3 quinase
PPI pirofosfato inorgânico
pRB proteína do retinoblastoma
PTC carcinoma papilífero da tireóide (do inglês papillary thyroid
carcinoma)
qRT-PCR PCR quantitativa em tempo real (do inglês real-time PCR)
RNA ácido ribonucleico (do inglês ribonucleic acid)
TA tireoidite autoimune
TGI imunoglobulina de crescimento da tireóide (do inglês thyroid
growth immunoglobulin)
TMA tissue microarray
TNF fator de necrose tumoral (do inglês tumor necrosis factor)
TNFR receptor do fator de necrose tumoral (do inglês tumor necrosis
factor receptor)
TRADD domínio de morte associado ao fator de necrose tumoral (do
inglês tumor necrosis factor receptor associated death domain)
TRK receptor tirosina quinase (do inglês tyrosine receptor kinase)
TSH hormônio estimulante da tireóide (do inglês thyroid stimulating
hormone)
VEGF fator de crescimento vascular endotelial (do inglês vascular
endothelium growth factor)
WHO Organização Mundial da Saúde (do inglês World Health
Organization)
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO......................................................................................1
1.1 A tireóide...............................................................................................1
1.2 O nódulo de tireóide..............................................................................4
1.3 O nódulo da tireóide e a ultrassonografia.............................................7
1.4 A punção aspirativa com agulha fina (PAAF).......................................8
1.5 A biópsia de congelação.....................................................................11
1.6 O nódulo de tireóide e o estudo anatomopatológico...........................14
1.7 A biologia molecular e o câncer..........................................................15
1.7.1 Auto-suficiência em sinais de crescimento.........................................19
1.7.2 Insensibilidade a sinais inibidores do crescimento.............................21
1.7.3 Resistência á apoptose – escape da morte celular programada........21
1.7.4 Potencial ilimitado de auto-replicação.................................................25
1.7.5 Angiogênese sustentada.....................................................................26
1.7.6 Capacidade de invadir tecidos e provocar metástases.......................28
1.8 O câncer da tireóide – o carcinoma papilífero (PTC)..........................29
1.9 A patogênese molecular do PTC........................................................34
1.10 O PTC e o gene BRAF........................................................................38
1.11- O PTC e o gene RET..........................................................................39
1.12- O PTC e o gene RAS..........................................................................43
1.13- O PTC e o gene TP53 e seus homólogos p63 e p73.........................44
1.14- A tireoidite autoimune (TA).................................................................46
1.15- A associação entre o PTC e a TA.......................................................50
2 OBJETIVOS........................................................................................56
2.1 Geral...................................................................................................56
2.2 Específicos..........................................................................................56
3 PACIENTES E MÉTODOS.................................................................58
3.1 Casuística...........................................................................................58
3.2 A construção do tissue microarray (TMA)...........................................61
3.3 Imunoistoquímica................................................................................63
3.3.1 Anticorpos utilizados...........................................................................63
3.3.2 Caracterização técnico-comercial dos anticorpos utilizados...............64
3.3.3 Processamento técnico das imunocolorações....................................65
3.3.4 Avaliação microscópica da expressão proteica..................................67
3.4 Marcadores moleculares.....................................................................69
3.4.1 Microdissecção das amostras.............................................................69
3.4.2 Extração do DNA e do RNA................................................................70
3.4.3 Análise da mutação V600E do gene BRAF........................................71
3.4.4 Análise dos rearranjos RET/PTC1 e RET/PTC3.................................74
3.5 Análise estatística...............................................................................77
4 RESULTADOS...................................................................................78
4.1 Casuística...........................................................................................78
4.2 Imunoistoquímica................................................................................79
4.3 Análise da mutaçãoV600E do gene BRAF.........................................87
4.4 Análise dos rearranjos RET/PTC 1 e RET/PTC3................................88
5 DISCUSSÃO.......................................................................................91
6 CONCLUSÕES.................................................................................107
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................108
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 A TIREÓIDE
O corpo humano é formado por diversos sistemas, cada um
encarregado de realizar determinadas funções, que em conjunto, permitem a
homeostase do organismo como um todo.
A tireóide desempenha, através dos hormônios que produz, papel
fundamental no crescimento normal e no desenvolvimento do corpo humano,
particularmente do sistema nervoso central. Hormônios tireoidianos
requerem a glândula normalmente desenvolvida, o eixo hipotálamo-
tireoideano funcionante e o aporte suficiente de iodo para que uma série de
etapas bioquímicas controladas possa ocorrer no interior das células
foliculares que compõem os folículos tireoideanos.
Anatomicamente, a glândula é formada por dois lobos principais,
direito e esquerdo, posicionados à frente da cartilagem tireóide, unidos por
uma estreita faixa de parênquima tireoideano chamada istmo (Figura 1).
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
2
Legenda: A - tireóide na posição anatômica normal (Fonte: BIDDINGER (2009a); B - no
centro, provável bloco de células C (seta). Ao redor, folículos tireoideanos contendo colóide
(estrela), atapetados por células foliculares preservadas (cabeça de seta).
Figura 1 - Tireóide: topografia e aspecto microscópico
Em cerca de 50% da população, a tireóide apresenta também o lobo
piramidal, fragmento adicional de tecido tireoideano unido ao istmo ou a um
dos lobos principais (ARAÚJO FILHO et al. 2004).
Histologicamente, a unidade básica da tireóide é o folículo, estrutura
esférica que aparece nos cortes histológicos como um poliedro graças à
pressão dos folículos adjacentes. Usualmente, a tireóide contém cerca de
500.000 a 1.500.000 folículos (SAAD et al. 2006). Cada 20 a 40 folículos
compõem um lóbulo tireoideano. Internamente, o folículo é atapetado por
uma camada única de células foliculares, cujo ápice está voltado para a luz,
onde é armazenado o colóide. Este contém a tireoglobulina, uma
glicoproteína iodetada, precursora da triiodotironina (T3) e da tiroxina (T4).
Em meio ao colóide, podem ser achados cristais de oxalato de cálcio, que
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
3
auxiliam no diagnóstico histológico diferencial às vezes difícil entre tireóide e
paratireóide (NADIG et al. 1978).
As células foliculares constituem o principal componente do
parênquima tireoideano e mostram tamanho e forma variáveis de acordo
com o estado funcional da glândula.
Outro componente importante da tireóide, distribuído em meio aos
folículos é representado pelas células C, também chamadas parafoliculares,
que representam cerca de 0,1% ou menos do peso da tireóide (CONGDON
et al. 2001; HILLIER et al. 2003) e são responsáveis pela secreção de
calcitonina, que controla a quantidade de cálcio no sangue (JUNQUEIRA e
CARNEIRO 2004). As células C são identificadas microscopicamente pela
demonstração imunoistoquímica de calcitonina (CHADWICK et al. 1997).
Um terceiro componente da histologia normal da tireóide são os
“ninhos celulares sólidos”, agregados de células indiferenciadas de aspecto
morfológico variável, ora semelhante a células escamosas, ora lembrando
células transicionais, de forma poligonal ou fusiforme: alguns mostram
cavidade central contendo mucina, todos apresentam forte expressão
imunoistoquímica da proteína p63 (TRUEBA et al. 2005) e de citoqueratinas
de alto peso molecular conhecidas como moléculas de adesão celular (CAM,
do inglês Cell Adhesion Molecules) (Figura 2). Estes blocos celulares são
esporadicamente identificados em meio aos folículos tireoideanos e
correspondem a remanescentes embrionários dos corpos ultimobranquiais
(KAMEDA et al. 2007), representando as células-tronco da tireóide (BYKOV
1993).
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
4
Legenda: Bloco de células-tronco indiferenciadas em meio a folículos tireoideanos. A e C –
médio aumento (100X); B – grande aumento (400X); D - imunoexpressão de CAM-2.
Fonte: BIDDINGER (2009b)
Figura 2 - Ninhos celulares sólidos
1.2 O NÓDULO DE TIREÓIDE
Os nódulos da tireóide são muito frequentes na população geral,
sendo encontrados pela simples palpação em cerca de 20% das pessoas,
cifra que sobe para 70% com o uso da ultrassonografia (EZZAT et al. 1994).
Estudos realizados em indivíduos submetidos à autópsia revelam que o
encontro de nódulos tireoideanos pode chegar a 50% da população (WANG
e CRAPO 1997; BURGUERA e GHARIB 2000). Nódulos tireoideanos
ocorrem preferencialmente em pacientes do sexo feminino, acometendo
todos os grupos etários. O diagnóstico diferencial inclui diversas entidades
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
5
não-neoplásicas e neoplásicas, tanto de evolução biológica benigna, quanto
maligna, algumas causando a morte do paciente (Figura 3).
O patologista tem papel preponderante no diagnóstico do nódulo
tireoideano (ASA 2004), formulando o diagnóstico histopatológico que ainda
é, nos dias atuais, o melhor procedimento para orientar o tratamento do
paciente.
Legenda: Nódulo esbranquiçado bem delimitado na tireóide. O exame histológico revelou
adenoma de células foliculares
Figura 3 - Nódulo na tireóide
Algumas das entidades patológicas que ocorrem na tireóide são
prontamente diagnosticadas pela simples identificação do conjunto de
alterações morfológicas que as caracterizam histologicamente. Outras são
controversas por apresentarem critérios morfológicos cuja interpretação
pode variar de patologista para patologista (VOLANTE et al. 2007).
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
6
A preocupação maior no estudo do nódulo tireoideano é justamente
afastar a presença de neoplasia maligna, que corresponde a
aproximadamente 5% a 10% de todos os pacientes.
Até alguns anos atrás, além da anamnese, do exame clínico incluindo
a palpação e dos exames laboratoriais, era obrigatória na semiologia do
nódulo tireoideano a chamada cintilografia, que consta da administração de
iodo radioativo ou tecnécio ao paciente, seguida pelo mapeamento da
tireóide, que é marcada pela retenção dessas substâncias radioativas em
suas células foliculares. De acordo com a quantidade de sinais radioativos
emitidos, o nódulo é referido como quente, quando a quantidade de
marcador é maior do que aquela presente no restante da glândula, morno
para quantidades iguais e frio quando há menos marcador no nódulo do que
no restante do parênquima.
Tumores malignos são encontrados em 5% dos pacientes com
nódulos quentes, em 9% dos nódulos mornos e em cerca de 15% dos
nódulos frios (MEIER e KAPLAN 2001). Por este motivo, todos os pacientes
portadores de nódulo frio eram encaminhados à cirurgia para diagnóstico
definitivo através do estudo anatomopatológico. Em alta porcentagem destas
pacientes, no entanto, o estudo histológico das tireoidectomias evidenciava
lesões totalmente benignas.
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
7
1.3 O NÓDULO NA TIREÓIDE E A ULTRASSONOGRAFIA
Nos últimos anos, a ultrassonografia conquistou uma posição de
destaque na semiologia dos nódulos tireoideanos, por suas características
de praticidade, ausência de invasividade e boa correlação com os achados
morfológicos encontrados no estudo anatomopatológico. Além de visualizar
o tecido tireoideano e os nódulos presentes, a ultrassonografia permite
realizar o exame das estruturas adjacentes à tireóide, tais como os
linfonodos cervicais, um aspecto importante relacionado ao planejamento
cirúrgico.
Os nódulos tireoideanos apresentam diferentes aspectos
ultrassonográficos, resultantes da combinação de várias características, tais
como a quantidade de nódulos presentes, a sua textura (sólido, misto ou
cístico), ecogenicidade (isoecóico, hipoecóico ou hiperecóico), conforme a
intensidade da resposta do nódulo ao estímulo sonoro, a presença ou
ausência de halo hipoecóico periférico e de calcificações (macro ou
microscópicas), contornos (regulares ou irregulares), calibre e aspecto dos
vasos sanguíneos e relação com o parênquima tireoideano adjacente
(RAGO e VITTI 2008) (Figura 4).
A ultrassonografia é um procedimento médico essencial para detectar
a presença e definir as características do nódulo tireoideano, mostrando alto
valor preditivo no diagnóstico de malignidade (CHAMMAS et al. 2008). Para
o correto planejamento do seu tratamento, no entanto, é necessário definir a
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
8
sua natureza celular, isto é, quais são as células que o constituem e se
existe algum risco de ele ser uma neoplasia maligna.
Legenda: Nódulo tireoideano com microcalcificações (setas), localizado entre a carótida (C)
e a traquéia (Tr). Aspecto sugestivo de neoplasia maligna.
Fonte: NIKIFOROV e OHORI (2009)
Figura 4 - Aspecto ultrassonográfico de nódulo tireoideano
1.4 O NÓDULO DE TIREÓIDE E A PUNÇÃO ASPIRATIVA COM
AGULHA FINA (PAAF)
Ao contrário do que ocorre nas biópsias convencionais, realizadas
com agulhas grossas para obtenção de fragmentos cilíndricos de tecido,
procedimento chamado “core-biopsy”, a PAAF utiliza agulhas de fino calibre,
que aspiram células ou pequenos blocos celulares para estudo
microscópico. Este tipo de agulha provoca desconforto mínimo nos
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
9
pacientes, dispensando o uso de anestésicos. Por ser um método de fácil
execução, rápido, economicamente viável e apresentar correlação bastante
satisfatória com o diagnóstico anatomopatológico, a PAAF tem sido usada
no mundo todo com freqüência cada vez maior nos últimos anos (WU e
BURSTEIN 2004). O material aspirado do nódulo tireoideano é transferido
para lâminas de microscopia e submetido à coloração de Papanicolaou
(PAPANICOLAOU e TRAUT 1941) (Figura 5) e diversas outras colorações
especiais para estudo morfológico das células presentes.
Legenda: Vários critérios morfológicos permitem caracterizar o PTC em material obtido por
PAAF: A - células foliculares com inclusões nucleares (seta) em meio a hemácias; B -
células foliculares com cariomegalia (seta verde) e dobramentos cromatínicos (seta
vermelha).
Fonte: NIKIFOROV e OHORI (2009)
Figura 5 - Blocos de células diagnósticas de carcinoma papilífero da tireóide
em material de PAAF.
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
10
O objetivo principal da PAAF é definir o tipo de célula que constitui o
nódulo, emitir um parecer a respeito da sua natureza histológica e avaliar a
necessidade de sua ressecabilidade.
Este método pode ser usado em qualquer órgão do corpo onde haja
um nódulo, sendo mais frequentemente aplicado na tireóide, na mama, nos
linfonodos e nas glândulas salivares. A utilização do citoaspirador, que
permite a realização de vácuo na seringa utilizando-se apenas uma das
mãos, popularizou o procedimento.
A PAAF teve um incremento substancial quando foi associada à
ultrassonografia (punção aspirativa dirigida por ultrassom), que tornou
possível posicionar a ponta da agulha e aspirar o material na região mais
suspeita do nódulo. Além disso, esta nova técnica tornou possível obter
material de nódulos muito pequenos, com poucos milímetros de diâmetro,
ensejando o diagnóstico do carcinoma em sua fase mais inicial.
Nos casos em que a PAAF não consegue definir a natureza benigna
ou maligna da patologia presente, está indicada a retirada cirúrgica do
nódulo tireoideano (BALOCH et al. 2003), sendo recomendável em muitos
destes casos a presença do médico anatomopatologista no momento da
cirurgia, no centro cirúrgico, para realizar a chamada “biópsia de
congelação”.
Introdução_____________________________________________________________
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11
1.5 O NÓDULO DE TIREÓIDE E A BIÓPSIA DE CONGELAÇÃO
A biópsia de congelação tem por finalidade emitir um parecer sobre o
provável diagnóstico histológico no momento do próprio ato cirúrgico,
definindo se a natureza do nódulo é benigna ou maligna, evitando-se assim
a reoperação do paciente, caso seja posteriormente diagnosticada no
laboratório a presença de um câncer. Este procedimento deve ser sempre
realizado no centro cirúrgico, uma vez que o equipamento necessário é
simples e facilmente transportado pelo próprio médico patologista (Figura 6).
Legenda: Microscópio, micrótomo e material para biópsia de congelação.
Figura 6 - Equipamento portátil para biópsias de congelação
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
12
Usualmente, o cirurgião retira o lobo tireoideano onde está localizado
o nódulo suspeito, juntamente com o istmo adjacente e parte do lobo
contralateral. O patologista realiza o exame macroscópico e seleciona
cuidadosamente um ou mais fragmentos de tecido, que são congelados e
submetidos à microtomia, obtendo-se em poucos minutos um corte
histológico, que é corado e examinado microscopicamente. Na maioria das
vezes, o patologista define um parecer prévio do diagnóstico com razoável
grau de acerto.
Se a lesão for benigna, o cirurgião sutura os tecidos incisionados e
encerra a cirurgia. Se, ao contrário, a lesão for histologicamente maligna, é
realizada imediatamente a tireoidectomia total, seguida ou não pelo
esvaziamento linfonodal, conforme haja ou não comprometimento dos
linfonodos regionais (ANTON e WHEELER 2005).
Todo o material retirado do paciente é acondicionado em formalina
(10% formol diluído de solução estoque 37% formaldeído) e encaminhado
para estudo anatomopatológico convencional no laboratório, para
elaboração do diagnóstico anatomopatológico definitivo.
Uma das maiores dificuldades que o patologista enfrenta ao realizar
uma biópsia de congelação de tireóide (e que constitui o fator de maior
limitação deste procedimento) é a presença de processo inflamatório que
altera substancialmente o aspecto macroscópico da glândula, dificultando a
escolha da melhor área para realizar a congelação (Figura 7). Nestes
pacientes, não é raro que um parecer de “benignidade” emitido pelo
patologista no momento da biópsia de congelação seja modificado
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
13
posteriormente, quando a peça cirúrgica é examinada por inteiro no
laboratório, ao serem detectados um ou mais diminutos focos de carcinoma
em meio ao processo inflamatório. Quase sempre, estes pacientes precisam
ser novamente levados à mesa cirúrgica para totalização da tireoidectomia.
Legenda: Peça cirúrgica com alterações macroscópicas sugestivas de tireoidite,
posteriormente confirmadas pelo exame microscópico: fibrose difusa em meio ao tecido
normal, dificultando a localização do nódulo suspeito.
Figura 7 - Lobo tireoideano e istmo com tireoidite autoimune.
Feita esta ressalva que limita o seu potencial, a biópsia de
congelação, principalmente no Brasil, é um procedimento médico rotineiro
bastante utilizado por cirurgiões de cabeça-e-pescoço em suas cirurgias da
tireóide. Além de definir com razoável precisão a natureza benigna ou
maligna do nódulo tireoideano, a biópsia de congelação é usada também
para avaliação histológica das margens cirúrgicas, dando ao cirurgião a
segurança de que a ressecção de um câncer foi completa. Em
Introdução_____________________________________________________________
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14
procedimentos cirúrgicos realizados exclusivamente para fins diagnósticos
em órgãos de difícil acesso, tais como cérebro e pulmão, a biópsia de
congelação garante que o material obtido é representativo para diagnóstico
anatomopatológico no laboratório.
1.6 O NÓDULO DE TIREÓIDE E O ESTUDO
ANATOMOPATOLÓGICO
Todos os materiais submetidos à biópsia de congelação devem ser
posteriormente examinados no laboratório através do estudo
anatomopatológico convencional, que quase sempre define o diagnóstico
final e muitas vezes fornece informações necessárias para escolha do tipo
de tratamento oncológico complementar a ser prescrito para o paciente
portador de câncer.
O estudo anatomopatológico compreende a detecção e a
interpretação das alterações morfológicas provocadas pela doença nos
tecidos e suas células. O diagnóstico final deve ser sempre resultado da
avaliação conjunta dos informes clínicos, dos exames laboratoriais, dos
exames de imagem e dos aspectos morfológicos detectados ao estudo
macro e microscópico da lesão. Fragmentos representativos de peças
cirúrgicas e a totalidade dos pequenos fragmentos obtidos nas biópsias são
submetidos a um processo químico com várias etapas, culminando na sua
inclusão em blocos de parafina. A partir destes blocos, cortes realizados em
micrótomo permitem obter fragmentos com poucos micrômetros de
Introdução_____________________________________________________________
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espessura, os quais, além de indicarem o diagnóstico histológico através da
coloração pela hematoxilina-eosina, permitem a realização do estudo
imunoistoquímico e de procedimentos de biologia molecular, às vezes
necessários para se chegar ao diagnóstico definitivo.
1.7 A BIOLOGIA MOLECULAR E O CÂNCER
Todos os seres vivos são formados por uma ou mais células, dotadas
de uma mesma maquinaria para realização de suas funções vitais. As
informações que permitem atingir o êxito nesta missão são armazenadas
hereditariamente na forma de nucleotídeos dispostos ao longo da molécula
de DNA. Este mesmo mecanismo possibilita também a perpetuação das
espécies através da formação de novos indivíduos iguais aos que lhes
deram origem.
Uma célula se reproduz através de uma sequência ordenada de
eventos que duplicam seus componentes e depois dividem o corpo celular
em duas metades iguais, idênticas à célula que lhes deu origem. Este ciclo
de duplicação e divisão, conhecido como “ciclo celular” é o mecanismo
básico através do qual todos os seres vivos se reproduzem (Figura 8).
Os detalhes do ciclo celular variam de organismo para organismo e
em diferentes épocas na vida desse organismo. Há cinco fases no ciclo
celular eucariótico padrão: G0, no qual a célula está desempenhando sua
função no tecido e não duplica seu DNA; G1, quando a célula interrompe
seu trabalho normal e se prepara para a síntese do DNA; S, que
Introdução_____________________________________________________________
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16
corresponde à síntese ou replicação do DNA; G2, checagem do DNA recém-
replicado e M (mitose) compreendendo a divisão do núcleo celular e depois
a divisão do citoplasma, a citocinese, formando duas células-filhas idênticas.
Legenda: Desenho esquemático das fases do ciclo celular. Em G1, preparo para duplicação
do DNA; S, duplicação do genoma; G2; células contendo o dobro do seu material genético;
M, divisão celular. A progressão de todas as fases é dependente de proteínas quinases, que
dependem, por sua vez, das ciclinas (CDKs).
Figura 8 - O ciclo celular
Normalmente, a célula entra no ciclo celular como resposta a
múltiplos sinais extracelulares, os quais podem causar não só a divisão da
célula, como também diversos outros efeitos na biologia celular, tais como
alterações na forma, no movimento, no metabolismo e na expressão gênica.
Esses sinais externos são representados por moléculas (proteicas ou
lipídicas) específicas, chamadas “ligantes”, que se unem a receptores
próprios localizados na célula. A função dos ligantes é converter (transduzir)
um sinal externo em uma resposta interna.
Introdução_____________________________________________________________
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17
Em geral, a união ligante/receptor é o primeiro de uma série de
eventos que formam uma cadeia sequencial de processos intracelulares,
através dos quais a mensagem é passada de um conjunto de moléculas de
sinalização para outro, cada um provocando a modificação que caracteriza a
próxima etapa, até que seja alcançada a resposta celular final. Essa cascata
de sinalização intracelular atua como uma série de interruptores moleculares
representados na sua grande maioria por proteínas.
A adição de um grupo fosfato, fosforilação, tipo mais comum de
modificação covalente reversível, é um meio altamente eficaz de tornar uma
proteína-alvo ativa permitindo a progressão da cascata de reações
necessárias à obtenção da resposta celular final.
As proteínas que catalisam estas reações são chamadas de proteínas
quinases. O fosfato terminal de uma molécula de ATP é transferido a
radicais específicos dos aminoácidos serina ou treonina por proteínas
conhecidas como serina/treonina quinases, ou então a radicais específicos
do aminoácido tirosina por tirosina quinases.
As fosfatases, por outro lado, são proteínas que revertem o efeito das
quinases, catalisando a hidrólise do fosfato ligado à proteína, desta forma
desativando a proteína-alvo.
A fosforilação frequentemente evoca efeitos altamente amplificados.
Uma única quinase ativada pode fosforilar num curto intervalo de tempo
centenas de proteínas-alvo, que, se forem outras proteína-quinases, irão
amplificar exponencialmente o sinal que as ativou. Além disso, cada enzima
alvo pode transformar um grande número de moléculas de substrato.
Introdução_____________________________________________________________
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Em resumo, a rota de sinalização intracelular desencadeada por uma
enzima fosforilada pela união ligante-receptor, pode ativar proteínas
quinases que poderão por sua vez ativar outras enzimas, que poderão, da
mesma forma, ativar proteínas implicadas na transcrição gênica, conhecidas
como fatores de transcrição, que induzem a célula à resposta final (Figura
9).
Legenda: A família de proteínas MAPKs forma uma rede de cascatas de sinalização
enzimática ativada por citocinas, estresse celular e fatores de crescimento. Essa cascata
apresenta, geralmente, três níveis de envolvimento, sendo as MAP3Ks as primeiras
ativadas. Em seguida, ativam as MAPKKs, que por sua vez ativam as MAPKs, estas
responsáveis pela ativação de fatores de transcrição que poderão levar à proliferação e
diferenciação da célula, regulação de produção de matriz extracelular ou ainda à
inflamação.
Figura 9 - Vias de sinalização intracelular das MAPKs.
Introdução_____________________________________________________________
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O câncer, ou neoplasia maligna, é uma doença complexa, na qual as
células conseguem neutralizar os controles normais de proliferação e
sobrevivência celular através da aquisição de uma série de atributos
biológicos que lhes permitem multiplicar-se autonomamente e disseminar-se
como metástases para todo o organismo (HWANG et al. 2004).
Esses atributos são adquiridos a partir de alterações no genoma,
representadas por mutações que envolvem de um lado ganho de função
para os proto-oncogenes, genes responsáveis por proteínas que ativam o
ciclo celular e, de outro, perda de função para os genes supressores de
tumor, genes responsáveis pela parada do ciclo celular (LENGAUER et al.
1998). Análises epidemiológicas mostram que são necessários de quatro a
seis eventos genéticos ocorrendo em uma sequência pré-determinada para
que um tumor se torne clinicamente detectável (RENAN 1993).
Os diversos genótipos que caracterizam os mais de 100 tipos de
câncer na espécie humana têm como denominador comum a manifestação
de seis alterações essenciais na fisiologia celular (HANAHAN e WEINBERG
2000) (Figura 10).
1.7.1 Auto-Suficiência em Sinais de Crescimento
Em condições normais, os sinais que estimulam o crescimento e a
proliferação das células provêm de outras células; no caso das células
cancerosas, no entanto, eles são gerados na própria célula (HANAHAN e
WEINBERG 2000). Este ganho de função em crescer e multiplicar-se
autonomamente é devido à maior capacidade em captar sinais externos
Introdução_____________________________________________________________
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ligados à divisão celular (LUKASHEV e WERB 1998; GIANCOTTI e
RUOSLAHTI 1999), podendo modificar os respectivos circuitos bioquímicos
intracelulares (MEDEMA e BOS 1993).
Legenda: Inter-relação de atributos celulares que permitem à célula multiplicar-se
autonomamente e espalhar-se através de metástases para todo o organismo.
Fonte: Adaptado de HANAHAN e WEINBERG (2000).
Figura 10 - Alterações essenciais na fisiologia celular para o
desenvolvimento do câncer
A via das proteínas quinases ativadas por mitógenos (MAPK, do
inglês mytogen activated protein-kinases), das quais fazem parte as
proteínas Ras, AKT-1, e ERK1/2, é um exemplo de uma via de sinalização
responsável por divisão celular que, quando alterada, pode induzir o
aparecimento de tumores.
Introdução_____________________________________________________________
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21
1.7.2 Insensibilidade a Sinais Inibidores do Crescimento
Em condições normais, o meio ambiente afeta a célula através de
sinais que desencadeiam diversas respostas celulares, dentre elas a
ativação do ciclo celular, como comentado anteriormente. Alguns destes
sinais levam a célula da fase G1 para a fase S, outros a tornam quiescente
(permanência em G1) e outros ainda fazem com que elas evoluam para um
estado pós-mitótico irreversível de amadurecimento e diferenciação,
impedindo definitivamente a sua multiplicação. Praticamente todos os sinais
antiproliferativos confluem para a via de sinalização da proteína do
retinoblastoma (pRb) e seus derivados, p107 e p130, moléculas que estão
fortemente relacionadas à retenção da proteína E2F, fator de transcrição
responsável pela transição da célula de G1 para S. Assim, pRb bloqueia a
proliferação celular, seqüestrando E2F (WEINBERG 1995). Contrariando
esse mecanismo muito eficiente no controle da proliferação celular, em
muitas neoplasias malignas ocorre ruptura desta via de sinalização de pRb
por diversos mecanismos, todos levando à liberação de E2F e, portanto, à
proliferação celular exacerbada (HANNON e BEACH 1994).
1.7.3 Resistência à Apoptose - Escape da Morte Celular Programada
A homeostase em organismos multicelulares depende de um balanço
entre a proliferação e a morte das suas células. A apoptose, um tipo de
morte celular programada, ocorre através de um programa celular
aprimorado pela evolução biológica, eliminando células que preencham uma
ou mais das seguintes características: 1- não são mais necessárias para que
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o órgão ao qual pertencem possa exercer satisfatoriamente a sua função; 2-
foram produzidas em excesso; 3- desenvolveram-se inapropriadamente; 4-
estão infectadas; ou 5- foram acometidas por danos genéticos irreparáveis.
A apoptose, além de ser um processo celular normal que ocorre
durante o desenvolvimento de um tecido adulto, representa também uma
resposta celular fisiológica necessária aos numerosos estímulos nocivos que
chegam à célula. A morte celular por apoptose é um processo ativo,
dependente de energia, caracterizado morfologicamente por: 1- ruptura do
citoesqueleto; 2- retração do corpo celular; 3- condensação da cromatina; 4-
fragmentação nuclear; 5- formação de bolhas na membrana citoplasmática e
6- fragmentação do DNA (THOMPSON 1995). Na apoptose, não há ruptura
da membrana celular, portanto o conteúdo citoplasmático não entra em
contato com os tecidos do estroma ao redor da célula, o que explica a
ausência dos fenômenos inflamatórios de tipo corpo estranho que poderiam
ocorrer.
Em mamíferos, a apoptose é coordenada por uma família de
proteínas chamadas “caspases”. Para realizar a apoptose e mantê-la sob
controle, as células contêm procaspases inativas (procaspases 8 e 9), ditas
caspases iniciadoras e também procaspases efetoras (procaspases 3, 6 e 7)
(OKADA e MAK 2004), as quais, uma vez ativadas por oligomerização,
convertem-se em caspases efetoras (SALVESEN e DIXIT 1997). Estas, uma
vez ativadas, começam a clivar substratos específicos da célula, tanto no
citoplasma quanto no núcleo, compondo assim o quadro morfológico e
bioquímico que caracteriza a apoptose (THORNBERRY 1998).
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Há duas vias de ativação das caspases, a extrínseca e a intrínseca. A
via extrínseca envolve receptores de morte localizados na membrana celular
através da fusão com seus ligantes específicos, o Faz-L (CD95-L) para o
receptor Fas e o TNF para o receptor TNFR; esta fusão forma o complexo
de sinalização de morte induzida (DISC, do inglês death-induced signalling
complex). Este complexo recruta caspase 8, que inicia a cascata de
sinalização (BUDIHARDJO et al. 1999).
A via intrínseca de apoptose depende de diversos fatores intra e
extracelulares, tais como ausência de fatores de crescimento, hipóxia, dano
ao DNA e indução por oncogenes (OKADA e MAK 2004). Os sinais
transduzidos por estes estímulos convergem para a mitocôndria numa série
de eventos bioquímicos que resultam em: 1- permeabilização da sua
membrana externa; 2- liberação de citocromo c e de outras proteínas
proapoptóticas (KLUCK et al. 1999); 3- formação do apoptosomo, um grande
complexo protéico contendo citocromo c, caspase 9 e APAF1 (do inglês
apoptotic protease activating factor) e 4- a ativação das caspases (Figura
11).
A família de proteínas Bcl-2, que regula a liberação de citocromo c
pela mitocôndria, é formada por alguns membros pró-apoptóticos (Bax, Bak,
Bid, Bim) e por outros membros anti-apoptóticos (Bcl-2, Bcl-XL, Bcl-W). O
gene supressor de tumor TP53 pode desencadear a apoptose promovendo a
superexpressão de Bax, tendo como consequência a liberação de citocromo
c.
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24
A proteína Fas (CD95) é um receptor transmembrana que, quando
ativado pela fusão com seu ligante, o Fas-L, recruta uma molécula
adaptadora, chamada FADD (do inglês, Fas-associated death domain)
(SCHULZE-OSTHOFF et al. 1998). FADD recruta procaspase 8, que se
converte a caspase 8, num modelo chamado “indução por proximidade”, ao
se aproximar da membrana plasmática (MUZIO et al. 1998; SALVESEN e
DIXIT 1999).
No Carcinoma Papilífero da Tireóide (PTC, do inglês Papillary Thyroid
Carcinoma) associado à tireoidite autoimune (TA), ao invés de recrutar
procaspase 8 e assim desencadear a apoptose da célula folicular, ocorre
uma ligação cruzada com outra proteína, a chamada FLIP (do inglês Fas-like
inhibitory protein - interleukin 1 beta) (IRMLER et al. 1997), que impede a
apoptose nas células neoplásicas. Além de impedir a apoptose, Fas ativa a
via de sinalização de ERK, estimulando a proliferação da célula neoplásica
(MITSIADES et al. 2006).
Mais de 50% dos tumores humanos apresentam uma mutação no
gene TP53 (HARRIS 1996), levando à perda de seus componentes pró-
apoptóticos (ARSCOTT et al. 1999), o que pode ser evidenciado por
imunoistoquímica.
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Legenda: As vias dependentes de caspases são sinalizadas de duas maneiras distintas. A
primeira, conhecida como extrínseca, envolve receptores de membrana que, unidos aos
respectivos ligantes, ativam as vias de caspases numa reação em cadeia que culmina na
liberação de DNAses. A segunda via é conhecida como intrínseca e envolve a liberação de
proteínas que saem do espaço intermembranas da mitocôndria para o citoplasma, ativando
também as caspases.
Figura 11 - Via de sinalização de apoptose.
1.7.4 Potencial Ilimitado de Auto-Replicação
Culturas de fibroblastos evidenciam que as células multiplicam-se um
certo número de vezes e depois param espontaneamente de replicar, uma
condição chamada “senescência celular” (HAYFLICK 1997). Se os genes
TP53 e pRb presentes nessas células forem inativados, elas continuam a
proliferar até entrarem numa segunda fase, chamada de “crise”,
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caracterizada por maciça morte celular, desarranjo no cariótipo e fusão das
extremidades dos cromossomos. Nesta fase de crise, pode ocorrer o
aparecimento de uma variante celular que adquire a capacidade ilimitada de
auto-replicar-se, condição chamada de imortalização celular (WRIGHT et al.
1989). Estima-se que apareça uma célula imortalizada a cada 10.000.000 de
células em crise. Muitas das células neoplásicas malignas cultivadas in vitro
tornam-se imortalizadas, o que permite concluir que o potencial ilimitado de
replicação é uma das características essenciais das neoplasias malignas.
Esta atividade proliferativa pode ser avaliada através do estudo
imunoistoquímico da proteína Ki-67, presente na célula durante todo o ciclo
de divisão celular, mas ausente na fase G0.
1.7.5 Angiogênese Sustentada
No corpo humano, cada célula pode localizar-se a uma distância
máxima de 100 micrômetros de um vaso sanguíneo, limite além do qual ela
deixa de receber o aporte de oxigênio necessário para manutenção da sua
homeostase. Nas fases iniciais, o crescimento dos tumores é bastante
limitado porque suas células não possuem capacidade angiogênica. Se as
células neoplásicas, durante sua multiplicação, distanciarem-se da rede
vascular, suas células entrarão em sofrimento e poderão chegar à morte por
falta de oxigênio, o fator mais importante para a ativação da apoptose. O
aparecimento de novos vasos sanguíneos é um pré-requisito para que haja
uma rápida expansão do tumor, fenômeno desencadeado pelo Fator de
Crescimento Vascular Endotelial (VEGF, do inglês vascular endothelium
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growth factor) (BOUCK et al. 1996; HANAHAN e FOLKMAN 1996) (Figura
12).
Legenda: As células tumorais, durante sua multiplicação, liberam VEGF, proteína
responsável por estímulos angiogênicos. O aparecimento de novos vasos sanguíneos,
trazendo à célula maior aporte de oxigênio, é um importante quesito para expansão tumoral.
Fonte: Roche
Figura 12 - Angiogênese tumoral.
A trombospondina é um inibidor da vascularização e sua produção
está sob controle direto do gene TP53. Com a inativação deste gene nos
processos neoplásicos, haverá menor quantidade de trombospondina e,
portanto, fica liberada a angiogênese (DAMERON et al. 1994). Além disso, a
ativação do oncogene RAS, cuja expressão pode ser avaliada pela
demonstração imunoistoquímica da proteína Ras (proteínaquinase
relacionada à proliferação celular), também estimula VEGF (RAK et al. 1995)
e portanto a angiogênese. Um quarto mecanismo que contribui para a
angiogênese é a ação das proteases que atuam diretamente na matriz
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extracelular e liberam os agentes proangiogênicos aí presentes
(WHITELOCK et al. 1996).
1.7.6 Capacidade de Invadir Tecidos e Provocar Metástases
Noventa por cento das mortes causadas por câncer são devidas a
focos de metástases transportadas pelo sangue e/ou linfa e implantadas em
órgãos distantes do foco primário (SPORN 1996). Usualmente, as células
epiteliais permanecem unidas entre si e fixas nos tecidos graças a moléculas
protéicas responsáveis pela adesão célula-célula e pela adesão célula-
matriz extracelular, tais como CAM, as integrinas e a E-caderina (APLIN et
al. 1998). A aderência célula-célula através de pontes de E-caderina resulta
na transmissão de sinais anticrescimento através da via da beta catenina,
que os repassa para diversas vias intracelulares de sinalização envolvendo o
fator de transcrição Lef/Tcf (do inglês lymphoid enhancer-binding factor / T
cell factor). A importância da via de sinalização que envolve as proteínas E-
caderina e beta catenina no estudo de uma neoplasia pode ser
dimensionada através da pesquisa imunoistoquímica das proteínas
correspondentes. Em muitos tumores, esta função da E-caderina mediada
pela beta catenina é silenciada por mutações nos respectivos genes, o que
facilita a invasão dos tecidos pelas células malignas. Além desse
mecanismo, a via Wnt tem um importante papel na regulação da sinalização
via beta catenina. As proteínas sinalizadoras da família Wnt regulam
numerosos processos no desenvolvimento da célula animal, tais como
estímulo mitótico, diferenciação, alterações na polaridade e adesão celular
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(NUSSE 2005). Ao se ligar a receptores específicos na membrana
plasmática, Wnt eleva os níveis de beta catenina citoplasmática, através da
inibição de proteínas como a caseína quinase e GSK-3, que, juntamente
com APC e Axina, sequestram beta catenina livre no citoplasma, controlando
assim o crescimento celular (POLAKIS 2000; EISENMANN 2005).
1.8 O CÂNCER DA TIREÓIDE – O CARCINOMA PAPILÍFERO
A maior parte das neoplasias malignas da tireóide se origina nas
células foliculares. De acordo com o aspecto histológico e o comportamento
clínico, os tumores malignos derivados das células foliculares são
classificados em carcinomas bem diferenciados, carcinoma pouco
diferenciado e carcinoma anaplásico (indiferenciado) (DELELLIS e
WILLIANS 2004).
Os carcinomas bem diferenciados compreendem o Carcinoma
Papilífero da Tireóide (PTC, do inglês papillary thyroid carcinoma) e o
Carcinoma Folicular da Tireóide (FTC, do inglês folicular thyroid carcinoma),
este último com suas duas variantes, a convencional e o carcinoma
oncocítico. O PTC, por sua vez, pode ser subclassificado de acordo com o
aspecto histológico em diversas variantes (ROSAI 2004b).
O PTC apresenta disseminação metastática por via linfática e sua
evolução costuma ser lenta e insidiosa; quase sempre, pode ser totalmente
curado pela tireoidectomia total (SCLAFANI et al. 1993), seguida ou não da
ablação do parênquima tireoideano residual através do iodo radioativo.
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30
Alguns casos, no entanto, mostram evolução desfavorável, invadem os
tecidos vizinhos e provocam metástases à distância, não havendo nos dias
atuais uma forma realmente eficaz para o tratamento desta situação.
O carcinoma anaplásico (indiferenciado) é altamente agressivo e
geralmente leva o paciente à morte cerca de 1 ano após o diagnóstico.
O carcinoma pouco diferenciado é enquadrado tanto morfológica
como clinicamente numa posição intermediária entre os carcinomas bem
diferenciados e o anaplásico (KONDO et al. 2006). Recentemente, foram
propostos critérios para sua melhor caracterização (VOLANTE et al. 2007)
(Figura 13).
Legenda: Os vários tipos de carcinoma da tireóide; A - carcinoma papilífero bem
diferenciado; B - carcinoma folicular bem diferenciado; C - carcinoma pouco diferenciado; D
- carcinoma anaplásico (fotomicrografia à direita mostrando detalhes das células
neoplásicas em maior aumento).
Fonte: NIKIFOROV e OHORI (2009)
Figura 13 - Tipos de carcinomas da tireóide
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31
A teoria de progressão sequencial dos tumores, segundo a qual os
carcinomas bem diferenciados podem transformar-se inicialmente em lesões
pouco diferenciadas e depois chegar ao carcinoma anaplásico
(indiferenciado) é validada pela existência de pacientes portadores de
tumores com áreas mais e menos diferenciadas associadas a uma raiz
comum de alterações genéticas (VAN DER LAAN et al. 1993).
Legenda: Esquema mostrando possível progressão, associada à desdiferenciação celular
nos tumores originados nas células foliculares da tireóide. Segundo a literatura, qualquer um
deles pode progredir para o carcinoma pouco diferenciado e para o carcinoma
indiferenciado (anaplásico), além de poder provocar o aparecimento de metástases à
distância.
Fonte: NIKIFOROV e OHIRI (2009).
Figura 14 - Patogênese do carcinoma originado nas células foliculares da
tireóide
O PTC corresponde a 80% dos carcinomas bem diferenciados e é
diagnosticado microscopicamente através de características morfológicas
arquiteturais e celulares específicas. É a neoplasia maligna mais frequente
do sistema endócrino (HUNDAHL et al. 1998; PARKIN et al. 2005). A
incidência do PTC tem aumentado significativamente de maneira constante
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em todo o planeta, nas últimas décadas (AKSLEN et al. 1990; LIU et al.
2001; BURGESS 2002; LEENHARDT et al. 2004; DAVIES e WELCH 2006).
Nos Estados Unidos, nos últimos trinta anos, sua incidência triplicou de 2,7
para 7,9 por 100.000 habitantes (ALBORES-SAAVEDRA et al. 2007).
Dentre os motivos que explicam esse incremento substancial na
incidência do PTC, está o uso generalizado da punção aspirativa com agulha
fina dirigida pela ultrassonografia, que conta com transdutores cada vez
mais aperfeiçoados, além do melhor reconhecimento da variante folicular do
PTC (SUSTER 2006).
Os agentes etiológicos implicados na gênese do PTC são: 1-
Radiação ionizante: tanto a terapêutica para tumores de cabeça e pescoço
(RON et al. 1995), quanto a exposição acidental. O acidente ocorrido em
Chernobyl provocou o aparecimento de PTC em mais de quatro mil crianças
e adolescentes superexpostos à radiação. Nestes pacientes, o tempo mais
curto decorrido entre a exposição e o diagnóstico foi de 4 anos, porém o
risco de desenvolver a doença permanece elevado por 40 anos ou mais
(NIKIFOROV 2006a); 2- Suplementação de iodo na dieta.
Em regiões com
deficiência grave de iodo, foi demonstrado por vários artigos científicos que a
sua suplementação pelo uso de sal iodado foi acompanhada, de um lado,
por uma redução na prevalência do FTC e do carcinoma anaplásico da
tireóide e, de outro, por um aumento estatisticamente significativo na
prevalência do PTC (HARACH et al. 2002; WILLIAMS et al. 1977); 3-
Tireopatia pré-existente
: Pacientes com nódulo único na tireóide mostram
incidência 27 a 29 vezes maior de PTC quando comparados a pacientes
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
33
sem nódulo tireoideano; se os nódulos forem múltiplos, a incidência maior da
neoplasia diminui para 6 a 9 vezes em relação à população normal
(FRANCESCHI et al. 1999); 4- Fatores hereditários: Descendentes de
pacientes portadores de PTC mostram incidência aumentada entre 5 a 9
vezes em relação ao restante da população (HEMMINKI et al. 2005). O PTC
hereditário corresponde aproximadamente a 5% do total de casos,
distribuídos em dois grupos de pacientes, aqueles que apresentam
associação de PTC com neoplasias múltiplas e aqueles com pouco ou
nenhum risco de desenvolver outras neoplasias. Nos pacientes do primeiro
grupo, a associação mais conhecida é com a polipose adenomatosa familial,
doença autossômica dominante causada por uma mutação germinativa do
gene APC (gene supressor de tumor que controla, entre outras, a atividade
de beta-catenina). Em geral, estes pacientes têm em torno de 30 anos e a
distribuição pelo sexo é de 8 mulheres para cada homem afetado pela
síndrome (PLAIL et al. 1987; BULOW et al. 1988). No segundo grupo, os
pacientes apresentam associações mais raras, dentre as quais temos: a-
complexo de Carney
(BOIKOS e STRATAKIS 2006), doença autossômica
dominante, caracterizada por mixomas no coração e no tórax,
hiperpigmentação da pele e hiperatividade endócrina (CARNEY et al. 1985);
b- síndrome de Werner
(ISHIKAWA et al. 1999), doença autossômica
recessiva rara, caracterizada por encurtamento do telômero, que leva ao
envelhecimento precoce (OZGENC e LOEB 2005).
A natureza hereditária do PTC é estabelecida convencionalmente
quando numa mesma família 3 ou mais parentes de primeiro grau
Introdução_____________________________________________________________
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34
desenvolvem a doença; famílias com 1 ou 2 membros afetados têm chance
igual à da população geral para desenvolver carcinoma esporádico ou
hereditário (CHARKES 1998, 2006). PTC familial mostra hereditariedade
autossômica dominante com penetração incompleta, que aumenta com a
idade (BURGESS et al. 1997; MALCHOFF e MALCHOFF 2006), costuma
ser multifocal e coexistir com múltiplos nódulos benignos da tireóide
(UCHINO et al. 2002).
A exposição da tireóide aos fatores etiológicos do carcinoma provoca
uma instabilidade cromossômica, predispondo a célula folicular às mutações
que constituem as alterações genéticas precoces ou eventos de iniciação
(VIGLIETTO et al. 1995). Posteriormente, sobrevêm as alterações genéticas
tardias (eventos de progressão, citados no item 1.6 desta introdução).
1.9 A PATOGÊNESE MOLECULAR DO PTC
Embora os PTCs sejam de origem monoclonal, isto é, as células
neoplásicas provêm de uma só célula inicial (KIM et al. 1998), estudos
moleculares evidenciam que múltiplos focos de PTC encontrados num
mesmo paciente em geral mostram origens clonais distintas. Isto equivale a
dizer que diferentes focos de tumor na mesma tireóide não representam uma
disseminação intraparenquimatosa de um clone único, mas sim diversos
tumores primários (SHATTUCK et al. 2005). Outro fato que corrobora este
achado é que diferentes nódulos tumorais freqüentemente mostram
alterações genéticas diversas, tais como diferentes estruturas da proteína
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35
RET (codificada pelo proto-oncogene RET que, quando associada a PTC, é
conhecida como RET/PTC) e também variações na mutação de BRAF
(SUGG et al. 1998; PARK et al. 2006).
Em relação à ploidia, o PTC mostra conteúdo de DNA preservado,
com aneuploidia presente em apenas 10% dos pacientes, proporção muito
menor do que aquela encontrada nos FTCs e menor até mesmo do que
aquela encontrada nos adenomas foliculares da tireóide (JONASSON e
HRAFNKELSSON 1994). A maioria dos PTCs mostra cariótipo normal,
variando de 20 a 40% a porcentagem dos pacientes que apresentam
alterações citogenéticas (HERRMANN et al. 1991; ROQUE et al. 2001). Tais
alterações podem ser numéricas ou estruturais. As primeiras envolvem
alteração no número de cromossomos (a mais comum é a perda do
cromossomo Y e ganho do cromossomo 17, cuja trissomia, alteração
genética mais frequente, está presente na variante folicular do PTC) (FRAU
et al. 2008). Das alterações estruturais, a mais comum é a inversão
encontrada nos rearranjos RET / PTC1 e RET / PTC3.
Casos isolados de translocação envolvendo quebras de cromossomo
em 1p32-36, 1q22, 3p25-26 e 7q32-36 têm sido relatados
(ZITZELSBERGER et al. 1999; ROQUE et al. 2001).
Através da técnica da hibridização genômica comparativa (CGH, do
inglês Comparative Genomic Hybridization), têm sido detectados
desequilíbrios cromossômicos em cerca de 40% dos pacientes portadores
de PTC, número maior nas variantes histológicas mais agressivas da doença
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
36
(KJELLMAN et al. 2001; WREESMANN et al. 2004; RODRIGUES et al.
2007).
No PTC, a perda da heterozigosidade, resultado da deleção de
pequenas regiões do cromossomo nas quais podem residir importantes
genes supressores de tumor, é um evento pouco frequente (SOBRINHO-
SIMOES et al. 2005). Uma metanálise evidencia apenas 2,5% de perda da
heterozigosidade no PTC, contra 20% detectados no FTC (WARD et al.
1998).
A patogênese do PTC está baseada na alteração de múltiplas vias de
sinalização da célula folicular, das quais a mais importante é a via das
MAPKs, que regula o crescimento, diferenciação e sobrevida das células
foliculares (ROBINSON e COBB 1997). A ativação exacerbada desta via na
célula folicular pode ser a consequência de mutações pontuais nos genes
BRAF e RAS e também de rearranjos cromossômicos nos genes RET/PTC e
NTRK1 (NIKIFOROV e OHORI 2009). Cerca de 70% dos pacientes
portadores de PTC mostram pelo menos um destes eventos genéticos,
sendo rara a concomitância de duas ou mais mutações (KIMURA et al. 2003;
SOARES et al. 2003; FRATTINI et al. 2004).
As mutações guardam estreita correlação com propriedades
biológicas específicas, por exemplo, os rearranjos cromossômicos no gene
RET e no gene PPAR
γ
(do inglês peroxisome proliferator-activated receptor
gamma) estão presentes respectivamente no carcinoma papilífero (GRIECO
et al. 1990) e no carcinoma folicular (KROLL et al. 2000).
Introdução_____________________________________________________________
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37
Quanto ao PTC, os eventos moleculares iniciais que mais
provavelmente parecem conduzir ao seu aparecimento são as mutações
pontuais nos genes BRAF e RAS e os rearranjos cromossômicos nos genes
RET e TRK (KROLL 2004).
Cerca de 70% dos PTCs apresentam pelo menos uma destas
alterações genéticas, que influenciam diretamente a transdução de sinal na
via das MAPKs, afetando as proteínas quinases ERK (extracellular signal-
regulated kinase), PI3K (phosphoinositide-3 kinase), MAPK p38 e c-JUN-
quinase (ou MAPK8) (BARRIL et al. 1999; SANTORO et al. 2002).
Em relação ao perfil da expressão gênica do PTC, o uso de
microarrays de cDNA de alta densidade permitiu chegar às seguintes
conclusões: 1- O perfil de expressão gênica do PTC é diferente daquele
apresentado pelo FTC e por outros tipos de tumor (HUANG et al. 2001;
CHEVILLARD et al. 2004; FINLEY et al. 2004), fato que confere maior
consistência à presente classificação histológica dos tumores da tireóide,
preconizada pela Organização Mundial da Saúde-OMS (DELELLIS e
WILLIANS 2004); 2- parece que os múltiplos perfis de expressão gênica
apresentados pelas variantes de PTC com mutações nos genes BRAF,
RET/PTC, RAS e TRK (receptores tirosina quinases) já podem ser
individualmente detectados, abrindo-se assim uma perspectiva molecular
para uma nova classificação de PTC, baseada na avaliação conjunta dos
padrões fenotípico e biológico com as mutações específicas (FRATTINI et al.
2004; GIORDANO et al. 2005); 3- o estudo dos arranjos de expressão
gênica confirmou a superexpressão de vários genes sabidamente hiper-
Introdução_____________________________________________________________
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38
regulados no PTC, tais como o MET (mesenchymal-epithelial transition
factor), LGAL3 (galectina 3) e KRT19 (citoqueratina 19) (NIKIFOROV e
OHORI 2009).
Outros achados genéticos no PTC revelam baixa expressão dos
genes responsáveis pelas funções específicas da célula folicular, tais como
a síntese do hormônio tireoideano e o estímulo de genes envolvidos na
adesão, mobilidade e interação célula-célula, além de alterações nos genes
que codificam citoqueratinas e outras proteínas envolvidas na resposta
imunológica (CHEVILLARD et al. 2004).
Quanto às alterações na expressão de microRNAs no PTC, o perfil de
expressão é específico, diverso daquele encontrado no FTC e em outros
tumores da tireóide (NIKIFOROVA et al. 2008).
1.10 O PTC E O GENE BRAF
A mutação do gene BRAF, caracterizada pela substituição de timina
por adenosina no nucleotídeo 1799 (T1799A) éxon 15, é a alteração
genética mais frequente no PTC, levando à substituição da valina pelo
glutamato no códon 600 (V600E) (KIMURA et al. 2003; SOARES et al.
2003). O proto-oncogene BRAF está situado no cromossomo 7q24 e codifica
uma serina/treonina quinase que atua na cascata Ras-Raf-MEK-ERK (ver
Figura 15 mais abaixo). Esta mutação leva a um ganho de função,
representado pela criação de uma via alternativa na sinalização de ERK,
também envolvida na tumorigênese de outras neoplasias, tais como
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39
melanomas e adenocarcinomas de cólon (NUNES 2002). Esta mutação
pontual ocorre quase que exclusivamente nos PTCs que mostram
arquitetura papilar ou mista papilar/folicular (MAGALHÃES 2002).
As mutações do BRAF são tipicamente encontradas nas variantes
clássica e de células altas do PTC, sendo raras na variante folicular
(NIKIFOROVA et al. 2003; KIMURA et al. 2003). No PTC, podem ser
encontradas em 29% a 69% dos casos, em cerca de 13% dos carcinomas
pouco diferenciados e também em 35% dos carcinomas anaplásicos
(PUXEDDU e FAGIN 2001; NUNES 2002). As mutações de BRAF são
associadas a características clínicas mais agressivas, tais como extensão
extracapsular, recidivas mais freqüentes e metástases à distância (XING
2007), graças à superexpressão de VEGF e de metaloproteinases (PALONA
et al. 2006), alterações que em geral estão também presentes . Além desses
efeitos no PTC, a mutação de BRAF predispõe o tumor à perda de
diferenciação, com possível transformação para carcinoma anaplásico
(NIKIFOROVA et al. 2003; KIMURA et al. 2003; NAMBA et al. 2003). A
pesquisa desta mutação na variante de células altas do PTC mostra
prevalência em 100% dos casos (MAGALHÃES 2002).
1.11 O PTC E O GENE RET
O proto-oncogene RET está localizado no braço longo do
cromossomo 10q11.2 e contém 21 éxons, codificando doze isoformas
proteicas alternativas, das quais uma atua como um receptor tirosina
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40
quinase ancorado na membrana celular (TAKAHASHI 1988; NIKIFOROV
2009). Este receptor apresenta três domínios distintos: um domínio
extracelular contendo um sítio para acoplamento com o ligante, um domínio
transmembrana e um domínio intracelular incluindo uma região
citoplasmática com atividade de proteína tirosina quinase. Os ligantes dos
receptores RET são fatores neurotróficos da família dos Fatores
Neurotróficos derivados de células da Glia (GDNF, do inglês glial derived
neurotrophic factor), neutrulina, artemina e persefina. O acoplamento com o
ligante provoca a dimerização do receptor, o que leva à autofosforilação da
proteína em resíduos tirosina, ativando a cascata de sinalização intracelular
(NIKIFOROV e OHORI 2009) (Figura 15).
Em condições normais, o RET tipo selvagem (não mutado) não é
expresso nas células foliculares, sendo detectado apenas nas células C
(parafoliculares) da tireóide. Se houver fusão do gene RET com outros
genes, forma-se o oncogene chamado RET/PTC, que se torna ativado e
constitutivamente expresso nas células foliculares (NIKIFOROV 2004).
O rearranjo RET/PTC é encontrado em cerca de 20% dos PTCs
esporádicos em adultos, mas esta freqüência depende de diferenças
geográficas e da sensibilidade das diferentes técnicas utilizadas para sua
detecção (TALLINI e ASA 2001; NIKIFOROV 2002; ZHU et al. 2006).
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41
Legenda: Fisiologicamente, a ligação de fatores de crescimento a RTKs (receptores tirosina
quinase) resulta na ativação da via de MAPKs responsáveis pela proliferação celular. O
gene quimérico RET/PTC ativa constitutivamente essas vias, levando a célula a uma total
independência dos fatores externos de crescimento.
Fonte: NIKIFOROV e OHORI (2009).
Figura 15 - Esquema de via de sinalização ativada por RET e RET/PTC.
Ele é encontrado com maior freqüência em crianças e adultos jovens
com história de exposição à radiação ionizante (BOUNACER et al. 1997;
RABES et al. 2000) e pode ser resultado da rejunção anômala de
sequências de DNA fragmentado pela ação direta da radiação, segundo
autores que utilizaram a técnica de hibridização fluorescente in situ (FISH,
do inglês Fluorescence In Situ Hybridization) (NIKIFOROVA et al. 2000).
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
42
Doze diferentes rearranjos RET/PTC já foram descritos, sendo o
RET/PTC 1 ou H4 (CCDC6-RET) e o RET/PTC 3 (ELE1-PTC) os mais
comuns nos carcinomas papilíferos esporádicos da tireóide (NIKIFOROV e
OHORI 2009). Estes rearranjos constituem exemplo de inversões
paracêntricas, isto é, estão localizados apenas em um dos braços do
cromossomo, não atingindo o centrômero. Ambos os genes que se fundem,
o RET e o seu parceiro de fusão, o H4 (ELE1) no caso do RET/PTC1 e o
NCOA4 (RFG) no caso do RET/PTC3, residem no braço longo do
cromossomo 10 (GRIECO et al. 1990; SANTORO et al. 1994;
BONGARZONE et al. 1994; FUGAZZOLA et al. 1996).
Os diversos tipos de rearranjo RET/PTC parecem estar relacionados
às diferentes variantes histológicas do PTC, correspondendo a variante
clássica ao rearranjo RET/PTC1 e a variante folicular, ao rearranjo
RET/PTC3. A freqüência destes rearranjos varia amplamente em
populações de diferentes países, submetidas a diferentes fatores de risco
(HOFF et al. 2000; MACIEL 2001).
Por outro lado, o encontro deste rearranjo em microcarcinomas (por
definição, PTCs de diâmetro máximo inferior ou igual a 1 cm) permite supor
que a sua presença seja um evento iniciador (MACIEL 1992), ao passo que
a presença de múltiplos tipos de rearranjo em tumores maiores sugere
eventos tardios (BRANDI et al. 2001; MACHENS et al. 2001).
Estes rearranjos são raros em carcinomas anaplásicos, indicando sua
possível não-participação na progressão tumoral, embora haja poucos
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43
estudos na literatura focalizando este tema (TAKAHASHI et al. 1985;
PUNALES 2000).
A importância do rearranjo RET/PTC na patogênese do carcinoma
papilífero da tireóide, quando detectado em níveis muito baixos ou somente
em algumas células na intimidade de nódulos tireoideanos afetados pela
tireoidite autoimune ainda não está claramente definida (UNGER et al. 2004;
ZHU et al. 2006).
1.12 O PTC E O GENE RAS
O gene RAS está localizado no cromossomo 1 e pertence a uma
família de genes que codificam pequenas proteínas GTPases envolvidas na
transmissão de sinais extracelulares para o núcleo. Anexa à face interna da
membrana celular, a proteína Ras regula as vias de cAMP, de cálcio e de
várias proteínas quinases (GOLBERT et al. 2003).
Desde a identificação da primeira mutação do gene RAS em tumores
humanos (COOPER 1982), numerosas pesquisas têm sido feitas para
decifrar o mecanismo pelo qual este gene promove a transformação da
célula normal em célula neoplásica.
Uma vez ativada, a proteína Ras provoca a proliferação de células
foliculares, ao contrário do que ocorre em culturas de fibroblastos, onde o
seu efeito é interromper o fenômeno proliferativo. As células foliculares da
tireóide são umas das poucas células do organismo cuja proliferação é
positivamente regulada por uma molécula de ativação da cascata de
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Oliveira PRG
44
sinalização intracelular conhecida por cAMP (do inglês cyclic adenosine
monophosfate). A inter-relação entre Ras e cAMP influencia diretamente as
vias de sinalização ativadas por Ras.
O hormônio estimulante da tireóide, TSH (do inglês thyroid stimulating
hormone), por sua vez, modula os efeitos do gene RAS na diferenciação,
proliferação e sobrevivência da célula folicular (MEINKOTH 2004).
No PTC, mutações pontuais em RAS ocorrem em 10% dos casos, em
geral associadas à variante folicular. Estas mutações localizam-se nos
códons 12, 13 e 61 respectivamente dos genes N-RAS, H-RAS e K-RAS e
estabilizam a proteína na sua conformação ativa, ligada à guanina-trifosfato
(GTP), o que leva ao estímulo autônomo e permanente de diversas vias de
sinalização, dentre elas a das MAPKs e a PI3K/AKT, ambas ligadas à
proliferação celular (NAMBA et al. 1990; EZZAT et al. 1996; VASKO et al.
2004).
Estas mutações estão associadas também à encapsulação do tumor,
a alterações morfológicas nucleares mais discretas e a uma menor
freqüência de metástases linfonodais (ZHU et al. 2003; ADENIRAN et al.
2006).
1.13 O PTC E OS GENES TP53 E SEUS HOMÓLOGOS p63 e p73
A proteína p53 é um fator de transcrição codificado pelo gene TP53,
de grande importância nos organismos multicelulares, nos quais regula o
ciclo celular, funcionando como agente supressor de tumor
Introdução_____________________________________________________________
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45
(MATLASHEWSKI et al. 1984). Por esse motivo, o gene TP53 é conhecido
como o “guardião do genoma”, numa referência à sua função de impedir a
proliferação de uma célula alterada, com seu DNA danificado.
Nos tumores da tireóide, a prevalência de mutações de TP53 é de
apenas 14,3% (FARID 2001), muito menor do que aquela encontrada nas
neoplasias malignas de outros órgãos.
Foram identificadas duas proteínas homólogas de p53, a p63 e a p73;
em conjunto, elas constituem uma mesma família de fatores de transcrição
inter-relacionados. Estas 3 proteínas compartilham até 63% de concordância
na sequência de seus aminoácidos. O gene TP53 codifica 6 proteínas
identificadas por letras gregas, de α até ξ e mostra atividade antiapoptótica
(POZNIAK et al. 2000). As mutações de p53 silenciam a sua capacidade de
conduzir à apoptose a célula cujo DNA foi replicado erroneamente. Com
isso, as demais mutações genéticas que usualmente não têm repercussão
por causa do p53 ficam liberadas, possibilitando o aparecimento de uma
neoplasia maligna (LEVRERO et al. 2000).
O gene p63 não é um supressor tumoral como ocorre com o seu
homólogo p53 (LITTLE e JOCHEMSEN 2002). Ele é essencial para a
manutenção de uma população de células-tronco nos tecidos epiteliais de
diversos órgãos (YANG et al. 1999). A proteína por ele codificada é expressa
no compartimento basal dos epitélios escamoso, mamário, salivar, prostático
e das glândulas lacrimais e pode ser considerada um marcador de células
de reserva (células-tronco, células indiferenciadas multipotenciais) nesses
tecidos (PARSA et al. 1999). Na tireóide, as células-tronco são
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representadas pelos ninhos celulares sólidos já referidos anteriormente.
BURSTEIN et al. (2004), analisando cortes histológicos da tireóide de 88
pacientes, encontraram ninhos celulares sólidos em 21, nos quais em 7
havia PTC e TA. Em outras pacientes no mesmo grupo, sem PTC, foram
encontrados também ninhos celulares sólidos, em meio a um quadro
histológico revelando apenas TA. O autor propõe um modelo baseado nas
células-tronco para explicar a gênese do PTC, sugerindo que: 1- as células
tronco que formam os ninhos celulares sólidos, p63 fortemente positivas,
são as células a partir das quais se origina um subgrupo de PTC (e não das
células foliculares adultas; como tem sido preconizado); 2- estas mesmas
células são pluripotentes e podem permanecer indiferenciadas ou
diferenciar-se para linhagem escamosa ou glandular; podem, também,
desencadear uma reação inflamatória, imunomediada, caracterizada por
infiltrado linfocitário e as demais características da TA; 3- nesse contexto, o
PTC e a TA estariam associados através de sua origem comum em células
pluripotentes p63 positivas. Apesar de interessante, tal proposta está
baseada apenas em 7 pacientes portadores de PTC associado à TA que
mostraram ninhos celulares sólidos nos cortes histológicos de suas tireóides.
1.14 A TIREOIDITE AUTOIMUNE (TA)
Nos anais da Sociedade Clínica de Londres referentes ao ano de
1877 e novamente em 1888, consta o pronunciamento do patologista W.M.
Ord, com as seguintes palavras a respeito das alterações histológicas que
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47
ele havia encontrado pela primeira vez no estudo histológico de uma
tireóide: “O mixedema depende de uma afecção destrutiva da tireóide... em
todos os casos a tireóide está reduzida de tamanho e de cor variável, ora
pálida, amarelo-esbranquiçada, ora avermelhada, firme, endurecida, fibrótica
e aparentemente sem estrutura... A tireóide se transforma em um tecido
fibroso delicado, infiltrado por ilhotas de células redondas, as quais
evidentemente substituem as vesículas da glândula...Aqui e ali, observam-se
também pequenos nódulos de 1 a 2 milímetros de diâmetro fortemente
corados em negro..., os quais ao exame microscópico ... demonstram ser
constituídos por leucócitos, por entre os quais há uns poucos corpúsculos
epiteliais degenerados...”. Com estas palavras, foi feito o primeiro relato
histórico da lesão então conhecida como “mixedema” (DAVIES 2003), hoje
conhecida por tireoidite autoimune (VOLPE 1978a e b). Em 1912, mais de
30 anos depois, Hakaru Hashimoto descreveu quatro casos, que ele chamou
de “struma lymphomatosa”, de pacientes portadores de bócio e
hipotireoidismo (TAKAMI et al. 2008), quadro que ficou conhecido como
“tireoidite de Hashimoto” (Figura 16).
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Legenda: Alterações microscópicas descritas inicialmente por W.M.Ord (1877), substrato
morfológico da doença descrita por Hakaru Hashimoto em 1912, conhecida como “tireoidite
de Hashimoto”. Fibrose (seta preta), folículos atróficos (seta amarela), infiltrado linfocitário
(seta azul) e metaplasia de células oxifílicas (células de Hurthle) difusamente distribuídas.
Figura 16 - Tireoidite autoimune.
Tireoidite linfocitária, tireoidite crônica e tireoidite de Hashimoto são
todos termos usados para designar o mesmo processo patológico que
apresenta diferentes aspectos microscópicos na sua evolução, traduzidos
por diversas manifestações clínicas (ROSAI 2004). Trata-se de uma
alteração inflamatória órgão-específica, imunomediada, que deve ser
genericamente chamada de tireoidite autoimune (TA) (DAVIES 2003),
caracterizada funcionalmente pela produção de anticorpos dirigidos contra
substâncias produzidas pela própria tireóide, o que pode alterar a sua função
(DAYAN e DANIELS 1996; SARAVANAN e DAYAN 2001; PEARCE et al.
2003).
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A tireoidite autoimune é uma condição destrutiva da tireóide cuja
patogênese molecular ainda permanece desconhecida (DENNING et al.
2008). A doença costuma apresentar-se inicialmente assintomática,
evoluindo para uma fase transitória com sinais de hipertireoidismo.
Posteriormente, com o quadro morfológico plenamente instalado, na fase
avançada, o paciente pode apresentar um quadro exuberante de
hipotireoidismo, frente à atrofia do parênquima glandular e sua substituição
por tecido fibroso. Em geral, os sinais e sintomas clínicos são
correlacionados às alterações morfológicas causadas pelo processo
inflamatório autoimune. As características anatomopatológicas que
estabelecem o diagnóstico de TA variam desde leve infiltrado linfocitário
focal sem repercussões no epitélio folicular até um quadro morfológico
exuberante formado por intenso infiltrado linfocitário, formação de
numerosos folículos linfóides exibindo centros germinativos proeminentes,
extensa metaplasia oxifílica no epitélio folicular, destruição do parênquima
glandular, atrofia de folículos tireoideanos e difusa proliferação fibrosa
intersticial.
O diagnóstico anatomopatológico de TA, por basear-se num espectro
morfológico progressivo, variável de acordo com o estágio em que a doença
se encontra, depende da liberalidade com que o patologista classifica as
alterações histológicas presentes. Esta subjetividade na interpretação dos
achados microscópicos tem repercussão direta no estudo da epidemiologia
da doença, cuja incidência é desconhecida e variável de acordo com o local
geográfico estudado (HOLLOWELL et al. 2002). Em levantamentos
Introdução_____________________________________________________________
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estatísticos baseados em autópsias, a prevalência de TA varia de 10% a
45% (WILLIAMS e DONIACH 1962; OKAYASU et al. 1991, 1994).
1.15 A ASSOCIAÇÃO ENTRE O PTC E A TA
O significado da associação entre o PTC e a TA permanece um tema
controverso na literatura desde sua apresentação ao meio científico, nos
idos de 1952 (LINDSAY et al. 1952). Estudos mostram que a frequência da
associação pode variar entre menos do que 1% até 23% (WALKER e
PALOYAN 1990).
A patogênese da TA envolve mutações nos genes que modulam a
imunidade, dos quais a família HLA (do inglês human leucocyte antigen) é a
mais importante. Esta família compreende 3 genes que codificam moléculas
MHC (do inglês major histocompatibility complex) de classe I e mais 6 genes
MHC de classe II (ADEREM e UNDERHILL 1999). O gene CTLA-4 (do
inglês cytotoxic T leucocyte antigen), conhecido como CD152, mostra
polimorfismo associado à TA (LIOSSIS et al. 1998).
Como citado anteriormente, na TA, os pacientes formam anticorpos
conhecidos como “antígenos microssomais” (ASA 1991) dirigidos contra
substâncias produzidas pela própria tireóide, tais como a tireoglobulina e a
peroxidase tireóidea.
Dentre os vários mecanismos imunológicos envolvidos na patogênese
desta doença, o evento desencadeante e também o mais importante parece
ser a sensibilização dos linfócitos CD4+ T helper, cuja ativação desencadeia
Introdução_____________________________________________________________
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51
vários mecanismos que danificam as células foliculares, incluindo a liberação
de citocinas tais como o intérferon gama (INF-γ), que recruta e ativa
macrófagos e células NK (do inglês Natural Killer). As células T helper
também estimulam os linfócitos B a secretar anticorpos contra vários
componentes das células foliculares (BIDDINGER 2009b).
Nas proximidades de folículos destruídos pelo processo inflamatório,
são encontradas células apoptóticas (KOTANI et al. 1995). A união entre o
receptor Fas e o seu ligante FasL parece ser importante na patogênese da
TA, porém esta interação ainda é motivo de controvérsia. As células
foliculares normais expressam Fas, principalmente quando expostas ao INF-
γ e à IL–1β e essa expressão aumentada tem sido relatada na TA. Este
aspecto é acompanhado pela baixa expressão de Bcl-2 antiapoptótica, ao
passo que os linfócitos infiltrativos mostram baixa expressão de Fas-FasL e
alta expressão de Bcl-2 (GIORDANO et al. 2001). Este quadro proteico
indica destruição de células foliculares e preservação dos linfócitos
infiltrativos, porém a expressão de FasL nas células foliculares não é aceita
por todos os pesquisadores, o que dificulta a interpretação desses achados
(ARSCOTT e BAKER 1998; WEETMAN 2004).
A presença de imunoglobulinas estimulantes do crescimento da
tireóide (TGI) e o excesso de TSH devido à queda do nível de T3 e T4
causada pela destruição do tecido tireoideano, levam inicialmente ao
hipertireoidismo e têm sido implicados como responsáveis pelo
aparecimento dos nódulos hiperplásicos vicariantes que em geral estão
presentes na tireóide destes pacientes.
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
52
A punção aspirativa com agulha fina em geral pode sugerir o
diagnóstico de TA ao evidenciar intenso infiltrado linfocitário e outras células
inflamatórias, células oxifílicas, fibroblastos e restos celulares provenientes
da destruição celular. Não é raro o achado de células foliculares com
núcleos atípicos, mostrando membrana nuclear irregular, aumento de
volume, pseudoinclusões e até mesmo dobramentos cromatínicos, achados
histológicos sugestivos de PTC (BALOCH e LIVOLSI 2007).
De todas estas alterações, o sinal histológico característico da TA é a
presença da célula oxifílica (também conhecida como célula de Hurthle),
uma variante morfológica da célula folicular, constituída por citoplasma
abundante, acidofílico e granuloso, circundando um núcleo central e
volumoso, com nucléolo conspícuo.
A TA e o PTC mostram aspectos morfológicos, imunoistoquímicos e
moleculares semelhantes (ARIF et al. 2002). Estudos moleculares em
tireóides com TA indicam também a presença do rearranjo RET/PTC, que é
um marcador associado ao PTC (WIRTSCHAFTER et al. 1997). Alguns
relatos indicam que o PTC parece ser mais freqüente em pacientes
portadores de TA e que nestes pacientes a incidência de pequenos focos de
PTC (microcarcinomas) é alta (FINK et al. 1996).
O cenário que envolve este assunto é particularmente confuso até
porque as alterações morfológicas presentes nas células foliculares de
pacientes com TA são semelhantes àquelas que definem o diagnóstico de
PTC (NIKIFOROV e OHORI 2009).
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
53
A inflamação crônica é sabidamente um fator associado ao
desenvolvimento de diversas neoplasias em diferentes órgãos do corpo
humano. Na patogênese dessas neoplasias, observa-se a participação de
vários mediadores inflamatórios. A ciclo-oxigenase 2 (COX-2) é uma enzima
que catalisa a formação de prostaglandinas a partir do ácido aracdônico,
reação estimulada por algumas substâncias, dentre elas o óxido nítrico (NO).
Este é produzido pela ação de enzimas conhecidas como sintases do óxido
nítrico (NOS), das quais, a forma induzida (iNOS-2) é a que leva à produção
de maiores quantidades de NO. Estas duas enzimas, COX-2 e iNOS, estão
associadas à gênese de múltiplas neoplasias. Em relação à iNOS, um único
estudo mostrou a sua expressão em 4/5 casos de PTC, sem relação com TA
(KAYSER et al. 2000). Quanto à COX-2, outro estudo incluiu 22 casos,
sendo 2 tireóides normais, 3 com bócio colóide, 5 com TA, 7 com PTC e 5
com carcinoma anaplásico. A expressão de COX-2 foi analisada por
imunoistoquímica e por Western blot, resultando positiva em pacientes
portadores de PTC (6/7) e também naqueles com TA (5/5), levando os
autores a propor a possibilidade da participação da COX-2 na patogênese
do PTC associado à TA (CORNETTA et al. 2002).
A proteína p63 está envolvida na manutenção das células-tronco, as
quais são necessárias para manter o desenvolvimento dos epitélios pluri-
estratificados e a morfogênese (YANG et al. 1999; MILLS et al. 1999; YANG
e MCKEON 2000; PELLEGRINI et al. 2001) e, devido à sua expressão em
PTC e TA, a relação etiopatogênica entre ambas tem sido proposta (UNGER
et al. 2003; BURSTEIN et al. 2004).
Introdução_____________________________________________________________
Oliveira PRG
54
Alguns modelos experimentais têm focalizado a associação entre a
TA e o PTC e tentado explicar a sua natureza. A tireóide de camundongos
transgênicos para RET/PTC3, ao contrário de animais normais, produz
citocinas (interleucina-1-alfa, interleucina-1-beta, interleucina-6, TNF-alfa e
COX-2), criando dessa forma o meio ambiente adequado para o
desenvolvimento e a progressão das células neoplásicas do PTC.
Em culturas de células, a transfecção de RET/PTC provoca a
fosforilação do fator de transcrição STAT1 (HWANG et al. 2004). Esta
ativação pode levar à superexpressão de complexos de histocompatibilidade
de classe II, mantendo a intensidade do processo inflamatório.
Há relatos citando a presença de rearranjos do RET/PTC em
pacientes portadores de TA (SHEILS et al. 2000), afirmação refutada por
outros autores que interpretam esse achado como artefatos de ordem
técnica, seja por contaminação da PCR, seja pela presença de micronódulos
de PTC, tão comuns em pacientes portadores de TA (TALLINI et al. 1998;
NIKIFOROVA et al. 2002; ARIF et al. 2002). WIRTSCHAFTER et al. (1997)
estudaram 21 casos de TA, 16 dos quais mostraram associação com PTC e
positividade para o rearranjo RET/PTC1 e 19/21 apresentavam o rearranjo
RET/PTC3, concluindo que existe uma relação de causa e efeito entre a TA
e o PTC. Este estudo foi realizado com casos emblocados em parafina,
extração de RNA e PCR, mas não estão suficientemente claros no artigo os
critérios adotados para inclusão dos pacientes.
Outros estudos relatam uma freqüência de PTC maior do que a
esperada em tireóides portadoras de TA (WALKER e PALOYAN 1990).
Introdução_____________________________________________________________
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55
Levantamentos epidemiológicos e estudos retrospectivos com grande
quantidade de pacientes, no entanto, não confirmam existir uma associação
efetiva entre a TA e o PTC (CRILE 1978; GOLDMAN et al. 1990).
Entre 01 de janeiro de 2006 e 10 de setembro de 2007, num período
de pouco mais de 20 meses, foram publicados na literatura científica mais de
2 mil artigos sobre o câncer da tireóide, uma média de 100 artigos por mês,
alguns deles tratando da associação entre tireoidite autoimune e carcinoma
papilífero da tireóide, que, segundo a maioria dos autores, não parece ser
casual (BENVENGA 2008).
Perante esse cenário, pode-se concluir que até o presente momento
ainda não há um consenso sobre o significado da coexistência de TA e PTC
no mesmo paciente. Para alguns autores, essa associação TA/PTC seria
casual (NIKIFOROV 2006b), enquanto que para outros ela é de causa e
efeito, devendo tal paciente ser tratado de forma especial (PRASAD et al.
2004).
Tendo em vista o aumento real na incidência do PTC, fato que tem
sido constatado em quase todos os países, torna-se cada vez mais
premente a necessidade de se encontrar uma resposta que consiga explicar
satisfatória e definitivamente tal associação, o que certamente trará grandes
benefícios aos pacientes por ela acometidos.
Objetivos______________________________________________________________
Oliveira PRG
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2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Identificar a existência de eventuais diferenças entre as células
neoplásicas que compõem o carcinoma papilífero da tireóide associado ou
não à tireoidite autoimune, através de marcadores de expressão proteica e
da pesquisa dos marcadores moleculares das mutações gênicas envolvidas.
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICOS
1 Avaliar comparativamente em pacientes com PTC associado ou não à
TA a expressão imunoistoquímica de proteínas relacionadas aos
seguintes aspectos da biologia celular:
Î presença de células indiferenciadas;
Î via das MAPKs;
Î moléculas de adesão;
Î ativação da via de sinalização Wnt;
Î via do receptor de morte;
Î moléculas ligadas à indução de interleucinas;
Î fatores de crescimento e diferenciação celulares;
Objetivos______________________________________________________________
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Î
índices de proliferação celular e de apoptose.
2 Avaliar comparativamente nos pacientes com PTC associado ou não
à TA a freqüência da mutação pontual V600E no gene BRAF e dos
rearranjos gênicos RET/PTC1 e RET/PTC3 no gene RET.
Pacientes e Métodos____________________________________________________
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3 PACIENTES E MÉTODOS
3.1 CASUÍSTICA
O levantamento dos casos de PTC foi feito a partir do banco de
tumores do Hospital A.C. Camargo que contém amostras de tecido
neoplásico obtidas no momento da cirurgia e imediatamente congeladas em
nitrogênio líquido para preservação do DNA e do RNA.
Foram inicialmente selecionados 128 casos de PTC, tendo-se como
critério de inclusão o diâmetro da neoplasia, maior ou igual a 1 cm. Destes
casos, o material (lâminas e blocos de parafina) de 18 pacientes havia sido
consumido em trabalho científico prévio, restando assim 110 pacientes.
Todo o material destes pacientes foi levantado do arquivo, totalizando
995 lâminas e respectivos blocos de parafina, indicando uma média de
aproximadamente 9 blocos e respectivos preparados histológicos para cada
paciente portador de PTC.
As 995 lâminas foram submetidas a uma primeira revisão que
confirmou o diagnóstico de PTC em todos os pacientes, sendo escolhidos
apenas os casos classificados como variante clássica, segundo os critérios
histológicos preconizados pela OMS (2004); este foi o nosso segundo
critério de inclusão na pesquisa, tendo sido eliminados mais 8 pacientes.
Assim, a casuística ficou constituída por 102 pacientes, portadores de
PTC variante clássica, com diâmetro igual ou maior do que 1 centímetro. O
Pacientes e Métodos____________________________________________________
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59
material representativo destes pacientes consta de 918 blocos de parafina e
respectivos preparados histológicos, todos corados pela técnica da
hematoxilina-eosina, de uso corrente em patologia cirúrgica.
A segunda revisão de todas as 918 lâminas teve o objetivo de
escolher uma só lâmina, aquela que melhor representasse a região de
contato entre o carcinoma e o estroma tireoideano adjacente, sede das
alterações inflamatórias que afetam os tecidos.
As lâminas dos 102 casos foram revisadas pela terceira vez com a
finalidade de formar os dois grupos de pacientes portadores de PTC, um
associado e outro não associado a TA.
Os critérios adotados para tal classificação foram baseados no exame
microscópico dos fragmentos presentes, com atenção especial ao número
de agregados linfocitários e à quantidade de linfócitos em cada agregado.
Quando o exame microscópico revelou ausência de linfócitos ou então não
mais do que 2 agregados linfocitários, cada um deles formado por no
máximo 20 linfócitos, o caso foi incluído no grupo SEM TA.
As lâminas que mostraram mais do que dois agregados linfocitários,
ou então mais do que 20 linfócitos em cada um dos agregados classificaram
o paciente no grupo COM TA. Mediante estes critérios, nossos grupos de
estudo ficaram assim constituídos:
Grupo 1 - 70 pacientes portadores de PTC com TA
Grupo 2 - 32 pacientes portadores de PTC sem TA
Pacientes e Métodos____________________________________________________
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60
Em seguida, o grupo de pacientes com tireoidite foi desmembrado em
3 subgrupos, de acordo com a presença de folículos linfóides contendo
centros germinativos proeminentes e a presença de células oxifílicas (células
de Hurthle). Mediante esses critérios, a casuística ficou assim constituída:
T0 - SEM TIREOIDITE - ausência de linfócitos ou presença de no máximo 2
agregados linfocitários, cada um contendo até 20 linfócitos;
T1 - TIREOIDITE LEVE - presença de mais do que 2 agregados linfocitários
ou mais de 20 linfócitos em pelo menos um agregado. Neste subgrupo,
ausência obrigatória de folículos linfóides e também ausência de células
oxifílicas;
T2 - TIREOIDITE MODERADA - infiltrado linfocitário intenso, com folículos
linfóides e formação de centros germinativos. Ausência obrigatória de
células oxifílicas;
T3 - TIREOIDITE INTENSA - os achados dos subgrupos anteriores
acrescidos da presença de células oxifílicas - células de Hurthle. Infiltrado
linfocitário de qualquer intensidade, com ou sem centros germinativos
(Figura 17).
Pacientes e Métodos____________________________________________________
Oliveira PRG
61
Legenda: Os subgrupos de pacientes com TA foram definidos pelos seguintes parâmetros
histológicos aplicados à lâmina selecionada para representar cada paciente no TMA: A - T0:
ausência de linfócitos ou até 2 agregados linfocitários (com no máximo 20 linfócitos cada
um); B - T1: muitos linfócitos difusamente distribuídos, sem folículos linfóides; C - T2:
folículos linfóides com centros germinativos, sem células oxifílicas; D - T3: Características
morfológicas anteriores, acrescidas de células oxifílicas (grande aumento).
Figura 17 - Classificação da intensidade da tireoidite autoimune -
parâmetros histológicos
3.2 CONSTRUÇÃO DO TMA (do inglês tissue microarray)
Revimos as lâminas escolhidas com o objetivo de identificar uma área
de aproximadamente 1 milímetro de diâmetro de onde seria retirado o
fragmento de tecido para a construção do TMA. Para selecionar essa área,
buscamos a superfície de contato entre a periferia do PTC e o estroma da
tireóide, onde tem início a reação inflamatória que caracteriza a TA; esta
área foi marcada inicialmente na lâmina com caneta hidrográfica. Em
Pacientes e Métodos____________________________________________________
Oliveira PRG
62
seguida, colocamos a lâmina sobre a superfície de corte do respectivo bloco
de parafina e marcamos a mesma área com tinta branca no bloco de
parafina.
Com o Tissue Microarrayer (Beecher Instruments, Silver Spring, MD),
foi retirado na área marcada de cada bloco doador um fragmento cilíndrico
de tecido parafinado medindo aproximadamente 1 milímetro de diâmetro e 5
milímetros de extensão, que foi incluído no bloco receptor para formar o
TMA (Figura 18).
Legenda: Equipamento utilizado para preparo do TMA. A - tissue microarrayer; B - retirando
fragmento do bloco doador; C - inserindo fragmento no bloco receptor; D - TMA pronto.
Figura 18 - Preparo do TMA.
Pacientes e Métodos____________________________________________________
Oliveira PRG
63
A partir do bloco receptor (TMA) contendo os 102 fragmentos de
tecido, cada um representando um paciente, foram confeccionados 100
preparados histológicos sequenciais, com lâminas especiais (Instrumedics
Inc, Hackensack, NJ), devidamente identificados de 1 a 100, segundo o nível
de profundidade de onde os cortes foram obtidos, correspondendo o número
1 ao nível mais superficial e o número 100 ao nível mais profundo.
Os cortes foram feitos em duplicata, de forma que cada lâmina
apresenta dois conjuntos sequenciais justapostos, cada um contendo
cilindros de todos os casos. Esta amostragem em quadruplicata tem a
finalidade de minimizar a perda de amostras que pode ocorrer no TMA, pela
baixa densidade do tecido tireoideano, que pode esfarelar-se ou descolar da
lâmina durante a técnica histológica e também para aumentar a
representatividade de cada lesão.
Todas as lâminas foram recobertas por película de parafina,
embaladas a vácuo e armazenadas congeladas a -20°C até o momento da
realização da técnica imunoistoquímica.
3.3 IMUNOISTOQUÍMICA
3.3.1 Anticorpos Utilizados
A avaliação da expressão proteica foi feita através de reações
imunoistoquímicas com os anticorpos abaixo descritos, selecionados como
representantes das seguintes funções celulares:
Pacientes e Métodos____________________________________________________
Oliveira PRG
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Presença de células indiferenciadas: p63
Via das MAPKs: ras, AKT-1, ERK1/2
Moléculas de adesão: E-caderina, CD44
Ativação da via de sinalização Wnt : beta-catenina
Via do receptor de morte: Fas-L, caspase 8
Moléculas de indução de interleucinas: iNOS, COX-2
Fatores de crescimento e diferenciação: galectina-3, VEGF
Índices proliferativo e de apoptose: Ki-67, caspase 3 clivada, Fas
3.3.2 Caracterização Técnico-Comercial dos Anticorpos Utilizados
Tabela 1 - Características técnico-comerciais dos anticorpos utilizados.
Proteína Marca Clone Diluição Rec. antigenica Sistema de amplificação
p63 DAKO 4A4 1/2000 BM/EDTA/TRIS/pH9,0 Advance HRP(DAKO)
pAKT-1 Cell Signaling 587F11 1/100 PASCAL/CT/pH6,0 Advance HRP(DAKO)
E-Caderina DAKO NCH-38 1/600 BM/EDTA/TRIS/pH9,0 Advance HRP(DAKO)
CD44(H-CAM) NovoCastra DF1485 1/40 PASCAL/CT/pH6,0 Novolink polymer(NovoCastra)
Β-Catenina BD 14 1/3000 PASCAL/CT/pH6,0 Advance HRP(DAKO)
Fas DAKO DX-2 1/1500 BM/EDTA/TRIS/pH9,0 CSA (DAKO)
Fas-L NovoCastra 5D1 1/50 PASCAL/CT/pH6,0 Novolink polymer(NovoCastra)
Caspase 8 NovoCastra 11B6 1/200 PASCAL/CT/pH6,0 Novolink polymer(NovoCastra)
iNOS BD 6 1/400 PASCAL/CT/pH6,0 Advance HRP(DAKO)
C0X-2 NovoCastra 4H12 1/3000 PASCAL/CT/pH6,0 Advance HRP(DAKO)
VEGF DAKO VG1 1/200 BM/EDTA/TRIS/pH9,0 Novolink polymer(NovoCastra)
Ki67 DAKO MIB-1 1/2500 PASCAL/CT/pH6,0 Advance HRP(DAKO)
Casp.3 cliv Cell Signaling - 1/300 BM/EDTA/TRIS/pH9,0 Advance HRP(DAKO)
Galectina-3 Cell Marque 9C4 1/100 PASCAL/CT/pH6,0 Advance HRP(DAKO)
Ras NeoMarkers - 1/3000 BM/EDTA/TRIS/pH9,0 Novolink polymer(NovoCastra)
pERK1/2 EPITOMICS E337 1/800 BM/EDTA/TRIS/pH9,0 Advance HRP(DAKO)
Pacientes e Métodos____________________________________________________
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65
Os anticorpos fabricados para utilização em tecidos animais (coelho,
rato e camundongo), segundo sua bula original, foram devidamente
validados para uso em tecido humano através de estudo imunoistoquímico
prévio realizado em amostras de tumores humanos conhecidos,
diagnosticados no departamento de anatomia patológica do hospital
A.C.Camargo, de acordo com as boas práticas de laboratório vigentes.
3.3.3 Processamento Técnico das Imunocolorações
As 32 lâminas selecionadas dentre as 100 disponíveis do TMA foram
desparafinadas e os cortes histológicos, hidratados e a seguir incubados a
60ºC por 30 minutos. Seguiram-se 3 banhos de xilol (5 minutos cada) e 4
banhos de álcool etílico 95%. As lâminas foram então lavadas por 5 minutos
em água corrente. A recuperação antigênica foi realizada em câmara Pascal
(câmara de pressão controlada por microprocessador DAKO) em solução de
citrato pH 6,0 por 30 segundos após atingir temperatura de 125ºC e pressão
entre 20 e 25psi. O resfriamento e a despressurização ocorreram até atingir
a temperatura de 90ºC, permanecendo em repouso por 10 segundos,
seguindo-se lavagem com água corrente por 5 minutos. Para alguns
marcadores, a recuperação antigênica foi realizada em banho-maria com
solução EDTA / TRIS, em pH 9,0 e temperatura de 96ºC por 40 minutos,
seguido de resfriamento à temperatura ambiente por 20 minutos e lavagem
em água corrente por 5 minutos. O bloqueio da peroxidase endógena foi
feito através de 3 banhos de 5 minutos cada com peróxido de hidrogênio a
3% e em seguida as lâminas foram lavadas em PBS. O bloqueio de
Pacientes e Métodos____________________________________________________
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proteínas foi realizado pelo bloqueador específico de proteínas (Dako) por
20 minutos. As lâminas foram então incubadas com cada anticorpo primário
por 2 horas à temperatura ambiente em câmara úmida e a seguir, lavadas
em PBS. A incubação com anticorpo secundário (Advance HRP Link DAKO)
foi feita por 30 minutos a temperatura ambiente. Nova lavagem com PBS,
seguida da incubação com polímero (Advance HRP enzyme-DAKO,
NovaCastra e o kit CSA - catalysed signal amplification system - DAKO) por
30 minutos a temperatura ambiente. Nova lavagem em PBS. A revelação da
reação foi feita com o cromógeno diaminobenzidine (DAB) por 5 minutos (Kit
Liquid DAB+ Substrate Chromogen System, DAKO). As lâminas foram a
seguir lavadas em água corrente e contra-coradas com Hematoxilina de
Harris (Merck) por 2 minutos. Nova lavagem em água corrente por 5
minutos. Finalizando, desidratação com álcool, diafanização com xilol e
montagem com Permount (Fisher Scientific).
Do total de 100 lâminas obtidas por cortes do TMA, foram
selecionadas duas para cada proteína avaliada por imunoistoquímica, sendo
uma de um nível mais superficial e outra mais profunda do bloco, com um
intervalo mínimo de 30 cortes sequenciais entre elas (200 micrômetros).
Como cada lâmina possui dois cortes sequenciais, esta metodologia
representa uma análise em quadruplicata.
Os controles negativos para cada reação imunoistoquímica foram
processados da mesma forma, com a omissão do anticorpo primário e
substituição por imunoglobulina do mesmo isotipo. Os controles positivos
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foram confeccionados com tecidos sabidamente positivos para os anticorpos
testados.
3.3.4 Avaliação Microscópica da Expressão Proteica
Realizamos nosso estudo através do sistema automatizado de
imagem celular ACIS III (do inglês Automated Cellular Imaging System -
ChromaVision Medical Systems, Inc., DAKO, Carpinteria, CA, EUA).
Resumidamente, trata-se de microscópio digital automatizado
(escaneador de imagens) acoplado a um computador com janela para
captura e processamento de imagens. O ACIS III é capaz de detectar, contar
e classificar células de acordo com a sua cor, tamanho e forma, permitindo o
reconhecimento de 256 níveis de intensidade de imunocoloração
(CREGGER et al. 2006).
Na avaliação das proteínas beta-catenina (membrana), E-caderina,
Fas-L, CD44, VEGF, Ras, galectina 3 e Fas, que apresentam marcação na
membrana celular, foi utilizado o programa computacional membrane histo.
Na análise da expressão de beta-catenina (citoplasma), COX-2, galectina 3,
i-NOS, Fas-L, VEGF, caspase 8, Ras, caspase 3 clivada, e AKT-1, presentes
no citoplasma, foi utilizado o programa computacional cytoplasm histo. No
estudo da expressão de p63, Ki-67, e ERK1/2, que evidenciam a presença
da proteína no núcleo, foi utilizado o programa computacional nuclear histo
(Figura 19).
Pacientes e Métodos____________________________________________________
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Legenda: Tela do ACIS III com vários cortes do TMA. À esquerda, de baixo para cima, área
para seleção dos fragmentos a serem avaliados (quadro vermelho), arquivo das áreas
selecionadas e os índices numéricos fornecidos automaticamente pelo sistema, relativos à
intensidade da expressão proteica.
Figura 19 - Tela de trabalho do ACIS III.
Na avaliação microscópica de cada proteína, para cada localização
celular, foi seguido o protocolo: 1- cadastro da lâmina no sistema,
especificando a localização celular do anticorpo, conforme referido acima; 2-
rastreamento dos cortes presentes, com captura automática de todas as
imagens em arquivo digitalizado; 3- definição do chamado “colour-threshold”,
feita manualmente pelo patologista; neste processo, são selecionadas
inicialmente as áreas de expressão positiva (coloração marron) e depois as
de expressão negativa (coloração azul), estabelecendo-se assim os
parâmetros que o computador deverá obedecer na análise das imagens.
Esta aferição foi feita individualmente para cada proteína, separadamente
em cada uma das suas localizações celulares; 4- análise microscópica de
Pacientes e Métodos____________________________________________________
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cada fragmento de tecido presente, selecionando-se no mínimo três áreas
diferentes, tendo-se como critério de escolha sempre as regiões de maior
positividade da imunoexpressão; para cada área selecionada, o ACIS III
registra uma grandeza numérica que representa a intensidade da
imunocoloração; 5- a média aritmética das três ou mais áreas selecionadas
representa a intensidade de imunoexpressão para cada proteína, de forma
que cada paciente tem a imunoexpressão de cada uma das proteínas
estudadas representada por apenas uma grandeza numérica.
Nas proteínas expressas apenas na membrana celular e no
citoplasma, a intensidade de imunocoloração está indicada através de um
único número que representa a intensidade de coloração positiva nas áreas
selecionadas.
Nas proteínas com localização nuclear, por outro lado, o ACIS III
fornece dois números de leitura: o primeiro indica a porcentagem de área
nuclear positiva em relação à área total ocupada pelos núcleos (soma das
áreas positiva, de coloração marron e negativa, de coloração azul); o
segundo valor reflete a intensidade da imunocoloração positiva.
3.4 MARCADORES MOLECULARES
3.4.1 Microdissecção das Amostras
Os fragmentos de tireóide obtidos durante a cirurgia dos 102
pacientes e imediatamente congelados a - 80ºC no banco de tumores foram
inicialmente submetidos a um corte de congelação, corados pela técnica
Pacientes e Métodos____________________________________________________
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hematoxilina-eosina e submetidos à avaliação histológica dos seus
constituintes, sendo desprezados os componentes não tumorais, tais como
fibrose, processo inflamatório, necrose etc. A efetividade da dissecção foi
checada com novos cortes histológicos realizados no tecido remanescente.
3.4.2 Extração do DNA e do RNA
O DNA e o RNA foram extraídos pelo método de Tri Reagent (Sigma)
(CHOMCZYNSKI e MACKEY 1995). A avaliação da qualidade de cada uma
dessas amostras foi feita através de leitura espectrofotométrica no
equipamento Nanodrop ND-1000 (Nanodrop Technologies, Wilmington, DE)
utilizando-se chip RNA 6000 Nano do equipamento Bioanalyzer (Agilent
Technologies) e também através de corrida eletroforética em gel de agarose
a 1% (Figuras 20 e 21).
Legenda: Gel de agarose 1% representativo da qualidade e integridade das amostras
extraídas pelo método do TriReagent (Sigma). M: marcador de peso molecular; 1 a 16:
amostras de DNA.
Figura 20 - Amostras de DNA de carcinoma papilífero de tireóide.
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Pacientes e Métodos____________________________________________________
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Legenda: Gel representativo da análise da qualidade e integridade de amostras extraídas
pelo método do TriReagent (Sigma). Foi utilizado o chip RNA 6000 Nano no equipamento
Bioanalyzer (Agilent Technologies). L: marcador de peso molecular; 1 a 12: doze amostras
de carcinoma papilífero de tireóide. RNA extraído de linhagem celular HB4A e utilizado
como controle da corrida eletroforética.
Figura 21 - RNAs extraídos de HB4A
3.4.3 Análise da Mutação V600e do BRAF
A análise da mutação do gene BRAF nos PTCs foi realizada pela
técnica de pirossequenciamento, considerada adequada para o estudo de
mutações genéticas pontuais.
O pirossequenciamento é um método baseado na detecção em tempo
real do pirofosfato (PPI) liberado durante a síntese do DNA. Através de uma
cascata de reações enzimáticas, são gerados sinais luminosos proporcionais
à quantidade de nucleotídeos incorporados. Essa cascata inicia-se com a
polimerização do ácido nucléico, na qual é liberada uma molécula de
pirofosfato inorgânico a cada nucleotídeo incorporado pela polimerase. Esse
Pacientes e Métodos____________________________________________________
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72
pirofosfato é convertido a ATP pela ação de outra enzima, a ATP-sulfurilase,
que fornece à luciferase a energia suficiente para oxidar a luciferina e gerar
luz. Como o nucleotídeo incorporado é conhecido, pode-se determinar a
sequência do molde.
Foi pesquisada a mutação no códon V600E do gene BRAF utilizando-
se o Kit Pyromark
TM
BRAF (Quiagen) que contém pares de iniciadores para
a PCR, sendo um deles biotinilado e outro um iniciador de sequenciamento.
Em cada reação de PCR, a amostra continha 10-20ng de DNA
genômico, 10pmols de iniciadores, senso e anti-senso e 1,25 unidades da
enzima Taq Platinum (Invitrogen) em um volume total de 50 µl em H
2
O.
Os ciclos foram realizados em uma máquina de PCR Eppendorf
Mastercycler Gradient (Brinkman Instruments, Westbury, NY) programada
para submeter as amostras a 95ºC durante 15 minutos e 45 ciclos de 95ºC
por 20 segundos, 51ºC por 20 segundos, 72ºC por 20 segundos e
finalizando com um ciclo de 72ºC por 5 minutos.
A amplificação da região específica foi verificada pela visualização do
produto amplificado em um gel de 2% agarose SybrSafe (Invitrogen).
A purificação da fita simples de DNA utilizada como molde na reação
de sequenciamento foi realizada em uma placa de 96 wells (Millipore,
Bedford, MA). 20 μL do produto biotinilado foram purificados, utilizando-se
esferas de agarose marcadas com estreptoavidina (Amersham Pharmacia
Biotech, Piscataway, NJ) e processados utilizando-se o kit PSQ 96 Sample
Preparation Kit (Pyrosequencing AB, Westborough, MA).
Pacientes e Métodos____________________________________________________
Oliveira PRG
73
A reação de síntese por sequenciamento da fita complementar foi
realizada automaticamente pelo instrumento PyroMark MD (Biotage) em
temperatura ambiente, com reagentes PyroGold (Biotage). O sinal emitido
durante a incorporação de cada nucleotídeo detectado por uma câmera CCD
foi convertido em picos para formar os pirogramas, que foram avaliados para
determinar a presença ou ausência de mutação. Foi considerado BRAF
mutado quando ocorreu a troca dos aminoácidos Valina (V) para Ácido
Glutâmico (E) no códon 600, acarretando uma alteração na leitura, que
passou de GTG para GAG, conforme mostra a Figura 22.
Legenda: Pirograma representativo da análise da mutação V600E de BRAF em amostras
de PTC. A - Pirograma de uma amostra com mutação no códon 600 do gene de BRAF
(GAT), indicado com o asterisco vermelho; B - Pirograma de uma amostra sem mutação
BRAF (GTT).
Figura 22 - Pirograma.
Pacientes e Métodos____________________________________________________
Oliveira PRG
74
3.4.4 Análise dos Rearranjos RET/PTC1 e RET/Ptc3
A avaliação dos rearranjos RET/PTC1 e RET/PTC3 foi realizada por
Real Time PCR quantitativa (qRT-PCR), segundo técnica já padronizada
(RHODEN et al. 2004). O cDNA foi sintetizado utilizando-se 1μg de RNA
total através do Kit High Capacity cDNA Reverse Transcriptase (Applied
Biosystems, Foster City, CA) e 1U/μL de RNAse Out (Invitrogen, Carlsbad,
CA) de acordo com o protocolo do fabricante. A reação foi incubada a 25ºC
por 10 min, em seguida a 37ºC por 120 min e 85ºC por 5 seg. O cDNA foi
estocado a -20ºC.
A eficiência da transcrição reversa do RNA para cDNA foi avaliada
pela amplificação por PCR do gene β-actina, com os oligonucleotídeos
Foward 5’-GCACCCAGCACAATGAAG-3’ e Reverse 5’-
CTTGCTGATCCACATCTGC-3’. Os oligonucleotídeos foram desenhados
em 2 éxons diferentes e amplificaram região de íntron. O ensaio foi realizado
em volume final de 20μL contendo 0,2μM de cada oligonucleotídeo, 125μM
de dNTPs (Invitrogen, Carlsbad, CA), 1,5mM de MgCl
2
, 10mM de Tris-HCl e
50mM de KCl, 1 U de PlatinunTaq DNA Polimerase (Invitrogen, Carlsbad,
CA) e 10ng de cDNA. A amplificação foi realizada segundo os seguintes
ciclos: 95ºC por 5 min para a desnaturação da molécula e ativação da
PlatinunTaq; 35 ciclos a 94ºC por 1 min, a 60ºC por 1 min e a 72ºC por 1
min, com extensão final a 72ºC por 5 min.
O ensaio de amplificação foi realizado de acordo com os
procedimentos recomendados no manual do “kit” TaqMan Universal PCR
Master Mix (2X), conforme descrição a seguir:
Pacientes e Métodos____________________________________________________
Oliveira PRG
75
A reação foi realizada em um volume final de 20 µl contendo 10ng de
cDNA, 10,0µl do TaqMan Universal Master Mix (2X) (contendo MgCl
2
, dATP,
dCTP, dGTP, dUTP, enzima DNA polimerase modificada (AmpliTaqGold)),
sonda e primers específicos para a detecção dos seguintes rearranjos:
RET/PTC1: RET/PTC1 F 5’ CGCGACCTGCGCAAA 3’, RET/PTC1 R 5’
CAAGTTCTTCCGAGGGAATTCC 3’ e sonda RET/PTC1 6FAM -
CAAGCGTAACCATCGAGGATCCAAAGT-TAMRA;
RET/PTC3: RET/PTC3 F 5’ CCCCAGGACTGGCTTACCC 3’, RET/PTC3 R
5’ CAAGTTCTTCCGAGGGAATTCC 3’ e sonda RET/PTC3 6FAM –
AAAGCAGACCTTGGAGAACAGTCAGGAGG – TAMRA;
Controle endógeno: β-ACTINA F 5’ AGCCTCGCCTTTGCCGA 3’, β-
ACTINA R 5’ CTGGTGCCTGGGGCG 3’ e sonda β-ACTINA VIC –
CCGGCTTCGCGGGCGAC – TAMRA.
A amplificação foi realizada em 40 ciclos a 95
o
C por 15 segundos e a
60
o
C por 1 minuto, precedidos por um período a 50
o
C por 2 minutos e a 95
o
C por 10 minutos. A amplificação foi feita no aparelho 7900HT Fast Real-
Time PCR System (Applied Biosystems).
Os produtos foram detectados pelo contínuo monitoramento do sinal
fluorescente emitido. Dessa forma, os valores quantitativos (Ct) foram
obtidos a partir do ciclo limiar, onde o aumento do sinal fluorescente
Pacientes e Métodos____________________________________________________
Oliveira PRG
76
associado ao crescimento exponencial dos produtos de PCR começa a ser
detectado.
A expressão gênica foi quantificada relativamente à expressão de um
gene controle (β-actina) e normalizada com um RNA de referência oriundo
de linhagem celular de tireóide humana TT (ATCC) (Figura 23).
O resultado final (n
gene
) é expresso como um aumento ou diminuição
da expressão de um gene em n-vezes quando comparado ao controle e ao
calibrador, de acordo com a seguinte fórmula: n
gene
= 2
–(ΔCt amostra – ΔCt
calibrador)
, onde ΔCt da amostra e do calibrador são determinados subtraindo-
se o valor médio de Ct do gene estudado do valor médio de Ct do gene
usado como controle.
Legenda: A: amostra com amplificação do gene controle (β-actina), sem amplificação do
rearranjo RET/PTC1; B: amostra com amplificação do gene controle e do rearranjo
RET/PTC1; C, amostra apresentando amplificação do gene controle e do rearranjo
RET/PTC3.
Figura 23 - Curvas de amplificação para amostras de PTC com e sem
rearranjo RET/PTC1 e RET/PTC3 qRT-PCR
Pacientes e Métodos____________________________________________________
Oliveira PRG
77
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados de expressão proteica por imunoistoquímica nos
diferentes subgrupos foram analisados pelos testes estatísticos de T de
Student, ANOVA, Kruskal-Wallis ou Mann-Whitney e correlação de
Spearman. A comparação dos resultados moleculares (rearranjos
RET/PTC1 e RET/PTC3) foi avaliada pelo teste Mann-Whitney. A
comparação dos resultados moleculares relativos à presença da mutação
V600E em BRAF foi feita através do teste do Qui-Quadrado de Pearson. O
valor de p menor ou igual a 0,05 foi considerado estatisticamente
significativo.
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
78
4 RESULTADOS
4.1 CASUÍSTICA
De acordo com os parâmetros estabelecidos para caracterização da
intensidade da TA, dos 102 pacientes selecionados, 32 foram classificados
como T0 (sem tireoidite). Dos 70 restantes, 30 foram classificados no
subgrupo T1 (tireoidite leve), 16 pacientes para o subgrupo T2 (tireoidite
moderada) e 24 para o subgrupo T3 (tireoidite intensa).
A classificação pelo gênero reuniu 90 pacientes no sexo feminino e 12
no sexo masculino. Tabulando gênero e intensidade de TA, foram
encontradas 27 mulheres com T1, 15 com T2, 23 com T3 e 25 sem TA. Nos
homens, 3 com T1, 1 com T2, 1 com T3 e 7 sem sinais de TA.
A avaliação da idade dos pacientes, correlacionada à intensidade de
TA, mostrou média aritmética e mediana respectivamente de 46.1 e 46 para
o subgrupo T1, 47,67 e 48 para T2, 39,71 e 42 para T3 e 42,38 e 43 para
T0.
O tamanho do PTC foi comparado com a intensidade de TA, obtendo-
se os seguintes valores médios: 1,55cm para T1; 1,42cm para T2; 1,51 para
T3 e 1,54 para T0.
Os dados acima podem ser observados na Tabela 2.
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
79
Tabela 2 - Distribuição dos pacientes segundo a intensidade de TA, gênero,
idade e tamanho do PTC.
4.2 IMUNOISTOQUÍMICA
Em relação à expressão das diversas proteínas estudadas, foi feita
uma primeira análise estatística comparando pacientes T0 (sem tireoidite)
com pacientes T1, T2 e T3 (com tireoidite). Estes resultados podem ser
apreciados na Tabela 3.
Essa análise revelou que p63 (marcação nuclear) não demonstrou
diferença significativa entre os dois grupos, nem na porcentagem da área
nuclear corada, nem na intensidade de coloração em cada núcleo. Na
avaliação das proteínas relacionadas às MAPKs, foram encontradas
diferenças significativas em Ras, com maior expressão no grupo com TA,
tanto no citoplasma (p<0,0001), como na marcação de membrana (p=0,003),
e em ERK1/2, superexpressa no grupo com TA (intensidade nuclear) com p=
0,002. Nas moléculas de adesão, E-caderina não apresentou diferença,
porém CD44 (marcação membrana) evidenciou nítida e significativa
diferença (p<0,0001), com maior expressão no grupo com tireoidite. A via
Intensidade da Tireoidite T1 T2 T3 T0 Total
Paciente
Feminino (%)
Masculino (%)
27 (26,5)
3 (2,9)
15 (14,8)
1 (0,9)
23 (22,6)
1 (0,9)
25 (24,5)
7 (6,9)
90 (88,4)
12 (11,6)
Total
30 (29,4) 16 (15,7) 24 (23,5) 32 (31,4) 102 (100)
Idade
Média
Mediana
46,1
46
47,6
48
39,7
42
42,3
43
_____
_____
Tamanho PTC cm
1,55 1,42 1,51 1,54 _____
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
80
Wnt não mostrou diferença na expressão de beta-catenina, nem no
citoplasma, nem na membrana. A via dos receptores de morte mostrou
valores de Fas-L e de caspase 8 sem diferenças estatisticamente
significativas nos dois grupos. Nos marcadores de moléculas indutoras de
interleucinas, iNOS não se mostrou válida para diferenciar pacientes com e
sem TA, porém COX-2 evidenciou importante diferença (p<0,0001), com
maior expressão no grupo dos pacientes com TA. Quanto aos fatores de
crescimento e diferenciação celulares, a galectina 3 e o VEGF não
mostraram diferença. O índice de proliferação celular (Ki-67) também foi
indiferente, a exemplo da caspase 3 clivada como índice de apoptose. A
proteína Fas, outro marcador de apoptose, apresentou importante
superexpressão no grupo com TA (p<0,0001) (Tabela 3).
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
81
Tabela 3 - Valores médios, desvios-padrão e níveis de significância da
expressão proteica mediante análise comparativa entre os grupos com TA
(T1, T2 e T3) e sem TA (T0).
Tireoidite Não Tireoidite
Proteínas
média DP média DP p
Pesquisa de células indiferenciadas:
porcentagem
59,76 14,37 56,39 18,68 0,495
p63
Intensidade no núcleo
76,72 7,63 76 8,76 0,441
Via das MAPquinases:
Intensidade no citoplasma
137,51 10,07 127 14,86
< 0,0001
Ras
Intensidade na membrana
142,62 11,73 133,46 15,33
0,003
Intensidade no citoplasma
89,86 7,85 89,86 9,14 0,999
porcentagem
17,23 16,58 17,81 17,72 0,949
AKT-1
Intensidade no núcleo
122,08 8,24 122,43 7,4 0,846
porcentagem
9,73 5,18 7,79 4,51 0,090
ERK-1/2
Intensidade no núcleo
74,17 5,6 71,52 4,42
0,002
Moléculas de adesão:
e-caderina Intensidade na membrana
96,94 8,8 93,79 7,11 0,083
CD44 Intensidade na membrana
122,21 13,63 108,79 17,43
< 0,0001
Ativação da via de sinalização Wnt:
Intensidade no citoplasma
108 16,53 105,87 21,81 0,591
beta catenina
Intensidade na membrana
123,9 14,99 121,53 15,98 0,472
Via do receptor de morte:
Intensidade na membrana
99,29 6,16 101,05 8,4 0,545
Fas-L
Intensidade no citoplasma
93,3 6,63 89,6 17,97 0,458
Intensidade no citoplasma
159,58 15,71 157,88 14,88 0,139
caspase 8
porcentagem
88,51 4,23 88,76 12,46 0,857
Intensidade no núcleo
164,66 4,35 162,68 10,91 0,464
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
82
Cont/ Tabela 3
Indução de interleucinas:
iNOS Intensidade no citoplasma
127,74 19,32 123,7 21,79 0,499
COX-2 Intensidade no citoplasma
127,70 12,53 92,99 16,68
0,0001
Fatores de crescimento/diferenciação celular
Intensidade no citoplasma
127,42 18,86 129,16 22,47 0,704
galectina 3
Intensidade na membrana
141,09 19,67 142,95 18,82 0,870
Intensidade no citoplasma
55,62 4,13 55,8 2,78 0,244
VEGF
Intensidade na membrana
62,29 7,18 62,18 4,66 0,452
Indices proliferativo e de apoptose
porcentagem
4,5 2,23 4,31 2,49 0,399
Ki-67
Intensidade no núcleo
63,12 6,25 63,75 7,01 0,910
Caspase 3 clivada Intensidade no citoplasma
60 4,32 59,22 3,08 0,634
Fas Intensidade na membrana
154,34 13,93 141,06 11,42
< 0,0001
Legenda: Porcentagem = área positiva / área total (positiva + negativa); intensidade =
intensidade da imunocoloração; DP=desvio-padrão; p = significância estatística.
Buscando uma maior compreensão desses resultados, foi realizada
uma segunda avaliação estatística, desta vez excluindo o subgrupo T1 e
comparando apenas os casos de TA de maior intensidade (T2/T3) contra o
subgrupo sem TA (T0), obtendo-se os seguintes resultados: 1- Ras continua
diferenciando os grupos com e sem TA, porém em menor intensidade; 2-
ERK1/2 passou a diferenciar os grupos não só pela maior intensidade de
coloração como também pela porcentagem de área nuclear imunocorada; 3-
CD44 e Fas não sofreram alteração, mantendo-se importantes marcadores
proteicos na diferenciação entre os pacientes portadores de PTC com TA
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
83
daqueles sem TA associada; 4- A proteína COX-2 continua válida para
diferenciação dos grupos com e sem TA, mais intensamente (tabela 4).
Tabela 4 - Valores médios, desvios-padrão e níveis de significância da
expressão proteica mediante análise comparativa entre os grupos com TA
de maior intensidade (T2 e T3) e sem TA (T0).
Tireoidite (T2/T3) Não Tireoidite (T0)
Proteínas
média DP média DP p
Via das MAPquinases:
Intensidade no citoplasma
138,50 10,29 127 14,86
0,0004
Ras
Intensidade na membrana
142,30 11,95 133,46 15,33
0,009
porcentagem
10,62 5,38 7,79 4,51
0,018
ERK1/2
Intensidade no núcleo
75,93 5,51 71,52 4,42
0,0001
Moléculas de adesão:
CD44 Intensidade na membrana
126,70 14,04 108,79 17,43
<0,0001
Indução de interleucinas:
COX-2 Intensidade no citoplasma
127,70 12,32 92,99 16,68
<0,0001
Apoptose:
Fas Intensidade na membrana
147,90 13,37 141,06 11,42
0,0005
Legenda: Porcentagem = área positiva / área total (positiva + negativa); intensidade =
intensidade da imunocoloração. DP = desvio-padrão, p = significância estatística.
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
84
Legenda: Painel imunoistoquímico representativo das proteínas que apresentaram
diferença estatística nos níveis de expressão em pacientes com e sem TA.
Figura 24 - Painel imunoistoquímico das proteínas diferencialmente
expressas.
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
85
A seguir, foram realizadas análises estatísticas comparando todos os
subgrupos de tireoidite entre si em relação a cada uma das 16 proteínas
estudadas (T0 x T1 X T2 X T3), encontrando-se as seguintes proteínas
diferentemente expressas: 1- Ras: na marcação de citoplasma, diferencia T0
de T1 (p<0,05), T0 de T3 (p<0,001) e T2 de T3 (p<0,05); na marcação de
membrana, Ras diferencia apenas T0 de T3 (p<0,05); 2- A proteína ERK1/2,
na avaliação feita pelo ACIS III sobre a porcentagem da área nuclear
imunocorada, diferencia os subgrupos T0 de T3 (p<0,01) e T1 de T3
(p<0,05). A mesma proteína, na avaliação da intensidade de coloração
nuclear, diferencia também T0 de T3 (p<0,001) e T1 de T3 (p<0,001); 3-
CD44 mostra diferentes expressões nos subgrupos T0 de T3 (p<0,001) e T1
de T3 (p<0,01); 4- COX-2 diferenciou os subgrupos T0 de T1 (p<0,001), T0
de T2 (p<0,01) e T0 de T3 (p<0,001); finalmente, 5- Fas, nesta análise
multivariada, mostrou-se capaz de diferenciar os subgrupos T0 de T1
(p<0,001) e T0 de T3 (p<0,01) (Figura 25).
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
86
Legenda: Gráficos das análises das proteínas COX-2, CD44, CD95, Ras e ERK 1/2.
* = p< 0,05.
Figura 25 - Influência da intensidade da TA na diferença de expressão
protéica entre pacientes com PTC.
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
87
Com base nesses achados, foram feitas análises de correlação
estatística entre a intensidade de imunoexpressão e a intensidade da
tireoidite nessas proteínas diferentemente expressas.
O coeficiente de correlação indica a força e a direção do
relacionamento linear entre duas variáveis aleatórias e é expresso por “r”.
Como resultado, obtivemos os seguintes coeficientes de correlação:
r
COX-2
= 0,52 (p< 0,001);
r
Fas
= 0,30 (p= 0,004);
r
CD44
= 0,49 (p< 0,001);
r
RAS citoplasma
= 0,38 (p< 0,001);
r
RAS membrana
= 0,24 (p= 0,017);
r
ERK1/2 porcentagem
= 0,32 (p = 0,002);
r
ERK1/2 intensidade
= 0,48 (p < 0,001).
4.3 ANÁLISE DA MUTAÇÃO V600E DO GENE BRAF
Foram submetidas ao pirossequenciamento, para pesquisa da
mutação V600E, 93 amostras de PTC, das quais 49 (48%) mostraram-se
mutadas e 44 (43,1%) não mutadas, conforme a Tabela 5. Na avaliação
estatística entre os grupos sem tireoidite (T0) e com tireoidite (T1, T2 e T3)
não observamos diferença. Em seguida, fizemos mais 3 avaliações, T0 com
T1, T0 com T2 e T0 com T3, também sem diferença estatística. Portanto, em
relação à mutação V600E do gene BRAF, na nossa casuística não houve
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
88
diferença estatisticamente significativa entre os pacientes com e sem
tireoidite autoimune.
Tabela 5 - Distribuição da mutação V600E do gene BRAF nos grupos com e
sem TA.
V600E MUTADO NÃO MUTADO PERDA TOTAIS
COM TA (%) 34 (33,4) 31 (30,4) 5 (4,9) 70 (68,6)
SEM TA (%) 15 (14,7) 13 (12,7) 4 (3,9) 32 (31,4)
TOTAIS 49 (48) 44 (43,1) 9 (8,8) 102 (100)
4.4 ANÁLISE DOS REARRANJOS RET/PTC1 E RET/PTC3
Para avaliar o padrão de expressão gênica dos rearranjos RET/PTC1
e RET/PTC3 em amostras de PTC com e sem TA, foram extraídas 102
amostras de RNA, das quais 84 (25 sem TA e 59 com TA) apresentaram boa
integridade para a avaliação do rearranjo por qRT-PCR.
O rearranjo RET/PTC1, mostrou amplificação em 29,4% das amostras
de PTC com TA e 12,7% das amostras de PTC sem TA, conforme a Tabela
6 (Figura 26).
Tabela 6 - Distribuição do rearranjo RET/PTC1 nos grupos com e sem TA.
RET/PTC1
MUTADO NÃO MUTADO PERDA TOTAIS
COM TA (%) 30 (29,4) 29 (28,4) 11 (10,8) 70 (68,6)
SEM TA (%) 13 (12,7) 12 (11,8) 7 (6,9) 32 (31,4)
TOTAIS (%) 43 (42,2) 41 (40,2) 18 (17,6) 102 (100)
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
89
O rearranjo RET/PTC3 foi observado em 15,6% dos casos com TA e
em 6,9% das amostras de PTC sem TA, conforme a Tabela 7 (Figura 27).
Tabela 7 - Distribuição do rearranjo RET/PTC3 nos grupos com e sem TA.
RET/PTC3
MUTADO NÃO MUTADO PERDA TOTAIS
COM TA (%) 16 (15,6) 43 (42,2) 11 (10,8) 70 (68,6)
SEM TA (%) 7 (6,9) 18 (17,6) 7 (6,9) 32 (31,4)
TOTAIS (%) 23 (22,6) 61 (59,8) 18 (17,6) 102 (100)
A avaliação estatística para a expressão gênica de RET/PTC1 não
demonstrou diferença entre os grupos com ou sem TA. Em seguida,
comparamos os pacientes sem tireoidite separadamente com cada um dos
subgrupos de tireoidite, não observando diferença estatisticamente
significativa entre os pacientes portadores e não portadores de tireoidite.
Procedemos da mesma forma na análise de rearranjo RET/PTC3 e
também não observamos diferenças estatísticas. Concluímos assim que
também para este rearranjo nossos pacientes não evidenciaram diferença
estatisticamente significativa.
Resultados___________________________________________________________
Oliveira PRG
90
Figura 26 - Comparação da expressão relativa do rearranjo RET/PTC1 em
PTC com e sem TA.
Figura 27 - Comparação da expressão relativa do rearranjo RET/PTC3 em
PTC com e sem TA.
Discussão_____________________________________________________________
Oliveira PRG
91
5 DISCUSSÃO
A primeira referência que encontramos na literatura a respeito da
associação entre PTC e TA foi publicada por Stewart Lindsay, patologista da
Universidade da Califórnia, que definiu os critérios morfológicos
característicos para identificar os 3 tipos básicos de tireoidite crônica, a
saber, a tireoidite autoimune (linfocitária, Hashimoto), a tireoidite
granulomatosa (de células gigantes) e a tireoidite fibrosa (de Riedel).
(LINDSAY et al. 1952). Neste trabalho, foi observada uma diferença
substancial na incidência de PTC em pacientes com TA (12%) quando
comparados a pacientes sem TA (3%), para um p=0,001.
A partir desse artigo científico, inúmeros estudos foram publicados
nos últimos 57 anos tentando explicar a natureza da associação entre TA e
PTC.
Alguns autores acreditam que a célula epitelial do folículo tireoideano,
já transformada pela presença da TA em célula metaplásica oxifílica (célula
de Hurthle), pode transformar-se na célula neoplásica que caracteriza o PTC
(PRASAD et al. 2004), possivelmente através de alguma ligação molecular
ainda desconhecida (KANG et al. 2007). Essa hipótese poderia explicar a
maior incidência de PTC em pacientes portadores de TA. Alguns autores
não só concordam com essa idéia como até propõem um esquema especial
de tratamento para os pacientes portadores de TA (WALKER e PALOYAN
1990).
Discussão_____________________________________________________________
Oliveira PRG
92
Outros pesquisadores refutam essa hipótese, que parece não ter um
embasamento tão consistente quando são realizados levantamentos
epidemiológicos com grande número de pacientes. Tais autores acreditam
que a associação PTC/TA é meramente casual (GOLDMAN et al. 1990;
NIKIFOROV 2006b).
Analisando esse tema sob um ponto de vista essencialmente prático,
a resposta a esta questão traria um grande benefício para os pacientes
portadores de TA, principalmente pela possibilidade que hoje existe de se
diagnosticar a TA através do estudo morfológico, imunoistoquímico e
molecular em material obtido por uma simples punção aspirativa com agulha
fina dirigida por ultrassonografia, procedimento rápido, de fácil execução,
com poucos efeitos colaterais, de baixo custo e que pode evitar um ato
cirúrgico desnecessário.
Com o finalidade de comparar objetivamente pacientes com e sem
TA, todos portadores de PTC, do banco de tumores do hospital
A.C.Camargo, foram selecionadas 102 amostras submetidas a biópsia de
congelação, das quais 70 apresentavam também TA. Nesse material,
tivemos 81% de pacientes do sexo feminino e 19% do sexo masculino, o que
está de acordo com os dados de literatura (VANDER et al. 1968;
UMPIERREZ et al. 2003). O tamanho do PTC variou de 1 a 3,5 cm, com
uma média de 1,5 cm, não tendo sido encontrada diferença estatisticamente
significativa entre os grupos de pacientes estudados.
Nossa preocupação, logo no início da pesquisa, foi caracterizar de
uma forma mais objetiva os parâmetros histológicos que definem a TA. Na
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rotina de patologia cirúrgica, tal diagnóstico é estabelecido quando os cortes
histológicos demonstram algumas modificações na morfologia tireoideana,
tais como infiltrado linfocitário, formação de folículos linfóides com centros
germinativos proeminentes, fibrose no estroma, folículos atróficos, além de
alterações no epitélio folicular, caracterizadas por metaplasia oxifílica e
atipias nucleares representadas por cariomegalia, irregularidades na
carioteca, clareamento da cromatina e pseudoinclusões intranucleares.
Nesse contexto, o diagnóstico de TA depende da liberalidade com
que cada patologista examina os cortes histológicos da lesão, o que tem
repercussão direta no estudo da incidência e de outros informes
epidemiológicos importantes relacionados à TA.
Por outro lado, tendo em vista a importância da caracterização prática
e objetiva da tireoidite especificamente na nossa pesquisa, cujo objetivo
maior é comparar pacientes portadores de carcinoma associado a tireoidite
com pacientes também com carcinoma, porém sem TA, deparamo-nos com
algumas questões importantes que estavam sem resposta, tais como: de
que forma diferenciar os pacientes sem TA daqueles portadores de TA leve,
ou seja, a partir de que quantidade de linfócitos deveríamos incluir um
paciente no grupo de TA ? Como quantificar os linfócitos representativos de
TA daqueles usualmente presentes em pacientes portadores de PTC? E os
pacientes cujas lâminas mostravam também folículos linfóides com centros
germinativos proeminentes, mas sem células oxifílicas? E aqueles que, além
dessas alterações, apresentavam também metaplasia de células oxifílicas?
Em resumo, para que os resultados da nossa pesquisa tivessem maior
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objetividade, sentimos a necessidade de graduar morfologicamente a
intensidade do processo inflamatório, para depois comparar esses pacientes
frente aos resultados fornecidos pela imunoistoquímica e pela análise
molecular.
Não encontramos na literatura uma classificação de tireoidite que nos
permitisse estratificar os nossos pacientes pela intensidade de TA. Assim,
definimos nossos próprios parâmetros histológicos para subdivisão dos
pacientes com TA em 3 gradações, de acordo com os parâmetros
morfológicos descritos no item Pacientes e Métodos.
Redistribuídos os pacientes, os subgrupos T0 (sem TA), T1 (TA leve)
e T3 (TA intensa) ficaram praticamente com o mesmo número de pacientes,
apenas o subgrupo T2 (TA moderada) ficou com cerca da metade de casos.
Em tecidos normais, as células tendem a crescer e sofrer divisões e
sua taxa de proliferação depende da disponibilidade de nutrientes e de sinais
químicos estimuladores que provêm de outras células. Estes sinais atuam
sobrepujando os mecanismos intracelulares de frenagem, que tendem a
restringir o crescimento celular e bloquear a progressão do ciclo celular.
Usualmente, as neoplasias malignas resultam de mutações que
libertam as células dos controles normais de proliferação e sobrevivência
celular, tornando-as autônomas. Essas falhas no controle tanto da
proliferação como da morte celular não são o único defeito das células
cancerosas, porém constituem uma marca essencial dessa doença. Assim, a
importância de se analisar vias responsáveis por proliferação e morte fica
clara quando o assunto é neoplasia.
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Antes da invenção da imunoistoquímica, o diagnóstico diferencial
entre dois ou mais tumores que têm aspecto histológico semelhante era
baseado tão-somente na experiência pessoal de cada patologista. Esse fato
dificultava sobremaneira o tratamento de pacientes portadores desses
tumores de difícil diagnóstico, pois a conduta adequada era mostrar as
lâminas e aguardar a opinião do patologista especialista naquele tipo de
tumor. Com a invenção e a popularização do estudo imunoistoquímico,
tornou-se possível distinguir com bastante segurança tais tipos de tumores,
através da expressão das proteínas que os compõem, identificadas
mediante a utilização de anticorpos marcados, mono ou policlonais, que só
reagem quimicamente com os antígenos (proteínas) específicos iguais
àqueles a partir dos quais foram produzidos.
Com o objetivo específico de encontrar eventuais diferenças na
expressão das proteínas presentes em células neoplásicas de PTC em
pacientes com e sem TA, selecionamos algumas vias de sinalização
relacionadas à divisão e morte celular e escolhemos 16 proteínas para
representá-las.
No nosso estudo, constatamos que em pacientes portadores de PTC,
a expressão de 5 dessas 16 proteínas permite diferenciar aqueles que têm
TA daqueles que não têm TA associada.
Na via de sinalização das MAPKs, encontramos diferença nas
proteínas Ras e Erk1/2.
A proteína Ras pertence a uma família de proteínas monoméricas
diretamente ligadas à via de sinalização das MAPKs, regulando a proteína
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ERK1/2, componente fundamental da maquinaria responsável pela
proliferação celular normal e neoplásica (VANTAGGIATO et al. 2006). Além
disso, a família de proteínas Ras regula outra via de sinalização muito
importante na patogênese do carcinoma da tireóide, a via PI3K/Akt-1, que
também conduz à proliferação celular. Mutações de RAS podem provocar a
autofosforilação constitutiva destas cascatas, levando à formação de
tumores benignos e malignos da tireóide (FAGIN 2002). A proteína Ras é
codificada por 3 proto-oncogenes que codificam 4 isoformas proteicas (H-
Ras, K-Ras4A, K-Ras4B e N-Ras), as quais funcionam como interruptores
moleculares ligados a uma complexa trama de cascatas de sinalização
(MITIN et al. 2005). A ligação de fatores extracelulares, por exemplo, o fator
de crescimento epitelial (EGF, do inglês Epidermal Growth Factor), com os
receptores tirosina quinases presentes na membrana celular provoca a
ativação destes receptores e ao mesmo tempo a autofosforilação em
múltiplos resíduos de tirosina, que se ligam a proteínas de sinalização,
deslocando-se no interior da célula para a membrana celular onde, por
proximidade, ativam a proteína Ras. Esta, por sua vez, estimula a cascata
de proteínas quinases que promove a proliferação, a diferenciação e a
sobrevivência da célula, dentre outras funções regulatórias (MARGOLIS e
SKOLNIK 1994; OMEROVIC et al. 2007). Mutações nos códons 12, 13 e 61
do gene RAS provocam autofosforilação da proteína Ras em cerca de 30%
dos cânceres humanos (BOS 1989).
No estudo da proteína Ras, nossos dados mostram nítida
superexpressão no grupo com TA, sendo essa diferença de expressão mais
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intensa na marcação de citoplasma (p<0,0001), porém também significativa
na marcação de membrana (p=0,003), com expressão diferencial nos
diversos subgrupos de TA. O subgrupo T1 potencializa a proteína Ras para
diferenciar pacientes portadores de PTC associado a TA daqueles sem TA.
As proteínas quinases reguladas por sinais extracelulares p44 (Erk1)
e p42 (Erk2) são membros das MAPKs e podem mediar tanto a proliferação
celular como a apoptose. A retenção de Erk1/2 no citosol potencializa a
atividade catalítica de algumas proteínas proapoptóticas, tais como a Dap
quinase, além de inibir a sobrevivência e a proliferação celular por não ativar
fatores de transcrição de localização intranuclear (MEBRATU e TESFAIGZI
2009).
Para Erk1/2, nossos resultados evidenciam uma curva nitidamente
ascendente de T0 para T3, isto é, quanto mais intensa foi a tireoidite, maior
foi também a capacidade de Erk1/2 diferenciar os pacientes com e sem TA,
tanto na mensuração imunoistoquímica da porcentagem de área nuclear
imunocorada quanto na intensidade dessa imunocoloração em cada núcleo
individualmente. O subgrupo T1 minimiza a capacidade da proteína Erk1/2
em diferenciar pacientes com TA de pacientes sem TA.
Estes achados confirmam pesquisa realizada na população coreana,
que estudou o PTC e a TA através de imunoistoquímica, avaliando a
expressão de Ras e Erk1/2 em células neoplásicas de PTC, em células
oxifílicas características de TA e em células foliculares normais da tireóide
(KANG et al. 2007). Tais autores encontraram níveis altos de ambas as
proteínas no PTC e na TA e não nas células foliculares normais. Esta
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conclusão está também de acordo com outros autores (MECHLER et al.
2001; NIKIFOROVA et al. 2002; HUNT et al. 2002; HWANG et al. 2004) e
indica que cascatas de sinalização das quais Ras faz parte têm influência
direta na tumorigênese da célula neoplásica do PTC e também na
patogênese da célula oxifílica que é a marca principal da TA. Levanta-se a
hipótese de que provavelmente deva existir uma ligação molecular de
natureza ainda não definida entre a metaplasia de células oxifílicas
característica da TA e a célula neoplásica do PTC (KANG et al. 2007).
Diferentes células possuem diferentes moléculas de adesão na sua
membrana plasmática e tendem a aderir seletivamente a outras células
vizinhas do mesmo tipo através de ligações homofílicas. Essa seletividade é
uma propriedade celular importante, que impede a união de tipos diferentes
de células, o que provocaria o aparecimento de um tecido heterogêneo,
totalmente descaracterizado, com perda da sua função original.
A glicoproteína CD44 é uma molécula multiestrutural e multifuncional
que faz parte de uma família de receptores transmembrana
imunologicamente relacionados, associados à adesão célula-célula, à
adesão célula-matriz, à ativação de linfócitos, ao crescimento tumoral e à
formação de metástases. Outras funções de CD44 no metabolismo celular
incluem migração celular, ativação dos linfócitos, mielopoiese, linfopoiese,
angiogênese e liberação de citocinas. O principal ligante de CD44 é o ácido
hialurônico ou hialuronato, glicosaminoglicana não sulfatada, componente
abundante da matriz extracelular e dos tecidos epitelial e nervoso (FRASER
et al. 1997). Outros ligantes de CD44 são substâncias da matriz extracelular,
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tais como o sulfato de condroitina, o sulfato de heparitina, a fibronectina, a
serglicina e a osteopontina (WANG e DENHARDT 2008).
A proteína CD44 é formada por 20 éxons, dos quais os 5 primeiros e
os 5 últimos são constantes; os 10 éxons restantes, localizados no meio da
molécula, podem sofrer splicing alternativo, formando pelo menos 20
isoformas da proteína, com pesos moleculares que variam de 85 a 230 kDa
(NAOR et al. 1997).
A expressão de CD44 é associada à alta taxa de divisão celular e a
união com seus ligantes induz a célula tumoral a produzir fatores autócrinos
de crescimento (SNEATH e MANGHAM 1998). O PTC é a neoplasia da
tireóide que expressa CD44 com maior frequência, o que confere às suas
células habilidade para invadir linfonodos regionais e aí permanecer inativas
durante anos (FIGGE et al. 1994). Células epiteliais proliferantes e linfócitos
ativados constituem os locais de maior expressão de CD44, cuja isoforma v6
é a mais frequentemente encontrada no PTC, ao contrário do FTC, onde não
se observa a expressão desta isoforma (RUDZKI e JOTHY 1997).
Nossos resultados indicam superexpressão de CD44 nos pacientes
portadores de TA em relação àqueles sem TA, sendo a magnitude dessa
diferença diretamente proporcional à intensidade da TA. Na avaliação dos
subgrupos, CD44 diferencia com ampla significância estatística pacientes T0
de T1 e T0 de T3.
Estes achados estão de acordo com a literatura, que até mesmo
referencia CD44 como marcador de PTC (ARCINAS et al. 2009) e como
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marcador de diagnóstico diferencial entre FTC e adenoma folicular em
material obtido por PAAF (MARUTA et al. 2004).
Uma reação inflamatória pode estimular a carcinogênese e
potencializar o crescimento e a progressão de uma neoplasia através da
instabilidade genômica que provoca na célula (PRESCOTT e FITZPATRICK
2000; PRESCOTT 2000), graças à ação das prostaglandinas que produz.
Múltiplos mecanismos de ação estão envolvidos nessa ação, tais como a
inibição da apoptose (TSUJII e DUBOIS 1995), o aumento da capacidade
invasiva das células neoplásicas (TSUJII et al. 1997), a angiogênese tumoral
(TSUJII et al. 1998) e a inibição da vigilância imunológica (HWANG et al.
1998), dentre outros.
Das moléculas de indução de interleucinas que selecionamos na
nossa pesquisa, a enzima ciclo-oxigenase (COX), que corresponde à
prostaglandina H2 sintase, é uma glicoproteína dimérica localizada na
membrana celular, apresentando pelo menos duas isoformas, a COX-1 e a
COX-2, estruturalmente distintas, com 60% de homologia na sequência de
aminoácidos do seu DNA complementar. A COX-1 é constitutiva, presente
em diversos tecidos e produz prostaglandinas com funções homeostáticas
(DUBOIS et al. 1998). A COX-2, por sua vez, é induzida em locais de
inflamação e sua superexpressão está associada a diversos tumores, tais
como carcinoma colorretal (EBERHART et al. 1994), carcinoma gástrico
(RISTIMAKI et al. 1997; VAN REES et al. 2002), carcinoma esofágico
(ZIMMERMANN et al. 1999), carcinoma prostático (MADAAN et al. 2000),
carcinoma mamário (HWANG et al. 1998) e outros.
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A partir do ácido aracdônico e de outros ácidos graxos essenciais
livres, COX-2 sintetisa os prostanóides, representados pelas seguintes
proteínas: 1- prostaglandinas, mediadores da resposta inflamatória e da
reação anafilática; 2- prostaciclinas, que atuam na fase resolutiva da
inflamação; e 3- tromboxanos, mediadores de vasoconstrição (VANE et al.
1998). Em condições normais, COX-2 não é expressa nas células foliculares
da tireóide, ao contrário do que ocorre no PTC, cujas células neoplásicas
apresentam 100% de expressão. A COX-2 depende de outros estimulantes,
tais como fatores de crescimento, oncogenes e citocinas (LO et al. 2005).
Na nossa pesquisa, a proteína COX-2 mostrou-se, como esperado,
positiva nos dois grupos de pacientes estudados mas, com uma diferença
estatisticamente significativa, superexpressa nos subgrupos com TA. Em
relação aos subgrupos, COX-2 consegue diferenciar T0 de T1, T0 de T2 e
T0 de T3.
Este resultado está de acordo com os dados da literatura, segundo os
quais há superexpressão de COX-2 em tumores da tireóide (KIM et al. 2003)
e também em casos de tireoidite autoimune (CORNETTA et al. 2002).
A apoptose, um dos tipos de morte celular programada, é um
processo fisiológico normal que faz parte das células de todos os
organismos vivos e tem grande importância no desenvolvimento
embrionário, no funcionamento do sistema imunológico e na homeostase
tissular (KERR et al. 1972; ELLIS et al. 1991).
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Distúrbios da apoptose constituem um elo frequente de ligação com a
patogênese de diversas doenças, dentre as quais a tireoidite autoimune
(BOSSOWSKI et al. 2006).
Dentre os tumores da tireóide, o PTC é aquele em que aparecem com
maior frequência as células imunologicamente competentes (BAKER e
FOSSO 1993), além das respostas imunológicas específicas, mediadas por
células, contra antígenos tireoideanos (JUHASZ et al. 1989).
A apoptose desencadeada pela ativação de Fas dirige-se, assim, não
contra as células foliculares da tireóide, mas sim contra os linfócitos
invasivos, desempenhando um papel fundamental no controle do sistema
imunológico através da homeostasia de linfócitos T, cuja ativação leva à
maior expressão de FasL. Inicialmente, esses linfócitos são resistentes à
ligação com Fas, mas quanto mais intensa for a sua ativação, mais aumenta
sua sensibilidade, resultando por fim no aparecimento da apoptose.
Este efeito citotóxico contra o linfócito não é direto, concretizando-se
provavelmente através de citocinas (WEETMAN e MCGREGOR 1994), das
quais o intérferon gama (IFN-γ), o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e o
intérferon beta (IFN-β) são os mais importantes. Estas citocinas sensibilizam
também as células foliculares, preparando-as para a apoptose mediada por
Fas, caspase-8 e caspase-3 (STASSI et al. 2000), que, como acima exposto,
acaba não ocorrendo. A expressão de Fas na membrana da célula
neoplásica, por este motivo, torna-se cerca de 3 vezes maior do que na
célula folicular normal (ARSCOTT et al. 1999).
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Outro mecanismo citotóxico contra os linfócitos agressores é a
ativação da via de sinalização da perforina, proteína responsável pela
formação de poros na membrana celular. A perforina sai do citoplasma dos
linfócitos citotóxicos e das células NK e, como o próprio nome já explica,
perfura a membrana de células infectadas ou de invasores, facilitando sua
destruição (HARTY et al. 2000).
Na associação de TA com PTC, a presença da resposta imunológica
contra antígenos produzidos pela própria glândula tireóide tem sido
relacionada a um melhor prognóstico para os pacientes, os quais têm
mostrado índices melhores de sobrevida (SEGAL et al. 1985; MCCONAHEY
et al. 1986; BAKER e FOSSO 1993; MANCINI et al. 1993; MATSUBAYASHI
et al. 1995; KASHIMA et al. 1998).
A avaliação estatística dos nossos resultados evidenciou
superexpressão significativa de Fas nos pacientes com TA em relação
àqueles sem TA, com aumento progressivo dessa diferença a ponto de
permitir diferenciar os subgrupos T0 de T1 e T0 de T3. Estes dados estão
perfeitamente de acordo com a literatura quanto à superexpressão de Fas
em pacientes portadores de PTC.
Como dito anteriormente, as neoplasias malignas representam a
consequência de mutações que livram as células neoplásicas dos controles
normais de proliferação e sobrevivência celular. Assim, além da análise de
vias de sinalização intracelular, a busca por mutações em genes chaves
tornou-se rotina nos estudos sobre o câncer. Na atualidade, os dois genes
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mais estudados no PTC são o BRAF e o RET/PTC e por isso foram incluídos
na nossa pesquisa.
O gene BRAF codifica 3 isoformas da proteína quinase RAF, ligadas à
serina-treonina quinases: a Araf, a Braf e a Craf, todas essenciais à via de
sinalização de MAPK. Estudos in vitro demonstram que Braf é a isoforma
que ocupa posição central e mais importante nessa via de sinalização,
estando diretamente ligada à capacidade proliferativa da célula tireoideana
(MITSUTAKE et al. 2005).
A mutação ativadora do gene BRAF, V600E, é oncogênica e
corresponde à mutação mais frequente do PTC (XING 2007). Modelos in
vivo e in vitro já demonstraram que a proteína Braf ativada induz a célula
folicular à transformação maligna e também a um comportamento mais
agressivo do PTC (KONDO et al. 2006).
Na nossa casuística, não observamos diferença estatisticamente
significativa entre os pacientes portadores de PTC com e sem tireoidite
autoimune no que diz respeito à presença da mutação V600E de BRAF.
Outros pesquisadores avaliaram essa mesma mutação V600E,
identificando-a somente em células neoplásicas de PTC e não nas células
oxifílicas da TA e nem nas células foliculares normais (KANG et al. 2007).
O rearranjo do gene RET, descrito inicialmente por FUSCO et al. em
1987, ao avaliar 5 casos de PTC e 2 casos de metástases linfonodais, é
encontrado em 1/3 dos pacientes portadores de PTC, mais comumente em
crianças e jovens e também em pacientes expostos à radiação ionizante;
existem já descritos pelo menos 10 tipos diferentes de RET/PTC, todos
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resultando da fusão do domínio tirosina quinase do gene RET com a porção
5’ de diferentes genes parceiros. Na tireoidite, a ocorrência destes rearranjos
foi descrita por alguns autores mas não foi confirmada por outros,
permanecendo ainda controversa (NIKIFOROV 2002).
RET/PTC não parece ser um rearranjo específico da tireóide, tendo
sido descrito recentemente por 3 metodologias diferentes em carcinomas
peritoneais serosos (FLAVIN et al. 2009).
Nos nossos pacientes, as porcentagens de pacientes com e sem
RET/PTC1 e RET/PTC3 não mostraram diferença estatisticamente
significativa quando comparamos pacientes portadores de PTC associado e
não associado a TA, o que está de acordo com dados recentes da literatura
(KANG et al. 2007).
Finalizando, nosso trabalho demonstrou a existência de proteínas
capazes de diferenciar pacientes portadores de PTC em substrato de TA
daqueles que se originam em pacientes sem TA. Esta diferença mostrou-se,
em alguns casos, proporcional ao grau de intensidade da TA, isto é, quanto
maior foi a intensidade da TA, mais expressiva foi também a intensidade de
imunomarcação dessas proteínas, conforme indicaram os testes estatísticos
(Figura 28).
Em relação às alterações genéticas (mutação V600E de BRAF) e
cromossômicas (RET/PTC1 e RET/PTC3) que costumam ocorrer no PTC,
não houve diferença estatisticamente significativa entre os mesmos grupos
de pacientes estudados.
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Estes resultados deverão ser analisados também através da
quantificação de transcritos pela técnica de Real-Time PCR para cada uma
das proteínas diferencialmente expressas, sendo tal estudo sequencial a
esta tese.
Legenda: Modelo, com base estatística, propondo uma possível relação entre o nível de
expressão de COX-2, CD44, RAS e ERK 1/2 e a intensidade de TA.
Figura 28 - Esquema correlacionando imunoexpressão e intensidade da
tireoidite.
Conclusões___________________________________________________________
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6 CONCLUSÕES
No presente estudo, foram constatadas diferenças estatisticamente
significativas entre pacientes portadores de PTC associado e não associado
à TA, no tocante à expressão de proteínas relacionadas à via de sinalização
das MAPKs (Ras e Erk1/2), às moléculas de adesão (CD44), às moléculas
de indução das interleucinas (COX-2) e à apoptose (Fas) presentes nas
células neoplásicas.
Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nos
mesmos pacientes quanto à presença da mutação V600E do gene BRAF e
dos rearranjos RET/PTC1 e RET/PTC3 nas células neoplásicas.
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