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AUTO PERCEPÇÃO do CORPO e ALTERAÇÃO POSTURAL,
PROMOVENDO a SAÚDE dos ACADÊMICOS de FISIOTERAPIA.
ALINE FERREIRA GOMES VASQUES
FORTALEZA - CEARÁ
2007
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação – VRPPG
Centro de Ciências da Saúde – CCS
Mestrado em Saúde Coletiva - MSC
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ALINE FERREIRA GOMES VASQUES
AUTO PERCEPÇÃO do CORPO e ALTERAÇÃO POSTURAL, PROMOVENDO
a SAÚDE dos ACADÊMICOS de FISIOTERAPIA.
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado em Saúde Coletiva da
Universidade de Fortaleza UNIFOR,
como requisito parcial para obtenção
do Título de Mestre em Saúde
Coletiva.
Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Fontenelle Catrib
Co-Orientador: Prof. Dr. Rosendo Freitas de Amorim
Fortaleza - Ceará
2007
2
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Esta dissertação foi submetida à Banca examinadora como parte dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva, outorgado pela
Universidade de Fortaleza UNIFOR; encontra-se à disposição dos
interessados na Biblioteca Central da referida universidade.
A citação de qualquer trecho deste texto é permitida, desde que feita em
conformidade com as normas da ética científica.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Profa. Dra. Ana Maria Fontenelle Catrib
Orientadora
_________________________________________
Profa. Dra. Daniela Gardano Bucharles Mont’alverne
Examinadora
_________________________________________
Profa. Dra. Maristela Lage Alencar
Examinadora
3
“Não só o Latim é Língua morta;
a linguagem do corpo também, se
apenas estudada em livro."
Weil (1990)
4
A meu marido Leandro Vasques,
cujo amor é promessa de toda uma
vida e a Gabriel, nosso filho,
literalmente um presente de Deus.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela trajetória de uma vida abençoada. Agradeço cada
experiência vivida, cada lição aprendida, enfim, todos os momentos felizes e
inesquecíveis e até mesmo os que gostaria de esquecer.
A meus pais, Jerusa e Francisco Gomes, por representarem o porto
seguro de minha vida, sempre presentes e disponíveis, percebendo minhas
necessidades antes mesmo que eu pudesse me dar conta delas e, mais ainda,
pelo carinho e dedicação ofertados nesses 29 anos de convívio.
A meu irmão Rodrigo, pela generosidade e companheirismo.
Aos meus avós Vânia e Ossian Gomes (im memoriam), pelo exemplo a ser
seguido.
A Eliomar (Na), pelo apoio incondicional.
Ao meu sogro Antônio Vasques, pelo incentivo durante as várias fases
da caminhada acadêmica e, a minha sogra França Vasques, pelas idéias
oportunas nas horas de dúvida e hesitação.
A meu marido Leandro Vasques, pelo companheirismo e apoio, por
estarmos de mãos dadas em todos os desafios antepostos às nossas vidas,
como cursar o Mestrado, que ora concluo. Obrigada pelo amor correspondido e
por me fazer a cada dia uma pessoa melhor.
Um agradecimento especial a Gabriel, meu filho, um presente de Deus,
estando hoje com sete meses, por não me deixar esquecer que um sorriso seu
faz tudo valer a pena, que nenhum obstáculo é grande demais que o possa
ser ultrapassado, nem mesmo aquele sofá mais alto que o separa de seu
brinquedo... Por me dar a certeza de que descobrirei os caminhos largos que
nos levarão adiante, abençoando cada dia que nasce e sabendo aproveitar as
oportunidades que nos traz.
A minha orientadora, Ana Catrib, pela paciência no processo de
orientação e pelo incentivo que tornaram possível a conclusão desta
dissertação; a meu co-orientador, Rosendo Amorim, por guiar meus passos no
estudo do corpo. Aos professores do Curso de Mestrado, pelos ensinamentos
repassados e a todos os funcionários, pela atenção e disponibilidade. À
professora Daniela Gardano Mont’alverne, pelo incentivo e colaboração,
6
realmente decisivos para a realização deste trabalho e pelas excelentes
sugestões quando de minha qualificação;
Agradeço aos amigos de jornada, particularmente a Virgínia Lima Verde
Leal, a quem devo muito do que aqui aprendi, por todos os bons momentos
vividos. Aos acadêmicos do Curso de Fisioterapia, que concordaram em
participar da pesquisa. A meus alunos, ratificarem a importância do educador
na vida de seus alunos e em como estes podem se tornar especiais na vida
deste educador; dentre eles, em especial, Bruna Peixe e Rebecca Duarte de
Paula, que me auxiliaram na coleta de dados.
Ao amigo e coordenador Jorge Silveira Brandão, pelo valioso apoio em
forma de compreensão, aceitando o afastamento provisório de minhas
atividades laborais.
À prima e amiga Jhena, pela valiosa ajuda no decorrer desta pesquisa e,
finalmente, agradeço à Funcap, pela assessoria providencial na execução
deste trabalho.
7
RESUMO
O enfrentamento de desafios e incertezas se apresenta como instrumento para
avaliar a complexidade das ações educativas em Saúde. Não há dúvida quanto
a profunda relação existente entre Educação e Promoção em Saúde, sendo
estas responsáveis pela qualidade de vida do ser humano. Mas, sob alguns
aspectos, as estruturas sociais continuam adversas à saúde pública,
conservando o tradicional modelo clínico, centrado na doença. Para
alcançarmos à promoção da saúde, é necessário romper com esse padrão,
buscando reconhecer a necessidade de ação sobre o meiosico e social. Este
estudo surge, portanto, da busca da compreensão de como os acadêmicos de
Fisioterapia desenvolvem o auto-conhecimento e a percepção corporal,
conhecimento fundamental visto que este profissional lidará, em sua rotina
laboral, com desordens corporais de seus pacientes, não devendo ser
desconhecedor das possibilidades e capacidades do corpo humano. Esta
pesquisa de campo tem como objetivos identificar a percepção do acadêmico
de Fisioterapia acerca do equilíbrio do seu corpo; verificar a relação entre
consciência corporal, percepção de esquema corporal e alteração postural, e,
ainda, analisar em que dimensão o aprendizado formal sobre o corpo influencia
a percepção que o acadêmico tem de si mesmo, tendo uma abordagem
qualitativa. A coleta de dados abrange quatro instrumentos: questionário de
consciência corporal, avaliação postural, autodesenho e autodescrição. A
análise dos dados, relativa aos resultados obtidos nas fases da coleta, foi
realizada a partir do confronto da percepção que o acadêmico tem de si com a
sua real condição corporal. Nos resultados percebeu-se a alarmante igualdade
de percepção corporal entre alunos ingressantes e concludentes do curso de
Fisioterapia, sendo os alunos de primeiro semestres, em alguns momentos, até
mais conscientes de seus próprios corpos do que os alunos de último
semestre. Os resultados oferecem uma contribuição para a discussão de uma
nova perspectiva na formação do profissional de Fisioterapia, o que caracteriza
um avanço, permitindo, neste sentido, que seja feito um convite à incorporação,
no currículo de aspectos específicos dirigidos ao estudo teórico e prático do
corpo e do movimento, numa abordagem não biológica, mas sim atreladas
com o avanço dos métodos e técnicas da Fisioterapia, num contexto histórico e
teórico.
Palavras-chaves: Corpo– Fisioterapia – Promoção da saúde
8
ABSTRACT
The confrontation of challenges and uncertainties presents itself as an
instrument to evaluate the complexity of educational actions in health. Without
any doubt, there is a deep relationship between education and health
awareness; they are responsible for men’s quality of life, yet in some aspects,
social structures continue to oppose themselves to public health, thus,
preserving traditional and sometimes outdated clinical models. In order to
promote and reach optimal health awareness, a disruption with the existing
traditional patterns is essential, as is the pursuit that the necessary actions are
taken on physical and social mediums. This study thus emerges, from the
necessity of a deeper comprehension on how academic physical therapists
develop self-awareness and physical perception, thus fundamental knowledge,
since these professionals will routinely deal with with patients with physical
disorders they need to be exceptionally familiar with possibilities and
capabilities of human body. This field research has as general objective to
evaluate in which level of college study Physical Therapy students are
influenced by the physical conscience, addressing health awareness from self-
perception and the focus on qualitative approaches, considering it is based in
the comprehension of social phenomenon and the meaning attributed by
society to the individuals involved. The collection of data includes a physical
conscience questionnaire, a posture evaluation, and a self-portrait reflecting the
student’s self-image. Therefore, the data analysis is relative to the results
obtained in the three phases of the research, comparing and confronting the
student’s self-perception with the student’s real physical condition. The results
offer great contribution to the argument of a new field in the study of Physical
Therapy, characterizing immense progress. Consequently, breaking ground to
the implementation and creation of specific aspects directed to the theoretical
study of body and movement, not only in a biological perspective, but also with
the advancement of Physical Therapy methods and techniques, in a historic
and theoretic context.
Keywords: Body – Physical Therapy – Health awareness
9
SUMÁRIO
1. CONHECIMENTO FORMAL E FORMAÇÃO PROFISSIONAL ................... 11
1.1. Formação do Fisioterapeuta ..................................................................... 15
1.2. Educação e Promoção da Saúde ............................................................. 17
2. O CORPO COMO OBJETO DE ESTUDO DA FISIOTERAPIA ................... 20
2.1. Postura Corporal e Hábitos Saudáveis ..................................................... 20
2.2. Fisioterapia, Corpo e Mente ...................................................................... 22
2.3. Esquema, Imagem e Consciência Corporal ............................................. 26
3. RECORTE DA TAJETÓRIA METODOLÓGICA ......................................... 33
3.1 Natureza Teórica da Pesquisa ................................................................... 33
3.2 Instituição Envolvida na Pesquisa ............................................................. 33
3.3 Sujeitos da Pesquisa ................................................................................. 34
3.4 Procedimentos de Construção dos Dados ................................................ 35
3.4.1. Questionário de Consciência Corporal .................................................. 35
3.4.2. Avaliação Postural ................................................................................. 36
3.4.3. Autodesenho e Autodescrição .. ........................................................... 38
3.5 Procedimentos de Análise de Dados ......................................................... 39
3.6 Aspectos Éticos da Pesquisa ..................................................................... 40
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................... ...................42
4.1. Análise por aluno (1º. Semestre) .............................................................. 42
4.2. Análise dos alunos do primeiro semestre ................................................. 67
4.3. Análise por aluno (9º. Semestre) .............................................................. 67
4.4. Análise dos alunos do nono semestre ...................................................... 81
4.5. Análise comparativa entre as percepções dos alunos ingressantes
e as dos concludentes .................................................................................... 82
CONCLUSÃO .................................................................................................. 84
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 89
APÊNDICES .................................................................................................... 94
ANEXOS .......................................................................................................... 98
10
1- CONHECIMENTO FORMAL E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Na promoção da Saúde, faz-se necessário romper com o padrão
estabelecido e o desenvolvimento de ações, servindo-se dos preceitos da
Educação em Saúde como estratégia na elaboração da consciência crítica,
favorecedora do exercício da cidadania. No ambiente educacional, somado às
estratégias, é imprescindível o diagnóstico do tipo de conhecimento formal que
permite a elaboração da percepção do esquema corporal a partir da maneira
em como cada indivíduo visualiza sua saúde.
O conceito de Corpo não pode existir de forma pura, abstrata, como
sendo assunto em que se trabalhe de forma teórica, ilustrativa. O corpo pode e
deve ser trabalhado de forma concreta, partindo-se da percepção e do
conhecimento do próprio corpo, para, assim, termos acesso às suas
possibilidades e reações.
Vale ressaltar que as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de
Fisioterapia continuam a não prever conteúdos direcionados ao
autoconhecimento do corpo, e sim para o cuidado com o outro, o paciente.
Na literatura que explora a temática em questão discute-se a
necessidade de ações que fomentem a Cultura da Saúde e a promoção de
estilos de vida saudáveis.
Para se promover Saúde torna-se fundamental romper com o padrão
estabelecido e desenvolver ações, servindo-se dos preceitos da Educação em
Saúde como estratégia de estimulação da consciência crítica, condição para
sine qua non para o exercício da cidadania.
A Educação em Saúde constitui-se, pois, importante estratégia no
processo de formação de comportamentos que visem à promoção do bem-
estar da criatura humana. O diagnóstico do conhecimento, a partir da maneira
em como cada indivíduo a saúde torna-se fundamental para a elaboração
de programas educativos eficientes (CAMPOS; ZUANON, 2004).
A presente pesquisa objetiva, em seu escopo, identificar a percepção do
acadêmico de Fisioterapia acerca do equilíbrio do seu próprio corpo, bem como
verificar a relação existente entre a autopercepção corporal, percepção de
esquema corporal e alteração postural, além de analisar em que dimensão o
11
aprendizado formal sobre o corpo influencia a percepção que o acadêmico tem
de si mesmo.
Esta Dissertação se estrutura quatro capítulos. O primeiro é centrado na
compreensão do tipo de conhecimento formal que permite aos acadêmicos de
Fisioterapia desenvolverem a percepção de esquema corporal, visto serem
eles profissionais que lidam, em sua rotina laboral, com as desordens corporais
de seus pacientes. Vale ressaltar que as diretrizes curriculares nacionais
adotadas para os cursos de Fisioterapia, não determinam nenhum trabalho
específico em nível corporal com os alunos, seja este de consciência,
percepção ou esquema corporal. Também não prevêem qualquer tipo de pré-
requisito ou conteúdo que venha a ser desenvolvido durante a formação
acadêmica, no sentido de melhor qualificar o aluno para atuar
profissionalmente no campo postural. Os objetivos e requisitos formais são
direcionados para o cuidado com o outro, o terceiro.
O segundo capítulo destaca a Saúde em nível corporal, enfatizando o
aspecto postural, fator de destacada importância quando percorremos a
atuação fisioterápica, nos diversos setores e níveis da Saúde, seja primário,
secundário ou terciário. A postura a que os indivíduos se submetem quando do
manejo fisioterápico, torna-se, em parte, responsabilidade do profissional
fisioterapeuta, sendo, portanto, este profissional, um militante do campo da
Saúde, logicamente responsável pelo trabalho postural. Enfatiza-se que, no
tópico acerca da Educação e promoção da Saúde será explorada a descrição
do cenário de uma sociedade de mercado altamente consumista, que impõe ao
cidadão um estilo globalizado de vida, levando ao surgimento de novas
patologias, que repercutem negativamente na saúde de grande parcela da
população. É discutida em maior profundidade no referido tópico a revelação,
sem disfarce, de que a promoção da Saúde deve ser uma bandeira defendida,
de maneira indistinta, por todas as nações, uma vez que o resultado deste
posicionamento resultará em benefício das sociedades, na medida em que
políticas blicas saudáveis forem viabilizadas promovendo o surgimento de
um ambiente sociocultural favorável a uma reorganização do cenário que
hodiernamente testemunhamos.
Busca-se, também, conceituar a postura corporal como sendo a posição
que o indivíduo assume no espaço. Dentre outros aspectos, discutir-se-á os
12
desequilíbrios posturais, bem como as síndromes dolorosas. Serão tecidas
reflexões sobre a conscientização corporal, bem como sobre as medidas
educativas, úteis e providenciais, aplicadas junto à comunidade acadêmica, no
escopo de promover mudanças no comportamento habitual, mediante feitura e
uso de instrumentos de comunicação, projetos de educação sanitária e escolar,
participação em serviços de saúde, ampla divulgação de artigos doutrinários,
bem assim ênfase direcionados aos programas de educação continuada.
Ainda no segundo capítulo, abordar-se a relação “Fisioterapia, corpo e
mente”, fundamentando-se na literatura pertinente ao campo da Saúde.
Mobilizam-se idéias de filósofos como Aristóteles e São Tomás de Aquino,
confrontando suas idéias com teorias contemporâneas acerca das concepções
relativas ao corpo e à mente humana. Tenta-se provocar uma oportuna e
imprescindível reflexão entre o passado e o presente, tendo como foco o
próprio ser humano e seu contexto sociocultural. Por fim, constrói-se uma
conceituação e, posteriormente, um confronto das idéias de esquema, imagem
e autopercepção corporal, com importantes referências doutrinárias e
relevantes considerações.
Quanto à, assunto abordado no capítulo três, procura-se discorrer sobre
as etapas do processo da coleta de dados, direcioando grande atenção aos
seus detalhes, que abrangem aspectos de consciência corporal, percepção de
esquema corporal e avaliação postural. Estes esclarecimentos, juntamente com
a fundamentação teórica, são fundamentais à análise e compreensão final dos
resultados encontrados.
O capítulo quatro detalha os resultados da pesquisa a partir dos dados
avaliados. As informações colhidas são organizadas por meio de subdivisões e
agrupamentos de alunos. Inicialmente, os ingressantes são investigados de
forma individual e, depois, em grupo. Sequencialmente, envida-se pesquisa
com os concludentes, de forma individual e, então, todo o grupo de
concludentes. Finalmente, ingressantes e concludentes têm seus dados
confrontados.
13
1.1 Formação do fisioterapeuta
A formação do fisioterapeuta, em nível de graduação, fundamente-se em
atendimento às diretrizes curriculares nacionais, regulamentada pelo Conselho
Nacional de Educação, sob a Resolução CNE/CES 4, de 19 de fevereiro de
2002, homologada pelo Presidente da Câmara de Educação Superior do
Conselho Nacional de Educação, tendo em vista o disposto no Art. 9º, do § 2º,
alínea “c”, da Lei n. 9.131, de 25 de novembro de 1995, e com fundamento no
Parecer CES 1.210/2001, de 12 de setembro de 2001, sendo esta peça
indispensável ao conjunto das presentes Diretrizes Curriculares Nacionais,
homologadas pelo Ministro da Educação, em 7 de dezembro de 2001 (Anexo
1).
As referidas diretrizes definem os princípios, fundamentos, condições e
procedimentos da formação de fisioterapeutas, estabelecidas pela Câmara de
Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, para aplicação, em
âmbito nacional, na organização, desenvolvimento e avaliação dos projetos
pedagógicos dos Cursos de Graduação em Fisioterapia, das Instituições do
Sistema de Ensino Superior.
O Curso de Graduação em Fisioterapia apresenta como proposta uma
formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, cuja meta é capacitar o
acadêmico da área a atuar em todos os níveis de atenção à Saúde, com base
no rigor científico e intelectual. A idéia, portanto, é a de que o profissional-
fisioterapeuta detenha visão ampla e global, respeitando os princípios
éticos/bioéticos, e culturais, do indivíduo e da coletividade.
No decorrer do curso, é imperioso que se cumpra plenamente o estudo
do movimento humano, em todas as suas formas de expressão e
potencialidades, nas alterações patológicas, cinético-funcionais, em sua
repercussão psíquica e orgânica, buscando preservar, desenvolver e restaurar,
a integridade de órgãos, sistemas e funções, desde a elaboração do
diagnóstico físico e funcional, eleição, e até a execução dos procedimentos
fisioterapêuticos pertinentes a cada situação.
Percebe-se, após análise do proposto à luz das diretrizes curriculares,
para o curso de Fisioterapia (Anexo 1), que não existe a mais leve menção ao
conhecimento do próprio corpo do futuro fisioterapeuta ou qualquer trabalho
14
voltado para este, o que isenta as Instituições de Ensino Superior de realizarem
um programa voltado para este fim. Mas, nos últimos parágrafos, as diretrizes
determinam que às ações estabelecidas podem ser acrescidas práticas e
conhecimentos que venham beneficiar o futuro profissional ou a profissão em
si, produzindo conhecimentos mais consistentes e profissionais mais
conscientes durante a prática profissional.
Importante se faz detalhar a atual matriz curricular do Curso de
Fisioterapia da universidade em questão (Anexo 2), permitindo maior
orientação acerca do conteúdo explorado e, consequentemente, do que é
exigido dos acadêmicos da presente IES. Ao compulsar estas informações é
possível estabelecer um panorama cronológico em que os assuntos são
abordados e o conteúdo aqui proposto. Os alunos participantes deste estudo
têm sua formação orientada pela matriz curricular inclusa no citado anexo.
Ao analisarmos a matriz curricular, é possível enumerar as disciplinas
voltadas para o aprendizado e o trabalho com o corpo de forma global:
Anatomia Humana I, Anatomia Funcional, Fisiologia Humana, Psicologia e
Relações Humanas na Saúde, Cinesiologia e Biomecânica, Fisiologia do
Exercício, Cinesioterapia, Fisioterapia aplicada à Trauma-Ortopedia e
Reumatolologia I, Fisioterapia aplicada à Trauma-Ortopedia e Reumatologia II.
Todas as disciplinas citadas acima se concentram no conhecimento
corporal do paciente, suas possibilidades patológicas, a diversidade de
tratamento, o funcionamento do organismo, mas sempre na perspectiva
referencial do outro, sem considerar o auto conhecimento do próprio corpo.
1.2 Educação e Promoção da Saúde
Uma das metas da promoção da Saúde é o impulso à Cultura da Saúde
e à conquista de um estilo de vida saudável, dando prioridade aos cuidados
com a saúde. Em contrapartida, o mercado de consumo determina um estilo
globalizado de vida que introduz novas patologias (típicas da vida
contemporânea) e constrói um ambiente desfavorável à Saúde e à vida no
planeta. Neste sentido, Educação para a Saúde é o processo de qualificação
do indivíduo para a convivência social harmoniosa e o exercício da cidadania,
em todos os níveis e contextos em que interage, norteando-se pelos valores
15
humanísticos e utilizando-se de princípios e instrumentos democráticos,
visando à promoção da qualidade de vida no planeta (VARELA, 1998).
Segundo Ferreira (2005), a promoção da qualidade de vida aponta para
ações de educação e promoção, resultantes de um novo paradigma, segundo o
qual a assistência deve centrar-se na saúde e não na doença. Para Minayo,
(2000) a qualidade de vida, no âmbito da Saúde, tem na promoção da saúde
seu foco mais importante.
O fruto dessa qualificação educacional é a ação sobre o meio. O
indivíduo é o motor dessa ação, sendo responsável pela sua modificação.
Portanto, conhecer os obstáculos que impedem que grandes camadas da
população mundial usufruam dos avanços da ciência e da tecnologia é dever
dos que participam, de alguma forma, do poder de definição do bem-estar da
população. E ao identificá-los, é dever buscar agrega-los em organizações ou
redes, para eliminar ou controlar esses fatores impeditivos da condição da
pessoa saudável (BARROSO, 2003).
O que se entende por Saúde vai depender da concepção que se possua
do organismo vivo e de sua relação com o meio-ambiente. Esses novos valores
estão sendo promovidos pelo movimento do “potencial humano”, da “saúde
holística”, em que o ser humano é visto como um todo, sem fragmentações
(CAPRA, 1997).
Se considerarmos a Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) de
que participam todos os países em desenvolvimento, o desfrute do grau mais
elevado de saúde que se possa alcançar é um dos direitos fundamentais de
todo ser humano, sem distinção de raça, religião, ideologia política ou condição
econômica ou social. Portanto, a Saúde de todos os povos é, universalmente
condição fundamental para se conseguir a paz e a segurança; depende da
mais ampla cooperação entre indivíduos e Estados.
Em contrapartida, temos o modelo clínico, centrado na doença, que
influencia as práticas sociais na área da Saúde, que, infelizmente, tem se
apresentado como o único disponível, cabendo ao profissional da área o alívio
da dor, do mal-estar, da doença e a intervenção dos agravos que podem gerar
dependência temporária ou permanente. Porém, esta noção de cura e bem-
estar limita-se aos determinantes biológicos individuais. O que vemos é a
“doutrinação” das ações de caráter individual, sem que haja por parte da
16
população, questionamentos sobre as políticas blicas adotadas. Em síntese,
a Educação em Saúde, nesse contexto, deve contribuir para a conscientização
individual e coletiva de suas responsabilidades e de seus direitos à Saúde,
estimulando a acessibilidade, equidade, universalidade e participação popular
(CAMPOS, 1995).
A relação entre a sociedade e o interesse individual, bem como suas
contradições, têm sido exaustivamente exploradas, desde a década de 70, a
partir da divulgação do relatório do então ministro canadense Marc Lalond,
intitulado A new perspective on the health of Canadians”. Este documento
embasou o conceito que hoje utilizamos para promoção da saúde, ou seja,
elaboração de políticas públicas saudáveis, criação de ambiente social de
apoio, desenvolvimento de habilidades pessoais, fortalecimento da ação
comunitária e reorientação dos serviços de saúde. Estas proposições para
promoção da saúde apontam medidas que reintegram as dimensões
estruturais, no âmbito coletivo, com a implementação de políticas públicas que
assegurem o acesso aos bens e serviços da sociedade a todos e, no individual,
no que concerne a conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos
necessários à mudança para um estilo de vida culturalmente significativo
(CATRIB et al., 2003).
Em pesquisas recentes, é considerado fato indiscutível afirmar que, nos
países em desenvolvimento, a Educação é o principal eixo na divulgação e
orientação à população, no que se refere à Saúde e qualidade de vida.
Atuando no âmbito da educação, temos a possibilidade de ajudar as
comunidades a desenvolverem hábitos saudáveis e, com isso, prevenir várias
doenças e possibilitar o exercício da cidadania e do autocuidado (VERDERI,
2001).
17
2- O CORPO como OBJETO de ESTUDO da FISIOTERAPIA
2.1 Postura Corporal e Hábitos Saudáveis
A postura corporal é a posição que o indivíduo assume no espaço,
podendo ser considerada como boa postura o estado de equilíbrio muscular e
esquelético que protege as estruturas de suporte do corpo contra lesão ou
deformidade progressiva, independentemente da atitude nas quais essas
estruturas estejam trabalhando ou em repouso, de acordo com Rodriguez
(2005). Sob tais condições, os músculos funcionam mais eficientemente. As
posições ideais são proporcionadas para os órgãos torácicos e abdominais
(SANTOS et al.,1998). A postura é a relação defeituosa entre as várias
partes do corpo, produzindo uma maior tensão sobre as estruturas de suporte,
sobre as quais ocorre um equilíbrio menos eficiente do corpo (KENDALL,
1995).
Os desequilíbrios posturais e, conseqüentemente, as síndromes
dolorosas, variam de acordo com o modo de vida e os hábitos de cada
indivíduo, além de dependerem, também, da conscientização corporal que
cada um traz consigo. A maneira de se posicionar e a conscientização corporal
são responsáveis pelo desencadeamento de todo um processo de
desequilíbrios e síndromes dolorosas. Dentre os diversos hábitos saudáveis,
destacamos aqui a relevância da postura corporal nesse cenário, sendo esta
necessária à habilidade motora, para vencer a gravidade (VERDERI, 2001).
Havendo alterações posturais, ocorrerão também modificações no tônus
muscular, dando origem a outros comprometimentos corporais de padrões
anormais, além de todo um processo de desequilíbrios e síndromes dolorosas
(CORREA, 2005).
A incidência dos problemas relacionados aos desequilíbrios posturais é
tão freqüente e usual, que a orientação à população para um programa de
educação postural, objetivando à conscientização corporal, prevenção e
compensação aos desequilíbrios do nosso corpo, torna-se cada dia mais
pertinente. A submissão do corpo a sobrecargas mecânicas repetitivas
ocasiona, num breve espaço de tempo, síndromes dolorosas, devido a
18
alterações dos padrões músculo-esqueléticos, podendo, também, desencadear
os chamados desvios posturais (VERDERI, 2001).
Medidas educativas podem ser aplicadas junto à comunidade
acadêmica, voltadas para mudanças no comportamento habitual, utilizando os
mais variados meios de comunicação, projetos de educação sanitária e
escolar, participação dos serviços de saúde, aplicação e divulgação de artigos
científicos e programas de educação continuada (LUCENA, 2000).
Incluir um programa de educação postural nos currículos seria uma
forma providencial de combater os desequilíbrios músculo-esquelético e os
desvios posturais. Esta seria uma proposta de rico conteúdo para a educação
postural dos alunos/atletas/clientes, não importando se estejam na escola, em
casa, no clube, etc. O fato é estar-se-ia contribuindo para uma melhor
qualidade de vida, a cada um deles (VERDERI, 2001).
Focalizando a prática clínica biomédica atual, desnudam-se tensões e
problemas de comunicação entre doentes e terapeutas. Esses problemas
podem ser exemplificados por situações como desentendimentos entre
profissionais e pacientes, dilemas terapêuticos, limites terapêuticos ou mesmo
ausência de terapêutica. Quando a terapêutica é cientificamente consensual,
aparecem novamente problemas quanto a seus riscos, custos e suas restrições
de abrangência (referenciada na patologia, deixa de lado a “longitudinalidade”
do processo saúde-doença do paciente). São comuns os dissensos simbólicos
entre profissional e doente e, quando isso não ocorre, aparecem as
dificuldades de adesão aos tratamentos médicos prolongados, principalmente
nas chamadas doenças crônicas, cuja incidência e prevalência parecem
aumentar continuamente (TESSER, 2002).
2.2 Fisioterapia, Corpo e Mente
Se nos concentrarmos nos primórdios da Filosofia, veremos que a
temática do corpo era presente. Entre os gregos havia concepções
diferentes e uma relação distinta com o corpo, sendo a virilidade do guerreiro
uma de suas principais virtudes. Este devia ser forte, belo (o célebre e
decantado “perfil grego”), ágil e astuto no combate. Em princípio os gregos
consideravam o corpo de forma bastante abrangente, unindo corpo (soma),
19
alma (psique) e sopro (pneuma) que é o que anima, que vida a essa
matéria. Estes componentes não eram vistos como realidades separadas,
antes como realidades encadeadas que se complementam (WOZNIAK, 2000).
Partindo-se do princípio de que desde o século XIX a Fisioterapia foi re-
conhecida como a profissão de apoio à saúde, ligada especialmente à Medici-
na, pela maneira particular com que estabeleceu um vínculo estratégico desde
o início, o que lhe permitiu um desenvolvimento rápido (PRIETO, 2000). Entre-
tanto, segundo Pots (1996), a intenção deve gerar um espaço de conhecimento
mais amplo e de certa forma vinculado a modelos holísticos e sociais.
Atualmente, percebemos uma ênfase na compreensão da Fisioterapia
não como um campo biológico, mas também social (HEINE, 1995). Esta
abordagem, ainda que inicial, orienta-se no sentido de incorporar um novo
olhar, hegemônico, centrado em duas vertentes: a primeira baseada numa con-
cepção funcionalista do movimento (ARBOLEDA, 1998) e a segunda em apro-
ximar os elementos sociais e definir a transcendência da atuação fisioterapêuti-
ca além de um controle da alteração funcional e biológica do movimento corpo-
ral (LEAL et al., 1992).
Se levarmos em consideração a importância da vida como processo his-
tórico, em que a linguagem e a representação social têm lugar importante na
construção do conceito de Saúde dos sujeitos, afirmando a doença e a saúde
como parte de um mundo cultural de percepção da corporalidade, específica-o,
para cada sujeito, em sua realidade. Torna-se possível a construção de proje-
tos e, consequentemente, processos para desenvolvimento da consciência cor-
poral na faculdade de Fisioterapia (PIETRO, 2002).
A disponibilidade corporal e sua expressão de movimento permitem um
aprofundamento da sua capacidade mecânica, neurológica e fisiológica. Para o
fisioterapeuta, a interpretação se deu mais no sentido de incluir e compreender
a capacidade física e o comportamento em relação à funcionalidade do movi-
mento do que na identificação e estudo do corpo em relação à construção da
identidade e linguagem pessoal (RODRÍGUEZ, 2006).
20
Para Sarmiento, Cruz e Martinez (1994), ao estudarmos a formação do
fisioterapeuta, é possível identificar o nexo teórico existente entre a prática e o
saber, o que explica a intervenção sobre o corpo como condição orgânica e sis-
têmica, na qual o profissional tem competência sobre as estruturas osteomus-
culares, neurológicas e cardiopulmonares, por serem estes os sistemas que
garantem o movimento funcional, alimentando especialmente a vertente funcio-
nalista da Fisioterapia.
Esses autores ainda pontuam que a interpretação do ser humano ou do
movimento corporal é conseqüente a uma visão de corpo de caráter orgânico e
funcional, regulado por operações complexas do sistema nervoso central, que
é considerado o comunicador do mundo interior com o mundo exterior.
Esse procedimento permite aproximar, de maneira prática e com uma
noção de realidade específica, o objeto de conhecimento para então
transformá-lo na busca do chamado bem-estar ou numa saúde conseqüente à
funcionalidade do movimento e à transformação das capacidades (efetividade
orgânica da máquina corpo em movimento). O avanço nos processos teóricos
da profissão e as relações entre Saúde e movimento caracterizam os
elementos fundamentais no desenvolvimento, sendo pertinente descrever e
ampliar as categorias que, como o corpo, podem fortalecer os enfoques e
tendências da disciplina (DEMARCHI, 2003) .
Ainda sobre o movimento corporal, pode-se ir além dos níveis funcionais
requeridos para o desempenho adaptado às atividades da vida diária (AVD’s),
desde que incorporado como expressão do ser humano, razão pela qual se
constitui em recurso para a vida e como pilar de desenvolvimento do indivíduo.
O movimento corporal do ser humano facilita seu relacionamento com o mun-
do. Pela forma em que o corpo se movimenta, ele pode ser compreendido; pe-
las emoções e concepções que a pessoa nutre e tem de si mesma. É a mani-
festação física do sentimento e das adaptações que a pessoa gera em torno
dos meios com os quais interage. Implica a aproximação do fisioterapeuta à
compreensão da linguagem do corpo, a consciência do movimento e a capaci-
dade de se relacionar consigo e com os outros como parte da dinâmica do mo-
vimento (HEINE, 1995).
21
Algumas escolas de Fisioterapia, observadas, manifestam ser orientadas
ao desenvolvimento da linguagem corporal e do desenvolvimento condicionan-
te físico, de maneira integral. Desse princípio surge a pergunta: Como construir
métodos de exploração que permitam avançar na compreensão de um campo
da Fisioterapia, que oriente a construção de projetos de vida a partir da disposi-
ção do movimento e do desenvolvimento (ARBOLEDA, 1998).
O estudo ainda mais se aprofunda quando aborda as relações existentes
entre os simpatizantes da Escola Positivista e as aproximações detalhadas,
que contribuem para a formação de categorias em que cada um existe, desta
maneira, é possível sugerir o estudo do corpo em sua complexidade, abrangen-
do o positivismo e a fenomenologia, sem que, por esta razão, venha-se a obter
uma explanação suficiente da categoria. Essas implicações práticas são úteis
para a formação de fisioterapeutas, haja vista que é pertinente entender os mé-
todos de estudo do corpo, da Saúde e dos movimentos, em sua complexidade
e compreensão inicial (RODRIGUEZ, 2005).
Segundo Wozniak (2004), Descartes considera que foram criadas duas
substâncias distintas: o corpo e a alma, (ou a mente). Considera, o autor, que a
interação dessas duas substâncias é possível através da glândula pineal. O
corpo é como um robô da natureza; nele se operam mecanismos que podem
executar muitas ações, mas não sem a intervenção da alma (anima). A alma é
a substância do pensamento, que pode, ou não, regular o corpo. Não se
precisa da alma para explicar a operação do corpo; isto se dá, na base do
movimento mecânico dos átomos, que o corpo, no fundo, nada mais é que
uma realidade atômica, física, extensa.
A teoria do aspecto dual, plantada por Benedictus de Spinoza, tenta
solucionar o problema da interação corpomente; propõe que estas não o
partes de substâncias finitas, mas atributos de uma mesma substância infinita,
provinda de Deus, que se constitui, essencialmente, de tudo o que existe.
Do ponto de vista biológico, o corpo entra em acordo para se adaptar
aos estímulos dos órgãos sensoriais e construir a relação do corpo com o mun-
do. Isto também pode ser demonstrado pela maneira em como é construído o
conhecimento da simetria direita-esquerda, frente-trás. Apesar de o corpo o
22
ser detentor das qualidades do espaço circunvizinho, essas são diretrizes per-
manentes no corpo e na língua simbólica por ele expressada (ROSAS, 1980).
Em perspectiva complementar, o corpo percebido é consultado frequen-
temente, segundo as normas e a imagem corporal que direcionam sua repre-
sentação. A se observar em como o indivíduo percebe seu corpo, descobre-se
que nem a estrutura, nem a aparência do corpo são as dimensões mais perti-
nentes da imagem evolutiva deste. A consciência corporal, segundo Bruchon
Schweitzer (1992) é a orientação relativa à atenção, à “fala” exclusiva das fun-
ções e zonas do corpo e esta consciência se une à importância corporal, que é
o valor relativo das diferentes zonas ou funções para o sujeito.
Uma outra perspectiva teórica é aquela orientada pelo chamado monis-
mo substancial, promovido por Aristóteles e São Tomás de Aquino. Ambos afir-
mam haver um conceito intermediário. Aristóteles expõe o Hilemorfismo, se-
gundo o qual todo ser material é composto de matéria prima e forma substanci-
al, e dos princípios correlativos (que são distintos, mas não existem separada-
mente, co-existem). Ainda que inicialmente influenciado por Platão, converte-se
este filósofo precursor da noção da unidade do Homem sobre seu corpo (DIEZ,
2004).
Para Aristóteles, o corpo pode ter dois significados: às vezes indica pro-
priamente a matéria, que forma ao organismo e é informada pela alma, que
, por sua vez, caracteriza a presença de vida; outras vezes, ao contrário, a pa-
lavra corpo indica diretamente o organismo vivo, sendo, portanto, matéria infor-
mada. A forma substancial de um organismo vivo se chama psiquê ou alma; o
corpo é a matéria viva informada pela alma. Da mesma forma, Aristóteles dife-
rencia as noções de corpo e soma: o indivíduo concreto é um corpo, uma subs-
tância. A forma substancial de um organismo vivo se chama psique ou alma; o
corpo é a matéria viva informada pela alma. A matéria que entra em contraposi-
ção na construção deste composto é o organismo ou corpo vivo (BURDON,
2004).
23
De certo modo, os resultados deste trabalho oferecem uma contribuição
para a discussão de um novo paradigma no curso de Fisioterapia, o que ca-
racteriza um avanço, permitindo, neste sentido, um convite à incorporação no
currículo da formação acadêmica, especificando dirigidos ao estudo teórico do
corpo e do movimento, de uma perspectiva não apenas biológica, e dotada do
avanço dos métodos e técnicas da Fisioterapia, num contexto histórico e teóri-
co (WCPT, 2006).
2.3 Esquema, Imagem e Consciência Corporal
Historicamente, a imagem corporal passou a ser estudada no século
XVI, na França, com o médico e cirurgião Ambroise Paré, que percebeu a
existência do membro fantasma, caracterizando-o como a alucinação de que
um membro ausente estaria presente. Três séculos depois, Weir Mitchell, da
Filadélfia (EUA), demonstrou que a imagem corporal pode ser mudada sob
tratamento ou em condições experimentais (Gorman, 1965).
na escola francesa, os estudos de Bonnier (1905), descrevem um
distúrbio em toda a imagem corporal, conhecido como 'esquematia' (distorção
do tamanho das áreas corpóreas). Mas, foi na escola britânica que os estudos
sobre a imagem corporal se aprofundaram. O neurologista Henry Head, do
London Hospital, foi o primeiro a usar o termo 'esquema corporal' e também o
primeiro a construir uma teoria segundo a qual "cada indivíduo constrói um
modelo ou figura de si mesmo, o que se constitui em um padrão contra os
julgamentos da postura e dos movimentos corporais" (FISHER, 1990). Esse
mesmo neurologista demonstrou que qualquer alteração postural pode mudar o
que ele chamou de esquema corporal. Além disso, introduziu a idéia de que a
imagem do corpo não possui apenas fatores patológicos: os eventos diários
também contribuem para sua construção (GORMAN, 1965).
Após esses estudos iniciais a utilização do termo “imagem corporal”
começa a surgir e, com ela, algumas considerações a respeito de qual seria o
termo correto: esquema ou imagem corporal. Houve predominância na escolha
do termo “esquema corporal” na Neurologia e de “imagem corporal” nos meios
da Psicologia. Daí a confusão em saber qual das duas denominações é a mais
24
apropriada. Alguns autores acreditam que realmente uma diferença entre
ambos os conceitos (BARROS, 2005).
Partindo dessa distinção, necessário se faz explorar os conceitos de
imagem corporal e de esquema corporal, uma vez que ambos se confundem,
tanto no plano corporal quanto no terreno psicomotor.
Segundo Mattos (1996), o conceito de esquema corporal teve origem com
o desenvolvimento dos estudos neurológicos, vinculando-se,
predominantemente, ao sistema neuromotor. Lewis (1996), no entanto,
defende que este traduz o que se pensa ou o que se imagina a respeito do
próprio corpo; a representação que possuímos sobre o nosso corpo,
relacionada ao esquema e ao aspecto evolutivo e temporal. Lewis acrescenta
que o esquema corporal possui caráter objetivo, evoluindo de modo similar
entre os indivíduos naquilo que contempla o nível estrutural. Porém, podem
ocorrer variações promovidas pela aprendizagem e utilização do sistema
neuromotor.
Por sua vez, Rodrigues (p. 27, 1987) distingue esquema de imagem
corporal, alegando que "esquema corporal é conotado como uma estrutura
neuromotora, que permite ao indivíduo estar consciente do seu próprio corpo
anatômico, ajustando-o às solicitações de situações novas, e desenvolvendo
ações de forma adequada".
Inclusive, na visão de Olivier (1995) a imagem do corpo constrói-se sobre
o esquema corporal. Le Boulch (p. 18, 1992) afirma que "a ambigüidade
introduzida por esta dupla terminologia cria a impressão de que existiria, por
um lado, um corpo neurológico e, por outro lado, um corpo espiritual e teria que
se fazer esforço para unir os dois corpos".
O conceito de esquema corporal ajuda o indivíduo a elaborar uma
compreensão articulada a respeito das diversas partes do corpo, sem, no
entanto, traduzir a noção de esquema corporal como concepção histórica que a
idéia de corpo adquiriu ao longo do tempo.
Por se tratar de um conceito objetivo, pode ser explicado e medido,
correspondendo às generalidades da espécie humana, podendo também ser
trabalhado através de exercícios direcionados, visando a atender necessidades
imediatas.
25
Analisando do ponto de vista genético e sensório-motor, a construção e a
organização do esquema corporal e da imagem corporal possuem um
elemento comum, que consiste do próprio corpo. Partindo desse ponto,
Boscaini (1983) salienta a probabilidade de que o esquema corporal se forma
em decorrência da imagem corporal, mais ainda, alerta para a noção de corpo,
utilizada por ele de modo abrangente, incluindo todas as experiências, tais
como, sensoriais, motoras, conscientes e inconscientes, podendo ainda variar
de um nível mais elementar para um mais complexo, de um grau racional para
o primitivo, de experiências imaginadas e desejadas para experiências
vivenciadas no plano real. Talvez desta simbiose decorra a generalização
empírica do dito popular: “quando a cabeça não pensa o corpo padece”.
Schilder (1999) concebe a imagem corporal como o modo em como o
corpo é percebido pelo indivíduo. Para ele, a elaboração da imagem corporal
ocorre permeada pela experiência adquirida através das ações e
comportamentos dos outros, ou seja, o comportamento dos outros influencia
fortemente na elaboração da imagem corporal, levando-se em conta o fato de
que estes são capazes de desencadear sensações referentes a toque,
manipulação e verbalização de palavras ou frases que chamam atenção para
determinadas partes do corpo. Desse modo, a imagem corporal estaria
relacionada à percepção global que o indivíduo possui de si mesmo, a qual, por
conseguinte estaria associada à identidade pessoal.
Para Gonçalves (1984), a idéia de que a imagem corporal é ao mesmo
tempo constante e mutável, podendo modificar-se de acordo com o momento e
a situação vivenciada pelo indivíduo. A imagem corporal permite ao indivíduo
encontrar o mundo exterior, em uma vivência repleta de representações. O
autor demonstra que a exteriorização da imagem corporal se manifesta na
expressão, na postura, no tônus, na adequação ou inadequação da ação
motora, e que esta é reveladora da atitude do indivíduo diante do mundo.
Lowen (1979) salienta que o indivíduo sadio possui uma representação
psíquica clara, acerca de seu corpo. Portanto, a imagem que dele detém
apresenta-se coerente e precisa, de modo que o capacita a reproduzi-la no
plano gráfico e verbal. A pessoa saudável tem total consciência ou domínio
sobre suas possibilidades corporais, além de estar preparado para descrever
suas expressões faciais e reconhecer suas atitudes e posturas corporais,
26
sendo capaz de desenhar uma figura humana com razoável grau de
semelhança com o seu corpo ao contrário do que ocorre com os indivíduos
portadores de transtornos esquizofrênicos ou de outros quadros psicóticos, que
se apresentam de modo bizarro, estilizado e inadequado, o que traduz a idéia
de uma fraca identificação corporal.
Para Barros (2005), sendo o ser humano um corpo uno, parece-nos
paradoxal que haja uma distinção como essa. O esquema corporal interpõe-se
na imagem corporal e vice-versa, formando um único conceito,o importando
qual deles se use e manifeste.
Segundo Shontz (1990), a organização da imagem corporal não é
puramente neurológica nem mental; as emoções têm papel importante no
desenvolvimento da imagem corporal, havendo interação entre o fisiológico, o
neural e o emocional, além do fator social. Um desses processos analisados,
separadamente, tornaria a análise falha e incompleta. Mudanças em um deles
podem ocasionar conseqüências na experiência do corpo.
Schilder (1999) afirma que possuímos a capacidade de mudar nossa
imagem, continuamente. Essa multiplicidade de imagens pode ser
conseguida pela influência emocional. É por meio dela que entendemos a
variedade de fantasmas que uma pessoa é capaz de criar em seu próprio
corpo.
O fator emocional aparece como peça-chave neste processo, pois
podemos estabelecer uma relação íntima com determinada pessoa, o que abre
espaço à permuta de nossas imagens corporais. É uma experiência de
sentidos. Como nos diz Schilder (1999), "primeiro, temos uma impressão
sensorial do corpo do outro. Esta impressão adquire seu significado real
através de nosso interesse emocional pelas diversas partes do corpo".
Portanto, quando percebemos nosso corpo ou partes dele, projetamos essas
imagens para outros corpos e passamos a ter curiosidade sobre outras partes
que, até então, eram-nos obscuras. Na verdade, fica difícil dizer qual corpo
percebemos primeiro: o nosso ou o do outro. Portanto, "a imagem é um
fenômeno social... pois um intercâmbio contínuo entre nossa própria
imagem e a imagem corporal dos outros" (SCHILDER, 1999).
Segundo Barros (2005), nosso corpo é, antes de tudo, nosso primeiro e
maior mistério. Nossa existência é conseqüência do reconhecimento de que
27
somos um corpo, em sua imensidão de complexos processos, que nos fazem
ricos em sua consciência e inconsciência desconcertantes. Construímos e
destruímos discursos corporais que resultam em um conhecimento de nossa
vida. Em outro trabalho da mesma autora, discorre ela que corpo, então, é o
lugar onde há a quebra da simetria, onde tudo pode acontecer e acontece.
Em relação à nossa imagem corporal, acontece processo semelhante:
construímos e destruímos. toda uma sucessão de tentativas para buscar
uma imagem corporal ideal e esse mundo de imagens corporais que permeia
nossas vidas está pleno de emoções. Para Jung (1997) as imagens precisam
estar cheias de emoções, para que nos identifiquemos com elas e assumamos
as várias conseqüências que acarretam.
Importante ressaltar que os fatores citados integrantes da imagem
corporal, apenas a tornam completa se estiverem unidos numa sistemática, ou
seja, um não funciona fora do todo, sob pena de se tornar incompleto e
insuficiente. A construção da imagem corporal envolve a possibilidade de
interferência sobre a própria auto-imagem, uma vez que ela a imagem
corporal – não é fixa.
Olivier (p.43, 1995) cita que "o corpo e sua utilização passam por um
processo de aprendizagem construtor de hábitos". Aqui, encontramos o ponto
crucial da modificação constante de nossa autoimagem, sendo esta, portanto,
definida, a partir das interferências sociais que sofremos e dos hábitos que
adquirimos, moldando assim nosso aspecto de existir como seres corporais.
As informações que obtemos através das novas tecnologias, da mídia e
de sua avidez em fomentar o consumo, apreendidas por nós como parte de
nosso corpo, unindo-se à nossa imagem corporal, transformam-nos em
verdadeiros camaleões que se adaptam àquilo que as circunstâncias exigem.
Schilder (1999) afirma que a imagem corporal é passível de
transformações e, em seu resultado final, mostra-se unitária com possibilidades
de unir as diversas relações e experiências que desenvolvemos ao longo de
nossa vida, buscando um sentido através da totalidade corporal de nós
mesmos, em constante transformação.
O corpo e a sua imagem são elementos simbólicos e materiais. Ocupam
um momento no espaço e no tempo, através do conhecimento, sempre
renovável e translúcido (SILVA, 1999). O corpo se transforma em um palco de
28
imagens corporais construídas, revelando descobertas pessoais a partir do
instante em que nos reconhecemos como 'ser' que reage às diversas inter-
relações, estabelecidas pelos mesmos corpos que tentam realizar a busca pela
compreensão da existência de imagens, em outras palavras, a busca por sua
própria existência (BARROS, 2005).
A consciência corporal, pois, pode ser definida como a abstração da per-
cepção centralizada em um único local: o cérebro. As qualidades secundárias
dos sentidos contribuem para a construção de um contexto de mundo exterior
de uma maneira eficientemente preditiva. O autor conclui sobre o tema que, se
a consciência corresponde ao sistema tálamo-cortical, o diálogo entre estes
corresponde com à subjetividade dos seres humanos. Nesta perspectiva, de-
duz-se que existe um processo de conhecimento do corpo:
A consciência corporal tem como resultado um estado de alerta para
com a atenção centrada, melhorando a percepção de determinadas situações.
E, por meio desse processo, podemos contribuir otimizando respostas imedia-
tas e planejadas, visto que, havendo consciência, é possível atuar sobre certos
objetos, segundo a sensação que causem (DAMASIO, 1996). Nesse processo
de construção da consciência, também se identifica a relação existente entre
percepção e motivação, em que os processos sofrem notáveis variações sob a
ação do interesse. Estímulos perceptivos, correspondentes a um interesse pré-
eminente, são percebidos mais rapidamente que outros, graças a uma sensibi-
lização eletiva. Essa sensibilização permite um reconhecimento. Para compre-
ender como a motivação é capaz de influenciar um dado sensorial, basta consi-
derar o nível de tensão da percepção. A motivação não se agrega à percepção,
mas se converte em elemento que “sensibiliza” o sujeito e diminui a barreira
perceptiva, situando-o de maneira distinta (OLIVIER, 1995).
29
3- RECORTE da TAJETÓRIA METODOLÓGICA
3.1 Natureza teórica da pesquisa
Nesta pesquisa de campo, foi adotada a abordagem qualitativa, visto
que o aludido estudo se embasa na compreensão dos fenômenos sociais e do
significado que lhes atribuem os atores. A par disso, é providencial a referência
de Minayo (1993), quando diz que devemos considerar os aspectos qualitativos
de uma pesquisa, pois estes aprofundam o significado da questão investigada.
Sublinhe-se que Demo (1986) defende que, ao se realizar uma pesquisa
no campo da Educação, a abordagem qualitativa se apresenta como a tentativa
viável de uma compreensão detalhada dos significados e características
situacionais apresentadas pelos participantes, de forma substitutiva à produção
meramente quantitativa, de características e comportamentos.
A inserção da pesquisa qualitativa no contexto educacional, na década
de 70, denunciou que os dados quantitativos precisavam de um novo olhar,
não significando que as duas abordagens se excluam, que elas atuam de
forma diversa, sendo a quantitativa mais presente em níveis de realidade,
trazendo à tona indicadores e tendências observáveis. a abordagem
qualitativa realça os valores, as crenças, as representações, as opiniões,
atitudes e usualmente empregada no sentido de que o pesquisador
compreenda os fenômenos caracterizados por um alto grau de complexidade
interna do fenômeno pesquisado (DEMO, 1986).
3.2 Instituição envolvida na pesquisa
Foi escolhida como cenário da presente pesquisa uma tradicional e
conceituada universidade privada, na cidade de Fortaleza, Estado do Ceará,
onde o curso de Fisioterapia é composto de nove semestres, contando em seu
quadro docente com 63 professores. A aludida universidade apresenta, em sua
estrutura física, doze laboratórios, dentre eles os de Cinesiologia, Imaginologia,
Prótese e Órtese, Cardio-Pneumologia, Avaliação Clínica e Funcional, dentre
outros.
30
A pesquisa foi realizada após autorização da respectiva Instituição de
Ensino Superior, mediante aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em
Pesquisa, da mesma instituição.
A citada universidade disponibilizou uma sala para realização de todo o
trabalho empírico, em quatro datas distintas. Dois dias para avaliação dos
alunos do primeiro semestre; sendo um dia no turno da manhã e um dia no
turno da tarde e, dois dias para a turma do nono semestre, sendo também um
dia no turno da manhã e um dia no turno da tarde.
Os professores responsáveis pelos alunos anuíram com a liberação dos
mesmos durante o momento da coleta dos dados, recebendo cada aluno uma
declaração de participação na pesquisa para apresentação posterior ao citado
professor.
3.3 Os sujeitos da pesquisa
Como participantes da pesquisa figuraram 45 alunos, do primeiro
semestre de Fisioterapia, durante a primeira fase, dos quais 12 foram
selecionados para as fases seguintes, ou seja, 26,66% deles; e 28 alunos do
nono semestre, na primeira fase, sendo 7 ou 38,88% selecionados para as
fases subseqüentes, o que permitiu uma análise comparativa do conhecimento
e percepção corporal que se adquire, ou não, durante o curso. Estes alunos se
encontravam na faixa etária de 17 a 24 anos.
Não foram incluídos como sujeitos da pesquisa alunos com alterações
neurológicas ou psíquicas, além de alunos que já tivessem se submetido a
tratamento postural pregresso, apesar de haver sido pesquisado quantos deles
já passaram pelo citado tratamento.
Os alunos do primeiro semestre foram identificados por números,
seguindo a mesma seqüência da avaliação, enquanto que os alunos do nono
semestre, ou concludentes, foram identificados por letras, em ordem alfabética,
na seqüência da avaliação.
Dentre os alunos que não realizaram nenhum tipo de tratamento postural
selecionamos metade deles, de forma aleatória, totalizando 12 alunos do
primeiro semestre e 7 do ultimo semestre. Um número relativamente pequeno
de participantes, mas, sendo esta uma pesquisa com ênfase nos aspectos
31
qualitativos, não houve necessidade de grande número de participantes, uma
vez que, nessa modalidade de pesquisa, a opção é pela profundidade, em
detrimento da amplitude, permitindo, assim, uma interação do pesquisador com
os pesquisados (COLLINS, 1992).
3.4 Procedimentos de construção dos dados
A coleta de dados foi realizada em três momentos distintos e conseqüentes:
aplicação do questionário de consciência corporal, avaliação postural,
autodesenho e autodescrição.
3.4.1 Questionário de Consciência Corporal (QCC)
No primeiro momento da coleta de dados, foi aplicado o Questionário de
Consciência Corporal, com questões fechadas relativas ao tema, questionário
este aplicado pela própria pesquisadora (Anexo 3).
O roteiro do Questionário de Consciência Corporal, por meio do qual,
além das percepções da forma e do tamanho e do grau de satisfação e
insatisfação com partes do corpo, os alunos expressaram, também, os
sentimentos quanto ao corpo, podendo estes ser avaliados em relação à sua
visão corporal. Aplicando o conceito de autoconsciência, foi desenvolvido por
Miller, Murphy e Buss (1981) o Questionário de Consciência Corporal (QCC), a
fim de avaliar a distinção que as pessoas fazem entre os aspectos privados do
corpo (sensações e sentimentos observados pela própria pessoa em si
mesma) e os aspectos públicos (aparências e comportamentos observados
pelos outros).
O QCC é um instrumento de auto-resposta, portando 15 itens, com
subescalas para a consciência do corpo privado (CCPR), consciência do corpo
público (CCPB) e competência do corpo (CC). Os respondentes assinalaram
cada item em uma escala que varia de 0 (extremamente não-característico de
mim) a 4 (extremamente característico de mim).
O QCC oferece inovação única para a área da percepção corporal, visto
que, em vez de enfocar partes específicas do corpo ou atitudes globais sobre a
32
aparência física, este questionário permite uma avaliação da consciência
corporal interna e da preocupação com a apresentação social do corpo.
3.4.2 Avaliação postural
Os alunos foram, após seleção aleatória, submetidos à avaliação
fisioterapêutica individual, registrada em uma ficha de avaliação (Apêndice A)
de características posturais, em que foram postas à inspeção as características
posturais do corpo dos alunos, como um todo, sendo estes observados nos
quatro sentidos, estando o fisioterapeuta sentado a uma distância de três
metros do aluno, permitindo uma generosa observação, tanto das
especificidades como do todo avaliado em conjunto.
Na visão anterior, observou-se o posicionamento da cabeça, no que
concerne à lateralização ou rotação, posicionamento dos ombros, se
desequilíbrio com relação à altura e presença de rotação interna deste, que se
reflete na mudança do direcionamento da palma das mãos, que deve estar
direcionada para o corpo do avaliado e, no caso da rotação interna, elas
estarão direcionadas para trás. Inclinação ao nível dorsal pelo posicionamento
das clavículas e pela linha dos mamilos. Inclinação em nível lombar, pela
observação do triângulo de Talles
1
. Avaliação das cristas ilíacas, verificando se
ambas estão situadas no mesmo plano ou se desequilíbrio nesse nível.
Presença de genu-varo ou genu-valgo nos joelhos, além de rotação interna ou
externa destes e ainda presença de pronação ou supinação do ante-pé.
Na visão lateral, houve preocupação em dar o mesmo enfoque aos dois
lados do avaliado, permitindo a percepção de alterações que podem se
manifestar tanto no lado direito como no esquerdo. Foi possível observar
presença de anteriorização, posteriorização ou retificação da cabeça.
Anteriorização ou posteriorização dos ombros. O equilíbrio das curvas da
coluna vertebral, presença ou não de lordose cervical, cifose dorsal, lordose
lombar e equilíbrio sacral entre nutação e contra-nutação. Igualmente foram
analisados o ângulo coxo-femural, presença de genu-flexo ou genu-recurvatum
nos joelhos e ângulo tíbio-társico.
1
Recurso para análise de presença de escoliose
33
Na visão posterior, foi avaliada a presença ou não de curva escoliótica
em nível cervical, dorsal e lombar. Desequilíbrio dos ombros. Aumento ou
retificação nas curvas cifóticas e lordóticas. Desnivelamento dos ilíacos, bem
como rotações nos joelhos, observadas a partir dos côndilos femorais. E,
finalmente, presença de varo ou valgo no retro-pé.
Os alunos foram fotografados por câmera digital, Sony, de 5.0
megapixels acoplada a um tripé, utilizando-se um simetrógrafo
2
. As fotos foram,
então, submetidas a um software de medição corporal
3
, para aferição da
distância entre pontos anatômicos em escala trica, sendo estes pontos
chaves no exame postural.
Foi utilizada uma escala métrica (através de uma régua padrão afixada
ao corpo do paciente). O computador, informado da dimensão dessa gua,
situa o corpo em escala. O programa, então, efetuou a mensuração dos
acidentes ósseos e padronização dos valores. A posição do paciente é um
aspecto importante, sendo utilizada, portanto, como parâmetro permanente,
uma angulação de 30 graus de rotação externa do quadril, pela abertura dos
ante-pés no chão.
Ao final dessa avaliação, foi elaborado um relatório fotográfico com as
mensurações encontradas. Na realização do exame, foram utilizadas as 6 fotos
digitalizadas previamente realizadas, em face ventral, posterior, perfil direito,
perfil esquerdo, flexão anterior (vista face ventral) e flexão anterior (vista face
perfil). Estas imagens foram colocadas na tela de edição, fazendo uso de
pontos anatômicos e depois levadas à tela de avaliação, donde os resultados
foram transferidos para um banco de dados e uma avaliação gráfica foi
efetivada. Após esta operação, o resultado foi impresso em um relatório
postural.
2
É um aparelho construído com uma placa transparente (que pode ser de vidro ou acrílico) de aproxima-
damente 2,00 m x 0,90 m, riscada na vertical e na horizontal formando quadrados de 5 cm de lado, e com
uma armação que a permita ficar em pé, permitindo identificar os desvios posturais mais evidentes.
3
Posturograma. Software validado em 2006.
34
3.4.3 Autodesenho e Autodescrição
O último momento da coleta de dados se deu através de autodesenho e
autodescrição do corpo, nos quais o estudante apontou suas próprias
alterações, refletindo a percepção de seu esquema corporal.
A par disso, pertinente e providencial é depoimento de Freedman, (1990,
p.237) quando leciona com lucidez que
“cada um de nós carrega uma visão interior do
próprio exterior. Essa é sua imagem corporal: uma figura
do corpo do modo como é vista pelo olho da mente. Ao
mesmo tempo em que esta imagem é construída sobre
características físicas, ela é separada e distinta delas...
Embora seja imaginária, a imagem corporal pode dar a
impressão de ser tão real quanto o próprio corpo. Pode
ser uma fonte constante de força ou uma causa crônica
de sofrimento... É uma combinação complexa de
atitudes, sentimentos e valores... De certa forma, é um
pouco como a inteligência.”
Para esta etapa foi utilizada a Estimativa do Tamanho do Corpo, por
meio do procedimento de marcação da imagem (PMI). Onde o indivíduo fica
postado, de pé, diante de um grande pedaço de papel fixado à parede,
imaginando que está parado em frente a um espelho. Os alunos, então,
segurando um pincel, marcaram os contornos do seu próprio corpo e regiões
específicas que iriam aparecer no reflexo (TRITSCHLER, 2003), ao mesmo
tempo em que faziam uma autodescrição baseada na sua percepção sobre o
próprio corpo. Os depoimentos foram gravados e posteriormente transcritos
para confronto de dados.
3.5 Procedimentos de análise de dados
A análise dos dados foi realizada, em primeiro momento, com base no
Questionário de Consciência Corporal através do agrupamento de respostas
considerando-se o número e o percentual de respostas de cada item e
dividindo-se a pontuação de cada etapa do questionário por cinco. Os
resultados foram divididos em cinco classificações de consciência corporal,
sendo elas: fraca, leve, moderada, boa e ótima. Esse questionário forneceu
35
uma visão geral sobre o nível de consciência que os alunos possuem de seus
próprios corpos.
Outro momento da análise foi a avaliação postural realizada pela própria
pesquisadora, graduada em Fisioterapia, com formação em Reeducação
Postural Global e pós-graduação em Terapia Manual e Postural. Esta avaliação
aconteceu através de ficha de avaliação postural e fotografia analisada a partir
da marcação dos pontos citados no tópico específico, pela utilização de um
instrumento que permite a mensuração da posição, comprimento, ângulo e
alinhamento, entre outras propriedades, dos segmentos corporais do indivíduo.
Este instrumento forneceu as informações de forma direta, acerca da situação
postural de cada indivíduo e suas compensações.
Finalmente, foi feita a análise do autodesenho e da autodescrição dos
participantes, na qual as medidas, alterações e características presentes no
desenho, bem como suas narrativas, foram confrontadas com as
características reais presentes no indivíduo. As discrepâncias entre as medidas
percebidas e as reais foram interpretadas e analisadas como evidência de
distorção entre esquema, imagem e consciência corporal.
Para sistematizar melhor a análise dos dados, foram desenvolvidos
quadros que contêm as informações coletadas nas três fases da pesquisa, o
que possibilitou a triangulação dos dados e confronto das informações.
Na exposição dos resultados, a análise é feita, inicialmente, de forma
individual, com os alunos do primeiro semestre, seguida de avaliação deste
grupo, como um todo, em que se descreve o perfil desses acadêmicos. Após a
discussão dos resultados provindos dos alunos ingressantes, principiou-se a
análise dos alunos do nono semestre, traçando um breve perfil de cada
estudante, juntamente com o quadro dos resultados e, em seguida, a avaliação
do grupo dos alunos concludentes. Na confecção dos resultados, foi produzido
um quadro para cada aluno, reunindo todas as informações a ele referentes.
No citado quadro vê-se elencada a seqüência da discussão individual dos
alunos.
Após a discussão individual dos alunos e dos dois grupos referidos
anteriormente, ingressantes e concludentes, procedeu-se ao confronto dos
grupos, em um quadro, onde as características de ambos foram expostas,
destacando-se os pontos mais relevantes e de maior realce.
36
Para melhor compreensão dos resultados, os alunos foram divididos em
dois grupos: os do primeiro semestre classificados por números e os do nono
semestre, ou concludentes, por alíneas.
3.6 Aspectos éticos da pesquisa
Todos os alunos pré-selecionados participaram da pesquisa, sendo
informados de todas as etapas. Concordaram em responder ao questionário -
parte integrante da pesquisa - em passar pela avaliação postural visual e
posteriormente fotográfica, para análise das características posturais e da fase
projetiva. Não correram nenhum risco nem desconforto durante toda a
pesquisa, tendo o direito de não participar, bem como de retirar o
consentimento a todo o momento, sem que isso repercutisse em penalidade de
qualquer natureza.
Os alunos receberam esclarecimentos sempre que solicitados acerca da
pesquisa e do caráter de sua participação ao longo da mesma; recebendo,
ainda, garantias de que não haveria divulgação de nome ou qualquer outra
informação que viesse pôr em risco sua privacidade e intimidade, além de
poder acessar as informações sobre os resultados do estudo.
Os estudantes pesquisados também foram informados de que a
participação nesta pesquisa não levaria a nenhum benefício direto, e sim
indireto, uma vez que poderá trazer subsídios para um novo método e uma
nova abordagem de trabalho no que se refere às alterações posturais e,
também, por investir qualitativamente na formação acadêmica dos futuros
fisioterapeutas. Os alunos não receberam qualquer remuneração assim como
não sofreram nenhum ônus ao se engajarem no trabalho.
Todas as informações estavam contidas no Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (Apêndice B), o qual todos os pesquisados assinaram,
antes do início do estudo. Após lerem as informações e terem suas dúvidas
suficientemente esclarecidas pelo pesquisador, estavam, portanto, cientes de
que teriam garantidos seus direitos, dentre outros itens assegurados pela
resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, vinculado ao Ministério da
37
Saúde. Os participantes anuíram em participar de forma voluntária, deste
estudo (CONEP, 1996).
38
4- RESULTADOS
4.1 Análise por aluno (1º. Semestre)
Avaliamos 12 alunos do primeiro semestre, de um total de 45 que
responderam ao questionário, perfazendo uma porcentagem de 26,66%.
ALUNO 1
O sujeito um, gênero feminino, 19 anos, obteve no questionário umvel
moderado de consciência corporal.
Na análise postural, identificou três das 14 alterações posturais
presentes. Não identificou, como suas, as alterações mais significativas, dentre
elas um desnível pélvico bastante pronunciado, em que pode-se visualizar,
além da elevação pélvica à direita, uma evidente anteversão bilateral e uma
hiperlordose lombar. Ao analisar o autodesenho, constatou-se não condizer
nem com a avaliação postural nem com a autodescrição (apêndice 1).O aluno
ainda referiu duas alterações que não apresentava: um ombro mais alto do que
o outro e a hiperextensão dos joelhos.
Quadro 1: Dados do aluno 1 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (1) Nível: moderado Rotação cervical “E”
Lateralização cabeça “E”
Retificação cervical alta
Elevação bilateral dos ombros
Rotação interna ombro “E”
Hipercifose dorsal baixa
Retificação dorsal alta
Hiperlordose lombar alta
Hiperlordose lombar baixa
Escoliose sinistro-convexa
Anteversão pélvica bilateral
Crista ilíaca “D” mais elevada
Pronação de ante-pé “D” e “E”
Valgismo de retro-pé “D” e “E”
Um ombro mais alto
Ombros para frente
Curvada para frente
Escoliose
Joelhos em
hiperextensão
OBS: dor no ombro
39
AUTODESENHO ALUNO 1
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 1
“Com relação à postura, no meu desenho, não para mostrar, mas tenho
problema de escoliose nessa parte de cima da coluna, um ombro mais alto, os
braços sempre assim para dentro, o pescoço dói, os ombros para frente e o
joelho assim, para trás. Acho que só.”
ALUNO 2
O sujeito 2, gênero feminino, 21 anos, apresentou, no questionário, nível
moderado de consciência corporal, mas na avaliação postural foram
identificadas 12 alterações que o mesmo desconhecia.
Vale ressaltar que o referido aluno sente dor na cervical, mas não a citou
em sua autodescrição, bem como qualquer outra alteração que pudesse estar
relacionada a essa sintomatologia, salientando que o desequilíbrio cervical está
presente no autodesenho. O aluno ainda referiu duas alterações que não
apresentava, uma escoliose e a anteriorização dos ombros. Os dados
permitem inferir haver déficit de percepção do esquema corporal.
40
Quadro 2: Dados do aluno 2 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (2) Nível: moderado Rotação cervical “E”
Lateralização cabeça “E”
Hiperlordose cervical
Retificação cervical baixa
Hipercifose dorsal baixa
Retificação dorsal alta
Hiperlordose lombar baixa
Genu-recurvatum bilateral
Rotação interna dos joelhos
Ante-pés pronados
Pé “D” plano
Acho que tenho
escoliose e os
ombros para frente.
AUTODESENHO ALUNO 2
41
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 2
“Assim, minha postura é mais ou menos, acho que tenho escoliose e os
ombros para frente, e sinto dor na cervical.”
ALUNO 3
O sujeito três, nero masculino, 18 anos, apresentou nível moderado
de consciência corporal, de acordo com o questionário. Na descrição do
autodesenho o aluno referiu ter boa postura, sem citar qualquer alteração. Na
avaliação postural foram identificadas 13 pequenas alterações, sendo, todas
elas, discretas.
Quadro 3: Dados do aluno 3 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (3) Nível: moderado Lateralização cabeça “D”
Hiperlordose cervical
Retificação cervical baixa
Ombro “D” mais elevado
Retificação dorsal alta
Retificação dorsal baixa
Hiperlordose lombar baixa
Retificação lombar alta
Anteversão pélvica “D”
Crista ilíaca “D” mais elevada
Joelhos varos
Pés pronados
Pé “E” plano
Postura boa
42
AUTODESENHO ALUNO 3
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 3
“Eu tenho uma postura boa, assim, tento sentar reto, acho que tô bem”
ALUNO 4
Em resposta ao questionário, o sujeito 4, gênero feminino, 18 anos,
apresentou nível moderado de consciência corporal, resultado este que pode
ser reputado como incoerente quando comparado ao esquema corporal.
Na análise do autodesenho, o aluno utilizou o termo “torta” para
expressar sua condição postural, mas não identificou quais as alterações
presentes em seu corpo. Não é possível visualizar essa característica (torta) no
seu autodesenho, ao contrário, o aluno faz o desenho com linhas muito retas,
chegando a ser consideradas bastante simétricas.
Na avaliação postural foram constatadas 14 alterações, sendo algumas
delas muito evidentes, como um genu-recurvatum de joelhos, um desnível de
dois centímetros de um ombro em relação ao outro, além de uma lateralização
43
de cabeça: esta se encontra a três centímetros do eixo central. Esta última
alteração não foi citada pelo aluno, mas é notória no autodesenho.
Quadro 4: Dados do aluno 4 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (4) Nível: moderado Anteriorização da cabeça
Rotação da cabeça “D”
Lateralização da cabeça “D”
Escoliose cervical sinistro-
convexa
Hiperlordose cervical
Retificação cervical baixa
Ombro “D” mais elevado
Rot interna dos ombros
bilateral
Retificação dorsal
Hiperlordose lombar
Anteversão pélvica “D”
Crista ilíaca “E” mais elevada
Genu-recurvatum joelho “D”
Joelho varo bilateral
Joelho “D” rot interna
Pés pronados
Acho que sou torta
44
AUTODESENHO ALUNO 4
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 4
“Eu acho que minha postura é um pouquinho torta. É eu sou bem torta, para
falar a verdade, eu acho que minha postura não é reta, é isso, acho que não é
normal.”
ALUNO 5
O sujeito cinco, gênero feminino, 19 anos, apresentou nível ótimo no
questionário de consciência corporal.
No autodesenho, quando solicitado a descrever este desenho com
ênfase nas características posturais, o mesmo referiu ter boa postura,
informação esta que não se confirmou, após avaliação postural, visto que ele
não reconhece nenhuma das 13 alterações posturais que na realidade
apresentava.
45
Quadro 5: Dados do aluno 5 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (5) Nível: ótimo Anteriorização da cabeça
Rotação cervical “E”
Lateralização da cabeça “E”
Hiperlordose cervical
Retificação cervical baixa
Ombro “D” mais elevado
Retificação dorsal baixa
Hiperlordose lombar alta
Retificação lombar baixa
Anteversão pélvica bilateral
Genu-recurvatum bilateral
Ante-pés pronados
Retro-pé “E” varo
Acho minha postura
reta
AUTODESENHO ALUNO 5
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 5
“Acho minha postura reta.”
46
ALUNO 6
O sujeito 6, gênero feminino, 18 anos, apresentou nível moderado de
consciência corporal quando da apuração do questionário. Nesse caso em
especial, constatou-se haver relação entre as respostas dadas e o resultado da
análise do autodesenho.
Apesar desse aluno haver descrito apenas duas alterações, dentre as 15
identificadas durante a avaliação postural, essas duas podem ser consideradas
as mais relevantes. O aluno conseguiu reproduzir, em seu autodesenho, várias
das alterações que apresenta, como rotação da cabeça, desnível dos ombros,
alteração da pelve e dos joelhos.
Os dados revelam um bom nível de percepção de esquema corporal, por
parte do aluno supracitado.
Quadro 6: Dados do aluno 6 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (6) Nível: moderado Anteriorização da cabeça
Rotação da cabeça D
Hiperlordose cervical
Retificação baixa
Ombro D + elevado
Ombro E em rot int
Retificação dorsal alta
Retificação dorsal baixa
Hiperlordose lombar
Escoliose sinistro-convexa
Anteversão pélvica bilateral
Crista ilíaca D mais elevada
Genu-recurvatum bilateral
Joelhos varos
Ante-pés pronados
Um ombro mais alto
Um lado mais
acinturado
47
AUTODESENHO ALUNO 6
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 6
“Eu acho que não tenho uma boa postura, porque acho que um lado é mais
acinturado e um ombro mais baixo que o outro.”
ALUNO 7
O sujeito 7, gênero feminino, 17 anos, apresentou nível de consciência
corporal moderado.
Na avaliação postural foram detectadas 15 alterações. Com exceção da
anteriorização da cabeça, bastante pronunciada, as demais alterações são
discretas, não causando nenhum tipo de transtorno, além de serem
imperceptíveis ao olhar de um leigo.
O aluno foi capaz de identificar três dentre as 15 alterações posturais
presentes. Destaque-se que as alterações citadas coincidem com as mais
relevantes, do ponto de vista dos especialistas, o que permite classificar esse
aluno como possuidor de bom nível de percepção de esquema corporal.
48
Em sua análise do autodesenho corporal, o aluno não identificou
nenhuma alteração que na verdade não existisse, o que revela satisfação com
relação ao próprio corpo.
Quadro 7: Dados do aluno 7 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (7) Nível: moderado Anteriorização da cabeça
Rotação cabeça “D”
Lateralização cabeça “D”
Hiperlordose cervical
Retificação cervical baixa
Ombro “D” mais elevado
Rot interna ombros bilateral
Hiperlordose lombar alta
Escoliose
Retificação lombar baixa
Crista ilíaca “D” mais elevada
Genuflexo joelho “E”
Genu-recurvatum joelho “D”
Rot int joelho “E”
Ante-pés pronados
Cabeça para frente
Curvada para frente
Escoliose
49
AUTODESENHO ALUNO 7
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 7
“Sobre a minha postura eu acho que é errada, tenho a cabeça para frente, sou
curvada para frente, não ando erguida, tenho um pouco de escoliose, que
agora deve ter aumentado.”
ALUNO 8
O sujeito 8, gênero masculino, 19 anos, apresentou ao questionário um
nível leve de consciência corporal.
Na segunda fase da pesquisa, composta da avaliação postural, foram
constatadas 10 alterações. Dentre elas, a mais expressiva foi uma hipercifose
dorsal, que o aluno em seu discurso atestou com a expressão “curvado”,
sendo, portanto, uma expressão leiga ou do senso comum utilizada para
descrever a alteração anteriormente citada, fato que denota uma consciência
postural moderada.
50
Quadro 8: Dados do aluno 8 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (8) Nível: leve Rotação cabeça “D”
Lateralização cabeça “E”
Hiperlordose cervical
Retificação cervical baixa
Ombro “E” mais elevado
Rot int bilateral ombros
Hipercifose dorsal
Retificação lombar baixa
Anteversão pélvica direita
Genuflexo bilateral
Ante-pé “E” pronado
Ante-pé “D” supinado
Retro-pé
“Curvado”
AUTODESENHO ALUNO 8
51
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 8
“Eu acho que minha postura não é tão fora do normal, o único problema que
ela tem mesmo é que eu sou um pouco curvado para frente e as pessoas me
falam que eu tenho que ficar mais reto...”
ALUNO 9
O sujeito 9, gênero masculino, 18 anos, revelou nível moderado de
consciência corporal ao responder às indagações do questionário. Na
avaliação postural, foram diagnosticadas sete alterações, uma rotação interna
dos ombros, varismo de joelho, caracterizado pela separação entre estes, de
dois centímetros e meio. E na descrição do autodesenho, o referido aluno
relata sua postura como normal.
Quadro 9: Dados do aluno 9 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (9) Nível: moderado Rotação int bilateral dos
ombros
HiperLordose dorsal baixa
Retificação lombar baixa
Genu-recurvatum dos joelhos
Joelhos varos
Ante-pés pronados
Pé E plano
“Normal”
52
AUTODESENHO ALUNO 9
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 9
“Eu não tenho muito o que falar da minha postura, pra mim, eu acho normal...”
ALUNO 10
O sujeito 10, gênero masculino, 19 anos, apresentou nível ótimo de
consciência corporal ao responder às indagações do questionário.
Na segunda fase da pesquisa, avaliação postural, foram detectadas 12
alterações. Dentre as mais relevantes estão: a elevação do ombro direito
(estando este 2,8 centímetros mais alto do que o esquerdo), uma retroversão
de pelve bilateral (espinha ilíaca antero-superior 0,8 centímetros acima da
espinha ilíaca póstero-superior).
Na análise do autodesenho corporal, terceira fase da coleta de dados,
nenhuma das referidas alterações posturais foi reconhecida pelo estudante, ao
contrário, este insiste em afirmar que tem boa postura, sem alterações.
53
Quadro 10: Dados do aluno 10 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (10) Nível: ótimo Lateraliazação E cabeça
Hiperlordose cervical
Retificação cervical alta
Ombro D mais elevado
Rotação int bilateral
Hipercifose dorsal alta
Hiperlordose lombar alta
Retificação lombar baixa
Retroversão bilateral
Genu-recurvatum bilateral
Joelhos varos
Ante-pé E pronado
“Boa postura”
AUTODESENHO ALUNO 10
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 10
Minha postura é normal, não tão certa, mas é uma boa postura.”
54
ALUNO 11
O sujeito 11, gênero feminino, 18 anos, apresentou nível moderado de
consciência corporal, em resposta ao questionário.
Na avaliação postural, foram diagnósticadas 12 alterações, dentre as
quais as mais relevantes são: retificação dorsal, hiperlordose lombar alta e
retificação lombar baixa.
Na terceira fase da coleta de dados, a análise do autodesenho corporal,
o aluno acima descrito não foi capaz de identificar nenhuma alteração
concernente, tendo se autodescrito simplesmente usando o termo “curvada”,
característica não constatada na avaliação postural.
O adjetivo aqui utilizado pelo aluno, se traduzido em termos técnicos,
guardaria semelhança com a hipercifose dorsal, termo diametralmente oposto
ao resultado obtido, fato que classifica o aluno como portador de um nível ruim
de percepção de esquema corporal.
Quadro 11: Dados do aluno 11 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (11) Nível: moderado Anteriorização da cabeça
Hiperlordose cervical
Retificação cervical alta
Elevação dos ombros bilateral
Rotação int dos ombros
bilateral
Retificação dorsal
Hiperlordose lombar alta
Retificação lombar baixa
Anteversão pélvica bilateral
Genu-recurvatum bilateral
Joelhos valgos
Rot int joelhos bilateral
Ante-pés pronados
Retro-pés valgos
“Curvada”
55
AUTODESENHO ALUNO 11
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 11
“Eu acho que minha postura é assim um pouco curvada para frente, mas acho
que com exercício ou até mesmo sozinha dá para melhorar.”
ALUNO 12
O sujeito 12, gênero feminino, 19 anos, apresentou nível bom de
consciência corporal ao responder às indagações do questionário.
Na avaliação postural foram identificadas 17 alterações, número
elevado, se considerarmos a média de 12,5 alterações por aluno componente
do grupo de acadêmicos ingressantes na faculdade. Dentre as alterações
diagnosticadas no aluno, 12 são muito evidentes. Para citar algumas, tem-se
uma disfunção na região cervical, o que provoca um posicionamento da cabeça
em anteriorização, rotação para o lado direito, lateralização para o lado
esquerdo, estando a cervical em retificação. Os ombros em elevação bilateral,
estando o direito ainda mais elevado e em rotação interna. Uma escoliose
pronunciada. Além de alteração na estrutura dos membros inferiores.
56
Na análise do autodesenho o aluno se descreveu como portador de uma
postura ruim, não sabendo, no entanto, especificar quais seriam as alterações
presentes.
O aluno tem consciência da sua condição postural. No entanto, não se
pode dizer que tenha boa percepção do esquema corporal, isso por não
conseguir identificar o local e o sentido das alterações.
Quadro 12: Dados do aluno 12 nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (12) Nível: bom Anteriorização da cabeça
Rotação cabeça “D”
Lateralização cabeça “E”
Hiperlordose cervical baixa
Retificação cervical
Ombro “D” mais elevado
Elevação ombros bilateral
Ombro “D” rot interna
Semi-flexão cotovelo bilateral
Hipercifose dorsal alta
Retificação dorsal baixa
Hiperlordose lombar alta
Escoliose lombar sinistro-
convexa
Crista ilíaca “D” mais elevada
Joelho “E” valgo
Rot interna joelho bilateral
Ante-pé “E” pronado
Ante-pé “D” supinado
Postura ruim
“Sento errado”
57
AUTODESENHO ALUNO 12
AUTODESCRIÇÃO ALUNO 12
“Acho que minha postura é ruim e eu sento errado...”
4.2 Análise dos alunos do 1º semestre
O que se constatou após analisar os alunos do primeiro semestre foi que
a grande maioria, 66,66%, apresentou nível moderado de percepção ao
responder às indagações do questionário de consciência corporal, contra
16,5% com nível ótimo, 8,42% com nível leve e 8,42% com nível bom.
Os alunos apresentaram, em média, 12,75 alterações posturais, sendo
que aquele que apresentou maior número de alterações somava 17 e o que
apresentou o menor número sete. No que concerne à análise do autoretrato,
este recurso identificou 0,75% dos desvios posturais presentes nos
indivíduos pesquisados.
Vale ressaltar, aqui, a preponderância de alterações posturais no sexo
feminino, em detrimento do sexo masculino. Adia de alterações nos alunos
foi de 8 e nas alunas 12.
58
4.3 Análise por aluno (9º. Semestre)
Quanto aos alunos concludentes, avaliamos sete, de um total de 28 que
concordaram em participar da primeira fase da pesquisa, composta pelo
questionário de consciência corporal, perfazendo uma porcentagem de 38,88%
dos alunos da primeira fase.
ALUNO A
O sujeito A, gênero masculino, 23 anos, apresentou, conforme avaliação
do questionário de consciência corporal, nível ótimo.
Na segunda fase da pesquisa, composta da avaliação postural, foram
identificadas oito alterações. Dentre elas, uma hiperlordose em toda a extensão
da coluna lombar e um genurecurvatum dos joelhos.
Na terceira fase da pesquisa, consistindo na análise do autodesenho
corporal, o aluno apenas identificou duas delas: a anteriorização da cabeça e
retificação da cervical.
Todavia, o relato do aluno o se encerra com essa declaração; a parte
negativa da análise se deu com a citação de quatro alterações que, na
realidade, ele não apresentava. Uma delas: desnível dos ombros, visível em
sua auto-imagem, mas, por outro lado, é evidenciada a inexistência dela na
incidência fotográfica em AP.
Quadro 13: Dados do aluno A nas três fases da pesquisa
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (A) Nível: otimo Anteriorização da cabeça
Hiperlordose cervical
Retificação cervical baixa
Hiperlordose lombar
Genurecurvatum joelhos
Pés supinados
Anteriorização da
cabeça
Retificação cervical
Desnível ombros
Hipercifose dorsal
Retificação lombar
Ilíaco D mais
elevado
59
AUTODESENHO ALUNO A
AUTODESCRIÇÃO ALUNO A
“Tenho um ombro mais baixo, a cabeça anteriorizada, a cervical um
pouco retificada, a dorsal com hipercifose, lombar retificada e uma pequena
diferença na pelve, minha crista ilíaca direita é mais elevado que a esquerda.
Acho que só.”
ALUNO B
O sujeito B, gênero feminino, 23 anos, apresentou ao questionário um
nível de consciência corporal ótimo.
Na avaliação postural foram identificadas 13 alterações. No caso, mais
importante do que as alterações isoladas, destaca-se o elevado grau de
assimetria corporal desse aluno.
Na terceira fase da pesquisa, o autodesenho, o aluno em questão
construiu sua imagem de maneira totalmente simétrica, referindo, inclusive, que
suas alterações posturais eram bilaterais, (a elevação e rotação interna dos
ombros), sendo que apenas a última afirmação é verdadeira.
No momento da autodescrição, quando solicitado a enfatizar a
percepção de sua condição postural, conseguiu reconhecer apenas duas
60
dessas alterações. Além do déficit na percepção corporal, citou ainda três
alterações que não apresentava.
Quadro 14: Dados do aluno B, nas três fases da pesquisa.
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (B) Nível: ótimo Rotação cabeça D
Lateralização cabeça D
Retificação cervical
Ombro D mais elevado
Rotação interna dos ombros
Hipercifose dorsal baixa
Retificação dorsal alta
Hiperlordose lombar baixa
Retroversão pélvica bilateral
Genuflexo joelho E
Genu-recurvatum joelho D
Pés pronados
Retro-pés valgos
Elevação ombros
Rotação interna
ombros
Retroversão pelve D
Genuvalgo de joelho
Pé plano
AUTODESENHO ALUNO B
61
AUTODESCRIÇÃO ALUNO B
“Acho que tenho os ombros um pouco elevados e rodados internamente e
minha pelve, acho que principalmente à direita, tem uma retroversão e os
joelhos... Acho que tenho genuvalgo e o pé plano.”
ALUNO C
O sujeito C, gênero feminino, 21 anos, apresentou nível moderado de
consciência corporal, no questionário. Na avaliação postural foram encontradas
14 alterações. Dentre elas as mais relevantes referiam-se ao posicionamento
dos ombros (elevação e rotação interna, estando o ombro direito dois
centímetros mais elevado do que o esquerdo) e uma escoliose sinistro
convexa. No autodesenho, as alterações não não foram reconhecidas pelo
aluno, como também este referiu ter o ombro esquerdo mais elevado do que o
direito, situação esta, como vimos anteriormente, oposta à evidenciada na
avaliação. O aluno referiu ainda outra alteração não detectada: uma rotação
da cabeça para a esquerda, enquanto o que se percebe é uma discreta
lateralização para a direita.
Quadro 15: Dados do aluno C, nas três fases da pesquisa.
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (C) Nível: moderado Posteriorização cabeça
Lateralização cabeça D
Hiperlordose cervical
Elevação dos ombros
Ombro D mais elevado
Rotação interna dos ombros
Retificação dorsal
Hiperlordose lombar
Escoliose sinistro-convexa
Retroversão pélvica bilateral
Ilíaco E mais elevado
Genuflexo joelho E
Pé D supinado e valgo
Pé E valgo
Inclinação cabeça D
Rotação cabeça E
Ombro E mais
elevado
Ilíaco E mais eleva
do
62
AUTODESENHO ALUNO C
AUTODESCRIÇÃO ALUNO C
“Inclinação para o lado direito da cabeça e rotação para a esquerda, ombro
mais elevado do lado esquerdo e o ilíaco também é mais elevado do lado
esquerdo.”
ALUNO D
O sujeito D, gênero feminino, 24 anos, apresentou nível bom, no que se
refere ao questionário de consciência corporal.
Na avaliação postural, foram identificadas 11 alterações. Na percepção
corporal, apenas uma dessas alterações foi reconhecida pelo aluno: a
anteriorização da cabeça, bem evidente, de aproximadamente três centímetros.
Uma alteração foi identificada de forma contrária ao que realmente existe. O
aluno pensa ter uma pisada em inversão, que também pode ser descrita como
uma supinação de ante-pé, mas, na avaliação postural, foi diagnosticada uma
pronação de ante-pé. Além de outras três alterações que foram citadas pelo
aluno, porém, não se evidenciaram na avaliação.
63
Quadro 16: Dados do aluno D, nas três fases da pesquisa.
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (D) Nível: bom
Lateralização cabeça E
Anteriorização cabeça
Hiperlordose cervical baixa
Retificação cervical baixa
Ombro E mais elevado
Retificação dorsal
Hiperlordose lombar
Crista ilíaca D mais elevada
Rot int joelhos
Pronação dos ante-pés
Anteriorização da
cabeça
Leve flexão de
ombro e joelho
Anteriorização da
pelve
Pisada em inversão
AUTODESENHO ALUNO D
64
AUTODESCRIÇÃO ALUNO D
“Minha cabeça é anteriorizada, o ombro é fletido e o joelho também, a pelve é
anteriorizada e minha pisada em inversão.”
ALUNO E
O sujeito E, gênero feminino, 25 anos, apresentou nível moderado de
consciência corporal, de acordo com os dados disponibilizados no questionário.
Na avaliação postural, foram detectadas 12 alterações, sendo a maioria
delas discretas. As mais visíveis são referentes à lateralização da cabeça,
(alteração identificada pelo aluno), e alteração pélvica (elevação da crista ilíaca
direita, retroversão da pelve direita e anteversão da pelve esquerda).
Na autopercepção o aluno reconheceu duas, dentre todas as alterações
presentes e citou uma terceira alteração que não apresentava, demonstrando
total desconhecimento das demais.
Quadro 17: Dados do aluno E, nas três fases da pesquisa.
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (E) Nível: moderado Lateralização cabeça D
Hiperlordose cervical
Rot int dos ombros
Retificação dorsal
Hiperlordose lombar alta
Sacro horizontal
Crista ilíaca D + elevada
Retroversão D pelve
Anterversão E pelve
Valgo joelho bilateral
Rot int joelho bilateral
Pronação antepé E
ECOM mais
encurtado que o
outro
Ombros
anteriorizados
Escoliose
65
AUTODESENHO ALUNO E
AUTODESCRIÇÃO ALUNO E
“Tenho o ECOM mais encurtado de um lado do que do outro, os ombros
anteriorizados e acho que também tenho escoliose.”
ALUNO F
O sujeito F, gênero feminino, 29 anos, apresentou um nível de
consciência corporal bom, tendo como base a resposta ao questionário.
Na segunda fase da coleta de dados, avaliação postural, foram
constatados 12 alterações, bastante severas. As principais são: rotação da
cabeça para a direita, anteversão pélvica bilateral, mas, a mais gritante é
referente a uma hiperlordose lombar.
Duas das alterações diagnosticadas foram percebidas pelo aluno:
ombros anteriorizados e o genu-reurvatum de joelho, apesar dessas alterações
não coincidirem com as que reputamos mais importantes. Citou ainda mais
duas alterações não diagnosticadas na avaliação postural. Uma delas sendo
contrária à situação encontrada.
66
Quadro 18: Dados do aluno F, nas três fases da pesquisa.
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (F) Nível: bom Posteriorização cabeça
Rot cabeça D
Ret cervical
Ombro E rodado anteriormente
Ret dorsal alta
Hiperlordose lombar
Sacro horizontal
Pelve E + elevada
Anteversão pélvica bilateral
Genurecurvatum joelhos
Rot int joelhos
Lateralização da
cabeça E
Ombros
anteriorizados
Leve retroversão
Joelhos em
recurvatum
AUTODESENHO ALUNO F
AUTODESCRIÇÃO ALUNO F
“Minha cabeça é lateralizada para o lado esquerdo, os ombros anteriorizados,
uma leve retroversão e genurecurvatum de joelhos.”
67
ALUNO G
O sujeito G, gênero feminino, 23 anos, apresentou nível ótimo de
consciência corporal, de acordo com informações prestadas no questionário.
Na avaliação postural, foram identificadas 10 leves alterações, com
exceção das alterações nos ombros, mais evidentes.
Neste aluno em particular, o que mais se destaca é a assimetria
corporal, como pode ser melhor visualizado no quadro abaixo.
Na avaliação da autopercepção corporal, o aluno reconheceu duas das
alterações presentes. Citou uma alteração em situação inversa, o que
realmente fora encontrado, além de outras duas alterações não mencionadas
em sua entrevista.
Quadro 19: Dados do aluno G, nas três fases da pesquisa.
NOME RESULTADO
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO POSTURAL IMAGEM
CORPORAL
Aluno (G) Nível: ótimo Lateralização da cabeça
Ombro D + elevado
Ombro D em rot interna
Anteriorização da cabeça
Hiperlordose cervical
Hiperlordose lombar
Pelve E + elevada
Anteversão pélvica D
Rot interna joelhos
Pronação de antepés
Varo retro-pé D
Anteriorização da
cabeça
Encurtamento de
peitoral
Hiperlordose lombar
Ângulo de Talles
maior D
Retroversão da
pelve
Genurecurvatum de
joelho
68
AUTODESENHO ALUNO G
AUTODESCRIÇÃO ALUNO G
“Cabeça anteriorizada, encurtamento de peitoral, também uma hiperlordose
lombar, escoliose, com angulo de Talles maior do lado direito, retroversão de
pelve e acho que genurecurvatum de joelho...”
4.4 Análise dos alunos do 9º semestre
Constatou-se que, após a análise dos alunos concludentes 42,85%
deles apresentaram nível ótimo de consciência corporal, segundo respostas
dadas ao questionário, contra 28,57% com nível bom e, 28,57% com nível
moderado.
Os alunos apresentaram, em média, 11,42 alterações posturais, sendo
que o pesquisado com maior número de alterações acusou 14 e o que
apresentou o menor número, 8.
No que concerne à análise do autoretrato, esta identificou 16,25% dos
desvios posturais presentes. Dentre todas as alterações posturais citadas pelos
alunos concludentes, 22,5% delas não coincidiam com as características reais
presentes nos referidos alunos. Condição, aliás preocupante em se tratando de
69
alunos concludentes do curso de Fisioterapia, cuja intenção maior é formar
profissionais para trabalhar o corpo, muitas vezes com seu próprio corpo.
Vale ressaltar, aqui, a preponderância de alterações posturais no sexo
feminino, em detrimento ao sexo masculino. Adia de alterações nos alunos
foi de 8 e nas alunas 12.
4.5 Análise comparativa entre a percepção dos alunos ingressantes e a
dos concludentes
No quadro a seguir, é feito um confronto entre os resultados obtidos com
os alunos do primeiro semestre e alunos do nono semestre. Para realização
deste confronto, pontuamos alguns itens que se destacaram durante a análise
dos resultados: a) conhecimento do corpo, consistindo de informações
pertinentes ao teor de conhecimento que o aluno apresenta a respeito de sua
própria situação corporal, obtido a partir do cruzamento de informações da
avaliação postural com a autodescrição; b) equívocos de percepção,
dimensionando a visão confusa dos alunos sobre as alterações posturais
pessoais que apresentam ou dizem apresentar, e por último, a relação
consciência corporal x percepção de esquema corporal, em que se pode
perceber a divergência entre os resultados obtidos com três instrumentos
aplicados à coleta de dados: a discussão focada no questionário de
consciência corporal e a relação entre a avaliação postural e a autodescrição
projetada no autodesenho.
70
Quadro 20: resultados comparativos dos alunos ingressantes x concludentes.
INGRESSANTES CONCLUDENTES
CONHECIMENTO DO
CORPO
Conhecimento superficial,
descrevendo o próprio
corpo de forma
insatisfatória, mediante
utilização de termos leigos,
do coloquial doméstico.
Conhecimento igualmente
superficial, com descrição
insatisfatória. Utilização de
termos técnicos.
EQUÍVOCOS DE
PERCEPÇÃO
Cometem poucos
equívocos. Quando citam
alguma alteração
específica, geralmente se
aproximam da verdade, e
ou referem poucas
alterações contrárias às
presentes.
Maior número. Referem
muitas alterações em sua
autodescrição que não
coincidem com as
diagnosticadas,
provavelmente em função
de demonstrar
conhecimento aprofundado
sobre o assunto.
CONSCIÊNCIA
CORPORAL
x
PERCEPÇÃO DE
ESQUEMA CORPORAL
Correlacionando os
resultados do questionário
de consciência corporal
com a percepção do
esquema corporal,
percebemos, a grosso
modo, inexistência de
relação, visto que, dos 12
alunos avaliados, apenas
2 tiveram resultado
semelhante no
questionário e na
avaliação, existiram casos
totalmente opostos, em
que o aluno apresentou
resultado ótimo no
questionário e ruim na
percepção corporal.
Dentre os concludentes,
apenas um aluno obteve o
mesmo resultado nas duas
situações, (questionário e
percepção corporal). A
divergência se torna maior,
pelo fato de terem
apresentado resultados
melhores nos
questionários e piores na
percepção corporal,
ou seja, no questionário 3
resultados ótimos, 2 bons
e 2 moderados. E, na
percepção corporal, 4 ruins
e 3 moderados.
71
DISCUSSÃO
Sabemos que não é possível obter a percepção e conseqüente fluência
e domínio de uma linguagem se esta for estudada teoricamente, portanto,
necessário se faz transformarmos a formação dos acadêmicos de Fisioterapia,
que estudam toda a teoria do esquema do corpo sem nunca parar para senti-lo
de forma consciente.
É preocupante a tendência destes acadêmicos em se preocupar mais
com especulações intelectuais do que com vivências reais. É utópico pensar,
por exemplo, que é possível treinar certas capacidades isoladamente, por meio
da educação de movimentos, e depois juntar num todo homogêneo essas
partes vistas em separado, sem que se perca, fatalmente, a totalidade corporal
da expressão de movimento.
Dentre os alunos participantes do estudo, apenas 4% do primeiro
semestre e 7% dos concludentes se submeteram a tratamento postural
pregresso. Esse dado desperta um questionamento com relação à credibilidade
e à relevância do nosso exercício profissional perante os futuros colegas, ou
seja, porquê, sabendo da importância da boa postura e dos resultados obtidos
com o tratamento, os alunos não aderem a esta prática. Tal questionamento se
torna ainda mais alarmante perante os resultados encontrados nas avaliações
posturais, alterações severas que se apresentaram de forma difusa e com
grande incidência.
Com a avaliação dos resultados, pudemos perceber a falta de
encadeamento na relação entre consciência corporal e percepção de esquema
corporal, tamanha foi a discrepância entre os resultados apresentados pelo
questionário de consciência corporal e os dados encontrados no confronto
entre avaliação postural e autodescrição.
Outro fator relevante foi a situação postural em que se encontram os
alunos concludentes. É incompreensível e até inadmissível que alunos do
curso de Fisioterapia, tendo em seu currículo as disciplinas de Anatomia,
Fisiologia, Cinesiologia, Cinesioterapia, Psicomotricidade, dentre outras que o
preparam para o pleno conhecimento do corpo, suas partes e seu
72
funcionamento, infelizmente, não cheguem à atenção da capacidade de
ensinar a conhecer o próprio corpo.
É inexplicável a semelhança entre o conhecimento do próprio corpo
entre alunos do primeiro e último semestre, o que remete ao seguinte
questionamento: Não deveríamos dispor de um desenvolvimento do
conhecimento corporal ao longo do curso? Foi constatado o desenvolvimento
do conhecimento teórico, sem que, no entanto, houvesse sido modificada a
forma de ver o próprio corpo.
Os alunos concludentes realizam, simplesmente a substituição de
termos leigos por termos técnicos. Todavia, nenhum avanço se faz sentir no
que concerne ao conhecimento e percepção da condição postural de si
próprios. Pelo contrário, os alunos concludentes, inacreditavelmente, referiram
11 alterações posturais erradas a mais que os alunos ingressantes.
Sobre esta ultima afirmação, podemos propor uma explicação: a
necessidade de demonstrar conhecimento teórico sobre o assunto, pelo fato de
se verem na fase final da graduação. Mas, a isso se sobrepõe o fato desse
conhecimento ser totalmente equivocado, no que tange à capacidade de
conhecer o próprio corpo, em primeira instância.
Dentre os resultados obtidos é importante ressaltar algumas
informações, como no caso do aluno 1 que apresentou nos seus resultados o
que podemos chamar de “deformidades” posturais, por sua importância e
significância. No confronto dos dados coletados, apesar do vel moderado
obtido no questionário, no que concerne à consciência corporal, constata-se
que o aluno em foco apresenta pouco conhecimento de sua condição postural,
levando-nos a refletir sobre o que diz Lewis (1996) a respeito do esquema
corporal: traduz o que se pensa ou imagina a respeito do próprio corpo, a
representação que possuímos, relativa ao esquema e ao aspecto evolutivo e
temporal. O autor acrescenta que o esquema corporal possui caráter objetivo,
evoluindo de modo similar entre os indivíduos, ao contemplar o nível estrutural.
Porém, podem ocorrer variações promovidas pela aprendizagem e utilização
do sistema neuromotor. É possível concluir que o aluno em questão apresenta
déficit severo no esquema corporal e não tão severo na consciência corporal.
Escrevendo sobre o assunto, Alexander (1983) ressalta a necessidade
latente de desenvolver um trabalho de eutonia, em que as pessoas podem
73
aprender a sentir a si mesmo e sentir o ambiente com realismo, além de
manter essa habilidade em todas as circunstâncias do dia a dia.
De acordo com Alexander (1983), a eutonia pode estar presente tanto no
sadio quanto no doente, tanto no esportista quanto no dançarino, inclusive nos
que lidam com o psíquico. Baseia-se na sensação tátil, consciente, no
desenvolvimento da sensibilidade superficial e profunda. Para que uma pessoa
consiga um contato real consigo mesma, com o próximo e com o ambiente, é
preciso que vivencie conscientemente o seu corpo durante o movimento.
Outros dados indicam que o aluno 3 apresenta um bom esquema
corporal, que as alterações que ele apresenta passariam desapercebidas
numa avaliação superficial, sendo, nesse caso, aceitável que elas passem
desapercebidas ao aluno em questão.
Lowen (1979) escreve que o indivíduo que possui um bom esquema
corporal apresenta uma representação psíquica clara acerca de seu corpo, e
revela, portanto, uma imagem coerente e precisa de si próprio, de modo que o
capacita a reproduzi-la no plano gráfico e verbal, situação que foi encontrada
nesse caso, onde o aluno, além de fazer uma descrição coerente de sua
postura, soube assim retrata-la quando da segunda fase dessa pesquisa, no
autodesenho corporal.
Em outra situação, temos alunos que se autodescreveram com termos
como “torta” e outros que não são considerados suficientes para atestarmos
boa percepção de esquema corporal, visto que os estudante foram incapazes
de localizar e identificar as alterações presentes, especificando-as. Podemos,
portanto, inferir estar diante de um caso de deficiência sintomática de
percepção de esquema corporal, seja pela incapacidade de o aluno reconhecer
a posição espacial de seus segmentos corporais, seja pela deficiência de
traduzir essa sensação em palavras.
Segundo Lowen (1979) a pessoa saudável tem total consciência (domínio)
sobre suas possibilidades corporais, além de estar preparada para descrever
suas expressões faciais e reconhecer suas atitudes e posturas corporais,
sendo capaz de desenhar uma figura humana com razoável grau de
semelhança com o seu corpo. O contrário disso traduz a idéia de fraca
identificação corporal. Alexander (1983) declara ainda, que a concordância
entre a expressão corporal e a manifestação dessa expressão, de forma oral, é
74
sinal de um encontro sutil entre as manifestações do consciente e do
inconsciente, ocorrendo muito raramente na vida de uma pessoa.
Se nos detivermos ao aluno 10, percebemos um contraste entre a
avaliação postural e a auto-análise corporal, o que mostra que o aluno em
questão tem percepção ruim de seu esquema corporal, o que pode ser
ratificado pelos estudos do neurologista Henry Head, do London Hospital, que
diz que qualquer alteração postural pode mudar o esquema corporal, visto que
cada indivíduo constrói um modelo ou figura de si mesmo, que passa a se
constituir em um padrão contra os julgamentos da postura e dos movimentos
corporais.
Finalizando a análise dos ingressantes, tem-se o aluno 12, que na
avaliação postural foram identificadas 17 alterações, número elevado, se
considerarmos a média de 12,5 alterações por aluno componente do grupo de
acadêmicos do primeiro semestre.
Com relação aos alunos concludentes, pode-se observar a grande
quantidade de alterações que os alunos referem ter e na realidade não têm,
como no caso do aluno A, que apresenta 13 alterações posturais, afirma ter
cinco, sendo que 4 das alterações que este refere ter não correspondem às
realmente presentes, fazendo com que a condição inicialmente boa, desse
aluno, fosse substituída pela conclusão de percepção de esquema corporal
baixa, distorcida ou fragmentada. Como escreve Bertherat (2003), no ser
normal, o que chamamos de fragmentações das percepções corporais pode
tornar-se patológico, não se tendo, portanto, consciência do corpo como
unidade, como lugar preciso e homogêneo.
Fato indiscutível é que o corpo é normalmente assimétrico, em vários
aspectos, porém se os diferentes elementos do corpo são equilibrados e
integrados, a simetria geral do corpo permanece inalterada, mas, segundo
Kurtz (1989), se desequilíbrio flagrante, torna-se evidente que duas
estruturas muito distintas existem dentro desse mesmo indivíduo, estruturas
essas que podem representar duas tendências fortemente diferentes de sua
personalidade, característica percebida no aluno B e no aluno G.
O aluno C apresenta alterações posturais severas, salientando a fácil
constatação das alterações encontradas, é surpreendente a pouca percepção
75
que este aluno tem de si, o que o classifica como portador de uma noção ruim
de esquema corporal, fato também observado nos alunos D, E e F.
Essas características nos remetem, a Bertherat (2003), quando escreve
que, quem não tem consciência do corpo como totalidade, ou cujo corpo
comporta numerosas “zonas mortas”, torna-se um doente em potencial, na
medida em que ignora certas partes do corpo, abusa de outras e bloqueia e
confunde as demais.
76
CONCLUSÃO
É fundamental repensarmos a estrutura de formação de nossos alunos e
futuros profissionais, enfocando a credibilidade no conhecimento do corpo e
suas influencias.
Deve-se iniciar um trabalho que de encontro a toda a metodologia
atualmente praticada, desenvolvendo especialmente a capacidade de
observação, baseando-se na habilidade de imitar o tônus, graças à qual a
consciência corporal dos observados registra de imediato as tensões
inadequadas do outro, do paciente, no próprio corpo.
Tem-se, sempre, que trabalhar no sentido da perfeição, da inovação e
do incremento na formação dos profissionais e na infinita possibilidade da
pesquisa, visto que até 1945 não eram conhecidas a importância fundamental
da imagem corporal para o desenvolvimento da personalidade e da condição
postural até que Henri Walon, despertou para estas descobertas, o que exigiu
uma nova orientação teórica em relação ao corpo e ao movimento. Mudanças
significantes na forma de abordar e tratar certas doenças e, de maneira geral,
de enfrentar os problemas referentes ao corpo, requerem certo tempo para se
impor, igualmente a formação dos educadores e terapeutas que desejam
seguir essa orientação exige também o máximo rigor.
Consciência corporal e esquema corporal podem ser vistos como
aspectos distintos, esta afirmação se torna possível com a avaliação dos
resultados, tamanha foi a discrepância entre os resultados do questionário de
consciência corporal e os dados encontrados no confronto entre avaliação
postural e auto-descrição.
Fato alarmante é situação postural em que se encontram os alunos
concludentes. É incompreensível e até inadmissível que alunos do curso de
fisioterapia, tendo em seu currículo as disciplinas de anatomia, fisiologia,
cinesiologia, cinesioterapia, psicomotricidade, dentre outras que o preparam
para o conhecimento do corpo, suas partes e seu funcionamento, infelizmente,
não ensinem a conhecer o próprio corpo. Surgindo daí uma preocupante
semelhança entre o autoconhecimento corporal entre alunos ingressantes e
77
concludentes, sendo inexplicável que, entre alunos de primeiro e último
semestre, haja tal semelhança. Fato que remete ao seguinte questionamento:
Não deveríamos ter um desenvolvimento do conhecimento corporal ao longo
do curso? O que foi constatado foi o desenvolvimento do conhecimento teórico,
sem, no entanto, transformar a forma de ver seu próprio corpo. Os alunos
concludentes fazem uma simples substituição de termos leigos por termos
técnicos, mas nenhum avanço no que concerne ao conhecimento e percepção
da condição postural de si próprios. Pelo contrário, os alunos concludentes,
inacreditavelmente referiram 11 alterações posturais erradas a mais que os
alunos ingressantes, no que propomos uma explicação: a necessidade de
demonstrar conhecimento sobre o assunto, pelo fato de estarem na fase final
do curso de graduação. Mas a isso se sobrepõe o alarmante fato desse
conhecimento ser totalmente equivocado.
Por tudo o que foi visto, é inadiável constatar que o fisioterapeuta
precisa aprender primeiro a viver a eutonia no próprio corpo, sendo uma das
tarefas mais importantes da formação do futuro fisioterapeuta desenvolver a
capacidade de observar, sem preconceitos, as reações que se produzem em
seu próprio corpo, aprender a se conhecer e a partir desse ponto de partida,
conhecer o outro.
Enfim, conclui-se que, o Curso de Fisioterapia, em sua estrutura atual,
não forma o fisioterapeuta conhecedor e capaz de trabalhar o corpo em sua
plenitude, e sim alguém que apenas lida com partes de um todo indivisível.
Além disso, trata-se o corpo como algo abstrato, recusando-se a possibilidade
de trabalhá-lo de forma concreta, a partir de experimentações próprias e da
real percepção das repercussões de cada ação sobre este mesmo corpo.
78
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APÊNDICES
84
APÊNDICE A
FICHA DE AVALIAÇÃO POSTURAL
POSIÇÃO DA CABEÇA
( ) Normal
( ) Anteriorização
( ) Posteriorização
( ) Rotação para direita
( ) Rotação para esquerda
( ) Lateralização para direita
( ) Lateralização para esquerda
COLUNA CERVICAL
( ) Normal
( ) Ecoliose Destro-convexa
( ) Escoliose Sinistro-convexa
( ) Hiperlordose
( ) Retificação baixa
( ) Retificação alta
( ) Cifose
POSIÇÃO DOS OMBROS
( ) Normal
( ) Ombro “D” mais elevado
( ) Ombro “E” mais elevado
( ) Elevação bilateral
( ) Ombro “D” em rotação interna
( ) Ombro “E” em rotação interna
( ) Rotação interna bilateral
COLUNA DORSAL
( ) Normal
( ) Hipercifose alta
( ) Hipercifose baixa
( ) Retificação alta
( ) Retificação baixa
( ) Lordose alta
( ) Lordose baixa
( ) Escoliose destro-convexa
( ) Escoliose sinistro-convexa
COLUNA LOMBAR
( ) Normal
( ) Hiperlordose alta
( ) Hiperlordose baixa
( ) Retificação alta
( ) Retificação baixa
( ) Cifose alta
( ) Cifose baixa
( ) Escoliose destro-convexa
( ) Escoliose sinistro-convexa
85
Nome: _____________________________________________________
Idade: ____________ Sexo: ( ) M ( ) F
Semestre: __________________________________________________
PELVE
( ) Normal
( ) Anteversão direita
( ) Anteversão esquerda
( ) Retroversão direita
( ) Retroversão esquerda
( ) Crista ilíaca “D” mais elevada
( ) Crista ilíaca “E” mais elevada
JOELHOS
( ) Normais
( ) Genuflexo joelho “D”
( ) Genuflexo joelho “E”
( ) Genuflexo bilateral
( ) Genu-recurvatum joelho “D”
( ) Genu-recurvatum joelho “E”
( ) Genu-recurvatum bilateral
( ) Joelho “D” varo
( ) Joelho “E” varo
( ) Joelho “D” valgo
( ) Joelho “E” valgo
TORNOZELOS
Ante-pé
( ) Normais
( ) “D” pronado
( ) “E” pronado
( ) “D” supinado
( ) “E” supinado
Retro-pé
( ) Normais
( ) “D” varo
( ) “E” varo
( ) “D” valgo
( ) “E” valgo
PÉS
( ) Normais
( ) “D” plano
( ) “E” plano
( ) “D” cavo
( ) “E” cavo
86
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,_______________________________________________________
R.G. __________________________________, abaixo assinado, concordo
em participar da pesquisa “Consciência corporal e auto-correção postural:
promovendo a saúde de acadêmicos de Fisioterapia”, cujo objetivo geral é
Avaliar a influência da consciência corporal sobre a postura dos estudantes de
Fisioterapia, visando a promoção da saúde a partir da autopercepção”. Estou
ciente de que passarei por uma avaliação postural visual e posteriormente serei
fotografado para análise das minhas características posturais, também
responderei à entrevista que é parte integrante desta pesquisa. Sabendo que
não corro nenhum risco nem desconforto durante toda a pesquisa, que tenho o
direito de não participar bem como de retirar meu consentimento a todo o
momento, sem que isso ocorra em penalidade de qualquer espécie. Tenho o
direito de receber esclarecimento a qualquer dúvida acerca da pesquisa e do
caráter de minha participação; receber garantias de não haver divulgação de
meu nome ou de qualquer outra informação que ponha em risco minha
privacidade e anonimato, além de acessar as informações sobre os resultados
do estudo.
A participação nesta pesquisa não levará a um benefício direto, mas
indireto, uma vez que poderá trazer subsídios para um novo método de
prevenção de alterações posturais ou até correção de desvio discretos,
também não levará ao recebimento de qualquer remuneração assim como não
ocorrerá em nenhum ônus para minha pessoa.
Após ler estas informações e ter minhas duvidas suficientemente
esclarecidas pelo pesquisador, estando, portanto, ciente de que terei
garantidos meus direitos, dentre outros assegurados pela resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde, concordo em
participar de forma voluntária neste estudo.
Endereço para contato: Comitê de ética em pesquisa da UNIFOR - Av. Washington Soares,
1321 – Fortaleza – Ce. E-mail: [email protected]
Aline Vasques: Av. Santos Dumont, 2424. Sala: 1211 Fortaleza Ceará. Te: (085)8888.5831
Fortaleza, ________de ____________________de 2007.
____________________________ _____________________________
Responsável pela pesquisa Pessoa informante
87
ANEXOS
88
ANEXO 1
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DO CURSO DE GRADUAÇÃO
EM FISIOTERAPIA
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
RESOLUÇÃO CNE/CES 4, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002.(*)
O Presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de
Educação, tendo em vista o disposto no Art. 9º, do § 2º, alínea “c”, da Lei
9.131, de 25 de novembro de 1995, e com fundamento no Parecer CES
1.210/2001, de 12 de setembro de 2001, peça indispensável do conjunto das
presentes Diretrizes Curriculares Nacionais, homologado pelo
Senhor Ministro da Educação, em 7 de dezembro de 2001, resolve:
Art. A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Graduação em Fisioterapia, a serem observadas na organização
curricular das Instituições do Sistema de Educação Superior do País.
Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação em
Fisioterapia definem os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da
formação de fisioterapeutas, estabelecidas pela Câmara de Educação Superior
do Conselho Nacional de Educação, para aplicação em âmbito nacional na
organização, desenvolvimento e avaliação dos projetos pedagógicos dos
Cursos de Graduação em Fisioterapia das Instituições do Sistema de Ensino
Superior.
Art. O Curso de Graduação em Fisioterapia tem como perfil do formando
egresso/profissional o Fisioterapeuta, com formação generalista, humanista,
crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis de atenção à saúde,
com base no rigor científico e intelectual. Detém visão ampla e global,
respeitando os princípios éticos/bioéticos, e culturais do indivíduo e da
coletividade. Capaz de ter como objeto de estudo o movimento humano em
todas as suas formas de expressão e potenc ialidades, quer nas alterações
patológicas, cinético-funcionais, quer nas suas repercussões psíquicas e
orgânicas, objetivando a preservar, desenvolver, restaurar a integridade de
órgãos, sistemas e funções, desde a elaboração do diagnóstico físico e
funcional, eleição e execução dos procedimentos fisioterapêuticos pertinentes a
cada situação.
Art. A formação do Fisioterapeuta tem por objetivo dotar o profissional dos
conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e
habilidades gerais:
I - Atenção à saúde: os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito
profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção,
proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo.
Cada profissional deve assegurar que sua prática seja realizada de forma
integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo
capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de
procurar soluções para os mesmos. Os profissionais devem realizar seus
serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da
ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não
89
se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de
saúde, tanto em nível individual como coletivo;
II - Tomada de decisões: o trabalho dos profissionais de saúde deve estar
fundamentado na capacidade de tomar decisões visando o uso apropriado,
eficácia e custoefetividade, da força de trabalho, de medicamentos, de
equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para este fim, os mesmos
devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir
as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas;
III - Comunicação: os profissionais de saúde devem ser acessíveis e devem
manter a confidencialidade das informações a eles confiadas, na interação com
outros profissionais de saúde e o público em geral. A comunicação envolve
comunicação verbal, não- verbal e habilidades de escrita e leitura; o domínio
de, pelo menos, uma língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e
informação;
IV - Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, os profissionais de
saúde deverão estar aptos a assumirem posições de liderança, sempre tendo
em vista o bem estar da comunidade. A liderança envolve compromisso,
responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação
e gerenciamento de forma efetiva e eficaz;
V - Administração e gerenciamento: os profissionais devem estar aptos a tomar
iniciativas, fazer o gerenciamento e administração tanto da força de trabalho,
dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem
estar aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças
na equipe de saúde; e
VI - Educação permanente: os profissionais devem ser capazes de aprender
continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Desta forma, os
profissionais de saúde devem aprender a aprender e ter responsabilidade e
compromisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras
gerações de profissionais, mas proporcionando condições para que haja
beneficio mútuo entre os futuros profissionais e os profissionais dos serviços,
inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a
formação e a
cooperação através de redes nacionais e internacionais.
Art. A formação do Fisioterapeuta tem por objetivo dotar o profissional dos
conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e
habilidades específicas:
I - respeitar os princípios éticos inerentes ao exercício profissional;
II - atuar em todos os níveis de atenção à saúde, integrando-se em programas
de
promoção, manutenção, prevenção, proteção e recuperação da saúde,
sensibilizados e
comprometidos com o ser humano, respeitando-o e valorizando-o;
III - atuar multiprofissionalmente, interdisciplinarmente e transdisciplinarmente
com extrema produtividade na promoção da saúde baseado na convicção
científica, de cidadania e de ética;
IV - reconhecer a saúde como direito e condições dignas de vida e atuar de
forma a garantir a integralidade da assistência, entendida como conjunto
articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais
e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do
sistema;
90
V - contribuir para a manutenção da saúde, bem estar e qualidade de vida das
pessoas, famílias e comunidade, considerando suas circunstâncias éticas,
políticas, sociais, econômicas, ambientais e biológicas;
VI - realizar consultas, avaliações e reavaliações do paciente colhendo dados,
solicitando, executando e interpretando exames propedêuticos e
complementares que permitam elaborar um diagnóstico cinético-funcional, para
eleger e quantificar as intervenções e condutas fisioterapêuticas apropriadas,
objetivando tratar as disfunções no campo da Fisioterapia, em toda sua
extensão e complexidade, estabelecendo prognóstico, reavaliando condutas e
decidindo pela alta fisioterapêutica;
VII - elaborar criticamente o diagnóstico cinético funcional e a intervenção
fisioterapêutica, considerando o amplo espectro de questões clínicas,
científicas, filosóficas éticas, políticas, sociais e culturais implicadas na atuação
profissional do fisioterapeuta, sendo capaz de intervir nas diversas áreas onde
sua atuação profissional seja necessária;
VIII - exercer sua profissão de forma articulada ao contexto social, entendendo-
a como uma forma de participação e contribuição social;
IX - desempenhar atividades de planejamento, organização e gestão de
serviços de saúde públicos ou privados, além de assessorar, prestar
consultorias e auditorias no âmbito de sua competência profissional;
X - emitir laudos, pareceres, atestados e relatórios;
XI - prestar esclarecimentos, dirimir dúvidas e orientar o indivíduo e os seus
familiares sobre o processo terapêutico;
XII - manter a confidencialidade das informações, na interação com outros
profissionais de saúde e o público em geral;
XIII - encaminhar o paciente, quando necessário, a outros profissionais
relacionando e estabelecendo um nível de cooperação com os demais
membros da equipe de saúde;
XIV - manter controle sobre à eficácia dos recursos tecnológicos pertinentes à
atuação fisioterapêutica garantindo sua qualidade e segurança;
XV - conhecer métodos e técnicas de investigação e elaboração de trabalhos
acadêmicos e científicos;
XVI - conhecer os fundamentos históricos, filosóficos e metodológicos da
Fisioterapia;
XVII - seus diferentes modelos de intervenção.
Parágrafo único. A formação do Fisioterapeuta deverá atender ao sistema de
saúde vigente no país, a atenção integral da saúde no sistema regionalizado e
hierarquizado de referência e contra-referência e o trabalho em equipe.
Art. Os conteúdos essenciais para o Curso de Graduação em Fisioterapia
devem estar relacionados com todo o processo saúde-doença do cidadão, da
família e da comunidade, integrado à realidade epidemiológica e profissional,
proporcionando a integralidade das ações do cuidar em Fisioterapia. Os
conteúdos devem contemplar:
I - Ciências Biológicas e da Saúde incluem-se os conteúdos (teóricos e
práticos) de base moleculares e celulares dos processos normais e alterados,
da estrutura e função dos tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos;
II - Ciências Sociais e Humanas abrange o estudo do homem e de suas
relações sociais, do processo saúde-doença nas suas múltiplas determinações,
contemplando a integração dos aspectos psico-sociais, culturais, filosóficos,
antropológicos e epidemiológicos norteados pelos princípios éticos. Também
91
deverão contemplar conhecimentos relativos as políticas de saúde, educação,
trabalho e administração;
III - Conhecimentos Biotecnológicos - abrange conhecimentos que favorecem o
acompanhamento dos avanços biotecnológicos utilizados nas ações
fisioterapêuticas que permitam incorporar as inovações tecnológicas inerentes
a pesquisa e a prática clínica fisioterapêutica; e
IV - Conhecimentos Fisioterapêuticos - compreende a aquisição de amplos
conhecimentos na área de formação específica da Fisioterapia: a
fundamentação, a história, a ética e os aspectos filosóficos e metodológicos da
Fisioterapia e seus diferentes níveis de intervenção. Conhecimentos da função
e disfunção do movimento humano, estudo da cinesiologia, da cinesiopatologia
e da cinesioterapia, inseridas numa abordagem sistêmica. Os conhecimentos
dos recursos semiológicos, diagnósticos, preventivos e terapêuticas que
instrumentalizam a ação fisioterapêutica nas diferentes áreas de atuação e nos
diferentes níveis de atenção. Conhecimentos da intervenção fisioterapêutica
nos diferentes órgãos e sistemas biológicos em todas as etapas do
desenvolvimento humano.
Art. A formação do Fisioterapeuta deve garantir o desenvolvimento de
estágios curriculares, sob supervisão docente. A carga horária mínima do
estágio curricular supervisionado deverá atingir 20% da carga horária total do
Curso de Graduação em Fisioterapia proposto, com base no
Parecer/Resolução específico da Câmara de Educação Superior do Conselho
Nacional de Educação.
Parágrafo único. A carga horária do estágio curricular supervisionado deverá
assegurar a prática de intervenções preventiva e curativa nos diferentes níveis
de atuação: ambulatorial, hospitalar, comunitário/unidades básicas de saúde
etc.
Art. O projeto pedagógico do Curso de Graduação em Fisioterapia deve
contemplar atividades complementares e as Instituições de Ensino Superior
deverão criar mecanismos de aprove itamento de conhecimentos, adquiridos
pelo estudante, através de estudos e práticas independentes presenciais e/ou a
distância, a saber: monitorias e estágios; programas de iniciação científica;
programas de extensão; estudos complementares e cursos realizados em
outras áreas afins.
Art. O Curso de Graduação em Fisioterapia deve ter um projeto pedagógico,
construído coletivamente, centrado no aluno como sujeito da aprendizagem e
apoiado no professor como facilitador e mediador do processo ensino-
aprendizagem. Este projeto pedagógico deverá buscar a formação integral e
adequada do estudante através de uma articulação entre o ensino, a pesquisa
e a extensão/assistência.
Art. 10. As Diretrizes Curriculares e o Projeto Pedagógico devem orientar o
Currículo do Curso de Graduação em Fisioterapia para um perfil acadêmico e
profissional do egresso. Este currículo deverá contribuir, também, para a
compreensão, interpretação, preservação, reforço, fomento e difusão das
culturas nacionais e regionais, internacionais e históricas, em um contexto de
pluralismo e diversidade cultural.
§ 1º As diretrizes curriculares do Curso de Graduação em Fisioterapia deverão
contribuir para a inovação e a qualidade do projeto pedagógico do curso.
§ O Currículo do Curso de Graduação em Fisioterapia poderá incluir
aspectos complementares de perfil, habilidades, competências e conteúdos, de
92
forma a considerar a inserção institucional do curso, a flexibilidade individual de
estudos e os requerimentos, demandas e expectativas de desenvolvimento do
setor saúde na região.
Art. 11. A organização do Curso de Graduação em Fisioterapia deverá ser
definida pelo respectivo colegiado do curso, que indicará a modalidade: seriada
anual, seriada semestral, sistema de créditos ou modular.
Art. 12. Para conclusão do Curso de Graduação em Fisioterapia, o aluno
deverá elaborar um trabalho sob orientação docente.
Art. 13. A estrutura do Curso de Graduação em Fisioterapia deverá assegurar
que:
I - as atividades práticas específicas da Fisioterapia deverão ser desenvolvidas
gradualmente desde o início do Curso de Graduação em Fisioterapia, devendo
possuir complexidade crescente, desde a observação até a prática assistida
(atividades clínicoterapêuticas);
II - estas atividades práticas, que antecedem ao estágio curricular, deverão ser
realizadas na IES ou em instituições conveniadas e sob a responsabilidade de
docente fisioterapeuta; e
III - as Instituições de Ensino Superior possam flexibilizar e otimizar as suas
propostas curriculares para enriquecê-las e complementá- las, a fim de permitir
ao profissional a manipulação da tecnologia, o acesso a no vas informações,
considerando os valores, os direitos e a realidade sócio-econômica. Os
conteúdos curriculares poderão ser diversificados, mas deverá ser assegurado
o conhecimento equilibrado de diferentes áreas, níveis de atuação e recursos
terapêuticas para assegurar a fo rmação generalista.
Art. 14. A implantação e desenvolvimento das diretrizes curriculares devem
orientar e propiciar concepções curriculares ao Curso de Graduação em
Fisioterapia que deverão ser acompanhadas e permanentemente avaliadas, a
fim de permitir os ajustes que se fizerem necessários ao seu aperfeiçoamento.
§ 1º As avaliações dos alunos deverão basear-se nas competências,
habilidades e conteúdos curriculares desenvolvidos tendo como referência as
Diretrizes Curriculares.
§ O Curso de Graduação em Fisioterapia deverá utilizar metodologias e
critérios para acompanhamento e avaliação do processo ensino-aprendizagem
e do próprio curso, em consonância com o sistema de avaliação e a dinâmica
curricular definidos pela IES à qual pertence.
Art. 15. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas
as disposições em contrário.
ARTHUR ROQUETE DE MACEDO
Presidente da Câmara de Educação Superior
93
ANEXO 2
MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA INSTITUIÇÃO DE
ENSINO SUPERIOR -IES AVALIADA.
PRIMEIRO SEMESTRE:
- Anatomia Humana I
- Biofísica
- Biologia Molecular e Genética
- Bioquímica
- Ciências Sociais em Saúde
- Histologia e Embriologia Humana
- Introdução À Fisioterapia
SEGUNDO SEMESTRE:
- Anatomia Funcional
- Fisiologia Humana
- Metodologia do Trabalho Científico
- Psicologia e Relações Humanas Na Saúde
- Recursos Fisioterapêuticos I
TERCEIRO SEMESTRE:
- Cinesiologia e Biomecânica
- Epidemiologia
- Fisiologia do Exercício
- Avaliação Clínica Funcional em Fisioterapia
- Patologia Humana
QUARTO SEMESTRE:
- Cinesioterapia
- Exames Complementares
- Farmacologia
- Fisioterapia em Saúde Coletiva
- Prótese e Órtese
- Recursos Fisioterapêuticos II
- Ética e Norm Fisioterapia
QUINTO SEMESTRE:
- Fisioterapia aplicada a Trauma-Ortopedia e Reumatolologia I
- Fisioterapia Cardiovascular
- Fisioterapia Pneumofuncional
- Hidroterapia
- Imaginologia
- Neuroanatomia Funcional
SEXTO SEMESTRE:
- Fisioterapia aplicada a Pneumofuncional e Cardiovascular
- Fisioterapia aplicada a Trauma-Ortopedia e Reumatologia II
- Fisioterapia aplicada a Uro-Ginecologia e Obstétrica
94
- Fisioterapia aplicada a Neonatal e Pediátrica I
- Fisioterapia Neurofuncional I
SÉTIMO SEMESTRE:
- Fisioterapia Baseada em Evidências
- Fisioterapia Neonatal Pediátrica II
- Fisioterapia Dermatofuncional
- Fisioterapia Neurofuncional II
- Planejamento e Gestão em Saúde
- Trabalho de Conclusão de Curso I Fisioterapia
OITAVO SEMESTRE:
- Estágio Supervisionado Ambulatorial em Fisioterapia
- Estágio Supervisionado em Saúde Coletiva
NONO SEMESTRE:
- Estágio Supervisionado Hospitalar em Fisioterapia
- Trabalho de Conclusão de Curso II Fisioterapia
Além das disciplinas citadas acima, ainda são disponibilizados e
facultados aos alunos as seguintes disciplinas optativas:
- Fundamentos de Sociologia
- Psicologia Evolutiva
- Dinâmica de Grupo
- Psicologia da Aprendizagem
- Fisioterapia Desportiva
- Fisioterapia Buco-Maxilo-Facial
- Fisioterapia Gerontológica
- Fisioterapia na Saúde do Trabalhador e Ergonomia
- Socorros Urgentes
- Higiene e Saneamento
- Intervenção Precoce
- Imunologia
95
ANEXO 3
QUESTIONÁRIO DE CONSCIÊNCIA CORPORAL
4
Na análise desse questionário as respostas foram classificadas em
níveis de consciência corporal, sendo cinco os níveis selecionados. Onde o
primeiro, ou mais superficial, é classificado como ruim, seguido do leve,
moderado, bom e ótimo, este último para os alunos que obtiveram a pontuação
máxima em resposta ao questionário.
PARTE 01
Eu sou sensível a tensões corporais internas.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu percebo imediatamente quando minha boca ou garganta fica seca.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu posso sentir frequentemente meu coração batendo.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu sinto rapidamente as contrações de fome do meu estômago.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu estou muito atento às mudanças de temperatura no meu corpo.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
4
MILLER, L. MURPHY, R. BUSS, A. Consciousness of body: Private and public. Journal of Personality
and Social Psychology, Vol 41(2), p. 397-406. Aug 1981.
Nome: ______________________________________________________
Idade: ____________ Sexo: ( ) M ( ) F
Semestre: __________________________________________________
96
PARTE 02
Quando estou com outros, quero que minhas mãos estejam limpas para ter uma boa
aparência.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
É importante para mim que minha pele pareça saudável.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu sou muito ciente de minhas melhores e piores características faciais.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu gosto de ter certeza de que meu cabelo está bem.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu penso muito sobre minha forma corporal.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu estou preocupado com minha postura.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
PARTE 03
Para meu tamanho eu sou bem forte.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu sou mais coordenado do que a maioria das pessoas.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu tenho passadas leves comparado à maioria das pessoas.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
Eu sou capaz de me mover rapidamente.
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4
3
MILLER, L. MURPHY, R. BUSS, A. Consciousness of body: Private and public. Journal of Personality
and Social Psychology, Vol 41(2), p. 397-406. Aug 1981.
97
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