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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIEVANGÉLICA CENTRO UNIVERSITÁRIO
ANÁLISE DA MATURIDADE ORGANIZACIONAL
PARA IMPLANTAÇÃO DE GESTÃO DA QUALIDADE
TOTAL EM FARMÁCIA ESCOLA – ESTUDO DE
CASO: ITPAC
FERNANDA RODRIGUES BANDEIRA
Goiânia - Goiás
2010
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIEVANGÉLICA CENTRO UNIVERSITÁRIO
ANÁLISE DA MATURIDADE ORGANIZACIONAL
PARA IMPLANTAÇÃO DE GESTÃO DA QUALIDADE
TOTAL EM FARMÁCIA ESCOLA – ESTUDO DE
CASO: ITPAC
FERNANDA RODRIGUES BANDEIRA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Gestão, Pesquisa e
Desenvolvimento em Tecnologia
Farmacêutica, oferecido numa associação
entre a Pontifícia Universidade Católica de
Goiás, a Universidade Estadual de Goiás e o
Centro Universitário de Anápolis, para
obtenção do título de mestre.
Orientador: Prof. Dr. Leonardo Guerra de
Rezende Guedes
Goiânia – Goiás
2010
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3
4
Aos meus queridos pais que
Sempre me apoiaram e me deram
Base para enfrentar os desafios e os meus próprios limites,
Mantendo os valores do amor e do respeito aos demais.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, Senhor da minha vida, que me capacitou e permitiu
desde o processo seletivo, o compromisso financeiro,
e até a mais difícil etapa de desenvolvimento e conclusão do projeto sendo
Jeová Girê, dando reais condições
para realização deste trabalho.
Ao meu orientador Doutor Leonardo Guedes, exímio profissional, pelo
Acompanhamento e assistência, no desenvolvimento deste trabalho,
Sempre com prontidão e excelência.
Aos meus pais que muito me incentivaram e com amor cobraram
Contribuindo para mais esta conquista, aos meus irmãos e amigos que enquanto
Dedicava-me aos estudos compreenderam as minhas
Ausências, nos momentos em que não pude sorrir com eles, assisti-los nas
dificuldades, nem chorar nas horas descontentes, ao meu namorado pela
paciência e incentivo a dedicar exclusividade a este trabalho, sendo
grande companheiro, e a todos os meus nobres colegas que me ajudaram
durante as aulas, as caronas, as discussões de idéias, em
especial ao Renato e Marlene que foram âncoras no
cursar das disciplinas.
6
A glória de Deus é encobrir as coisas,
mas a glória dos reis é esquadrinhá-las.
(Provérbios de Salomão 25:2)
7
RESUMO
Objetivou-se apresentar uma forma de medir e avaliar a maturidade
organizacional para a implantação de um sistema de Gestão da Qualidade Total
SGQT, tendo como estudo de caso o ITPAC Farmácia Escola, que se enquadra
como uma empresa tradicional, ou seja, que não possui nenhum Sistema de Gestão
da Qualidade – SGQ. Este estudo se fez por meio de pesquisa quantitativa junto aos
gestores e colaboradores da organização, através da aplicação de um questionário,
visualizando o ponto de vista de todos os setores internos da Farmácia Escola,
obtendo assim, através dos resultados encontrados, a intensidade dos fatores ativos
que inibem a Gestão da Qualidade Total em suas atividades desenvolvidas. Os
parâmetros dos itens do questionário aplicado é calibrado pela pesquisa “ The
Impact of Just-In-Time Implementation and ISO 9000 Certification on Total Quality
Management” de L. Paul Dreyfus, Sanjay L. Ahire, and Maling Ebrahimpour (2004).
O método utilizado aplica conceitos da Teoria da Resposta ao Item (TRI) para
avaliar o grau de maturidade de fatores críticos de sucesso no desenvolvimento das
atividades da Farmácia Escola - ITPAC: um relacionado às ações de implementação
do Sistema de Gestão da Qualidade Total (SGQT) e outro relacionado aos
Resultados obtidos pela Gestão Administrativa da Farmácia Escola - ITPAC com
relação à qualidade dos produtos e serviços que oferece. A Pesquisa também
fornece diretrizes para auxiliar na resolução dos fatores que inibem o emprego da
Gestão da Qualidade Total na Farmácia Escola ITPAC pautadas nos resultados
encontrados. Essas diretrizes possibilitam a Farmácia Escola, melhorar seus
processos e conseqüentemente, alcançar níveis mais elevados de maturidade para
a implantação da Gestão da Qualidade Total. É importante destacar que um
planejamento estratégico da Qualidade, valorizando a relação com os clientes,
potencializando a capacidade dos processos e dos vínculos humanos funcionais e
dos fornecedores, é um fator crítico de sucesso para qualquer empresa.
Palavras-Chave: Gestão da Qualidade Total (GQT); Teoria da Resposta ao Item (TRI); GQT
na Farmácia Escola; Maturidade.
8
ABSTRACT
Aims to present a way to measure and evaluate the organizational maturity for
the implantation of a Total Quality Management System - TQMS, having as a case to
study ITPAC Pharmacy School, that qualifies as a traditional business, which does
not have a Quality Management System - QMS. This study is done as a quantity
research with the directors and helpers of the organization, through questions,
getting to know the opinion of all the inside workers of the Pharmacy School,
achieving this way, through the answered obtained, the intensity of the active factors
that stand in the way of a Total Quality Management in the developed activities. The
parameters of the items in the questions made is calibrated by the research “The
Impact of Just-In-Time Implementation and ISO 9000 Certification on Total Quality
Management” by L. Paul Dreyfus, Sanjay L. Ahire, and Maling Ebrahimpour (2004).
The method used applies concepts from the Item Answer Theory (IAT) to evaluate
the maturity level of successful critic factors in the development of the activities in the
Pharmacy School ITPAC: one related to the actions of implantation of a Total
Quality Management System (TQMS) and another related to the Results obtained by
the Pharmacy School Administrative Management ITPAC in relation to the quality
of the products and services offered. The research also supplies lines of direction to
help with eliminating the factors that interrupt Total Quality Management System in
the Pharmacy School ITPAC according to the results achieved. These lines of
direction allow the Pharmacy School to improve there processes and consequently,
achieve higher levels of maturity to the implantation of a Total Quality Management
System. It is important to emphasize that a Quality strategy planning, valuing the
relationship with the clients, giving more strength to the capability of the processes
and human functional links and the supplier, is a successful critic factor to any
business.
Key Words: Total Quality Management (TQM); Item Answer Theory (IAT); TQM at
the Pharmacy School; Maturity.
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Questionário utilizado na realização da pesquisa aplicado
aos gestores e colaboradores do ITPAC Farmácia Escola, Araguaína
– TO 2009
44
FIGURA 2 – Resultados obtidos dos subfatores de F1 – Implementação
do SGQT, pesquisa aplicada no ITPAC – Farmácia Escola, Araguaína –
TO 2009.
FIGURA 3 Resultados obtidos dos subfatores de F2 Resultados da
gestão administrativa quanto à qualidade, pesquisa aplicada no ITPAC
– Farmácia Escola, Araguaína – TO 2009
47
62
FIGURA 4 índice geral de maturidade para implantação de GQT, na
pesquisa realizada no ITPAC – Farmácia Escola – Araguaína –TO 2009
68
Figura 5 Curva Característica de um Item baseado no ML3, com a
=1.2, b=0.6 e c=0.15 Fonte: Hambleton, Swaminathan e Rogers (1991)
82
Figura 6 Curvas Características de 4 Itens Típicos do ML1 Fonte:
Hambleton, Swaminathan e Rogers (1991)
84
Figura 7 Curvas Características de 4 Itens Típicos do ML2 Fonte:
Hambleton, Swaminathan e Rogers (1991)
85
Figura 8 Curvas Características de 6 Itens Típicos do ML3 Fonte:
Hambleton, Swaminathan e Rogers (1991)
87
10
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Subfatores avaliados relacionados ao fator de
implemetação do SGQT. Fonte: do próprio autor com a pesquisa
calibrada Dreyfus et. al (2004)
18
QUADRO 2 – Subfatores avaliados relacionados ao fator Resultados
da Gestão Administrativas quanto à qualidade. Fonte: do próprio autor
com a pesquisa calibrada Dreyfus et. al (2004)
18
QUADRO 3 – O que é a TQM? Principais conceitos. Fonte: Mudanças
Organizacionais, Wood Jr. (1995)
24
QUADRO 4 – TQM e os gurus da qualidade: Fonte: Brocka e Brocka
(1994) e Dobyns e Crawford-Manson (1991)
25
QUADRO 5 - algumas diferenças básicas entre a Gestão da
Qualidade em ambiente industrial e a desenvolvida nas organizações
de serviços e métodos. (PALADINI, 2004)
28
QUADRO 6 - Analysis of the effect of iso-jit grouping on TQM
implementation and outcomes. DREYFUS et al.: impact of jit
implementation and iso 9000 certification on TQM
46
QUADRO 7 – desvantagens naturais da aplicação do TQM e alguns
mecanismos para minimizar essas restrições. Juran 1983
68
QUADRO 8 – TQM Problemas de aplicação. Wilson e Harari (1992) 68
QUADRO 9 – TQM algumas soluções para problemas de aplicação
Jacob (1993) e Erickson (1992)
69
11
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CCI – Curva Característica do Item
GQT – Gestão da Qualidade Total
IES – Instituição de Ensino Superior
ITPAC – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
MMV – Método de Máxima Verossimilhança
SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade
SGQT – Sistema de Gestão da Qualidade Total
TCT – Teoria Clássica dos Testes
TQM – Total Quality Management
TRI – Teoria da Resposta ao Item
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 14
1.1 TEMA .......................................................................................... 14
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................ 14
1.3 OBJETO DA PESQUISA .............................................................. 14
1.3.1 Problema .......................................................................................... 14
1.3.2 Hipótese Básica ............................................................................... 14
1.3.3 Hipóteses Secundárias .................................................................... 15
1.4 OBJETIVO GERAL ...................................................................... 15
1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................... 16
1.6 METODOLOGIA .......................................................................... 16
1.6.1 Método de Abordagem ..................................................................... 16
1.6.2 Métodos de Procedimento ............................................................... 17
1.6.3 Técnicas de Pesquisa ...................................................................... 17
1.6.4 Tipo de Amostragem ........................................................................ 17
1.6.5 Fatores e Subfatores Avaliados ....................................................... 17
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................... 19
2 QUALIDADE E GESTÃO DA QUALIDADE .............................................20
2.1 DEFINIÇÃO DA QUALIDADE ......................................................... .20
2.2 QUALIDADE TOTAL.................................................................................21
2.3 GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL ............................................... 22
2.4 TQM E OS GURUS DA QUALIDADE ............................................ 23
2.5 EXIGÊNCIAS PARA A IMPLANTAÇAO DA GQT........................... 26
2.6 QUALIDADE NOS DIVERSOS SETORES .................................... 26
2.6.1 Ambiente Industrial.............................................................................26
2.6.2 Setor de Serviços...............................................................................27
2.6.3 Serviço Público..................................................................................30
2.6.4 Em Farmácia Escola..........................................................................34
13
3 FARMÁCIA ESCOLA DO ITPAC - ESTUDO DE CASO..............................36
CARACTERIZAÇÃO.............................................................................36
PESQUISA ORGANIZACIONAL ............................................................. 38
QUESTIONÁRIO ................................................................................................. 39
ESTRATÉGIA DA PESQUISA ............................................................................ 42
FONTE DE PESQUISA ....................................................................................... 42
DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ............................................................... 42
TABULAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................. 45
CÁLCULO DO GRAU DE MATURIDADE ........................................................... 46
ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................. 48
Fator 1 Implementação do SGQT ....................................................... 48
Fator 2 Resultados da Gestão Administrativa quanto à Qualidade.......63
Grau Geral de Maturidade Obtido.......................................................68
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................. 71
REFERÊNCIAS..........................................................................................................73
APÊNDICES....................................................................................................78
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 TEMA
O tema em análise no presente trabalho é a maturidade da Farmácia Escola
do ITPAC, que não possui nenhum SGQ, para a implantação da Gestão da
Qualidade Total.
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA
Esta dissertação tem foco na avaliação em vel organizacional dos fatores
habilitadores para o sucesso do processo de implantação da GQT.
1.3 OBJETO DA PESQUISA
1.3.1 Problema
O problema abordado neste trabalho pode ser descrito da seguinte
maneira:
Como medir a maturidade em implantar um sistema de Gestão da
Qualidade Total, numa organização tradicional, ou seja, que não
possui nenhum Sistema de Gestão da Qualidade?
1.3.2 Hipótese Básica
A hipótese básica desta pesquisa foi:
Pode-se aferir o grau de maturidade organizacional para o sucesso na
implementação e nos resultados da Implantação de um Sistema de
Gestão da Qualidade Total a partir da Teoria da Resposta ao Item.
15
1.3.3 Hipóteses Secundárias
As hipóteses secundárias desta pesquisa foram:
O grau da maturidade da implementação e dos resultados da Implantação
de um Sistema Gestão da Qualidade Total pode ser representado por
intermédio de uma escala de medida;
A Teoria da Resposta ao Item é ferramenta adequada para avaliar
processos hipotéticos pelos seus traços latentes, e capaz de determinar a
probabilidade de ocorrência e o grau de maturidade de um conjunto de
fatores analisados;
A análise dos resultados de uma pesquisa referente aos fatores críticos
de sucesso na implantação de um SGQT, obtidos segundo axiomatizado
na TRI, possibilita inferir a eficácia dos propósitos do SGQT na obtenção
dos resultados de cada fator pesquisado;
Problemas de qualidade de produtos e serviços da Farmácia Escola
ITPAC, podem ser mitigados com a implantação de um SGQT.
1.4 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste trabalho foi desenvolver uma metodologia para avaliar
a maturidade organizacional quanto aos fatores habilitadores para o sucesso na
implementação da Gestão da Qualidade Total, e para o atendimento dos resultados
adequados ao aumento da qualidade dos produtos e serviços de uma Farmácia
Escola.
16
1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Os objetivos específicos deste trabalho foram:
Discutir a implementação da Gestão da Qualidade Total baseado numa
empresa que não possui nenhum SGQ;
Avaliar, através da Teoria da Resposta ao Item, o grau de maturidade
correspondente a fatores críticos de sucesso na implementação da
Gestão da Qualidade Total baseado na empresa tradicional;
Apresentar a visão de colaboradores de uma organização no que tange a
melhoria da qualidade dos produtos e serviços, obtida pela implantação
de um Sistema de Gestão da Qualidade Total;
Oferecer subsídio para tomada de decisão para as áreas de Gestão da
Qualidade Total.
Mostrar, na Farmácia Escola, fatores inibidores e qualificadores da
implantação da Gestão da Qualidade Total.
1.6 METODOLOGIA
1.6.1 Método de Abordagem
Foi utilizado o método hipotético-dedutivo. Inicia-se pela percepção de uma
lacuna nos conhecimentos, acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de
referência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela
hipótese.
17
1.6.2 Métodos de Procedimento
Os métodos de Procedimento utilizados nesse trabalho são: Comparativo e
Estatístico. Tem-se como cenário organizacional de aplicação a Farmácia Escola do
ITPAC – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos.
1.6.3 Técnicas de Pesquisa
A técnica de pesquisa utilizada foi através de revisão bibliográfica, a partir de
material elaborado e tornada pública em relação ao tema estudado, constituído
principalmente da Internet, dissertações, livros e artigos científicos. (Documentação
indireta). Outra técnica utilizada foi a Observação Direta Extensiva por Questionário
com base na Teoria de Resposta ao Item, por meio de pesquisa quantitativa junto
aos colaboradores e gestores que atuam diretamente na implantação da GQT na
organização.
1.6.4 Tipo de Amostragem
O tipo de amostragem utilizada foi a não-probabilística intencional. Ela não faz
uso de uma forma aleatória de seleção.
1.6.5 Fatores e Subfatores Avaliados
Este trabalho se utiliza da seguinte taxonomia para avaliar o grau de
maturidade de dois fatores críticos de sucesso relativos ao SGQT, subdivididos em
18 (dezoito) subfatores, sendo 13 (treze) pertencentes ao primeiro fator -
Implementação do SGQT, demonstrados no QUADRO 1 e, 5 (cinco) compondo o
segundo fator Resultados da Gestão Administrativa quanto à qualidade,
apresentado no QUADRO 2, à saber:
18
QUADRO 1 Subfatores avaliados relacionados ao fator de
implemetação do SGQT. Fonte: do próprio autor com a pesquisa
calibrada Dreyfus et. al (2004)
Fator 1 – Implementação do SGQT
Subfator
1- Comprometimento da Alta Direção
2- Planejamento Estratégico para Qualidade
3- Gerenciamento da Qualidade para Fornecedores
4- Foco no Cliente
5- Treinamento
6- Delegação (Empowerment )
7- Cooperação/Trabalho em equipe
8- Gerenciamento de Projetos (Design Management)
9- Benchmarking
10- Gerenciamento da Informação da Qualidade do Processo (Análise Crítica de
Processo)
11- Sistema de Gerenciamento da Qualidade Global
12- Controle Estatístico de Processo
13- Solução de Problemas
QUADRO 2 Subfatores avaliados relacionados ao fator de
Resultados da Gestão Administrativas quanto à qualidade. Fonte: do
próprio autor com a pesquisa calibrada Dreyfus et. al (2004).
Fator 2 – Resultados da Gestão Administrativa quanto à qualidade
Subfator
14- Qualidade dos produtos e serviços
15- Qualidade do Processo
16- Desempenho no Desenvolvimento de produtos e serviços
17- Satisfação do Cliente
18- Desempenho da Organização
19
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO
O segundo e terceiro capítulos foram apresentadas fundamentação teórica que
expõe a revisão de literatura realizada e a análise dos resultados obtidos na
aplicação da pesquisa.
Capítulo 2 Qualidade e Gestão da Qualidade Total: é dedicado à
revisão bibliográfica sobre o tema. Apresenta sua definição, finalidade,
um breve histórico sobre o assunto, introduz conceitos básicos do que
é a Qualidade, a Gestão da Qualidade Total, principais conceitos da
TQM (Total Quality Management) e a Gestão da Qualidade Total na
área de produtos, serviços e especificamente em Farmácia Escola.
Capítulo 3 Farmácia Escola Do ITPAC Estudo de Caso uma
abordagem da Farmácia Escola, sua caracterização, a pesquisa
realizada, apresentando a aplicação do método proposto, expondo a
interpretação dos parâmetros e a adequação do método, os resultados
da pesquisa, e ainda a análise dos resultados, as conclusões obtidas
no trabalho, um conjunto de recomendações pautadas nos resultados
encontrados, a conclusão final e sugestões para pesquisas futuras.
Complementam o presente trabalho as Conclusões e Referências,
onde é relacionado o referencial teórico que serviu de base para sua
elaboração; e os Apêndices, que expõe uma revisão mais detalhada sobre a
TRI Teoria da Resposta ao Item, análise dos resultados da pesquisa
aplicada e o Termo de Acordo de Aplicação de Pesquisa, firmado entre a
organização e o Pesquisador, autor desta Dissertação de Mestrado.
20
2
.
QUALIDADE E GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL
2.1 DEFINIÇÃO DA QUALIDADE
A palavra “qualidade” apresenta características que implicam dificuldades
de porte considerável para a sua perfeita definição. Além de não ser um termo
empregado em contextos bem definidos, não é um termo técnico exclusivo, mas
uma palavra de domínio público, um termo que todo mundo já conhece, em que, não
se pode “redefinir” intuitivamente; nem restringir seu uso a situações específicas,
considerando uma grande possibilidade de defini-lo de forma equivocada.
O problema não está nos equívocos cometidos ao definir qualidade,
mas nos reflexos críticos desses equívocos no processo de gestão. Definir qualidade
de forma errônea leva a Gestão da Qualidade a adotar ações cujas conseqüências
podem ser extremamente sérias para a empresa (em alguns casos, fatais em termo
de competitividade). O que faz entender por que se enfatiza tanto a preocupação
com os reflexos práticos que os conceitos equivocados de qualidade podem ter, é
que a Ação da Gestão da Qualidade, considera que, existe um processo natural de
transferência de valores, hábitos e comportamentos do meio social externo para o
interior das organizações, ela tende transferi-lo para a atividade produtiva. Ao
desenvolverem seu trabalho, essas pessoas acabam por concentrar seus esforços
numa direção que nem sempre é a mais correta. Devido a esses aspectos, tem-se
direcionado a Gestão da Qualidade para a criação de uma cultura da qualidade.
Entende-se “cultura” como um conjunto de valores que a sociedade atribui a
determinados elementos, situações, crenças, idéias etc.
Para definir corretamente qualidade, o primeiro passo é considerar a
qualidade como um conjunto de atributos ou elementos que compõem o produto ou
serviço, atendendo melhor a dimensão que traz o seu conceito.
David Garvin (em 1984) pensava em classificar os conceitos da
qualidade em diferentes grupos. Como contribuição teórica, seu esforço foi bastante
interessante. Mas, na prática, seu trabalho rendeu contribuição maior ao ser
interpretado como “razões de consumo”. Em linhas gerais, as cinco abordagens
originais de Garvin:
21
1. Confiança no processo de produção
2. Aceitação do produto
3. Valor associado ao produto
4. Confiança na imagem ou na marca
5. Adequação ao usuário
Alguns conceitos da qualidade bem aceitos (e corretos), sempre
envolvendo a figura do cliente:
“Qualidade é a condição necessária de aptidão para o fim a que se destina”
(EOQC – ORGANIZAÇÃO EUROPÉIA DE CONTROLE DA QUALIDADE,
1972).
“Qualidade é adequação ao uso” (JURAN E GRYNA, 1991).
“Qualidade é o grau de ajuste de um produto à demanda que pretende
satisfazer” (JENKINS, 1971).
2.2 QUALIDADE TOTAL
Segundo a definição de Joseph Juran (1995), existe “qualidade” que o
seja “total”?
Qualidade Total, não é uma expressão nova nem um novo conceito, é
antes de tudo uma decorrência natural da qualidade definida enquanto “adequação
ao uso”, conceito que não determina nem identifica quais elementos estabelecem
como esse ajuste se processa. A Qualidade, assim, passa a ser característica que
atende “totalmenteao consumidor cujo objetivo da ação é o processo produtivo em
que se deseja adequar um produto ou serviço inteiramente ao uso, todos os setores,
áreas, pessoas ou, enfim, elementos que tiverem alguma participação, direta ou
indireta, em sua produção serão igualmente responsáveis pela qualidade, ou seja, a
Gestão da Qualidade começa sua atividade básica com contribuições individuais, as
quais estejam plenamente engajadas num movimento organizado e
inequivocamente direcionado.
22
São muitas as variáveis que o consumidor considera, quando decide
adquirir um produto ou utilizar um serviço, decorrentes de uma visão ampla do que
seja adequação ao uso. Considerar essas variáveis (preço, utilidade, aparência,
durabilidade etc.), assim, tem impacto estratégico sobre a organização.
2.3 GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL
A Gestão da Qualidade passa a ser “Gestão da Qualidade Total” se
suas atividades envolverem todos os requisitos que produtos e serviços devem ter
para realizar o que deseja o cliente, em termos de necessidades, preferências ou
conveniências, gostos etc. Dentro destes aspectos a Gestão da Qualidade Total
pode-se utilizar também do conceito de melhoria contínua, aqui definida como o
aumento do grau de ajuste do produto à demanda, em termos do atendimento a
necessidades, expectativas, preferências, conveniências de quem é consumidor,
de quem poderia ser nosso consumidor ou de quem o influencia. Todos os esforços,
assim, feitos nessa direção configuram-se em mecanismos cujo objetivo é melhoria.
Por sua perspectiva evolutiva, a melhoria contínua tem sido considerada, sinônimo
da qualidade total. Por conseqüência, Gestão da Qualidade Total é o processo
destinado a investir, continuamente, em mecanismos de melhoria, ou seja, de
aumento da adequação de produtos e serviços ao fim a que se destinam.
Joseph Juran (1983) contribuiu decisivamente no movimento japonês em
prol da qualidade, o mesmo que definiu a própria qualidade. Ele criou a sigla “TQM”
(Total Quality Management) que poderia ser, exatamente, traduzida por Gestão da
Qualidade Total. Juran tanto definiu a Gestão da Qualidade Total como conferiu a
ela uma característica bem definida, marcante, que a diferencia de outros conceitos,
práticas ou atitudes.
Define a Gestão da Qualidade Total como a extensão do planejamento dos
negócios da empresa que inclui o planejamento da qualidade (JURAN E GRYNA,
1991:210). Segundo esse mesmo autor, são atividades usuais da TQM:
Estabelecer objetivos abrangentes;
Determinar as ações necessárias para alcançá-los;
Atribuir responsabilidades bem definidas pelo cumprimento de tais ações;
23
Fornecer recursos necessários para o adequado cumprimento dessas
responsabilidades;
Viabilizar o treinamento necessário para cada ação prevista (treinar pessoal
não deixa de ser uma forma de adequar o envolvimento de determinados
recursos aos objetivos de todo o processo);
Estabelecer meios para avaliar o desempenho do processo de implantação
em face dos objetivos;
Estruturar um processo de análise periódica dos objetivos;
Criar um sistema de reconhecimento que analise o confronto entre os
objetivos fixados e o desempenho das pessoas em face dele.
Essa seqüência de atividades é típica do planejamento estratégico dos
negócios da empresa e afirma que ela pode ser aplicada à administração para a
qualidade. “Umas das maiores aplicações do conceito de planejamento da qualidade
é o planejamento estratégico da qualidade, algumas vezes chamado de Gestão da
Qualidade Total (TQM)” (JURAN E GRYNA, 1991-210)
Em última análise, a TQM cria uma ação estratégica da qualidade, que
envolve o desdobramento dos objetivos gerais da companhia para incluir qualidade,
a definição clara de responsabilidades pela qualidade em vários níveis, a criação de
recursos exclusivos para a qualidade e, em resumo, o posicionamento do esforço
pela qualidade entre as grandes metas da empresa.
2. 4 TQM E OS GURUS DA QUALIDADE
A maior parte dos princípios e práticas que suportam o TQM deriva de
contribuições de um grupo restrito de estudiosos. Tidos como mestres, ou gurus, o
conhecimento de seu trabalho é requisito para qualquer esforço visando
compreender e implementar o TQM nas organizações. Mudanças Organizacionais
Wood Jr. (1995) traz no QUADRO 3, principais conceitos de TQM de diversos
autores:
24
QUADRO 3 O que é a TQM? Principais conceitos. Fonte: Mudanças
Organizacionais, Wood Jr. (1995)
Autor Conceito de TQM
PORTER, Michael A. The competitive
advantage of nations. New York: Free,
1990. 856 p.
A condição de sucesso de uma empresa está na
capacidade de inovação, tomada em sentido amplo,
englobando da tecnologia às novas formas de
gerenciamento.
HARARI, Oren. Ten reasons why TQM
doesn’t work. Management Review,
Saranac Lake, v. 82, n. 1, p. 33-38, jan.
1993.
Argumenta que, em virtude da proliferação de
definições, teorias e programas, é difícil especificar
com precisão o significado de TQM. Um modo
alternativo de entender o assunto é pensá-lo de forma
sistêmica , como a interação de três variáveis: o
produto, o cliente e o uso.
BECKER, Sewyn W. TQM does work: ten
reasons why misguided attempts fail
(discussion of O. Harari’s Jan. 1993 article).
Management Review, Saranac Lake, v.82,
n. 5, p. 30, May 1993.
Define qualidade total (QT) como um sistema
administrativo orientado para pessoas cujo objetivo é o
incremento contínuo da satisfação do cliente a custos
reais decrescentes.
MEARS, Peter. How to stop talking about,
and Begin progress toward, total quality
management. Business Horizons,
Greewich, v 36, p. 11-14. May/June 1993.
Define TQM como um sistema permanente e de longo
prazo, voltado para alcançar a satisfação do cliente
através da melhoria contínua da qualidade dos
serviços e produtos da empresa.
AGGARWAL, Sumer. A quick guide to total
quality management. Business Horizons,
Greenwich, v. 36, p. 66-68, May/June 1993.
TQM é uma filosofia para conquistar a confiança do
cliente e garantir a rentabilidade de longo prazo da
empresa.
BROCKA, Bruce, BROCKA, M. Suzanne.
Quality management: implementing the best
ideas of the masters. Homewood: Business
One Irwin, 1992. 408 p.
A partir de outra perspectiva, procuram esclarecer o
conceito de TQM apresentando seus elementos
básicos e as ferramentas e técnicas que podem ser
empregadas nos programas de implementação de QT.
As definições embora tenham variações em amplitude e profundidade, giram
sempre em torno dos conceitos de conformidade, adequação ao uso e satisfação do
cliente. Mudança Organizacional, Wood Jr. (1995) traz também os conceitos de
autores tratados como os gurus da qualidade no QUADRO 4 segundo Brocka e
Brocka (1994) e Dobyns e Crawford-Mason (1991) que descrevem, aspectos
centrais do pensamento de Philip Crosby, Edward Deming, Armand Feigenbaun,
Kaoro Ishikawa e Joseph Juran:
25
QUADRO 4 TQM e os gurus da qualidade: Fonte: Brocka e Brocka (1994) e
Dobyns e Crawford-Manson (1991)
Autor Conceito de TQM
DEMING, W. Edward. Out of de crisis.
Cambridge, Mass.: MIT, 1986. 508 p.
Suas definições de qualidade além de filosóficas têm
caráter revolucionário. Alertava sobre as dificuldades
e o longo tempo necessário à implementação de suas
recomendações. Seu método possui 14 pontos,
descritos no livro Out of the crisis.
CROSBY, Philip B. Quality is free. New York:
McGraw-Hill, 1990.
Considerado um pensador de negócios pragmático,
sua teoria considera a qualidade um conceito de
razoável simplicidade e também se baseavam em 14
pontos. Seu livro Quality is free, vendeu mais de dois
milhões de cópias.
JURAN, Joseph M. Quality control
handbook. New York: McGraw-Hill, 1983.
Discorda de Crosby ao não acreditar que a
implantação da qualidade seja simples, mas também
não crê que seja tão complexa quanto Deming
propõe. Segundo Juran a administração da qualidade
compreende 03 processos básicos: planejamento,
controle e melhoria a trilogia de Juran. Define
qualidade como adequação ao uso produto
adequado ao uso é o que atende às necessidades de
seu consumidor.
FEIGENBAUN, Armand V. Total quality
control. New York: McGraw-Hill, 1988.
Deu origem ao conceito de controle da qualidade total,
tratando-se como questão estratégica que demanda
profundo envolvimento de todos dentro da
organização. A qualidade seria um modo de vida para
as empresas, uma filosofia de compromisso com a
excelência. Seu pensamento está condensado em 19
passos para melhoria da qualidade.
ISHIKAWA, Kaoru. What is total quality
control? The Japanese way. Englewood
Cliffs: Prentice-Hall, 1985. 216 p.
Criou os famosos círculos de controle da qualidade. E
as 07 ferramentas de Ishikawa constituem importante
instrumental de auxílio nos processos de controle da
qualidade. Ao contrário de outras metodologias que
colocam a qualidade nas mãos de especialistas,
Ishikawa acreditava que as sete técnicas podiam ser
utilizadas por qualquer trabalhador e redefiniu o
conceito de cliente, para incluir qualquer funcionário
que recebe como insumo os resultados do trabalho
executado anteriormente por um colega.
26
2.5 EXIGÊNCIAS PARA A IMPLANTAÇAO DA GQT
Juran afirma que a organização para o TQM requer a estruturação de um
Comitê da Qualidade Total, bem como de um Departamento de Administração da
Qualidade em tempo integral (JURAN E GRYNA, 1991:212) exige, ainda, a definição
do nível de envolvimento de cada setor no processo da qualidade e a estruturação
de um fluxo de informações exclusivo para a qualidade. Por fim, sugere a criação de
um Sistema de Avaliação de Desempenho com relação aos objetivos, que possa
acompanhar permanentemente as ações que forem sendo desenvolvidas. No
entanto, a realidade brasileira parece ter aceito todas essas sugestões, menos uma:
a criação do comitê, considerando que o uso dos termos “equipes” e “times” soam
mais adequados.
O TQM se insere num quadro das mudanças organizacionais, o que o
inclui num amplo movimento de profundas alterações estratégicas, culturais e
estruturais, estando em dois níveis: o primeiro, mais amplo, refere-se à
competitividade nacional; o segundo, no nível intra-organizacional, refere-se à
questão das mudanças da organização do trabalho e dos paradigmas gerenciais.
sempre que se considerar, que qualquer empresa, independentemente
de seu porte, tem objetivos de sobrevivência e crescimento. E um senso comum
de que, para sobreviver, a empresa precisa garantir a qualidade de seus produtos e
serviços.
2. 6 QUALIDADE NOS DIVERSOS SETORES
2.6.1 Ambiente Industrial
O ambiente industrial envolve a produção de bens tangíveis e, por isso,
tem uma característica básica específica: a possibilidade de separar com nitidez, o
processo produtivo da ação de utilização ou consumo do produto. Dessa forma, o
ambiente industrial, à Gestão da Qualidade centra-se no processo produtivo a partir
de onde se pode gerar um produto perfeitamente adequado ao uso. A qualidade,
assim, aparece no produto resultado do processo. Tendo seu objetivo básico
(atenção ao cliente) e a estratégia a adotar para atingi-lo (otimização do processo).
27
2.6.2 Setor de Serviços
No Setor de serviços também há a idéia de que a qualidade envolve
uma multiplicidade de itens, sendo firmada nas mesmas bases da Qualidade Total
atribuída aos produtos, no entanto adequada ao setor de serviços cujo processo
produtivo é o atendimento direto ao cliente na busca de atender suas necessidades
e expectativas e ainda a satisfação, não no universo do que ele sabe que
precisa e espera mas, criar ainda situações novas que o cliente passa a ver como
imprescindível.
A área de prestação de serviços envolve a produção e serviços
propriamente ditos e a estruturação de todos, ao contrário do processo industrial,
não há possibilidade aqui de se separar, com nitidez, o processo produtivo da
prestação do serviço ambos se confundem. Dessa forma, no ambiente de
prestação de serviços a Gestão da Qualidade centra-se fundamentalmente na
interação com o usuário. É nesse processo interativo que a qualidade aparece. Tem
crescido o interesse na aplicação da Gestão da Qualidade Total no setor de
serviços.
As características gerais da Gestão da Qualidade no ambiente da prestação
de serviços são:
Produção e consumo são simultâneos;
Os processos produtivos não possuem informações objetivas a respeito de
suas operações, que nem sempre se repetem com freqüência, exigindo
flexibilidade e adaptações a momentos, situações, contextos etc;
O conceito elementar da qualidade nesse ambiente, assim, é o de perfeita
adaptação do processo ao cliente;
A avaliação da qualidade centra-se apenas em elementos não há pontos de
controle específicos que possam ser identificados. Como não há forma de
inspecionar um serviço antes que ele seja prestado, nem meios de obter
amostras do serviço, a Gestão da Qualidade não conta com procedimentos
prévios de avaliação do serviço (ele é feito sempre ao vivo). Entre outras
restrições, essa característica dos serviços compromete a fixação de padrões
da qualidade;
28
Nesse ambiente, a Gestão da Qualidade enfatiza o direcionamento da
empresa para um modelo específico de relacionamento com o cliente. A
qualidade, observe-se, resulta do modelo de interação com o cliente. Por
isso, concentra-se nele a atenção da Gestão da Qualidade;
O serviço não pode dispor da propriedade de estocagem. Isso requer um
modelo de gestão que torne a oferta adequada à demanda.
Um elemento que altera inteiramente o processo de Gestão da Qualidade
no setor de serviços é fato de que o cliente interfere na produção de serviços. A
presença física do cliente durante o desenvolvimento do processo produtivo cria o
que alguns autores chamam de “co-produção”, um mecanismo que permite rápida
realimentação do processo, mas exige elevado grau de flexibilidade no processo
gerencial. Em resumo, são as seguintes as principais características de serviços e
métodos:
são intangíveis;
o podem ser “possuídos”;
o há estoques;
prevalece o ser humano como agente produtivo;
sua meta operacional é a flexibilidade;
enfatiza muito o valor percebido pelo usuário;
depende do efeito sistêmico de novos serviços;
considere-se fundamental avaliar a complexidade, a oportunidade, a
conveniência e a abrangência do serviço oferecido. Esses itens tendem a ter
valor estratégico para as organizações.
A Gestão da Qualidade em ambiente industrial e a desenvolvida nas
organizações de serviços e métodos dispõe de algumas diferenças básicas,
apresentadas no QUADRO 5.
29
QUADRO 5 - algumas diferenças básicas entre a Gestão da Qualidade em ambiente
industrial e a desenvolvida nas organizações de serviços e métodos. (PALADINI,
2004)
Gestão da qualidade em ambient
es industriais
Gestão da qualidade em ambientes de
serviços e métodos
O esforço pela qualidade aparece no produto. O esforço pela qualidade aparece na interação
com o cliente.
Interação com clientes via produtos. Interação direta com clientes.
Elevado suporte. Baixo suporte.
Baixa interação. Intensa interação.
Suporte ao produto (qualidade de produto). Suporte ao cliente (qualidade de serviço).
Cliente atua ao final do processo produtivo. Cliente presente ao longo do processo produtivo.
Produção e consumo em momentos bem
distintos.
Produção e consumo simultâneos
Feedback (retorno do usuário sobre o produto
adquirido) pode demorar.
Feedback imediato.
Cliente tende a não influenciar o processo
produtivo.
Cliente participa do processo produtivo.
Resulta de um conjunto de elementos (como
máquinas e pessoas por exemplo).
Resulta mais do desempenho dos recursos
humanos.
Condições favoráveis à padronização. Difícil padronizar.
Tende a uniformizar-se a médio prazo. Difícil ter um modelo uniforme de execução.
Bens Tangíveis podem ser patenteados. Serviços e métodos não podem ser patenteados.
Bens Tangíveis podem ser protegidos em relação
a seus processos de fabricação e à forma final
como são disponibilizados para comercialização.
Serviços e métodos não podem ser protegidos.
Além disso, considere-se que:
em ambiente de serviços e métodos mantém-se os mesmos conceitos da
qualidade utilizados em ambientes industriais. Todavia, mudam-se as
estratégias;
bens tangíveis muitas vezes são considerados apenas como a
“personificação física” de serviços. De fato, ao adquirir um litro de leite, o
usuário na verdade deseja o serviço prestado pelas características nutritivas
do produto.
30
Em termos estratégicos, a produção de serviços parece ser o setor
econômico que tem maior potencial atualmente.
2.6.3 Serviço Público
Três questões têm sido colocadas quando se trata de analisar o ambiente
do serviço público e a possibilidade de desenvolver programas da qualidade nesse
contexto:
Por que qualidade no serviço público?
E por que neste exato momento?
E como gerar qualidade no serviço público?
Algumas razões justificam o empenho do poder público em, pelo menos,
começar a mostrar interesse em discutir qualidade e produtividade do serviço
público:
Qualidade ganha (ou perde) votos. E não existe assunto que interesse mais
aos gestores públicos do que votos;
O déficit do governo atinge níveis alarmantes, a saída é economizar,
apelando exatamente para qualidade e produtividade;
A qualidade é um elemento forte de marketing. Mais do que qualquer outro
motivo, esse apelo tem forte respaldo popular. Entretanto, precisa-se de
ações concretas e bastante visíveis.
O desgaste da imagem dos governos, em qualquer nível, constitui-se um
processo lento e consistente, que exige providências imediatas e de forte
impacto. A qualidade tem poder notável para alterar esse processo.
Em resumo, esta é a hora da qualidade - pelo modismo associado à
questão, pelo impacto que proporciona, pela necessidade urgente de economizar,
pela carência crônica de recursos (e recursos os programas de produtividade podem
gerar, na pior das hipóteses por combate o desperdício), enfim, seja por razões se
considere.
31
E como estruturar um modelo de Gestão da Qualidade para o serviço
público? Provavelmente o país que mais investiu em qualidade no serviço público
foram os Estados Unidos (PALADINI, 2004). É possível listar alguns elementos
básicos que mostram como a qualidade está se consolidando no governo norte-
americano:
Aparentemente, muitos aspectos das ferramentas e princípios da Gestão da
Qualidade Total (TQM) podem ser aplicados ao governo, do mesmo modo
que ocorre em outras atividades;
Se as dificuldades para implantar programas da qualidade são notáveis em
instituições e empresas privadas, mais complexo é essa implantação pelo
governo;
Até 1992, a opinião pública não parecia propensa a se animar com qualidade
total. Aparentemente, os políticos pareciam não conquistar muitos votos com
sua defesa. As eleições na década de 90 podem mostrar que esse quadro
está mudando;
A necessidade de resultados de curto prazo, a postura de confronto entre
governos e oposições e a personalização da atividade política são aspectos
que atuam contra a qualidade;
O tamanho descomunal e a falta de controle do governo permitem que a
qualidade total sobreviva de forma restrita e localizada. Por isso, observam-se
resultados positivos mesmo em ambientes em que a alta administração é
indiferente ou hostil aos esforços pela qualidade e, sobretudo, pela
produtividade;
Em vista do triste estado do governo, do tamanho do déficit público, do
aumento dos gastos, da ineficiência do serviço em suma, da incompetência
generalizada no processo de prestação de serviços e aos próprios servidores
públicos, alguns resultados já obtidos mostram que a qualidade é viável.
Em um país como o Brasil, em que os órgãos públicos têm como
estigma a ineficiência, a lentidão, a preguiça e outras características depreciativas
atribuídas tanto aos órgãos em si, quanto aos servidores que nele trabalham, o
esforço para dar uma imagem de eficiência para a sociedade faz-se imenso. Esse
esforço entra em choque com a impossibilidade de dar conta do trabalho, devido à
32
escassez de mão de obra e outros recursos. Assim, o serviço blico brasileiro
possui especificidades que devem ser consideradas antes de definir um modelo de
Gestão da Qualidade para o setor. Os principais aspectos a considerar são:
Ainda que sem força, de lei, uma cultura de estabilidade do servidor público;
Monopólio da prestação da quase totalidade de serviços em áreas
específicas;
Baixos salários;
Falta de qualificação do pessoal;
Cultura tradicional de descaso à coisa pública.
Como decorrência desses fatos, o modelo de Gestão da Qualidade deve
guiar-se pelos seguintes princípios:
1. O recurso básico de geração da qualidade é o funcionário público.
2. O elemento básico de envolvimento do funcionário em programas da
qualidade é a motivação.
3. A estratégia básica de motivação é a estruturação de programas da
qualidade voltados, em primeiro lugar, para a produção de benefícios para
os próprios funcionários.
4. A propriedade que caracteriza a qualidade no serviço público é a
transitividade: o funcionário repassa a sociedade os benefícios (como
também as restrições) de sua satisfação no trabalho. A qualidade de seu
atendimento, assim, é diretamente proporcional à qualidade de suas
relações com o empregador, no caso, o Estado.
5. O programa deve envolver objetivos de curto, médio e longo prazos.
Devem-se priorizar resultados imediatos, como, por exemplo, benefícios
para os funcionários, e utilizá-los como mecanismos para gerar resultados
de médio prazo, que envolvem a consolidação de melhorias de processos
e serviços, e, principalmente, para investir nos objetivos de longo prazo,
que implicam a alteração radical da cultura vigente no setor público,
comprometendo-o com clientes finais, ou seja, com toda a sociedade.
6. É prioritária a determinação de um processo custo/benefício no serviço
público. O custo de vantagens adicionais a funcionários, por exemplo,
33
pode ser largamente compensado por benefícios de racionalização do
processo administrativo.
A implantação da Gestão da Qualidade Total requer alguns cuidados pra que se
obtenha sucesso, no setor público o (NÚCLEO DE GARANTIA DA QUALIDADE
1998) trata destes cuidados a serem observados:
Devem-se evitar criar expectativas em torno do programa da qualidade na
esfera do governo tanto para servidores quanto para a população. Por isso,
sugere-se criar antes programas de melhorias, localizados e definidos, cujos
resultados previstos sejam simples, diretos, observáveis em curto espaço de
tempo e bem visíveis. A palavra qualidade não deve ser empregada nesses
casos;
Em qualquer dos casos, resultados obtidos em ações que envolvem esforços
de funcionários devem redundar em benefícios pessoais para os envolvidos;
Devem-se evitar atividades intensas de treinamento. Sugere-se empregá-
lo para atender as aspirações e deficiências expressas pelos funcionários.
Esse posicionamento o exclui programas de motivação, conscientização e
mecanismos similares, que devem sempre ser ministrados em doses
adequadas ao público-alvo;
É fundamental evidenciar os benefícios gerais (além daqueles meramente
financeiros) que o programa da qualidade traz para os funcionários. Sem isso,
dificilmente consegue-se adesão efetiva ao programa;
Quanto menos estardalhaço o programa tiver, melhor. Sugere-se evitar
programas da qualidade tipo floresta, que possuem muito volume e base
inconsistente. É melhor apelar para programas-semente que plantam, nas
pessoas, raízes sólidas, embora não apareçam muito.
Cabe lembrar que a estabilidade do servidor público é uma cultura ainda
comum e, ao mesmo tempo, um conceito e uma prática nociva à qualidade.
Conviver com ela é sempre um entrave para a Gestão da Qualidade. Da mesma
forma que a adequação efetiva de um produto ao uso é um processo gradativo, o
envolvimento de todos no esforço pela qualidade é um processo evolutivo por
excelência.
34
2.6.4 Em Farmácia Escola
Considerando o porte comum de uma farmácia escola, iniciamos com o
assunto Gestão da Qualidade em empresa de pequeno porte. Embora exista um
mito de que Qualidade Total é um processo exclusivo de empresas de grande porte,
talvez apelas frustrações na implantação de programas de gestão da qualidade
em pequenas empresas que não atingiram as expectativas criadas, quer por falhas
no processo, que evidencia somente a implantação omitindo esforços nas áreas de
manutenção e consolidação do programa, ou pelos conceitos e estratégias muito
simplificados que para fornecer uma idéia de que são fáceis de implantar e
totalmente viáveis, acabam desvirtuando a correta noção da qualidade e
comprometem as estratégias. Embora os programas de Gestão da Qualidade para
empresas de pequeno porte, tenha as alertado para a questão da qualidade, por não
fornecer os meios adequados para viabilizá-la, os méritos dos casos em que o
programa de qualidade foi bem sucedido pertencem às empresas e não as
características do programa.
Além dos programas existentes, a empresa de pequeno porte, vem
mostrando aspectos de qualidade que vieram com o movimento de terceirização, a
partir do qual muitos profissionais de empresas de grande porte, que investem em
qualidade, passaram a ser microempresários, carregando para as empresas que
fundaram, noções e prioridades aprendidas em seus empregos anteriores, e
desenvolvendo-os ainda mais.
A Terceirização trouxe outro incentivo à qualidade das pequenas empresas.
Ao se credenciarem para assumir parte do processo produtivo de uma grande
empresa, torna-se imprescindível às pequenas organizações apresentar qualidade
em processos, produtos e serviços. Isso, por si só, já justifica o investimento na área.
Deve-se ressaltar, por fim, que existem elementos que facilitam a
viabilização dos processos da Gestão da Qualidade e que pequenas empresas
possuem. Alguns exemplos: visão de conjunto facilitada; flexibilidade administrativa;
mão-de-obra mais facilmente envolvida; decisões quase sempre abrangentes e
integração entre recursos. , ainda, um fato que evidencia ser mais fácil implantar
qualidade na pequena empresa: muitas estratégias utilizadas nas empresas de
maior porte envolvem células de produção, trabalho em pequenos grupos,
minifábricas etc., ou seja, recursos que visam, exatamente, imitar pequenas
35
empresas. É a grande empresa buscando transplantar, para si, as facilidades
próprias das pequenas microorganizações.
No Brasil temos altos índices de mortalidade das microempresas no
primeiro ano de vida. Há vários fatores relevantes, externos as empresas, que
contribuem para isso. Em geral as dificuldades apontadas para o fracasso envolvem
componentes financeiros, relativos à falta de acesso ao crédito ou dinheiro caro, e
legislação tributária de forma excessiva. Entretanto, é também verdade que muitas
empresas de pequeno porte não sobrevivem exatamente porque não se diferenciam,
investindo pouco em qualidade de produtos e serviços aos clientes. A concorrência,
assim, rapidamente, as traga, considerando ainda que competir por preço e prazo
não são fatores favoráveis para as empresas de pequeno porte, devendo investir
melhor em qualidade para se garantir.
A farmácia escola possui a vantagem de ser mantida pela IES que a ela
todos os recursos necessários para sua sobrevivência, exigindo apenas que execute
corretamente as atribuições necessárias ao curso. No entanto, seria muito medíocre,
essa visão limitada da Farmácia Escola que tem muito a oferecer a classe
acadêmica bem como a comunidade, sendo excelente campo de aplicação da
Gestão da Qualidade Total, trazendo além de excelência em seus produtos e
serviços, maior lucratividade e retorno de investimento, bem como credibilidade a
IES sendo referência em qualidade e gestão.
36
3. FARMÁCIA ESCOLA DO ITPAC – ESTUDO DE CASO
CARACTERIZAÇÃO
A Farmácia-Escola foi planejada e construída para ser modelo, um exemplo a
ser seguido, segue rigorosamente todos os padrões e normas estabelecidas para o
setor farmacêutico. funciona como um centro totalmente prático para treinamento de
alunos. É uma estrutura avançada de saúde, um laboratório, um estágio que prepara
os acadêmicos para o mercado de trabalho. Os alunos têm oportunidade de
exercitar e desenvolver seus conhecimentos e habilidades num ambiente que
privilegia a excelência profissional em todos os seus departamentos e serviços
oferecidos.
a) Objetivo Geral:
Este é um projeto que visa os três segmentos primordiais da Faculdade:
ensino, pesquisa e extensão, proporcionando um campo de estágio supervisionado
e vivência prática aliada ao conteúdo teórico, aos alunos do curso de Farmácia do
ITPAC.
b) Objetivos espeficos:
Garantir ao aluno a conclusão de sua graduação, servindo como principal
campo de estágio dos alunos do Curso de Farmácia do ITPAC.
Dispensar, controlar e garantir a qualidade de insumos farmacêuticos e
medicamentos.
Implementar o programa de atenção farmacêutica, para proporcionar melhor
qualidade de vida aos usuários.
Formação de grupos multiplicadores de conhecimento (palestras,
conferências, etc.)
Fornecer informações seguras sobre a correta utilização de medicamentos,
incentivando a adesão ao tratamento.
37
c) Atividades/Serviços:
Fazer do estabelecimento um “Centro Avançado de Saúde” e não somente
um comércio.
Presença do Farmacêutico em tempo integral na farmácia;
Dispensação de medicamentos com orientações necessárias sobre posologia,
administração, precauções, interações com alimentos e outros medicamentos,
reações adversas, etc.
Realizar a Farmacovigilância, ou seja, o monitoramento do uso e eficiência
dos medicamentos.
Prestação de serviços de atenção farmacêutica, com esclarecimentos sobre
saúde pública (vacinações, aleitamento, automedicação, uso abusivo de
medicamentos, doenças infecto-contagiosas), aferição da pressão arterial,
aplicação de injetáveis, colocação de brincos, inalação, avaliação de
parâmetros bioquímicos e elaboração de folhetos educativos sobre questões
de saúde.
PAH – Programa de Atendimento ao Hipertenso aferição da pressão arterial
com acompanhamento de pacientes hipertensos pelos farmacêuticos com
apoio do software “O Pharmaceutico”.
PAD – Programa de Atendimento ao Diabético – Dosagem de glicose e
acompanhamento de pacientes diabéticos pelos farmacêuticos com apoio do
software “O Pharmaceutico”.
Implantação do Projeto de Assistência Domiciliar.
Oferecer palestras semanais aos funcionários e a comunidade sobre temas
variados, sempre ligados à saúde, na própria farmácia ou mesmo em locais
fora da farmácia, como postos de saúde.
Implantação do serviço de acompanhamento de doentes crônicos e
realização de campanhas do paciente hipertenso, diabético, etc.
Dar ênfase à comercialização de medicamentos genéricos, comercializando o
maior número possível e investindo neste segmento, inclusive na sua
divulgação.
Comercialização de materiais descartáveis (luvas, scaras, etc.) e
acessórios utilizados por equipes de saúde e também em aulas.
38
Posteriormente, desenvolver atividades de manipulação de cosméticos,
produtos dermatológicos, medicamentos alopáticos e fitoterápicos, e
saneantes.
Implantação do Centro de Informação de Medicamentos.
d) Estrutura:
A Farmácia-Escola conta com uma estrutura diferenciada, funcional e com
profissionais farmacêuticos em tempo integral. Sua estrutura física tem cerca de 250
m² e a divisão interna contempla área para dispensação e atendimento, sala de
atenção farmacêutica, sala de espera, sala de curativos, sala para aplicação de
injetáveis, sala de inalação, sala para aferição da pressão arterial, sala de estudos,
banheiros e copa/cozinha.
PESQUISA ORGANIZACIONAL
A pesquisa foi realizada através de um estudo de caso, que segundo Vilabol
(2008) É uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa
profundamente. Pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem
definida, como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa ou
uma unidade social. Visa conhecer o seu “como” e os seus “porquês”, evidenciando
a sua unidade e identidade própria. É uma investigação que se assume como
particularística, debruçando-se sobre uma situação específica, procurando descobrir
o que há nela de mais essencial e característico.
Assim optou-se por fazer uma avaliação setorial quanto aos fatores de
implantação da Gestão da Qualidade Total, através de um questionário, em que
avaliamos a percepção de diversos setores da Farmácia Escola ITPAC a fim de
obter-se a intensidade, em que setor e quais os fatores da Gestão Administrativa,
que inibem a implantação da Gestão da Qualidade Total. Buscando saber o quanto
a organização está preparada ou não para superar essas dificuldades, obtendo
assim, a habilidade da organização para implantar o SGQT. Ou seja, quanto mais
bem preparada a Organização em superar esses fatores inibidores, mais hábeis e
maduras elas estão para implantar o Sistema de Gestão da Qualidade Total. De
posse de todos os questionários respondidos e o formulário preenchido, a próxima
fase da pesquisa foi a aplicação do todo proposto que mede o nível da
39
maturidade para implantação do SGQT na organização pesquisada. Para se chegar
à nota de maturidade nos fatores para implantação do SGQT na Farmácia Escola -
ITPAC é preciso aplicar os resultados dos questionários nas expressões
apresentadas anteriormente. Os resultados obtidos do processamento dos
questionários aplicados foram mostrados em questionários, em que os respondentes
são convidados a quantificar (de 1 a 7) a intensidade que os itens inibidores
apresentados ocorrem na organização, sendo esta representada, após convertida,
pela variável θ de habilidade. Além da habilidade, as tabelas contêm valores
normalizados de dificuldade (b
i
) que representam o quanto aquele fator inibidor é
importante para decidir o nível de maturidade para implantação do SGQT, a
probabilidade de uma organização respondente com grau de habilidade θ superar o
fator inibidor em questão, o Valor Esperado (Esperança) do alcance do item e,
finalmente a nota de maturidade para implantação do SGQT na organização
pesquisada.
QUESTIONÁRIO
É bem sabido que o questionário é ferramenta das mais difundidas
para coletar informações dos respondentes de uma população. Na verdade,
atualmente há bastante material para ajudar aqueles que precisam efetuar
pesquisas no sentido de que não façam do questionário um simples amontoado de
perguntas. Lembrando Marton-Williams (1986, p. 114), todo questionário precisa
cumprir seis funções básicas para alcançar eficazmente seu propósito na coleta de
informação:
• criar e manter o interesse, a cooperação e o envolvimento do respondente;
• comunicar-se bem com o respondente;
• ajudar o respondente a desenvolver suas respostas;
• evitar criar viés ou tendenciosidade de todo tipo;
• facilitar a tarefa do entrevistador; e
• viabilizar o processamento automático das respostas.
A questão de que trata o presente trabalho, a saber, o efeito da seqüência
das escalas, está relacionada ao chamado erro de medida (measurement error) e
sua ocorrência pode prejudicar qualquer um dos seis propósitos. Mais precisamente,
40
o interesse, aqui, é focalizar a eventual introdução de tendenciosidade nas
respostas, devido à forma de seqüenciar a apresentação das escalas numéricas dos
atributos sobre as quais se pede a avaliação dos participantes da pesquisa.
Nos textos de inspiração didática, todos concordam que a cautela básica,
é evitar colocar idéias na cabeça do respondente ou de sugerir-lhe determinado
padrão ou atitude de resposta ou mesmo induzí-lo a isso. Também recebe ampla
concordância o uso da técnica do funil (funnel approach), que recomenda: após
empática apresentação da pesquisa e do entrevistador e apropriada qualificação do
respondente, deve-se começar por questões bastante gerais e, pouco a pouco, ir
estreitando o foco, até chegar a pontos bem específicos. Alguns autores costumam
distinguir, nessa abordagem, entre a seqüência psicológica e a seqüência lógica
adequadas às perguntas, ambas apontando para características nitidamente
relevantes do processo de comunicação, para fins de coleta de informação, de que a
aplicação do questionário faz parte.
Na literatura especializada, a referência mais freqüente trata da ordem de
perguntas em sentido estrito. Em particular, as pesquisas eleitorais são, talvez, o
exemplo mais antigo e mais óbvio no que se refere ao viés da ordem das perguntas
e de suas alternativas (por exemplo, ver NORC [1946]). Na área das pesquisas
gerais de opinião, em que também muito se produziu sobre o tema, um dos
pioneiros é o trabalho de Rugg & Cantril (1942).
Pode-se atribuir a Ferber (1952) a primeira obra que trata da ordem no
âmbito de pesquisas sócio-econômicas, eventualmente classificáveis como de
Marketing, sem esquecer que o precursor do bem conhecido método das
comparações pareadas, paired comparisons, é o muito anterior artigo de Ross
(1934). Na verdade, a despeito da difusão desse método a partir da década de 50, a
produção na área de pesquisa de Marketing parece mais restrita ao problema da
ordem das perguntas, cuja indiscutível importância é ilustrada por dois clássicos: o
artigo de Gross (1964) sobre o interesse em comparar um novo (conceito de)
produto e a alegoria de Ramond (1977) sobre como as perguntas podem criar suas
respostas.
41
Imaginemos, então, uma situação de pesquisa em que se queira solicitar
de cada respondente que coloque em ordem de importância, um certo número de
escalas referentes aos atributos a pesquisar. É intuitivo perceber que, quanto mais
longa a lista, mais difícil será a tarefa do respondente. No caso das escalas
SERVQUAL, por exemplo, Parasuraman et al. (1994) sugerem uma escala sica
relativa a 22 atributos, que pode ser considerada longa para aplicação em amostras
de pessoas físicas com baixo e, talvez, até mesmo médio nível de escolaridade. Ao
mesmo tempo, os autores reconhecem que a aplicação proveitosa do modelo de
mensuração a casos específicos (em especial, a diferentes setores de prestação de
serviços) pode requerer uma extensão daquela lista. Ora, um dos limites a tal
extensão reside precisamente no fato de que listas mais longas são mais
complicadas.
Uma saída para esta dificuldade seria solicitar que o respondente
ordenasse apenas um subconjunto relativamente pequeno de atributos e que
partisse dessa operação parcial para obter uma ordenação completa dos atributos.
Assim posta, esta questão é manifestamente não-trivial: de fato, é bastante
complexo o problema de encontrar um subconjunto ótimo que seja a solução para
esse problema de ordenação total. Mais interessante, mesmo trabalhando com
subconjuntos de proporções aceitáveis, é possível que a posição da escala no
conjunto viesse a beneficiar alguns dos atributos (por exemplo, os iniciais) em
detrimento de outros, quando o respondente estivesse percorrendo a lista (já
reduzida) para escolher os mais importantes. Assim, mesmo no caso de precisar
ordenar listas mais curtas, faz sentido investigar o efeito da ordem. Para executar
uma aplicação real, foi necessário, aqui, resolver o problema do subconjunto
reduzido. Apesar de a escolha por nós efetivada acerca do número reduzido de
atributos ter apelo (tanto teórico, quanto empírico), nenhuma propriedade genérica
deste novo método foi estudada.
O que interessa especificamente ao presente trabalho, no entanto, é
examinar o efeito da ordem em questionários que empreguem escalas numéricas de
avaliação de atributos múltiplos e que solicitem ao respondente uma ordenação
parcial da importância relativa de alguns desses atributos. A questão certamente não
é nova (ver, por exemplo, Belson [1966], Quinn & Belson [1969], Payne [1972], e
42
Jain & Pinson [1976]), mas tem recebido pouca atenção em comparação ao recente
boom de pesquisas sobre qualidade, especialmente no setor de serviços, em que os
questionários empregados são, em sua maioria, muito relacionados ao tipo aqui
destacado. Além disso, duas observações, presentes até nos textos didáticos, são
particularmente adequadas à pesquisa aqui relatada: a) quando o tema das
questões é complexo ou pouco familiar ao respondente, a seqüência de
apresentação pode influenciar as respectivas respostas (AAKER & DAY, 1990, p.
252), e b) o tamanho do questionário influencia a qualidade das respostas (HERZOG
& BACHMAN, 1981).
Em resumo, a hipótese testada neste estudo pode ser enunciada como
segue:
H
0
: A avaliação da importância dos atributos se altera devido à seqüência em que
as escalas de avaliação aparecem no questionário de pesquisa.
ESTRATÉGIA DA PESQUISA
A fim de aproveitar as vantagens oferecidas pela aplicação de uma pesquisa
e reduzir ao máximo as desvantagens que o método agrega, foi elaborada a
estratégia apresentada a seguir.
FONTE DE PESQUISA
Para realização da parte empírica da pesquisa organizacional foi escolhida
em uma empresa de pequeno porte, mas que atende as necessidades da pesquisa
por se tratar de uma farmácia escola de uma IES e que não possui nenhum Sistema
de Gestão da Qualidade.
DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Foi realizada na empresa selecionada, uma ampla pesquisa da qual foram
convidados a participar 15 (quinze) colaboradores distribuídos nos níveis de direção,
gerência, coordenação, discentes, docentes, e execução, que abrangem toda a
escala hierárquica da organização.
43
Uma vez estabelecido o universo amostral a ser pesquisado e, avaliada a
viabilidade, optou-se pela entrega direta dos questionários aos participantes,
juntamente com explicações referentes à pesquisa e ao formulário adotado.
Tal procedimento reduziu significativamente as dúvidas em relação ao objeto
da pesquisa, às questões do questionário e a forma de resposta. Também contribuiu
para alcançar um alto índice de retorno dos questionários de pesquisa.
O prazo estabelecido para retorno dos formulários devidamente preenchidos
acordado com os pesquisados e estipulado como sendo em até 3 (três) dias.
Os questionários distribuídos não continham nenhuma identificação do
respondente.
Os pesquisados responderam a pesquisa individualmente e por escrito, sem a
presença do entrevistador ou de outros observadores e, dos 15 formulários
distribuídos, 14 retornaram devidamente preenchidos.
A organização, por meio de sua Diretoria, concordou formalmente com a
aplicação da pesquisa nos termos propostos, autorizando ainda possibilidade de
identificação da empresa.
O questionário utilizado foi constituído de 18 (dezoito) perguntas objetivas
representando os subfatores críticos de sucesso estabelecidos, relativos ao Sistema
de Gestão da Qualidade Total. Treze desses subfatores estavam relacionados ao
fator de implementação do SGQT e os outros cinco estavam relacionados ao fator
Resultados da Gestão Administrativa quanto à qualidade.
As perguntas constantes do questionário foram fechadas e as respostas
possíveis foram estruturadas segundo a Escala de Likert, com sete graus variando
deste “Discordo Totalmente” até “Concordo Plenamente”, mostrados na Figura 1.
Esta escala foi escolhida porque, conforme Corrêa e Caon (2006), vários
trabalhos apontam a superioridade de escalas com número ímpar de pontos, que
sempre permitirá uma posição com significado neutro.
44
45
Encaixam-se nesta determinação, as escalas de três, cinco, sete ou mais
posições.
Outro aspecto também considerado é que o respondente, tende a se afastar
dos extremos (chamado efeito da tendência central), o que nos levou a desprezar
escalas com apenas três posições, pois haveria uma forte tendência à posição
neutra, esvaziando o resultado da avaliação.
Por outro lado, escalas muito amplas, com nove ou mais posições, dificultam
o processo de escolha por parte do respondente, devido à pequena variação entre
uma posição e outra.
TABULAÇÃO DA PESQUISA
Esgotado o prazo para retorno dos questionários, os formulários recebidos
foram tabulados.
Inicialmente foi estabelecida a média aritmética simples dos valores
correspondentes a cada subfator pesquisado.
O valor obtido foi adotado como sendo o valor médio do Grau de Atendimento
referente ao respectivo item.
O valor médio foi ajustado para a escala adotada segundo Teoria de
Resposta ao Item e, a partir desse, foi calculado o grau de maturidade
correspondente a cada subfator.
Foi utilizado o método 2L proposto por Ribeiro (2005), na elaboração dos
cálculos e calibrações de valores para obtenção do nível de maturidade.
O Método 2L é aplicado neste trabalho e parte da utilização da Teoria de
Resposta ao Item, mais especificamente por meio do modelo logístico de um
parâmetro ou Fórmula de Rasch, a qual relaciona a probabilidade de acerto de um
item P(i), seu índice de dificuldade (b), interpretado no caso como o grau de
importância do item para caracterizar o fator correspondente e à habilidade (θ),
interpretado no caso como a percepção pelo respondente do grau de presença de
tal quesito avaliado. Estima-se a probabilidade de um dado subfator caracterizar o
correspondente fator dado o grau de importância daquele subfator na caracterização
46
do fator e dado a intensidade de presença daquele subfator segundo a percepção do
respondente.
CÁLCULO DO GRAU DE MATURIDADE
Visando determinar o grau de maturidade da organização em relação à
implementação e aos resultados obtidos pelo SGQ, utilizou-se como base o estudo
apresentado por Dreyfus, Ahire, e Ebrahimpour intitulado The Impact of Just-In-
Time Implementation and ISO 9000 Certification on Total Quality Managemente
publicado no periódico IEEE Transactions On Engineering Management”, VOL. 51,
NO. 2, MAY 2004, e aplicou-se os fatores de carregamento obtidos da análise de
fator exploratório daquele estudo na calibração dos índices de dificuldade dos
modelos propostos pela Teoria de Resposta ao Item.
Fatores e Subfatores de Avaliação do SGQT
Foram adotados como Fatores e Subfatores de Avaliação do SGQT os
mesmos propostos por Dreyfus et al. (2004) para organizações do Grupo 4, que não
possuem nenhum Sistema de Gestão da Qualidade.
Índices de Dificuldade (b)
Do mesmo modo, optou-se por utilizar como Índices de Dificuldade (b) os
carregamentos de fator determinados por Dreyfus, correspondentes a cada Subfator
avaliado (carregamento de subfatores, no caso), ambos relacionados no QUADRO
6.
A escolha dessas variáveis se deu porque sua calibração foi efetuada
utilizando-se um universo amostral com maior mero de indivíduos, portanto, mais
abrangente e com maior grau de confiabilidade.
Considerando-se que os carregamentos de fator de Dreyfus estão na escala
de 1 a 7, e que a TRI considera o índice b numa escala de -3 a 3, foi realizada a
seguinte conversão:
b = (b’ - 4)
47
Onde:
1. b’ é o Índice de Dificuldade na escala de 1 a 7; e,
2. b é o Índice de Dificuldade na escala de -3 a 3.
QUADRO 6 - ANALYSIS OF THE EFFECT OF ISO-JIT GROUPING ON TQM
IMPLEMENTATION AND OUTCOMES. DREYFUS et al.: IMPACT OF JIT
IMPLEMENTATION AND ISO 9000 CERTIFICATION ON TQM
48
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Fator 1 – Implementação do SGQT
Os resultados obtidos com a aplicação e tabulação dos questionários
respondidos, são demonstrados na FIGURA 2 1ª parte, para uma visão
geral da maturidade de cada subfator de sucesso para a implantação do
SGQT, descritos nos 13 primeiros itens do questionário aplicado, que em
seguida são analisados item a item conforme o índice de maturidade
encontrado.
FIGURA 2 – 1ª parte – Resultados obtidos dos subfatores de F1 – Implementação do SGQT,
pesquisa aplicada no ITPAC – Farmácia Escola, Araguaína – TO 2009.
49
Subfator 1 – Comprometimento da Alta Direção - 67%
A Alta Direção do ITPAC participa ativamente, apóia e acompanha de perto as
ações referentes à implantação da Qualidade na Farmácia Escola.
A alta direção do ITPAC de modo geral possui como característica a
gestão de qualidade que vem se destacando no mercado e, se faz notória pelo
crescimento da IES, que acaba de completar 10 (dez) anos de atividade
crescendo e se qualificando a cada ano. Não diferente o seu comprometimento
com a Farmácia Escola, que foi estabelecida com objetivo de atender o curso
oferecido pela IES, mostra que a alta direção participa ativamente e incentiva a
qualidade na Farmácia Escola, além de acompanhar seu desempenho por meio
de relatórios apresentados pela gerência administrativa da farmácia escola, a alta
direção não restringe a emissão de recursos necessários para melhorias e
aumento da qualidade na atividade da farmácia escola inerente a IES, a
Farmácia Escola visa atender à classe acadêmica, servindo de farmácia modelo,
meio pedagógico, estágio e até noção de empreendedorismo, sendo uma
entidade comercial atende também à comunidade que usufrui de seus produtos e
serviços oferecidos, tendo a presença de profissionais qualificados e um custo
mais baixo.
O índice de maturidade encontrado no valor de 67% é um bom grau
de maturidade para a implantação da gestão da qualidade total que, sendo
implantada sua utilização condiciona ainda mais a participação efetiva e segura
da alta direção do ITPAC com relação à qualidade da Farmácia Escola.
Devido a falta de IES na região, o ITPAC tem tido tempo para crescer
a médio prazo, trazendo cada vez mais melhorias em seu serviço. Trata-se de
instituição reconhecida e estimada, cujos créditos tem recebido por liberar
profissionais numa região em ascensão. Araguaína que tomava rumo promissor
pelo seu forte crescimento e carência de IES, abriu oportunidade que sendo
percebida pelo ITPAC, implantou-se num lugar que inacreditavelmente não
possuía IES de renome. E assim oferece à cidade empregabilidade,
conhecimento e serviços a comunidade. Interessante como Araguaína pode ser
tão pioneira, o que acarreta grandes possibilidades de serviços oferecidos por
uma IES, unindo um crescimento mútuo entre IES e o Município. Com isso o
50
ITPAC não mostra nenhuma frustração por parte dos gestores que vêem a
instituição crescendo cada vez mais, preenchendo um enorme espaço de
oportunidades variadas.
Mesmo sendo um alto índice encontrado faz-se necessário que se
mantenha ou aumente este grau de maturidade de comprometimento da alta
direção, para melhorias e até mesmo para inibir efeitos contrários por possíveis
fragilidades futuras (mudanças administrativas, situações adversas), o que pode
ser feito através de técnicas que organizem o comprometimento da alta direção,
permitindo aperfeiçoamentos quando necessários e que seja mantido na gestão
garantindo a qualidade.
Subfator 2- Planejamento Estratégico para Qualidade - 65%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola implementa iniciativas voltadas ao
planejamento estratégico da Qualidade, estabelece seus objetivos, requisitos e
política e investe na implantação de um sistema voltado à sua gestão.
O grau obtido 65% mostra maturidade para implantação do SGQT, sendo que
o planejamento estratégico para a qualidade é ferramenta imprescindível para o
sucesso neste primeiro fator. O ITPAC não estabelece os objetivos, requisitos e
política de qualidade na farmácia escola, como também os divulga no site da
instituição, trazendo-os de forma aberta, tanto para o cumprimento por parte de
quem os exerce quanto, para criar expectativas e satisfação de quem usufrui dos
produtos e serviços oferecidos por ela. É importante que o ITPAC, mantenha
práticas voltadas ao planejamento estratégico da qualidade na Farmácia Escola,
utilizando ferramentas de acompanhamento e controle do cumprimento de seus
objetivos e metas, bem como melhoria contínua, manutenção e níveis avançados de
qualidade reformulando seus objetivos sempre que necessário, implantando-os de
forma correta, se adequando a novas mudanças e explorando novas oportunidades.
Para isso podem ser utilizadas ferramentas que auxiliem o planejamento estratégico
para a qualidade, tais como o PDCA (CAMPOS, 1994) que pode ser descrito
resumidamente como segue:
51
Plan (planejar): estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os
resultados de acordo com os requisitos do cliente e com as políticas da organização.
Do (fazer): implementar os processos.
Check (verificar): monitorar e medir os processos e o produto frente à políticas,
objetivos e requisitos para o produto e reportar os resultados.
Act (Agir): tomar ações para melhorar continuamente o desempenho do processo.
Subfator 3- Gerenciamento da Qualidade para Fornecedores - 71%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola implementa ações de monitoramento e
desenvolvimento da Qualidade junto a seus fornecedores, estabelecendo com eles
altos níveis de confiança e cooperação mútua.
No ITPAC – Farmácia Escola, a aquisição de produtos e mercadorias é de
responsabilidade da gerência administrativa, que possui autonomia na escolha dos
fornecedores, devendo manter bom relacionamento e preocupação com a qualidade
dos produtos e mercadorias adquiridos.
O índice de maturidade encontrado no valor de 71% mostra a importância
dada a este quesito, possuindo implementação da qualidade, o que favorece a
implantação da gestão da qualidade total.
O Gerenciamento da Qualidade para Fornecedores abrange diversas
variáveis como: procedência, pontualidade, prazos, confiança, estabilidade e demais
fatores de qualidade, sendo fator relevante na tomada de decisão, erro na escolha
de fornecedores podem trazer custos desnecessários ou até prejuízos, e afetar
diretamente a credibilidade da Farmácia Escola.
Subfator 4 - Foco no Cliente – 69%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola tem suas ações focadas no cliente,
demonstrando claramente estar comprometido com seu resultado e sucesso,
mantendo com ele parcerias e relacionamentos duradouros, baseados em confiança
mútua.
52
A Farmácia Escola, embora entidade comercial, seu principal objetivo é
atender a classe acadêmica do curso oferecido pela IES, o que traz distinção do tipo
de cliente na qual ela foca suas atividades e serviços. Ela atende tanto o cliente
externo que adquire seus produtos e serviços disponíveis para a venda
(comunidade, alunos e colaboradores da IES), quanto o cliente interno composto
pelos acadêmicos do curso de Farmácia que a tem como farmácia modelo,
ampliando o aprendizado, com o exercer da prática, estágio, cumprimento de
exigências e normas, estrutura e até empreendedorismo, sendo que este grupo
também utiliza dos produtos e serviços disponíveis para a venda. Mesmo com dois
grupos distintos de cliente o foco não chega a ser conflitante, uma vez que atender
bem o cliente externo está inserido nos fatores necessários para atender e ensinar à
classe acadêmica.
O índice de maturidade encontrado neste quesito 69%, mostra-se ainda
favorável a implantação da gestão da qualidade total, no entanto faz-se necessário a
prática de melhorias contínuas neste ponto, pois ainda falhas neste processo,
sendo que o cliente é a razão de ser de qualquer entidade comercial, a GQT traz
excelência com relação ao foco no cliente e faria da farmácia escola uma entidade
de referência e diferencial.
“Fidelizar não é gerenciar produtos, mas clientes. Empresas que, em todos
os níveis, não estão preparadas para o relacionamento com seus clientes, os
como adversários. Sem domínio da situação, desconfiam dos clientes e geram
desentendimentos” (MOUTELLA, 2010).
[...] Se uma empresa quer garantir a fidelidade de seus clientes, precisa
valorizar e fidelizar seus clientes. Os funcionários devem estar totalmente
conscientes, envolvidos e integrados com os valores da empresa e do
cliente. Precisam ouvir seus clientes com atenção e respeito e ter
autonomia e responsabilidade para falar em nome da empresa. Devem ser
treinados para analisar situações de conflito e tomar decisões em favor dos
clientes. O foco da empresa deve ser a construção de relacionamentos,
tendo como compromisso o incentivo ao trabalho em grupo e ao esforço do
time. Em uma empresa, ninguém é uma ilha. Independentemente do tipo de
serviço a ser prestado ao cliente, sempre o envolvimento de mais de um
setor da empresa. Para solucionar problemas de clientes freqüentemente
estão envolvidos vários funcionários. O comprometimento deve ser de todos
e o padrão de atendimento deve ser único. Se isso não ocorre, o cliente não
percebe a empresa como digna de confiança. Sem confiança, está
vulnerável às ações da concorrência. Eles precisam ser habilitados a agir
em prol do cliente, precisam ser investidos de responsabilidade e autoridade
para agir como se a empresa fosse deles. E isso só se consegue com
treinamento.
(MOUTELLA, 2010).
53
Subfator 5 - Treinamento - 82%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola determina as competências
necessárias para seus colaboradores e proporciona o treinamento requerido para
desenvolvimento dessas competências.
Mesmo com alto índice de maturidade 82% neste quesito, o que favorece a
implantação da Gestão da Qualidade Total, a Farmácia Escola ITPAC está
inserida numa região, que possui ainda muitas carências na área de treinamento de
pessoal, principalmente no atendimento ao cliente, uma das funções mais exercidas
na farmácia escola. São poucos os centros de treinamento especializados, e as
empresas não investem tanto neste recurso, preferindo treinamentos e orientações
internas, que muitas vezes não atingem os resultados esperados, prevalecendo
práticas de atendimento ao cliente, bem como de funções operacionais, carregadas
de aspectos culturais que não refletem um padrão de qualidade, em alguns casos
podendo ser até anti-profissionais. Nesse mercado quem possui bom padrão de
qualidade, ganha destaque visto o número reduzido de entidades que servem de
referência. Uma empresa bem sucedida pressupõe trabalhadores com excelente
formação profissional e uma ampla visão profissional. (BASSANI et. al., 2002)
O ITPAC como IES pode estar inserida neste contexto de qualidade, por
determinar bem seus processos e competências, no entanto na farmácia-escola,
parece ainda haver falhas neste processo, considerando que o atendimento precisa
de melhorias imediatas e maior credibilidade. Para que a Farmácia Escola “cresça e
apareça”,ou seja, ganhe padrão de qualidade e se faça referência no local onde se
encontra, pode-se investir em treinamentos específicos, avaliar as habilidades de
cada um e analisar se o quadro atual, corresponde às capacitações necessárias
para obter o desempenho correto de suas competências.
Subfator 6 - Delegação (Empowerment ) – 71%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola delega a autoridade e responsabilidade
necessárias para realização das tarefas às pessoas diretamente responsáveis pela
sua execução.
54
Segundo o gestor diretor financeiro do ITPAC sua estratégia de gestão é
descentralizar (informação verbal), subdividindo a liderança entre os diversos
setores da IES, dando a responsabilidade e oportunidade de cada parte cumprir seu
papel com desempenho de qualidade. Diante da descentralização cada um deve
exercer suas atividades de forma responsável seguindo o mesmo objetivo. Numa
análise inicial o ITPAC não tem dificuldades de inserir e repassar seus objetivos aos
colaboradores, nem a conscientização de suas responsabilidades, notória em seu
padrão de atendimento, cuja prioridade é o aluno, o que acarreta a todos os setores
tratar o aluno da maneira mais favorável a ele sem perder a qualidade do ensino e a
preparação profissional. De forma geral a equipe demonstra satisfação no formato
adotado sem grandes rotatividades, e ainda crente em percepções de futuro
promissor para a IES, que vem cada vez mais se qualificando e ocupando bem o
seu espaço.
Com relação a Farmácia Escola o grau de maturidade encontrado de 71%
favorece a implantação da gestão da qualidade total, que viria como confirmação
das políticas adotadas de descentralização. O ITPAC Farmácia Escola, pode
ainda sim, melhorar este método utilizado, com a real compreensão e utilização da
prática de empowerment conhecendo melhor seu conceito e analisando sua
metodologia que pode garantir a manutenção da qualidade neste quesito, bem como
atingir melhores resultados. (CAZELA et al., 2007) traz em seu artigo análise dos
conceitos teóricos de empowerment e procura analisar o sentido real do conceito,
seus requisitos e sua utilização nas organizações.
Subfator 7- Cooperação/Trabalho em equipe – 83%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola estimula uma relação de respeito mútuo,
colaboração e interação entre seus colaboradores de forma a desenvolver um
ambiente propício para o estabelecimento de objetivos comuns e a realização do
trabalho em equipe.
Este quesito foi o que atingiu o maior índice de maturidade na pesquisa
realizada 83%, onde a equipe se mostra cooperativa e envolvida nas atividades por
ela desempenhada. A Farmácia Escola está inserida na IES e recebe assim as
55
mesmas normas e determinações. O ITPAC treina seus colaboradores e incentiva o
trabalho em equipe ao conscientizá-los de que a prioridade da Instituição é sempre o
aluno dando a ele, qualidade de ensino, atendimento, assistência e estrutura
adequada, bem como um ambiente de respeito e profissionalismo. Sendo também a
Instituição base de referência de qualidade para este futuro profissional. O objetivo
comum estabelecido favorece a realização do trabalho em equipe sem gerar
conflitos, independente de qual setor, percepção do grau de importância de cada
função desempenhada. A IES conta ainda com Centro de Recursos Humanos que
além do atendimento aos colaboradores, possui também atendimento ao discente,
de forma que estimula a interação da equipe, proporcionando ambiente saudável
para o desempenho do trabalho, com qualidade de vida. (CHIAVENATO, 2003),
afirma que, para que as organizações possam ser transformadas, é necessário
antes fazer o mesmo com cada pessoa que dela faz parte e para isso propõe dez
chaves mestras para a transformação em qualquer lugar e a qualquer momento:
1. Conscientização: a transformação somente tem o seu início com a clara
consciência da necessidade de mudar.
2. Envolvimento: Quando as pessoas compartilham a mesma missão,
haverá um reforço na cultura para ajudar a solidificar as transformações.
3. Segurança interior: É necessário um profundo sentimento de
permanência e de segurança.
4. Legitimação: Toda mudança envolve um certo custo pessoal e as
pessoas devem sentir que vale a pena pagá-lo.
5. Responsabilidade pelos resultados: Para conseguir isso, a organização
deve oferecer o ambiente adequado que apoio e impulso às pessoas
para que elas adquiram os conhecimentos e as habilidades necessários
para o seu sucesso e as oportunidades que lhes permitam colocar em
prática as novas habilidades e conhecimentos.
6. Enterre o velho: A aprendizagem representa o abandono dos velhos
hábitos e a incorporação de novos hábitos mais adequados.
7. Abrace o novo caminho com espírito de aventura: Os líderes centrados
em princípios criam uma visão comum e reduzem as forças limitadoras.
8. Espírito aberto: Ter em mente uma meta final e buscar uma solução
sempre melhor que a atual e partir sempre para novas alternativas e
soluções criativas. A melhoria contínua é decorrência dessa abertura
mental.
9. Sinergia: Quando a diversidade é apreciada surge lugar para a sinergia e
a sinergia reforça tremendamente as transformações.
10. Propósito transcendental: os interesses gerais devem sempre
prevalecer aos individuais e particulares. (CHIAVENATO, 2003)
Segundo Hesselbein et al. (1996, p. 47), “uma verdadeira equipe, [...], tanto define
os próprios objetivos como encontra os meios para atingi-los, integrando a
concepção das tarefas com sua execução”.
56
Subfator 8 - Gerenciamento de Projetos (Design Management) – 80%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola desenvolve seus serviços com base em
projetos planejados e gerenciados.
“Cada vez mais os projetos tendem a crescer em importância para as
organizações, e quanto mais alinhados estiverem aos negócios das empresas,
certamente, mais vantagens estas obterão na competição” (KING, 1993). O índice
obtido neste quesito 80% , mostra alto grau de maturidade para a implantação da
GQT, demonstrando uma preocupação do ITPAC- Farmácia Escola, em gerenciar os
projetos estabelecidos.
Para que o ITPAC utilize corretamente esta prática, pode-se investir no
conhecimento e implantação das técnicas necessárias para o sucesso no
Gerenciamento de Projetos, dentre as quais temos duas abordagens
conceituais/teóricas, sendo a primeira o programa OPM3 - Organization Project
Management Maturity Model (SCHLICHTER, 2001) que traz as principais
capacitações inerentes a um gerenciamento de projetos organizacional. São elas:
a) padronização e integração de métodos e processos - Esta área foi
proposta visando o estabelecimento de uma linguagem comum a ser
praticada por todos os envolvidos com gerenciamento de projetos,
que será conseguida através da padronização de conceitos, termos,
relatórios, gráficos, etc.
b) desempenho e métricas - Esta área propõe o desenvolvimento de
medidas de desempenho para os projetos, enfatizando os aspectos
do trinômio prazo / custo / qualidade.
c) comprometimento com procedimentos de gerenciamento de
projetos - Esta área propõe o estabelecimento de políticas de
gerenciamento de projetos acompanhado de metas específicas.
d) priorização de projetos e alinhamento estratégico - Esta área
caracteriza-se pela possibilidade de gerar um conjunto de projetos
que suportem as estratégias organizacionais.
57
e) melhoramento contínuo - Esta área visa garantir que as
informações das lições aprendidas sejam armazenadas e acessíveis
por equipes para minimizar e evitar as possíveis falhas em projetos.
f) estabelecimento de critérios de sucesso - Esta área busca identificar
os projetos com adequação de valor para as estratégias
organizacionais.
g) pessoas e suas competências - Esta área visa criar mecanismos
formais para avaliação de competências dos recursos das equipes de
projetos.
h) alocação pessoal - Esta área deverá interpretar as priorizações dos
projetos segundo as estratégias organizacionais para alocação
adequada de recursos.
i) aspectos organizacionais - Esta área propõe a estruturação das
equipes de projetos considerando-se as formas organizacionais
existentes.
j) equipes - Esta área envolve a formação de uma cultura baseada em
equipes de projetos, considerando-se o estabelecimento de níveis de
inovação e criatividade de trabalhos conjuntos.
A segunda abordagem, conforme Kerzner (1999): sugere que, para uma
empresa alcançar a excelência em gerenciamento de projetos, é
necessário galgar cinco níveis, semelhantes ao CMM (SEI,1997), em que
cada nível representa um grau diferente de maturidade.
O primeiro nível - linguagem comum - é o nível em que a organização reconhece a
importância do gerenciamento de projetos como metodologia útil para atingir
sucesso em projetos. Neste nível, em geral a organização sente a necessidade de
ter um bom entendimento e conhecimento básico na disciplina, com condições, ao
menos, para estabelecer uma terminologia.
58
O segundo nível - processos comuns - refere-se ao reconhecimento da organização
da necessidade de estabelecimento de processos comuns para projetos. Os
processos comuns visam repetir o sucesso obtido de um projeto para todos os
outros na organização.
O nível três - metodologia singular - é quando a organização reconhece a
possibilidade de obter sinergia dada a combinação de várias metodologias dentro de
uma única, sendo que seu eixo central é o gerenciamento de projetos.
O quarto nível - Benchmarking - é formado por processo contínuo de comparação
das práticas de gerenciamento de projetos desenvolvidas por uma organização, com
outras. O objetivo desta fase é a obtenção de informações que ajudem a
organização a melhorar seu desempenho.
Finalmente, no último nível - 5, do melhoramento contínuo - é aproveitada a
informação aprendida, advinda do nível anterior (benchmarking) para implementar as
mudanças necessárias visando o melhoramento contínuo nos processos de
gerenciamento de projetos.
Subfator 9 - Benchmarking – 66%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola avalia, mediante a um processo
estruturado, sistemático e contínuo, seus produtos e serviços, comparando-os com
os de organizações de referência, reconhecidas como desenvolvedoras das
melhores práticas do mercado (Benchmarking).
O ITPAC Farmácia Escola, como parte de uma IES investe em
conhecimento de práticas atuais de melhoria e qualidade, o que acarreta em
aprimorar suas atividades, tomando por base organizações de referência. No
entanto, se considerar as organizações locais na área farmacêutica, em que de
forma geral, encontram-se ainda em busca de melhores desenvolvimentos e padrão
de qualidade, não havendo ainda quem realmente se destaque, a utilização do
benchmarking talvez não acrescente muitas mudanças, mas deve-se considerar que
trata-se de uma ferramenta que não se limita a situações locais, mas pode ser
59
utilizada em confronto com qualquer organização que sirva de referência dentro ou
fora dos limites regionais. O índice encontrado 66% mostra maturidade para a
implantação da GQT, podendo ainda atingir um grau de maturidade maior, conforme
entendimento e utilização desta ferramenta.
Subfator 10 - Gerenciamento da Informação da Qualidade do Processo (Análise
Crítica de Processo) – 41%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola gerencia as informações referentes à
qualidade do processo, realizando (Análise Crítica de Processo)
O índice obtido 41% mostra um baixo grau de maturidade quanto ao
gerenciamento da informação da qualidade do processo na Farmácia Escola -
ITPAC, o que não favorece a implantação da GQT. “A empresa precisa estar
sensibilizada à questão da administração estratégica da informação, e da vantagem
competitiva que ela pode obter”. (LESCA; ALMEIDA, 1994). A farmácia escola,
precisa rever suas práticas de análise crítica de processo, dar real importância a
este subfator, imprescindível para o sucesso na realização de seus processos com
garantia de qualidade, se antecipando a possíveis ações corretivas que viabilizem
seus processos, e evitem prejuízos por negligência ou falta de um acompanhamento
adequado. A informação é o melhor recurso para tomada de decisão. De acordo
com o que traz (CARMO; PONTES, 1999):
[...] Um sistema de informações que contemple não somente as
informações necessárias para a administração, mas que possa diagnosticar
e controlar aspectos fundamentais para o sucesso da empresa representa
um suporte fundamental para gestão e planejamento, proporcionando
condições favoráveis para alcançar maior competitividade, eficiência e
agilidade nas tomadas de decisões gerenciais e estratégicas da
organização. A qualidade total é dependente da informação para a sua
performance. Nesse sentido, dos dados coletados, devem ser extraídas as
tendências de mercado, bem como os problemas a serem resolvidos,
seguidos de oportunidades de negócios e decisões estratégicas que
proporcionem melhorias para a empresa.
(CARMO; PONTES, 1999)
A informação é fator de grande importância nas organizações e construí-las
com nível de qualidade atingindo aspectos de confiabilidade, segurança, em tempo
hábil requer investimento e muitas das vezes muito trabalho. O ITPAC Farmácia
Escola, pode aumentar esse índice, contemplando todo o processo de informação
que utiliza, visto que a falta da informação de qualidade, pode afetar diretamente os
60
resultados de seus processos e, numa causa e efeito, as falhas nos processos
também afeta a qualidade da informação que utiliza. Controlar a informação pode
favorecer a tomada de decisões mais acertivas.
Subfator 11 - Sistema de Gerenciamento da Qualidade Global - 40%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola mantém um Sistema de Gerenciamento da
Qualidade, formalmente estabelecido e documentado, que visa garantir que seus
produtos e serviços atendam aos requisitos regulamentares aplicáveis e aos
requisitos estabelecidos pelos clientes, buscando sua satisfação e a melhoria
contínua.
Este foi o menor índice 40% de resultado encontrado nesta pesquisa
realizada, mostrando baixo grau de maturidade, para a implantação da Gestão da
Qualidade Total, dentre as possíveis causas, pode-se atribuir à região, que talvez
pelo número muito reduzido de indústrias, que normalmente é quem adota sistema
de Gerenciamento da Qualidade Global, não tem base de referência e até mesmo
ignore sua importância. “As empresas deveriam, estar bastante atentas ao modo
como suas atividades são coordenadas e à eficácia dos fluxos de informação
através dos quais se realizam as interdependências organizacionais”(LESCA;
ALMEIDA, 1994), que traz também em seu artigo dois aspectos importantes que
devem ser verificados a fim de evitar desempenho global medíocre:
[...] O desempenho global de uma empresa é imposto pelo seu elo mais
frágil. As empresas deveriam identificar suas ligações mais frágeis ao invés
de intensificar investimento em pontos onde elas já são bastante eficazes.
O desempenho de uma empresa é condicionado pela qualidade das
ligações e relações entre as unidades que a constituem. Cada unidade,
cada elo da cadeia produtiva de valor adicionado pode ter isoladamente
excelente desempenho, mas as relações e a coordenação entre estas
unidades podem ser tão ineficientes que a empresa é percebida pelos seus
clientes como uma empresa de baixo desempenho, especialmente no que
diz respeito à qualidade dos serviços prestados ao cliente.(LESCA;
ALMEIDA, 1994)
Uma IES, semelhante a uma indústria, tende a ter unidades interdependentes
que no fim formam um conjunto na obtenção de resultados, sendo importante
possuir o sistema de gerenciamento global, visto que qualquer falha ou resultado
negativo é precitadamente atribuído a IES como um todo. A farmácia escola, que
atende e assiste o os alunos do curso oferecido pela instituição, mas mantém
61
uma relação direta com clientes externos, deve dar importância a este subfator
necessário à implantação da GQT, estabelecer uma metodologia que garanta
qualidade em seu desempenho, se precavendo de situações que possam por a
perder muitos de seus processos, considerando que segue normas e regulamentos
específicos relacionados a sua atividade, tanto com produtos e mercadorias, quanto
os serviços oferecidos.
Subfator 12 - Controle Estatístico de Processo – 58%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola emprega ferramentas com base estatística
para realização do controle da qualidade dos processos (Controle Estatístico de
Processo-CEP)
Embora o índice obtido de 58%, mostra ainda baixo grau de maturidade, para
a implantação da GQT, o ITPAC como IES tem começado a investir em controles
estatísticos de processo, o que tão logo deva se estender a farmácia escola,
podendo aumentar a maturidade neste quesito, que através das estatísticas é
possível definir padrões, monitorar o desempenho, avaliar o desempenho e acionar
ações corretivas assegurando a qualidade no desenvolvimento de suas atividades.
Deve-se dar a importância devida ao controle e estabelecer formas adequadas para
obtenção das estatísticas, mantendo a qualidade das informações obtidas.
(CHIAVENATTO 2000.b) define controle como: Função Administrativa que tem
como objetivo assegurar que os resultados do que foi planejado, organizado e
dirigido sejam alcançados. A essência do controle estatístico do processo é a
comparação dos resultados obtidos com os resultados planejados. Através desta
comparação, eventuais medidas corretivas são tomadas, visando assegurar o
desempenho desejado.
Subfator 13 - Solução de Problemas – 49%
O ITPAC com relação a Farmácia Escola possui uma metodologia formal voltada a
identificação e solução de problemas que inclui a medição e monitoramento dos
resultados obtidos, a análise das informações levantadas, a determinação das
62
causas de não-conformidades e a realização de ações preventivas e corretivas
sempre que necessário
O índice encontrado neste quesito mostra baixo grau de maturidade 49%, o
que dificulta a implantação da gestão da qualidade total, sendo o resultado obtido
até coerente com os baixos índices também encontrados nos quesitos de análise
crítica dos processos, gerenciamento da qualidade global e controle estatístico do
processo, subfatores que podem estar diretamente ligados, a solução de problemas.
Chiavenatto (2000b) afirma que o administrador lida com problemas, e define
problema como uma discrepância entre o que é, (a realidade), e o que poderia ou
deveria ser (valores, metas, objetivos). Segundo o autor, a organização defronta-se
com uma variedade de problemas, em diferentes graus de complexidade, que
podem ser classificados em estruturados e não estruturados.
Problema estruturado é aquele que pode ser perfeitamente definido, pois
suas principais variáveis como estados da natureza, ações e conseqüências
são conhecidas.
Problema não estruturado é aquele que não pode ser claramente definido,
pois uma ou mais de suas variáveis, são desconhecidas e não podem ser
determinadas com algum grau de confiança.
Maximiamo (2000) afirma que a maior parte das situações enfrentadas pelos
administradores não são estruturadas. São situações imprevistas, que não
necessitam de diagnóstico e que exigem dos mesmos, primeiro a decisão de decidir
ou não. Além disto, o administrador não lida com uma decisão de cada vez. Com
uma grande freqüência, os inúmeros problemas surgem e ele precisa decidir várias
vezes em curtos períodos. A ambigüidade, fator inerente às decisões
administrativas, é a situação onde o administrador possui poucas informações para
lidar com os problemas organizacionais. BAKER et al. (1998) apresentam como
características de problemas não estruturados:
Variáveis essenciais que podem ser simbólicas ou verbais;
Problemas não rotineiros e improgramáveis, com retorno demorado ou
informação incompleta;
63
Objetivos e resultados que podem ser ambíguos ou conflitantes;
Dificuldade para entender o efeito das mudanças nos resultados das
decisões, e para predizer os efeitos das ações;
Incerteza sobre quais ações afetam os resultados;
Decisores, frequentemente, usando métodos imperfeitos, informais ou
subjetivos para processar conhecimentos incompletos e imprecisos.
Solução de problemas é necessário a qualquer organização, independente de suas
características. É importante que a Farmácia Escola, busque maior índice de
maturidade neste quesito e aprimore suas práticas para contornar situações
adversas, que interfiram na obtenção de qualidade.
Fator 2 – Resultados da Gestão Administrativa quanto à qualidade
Os resultados obtidos com a aplicação e tabulação dos questionários
respondidos, são demonstrados na FIGURA 2 para visão geral da maturidade de
cada subfator do resultado da gestão administrativa quanto à qualidade, descritos
nos 5 (cinco) últimos itens do questionário aplicado, que em seguida são analisados
item a item conforme o índice de maturidade encontrado.
FIGURA 2 – Resultados obtidos dos subfatores de F2 – Resultados da gestão administrativa quanto à
qualidade, pesquisa aplicada no ITPAC – Farmácia Escola, Araguaína – TO 2009
.
64
Subfator 14 - Qualidade dos produtos e serviços - 70%
A Gestão Administrativa do ITPAC com relação a Farmácia Escola, no quesito
qualidade tem proporcionado a melhoria na qualidade final dos produtos e serviços,
sendo responsável pelo reconhecimento alcançado, pela contribuição que eles
trazem e pelo aumento da confiabilidade nos produtos e serviços, expresso pelos
clientes.
O índice encontrado neste subfator traz bom grau de maturidade 70% para a
implantação da GQT. A qualidade do produto, na verdade da mercadoria revendida
pela Farmácia Escola, depende do processo de aquisição, armazenamento e
distribuição. a qualidade dos serviços, depende principalmente de
comprometimento individual, e treinamento que condicione o padrão de qualidade.
Sampaio et. al. (2004) traz sobre esse assunto a abordagem dos autores norte-
americanos Parasuraman, Berry & Zeitham (1988), os usuários avaliam a qualidade
do serviço comparando o que desejam/esperam receber com o que, efetivamente, é
obtido. E criaram escala intitulada SERVQUAL, com o intuito de analisar qualitativa e
quantitativamente o grau de satisfação do usuário com a prestação de serviços
oferecida. O resultado foi um conjunto de dimensões apontadas como fundamentais
na qualidade dos serviços: confiabilidade/credibilidade, receptividade, segurança,
empatia e tangibilidade. As dimensões definidas no modelo SERVQUAL foram
detalhadas por Cook, Heath & Thompson (2000):
Tangibilidade (tangibles): facilidades e aparência física das
instalações, equipamentos, pessoal e material de comunicação.
Confiabilidade/Credibilidade (reliability): habilidade em prestar o
serviço prometido com confiança e precisão.
Receptividade (responsiveness): disposição para ajudar o usuário
e fornecer um serviço com rapidez de resposta e presteza.
Garantia (assurance): conhecimento e cortesia do funcionário e
sua habilidade em transmitir segurança.
Empatia (empathy): cuidado em oferecer atenção individualizada
aos usuários.
65
O SERVQUAL representou ruptura nos processos de avaliação de serviços e
tornou-se um dos modelos mais utilizados, nas diversas áreas do conhecimento.
Inaugurou-se, assim, nova etapa dos sistemas de avaliação, graças à flexibilidade
para o refinamento do instrumento inicial que a metodologia permite (SAMPAIO et.
al. 2004)
A Farmácia Escola ITPAC mostra preocupação com a qualidade de seus
produtos e serviços oferecidos, cujas práticas adotadas de organização, limpeza,
sinalização, diversificação e assistência dentre outras, é possível verificar que as
ações estão voltadas a busca pela qualidade, que tende ao sucesso, no entanto,
devem ser criadas técnicas que garantam a manutenção da qualidade neste quesito
e proporcione melhoria contínua.
Subfator 15 - Qualidade do Processo – 63%
A Gestão Administrativa em qualidade tem contribuído significativamente para
a melhoria da qualidade dos processos, sendo responsável pelo aumento na sua
produtividade, pela eliminação do retrabalho e redução do quantitativo de produtos
e serviços não conformes.
O índice aqui obtido 63% traz grau de maturidade que favorece a implantação
da gestão da qualidade total. O ITPAC Farmácia Escola traz em suas atividades,
diversos processos obrigatórios que, pela condição de farmácia, assim como, a
indústria farmacêutica, é regulamentada por legislação própria, caracterizando-se
por um mercado muito peculiar, em razão de seus produtos e serviços, cuja
segurança de uso afeta diretamente os consumidores, em face da influência direta
na saúde e na qualidade de vida dos mesmos. É fundamental que existam os
processos necessários e que estes cumpram as exigências e normas pré-
estabelecidas. No entanto, convém analisar e avaliar continuamente a qualidade de
seus processos, evitando falhas, retrabalhos e custos desnecessários, bem como a
busca de melhorias contínuas.
66
Subfator 16 - Desempenho no Desenvolvimento de produtos e serviços – 67%
A Gestão Administrativa em qualidade tem melhorado o desempenho no
desenvolvimento de serviços, tornando-o mais rápido e menos complexo.
Ao adentrar em farmácia é comum que o cliente já esteja com pressa, quer
pela necessidade imediata do medicamento, ou para adquirir um medicamento
controlado que está acostumado a comprar, ou mesmo saindo de viagem em que
pretende levar medicamentos por precaução, seja qual for o motivo, a própria
expressão “passar na farmácia” incita a expectativa de rapidez no atendimento,
considerando ainda que comprar em farmácia costuma ser tarefa muito objetiva. O
índice obtido 67% mostra grau de maturidade que favorece a implantação da GQT.
É importante que a Farmácia Escola ITPAC use técnicas que favoreçam o
desempenho no desenvolvimento mais especificamente de seus serviços, que
seus produtos são mercadorias para revenda, mantendo-os com rapidez, atendendo
a expectativa do cliente e buscando se destacar no mercado, sem deixar que esta
rapidez de atendimento interfira na qualidade de atenção e orientação dada ao
cliente.
Subfator 17 - Satisfação do Cliente – 53%
A Gestão Administrativa em qualidade vem melhorando a satisfação do cliente,
sendo responsável pela redução do número de reclamações de clientes e pelo
aumento da confiança nos serviços disponibilizados pela Farmácia Escola - ITPAC.
O índice encontrado 53% mostra baixo grau de maturidade neste quesito, que
pode ser justificado pela ausência de investimento em pesquisas de satisfação do
cliente na Farmácia Escola – ITPAC. Rosse e Slongo (1998) evidencia a importância
da pesquisa de SC:
[...] As informações sobre os níveis de satisfação dos clientes constituem
uma das maiores prioridades de gestão nas empresas comprometidas com
qualidade de seus produtos e serviços e, por conseguinte, com os
resultados alcançados junto a seus clientes. Intimamente ligada aos
processos de qualidade, que fortalecem a competitividade das empresas, a
pesquisa sobre a satisfação de clientes insere-se entre os pré-requisitos
que sustentam ações eficazes de marketing. O estreito relacionamento
67
entre marketing e qualidade evidencia-se a partir dos próprios conceitos de
qualidade total. Kaoru Ishikawa, um dos autores pioneiros na área da
qualidade total, popularizou a máxima de que "o marketing é a porta de
entrada e de saída da qualidade"
(ROSSE ;SLONGO 1998)
O ITPAC Farmácia Escola, deve atentar para a satisfação do cliente SC sendo
este, o subfator de maior grau de importância, para a implantação da GQT. Existem
formas simples e eficazes de medir a SC, a Farmácia Escola como parte de uma IES
pode ainda recorrer e estimular a pesquisa em parceria com o curso de
administração através dos próprios alunos que podem utilizar das ferramentas úteis
e eficazes para medir a SC, bem como oferecer sugestões para solucionar
reclamações e aumentar a confiança dos clientes da farmácia escola.
Subfator 18 - Desempenho da Organização – 74%
A Gestão Administrativa em qualidade vem melhorando o desempenho das
atividades proporcionando melhoria no retorno do investimento e aumento na
participação do mercado.
O índice encontrado com grau de maturidade de 74%, favorece a implantação
da GQT, no entanto ainda pode ser melhor. Embora alto de grau de maturidade em
desempenho da organização, nota-se na Farmácia Escola certa estagnação ou
desperdício de oportunidade, mesmo considerando que recentemente foi renovada a
gerência administrativa da farmácia com expectativas de melhoria e crescimento. A
Farmácia Escola com relação ao mercado possui como primeiro diferencial, o fato de
ser supervisionada e dirigida por uma IES, o que traz credibilidade e facilidade de
recursos que garantam suas atividades e a implantação de melhoria contínua, no
entanto, um falso conceito da população quanto a esta credibilidade, pelo fato de
considerar que aquilo que serve de escola, (clínica odontológica, centro de
condutores de veículos, curso para cabeleireiro etc.) por ser conduzido por aprendiz,
oferece riscos quanto ao resultado esperado. Para quebrar esse paradigma a
Farmácia Escola deve divulgar a qualidade de seus produtos e serviços, bem como
a credibilidade de ser assistida por profissionais experientes, e que o aprendizado do
aluno não interfere na qualidade e no resultado esperado.
A Farmácia Escola precisa de melhor divulgação de seus produtos e serviços,
bem como, seu padrão de qualidade, explorando o mercado de oportunidades que a
68
rodeia. É interessante que a Farmácia Escola, cresça a cada período, tomando
espaço e servindo de referencia de qualidade.
Quantos alunos consomem medicamentos diariamente, até mesmo durante as
aulas, tendo melhor divulgação na sala de aula, murais e corredores, com acesso
rápido ao telefone da farmácia escola, os alunos poderiam ser prontamente
atendidos com serviço de entrega vindo da própria farmácia, também professores e
colaboradores da IES, e para que esses mesmos façam uma visita à farmácia, pode
ser anunciado esporadicamente serviços exclusivos, nos diversos produtos que
oferece. A entrega se limitaria somente à localização da IES.
A Farmácia Escola do ITPAC, possui localização na IES que desfavorece as
suas vendas a quem passa por ali diariamente, pois encontra-se, mais ao fundo da
IES e o cliente muitas vezes nem lembra da sua existência sendo que está tão
próxima, preferindo ao sair da aula, parar na primeira farmácia que encontrar no
caminho de sua rota, ou ligar para farmácias que fazem serviços de entrega. O que
confirma que a Farmácia Escola ITPAC desperdiça espaço que pode ocupar no
mercado. Outros diferenciais, é que a Farmácia Escola pode elaborar e distribuir
materiais como: o que é sugerido ter de medicamentos em casa, por qual período,
manual de cuidados com medicamentos (armazenamento, temperatura, validade,
naturais etc), explorando sua capacidade como IES e divulgando seu nome e
credibilidade.
Grau geral de maturidade obtido
Após tabulação dos questionários devolvidos, os índices gerais de maturidade
encontrados na pesquisa realizada nos fatores 1 Implementação do SGQT e 2
Resultados da Gestão Administrativa quanto à qualidade, com todos os seus
subfatores, demonstrados na FIGURA 3 mostra que o ITPAC Farmácia Escola
possui grau de maturidade favorável a implantação da Gestão da Qualidade Total.
69
FIGURA 3 – índice geral de maturidade para implantação de GQT, na pesquisa realizada no ITPAC –
Farmácia Escola – Araguaína –TO 2009.
Antes de afirmar a proposta de implantar o SGQT no ITPAC Farmácia
Escola é importante atentar para questões problemáticas da GQT. Wood JR, (2004)
traz algumas das dificuldades encontradas na implantação da GQT bem como forma
de solucioná-las, dadas por gurus da qualidade, demonstrados no QUADRO 7.
Segundo Juran, e no QUADRO 8 a abordagem de Wilson e Harari (1992).
QUADRO 7 desvantagens naturais da aplicação do TQM e alguns mecanismos
para minimizar essas restrições. Juran 1983
DESVANTAGENS DA TQM
ALGUNS MECANISMOS PARA MINIMIZAR
ESSAS RESTRIÇÕES
Gera aumento de trabalho da administração
superior (o que para muita gente é uma
imensa vantagem);
Os processos de trabalho em grupo criaram
novas divisões das atividades relativas à
Gestão da Qualidade, que pulverizam a
carga de trabalho sem sobrecarregar
ninguém;
Determina a possibilidade de gerar conflitos
nos vários níveis organizacionais;
A existência de conflitos entre veis tem
sido atribuída à existência de conflitos entre
objetivos. Os processos de gestão baseados
em políticas gerais da qualidade unificam
objetivos e, por isso, minimizam conflitos.
Esse mesmo procedimento tem sido
desenvolvido para adequar os objetivos dos
setores aos objetivos da organização, de
uma forma a se garantir, primeiro, a
otimização de todo o sistema; depois pode-
se obter a otimização das partes;
70
CONTINUAÇÃO DO QUADRO 7 desvantagens naturais da aplicação do TQM e
alguns mecanismos para minimizar essas restrições. Juran 1983
Não garante resultados imediatos e Utiliza
uma abordagem que, se otimiza a ão de
setores da empresa, não otimiza o
funcionamento da empresa em sua
totalidade.
Muitos mecanismos de Gestão da Qualidade
têm investido na direção de resultados
divididos em curto, médio e longo prazo. Os
resultados de médio e longo prazo servem
de orientação geral para o processo de
gestão, já os resultados de curto prazo
envolvem situações de alta viabilidade e
imediato retorno e o considerados vitais
para o sucesso do programa da qualidade
por seu conteúdo motivador.
Wilson e Harari também alertam para os erros e problemas mais comuns
enfrentados em aplicações de TQM. Uma síntese apresentada no QUADRO 8:
QUADRO 8 – TQM Problemas de aplicação. Wilson e Harari (1992)
Criação de uma burocracia interna paralela;
Foco na imagem, não em fatos e resultados;
Drenar espírito empreendedor e inovador e implantar rotinas e procedimentos;
Falta de apoio da alta gerência;
Baixo grau de comprometimento nos diversos níveis hierárquicos;
Foco nos processos internos – conhecidos e visíveis – e não nos mais críticos;
Dispersão de energias e dificuldades de separar meios e fins;
Foco em padrões mínimos, já existentes;
Não alinhamento com os objetivos estratégicos;
Interferências do ambiente;
Efeito esponja – atração de todo tipo de problema;
Conflitos de interesse de poder; formação de grupos de evangelistas e céticos;
Benefícios intangíveis e/ ou desproporcionais ao esforço;
Dificuldade em manter momentum da mudança.
Observa-se que as críticas dividem-se em dois blocos: o primeiro refere-se a
problemas de implantação que ocorrem na prática quando a introdução dos
programas de TQM não segue o receituário e princípios adequados, o segundo
refere-se a problemas mais crônicos, de concepção e características intrínsecas do
71
TQM. Para essas dificuldades, Jacob, Juran e Erickson propõem algumas soluções,
sintetizadas no QUADRO 9:
QUADRO 9 TQM algumas soluções para problemas de aplicação Jacob (1993) e
Erickson (1992).
Participação efetiva do presidente;
Foco no consumidor para evitar confusão entre meios e fins;
Ligação dos objetivos do TQM com os objetivos estratégicos da empresa, definidos de forma
clara e bem divulgados;
Uso intensivo de benchmarketing – comparação com os melhores;
Entendimento e atendimento das necessidades dos diversos stakeholders atores
organizacionais;
Atenção prioritária aos processos críticos, que geram maiores impactos;
Ligação do sistema de recompensa aos objetivos organizacionais e do programa de TQM.
O ITPAC FARMÁCIA ESCOLA, dado o grau de maturidade encontrado tem
chances de sucesso na implantação da GQT e pode ainda se preparar para
enfrentar cada uma destas possíveis dificuldades na utilização da GQT, garantindo a
manutenção da qualidade e crescimento.
72
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Conclui-se que a Gestão da Qualidade Total embora complexa pela
multiplicidade de itens que possui e pela característica de não atingir resultados
imediatos e sim de médio a longo prazo, constitui-se mecanismo capaz de garantir
elementos essenciais ao sucesso de uma organização como: competência,
profissionalismo, produtividade, retorno financeiro e inovação, além de permitir que a
organização cresça, se modernize atingindo maior competitividade e satisfação de
seus clientes, fatores estes que fazem da Gestão da Qualidade Total uma questão
importante para verificação de sua implantação e utilização nas organizações que
procuram estar a frente em melhoria e qualidade.
Quanto à aplicação da pesquisa, ter sido realizada no ITPAC Farmácia
Escola, mostrou-se válida, por fazer parte de uma Instituição de Ensino Superior que
traz em suas atividades muitos benefícios, que atendem não só a classe acadêmica,
mas também a comunidade que a envolve (clientes, funcionários da IES, moradores
visinhos), onde a Farmácia Escola exerce um papel importante considerando
aspectos de ensino aos acadêmicos, cumprimento de exigências e normas
estabelecidas, servindo de modelo, preços que atendem um número maior de
consumidores, e traz ainda retorno financeiro por se tratar de comércio, dada
relevância e impacto, a Farmácia Escola pode ser um campo de melhoria em
oferecer qualidade total em seus produtos e serviços, desta forma por não possuir
ainda nenhum SGQ.
Conclui-se que a verificação da maturidade organizacional para implantação
de GQT em farmácia escola é relevante e vem a contribuir através das análises dos
resultados obtidos que a Farmácia Escola tem muito a explorar no mercado em que
se encontra, e que ao possuir um sistema de Gestão da Qualidade Total, pode
garantir a melhoria contínua e a qualidade de seus produtos e serviços oferecidos
bem como no desenvolvimento de suas atividades, podendo ser referência no
município e região em que se encontra. A metodologia utilizada TRI Teoria da
Resposta ao Item mostrou-se capaz de medir o grau de maturidade para
implantação de um SGQT, sendo ferramenta útil as pesquisas que abordem este
tipo de análise. Recomenda-se para pesquisas futuras, na mesma instituição, nova
73
aplicação da pesquisa em serviços e benefícios que oferece a acadêmicos e
comunidade:
Clínica Odontológica;
Núcleo de práticas jurídicas;
Laboratórios;
setor Financeiro;
e até a IES como um todo.
74
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29/07/2008.
79
APÊNDICE A - Teoria da resposta ao item
INTRODUÇÃO
No contexto teórico da Psicometria, era inevitável que alguma teoria
alternativa à teoria clássica dos testes (TCT) surgisse para resolver alguns graves
problemas da medida em Psicologia, sendo um dos problemas segundo Thurstone
(1928/1959, p. 547):
[...] Um instrumento de medida, na sua função de medir, não pode ser
seriamente afetado pelo objeto de medida. Na extensão em que sua função
de medir for assim afetada, a validade do instrumento é prejudicada ou
limitada. Se um metro mede diferentemente pelo fato de estar medindo um
tapete, uma pintura ou um pedaço de papel, então nesta mesma extensão a
confiança neste metro é prejudicada. Dentro dos limites de objetos para os
quais o instrumento de medida foi produzido, sua função deve ser
independente da medida do objeto. (THURSTONE, 1928/1959,p.547)
Embora Thurstone tenha percebido aguçadamente este problema da medida
em Psicologia, ele não conseguiu encontrar uma solução para o mesmo. Foi
somente após os anos 50 que os psicometristas começaram a descobrir a solução
do problema. Baseados na teoria do traço latente de Lazersfeld (1959) e nos
trabalhos de Lord (1952) e do dinamarquês Rasch (1960), os quais se tornaram as
bases da moderna Teoria da Resposta ao Item – TRI (Item Response Theory – IRT).
Inclusive conhecida como a Teoria do Traço Latente, esboçada por Lord em 1952 e
finalmente axiomatizada por Birnbaum em 1968 e por Lord em 1980.
Embora o problema tenha sido levantado por Thurstone nos anos 30 e a
resposta dada nos anos 60, a solução dada ao problema da independência do
instrumento de medida em relação ao objeto de medida que a Teoria da Resposta
ao Item propôs apresentava algoritmos matemáticos de tal complexidade que a
tecnologia computacional na época era incapaz de resolvê-los de uma maneira útil e
prática. Somente nos anos 80 com o avanço da Tecnologia da informática
(microcomputadores) e disponibilidade de softwares apropriados, este problema foi
solucionado e a TRI passou a ser mais utilizada.
Os modelos elaborados por Lord se aplicavam a testes onde as respostas são
dicotômicas, isto é, certo e errado, ou seja, testes de aptidão. Mais tarde, Samejima
80
(1969, 1972) elaborou modelos para tratar respostas politômicas e mesmo para
dados contínuos, como é caso em testes de personalidade. Outro passo importante
foi de Birnbaum (1957) que substitui as curvas de ogiva por curvas logísticas, isto é,
baseadas em logaritmos, tornando o tratamento matemático dos dados bem mais
fácil, contribuindo para a tecnologia dos anos 80 a desenvolver softwares
apropriados para tais cálculos.
A Teoria da Resposta ao Item é uma teoria do traço latente aplicada
primariamente a testes de habilidade ou de desempenho. O termo teoria do traço
latente, se refere a uma família de modelos matemáticos que relaciona variáveis
observáveis (itens de um teste por exemplo) e traços hipotéticos não observáveis ou
aptidões. vários modelos matemáticos propostos na TRI, que envolvem
basicamente a determinação dos níveis de dificuldade, discriminação dos itens e a
resposta de acerto ao acaso, que se diferenciam em termos do número de
parâmetros que avaliam, constituindo modelos logísticos de um, dois ou três
parâmetros.
Os processos avaliativos educacionais, cuja finalidade é obter resultados
classificatórios podem vir a ser, por meio da TRI, compreendidos mais em termos
qualitativos, do que, como o são tradicionalmente contextualizados, em termos
quantitativos, mesmo porque, o reflexo de tais análises deve ser entendido como a
estimação de parâmetros de investigação. E não pura e simplesmente como uma
escala, como se pudéssemos fragmentar o respondente em partes iguais de zero a
dez, por exemplo.
DA APLICAÇÃO DA TRI
AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
O Ministério da Educação (MEC), por meio do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), implementou o Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (Saeb), em 1990, que foi uma das primeiras
iniciativas, na América Latina, para se conhecer os problemas e as deficiências do
81
sistema educacional. Seu principal objetivo é orientar as políticas governamentais de
melhoria da qualidade do ensino e, a partir de 1995, adquiriu um papel central e
estratégico no monitoramento do sistema educacional ao oferecer informações para
subsidiar o aperfeiçoamento de programas e projetos, em desenvolvimento, e a
adoção de novas intervenções para a promoção de maior eqüidade e efetividade
dos sistemas de ensino. Passou, então, a ser o termômetro da qualidade do
aprendizado nacional, comparando o desenvolvimento de habilidades e
competências básicas entre anos e entre as séries escolares investigadas, e
séries do ensino fundamental e 3ª série do ensino médio.
Os testes do Saeb contêm 169 itens para cada uma das ries e disciplinas
avaliadas a fim de medir as habilidades previstas nas Matrizes de Referência. Para
permitir a aplicação dessa grande quantidade de itens, é utilizado o delineamento
denominado “Blocos Incompletos Balanceados” (Balanced Incomplete Block) – BIB.
O resultado de uma prova de aplicação ampla, como a utilizada pelo Saeb, está
diretamente relacionado à qualidade dos itens que a compõem. É imprescindível
contar com itens elaborados com o máximo rigor metodológico, para se obter uma
prova de alta qualidade técnica e fazer inferências válidas sobre o desempenho dos
alunos.
Os resultados são analisados utilizando-se a TRI, que permite a comparação
e a colocação dos mesmos em uma escala única de desempenho. Com isso é
possível avaliar o nível médio de desempenho dos alunos nas áreas selecionadas,
ainda que estes tenham respondido a diferentes conjuntos de itens.
A Teoria da Resposta ao Item não é aplicada somente no campo educacional,
ela tem despertado interesse de aplicação em diversas outras áreas.
EM OUTRAS ÁREAS
Gestão pela Qualidade Alexandre, J.W.C., Andrade,D.F., Vasconcelos,A.P. e
Araújo, A.M.S.(2002). Uma proposta de análise de um construto para a medição dos
fatores críticos da gestão pela qualidade através da teoria da resposta ao item.
Gestão & Produção, v.9, n.2, p.129-141. Serviços/Marketing Costa, M.B.F. (2001).
Técnica derivada da teoria da resposta ao item aplicada ao setor de serviços.
Dissertação de Mestrado PPGMUE/UFPR Bortolotti, S.L.V. (2003). Aplicação de
um modelo de desdobramento da teoria da resposta ao item TRI. Dissertação de
82
Mestrado. EPS/UFSC Bayley, S. (2001). Measuring customer satisfaction.
Evaluation Journal of Australasia, v. 1, no. 1, 8-16. Médica – Mesbah, M., Cole, B.F.,
Lee, T.M. Eds. (2002). Statistical Methods for Quality of Life Studies. Dordrecht:
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and white children. Journal of Social Service Research, v. 23, no. ¾, 93-107.
Biologia/Genética Tavares, H.R., Andrade, D.F. and Pereira, C.A.B. (2004).
Detection of determinant genes and diagnostic via item response theory. (aceito para
publicação em Genetics and Molecular Biology).
DEFINIÇÃO E MODELOS
A TRI, assim, constitui-se, em um instrumento poderoso de análise e
interpretação, que ao propor modelos para os traços latentes (características que o
respondente traz com ele, e que não podem ser observadas diretamente), realiza
observações de variáveis secundárias, relacionadas a estes.
Temos um estímulo (item) que é apresentado ao sujeito e este responde a
ele. A resposta que o sujeito ao item depende do nível que o sujeito tem no traço
latente ou aptidão. Desta forma, o traço latente é a causa e as resposta ao sujeito é
o efeito. Para poder estimar, a partir da resposta dada pelo sujeito, o seu nível no
traço latente, é preciso que se hipotetizem relações entre as respostas observadas
do sujeito e o seu nível no traço latente.
O fundamental da teoria do traço latente consiste em expressar numa rmula
matemática a relação existente entre variáveis observadas e variáveis hipotéticas,
chamadas estas de traços latentes. Assim se conhecemos as características das
variáveis observadas (como os itens de um teste) estas se tornam constantes na
equação e esta se torna solucionável, permitindo que se estime então o nível do
traço latente ou a aptidão do sujeito e vice-versa, isto é, se for conhecido o nível do
traço latente é possível serem estimadas as características dos itens respondidos
por este sujeito.
83
A TRI propõe modelos de variáveis latentes para representar a relação entre a
probabilidade de um respondente apresentar determinada resposta a um item e
seus traços latentes ou proficiências na área do conhecimento avaliada, permitir,
inclusive, a construção de escalas de proficiências calibradas, ou seja, permite
analisar as iterações entre os respondentes e os itens.
Quanto maior a proficiência, maior a probabilidade do avaliado acertar o item.
Ela formaliza a relação entre os elementos essenciais da situação na qual uma
pessoa responde a um problema. Nessa situação, quanto maior a habilidade da
pessoa na modalidade requerida pelo problema, maior será a probabilidade que ela
responda corretamente. Por outro lado, sendo a habilidade constante, quanto maior
for a dificuldade do problema, menor será a probabilidade de que ela o acerte. Em
outras palavras, se o sujeito acertou o item i é porque sua habilidade θ excedeu à
dificuldade b
i
do item i. Reversamente, se errou, é porque sua habilidade θ foi
inferior à dificuldade b
i
do item i. A estimação da habilidade θ é feita considerando a
probabilidade Pi(θ), acerto ou erro, e a dificuldade b
i
do item i, e encontrando o valor
da habilidade θ que equilibre essa relação.
Para tanto a TRI tem utilizado duas funções matemáticas para caracterizar os
parâmetros métricos dos itens componentes de um teste: a função logística e a
função distribuição da normal padronizada (HAMBLETON, SWAMINATHAN E
ROGERS, 1991) também conhecida como ogiva Gaussiana. Ambas variam de 0 a 1
e nessa escala situa-se a probabilidade de um examinado acertar a um item
específico. De modo que os modelos usados pela TRI procuram se adequar a essas
funções. Cada item tem a sua Curva Característica de Informação (CCI) que segue
um modelo baseado em uma daquelas funções. As CCI’s descrevem os resultados
para um item em termos das avaliações dos parâmetros dos itens. Ela tem a forma
de “S” (função do tipo sigmóide), cuja inclinação e deslocamento na escala de
proficiência é definida pelos parâmetros do item, demonstrados na FIGURA 4.
Sigmóide é um tipo de função do modelo logístico, indicada para modelar dados do
tipo dicotômico.
84
Figura 4 – Curva Característica de um Item baseado no ML3,
com a =1.2, b=0.6 e c=0.15 Fonte: Hambleton, Swaminathan e Rogers (1991)
As informações contidas nas CCI’s a respeito dos parâmetros métricos dos
itens dependem do modelo teórico escolhido. Rasch, em 1960, propõe o modelo
denominado “Modelo Logístico de um Parâmetro”. Este modelo contém o
pressuposto de que a probabilidade de acerto de um item é influenciada apenas pelo
grau de dificuldade do item. O parâmetro grau de dificuldade costuma ser
representado por b.
Um segundo modelo, denominado “Modelo Logístico de dois Parâmetros” , foi
formulado por A. Birnbaum em 1968. Neste modelo, a probabilidade de acerto de um
item é influenciada pelo grau de dificuldade b e pelo grau de discriminação a.
O terceiro modelo desenvolvido, foi denominado “Modelo Logístico de Três
Parâmetros”, foi construído a partir dos trabalhos de A. Birnbaum e assume-se que a
probabilidade de acerto de um item é influenciada pela sua dificuldade,
discriminação e probabilidade de acerto ao acaso. Conseqüentemente têm-se três
parâmetros: a, b e c, sendo c a probabilidade de acerto ao acaso.
Modelo Logístico de Um Parâmetro (ML1)
O modelo mais simples foi proposto por G. Rasch em 1960. Recebeu o nome
de modelo logístico de um parâmetro e contém o pressuposto de que a
probabilidade de acerto de um item é influenciada pela sua dificuldade.
85
Este modelo é definido pela expressão:
Pi(θ) =
)(
)(
exp1
exp
ij
ij
bD
bD
+
θ
θ
Simplificando, temos:
Pi(θ) =
)(1
exp1
1
ij
b
+
θ
Onde:
Pi(θ): chamada de função resposta do item é a probabilidade de um respondente
com habilidade θ acertar o item;
θ
j
: nível de habilidade (conhecimento) do respondente j;
b
i
: é o parâmetro que representa a dificuldade do item i, medido na mesma escala da
habilidade.
Pode-se observar na FIGURA 5 que quando a probabilidade de resolver o
item 2 (último a direita) é fixada em 0,5 (valor do eixo vertical da figura), tem-se em
correspondência uma proficiência / habilidade θ = 2 (valor do eixo horizontal da
figura). Mas, se o item considerado é o 1 (penúltimo a direita) a proficiência /
habilidade necessária ao acerto diminui para θ = 1, quando se considera a mesma
chance de 0,5. Assim, deslocando os itens para a esquerda a proficiência /
habilidade necessária diminui até θ = -1. Geralmente este valor 0,5 é identificado
como o grau de dificuldade limitativo b.
eq. 1
eq. 2
86
Figura 5 – Curvas Características de 4 Itens Típicos do ML1
Fonte: Hambleton, Swaminathan e Rogers (1991)
O Modelo Logístico de Um Parâmetro será o modelo que utilizaremos nesta
pesquisa.
Modelo Logístico de Dois Parâmetros (ML2)
O modelo logístico de dois parâmetros foi formulado por volta de 1968 por A.
Birnbaum. Neste modelo, a probabilidade de acerto de um item é influenciada pela
sua dificuldade e discriminação.
A equação utilizada para avaliar a probabilidade de um examinado j com
proficiência θ
j
responder corretamente ao i-ésimo item de um teste é dada por
Hambleton, Swaminathan e Rogers (1991).
Pi(θ) =
)(
)(
exp1
exp
iji
iji
bDa
bDa
+
θ
θ
eq. 3
87
Utilizando-se dos mesmos passos efetuados no ML1, para simplificação,
obtém-se:
Pi(θ) =
)(
exp1
1
iji
bDa
+
θ
que é a sua forma mais reduzida, onde:
Pi(θ): é a probabilidade de um respondente escolhido com habilidade θ responder a
um item i corretamente;
a
i
: é o parâmetro que representa o poder de discriminação do item i;
b
i
: é o grau de dificuldade do item;
θ
j
: é o nível de habilidade (conhecimento) do respondente j;
D: é um fator de escala usado para aproximar a função logística da ogiva Gaussiana
com valor 1,7, utilizada em estudos pioneiros da TRI.
A FIGURA 6 mostra as CCI do ajuste do modelo logístico para quatro itens
distintos.
Figura 6 – Curvas Características de 4 Itens Típicos do ML2
Fonte: Hambleton, Swaminathan e Rogers (1991)
eq. 4
88
O modelo logístico de dois parâmetros (ML2) é obviamente o ML1 acrescido
do parâmetro índice de discriminação. Permite, então a discriminação dos itens.
Para o item 1: b1 = 1, para o item 2: b2 = 1, para o item 3: b3 = - 1, para o item 4: b4
= 0.
Modelo Logístico de Três Parâmetros (ML3)
A. Birnbaum, assume que a probabilidade de acerto de um item é influenciada
pela sua dificuldade, discriminação e probabilidade de acerto ao acaso. Para o
modelo logístico de três parâmetros temos a seguinte fórmula:
Pi(θ) = c
i
+ (1 - c
i
)
)(
exp1
1
iji
bDa
+
θ
Pi(θ): é a probabilidade de um respondente escolhido com habilidade θ responder a
um item i corretamente;
a
i
: é o parâmetro correspondente ao índice de discriminação;
b
i
: é o grau de dificuldade do item;
θ
j
: é o nível de habilidade (conhecimento) do respondente j;
c
i
: é o parâmetro que representa a probabilidade de acerto ao acaso (índice de
adivinhação);
D: é um fator de escala usado para aproximar a função logística da ogiva Gaussiana
com valor 1,7, utilizada em estudos pioneiros da TRI.
O parâmetro c representa a probabilidade de um avaliado com baixa
habilidade responder corretamente o item e é muitas vezes referido como a
probabilidade de acerto ao acaso. Os valores do índice de adivinhação devem ser
baixos, pois um valor alto indica uma grande possibilidade de acerto de um item
dado uma baixa habilidade. Quando não é permitido arriscar a resposta, c é igual a 0
e b representa o ponto na escala da habilidade onde a probabilidade de acertar o
item é 0,5.
A FIGURA 7 mostra as CCI’s de seis ajustes do ML3 respectivamente a seis
itens distintos.
eq. 5
89
Figura 7 – Curvas Características de 6 Itens Típicos do ML3
Fonte: Hambleton, Swaminathan e Rogers (1991)
Da FIGURA 7 pode-se comparar os itens 1, 2 e 3 com 4, 5 e 6. De início,
comparando o item 1 e o item 4, conclui-se que o grau de dificuldade do item 1 é
muito superior ao do item 4, pois para ter uma probabilidade de 50% de acertar o
item 1 necessita-se de uma proficiência perto de 1, para o item 4 basta ter uma
proficiência de perto de -2. Logo, itens mais difíceis costumam situar-se mais à
direita no eixo das proficiências. Observando, agora, o item 6 nota-se que ele não
está tão inclinado em relação ao eixo das abscissas, com os outros, então isto indica
que ele é o menos discriminativo dos itens. Assim itens mais difíceis (Itens 1, 2 e 3)
estão localizados na extremidade mais alta da escala de habilidades (a direita da
origem), enquanto os itens mais fáceis estão localizados na extremidade mais baixa
da escala de habilidades (a esquerda da origem). Isto, como se observou, pode ser
visto claramente no gráfico da CCI.
A comparação dos itens 1 e 2 (ou itens 1, 3 e 4 - curvas mais íngremes com
itens 2, 5 e 6 - curvas mais suaves), mostra a influência do parâmetro de
discriminação a
i
na inclinação da CCI. A comparação dos itens 1 e 3 mostram a
influência do parâmetro de acerto ao acaso c no eixo vertical desta figura, pois com
uma baixíssima proficiência tem-se uma chance maior que 20% de se acertar o item.
90
Estimação dos Parâmetros dos Itens
Uma das etapas mais importantes da TRI é a estimação dos parâmetros dos
itens e das habilidades dos respondentes. Como foi visto anteriormente, a
probabilidade de uma resposta correta a um determinado item depende somente da
habilidade do indivíduo e dos parâmetros que caracterizam o item. Mas, em geral,
ambos são desconhecidos.
Assim, nos modelos de resposta ao item temos um problema de estimação
que envolve dois tipos de parâmetros: os parâmetros dos itens e as habilidades dos
indivíduos. Então, do ponto de vista teórico, podemos dividir o problema em três
situações: quando já conhecemos os parâmetros dos itens, temos apenas que
estimar as habilidades; se conhecemos as habilidades dos respondentes,
estaremos interessados apenas na estimação dos parâmetros dos itens e, por fim, a
situação em que desejamos estimar os parâmetros dos itens e as habilidades dos
indivíduos simultaneamente. Na TRI, o processo de estimação dos parâmetros dos
itens é conhecido como calibração.
Em qualquer uma das situações citadas acima, geralmente a estimação é
feita pelo Método da Máxima Verossimilhança (MMV). Alguns procedimentos
bayesianos também são aplicados com bastante freqüência.
Os Estimadores de Máxima Verossimilhança (EMV) de
i
ζ
, i = 1,....,I o os
valores que maximizam a verossimilhança, ou equivalente, são as soluções da
equação:
0
)(log
=
i
L
ζ
ζ
,
i
= 1,....,I.
Como esta pesquisa utiliza o Modelo Logístico de Um Parâmetro, o único
parâmetro a se estimar, além da habilidade θ, é o grau de dificuldade do item (b
i
).
eq. 6
91
Estimação da Habilidade θ
Para se estimar a habilidade inicial de um respondente, tem-se várias formas.
Podemos utilizar um valor único para todos os respondentes (Default ou valor
padrão), e a partir deste valor ajustar a habilidade do respondente, na qual se obtém
através das respostas dos itens do teste, ou então, atribuir um valor aleatório entre
-1,0 e 1,0 para cada respondente.
Também é possível estimar a habilidade utilizando o Método da Máxima
Verossimilhança, que estima a habilidade a partir do fornecimento de uma amostra
comum de itens a cada respondente, o qual o responde, e baseado na resposta do
respondente (certa ou errada) o valor de θ é calculado.
Pode, também, se estimar a habilidade através do todo Bayesiano: dado
que a habilidade de um respondente é representada por θa, onde a representa cada
respondente variando de 1, 2, ..., N, é possível considerar, que o valor da habilidade
seja um valor aleatório dentro de um intervalo a ser especificado.
Estimação do Parâmetro b
Nesta pesquisa, decidiu-se por deliberação, usar o carregamento do fator
como o grau de dificuldade do item (b
i
), por ser uma correlação dos fatores mais
importantes que caracterizam os itens referentes a relação de confiança, interesse
próprio, transferência de conhecimento e conhecimento tácito.
O carregamento dos fatores
servem para indicar o nível de maturidade da
transferência de conhecimento, significam o quão importante é determinado item.
E como não tem-se os Estimadores de Máxima Verossimilhança, optou-se por
substituí-lo pelo carregamento do fator é obtido da análise de fator principal através
da Análise de Fator Exploratória.
92
Aplicabilidade da TRI na Avaliação da Maturidade
No Brasil a TRI tem sido empregada principalmente na produção de índices
de proficiência para alunos que participam de testes de avaliação educacional em
larga escala. No entanto, seus diferentes modelos permitem construir indicadores
com as mais variadas finalidades.
A seguir, serão mostradas aplicações da TRI em algumas pesquisas.
Avaliação da Maturidade em Gestão da Qualidade Total (GQT)
Carneiro et al. (2002), propôs o uso de modelos da Teoria da Resposta ao
Item na análise de construtos elaborados para medir a Gestão pela Qualidade Total,
como uma alternativa à Teoria Clássica de Medida. Seus resultados mostraram que
a TRI pode ser uma poderosa ferramenta na análise das práticas da GQT e da
maturidade organizacional, dentro da filosofia da qualidade. Mostrou que as
interpretações dos parâmetros e os resultados obtidos da aplicação foram
amplamente satisfatórios.
Carneiro et al. (2002), utilizou em sua pesquisa o modelo logístico de um
parâmetro, também chamado modelo de Rasch, que é um caso especial do modelo
logístico de três parâmetros, onde todos os parâmetros assumem uma capacidade
semelhante de discriminação, ou seja, possuem o mesmo valor do parâmetro a, e a
mínima possibilidade de adivinhação sendo que teremos valores nulos ou muito
baixos para o parâmetro c. Portanto, os parâmetros utilizados pelo modelo são: o
índice de dificuldade b e o parâmetro de habilidade θ. Para o parâmetro a é fixado o
valor 1 para todos os itens.
Esse modelo é muito propício para este trabalho, principalmente se tratando
da nulidade do parâmetro c: no contexto da educação, este parâmetro está
associado à probabilidade de um indivíduo com baixa habilidade no tema da prova
acertar a questão. Pode ser denominado acerto casual. É uma probabilidade,
portanto assume valores entre 0 e 1.
Quanto à qualidade, na interpretação desse parâmetro, cabem os seguintes
questionamentos:
93
Qual a probabilidade de uma organização com baixo grau de
maturidade na filosofia da qualidade ter implantado a prática da GQT?
Há probabilidade de implantação da prática da GQT associada ao
acaso?
A construção de modelos teóricos da GQT evolui de forma inversa ao que
normalmente ocorre: em princípio a implantação da filosofia da GQT era um
amontoado de pedaços unidos em um todo. A partir de experiências bem sucedidas
das organizações, diversos autores sintetizaram essa filosofia em um modelo teórico
conceitual. As implantações dos elementos da GQT, portanto, não ocorreram de
forma casual.
Uma premissa básica da filosofia da GQT é seu enfoque sistêmico: as
definições da política e da estratégia organizacional devem ser desdobradas em
ações sincronizadas por toda a organização desde a alta gerência até o nível
operacional.
Diante deste contexto, o valor assumido pelo parâmetro c no âmbito da GQT
é zero: a probabilidade de uma organização com baixa maturidade implantar a GQT
é zero. Como conseqüência, o modelo de um parâmetro é adequado para o estudo.
A equação para o Modelo de Rasch, como já viu-se, é dada por:
Pi(θ) =
)(1
exp1
1
ij
b
+
θ
onde:
1. Pi(θ) é a probabilidade da organização com grau de maturidade θ aplicar
satisfatoriamente a i-ésima prática da GQT;
2. b
i
é o parâmetro que representa a dificuldade de implantação satisfatória da
i-ésima prática, medido na mesma escala da maturidade;
3. θ
j
representa o grau de maturidade quanto à GQT da organização.
Define-se como maturidade o nível de implantação na organização das
práticas da GQT.
eq. 7
94
Avaliação da Maturidade
Ribeiro (2005), apresenta uma forma de avaliar a maturidade gerencial dos
recursos humanos em uma empresa de tecnologia a partir da avaliação interna das
habilidades dos gerentes (práticas gerenciais consideradas ideais para uma boa
gestão), bem como avaliar a maturidade de uma empresa de tecnologia a partir da
análise da percepção dos recursos humanos a respeito de comportamentos e
habilidades dos gerentes. A TRI é aplicada na verificação da maturidade gerencial.
Ribeiro (2005), utilizou em sua pesquisa o modelo logístico de um parâmetro
pelos mesmos motivos que Carneiro et al. (2002), onde:
1. Pi(θ) é a probabilidade que os gerentes m de, dado sua habilidade θ
j
atingir o quesito em questão que possui b
i
, de importância;
2. b
i
é o parâmetro que representa a dificuldade de implantação satisfatória da
i-ésima prática, medido na mesma escala da maturidade;
3. θ
j
representa o grau de maturidade organizacional para aplicação da i-
ésima prática;
Considera-se nesta proposta que a maturidade gerencial é avaliada a partir
do grau de presença de determinadas ações praticadas por um gerente
devidamente correspondente às habilidades administrativa, pessoal ou cnica, com
seus devidos pesos ou carregamento dos fatores.
Para o parâmetro b, Ribeiro (2005) utilizou o carregamento dos fatores
obtidos de Cordero et al. (2004 apud Ribeiro, 2005, p.90) processados a partir da
técnica de Análise de Componentes Principais. Porém, para trabalhar na mesma
faixa da maturidade, normalizou os valores, que variam de 0 a 100% para variar de -
3 a 3, portanto, os novos valores para o nível de dificuldade das práticas ficou
definido como:
b
i
= (6 x b
i
– 3)
onde:
1. b
i
é índice de dificuldade de implantação da i-ésima prática;
2. b
i
é o Carregamento do Fator (0 a 100%).
eq. 8
95
O carregamento dos fatores para indicar as habilidades dos gerentes significa
o quão importante determinada ação é para a caracterização de cada um dos três
tipos de habilidades.
Para estimar o parâmetro θ, foi aplicado um questionário na empresa avaliada
para seus funcionários responderem. O objetivo de Ribeiro (2005) era levantar qual
a percepção que cada funcionário tinha com relação à sua realidade: sua chefia
imediata, seu ambiente de trabalho e sua satisfação. Os dados foram tabulados e
com isso, obteve a média das respostas para cada item. Normalizando para a faixa
requerida, o parâmetro de maturidade ficou definido como:
θ
i
=
2
6 - 3
'
i
θ
onde:
1. θ
i
é maturidade organizacional para aplicação da i-ésima prática;
2. θ
i
é a média das respostas obtidas na pesquisa.
Neste trabalho, a maturidade organizacional significa o quanto a empresa
analisada possui de cada quesito.
O método aplicado trabalho relaciona a probabilidade de acerto de um item
P(i), seu índice de dificuldade (b), interpretado no caso como o grau de importância
do item para caracterizar o fator correspondente e à habilidade (θ), interpretado no
caso como a percepção pelo respondente do grau de presença de tal quesito
avaliado. Assim, avalia-se a probabilidade de um dado quesito caracterizar o
correspondente fator dado o grau de importância daquele quesito na caracterização
do fator e dado a intensidade de presença daquele item segundo a percepção do
respondente.
eq. 9
96
TERMO DE ACORDO DE APLICAÇÃO DE PESQUISA
1. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES
ENTIDADE: O Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos, entidade de Ensino Superior, com prazo de
duração indeterminado, localizado à Avenida Filadélfia, 568 Setor Oeste Araguaína –TO CEP 77.816-540,
neste ato representado pela Diretora Acadêmica Otávia Borges Naves de Lira, pela Coordenadora do Curso de
Farmácia Odeize Viana Costa e pela Responsável Técnica e Gerente Administrativa da Farmácia Escola do
ITPAC Christianne Bonamigo de Lima.
PESQUISADORA: Fernanda Rodrigues Bandeira, brasileira, Contadora, inscrita no Conselho Regional de
Contabilidade do Estado do Tocantins CRC-TO sob o nº 001619/0-1, mestranda em Tecnologia Farmacêutica
numa associação entre a Universidade Católica de Goiás, Universidade Estadual de Goiás e Unievangélica.
2. OBJETO
Pelo presente Termo de Acordo de Aplicação de Pesquisa, o Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos,
autoriza a Fernanda Rodrigues Bandeira na qualidade de pesquisadora, a aplicar junto a FARMÁCIA ESCOLA
DO ITPAC através de seus colaboradores, coordenação e direção,o instrumento de pesquisa juntado em anexo,
com objetivo único e específico de Avaliar a Maturidade para implantação do sistema de Gestão da Qualidade
Total na Farmácia Escola do ITPAC, obedecendo às seguintes cláusulas e condições:
3. CLÁUSULAS
CLÁUSULA PRIMEIRA: A pesquisa a ser realizada deverá ter como finalidade única de instrumentar o
PESQUISADOR no trabalho de Dissertação de Mestrado a ser apresentado na conclusão do Curso do MPTF
Mestrado Profissional em Tecnologia Farmacêutica numa associação entre a Universidade Católica de Goiás,
Universidade Estadual de Goiás e Unievangélica.
CLÁUSULA SEGUNDA: Todos os dados levantados e tabulados, bem como a Dissertação neles embasada
deverão ser colocados à disposição do ITPAC, sem que isso venha a lhe acarretar nenhum ônus ou obrigação de
qualquer natureza.
CLÁUSULA TERCEIRA: A PESQUISADORA poderá identificar a Farmácia Escola do ITPAC somente
como objeto de pesquisa do trabalho apresentado e deverá excluir do trabalho apresentado à Universidade e à
terceiros toda e qualquer informação que venha a identificar da Farmácia Escola do ITPAC seus
empregados/colaboradores
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