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Leeds. Maurice Dobb, o famoso historiador econômico e uma das figuras de proa do grupo
dos historiadores marxistas britânicos, estava em Cambridge desde 1924. Vários militantes
comunistas da época figuram nas lembranças de Hobsbawm, como professores de outras
disciplinas ou ainda como estudantes da sua mesma geração.
Há igualmente menção “dos estudantes coloniais” que provinham, na sua maioria, do
continente indiano. Este grupo vai transformar-se mais tarde no famoso coletivo de
historiadores indianos conhecido como “Subaltern Studies”
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e que terá um forte impacto no
desenvolvimento das ciências sociais no mundo
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O aumento da força das idéias de esquerda não significava, no entanto,
necessariamente, ou apenas, uma ascendência do PC britânico que, embora se beneficiasse de
um largo apoio em certos momentos, não detinha uma influência total sobre esta esquerda.
Tratava-se antes de um amálgama de forças distintas que compartilhavam a convicção de lutar
pela paz e contra o fascismo, o qual se tornasse uma real ameaça de guerra.
.
De fato, Hobsbawm junta os principais fatores que lhe parecem decisivos na
explicação da tendência à radicalização estudantil da sua época. De um lado, ele cita as
repercussões da grande crise de 1929, que provocou a queda do governo trabalhista na
Inglaterra, mas, sobretudo, o crescimento da força do fascismo, com a vitória do nazismo na
Alemanha. Mas, a partir da segunda metade dos anos 30, é o estouro da Guerra Civil na
Espanha que vai determinar esta radicalização na direção da esquerda.
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Subaltern Studies: é uma publicação que foi editada em 1983, expressando uma corrente intelectual
procedente da história social radical que passou a ser, posteriormente, o eixo principal das idéias pós modernistas
na Ásia do Sul. No fim dos anos 1970, o historiador marxista indiano RANAJIT GUHA reúne uma equipe de
pesquisa composta de 08 jovens estudantes de doutorado (06 indianos e 02 britânicos) Todos, na Grã-Bretanha,
nos Estados Unidos ou na Austrália. Tratava-se de Shahid Amin, Sumit Sarkar, Gyanendra Pandey, Partha
Chatterjee, Gautam Bhadra, Dipesh Chakrabarty, David Arnold e David Hardiman. Esta corrente foi
influenciada profundamente pelos historiadores marxistas britânicos, E.P. Thompson, Christopher Hill e Eric
Hobsbawm mas também pela leitura de Claude Lévi-Strauss, Pierre Bourdieu, Roland Barthes, Jack Goody,
Clifford Geertz, Max Gluckman, Georges Lefebvre e outros. O questionamento do racionalismo das Luzes, as
ideologias do progresso e o Estado-nação são retransmitidas aqui por intelectuais do Sul, alimentando um
discurso crítico do pós-colonialismo.
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POUCHEPADASS, Jacques : Que reste-il de Subaltern Studies. Critique internationale, n°24 - julho 2004.