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Teorema 1.2 Se f ∈ Isom
(
H
)
, ent˜ao f ´e uma bije¸c˜ao e f
−1
∈ Isom
(
H
)
.
Demonstra¸c˜ao:
Quanto `a inje¸c˜ao: se f ∈ Isom (H) e f (z
1
) = f (z
2
) , ent˜ao ρ (f (z
1
) , f (z
2
)) = ρ (z
1
, z
2
) = 0,
o que implica em z
1
= z
2
, ou seja, f ´e injetora.
Quanto `a sobreje¸c˜ao:
(
1
)
f ∈ Isom
(
H
)
leva geod´esica em geod´esica sobrejetivamente.
De fato, seja γ uma geod´esica em H e z
1
, z
2
∈ γ distintos. Sejam z
1
= f (z
1
) e z
2
= f (z
2
) .
Como z
1
= z
2
temos z
1
= z
2
e, portanto, existe uma ´unica geod´esica γ
passando por z
1
e z
2
. Seja
z ∈ γ distinto de z
1
e z
2
. Logo, dentre os trˆes pontos: z, z
1
ou z
2
, um est´a entre os outros dois.
Digamos que seja z (os outros dois casos s˜ao tratados de modo an´alogo). Tomemos z
= f (z) .
Assim, ρ
(
z
1
, z
) +
ρ
(
z, z
2
) =
ρ
(
z
1
, z
2
)
e, como f ´e isometria, ρ
(
z
1
, z
) +
ρ
(
z
, z
2
) =
ρ
(
z
1
, z
2
)
, o
que significa que z
est´a em γ
, ou seja, a restri¸c˜ao de f a γ est´a em γ
.
Chamemos f restrita a γ de f
γ
: γ →γ
e mostremos que f
γ
´e uma sobreje¸c˜ao. De fato,
seja w
∈ γ
e consideremos d = ρ (w
, z
) . Se d = 0, ent˜ao w
= z
e temos a existˆencia de
z ∈ γ tal que f (z) = w
. Se d = 0, ent˜ao temos dois pontos distintos em γ `a distˆancia d de
z. Chamemos esses pontos de w
1
e w
2
e suas imagens w
1
= f
(
w
1
)
e w
2
= f
(
w
2
)
. Assim,
d = ρ
(
w
1
, z
) =
ρ
(
w
2
, z
) =
ρ
(
w
1
, z
) =
ρ
(
w
2
, z
)
, ou seja, w
1
e w
2
s˜ao distintos em γ
(pois f
´e injetora) e est˜ao `a distˆancia d de z
. Como w
tamb´em est´a `a distˆancia d de z
e s˜ao apenas
dois os pontos com essa propriedade em γ
, conclu´ımos que w
= w
1
ou w
= w
2
, ou seja, que
f (w
1
) = w
ou f (w
2
) = w
, como quer´ıamos.
(2) f ∈ Isom (H) transforma geod´esicas perpendiculares em geod´esicas perpendiculares.
De fato, sejam γ ⊥ σ geod´esicas perpendiculares sendo {a} = γ ∩ σ. Tomemos b
1
∈ γ e
c ∈ σ distintos de a e b
2
∈ γ distinto de b
1
de tal modo que ρ (b
1
, a) = ρ (a, b
2
) . Desta forma,
o triˆangulo de v´ertices c, b
1
e b
2
´e is´osceles e σ ´e a geod´esica mediatriz do segmento de extremos
b
1
e b
2
. Tomemos as imagens a
= f
(
a
)
, b
1
= f
(
b
1
)
, b
2
= f
(
b
2
)
, γ
= f
(
γ
)
e σ
= f
(
σ
)
.
Como f ´e isometria e leva geod´esicas em geod´esicas, temos que o triˆangulo de v´ertices c
, b
1
e
b
2
´e is´osceles e σ
´e a geod´esica mediatriz do segmento de extremos b
1
e b
2
. Como γ
´e a ´unica
geod´esica que passa por b
1
e b
2
temos γ
⊥ σ
, como quer´ıamos.
(
3
)
Seja d
∈ H. Mostremos que existe d ∈ H tal que f
(
d
) =
d
. Para tanto, tomemos
γ ⊂ H uma geod´esica e γ
= f (γ) . Se d
∈ γ
temos a existˆencia de d ∈ γ tal que f (d) = d
pois f leva geod´esica em geod´esica. Se d
∈ γ
, seja σ
⊂ H geod´esica perpendicular a γ
passando por d
e chamemos de e
a intersec¸c˜ao de γ
com σ
. Como e
∈ γ
temos a existˆencia
de e ∈ γ tal que f (e) = e
. Tomemos a geod´esica σ perpendicular a γ passando por e. Como f
transforma geod´esicas perpendiculares em geod´esicas perpendiculares temos, necessariamente
que f (σ) = σ
. Logo, existe d ∈ σ tal que f (d) = d
, como quer´ıamos.
Logo, f ´e uma bije¸c˜ao e, portanto, tem inversa f
−1
em H que ´e isometria. De fato: se
z, w ∈ H, temos ρ
f
−1
(z) , f
−1
(w)
= ρ
f
f
−1
(z)
, f
f
−1
(w)
= ρ (z, w) .
Com a opera¸c˜ao de composi¸c˜ao, Isom
(
H
)
forma um grupo. De fato, a opera¸c˜ao de com-
posi¸c˜ao ´e fechada em Isom (H) pois se f e g s˜ao isometrias, ent˜ao f ◦g ´e uma isometria: sejam
z, w ∈ H, ent˜ao ρ (f (g (z)) , f (g (w))) = ρ (g (z) , g (w)) = ρ (z, w) . Quanto `as propriedades de
grupo, seguem trivialmente, bastando lembrar que o elemento neutro ´e a identidade f (z) = z.
Abaixo segue o principal motivo de nosso interesse por transforma¸c˜oes de M¨obius.