Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS CURITIBA
DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
E DE MATERIAIS - PPGEM
GISMAR SCHILIVE DE SOUZA
INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DA FERRAMENTA NA
SOLDAGEM DA LIGA DE ALUMÍNIO 5052 PELO
PROCESSO FRICTION STIR WELDING
CURITIBA
MARÇO - 2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
GISMAR SCHILIVE DE SOUZA
INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DA FERRAMENTA NA
SOLDAGEM DA LIGA DE ALUMÍNIO 5052 PELO
PROCESSO FRICTION STIR WELDING
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Engenharia,
do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica e de Materiais, Área de
Concentração em Engenharia de Materiais, da
Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação, do
Campus Curitiba, da UTFPR.
Orientador: Prof. Marcos Flávio de Oliveira
Schiefler Filho, Dr. Eng.
Co-orientador: Prof. Fábio Martins, Dr. Eng.
CURITIBA
MARÇO - 2010
ads:
TERMO DE APROVAÇÃO
GISMAR SCHILIVE DE SOUZA
INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DA FERRAMENTA NA
SOLDAGEM DA LIGA DE ALUMÍNIO 5052 PELO
PROCESSO FRICTION STIR WELDING
Esta Dissertação foi julgada para a obtenção do título de mestre em engenharia,
área de concentração em engenharia de materiais, e aprovada em sua forma final
pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais.
_________________________________
Prof. Giuseppe Pintaúde, Dr. Eng.
Coordenador de Curso
Banca Examinadora
______________________________ ______________________________
Prof. Marcos Flávio de Oliveira Schiefler Prof. Valtair Antonio Ferraresi, Dr. Eng.
Filho, Dr. Eng. (Orientador) Universidade Federal de Uberlândia
Universidade Tecnológica Federal do (UFU)
Paraná (UTFPR)
______________________________ ______________________________
Prof. Fábio Martins, Dr. Eng. Prof. Ossimar Maranho, Dr. Eng.
(Co-orientador) Universidade Tecnológica Federal do
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
Paraná (UTFPR)
Curitiba, 22 de Março de 2010
iii
AGRADECIMENTOS
À minha família, pelo apoio e paciência em todas as situações.
Aos professores Dr. Eng. Fábio Martins e Dr. Eng. Marcos Flávio de Oliveira
Schiefler Filho pela orientação e apoio para a concretização deste trabalho.
Aos professores do campus Curitiba da UTFPR e UFPR pelo apoio na
formação e direcionamento à pesquisa. Agradecimento ao professor Dr. Dalberto
Dias da Costa pelo seu apoio na medição 3D do mandril.
À empresa TEMPERAPAR, que colaborou com o tratamento térmico das
ferramentas utilizadas no trabalho em todas as etapas e foi muito prestativa no apoio
à pesquisa; à empresa VILLARES, que cedeu para a pesquisa o aço rápido
necessário à fabricação das ferramentas, o que foi importante para o avanço do
experimento; à empresa NOVELIS, pelo fornecimento da chapa de alumínio da liga
5052, essencial para a realização das soldas.
À empresa Steel Videa, na pessoa do Sr. Fausto, pelo fornecimento das
ferramentas de metal duro utilizadas nas etapas de usinagem envolvidas no estudo;
à empresa MAXILASER, pela realização da etapa de corte laser das juntas a serem
utilizadas no experimento; à empresa ENGISA, nas pessoas do professor César
Lucio Molitz Allenstein da UTFPR e do diretor Tancredo, pela realização das
radiografias em tempo real das juntas soldadas e pelas sugestões.
Ao amigo e professor Ollé, pelas sugestões e apoio, assim como ao professor
José Maria de Araújo, ambos companheiros do CTI – Araucária. Ao professor
Nelson, pelo suporte técnico e disponibilização da máquina ferramenta do SENAI –
CETSAM – CIC, e também ao professor Mauro Abreu da MECFER, pela sua
contribuição na etapa de usinagem das ferramentas em HSS.
Aos colegas doutorandos que contribuíram para a realização deste trabalho,
em especial Cristiano Brunetti e Manolo Gipiela e a todos do CTI – Araucária que
apoiaram o trabalho. Agradeço também a todos que porventura não foram citados e
aos que acreditaram nesta idéia para que ela se tornasse realidade.
iv
SOUZA, Gismar Schilive de, Influência da Geometria da Ferramenta na
Soldagem da Liga de Alumínio 5052 Pelo Processo Friction Stir Welding, 2010,
Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-graduação em
Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Curitiba, 125p.
RESUMO
A soldagem pelo processo FSW – Friction Stir Welding é uma técnica relativamente
nova, de soldagem no estado sólido, autógena e sem ocorrência de fusão dos
materiais envolvidos. As possibilidades de aplicação são diversas, da união de
materiais dissimilares a ligas de baixa soldabilidade, caso de algumas ligas de
alumínio, magnésio e titânio. A obtenção de soldas de qualidade depende de
diversas variáveis, em especial da geometria de ferramenta e dos parâmetros de
soldagem, dentre eles, velocidade de soldagem e de rotação. Desde que definidas
corretamente as combinações de ferramenta, material a unir e parâmetros, as
propriedades mecânicas obtidas nas soldas são similares a do material no estado
inicial, favorecendo a utilização do processo em aplicações críticas de: aeronáutica,
vasos de pressão e indústria automotiva. O processo FSW pode ser desenvolvido
em equipamentos dedicados de elevado custo ou, de forma alternativa, em
máquinas do tipo fresadora. Neste trabalho foi proposto o estudo da relação entre a
variável ferramenta, em função da variação de geometria, submetida a um conjunto
de parâmetros de processo com objetivo de obter soldas com menor nível de
descontinuidades cavidade na liga de alumínio 5052–F. Para isso, foi realizada uma
revisão da literatura considerando os tópicos gerais do processo, a definição do
procedimento experimental, para execução dos ensaios num planejamento fatorial, 4
fatores e 2 níveis, além da metodologia para medir as respostas por meio da
microdureza, metalografia e radiografia. Os resultados mostraram, com base nas
condições testadas, que quatro juntas foram aceitas pelo critério adotado, onde uma
das ferramentas, de quatro projetadas, apresentou bom resultado em qualquer
condição. Desta forma, pode-se inferir que o fator mais influente na obtenção de
soldas de qualidade pelo processo FSW é a ferramenta e sua inclinação.
Palavras-chave: Soldagem por atrito, Soldagem de alumínio, Friction Stir Welding.
v
SOUZA, Gismar Schilive de, Influência da Geometria da Ferramenta na
Soldagem da Liga de Alumínio 5052 Pelo Processo Friction Stir Welding, 2010,
Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-graduação em
Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Curitiba, 125p.
ABSTRACT
The welding for process FSW - Friction Stir Welding is one relatively new welding
technique, in the solid state, autogenous and without occurrence of melting of the
involved materials. The possibilities of application are diverse, of union dissimilar
materials even alloys of low weldability, case of some aluminum alloys, magnesium
and titanium. The quality weld attainment depends of diverse variables, in special the
tool geometry and parameters of welding, amongst them, welding speed and rotation.
Since that correctly defined the combinations of tool, material to join and parameters,
the mechanical properties gotten in welds are similar of the material in the initial
state, favoring the use of the process in critical applications of: aeronautics, pressure
vases and automotive industry. The process FSW can be developed in dedicated
equipment of raised cost or, of alternative form, in machines type milling. In this work
was considered the study of the relation between the changeable tool, in function of
the geometry variation, submitted to a set of process parameters with objective to get
welds with lesser level of discontinuities cavity in the aluminum alloy 5052-F. For this,
a revision of literature was carried through considering the general topics of the
process, the definition of the experimental procedure, for execution of the assays in
an factorial planning, 4 factors and 2 levels, beyond the methodology to measure the
answers by means of the microhardness, metallography and x-ray. The results had
shown, on the basis of the tested conditions, that four joints had been accepted for
the adopted criterion, where one of the tools, of four designed, has presented good
result in any condition. In such a way, can be inferred that the factor most influential
in the weld attainment of quality for process FSW is the tool and its inclination.
Keywords: Friction welding, Aluminum welding, Friction Stir Welding.
vi
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................... iv
ABSTRACT ................................................................................................................v
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS ................................................................................................. xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................... xiv
LISTA DE SÍMBOLOS............................................................................................... xv
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................1
1.1 Apresentação do Problema..................................................................................................... 1
1.2 Objetivo ................................................................................................................................... 3
1.3 Resultados Esperados ............................................................................................................3
1.4 Justificativa.............................................................................................................................. 3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................5
2.1 Soldagem ................................................................................................................................ 5
2.1.1 Processos de soldagem ...................................................................................................... 6
2.1.2 Características dos processos de soldagem por atrito ....................................................... 7
2.2 Soldagem pelo Processo Friction Stir Welding ..................................................................... 10
2.2.1 Vantagens e desvantagens do processo fsw.................................................................... 12
2.2.2 Regiões da solda............................................................................................................... 13
2.2.3 Variáveis............................................................................................................................ 15
2.2.4 Equipamento .....................................................................................................................21
2.2.5 Ferramenta fsw.................................................................................................................. 24
2.2.5.1. Variação de geometria para cada parte da ferramenta ................................................ 28
2.2.5.2. Perfil do suporte ............................................................................................................ 28
2.2.5.3. Perfil do pino.................................................................................................................. 31
2.2.5.4. Ferramentas fsw especiais patenteadas....................................................................... 39
2.2.5.5. Material para ferramenta FSW ...................................................................................... 42
2.2.6 Descontinuidades na soldagem ........................................................................................ 44
2.2.7
Tipos de juntas .................................................................................................................. 47
2.3 Ligas de Alumínio.................................................................................................................. 48
2.3.1 Soldabilidade da liga de alumínio série 5XXX .................................................................. 52
2.3.2 Considerações sobre as ligas 5XXX................................................................................. 53
3 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................55
3.1 Materiais e equipamentos ..................................................................................................... 55
3.1.1 Metal de base....................................................................................................................... 55
3.1.2 Dispositivo de fixação........................................................................................................... 57
vii
3.1.3 Equipamento ........................................................................................................................ 58
3.1.4 Ferramentas ......................................................................................................................... 59
3.2 Metodologia........................................................................................................................... 63
3.3 Retirada de amostras.............................................................................................................. 65
3.4 Microdureza............................................................................................................................. 66
3.5 Metalografia............................................................................................................................. 67
3.6 Radiografia .............................................................................................................................. 67
3.7 Testes preliminares ................................................................................................................. 68
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................71
4.1 Experimento planejado.......................................................................................................... 71
4.2 Radiografia ............................................................................................................................ 74
4.3 Microdureza........................................................................................................................... 77
4.4 Macrografia............................................................................................................................ 89
4.5 Micrografia............................................................................................................................. 92
4.6 Verificação estatística............................................................................................................ 98
5 CONCLUSÕES.................................................................................................107
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................109
REFERÊNCIAS.......................................................................................................110
ANEXO A – CERTIFICADO DO ABNT M35 ...........................................................120
ANEXO B – RADIOGRAFIAS PARA JUNTAS COM θ=2°......................................121
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Superfície a escala nanométrica (STACHOWIAK e BATCHELOR, 2000). 8
Figura 2 – Esquema do processo FSW (ULYSSE, 2002). ........................................10
Figura 3 – Lado de avanço e recuo no processo FSW (VILAÇA et al., 2005)...........11
Figura 4 – Regiões de uma solda FSW , plano y-z (adaptado de ATTALLAH e
SALEM, 2005)....................................................................................................14
Figura 5 – Divisão esquemática das regiões da solda (adaptado de SU et al., 2003).
...........................................................................................................................15
Figura 6 - Inclinação da ferramenta com relação ao eixo z de 4º..............................20
Figura 7 - Equipamento dedicado para FSW (ESAB, 2006). ....................................22
Figura 8 – Fresadora de coluna vertical (ASM v16, 1995). .......................................23
Figura 9 - Ferramenta de soldagem FSW. Adaptado de DEQING (2004). ...............25
Figura 10 – Variações de perfil do suporte adaptado de DAWES e THOMAS (1999).
...........................................................................................................................29
Figura 11 – Suporte tradicional de superfície plana e côncavo.................................30
Figura 12 – Perfil de temperatura em função dos ângulos de pino para avanço
constante de 100mm/min (BUFFA et al., 2006). ................................................31
Figura 13 – Geometrias de pino (Adaptado de BUFFA et al., 2006).........................32
Figura 14 – Perfil de temperatura obtido com pino cilíndrico (BOZ e KURT, 2004). .33
Figura 15 – Relação da força axial (Fz) com o incremento do ângulo do pino em
função da velocidade de avanço (BUFFA et al., 2006). .....................................35
Figura 16 – Perfil de dureza para amostra de AA1080 obtida com pino cilíndrico
roscado de passo 0,85mm (BOZ e KURT, 2004)...............................................36
Figura 17 – Ferramenta para FSW tipo Whorl
TM
(THOMAS et al., 2001)..................39
Figura 18 – Ferramenta para FSW tipo MX Triflute
TM
(THOMAS et al., 2001).........39
ix
Figura 19 – Em A, secção transversal do pino tipo três canais da MX Triflute
TM
, em
B pino de quatro canais (adaptado de THOMAS et al., 2001). ..........................40
Figura 20 – Perfil de pino de ferramenta TRIVEX
TM
sem e com perfil de rosca
(COLEGROVE e THREADGILL, 2003)..............................................................41
Figura 21 – Descontinuidades FSW: (A) Falta de penetração;(B) Cavidade; (C)
Kissing bond em superfície de fratura (Adaptado de OOSTERKAMP et al. 2004;
SRINIVASAN et al., 2005; JAMES et al. 2005)..................................................46
Figura 22 – Tipos de juntas que podem ser unidas pelo processo FSW (ROSATO
JÙNIOR, 2003)...................................................................................................47
Figura 23 – Diagrama de fases binário para ligas série 5XXX (ASM v3, 1995). .......51
Figura 24 – Junta preparada na dimensão de 51,5 x 205mm. ..................................56
Figura 25 – Dispositivo para fixação das juntas de topo (GIPIELA, 2007). ...............58
Figura 26 – Fresadora universal ROMI U30..............................................................59
Figura 27 – Ferramentas 1 e 3 com pino cilíndrico utilizadas no experimento..........60
Figura 28 – Ferramentas 2 e 4 com pino cônico utilizadas no experimento..............61
Figura 29 – Aço rápido ABNT M35 após ataque com Nital e ampliação de 1000X. Em
A, carbonetos finos primários e secundários, em B a matriz de martensita.......62
Figura 30 – Entrada em 1 e saída em 2 da ferramenta FSW a 5mm da borda.........65
Figura 31 – Indicação da região de retiradas das amostras A e B para metalografia.
...........................................................................................................................66
Figura 32 – Procedimento para microdureza na seção transversal da amostra........66
Figura 33 - Suporte soldado em parte da junta após retirada do dispositivo.............69
Figura 34 – Em A, solda com VR=250rpm. Em B, com VR=1000rpm, sendo ambas
com ferramenta 1 de suporte plano e pino cilíndrico com θ=2°. ........................72
Figura 35 – Em A, solda com VR=250rpm. Em B, com VR=1000rpm, sendo ambas
com ferramenta 2 de suporte plano e pino cônico com θ=2°. ............................72
Figura 36 – Em A, solda com VR=250rpm. Em B, com VR=1000rpm, sendo ambas
com ferramenta 3 de suporte côncavo e pino cilíndrico com θ=2°.....................73
x
Figura 37 – Em A, solda com VR=250rpm. Em B, com VR=1000rpm, sendo ambas
com ferramenta 4 de suporte côncavo e pino cônico com θ=2°.........................73
Figura 38 – Radiografia da junta obtida com a ferramenta 1, VR=250rpm e θ=2°. Em
A, a abertura da junta na entrada da ferramenta, em B, o suporte para fixação
na câmara de radiografia. ..................................................................................75
Figura 39 – Radiografia da junta obtida com a ferramenta 4, VR=250rpm e θ=2°. A
região marcada indica a ocorrência de cavidade no interior do cordão. ............76
Figura 40 – Gráfico do perfil de microdureza da secção transversal das amostras
para ferramenta 1 de pino cilíndrico e suporte plano a θ=2°..............................84
Figura 41 - Gráfico do perfil de microdureza da secção transversal das amostras
para ferramenta 2 de pino cônico e suporte plano a θ=2°..................................85
Figura 42 – Gráfico do perfil de microdureza da secção transversal das amostras
para ferramenta 3 de pino cilíndrico e suporte côncavo a θ=2°. ........................85
Figura 43 – Gráfico do perfil de microdureza da secção transversal das amostras
para ferramenta 4 de pino cônico e suporte côncavo a θ=2°. ............................86
Figura 44 – Perfil de microdureza longitudinal a entrada da ferramenta 1 a θ=2°.....88
Figura 45 – Perfil de microdureza na secção longitudinal de saída da ferramenta. ..89
Figura 46 – Macrografia da solda realizada com Ferramenta de suporte plano e pino
cônico com 250rpm e θ=2°, por ataque Poulton. A – nugget; B – ZTMA; C – ZTA
e D o metal de base. ..........................................................................................90
Figura 47 – Micrografia no sentido longitudinal do metal de base (500X). Ataque com
Keller..................................................................................................................92
Figura 48 – Micrografia no sentido transversal do metal de base (500X). Ataque com
Keller..................................................................................................................93
Figura 49 – Nugget da solda 7, ferramenta de pino cônico e suporte côncavo com
VR=1000rpm e θ=2° (500X)...............................................................................94
Figura 50 – Nugget da solda 8, ferramenta de pino cônico e suporte côncavo com
VR=250rpm (500X) e θ=2°.................................................................................94
Figura 51 – Gráfico da distribuição de fases em porcentagem das fases A e B. ......96
xi
Figura 52 – Gráfico da área média de cada fase em função da amostra em análise.
...........................................................................................................................96
Figura 53 – Interação do fator ferramenta com a área das cavidades com θ=2°....102
Figura 54 – Interação do fator ferramenta com a área das cavidades, caso crítico
com θ=2°..........................................................................................................102
Figura 55 - Interação do fator ferramenta com a área das cavidades com θ=0°.....104
Figura 56 – Análise gráfica via superfície 3D das principais variáveis. ...................106
Figura 57 – Certificado de fornecimento do aço rápido M35 VILLARES.................120
Figura 58 – Radiografia da junta 1 obtida com a ferramenta 1 e VR=1000rpm. .....121
Figura 59 – Radiografia da junta 5 obtida com a ferramenta 2 e VR=1000rpm. .....121
Figura 60 – Radiografia da junta 6 obtida com a ferramenta 2 e VR=250rpm. .......122
Figura 61 – Radiografia da junta 4 obtida com a ferramenta 3 e VR=250rpm. .......122
Figura 62 – Radiografia da junta 3 obtida com a ferramenta 3 e VR=1000rpm. .....123
Figura 63 – Radiografia da junta 7 obtida com a ferramenta 4 e VR=1000rpm. .....123
Figura 64 – Radiografia esquemática. Em A, largura da região ZTMA, em B, o
suporte de fixação, em C, o furo na saída da ferramenta, em D, a abertura
causada pela entrada da ferramenta, em E, a direção de soldagem...............124
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Condições de soldagem em função de parâmetros de processo, adaptado
de VILAÇA et al. (2005). ....................................................................................16
Tabela 2 – Parâmetros de soldagem utilizados no pré-teste de GIPIELA (2007). ....17
Tabela 3 – Parâmetros de soldagem de melhores resultados de GIPIELA (2007). ..17
Tabela 4 - Relações dimensionais da ferramenta FSW com a espessura da chapa
para ferramenta convencional............................................................................26
Tabela 5 – Propriedades das amostras função do pino (BOZ e KURT, 2004)..........37
Tabela 6 - Geometria do pino na soldagem de AA2014 (ZHAO et al. 2005).............38
Tabela 7 – Propriedades de materiais para ferramenta (MATWEB, 2008). ..............43
Tabela 8 – Composição química em massa do ABNT M35 (VILLARES, 2008)........44
Tabela 9 – Propriedades físicas do alumínio comparadas com o aço (ALCAN, 2001).
...........................................................................................................................48
Tabela 10 – Ligas de alumínio pela classificação da ABNT 6834 (ALCAN, 2001)....49
Tabela 11 – Fases, composição e observação para ligas 5XXX (ASM v3, 1995).....51
Tabela 12 – Composição % peso da liga 5052 (ASM v2, 2001). ..............................53
Tabela 13 – Percentual de elementos em peso na liga 5052 (NOVELIS, 2006).......55
Tabela 14 – Propriedades mecânicas da liga 5052 (NOVELIS, 2006)......................55
Tabela 15 – Parâmetros de usinagem por fresamento. ............................................56
Tabela 16 – Parâmetro Rz das superfícies a unir. ....................................................57
Tabela 17 – Numeração e geometria das ferramentas FSW. ...................................60
Tabela 18 – Parâmetros do experimento. .................................................................63
Tabela 19 – Matriz do experimento repetida para θ de 0° e 2°. ................................64
Tabela 20 – Teste de penetração do pino e do suporte. ...........................................70
Tabela 21 – Resultado das radiografias para ensaios a θ=0° e θ=2°. ......................77
xiii
Tabela 22 – Valores de microdureza HV0,1 obtidos das identações das soldas
realizadas com as ferramentas 2 e 1 e θ=2°......................................................79
Tabela 23 – Valores de microdureza HV0,1 obtidos das identações das soldas
realizadas com as ferramentas 4 e 3 e θ=2°......................................................80
Tabela 24 – Resumo dos dados para microdureza das ferramentas 2 e 1...............81
Tabela 25 – Resumo dos dados para microdureza das ferramentas 4 e 3...............81
Tabela 26 – Valores de coeficiente de variação microdureza no nugget. .................82
Tabela 27 – Resumo dos dados para microdureza das ferramentas 2 e 1,
considerando divisão em lado de avanço, nugget e lado de recuo....................83
Tabela 28 – Resumo dos dados para microdureza das ferramentas 4 e 3,
considerando divisão em lado de avanço, nugget e lado de recuo....................83
Tabela 29 – Valores de microdureza HV0,1 obtidos das identações na região de
entrada da solda realizada com a ferramentas 1 a VR=250rpm a θ=2°.............87
Tabela 30 – Valores de microdureza HV0,1 obtidos das identações na região de
saída da solda realizada com a ferramentas 1 a VR=250rpm. ..........................88
Tabela 31 – Área de descontinuidades mensuradas nas soldas com θ=2°. .............91
Tabela 32 – Área de descontinuidades mensuradas nas soldas com θ=0°. .............91
Tabela 33 – Resultado da análise das imagens no software Image-Pro Plus 4.5,
onde B indica matriz e A dispersões. .................................................................95
Tabela 34 – Microdureza média do nugget nos experimentos para θ=2°. ................98
Tabela 35 – Análise de variância simples para microdureza do nugget para θ=2°. ..99
Tabela 36 - Análise de variância dupla para microdureza.........................................99
Tabela 37 – ANOVA simples para microdureza do lado de recuo para θ=2°..........100
Tabela 38 – ANOVA simples para microdureza do lado de avanço para θ=2°. ......100
Tabela 39 – Análise de variância dupla de cavidade para θ=2°..............................101
Tabela 40 – Análise de variância dupla para cavidade para θ=0°...........................101
Tabela 41 – Análise de variância para cavidade com θ=0° e θ=2°. .......................105
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AA - Aluminium Association
ANOVA - Análise de Variância
ASME - American Society of Mechanical Engineers
ASTM - American Society for Testing Materials
AISI - American Iron and Steel Institute
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
BPVC - Boiler and Pressure Vessel Code
FSW - Friction Stir Welding
GL - Grau de Liberdade
GMAW - Gas Metal Arc Welding (MIG/MAG)
GP - Guinier Preston
HB - Dureza Brinell
HRC - Dureza Rockwell C
HV - Dureza Vickers
MMC - Metal Matrix Composite (Compósito de matriz metálica)
MIG - Metal Inert Gas
MB - Metal de Base
NBR - Norma Brasileira
NIST - National Institute of Standardization and Testing
PCBN - Nitreto de Boro Cúbico Policristalino
QM - Soma dos Quadrados Médios
QW - Qualification Welding
SQ - Soma dos Quadrados
SSW - Solid State Welding
TLK - Terrace Ledge Kink
TWI - The Welding Institute (Instituto de Soldagem, Inglaterra)
TIG - Tungsten Inert Gas
ZTA - Zona Termicamente Afetada
ZTMA - Zona Termo-Mecanicamente Afetada
xv
LISTA DE SÍMBOLOS
ºC - graus Celsius
D - diâmetro do suporte
d - diâmetro do pino
E - aporte térmico
Fx - força de reação no eixo x
Fz - força axial no eixo z
GPa - giga Pascal
H - hot
h - hora
J - Joule
kg - quilograma
kW - kilo Watt
kN - kilo Newton
mm - milímetro
mm/
min
- milímetro por minuto
m
3
- metro cúbico
MPa - mega Pascal
M - rosca métrica
Mt - momento de torque
n - rotação
nm - nanômetro
Ps - pressão no suporte
Pv - pressão de vapor
P - potência
Q - quantidade de calor
rpm - rotação por minuto
R - raio do suporte da ferramenta
r - raio do pino da ferramenta
t - espessura total de penetração da ferramenta
VS - velocidade de soldagem
xvi
VR - velocidade de rotação
W - Watt
σ
max
- limite de resistência à tração ou tensão máxima no ensaio de tração
σ
e
- tensão de escoamento
ε - deformação específica
µ - coeficiente de atrito
µm - micrometro
τ
- tensão de cisalhamento
θ - ângulo de inclinação
Capítulo 1 Introdução 1
1 INTRODUÇÃO
A soldagem das ligas de alumínio representa um desafio contínuo para a área
de fabricação em função da própria natureza do material, pois uma série de
restrições está associada ao mesmo, como: presença de camada de óxido de alto
ponto de fusão (2050°C); elevada condutividade térmica, em torno de seis vezes a
do aço; condutividade elétrica variável; contração na solidificação de 6% no volume;
elevada solubilidade de hidrogênio e outros gases quando no estado líquido e
susceptibilidade a trincas na solidificação para algumas de suas ligas (SQUILLACE
et al., 2004; ASM v.2, 1995; ASM v.6, 1995).
A demanda por novos materiais de baixo peso e alta resistência mecânica tem
levado ao desenvolvimento de novos métodos de união, motivando a aplicação da
soldagem por atrito de forma mais intensa, principalmente com o objetivo de
contornar a limitação das ligas de alto desempenho que, no geral, possuem
soldabilidade restrita por fusão. É o caso das principais ligas de aplicação
aeronáutica, como ligas de alumínio, ligas de níquel, ligas de titânio e união de
materiais de natureza química distintas, como aço e alumínio.
No entanto, em virtude da exigência por maior eficiência energética em todas
as áreas das indústrias envolvida na fabricação de meios de transporte, as ligas de
alumínio surgem como alternativa na substituição do aço no processo de redução de
peso e resposta à necessidade de menor consumo de energia (SATO et al., 2004).
Isso se deve ao fato das ligas de alumínio combinar baixo peso com elevada
resistência mecânica, o que permite sua utilização em componentes da estrutura ou
na composição exterior, também conhecido por frame (LEE et al., 2003).
1.1 Apresentação do Problema
As ligas de alumínio podem ser unidas por várias técnicas de soldagem
pertencentes ao grupo de processos de união por fusão ou estado sólido, porém
alguns fatores como óxido de elevado ponto de fusão e trincas na solidificação
limitam a soldabilidade das mesmas (ASM v.2, 1995). Dentre as técnicas disponíveis
Capítulo 1 Introdução 2
para soldagem de alumínio por fusão, há os processos de soldagem baseados em
arco elétrico, feixe de elétrons e por laser. Em princípio, existe uma forma alternativa
para a superação dos obstáculos, que é a utilização de processos de soldagem no
estado sólido (COOK et al., 2004), como é o caso do processo FSW (Friction Stir
Welding), que vem se tornando um campo de pesquisas de grande potencial,
principalmente desde o surgimento do processo na Inglaterra em 1991 no TWI (The
Welding Institute) e seu respectivo registro de patente (KALLEE et al., 2001; JOHN
et al., 2003).
No processo FSW, por não haver fusão, evitam-se problemas que ocorrem
durante o processo de mudança de fase, permitindo a obtenção de microestruturas
com propriedades mecânicas em muitos casos superiores às obtidas por processos
convencionais (MISHRA, 2003). Esta aplicação é interessante para as séries de
ligas de alumínio termicamente tratáveis, que têm sua resistência aumentada pela
formação de precipitados de fases, como: 2XXX, 6XXX, 7XXX e 8XXX, onde
algumas têm baixa soldabilidade por fusão, como ligas da série 2XXX e 7XXX de
utilização pela área aeronáutica (PAO et al., 2001; SUTTON, et al., 2002).
Por outro lado, o FSW também é um processo interessante para as séries de
ligas trabalháveis onde o aumento de resistência mecânica é obtido pela
deformação mecânica a frio, tais como: 1XXX, 3XXX, 4XXX e 5XXX, em função de
benefícios como aumento da resistência à fadiga e menor nível de tensão residual
(WILLIANS, 2001; ASM v.2, 1995).
Neste sentido, cada liga em particular a ser unida no estado sólido pelo
processo FSW demanda um projeto específico de ferramenta e uma determinação
de parâmetros exclusiva para cada situação, sendo que a correlação entre
ferramenta e resultado desejado é complexa, conforme já verificado por BUFFA et
al. (2006) e PRADO et al. (2003).
O processo FSW possui diversas variáveis e, por ser um processo de
soldagem relativamente novo, inclusive não possuindo ainda uma tradução padrão
aceita na língua portuguesa, o mesmo representa um campo de estudo no processo
e na tecnologia de ampla diversidade, conforme estudos de MISHRA (2003) e ZHAO
et al. (2005), nos quais também é considerada a necessidade de mais pesquisas
que envolvam a variável ferramenta e seus efeitos na soldagem resultante.
Capítulo 1 Introdução 3
1.2 Objetivo
Verificar a relação entre a variável de processo ferramenta, via alteração de
geometria, combinado com o conjunto de parâmetros velocidade de rotação,
velocidade de soldagem e inclinação da ferramenta, visando à obtenção de soldas
na liga de alumínio 5052-F que apresentem menor nível de descontinuidades do tipo
cavidade.
1.3 Resultados Esperados
A partir do desenvolvimento de alguns perfis da ferramenta FSW por meio da
variação de geometria das partes principais, pino (pin) e suporte (shoulder), será
realizada uma gama de ensaios utilizando quatro geometrias de ferramenta. Destas,
as amostras aprovadas pelo critério de aceitação da ASME BPVC seção IX parte
QW, serão utilizadas em ensaio mecânico de dureza, permitindo conhecer a
interação entre a variável ferramenta e a obtenção de soldas com menor presença
de cavidades no interior da solda para um intervalo de parâmetros selecionados com
base nos estudos de GIPIELA (2007) e da literatura.
Os dados obtidos servirão também como contribuição à linha de estudo da
interação entre as variáveis fundamentais do processo com as propriedades
mecânicas finais da junta, no caso, mapeamento de dureza na região da solda.
1.4 Justificativa
Muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas na área de união de ligas de
alumínio utilizando o processo FSW, porém poucos são os estudos disponíveis na
literatura no ramo de verificação das propriedades mecânicas como dureza, tensão
de escoamento e resistência ao dobramento. Também não tem sido considerada a
presença de descontinuidades, principalmente quando se trata da alteração de
Capítulo 1 Introdução 4
propriedades e presença das mesmas em função da alteração de parâmetros de
processo, seja da forma geométrica da ferramenta, ou de parâmetros como
velocidade de soldagem e rotação da ferramenta, além da própria inclinação.
Nas pesquisas desenvolvidas por BUFFA et al. (2006) na liga 7075 com
intenção de avaliar o efeito da geometria do pino da ferramenta, bem como a
desenvolvida por ZHAO et al. (2005) também analisando o efeito da geometria do
pino na soldagem da liga 2014, os mesmos argumentam sobre a falta de estudos
nas quais se combinem interações entre geometria das partes da ferramenta com
diferentes parâmetros de processo.
Com relação à escolha da liga, buscou-se selecionar uma que tivesse
disponibilidade, utilização no mercado nacional e poucos estudos relativos à mesma,
o que contribuiu para a seleção da liga 5052-F, pertencente à família de ligas de
alumínio trabalháveis não-tratáveis termicamente, como base para uma pesquisa
sem fins comerciais.
O trabalho também é uma continuidade na linha de pesquisa de união por atrito
do laboratório LASAT – UTFPR do Campus Curitiba, a qual teve início na soldagem
por meio do processo FSW pelos estudos desenvolvidos por GIPIELA (2007), em
sua dissertação de mestrado.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Soldagem
Os processos de soldagem e união de materiais são essenciais ao
desenvolvimento de produtos manufaturados, entretanto estes processos acabam
sendo responsáveis por uma parcela do custo do produto. A forma de unir um
material depende de sua aplicação, como no caso das ligas de alumínio utilizadas
em larga escala pela indústria aeronáutica. As junções podem ser realizadas por
meio de adesivos, fixação mecânica ou soldagem. Contudo, a utilização em larga
escala estará vinculada aos custos resultantes da utilização de cada processo (ASM
v6, 1995).
Os métodos de união de materiais podem ser divididos em duas categorias,
sendo os baseados em ação de forças macroscópicas entre as partes a unir, que é o
caso da união por rebites e parafusos, e os baseados em forças microscópicas
(interatômicas e intermoleculares), como é o caso da soldagem (MARQUES et al.,
2005).
Considerando o processo de fabricação por soldagem, o mesmo ainda é
dividido em dois grandes grupos, baseado nas maneiras de superar os obstáculos
referentes à união dos materiais. Estes dois grupos são os processos de soldagem
por fusão e/ ou por pressão ou deformação. O primeiro consiste na fusão localizada
das peças, na região da união e do metal de adição, quando utilizado, produzindo a
ligação através da solidificação do metal fundido. O segundo consiste na aplicação
de pressão elevada para deformar a superfície de modo que a distância entre as
superfícies a serem unidas seja reduzida à ordem atômica propiciando o
estabelecimento de ligações metálicas em quantidade suficiente para caracterizar
uma união metalúrgica. No grupo de soldagem por pressão, o calor é utilizado para
facilitar a deformação dos materiais envolvidos (MARQUES et al., 2005).
A formação de uma junta soldada pode ocorrer através da colocação de duas
superfícies em contato a uma distância suficientemente pequena para formação de
uma ligação permanente. Entretanto isto não ocorre para duas peças metálicas,
exceto em condições específicas, devido à presença de obstáculos que impedem
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 6
este contato perfeito, como por exemplo, a contaminação da superfície. Além disso,
por melhor que seja o acabamento superficial, há o fator rugosidade, que para o
caso de acabamento por polimento, por exemplo, as irregularidades possuem uma
ordem de altura de 50nm ou 200 camadas atômicas, além do que, na superfície
existem óxidos, umidade, óleo de proteção ou gordura, poeira e afins, o que impede
um contato real, prevenindo a formação de ligação e conseqüentemente da solda
(ASM v6, 1995; MARQUES et al., 2005).
2.1.1 Processos de soldagem
A quantidade de processos de soldagem já desenvolvidos mostra a amplitude
desta área de fabricação, pois a mesma é exigida a fornecer resposta a união de
novos materiais que a indústria desenvolve em função dos desafios de projeto
impostos pela tecnologia, sendo que junto também aumenta os requisitos de
resistência mecânica da união e da qualidade do processo (EAGAR, 1990).
O grupo de processos de interesse neste estudo é a soldagem no estado
sólido (SSW), onde é localizado o processo de soldagem por Friction Stir Welding, o
qual foi desenvolvido a partir de uma variante da soldagem por atrito convencional,
aplicado de forma mais intensa em soldagem de peças que geometricamente são
sólidos de revolução.
A utilização de processos de união por atrito está baseado na eficiência da
fonte termo-mecânica. No contexto histórico, onde o atrito foi utilizado para gerar
calor, conformar e permitir a soldagem, são verificadas algumas aplicações desde a
década de 1950, com origem na Rússia. Entretanto a aplicação em escala mundial
ocorreu em 1960 devido às necessidades da indústria automobilística da época
(NICHOLAS, 2003).
O que deve ser considerado no grupo de processos de soldagem por atrito é
a possibilidade de obter um produto de união no estado sólido, sem ocorrência de
fusão, contornando as limitações de materiais que possuem soldabilidade restrita
devido às etapas de fusão e solidificação.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 7
Um fato importante estendeu as aplicações da soldagem por atrito, quando
em 1991, Thomas Wayne, do instituto TWI, desenvolveu e patenteou o processo
FSW. Para o caso de ligas de alumínio, o processo FSW permite a soldagem no
estado sólido de chapas de espessuras entre 1,6 e 75 mm, combinando operações
mais simples e vantagens adicionais comparado com técnicas tradicionais de
soldagem (NICHOLAS, 2003; TWI, 2007).
Também podem ser unidos outros materiais, como: ligas de aço baixo e
médio carbono, aço inoxidável, ligas de latão, ligas de magnésio, ligas de níquel,
ligas de titânio, ligas de cobre e polímeros. A aplicação de ferramentas especiais já
permite a viabilidade da união de materiais com espessuras menores do que 1,6 mm
pelo processo FSW, porém, independente do material, tem-se como limitação
principal o projeto da junta, pois a mesma deve ter configuração de topo.
(NICHOLAS, 2003; TWI, 2008).
2.1.2 Características dos processos de soldagem por atrito
A soldagem por atrito utiliza fundamentos do contato entre superfícies
abordadas pela tribologia, onde a superfície de um sólido representa uma forma de
matéria mais complexa do que um simples plano. As irregularidades e
características de uma superfície real influenciam as reações químicas que ocorrem
quando do contato com meio fluidos lubrificantes ou não, enquanto o parâmetro
rugosidade controla o mecanismo de contato entre sólidos e o desgaste
(STACHOWIAK e BATCHELOR, 2000).
No contato entre sólidos, a rugosidade formada por picos e vales de uma
superfície resulta em pequena quantidade de asperezas em contato real a nível
microscópico, que equivale a 30% da área de contato aparente macroscópica.
Contudo, se ocorrer um aumento da força sobre as superfícies em contato, ocorre
um incremento do contato real, onde o aumento do carregamento é balanceado por
mais contato entre asperezas (STACHOWIAK e BATCHELOR, 2000).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 8
Uma superfície, se considerada a uma escala nanométrica, é um arranjo de
átomos em duas dimensões, onde os átomos seriam esferas rígidas com um grau de
organização no espaço em análise, conforme Figura 1. Para formar um plano
perfeito, os índices dos planos cristalográficos devem estar orientados para permitir
à última camada atômica estar paralela a um plano de interface, mas isto é difícil, o
que se tem usualmente são planos inclinados, resultando uma série de superfícies
quase planas, conhecidas por terraços ou TLK (terrace ledge kink). Logo o contato
superficial é limitado pela própria morfologia, onde átomos que formam a camada
mais externa possuem ligações químicas insatisfeitas, devido estarem ligados a um
menor número de átomos adjacentes, resultando em facilidade para ocorrência de
reações químicas na superfície (STACHOWIAK e BATCHELOR, 2000).
Figura 1 – Superfície a escala nanométrica (STACHOWIAK e BATCHELOR, 2000).
Muitos materiais quando colocados em contato com outro sólido podem sofrer
adesão se as asperezas da superfície forem suficientemente deformadas no contato
real para formação de novas ligações químicas. Em geral, a adesão não ocorre pela
presença de camadas de contaminantes como: óleo, gordura, poeira, óxidos do
contato da superfície com a atmosfera e devido às irregularidades superficiais. A
adesão também depende do tipo de estrutura cristalina, da força aplicada nas
superfícies em contato, da reatividade química e da dureza superficial (MARQUES et
al., 2005; STACHOWIAK e BATCHELOR, 2000; OOSTERKAMP et al., 2004).
Os mecanismos para soldagem no estado sólido podem variar, mas os
processos de soldagem baseado neste grupo são realizados sob condições de
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 9
extensa variação de temperatura, pressão e deformação, isto dificulta a proposta de
uma teoria simples de união, entretanto a formação da solda no estado sólido está
relacionada com três fatores básicos, sendo: formação de novas ligações químicas,
processo de deformação e rompimento das camadas de óxido e contaminação
(OOSTERKAMP et al., 2004).
Segundo OOSTERKAMP et al. (2004), para a formação de novas ligações
químicas primárias entre a maioria dos metais é necessário um contato entre
asperezas a distâncias menores que 1nm, onde para se obter este contato entre
duas superfícies é necessário um processo de deformação que ultrapasse a tensão
de escoamento, que para metais com superfícies limpas, uma deformação de 10%
seria suficiente, porém como no caso do alumínio, devido à presença natural de
óxido na superfície, são necessários maiores níveis de pressão e deformação para a
obtenção de asperezas livres de óxido, sendo estimado a necessidade de 40% de
deformação a temperatura ambiente.
Nos processos de soldagem por atrito, o calor que facilita o processo de
deformação é obtido através da conversão de energia mecânica em energia térmica
na interface das amostras. Em uma soldagem por atrito convencional, o atrito é
obtido através do contato de uma peça estacionária com outra em movimento de
rotação, sob incremento da pressão de contato, o que causa elevação da
temperatura e facilita a deformação na interface, na seqüência, após cessar a
rotação é aplicada uma força de forjamento para finalizar o processo de soldagem
(YILBA et al., 1995). Então, basicamente os processos de soldagem por atrito
envolvem: geração de calor por atrito, dissipação de calor, deformação plástica do
material e processos de interdifusão química (ASM v6, 1995).
A base da soldagem por atrito é o movimento relativo entre duas superfícies,
sendo dividida basicamente em dois métodos, por atrito direto e por atrito inercial.
No método de soldagem por atrito direto, também chamado de método russo, o
equipamento tem semelhanças com um torno possuindo controle de força axial,
onde o ciclo de soldagem consiste em uma fase de atrito e geração de calor, outra
de parada do movimento rotativo e por fim uma última etapa de forjamento. Na
soldagem por atrito inercial chamado de método americano, a peça é acoplada a um
volante rotativo que controla a energia de soldagem, onde a força axial aplicada
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 10
resulta em redução da rotação do volante, sendo o ciclo de soldagem constituído de
dois estágios, atrito e forjamento (ASM v6, 1995).
2.2 Soldagem pelo Processo Friction Stir Welding
É um processo de união no estado sólido por atrito, autógeno, no qual uma
ferramenta não-consumível cilíndrica com um pino, em rotação, é pressionada
contra as partes a unir, onde a rotação promove, através de atrito ferramenta-peça, a
geração de calor, que facilitará o escoamento de material no deslocamento da
ferramenta sobre a peça, resultando em união devido a mecanismos mecânicos de
extrusão e forjamento (PEEL et al, 2003; GHARACHEH et al., 2006). Uma ilustração
esquemática do processo pode ser visualizada na Figura 2.
A ferramenta de forma cilíndrica possui um suporte (shoulder) que, junto com o
pino (pin/probe), atrita sob uma velocidade de rotação (VR) com as superfícies,
gerando calor e deformação. Este calor deve ser suficiente para facilitar a
deformação localizada das duas junta, cuja combinação com o movimento de
avanço (VS) da ferramenta ao longo da linha de união, que é o eixo x do sistema de
coordenadas, resulta na soldagem (CHEN, 2003).
Figura 2 – Esquema do processo FSW (ULYSSE, 2002).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 11
O resultado é uma solda autógena inteiramente no estado sólido, com uma
temperatura de trabalho que não excede 80% da temperatura de fusão da liga (LI et
al., 1999). O material tem sua resistência mecânica reduzida pelo calor, através da
redução da tensão de escoamento, facilitando assim o escoamento, também
chamado de fluxo plástico de material, onde o movimento faz com que o pino da
ferramenta conduza o material numa combinação de extrusão e forjamento gerado
pelo suporte ao longo da junta, resultando na solda (PEREIRA, 2004; ERICSSON e
SANDSTROM, 2003).
Um lado da solda obtida é o de avanço ou progressão, enquanto o outro é o de
recuo ou retratado. O lado de avanço corresponde ao lado onde a velocidade de
rotação (VR) da ferramenta possui a mesma direção que a velocidade de soldagem
(VS) conforme pode ser visualizado na Figura 3, porém no lado de recuo para um
ângulo θ=180˚ considerando rotação no sentido anti-horário, a velocidade de rotação
da ferramenta é oposta a velocidade de avanço, resultando um fluxo de material do
lado de avanço em direção ao de recuo (PEREIRA, 2004; VILAÇA et al., 2005).
Figura 3 – Lado de avanço e recuo no processo FSW (VILAÇA et al., 2005).
A movimentação do material permite a ocorrência do fenômeno chamado de
transporte de material de um lado para outro da junta, o qual dá origem a uma
microestrutura com grande homogeneidade. A região delimitada pela linha A-B
tangente ao pino no lado de recuo na Figura 3, indica o limite do lado que recebe
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 12
maior quantidade de calor em função de trabalho de deformação e atrito segundo os
estudos de VILAÇA et al. (2005).
2.2.1 Vantagens e desvantagens do processo fsw
Muitas são as vantagens exibidas por este processo de soldagem, conforme
observado por AMÂNCIO FILHO (2002), WILLIANS (2001) e CAVALIERE et al.
(2005), em que as propriedades obtidas na soldagem se comparam e muitas vezes
superam as soldas obtidas por processos convencionais por fusão, como MIG (Metal
Inert Gas) e TIG (Tungsten Inert Gas) para ligas de alumínio.
Outras vantagens da utilização deste processo segundo WILLIANS (2001) são:
- Boa resistência mecânica e a fadiga
- Alta qualidade estrutural
- Baixa distorção pós-soldagem
- Ausência de porosidade
- Microestrutura refinada
- Sem produção de fuligem ou exalação de gases
- Sem necessidade de utilização de metal de adição
- Sem necessidade de gás de proteção, exceto para casos de aço ao carbono e aço
inoxidável, conforme OZEKCIN et al. (2004) e PARK et al. (2003).
No entanto o processo também apresenta algumas limitações, como:
necessidade de sistemas de fixação de elevada rigidez com placa de apoio
(backing) para cada tipo de junta a unir, equipamento de soldagem de baixa
flexibilidade, não portátil e de elevado custo, ferramenta específica para cada
conjunto de ligas a unir, tempo elevado para preparação da máquina por união,
difícil determinação de parâmetros, furo na peça ao fim da soldagem e presença de
revestimento na chapa (TWI, 2005; WILLIANS, 2001; ROSATO JÚNIOR, 2003).
O processo FSW possui aplicações em componentes de pequenas ou grandes
dimensões, como por exemplo: elementos de refrigeração, ventilação e motores
elétricos, longos painéis da indústria naval, vagões de trem e locomotivas, estruturas
offshore, construções de pontes e aplicações aeroespaciais (ERICSSON, 2003).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 13
2.2.2 Regiões da solda
A macroestrutura obtida na soldagem pelo processo FSW possui diferenças em
relação às obtidas em processos de soldagem por fusão. Ela é dividida conforme
ilustração da Figura 4, resultado de um corte transversal em relação ao eixo de
soldagem x da Figura 2. Os estudos de FRATINI e BUFFA (2005) realizados em
uma liga de alumínio 6082 considera as regiões presentes padrões como:
Região A – Metal de Base (MB): região não afetada pelo calor ou deformação
induzida pela ferramenta de soldagem;
Região B – Zona Termicamente Afetada (ZTA): região afetada pelo ciclo
térmico durante a soldagem, o que leva a modificação microestrutural e de
propriedades mecânicas, porém sem deformação plástica residual na
microestrutura;
Região C – Zona Termo-mecanicamente Afetada (ZTMA): nesta área o
material foi plasticamente deformado pela ferramenta e o fluxo de calor
resultante exerceu algum tipo de influência no material que está próximo a
área de atrito e de material extrudado. No caso do alumínio, a recristalização
não ocorre nesta zona, apesar de existir uma extensiva deformação presente;
D – Nugget: é a região central da solda localizada dentro da ZTMA onde ocorre
a recristalização, também chamada lente de soldagem, em que grãos
originais e contornos de subgrãos favorecem a formação de finos grãos
equiaxiais oriundos de recristalização. Esta região é denominada de zona
dinamicamente recristalizada, o que acaba resultando em alterações de
propriedades mecânicas.
E – Swirl zone: é a região que eventualmente aparece no lado de avanço da
solda no limite entre a ZTMA e a ZTA, quando ocorre escoamento turbulento
de material formando um vórtice entre a ZTMA e a ZTA (ATTALLAH e
SALEM, 2005).
A recristalização dinâmica que ocorre Na região do nugget pode ser atribuída
aos fenômenos envolvidos no trabalho a quente do material (JATA e SEMIATIN,
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 14
2000; SATHIYA et al., 2005), que no caso da união por FSW é devido à ação
combinada do suporte e pino da ferramenta como fontes geradoras de calor por
atrito e deformação plástica simultaneamente (FRATINI e BUFFA, 2005)
Figura 4 – Regiões de uma solda FSW , plano y-z (adaptado de ATTALLAH e
SALEM, 2005).
Segundo KOU (1987), o fenômeno da recristalização para a maioria das ligas
metálicas ocorre a uma temperatura em torno de 40% a 50% da temperatura de
fusão em Kelvin, mas esta temperatura de recristalização pode ser afetada pela
quantidade de deformação plástica e pela composição da liga.
Por sua vez SU et al. (2003) em seus estudos preferem dividir a região termo-
mecanicamente afetada em outras duas partes, ZTMA I e ZTMA II, onde os estudos
de evolução microestrutural foram realizados em liga de alumínio 7050 – T651
unidas pelo processo FSW.
A região denominada de ZTMA II é a microestrutura que estaria em contato
direto com o nugget, enquanto a ZTMA I é a região entre ZTA e ZTMA I. Essa
divisão de regiões proposta por SU et al. (2003) pode ser visualizada na Figura 5.
Segundo os estudos de SU et al. (2003), a região denominada de ZTMA I é a
que possui uma estrutura altamente deformada, onde ocorreu crescimento de sub-
grãos, que são, segundo DIETER (1981), contornos de grão de baixo ângulo de
contorno, alongados a partir do metal base, além disso, essa região possui grãos
com elevada densidade de discordâncias, o que sugere que o processo de
recuperação ocorre parcialmente.
Dimensão do suporte
EAB
C
D
Lado de
avanço
Lado de
recuo
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 15
MB ZTA ZTMA
NUGGET
III
Figura 5 – Divisão esquemática das regiões da solda (adaptado de SU et al., 2003).
Enquanto a região denominada de ZTMA II possui grãos recuperados
equiaxiais, que se caracterizam por baixa densidade de discordâncias. Durante o
processo de recuperação dinâmica, não há evidências de grãos com elevado ângulo
de contorno na região de escoamento de material, devido ao movimento do pino.
Para ligas de alumínio nas quais ocorre endurecimento por precipitação, como
uma 7050–T651 do estudo de SU et al., (2003), uma complexa seqüência de
precipitação ocorre na região ZTMA e na região central (nugget) em função da
distribuição do perfil de temperatura atingido e do trabalho mecânico, gerando
alterações significativas de propriedades mecânicas, logo se torna interessante a
divisão da ZTMA com o objetivo de melhor avaliar os efeitos da formação de
precipitados nestas regiões.
2.2.3 Variáveis
Diversas variáveis estão envolvidas na soldagem pelo processo FSW, podendo
ser divididas em: tipo de junta, natureza do material a ser unido, máquina-
ferramenta, ferramenta de soldagem e parâmetros de processo. As variáveis
segundo JATA (2000) possuem influência na microestrutura resultante da soldagem,
porém algumas, como as de processo, são de difícil correlação.
A partir da determinação dos parâmetros corretos de processo, a operação de
união via FSW é simplificada. Os mais importantes parâmetros de processo são
(ERICSSON e SANDSTROM, 2003; JAMES et al., 2005):
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 16
- Velocidade de soldagem (VS)
- Velocidade de rotação da ferramenta (VR)
- Força axial no eixo z (Fz)
- Força de avanço no eixo x (Fx)
- Penetração da ferramenta
- Ângulo de inclinação da ferramenta no eixo z (θ)
Para a obtenção de uma solda de boa qualidade, estes parâmetros devem ser
determinados e combinados individualmente para cada liga, espessura de material,
formato de ferramenta com respectivas dimensões e tipo de equipamento utilizado.
Dentre as variáveis de processo citadas, velocidade de soldagem e de rotação
possuem destaque por auxiliarem na definição das condições de soldagem FSW, as
quais são divididas em: a quente, a frio ou uma situação intermediária (SUTTON et
al., 2003; CEDERQVIST e REYNOLDS, 2002). Nos estudos realizados por VILAÇA
et al., 2005, foi considerada a razão numérica entre as duas variáveis de processo
como condição para definir a soldagem em função da quantidade de calor gerada
pelo trabalho de atrito e deformação, sendo: a quente, intermediária e a frio. As
condições podem ser observadas na Tabela 1.
Tabela 1 - Condições de soldagem em função de parâmetros de processo, adaptado
de VILAÇA et al. (2005).
Condição de soldagem Razão das variáveis (VR / VS)
A quente VR/ VS 4
Intermediária 2 VR/ VS 4
A frio VR/ VS 2
Então a quantidade de calor em função das variáveis de processo também é
um tema de interesse do processo FSW, a qual pode ser prevista através de
cálculos que serão discutidos na seqüência.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 17
Dos parâmetros de processo, a velocidade de soldagem e a de rotação podem
assumir valores muito distintos em função da espessura do material e da liga que
está sendo unida, bem como dos requisitos de propriedades mecânicas buscadas.
Um exemplo de uma larga faixa de parâmetros VR x VS é a que foi determinada nos
ensaios preliminares de GIPIELA (2007), a qual está representada na Tabela 2, para
uma ferramenta convencional de suporte plano e pino cilíndrico na soldagem de uma
liga 5052-F de espessura 6,35mm.
Tabela 2 – Parâmetros de soldagem utilizados no pré-teste de GIPIELA (2007).
VR (rpm) VS (mm/min)
2000 80 112 160 224 315 450
1400 80 112 160 224 315 450
1000 80 112 160 224 315 450
740 80 112 160 224 315 450
500 80 112 160 224 315 450
355 80 112 160 224 315 450
250 80 112 160 224 315 450
180 80 112 160 224 315 450
Os valores dos parâmetros VR e VS apresentados na Tabela 2 estão
associados às características da fresadora convencional utilizada, sendo que no
caso da seleção de um equipamento CNC que aceita programação numérica, o
intervalo de combinações VR x VS passa a ser muito grande.
Após finalização dos ensaios com os parâmetros da Tabela 2, a melhor
combinação compôs o envelope operacional da Tabela 3, o qual foi executado
considerando também a variável inclinação de ferramenta, para valores de 0º e 2º.
Tabela 3 – Parâmetros de soldagem de melhores resultados de GIPIELA (2007).
Parâmetros de soldagem Nível alto Nível baixo
VR (rpm) 250 180
VS (mm/min) 450 112
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 18
Dos resultados obtidos por GIPIELA (2007) indicados na Tabela 3, por meio do
relacionamento dos parâmetros de soldagem (VR, VS e θ) com a geração da
descontinuidade tipo cavidade, chegou-se à conclusão de que o parâmetro
velocidade de soldagem no nível baixo, de 112mm/min apresentava a menor
geração de defeitos, enquanto para o parâmetro VR não foi possível estabelecer
uma relação clara com a área transversal de cavidade, indicando interferência de
mais fatores. Também foi verificado com relação à inclinação de ferramenta, que
amostras obtidas com ferramenta a 2°, apresentaram menor área de cavidade que
as obtidas sem inclinação, a 0°, apesar de todas as amostras exibirem a presença
da cavidade, verificada por raio-x.
Com relação à quantidade de calor gerada em função dos parâmetros de
processo FSW, os estudos de POTOMATI (2006) levam de forma empírica a
Equação 2.1 que relaciona as principais variáveis do processo.
Eq. 2.1
Onde:
Q – quantidade de calor [J]
VR – velocidade de rotação [rad/s]
R– raio do suporte da ferramenta [m]
r – raio do pino da ferramenta [m]
Fz – força axial [N]
Na pesquisa desenvolvida por THREADGILL e NUNN (2003), foi considerado
que a quantidade de calor gerado na interação do suporte da ferramenta com o
plano superior da junta poderia ser quantificado pela Equação 2.2, também
dependente das principais variáveis de processo.
Eq. 2.2
(
)
(
)
()
rR
rrRRFzVR
Q
+
++
=
45
22
π
3
3
RVR
Q
y
=
σπ
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 19
Onde:
Q – quantidade de calor [J]
σ
y
– tensão limite de escoamento do material na temperatura de soldagem [MPa]
VR – velocidade de rotação [rad/s]
R – raio do suporte da ferramenta [m]
Enquanto nos estudos de DEQING e SHUHUA (2004), o calor gerado pode ser
calculado com base na Equação 2.3.
Eq. 2.3
Onde:
E – aporte térmico [J/m]
µ – coeficiente de atrito
Ps – pressão no suporte [Pa]
VR – velocidade de rotação [rad/s]
D – diâmetro do suporte [m]
d – diâmetro do pino [m]
As três equações (2.1, 2.2 e 2.3) servem para fazer uma previsão da
quantidade de calor fornecido às juntas, caso seja necessário fazer um comparativo
com outro processo de soldagem. Conforme já verificado por JÚNIOR (2003), a
determinação do aporte térmico para o processo de união via FSW não é um
processo simples, em função da determinação da eficiência do processo e das
perdas de energia envolvidas, sendo as principais por condução e convecção na
região da solda e na peça (COLEGROVE e SHERCLIFF, 2005; ZHU e CHAO,
2004), desta forma, as equações fornecidas podem ser utilizadas somente para uma
previsão da quantidade de calor gerada ou fornecida a junta.
(
)
()
dD
ddDD
VRPsE
+
++
=
45
22
µπ
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 20
Outra variável de processo importante a ser considerada é o ângulo de
inclinação da ferramenta (θ), normalmente referenciado ao eixo vertical z, o qual é
perpendicular a superfície das chapas que estão sendo unidas. Esta inclinação
ocorre no sentido da soldagem, conforme pode ser verificado na Figura 6.
Um efeito verificado da inclinação da ferramenta com relação ao eixo z, até
determinados valores, é a melhor consolidação da soldagem em função do aumento
do esforço de forjamento realizado pelo suporte da ferramenta, especificamente na
sua região traseira, auxiliando a reduzir a presença de descontinuidade por falta de
material na lente de soldagem (DAWES e THOMAS, 1999).
Figura 6 - Inclinação da ferramenta com relação ao eixo z de 4º.
Diversos pesquisadores realizaram estudos com a ferramenta inclinada para
valores entre 1,5 e 4,5°, dentre eles: ZHAO et al. (2005), com ferramenta inclinada a
2°, CHEN et al. (2006), com inclinação variando em intervalos de 0,5° para valores
entre 1,5 a 4,5°, LIU et al. (2005), para inclinação de 3°, além de JAMES et al.
(2005), com inclinação de 2,5°.
A variável inclinação da ferramenta em combinação com demais parâmetros é
também uma fonte geradora de defeitos na soldagem, como verificado por CHEN et
al. (2006), em estudos conduzidos na liga de alumínio 5056 mantendo constante
velocidade de rotação e de soldagem, além da ferramenta. Para a condição de
ferramenta inclinada a 2°, apesar de não exibir o melhor resultado em propriedades
mecânicas, o que ocorreu para valores de inclinação tendendo a 3,5°, foi uma
condição em que a solda obtida não apresentou falta de material na lente de
soldagem, caracterizando uma solda de boa qualidade.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 21
2.2.4 Equipamento
As máquinas ou equipamentos utilizados na soldagem pelo processo FSW
podem ser divididas em máquinas dedicadas, máquinas fresadoras modificadas e
máquinas fresadoras sem alterações utilizadas também em usinagem.
No caso de máquinas dedicadas, tem-se robôs desenvolvidos ou adaptados
para esta utilização especifica, onde é necessário suportar elevados valores de força
axial, com vantagens de controle sobre os movimentos linear ou rotativo
desenvolvidos, pressão aplicada pela ferramenta contra a peça e rigidez do conjunto
elevada, tornando este equipamento interessante para verificar influência das
variáveis de processo, devido ao bom controle das variáveis (SRINIVASAN et al.,
2005; PEREIRA et al., 2004; COOK et al., 2004 ).
Outro tipo de máquina dedicada possui concepção semelhante a fresadoras,
sendo a distinção em função da robustez e das partes móveis, onde neste tipo de
equipamento, quem se movimenta é o conjunto do eixo-árvore (eixos x, y e z) onde
está montada a ferramenta FSW, enquanto a peça fixada em dispositivo se mantém
na mesma posição. Nas fresadoras, quem se movimenta é a mesa onde está
montada a junta a unir fixada por dispositivo próprio, enquanto a ferramenta só
possui em geral movimento de avanço no eixo z, de penetração contra a junta. Um
equipamento dedicado comercial e patenteado pode ser visualizado na Figura 7.
A soldagem pelo processo FSW executada utilizando um equipamento
dedicado, como ilustrado na Figura 7, permite bom controle das variáveis de
processo, o que proporciona a obtenção da melhor condição possível de união e
conseqüente aproveitamento de todas as vantagens oferecidas por este processo.
Em geral, os equipamentos utilizados na soldagem pelo processo FSW são
fresadoras convencionais ou CNC, em função da disponibilidade e custo,
principalmente em condição de pesquisa e experimentos, onde equipamentos
convencionais possuem larga utilização em função da robustez e torque requisitados
(COOK et al., 2004).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 22
Figura 7 - Equipamento dedicado para FSW (ESAB, 2006).
As fresadoras são classificadas pela construção e orientação do eixo-árvore
também conhecido por spindle em relação à mesa de trabalho, onde a primeira
divisão aparece em função do eixo-árvore estar na posição horizontal (paralelo à
mesa) ou vertical (perpendicular a mesa), ou em casos especiais de equipamentos
de eixo angular. O mais comum é a utilização de máquinas que possuem eixo
vertical, que dá origem as fresadoras verticais, porém há também alguns casos de
máquinas que possuem mais que um eixo e que operam simultaneamente (ASM
v16, 1995).
Em relação ao tipo de construção, as fresadoras podem ser classificadas em:
tipo coluna e console (knee-and-column), base integral fixa (bed type), plana (planer)
e especiais. As fresadoras construídas com base em uma coluna, são projetadas
para uso geral, podendo trabalhar grande diversidade de superfícies. As fresadoras
de coluna por sua vez são classificadas em: plana, universal, vertical, horizontal, de
cabeçote rotativo (turret) e fresadora universal (ram type). A principal limitação das
fresadoras de coluna é a menor rigidez do conjunto, pois a máquina possui, em
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 23
função da construção, três ou quatro juntas com movimento de deslizamento, o que
torna o conjunto susceptível à flexão sob esforço de usinagem. Logo, para evitar
problemas, os equipamentos são projetados para utilização dentro de limitações
impostas por avanço, velocidade e profundidade de corte (ASM v16, 1995).
Na Figura 8 tem-se uma ilustração de uma fresadora de coluna tipo vertical,
que possui movimento da mesa nos eixos x, y e z além de movimento de rotação da
ferramenta em torno do eixo z imposto pelo eixo-árvore. A mesma idéia construtiva é
utilizada no centro de usinagem vertical de três eixos (MACHADO, 1987).
Há também os centros de usinagem que em construção são semelhantes aos
equipamentos convencionais, porém diferenciadas em função de sua alta
produtividade e flexibilidade, devido ao controle via comando numérico. São
equipamentos de elevada repetibilidade nas operações, obtenção de tolerâncias
mais fechadas, menor dependência de operador e de fácil integração em linhas de
produção automatizada (MACHADO, 1987).
Figura 8 – Fresadora de coluna vertical (ASM v16, 1995).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 24
No caso da soldagem pelo processo FSW, a potência requerida para acionar
uma ferramenta possui relação com o fresamento, porém a ferramenta não possui
aresta cortante. Dos estudos desenvolvidos por NUNES et al. (2000), baseados na
interação entre ferramenta e peça, a potência necessária ao acionamento pode ser
prevista em função do momento de torque e rotação de trabalho, onde o momento
pode ser determinado pela Equação 2.4 e a potência pela Equação 2.5.
τ
π
+
=
3
23
3
1
3
R
trR
Mt
Eq. 2.4
Onde:
R – raio do suporte da ferramenta [m]
r – raio do pino da ferramenta [m]
t – espessura total de penetração da ferramenta [m]
τ
– tensão de cisalhamento do material a unir [N/m
2
]
Mt – momento de torque [N*m]
016,0
nMt
P
= Eq. 2.5
Onde:
P – potência [W]
n – rotação [rad/s]
Nos estudos desenvolvidos por LIENERT et al. (2003), na soldagem pelo
processo FSW de ligas de aço, na avaliação de potência de soldagem e perdas de
calor, chegou-se à conclusão que a eficiência do processo está na ordem de 0,75 e
que a potência depende dos parâmetros VR e Mt.
2.2.5 Ferramenta fsw
A ferramenta de soldagem utilizada possui grande influência no resultado final
deste processo de fabricação, desta forma é importante a definição de geometria da
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 25
mesma, pois interfere na geração de calor e no fluxo plástico de material, os quais
são fatores que influenciam as propriedades mecânicas da junta (ZHAO, 2005).
A ferramenta utilizada no processo FSW, apesar de estar sujeita ao desgaste
por atrito, é considerada como não-consumível (THOMAS, 2001), sendo composta
geometricamente de uma haste de fixação a qual é necessária para montagem em
um cone padronizado para fixação na máquina-ferramenta, uma região
correspondente a um suporte também conhecida como shoulder, além de uma
terceira parte denominada de pino (pin ou probe). Uma ferramenta esquemática com
a divisão geométrica citada pode ser observada com mais detalhes na Figura 9.
Figura 9 - Ferramenta de soldagem FSW. Adaptado de DEQING (2004).
As proporções determinadas para a fabricação da ferramenta de união do
processo FSW possuem relação com a espessura da chapa a unir. Um caso de
ferramenta genérica é descrito por GUERRA (2003), onde o pino deve possuir um
comprimento da ordem de décimos de milímetro menor que a espessura da chapa,
combinado com um diâmetro de pino cilíndrico aproximadamente igual à espessura
da chapa.
A região do suporte onde inicia a geometria do pino deve possuir um diâmetro
de atrito com a chapa a soldar de aproximadamente três vezes o diâmetro do pino.
As relações dimensionais entre as partes principais da ferramenta estão descritas de
forma resumida na Tabela 4, referenciado pela espessura da chapa.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 26
Tabela 4 - Relações dimensionais da ferramenta FSW com a espessura da chapa
para ferramenta convencional.
Região da ferramenta Relação com a espessura da chapa
diâmetro do suporte três vezes a espessura
diâmetro do pino igual a espessura
comprimento do pino menor que a espessura
A diferença entre comprimento do pino e espessura da chapa pode assumir
valores entre 0,30mm como nos estudos de LIU et al. (2003) em liga de alumínio
1050 de espessura 5mm, de 0,13mm como nos estudos de LIENERT et al. (2003)
em aço ABNT 1018 de espessura 6,3mm, também de 0,10mm nos estudos de
JAMES et al. (2003) em liga de alumínio 5383, ou até mesmo ser igual à espessura
da chapa, desde que com raio de ponta elevada, como é o caso de LIU et al. (2005)
na soldagem de uma liga Al – Si como matriz e partículas cerâmicas de SiC de 30%
em volume, formando um compósito, para uma espessura de 5mm. Para uma
diferença muito grande de espessura de chapa e dimensão do pino, da ordem de
1mm, como a utilizada por SRINIVASAN et al. (2005) na soldagem dissimilar de
ligas de alumínio 6056 e 7075 de espessura 5mm, leva a formação de um defeito,
que é a falta de penetração da solda.
Cada parte da ferramenta possui uma função especifica ou conjunto de
funções na consolidação da união da junta. Assim, as duas partes fundamentais a
considerar são:
- Face da ferramenta que é chamada de suporte
- Pino da ferramenta
Com relação ao suporte, THOMAS e DOLBY (2002) verificaram que quando a
ferramenta está submetida à compressão sobre a superfície das chapas e também
sob rotação imposta pelo eixo-árvore da máquina, a mesma torna-se responsável
pela geração da maior parte do calor em função do processo de atrito estabelecido
neste sistema tribológico. Assim, esta é a principal fonte de calor do processo FSW.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 27
O calor gerado em decorrência de atrito entre a superfície do suporte e as
chapa causa redução do limite de escoamento, facilitando o processo de
escoamento plástico do material e, por conseqüência, a soldagem. Logo, um
aumento na espessura da junta a unir demanda maior quantidade de calor para a
obtenção de uma união com qualidade, que por sua vez é suprido alterando as
dimensões da ferramenta, que gera atrito, e os parâmetros de soldagem (THOMAS
e DOLBY, 2002; SONG e KOVACEVIC, 2003). O suporte da ferramenta também
tem a função de atuar como uma restrição contra a expulsão de material que é
causada pelas forças reativas do material em escoamento em torno do pino da
ferramenta (BUFFA et al., 2005).
Enquanto o pino da ferramenta tem a função de gerar trabalho mecânico de
deformação do material que está na linha de soldagem, além de controlar o
escoamento de material em torno de si próprio e abaixo do suporte da ferramenta
(SONG e KOVACEVIC, 2003).
A deformação de material causada pelo deslocamento do pino em rotação
através da linha de soldagem das juntas é considerado como um processo de
conformação de material por extrusão, onde o material em escoamento tem uma
tendência a subir na frente do pino devido a componente de forças de reação, porém
a parte do suporte da ferramenta executa a sua função realizando um trabalho de
forjamento continuo no material (LOCKWOOD e REYNOLDS, 2003).
Considerando a deformação de material, BUFFA (2005) classificou o pino
como uma fonte primária responsável por deformação e como fonte secundária de
geração de calor, enquanto o suporte da ferramenta é a fonte secundária de
deformação e a primária de calor. Desta maneira, pino e suporte da ferramenta
atuam como elementos responsáveis pela parcela de deformação mecânica e
conseqüentemente de geração de calor que facilita a deformação e a união
autógena entre as partes (LEONARD, 2000).
É inevitável que a combinação de geometria entre o suporte da ferramenta e o
pino seja importante para o resultado do processo FSW, onde a integridade da
região central da solda (o nugget) também depende do projeto da ferramenta
(BUFFA, 2005). A parte restante da ferramenta é o corpo de sustentação
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 28
considerada como necessária à fixação e como elemento de resistência mecânica e
de dissipação de calor.
2.2.5.1. Variação de geometria para cada parte da ferramenta
Dos estudos já realizados sobre o tema, BUFFA et al. (2006) constatou-se que
poucos pesquisadores estudaram o efeito da geometria da ferramenta como uma
variável de processo, pela complexidade do tema. Assim, grande parte das
pesquisas em relação à geometria está de forma direta ou indireta relacionada com
o instituto TWI onde foi desenvolvido inicialmente o processo.
Já sendo conhecido que as partes de maior interesse da ferramenta são pino e
suporte, resta a análise da influência da mudança de perfil do pino, como por
exemplo, da adição de uma reentrância, da alteração de geometria de cilindro para
tronco de cone ou cônico, da combinação com a presença de filete de rosca cujo
passo pode variar ou não, além da variação de altura ou comprimento do mesmo.
A região da ferramenta FSW conhecida por suporte pode sofrer variações
como: a presença de reentrâncias negativas, perfil saliente helicoidal ou ranhurado
em relação ao eixo de simetria da ferramenta, ou com a possibilidade de montagem
da posição do pino excêntrico em relação ao eixo de simetria da ferramenta, ou
também com a montagem do pino inclinado em relação ao suporte e suporte com
ângulo positivo ou negativo em vez de plano. O próprio diâmetro do suporte é uma
variável, pois o mesmo interfere na quantidade de calor gerado, na deformação e na
força necessária a consolidação da solda (KWON et al., 2002; DEQING et al., 2004).
2.2.5.2. Perfil do suporte
Diferentes perfis de suporte podem ser utilizados, sendo projetados para
atender aos mais distintos materiais a unir e as condições de união. O perfil do
suporte tem a função mecânica de forjamento de material, por sua vez também
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 29
possui responsabilidade sobre as rebarbas geradas durante o processo (DAWES e
THOMAS, 1999). Assim foram desenvolvidas as ferramentas com reentrâncias
negativas, onde o material no estado de escoamento plástico assume este volume
negativo do suporte, fazendo com que menos material seja expelido para fora da
região de contato da face, o que melhora o fechamento do cordão de solda e reduz
a formação de rebarbas (THOMAS, 2001). Alguns modelos de perfis com rebaixo
podem ser observados na Figura 10 (A, B, C, D) enquanto na Figura 10E, tem-se um
suporte convencional, de superfície plana.
AB
C
DE
Figura 10 – Variações de perfil do suporte adaptado de DAWES e THOMAS (1999).
O suporte A observado na Figura 10 possui sua superfície plana com a
presença de reentrâncias negativas e na forma de espiral com relação ao eixo de
simetria da ferramenta para absorver o volume de material que seria expelido para
fora da região do suporte formando uma pequena rebarba.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 30
O suporte B observado na Figura 10 possui uma série de platôs na forma de
hélice, os quais formam reentrâncias negativas, de forma a admitir um volume de
material que tenderia a ser expelido para fora da região do suporte.
O suporte C na Figura 10 possui uma série de superfícies escalonadas
concêntricas, que no geral formam um volume negativo no suporte, o qual tem por
finalidade reduzir o material que seria expulso da parte inferior do suporte.
O suporte D da Figura 10 possui uma série de planos com a mesma geometria
e que formam um volume negativo no suporte, também com objetivo de reduzir
material que seria expulso do suporte.
O suporte E da Figura 10 é o mais comum encontrado no estudo do processo
FSW, sendo que o mesmo é composto de uma superfície plana ou côncava, para
reduzir o volume de material expelido do suporte, melhorando a qualidade da solda.
Na Figura 11 é possível perceber esta diferença entre os suportes mais
comuns, desconsiderando a parte do pino, pois um suporte plano apresenta
tendência em expulsão de material durante a soldagem, enquanto um suporte
côncavo, apesar de resultar em menor pressão na região de solda, mantém o
material expulso pelo pino sob o suporte, reduzindo a tendência a formação de
defeitos no interior da solda (COLEGROVE e SHERCLIFF, 2005).
Figura 11 – Suporte tradicional de superfície plana e côncavo.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 31
2.2.5.3. Perfil do pino
A geometria do pino afeta a geração de calor e o escoamento de material
necessário à união, onde indiretamente pode impactar também a forma e as
propriedades mecânicas da solda (ZHAO et al., 2005). As avaliações de alteração de
geometria do pino são realizadas pela avaliação do cordão de solda, via análise
macroscópica das regiões da solda (ZTA, ZTMA e NUGGET) e microscópica, em
função de refino de grão, densidade de discordâncias e recristalização.
Nos estudos desenvolvidos por BUFFA et al. (2006) em liga de alumínio 7075
de espessura 3mm, foi avaliada a alteração de geometria de pinos cilíndrico e cônico
para uma altura de pino fixa de 2,8mm, combinados com três intervalos de
velocidade de avanço (50, 100 e 200mm/min) e rotação de 1000rpm, onde os perfis
de temperatura modelados podem ser vistos na Figura 12.
Figura 12 – Perfil de temperatura em função dos ângulos de pino para avanço
constante de 100mm/min (BUFFA et al., 2006).
No estudo dos pinos cônicos foram realizados modelamentos variando o
ângulo do cone comparando com uma geometria cilíndrica, com objetivo de verificar
os perfis de temperatura em função da deformação imposta ao material, da tensão
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 32
residual na junta, do fluxo de material na região da formação do cordão de solda,
além da análise de força de avanço e força vertical ou de pressão.
Os modelos matemáticos desenvolvidos por BUFFA et al. (2006) forneceram
subsídios com relação ao perfil de temperatura utilizando como referência o eixo de
simetria da solda em função da variação de ângulo do pino dentro de um mesmo
parâmetro, sendo possível verificar que o pino cilíndrico é o que resulta menor
temperatura, enquanto o aumento do ângulo do cone gera maior temperatura na
região central da solda. Na Figura 13 é possível observar a variação de geometria do
pino de forma cilíndrica ao cônico, com aumento do ângulo de cone, conforme
tratado na Figura 12.
Figura 13 – Geometrias de pino (Adaptado de BUFFA et al., 2006).
Nos estudos desenvolvidos por COLEGROVE e SHERCLIFF (2005), também é
verificado que a região de maior temperatura ocorre no eixo de simetria da solda
conforme verificado por BOZ e KURT (2004), variando em função da existência de
ranhura ou não no pino, na soldagem de liga de alumínio 5651, mas não foi
levantado de forma prática um perfil de temperatura como no caso de BUFFA et al.
(2006), porém se chegou a conclusão de que a existência de ranhuras no pino
causa um incremento de pressão no material em escoamento, o que resulta em
temperatura maior em toda a região da solda.
Nos estudos de BOZ e KURT (2004), em liga de alumínio 1080 de espessura
5mm, utilizando ferramenta de pino cilíndrico com saliência, alterando o passo de
0,85mm de uma ferramenta para 1,10mm, foi estudada a temperatura durante a
soldagem, sendo possível verificar que no centro da solda a temperatura é máxima,
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 33
na ordem de 340ºC, valor que é 51,5% da temperatura de fusão da liga, de 660ºC, o
que confere com os estudos de LI et al, 1999. Além da observação de que, o pino
com ranhuras de menor passo, gerou maior quantidade de calor que o de passo
maior, que por sua vez gerou mais calor que o pino de secção quadrada. A região
central da solda é onde o material de base é mais deformado, estando sob maior
esforço e maior pressão, o que resulta um perfil de temperatura decrescente do
centro da solda em direção as extremidades. O perfil de temperatura com pico no
centro do cordão pode ser observado na Figura 14, para o caso de pino cilíndrico
com ranhuras de passo 0,85mm.
Figura 14 – Perfil de temperatura obtido com pino cilíndrico (BOZ e KURT, 2004).
O perfil de temperatura da Figura 14 foi obtido experimentalmente com auxilio
de termopares distribuídos com espaçamentos iguais em sete pontos, em uma linha
perpendicular ao eixo de simetria da solda em direção a borda.
A obtenção de perfil de temperatura experimental em soldagem FSW não é
uma tarefa simples, onde os meios mais comuns são medição por meio de termopar
posicionados na parte inferior da junta, de maneira que não entrem em contato com
o pino da ferramenta, como fizeram os pesquisadores CHEN e KOVACEVIC (2004),
BOZ e KURT (2004) e KWON et al. (2002), ou por câmera infravermelho com
calibração de emissividade combinado com termopar como realizado por LIENERT
et al. (2003).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 34
A geometria do pino, junto com suas dimensões, também interfere nas forças
de reações envolvidas no processo, sendo as principais, força axial (Fz) e força de
avanço (Fx), conforme verificado por BUFFA et al. (2004) e SOUNDARARAJAN et
al. (2005), onde estes efeitos são ampliados ou reduzidos dependendo dos
parâmetros de processo velocidade de avanço e rotação. Os pesquisadores ZHAO
et al. (2005) e DEQING et al. (2004), verificaram a reação em função da pressão
resultante de atuação da ferramenta com diferentes geometrias e dimensões durante
a soldagem, de forma a ter um parâmetro mais simples para servir de referência na
aplicação comercial das pesquisas realizadas.
Considerando a dimensão do pino convencional de formato cilíndrico, com a
diminuição do diâmetro ocorre uma redução na pressão, o que é bom para as partes
unidas, pois reduz a distorção resultante (DEQING et al., 2004). Nos estudos de
ZHAO et al. (2005), considerando pinos cilíndricos e cônicos com e sem ranhuras,
verifica-se que para a mesma condição de parâmetros de processo, dimensão e
formato de pino, que a presença de ranhuras leva ao aumento da pressão no eixo-
árvore da máquina devido ao aumento da superfície de atrito e por conseqüência do
volume de material deformado pelo conjunto pino e suporte.
Na avaliação da força axial realizada por BUFFA et al. (2006) em função de
incremento de ângulo do pino e para três velocidades de avanço adotadas no
modelamento, conforme pode ser verificado na Figura 15, em função da alteração do
ângulo do cone do pino a partir de um pino cilíndrico de ângulo 0º utilizado como
referência, o aumento do ângulo leva a um incremento na intensidade da força axial,
possivelmente em função do aumento da área de superfície do pino, o que resulta
em maior volume de material a deformar.
Observando a Figura 15 dos estudos de BUFFA et al. (2006), ocorre um
aumento de força axial considerável para valores de ângulo do pino entre 0º e 10º,
sendo que para valores maiores, entre 10º e 40º ocorre tanto aumento quanto
redução da força axial em função da velocidade de soldagem, pois apesar da
superfície de contato do pino estar aumentando, há uma condição de escoamento e
deformação de material no estado sólido que possuem um comportamento mais
complexo que não somente dependente de área de contato do pino.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 35
Figura 15 – Relação da força axial (Fz) com o incremento do ângulo do pino em
função da velocidade de avanço (BUFFA et al., 2006).
Sendo o pino uma variável da ferramenta que interfere na temperatura atingida
na solda e por conseqüência nas dimensões das regiões ZTA, ZTMA e NUGGET o
mesmo acaba interferindo microestruturalmente no tamanho de grão em função da
recristalização dinâmica que ocorre junto ao processo de soldagem. MURR et al.
(1997) e SATO et al. (2004), verificaram que o tamanho de grão no cordão de solda
aumenta com o incremento da quantidade de calor fornecido pelo processo de
soldagem FSW.
O pino da ferramenta, além de causar uma deformação severa no material da
junta, também é um fornecedor secundário de calor, o que auxilia no processo de
recuperação e de recristalização, conforme verificado por DEQING et al. (2004),
onde o efeito da formação de uma nova morfologia microestrutural pode ser
verificado indiretamente através do perfil de microdureza da secção transversal da
solda, o qual é alterada em função dos diâmetros de pinos utilizados no estudo, pois
resultam em diferentes quantidades de calor aportado e de regiões de soldagem.
Do estudo com geometrias de pino de BOZ e KURT (2004), uma verificação do
perfil de dureza foi realizado em amostra obtida com ferramenta de pino cilíndrico e
ranhuras de passo 0,85mm, a melhor condição segundo os pesquisadores, pode ser
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 36
visualizado na Figura 16, a qual demonstra uma região central da solda chamada de
A, composta de NUGGET e ZTMA de menor dureza que o metal de base em função
do aporte de calor, porém com leve acréscimo de dureza no centro da solda
resultante de partes do metal de base distribuídos no NUGGET. A região B de
transição é a ZTA, onde não ocorreu fluxo de material e a C o metal de base, que
possui a dureza de referência do material, entre 38 e 42HV. .
Figura 16 – Perfil de dureza para amostra de AA1080 obtida com pino cilíndrico
roscado de passo 0,85mm (BOZ e KURT, 2004).
A verificação da influência da alteração do perfil da ferramenta, considerando a
parte do pino ou do suporte, pode ser realizada via medição de propriedades
mecânicas resultantes da solda e comparado com os valores conhecidos do metal
de base. Alguns parâmetros podem ser citados, como: tensão limite de resistência à
tração (
σ
max
), eficiência da junta através da comparação de σ
max
do metal de base e
da solda, tensão de escoamento a 0,2%, tensão residual, microdureza, resistência
ao dobramento, resistência à fratura sob impacto, deformação específica, redução
da secção transversal e vida a fadiga (LIU e CHAO, 2005; PEEL et al., 2003;
LIENERT et al., 2003 e ZHAO et al., 2005).
Dos estudos de PEEL et al. (2003), onde foi trocada a dimensão do pino
roscado de M5 para M6, mantendo a mesma dimensão de suporte, na soldagem de
liga de alumínio 5083 de espessura 5mm, verificou-se através dos parâmetros
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 37
adotados para avaliação de comportamento mecânico a tração, que houve
mudanças significativas de propriedades pela alteração de geometria.
Para a ferramenta de PEEL et al. (2003) de pino M5, foi obtido uma tensão de
escoamento de 147±8,0MPa e tensão limite de resistência a tração de 186±20MPa,
o que resultou em uma eficiência de soldagem de 41%. Enquanto para a ferramenta
de pino M6, a tensão de escoamento foi 145±6,5MPa, a tensão limite de resistência
a tração 259±17 MPa com eficiência de soldagem de 57%. O aumento da área de
contato do pino por meio do aumento das ranhuras permitiu um melhor escoamento
do material na região da solda o que resultou em melhor eficiência.
Dos estudos de BOZ e KURT (2004), os pinos cilíndricos possuíam diâmetro
de 4,5mm com ranhuras de passo 0,85 a 2mm, além de um pino não-convencional
com secção quadrada 5x5mm, considerando como parâmetros velocidade de
rotação 1000rpm e de soldagem 200mm/min. As análises de respostas foram
realizadas através de ensaios destrutivos de impacto, tração e dureza, combinados
com microscopia. Estes dados sobre ferramenta e os respectivos resultados dos
ensaios mecânicos estão agrupados na Tabela 5.
Tabela 5 – Propriedades das amostras função do pino (BOZ e KURT, 2004).
Geometria Característica ε (%)
Redução da Secção (%)
σ
max
(MPa)
cilíndrico passo 0,8mm 15,36 26 110
cilíndrico passo 1,1mm 13,84 23 111
quadrado sem ranhura 5,00 8 60
Da análise da Tabela 5 verifica-se que o pino quadrado fornece valores de
todas as propriedades mecânicas abaixo dos valores exibidos por amostras obtidas
com pinos cilíndricos. Isto se deve a uma grande quantidade de material que é
deslocado na região de fluxo de material devido ao movimento do pino que resulta
uma estrutura de baixa homogeneidade e conseqüentemente com muitos defeitos
internos, resultando em baixos valores de propriedades mecânicas. Enquanto as
amostras que foram unidas com pinos de geometria cilíndrica forneceram valores de
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 38
tensão limite de resistência à tração semelhante ao valor teórico da liga 1080, que é
110MPa. A elevada capacidade de deformação verificada pode ser atribuído a
quantidade de calor devido ao fluxo de material em torno do pino, o qual reduziu a
dureza a final e causou aumento da capacidade de deformação plástica.
Por sua vez, ZHAO et al. (2005) também verificaram as propriedades
mecânicas na soldagem de alumínio AA2014 para parâmetro constante de
velocidade de rotação de 400rpm e avanço de 100mm/min. Os respectivos pinos
utilizados tinham uma variação entre cilíndrico e cônico, além de conter perfil com
ranhuras ou não, conforme observado na tabela 6.
Tabela 6 - Geometria do pino na soldagem de AA2014 (ZHAO et al. 2005).
Tipo de Pino Maior Diâmetro (mm) Menor Diâmetro (mm) Passo (mm)
Cilíndrico ranhurado 8 8 1
Cônico ranhurado 8 6
1
Cilíndrico 8
8
-
Cônico 8
6
-
Os resultados obtidos por ZHAO et al. (2005) demonstraram que com os pinos
cônico e cilíndrico, ranhurado de passo 1mm, foi possível obter soldas sem defeitos
aparentes. As ferramentas de pino cilíndrico e cônico sem ranhura, apesar de
permitir uma solda de boa aparência, não proporcionaram um bom fluxo plástico de
material em combinação com os parâmetros de processo utilizados, o que levou a
geração de defeitos internos a solda.
As propriedades mecânicas obtidas com pinos comuns foram inferiores ao
ranhurado, demonstrando que a presença de saliências no perfil geométrico interfere
gerando diferentes velocidades relativas de material plástico no lado de avanço e de
recuo, o que resulta em diferentes microestruturas e propriedades mecânicas. As
melhores propriedades foram obtidas com pino ranhurado, onde a tensão limite de
resistência ficou na ordem de 75% do metal de base.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 39
2.2.5.4. Ferramentas fsw especiais patenteadas
Algumas ferramentas com perfis especiais, tanto de pino como de suporte,
foram desenvolvidas pelo instituto TWI para aplicações em condições específicas,
onde uma ferramenta convencional não atingia o resultado final desejado. Dois
exemplos são as ferramentas chamadas de Whorl
TM
e MX Triflute
TM
.
Estas ferramentas foram desenvolvidas para soldagem de chapas com
espessuras acima de 12mm ou, onde uma quantidade elevada de calor deve ser
fornecida para permitir a efetivação da união, além da necessidade do controle do
fluxo de material em torno do pino e abaixo do suporte para se obter uma solda de
qualidade satisfatória (THOMAS et al., 2001). Uma ferramenta Whorl
TM
pode ser
vista na Figura 17, enquanto a MX Triflute
TM
pode ser vista na Figura 18.
Figura 17 – Ferramenta para FSW tipo Whorl
TM
(THOMAS et al., 2001).
Figura 18 – Ferramenta para FSW tipo MX Triflute
TM
(THOMAS et al., 2001).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 40
As ferramentas MX Triflute
TM
e Whorl
TM
são diferenciadas pela geometria
complexa com relação a uma convencional, mas sua fabricação utiliza das mesmas
ligas que as ferramentas convencionais.
A ferramenta MX Triflute
TM
diferencia-se da Whorl
TM
por ter canais negativos na
forma de hélice, enquanto na Whorl
TM
os canais são inclinados semelhantes a um
perfil de rosca. A MX Triflute
TM
utiliza o mesmo princípio de uma broca com ranhuras
no sentido para a esquerda, na superfície do pino cônico.
A ferramenta modelo MX Triflute
TM
permite a aplicação de uma menor força
axial, em função do perfil do pino, além de permitir a obtenção de um fluxo de
material em escoamento mais uniforme, devido ao desenho da hélice no pino. A
Figura 19 fornece uma idéia do perfil negativo do pino através de uma secção
transversal do pino para o caso da soldagem de chapas de espessura 25mm.
Figura 19 – Em A, secção transversal do pino tipo três canais da MX Triflute
TM
, em
B pino de quatro canais (adaptado de THOMAS et al., 2001).
Estas ferramentas possuem pinos em formas de perfis complexo que permitem
deslocar menos material que uma ferramenta similar de mesmo diâmetro de pino.
Segundo THOMAS et al. (2001), é possível reduzir o volume de material deslocado
pelo pino de aproximadamente 60% usando o modelo de ferramenta Whorl
TM
,
enquanto o uso do modelo MX Triflute
TM
permite reduzir o volume em 70%. O ganho
na performance da união é possível devido à redução do volume do pino, através da
presença de reentrâncias ou canais (formas negativa no pino), especialmente na
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 41
mudança de perfil entre suporte da ferramenta e pino. Também é reduzida a
concentração de tensão que tende a levar a fratura da ferramenta.
Como ambas ferramentas permitem uma distribuição de tensão mais uniforme
durante a soldagem combinado com um fluxo de material mais homogêneo, isto
facilita a quebra e dispersão de óxidos da superfície, favorecendo uma união de
maior resistência mecânica.
É possível que grande parte das vantagens atribuídas as ferramentas de perfis
complexos é devido à questão do volume dinâmico de material deslocado pelo pino
durante rotação ser maior que o deslocado por um pino convencional, que é
praticamente igual ao volume estático. De forma simples, isto pode ser analisado
pela razão entre diâmetro e comprimento do pino, que é de 1,1:1 para pinos
convencionais, 1,8:1 para pino de ferramenta Whorl
TM
e de 2,6:1 para pino de
ferramenta MX Triflute
TM
, considerando uma espessura de soldagem de referência
de 25mm (THOMAS et al., 2001).
Para menores espessuras de chapa, COLEGROVE e THREADGILL (2003),
utilizaram uma combinação de suporte da ferramenta com reentrância negativa e
pino de perfil especial, com e sem ranhura na busca de melhores resultados na
união de AA7075 – T7351 de espessura 6,35mm. Na Figura 20 é possível visualizar
as duas configurações de ferramentas utilizadas neste estudo, com pino de perfil
complexo de três lados, denominada de TRIVEX
TM
.
Figura 20 – Perfil de pino de ferramenta TRIVEX
TM
sem e com perfil de rosca
(COLEGROVE e THREADGILL, 2003).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 42
Com a ferramenta TRIVEX
TM
foi possível reduzir a força de avanço transversal
de 18 a 25%, enquanto a pressão sobre a peça foi reduzida em 12%, e em termos
de propriedades mecânicas, a capacidade de deformação do cordão de solda
também foi incrementada. Este perfil de pino possui uma razão de área entre 70 a
80% de um pino convencional de mesmo diâmetro, o que causa uma redução das
forças envolvidas no deslocamento do mesmo, porém o volume dinâmico deslocado
pela ferramenta é maior que para pinos convencionais (COLEGROVE e
THREADGILL, 2003).
2.2.5.5. Material para ferramenta FSW
Durante o processo de união pelo processo FSW a ferramenta é submetida a
condições severas de desgaste devido ao atrito, calor e forças de reação pela
deformação do material. Logo o material a ser selecionado para a fabricação da
ferramenta deve atender as condições a que a ferramenta estará submetida, o que
varia em função das ligas a unir, isto fica evidente nos estudos desenvolvidos por
LIENERT et al. (2003), onde foi unido chapa de aço carbono ABNT 1018 de 6,3mm
de espessura, o qual em função da severidade da operação foi construída a
ferramenta em liga fundida com base de molibdênio e adição de tungstênio.
A vida da ferramenta é uma variável importante na repetibilidade do processo e
para não influenciar na qualidade da união, desta maneira é importante considerar
os modos possíveis de falha da mesma. Foi verificado por LIENERT et al. (2003),
que a grande parcela de desgaste e deformação ocorrem durante o estágio
chamado plunging, que é a penetração da ferramenta nas partes a unir, isto devido a
grande tensão envolvida na deformação de material ainda a frio. Por outro lado,
também pode ocorrer interação entre liga da ferramenta e ligas que estão sendo
unidas devido a possível afinidade química entre estes materiais, o que pode
resultar em alterações de propriedades da superfície da ferramenta, como redução
de dureza ou ocorrência de desgaste corrosivo sob alta temperatura.
Nos estudos já realizados sobre união FSW, diversos materiais foram
utilizados, como: ferramenta em aço AISI O-1 temperado em óleo para união da liga
de alto poder erosivo Al 6061 + 20% Al
2
O
3
MMC no trabalho de PRADO et al.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 43
(2003), um de outro compósito de matriz Al - Si com SiC do estudo realizado por LIU
et al. (2005), que optaram pelo trabalho com liga de metal duro de WC - Co;
Enquanto na soldagem de ligas de alumínio, COVINGTON (2005) na união de 7075,
COLEGROVE e SHERCLIFF (2005) na união dissimilar de 5083 com 7075,
SUTTON et al. (2003), com união de 2024 e BUFFA et al. (2006), visando
caracterização do processo, fizeram opção, ambos, pela utilização como material de
ferramenta pelo AISI H13.
Outros materiais disponíveis para ferramentas também podem ser utilizados na
fabricação da ferramenta FSW, como: PCBN – nitreto de boro cúbico policristalino,
aço rápido, aço de médio teor de carbono e até mesmo metal duro. A escolha está
relacionada com as condições de processo, pela severidade que o desgaste em
trabalho pode levar, assim como da vida útil desejada da ferramenta.
Apesar de grande parte dos estudos realizados em união via FSW em ligas de
alumínio a ferramenta ser construída em aço ABNT H13, devido à boa relação custo
– benefício oferecida, o mesmo tem um ponto desfavorável em sua seleção, que
está relacionado com a resistência ao desgaste, resultando em maior perda de
material em volume quando comparado com o aço rápido ABNT M35, conforme
Tabela 7. A resistência ao desgaste foi medida conforme ASTM G65 – 04, método
de teste padrão para medir desgaste abrasivo, em um sistema composto de um
disco de borracha e areia, sem lubrificação.
Tabela 7 – Propriedades de materiais para ferramenta (MATWEB, 2008).
Propriedades ABNT H13 ABNT T15 ABNT M35
Dureza após têmpera (HRC) 51 – 53 67,5 60 – 66
Módulo de Elasticidade (GPa) 210 214 230
Impacto Charpy (J) – ASTM E23 22 16 – 29 17 – 40
Abrasão - ASTM G65 (mm
3
) 460 420 420
No desenvolvimento deste estudo, em função de informação obtida junto à
área de usinagem e para maior vida útil da ferramenta, será adotado como material
para construção de todas as ferramentas do experimento o aço rápido ABNT M35, o
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 44
qual tem suas propriedades comparadas com o material usual H13 na Tabela 7. A
restrição fundamental quanto à utilização do aço rápido é basicamente o seu custo
de aquisição. Uma utilização critica de ferramenta FSW em aço rápido ocorre no
estudo desenvolvido por YAN et al. (2005), no qual foi realizada união dissimilar de
liga de magnésio com aço ABNT 1060, o qual teve de optar pelo material em função
da severidade do desgaste e das condições de soldagem.
Apesar de não ser fornecido os valores do ABNT M35 na base de consulta
MATWEB, o mesmo tem valores semelhantes ao ABNT T15 para resistência a
abrasão, o que apresenta uma considerável diferença em perda de material em
volume, sob condição de atrito com relação ao material tradicionalmente usado para
este fim, o ABNT H13. O aço rápido que será utilizado na fabricação das
ferramentas possui composição química nominal baseada nos valores padronizados
para o ABNT M35, conforme pode ser visto na Tabela 8 e confirmado no anexo A.
Tabela 8 – Composição química em massa do ABNT M35 (VILLARES, 2008).
Elemento C Cr Mo W V Co Fe
Porcentagem 0,92 4,15 5,00 6,30 1,85 4,80 balanço
2.2.6 Descontinuidades na soldagem
A quantidade de descontinuidades decorrentes do processo de soldagem, são
menores na soldagem por atrito que nos processos típicos por fusão, segundo
JAMES et al. (2004), contudo, algumas descontinuidades expressivas podem
ocorrer, sendo: a nível macroscópico, falta de penetração e cavidade, a nível
microscópico a presença de kissing bonds.
As descontinuidades típicas que ocorrem no processo FSW resultam de projeto
incorreto de ferramenta, da seleção de parâmetros inadequados, ou da combinação
de problema de projeto de ferramenta com parâmetros de processo (LOMOLINO et
al., 2005).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 45
A descontinuidade macroscópica conhecida como falta de penetração ocorre
quando o comprimento do pino é consideravelmente menor que a espessura da
chapa, pois a ferramenta deve penetrar no mínimo 90% da espessura da chapa.
Então fatores como variação de espessura da chapa ou “backing” empenado, pode
levar ao surgimento desta descontinuidade (JAMES et al. 2004 e SRINIVASAN et
al., 2005).
A cavidade ou defeito de túnel é uma falta de material a nível macroscópico
que ocorre devido à fluidodinâmica associada com o escoamento de material no
estado sólido na zona de soldagem quando do trabalho de deformação, segundo
JAMES et al. (2005), contudo THOMAS e DOLBY (2002), fazem uma consideração
em relação ao volume dinâmico de material, que pode ser reduzido pelo uso de
geometrias específicas de pinos, que pode levar à redução ou até eliminação deste
problema.
A descontinuidade microscópica chamada de kissing bonds é definida por
OOSTERKAMP et al. (2004), como duas superfícies extremamente juntas, mas não
o necessário para que as asperezas das superfícies originais sejam deformadas o
suficiente para a formação de novas ligações químicas. Uma das causas da
formação desta descontinuidade pode ser a falta de deformação necessária à
colocação de mais asperezas em contato causada pela ferramenta FSW, outra pode
ser a falta de rigidez do dispositivo de fixação das juntas.
As descontinuidades mais comuns em soldagem FSW podem ser visualizadas
na Figura 21 A, B e C.
Na Figura 21A tem-se o caso da união dissimilar de liga de alumínio 6056 e
7075 de espessura 5mm dos estudos de SRINIVASAN et al. (2005), onde o pino da
ferramenta tinha um comprimento de 4mm, o que resultou na falta de penetração,
conforme pode ser visto pelo fim do nugget, acima da superfície inferior da junta.
Enquanto na FIGURA 20B é possível verificar uma cavidade de dimensões
macro, porém similar às cavidades micrométricas em liga da série 5XXX dos estudos
de JAMES et al. (2005).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 46
(A)
(B)
(C)
Figura 21 – Descontinuidades FSW: (A) Falta de penetração;(B) Cavidade; (C)
Kissing bond em superfície de fratura (Adaptado de OOSTERKAMP et al. 2004;
SRINIVASAN et al., 2005; JAMES et al. 2005).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 47
Na Figura 21C tem-se um caso de kissing bond, verificado nos estudos de
OOSTERKAMP et al. (2004) na soldagem de liga de alumínio 6082, no caso
específico em uma superfície de fratura, onde é possível visualizar circulado no
centro da figura, a região onde não há continuidade da superfície de fratura
indicando que não ocorreu formação de ligação metalúrgica entre as duas
superfícies.
2.2.7 Tipos de juntas
O processo FSW é muito utilizado na união de juntas de topo (butt joint) como
é percebido em grande parte dos estudos realizados, entretanto o mesmo também
pode ser aplicado em uma série configurações conforme pode ser observado na
Figura 22 (ROSATO JÙNIOR, 2003; LIENERT et al., 2003; ZHAO et al., 2005).
IIIII IIII
IIV V VI
Figura 22 – Tipos de juntas que podem ser unidas pelo processo FSW (ROSATO
JÙNIOR, 2003).
As juntas apresentadas na Figura 22 são descritas como:
I – topo, de aplicações em chapas planas, perfis planos, soldagem circunferencial de
tubos e união de diferentes espessuras de material;
II – superposta, também conhecida como lap joint, de aplicação linear e
circunferencial;
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 48
III – flanges e tubos;
IV – junta T;
V – canto ou borda;
VI – duplo cordão de canto ou borda.
2.3 Ligas de Alumínio
O alumínio é um elemento químico da família dos metais na tabela periódica e
que possui ponto de fusão de 660ºC, porém a adição de elementos de liga para a
atender a requisitos de propriedades altera este valor. Na Tabela 9 tem-se uma
comparação das principais propriedades físicas do alumínio utilizando como
referência de comparação o aço. O alumínio apresenta de forma geral densidade
que é aproximadamente 1/3 da densidade do aço e elevado calor específico médio,
sendo excelente trocador de calor.
Tabela 9 – Propriedades físicas do alumínio comparadas com o aço (ALCAN, 2001).
Propriedades Unidades Alumínio Aço
Densidade kg/m3 2700
7800
Coef. de expansão linear 1/°C 2,36E-5 1,26E-5
Calor esp. médio (0-100°C) J/ kg.°C 940 496
Temperatura de fusão °C 660 1538
Módulo de elasticidade GPa 69 207
As famílias das ligas de alumínio são divididas em ligas fundidas e ligas
trabalháveis. As mesmas são classificadas em famílias através de quatro dígitos,
onde o primeiro indica a família do principal elemento de liga, os dois últimos dígitos
indicam a liga ou a pureza do alumínio, enquanto o segundo dígito indica
modificações na liga original ou nos limites de impurezas. As famílias de ligas de
alumínio trabalháveis são organizadas conforme Tabela 10 (ALCAN, 2001).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 49
Tabela 10 – Ligas de alumínio pela classificação da ABNT 6834 (ALCAN, 2001).
Série Principal Elemento da Liga
1XXX Não-ligado de pureza mínima de 99%
2XXX Cobre
3XXX Manganês
4XXX Silício
5XXX Magnésio
6XXX Magnésio e Silício
7XXX Zinco
8XXX Outros elementos
As ligas possuem uma classificação secundária em função de resposta a
tratamentos térmicos e mecânicos. Os tratamentos térmicos podem ser: têmpera e
precipitação, envelhecimento e endurecimento, onde cada tratamento é designado
por um código após a família da liga, indicando a rotina de aquecimento e
resfriamento a realizar ou deformação a frio ou a quente. As ligas que podem ter as
propriedades alteradas por tratamento térmico são: 2XXX, 6XXX, 7XXX e 8XXX
(ASM v.2, 1995).
A classificação secundária em relação aos tratamentos térmicos ou mecânicos
aplicados às ligas de alumínio pode ser (WEINGAERTNER e SCHROETER, 1991):
F – como fabricado, sem garantias dos valores de propriedades mecânicas;
O – recozido, para produtos com o máximo de ductilidade e conformabilidade;
H – encruado, aplicado a ligas não tratáveis termicamente, onde a resistência
mecânica é obtida por deformação mecânica;
W – solubilização, para ligas que tem aumento de resistência por precipitação à
temperatura ambiente, a partir de uma rotina de aquecimento e resfriamento;
T – termicamente tratável, podendo ter ou não encruamento adicional.
Considerando as ligas que podem ter sua resistência mecânica aumentada,
basicamente são duas as formas de conseguir esta alteração:
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 50
- Por meio de deformação mecânica a frio, que gera um aumento da densidade de
discordâncias e encruamento;
- Formando precipitados a partir de solução sólida, para ligas termicamente tratáveis
ou de endurecimento por precipitação que passam por conjunto de operações de
aquecimento e resfriamento.
Para um sistema de fases binário ou ternário do alumínio que depende da
família que o mesmo pertence, tem-se a formação de fases em específico. Os
elementos mais comuns presentes em solução sólida e que auxiliam no aumento de
resistência mecânica são: zinco, magnésio, cobre, manganês, silício e cromo, que
da origem as ligas de alumínio. A solubilidade dos elementos de liga aumenta com
aumento da temperatura, sendo importante para as rotinas de tratamentos térmicos
que envolvem precipitação e formação de novas fases (ASM v.2, 1995).
Além disso, existe a possibilidade de formação de fases ou compostos
intermetálicos, devido ao alumínio ser trivalente e altamente eletronegativo, porém
esta formação depende da combinação com outros elementos bem como de
quantidades presentes e na condição de uma força motriz para que o evento ocorra,
como por exemplo, o calor disponibilizado pela soldagem (ASM v.2, 1995). Alguns
intermetálicos tem formação prevista pelo próprio diagrama de fases do material.
O tratamento térmico das ligas de alumínio permite o aumento da resistência
mecânica através da ocorrência de precipitados, formados a partir de uma solução
sólida supersaturada, que obedecem a uma seqüência termodinâmica de
“envelhecimento” em função da energia livre de Gibbs, sendo (ASM v.2, 1995):
Solução Sólida Supersaturada => Zonas GP => θ” => θ΄ => θ
O estágio de envelhecimento é importante para determinar o comportamento
mecânico do material, sendo isto auxiliado pela presença ou não de Zonas GP. O
tratamento térmico na união por FSW ocorre em função das combinações das
condições do processo, em razão do aquecimento e ciclo de resfriamento, e não de
uma rotina de tratamento térmico específico.
Para a liga da série 5XXX não-tratável termicamente a ser utilizada no estudo
em questão, as principais fases que podem ser formadas a partir do resfriamento em
equilíbrio estão presentes no diagrama de fases binário Al-Mg da Figura 23.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 51
Figura 23 – Diagrama de fases binário para ligas série 5XXX (ASM v3, 1995).
Para o diagrama de fases da liga série 5XXX da Figura 22, as fases possíveis,
composição e observações estão indicadas na Tabela 11.
Tabela 11 – Fases, composição e observação para ligas 5XXX (ASM v3, 1995).
Fase
Composição em
Peso (%) Mg
Observação
Al 0 a 17.1 -
β(Al
3
Mg
2
) 36.1 a 37.8 -
R 39 -
γ(Al
12
Mg
17
) 42 a 58
-
Mg
87.1 a 100 -
Al
2
Mg 31 fase metaestável
γ 38 a 56.2 fase metaestável
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 52
2.3.1 Soldabilidade da liga de alumínio série 5XXX
A liga 5052 é considerada como de boa soldabilidade pelos processos de
soldagem baseado em arco elétrico com proteção gasosa (GMAW ou GTAW), assim
como por meio de ponto por resistência elétrica, só apresentando maiores
dificuldades no processo de união através de brasagem e solda-brasagem (ALCAN,
2001). No geral, quem apresenta restrições maiores de soldabilidade por fusão são
ligas pertencentes à família das ligas de alumínio tratáveis termicamente, como
2XXX e 7XXX, por exemplo, 2024 e 7075.
Na soldagem de ligas binárias Al-Mg, é verificado algumas restrições em
função do segundo elemento mais presente na liga, o magnésio, por meio de
processos que envolvam fusão dos materiais envolvidos, para teores de magnésio
entre 0,5 e 3% em peso, a união fica susceptível ao processo de trinca a quente,
também chamadas de hot cracking (ASM v6, 1995).
As ligas de alumínio da família não-tratáveis termicamente também
apresentam problemas de porosidade induzida pela queda abrupta da solubilidade
do gás hidrogênio no processo de solidificação, fato que pode ser minimizado por
cuidados na preparação da junta, porém os metais de adição da liga série 5XXX são
susceptíveis a hidratação dos óxidos superficiais, que contribuem para formação da
porosidade (ASM v6, 1995).
O elemento químico magnésio puro, como metal, possui ponto de fusão de
649°C, ebulição a 1107°C e pressão de vapor (Pv) de 361Pa, uma das maiores
entre os metais junto com o elemento químico zinco, que possui Pv de 19,2Pa (KOU,
1987 e GILBREATH, 1965). Sendo a pressão de vapor uma propriedade coligativa
da solução, que representa a pressão na qual um líquido está em equilíbrio com seu
vapor a determinada temperatura, a mesma indica também a tendência de um
liquido em entrar na fase vapor. Ou seja, quanto maior a Pv do elemento, mais
volátil, além de baixar o seu ponto de ebulição (POLITI, 1994).
O elemento químico alumínio possui Pv de 2,41E-6Pa, ponto de fusão de
660°C e ponto de ebulição a 2450°C, que comparado ao elemento de liga magnésio,
verifica-se em situações de soldagem que envolva fusão a ocorrência de perda
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 53
considerável do elemento principal da liga, o qual se não for reposto durante a
soldagem, será um dos fatores que contribuirá para a ocorrência da trinca a quente
(KOU, 1987 e GILBREATH, 1965).
Este inconveniente físico-químico também é verificado em processos de
maior concentração de energia, caso da soldagem por laser. O problema pode ser
agravado se a soldagem for realizada sob condição de vácuo, pois o próprio ensaio
realizado para determinar a pressão de vapor do magnésio é realizado sob vácuo,
conforme descrito por GILBREATH (1965), onde para valores de pressão muito
pequenas, o processo é intensificado mesmo em baixas temperaturas, podendo
ocorrer até sublimação do magnésio.
No processo de soldagem de ligas de Al-Mg no qual haverá o processo de
fusão dos materiais envolvidos, o metal de adição a ser utilizado deve ser
necessariamente do mesmo grupo de ligas, de preferência com elevado teor de
magnésio. Ao realizar uma união dissimilar, como no caso de uma liga 5XXX com
1XXX, que resultará em diluição mutua, ocorrerá falta de magnésio e por
conseqüência problemas de trincas (ASM v6, 1995).
2.3.2 Considerações sobre as ligas 5XXX
O elemento de liga em maior quantidade nesta liga é o magnésio. A
combinação de uma maior quantidade de elementos de liga com o magnésio resulta
em uma liga de moderada para alta resistência, classificada em endurecível por
trabalho mecânico (ASM v2, 2001; ALCAN, 2001). A composição da liga 5052 está
apresentada na tabela 12 e serve como referência para o que será utilizado no
trabalho prático.
Tabela 12 – Composição % peso da liga 5052 (ASM v2, 2001).
Si Fe Cu Mn Mg Cr Zn Outros Al
0,25 0,40 0,10 0,10
2,20 a
2,80
0,15 a
0,35
0,10 0,15 restante
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 54
As ligas da série 5XXX possuem boa resistência a corrosão em atmosfera
marinha, entretanto ocorrem algumas limitações para ligas com teores de Mg acima
de 3,5% com relação à temperatura mínima de segurança para trabalho a frio, de
65°C, para evitar a susceptibilidade à trinca por corrosão sob tensão (ASM v2,
2001).
A aplicação das ligas desta série são amplas e incluem: uso arquitetônico, latas
e tampas de latas, eletrodomésticos, luminárias, barcos de pequeno e grande porte,
tanques criogênicos e estruturas automotivas (ASM v2, 2001).
Capítulo 3 Materiais e métodos 55
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo são apresentados os procedimentos utilizados na realização da
parte experimental deste trabalho. O presente capítulo foi dividido em tópicos que
tratam desde os materiais e equipamentos utilizados para execução dos
experimentos (item 3.1), metodologia e organização do experimento (item 3.2),
retirada de amostras (item 3.3), ensaios de microdureza (item 3.4), metalografia
(item 3.5), radiografia (item 3.6) até os testes preliminares executados (item 3.7).
3.1 Materiais e equipamentos
3.1.1 Metal de base
O metal de base utilizado foi a liga de alumínio 5052–F, encontrada
comercialmente na forma de chapa laminada a quente, com dimensões de 1100 x
2000 x 6,35mm (largura x comprimento x espessura), de fornecimento nacional,
obtida por meio de doação do fabricante NOVELIS, cuja ficha técnica de material
indicava composição química conforme pode ser visualizado na Tabela 13.
Tabela 13 – Percentual de elementos em peso na liga 5052 (NOVELIS, 2006).
Si Fe Cu Mn Mg Cr Zn Outros Al
0,25 0,40 0,10 0,10
2,20-
2,80
0,15-
0,35
0,10 0,15 Balanço
As propriedades mecânicas da chapa fornecida estão indicadas na Tabela 14.
Tabela 14 – Propriedades mecânicas da liga 5052 (NOVELIS, 2006).
Limite de resistência a tração (MPa) 170 – 215
Tensão de escoamento (MPa) 65
Dureza Brinell (HB) 47
Capítulo 3 Materiais e métodos 56
Para a preparação das juntas a soldar, primeiro foi realizado o seccionamento
utilizando processo de corte a laser, com posterior acabamento e ajuste da
dimensão com auxílio da usinagem. As juntas foram cortadas na dimensão inicial de
54,5 x 207,5mm (largura x comprimento), na seqüência usinadas pelo processo de
fresamento em máquina convencional utilizando insertos de metal duro polido, com
os parâmetros indicados na Tabela 15, para deixar as amostras com dimensão final
de 51,5 x 205mm, conforme pode ser observado na Figura 24.
Figura 24 – Junta preparada na dimensão de 51,5 x 205mm.
Tabela 15 – Parâmetros de usinagem por fresamento.
Condição Rotação (rpm) Avanço (mm/min) Profundidade (mm)
Desbaste 800 40 0,50
Acabamento 1250 160 0,25
Após processo de fresamento, as juntas tiveram as arestas limadas e foi
realizada a limpeza utilizando álcool isopropílico e pano de limpeza. Na seqüência,
foi escolhida aleatoriamente uma junta e realizado a medição de rugosidade das
superfícies que poderiam ser escolhidas para soldagem, com o objetivo de verificar a
ordem do acabamento obtido, para isto foi utilizado o parâmetro de rugosidade Rz
com realização de três medidas por lado.
Capítulo 3 Materiais e métodos 57
Na Tabela 16 é possível verificar os valores de seis medições do parâmetro Rz,
o que resultou no valor médio de 4,38±0,83µm para um comprimento de medição
(Lt) 5,6mm, considerando o descarte do início e fim de medição (Lc) de 0,8mm.
Tabela 16 – Parâmetro Rz das superfícies a unir.
Medida Rz (µm) Lt (mm) Lc (mm)
1 3,54
2 3,52
3 4,62
4 4,02
5 5,62
6 4,93
5,6 0,8
Média 4,38 - -
Desvio 0,83 - -
A tabela 16 fornece uma referência da qualidade da superfície, indicando um
valor médio do parâmetro de rugosidade Rz baixo para uma situação de usinagem,
porém como na literatura não é citado valor de referência do acabamento superficial
para juntas a unir pelo processo FSW, não é possível estabelecer uma comparação.
O acabamento por usinagem após corte laser é necessário devido à qualidade
do corte no alumínio, pois o mesmo resulta uma superfície de rugosidade elevada, o
que no posicionamento das juntas resulta em falta de material.
3.1.2 Dispositivo de fixação
Sendo a soldagem FSW um processo onde as forças envolvidas possuem
valores elevados, é necessário uma restrição severa da junta para que não ocorra
deslocamento de um dos lados da chapa, resultando em descontinuidades.
Capítulo 3 Materiais e métodos 58
O dispositivo que foi utilizado nesta pesquisa e também na de GIPIELA (2007)
pode ser observado com mais detalhes na Figura 25. O mesmo se caracteriza por
ser do tipo sem refrigeração, construído em aço ASTM A516 grau 70, cuja face
superior da base do dispositivo (backing) é retificada. A sujeição mecânica das
chapas ocorre pelo aperto manual dos parafusos de ajuste vertical e horizontal.
Figura 25 – Dispositivo para fixação das juntas de topo (GIPIELA, 2007).
3.1.3 Equipamento
Os experimentos foram realizados em uma fresadora convencional marca
ROMI modelo U30, que pode ser observada na Figura 26, caracterizada como
fresadora de coluna vertical, de potência no motor principal de 6kW e no de avanço
4kw. Este equipamento foi selecionado em função da elevada potência dos motores,
havendo assim garantia de não ocorrer travamento da ferramenta na peça durante a
soldagem, principalmente na etapa de penetração do pino, fase inicial da soldagem.
A fresadora possui como principais características: montagem da ferramenta
com mandril ISO40 de fixação rígida, avanço da mesa nos eixos x, z e z no modo
Capítulo 3 Materiais e métodos 59
manual ou automático, caixa de engrenagens para seleção de rotações no eixo-
árvore e wattímetro para monitoramento da potência requerida em condição de
carga.
Figura 26 – Fresadora universal ROMI U30.
3.1.4 Ferramentas
Foram utilizadas quatro geometrias de ferramentas FSW para a realização dos
experimentos, onde elas são diferenciadas pela combinação entre a forma das duas
partes principais, pino e suporte. Esta combinação de geometrias foi realizada
respeitando as relações dimensionais mínimas indicadas na Tabela 4, da literatura e
das sugestões da pesquisa de GIPIELA (2007), KWON et al. (2002), DAWES e
THOMAS (1999), ZHAO et al. (2005) e BUFFA et al. (2006).
Capítulo 3 Materiais e métodos 60
Na Tabela 17 foi estabelecida uma numeração para as ferramentas conforme
combinação de geometria do suporte e pino, com objetivo de facilitar a organização
do experimento.
Tabela 17 – Numeração e geometria das ferramentas FSW.
Ferramenta Pino Suporte
1 Cilíndrico Plano
2 Cônico Plano
3 Cilíndrico Côncavo
4 Cônico Côncavo
As ferramentas utilizadas podem ser visualizadas com mais detalhes
dimensionais nas Figuras 27 e 28. Ambas foram fabricadas em aço rápido ABNT
M35, indicado para fabricação de ferramentas, do fornecedor VILLARES, código
comercial VK5E RD, cujo certificado de fornecimento encontra-se no anexo A.
Figura 27 – Ferramentas 1 e 3 com pino cilíndrico utilizadas no experimento.
Capítulo 3 Materiais e métodos 61
Figura 28 – Ferramentas 2 e 4 com pino cônico utilizadas no experimento.
Apesar da utilização do aço para trabalho a quente ABNT H13 em grande parte
das pesquisas FSW verificadas na literatura, no momento de fabricação das
ferramentas, o mesmo não se encontrava disponível, fato que levou a substituição
por um material compatível disponível, neste caso o ABNT M35.
A matéria-prima para fabricação das ferramentas foi obtida em forma de barra
com diâmetro 47,62mm, onde para definição da forma da ferramenta, a primeira
etapa foi a usinagem em torno convencional, deixando um sobremetal de 0,50mm
para etapa de acabamento por retificação cilíndrica após processo de tratamento
térmico de endurecimento por martêmpera.
A dureza inicial do material da ferramenta no estado laminado a quente, era de
260HB (24,7HRC) e após rotina de tratamento térmico na empresa TEMPERAPAR,
foi verificado uma dureza de 64±2HRC.
A rotina de tratamento térmico foi a seguinte:
- Pré-aquecimento a 450ºC em banho de sal;
- Pré-aquecimento a 860ºC em banho de sal;
Capítulo 3 Materiais e métodos 62
- Austenitização a 1100ºC em atmosfera controlada;
- Resfriamento rápido e manutenção da temperatura em banho de sal a 360ºC com
posterior resfriamento ao ar;
- Triplo revenimento a 550ºC em banho de sal, de uma hora cada, exceto o último,
com duas horas.
Na etapa de tratamento térmico das ferramentas foi colocado um corpo-de-
prova cilíndrico de aço rápido ABNT M35 com diâmetro 34x8mm para verificar
posteriormente a efetividade da rotina de tratamento térmico realizado nas
ferramentas. Após seccionamento por cut-off de uma pequena parte da amostra
citada, foi realizado o embutimento, lixamento, polimento com diamante e ataque
com reagente Nital.
Na Figura 29 é possível visualizar a distribuição dos carbonetos finos primários
e secundários (região A) na matriz de martensita (região B) após ataque com
reagente Nital, onde os carbonetos distribuídos além de contribuir no aumento de
resistência mecânica, incrementam de forma considerável a resistência ao impacto
do ABNT M35.
Figura 29 – Aço rápido ABNT M35 após ataque com Nital e ampliação de 1000X. Em
A, carbonetos finos primários e secundários, em B a matriz de martensita.
A
50µm
B
A
Capítulo 3 Materiais e métodos 63
3.2 Metodologia
A seleção dos parâmetros para a efetivação dos experimentos foi realizada
com base na condição de soldagem definida por VILAÇA et al. (2005), pela razão
VR/VS e nos resultados da pesquisa de GIPIELA (2007).
A condição de soldagem é definida conforme estudos de VILAÇA et al.
(2005), pela razão entre os parâmetros VR/VS, conforme indicado na Tabela 1, onde
tem-se três condições de soldagem: a frio (VR/VS 2), intermediária (2 VR/VS 4)
e a quente (VR/VS 4).
Quando a razão VR/VS 2 tem-se a condição de soldagem resultante a frio, o
que favorece a geração do defeito cavidade, enquanto para 2 VR/VS 4 determina
uma condição intermediária de soldagem, possibilitando a soldas com isenção de
cavidades.
Com referências nos valores de VS e VR dos estudos desenvolvidos por
GIPIELA (2007) e nas condições de soldagem definidas por VILAÇA et al. (2005),
foram estabelecidos os parâmetros VR e VS indicados na Tabela 18 para realização
dos experimentos no equipamento selecionado, que determinaram duas condições
distintas de soldagem, intermediária e a quente, pela qual foram executados os
ensaios com as quatro ferramentas, com inclinação de 0° e 2°.
Tabela 18 – Parâmetros do experimento.
VR (rpm) VS (mm/min)
250
1000
112
Como o objetivo foi avaliar a influência da geometria dentro das condições
estabelecidas, tiveram-se fatores definidos como mais influentes, que são:
velocidade de rotação, geometria da ferramenta e inclinação da ferramenta. A
velocidade de soldagem foi fixada como única, o que é de praxe na linha de estudos
de geometria de ferramentas e seus efeitos.
A técnica adotada para o planejamento de experimento foi a fatorial completa
com quatro fatores (pino, suporte, VR e θ) a 2 níveis, resultando em dezesseis
Capítulo 3 Materiais e métodos 64
ensaios por rodada, e com realização de uma réplica totalizando 32 ensaios. A
matriz do experimento foi definida conforme Tabela 19.
Tabela 19 – Matriz do experimento repetida para θ de 0° e 2°.
Ensaio Ferramenta VR (rpm)
7 1 1000
9 1 250
8 2 1000
4 2 250
6 3 1000
1 3 250
3 4 1000
2 4 250
A velocidade de inserção da ferramenta na junta no inicio da solda foi de
14mm/min. Nos ensaios, a ferramenta teve penetração até 6,20mm conforme
discutido adiante, o que resulta uma folga de 0,15mm até a superfície de apoio do
dispositivo e uma penetração do suporte efetiva de 0,30mm.
Para a realização dos ensaios, foi fixado o dispositivo na mesa da máquina e
medido o desvio do paralelo da superfície de apoio retificada com relação ao eixo
árvore da máquina, no sentido longitudinal, o qual foi verificado o valor máximo de
0,02mm. Também foi medido o batimento do corpo da superfície do cilindro do
suporte, que resultou em 0,05mm, por fim, também o batimento da superfície do
cilindro do pino, que indicou 0,06mm. Estes valores de desvio e batimento podem
ser considerados adequados, similares ao obtido por GIPIELA (2007).
O controle da penetração da ferramenta na peça foi realizado visualmente no
anel graduado de movimento vertical da mesa, onde após penetração de 6,20mm do
pino, foi aguardado de 10s para estabilização da ferramenta, na seqüência sendo
acionado o avanço longitudinal da mesa para efetivação da soldagem.
A entrada e saída da ferramenta na peça foram realizadas a uma distância de
5mm das bordas da chapa com relação ao suporte, sendo que a entrada ocorreu no
lado 1 e a saída no lado 2, conforme indicado na Figura 30.
Capítulo 3 Materiais e métodos 65
Figura 30 – Entrada em 1 e saída em 2 da ferramenta FSW a 5mm da borda.
Entre a realização de cada ensaio foi aguardado um tempo de 10 minutos para
resfriamento do dispositivo e da ferramenta, não interferindo na soldagem posterior.
Durante a realização dos experimentos não foi realizado controle de temperatura
com auxílio de termopar, o que seria interessante para conhecer o comportamento e
história térmica pela qual cada junta estaria submetida em função de VR e VS.
Após cada ensaio, esperava-se 3 minutos para parte do calor retido no
dispositivo dissipar, e fazia-se um contato com a mão de forma a verificar se era
possível soltar os parafusos de fixação do dispositivo e retirar a junta soldada.
3.3 Retirada de amostras
As amostras utilizadas na metalografia foram retiradas conforme Figura 31, por
meio de seccionamento manual com serra e posterior correção por cut-off, onde
foram descartadas as regiões de entrada e saída da ferramenta, locais de grande
variação de aporte térmico. As amostras retiradas para metalografia, chamadas de A
12
Capítulo 3 Materiais e métodos 66
e B, também foram utilizadas no ensaio de microdureza. O lado 1 a esquerda indica
o lado de entrada da ferramenta, enquanto o 2 indica o lado de saída.
21
AB
Figura 31 – Indicação da região de retiradas das amostras A e B para metalografia.
3.4 Microdureza
Os ensaios de microdureza foram realizados utilizando um equipamento marca
Shimadzu, modelo HMV, na escala Vickers, com carga de 0,1kgf aplicada por 10s,
utilizando como referência à norma ASTM E384. As identações foram realizadas a
uma distância de 3,20mm com relação à superfície superior da amostra, com
espaçamento de 1mm entre cada medida, conforme verificado na Figura 32.
Figura 32 – Procedimento para microdureza na seção transversal da amostra.
Capítulo 3 Materiais e métodos 67
3.5 Metalografia
Foi realizada a etapa de metalografia com divisão em macrografia para
levantamento das regiões de soldagem e dimensão das descontinuidades com
posterior execução da micrografia para verificação e mensuração da distribuição das
fases na região de união.
Para realização das macrografias, primeiro as amostras foram removidas por
meio de serramento manual e após passaram pela etapa de lixamento em lixas de
SiC com as seguintes granulometrias: 220, 400 e 600. Na seqüência, as amostras
foram limpas com álcool, secadas com jato de ar quente e submetidas a ataque
químico de 30s (reagente Poulton). A limpeza do reagente da superfície foi realizada
com água corrente a temperatura ambiente.
Para micrografia, as amostras corrigidas por meio de cut-off foram embutidas a
frio em resina de poliéster cristal catalisada. A sequência de lixamento manual em
lixas de SiC ocorreu com as granulometrias: 600, 1200 e 2400. O polimento foi
realizado em duas etapas, na primeira com diamante de granulometria 3µm e
acabamento com diamante de 1µm. O ataque foi realizado para tempo de 10s
(reagente Keller), com limpeza em água corrente e secagem posterior com jato de ar
quente.
3.6 Radiografia
As radiografias foram realizadas nas amostras aprovadas por critério de exame
visual, considerando as descontinuidades de abertura de raiz, falta de penetração,
cavidades no cordão de solda visíveis na superfície de solda ou falta de união. As
amostras analisadas foram da primeira rodada experimental e sua réplica.
O ensaio de radioscopia industrial foi realizado pela empresa ENGISA com a
utilização de aparelho marca Rich Seifert & Co Radioscopic Inspection System DP-
419 v2.13, trabalhando com tensão de 90 kV e corrente de 4,0 mA, o qual obtém as
radiografias em tempo real, com registro digital em alta resolução da imagem obtida.
As juntas foram colocadas na posição horizontal no equipamento, sendo
realizadas duas aquisições de imagens por peça, uma à esquerda mostrando a
Capítulo 3 Materiais e métodos 68
região de entrada da ferramenta com a parte central e outra mostrando a região de
saída da ferramenta junto com a parte central. Nos resultados são apresentadas
duas radiografias, uma onde a soldagem não apresenta cavidades e outra com a
presença de cavidades, sendo que as demais são disponibilizadas no anexo B.
3.7 Testes preliminares
Os testes preliminares desenvolvidos com os parâmetros selecionados para as
quatro geometrias de ferramentas foram iniciados em um centro de usinagem CNC
marca Cincinatti, modelo Arrow S500, potência de 5,5kW, rotação máxima de
6000rpm, avanço nos eixos x/y de 3 a 12000mm/min e z de 3 a 10000mm/min, com
capacidade de força nos eixos x/y de 3kN e no z de 5,2kN, equipamento
disponibilizado no laboratório de usinagem CNC da UTFPR, Campus Curitiba.
O equipamento pela configuração de projeto não apresentava a robustez
necessária ao processo FSW, porém, como os parâmetros de união selecionados
(VR e VS) não eram elevados se pensados como parâmetros de usinagem,
esperava-se a efetivação da união sem problemas. As condições ensaiadas foram:
VR de 250 e 1000rpm com VS de 112mm/min, penetração do pino da ferramenta até
6,05mm, entrada da ferramenta com VS de 14mm/min, utilizando uma ferramenta de
suporte plano e pino cilíndrico, ferramenta denominada como 1.
Foi verificado que a máquina não possuía a força necessária no eixo z para
fazer a penetração da ferramenta, tanto para VR de 250rpm quanto para 1000rpm,
pois antes do suporte da ferramenta tocar a chapa, o controlador numérico do
equipamento detectava uma diferença de valor entre o mensurado pela régua ótica e
o informado pelo programa, fenômeno que resultava em bloqueio de rotação do
eixo-árvore e do avanço da mesa, um acionamento de emergência automático como
medida de proteção contra danos ao sistema.
Apesar da tentativa de contornar a restrição na penetração da ferramenta com
VS de 14mm/min por meio de paradas intermediárias com controle manual, o que
resultou em um tempo elevado de penetração, medida que resolveu o problema
parcialmente, contudo após liberação para rodar o programa, a ferramenta parou
Capítulo 3 Materiais e métodos 69
após movimentar aproximadamente 70mm, em função de diferença de valores entre
informado e medido na régua ótica.
A máquina também apresentou vibração excessiva a partir do contato do
suporte com a junta, assim como no desenvolvimento da soldagem após início do
avanço da mesa. Com o acionamento da emergência de forma automática, o ensaio
foi parado e depois de retirada a junta, foi observado a soldagem do pino da
ferramenta com o material de base.
Na Figura 33 pode ser verificado a união que ocorreu da ferramenta FSW em
aço rápido ABNT M35 com a liga de alumínio 5052 da junta, função da ocorrência
parcial de fusão do metal de base devido a elevada quantidade de calor resultante
do tempo elevado de penetração da ferramenta.
Figura 33 - Suporte soldado em parte da junta após retirada do dispositivo.
Devido aos resultados desfavoráveis dos experimentos realizados no centro de
usinagem Cincinatti, foi decidido pela utilização de uma fresadora convencional,
buscando robustez, com abertura do controle de movimentos e posição oferecidos
por um equipamento CNC.
Assim foi selecionado a fresadora convencional universal ROMI U30, na qual
foi possível realizar o teste preliminar de soldagem e a verificação da influência do
fator penetração, conforme Tabela 20, e posteriormente toda a parte experimental.
Capítulo 3 Materiais e métodos 70
O teste de penetração realizado com a ferramenta 1 sob VR de 250rpm e VS
de 112mm/min, onde verificou-se que a penetração do pino até 6,20mm, com folga
de 0,15mm até a base do dispositivo e penetração do suporte de 0,30mm, como a
situação que apresentou o melhor resultado para a ferramenta utilizada, com
isenção de descontinuidade cavidade para θ=2° e menor cavidade para θ=0°, sendo
o ensaio replicado uma vez.
Tabela 20 – Teste de penetração do pino e do suporte.
Teste Penetração do Pino (mm) Folga (mm) Penetração suporte (mm)
6,05 0,30 0,15
6,10 0,25 0,20
Teste 1
6,15 0,20 0,25
6,20 0,15 0,30
6,25 0,10 0,35 Teste 2
6,30 0,05 0,40
Conforme já havia sido verificado por LOMOLINO et al. (2005), JAMES et al.
(2004), THOMAS E DOLBY (2002) e OOSTERKAMP et al. (2004), a utilização de
parâmetros inadequados é um fator causador de descontinuidades, no caso o
parâmetro penetração da ferramenta, que se inadequadamente selecionado, pode
levar ao surgimento das seguintes descontinuidades: falta de penetração, cavidade
e também kissings bonds.
Capítulo 4 Resultado e discussão 71
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos após
execução dos procedimentos descritos no Capítulo 3. No item 4.1 são apresentados
e discutidos os resultados encontrados na realização dos experimentos, no item 4.2
são expostos os resultados obtidos na radiografia e a descontinuidade revelada, no
item 4.3 são apresentados os resultados obtidos com ensaio de microdureza, no
item 4.4 são apresentados e discutidos os resultados da macrografia, no item 4.5
são apresentados e discutidos os resultados da micrografia e no item 4.6 é
apresentado a abordagem estatística realizada, utilizando como referência a
microdureza, macrografia, micrografia, geometria da ferramenta e relacionando com
a obtenção de soldas isentas de descontinuidade cavidade.
4.1 Experimento planejado
Uma vez definida a profundidade de penetração da ferramenta como 6,20mm
foi realizado o ensaio e sua réplica, conforme definido na matriz de experimentos da
Tabela 21. Para cada rodada completa, no experimento fatorial de quatro fatores a
dois níveis, foram realizados oito ensaios, com a respectiva réplica, totalizando
dezesseis ensaios para cada condição de inclinação de ferramenta.
Após realização dos ensaios foi selecionada a melhor junta a enviar para
posterior análise por meio de raios x, onde os critérios de aprovação aplicados eram
visuais, não devendo a junta apresentar falha de preenchimento na raiz da solda,
cavidades na superfície da solda, rebarbas, trincas, falta de preenchimento no
cordão ou empenamento.
Dos ensaios realizados, teve-se os registros macro para indicação do estado
geral das soldas, na Figura 34 para ferramenta 1, Figura 35 para ferramenta 2,
Figura 36 para ferramenta 3 e Figura 37 para ferramenta 4. Estas juntas soldadas
foram posteriormente seccionadas para realização dos ensaios de macrografia,
micrografia e de microdureza.
Capítulo 4 Resultado e discussão 72
Figura 34 – Em A, solda com VR=250rpm. Em B, com VR=1000rpm, sendo ambas
com ferramenta 1 de suporte plano e pino cilíndrico com θ=2°.
Figura 35 – Em A, solda com VR=250rpm. Em B, com VR=1000rpm, sendo ambas
com ferramenta 2 de suporte plano e pino cônico com θ=2°.
B A
A B
Capítulo 4 Resultado e discussão 73
Figura 36 – Em A, solda com VR=250rpm. Em B, com VR=1000rpm, sendo ambas
com ferramenta 3 de suporte côncavo e pino cilíndrico com θ=2°.
Figura 37 – Em A, solda com VR=250rpm. Em B, com VR=1000rpm, sendo ambas
com ferramenta 4 de suporte côncavo e pino cônico com θ=2°.
B A
B A
Capítulo 4 Resultado e discussão 74
Na réplica do ensaio utilizando a ferramenta 4, com VR250rpm e θ=2°, a
mesma sofreu ruptura do pino antes de terminar o cordão. Na soldagem com esta
geometria, foi verificada muita vibração no equipamento, apesar de sua robustez. Foi
necessária a construção de uma nova ferramenta para refazer a réplica do ensaio.
4.2 Radiografia
Das soldas realizadas no experimento e que foram previamente aprovadas
por critério de exame visual, as mesmas também tiveram parte da junta seccionadas
manualmente, com o objetivo de detectar a presença ou não de descontinuidades
que levariam a rejeição da junta. Após foi realizado o exame de radiografia com
objetivo de detectar descontinuidades no interior da solda, especificamente
cavidades, falta de penetração e kissing bonds. Duas radiografias ilustrativas de uma
solda boa e outra ruim quanto a cavidade podem ser vistas nas Figuras 38 e 39.
Na Figura 38 é possível verificar a radiografia da solda obtida com a
ferramenta 1 e VR=250rpm a θ=2° (suporte plano e pino cilíndrico), onde a mesma
foi considerada como aceita por não apresentar descontinuidades que rejeitam a
mesma. A observação indicada como A representa uma pequena abertura entre as
duas juntas no espaço de folga entre o suporte da ferramenta e borda da chapa,
resultante da intensa deformação no momento de entrada da ferramenta, mostrando
também a partir de onde iniciou a área de contato do suporte. A observação B indica
a localização do dispositivo utilizado para fixação da junta no momento de realização
da radiografia.
Na Figura 39 tem-se a radiografia da solda obtida com a ferramenta 4 e
VR=250rpm a θ=2° (suporte côncavo e pino cônico), onde a mesma foi considerada
rejeitada pela apresentação de uma descontinuidade de cavidade, presente no
interior do cordão e revelada pela radiografia, a qual inicia no local onde ocorreu a
entrada do pino e se estende reduzindo sua largura até deixar de existir em direção
ao fim do cordão.
A descontinuidade do tipo cavidade verificada na Figura 39, está associada
com o escoamento de material no estado sólido na região próxima do pino, conforme
Capítulo 4 Resultado e discussão 75
também verificado por JAMES et al. (2005), o qual foi instável no inicio da soldagem
devido, por exemplo, a falta de pressão em função do volume de material expulso
pelo pino e acumulado sob o suporte, mas que se estabilizou em direção ao fim da
solda. As radiografias das demais soldas encontram-se no Anexo B, sendo que as
juntas rejeitadas apresentaram descontinuidade semelhante à da Figura 39.
Figura 38 – Radiografia da junta obtida com a ferramenta 1, VR=250rpm e θ=2°. Em
A, a abertura da junta na entrada da ferramenta, em B, o suporte para fixação na
câmara de radiografia.
As juntas obtidas nos ensaios realizados com as quatro ferramentas na
condição de ferramenta sem inclinação apresentaram problemas de descontinuidade
de cavidade semelhante ao indicado na Figura 39, presente em grande parte do
cordão de solda, o que foi verificado por meio de radiografia, levando a uma
condição de reprovação de todas as amostras considerando o critério de aceitação
da ASME BPVC seção IX parte QW, a qual indica que descontinuidades do tipo que
A
B
Capítulo 4 Resultado e discussão 76
apresentam falta de material por grandes distâncias no interior da solda, levam a
rejeição imediata.
Figura 39 – Radiografia da junta obtida com a ferramenta 4, VR=250rpm e θ=2°. A
região marcada indica a ocorrência de cavidade no interior do cordão.
Optou-se por editar o mínimo possível as imagens radiográficas, logo, para
auxiliar na interpretação das imagens do Anexo B, está disponibilizado também no
Anexo B uma radiografia esquemática com as respectivas observações sobre uma
radiografia típica para uma solda FSW.
Os resultados obtidos nos ensaios com as ferramentas a θ=0° vão de encontro
aos resultados obtidos por GIPIELA (2007), no qual todos os ensaios com a
ferramenta sem inclinação apresentaram elevados valores de área de cavidade,
devido a problemas com força de forjamento e escoamento de material em torno do
pino da ferramenta. Na Tabela 21 está um resumo dos resultados obtidos das
radiografias para as juntas selecionadas dos ensaios a θ=0° e θ=2°.
Capítulo 4 Resultado e discussão 77
Tabela 21 – Resultado das radiografias para ensaios a θ=0° e θ=2°.
Solda Ferramenta θ=0º θ=2º
1 Pino cilíndrico e suporte plano 1000rpm Rep. Rep.
2 Pino cilíndrico e suporte plano 250rpm Rep. Apr.
3 Pino cilíndrico e suporte côncavo 1000rpm Rep. Apr.
4 Pino cilíndrico e suporte côncavo 250rpm Rep. Apr.
5 Pino cônico e suporte plano 1000rpm Rep. Apr.
6 Pino cônico e suporte plano 250rpm Rep. Rep.
7 Pino cônico e suporte côncavo 1000rpm
Rep. Apr.
8 Pino cônico e suporte côncavo 250rpm Rep. Rep.
Todas as juntas obtidas com a ferramenta sem inclinação apresentaram
problema de cavidade no interior do cordão, sendo reprovadas (Rep.) por no geral
se estenderem por grande comprimento no interior do cordão.
As juntas obtidas com ferramenta inclinada a 2º apresentaram 50% de
aprovação (Apr.), sendo o grupo de amostras no qual foi direcionado a verificação
de microdureza.
4.3 Microdureza
Foi realizada a medição do perfil de microdureza na seção transversal à
distância de 3,20mm abaixo da face superior da solda, sendo obtido um perfil para
cada amostra e também para a entrada e saída da ferramenta 1, na condição de
VR=250rpm e θ=2°. Os valores obtidos das identações na seção transversal estão
indicados nas Tabelas 22 e 23, enquanto para entrada e saída da ferramenta podem
ser visualizados nas Tabelas 29 e 30.
O ensaio de microdureza no metal de base, foi realizado em duas amostras
cortadas no sentido transversal a laminação da chapa, com 4 identações por
Capítulo 4 Resultado e discussão 78
amostra, com medição também a 3,20mm da superfície, o que resultou em um valor
médio de 65,3±1,9HV0,1.
O estudo de microdureza foi concentrado especificamente nas amostras
obtidas nos ensaios com ferramenta inclinada de 2°, condição na qual foi obtida
50% das amostras aprovadas pela isenção de descontinuidade cavidade, permitindo
estabelecer um comparativo entre si. As dimensões das descontinuidades são
apresentadas e discutidas dentro do tópico de macrografia.
Dos dados indicados nas Tabelas 22 e 23, os mesmos foram abertos de forma
detalhada nas Tabelas 24 e 25, mostrando os valores de dureza média para cada
região da solda (MB, ZTA, ZTMA e NUGGET) assim como o desvio padrão.
Também foi detalhado nas Tabelas 27 e 28 os valores de dureza média para cada
macroregião da solda, sendo: lado de recuo, nugget e lado de avanço.
Os valores de distância considerados para definir o comprimento de cada
região da solda foram referenciados nas dimensões da ferramenta e nas
observações da macrografia. Desta forma, o comprimento do nugget foi definido
como aproximadamente igual ao diâmetro do pino da ferramenta de 6,35mm, e
padronizado para avaliação de todos os perfis de microdureza. As demais regiões
ficam como observação, uma vez que estas regiões variam de uma junta para outra,
em função de cada ferramenta e dos parâmetros utilizados.
A Tabela 24 exibe os valores médios de microdureza e respectivos desvios
obtidos para as ferramentas 2 e 1 da Tabela 22, onde verifica-se que a máxima
dureza obtida na região do nugget foi 63,3±0,5HV0,1 e a mínima 57,0±1,3HV0,1.
A Tabela 25 exibe os valores médios de microdureza e respectivos desvios
obtidos para as ferramentas 4 e 3 da Tabela 23, onde verifica-se que a máxima
dureza obtida na região do nugget foi 67,1±2,9HV0,1 e a mínima 57,4±0,9HV0,1.
Com os valores apresentados nas Tabelas 24 e 25 para a região do nugget, é
possível verificar que as soldas que apresentaram menor perda de dureza com
relação ao metal de base são obtidos para a ferramenta 2 que possui pino cônico e
suporte plano, isso significa a ocorrência de maior encruamento nesta região, onde
estas juntas apresentaram ambas a presença de descontinuidade do tipo cavidade
no interior do cordão.
Capítulo 4 Resultado e discussão 79
Tabela 22 – Valores de microdureza HV0,1 obtidos das identações das soldas
realizadas com as ferramentas 2 e 1 e θ=2°.
Pino cônico
suporte plano
250rpm
Pino cônico
suporte plano
1000rpm
Pino cilíndrico
suporte plano
250rpm
Pino cilíndrico
suporte plano
1000rpm
20 65,3 64,9 65,1 64,2
19 67,5 62,8 66,6 63,3
18 66,8 63,7 64,3 62,1
17 64,5 64,6 62,5 59,5
16 65,2 61,9 64,1 63,3
15 63,8 61,5 64,7 57,8
14 63,1 56,4 66,3 58,5
13 62,1 55,9 64,3 57,6
12 62,7 55,7 64,0 56,8
11 61,8 55,8 63,3 56,8
10 60,2 53,7 62,2 56,9
961,456,462,958,6
859,357,059,858,7
759,959,360,758,4
659,857,461,259,7
558,154,961,457,7
456,255,061,255,3
359,856,462,658,2
262,258,863,859,2
159,058,163,465,5
0
058,957,563,859,2
-1 57,8 57,4 63,0 59,1
-2 59,8 55,7 62,9 56,5
-3 56,9 55,2 63,9 55,2
-4 57,6 56,3 65,8 57,1
-5 57,5 57,1 63,6 57,6
-6 56,8 55,2 64,8 55,9
-7 55,9 55,6 63,4 55,9
-8 63,0 55,4 63,9 55,0
-9 58,8 55,2 62,7 56,1
-1062,654,662,156,5
-1161,256,459,255,8
-1261,557,067,455,9
-1365,360,464,356,4
-1463,459,063,556,7
-1564,661,961,458,1
-1665,063,060,563,5
-1764,363,361,962,3
-1864,663,663,863,1
-1964,265,363,063,2
-2065,366,263,466,6
Identação
ZTMAZTMA
AvançoRecuo
Nugget MBMB ZTA ZTA
Capítulo 4 Resultado e discussão 80
Tabela 23 – Valores de microdureza HV0,1 obtidos das identações das soldas
realizadas com as ferramentas 4 e 3 e θ=2°.
Pino cônico
suporte concavo
250rpm
Pino cônico
suporte concavo
1000rpm
Pino cilíndrico
suporte côncavo
250rpm
Pino cilíndrico
suporte côncavo
1000rpm
20 62,7 63,6 63,4 60,3
19 63,2 62,4 62,3 55,5
18 63,1 58,8 63,2 55,6
17 64,8 58,3 64,9 54,1
16 65,6 57,7 62,6 56,5
15 67,3 56,1 62,0 54,0
14 65,8 49,2 59,3 54,6
13 67,7 48,1 59,7 56,1
12 68,3 50,6 60,1 55,0
11 71,6 52,8 57,5 58,8
10 71,8 55,0 56,9 60,8
9 67,6 55,1 57,0 59,6
8 69,2 55,5 57,7 56,6
7 70,5 56,3 63,4 55,7
6 71,9 56,6 60,2 57,9
5 71,3 57,0 56,1 56,4
4 75,4 56,9 58,3 59,0
3 69,4 57,4 58,0 57,3
2 72,7 57,6 58,1 59,5
1 65,3 56,8 59,4 58,9
0
0 65,3 58,0 59,0 59,2
-1 64,8 56,7 59,2 60,9
-2 65,6 56,3 56,9 61,2
-3 66,9 59,1 59,9 59,4
-4 71,2 56,2 60,7 59,4
-5 66,5 58,4 58,0 57,2
-6 65,6 58,8 61,0 59,3
-7 64,9 58,2 59,5 58,5
-8 64,5 55,8 58,1 56,4
-9 63,8 54,7 61,0 57,8
-10 63,6 55,2 60,4 55,9
-11 65,2 55,5 61,2 55,4
-12 64,6 55,3 62,3 57,6
-13 65,1 56,5 61,3 62,0
-14 68,1 56,9 60,8 63,1
-15 66,7 60,2 64,7 64,4
-16 65,5 61,5 63,3 64,8
-17 65,6 63,1 63,6 66,4
-18 65,0 65,2 64,2 67,5
-19 67,2 62,1 62,8 69,2
-20 67,0 63,7 63,6 69,0
MBZTAZTMAZTMAZTAMB
Identação
AvançoRecuo
Nugget
Capítulo 4 Resultado e discussão 81
Tabela 24 – Resumo dos dados para microdureza das ferramentas 2 e 1.
Tabela 25 – Resumo dos dados para microdureza das ferramentas 4 e 3.
Pino cônico
suporte plano
250rpm
Pino cônico
suporte plano
1000rpm
Pino cilíndrico
suporte plano
250rpm
Pino cilíndrico
suporte plano
1000rpm
66,5 63,8 65,3 63,2
1,11,11,21,1
64,5 62,7 63,8 60,2
0,71,71,12,8
60,4 56,1 62,5 57,7
2,11,51,91,2
59,2 57,0 63,3 59,0
1,71,30,53,3
60,3 56,6 63,7 56,3
3,11,82,10,7
64,6 62,7 61,3 61,3
0,40,70,72,8
64,7 65,0 63,4 64,3
0,61,30,42,0
Região/ Ferramenta
Desvio Nugget
Desvio MB
Média ZTA
Desvio ZTA
Média Nugget
Média MB
Média ZTMA
AvançoRecuo N
Média ZTA
Desvio ZTA
Média MB
Desvio MB
Desvio ZTMA
Média ZTMA
Desvio ZTMA
Pino cônico
suporte plano
250rpm
Pino cônico
suporte plano
1000rpm
Pino cilíndrico
suporte plano
250rpm
Pino cilíndrico
suporte plano
1000rpm
63,0 61,6 63,0 57,1
0,32,50,62,7
65,9 57,4 63,2 54,9
1,31,11,51,4
70,1 53,9 58,7 57,3
2,73,22,12,0
67,1 57,4 58,6 59,5
2,90,91,01,3
65,7 56,5 60,4 58,4
2,21,41,32,4
65,9 61,6 63,9 65,2
0,71,50,71,1
66,4 63,7 63,5 68,6
1,21,60,70,9
Região/ Ferramenta
Recuo
Média ZTMA
Desvio ZTMA
Média ZTA
Desvio ZTA
Média MB
Desvio MB
Desvio ZTA
Média ZTMA
Desvio ZTMA
N
Média Nugget
Desvio Nugget
Avanço
Média MB
Desvio MB
Média ZTA
Capítulo 4 Resultado e discussão 82
Os valores de desvio padrão tanto para Tabela 22 quanto para 23 no NUGGET
são bem distintos entre si. Desta forma, é mais interessante comparar o coeficiente
de variação (CV) para a região considerada, pois segundo CRESPO (2002),
caracterizar uma dispersão ou variabilidade entre séries distintas somente pelo
desvio padrão não é aconselhável.
O coeficiente de variação pode ser calculado pela razão entre o desvio padrão
e a média da amostra conforme Equação 2.6, expresso de forma percentual, onde
para utilizações experimentais na área de exatas, o valor de CV não deve exceder
10% segundo CRESPO (2002).
100=
x
s
CV
Eq. 2.6
Onde:
s – desvio padrão da amostra
x
– média da amostra
Os valores de CV obtidos para as Tabelas 22 e 23 estão indicados na Tabela
26. Todos os valores de coeficiente de variação estão abaixo de 10%, o que sugere
variação baixa e aceitação do experimento, ao compará-los individualmente, o
menor valor de CV indica maior precisão nos resultados obtidos dentre as amostras
avaliadas.
Tabela 26 – Valores de coeficiente de variação microdureza no nugget.
Ferramentas
Pino
cônico
suporte
plano
250rpm
Pino
cônico
suporte
plano
1000rpm
Pino
cilíndrico
suporte
plano
250rpm
Pino
cilíndrico
suporte
plano
1000rpm
Pino
cônico
suporte
côncavo
250rpm
Pino
cônico
suporte
côncavo
1000rpm
Pino
cilíndrico
suporte
côncavo
250rpm
Pino
cilíndrico
suporte
côncavo
1000rpm
Desvio 1,7 1,3 0,5 3,3 2,9 0,9 1,0 1,3
Média 59,2 57,0 63,3 59,0 67,1 57,4 58,6 59,5
CV 2,9 2,3 0,8 5,6 4,3 1,6 1,7 2,2
Capítulo 4 Resultado e discussão 83
Para os valores de microdureza apresentados nas Tabelas 22 e 23, os
mesmos foram separados em função das regiões da solda FSW, sendo: MB, ZTA,
ZTMA e NUGGET. Entretanto é interessante observar o valor médio para cada
macroregião conforme indicado nos perfis de dureza, sendo: lado de recuo, nugget e
lado de avanço.
Os valores de microdureza separado pelas macroregião estão indicados nas
Tabelas 27 e 28.
Tabela 27 – Resumo dos dados para microdureza das ferramentas 2 e 1,
considerando divisão em lado de avanço, nugget e lado de recuo.
Tabela 28 – Resumo dos dados para microdureza das ferramentas 4 e 3,
considerando divisão em lado de avanço, nugget e lado de recuo.
Os valores apresentados nas Tabelas 27 e 28 de microdureza média para as
regiões citadas são muito próximos, sendo necessário posteriormente à utilização de
análise estatística para estabelecer um comparativo destes valores.
Pino cônico
suporte plano
250rpm
Pino cônico
suporte plano
1000rpm
Pino
cilíndrico
suporte plano
250rpm
Pino
cilíndrico
suporte plano
1000rpm
62,2 58,6 63,2 58,7
3,1 3,8 2,0 2,0
59,2 57,0 63,3 58,6
1,7 1,3 0,5 2,3
61,9 59,1 63,2 58,4
3,3 4,0 1,9 3,3Desvio Recuo
Média Avanço
Desvio Avanço
Região/
Ferramenta
Média Recuo
Média Nugget
Desvio Nugget
Pino cônico
suporte
concavo
250rpm
Pino cônico
suporte
concavo
1000rpm
Pino
cilíndrico
suporte
côncavo
250rpm
Pino
cilíndrico
suporte
côncavo
1000rpm
68,1 55,9 60,1 57,1
3,6 4,1 2,6 2,1
67,1 57,4 58,6 59,5
2,9 0,9 1,0 1,3
65,9 58,8 61,7 60,9
1,8 3,5 2,2 4,0
Média Recuo
Desvio Recuo
Média Avanço
Desvio Avanço
Média Nugget
Desvio Nugget
Região/
Ferramenta
Capítulo 4 Resultado e discussão 84
Na Figura 40 é possível verificar a comparação gráfica entre os perfis de
dureza obtidos para a ferramenta 1 de pino cilíndrico e suporte plano, sob as duas
condições de VR. O perfil de microdureza para VR=250rpm apresentou dureza
média na região do nugget de 63,3±0,5HV0,1 enquanto com VR=1000rpm o valor
médio foi 59,0±3,3HV0,1.
Figura 40 – Gráfico do perfil de microdureza da secção transversal das
amostras para ferramenta 1 de pino cilíndrico e suporte plano a θ=2°.
A maior quantidade de calor obtida com VR=1000rpm determina junto com
VS=112mm/min a condição de soldagem a quente, especificada por VILAÇA et al.
(2005), de forma que o perfil de dureza obtido a quente tende sempre estar
posicionado abaixo da condição de soldagem intermediária com VR=250rpm, devido
à condição de soldagem a quente favorecer a recuperação dos grãos com elevada
densidade de discordâncias, resultante da deformação intensa na região da solda,
conforme verificado por SU et al. (2003).
A Figura 41 estabelece o comparativo entre os perfis de dureza obtidos com a
ferramenta 2 de pino cônico e suporte plano sob as duas condições de soldagem. O
perfil de microdureza para VR=250rpm apresentou dureza média na região do
nugget de 59,2±1,7HV0,1 enquanto com VR=1000rpm o valor médio foi
57,0±1,3HV0,1.
50
52
54
56
58
60
62
64
66
68
70
-20 -18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Distância do centro (mm)
Microdureza (HV0,1)
Pino cilíndrico suporte plano 250rpm Pino cilíndrico suporte plano 1000rpm
Recuo
A
vanço
Nugget
Capítulo 4 Resultado e discussão 85
Figura 41 - Gráfico do perfil de microdureza da secção transversal das amostras
para ferramenta 2 de pino cônico e suporte plano a θ=2°.
Nos perfis de dureza obtido na condição a quente para a ferramenta de pino
cônico e suporte plano há uma diferença significativa de dureza, o que corrobora
com os estudos de BUFFA et al. (2006) de que o perfil de pino cônico causa uma
maior geração de calor, acentuando a queda de dureza.
A Figura 42 estabelece o comparativo entre os perfis de dureza obtidos com a
ferramenta 3 de pino cilíndrico e suporte côncavo sob as duas VR.
Figura 42 – Gráfico do perfil de microdureza da secção transversal das amostras
para ferramenta 3 de pino cilíndrico e suporte côncavo a θ=2°.
50
52
54
56
58
60
62
64
66
68
70
-20 -18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Distância do centro (mm)
Microdureza (HV0,1)
Pino cônico suporte plano 250rpm Pino cônico suporte plano 1000rpm
Nugget
A
vanç
o
Recuo
50
52
54
56
58
60
62
64
66
68
70
-20 -18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Distância do centro (mm)
Microdureza (HV0,1)
Pino cilíndrico suporte côncavo 250rpm Pino cilíndrico suporte côncavo 1000rpm
NuggetRecuo
A
vanço
Capítulo 4 Resultado e discussão 86
O perfil de microdureza da Figura 42 para VR=250rpm apresentou dureza
média na região do nugget 58,6±HV1,0 enquanto com VR=1000rpm o valor médio
foi 59,5±1,3HV0,1, sendo que próximo a região central da solda, o nugget, os dois
perfis são muito semelhante, indicando que o fluxo de material em função da
atuação do pino, apesar de estar sob condições distintas de VR, apresentou o
mesmo comportamento no escoamento do material.
A Figura 43 estabelece o comparativo entre os perfis de dureza obtidos com a
ferramenta 4 de pino cônico e suporte côncavo sob as duas condições de soldagem.
O perfil de microdureza para VR=250rpm apresentou dureza média na região do
nugget de 67,1±2,9HV0,1 enquanto com VR=1000rpm o valor médio foi
57,4±0,9HV0,1.
Assim como na ferramenta 2 de pino cônico, a ferramenta 4 apresentou uma
diferença ainda maior de dureza entre as duas condições de soldagem, o que
confirma os estudos de BUFFA et al. (2006) de que o pino cônico causa maior
geração de calor, o que acentuou a queda de dureza, principalmente no lado de
avanço da solda.
Figura 43 – Gráfico do perfil de microdureza da secção transversal das amostras
para ferramenta 4 de pino cônico e suporte côncavo a θ=2°.
46,0
48,0
50,0
52,0
54,0
56,0
58,0
60,0
62,0
64,0
66,0
68,0
70,0
72,0
74,0
76,0
-20 -18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Distância do centro (mm)
Microdureza (HV0,1)
Pino cônico suporte concavo 250rpm Pino cônico suporte concavo 1000rpm
Nugget AvançoRecuo
Capítulo 4 Resultado e discussão 87
Como complemento as verificações de microdureza realizada na secção
transversal da soldagem, foi executado um pequeno mapeamento de dureza numa
secção longitudinal a soldagem para a ferramenta 1 de pino cilíndrico e suporte
plano com VR=250rpm, considerando região de entrada e saída da ferramenta.
As identações realizadas na região de entrada da ferramenta estão indicadas
na Tabela 29, onde as identações de 0 até 5 correspondem a folga entre a borda do
chapa e o suporte (5mm), onde os valores representam a própria dureza do metal de
base. Da identação 5 até a 30 está abrangido praticamente o diâmetro do suporte.
A Figura 44 ilustra o gráfico do perfil longitudinal de microdureza dos dados
apresentados na Tabela 29 para a região de entrada da ferramenta 1 na junta, onde
verifica-se um detalhe interessante, nas identações que correspondem a região de
atuação do pino na inserção da ferramenta na junta, ocorre um pico de dureza,
devido a extrema deformação localizada causada naquele local, causando
endurecimento por trabalho mecânico.
Tabela 29 – Valores de microdureza HV0,1 obtidos das identações na região
de entrada da solda realizada com a ferramentas 1 a VR=250rpm a θ=2°.
Identação 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Dureza 65 64,5 63,9 62,7 63 65,2 64,7 67,1 64,3 63,3 63 61,9
Identação 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Dureza 63,9 62,6 61,6 61,8 72,5 87 71,3 68,3 66,2 66,3 63,7 67,1
Identação 24 25 26 27 28 29 30 Média Desvio Padrão
Dureza 63,8 63,2 65 64,8 62,8 61,9 60,4 64,5 4,8
A dureza média medida na região de entrada foi de 64,5±4,84HV0,1 que está
próximo ao valor do metal de base 65,3±1,9, indicando que a deformação sucessiva
pela ação do pino e do suporte pelo tempo de 10s para estabilização da ferramenta
antes da liberação do avanço longitudinal da máquina para efetivar a soldagem, não
causaram redução de dureza, pelo contrário, causou um pico na região do pino pelo
encruamento.
Capítulo 4 Resultado e discussão 88
55
57
59
61
63
65
67
69
71
73
75
77
79
81
83
85
87
89
0 2 4 6 8 10121416182022242628303234
Distância da borda de entrada (mm)
Microdureza (HV0,1)
Figura 44 – Perfil de microdureza longitudinal a entrada da ferramenta 1 a θ=2°.
As identações realizadas na região de saída da ferramenta estão indicadas na
Tabela 30, onde as identações de 0 até 12 tem por referência a “parede” do furo de
saída da ferramenta em direção a borda da chapa (5mm).
Tabela 30 – Valores de microdureza HV0,1 obtidos das identações na região
de saída da solda realizada com a ferramentas 1 a VR=250rpm.
Identação 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Dureza 65,6 66,2 67,8 60,4 60,6 61,5 62,9 60,2 59,6 60,3 60,4 61,4
Identação 12 Média Desvio Padrão
Dureza 63,3 62,3 2,7
A dureza média na região de saída da ferramenta foi de 62,3±2,66HV0,1,
valor que mesmo considerando o desvio padrão para cima está abaixo do metal de
base, porém, se comparado ao valor de dureza média do perfil obtido para a
ferramenta 1, representativo da solda realizada e apresentado na Tabela 22, de
Capítulo 4 Resultado e discussão 89
63,2HV0,1, os mesmos estão bem próximos, indicando que o comportamento
térmico e as condições de escoamento de material são muito parecidas com o
restante da solda, apesar dos picos e vales apresentados no perfil da Figura 45.
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
0123456789101112
Distância do furo até borda de saída (mm)
Microdureza (HV0,1)
Figura 45 – Perfil de microdureza na secção longitudinal de saída da ferramenta.
4.4 Macrografia
Foi executada uma macrografia para cada solda, sendo que posteriormente
as imagens obtidas em formato digital foram inseridas em um arquivo dwg e
mensuradas com auxílio do software AutoCAD 2004. As etapas foram: delimitar a
região da solda compreendia pelo nugget e ZTMA, criar um perfil fechado
circundando a região de análise e utilizar a função de propriedades do objeto no
software para obter o valor da área do objeto.
As uniões que apresentaram descontinuidade do tipo cavidade na seção
transversal tiveram a medição desta área pelo mesmo método citado.
Na Figura 46 está uma macrografia da seção transversal de uma solda, onde
estão evidenciadas as regiões de soldagem e a presença da descontinuidade
cavidade, apresentada na no lado de avanço.
Capítulo 4 Resultado e discussão 90
Figura 46 – Macrografia da solda realizada com Ferramenta de suporte plano e pino
cônico com 250rpm e θ=2°, por ataque Poulton. A – nugget; B – ZTMA; C – ZTA e D
o metal de base.
Utilizando a classificação das regiões de soldagem de FRATINI e BUFFA
(2005) aplicada a macrografia da Figura 46 tem-se:
A – É onde encontra-se o nugget da solda;
B – Pertence a ZTMA, local que foi submetido à intensa deformação plástica,
mas sem ocorrência de recristalização como no nugget;
C – Zona Termicamente Afetada, onde ocorre intenso fluxo de calor e
teoricamente pouca deformação plástica;
D – Metal de base onde teoricamente não ocorreu alteração por deformação ou
calor, porém nos perfis de microdureza foi verificado alteração em função de
ambos os fatores.
A região destacada na Figura 46 onde ocorre a cavidade no lado de avanço
está associado ao escoamento turbulento de material em forma de vórtice na região
de soldagem, segundo ATALLAH e SALEM (2005), o que causa muita expulsão de
material para cima em direção ao suporte ocasionado falta de material e
conseqüentemente levando a rejeição da junta.
Na Tabela 31 é apresentado os valores de área de cavidade encontradas nas
soldas com ferramenta inclinada a 2°, enquanto na Tabela 32 está indicada a área
A
B
C
D
Capítulo 4 Resultado e discussão 91
das cavidades para a situação de ferramenta perpendicular a junta (θ=0°), onde
todas as juntas apresentaram esta descontinuidade.
Tabela 31 – Área de descontinuidades mensuradas nas soldas com θ=2°.
Solda Ferramenta Área (mm2)
1 Pino cilíndrico e suporte plano 1000rpm 0,0287
5 Pino cônico e suporte plano 1000rpm 0,1540
6 Pino cônico e suporte plano 250rpm 0,6354
8 Pino cônico e suporte côncavo 250rpm 0,0111
Tabela 32 – Área de descontinuidades mensuradas nas soldas com θ=0°.
Solda Ferramenta Área (mm2)
1 Pino cilíndrico e suporte plano 1000rpm 0,8751
2 Pino cilíndrico e suporte plano 250rpm 0,1569
3 Pino cilíndrico e suporte côncavo 1000rpm 0,5346
4 Pino cilíndrico e suporte côncavo 250rpm 1,5388
5 Pino cônico e suporte plano 1000rpm 0,5928
6 Pino cônico e suporte plano 250rpm 0,3115
7 Pino cônico e suporte côncavo 1000rpm
1,4942
8 Pino cônico e suporte côncavo 250rpm 1,1003
As áreas de descontinuidades do tipo cavidade apresentadas na Tabela 31 e
32, também chamadas de defeito de túnel, foram encontradas no lado de avanço
das soldas indicadas, onde para condição de ferramenta com θ=2°, a ferramenta de
pino cônico e suporte plano com VR=1000rpm apresentou a maior descontinuidade,
enquanto a ferramenta de pino cônico e suporte côncavo apresentou a menor.
Para θ=0°, a ferramenta de pino cônico e suporte côncavo com VR=1000rpm
apresentou maior área de cavidade, enquanto a de pino cilíndrico e suporte plano
com VR=250rpm apresentou a menor. Estas descontinuidades encontradas com
θ=2° e agravadas a θ=0°, estão associadas com o escoamento de material em torno
Capítulo 4 Resultado e discussão 92
do pino da ferramenta resultante da combinação geometria de ferramenta e
parâmetros utilizados e com o efeito de forjamento gerado pelo suporte.
4.5 Micrografia
Primeiro foi realizado a caracterização do material de base para servir como
referência na comparação com as amostras de soldagem. Foram executadas a
micrografia da secção longitudinal, apresentada na Figura 46 e a transversal da
chapa original, apresentada na Figura 47.
Figura 47 – Micrografia no sentido longitudinal do metal de base (500X). Ataque com
Keller.
Para o caso da micrografia do metal de base no sentido transversal a
laminação, da Figura 48, é possível fazer a identificação das fases principais
presentes e em evidência, pois esta imagem será a referência para a comparação
das demais.
Capítulo 4 Resultado e discussão 93
Figura 48 – Micrografia no sentido transversal do metal de base (500X). Ataque com
Keller.
Na região indicada por A, está a fase clara que é a matriz de alumínio, junto
com pequenos pontos escuros que podem ser dispersões refinadas de Al
6
(FeMn),
Al
3
Fe ou Al
12
(Fe,Mn)
3
Si, devido a presença dos elementos Fe, Mn e Si na
composição química da liga (TOTTEN, 2003; ASM v9, 1995).
Na região demarcada por B, aparece a fase dispersa de Mg
2
Si também
chamada de siliceto de magnésio, na forma de partículas bem escuras (HATCH,
1984; ASM v9, 1995). Na região indicada por C, está a fase Al
3
Mg
2
, presente como
um eutético de solidificação, prevista no diagrama de fases Al-Mg, a qual possui um
contorno de fase escuro com seu interior claro (TOTTEN, 2003; ASM v9, 1995).
Para o caso das soldas que mais se diferenciaram no perfil de microdureza foi
realizado a micrografia para avaliação das imagens, sendo a 7 e 8, a primeira por
maior perda de dureza e que está ilustrada na Figura 49 e segunda por pequeno
ganho, a qual pode ser visualizada na Figura 50.
A
B
C
Capítulo 4 Resultado e discussão 94
Figura 49 – Nugget da solda 7, ferramenta de pino cônico e suporte côncavo com
VR=1000rpm e θ=2° (500X). Ataque com Keller.
Figura 50 – Nugget da solda 8, ferramenta de pino cônico e suporte côncavo com
VR=250rpm (500X) e θ=2°. Ataque com Keller.
Considerando a solda 7 ilustrada na Figura 49, onde a VR=1000rpm, a junta foi
submetida a um aporte térmico maior que o caso da solda 8 a VR=250rpm, para a
mesma ferramenta e velocidade de soldagem, caracterizando a primeira como
condição de soldagem a quente e a segunda como intermediária.
Capítulo 4 Resultado e discussão 95
Apesar das maiores diferenças de durezas serem apresentadas no lado de
avanço na região compreendida pela ZTA de cada solda, o que estaria de acordo
com as observações de VILAÇA et al. (2005) de maior concentração de calor no
lado de avanço devido ao arrasto de material para o lado de recuo, o nugget ou lente
de soldagem também apresenta uma diferença considerável se observado na Figura
43, pois segundo os estudos de BOZ e KURT (2004) o pico de temperatura é obtido
justamente na linha de simetria da junta, sendo uma região de identificação visual
facilitada, com maior garantia para a análise.
Ocorre também a contribuição da forma do pino, conforme verificado por
BUFFA et al. (2006), de que o cônico resulta em perfil de temperatura maior que um
cilíndrico, e que a força axial na soldagem também é maior, de maneira que isto
aumentou a geração de calor na condição a quente, causando redução expressiva
na dureza média para 57,4HV0,1 se comparado ao metal de base de 65,3HV0,1.
Com auxílio do software para análise de imagens Image-Pro Plus 4.5, foi
realizada uma análise para comparar a distribuição das fases dispersas na
microestrutura do nugget das soldas 7 e 8. Desta forma foram obtidos os dados que
estão apresentados na Tabela 33.
Tabela 33 – Resultado da análise das imagens no software Image-Pro Plus 4.5,
onde B indica matriz e A dispersões.
Amostra - Fase Área (%) Área Média (µm)
Metal de base – A 44,18 2,54
Metal de base – B 55,82 2,60
Solda 7 – A 40,66 6,53
Solda 7 – B 59,33 11,53
Solda 8 – A 51,12 8,87
Solda 8 – B 48,88 6,22
A referência para análise foi à micrografia do metal de base, onde para facilitar
o processo de contagem e cálculo no software Image-Pro Plus 4.5, foi considerado
que as dispersões de Al
3
Mg
2
, Mg
2
Si, Al
6
(FeMn), Al
3
Fe e Al
12
(Fe,Mn)
3
Si, representam
a fase A de cada micrografia, enquanto a fase B é a matriz de alumínio.
Capítulo 4 Resultado e discussão 96
Os dados da Tabela 33 foram agrupados e apresentados na forma gráfica nas
Figuras 51 e 52 para facilitar o comparativo da distribuição de fases e da área média.
Figura 51 – Gráfico da distribuição de fases em porcentagem das fases A e B.
Figura 52 – Gráfico da área média de cada fase em função da amostra em análise.
Fazendo a verificação dos dados expostos na Figura 51, é possível perceber
que o metal de base como recebido, apresenta uma distribuição de fase com valores
bem próximos, sendo 55,82% para a fase matriz de alumínio e os 44,18% como
fases dispersas na matriz. Para a solda 7, realizada a VR=1000rpm, ocorre uma
0
10
20
30
40
50
60
70
Amostra-Fase
Área (%)
Metal de base - A
Metal de base - B
Solda 7 - A
Solda 7 - B
Solda 8 - A
Solda 8 - B
0
2
4
6
8
10
12
14
Amostra-Fase
Áreadia (µm)
Metal de base - A
Metal de base - B
Solda 7 - A
Solda 7 - B
Solda 8 - A
Solda 8 - B
Capítulo 4 Resultado e discussão 97
redução na fase dispersa para 40,66% compensado na fase matriz de menor dureza
para 59,33%, enquanto na solda 8 que utiliza a mesma ferramenta de pino cônico e
suporte côncavo, porém a VR=250rpm, ocorre um fenômeno interessante de
redução da fase matriz para 51,12%, com compensação das fases dispersas para
48,88%, o que sugere a ocorrência de uma agregação de dispersões causadas pelo
fluxo de material no nugget.
Em função do ciclo térmico combinado com o trabalho mecânico causado pela
ferramenta durante a soldagem, isto proporciona as condições para ocorrência de
alterações microestruturais, sendo por uma distribuição mais homogênea das
dispersões, gerando bandas de deformação devido ao complexo fluxo de material no
estado sólido, ou também que dependam de processo difusional (HEURTIER et al.,
2006; DIETER, 1986;), onde comparando ao metal de base original, as fases
dispersas da solda 7 apresentaram redução na proporção, enquanto a solda 8 sob
menor aporte térmico, apresentou um aumento da fase dispersa com redução de
área de matriz.
Com relação à área média das fases matriz de alumínio (B) e dispersão (A), é
possível verificar na Figura 52 que no metal de base, matriz e dispersão apresentam
valores praticamente iguais da ordem de 2,60µm, enquanto para a solda 7 com
maior aporte térmico, ocorreu uma aumento considerável no tamanho das
dispersões para 6,53 µm, com aumento maior para os grãos de matriz, 11,53µm. Na
solda 7 com menor aporte, se comparado ao metal de base, também ocorreu
aumento do tamanho de médio da dispersão para 8,87µm, porém a parte de menor
dureza que é a matriz teve um acréscimo no tamanho para 6,22µm, mas que é
quase a metade do valor do tamanho médio de grão da solda 8.
No estudo realizado por SATO et al. (2004), na avaliação da conformação de
chapas da liga 5052 unidas por FSW sob diferentes condições de aporte térmico,
chegou-se a conclusão de que na região do nugget, o aumento do aporte térmico
causou variação no tamanho médio de grão, resultando em aumento do mesmo.
Avaliando-se o tamanho médio das dispersões de Mg
2
Si presentes nas micrografias
das Figuras 49 e 50, individualmente, as dispersões presentes para a condição de
soldagem com menor aporte térmico também são menores e com distribuição mais
Capítulo 4 Resultado e discussão 98
homogênea que as obtidas com maior aporte térmico, o que seria o fator
responsável pela variação de dureza.
4.6 Verificação estatística
O desenvolvimento estatístico foi realizado com auxílio da análise de variância
(ANOVA) modelo de classificação simples e dupla, além de execução de teste de
hipótese, conforme definidos por GUERRA e DONAIRE (1991). A combinação
realizada no experimento da geometria de ferramenta (suporte e pino), com o aporte
térmico e inclinação de dois níveis, levou a diferentes respostas para as variáveis
dureza e área das cavidades na seção transversal das soldas.
Para a variável dureza foi considerado o valor médio da região do nugget de
cada perfil junto ao respectivo desvio padrão, conforme indicado na Tabela 34. A
primeira hipótese testada teve por objetivo determinar se estatisticamente as
durezas obtidas foram diferentes entre si de forma significativa. Foi adotado o
método ANOVA combinado com o teste F, onde a hipótese nula indica médias iguais
(µ
1
=µ
2
=µ
k
), com a hipótese alternativa de todas as médias diferentes (µ
1
µ
2
µ
k
).
Tabela 34 – Microdureza média do nugget nos experimentos para θ=2°.
Ferramenta – VR(rpm)
Média (HV) Desvio padrão
Pino cilíndrico e suporte plano 1000rpm
59,0 3,3
Pino cilíndrico e suporte plano 250rpm
63,3 0,5
Pino cilíndrico e suporte côncavo 1000rpm
59,5 1,3
Pino cilíndrico e suporte côncavo 250rpm
58,6 1,0
Pino cônico e suporte plano 1000rpm
57,0
1,3
Pino cônico e suporte plano 250rpm
59,2 1,7
Pino cônico e suporte côncavo 1000rpm
57,4 0,9
Pino cônico e suporte côncavo 250rpm
67,1 0,9
Capítulo 4 Resultado e discussão 99
Os valores obtidos da análise de variância para microdureza do nugget estão
expressos na Tabela 35, para oito médias com valor único, enquanto para verificar
que fator teria maior influência na microdureza no nugget para θ=2°, os valores
estão expressos na Tabela 36.
Tabela 35 – Análise de variância simples para microdureza do nugget para θ=2°.
Fonte de variação GL SQ QM F
Entre amostras 1 29,26 29,26 3,41
Dentro das amostras 6 51,50 8,58 -
Total 7 80,76 - -
Tabela 36 - Análise de variância dupla para microdureza do nugget.
Fonte de variação GL SQ QM F
Ferramenta (A) 3 6,70 2,23 5,16E-2
Aporte térmico (B) 1 43,24 43,24 6,42
Resíduo 3 20,22 6,74 -
Total 7 70,16 - -
Para ANOVA da Tabela 35, buscando em uma tabela de valores críticos de F
(GUERRA e DONAIRE, 1991), com 1 e 6 graus de liberdade, para uma significância
de 5%, o valor obtido é 5,99. Executando o teste F, o valor calculado é menor que o
tabelado (3,41<5,99), mostrando que a hipótese nula do teste deve ser aceita, ou
seja, os valores de dureza no nugget podem ser considerados como iguais entre si.
Para microdureza da ANOVA da Tabela 36, buscando identificar o fator que
causou maior variação, foi verificado que a variável aporte térmico teve o maior valor
de F calculado, indicando que esta variável seria responsável por maior interferência
na variação de dureza no nugget que o perfil de ferramenta.
Realizando um teste F com significância de 5% para as variáveis da Tabela 36,
a ferramenta tem F tabelado de 216 (3 e 1 GL) e para aporte (1 e 3 GL) 10,13. Desta
forma, para as duas variáveis o valor de F calculado é menor que o tabelado,
Capítulo 4 Resultado e discussão 100
indicando que independente da ferramenta ou aporte utilizado no experimento em
questão, ocorrerá variação na resposta microdureza, sendo a maior variação
expressa pelo maior valor de F calculado, no caso, pelo aporte térmico.
Considerando os valores de microdureza indicados nas Tabelas 27 e 28, da
dureza média para as macroregiões do lado de recuo, nugget e lado de avanço,
realizando uma análise de variância para oito médias com valor único, para lado de
recuo e de avanço para θ=2°, tem-se os resultados expressos nas Tabelas 37 e 38.
Tabela 37 – ANOVA simples para microdureza do lado de recuo para θ=2°.
Fonte de variação GL SQ QM F
Entre amostras 1 16,64 16,64 1,89
Dentro das amostras 6 52,77 8,80 -
Total 7 69,41 - -
Tabela 38 – ANOVA simples para microdureza do lado de avanço para θ=2°.
Fonte de variação GL SQ QM F
Entre amostras 1 67,86 67,86 10,22
Dentro das amostras 6 39,81 6,64 -
Total 7 107,67 - -
Conforme já havia sido verificado, o valor de F tabelado para 1 e 6 graus de
liberdade, para uma significância de 5% é 5,99. Executando o teste F para a
microdureza do lado de recuo, o valor de F calculado é menor que o tabelado
(1,89<5,99), mostrando que a hipótese nula do teste deve ser aceita, ou seja, os
valores de dureza no lado de recuo podem ser considerados como iguais entre si.
Para o lado de avanço, o valor de F calculado é 10,22, sendo o mesmo maior
que o valor de F tabelado (10,22>5,99), indicando que a hipótese nula deve ser
rejeitada, ou seja, os valores de dureza do lado de avanço podem ser considerados
como diferentes entre si.
Para o fator de resposta cavidade em função da própria área para a gama de
ensaios com 50% de amostras aprovadas segundo o critério ASME BVPC seção IX
Capítulo 4 Resultado e discussão 101
parte QW, foi realizada análise de variância de classificação dupla para verificar qual
das variáveis foi mais influente, se a geometria de ferramenta ou o aporte térmico.
Os resultados desta ANOVA estão indicados na Tabela 39.
Tabela 39 – Análise de variância dupla de cavidade para θ=2°.
Fonte de variação GL SQ QM F
Ferramenta (A) 3 0,2262 0,0754 2,81
Aporte térmico (B) 1 0,0268 0,0268 0,90
Resíduo 3 0,0894 0,0298 -
Total 7 0,3424 - -
Para o fator área de cavidade para θ=2°,o maior valor de F calculado ocorreu
para ferramenta, indicando maior força na resposta, ou seja, o fator responsável por
causar maior variação nas cavidades foi a variação de geometria da ferramenta.
Para o caso em que 100% das amostras foram reprovadas segundo o critério
ASME BVPC seção IX parte QW, foi também realizada análise de variância de
classificação dupla para verificar qual das variáveis foi mais influente, onde os
resultados desta ANOVA estão indicados na Tabela 40.
Tabela 40 – Análise de variância dupla para cavidade para θ=0°.
Fonte de variação GL SQ QM F
Ferramenta (A) 3 1,004 0,335 17,63
Aporte térmico (B) 1 0,019 0,019 6,62E-2
Resíduo 3 0,860 0,287 -
Total 7 1,883 - -
Da ANOVA da Tabela 40 é possível verificar que ocorre um comportamento
semelhante ao da Tabela 39, onde o maior valor de F calculado ocorre para a
variável ferramenta, comprovando que é o mais influente na área de cavidade.
Capítulo 4 Resultado e discussão 102
A interação entre ferramenta e aporte térmico da Tabela 39 são mais claras via
análise gráfica da Figura 53 e 54, onde a reta do gráfico indica o fator ferramenta e
sua geometria, com o fator aporte térmico relacionado de forma indireta pela
velocidade de rotação, em dois níveis, baixo para 250rpm e alto para 1000rpm.
Figura 53 – Interação do fator ferramenta com a área das cavidades com θ=2°.
0,000
0,100
0,200
0,300
0,400
0,500
0,600
0,700
0 250 500 750 1000
VR (rpm)
Área (mm2)
Pino cônico e
suporte plano
Figura 54 – Interação do fator ferramenta com a área das cavidades, caso crítico
com θ=2°.
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
0,030
0 250 500 750 1000
VR(rpm)
Área (mm2)
Pino cilíndrico e
suporte plano
Pino cilíndrico e
suporte côncavo
Pino cônico e
suporte côncavo
Capítulo 4 Resultado e discussão 103
Para verificação da interação dos fatores ferramenta e aporte com a área da
descontinuidade cavidade, a condição ideal é quando a resposta possui o menor
nível, em que a área tem valor zero.
Observando o gráfico da Figura 53, o fator mais influente na área de cavidade
é a ferramenta, pois para o caso cuja geometria é pino cilíndrico e suporte côncavo,
independente da VR a solda foi isenta de descontinuidades, enquanto para as
ferramentas de pino cilíndrico e suporte plano ou pino cônico e suporte concâvo, as
alterações do fator VR causaram pouca alteração na área de cavidade.
O caso onde a variação da área da cavidade é muito significativa ocorreu
para a ferramenta de pino cônico e suporte plano ilustrada na Figura 54, onde o
aumento do aporte térmico causou muita redução da área de descontinuidade para
VR1000rpm, mas não a ponto de obter uma solda isenta de defeitos.
Ao considerar a relação possível entre os valores de microdureza indicados
nas Tabelas 22 e 23 e aporte térmico, as quatro soldas obtidas com menor aporte
térmico apresentaram maior dureza média que as outras obtidas com maior aporte
térmico, possivelmente em razão de encruamento e da temperatura alcançada na
soldagem, isto para condição de ferramenta inclinada de 2°.
A descontinuidade do tipo cavidade é causada basicamente por fluxo plástico
de material insuficiente na região do nugget, onde este escoamento de material no
estado sólido depende das combinações de VR e VS, pois destas variáveis depende
o aporte térmico, onde o aumento do insumo de calor favorece a extrusão de
material pelo pino da ferramenta, conforme verificado por CHEN et al. (2006), mas
isto não impediu que para a ferramenta de pino cilíndrico e suporte plano além da
com pino cônico e suporte plano, ambas sob VR=1000rpm, resultasse em presença
de cavidade no lado de avanço da solda.
Para o caso dos ensaios com ferramenta sem incinação, onde θ=0°, o gráfico
da Figura 55 mostra que na interação entre ferramenta e aporte térmico para o fator
de resposta cavidade, ocorreu um comportamento praticamente inverso, onde o
aumento da velocidade de rotação, passando da condição de soldagem
intermediária para quente, para a maioria das situações apresentou um aumento na
área de cavidades, sugerindo que o processo de escoamento de material em torno
Capítulo 4 Resultado e discussão 104
do pino foi mais instável, causando expulsão de material, fato que só não ocorreu na
ferramenta de pino cilíndrico e suporte plano.
Figura 55 - Interação do fator ferramenta com a área das cavidades com θ=0°.
Este fato comprova a importância do perfil do suporte, pois para os casos
citados, era do tipo tradicional plano, o que resulta em força de forjamento uniforme,
mas sem espaço para conter o material que tende a ser expelido para fora da região
de solda em função da reação a força de extrusão de material causada pelo pino.
Isto vai de encontro ao que foi verificado por DAWES e THOMAS (1999) e
COLLIGAN (1999), de que um suporte côncavo aumenta a força de forjamento e
conseqüentemente o fechamento da lente de soldagem para que não haja a
presença de região macro com falta de material.
Para a variável ângulo de inclinação da ferramenta θ=0° ou θ=2°, o que foi
constatado nas condições de ensaio realizadas é que todas as amostras obtidas
com a ferramenta perpendicular a superfície de soldagem, isto é θ=0°, apresentaram
descontinuidade do tipo cavidade conforme Tabela 32, comprovado por meio de
ensaio não-destrutivo de radiografia.
Estabelecendo uma análise de variância do tipo modelo de classificação
dupla, considerando os fatores cavidade em função de ferramenta - aporte térmico e
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
0 250 500 750 1000
VR (rpm)
Área (mm2)
Pino cilíndrico e
suporte plano
Pino cilíndrico e
suporte côncavo
Pino cônico e suporte
plano
Pino cônico e suporte
côncavo
Capítulo 4 Resultado e discussão 105
ângulo de inclinação para θ=0° ou θ=2°, os valores obtidos desta análise são
expressos na Tabela 41.
Tabela 41 – Análise de variância para cavidade com θ=0° e θ=2°.
Fonte de variação SQ GL QM F
Inclinação 2,0844 1 2,0844 19,32
Ferramenta – Ap. 0,7553 7 0,1079 0,51
Interação 1,4709 7 0,2101 -
Total 4,3106 15 - -
Para o valor de F calculado indicado na Tabela 41, um valor maior indica maior
força na resposta, confirmando que a variável inclinação foi mais influente que a
combinação ferramenta - aporte térmico na variação da área de cavidade.
Para as análises de variância realizadas nas Tabelas 39 e 40 os valores de F
calculados e expressos nas tabelas são menores que o crítico tabelado, indicando
que independente do fator está ocorrendo alteração na variável de resposta, sendo
maior variação causada pela variável que possui maior valor de F calculado.
A interação entre as variáveis ferramenta, aporte térmico (função da VR) e
ângulo de inclinação são detalhadas por meio de análise gráfica na Figura 56, onde
a superfície de resposta indica a área de cavidade, obtida para cada ferramenta em
função de velocidade de rotação e ângulo de inclinação (θ=0° e θ=2°).
A superfície ideal de resposta para a Figura 56, independente da geometria
de ferramenta seria um plano localizado na base do cubo, porém neste caso é
possível verificar para as condições de ensaio de que a inclinação de ferramenta
possui influência decisiva na ocorrência de cavidade, por interferir na força de
forjamento e diretamente na consolidação da soldagem, fato já verificado por muitos
pesquisadores, como CHEN et al. (2006), DAWES e THOMAS, (1999) e JAMES et
al. (2005).
Capítulo 4 Resultado e discussão 106
Pino Cilíndrico e Suporte Plano Pino Cilíndrico e Suporte Côncavo
Pino Cônico e Suporte Plano Pino Cônico e Suporte Côncavo
VR (rpm)
250 1000
2
0
I
n
cli
n
ação
(
°)
Área (mm²)
01,60
0,88
0,16
0,03
VR (rpm)
250 1000
2
0
Inclinação
(
°)
Área (mm²)
01,60
0,53
VR (rpm)
250 1000
2
0
Incli
n
a
çã
o (
°)
Área (mm²)
01,60
0,59
0,31
0,15
VR (rpm)
250 1000
2
0
I
n
cli
n
a
çã
o (
°)
Área (mm²)
01,60
1,49
1,10
0,01
1,54
0,64
Figura 56 – Análise gráfica via superfície 3D das principais variáveis.
Observando as superfícies de resposta da Figura 56 é possível considerar que
os melhores resultados das interações entre ferramenta, VR, inclinação e área de
cavidade ocorrem para a ferramenta de pino cilíndrico e suporte côncavo, para a
condição de ensaio de ferramenta inclinada a θ=2°, independente da VR.
Capítulo 5 Conclusões 107
5 CONCLUSÕES
No estudo da relação entre geometria de ferramenta combinada com as
condições de soldagem e inclinação, para obtenção de soldas isentas de
descontinuidades do tipo cavidade na liga 5052, chegou-se as seguintes conclusões:
Com as quatro geometrias de ferramentas combinando dois tipos de pino e
suporte foi possível obter quatro juntas isentas de cavidade para θ=2°,
conforme comprovado pelas radiografias aprovadas quando analisadas pelo
critério ASME BPVC seção IX parte QW;
A ferramenta de pino cilíndrico e suporte côncavo a θ=2° permitiu obter solda
isenta de cavidade independente do aporte térmico;
A ferramenta de pino cônico e suporte côncavo a VR=1000rpm e a de pino
cilíndrico e suporte plano a VR=250rpm, resultaram em soldas com cavidade
em todas as situações para θ=2°;
Com relação à microdureza no nugget, verificou-se estatisticamente que não
apresentavam diferença significativa entre si;
Com relação à microdureza no lado de recuo, verificou-se estatisticamente
que não apresentavam diferença significativa entre si, enquanto no lado de
avanço, foi constatada diferença significativa nos valores calculados;
Uma ferramenta resultou em perfis de dureza bem distintos com relação aos
demais, sendo esta, a de pino cônico e suporte côncavo;
Utilizando a ANOVA para avaliar a variável de resposta cavidade em função
de ferramenta e aporte térmico, verificou-se neste caso que o fator de maior
interferência é a ferramenta, corroborando o argumento de pesquisadores da
área sobre a importância do projeto da ferramenta FSW;
Utilizando a ANOVA para avaliar a variável de resposta cavidade em função
de inclinação e da ferramenta-aporte térmico, foi verificado que nesta situação
a inclinação é mais influente, comprovando a necessidade de trabalhar com a
ferramenta com inclinação diferente de θ=0°;
O aporte térmico possui influência na dureza na seção transversal da solda,
pois com VR=250rpm os perfis apresentaram um patamar elevado com
Capítulo 5 Conclusões 108
relação à média, enquanto para VR=1000rpm, as soldas apresentaram um
patamar inferior, acusando maior redução, comprovado pela micrografia.
Capítulo 6 Sugestões 109
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Avaliar qual o efeito da variável geometria de ferramenta, alterando só a altura
do pino com relação ao suporte da ferramenta, para um intervalo de
parâmetros determinados;
Avaliar qual o efeito da variável inclinação da ferramenta dentro de
determinado intervalo mantendo fixo os parâmetros VR e VS para uma única
ferramenta de soldagem;
Desenvolver um dispositivo para fixação no qual a dimensão das duas chapas
possam servir para preparar corpos de prova para ensaio de tração no sentido
transversal a solda, com intenção de avaliar a resistência mecânica em função
do aporte térmico e ferramenta;
Desenvolver um dispositivo para fixação da junta, no qual o travamento das
chapas na parte superior seja realizado por contato com uma chapa plana
robusta, para evitar marcas de atrito de parafuso na superfície superior das
amostras, cuidando das dimensões para que seja possível obter corpos-de-
prova de tração posteriormente;
Comparar para uma geometria combinada de suporte côncavo e pino cilíndrico,
qual o efeito da presença e ausência de ranhuras neste pino dentro de um
intervalo de parâmetros de processo;
Fazer um mapeamento do ciclo de calor distribuído pela peça com auxílio de
termopares para avaliar em um conjunto de ferramentas o aporte térmico
resultante da combinação com as variáveis de processo adotadas;
Verificar para um intervalo fixo de parâmetros VR e VS se os extremos da
seção transversal das juntas de pequena largura podem efetivamente ser
considerados como metal de base, em função da intensa deformação causada
pela ferramenta durante a etapa de soldagem e do calor resultante.
Referências
110
REFERÊNCIAS
ALCAN. Manual de Soldagem. 1ª Ed. São Paulo: ALCAN Alumínio do Brasil, 1993.
141p.
AMÂNCIO FILHO, S. T. Soldagem por fricção de junta dissimilar em ligas de
alumínio de AA 2024 e AA 6056: microestrutura e propriedades. São Carlos:
UFSCAR, 2002. 185 p. Dissertação de mestrado.
ASM Metals Handbook. Properties and selection: Nonferrous alloys and special-
purpose materials. United States of America: ASM International, 1995. v. 2. 3470 p.
ASM Metals Handbook. Alloy Phase Diagrams. United States of America: ASM
International, 1995. v. 3. 1741 p.
ASM Metals Handbook. Welding, brazing and soldering. United States of America:
ASM International, 1995. v. 6. 2873 p.
ASM Metals Handbook. Metallography and microstructures. United States of
America: ASM International, 1995. v. 9. 2873 p.
ASM Metals Handbook. Machining. United States of America: ASM International,
1995. v. 16. 1089 p.
ATTALLAH, M. M.; SALEM, H. G. Friction stir welding parameters: a tool for
controlling abnormal grain growth during subsequent heat treatment. Materials
Science and Engineering A, 391, p. 51–59, 2005.
BOZ, M.; KURT, A. The influence of stirrer geometry on bonding and
mechanical properties in friction stir welding process. Materials and Design, 25,
, p. 343–347, 2004.
BUFFA, G.; HUAA, J.; SHIVPURI, R.; FRATINI, L. Design of the friction stir
welding tool using the continuum based FEM model. Materials Science &
Engineering A, 419, p. 381-388, 2006.
Referências
111
CAVALIERE, P.; CERRI, E.; SQUILLACE, A. Mechanical response of 2024-7075
aluminium alloys joined by friction stir welding. JOURNAL OF MATERIALS
SCIENCE, 40, p. 3669 – 3676, 2005.
CEDERQVIST, L.; REYNOLDS, A. P. Factors affecting the properties of friction
stir welded aluminum lap joints. Welding Journal, Welding Research – Suplement
to the Welding Journal, p.7, 2002.
CHEN, C. M.; KOVACEVIC, R. Finite element modeling of friction stir welding -
thermal and thermomechanical analysis. International Journal of Machine Tools &
Manufacture, 43, p. 1319–1326, 2003.
CHEN, C. M.; KOVACEVIC, R. Joining of Al 6061 alloy to AISI 1018 steel by
combined effects of fusion and solid state welding. International Journal of
Machine Tools & Manufacture, 44, p. 1205–1214, 2004.
CHEN,H.; YAN, K.; LIN, T.; CHENA, S.; JIANG, C.; ZHAO, Y. The investigation of
typical welding defects for 5456 aluminum alloy friction stir welds. Materials
Science and Engineering A, 433, p. 64–69, 2006.
COLEGROVE, P. A.; THREADGILL, P. L. Development of the trivex
TM
friction stir
welding tool. TWI Ltda, 2003. Disponível em:
<http://www.twi.co.uk/j32k/unprotected/band_1/sppacfeb2003.html>. Acesso em: 27
jul. 2007.
COLEGROVE, P. A.; SHERCLIFF, H. R. 3-Dimensional CFD modelling of flow
round a threaded friction stir welding tool profile. Journal of Materials Processing
Technology 169, p. 320–327, 2005.
COLLIGAN, K. Material flow behavior during friction stir welding of aluminum.
Welding Journal, Welding Research – Suplement to the Welding Journal, p.9, July
1999.
COOK, G. E.; CRAWFORD, R.; CLARK, D. E.; STRAUSS, A. M. Robotic friction
stir welding. Industrial Robot: An International Journal, V. 31 - Number 1, p. 55–63, ·
2004.
Referências
112
COVINGTON, J. L. EXPERIMENTAL AND NUMERICAL INVESTIGATION OF
TOOL HEATING DURING FRICTION STIR WELDING. Dissertação de mestrado da
Universidade Brigham Young. Provo, UTAH, USA: BYU, 2005, 135 p.
CRESPO, A. A. Estatística Fácil. São Paulo, 2002. Ed Saraiva. 18
a
Edição.
DAWES, C. J.; THOMAS, W. M. Development of improved tool design. TWI – UK,
p.10, 1999.
DEQING, W.; SHUHUA, L.; ZHAOXIA; C. Study of friction stir welding of
aluminum. Journal of Materials Science, 39, p. 1689–1693, 2004.
DINIZ, A. E.; MARCONDES, F. C.; COPPINI, N. L. Tecnologia da usinagem dos
materiais. 4ª Ed. São Paulo. Artliber editora Ltda, 2003. 248p.
DIETER, G. E. Metalurgia mecânica. 2ª Ed. Rio de Janeiro. Guanabara Dois
Editora, 1981. 655p.
EAGAR, T. W. Challenges in joining emerging materials. Proceedings of
international conference on advance in joining newer structural materials. Montreal –
Canadá. Pergamon Press, 3, p. 12, 1990.
ERICSSON, M.; SANDSTROM, R. Influence of welding speed on the fatigue of
friction stir welds, and comparison with MIG and TIG. International Journal of
Fatigue, 25, p. 1379–1387, 2003.
ESAB - ESAB Welding & Cutting Products AB. Products. Sweden. Disponível em: <
http://products.esabna.com/index.html/screen/welding_automation_category_page >.
Acesso em: 05 out. 2006.
FRATINI, L.; BUFFA, G. CDRX modelling in friction stir welding of aluminum
alloys. International Journal of Machine Tools & Manufacture, 45, p. 1188–1194,
2005.
GHARACHEH, M. A.; KOKABI, A.H.; DANESHI, G.H.; SHALCHI, B.; SARRAFI, R.
The influence of the ratio of ‘‘rotational speed/traverse speed’’ (ω/ν) on
Referências
113
mechanical properties of AZ31 friction stir welds. International Journal of
Machine Tools & Manufacture, 46, p. 1983–1987, 2006.
GIPIELA, M. L. Influência dos parâmetros de processo na geração de defeitos
na soldagem FSW da liga de alumínio 5052. Dissertação de mestrado PPGEM.
Curitiba: UTFPR, 2007, 127 p.
GILBREATH, W. P. The vapor pressure of magnesium between 223° and 385 °C.
Nasa technical note, NASA TN D-2723, p. 1 –11, 1965.
GUERRA, M.; SCHMIDT, C.; MCCLURE, J.C.; MURR, L.E.; NUNESB, A.C. Flow
patterns during friction stir welding. Materials Characterization, 49, p. 95– 101,
2003.
GUERRA, M. J.; DONAIRE, D. Estatística Indutiva – teoria e aplicações. São
Paulo: LTCE, 1991, 311 p.
HATCH, J. E.; Properties and Physical Metallurgy. United States of America: ASM
International, 1984, 484 p.
HEURTIER, P.; JONES, M.J.; DESRAYAUD, C.; DRIVER, J.H.; MONTHEILLET, F.;
ALLEHAUX, D. Mechanical and thermal modelling of Friction Stir Welding.
Journal of Materials Processing Technology, 171, p. 348–357, 2006.
JAMES, M. N.; BRADLEY, G. R.; LOMBARD, H.; HATTINGH, D. G. The
relationship between process mechanisms and crack paths in friction stir
welded 5083-H321 and 5383-H321 aluminium alloys. Fatigue & Fracture of
Engineering Materials & Structures, 28, p. 245–256, 2005.
JATA, K. V.; SEMIATIN, S. L. Continuous dynamic recrystallization during
friction stir welding of high strenght aluminum alloys. Scripta Materialia, 43, p.
743–749, 2000.
JOHN, R.; JATA, K.V.; SADANANDA, K. Residual stress effects on near-
threshold fatigue crack growth in friction stir welds in aerospace alloys.
International Journal of Fatigue, 25, p. 939–948, 2003.
Referências
114
ROSATO JÚNIOR, A. Estrutura integral por soldagem por atrito friction stir
welding – fsw – requisitos básicos para o projeto estrutural. São José dos
Campos – SP: ITA, 2003. 262 p. Dissertação de mestrado.
KALLEE, S. W.; NICHOLAS, E. D.; THOMAS, W. M. Friction stir welding -
invention, innovations and applications. INALCO 2001 - 8th International
Conference on Joints in Aluminum. Munich, Germany, p18, 28-30 March 2001.
KOU, S. Welding Metallurgy. New York: John Wiley & Sons, 1987. 410 p.
KWON, Y. J.; SAITO, N.; SHIGEMATSU, I . Friction stir process as a new
manufacturing technique of ultrafine grained aluminum alloy. JOURNAL OF
MATERIALS SCIENCE LETTERS, 21, p. 1473 – 1476, 2002.
LEE, W. B.; YEON, Y. M.; JUNG, S. B. The mechanical properties related to the
dominant microstructure in the weld zone of dissimilar formed Al alloy joints
by friction stir welding. JOURNAL OF MATERIALS SCIENCE, 38, p. 4183 – 419,
2003.
LEONARD, A. J. Microstructure and Ageing Behaviour of FSWs in Aluminium
Alloys 2014A – T651 and 7075-T651. TWI UK, p.14, 2000.
LIENERT, T. J.; STELLWAG, W. L.; GRIMMETT, JR. B. B.; WARKE, R. W. Friction
stir welding studies on mild steel. Welding Journal, Welding Research –
Suplement to the Welding Journal, p.9, January 2003.
LI, Y.; MURR, L.E.; MCCLURE, J.C. Solid-state flow visualization in the friction
stir welding of 2024 Al to 6061 Al. Scripta Materialia, No. 9, p. 1041–1046, 1999.
LIU, H.; FUJII, H.; MAEDA, M.; NOGI, K. Heterogeneity of mechanical properties
of friction stir welded joints of 1050-H24 aluminum alloy. JOURNAL OF
MATERIALS SCIENCE LETTERS, 22, p. 441– 444, 2003.
LIU, H.J.; FENG, J.C.; FUJII, H.; NOGI, K. Wear characteristics of a WC–Co tool
in friction stir welding of AC4A + 30 vol% SiCo composite. International Journal
of Machine Tools & Manufacture, 45, p. 1635–1639, 2005.
Referências
115
LIU, S.; CHAO, Y. J. Determination of global mechanical response of friction stir
welded plates using local constitutive properties. Modelling and Simulation in
Materials Science Engineering, 13, p. 1–15, 2005.
LOCKWOOD, W.D.; REYNOLDS, A.P. Simulation of the global response of a
friction stir weld using local constitutive behavior. Materials Science and
Engineering A339, p. 35–42, 2003.
LOMOLINO, S.; TOVO, R.; SANTOS, J. On the fatigue behaviour and design
curves of friction stir butt-welded Al alloys. International Journal of Fatigue, 27, p.
305–316, 2005.
MACHADO, A. Comando numérico aplicado às máquinas-ferramenta. 2ª Ed. São
Paulo. Ícone editora Ltda, 1987.
MARQUES, P. V.; MODENESI, P. J.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem:
fundamentos e tecnologia. Belo Horizonte: UFMG, 2005, 363 p.
MATWEB. Material property data. Disponível em:
<http://www.matweb.com/search/DataSheet.aspx?MatGUID=2e6fcee92ad3454097d
8a08360171f8f >. Acesso em: 8 dez. 2008.
MISHRA, R. S. Friction stir processing technologies. Advanced Materials &
Process, 161, p. 5, 2003.
MURR, L. E.; LIU, G.; McCLURE, J. C. Dynamic recrystallization in friction-stir
welding of aluminium alloy 1100. JOURNAL OF MATERIALS SCIENCE
LETTERS, 16, p. 1801–1803, 1997.
NICHOLAS, E. D. Friction processing technologies. Welding in the World, 11/12,
2003, v. 47.
NOVELIS. Folheto de chapas de alumínio. 2006. Disponível em: <
http://www.novelis.com.br/NR/rdonlyres/6B0C0EC3-ACA8-4FC7-BC9E-
8A87A992DA08/7794/Folhas_de_aluminio.pdf>. Acesso em: set. 2008.
Referências
116
NUNES, A. C.; BERNSTEIN, E. L.; MCLURE, J. C. A rotating plug model for
friction stir welding. American Welding Society Annual Convention, 81
st
, 2000.
OOSTERKAMP, A.; OOSTERKAMP, L. D.; NORDEIDE, A. Kissing bond
phenomena in solid-state welds of aluminum alloys. Welding Journal, Welding
Research – Suplement to the Welding Journal, p.7, August 2004.
OZEKCIN, A..; JIN, H. W. ; KOO, J. Y.; BANGARU, N. V.; AYER, R.; VAUGHN, G.;
STEEL, R.; PACKER, S. A microstructural study of friction stir welded joints of
carbon steels. International Journal of Offshore and Polar Engineering, Vol. 14, No.
4, December 2004.
PAO, P. S.; GILL, S. J.; FENG, C.R.; SANKARAN, K. K.. Corrosion – fatigue crack
growth in friction stir welded Al 7050. Scripta Materialia, 45, p. 605 – 612, 2001.
PARK, S. H. C.; SATO, Y. S.; KOKAWA, H.; OKAMOTO, K.; HIRANO, S.; INAGAKI,
M. Rapid formation of the sigma phase in 304 stainless steel during friction stir
welding. Scripta Materialia, 49, p. 1175–1180, 2003.
PEREIRA, G. S.; BOLFARINI, C. ; SANTOS, J. F. Microestrutura de ligas Al-Si
hipereutéticas, conformadas por spray e soldadas por Friction Stir Welding.
Porto Alegre: Cbecimat – XVI, 2004. CD-ROM.
PEEL, M.; STEUWER, A.; PREUSS, M.; WITHERS, P.J. Microstructure,
mechanical properties and residual stresses as a function of welding speed in
aluminium AA5083 friction stir welds. Acta Materialia Journal, 51, p. 4791-4801,
2003.
POLITI, E. Química – Curso completo. Editora Moderna. 1994.
POTOMATI, F. Avaliação da qualidade final de juntas dissimilares de ligas de
alumínio 2024-6056 e 7075-6056 soldadas por FSW - 'Friction Stir Welding'.
Universidade Federal de São Carlos, 2006. Dissertação de Mestrado em Ciência e
Engenharia de Materiais.
Referências
117
PRADO, R. A.; MURR, L.E.; SOTO, K.F.; MCCLURE, J.C. Self-optimization in tool
wear for friction-stir welding of Al 6061 + 20% Al2O3 MMC. Materials Science
and Engineering A, 349, p. 156-165, 2003.
SATHIYA, P.; ARAVINDAN, S.; HAQ, A. N. Mechanical and metallurgical
properties of friction welded AISI 304 austenitic stainless steel. International
Journal Advanced Manufacture Technology, 26, p. 505–511, 2005.
SATO, Y. S.; SUGIURA, Y.; SHOJI, Y.; PARK, S. H. C.; KOKAWA, H.; IKEDA, K..
Post-weld formability of friction stir welded Al alloy 5052. Materials Science and
Engineering A, 369, p.138–143, 2004.
SONG, M.; KOVACEVIC, R. Thermal modeling of friction stir welding in a
moving coordinate system and its validation. International Journal of Machine
Tools & Manufacture, 43, p. 605–615, 2003.
SOUNDARARAJAN, V.; ZEKOVIC, S.; KOVACEVIC, R. Thermo-mechanical model
with adaptive boundary conditions for friction stir welding of Al 6061.
International Journal of Machine Tools & Manufacture, 45, p. 1577–1587, 2005.
SQUILLACE, A.; FENZO, A.; GIORLEO, G.; BELLUCCI, F. A comparison between
FSW and TIG welding techniques: modifications of microstructure and pitting
corrosion resistance in AA 2024-T3 butt joints. Journal of Materials Processing
Technology, 152, p. 97–105, 2004.
SRINIVASAN, P. B.; DIETZELB, W.; ZETTLERB, R.; SANTOS, J.F.; SIVAN, V.
Stress corrosion cracking susceptibility of friction stir welded AA7075–AA6056
dissimilar joint. Materials Science and Engineering A, 392, p. 292–300, 2005.
STACHOWIAK, G. W.; BATCHELOR, A. W. Engineering Tribology. Austrália:
BUTTERWOTH HEINEMANN, 2000, 769 p.
SU, J. Q.; NELSON, T. W.; MISHRA, R.; MAHONEY, M. Microstructural
investigation of friction stir welded 7050 - T651 aluminium. Acta Materialia
Journal, 51, p. 713-729, 2003.
Referências
118
SUTTON, M. A.; YANG, B.; REYNOLDS, A. P.; TAYLOR, R. Microstructural
studies of friction stir welds in 2024-T3 aluminum. Materials Science and
Engineering A, 323, p. 160–166, 2002.
SUTTON, M. A.; REYNOLDS, A. P.; YANG, B.; TAYLOR, R. Mixed mode I/II
fracture of 2024-T3 friction stir welds. Engineering Fracture Mechanics 70, p.
2215–2234, 2003.
THOMAS, W. M.; DOLBY, R. E. Friction Stir Welding Developments. 6th
International Conference on Trends in Welding Research, 15-19 April 2002, Georgia,
USA. Disponível em:
<http://www.twi.co.uk/j32k/protected/band_8/spwmtapril2002.html>. Acesso em: 03
jul. 2007.
THOMAS, W. M.; NICHOLAS, E. D.; SMITH, S. D. Friction stir welding – tool
development. TMS Annual Meeting, p.1–10, 2001. Disponível em:
<http://www.twi.co.uk/j32/protectd/band_8/spwmtfeb2001.html>. Acesso em: 03 jul.
2007.
THREADGILL, P. L.; NUNN, M. E. A review of friction stir welding: Part 1,
Process Overviwew. Relatório TWI - UK No 13963.2/02/1150.2, 2002.
TOTTEN, G. E.; SCOTT, D. Handbook of aluminum: Alloy production and
materials manufacturing, v2. New York: Marcel Dekker Inc, 719p., 2003.
TWI. Friction Stir Welding - Process advantages. 2005. Disponível em: <
http://www.twi.co.uk/j32k/unprotected/band_1/fswproc.html>. Acesso em: 20 ago.
2008.
TWI. Friction Stir Welding - Materials and thicknesses. 2007. Disponível em: <
http://www.twi.co.uk/j32k/unprotected/band_1/fswmat.html>. Acesso em: 10 out.
2008.
VILAÇA, P.; QUINTINO, L.; SANTOS, J. F. ISTIR–Analytical thermal model for
friction stir welding. Journal of Materials Processing Technology, 169, p. 452–465,
2005.
Referências
119
VILLARES. AÇOS VILLARES SIDENOR. Catálogo eletrônico disponível em:
<http://www.villaresmetals.com.br/portuguese/files/FT_11_VK5E.pdf>. Acesso em:
10 dez. 2008.
WEINGAERTNER, L. W.; SCHROETER, R. B. Tecnologia de usinagem do
alumínio e suas ligas. 2ª Ed. São Paulo: ALCAN Alumínio do Brasil, 80p. 1991.
WILLIAMS, S. W. Welding of Airframes using Friction Stir. AIR & SPACE
EUROPE , V. 3, p. 3, 2001.
YAN, J.; XU, Z.; LI, Z.; LI, L.; YANG, S. Microstructure characteristics and
performance of dissimilar welds between magnesium alloy and aluminum
formed by friction stirring. Scripta Materialia 53, p. 585–589, 2005.
YILBA, B. S.; SAHIN, A. Z.; COBAN, A.; ALEEM, B.J. A. Investigation into the
properties of friction-welded aluminum bars. Journal of Materials Processing
Technology 54, p. 76-81, 1995.
ZHAO, Y.; LIN, S.; WU, L.; QU, F. The influence of pin geometry on bonding and
mechanical properties in friction stir weld 2014 Al alloy. Materials Letters, 59, p.
2948–2952, 2005.
ZHU, X.K.; CHAO, Y.J. Numerical simulation of transient temperature and
residual stresses in friction stir welding of 304L stainless steel. Journal of
Materials Processing Technology, 146, p. 263–272, 2004.
Anexos
120
ANEXO A – CERTIFICADO DO ABNT M35
A Figura 57 é uma cópia escaneada do certificado de qualidade da matéria-
prima aço rápido ABNT M35, código comercial VILLARES VK5E RD, o qual foi
gentilmente doado junto com o frete para fins de pesquisa na UTFPR.
Figura 57 – Certificado de fornecimento do aço rápido M35 VILLARES.
Anexos
121
ANEXO B – RADIOGRAFIAS PARA JUNTAS COM Θ=2°
Neste anexo estão as radiografias das juntas 1, 3, 4, 5, 6 e 7, sendo que a 2 e
8 foram discutidas dentro do capítulo 4, no tópico de radiografia.
Figura 58 – Radiografia da junta 1 obtida com a ferramenta 1 e VR=1000rpm.
Figura 59 – Radiografia da junta 5 obtida com a ferramenta 2 e VR=1000rpm.
Anexos
122
Figura 60 – Radiografia da junta 6 obtida com a ferramenta 2 e VR=250rpm.
Figura 61 – Radiografia da junta 4 obtida com a ferramenta 3 e VR=250rpm.
Anexos
123
Figura 62 – Radiografia da junta 3 obtida com a ferramenta 3 e VR=1000rpm.
Figura 63 – Radiografia da junta 7 obtida com a ferramenta 4 e VR=1000rpm.
Anexos
124
Observações sobre as radiografias
Para a interpretação das imagens relativas à radiografia pode ser utilizada a
Figura 64, que é uma radiografia esquemática, detalhando as principais regiões
visualizadas para uma junta isenta de cavidade no interior do cordão de solda.
Figura 64 – Radiografia esquemática. Em A, largura da região ZTMA, em B, o
suporte de fixação, em C, o furo na saída da ferramenta, em D, a abertura causada
pela entrada da ferramenta, em E, a direção de soldagem.
A cota A indicada na Figura 64 representa de forma aproximada à largura da
região ZTMA da solda, que possui dimensão mínima igual ao diâmetro do suporte
das ferramentas utilizadas no processo.
A indicação B na Figura 64 é o suporte de fixação da peça na câmara de
radiografia, dependendo do posicionamento do mesmo, pode aparecer do lado
direito ou do lado esquerdo da imagem.
A região circular indicada por C na Figura 64 representa o furo deixado na junta
no local de saída da ferramenta, ao fim da solda, o mesmo varia em função da
ferramenta utilizada, para as de pino cilíndrico, possui dimensão mínima de 6,35mm.
Anexos
125
A indicação D na Figura 64 representa a ocorrência de uma pequena abertura
em função da grande deformação causada no momento da entrada da ferramenta,
no início da soldagem.
O vetor indicado por E na Figura 64, representa o sentido da soldagem, que
sempre aponta em direção ao furo de saída da ferramenta.
Da radiografia visualizada na Figura 58 relativo a junta obtida com ferramenta 1
e VR=1000rpm, é possível verificar a presença de uma descontinuidade tipo
cavidade que está destacada e abrange praticamente todo o comprimento do
cordão.
Da radiografia visualizada na Figura 59 relativo a junta 5 obtida com a
ferramenta 2 e VR=1000rpm, ocorre a presença da mesma descontinuidade de
cavidade da Figura 56.
Da radiografia visualizada na Figura 60 relativo a junta 6 obtida com a
ferramenta 2 e VR=250rpm, ocorre também cavidade, como apresentado nas
Figuras 58 e 59. No fim da solda, à direita da Figura 60, a parte clara de forma
circular indica a saída da ferramenta, assim como ocorre na Figura 61.
As radiografias das juntas obtidas com θ=0°, sem inclinação da ferramenta,
apresentaram descontinuidade de cavidade em para as duas condições de
soldagem, semelhantes a apresentadas nas Figuras 58, 59 e 60, fato pelo qual não
foram anexadas.
As radiografias indicadas nas Figuras 61, 62 e 63 indicam juntas isentas da
descontinuidade do tipo cavidade, estando desta maneira aceitas pelo critério ASME
BPVC seção IX parte QW.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo