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criticar ou agir em oposição aos interesses das “elites”. Estabelece-se, então, uma relação
de opressão, que ocorre em diversas esferas, mas aqui nos interessa ressaltar a opressão pela
religião.
O conceito de ideologia, hoje, está inscrito como manipulação dos menos favorecidos
pela classe dominante.
Mas quem pode desmantelar a ideologia? Somente na prática política nascida dos explorados
e dominados e dirigida por eles próprios. Para essa prática política é de grande importância o
que chamamos de crítica à ideologia, que consiste em preencher as lacunas e os silêncios dos
pensamentos e discursos ideológicos, obrigando-os a dizer tudo que não está dito, pois dessa
maneira a lógica de ideologia se desfaz e se desmancha, deixando ver o que estava escondido
e assegurava a exploração econômica, a desigualdade social, a dominação política e a
exclusão cultural.
8
Concordando com Marilena Chauí, Louis Althusser define ideologia como:
“a maneira pela qual os homens vivem suas relações com as condições de
existência”. O mesmo autor define as ideologias práticas “de um lado como formações
complexas de montagens, de noções, de representações, de imagens; e de outro, de montagens
de comportamentos, atitudes, gestos, sendo que o conjunto funciona como normas práticas
que governam a atitude e o posicionamento concreto dos homens, a respeito dos objetos reais
de sua existência social e individual e de sua história”.
9
Toda sociedade é dividida em classes sociais, e essa divisão acontece, geralmente
motivadas por desigualdades econômicas, idéias antagônicas ou diferentes interesses e
culturas, conceituamos a ideologia como aquela que rege socialmente determinados grupos.
Essa regência se dá através da identificação pela religião, raça, costumes, língua e até mesmo
do próprio conceito de Nação. Esta ideologia pode aparecer tão enraizada dentro de
determinados grupos, que caracteriza grupos exacerbados em seus conceitos e objetivos,
como ufanistas, organizações de luta pelos direitos de raças, grupos religiosos fanáticos,
dentre outros; o que, às vezes, ultrapassa os limites das convenções sociais e gera conflitos
entre eles, ocasionando até mesmo guerras seculares.
Devemos compreender, portanto, que a formação moral e ética sociedade da depende
de infinitos fatores que não nos permitem unificar uma regra única, mas que a convivência
com o meio constrói e determina parâmetros específicos de comportamento que estão acima
dos interesses individuais.
O descumprimento destas “regras” gera insatisfações, prejuízos a outrem e
necessidade de regulamentação que tenha o intuito de coibir atos considerados impróprios.
8
CHAUÍ, 2002, p. 118
9
Louis Althusser citado por Régine Robin, Histoire et linguistique, pp.101-102 citado por
UBERSFELD, 2005, p. 180