RESUMO
O presente estudo versa sobre a interpelação dos discursos ético e
econômico na educação. Por meio de uma abordagem bibliográfica, o trabalho tem
como objeto central trazer à reflexão aspectos sobre qual o discurso que a educação
deve assumir para se manter viva nesta encruzilhada; caracterizada por formar o
indivíduo que o mercado exige e, ao mesmo tempo, formá-lo mais ético, menos
individualista e técnico. Primeiramente, a economia era uma ciência que versava
sobre a arte de bem administrar a família, porém, agora, está submetida ao modelo
capitalista, que é o principal responsável pelo atual estado de niilismo e de
despotencialização ética. Como consequência deste cenário, surge uma sociedade
capitalista caracterizada por uma conduta individualista, e crédula de que única
forma de desvendar a natureza, o progresso e dominar o verdadeiro conhecimento,
sejam os avanços científicos e tecnológicos. É justamente neste contexto que se
interpela a educação de forma tendenciosa, ou seja; impõem-se à educação a tarefa
de dar respostas que o sistema capitalista necessita. Estas respostas são traduzidas
em formação que desenvolve o indivíduo tecnicamente para garantir seu
desempenho em atividades de produção e de finanças. Negligenciando assim, a
formação prática, a formação que orienta para uma práxis moral, e o acesso à
qualidade de vida digna. Sendo assim, o estudo destaca em suas considerações,
que o indivíduo e a educação são subordinados ao capitalismo que trata com
descaso a educação, o indivíduo e a natureza. Apesar de o sistema capitalista
explorar a educação para aperfeiçoar seu desempenho econômico, as condições de
vida da sociedade não têm apresentado melhorias satisfatórias. Ainda, observou-se
que o crescimento econômico está muito além do comprometimento ético praticado
na lógica capitalista. O conceito de bem estar pregado pelo sistema atual, está
restritamente ligado à aquisição de bens tangíveis. Para ter acesso ao bem estar e a
plenitude propagada pelo sistema, o indivíduo procura a educação; porque ela é o
principal insumo do mercado capitalista ao garantir uma colocação no mercado de
trabalho. Por outro ângulo, mesmo que a educação seja interpelada pelo discurso
econômico e, também, pelo discurso ético, apesar da ineficiência da formação
educacional brasileira, ao colocá-la em prática sobrepõem-se às interpelações
econômicas em detrimento às questões éticas. Visto que, a educação se vê na
obrigação de atender às necessidades das instituições que a sustentam.
Consequentemente, a educação tornou-se moeda de troca: mercantilismo. No
entanto, a educação rompeu com seu compromisso original de formar seres
humanos, seres socializados que compreendem o verdadeiro sentido da vida. Por
isso, é necessário conquistar-se um maior espaço para os saberes filosóficos
comprometido com o resgate ético, com atitudes pautadas em hábitos e valores
moralmente instituídos. A educação precisa se abrir para a possibilidade de resgate
ético. Por mais que esta realidade esteja longe da atual formação dos professores,
pois estrutura-se no modelo conteudista e a instrumentalização da razão
recrudesceu o processo de formação do docente; além da educação priorizar as
exigências capitalistas do consumismo a qualquer custo, é fundamental que a classe
profissional trabalhe com vistas à recuperação dos aspectos éticos e de visão
crítica-construtiva dos cidadãos.
Palavras-chave: Discurso ético; Discurso econômico; Educação.