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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Alegações maternas para doação de leite humano
Suzana Lins da Silva
RECIFE
2010
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Suzana Lins da Silva
Alegações maternas para doação de leite humano
RECIFE
2010
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Suzana Lins da Silva
Alegações maternas para doação de leite humano
“Dissertação apresentada ao
Programa de Pós graduação em
Saúde da Criança e do Adolescente
do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de
Pernambuco, para obtenção do
título de Mestre em Saúde da
Criança e do Adolescente”
Orientadora: Profª Drª Maria Gorete Lucena de Vasconcelos
RECIFE
2010
Silva, Suzana Lins da
Alegações maternas para doação de leite humano /
Suzana Lins da Silva. – Recife: O Autor, 2010.
68 folhas.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Saúde da Criança e do Adolescente,
2010.
Inclui bibliografia, anexos e apêndices.
1. Aleitamento materno. 2. Bancos de leite. 3. Leite
humano – Doação. I. Título.
613.953 CDU (2.ed.) UFPE
649.33
CDD (20.ed.) CCS2010-035
UIVERSIDADE FEDERAL DE PERAMBUCO
REITOR
Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins
VICE-REITOR
Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
PRÓ-REITOR DA PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
CETRO DE CIÊCIAS DA SAÚDE
DIRETOR
Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro
COORDEADOR DA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO CCS
Prof. Dra. Heloísa Ramos Lacerda de Melo
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIAÇA E DO ADOLESCETE
ÁREA DE COCETRAÇÃO EM CRESCIMETO E DESEVOLVIMETO
COLEGIADO
Profa. Dra. Gisélia Alves Pontes da Silva (Coordenadora)
Profa. Dra.Luciane Soares de Lima (Vice-Coordenadora)
Profa. Dra. Marília de Carvalho Lima
Profa. Dra. Sônia Bechara Coutinho
Prof. Dr. Pedro Israel Cabral de Lira
Profa. Dra. Mônica Maria Osório de Cerqueira
Prof. Dr. Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho
Profa. Dra. Sílvia Wanick Sarinho
Profa. Dra. Maria Clara Albuquerque
Profa. Dra. Sophie Helena Eickmann
Profa. Dra. Ana Cláudia Vasconcelos Martins de Souza Lima
Profa. Dra. Maria Eugênia Farias Almeida Motta
Prof. Dr. Alcides da Silva Diniz
Profa. Dra. Maria Gorete Lucena de Vasconcelos
Profa. Dra. Cleide Maria Pontes
Profa. Dra. Sílvia Regina Jamelli
Profa. Dra.Rosemary de Jesus Machado Amorim
Adriana Azoubel Antunes (Representante discente – Doutorado)
Thaysa Maria Gama Albuquerque Leão de Menezes (Representante discente – Mestrado)
SECRETARIA
Paulo Sergio Oliveira do Nascimento
Juliene Gomes Brasileiro
Taynan Barbosa Mendes Barreto
Aos meus pais, Laudenice e Jorge pelo amor, incentivo, apoio e confiança em
todos os momentos de minha vida possibilitando a minha formação pessoal e
profissional;
Ao meu irmão Jorge, pelo amor e por estar sempre pronto para me acolher e me
atender durante toda a nossa vida;
A minha sobrinha linda Myckaela que, dentro de suas possibilidades, soube
entender meus momentos de ausência.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Dedicatória
___________________________________________________________________________________________
Agradecimentos
À minha orientadora, Profa Dra. Maria Gorete Lucena de Vasconcelos, que em
toda a minha caminhada me acolheu com paciência, carinho, dedicação e incentivou-me
ao amadurecimento científico;
Aos professores do Curso do Mestrado em Saúde da Criança e do Adolescente
da UFPE, pelas contribuições científicas;
Aos meus colegas do mestrado pelo suporte e incentivo nos momentos difíceis e
pelos momentos divertidos e alegres que nos proporcionamos.
À Profa Dra. Eloíne Nascimento de Alencar pela contribuição e participação do
meu exame de qualificação;
À Profa. Dra. Cleide Pontes pela atenção, troca de idéias, contribuição e
participação do meu exame de qualificação, da pré-banca e da banca dessa dissertação;
À Profa. Mestre Vilneide Braga Serva pela sua atenção, disponibilidade,
contribuições qualificadas à temática do estudo em meu projeto de pesquisa e
participação na pré-banca dessa dissertação;
Aos profissionais do Banco de Leite Humano do Instituto de Medicina Integral
Professor Fernando Figueira, pela colaboração e acolhimento durante a coleta de dados
especialmente à secretária Sônia.
Às doadoras de leite que participaram dessa pesquisa me possibilitando
compreender a doação de leite humano sob a sua ótica
A todos que estiveram sempre ao meu lado, oferecendo-me conforto, palavras de
carinho e incentivo.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Agradecimentos
___________________________________________________________________________________________
Saber Viver
ão sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
ão seja nem curta,
em longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
Cora Coralina
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Epígrafe
___________________________________________________________________________________________
Resumo
A construção deste estudo, tendo como temática a doação de leite humano,
estruturou-se em três partes: a primeira contempla um artigo de revisão integrativa, a
segunda aborda o capítulo do caminho metodológico e a terceira consiste em um artigo
original acerca das alegações maternas para doação de leite humano e a identificação de
aspectos facilitadores e dificultadores do processo. O capítulo da revisão integrativa
buscou analisar na literatura publicada como caminham as produções científicas sobre a
doação do leite humano nas bases de dados Lilacs, Medline, Web of Science e Scopus,
no período de 1999 a 2009, utilizando-se os descritores: aleitamento materno, bancos de
leite, doação e leite humano, sendo identificados e incluídos oito artigos na revisão. O
artigo original foi construído a partir de uma pesquisa qualitativa, realizada por meio de
um estudo descritivo exploratório, com base em relatos de 16 doadoras de leite humano,
seguindo o método de amostragem por saturação. Neste, o setting da investigação foi o
Banco de Leite Humano do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
(IMIP), em Recife-PE. Os relatos foram coletados no período de novembro de 2008 a
fevereiro de 2009, utilizando a técnica de entrevista semi-dirigida, gravada em resposta
a três questões norteadoras. Utilizando a análise de conteúdo, foram extraídos os temas
recorrentes do corpus das categorizações nos artigos apresentados. A revisão integrativa
categorizou três focos temáticos: 1. Perfil das doadoras; 2. Aspectos favoráveis à doação
e 3. Barreiras para doação de leite. No artigo original, as alegações maternas para
doação de leite humano sobressaíram-se nos temas: 1. Ação solidária e consciência
social; 2. Empoderamento do peito; 3. Suporte social e familiar: um facilitador para
doação e 4. Aspectos dificultadores no processo da doação. O artigo de revisão
sinalizou para necessidade de pesquisas sobre a temática em questão. Enquanto no
artigo original as alegações maternas para doação de leite humano revelaram-se como
uma experiência positiva e repleta de sentimentos em que o apoio da rede social formal
e informal foi fundamental para superação dos diferentes obstáculos da manutenção do
processo de doação.
Descritores: Aleitamento materno, Bancos de leite, Doação, Leite humano.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Resumo
___________________________________________________________________________________________
Abstract
The construction of this study, with the theme The donation of human milk, is made in
three parts: the first, an integrative review, the second method and the third consisting
of an original article about the mother's allegations for donation of human milk and to
identify the advantages and disadvantages of the process. The chapter on integrative
review was to examine on the published literature how far are the scientific productions
about the donation of human milk in Lilacs, Medline, Web of Science and Scopus, from
1999 to 2009, using the keywords: breastfeeding, milk banks, and donation of human
milk, being identified and included eight articles in the review. The original article was
built from a study, carried out through a descriptive exploratory study based on reports
from 16 donors of human milk by the method of sampling saturation. In the setting of
research was the Human Milk Bank at the Institute of Integrative Medicine Professor
Fernando Figueira (IMIP), in Recife-PE. The reports were collected from november
2008 to february 2009 using the technique of semi-directed, recorded in response to
three guided questions. Using content analysis, the recurring themes were taken from of
the group of categories. The integrative review categorized three thematic focus: 1.
Profile of the donors, 2. Positive aspects of donation, and 3. Barriers to donating milk.
In the original article, Maternal alegations allegations to donate human milk stood on
the topics: 1. Common action and social consciousness, 2. Empowerment of the breast
3. Social and family support: a facilitator for donation and 4. Aspects hindering the
process of donation. The mothers’ claims to human milk donation turned out to be a
positive experience and full of feelings on which the formal and informal social support
was fundamentally important to overcome the various obstacles of maintaining the
donation process.
Keywords: Breast feeding. Milk banks; Donation; Human milk.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Abstract
___________________________________________________________________________________________
Sumário
Resumo 08
Abstract 09
Apresentação 12
1- Artigo de Revisão 14
Doação de leite humano: revisão integrativa 14
Resumo 15
Abstract 15
Introdução 16
Métodos 17
Resultados e discussão 18
Considerações finais 23
Referências 23
2- Caminho Metodológico 25
A escolha do método 25
Contexto da investigação 25
Definição operacional de termos 26
O plano amostral 26
Operacionalização da coleta de dados 26
Análise das informações 28
Referências 31
3- Artigo Original 32
Alegações Maternas para doação de leite humano 32
Resumo 33
Abstract 33
Introdução 34
Objetivo 36
Caminho Metodológico 36
Resultados e discussão 39
Considerações finais 48
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Sumário
___________________________________________________________________________________________
Referências 49
4- Considerações Finais e Recomendações 53
5- Apêndices e Anexos 54
Apêndice A- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 54
Apêndice B- Caracterização das doadoras de leite humano, da
criança e aspectos da doação.
55
Apêndice C- Instrumento para coleta de dados 56
Anexo A - Parecer Comitê de Ética e Pesquisa envolvendo seres
humanos do IMIP
58
Anexo B – ormas do Periódico: Revista da Escola de Enfermagem 59
Anexo C – Submissão do Artigo - Doação de leite humano: revisão
integrativa
68
12
APRESETAÇÃO
Ao ingressar em 1998, no Curso de Enfermagem da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), meu interesse de estudo sempre esteve voltado para o cuidado à criança
em todos os níveis de assistência. De modo que, após a conclusão do curso, busquei
aperfeiçoar os meus conhecimentos na Residência de enfermagem do Instituto de Medicina
Integral Professor Fernando Figueira, na área da Saúde da Criança.
Este caminhar levou-me a iniciar a atividade de ensino em 2004, como professora
substituta do Departamento de Enfermagem/UFPE na área Materno-Infantil,
concomitantemente à minha atuação como enfermeira assistencial em puericultura no
ambulatório do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP).
As questões relativas ao aleitamento materno sempre impulsionaram a minha vontade
de ampliar e aprofundar o conhecimento acerca deste assunto. Durante a experiência que
passei a viver na puericultura acompanhando crianças sadias, alimentadas com leite materno
exclusivo, percebia, com freqüência, que algumas eram filhas de doadoras assíduas de leite
humano para o serviço.
Este desvelar deixou-me inquieta diante da necessidade de esclarecer os motivos que
levam uma mulher a ser doadora de leite humano para um serviço de Banco de Leite Humano
e continuar este processo, pois a amamentação, além de ser um processo biológico, também é
socioculturalmente condicionado, pois vários elementos podem interferir na amamentação e
consequentemente na doação de leite humano.
Assim, pretendi realizar a presente pesquisa através de uma abordagem qualitativa,
pois me permitiu responder a seguinte questão: Quais os motivos que levam uma mulher a ser
doadora de leite humano? O que facilita ou dificulta a manutenção da regularidade da
doação?
E, foi através da minha entrada no Curso de Mestrado em Saúde da Criança e do
Adolescente da UFPE em 2008, após duas tentativas, que obtive as ferramentas necessárias
para construir o conhecimento ampliado sobre meu objeto de estudo, a mulher doadora de
leite humano. Este estudo poderá encontrar estratégias para incentivar a doação do leite
humano entre as nutrizes, a qual poderá contribuir no aumento de volume de leite doado para
manutenção dos Bancos de Leite Humano.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Apresentação
______________________________________________________________________________________________
13
Esta dissertação está estruturada, inicialmente, em um artigo de revisão integrativa, com
base em artigos indexados nos bancos de dados Lilacs, Medline, Web of Science e Scopus
que abordam a doação de leite humano. Para tanto, foram utilizados os seguintes descritores
em Ciências da Saúde (Decs): Aleitamento materno; Bancos de leite; Doação; Leite humano.
Este artigo foi submetido em 15.01.2010 a Revista da Escola de Enfermagem da USP, sendo
encaminhado pela revista para avaliação dos pareceristas.
A segunda parte aborda o capítulo de caminho metedológico. A terceira parte consiste
em um artigo original, intitulado: “Alegações maternas para doação de leite humano”, que
será encaminhado para publicação na Revista Midwisery. Esta pesquisa, de abordagem
qualitativa, foi realizada por meio de estudo descritivo exploratório, com base em relatos de
16 doadoras de leite humano e teve como objetivo analisar as alegações maternas para doação
de leite humano identificando aspectos facilitadores e dificultadores do processo. A última
parte corresponde às considerações finais e às recomendações pautadas nos objetivos do
estudo.
Silva, Suzana L. Alegações Maternas para doação de leite humano Apresentação
______________________________________________________________________________________________
14
1. Artigo de Revisão
DOAÇÃO DE LEITE HUMAO: REVISÃO ITEGRATIVA
HUMA MILK’S DOATIO: ITEGRATIVE SYTHESIS
DOACIÓ DE LA LECHE HUMAA: REVISIÓ ITEGRADORA
Suzana Lins da Silva
1
Maria Wanderleya de Lavor Coriolano
2
Maria Gorete Lucena de Vasconcelos
3
_____________________________
1
Enfermeira do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira/IMIP. Mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal
de Pernambuco/UFPE.
2
Enfermeira. Mestranda do Programa de s-Graduação em Saúde da Criança e do
Adolescente da Universidade Federal de Pernambuco/UFPE.
3
Professora Doutora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em
Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de Pernambuco/UFPE.
Endereço para correspondência
Av Ministro Marcos Freire n 4411 apt 402,
Casa Caiada- Olinda/ PE
Cep: 53040-010 Fone: (81) 9155-6712
Artigo submetido a publicação na Revista de Enfermagem da USP em 15.01.10.
Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
______________________________________________________________________________________________
15
Resumo
O estudo objetivou analisar a literatura publicada abordando a doação de leite humano,
através de uma revisão integrativa nas bases de dados Lilacs, Medline, Web of Science e
Scopus, no período de 1999 a 2009. Utilizaram-se as palavras-chave: doação, leite humano,
bancos de leite e aleitamento materno, sendo identificados e incluídos oito artigos na revisão.
A análise de conteúdo permitiu categorizar três focos temáticos: perfil das doadoras, aspectos
favoráveis à doação e barreiras para doação de leite. Nutrizes de diferentes condições
socioeconômicas mostraram-se como doadoras em potencial, embora algumas tenham
interrompido a doação por diversos motivos. O pouco número de trabalhos sinaliza para
necessidade de pesquisas sobre aspectos da doação de leite humano.
Descritores: doação; leite humano; bancos de leite; aleitamento materno
Abstract
The research intented to analyze the published literature about human milk’s donation,
through na integrative synthesis on databases Lilacs, Medline, Web of Science and Scopus,
from 1999 to 2009. Were used the keywords donation, human milk, milk banks and
breastfeeding, being identified and included eight articles in the revision. The content analysis
allowed to classify three core-themes: donators’ profile, favorable aspects to the donation and
barriers to milk donation. Sources from different social and economic conditions showed
themselves as potential donators, although some may have interrupted the donation for many
reasons. The need of work signalizes to the need of researches about human milk’s donation’s
conditions.
Descriptores: donation, human milk, milk banks, breastfeeding.
Resumen
El estudio objetivó hacer un análisis de la literatura publicada abordando la donación de la
leche humana, a través de una revisión integradora en las bases de datos Lilacs, Medline, Web
of Science y Scopus, en el período de 1999 a 2009. Fueron utilizadas las palabras-clave:
donación, leche humana, bancos de leche y lactancia materna, siendo identificados e incluidos
ocho artículos en la revisión. El análisis del contenido permitió categorizar tres ejes temáticos:
perfil de las donantes, aspectos favorables a la donación y los obstáculos para la donación de
la leche. Nutrices de diferentes condiciones socio-económicas se han mostrado como
donantes en potencial, aunque algunas hayan interrumpido la donación por inúmeras razones.
La escasez de trabajos señala a la necesidad de pesquisas sobre aspectos de la donación de la
leche humana.
Descriptores: donación; leche humana; bancos de leche; lactancia materna
Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
______________________________________________________________________________________________
16
ITRODUÇÃO
Dentre as ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno no território
nacional, os Bancos de Leite Humano (BLH) são considerados locais chaves para o
desenvolvimento das ações referidas. Neles, são executadas atividades de coleta,
processamento e controle de qualidade do colostro, do leite de transição e do leite humano
maduro, para posterior distribuição
(1-3)
.
O volume que chega aos BLH para garantir a oferta do leite como primeira opção de
alimento para os recém-nascidos de risco e/ou doentes, ainda é insuficiente para reduzir a
mortalidade neonatal
(4)
. Assim, garantir o fornecimento de maneira segura e sustentável,
através da doação do leite humano é um dos maiores desafios enfrentados rotineiramente por
estes serviços, para que as ações descritas anteriormente, se concretizem de modo eficiente.
A captação de mulheres doadoras de leite humano reveste-se de suma importância,
pois, por meio da doação mantêm-se seleção, classificação, processamento, controle de
qualidade e distribuição do leite às crianças que necessitam desta fonte de vida para sua
sobrevivência, como por exemplo, o recém-nascido prematuro e de baixo peso ao nascer
(5)
,
uma vez que ainda ocorre desmame precoce entre essas crianças, apesar das inúmeras
intervenções de incentivo ao aleitamento materno exclusivo no ambiente hospitalar
(6)
.
Considera-se que o ato de amamentar perpassa simbolicamente por uma questão de
assumir riscos (prejuízo social, físico, emocional) ou garantir benefícios (ganho, prazer,
satisfação), existindo elementos que interferem com a manutenção da amamentação e
influenciando também, a doação do leite humano
(7)
, no entendimento de que a mulher
necessita de circunstâncias sócio-ambientais adequadas à amamentação
(8)
.
Neste sentido, como passo inicial de um estudo dissertativo que está sendo
desenvolvido sobre a problemática desta ação, questiona-se: como caminham as produções
científicas sobre a doação do leite humano?
A partir deste questionamento o presente artigo tem por objetivo analisar a literatura
publicada abordando esta temática através de uma revisão integrativa. Acredita-se que este,
poderá subsidiar a concretização de novos conhecimentos sobre a questão, sinalizando às
políticas públicas de saúde, especificamente da promoção, proteção e apoio ao aleitamento
materno, medidas que possam incrementar ações que envolvem a doação do leite humano.
Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
______________________________________________________________________________________________
17
MÉTODO
O método escolhido foi o de revisão integrativa que aponta lacunas do conhecimento a
serem preenchidas por novos estudos
(9)
, norteando a tomada de decisão e instrumentalizando
com qualidade a prática clínica
(10)
, foi realizada uma busca na Literatura Latino- Americana e
do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval
System On- Line (Medline), Web of Science das compilações do Science Citation Index,
Social Science Citation Index, Arts and Humanities Citation Index, Current Chemical
Reactions e Index Chemicus pelo ISI (Institute for Scientific Information) e Scopus.
Como critério de inclusão adotou-se a limitação temporal no período de 1999 a 2009,
bem como publicações em inglês, espanhol, português e francês presentes na literatura sobre
doação de leite humano, excluindo-se aquelas cujo conteúdo restringia-se a composição do
leite humano, aspectos históricos e técnicos dos bancos. Os descritores selecionados foram:
doação, leite humano, bancos de leite e aleitamento materno. Passo a passo, processaram-se
cruzamentos dos descritores nas bases LILACS e Medline, e posteriormente, foram feitos
cruzamentos nas outras bases, Web of Science e Scopus.
Após leitura minuciosa e criteriosa dos títulos, resumos e alguns textos completos
foram selecionados para análise de conteúdo, interpretação e síntese do conhecimento
(11-12)
,
oito publicações que atenderam aos critérios estabelecidos na presente revisão integrativa. Os
artigos foram caracterizados segundo as bases de dados, ano de publicação, autores, área de
conhecimento, método e desenho do estudo.
Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
______________________________________________________________________________________________
18
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quadro 1- Caracterização dos artigos segundo as bases de dados, ano de publicação,
autores, área de conhecimento, método e desenho do estudo- Recife - 2009.
Bases de dados Ano de
Publicação
Autores
Área de
conhecimento
Método Desenho do
estudo
1 Web or
science,
Lilacs,
Medline
2009 Alencar LCE;
Seidl EMF
Psicologia Quantitativo
Qualitativo
Exploratório,
descritivo
transversal
2 Web or
science,
Scopus
2008 Thomaz ACP;
Loureiro LVM;
Oliveira TS;
Montenegro
NCMFM;
Junior, EDA;
Soriano, CFR;
Cavalcante, JC.
Medicina Quantitativo Descritivo
Transversal
3 Web or
science,
Medline,
Scopus
2007 Osbaldiston R;
Mingle LA
Psicologia Quantitativo Descritivo
transversal
4 Lilacs,
Scopus
2006 Galvão MTG;
Vasconcelos
SG; Paiva SS
Enfermagem Qualitativo Descritivo
5 Medline,
Scopus
2003 Azema E;
Callahan S
Psicologia Quantitativo Descritivo
transversal
6 Lilacs 2006 Dias RCD;
Baptista IC;
Gazola S; Rona
MSS; Matioli G
Engenharia
Estatística
Farmácia
Quantitativo Descritivo
transversal
7 Scopus 2009 Santos DT;
Vannuchi MTO;
Oliveira MMB;
Dalmas JC
Enfermagem
Estatística
Quantitativo Descritivo
transversal
8 Scopus 2007 Azema E;
Walburg V;
Callahan S
Psicologia Quantitativo Descritivo
transversal
Entre os artigos três foram citados em apenas uma única base de dados e em 10 anos,
as publicações não se apresentaram de forma regular, ano a ano. A Enfermagem está
Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
______________________________________________________________________________________________
19
representada em dois, havendo uma publicação de caráter multidisciplinar, envolvendo as
áreas de Engenharia, Estatística e Farmácia. Em relação às características do método e
desenho do estudo, dois foram de natureza qualitativa. A análise de conteúdo que contempla a
revisão permitiu categorizar três focos temáticos: perfil das doadoras, aspectos favoráveis à
doação e barreiras para doação de leite.
Perfil das doadoras
O perfil das doadoras no Distrito Federal, através de um estudo
(13)
realizado com 27
doadoras e nove ex-doadoras revelou que as doadoras eram jovens em idade reprodutiva. Das
entrevistadas, 58,3% eram primigestas indicando que a prática da doação ocorria
simultaneamente à primeira experiência de maternidade. Sobre as condições
socioeconômicas, uma parte delas estava empregada com direitos trabalhistas, sendo que
77,8% eram casadas ou viviam em união consensual.
Entre 737 doadoras do estado de Alagoas
(14)
, 608 estavam doando leite pela primeira
vez e apenas 65 mantinham doações regulares. Estas tinham em média 35 anos de idade,
melhor nível de escolaridade, de quatro a sete filhos, com média de sete consultas no pré-natal
e experiência prévia em doar leite. O estudo sinalizou que ensino superior e história de quatro
a sete gestações desempenharam papel importante na conversão de doadoras iniciantes em
doadoras regulares.
Em Austin no Texas
(15)
estudantes de psicologia recrutaram por telefone 87 doadoras
e 19 não doadoras atendidas em um Banco de Leite Humano. Entre as doadoras 91% eram
casadas, tinham entre 30 e 34 anos (48%), possuíam de um a três filhos, eram saudáveis,
financeiramente seguras (41%) e com nível educacional diferenciado (30%).
Oito bancos de leite na França
(16)
participaram de um estudo examinando as
características das doadoras e forneceram dados sobre 103 mulheres que tinham entre 20 e 42
anos com uma média de 30 anos (Desvio Padrão = 4.45). Setenta e duas mulheres eram
casadas (69,9%), 28 viviam com seus companheiros (27,2%) e apenas três eram solteiras
(3,9%).
Ao avaliar o perfil sócio demográfico de doadoras de leite humano, a idade de 16 a 20
anos prevaleceu numa casuística de 11 participantes em estudo conduzido no Ceará
(17)
, sendo
90,9% casadas. Sobre a situação funcional, estavam empregadas 45,5% delas. O grau de
Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
______________________________________________________________________________________________
20
instrução variou do ensino fundamental incompleto (36,4%) ao ensino superior completo
(9,1%). A renda familiar esteve compreendida em menos de dois a quatro salários mínimos.
A partir do conceito operacional das doadoras cadastradas em um BLH de Maringá
(18)
que incluía a doadora exclusiva (ordenha com finalidade de alimentar o filho hospitalizado), a
doadora eventual (ordenha com finalidade de alívio) e a doadora de rota (ordenha realizada
em casa para doação propriamente dita), a idade prevaleceu entre 20 a 29 anos, sendo 85,4%
doadoras de rota e destas 62,5% eram primíparas. Quanto ao tipo de parto 75% das doadoras
foram submetidas à cesárea. Ainda destaca-se que metade das doadoras (50%) tinha ocupação
em profissões remuneradas, 39,6% eram do lar e 10,4% estudantes. A escolaridade de maior
percentual foi o ensino médio completo (33,3%).
Quando se buscou traçar o perfil socioeconômico das doadoras externas de um
Hospital Universitário de Londrina
(19)
, caracterizada por aquelas que faziam ordenha
domiciliar e recebiam periodicamente a visita de funcionários do banco de leite em suas casas,
demonstrou-se que 11% das doadoras eram adolescentes, mais da metade eram primíparas
(56%), diminuindo o número de doadoras conforme ocorria aumento do número de filhos.
Na França
(20)
realizou-se uma investigação com três grupos incluindo 50 estudantes da
área de humanas, 47 de puérperas e 19 de mães doadoras de leite contactadas em seis lactários
no ano de 2003, verificando-se que estas tinham idade média de 29 anos (Desvio Padrão =
4.9).
Aspectos favoráveis à doação
A portaria 332 de 26 de maio de 1988 destaca que a doação de leite humano é um
ato voluntário realizado por nutrizes saudáveis que apresentam secreção lática superior às
exigências de seu filho, dispostas a doar o excedente por livre e espontânea vontade
(21)
. As
pesquisas demonstraram que diversos motivos foram mencionados pelas nutrizes para doar
leite de forma voluntária.
A categoria altruísmo foi mencionada por 33 participantes do estudo conduzido no
Distrito Federal
(13)
. O segundo motivo mais relatado por 22 mulheres foi o excesso de
produção ctea. Outra questão retratada como marcante e incentivadora foi à experiência
prévia de dificuldade e/ou impedimento de amamentação da própria doadora ou de outra
pessoa. Quando as doadoras colocaram-se no lugar de outras mães que estariam passando por
dificuldades na amamentação, sentiram-se sensibilizadas. Um aspecto importante refere-se ao
Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
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21
reconhecimento das doadoras em relação às vantagens e qualidade nutricional do leite
humano, quando identificaram que poderiam aproveitar o excesso de leite, evitando a perda e
o desperdício do mesmo, ao realizarem a doação de algo tão valioso para nutrição infantil. O
apoio institucional foi relatado, além da influência social de pessoas significativas, a visita ao
banco de leite para busca de informação, o contato telefônico para o corpo de bombeiros e a
busca de informação pelos meios de comunicação.
Verificando-se as razões para doar leite no estudo conduzido na França
(16)
o
ingurgitamento mamário, pelo excesso de produção láctea, foi referido por 60% das
participantes, seguido do desejo de ajudar ao próximo. A doação foi considerada como algo
saudável e natural de se fazer, bem como, o fato do filho ter recebido leite do banco, além,
do conhecimento que a criança de outra e estava precisando deste leite, conhecer outras
doadoras, saber que o banco precisa de doação e a doação é necessária para estimular a
lactação. O apoio familiar e o acesso aos equipamentos necessários para ordenhar o próprio
leite foram relevantes para a doação.
No Hospital Universitário de Londrina no Paraná
(19)
quando 65,1% das mães
procuraram o serviço por apresentar problemas relativos à amamentação, principalmente por
ingurgitamento mamário, passaram a ser doadoras de leite, sendo este o motivo favorável a
doação. As demais (34,9%) tornaram-se doadoras exclusivamente pelo interesse em doar seu
leite.
No estudo realizado em Austin no Texas
(15)
, as doadoras retrataram que o excesso de
leite, o altruísmo e conhecer a necessidade de doações do banco foram impulsionadores a
ação voluntária. As doadoras, que necessitaram utilizar a ordenhadeira para estimular a
lactação, doaram um volume representativo de leite. As participantes consideraram a
experiência positiva e 97% delas afirmaram que doariam novamente, caso surgisse outra
oportunidade
(14)
. O estudo sugere envolver antigos doadores no processo de recrutamento de
novos doadores.
No nordeste do Brasil
o interesse para a doação parece estar mais associado à
recomendação dos profissionais de saúde
(14,17)
verificando-se que as doadoras se sensibilizam
ao serem informadas sobre a necessidade dos lactentes apoiados pelo banco
(17)
. Tal fato
demonstra que o envolvimento do profissional no incentivo a doação possibilita o
recrutamento de doadoras. Sugere-se que este envolvimento venha a partir da percepção da
importância da doação, e não apenas a utilização do leite humano como uma opção
nutricional, mas também como uma terapia que salva vidas. Além disso, o ingurgitamento
Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
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mamário também foi referido pelas participantes como aspecto que norteou e impulsionou as
nutrizes para a prática da doação.
Vale ressaltar que informações obtidas durante a permanência no hospital incentivadas
por um profissional de saúde (25,8%) se constituíram em importante facilitador para doação.
Por outro lado, a família e amigos (20,2%) também se mostraram como apoio efetivo,
enquanto a publicidade e o noticiário representou 7,3% do incentivo a doação
(14)
.
Barreiras para doação de leite
Entre as barreiras para doação de leite verificou-se
(16)
que 11,7% das doadoras
indicaram dificuldades quanto ao recebimento de apoio profissional quando tiveram
problemas no processo de doação, pois nesse estudo os profissionais não se mostraram
disponíveis para orientar.
No Ceará
(17)
, apesar da importância da captação de leite em BLH para a sobrevivência
de inúmeros recém-nascidos, a divulgação sobre o tema é ainda restrita. As informações
ocorreram apenas no pós-parto, quando elas estão preocupadas principalmente com seu filho,
e não conseguem atentar para a importância do leite para doação
Constatou-se que entre doadoras atendidas no BLH
(18)
do Hospital Universitário de
Maringá existia uma carência de informações fornecidas pelo profissional às doadoras sobre a
amamentação (14,6%), ao ingurgitamento mamário (20,8%), estimulação para produção de
leite (29,1%) e outras vantagens do leite materno, além da alimentação (31,3%). O estudo
aponta para importância de um trabalho de orientação às gestantes, que trate de questões
gerais e específicas sobre amamentação, ainda durante o pré-natal, pois é nessa fase que a mãe
começa a se preparar e decidir ou não pela futura amamentação e possível doação de leite.
Além da dificuldade relacionada ao apoio insuficiente dos profissionais das
instituições apontadas nos estudos anteriores
(17-18)
, detectou-se uma barreira adicional a
doação, retratada pelo retorno de ex-doadoras ao contexto do trabalho e da escola, bem como
a redução da produção lática
(10)
. O período de doação esteve compreendido entre três a quatro
meses. Supondo que este seja o tempo médio de doação de leite no Brasil, as autoras sugerem
que haja interesse das instituições públicas em otimizar ao máximo esse período, sem
negligenciar, os preceitos éticos relativos à voluntariedade e autonomia.
Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
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23
COSIDERAÇÕES FIAIS
Embora a conduta de doar leite seja valorizada socialmente e pessoas da rede informal
cumpram papel fundamental no apoio à doação, identificou-se a deficiência do apoio
institucional e dos profissionais de saúde.
De outro modo, foi possível verificar o parco número de artigos abordando esta
temática, direcionados em sua maior parte aos estudos de abordagem quantitativa. Diante
disto, sugere-se que sejam desenvolvidos outros estudos com desenhos metodológicos que
evidenciem a doadora como protagonista do processo da doação, identificando aspectos
facilitadores e dificultadores para manutenção deste ato, subsidiando a concretização de novos
conhecimentos sobre a questão. Além, de servir como sinalizador aos gestores das políticas
públicas de saúde, especificamente da promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno,
sobre medidas que possam incrementar ações que envolvam a doação do leite humano.
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Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
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Leite Humano. Brasília: Ministério da Saúde. Resolução da diretoria colegiada nº.
RDC nº. DE 171, de 4 de setembro de 2006.
Silva, Suzana L. Doação de leite humano: revisão integrativa Artigo de Revisão
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25
2. Caminho Metodológico
A escolha do método
Para contemplar os objetivos desta pesquisa, optou-se pelo estudo descritivo e
exploratório de natureza qualitativa, cujos significados são construídos pelos sujeitos à
medida que eles se envolvem com o mundo que estão interpretando, extraindo um sentido
com base em sua perspectiva histórica social e cultural.
1
Na técnica da pesquisa qualitativa, o
“investigador qualitativista” se atem às pessoas ou às comunidades em sua fala e em seu
comportamento no setting natural que ocorre o estudo, reconhecendo e valorizando os
elementos latentes que transitam numa relação intersubjetiva.
2
Contexto da investigação
A seleção das mulheres doadoras transcorreu no período de novembro de 2008 a
fevereiro de 2009, no espaço do BLH do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando
Figueira (IMIP), em Recife-Pernambuco, titulado como “Hospital Amigo da Criança”. É uma
entidade de natureza pública, não estadual, sem fins lucrativos, que atua nas áreas assistencial,
ensino, pesquisa e extensão comunitária.
3
O BLH do IMIP, fundado em 1987, é considerado
como centro de referência pelo Ministério da Saúde /UNICEF para a implantação de Bancos
de Leite Humano em outros hospitais locais e nacionais. Atende gestantes, puérperas por
demanda espontânea, puérperas agendadas no ato da alta da maternidade ou por abortamento
ou bebê natimorto (para inibição da lactação).
Localizado no térreo do ambulatório de pediatria, o serviço dispõe de uma recepção,
uma sala de coleta externa, ambulatório de amamentação, uma sala de procedimento,
consultório da coordenação do BLH, uma sala de higienização, uma sala de coleta, uma sala
de processamento e uma sala de estocagem. A equipe é constituída por profissionais
especializados e treinados para lidar com as práticas de aleitamento materno. São eles:
médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiro e biólogo. Anualmente são atendidos, em
média, 30 mil lactentes e mães, além de ser liberado cerca de 5 litros de leite pasteurizado,
diariamente, para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
Silva, Suzana L. Alegações Maternas para doação de leite humano Caminho Metodológico
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26
Definição operacional de termos
Segundo o Ministério da Saúde, considera-se como doadora de leite toda nutriz sadia
que apresenta quantidade de leite superior às exigências do seu filho e que se dispõe a
ordenhar e doar, por livre e espontânea vontade, o leite excedente.
4
O serviço define operacionalmente como doadora regular a mulher que doa ao BLH
regularmente mais de duas vezes e como doadora ocasional, a mulher que doa apenas para
melhorar sua condição de saúde: ingurgitamento mamário, afastamento ocasional de seu bebê
e outras que doam duas ou menos vezes. No período de janeiro a outubro de 2009 foram
cadastradas cerca de 700 doadoras ocasionais de leite humano e uma média de 250 doadoras
regulares no BLH do IMIP.
O plano amostral
Para seleção da amostra, a estratégia utilizada foi a amostragem intencional
5
, na qual
o pesquisador determina quem são os sujeitos que comporão seu estudo, segundo seus
pressupostos de trabalho, ficando livre para escolher entre aqueles cujas características
pessoais possam em sua visão, trazer informações essenciais sobre o assunto em pauta. A
partir daí, torna-se possível solicitar aos mesmos que expliquem porque eles comportam-se de
certo modo e explorar sobre decisões, ou inquirir sobre fatores subjacentes.
2
A amostra foi composta por 16 mulheres doadoras de leite humano (Apêndice B), as
quais foram identificadas pela pesquisadora no momento em que elas solicitavam ao serviço,
pelo telefone, a coleta domiciliar do leite e que preencheram os critérios de seleção: ser
cadastrada como doadora do BLH da instituição, ser doadora regular e residir na cidade de
Recife ou região metropolitana. As excluídas foram aquelas que estavam hospitalizadas com
patologias que dificultavam a comunicação. A quantidade de participantes baseou-se na
saturação das falas, cujo processo de seleção interrompe-se quando se torna claro que esforços
adicionais durante a coleta de informações não irão trazer mais nenhuma variedade.
2,6
Operacionalização da coleta de dados
Silva, Suzana L. Alegações Maternas para doação de leite humano Caminho Metodológico
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27
Para a coleta de dados, adotou-se como técnica a entrevista com roteiro semi- dirigido
2
(Apêndice C), possibilitando que ambos integrantes da relação tenham momentos para dar
alguma direção, representando ganho para reunir os dados segundo os objetivos propostos no
estudo.
2,7
A primeira parte da entrevista abordou dados gerais referentes à identificação e
caracterização socioeconômica materna, desempenho da amamentação atual, orientação para
doação de leite para o BLH, idade atual do bebê e na primeira doação, número de doações
para o BLH e média do volume de leite em cada doação.
A segunda parte buscou explorar a experiência da mulher na doação de leite humano.
Utilizaram-se as seguintes questões norteadoras: Poderia me contar o que representa para
você ser uma mulher doadora de leite humano? De acordo com a sua vivência, o que motiva a
mulher ser doadora de leite humano? Você poderia explicar as razões que facilitam e
dificultam a doação de leite por uma mulher?
Para investigar a viabilidade da entrevista, foi realizado estudo piloto. Nestas
entrevistas se avaliam se os itens do roteiro eram entendidos claramente pelo sujeito-alvo do
estudo e se estavam adequados e suficientes para colher os dados como teoricamente a coleta
foi concebida.
2
Antes da coleta de informações, foram realizadas reuniões com a enfermeira, as
técnicas de enfermagem e com a secretária do BLH sobre a importância e os procedimentos
metodológicos do estudo.
Após a identificação das participantes pela pesquisadora, a secretária do BLH
contatava por telefone com a mulher doadora, com o objetivo de informá-la sobre o estudo e
perguntava se poderia disponibilizar o seu telefone para a autora. Depois de aceito o contato, a
pesquisadora contatava com a doadora e fornecia as explicações necessárias sobre a pesquisa
e solicitava a permissão para entrevistá-la. As entrevistas foram agendadas conforme a
disponibilidade da entrevistada no que se refere a data, o horário e o local que permitissem
conforto, segurança e liberdade para que a participante pudesse falar livremente da sua
vivência.
O setting da investigação foi o domicílio onde foi efetuada a maioria das entrevistas,
com exceção de duas, as quais preferiram que o local do encontro fosse o seu trabalho. No
momento da entrevista, as participantes obtiveram informações a respeito dos objetivos,
desenvolvimento da pesquisa e esclarecimento de todas as dúvidas com relação ao estudo,
bem como sobre a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
garantia do anonimato e a possibilidade de desistência da participação em qualquer momento
Silva, Suzana L. Alegações Maternas para doação de leite humano Caminho Metodológico
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28
do estudo (Apêndice A). Foi salientado que isto não implicaria em nenhum prejuízo quanto ao
seu atendimento no BLH.
Este estudo realizou-se após o recebimento do parecer favorável do Comitê de Ética
em Pesquisa do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, sob o número
1301, atendendo à Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisas
(CONEP) com seres humanos.
As entrevistas foram gravadas em aparelho MP3, com duração média de 30 minutos e
transcrita pela pesquisadora no mesmo dia da sua realização. A finalidade foi o de captar o
maior número de informações e impressões possíveis, tais como momentos de silêncio,
risadas e outros, mantendo-se os vícios de linguagem, erros gramaticais e palavras repetidas,
particularidade da pesquisa qualitativa.
6
As entrevistadas foram identificadas pela letra “D
acrescida de um número (1 a 16). Ao término da entrevista a mesma foi exibida à doadora
objetivando a validação inicial do estudo junto à participante.
2
Análise das informações
A interpretação dos dados coletados nas entrevistas tiveram como base a análise de
conteúdo, proposta por Bardin
8
, definida como:
“um conjunto de cnicas de análise das comunicações
visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos
de descrição do conteúdo das mensagens indicadores
(quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção destas mensagens.”
O método adotado pressupõe três etapas: a pré-análise, a exploração do material e o
tratamento e interpretação dos resultados, e que necessariamente não acontecem em ordem
cronológica.
A pré-análise corresponde à fase de leitura, organização das entrevistas e
sistematização das idéias iniciais. A exploração do material consiste essencialmente de
codificações dos dados brutos e transformações dos mesmos em núcleos de sentido, ou seja,
as falas nas diferentes entrevistas foram selecionadas de acordo com os objetivos da pesquisa
e agrupadas em núcleos de sentido por afinidade. Em seguida os núcleos de sentido foram
novamente examinados e de acordo com o conteúdo, agregados de maneira a formar
Silva, Suzana L. Alegações Maternas para doação de leite humano Caminho Metodológico
______________________________________________________________________________________________
29
categorias. As categorias são classes que reúnem um grupo de elementos sob um título
genérico.
8
Na etapa de tratamento dos dados os resultados em bruto são tratados de maneira a
serem significativos e válidos e posteriormente segue a sua inferência e interpretação
permitindo atingir a representação do conteúdo.
8
Nesta perspectiva, foi utilizada a análise de conteúdo, modalidade temática transversal
que recorta as falas, levando em conta a freqüência dos temas extraídos das falas, descobrindo
os núcleos de sentido que compõem a comunicação e cuja presença dá significado ao objetivo
da análise, elegendo a seguir as categorias ou temas.
2,8
Cada entrevista foi operacionalizada separadamente, e durante a transcrição optou-se
pela seguinte padronização ou legenda para situar as falas: [_] pausa durante a fala, [...]
recortes de outras falas, ... recorte na mesma fala, ( ) observações complementares de
conteúdos e comportamentos não verbais.
2
Para a leitura do processo de doação de leite humano, adotou-se os contructos das
Representações Sociais (RS), que permitem compreender e interpretar a doação de leite na
perspectiva da doadora, a qual vivencia este processo. Este olhar trás uma forma de
conhecimento socialmente elaborado e compartilhado que contribui para a construção de uma
realidade comum a um conjunto social e dá sentido à realidade cotidiana.
9
As RS são construídas como uma forma de dominar, compreender e explicar os fatos
e as idéias que preenchem o universo da vida, relacionando não as questões objetivas
relativas ao contexto histórico e social em que um fato ou sujeito é posto, mas também às
subjetividades que dizem respeito aos valores, cultura, crenças e opiniões desses indivíduos.
Este tipo de conhecimento prático sentido à realidade cotidiana. Isto pode ser captado nos
processos de formação das RS que são a ancoragem e a objetivação, as quais interpretam e
atribui significados ao objeto social, neste estudo, a doação de leite humano.
9,10
O processo de ancoragem refere-se à assimilação do novo dentro de um sistema de
informações existente (pensamento social), ou seja, a ancoragem permite ao indivíduo
integrar o objeto da representação em valores que lhe é próprio, denominando-o e
classificando-o em função dos laços que este objeto mantém com sua inserção social. Assim,
um novo objeto é ancorado quando ele passa a fazer parte de um sistema de categorias
existentes, mediante alguns ajustes. a objetivação define-se como a transformação de uma
idéia, de um conceito, ou de uma opinião em algo concreto. Ela é responsável pela
aproximação do que é estranho em familiar.
11
Silva, Suzana L. Alegações Maternas para doação de leite humano Caminho Metodológico
______________________________________________________________________________________________
30
Dessa forma, o processo de representar socialmente emerge da materialização dos
conceitos abstratos, comuns ao grupo, o que se denomina de objetivação, ao mesmo tempo em
que cria um contexto inteligível ao objeto representado, ou sua integração cognitiva, o que é
denominado de ancoragem. Nesse processo, a representação tem por objetivo transformar em
familiar o não-familiar, ou seja, tornar o objeto concreto, materializado e ancorado, neste
estudo, a doação de leite humano, para que o sujeito adquira consciência de si e de seu
movimento social.
11,12
Neste sentido, os pressupostos das RS são instrumentos para a compreensão de como
os indivíduos de uma sociedade expressam a sua realidade e a interpretam e é sob este prisma
que se transforma o processo de doação de leite humano em objeto de estudo, a fim de torná-
lo organizado e inteligível para o aprimoramento da assistência à mulher doadora.
11
A figura 1
representa as etapas descritas.
Figura 1. Plano de análise das entrevistas.
EXPLORAÇÃO
REPRESETAÇÕES
SOCIAIS
PRÉ-AÁLISE
IFERÊCIAS
TRATAMETO
ITERPRETAÇÃO
Silva, Suzana L. Alegações Maternas para doação de leite humano Caminho Metodológico
______________________________________________________________________________________________
31
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Silva, Suzana L. Alegações Maternas para doação de leite humano Caminho Metodológico
______________________________________________________________________________________________
32
3. Artigo Original
ALEGAÇÕES MATERAS PARA DOAÇÃO DE LEITE HUMAO
MATERAL ALLEGATIOS FOR DOATIO OF MILK
Suzana Lins da Silva
1
Maria Gorete Lucena de Vasconcelos
2
_____________________________
1
Enfermeira do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira/IMIP. Mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal
de Pernambuco/UFPE.
2
Professora Doutora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em
Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de Pernambuco/UFPE.
Endereço para correspondência
Av Ministro Marcos Freire n 4411 apt 402,
Casa Caiada- Olinda/ PE
Cep: 53040-010 Fone: (81) 9155-6712
Artigo original extraído da dissertação de Mestrado intitulada “Alegações maternas para
doação de leite humano”.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
______________________________________________________________________________________________
33
Resumo
Objetivo: Analisar as alegações maternas para doação de leite humano identificando aspectos
facilitadores e dificultadores do processo. todo: O estudo foi conduzido pela abordagem
qualitativa com 16 doadoras cadastradas em um Banco de Leite Humano, Recife-PE,
utilizando como referencial teórico os constructos da teoria das representações sociais. Os
dados foram coletadas a partir de questões norteadoras por meio de entrevista semi-dirigida,
gravada, após parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Medicina
Integral Professor Fernando Figueira. As informações foram submetidas à técnica de análise
de conteúdo na modalidade temática proposta por Bardin. Resultados: A idade das doadoras
esteve compreendida entre 20 e 43 anos das quais, duas receberam orientação para doação de
leite, durante a gravidez. Como temáticas emergiram: Ação solidária e consciência social na
constatação que tantos bebes necessitam desse alimento”; Empoderamento do peito
considerando-se “privilegiada e poderosa em poder doar”; Suporte social e familiar: um
facilitador para doação que vem do estímulo de todos (familiares, amigos e vizinhos)
inclusive fazendo campanha para conseguir os potinhos” e Aspectos dificultadores no
processo da doação direcionados à coleta do leite: a falta de recipiente para o armazenamento
e etapas no processo da ordenha como o tempo, o cansaço físico e as atividades
desempenhadas no cotidiano. Conclusões: As alegações maternas para doação de leite
humano revelaram-se uma experiência positiva e repleta de representações que determinaram
o ato da doação, apesar das dificuldades. O apoio da rede social e principalmente do
companheiro foram fundamentais para superação dos diferentes obstáculos da manutenção do
processo de doação. Aponta-se que o envolvimento do profissional de saúde, o papel da mídia
e de outras redes de suporte social informal poderiam contribuir para aumentar a prática de
doação de leite humano.
Descritores: Aleitamento materno, Bancos de leite, Doação, Leite humano.
Abstract
Objective: To analyze maternal allegations to donate human milk to identify the advantages
and constraints of the process. Method: The study was conducted by a qualitative approach
with 16 donors at a Human Milk Bank, Recife-PE, using as theoretical constructs of the
theory of social representations. Data were collected from guided questions by using semi-
directed, recorded interviews, after being approved by the Ethics committee in Research of
the Institute of Integrative Medicine Professor Fernando Figueira. The information was
submitted to the technique of content analysis in the thematic mode proposed by Bardin.
Results: The age of donors was between 20 and 43 years of which two were instructed to
donate milk during pregnancy. How themes emerged: Action in solidarity and social
awareness on the fact that "so many babies need that food ( The human milk )";
empowerment of the breast considers these donors "privileged and powerful to be able to
donate"; Social and family support: a facilitator for donation coming from the "stimulus of all
(family, friends and neighbors) are also campaigning to get the little pots and complicating
aspects in the process of donation directed to the collection of milk: the lack of container for
storage and the steps in the process of the milking as well as the time it takes, physical
exhaustion and the activities performed in daily life. Conclusions: The maternal claims for
donation of human milk proved to be a positive experience and full of feelings. The support of
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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34
the social network and especially of the partner were essential for overcoming the various
obstacles of maintaining the donation process. It was observed that the involvement of health
professionals, the role of the media and other networks of informal social support could help
increasing the practice of donation of human milk.
Keywords: Breastfeeding, Milk banks, donation, Human milk.
Introdução
A doação de leite humano está entre as ações de promoção e incentivo ao aleitamento
materno no Brasil. Dados do Ministério da Saúde, em 2008 apontaram que as mães colaboram
cada vez mais com os Bancos de Leite Humano (BLH) do país, de modo que o número de
doadoras aumentou 83% nos últimos cinco anos. O volume de leite coletado subiu 49,5% no
mesmo período, passando de 99 mil litros em 2003 para 148.052 litros em 2008. Neste
sentido, o quantitativo de recém nascidos que foram beneficiados pelas doações aumentou
47% num total de 157.282 crianças contra 107 mil em 2003. Entretanto, o número de
doadoras não garante um aumento regular na quantidade de leite doado, pois essa freqüência
pode variar, visto que algumas mulheres doam apenas uma vez.
1
O ato de doar leite humano parece estar vinculado ao ato de amamentar, pois é apenas
no momento da maternidade e amamentação do filho que a mulher pode ser doadora dessa
substância humano.
2
Para esta decisão de doar e manter-se como doadora existem vários
elementos que podem interferir neste seguimento, uma vez que o contexto social em que a
doadora está inserida pode influênciar no pensar e agir em relação à doação.
3
A esse respeito,
pesquisas mostram que o incentivo de pessoas significativas no processo de doação
3
e o apoio
institucional
2
através de informações pelos profissionais atuam positivamente neste processo.
A literatura ainda aponta que, embora as características das doadoras de leite humano
sejam semelhantes (adultas jovens, primíparas, casadas, empregadas e com bom nível de
escolaridade) diferentes fatores contribuem para motivar o inicio da prática da doação dentre
os quais: o altruísmo
2,4,5
, o excesso de leite
2,4,5,6
, a recomendação de um profissional de
saúde
3,6
e o filho já ter recebido leite do BLH.
5
No entanto, parecem escassos os estudos que contemplam as atitudes, representações,
significados e experiências da doadora de leite humano e os fatores que influenciam na sua
Silva, Suzana L. Alegações Maternas para doação de leite humano Artigo Original
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decisão de manter-se ou não como tal neste processo de doação. Sob este aspecto, com o
intuito de incentivar a doação e a manutenção da mesma, faz-se necessário desvendar os
fatores que estão facilitando ou dificultando o processo da doação de leite humano
compreendendo o contexto sócio-econômico e cultural no qual a doadora está inserida.
Para a leitura do processo de doação de leite humano, adotou-se os contructos das
Representações Sociais (RS), que permitem compreender e interpretar a doação de leite na
perspectiva da doadora, a qual vivencia este processo. Este olhar trás uma forma de
conhecimento socialmente elaborado e compartilhado que contribui para a construção de uma
realidade comum a um conjunto social e dá sentido à realidade cotidiana.
7
As RS são construídas como uma forma de dominar, compreender e explicar os fatos e
as idéias que preenchem o universo da vida, relacionando não só as questões objetivas
relativas ao contexto histórico e social em que um fato ou sujeito é posto, mas também às
subjetividades que dizem respeito aos valores, cultura, crenças e opiniões desses indivíduos.
Este tipo de conhecimento prático sentido à realidade cotidiana. Isto pode ser captado nos
processos de formação das RS que são a ancoragem e a objetivação, as quais interpretam e
atribui significados ao objeto social, neste estudo, a doação de leite humano.
7,8
O processo de ancoragem refere-se à assimilação do novo dentro de um sistema de
informações existente (pensamento social), ou seja, a ancoragem permite ao indivíduo
integrar o objeto da representação em valores que lhe é próprio, denominando-o e
classificando-o em função dos laços que este objeto mantém com sua inserção social. Assim,
um novo objeto é ancorado quando ele passa a fazer parte de um sistema de categorias
existentes, mediante alguns ajustes. a objetivação define-se como a transformação de uma
idéia, de um conceito, ou de uma opinião em algo concreto. Ela é responsável pela
aproximação do que é estranho em familiar.
9
Dessa forma, o processo de representar socialmente emerge da materialização dos
conceitos abstratos, comuns ao grupo, o que se denomina de objetivação, ao mesmo tempo em
que cria um contexto inteligível ao objeto representado, ou sua integração cognitiva, o que é
denominado de ancoragem. Nesse processo, a representação tem por objetivo transformar em
familiar o não-familiar, ou seja, tornar o objeto concreto, materializado e ancorado, neste
estudo, a doação de leite humano, para que o sujeito adquira consciência de si e de seu
movimento social.
9,10
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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36
Neste sentido, os pressupostos das RS são instrumentos para a compreensão de como
os indivíduos de uma sociedade expressam a sua realidade e a interpretam e é sob este prisma
que se transforma o processo de doação de leite humano em objeto de estudo, a fim de torná-
lo organizado e inteligível para o aprimoramento da assistência à mulher doadora.
9
Por fim, acredita-se que o estudo do processo da doação de leite percebido pela
mulher, permitirá compreendê-lo e transformá-lo em conhecimento científico elaborado e
compartilhado, levando ao entendimento do que representa a doação de leite humano na ótica
da mulher doadora. A divulgação dessas representações poderá ser compartilhada por outras
nutrizes, fato que poderia melhorar/ aumentar a doação do leite humano. A partir desta
fundamentação, o objetivo deste estudo é analisar as alegações maternas para doação de leite
humano identificando aspectos facilitadores e dificultadores do processo.
OBJETIVO
Analisar as alegações maternas para doação de leite humano identificando aspectos
facilitadores e dificultadores do processo.
CAMIHO METODOLÓGICO
Estudo descritivo e exploratório de natureza qualitativa, cujos significados são
construídos pelos sujeitos à medida que eles se envolvem com o mundo que estão
interpretando, extraindo um sentido com base em sua perspectiva histórica social e cultural.
11
Na técnica da pesquisa qualitativa, o “investigador qualitativista” se atem às pessoas ou às
comunidades em sua fala e em seu comportamento no setting natural que ocorre o estudo,
reconhecendo e valorizando os elementos latentes que transitam numa relação
intersubjetiva.
12
A seleção das mulheres doadoras ocorreu no espaço do BLH do Instituto de Medicina
Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), em Recife-Pernambuco, titulado como “Hospital
Amigo da Criança” sendo uma entidade de natureza pública, não estadual, sem fins lucrativos,
que atua nas áreas assistencial, ensino, pesquisa e extensão comunitária.
13
O BLH, fundado
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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37
em 1987, é considerado como centro de referência pelo Ministério da Saúde /UNICEF para a
implantação de Bancos de Leite Humano em outros hospitais locais e nacionais.
O serviço define, operacionalmente, como doadora regular a mulher que doa ao BLH
regularmente mais de duas vezes e como doadora ocasional, a mulher que doa apenas para
melhorar sua condição de saúde: ingurgitamento mamário, afastamento ocasional de seu bebê
e outras que doam duas ou menos vezes. No período de janeiro a outubro de 2009 foram
cadastradas cerca de 700 doadoras ocasionais de leite humano e uma média de 250 doadoras
regulares no BLH do IMIP.
Para seleção da amostra, a estratégia utilizada foi a amostragem intencional
14
, na qual
o pesquisador determina quem são os sujeitos que comporão seu estudo, segundo seus
pressupostos de trabalho, ficando livre para escolher entre aqueles cujas características
pessoais possam em sua visão, trazer informações essenciais sobre o assunto em pauta. A
partir daí, torna-se possível solicitar aos mesmos que expliquem porque eles comportam-se de
certo modo e explorar sobre decisões, ou inquirir sobre fatores subjacentes.
12
A amostra foi composta por 16 mulheres doadoras de leite humano, as quais foram
identificadas pela pesquisadora no momento em que elas solicitavam ao serviço, pelo
telefone, a coleta domiciliar do leite e que preencheram os critérios de seleção: ser cadastrada
como doadora do BLH da instituição, ser doadora domiciliar e residir na cidade de Recife ou
região metropolitana. As excluídas foram aquelas que estavam hospitalizadas com patologias
que dificultavam a comunicação. O número de participantes baseou-se na saturação das falas,
cujo processo de seleção interrompe-se quando se torna claro que esforços adicionais durante
a coleta de informações não irão trazer mais nenhuma variedade.
12,15
O trabalho de campo transcorreu no período de novembro de 2008 a fevereiro de
2009. Para coleta de dados, adotou-se como técnica a entrevista com roteiro semi- dirigido
12
,
possibilitando que ambos integrantes da relação tenham momentos para dar alguma direção,
representando ganho para reunir os dados segundo os objetivos propostos no estudo.
12,16
A
primeira parte da entrevista abordou dados gerais referentes à identificação e caracterização
socioeconômica materna, desempenho da amamentação atual, orientação para doação de leite
para o BLH, idade atual do bebê e na primeira doação, número de doações para o BLH e
média do volume de leite em cada doação. A segunda parte buscou explorar a experiência da
mulher na doação de leite humano. Utilizaram-se as seguintes questões norteadoras: Poderia
me contar o que representa para você ser uma mulher doadora de leite humano? De acordo
com a sua vivência, o que motiva a mulher ser doadora de leite humano? Você poderia
explicar as razões que facilitam e dificultam a doação de leite por uma mulher?
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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38
Para investigar a viabilidade da entrevista, foi realizado estudo piloto. Nestas
entrevistas se avaliam se os itens do roteiro eram entendidos claramente pelo sujeito-alvo do
estudo e se estavam adequados e suficientes para colher os dados como teoricamente a coleta
foi concebida.
12
Antes da coleta de informações, foram realizadas reuniões com a enfermeira, as
técnicas de enfermagem e com a secretária do BLH sobre a importância e os procedimentos
metodológicos do estudo. Após a identificação das participantes pela pesquisadora, a
secretária do BLH contatava por telefone com a mulher doadora, com o objetivo de informá-
la sobre o estudo e perguntava se poderia disponibilizar o seu telefone para a autora. Depois
de aceito o contato, a pesquisadora contatava com a doadora e fornecia as explicações
necessárias sobre a pesquisa e solicitava a permissão para entrevistá-la. As entrevistas foram
agendadas conforme disponibilidade da entrevistada no que se refere a data, o horário e o
local que permitissem conforto, segurança e liberdade para que a participante pudesse falar
livremente da sua vivência.
O setting da investigação foi o domicílio onde foi efetuada a maioria das entrevistas,
com exceção de duas, as quais preferiram que o local do encontro fosse o seu trabalho. No
momento da entrevista, as participantes obtiveram informações a respeito dos objetivos,
desenvolvimento da pesquisa e esclarecimento de todas as dúvidas com relação ao estudo,
bem como sobre a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
garantia do anonimato e a possibilidade de desistência da participação em qualquer momento
do estudo. Foi salientado que isto não implicaria em nenhum prejuízo quanto ao seu
atendimento no BLH.
Este estudo realizou-se após o recebimento do parecer favorável do Comitê de Ética
em Pesquisa do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, sob o número
1301, atendendo à Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisas
(CONEP) com seres humanos.
As entrevistas foram gravadas em aparelho MP3, com duração média de 30 minutos e
transcrita pela pesquisadora no mesmo dia da sua realização. A finalidade foi o de captar o
maior número de informações e impressões possíveis, tais como momentos de silêncio,
risadas e outros, mantendo-se os vícios de linguagem, erros gramaticais e palavras repetidas,
particularidade da pesquisa qualitativa.
15
As entrevistadas foram identificadas pela letra “D”
acrescida de um número (1 a 16). Ao término da entrevista a mesma foi exibida à doadora
objetivando a validação inicial do estudo junto à participante.
12
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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39
No tratamento dos dados foi utilizada a análise de conteúdo, modalidade temática
transversal que recorta as falas, levando em conta a freqüência dos temas extraídos das falas,
identificando os núcleos de sentido que compõem a comunicação e cuja presença
significado ao objetivo da análise, elegendo a seguir as categorias ou temas.
12,17
Cada entrevista foi operacionalizada separadamente, e durante a transcrição optou-se
pela seguinte padronização ou legenda para situar as falas: [_] pausa durante a fala, [...]
recortes de outras falas, ... recorte na mesma fala, ( ) observações complementares de
conteúdos e comportamentos não verbais.
12
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As participantes tinham idade variando entre 21 e 43 anos sendo 10 casadas, três
solteiras e as demais viviam em união consensual. A escolaridade variou do ensino médio
incompleto à pós-graduação. No que se refere ao pré-natal, dez doadoras realizaram em
instituição pública e as demais em instituição particular. Quanto à situação de trabalho, 12
estavam inseridas no mundo de trabalho assalariado, sendo nove com carteira assinada e
destas apenas quatro encontram-se no período de licença maternidade, as outras cinco
haviam retornado ao trabalho devido ao término da licença. Três delas estavam empregadas e
trabalhando sem a proteção legal da licença maternidade. Das quatro doadoras que não
exerciam atividades extra-lar, no momento da entrevista, duas referiram estar desempregadas
e duas eram donas de casa. No que diz respeito à ocupação, as que estavam em regime de
trabalho assalariado com garantia de licença maternidade distribuíram-se nas funções de
médica, psicóloga, professora, empregada doméstica, odontolóloga, contadora e três
secretárias.
Considerando o número de filhos, 11 eram primíparas e cinco multíparas, com
experiência anterior em amamentação e destas, duas foram doadoras de leite na gestação
anterior. Apenas duas doadoras haviam recebido orientação durante a gravidez para doação de
leite. Todas estavam amamentando seus bebês, sendo que 10 estavam em aleitamento materno
exclusivo e seis estavam em aleitamento materno complementado. Conforme o Ministério da
Saúde o aleitamento materno complementado acontece quando a criança recebe, além do leite
materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de complementá-lo, e não
de substituí-lo.
18
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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40
Em relação à idade das crianças na primeira doação de leite, a variação foi de três
dias a seis meses de vida. No momento da entrevista, as crianças estavam com idade entre um
mês e onze meses de vida. Quanto ao número de doações de leite, 11 mulheres doaram até 10
vezes uma média de 930 ml por vez e as outras cinco doaram até 24 vezes uma média de
1.240 ml por vez. O intervalo entre as doações foi em média a cada 10 dias.
Da análise de conteúdo das falas emergiram quatro temáticas: Ação solidária e
consciência social; Empoderamento do peito; Suporte social e familiar: um facilitador para
doação; Aspectos dificultadores no processo da doação
Tema 1- Ação solidária e consciência social
A prática da doação foi representada pelas doadoras como sentimento solidário de
doação da vida, contribuição com o próximo e de que estão proporcionando um bem às
crianças que recebem o leite ao realizarem a doação espontânea. Essa dimensão como um
pensamento social, revela uma atitude positiva das doadoras, visto que o ato de doar consistiu
numa experiência permeada por representações como partilha, prazer, bem estar,
espontaneidade, caridade e alegria.
Este achado corrobora com estudos sobre doação de leite e de outros fluidos humanos
ao constatarem que a maioria das doadoras demonstrou a condição altruísta tendo como o
motivo mais freqüente para o ato de doar, o que parece justificar e favorecer a tomada de
decisão e a prática da doação.
2,5
As falas evidenciam o altruísmo como força provedora para
doação: -“me sinto doando a vida, ajudando e contribuindo. Deus me deu muito, é pra eu
compartilhar ... (D-2); [...] Sinto um bem estar em poder estar beneficiando uma criança que
precisa de leite pra ter saúde. Me sinto feliz podendo fazer essa doação espontânea, (D-4),
[...] Um sentimento de caridade, uma caridade que você está prestando para com as outras
mães, com as outras crianças, faz bem para alma né?"(D-12); [...] eu me sinto super bem
com isso, me sinto super feliz de ser uma doadora, uma mãe doadora.” (D-9)
Para as doadoras, o sentimento que vivenciam na doação é semelhante ao ato de
amamentar e parte da própria postura materna. Neste sentido, ancoram o ato de doar leite no
exercício do desprendimento materno, do instinto materno, pois elas identificam-se com o
sentimento maternal das mães receptoras. Essa ligação emocional às outras mães, aos olhos
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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41
da mulher doadora, é representada pelo nculo existente entre a amamentação e o amor
materno
19
, como ressaltado por algumas doadoras: -“ é um desprendimento que parte da
própria postura materna, instinto materno.” (D-1); [...] uma ligação e identificação com as
outras mães e com os bebês... ” (D-2)
Por sua vez, para uma das doadoras, que sonhava durante a gestação em ter muito
leite para doar, representou todo o seu amor pelas crianças que receberam o leite doado: -“... é
como se eu tivesse passando todo o meu amor pra as outras crianças, você quer se doar
totalmente...”. (D-1)
Uma das doadoras que tinha experiência de amamentação e doação de leite e estava
doando para uns trigêmeos prematuros semanalmente, relatou sua experiência emocionada e
enfatizou que sabe do esforço da genitora dos prematuros para conseguir o leite doado e o
benefício do mesmo para esses recém nascidos: -“... os trigêmios prematuros que eu to
doando leite... a mãe ta fazendo um esforço enorme, ela vem buscar aqui toda semana... (a
genitora transporta o leite cru coletado ao BLH para pasteurização)... porque ela não tem leite
e sinto que ela fica mais tranqüila em relação a isto... é pro bebê ganhar peso... que para o
prematuro isso é muito importante. (D-2) É importante ressaltar que a experiência anterior,
em doação de leite, pode influenciar nessa decisão pela doação, principalmente tendo sido
uma vivência positiva.
Se o leite da mãe não esdisponível, o leite humano pasteurizado em bancos de leite é
uma opção
20
, visto que é considerado o alimento ideal para qualquer recém-nascido pelas suas
vantagens bioquímicas, imunológicas e digestivas, além de diminuir a mortalidade, desde os
primeiros dias de vida, e de proteger contra diversas infecções neonatais.
21,22
A pasteurização
consiste em um tratamento térmico aplicável ao leite humano que visa uma letalidade que
garanta a inativação de 100% dos microrganismos patogênicos passíveis de estar presentes,
quer por contaminação primária ou secundária, além de 99,99% da microbiota saprófita ou
normal.
23
A motivação para doar foi representada pelo desejo de atender as necessidades das
crianças que receberam o leite, conforme os relatos de algumas doadoras: -“A carência das
crianças que tem lá, sei que eles são necessitados e eu pensando nisso, porque não dá a quem
precisa? Foi isso o que me motivou a doar o leite.” (D-9); [...] Ajudar as outras crianças
prematuras [_] ás vezes a mãe não tem leite, ou o leite ás vezes não sai logo. Tem mãe que o
leite não sai no mesmo dia não é? Ás vezes demora muito tempo pra sair,” (D-12); [...]
Imagina uma criança que precisa do leite materno e não tem? Voter tanto e dispensar,
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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porque realmente eu tenho muito leite,” (D-14); [...] É saber que tem tantos bebês que
necessitam desse alimento e que eu tô conseguindo ajudar esses bebes necessitados.” (D-15);
[...] tem muito bebê que está precisando de leite.”(D-3)
Dessa forma, nota-se que o ato de doar leite para as mulheres/nutrizes desse estudo foi
representada pela disposição para servir a outras pessoas diante das necessidades, além do
sentimento de identificação maternal com as mães receptoras.
Tema 2- Empoderamento do peito
A construção desta temática partiu do fato de que as doadoras têm uma representação
de autoconfiança na sua condição do ser mulher em desempenhar o seu papel de nutriz,
levando-as a serem privilegiadas por sentirem-se poderosas. Na visão Freireana, quando uma
pessoa se sente empoderada, ela consegue realizar ações por se sentir fortalecida através do
movimento que ocorre de dentro para fora.
24
A doação de leite foi apreendida pelas doadoras como algo próprio da mulher-mãe-
doadora orgulhando-se da condição de provedoras ao perceberem-se poderosas e sentirem-se
privilegiadas por produzirem um fluido que foi representado como salvador de vidas. A
autoconfiança materna na capacidade de amamentar o próprio filho constitui apenas um dos
fatores individuais, entre vários outros que são estabelecidos sócio-culturalmente.
25
Como
retratado nas falas, as doadoras entrevistadas atribuíram um significado positivo e de grande
valor às mamas -“eu estou salvando vidas. “(D-5); [...] me sinto lisonjeada porque não é todo
mundo que tem leite pra poder doar...” (D-6); [...] eu me sinto privilegiada em poder doar,
porque nem toda mulher tem.” (D-10); [...] eu me sinto assim [_] poderosa.” (D-13); [...] me
sinto orgulhosa de conseguir ter tanto leite assim para doar para os bebezinhos prematuros
lá do IMIP”.
As doadoras compartilham a representação de que o leite humano é um alimento
importante porque promove o crescimento e desenvolvimento da criança e ajuda na
recuperação das que estão doentes. Pode-se supor que, para essas mulheres, o impacto das
campanhas em prol do aleitamento materno e da doação, além das iniciativas nos hospitais no
incentivo à amamentação tem surtido efeito, no que se refere a manutenção da doação de leite.
Isto pode ser encontrado nas falas a seguir: -”... agente sabe como é importante o leite
humano, o leite materno para os bebês, para o seu desenvolvimento o seu crescimento. Até
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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na ajuda de sair da UTI.” (D-1); [...] Uma coisa que eu poderia estar jogando fora, eu to
doando e está servindo pra alguém. Está servindo ali de alimentação.” (D-5); [...] se o meu
leite faz mais bem pra ela,( a filha) com certeza está fazendo bem pra outras crianças
também.” (D-8).
Ao ser incorporado os valores do aleitamento materno à criança, como garantia da
saúde, crescimento e desenvolvimento infantil e resistência do organismo às doenças, acaba-
se por instituir à mulher relações de poder sobre a saúde infantil. Pode-se inferir que as
representações dos benefícios e da superioridade do leite humano, sejam as explicações para o
comportamento adotado por estas mulheres, as quais priorizam a doação ao invés de
desperdiçarem o leite.
Tema 3- Suporte social e familiar: um facilitador para doação.
As doadoras revelaram receber dois tipos de apoio durante a manutenção da prática da
doação de leite. No tocante ao apoio social informal, que inclui os indivíduos e os grupos
sociais
26
, foram relatados pelas doadoras que o mesmo advém dos familiares como: o marido,
os seus pais, sogros, a tia, a irmã, a sogra, e também dos não-familiares: amigos, vizinha,
chefe e patroa. Neste contexto, as doadoras reconhecem na atitude solícita e carinhosa dos
familiares, o interesse em ajudá-las e apoiá-las e, dessa maneira, sentem-se acolhidas,
motivadas e estimuladas para doar quando percebem que os familiares e amigos estão até
realizando campanhas para conseguir os recipientes para coleta do leite. Neste contexto, foi
revelado: -“Todo mundo apóia: meu marido, meus pais, até os pais do meu marido... e até
fazendo campanha pra conseguir os potinhos. (D-1); [...] todo mundo me apóia... consegue
vidrinho, minha mãe... minha chefe... (D-13); [...] uma amiga tem me doado vidros..”. (D-2);
[...] a que mais me apoiou foi minha patroa ( risos) (D-10); [...] eu viajei e deixei muitos
vidros cheios na casa da minha sogra que ligou pro IMIP e aguardou ele virem pegar”. (D-
15); [...] a vizinhança, a menina que fica comigo, tem sempre aquele estímulo, aquele
cuidado: “ OH!! Tá na hora de tirar agora vai tirar agora? Quer tirar leite?”( D-5).
Uma das mulheres, que já era doadora de sangue, fez questão de frisar o apoio
recebido dos seus familiares, inclusive da mãe e da irmã, que auxiliaram no processo de
contato com o BLH. Nesse sentido, ela ressalta que sua família sente-se orgulhosa de dispor
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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como membro uma doadora de sangue, de leite e futuramente de órgãos: -“Principalmente, a
minha mãe e a minha irmã que foi quem entrou em contato com o IMIP. Elas acham
importante, e até se orgulham de ter uma doadora na família. Uma doadora de tudo, de
sangue e de leite agora. E futuramente quando eu partir desse mundo pra melhor, os órgãos
vão também.” (D-9)
O sucesso alcançado no exercício da doação é resultado não somente de esforço
pessoal das mulheres, como também de um espaço de relação interpessoal e de comunicação
com suas redes informais, contribuindo para as ações de apoio para amamentar e doar o leite.
É importante destacar que a figura do marido foi muito referida, visto que o mesmo
compartilha a tarefa de cuidar da criança enquanto a mulher realiza a ordenha, além de
incentivá-la na doação e aguardar a coleta. Segundo D-2 o apoio do companheiro era: -”... de
madrugada, quando eu vou desmamar, meu marido é quem cuida e fica com ela...”. Neste
contexto, foi revelado:-... meu esposo fica com ele (a criança) pra eu ordenhar... (D-14);
[...] quando eu não estou em casa meu marido se preocupa em ficar aguardando o rapaz do
leite... (D-8). Da mesma forma, D-6 enfatiza: -“... meu marido me incentivou muito a doar...
Nesta perspectiva, a presença física do marido, o apoio psicológico e prático no
cuidado com a criança e no processo da doação conferiu a doadora mais confiança e
valorização no exercício da amamentação e conseqüentemente na manutenção da prática da
doação de leite, reforçando o seu papel de mulher doadora. O envolvimento do pai nas tarefas
domésticas, na participação durante a gravidez e nascimento e o estímulo a desenvolver a
paternidade foram apontados como fatores que podem contribuir para melhorar a prática e a
duração da amamentação e conseqüentemente a manutenção da doação.
27
Estudos apontam que o apoio à amamentação é constituído de dimensões que se
manifestam no contexto hospitalar pela equipe de saúde, nas relações com o companheiro,
familiares e amigos e no contexto do trabalho assalariado é significativo para a manutenção
da lactação.
28,29
Para a doadora D-10, que havia retornado ao trabalho, a motivação para doar leite
emergiu após influência da patroa, a qual percebeu que a criança, com sete meses de vida, não
aceitava mais o leite esquentado e o mesmo era desprezado. A partir desta constatação, a
patroa contactou com o BLH e sugeriu que a mulher iniciasse a doação: -“Eu decidi depois
que ela (a filha) não aceitava mais o leite esquentado, (refere-se ao leite pasteurizado
aquecido) tava ficando leite perdido. E então, minha patroa teve a idéia da gente ligar para
IMIP, já que era pra deixar em casa, é melhor doar.”
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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45
O despertar para doação de leite entre as mulheres do estudo, emergiu logo nos
primeiros dias do pós-parto quando perceberam que eram produtoras de leite em excesso,
tendo que desprezar um pouco do leite ordenhado para poder amamentar, e também para
amenizar o desconforto com as mamas ingurgitadas proporcionando um bem-estar para a
nutriz. A representação de desperdiço e o sentimento de pena frente ao leite desprezado foi
determinante para a doação para as nutrizes desse estudo, o que pode ser constatado nos
recortes das falas: -“Tanto leite... teve um dia que eu joguei fora uma mamadeira cheinha de
leite. “Você um leite que pode alimentar alguém, ser jogado fora ...você fica... sentida. É
melhor doar do que jogar fora.” ( D-7); [...] meu peito ficava muito cheio eu tinha que
desmamar e estragava, então resolvi ajudar os bebês (D-16 ). Uma das doadoras mostrou-
se sensibilizada ainda mais quando ouviu de uma técnica do BLH: -“Aí ,quando saí, a
menina disse assim: “Que Deus lhe abençoe você está salvando muitas vidas e os bebezinhos
prematuros do IMIP agradecem” (D-5).
Essas doadoras desconheciam a existência e os objetivos do BLH e o procuraram, a
princípio, para aliviar uma necessidade biológica e a partir deste comportamento foram
sensibilizadas pelo profissional de saúde a contribuir com a doação de leite. Neste sentido, é
importante ressaltar que o apoio informal
26
advindo deste profissional emergiu como um
aspecto motivador da doação no incentivo das nutrizes a doar o excesso de leite, colaborando
para captação de doadoras.
3
Para a doadora D-11, o apoio oferecido pela instituição, no que se refere ao transporte dos
recipientes do domicílio ao BLH para pasteurizar, representou estímulo positivo e mais força
de vontade para seguir adiante no processo de doação:-“ ... o fato do rapaz vim pegar o leite
aqui em casa facilita muito eu continuar doando...”.
Tema 4: Aspectos dificultadores no processo da doação
A vivência do processo de doação de leite sem receber algum tipo de apoio, revelou-se
como um momento desgastante para a doadora em conseqüência das múltiplas atribuições no
seu cotidiano, tais como: tarefas domésticas, cuidados dos filhos, e trabalho fora de casa.
Como revelado na seguinte fala: -“... um obstáculo é que ás vezes tem que está cuidando da
criança e ter que retirar o leite... ter que está cuidando dos outros, vai cuidar da casa, vai
cuidar do marido, vai fazer a comida então fazendo mil coisas dentro de casa...” ( D-1). Da
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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mesma forma D-13 que tinha 43 anos, era solteira e trabalhava fora manifestou essa
dificuldade mostrando-se sozinha ao exercer a atividade de ordenha: -“Então esse tempo, que
se requer para poder estar retirando leite, ás vezes é uma dificuldade quando se está
sozinha.” (D-10).
Outro fato que mereceu destaque na fala das doadoras foi o relato de que ordenhar o
leite demanda tempo, é cansativo e trabalhoso. Nessas situações, é necessário que haja
iniciativa e interesse da mulher em manter o aleitamento materno e realizar ordenha mamária,
sobretudo em situação de estresse.
30
Deste modo, D-2 colocou: -“... o que dificulta um pouco
é o cansaço, o tempo. É mais de madrugada, eu só dôo mais de madrugada, é trabalhoso... eu
só consigo desmamar de madrugada, porque durante o dia ela mama.” (D-2).
O ato de amamentar o filho é representado socialmente como exclusivo da mulher. A
maternidade, como outros aspectos da atividade do gênero feminino, é produto de um preparo
para o papel da mulher; logo, as meninas são ensinadas a serem mães e ao longo do tempo são
preparadas para o cuidado materno. A conciliação dos múltiplos papéis desempenhados como
dona de casa, esposa, profissional e a sensação de cansaço geram fragmentações no cotidiano
das mulheres.
31
Outro aspecto importante foi a dificuldade em ter acesso aos recipientes e a demora da
coleta do leite pela instituição que se fizeram evidentes nas falas das doadoras marcando um
momento apreensivo, no qual observaram que o volume de leite para doação é grande quando
comparado a demanda de recipientes oferecidos pela instituição para a coleta e
armazenamento do leite ordenhado. Perante tal situação, as doadoras atribuem ao serviço um
desestímulo quando da ausência do recipiente, e consideram isto como um dos principais
obstáculos operacionais para o processo de manutenção da doação de leite, além do retardo do
tempo de coleta no domicílio pelo motorista, os quais poderiam estar sendo solucionados caso
existisse maior prioridade a estas questões: -“pra eu poder doar é complicado... sem ter
vidrinho... Hoje em dia as coisas são mais descartáveis” (D-12); [...] liguei na sexta e ele não
veio buscar, na segunda liguei uma vez, ele veio buscar na quarta feira, o congelador
estava bem cheio.” (D-14). A necessidade de aumentar a quantidade de recipientes foi
enfatizada por D-15: -“Mas eles próprios (a instituição) parece que tem dificuldade de
arrumar vidro também. Eu sempre digo: se você botar quinze vidros aqui, eu encho os 15...”
(risos) (D-15).
As falas ainda apontam como as mulheres experienciam essas dificuldades para
manutenção da doação, bem como aprendem a superar esses obstáculos alicerçados em
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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experiência anterior e também no suporte do apoio informal.
26
O envolvimento da família
também foi apontado, em outro estudo
32
, como uma forma de superação dos problemas
advindos do processo de manutenção do aleitamento materno trazendo alívio para o que está
sendo vivido. Dessa forma, decidir buscar ajuda dos familiares e amigos para conseguir os
recipientes tem sido uma alternativa encontrada por algumas mulheres que priorizam a doação
de leite ao invés de desprezá-lo, considerando ser essa atitude fundamental para continuidade
da doação, conforme revelado por D-2: -Uma amiga minha disse: guarde esses vidros aí,
isso é ouro em pó... E realmente é, pois são os que mais a gente precisa...(D-2).
No que se refere à orientação dispensada às mulheres acerca da doação de leite
humano às mulheres, poucas relataram que haviam recebido orientação no período da
gravidez e outras só tomaram conhecimento da existência do BLH e dos seus objetivos
quando buscaram ajuda para aliviar uma necessidade biológica, o excesso de leite produzido.
Este fato representa uma oportunidade para reformular as estruturas assistenciais destinadas a
promover suporte à mulher doadora. Neste aspecto D-4 relata: -“... estava com muito leite,
sentindo muitas dores e não sabia o que fazer, nunca tinha visto nenhuma campanha sobre
doação de leite, então alguns amigos me indicaram o banco pra desmamar.”
A importância da propaganda acerca da doação de leite foi muito valorizada nas falas. As
mulheres se dirigiram de forma enfática no que tange a contribuição da mídia em divulgação e
também no investimento do governo em produção de recipiente específico para coleta do leite
humano: -“Eu acho que talvez o IMIP deva providenciar alguma forma de ou comprar ou
fabricar, esses vidrinhos.. “...porque até quando eu ligo dizendo que com os meus peitos
cheios, eles(a instituição) dizem : Oh! A gente ta com dificuldade de vidros, não sei se vai dar
pra mandar, aí dificulta. Assim as crianças precisando e como é que pode não é?...”(D-12).
Contudo, nas falas compreende-se que o movimento da rede familiar para oferecer
apoio à doação foi decisivo para o enfrentamento das dificuldades existentes na coleta,
possibilitando a chegada do leite para a continuidade do processo de doação. As atividades de
apoio advindas da família estão relacionadas a aquisição de recipientes de vidros para
armazenar o leite ordenhado, através de campanhas junto aos amigos, além de contatar com a
instituição para obtenção do insumo. Estudo com doadoras de leite humano evidenciou que o
suporte social e o processo de doação de leite humano são valorizados socialmente e que
pessoas da rede social informal, como o cônjuge e a mãe da doadora, cumprem papéis
fundamentais no apoio para a manutenção da doação de leite.
2
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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COSIDERAÇÕES FIAIS
A busca sobre as diferentes alegações das mulheres no tocante a doação de leite
humano revelou como foi a vivência de cada uma delas frente à manutenção deste processo.
As representações sociais da doação de leite apreendidas nesse estudo foram permeadas por
facilidades e dificuldades e atingiram aspectos psicossociais tais como: solidariedade e
consciência social, amor ao próximo, desprendimento materno e autoconfiança além do
amparo das redes sociais formais e informais que acompanharam todo o percurso da doação.
Percebe-se que nestas representações sociais relacionadas à doação, estão intrínsecos
conhecimentos do senso comum, bem como valores sociais.
O que levou as doadoras a vivenciarem o momento de plenitude e amor ao próximo
foi uma motivação interior como produtoras de leite, um fluido que salva vidas, fazendo com
que se sentissem seguras e alicerçadas nas construções da rede de relações familiares, cujo
marido foi identificado como ator principal no suporte aos obstáculos com que se depararam
durante o processo de doação, principalmente no que se refere ao cuidado da criança durante a
ordenha do leite, e por desempenharem múltiplas atribuições no cotidiano como mulher-mãe e
doadora de leite.
Dentre as dificuldades destacou-se também a deficiência de recipientes específicos
para a coleta do leite oferecidos pela instituição, o que pode desestimular a manutenção do
processo de doação. Observou-se a carência de informações que são oferecidas a estas
mulheres, as quais podem ter influência na perda de potenciais doadora, além de prolongar o
desconforto ocasionado pelo ingurgitamento mamário. Salienta-se que o envolvimento do
profissional de saúde do BLH no incentivo à doação colabora para a captação de nutrizes
doadoras.
Para a manutenção da doação de leite humano, é fundamental a determinação e o
desejo da doadora em doar além da atuação efetiva dos BLH, oferecendo recipientes, e dos
profissionais de saúde na sensibilização das possíveis doadoras desde o pré-natal nos diversos
serviços de saúde.
Neste estudo, foi possível observar como as representações sociais influenciam e
orientam as condutas das doadoras seja em relação na motivação ou na manutenção no
processo de doação. Dessa forma, de se destacar a necessidade de desenvolvimento de um
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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trabalho dirigido à mulher, no sentido de prepará-la para doação de leite, contemplando as
questões subjetivas da mesma.
Para o sucesso na prática da doação de leite é fundamental também que as
intervenções profissionais sejam ampliadas para além do hospital, uma vez que o papel da
mídia e outras redes de suporte social informal poderiam contribuir para aumentar a prática de
doação de leite humano. Em vista disso, a doação de leite não deve ser vista como
responsabilidade exclusiva da mulher, mas sim, de todo o contexto sócio, histórico, biológico
e cultural no qual ela está inserida.
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Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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discurso tradicional sob roupagem modernizante? In: Moreira, ASP. Representações
sociais: teoria e prática. João Pessoa: Editora Universitária UFPB; 2001. p. 269-293.
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vivencia materna como acompanhante do recém-nascido pré-termo e de baixo peso.
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Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Artigo Original
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4. Considerações Finais e Recomendações
Sob a ótica da revisão integrativa identificou-se o parco número de artigos abordando
a temática doação de leite humano. Os artigos analisados nesta revisão revelaram a
deficiência de apoio institucional e dos profissionais de saúde a doadora de leite humano.
No artigo original evidenciou-se que apesar da atitude positiva das mulheres sobre
doação de leite, existe uma grande diferença entre o número de crianças que necessitam do
leite e a quantidade doada. A aproximação da realidade vivenciada tornou possível ampliar o
conhecimento disponível referente aos múltiplos sentimentos e alegações maternas frente às
facilidades e dificuldades para manutenção do processo de doação de leite humano,
considerando também os relatos acerca do apoio social formal e informal disponíveis como
recurso utilizado para superar os obstáculos desse processo.
O relato das doadoras contido no artigo original salienta o papel das instituições, as
quais tem se apresentado tímidas em avançar na produção e fornecimento dos recipientes
específicos para coleta e armazenamento do leite. Como proposta, visando beneficiar as
doadoras e as crianças que recebem o leite doado, sugere-se que as instituições articulem com
o governo estratégias para a produção desses recipientes, visto que atualmente esses potes só
são adquiridos por meio de campanhas, que terminam por depender da ênfase da dia e da
sensibilização da população em doá-los.
Além disso, ressalta-se ainda o fato das ações relacionadas ao incentivo à doação do
leite materno, as quais sejam estendidas às famílias desde o pré-natal, incentivando
principalmente a participação do companheiro no cuidado com a criança e no apoio
biopsicossocial a mulher doadora.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Considerações Finais e Recomendações
______________________________________________________________________________________________
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Apêndice A
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
ALEGAÇÕES MATERAS PARA DOAÇÃO DE LEITE HUMAO
INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA- IMIP
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Pesquisadora: Suzana Lins da Silva
Orientadora: Profª Drª Maria Gorete Lucena de Vasconcelos
Contato: (81) 91556712; (81) 34329129
Meu nome é Suzana Lins da Silva, sou enfermeira da puericultura do Instituto de
Medicina Integral Professor Fernando Figueira, aluna do curso de pós-graduação do curso de
Mestrado em Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de
Pernambuco.Venho solicitar a sua colaboração, participando da pesquisa intitulada:
“Alegações maternas para doação de leite humano”.
O objetivo deste estudo será analisar as alegações maternas para doação de leite
identificando os aspectos facilitadores e dificultadores do processo.
Concordando em participar do estudo, a senhora responderá a algumas perguntas feitas
por mim, e essa conversa será gravada para que não seja perdida nenhuma informação. Ficarei
responsável pelo material da gravação, que será exclusivo para esta pesquisa, seu nome será
mantido em segredo e os resultados serão divulgados apenas em publicações e eventos
científicos.
A sua participação nesta entrevista não lhe trará nenhum constrangimento. Sinta-se
livre para decidir se quer ou não participar do estudo, podendo desistir a qualquer momento
sem nenhum prejuízo na assistência prestada no hospital. A senhora não terá qualquer despesa
em sua participação, e conseqüentemente, por se tratar de uma participação voluntária não
receberá nenhuma forma de pagamento.
Sempre que houver dúvida sobre sua participação poderá esclarecer com a
pesquisadora Suzana Lins da Silva. Estando de acordo, solicito que declare estar ciente das
informações acima e concorde em autorizar sua participação, assinando o presente
documento. Agradeço a sua participação para realização deste estudo.
Recife:___/___/___
Nome_________________________________________________
Assinatura_____________________________________________
Entrevistador___________________________________________
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Apêndice A
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Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Apêndice B
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56
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Apêndice C
______________________________________________________________________________________________
C
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Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Apêndice C
______________________________________________________________________________________________
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Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo A
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ormas da Revista da Escola de Enfermagem da USP
Instruções aos Autores
A Revista da Escola de Enfermagem da USP é um periódico trimestral, revisado por
pares, com o objetivo de publicar artigos empíricos inéditos que representem um avanço
significativo para o exercício profissional ou para os fundamentos da Enfermagem.
Os manuscritos, que poderão estar em português, inglês e espanhol, devem ser inéditos
e destinar-se exclusivamente à Revista da Escola de Enfermagem da USP, não sendo
permitida sua apresentação simultânea a outro periódico, tanto no que se refere ao texto, como
figuras ou tabelas, quer na íntegra ou parcialmente, excetuando-se resumos ou relatórios
preliminares publicados em Anais de Reuniões Científicas.
Desde setembro de 2008 (volume 42 n.3) a Revista passou a ter uma edição no idioma
inglês, que está editada na versão online. No momento em que o trabalho for aceito para
publicação, os autores deverão providenciar a tradução para o idioma inglês de acordo com as
orientações da REEUSP.
Nas pesquisas envolvendo seres humanos, os autores deverão enviar uma cópia de
aprovação emitida pelo Comitê de Ética (via online), reconhecido pela Comissão Nacional de
Ética em Pesquisa (CONEP), segundo as normas da Resolução do Conselho Nacional de
Saúde - CNS 196/96 ou órgão equivalente no país de origem da pesquisa.
A REEUSP apóia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização
Mundial da Saúde (OMS) e do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE),
reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de
informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, somente serão aceitos para
publicação, a partir de 2007, os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número
de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios
estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. O
número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo B
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60
O(s) autor(es) dos textos são por eles inteiramente responsáveis, devendo assinar e
encaminhar a Declaração de Responsabilidade e de Cessão de Direitos Autorais (modelo em
anexo), via documentação suplementar.
Artigo Original: trabalho de pesquisa com resultados inéditos e que agreguem valores
à área de Enfermagem. Limitado a 15 páginas, nas quais devem estar inclusos páginas
de identificação dos autores e resumos.
Sua estrutura deve conter:
- Introdução: apresentação e delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa
e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho.
- Objetivos: especifica de maneira clara e sucinta a finalidade da pesquisa, com
detalhamento dos aspectos que serão ou não abordados. Os objetivos, se pertinentes,
podem ser definidos como gerais ou específicos a critério do autor.
- Revisão da Literatura: levantamento selecionado da literatura sobre o assunto que
serviu de base à investigação do trabalho proposto. Proporciona os antecedentes para a
compreensão do conhecimento atual sobre um assunto e esclarece a importância do
novo estudo. Em algumas áreas, existe a tendência de limitar a revisão apenas aos
trabalhos mais importantes, que tenham relação direta com a pesquisa desenvolvida,
priorizando as publicações mais recentes. Quando não houver necessidade de um
capítulo para a Revisão da Literatura em função da extensão histórica do assunto, ela
poderá ser incluída na Introdução.
- Métodos: descrição completa dos procedimentos metodológicos que permitam
viabilizar o alcance dos objetivos. Devem ser apresentados: dados sobre o local onde
foi realizada a pesquisa, população estudada, tipo de amostra, variáveis selecionadas,
material, equipamentos, técnicas e métodos adotados para a coleta de dados, incluindo
os de natureza estatística.
- Resultados: devem ser apresentados de forma clara e objetiva, sem interpretações ou
comentários pessoais, podendo para maior facilidade de compreensão, estarem
acompanhados por gráficos, tabelas, figuras, fotografias, etc.
- Discussão: deve restringir-se aos dados obtidos e aos resultados alcançados,
enfatizando os novos e importantes aspectos observados e discutindo as concordâncias
e divergências com outras pesquisas já publicadas.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo B
______________________________________________________________________________________________
61
- Conclusão: corresponde aos objetivos ou hipóteses de maneira lógica, clara e
concisa, fundamentada nos resultados e discussão, coerente com o título, proposição e
métodos.
Estudo teórico: análise de construtos teóricos, levando ao questionamento de modelos
existentes e à elaboração de hipóteses para futuras pesquisas. Limitado a 15 páginas.
Relato de experiência profissional: estudo de caso, contendo análise de implicações
conceituais, ou descrição de procedimentos com estratégias de intervenção, evidência
metodológica apropriada de avaliação de eficácia, de interesse para a atuação de enfermeiros
em diferentes áreas. Limitado a 10 páginas.
Artigo de revisão: estudo abrangente e crítico da literatura sobre um assunto de interesse para
o desenvolvimento da Enfermagem, devendo apresentar análise e conclusão. Limitado a 10
páginas.
À beira do leito: questões com respostas objetivas sobre condutas práticas. Limitada a 10
páginas.
Carta ao editor: destinada a comentários de leitores sobre os trabalhos publicados na revista,
expressando concordância ou não sobre o assunto abordado. Limitada a meia página.
Processo de julgamento dos manuscritos
Cada artigo submetido à Revista é inicialmente analisado quanto ao cumprimento das normas
estabelecidas nas Instruções aos Autores, sendo sumariamente devolvido em caso de não
atendimento. Se aprovado, é encaminhado para avaliação de dois relatores, que o analisam
com base no Instrumento de Análise e Parecer elaborado especificamente para tal finalidade,
bem como, opinam sobre o rigor metodológico da abordagem utilizada. Havendo discordância
nos pareceres, o manuscrito é encaminhado a um terceiro relator. O anonimato é garantido
durante todo o processo de julgamento. Os pareceres dos relatores são analisados pelo
Conselho editorial que, se necessário, indica as alterações a serem efetuadas. Os trabalhos
seguem para publicação somente após a aprovação final dos pareceristas e do Conselho
Editorial.
Relações que podem estabelecer conflito de interesse, ou mesmo nos casos em que não
ocorra, devem ser esclarecidas.
Preparo dos manuscritos
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo B
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Os textos devem ser digitados usando-se o processador MsWord com a seguinte configuração
de página: papel tamanho A4, entrelinha 1,5, fonte Times ew Roman, tamanho 12, margens
inferior e laterais de 2cm e superior de 3cm.
Página de identificação: deve conter o tulo do artigo (máximo de 16 palavras) em
português, inglês e espanhol, sem abreviaturas e siglas; nome(s) do(s) autor(es), indicando no
rodapé da gina a função que exerce(m), a instituição a qual pertence(m), títulos e formação
profissional, endereço para troca de correspondência, incluindo e-mail e telefone. Se for
baseado em tese ou dissertação, indicar o título, ano e instituição onde foi apresentada.
Citações deve ser utilizado o sistema numérico na identificação dos autores mencionados,
de acordo com a ordem em que forem citados no texto. Os números que identificam os
autores devem ser indicados sobrescritos e entre parênteses. Se forem seqüenciais, deverão ser
indicados o primeiro e o último, separados por hífen, ex.:
(1-4)
;
quando intercalados, os
números deverão ser separados por vírgula, ex.:
(1-2,4).
otas de rodapé deverão ser indicados por asterisco, iniciadas a cada página e restritas ao
mínimo indispensável.
Depoimentos frases ou parágrafos ditos pelos sujeitos da pesquisa devem
seguir a mesma
regra de citações, quanto a aspas e recuo, porém em itálico, e com sua identificação
codificada a critério do autor, entre parênteses.
Tabelas a elaboração das tabelas deve seguir as "Normas de Apresentação Tabular"
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Estatística e publicadas pelo IBGE (1993), limitadas
ao máximo de cinco. Quando a tabela for extraída de outro trabalho, a fonte original deve ser
mencionada logo abaixo da mesma.
Apêndices e anexos – devem ser evitados, conforme indicação da norma NBR 6022.
Fotos serão publicadas exclusivamente em P&B, sem identificação dos sujeitos, a menos
que acompanhadas de permissão por escrito de divulgação para fins científicos.
Agradecimentos contribuições de pessoas que prestaram colaboração intelectual ao
trabalho como assessoria científica, revisão crítica da pesquisa, coleta de dados entre outras,
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Também poderão ser mencionadas, as instituições que deram apoio, assistência técnica e
outros auxílios.
Errata - após a publicação do artigo, se os autores identificarem a necessidade de uma errata,
deverão enviá-la à Secretaria da Revista imediatamente e de preferência por e-mail.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo B
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Resumo: deve ser apresentado em português (resumo), inglês (abstract) e espanhol
(resumen), com até 150 palavras (máximo de 900 caracteres), explicitando o objetivo da
pesquisa, método e resultados.
Descritores: devem ser indicados de três a cinco descritores que permitam identificar o
assunto do trabalho, acompanhando o idioma dos resumos: português (Descritores), inglês
(Key words) e espanhol (Descriptores), extraídos do vocabulário DeCS (Descritores em
Ciências da Saúde), elaborado pela BIREME e/ou (MeSH) Medical Subject Headings,
elaborado pela NLM (National Library of Medicine).
Referências: Limitadas a 22, exceto nos artigos de revisão. Devem ser normalizadas de
acordo com Estilo "Vancouver”, norma elaborada pelo International Committee of Medical
Jounals Editors (http://www.icmje.org), e o título do periódico deve ser abreviado de acordo
com a List of Journals Indexed (http://www.nlm.gov/tsd/serials/lji.html). A lista apresentada
no final do trabalho deve ser numerada de forma consecutiva e os autores mencionados de
acordo com a seqüência em que foram citados no texto, sem necessidade do número entre
parênteses. Ex: 1. Gomes A.
Obs: A veracidade das referências é de responsabilidade dos autores. Referências não
contempladas nos exemplos descritos não serão aceitas.
O manuscrito deve ser encaminhado por via eletrônica online
(http://www.scielo.br/reeusp) acompanhado de carta ao Editor (no item Carta de
Apresentação do Artigo) informando os motivos pelos quais você selecionou a REEUSP
para submeter o seu manuscrito. Adicionalmente informe os avanços e as contribuições
do seu texto frente as publicações recentes já veiculadas na temática nos últimos anos.
Exemplos/ Examples/ Ejemplos
Artigos de periódico/Periodic articles/Artículos de periódico
a) Artigo padrão/Standard article/Artículo patrón
Calil AM, Pimenta CAM. Conceitos de enfermeiros e médicos de um serviço de
emergência sobre dor e analgesia no trauma. Rev Esc Enferm USP. 2000;39(1):325-32.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo B
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64
Jocham HR, Dassen T, Widdershoven G, Halfens R. Quality of life in palliative care cancer
patients: a literature review. J Clin Nurs. 2006;15(9):1188-95.
Artigo com mais de 6 autores Eller LS, Corless I, Bunch EH, Kemppainen J, Holzemer W,
Nokes K, et al.
Self-care strategies for depressive symptoms in people with HIV disease. J Adv
Nurs. 2005;51(2):119-30.
b) Instituição como autor/Institution as author/Institución como autor
Diabetes Prevention Program Research Group. Hypertension, insulin, and proinsulin
in participants with impaired glucose tolerance. Hypertension. 2002;40(5):679-86.
c) Sem indicação de autoria/Without indicating authorship/Sin indicación de autoría
Best practice for managing patients' postoperative pain. Nurs Times. 2005;101(11):34-7.
d) Volume com suplemento/Volume with supplement/Volumen con suplemento
Travassos C, Martins M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de
serviços de saúde. Cad Saúde Pública. 2004;20 Supl 2:190-8.
e) Fascículo com suplemento/Issue with supplement/Fascículo con suplemento
Glauser TA. Integrating clinical data into clinical practice. Neurology. 2002;58(12
Suppl 7):S6-12.
Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996. Dispõe sobre
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Bioética.
1996;4(2 Supl):15-25.
f) Volume em parte/Volume with part/Una parte del Volumen
Milward AJ, Meldrum BS, Mellanby JH. Forebrain ischaemia with CA 1 cell loss
impairs epileptogenesis in the tetanus toxin limbra seizure model. Brain.
1999;122(Pt 6):1009-16.
g) Fascículo em parte/Issue with part/Una parte del fascículo
Rilling WS, Drooz A. Multidisciplinary management of hepatocellular carcinoma. J Vasc
Interv Radiol. 2002;13(9 Pt 2):S259-63.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo B
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65
h) Fascículo sem volume/Issue without volume/Fascículo sin volumen
Ribeiro LS. Uma visão sobre o tratamento dos doentes no sistema público de saúde. Rev USP.
1999;(43):55-9.
i) Sem volume e sem fascículo/Neither volume nor issue/Sin fascículos y sin volumen
Outreach: bringing HIV-positive individuals into care. HRSA Careaction. 2002
Jun:1-6.
Livros e monografias/Books and monographs/Libros y monografías
a) Autor pessoal/Personal author/Autor personal
Cassiani SHB. Administração de medicamentos. São Paulo: EPU; 2000.
b) Organizador, editor, coordenador como autor /Organizer, editor or compiler as author
/Organizador, editor, coordinador como autor Cianciarullo TI, Gualda DMR, Melleiro MM,
Anabuki MH, organizadoras. Sistema de assistência de enfermagem: evolução e tendências.
3ª ed. São Paulo: Ícone; 2005.
c) Instituição como autor e publicador/Institution as author and publisher/Institución como
autor y publicador
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Secretaria de Atenção à Saúde.
Coordenação Nacional DST/AIDS. A política do Ministério da Saúde para atenção
integral a usuários de álcool e outras drogas. Brasília; 2003.
d) Capítulo de livro, cujo autor não é o mesmo da obra/Chapter of book, whose author is
different from the book/Capítulo de libro, cuyo autor no es el mismo de la obra Kimura M,
Ferreira KASL. Avaliação da qualidade de vida em indivíduos com dor.
In: Chaves LD, Leão ER, editoras. Dor: sinal vital: reflexões e intervenções de
enfermagem. Curitiba: Maio; 2004. p. 59-73.
e) Capítulo de livro, cujo autor é o mesmo da obra/Chapter of book, whose author is the same
of the book/capítulo de libro, cuyo autor es el mismo de la obra
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo B
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66
Moreira A, Oguisso T. Profissionalização da enfermagem brasileira. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan; 2005. Gênese da profissionalização da enfermagem; p. 23-31.
f) Trabalho apresentado em evento (Anais, Programas, etc.)/Event (Annals, Programs,
etc.)/Evento (Anales, Programas, etc.)
Peduzzi M. Laços, compromissos e contradições existentes nas relações de trabalho
na enfermagem. In: Anais do 53º Congresso Brasileiro de Enfermagem; 2001 out. 9-
14; Curitiba. Curitiba: ABEn-Seção-PR; 2002. p. 167-82.
g) Dissertações e teses/Dissertation or thesis/Tesis de maestría y de doctorados
Maia FOM. Fatores de risco para o óbito em idosos [dissertação]. São Paulo: Escola
de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2005.
Freitas GF. Ocorrências éticas de enfermagem: uma abordagem compreensiva da
ação social [tese]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2005.
Barros S. Concretizando a transformação paradigmática em saúde mental: a práxis
como horizonte para a formação de novos trabalhadores [tese livre-docência]. São
Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2004.
h) Documentos legais/Legal documents/Documentos legales
Brasil. Lei n. 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do
exercício da enfermagem e outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 jun.
1986. Seção 1, p. 1.
São Paulo (Estado). Lei n. 10.241, de 17 de março de 1999. Dispõe sobre os direitos dos
usuários dos serviços e das ações de saúde no Estado e outras providências. Diário Oficial
do Estado de São Paulo, São Paulo, 18 mar. 1999. Seção 1, p. 1.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 399/GM, de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o pacto
pela saúde 2006 consolidação do SUS e aprova as diretrizes operacionais do referido pacto.
Diário Oficial da União, Brasília, 23 fev. 2006. Seção 1, p. 43-51.
i) Dicionários e obras de referência similares/Dictionaries and other similar reference
books/Diccionarios y obras de referencia similares
Steadman’s medical dictionary. 26
th
ed. Baltimore: Williams & Wilkins; 1995.
Apraxia; p. 119-20.
Souza LCA, editor. Dicionário de administração de medicamentos na enfermagem
2005/2006: AME. 4ª ed. Rio de Janeiro: EPUB; 2004. Metadona; p. 556-7.
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo B
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Materiais em formato eletrônico/Eletronic format materials/Materiales en formato electrónico
a) Monografia em formato eletrônico/Monograph in electronic format/Monografia en formato
electrónico
Prado FC, Ramos J, Ribeiro do Valle J. Atualização terapêutica: manual prático de
diagnóstico e tratamento [CD-ROM]. São Paulo: Artes Médicas; 1996.
b) Artigos de periódicos/Periodical articles/Artículos de periódicos
Johnson BV. Nurses with disabilities. Am J Nurs [serial on the Internet]. 2005 [cited 2006
sept 27];105(10):[about 1 p.]. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?CMD=Pager&DB=pubmed
Braga EM, Silva MJP. Como acompanhar a progressão da competência comunicativa no
aluno de enfermagem. Rev Esc Enferm USP [periódico na Internet]. 2006 [citado 2006 set.
28]; 40(3):[cerca de 7 p]. Disponível em:
http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/258.pdf
c) Dissertações/teses/Dissertation/theses/Tesis de Maestría/Tesis de Doctorado
Baraldi S. Supervisão, flexibilização e desregulamentação no mercado de trabalho: antigos
modos de controle, novas incertezas nos vínculos de trabalho da enfermagem [tese na
Internet]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2005 [citado 2006
set. 29]. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7136/tde-20062006-144209/
Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo B
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Silva, Suzana L. Alegações maternas para doação de leite humano Anexo C
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Livros Grátis
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